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Cade rno s d e
a
CO
LEO
Tecnologiae Trabalho
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A o longo de sua histria, o Brasil tem enfrentado o problema da excluso social quegerou grande impacto nos sistemas educacionais. Hoje, milhes de brasileiros aindano se beneficiam do ingresso e da permanncia na escola, ou seja, no tm acesso a um
sistema de educao que os acolha.
Educao de qualidade um direito de todos os cidados e dever do Estado; garantir o
exerccio desse direito um desafio que impe decises inovadoras.
Para enfrentar esse desafio, o Ministrio da Educao criou a Secretaria de Educao
Continuada, Alfabetizao e Diversidade Secad, cuja tarefa criar as estruturas necessrias
para formular, implementar, fomentar e avaliar as polticas pblicas voltadas para os grupostradicionalmente excludos de seus direitos, como as pessoas com 15 anos ou mais que no
completaram o Ensino Fundamental.
Efetivar o direito educao dos jovens e dos adultos ultrapassa a ampliao da oferta
de vagas nos sistemas pblicos de ensino. necessrio que o ensino seja adequado aos que
ingressam na escola ou retornam a ela fora do tempo regular: que ele prime pela qualidade,
valorizando e respeitando as experincias e os conhecimentos dos alunos.
Com esse intuito, a Secad apresenta os Cadernos de EJA: materiais pedaggicos para o
1. e o 2. segmentos do ensino fundamental de jovens e adultos. Trabalho ser o tema da
abordagem dos cadernos, pela importncia que tem no cotidiano dos alunos.A coleo composta de 27 cadernos: 13 para o aluno, 13 para o professor e um com
a concepo metodolgica e pedaggica do material. O caderno do aluno uma coletnea
de textos de diferentes gneros e diversas fontes; o do professor um catlogo de ativi-
dades, com sugestes para o trabalho com esses textos.
A Secad no espera que este material seja o nico utilizado nas salas de aula. Ao con-
trrio, com ele busca ampliar o rol do que pode ser selecionado pelo educador, incentivan-
do a articulao e a integrao das diversas reas do conhecimento.
Bom trabalho!Secretaria de Educao Continuada,
Alfabetizao e Diversidade Secad/MEC
Apresentao
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Sumrio
TEXTO Subtema
1. Encontro felizRelicostumes 6
2.A tecnologia que reduz o mercado de trabalho 8
3. Quem foi Santos Dumont?Diversidades regionais 10
4. O desemprego tecnolgico Maturidade social 12
5. Revoluo tecnolgica destri empregos, mas cria trabalhosMiscigenao15
6. Novas diferenas sociais Crtica social 16
7. Queremos saber Trabalhadores 19
8. Memria telefnicaultura suburbana 20
9. O relgio de ponto 23
10. Revoluo industrial e mudana 24
11. Brasil: 500 anos inventando 28
12. Caminho errado 31
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13. Nmeros do IBGE detectam a extino de empregos ndios do Brasil 32
14. Ford e seus 25 sistemistas produzem um carro a cada 80 segundos 34
15. Mas quem tem acesso tecnologia?Direitos civis 37
16. Feito para durar Origens dos trabalhadores 38
17. Tecnologia socialndios do Brasil 44
18. Aptido 47
19. A peleja do cordel de feira com a Internet Olhos da alma 50
20. Technological overdosesArte culinria 53
21. El imprescindible telfono mvilArte culinria 54
22. Luzes mal distribudasArte culinria 56
23. Admirvel mundo novo Arte culinria 57
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Tecnologia e Trabalho6
Histr ia da tecnologiaTEXTO 1
Tecnologia uma palavra de origem
grega, que tem um significado muito
abrangente: de uma forma geral, re-
presenta o encontro entre cincia e enge-
nharia.
O termo tecnologia pode incluir desde
as ferramentas mais simples, como as que
se usam para fabricar uma colher de ma-
deira, e processos como a fermentao dauva, at as ferramentas e os processos mais
complexos j criados pelo ser humano, por
exemplo, a Estao Espacial Internacional
e a dessalinizao da gua do mar, respec-
tivamente. Freqentemente, a tecnologia
entra em conflito com algumas preocu-
paes naturais de nossa sociedade, como
o desemprego, a poluio e muitas outras
questes como as ecolgicas, filosficas e
sociolgicas.
Dependendo do contexto, a tecnologia
pode significar:
P As ferramentas e as mquinas que
ajudam a resolver problemas.
P Um mtodo ou processo de constru-
o e trabalho (tal como a tecnologia
de manufatura, a tecnologia de infra-
estrutura ou a tecnologia espacial).
P A aplicao de recursos para a reso-
luo de problemas.
P O termo tambm pode ser usado
para descrever o nvel de conheci-
mento cientfico, matemtico e tc-nico de uma determinada cultura.
P Na economia, a tecnologia o estado
atual de nosso conhecimento de como
combinar recursos para produzir os
produtos desejados (e nosso conheci-
mento do que pode ser produzido).
Tecnologia e economia
O equilbrio entre as vantagens e asdesvantagens que o avano da tecnologia
traz para a sociedade muito tnue. A prin-
cipal vantagem refletida na produo
industrial: a tecnologia torna a produo
maior e mais rpida e, ainda assim, o resul-
A unio entre cinciae engenharia produz a
alavanca que move o mundo
ENCONTROFELIZ
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tado final um produto mais barato e com
maior qualidade.
Porm, as desvantagens que a tecnolo-
gia traz so de tal forma preocupantes, que
quase superam as vantagens. Uma delas
a poluio, que, se no for controlada a
tempo, evoluir para um quadro irrevers-
vel. Outra desvantagem se refere ao desem-
prego gerado pelo uso intensivo das m-
quinas na indstria, na agricultura e no
comrcio. Esse tipo de desemprego, em que
o trabalho do homem substitudo pelo
trabalho das mquinas, chama-se desem-
prego estrutural.
Histria da tecnologia
A histria da tecnologia quase to
antiga como a histria da humanidade, des-
de quando as pessoas comearam a usar
ferramentas para caar e se proteger.
Para serem criadas, todas as ferramen-
tas necessitaram, antes de tudo, utilizar um
recurso natural adequado. Assim, a histria
da tecnologia acompanha a cronologia do
uso dos recursos naturais, desde as ferra-
mentas e fontes de energia mais simples s
ferramentas e fontes de energia mais com-
plexas. As tecnologias mais antigas con-
verteram recursos naturais em ferramentas
simples: a raspagem das pedras, e as ferra-
mentas mais antigas como a pedra lascada
e a roda, foram meios simples para a con-
verso de materiais brutos e crus em pro-
dutos teis. Os antroplogos descobriram
muitas habitaes e ferramentas feitas dire-
tamente a partir dos recursos naturais.
Tecnologia e Trabalho 7
Os implementos de trao
animal e rabia (esq.) e asmodernas mquinas
motorizadas (dir.) tm
duas diferenas essenciais:
o custo de operao da
segunda s serve para os
grandes, e o primeiro
respeita mais o solo.
Fonte P Wikipedia A Enciclopdia Livre.
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A
ntes de analisarmos a fundo a questo
dos empregos, preciso ter uma basede como os avanos tecnolgicos in-
fluram at hoje na vida do homem. Em seu
livroA Idade do Acesso, o americano Jeremy
Rifkin dividiu a histria dos meios de pro-
duo em trs perodos (Primeira, Segunda
e Terceira Revoluo Industrial). A expres-
so "Revoluo Industrial" talvez seja um
exagero no caso da terceira, pois atualmente
essas grandes mudanas englobam muitomais do que a indstria. No caso da primeira
e segunda, a expresso ainda se aplica, pois
se tratava de pocas em que a sociedade e o
progresso da humanidade giravam em torno
de fbricas ou indstrias.
Inicio do sculo 20: cada pea
exigia um montador
Fbrica moderna, com
robs substituindo operrios
Foto: Iconografia
A TECNOLOGIAQUE REDUZ O
MERCADO
DE TRABALHO
Tecnologia e desempregoTEXTO 2
Tecnologia e Trabalho8
Foto: Itamar Miranda / AE
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Tecnologia e Trabalho 9
Primeira Revoluo Industrial
Na Primeira Revoluo Industrial, a
energia movida a vapor foi usada para a
extrao de minrio, na indstria txtil e na
fabricao de uma grande variedade de
bens que anteriormente eram feitos a mo.
O navio a vapor substituiu a escuna e a
locomotiva a vapor substituiu os vages
puxados a cavalo, melhorando significati-
vamente o processo de transporte de
matria-prima de produtos acabados. Subs-
tituindo, assim, muito do trabalho fsico.
Segunda Revoluo Industrial
A Segunda Revoluo Industrial ocorre
entre 1860 e a Primeira Guerra Mundial. O
petrleo comeou a competir com o carvo
e a eletricidade foi efetivamente utilizada
pela primeira vez, criando uma nova fonte
de energia para operar motores, iluminar
cidades e proporcionar comunicao instan-
tnea entre as pessoas. A exemplo da revo-
luo do vapor , o petrleo a eletricidade e
as invenes que os acompanharam na
Segunda Revoluo Industrial continuaram
a transferir a carga da atividade econmica
do homem para a mquina.
Terceira Revoluo Industrial
A Terceira Revoluo Industrial surgiu
imediatamente aps a Segunda Guerra
Mundial e somente agora est comeando
a ter um impacto significativo no modo
como a sociedade organiza sua atividade
econmica. Robs com controle numri-
co, computadores e softwares avanados
esto invadindo a ltima esfera humana
os domnios da mente. Adequadamente
programadas, essas novas "mquinas in-
teligentes" so capazes de realizar funes
conceituais, gerenciais e administrativas e
de coordenar o fluxo da produo, desde
a extrao da matria-prima ao marketing
e distribuio do produto final e de
servios.
Extrado do site www.ime.usp.br/~is/ddt/mac333/ projetos/
fimdos-empregos/revolucoes.htm
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O
14bis tem esse nome porque foi tes-
tado por Santos Dumont, acoplado
ao seu dirigvel de n 14. Dumontpreferiu cham-lo de bis, em vez de dar
um novo nmero.
O relgio de pulso tambm foi criao
de Santos Dumont. Enquanto pilotava seus
dirigveis, Dumont no tinha como acom-
panhar os segundos e minutos em que per-
manecia no ar com o relgio de bolso. O
aviador sugeriu ento ao amigo relojoeiro
Cartier que adaptasse alas ao objeto. Omodelo do relgio foi chamado de Sants
e existe at hoje.
Santos Dumont foi o primeiro aeronau-
ta a utilizar motores a petrleo em diri-
gveis. Muitos inventores da poca acre-
ditavam haver risco de exploso ao colocar
o motor em proximidade com o gs (hi-
drognio) que preenchia os bales. SantosDumont provou que era possvel a utiliza-
o dos motores a petrleo nos bales.
Santos Dumont foi o nico dentre seus
irmos a no concluir curso superior. O
inventor nunca teve uma formao regular.
Era um esportista, como relatou um amigo
da poca de estudos: aluno pouco aplica-
do, ou melhor, nada estudioso para as teo-
rias, mas de admirvel talento prtico emecnico e, desde a, revelando-se, em
tudo, um gnio inventivo.
Em 1909 Santos Dumont apresen-
tou seu ltimo invento aeronutico: o
Demoiselle 20. Foi o primeiro ultraleve da
InvenesTEXTO 3
QUEM FOISANTOS DUMONT?
QUEM FOISANTOS DUMONT?
Tecnologia e Trabalho10
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Tecnologia e Trabalho 11
histria, com apenas 115 kg, envergadura
de 5,50 m e comprimento de 5,55 m, era
acionado por um motor de 24 cavalo-vapor. Santos Dumont publicou os planos
do Demoiselle 20 e permitiu que ele fosse
construdo por algumas firmas. O apare-
lho foi copiado e tornou-se um modelo
popular.
Santos Dumont instruiu a primeira
mulher a voar sozinha em um dirigvel
construdo por ele. Aps trs lies, em
29 de junho de 1903, a jovem cubana AdaDAcosta decolou no n 9 do inventor,
fazendo o percurso de Neuilly-Saint-James
ao campo de Bagatelle (Paris, Frana).
Alberto Santos Dumont nasceu em 20
de julho de 1873, em Minas Gerais, no stio
de Cabangu, prximo cidade que hoje
leva seu nome.
O jovem Alberto Santos Dumont foi alfa-betizado por sua irm Virgnia. Estudou
ainda em Campinas, no Colgio Culto
Cincia, e, em So Paulo, nos colgios Kopke
e Morton e na Escola de Ouro Preto.
Em 1910, Santos Dumont anunciou
sua inteno de parar de voar. Ele comea-
va a sentir os sintomas da esclerose mlti-
pla que o perseguiria at o final da sua
vida. Seu avio Demoiselle foi vendido aum piloto aspirante que, mais tarde, seria
um dos maiores ases da Primeira Guerra
Mundial: Roland Garros.
O dirigvel nmero 6
contornaria a Torre Eiffel
na disputa do Prmio Deutsch
vencido pelo inventor brasileiro.
Em um de seus primeiros bales,
Santos Dumont instalou o
primeiro motor embarcado em
uma aeronave.
Extrado do site www.santosdumont.14bis.mil.br
Campo de Bagatelle, Paris,
1906: o 14 bis em seu
histrico primeiro vo.
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O DESEMPREGO
Relaes no trabalhoTEXTO 4
Tecnologia e Trabalho12
TECNOLGICOLauro A.MonteclaroCsar Jr.
Ilustrao:Alcy
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Oproblema mais grave destes pri-
meiros anos do terceiro milniotalvez seja a ameaa do chamado
desemprego tecnolgico o desempregogerado pela combinao da utilizao emgrande escala da tecnologia de informti-ca e telecomunicaes, aliada s novastcnicas como meio de aumentar a pro-dutividade das empresas, com a conse-qente reduo da mo-de-obra.
Os estudiosos do problema costumamse dividir em dois grupos com opiniesdivergentes. De um lado, os pessimistasque pensam que a automao eliminarrapidamente os empregos industriais e osde servios. Consideram que o desem-prego global atingiu seu nvel mais altodesde a dcada de 1930, com mais de 800milhes de pessoas no mundo desempre-gadas ou subempregadas.
Essas idias costumam ser refutadaspelos otimistas, que acreditam que a ativi-dade econmica mudaria da produo debens para a prestao de servios. O fim doemprego rural seria seguido pelo fim doemprego industrial, em benefcio doemprego do setor de servios. E este consti-tuiria a maioria esmagadora das ofertas deemprego. A nova economia aumentaria a
importncia das profisses com grandecontedo de informao e conhecimentosem suas atividades. As profisses adminis-trativas, especializadas e tcnicas cres-ceriam mais rpido que qualquer outra, e
constituiriam o cerne da nova estrutura
social.Assim, de acordo com o partido oti-
mista, no h nada com o que se preocu-par: depois de um perodo de ajustes, o fimde empregos nos setores convencionaisseria compensado por uma grande ofertade colocaes. Essas colocaes, no entan-to, exigiriam alta qualificao profissional.
A soluo, portanto, seria simples: aumen-
tar o nvel de escolaridade e a capacitaotcnica da populao.Infelizmente, no o que se observa no
dia-a-dia, e os nmeros demonstram queo partido pessimista tem razo. At mes-mo os otimistas concordam que para tudodar certo necessrio haver um espetcu-lo do crescimento em termos globais: seos governos no forem capazes de intervirpara reduzir as jornadas de trabalho, asconseqncias seriam aquelas descritaspelos pessimistas.
Vamos analisar como cada pas deveragir para se inserir na nova economia. Apartir de discursos de empresrios e econo-mistas, o que fica claro o seguinte:
necessrio o aumento de produtivi-dade mesmo custa do aumento dodesemprego, pois o supervit gerado
poder ser usado para criar novosempregos.
Alegam que a expanso do comr-cio global faria com que essa com-petio entre naes no tivesse
Tecnologia e Trabalho 13
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como resultado uma soma zero,
ou seja, o aumento da riqueza glob-al. Na realidade, faria com que osupervit obtido por cada pas fossemaior a cada ano, de modo que to-dos ganhariam.
a que est o problema. Porque oque se observa o seguinte:
As empresas se valem das novas tecnolo-gias para transferir empregos de seus
pa-ses para outros onde a mo-de-obra mais barata. O supervit obtido investido, cada vez
mais, em tecnologias substitutivas demo-de-obra em seus prprios pases.
Os governos so cada vez mais impo-tentes para influir sobre qualquer de-ciso importante que envolva a eco-nomia global.
Ora, uma das condies absolutamentenecessrias para o aumento da demanda o aumento da renda das populaes. Mas oquesito bsico para a insero de qualquerpas pobre na economia global acaba sendoo de sua populao permanecer pobre. Seos salrios e benefcios aumentarem, o pasdeixar de ser competitivo e sua populao
voltar imediatamente excluso.Para os pases ricos sobra a opo de
transferir seus cidados de empregos comaltos salrios para empregos terceirizados,temporrios, de meio perodo, contratadospor projeto etc. Em todos os casos hreduo de salrios e/ou benefcios. Ento
fica a pergunta: se a renda nos pases ricos
deve cair e nos pases pobres deve se man-ter baixa, de onde vir o aumento da de-manda? Apenas o consumo de luxo ser ca-paz de ger-la?
Por outro lado, toda a presso polticaque vem sendo feita, tanto em pases ricosquanto nos subdesenvolvidos, no sentidode uma menor interferncia do Estado naeconomia. Quanto menos governo me-
lhor. Por toda parte se fala em desregula-mentao, em flexibilizao das leis traba-lhistas etc. Outra pergunta: de onde viruma possvel reao capaz de reduzir as
jornadas de trabalho e no o emprego?Apesar de haver um aumento das exign-
cias em termos de educao e treinamento, amaioria dos profissionais apenas conseguemanter em parte sua renda. De outro lado,
um pequeno grupo passou a obter salrioscada vez maiores e os empresrios de suces-so fizeram fortunas inimaginveis.
O aumento das desigualdades gera con-flitos sociais de todo tipo. urgente reequi-librar as sociedades para evitar os confli-tos. Quem poder fazer isso? Os governose partidos polticos atuais? Ser possvelfaz-lo por meios pacficos e institucionais?
Essas so de fato as perguntas mais
importantes, cuja capacidade de respostadepender futuro das novas lideranaspolticas e sociais.
Tecnologia e Trabalho14
Extrado do site www.espacoacademico.com.br/036/36ccesar.htm
Revista Espao Acadmico N. 036 maio de 2004
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Renato Pompeu
Os avanos tecnolgicos das ltimas trsdcadas destruram uma grande massade empregos permanentes e de carreiras
estveis, mas criaram muitos trabalhos tempor-rios. A robotizao e a informtica tornaramdesnecessria grande parte da mo-de-obraque havia sido imprescindvel no setor da pro-duo nos perodos anteriores. Os operriose funcionrios administrativos foram sendosubstitudos por equipes cada vez maisenxutas, que trabalham com equipamentosde altos nveis de produtividade e qualidade.
No Brasil isso se refletiu na queda rela-tiva do nmero de empregos com carteiraassinada no setor de produo, tanto nasfbricas como nas sees administrativas.Est acabando a era do emprego estvel,com frias e descanso semanal remunera-
dos, com direito a indenizao no caso dedispensa sem justa causa.
Mas isso no significa necessariamenteque as pessoas fiquem sem oportunidades derenda. Est surgindo um novo tipo de traba-
lhador, em especial no setor de servios, quetem renda por tarefas executadas. Esse tra-balhador, ao contrrio do antigo, no temuma profisso fixa em que se especializa e sequalifica, seguindo uma carreira: uma jovem,por exemplo, pode passar um tempo comofaxineira, ou como cabeleireira, depois tra-balhar em algum lugar como auxiliar admi-nistrativo temporria, em seguida, como
bab ou acompanhante de pessoa idosa, oucomo modelo de publicidade para pequenasempresas, ou para calendrios. a era emque a grande massa de trabalhadores garan-te a sua renda pulando de bico em bico.
TEXTO XX
Tecnologia e Trabalho 15
Foto:FBar
Relaes do trabalhoTEXTO 5
Desenvolvimento diminuiu empregos e gerou novas profisses
Oficina de informtica da Casagua e Vida para moradores de
baixa renda de Garulhos,9 de agosto de 2006.
REVOLUO TECNOLGICA DESTRIEMPREGOS,MAS CRIA TRABALHOS
Texto escrito por Renato Pompeu, escritor e jornalista.
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Acesso tecnologiaTEXTO 6
Tecnologia e Trabalho16
Ainformtica facilitou a vida dos tra-balhadores, mas ao mesmo tempo
aumentou as diferenas entre as
classes sociais. Quem no sabe utilizar um
computador ou desconhece um vocabul-
rio mnimo de ingls a lngua mais falada
na Internet est condenado a perder boas
oportunidades de emprego. Para evitar que
as portas se fechem aos mais pobres e
menos escolarizados, um projeto governa-mental comeou a tomar forma em Mato
Grosso, em 2003, e est espalhado por todo
o pas. Trata-se do programa Comunidade
Brasil, que monta centros de informtica
para comunidades carentes.
Como funcionam os telecentrosCada telecentro equipado, no mni-
mo, com dez computadores, um servidor,
uma impressora e um scanner, que ficam
disposio de qualquer pessoa que queira
utiliz-los, sem custo algum. Trs morado-
res do local so treinados para ajudar os
usurios a se conectar Internet, a realizar
trabalhos escolares e a organizar cursos via
web em diversas reas de interesse.
Estgio difcil
De acordo com os relatrios do Ins-
tituto Euvaldo Lodi (IEL), que coloca estu-
dantes para estagiar em empresas, cerca de
NOVASDIFERENASSOCIAISQuem no sabe usar umcomputador hoje est condenadoa perder bons empregos
Ilustrao:Alcy
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60% dos candidatos a estgio de nvel
mdio so analfabetos em informtica. Oteste para medio de conhecimentos
composto por dez perguntas simples como:
Voc sabe ligar um computador? Quem
no consegue responder pelo menos cinco
questes considerado analfabeto em in-
formtica e aconselhado a procurar um
curso para se atualizar. O fator renda est
associado ao desconhecimento de noes
de informtica, pois quase 90% dos candi-datos a estgio em nvel mdio no tm
computador em casa. A situao se inverte
no topo da pirmide escolar: s 3% dos
candidatos a vagas em nvel superior so
analfabetos digitais. Desse universo, cerca
de 90% possuem computador em casa.
A estudante Carla Cristina Amaral
Abreu, de 20 anos, moradora de Luzinia,Mato Grosso, teve dificuldade para conseguir
estgio por causa da falta de conhecimentos
de informtica. No havia computador na
escola de ensino mdio onde estudava: no
IEL ficou sabendo que todas as vagas ofere-
cidas exigiam noes de informtica. A estu-
dante fez um curso de quatro meses no Senac
e obteve colocao rapidamente. Sem o
curso, jamais teria conseguido a vaga, diz.A utilizao da informtica facilita mui-
to a vida. O que antigamente levava horas
para fazer principalmente enfrentando
filas hoje se faz em segundos pela Inter-
net. Cerca de 70% dos servios do governo
federal so oferecidos na rede mundial de
computadores. O mais conhecido a decla-
rao de rendimentos pela Receita Federal.
A Internet a maior biblioteca do mun-
do. Em poucos minutos possvel reunir
informaes suficientes para a realizao de
um bom trabalho escolar e dados importan-
tes para a execuo de tarefas profissionais.
A comunicao por e-mail permite a trans-
ferncia de uma quantidade enorme de co-
nhecimento de um ponto a outro do planeta.
Conversas pela rede mundial de computadores
so muito mais baratas do que por telefone.
Desigualdade em nmeros
Hoje no Brasil, apenas um percentual
reduzido da populao, em torno de 10%,
tem contato com microcomputadores e In-
Tecnologia e Trabalho 17
A maioria fica de fora
Veja como esto distribudos os inter-
nautas no Brasil e no mundo, em %
3,54Amrica Latina
27,68Europa
22,83sia
0,61frica
45,35Estados Unidos
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ternet, seja no trabalho ou em casa. Por esse
motivo h um esforo coletivo envolvendogoverno, empresas privadas e organizaes
no-governamentais (ONGs) para resolver
esse problema, como o CDI (Comit para
Democratizao da Informtica, www.cdi.
org.br). O CDI foi uma das primeiras orga-
nizaes a atacar a excluso digital na Am-
rica Latina. Criado em maro de 1995, j
capacitou milhares de pessoas de baixa ren-
da em dez pases.Cerca de 90% dos atendidos so brasi-
leiros, espalhados por dezenove Estados.
So escolas auto-sustentveis, em que o
aluno paga uma mensalidade simblica, de
10 reais, por um curso com durao de trs
meses.
*para a revista Desafios do Desenvolvimento, abril de 2005
Texto 6 / Excluso dig ital
Tecnologia e Trabalho18
Internet no Brasil
5,46
20,51
32,58
9,59
17,58
6,89
Ensinobsico
Ensinomdio(comp.)
Ensino mdio(incomp.)
Ensinosuperior(comp.)
Ensinosuperior(incomp.)
Ps-graduao
Outros
7,36
13,6 milhesde pessoas, 8% da populao,acessam a Internet de seusprprios computadores.
OS ACEITOS NA FESTAPesquisa feita em 49,1 milhes de domiclios mostraa diferena entre ricos e pobres no acesso tecnologia
Com microcomputadorSem microcomputadorCom acesso Internet
AT 10 SALRIOSMNIMOS
AT 20 SALRIOSMNIMOS
38.129,6 mil
1.511,1 mil
3.413,9 mil2.134,3 mil
1.377,8 mil
418,5 mil
Veja o perfil do internauta brasileiro por graude instruo, em %.
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Tecnologia e Trabalho 19
Letra e msica: Gilberto Gil, 1976
Acesso tecnologiaTEXTO 7
Queremos saberO que vo fazerCom as novas invenesQueremos notcia mais sria
Sobre a descoberta da antimatriaE suas implicaesNa emancipao do homemDas grandes populaesHomens pobres das cidadesDas estepes, dos sertes
Queremos saberQuando vamos terRaio laser mais barato
Queremos de fato um relatoRetrato mais srioDo mistrio da luzLuz do disco voadorPra iluminao do homemTo carente e sofredorTo perdido na distnciaDa morada do Senhor
Queremos saberQueremos viverConfiantes no futuroPor isso se faz necessrioPrever qual o itinerrio da iluso
A iluso do poderPois se foi permitido ao homemTantas coisas conhecer melhor que todos saibamO que pode acontecer
Queremos saber
Queremos saberTodos queremos saber
Gege Edies Musicais Ltda (Brasil e Amrica do Sul)
Preta Music (Resto do mundo) in O Viramundo
Ilustrao:Alcy
QUEREMOS SABER
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A tecnologiano pra de
mudar a vida
das pessoas
Tecnologia e cot id ianoTEXTO 8
Tecnologia e Trabalho20
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Renato Pompeu
Ahistria do telefone um bom exem-
plo das mudanas provocadas na vida
das pessoas nos ltimos dois sculos.
Com efeito, a histria do telefone pas-
sou por diversos estgios desde a sua inven-
o na segunda metade do sculo 19. Noincio, s era possvel ligar de um telefone
para outro e s na segunda metade do scu-
lo 19 que foram instaladas as primeiras
redes urbanas de telefones, com cada assi-
nante podendo ligar para qualquer outro
assinante. No decorrer das dcadas foram
sendo sucessivamente instaladas, j no scu-
lo 20, as redes interurbanas, inter-regionais
e em escala mundial.Os aparelhos tambm foram mudando.
Um dos primeiros modelos foi o telefone a
magneto, no qual se movimentava uma
manivela para acionar distncia a cam-
painha de outro telefone. Esse modelo foi
usado at a Segunda Guerra Mundial nas
comunicaes durante as batalhas, com o
uso do chamado telefone de campanha.
Na passagem do sculo 19 para o scu-lo 20, surgiu o chamado telefone manual.
Por esse sistema no era possvel ligar dire-
tamente de um aparelho para outro; era
necessria a mediao de uma telefonista.
O telefone no tinha nem disco, nem tecla-
do, nem manivela: erguendo-se o fone em
uma casa ou escritrio, acionava-se auto-
maticamente a mesa de uma telefonista em
alguma estao - e l vinha a frase que se
tornou clebre: Nmero, faz favor? A pes-
soa dizia o nmero e a telefonista comple-tava a ligao, acionando o telefone dese-
jado.
Esse sistema se manteve at recente-
mente nas ligaes interurbanas e interna-
cionais.
O telefone manual era to entranhado
nos hbitos da populao que foi objeto de
versos de canes populares, como o cle-
bre Telefone ao menos uma vez para o 34-4333, e ordene ao seu Osrio que nos traga
um guarda-chuva aqui para o nosso escri-
trio, de Noel Rosa, e o no menos cle-
bre Pennsylvania 6-500, consagrado pelo
americano Glenn Miller; ambas as canes
dos anos 1930.
Depois de dominar durante dcadas, o
telefone manual foi substitudo aps a
Segunda Guerra Mundial pelo telefone adisco, que prescindia da telefonista, inicial-
mente, nas ligaes locais. A pessoa disca-
va o nmero desejado, mas ainda tinha de
discar para a telefonista se quisesse fazer
uma ligao interurbana ou internacional.
Tecnologia e Trabalho 21
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Nos anos 1980 surgiu o telefone a tecla-
do, em que a ligao mais rpida, menos
complicada, com menos riscos de erro (o
chamado engano) e mais segura. O telefo-
ne acoplou-se na mesma poca Internet.
Mais alguns anos e, com o celular, come-
ou uma verdadeira revoluo permanente
na telefonia. Com ele possvel ligar-se
internet, e televiso; localizar alguem em
qualquer lugar do mundo; baixar msicas efilmes, tirar fotografias, etc.
Essa sucesso de avanos primeiramen-
te graduais, por meio de estgios tecnol-
gicos de grande durao, seguida do atual
perodo de grande instabilidade e eferves-
cncia tecnolgicas reflete o andamento,
nos dois ltimos sculos, das revolues
tecnolgicas, que primeiro se deram por
meio de sucessivos patamares estveis atchegar ao atual patamar instvel.
Primeiro, na passagem do sculo 18 para
o 19, houve a introduo da mquina a
vapor. Depois, j na segunda metade do scu-
lo 19, surgiram o petrleo, a eletricidade e a
qumica pesada. Na primeira metade do s-
culo 20, surgiram o fordismo e o taylorismo,
ou seja, a linha de montagem e a cronome-
tragem de aes regulares no interior das
fbricas. Foi nesse estgio do fordismo e do
taylorismo que se desenvolveu o comunis-
mo, com sua planificao centralizada e au-
sncia de concorrncia.
Entretanto, se possvel planejar a
indstria, a agricultura e o comrcio, no possvel planejar o desenvolvimento tecno-
lgico, que no capitalismo se d pela con-
corrncia. Quando o patamar relativamen-
te estvel do fordismo e do taylorismo foi
substitudo pelo atual patamar eminente-
mente instvel da robtica, computadori-
zao, bioengenharia e qumica fina, a im-
possibilidade de um planejamento central
e nico para as mudanas levou derroca-da do comunismo.
Texto 8 / Tecnologia e cot id iano
Tecnologia e Trabalho22
Texto escrito por Renato Pompeu, escritor e jornalista.
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quase dia, a cama no esquenta,e ela pensa no relgio de ponto.O jantar, mal engoliu, ainda o sente,
e ela pensa no relgio de ponto.O caf, meio fraco, o p, quase no deu,e ela pensa no relgio de ponto.O tecido to macio, linha, tesoura,e ela pensa no relgio de ponto.
A mquina de costura a contragosto,resmungandoe ela pensa no relgio de ponto.O marido, os filhos, tudo certo, mas nem tanto,
e ela pensa no relgio de ponto.A dor da unha encravada, o teto alto da fbrica,e ela pensa no relgio de ponto.O dinheiro do gs, a regra atrasada,e ela pensa no relgio de ponto.O futebol insuportvel, a vizinha de saia curta,e ela pensa no relgio de ponto.O choro do caula, o doce de banana,e ela pensa no relgio de ponto.O tecido macio, a regra atrasada, o teto alto, omarido, o docede banana, o caf fraco, e a mquina de costuraresmungando...O sono e o relgio de ponto.
Fonte: DEDIC Escreve poesias e contos Mobitel s/a p. 55 2005.
Tecnologia e Trabalho
TEXTO 12Tecnologia e cot id iano
TEXTO 9
23
O RELGIO DE PONTORosene Mara Monteiro de Toledo
Ilustrao:Alcy
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Ainveno mais notvel do comeo da
Revoluo Industrial foi obra do
operrio ingls James Watt. Ele no
criou a mquina a vapor, ele a aprimorou.
Em 1765, ele criou a primeira mquina a
vapor realmente eficaz. A idia bsica era
colocar o carvo em brasa para aquecer a
gua at que ela produzisse muito vapor. A
mquina girava por causa da expanso e dacontrao do vapor posto dentro de um
cilindro de metal. As mquinas a vapor ti-
nham muitas utilidades. Retiravam a gua
que inundava as minas subterrneas. Mo-
vimentavam os teares mecnicos, que pro-
duziam tecidos de algodo. Com isso, a
Inglaterra se tornou a maior exportadora
mundial de tecidos. Nas primeiras dcadas
do sculo 19, as mquinas a vapor equipa-ram navios e locomotivas. A Inglaterra, a
Frana, a Alemanha e os EUA instalaram
milhares de quilmetros de ferrovias e
desenvolveram espetacularmente as inds-
trias de ferro e de mquinas.
REVOLUOINDUSTRIAL E
MUDANA
Tecnologia e Trabalho24
Desenvolvimento tecnolgicoTEXTO 10
Acervo Iconographia
A indstria, por natureza, a depositria final de todaa tecnologia produzida
pelo homem, no importapara que setor tenha sidodesenvolvida
Setor de
produo de tear
de fbrica de rede,
So Bento, PB.
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A mquina a vapor
As primeiras mquinas a vapor foramconstrudas pelos gregos antigos, mas nun-
ca foram muito usadas. Na Inglaterra, du-
rante o sculo 18 foram desenvolvidas as
primeiras mquinas a vapor economica-
mente viveis. Retiravam a gua acumula-
da nas minas de ferro e de carvo e fabri-
cavam tecidos. Graas a essas mquinas, a
produo de mercadorias aumentou muito.
E os lucros dos proprietrios de fbricascresceram na mesma proporo. Por isso,
os empresrios ingleses comearam a inves-
tir na instalao de indstrias. As fbricas
se espalharam rapidamente pela Inglaterra
e provocaram mudanas to profundas,
que os historiadores atuais chamam aquele
perodo de Revoluo Industrial. O modo
de vida e a mentalidade de milhes de
pessoas se transformaram numa velocida-de espantosa. O mundo novo do capitalis-
mo, da cidade, da tecnologia e da mudan-
a incessante triunfou.As carruagens viajavam a 12 km/h e os
cavalos, quando se cansavam, tinham de
ser trocados durante o percurso. Um trem
da poca alcanava 45 km/h e podia seguir
centenas de quilmetros. Assim, a Revolu-
o Industrial tornou o mundo mais veloz.
Efeitos na sociedade
Na esfera social, o principal desdobra-mento da revoluo foi a tranformao
nas condies de vida nos pases indus-
triais em relao aos outros pases da
poca, havendo uma mudana progressi-
va das necessidades de consumo da popu-
lao conforme novas mercadorias foram
sendo produzidas.
A Revoluo Industrial alterou profun-
damente as condies de vida do traba-lhador braal, provocando inicialmente
Tecnologia e Trabalho 25
1733
John Kay inventa a
lanadeira volante.
1740
Benjamin Huntsman desen-
volve o processo de pro-
duzir ao tipo crucible.
1767
James Hargreaves inventa a
spinning jenny, que permi-
tia a um s arteso fiar 80
fios de uma nica vez.
Linha dotempo
1768James Watt inventa a
mquina a vapor.
1769Richard Arkwright inventa a
water frame(corte de pre-
ciso com o emprego de
um filatrio hidrulico).
1779Samuel Crompton inventa a
mule, uma combinao da
water framecom a spinning
jennycom fios finos e
resistentes.
1785Edmond Cartwright
inventa o tear
mecnico.
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um intenso deslocamento da populao
rural para as cidades, criando enormesconcentraes urbanas. A populao de
Londres cresceu de 800.000 habitantes em
1780 para mais de 5 milhes em 1880, por
exemplo. Durante o incio da Revoluo
Industrial, os operrios viviam em condi-
es horrveis se comparadas s condies
dos trabalhadores do sculo seguinte. Ten-
do um cortio como moradia, ficavam
submetidos a jornadas de trabalho enor-mes, que chegavam at a oitenta horas por
semana. O salrio era medocre (em torno
de 2,5 vezes o nvel de subsistncia) e
tanto mulheres como crianas tambm
trabalhavam, recebendo um salrio ainda
menor.
A produo em larga escala e dividida
em etapas iria distanciar cada vez mais o
trabalhador do produto final, j que cadagrupo de trabalhadores passava a dominar
apenas uma etapa da produo, mas sua
produtividade ficava maior. Como sua
produtividade aumentava, os salrios reais
dos trabalhadores ingleses aumentaram em
mais de 300% entre 1800 e 1870. Devido
ao progresso ocorrido nos primeiros noven-
ta anos de industrializao, em 1860 a
jornada de trabalho na Inglaterra j sereduzia para cerca de cinqenta horas
semanais (dez horas dirias em cinco dias
de trabalho por semana).
Horas de trabalho por semana para
trabalhadores adultos nas indstrias txteis:
Movimento ludista
Reclamaes contras as mquinas in-
ventadas aps a revoluo para poupar a
mo-de-obra j eram normais. Mas foi em1811 que o estopim estourou e surgiu o
movimento ludista, uma forma mais radical
de protesto. O nome deriva de Ned Ludd,
um dos lderes do movimento. Os ludistas
chamaram muita ateno pelos seus atos.
Invadiram fbricas e destruram mquinas,
que, segundo os ludistas, por serem mais
eficientes que os homens, tiravam seus
trabalhos, requerendo, contudo, duras ho-
ras de jornada de trabalho. Os manifestan-
tes sofreram uma violenta represso, foram
condenados priso, deportao e at
forca. Os ludistas ficaram lembrados como
"os quebradores de mquinas".
Anos depois, os operrios ingleses mais
experientes adotaram mtodos mais efici-
entes de luta, como a greve.
Movimento cartista
Em seqncia veio o movimento cartis-
ta, organizado pela Associao dos Oper-
rios, que exigia melhores condies de
trabalho, como:
Tecnologia e Trabalho26
1780 em torno de 80 horaspor semana
1820 67 horas por semana
1860 53 horas por semana
Texto 10 / Desenvolvimento tecnolgico
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particularmente a limitao de oito
horas da jornada de trabalho
regulamentao do trabalho
feminino
extino do trabalho infantil
folga semanal
salrio mnino
Alm de direitos polticos, como o esta-
belecimento do sufrgio universal, a extin-
o da exigncia de propriedade para se
integrar ao parlamento e o fim do voto
censitrio. Esse movimento se destacou por
sua organizao e por sua forma de atua-
o, pela via poltica, chegando a conquis-
tar diversos direitos polticos para os traba-
lhadores.
As trade unions
Os empregados das fbricas tambm
formaram associaes denominadas trade
unions, que tiveram uma evoluo lenta em
suas reivindicaes. Na segunda metade do
sculo 19, as trade unions evoluram para
os sindicatos, forma de organizao dos
trabalhadores com um considervel nvel de
ideologizao e organizao, pois o sculo
19 foi um perodo muito frtil na produo
de idias antiliberais que serviram luta da
classe operria, seja para obteno de con-
quistas na relao com o capitalismo, sejana organizao do movimento revolucion-
rio cuja meta era construir o socialismo
objetivando o comunismo. O mais eficiente
e principal instrumento de luta das trade
unions era a greve.
Fonte P Wikipdia, a enciclopdia livre.
Site: http://pt.wikipedia.org/wiki/Revolu%C3%A7%C3%A3o_Industrial
Tecnologia e Trabalho 27
Enterro do
sapateiro
Martinez, morto
durante a greve
de 1917, em
So Paulo.
Acervo
Iconographia
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InvenesTEXTO 11
Tecnologia e Trabalho28
Das armas primitivas dos ndios aos avies de Santos Dumont,
a criao brasileira numa exposio
BRASIL: 500 ANOSINVENTANDO
Crianas moradoras do Jardim ngela na periferia da zona Sul visitam a mostrado redescobrimento no Parque do Ibirapuera. Na foto, Espao Barroco.
Foto:SebastioMoreira/A
E
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Tecnologia e Trabalho 29
Quando se fala em inveno, a gen-te logo imagina algum cheio deidias malucas, num laboratrio
onde a qualquer momento alguma coisapode explodir, no mesmo? E quem nogostaria de conhecer um desses invento-res e pedir que ele criasse, quem sabe,uma mquina que resolvesse todos osnossos problemas? Afinal, idias geniais
que no faltam na cabea das pessoas.E isso nem de hoje! Na exposio 500Anos de Inventiva no Brasil, que percorreuo pas em 2001 como parte das comemora-es pelo aniversrio de 500 anos do Brasil,foi possvel conhecer as invenes realiza-das desde que a nossa terra foi descoberta.
Os nossos inventos comeam com o so-nho dos portugueses de desbravar o oceano
Atlntico. Para isso, os navegadores precisa- vam enfrentar o que chamavam de MarTenebroso onde imaginavam existir serpen-tes e monstros marinhos para encontrar umcaminho martimo para as ndias. Antes decomear a aventura, foi preciso criar vrios
instrumentos de navegao para ajudar osmarinheiros a determinar a localizao dobarco e a gui-lo pelo oceano.
Em vez de chegar s ndias, a esquadrade Pedro lvares Cabral chegou a um lugarque mais tarde se chamou Brasil. Ao desem-barcar, os portugueses encontraram os n-dios, habitantes nativos daquela bela terra,e se surpreenderam com as suas invenes:
com argila, fibras tranadas, madeiras eossos, eles faziam desde belos enfeites parao corpo at eficientes armas de guerra!
No incio da colonizao, os portugue-ses foraram os ndios a trabalhar comoescravos, mas eles acabaram substitudospelos negros africanos. Trazidos fora nospores de navios negreiros, os africanos tra-balharam na agricultura, principalmentenas fazendas de cana-de-acar, e na mine-rao. Para realizar essas atividades, os por-tugueses trouxeram instrumentos como amoenda de trs cilindros verticais, utiliza-da nos engenhos do acar.
O Demoiselle,
trigssima obra aeronutica
de Santos Dumont, o
primeiro avio como
conhecemos hoje
Acervo
Iconographia
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Tecnologia e Trabalho30
Na virada do sculo 19 para o 20, ascidades e a populao brasileira crescerammuito e as invenes se voltaram para otransporte e o saneamento: para o trans-
porte porque as pessoas precisavam se des-locar rapidamente de um lado a outro dacidade; e para o saneamento porque haviaa epidemia de peste bubnica, uma gravedoena transmitida por ratos. A doena,porm, no era a nica preocupao dapoca: por causa do sucesso do cultivo decaf, moas e rapazes que haviam enrique-cido passaram a valorizar mais a aparn-
cia. Roupas e adereos precisavam estar namoda. S que alguns modismos eram bas-tante curiosos...
Em 1907, o brasileiro Santos Dumont foinotcia no mundo todo por ter voado com oseu Demoiselle, no cu parisiense (em fran-
cs, demoiselle quer dizer senhorita), assimchamado por sua leveza e graa. Dois anosdepois, aprimorou o modelo e estabeleceuum recorde de velocidade: 96 quilmetros
por hora a 200 metros de altura! At ento,quem imaginava que o homem poderia
voar? Vendo do cho, as pessoas devem terficado muito espantadas!
E voc? Ficaria de queixo cado se visseum trem que levita? Ou se soubesse quebambus podem se tornar formidveis equi-pamentos para deficientes fsicos? Pois :essas so algumas invenes brasileiras
recentes que foram apresentadas ao pbli-co na exposio.
Texto 11 / Invenes
No final do sculo 19,
a moda e os costumes
europeus foram
copiados. Na foto,
pedestres caminham
pelas ruas do Rio
do Janeiro.
Acervo Iconographia
Extrado do site http://cienciahoje.uol.com.br/materia/view/2864
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Tecnologia e Trabalho 31
Acervo Iconographia
CAMINHO ERRADO
Tecnologia e transporteTEXTO 12
Foto: Sebastio Moreira / AE
A matriz de transportesurbanos brasileira, privilegia
a pior opo a individual
So Paulo ontem...
e hoje
Nos horrios de pico, entre
as 7 e as 9 horas da manh,
e as 18 e as 20 do anoitecer,os nibus e automveis
provocam congestionamento
de at 150 quilmetros das
vias urbanas. So Paulo tem
hoje um carro para cada 2
habitantes.
Bondes na Praa da S,
em 1922, quando So Paulo
tinha cerca de 580 mil
habitantes
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Tecnologia e desempregoTEXTO 13
NMEROS DO IBGEDETECTAM A EXTINODE EMPREGOS
Pesquisa Nacional por Amostra de Domiclios
2003 indica que o desemprego da Era da
Informao j est presente no Brasil
Tecnologia e Trabalho32
Por Lauro Monteclaro
Ilustra
o:Alcy
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Tecnologia e Trabalho 33
Quando se considera que as novas tec-
nologias de informao e telecomu-nicaes, aliadas s novas tcnicas
gerenciais, tendem a gerar desemprego nosnveis mdios da hierarquia empresarial, osnmeros no surpreendem.
De fato, as novas tecnologias no substi-tuem abruptamente os empregos dos traba-lhadores braais por mquinas, como ocor-reu na Revoluo Industrial do passado. Elas
provocam, principalmente, um forte dese-quilbrio nas relaes entre capital e traba-lho, favorecendo enormemente o primeiro.
Depois dos processos de reengenharia,que hoje no so mais restritos apenas sindstrias, nota-se que os trabalhadoressobreviventes tornam-se muito mais d-ceis quanto a reivindicaes por aumentosde salrios, reposio de perdas inflacion-
rias e novos benefcios. Isso explica as per-das progressivas de poder aquisitivo, mes-mo para os que continuam empregados.
Os demitidos, depois de um longo pero-do de procura, vo acabar aceitando em-pregos com remunerao inferior querecebiam anteriormente. Outros aceitarofunes bem abaixo de suas qualificaes;e outros simplesmente abandonaro o
mercado de trabalho, seja para se tornarautnomos, empresrios informais oudesempregados permanentes, vivendo custa de parentes. Isso explica a reduodrstica da renda por domiclio.
Outro dado revelador que, no con-
tingente de mulheres, o nvel da ocupao
de 2003 permaneceu igual ao de 2002(44,5%), que praticamente havia alcana-do o de 1995 (44,6%), o mais alto desde oincio da dcada de 1990. Como interpre-tar isso? simples, o trabalho femininoest concentrado ou nas funes de menorrenda, ou em atividades pouco afetadaspelas novas tecnologias, como as ligadasao preparo de alimentos, limpeza e conser-
vao, cuidado com doentes, deficientes,crianas, idosos etc.
Mesmo a reduo do trabalho infantilpode ser relacionada aos programas gover-namentais baseados na troca de comidapor estudo. Assim, no mbito da econo-mia da famlia, a criana na escola garantea cesta bsica, enquanto o adulto desem-pregado passa a ocupar as funes que a
criana ocupava.Isso no perceptvel na agricultura,
onde o trabalho infantil complementarao do adulto e sempre foi uma fonte derenda perfeitamente aceitvel. Mas, nascidades, basta notar a substituio dotomador de conta de automveis infantilpelo flanelinha, sempre um adulto.Tambm notamos o progressivo envelhe-
cimento dos encarregados de transportede documentos e pequenos volumes. Sai oguarda-mirim e entra o moto-boy.
Extrado do site www.midiaindependente.org/eo/blue/2004/
10/291926.shtml
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UM CARRO A CADA
80 SEGUNDOS
Substituio de mo-de-obraTEXTO 14
FORD E SEUS 25 SISTEMISTASPRODUZEM
Linha de montagem do Ford KA na
Ford Company do Brasil em So
Bernardo do Campo, So Paulo.
Tecnologia e Trabalho34
Foto: Robson Fernandjes / AE
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Tecnologia e Trabalho 35
Para produzir quatro portas de trs
modelos de carros no muito sofisti-
cados so necessrias 250 peas. A
combinao entre componentes e corespode resultar em 1.700 modelos diferentes
de portas do Fiesta hatch, Fiesta sed e
EcoSport. Mas a Ford no precisa se preo-
cupar com nenhum detalhe dessa comple-
xa operao. O trabalho todo feito pelos
255 funcionrios da Faurecia, um dos for-
necedores que trabalham ligados linha de
montagem em Camaari, na Bahia os cha-
mados sistemistas.Desde a inaugurao, em 2001, a fbri-
ca da Ford na Bahia recebeu milhares de
pesquisadores, estudantes e executivos da
indstria automotiva do Brasil e do exte-
rior. Somente no ano passado foram 1.400
visitas, a maior parte de grupos.
Todos querem conhecer o modelo de
produo j diferente daquele que o pr-
prio fundador da companhia, Henry Ford,
pai da linha de montagem, inventou h
um sculo. Cinco anos depois da insta-
lao da fbrica, a inveno foi renova-
da, com opo de atrair os principais for-
necedores para perto da linha de montagem.
A flexibilidade do mtodo permitiu
empresa ultrapassar a capacidade da fbri-
ca, feita para produzir 250.000 autom-
veis por ano. So 912 veculos por dia um a cada 80 segundos em trs turnos
de jornadas de 42 horas semanais, execu-
tadas por 8.500 trabalhadores. Os da Ford
somam 3.800. O restante dos 25 forne-
cedores que dividem o mesmo espao.
Outra curiosidade que leva tantos visi-
tantes at Camaari entender como foi
que a Ford conseguiu instalar uma fbrica
de carros a mais de 4.000 quilmetros doprincipal centro fornecedor de autopeas e
onde tambm est o maior mercado con-
sumidor de veculos do pas. E ainda em
um lugar onde os operrios nem sequer
sabiam como era uma linha de montagem.
Novas relaes
Hoje j existe um toque de conhecimen-
to automotivo na cultura baiana. O ritmo
frentico dessa indstria alterou parte dos
costumes locais, como o tradicional Car-
naval de uma semana inteira. Quem traba-
lha na Ford s tem trs dias de folia.
Mas a fbrica vai parar sexta-feira e
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Tecnologia e Trabalho36
sbado prximos, vspera e dia de So
Joo. A multinacional americana entendeu
que precisa respeitar essa cultura. Para o
baiano, o dia de So Joo sagrado, diz
Vagner Galeote, diretor de compras da Ford
na Amrica do Sul, que fica em Camaari
porque ali que se concentra hoje a maior
parte da movimentao de compras da
montadora no Mercosul.
Para ele, atrair os fornecedores para
dentro da fbrica foi o segredo do sucesso
do projeto da Ford. Um fabricante de peas
no faria um investimento para construir aprpria estrutura num local onde no exis-
te mais do que uma montadora, explica
Galeote. Para uma fbrica de alternadores
dar certo, por exemplo, no se pode pensar
em volumes de produo anual inferiores a
500.000 peas, afirma.
Com tantos fornecedores juntos, mistu-
rar culturas de multinacionais de pases dis-
tintos foi a maior dificuldade, na opiniodo executivo. Aqui dentro temos culturas
de americanos, japoneses, franceses. O
maior desafio foi padronizar o que no
necessariamente era padro em cada uma
dessas empresas, diz.
Just in time
No caso das portas, a francesa Faurecia
conta com a sua prpria linha de monta-
gem, que est ao lado da linha da Ford.
Ambas funcionam simultaneamente para
que cada carro encontre suas respectivas
portas com o acabamento pronto. O mesmo
ocorre com painis, bancos e outros con-
juntos que seguem uma linha de produo
que funciona em ziguezague. Como resul-
tado, a Ford fica dispensada de manter o
caro estoque de peas.
Na Bahia, a Ford tem 240 robs e umdos mais altos ndices de automao entre
fbricas brasileiras. Nas reas de estampa-
ria e cabine no existe mo-de-obra huma-
na. Braos mecnicos colocam as placas de
ao nas prensas e um verdadeiro bal de
robs toma conta de todo o setor de mon-
tagem de cabines.
Adaptado de texto do jornalValor Econmico
(http://revistaautoesporte.globo.com)
Texto 14 / Transformaes Cl imticas
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MAS QUEMTEM ACESSO TECNOLOGIA?
Foto:Flvia
Perin/AE
Apropr iaoTEXTO 15
Tecnologia e Trabalho 37
Antes de responder pergunta, im-
portante levar em considerao que,
apesar dos avanos na agricultura
brasileira, a estrutura agrria ainda ex-
tremamente concentrada. Dos 4,6 milhes
de agricultores do pas, cerca de 4,1 milhes
so agricultores familiares, com pouca terra
e acessos limitados a crditos, conhecimen-
tos e tecnologias. Os outros 500.000 agri-
cultores so os que tm mais terra, maior
acesso tecnologia e produzem mais. Essa
desigualdade histrica explica por que os
avanos tecnolgicos, em sua maioria,
ainda so realidades distantes da maioria
dos produtores rurais. "O desenvolvimento
de uma tecnologia geral, no leva em con-
siderao se vai ser usada por um grande
ou pequeno produtor. O desenvolvimento
final dela que vai focar o mercado", expli-ca um economista de So Paulo, especia-
lizado no agronegcio.
Fonte P www.agco.com.br/%5CNoticia%5CRepositorio%5C24_dest_col-
heitadeira2.jpg (acesso em 08 de maio de 2006)
No Brasil ainda predomina a agricultura familiar.
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Para conhecer a herana doconfeiteiro francs Nicolas Appert,
basta olhar para as prateleirasdo supermercado mais prximoda sua casa!
Tecnologia al imentciaTEXTO 16
Tecnologia e Trabalho38
FEITO PARA
DURAR
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Aconservao de alimentos surgiu com a civilizao. En-
tretanto, todos os processos utilizados at o final dosculo 18 foram desenvolvidos de forma totalmente
emprica, sem nenhum conhecimento ou embasamento terico
e, normalmente, utilizando ou simulando processos existentes
na natureza (secagem, defumao, congelamento). Nessa
poca, j se sabia que as frutas e algumas hortalias podiam
ser conservadas em acar e certas hortalias toleravam o
vinagre. Porm, todos esses procedimentos conservavam os
alimentos por pouco tempo e nem sempre dava certo.
O avano cientfico
Foi somente no incio do sculo 19, que o confeiteiro
francs, Nicolas Appert (1749-1841), depois de 15 anos de
experimentos, desenvolveu um processo que no era baseado
em nenhum fenmeno natural j conhecido.
Foi para resolver as questes prticas do dia-a-dia de sua
confeitaria, que ele teve a genial intuio de que se colocasse
os alimentos previamente fervidos em garrafas de vidro
grossas (como as usadas para o champagne) com algum
lquido e lacrando-as com rolha de cera, conseguiria uma
prolongao da vida de prateleira destes alimentos. Sups que,
como no vinho, a exposio ao ar estragava a comida. Assim,
se a comida fosse colocada num recipiente que vedasse a
entrada do ar, ficaria fresca e com boa qualidade. Funcionou.
Tecnologia e Trabalho 39
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Colocando em prtica suas descobertas em escala in-dustrial, em 1802, ele instalou nas cercanias de Paris a
primeira fbrica de conservas do mundo, que empregava cercade 50 funcionrios. Encomendou a um vidreiro garrafas comgargalos mais largos que os habituais e deu incio suaproduo.
Amostras com comidas preservadas pelo mtodo deAppert foram enviadas para o mar por mais de quatro meses.Carnes e vegetais estavam entre os 18 diferentes itens emrecipientes de vidro; todos retiveram seu frescor e nenhumasubstncia passou por mudanas substanciais.
Seu mtodo conseguiu crescente sucesso comercial, e foiutilizado por Napoleo Bonaparte no abastecimento de suastropas e na marinha mercante, para as longas viagenstransatlnticas. Em 1809, o ministro de Administrao Internada Frana, Conde Mantalivet, providenciou um prmio de 12mil francos franceses para que Appert tornasse pblicas suasdescobertas.
Assim, em 1810, foi publicado o livro "A Arte de ConservarTodas as Substncias Animais e Vegetais", em que ele descrevia,
detalhadamente, o processo de conserva de mais de 50 ali-mentos. Muito rapidamente, tradues foram publicadas emoutros pases, como Alemanha, Inglaterra, Blgica e EstadosUnidos. Logo aps a publicao do mtodo Appert, surgiram v-rias fbricas de conservas tanto na Frana quanto no exterior.
Louis Pasteur
Na poca, Appert acreditava que a preservao do ali-mento devia-se a ausncia de ar no interior do frasco. Estahiptese foi derrubada por Pasteur algumas dcadas depois,em 1864, ao provar que os pequenos seres vivos que j haviamsido identificados por Leeuwenhoek em 1675 eram res-ponsveis por deterioraes nos alimentos e doenas no ho-mem. As pesquisas de Pasteur demonstraram que o efeito datemperatura na preservao dos alimentos era na realidade
Texto 16 / Tecnologia al imentcia
Tecnologia e Trabalho40
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Tecnologia e Trabalho 41
sobre os microrganismos, observando que uma temperaturade 62-63C mantida por um perodo de uma hora e meia erasuficiente para eliminar os microrganismos presentes nossucos de frutas. Este processo, que recebeu o nome depasteurizao, provocou uma grande alavancagem na qua-lidade dos vinhos franceses, principal indstria do pas napoca, concedendo a Pasteur um grande prestgio junto ao
governo da Frana.O processo de preservao criado por ele, em sua home-nagem, foi batizado de pasteurizao, englobando todo aquelemtodo que depende de um tratamento trmico para com-bater a deteriorao do alimento. , at hoje, o mais utilizadona indstria de conservas.
As primeira latas de conserva
No mesmo ano em que Appert publicou o seu livro, 1810,Peter ou Pierre Durand (discute-se se era ingls ou francs)recebeu uma patente do Rei George III pela idia de preservarcomida em "garrafas ou outros vasilhames de vidro, potes ourecipientes de estanho, ou outros materiais adequados".
O alto preo das latas era atribudo baixa demanda demercado e do mtodo artesanal de fabricao e envasamento.
Louis Pasteur inventou
a pasteurizao, utilizada
at hoje pela indstria
de alimentos.
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Ocurioso da histria do abri-
dor de latas que ele s foi
inventado mais de 45 anos
depois das primeira latas de conser-
vas, que surgiram em 1813.
Isto aconteceu porque as pri-
meiras latas possuam grossas pare-
des de ferro que para serem abertas
exigiam o uso do cinzel e do marte-
lo (e no caso dos soldados com a
ponta da baioneta ou o tiro do fuzil).
O abridor de latas surgiu em
1858, quando as latas se tornaram
mais leves, e foi inventado por Ezra.
Warner, de Waterbury, no estado
norte-americano de Connecticut. Era
um aparato volumoso e impressio-
nante, que se parecia, em parte com
uma baioneta e em parte com uma
foice. Introduzia-se sua grande folha
curva na borda da lata e empregan-
do a fora, fazia-se com que ela des-
lizasse sobre toda a lateral. Uma dis-
trao poderia gerar srios acidentes.
O abridor tal como utilizamos
hoje, com uma roda cortante que
gira ao redor da borda da lata, foi
inventado pelo americano Willian
Lyman, que o patenteou em 1870. A
Star Can Opener Company, de San
Francisco, aperfeioou o aparelho de
Lyman, agregando-lhe uma roda
dentada, denominada roda alimen-
tadora, graas qual a embalagem
girava pela primeira vez em sentido
contrrio roda. Este princpio bsi-
co segue sendo utilizado at hoje e
foi a base do primeiro abridor de
latas eltrico, patenteado em 1931.
Texto 16 / Tecnologia al imentcia
Tecnologia e Trabalho42
O Abridor de LatasO Abridor de Latas
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O americano Gail Borden foi um pioneiro no enlatamento
de alimentos. Em 1856, produziu, com sucesso, o leite con-densado em lata e lhe foi concedida uma patente do processo. A
demanda para o leite condensado foi pequena no incio, mas,
durante a guerra civil americana (1861-1865), passou a ser
consumido em larga escala.
A guerra civil contribuiu significativamente para a po-
pularizao dos alimentos enlatados de uma forma geral. O
exrcito tinha de ser alimentado, para isso, o governo fez
contratos com diversas empresas de conservas. No final da
guerra, estes soldados retornaram para casa cheios de elogiospara os alimentos seguros, portteis, e armazenveis. Sob
circunstncias difceis, os povos aprenderam que os alimentos
enlatados, tais como o leite condensado, podem ser saborosos
e nutritivos. A inveno de abridores de lata prticos, no fim
sculo 19, tornou-as mais fceis de abrir e mais convenientes
para consumidores.
Em 1868, primeiramente nos Estados Unidos e depois na
Europa, as latas feitas a mo foram substitudas pelas feitas a
mquina.
Hoje, h mquinas especficas para o preparo e envase de
cada tipo de enlatado e conserva, cada um com seus distintos
processos e diferentes tempos de coco, segundo os micro-
organismos que devem ser eliminados. As conservas, sobretudo
os enlatados, so encontrados em toda parte, disponibilizando
aos consumidores alimentos seguros, saudveis e de qualidade.
Extrado do site www.correiogourmand.com.br/info_culturagastronomica_11.htm
Tecnologia e Trabalho 43
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Tecnologia social compreende produ-tos, tcnicas ou metodologias reapli-cveis, desenvolvidas na interao
com a comunidade e que representemefetivas solues de transformao social.
uma proposta inovadora que consi-dera a participao coletiva no processode organizao, desenvolvimento e im-plementao de determinado programa.
Baseia-se na disseminao de soluespara problemas de alimentao, educa-o, energia, habitao, renda, recursoshdricos, sade, meio ambiente, dentreoutras.
As tecnologias sociais podem aliar
sabedoria popular, organizao social econhecimento tcnico-cientfico. O querealmente importa que sejam efetivase reaplicveis, propiciando desenvolvi-mento social em escala.
Bons exemplos de tecnologia social:o clssico soro caseiro (mistura de 2colheres, das de sopa, cheias de acar e1 colher das de ch, rasa, de sal com 1
litro de gua, que combate a desidrata-o e reduz a mortalidade infantil); ascisternas de placas pr-moldadas queatenuam os problemas de acesso a guade boa qualidade populao do semi-rido nordestino, entre outros.
Foto:Rodrigo
Lobo
/JC/
AE
TECNOLOGIA SOCIAL
Desenvolvimento sustentvel
TEXTO 17
Tecnologia e Trabalho44
Os pases buscam produtos, tcnicas ou sistemas que funcionemefetivamente e promovam desenvolvimento social em escala
Cisternas de placas
pr-moldadas: solues
localizadas, baratas
e eficientes
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O que uma cisterna de placas?
A cisterna de placas um tipo de reser- vatrio para gua, cilndrico, coberto esemi-enterrado, que permite a captao e oarmazenamento de guas das chuvas, apro-
veitadas a partir do seu escoamento nostelhados das casas por calhas de zinco ouPVC. A cisterna de placas permite o arma-zenamento de gua para consumo humanoem reservatrio protegido da evaporao e
das contaminaes causadas por animais edejetos trazidos pelas enxurradas.
O tamanho da cisterna varia de acordocom o nmero de pessoas da casa e dotamanho do telhado. A experincia temprovado que ela pode garantir gua potvelpara a famlia beber e cozinhar durante oitomeses. fcil preparar profissionais comoos pedreiros, capazes de chefiar o mutiro
que constri uma cisterna, e perfeitamen-te possvel que todas as casas a possuam.A cisterna muda para melhor a vida
das mulheres e das crianas, que no maisprecisaro buscar gua longe de casa; mu-da para melhor a sade de todos, especial-mente a das crianas e dos idosos.
Cofres de gua
Chover, at que chove. O problema que a chuva se concentra no incio do anoe rapidamente absorvida pelo solo. Nosoutros meses, os brasileiros que moram nosemi-rido sofrem com a seca. Uma solu-o para evitar o desperdcio de um bem
to precioso como a gua a construo de
cisternas, recipientes feitos com placas decimento pr-moldadas, capazes de guardar,de seis a oito meses, toda a gua da chuvaque cai dos telhados. So como cofres, queguardam a gua poupada. O programaUm Milho de Cisternas para o Semi-rido, uma iniciativa liderada pela Articu-lao do Semi-rido (ASA), frum compos-to de 750 organizaes da sociedade civil
da regio, surgiu em 2002 para divulgar atecnologia e estimular sua implantao. Ocusto de cada cisterna sai por volta de1.400 reais e armazena 16.000 litros degua, o suficiente para abastecer uma fam-lia de cinco pessoas durante seis a oitomeses. O programa tem a participao dogoverno federal e j beneficiou 58.000famlias.
O sucesso do programa depende, des-de o princpio, da participao popular. Issoporque quem decide quais sero as fam-lias beneficiadas uma comisso local,tambm responsvel pela organizao doscursos de capacitao e dos trabalhos demutiro, administrao e prestao de con-tas. Nesse processo, 2.000 pedreiros jforam treinados para construir cisternas.
Nos cursos, os pedreiros, alm de apren-derem as tcnicas de armazenamento emanejo da gua da chuva, so treinados apassar seus conhecimentos para outraspessoas, multiplicando assim o nmero deinteressados em usufruir desse grande bene-
Tecnologia e Trabalho 45
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fcio. Tambm aprendem os procedimentostcnicos para a localizao das cisternas e a
definir o volume de gua a ser armazenadacom base nos clculos de dimenso e narea de captao.
A associao tambm tem o projetoUma Terra, Duas guas, ainda em constru-o, que envolve quatro pontos: reforma
agrria, terras regularizadas, gua paraconsumo humano e gua para produo de
alimentos bsicos. Um projeto-piloto j foirealizado em Acau, alto serto da Paraba,que beneficiou 130 famlias. A idia espa-lhar o programa pela regio.
Extrado do site www.cliquesemiarido.org.br
Tecnologia e Trabalho46
MOS A OBRA!
1 Primeiro o traado da cisterna
2 escavando e colocando
as placas laterais
3 fixandoas placas laterais
4 impermeabilizando
as paredes externas
5 agora s chover, cabra!
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Tecnologia e Trabalho 47
O homem e a mquinaTEXTO 18
Luis Fernando Verissimo
A
bre a porta. Entra o Senhor Pacheco.
Bom dia, Senhor Pacheco. Sente-se, por favor. Temos
uma tima notcia para o senhor.Sim, senhor.
Como o senhor deve saber, Senhor Pacheco, contratamos
uma firma de psicomputocratas para fazer testes de aptido
nos dez mil empregados desta firma. Precisamos nos atualizar.
Acompanhar os tempos.
APTIDO
Ilustrao:Alcy
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Tecnologia e Trabalho48
Sim, senhor.
Os dez mil testes foram submetidos a um computador, h
dois minutos, e os resultados esto aqui. O senhor o primeiro
a ser chamado porque o computador nos forneceu os resulta-
dos em rigorosa ordem alfabtica.
Mas o meu nome comea com P.
Hum, sim, deixa ver. Pacheco. Sim, sim. Deve ser por
ordem alfabtica do primeiro nome, ento. Este computador
de quarta gerao. Nunca erra. Como seu primeiro nome?
Xisto.
Bom, isso no tem importncia. Vamos adiante. Vejo aqui
pela sua ficha que o senhor est conosco h vinte e oito anos,
Seu Pacheco. Sempre na seo de entorte de fresos. O senhor
nunca falhou no servio, nunca tirou frias, e j recebeu nosso
prmio de produo, o Alfinete de Alumnio, dezessete vezes.
Sim, senhor.
O senhor comeou na seo de entorte de fresos como faxi-
neiro, depois passou a assistente de entortador, depois entorta-
dor, e hoje o chefe de entorte.
Sim, senhor.
Me diga uma coisa, Senhor Acheco...
Pacheco.
Senhor Pacheco. O senhor nunca se sentiu atrado para
outra funo, alm do entorte de fresos? Nunca achou que
entortar no era bem sua vocao?
Nunca, no Senhor.
Pois veja s, Senhor Pacheco. O computador nos revela que
a sua verdadeira vocao no o entorte de fresos e sim o bis-toque de tronas!
Texto 18 / O homem e a mqu ina
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Tecnologia e Trabalho 49
Sim, senhor.
O senhor um bistocador de tronas nato, segundo o com-
putador. No fantstico? E ainda tem gente que critica a tec-
nologia. O senhor era um homem deslocado no entorte de fre-
sos e no sabia. Se no fosse o teste, nunca ficaria sabendo.
Claro que essa situao vai ser corrigida. O senhor, a partir
deste minuto, deixa de entortar.
Sim, senhor.
Quanto o senhor ganha conosco, Senhor Pacheco, depois
de vinte e oito anos? Mil, mil e duzentos?
Quinhentos, no contando os alfinetes.
Pois, sim. E sabe quanto ganha um iniciante no bistoque
de tronas? Mil e quinhentos! No fantstico?
Sim, senhor.
S tem uma coisa, Senhor Pacheco. Nossa firma no traba-
lha com tronas. Pensando bem, ningum trabalha com tronas,
hoje em dia.
Olha, tanto faz. No mesmo? Eu estou perfeitamente satis-
feito no entorte, faltam s vinte anos para me aposentar e...
Senhor Pacheco, ento a firma gasta um dinheiro para
descobrir a sua verdadeira vocao e o senhor quer jog-la
fora? Reconheo que o senhor tem sido um chefe de entorte
perfeito. Alis, o computador no descobriu ningum com apti-
do para o entorte. Vai ser um problema substitu-lo. Mas no
podemos contestar a tecnologia. O senhor est despedido. Por
favor, mande entrar o seguinte, por ordem alfabtica, o Senhor
Roque Lins. Passe bem.
Sim, senhor.Sai o Senhor Pacheco. Fecha a porta
Extrado do livro O nariz Coleo Para Gostar de Ler, volume 14.
So Paulo: tica, 2005.
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Vou lhe contar, cidado,Uma histria bem brejeiraQue comeou numa feiraPelas bandas do sertoE de forma bem ligeiraChegou terra inteiraCausando admirao.
Severino Rio Grande
Fazia muito cordelFalava at de bordel
Assim a arte se expandeDe soldado, coronel,Matuto, arranha-cu,Falava at de Gandhi.
Com ele no tinha manha,Sofria mas agentava,Sabia que a dor passava,Pois foi at na AlemanhaCom tudo ele rimavaE o povo se admirava um homem de faanha
Seus cordis ele vendia
Numa feira bem pequenaEra sempre a mesma cenaCom risada e cantoriaDesde o tempo da galenaEra uma mensagem plenaDe amor e alegria
Desenvolvimento tecnolgicoTEXTO 19
Tecnologia e Trabalho50
Walter Medeiros
A PELEJA DO
CORDEL DE FEIRACOM A INTERNET
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Tecnologia e Trabalho 51
Com uns tipos manuais
Muitos impressos faziaE assim ele viviaQuerendo um mundo de pazMas ningum compreendiaQuando dizia que um idaIa sair nos jornais.
Pois aquele cordelistaDanou-se pra capital
Foi morar no arealAli bem perto da pistaSua cidade natalSoube um dia, afinal,Que se tornou jornalista.
Mexendo com linotipoTelex e off setNo fax pintou o seteSem falar no teletipoFazia at enqueteS no comia giletePois no achava bonito.
Mas com aquele seu dom
Muita coisa ele faziaSempre tinha uma poesiaRecitada em bom tomTinha saudade da tiae qualquer hora do diaescutava acordeon
Os anos foram passandoo tempo no vai pra trs
e aquele nosso rapazia se adaptandoa tudo que a vida traznada nunca demaise foi se modernizando.
A maquininha OlivettiQue usou anos seguidosInda tinha nos ouvidosQual serpentina e confeteMas a marca dos sabidosQue ganhou novos sentidos
Agora era a Internet.
Nem mesmo questionouA nova moda lanadaE de forma enviesadaSeus cordis l colocouFoi uma festa danada
A homepage lanadaQue ao mundo lhe levou
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Pois agora na InternetO cordel vai mais distante
Basta somente um instanteE a histria se repeteSo Gonalo do AmaranteParis, Itu, num berranteTodo mundo se derrete
Sempre aparece questoSobre esse novo meioMas somente esperneioDe gente falando em voBasta fazer um passeioSem cavalo e sem reioPara entender o bordo.
Quando veio pra cidadeSeverino no deixouNa terra que lhe criou
A sua habilidadeFoi com ele e ele usou
O dom que Deus lhe legouPra sua felicidade.Se por falta de cordelPra seus versos pendurarConfesso que vou mandar
Desenhar assim ao luDepois vou fotografarE no site publicar
Ao lado do meu farnel.
Do jeito que algum falaDo cordel que foi pra webCom certeza no concebe
Algo que chegou salaDo pequenino casebreQue no pode criar lebreMas tem um micro na mala
Por que o computadorPode chegar ao sertoE na Internet noTem lugar pra rimador? uma aberraoGrande discriminaoQue ele no tolerou.
Acho que dei o recadoQuem quiser diga o contrrioPois em todo abecedrioTem algum inconformadoE nesse rimar dirioQuero o futuro no preo
Mas no esqueo o passado.
Tecnologia e Trabalho52
Texto 19 / Transformae s no Trabalho
Walter Medeiros: [email protected]
Extrado do site http://paginas.terra.com.br/arte/ cordel
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Tecnologia e cot id ianoTEXTO 20
Tecnologia e Trabalho 53
TECHNOLOGICAL OVERDOSES Randy Glasbergen
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Hoy tanto en Europa como en Latinoa-
mrica el telfono mvil se ha trans-
formado en un elemento impres-
cindible para la vida de las personas, tanto
chicos como adultos. Y su uso habitual ha
cambiado los modos de comunicacin dia-
rios, que son ms por motivos personales
que profesionales.La posesin de un telfono mvil era
smbolo de riqueza y ascenso social. Ese
escenario cambi rpidamente en Amrica
Latina, al mismo tiempo que el capital
privado irrumpa en las telecomunicacio-
nes. Millones de personas de ingresos mo-
destos accedieron en los ltimos aos a su
primer telfono, que fue un celular.
Segn la Unin Internacional de lasTelecomunicaciones (UIT), en 1990 haba
100.000 lneas de telefona mvil en
Latinoamrica, y en 1999 la agencia de la
ONU calcul que eran 38 millones. Hoy,
expertos del sector privado, aseguran que
120 millones de celulares resuenan bajo el
cielo latinoamericano.
Brasil tena apenas cinco millones
cuando se privatizaron las telecomunica-
ciones en 1998, y slo entre enero y agosto
incorpor al mercado otras 5,2 millones.
Este ao, las lneas celulares superaron los
40 millones, un milln ms que las fijas.Una de las causas de este fenmeno es
que la telefona mvil se abarat nota-
blemente mediante las tarjetas prepa-
gas, nica modalidad para que muchos
latinoamericanos pobres pudieran acceder
a un telfono. A esto se sum el surgi-
miento de un mercado informal de telfono
mvil de usados y robados, incluso en pues-
tos callejeros.En algunos pases, como Brasil y Uru-
guay, adoptar la telefona mvil permiti
superar la histrica brecha entre la de-
manda y la oferta del servicio, notable-
mente en zonas rurales.
Tecnologia de comunicaoTEXTO 21
Tecnologia e Trabalho54
EL IMPRESCINDIBLETELFONOMVIL
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Tecnologia e Trabalho 55
Oficina de bolsillo
Un telfono mvil dice ahora muy
poco sobre la condicin social o econmica
de quin lo porta. Para un amplio sector
de la poblacin, s un artculo de primera
necesidad: electricistas, fontaneros, alba-
iles, pintores y trabajadores informales
hacen del celular su oficina mvil y pueden
as ser llamados en cualquier momento,
donde estn, para pequeos servicios. Para
ellos es un instrumento de trabajo.
Los delincuentes tambin aprovechan
esta tecnologa
El celular prepagado, ideal para la
accin clandestina, es indispensable para
el narcotrfico en Brasil. Tanto que las
autoridades establecieron un registro obli-
gatorio de usuarios.
Hoy es tan comn el uso del telfono
mvil que la imagen ya no tiene mucho
que ver con tener o no, sino con el tipo y
marca de telfono mvil que se posee.
Texto adaptado de La Revista (Uso livre): www.publispain.com/
revista/el-imprescindible-telefono-movil.htm
El telfono mvil se
ha transformado
en un elemento
imprescindible para
la vida de las
personas.
Opinin: Yo lo hago y les aseguro que como elms comn de los mortales hace 10 aos, no lo
necesito. Que en situaciones es til, no lo dudo,
que genera dependencia tampoco. Una escalera
tambin es til en algunos momentos y no la
llevamos por la calle. Respeto a quienes lo llevanpero les animo a tratar de dejarlo una temporada
y sopesen si les interesa la comunicacin telefni-
ca inmediata o su tiempo libre. Por cierto puedo
pagarlo y no tengo tecnofobia, utilizo Internet:
televisin, DVD,MP3 No utilizarlo es una opcin
libre.
Se puede vivir sin mvil?
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Oconsumo de energia eltrica parailuminao no mundo no igual-mente distribudo pela superfcie da
Terra, como se pode observar pelo mapaacima*. Ao lado de concentrao de con-sumo h espaos vazios significativos.
O continente africano, por exemplo, pos-
sui pontos de grande consumo no extremonorte e no extremo sul, alm de pontos aolongo do litoral, mas seu interior, apesar depovoado, tem consumo reduzido. A regioda Amaznia internacional, na Amrica doSul, possui pequeno contingente populacio-
nal apesar da imensido da rea, e, ao con-trrio, os Estados Unidos, o Canad, a Euro-pa e o Japo apresentam uma luminosidademuito grande. China e ndia tambm sedestacam, mas no em proporo gran-deza de suas populaes. Podemos afirmarque os pases mais desenvolvidos do mundo
so os que mais consomem energia eltricapara iluminao.
Extrado da revista Desafios do Desenvolvimento Ano II,
n 11 Junho de 2005.
*O mapa em questo uma montagem, pois o planeta Terra no permite captar
imagem noturna, simultaneamente, em toda a sua superfcie.
LUZES MAL DISTRIBUDAS
Acesso tecnologiaTEXTO 22
Tecnologia e Trabalho56
Aumento do consumo
de energia eltrica
Entre 1994 e 2004Fonte: Ipedata/Eletrobras Foto: Nasa
36,4%
72,1%
40,3%36,8%
42% o aumentoregistradono perodo
Indstria Comrcio Residencial Outros
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ProjeoTEXTO 23
Ser admirvel o nosso novo mundo? A quem serve esta civi-
lizao que se diz moderna e funcional e, ao aparato das
tcnicas, sacrifica o esprito?... O esprito, considerado reali-
dade menor, o esprito tolerado, quando no reprimido... Qual o
lugar do homem, numa sociedade dominada pela mquina? Qual
o caminho para o indivduo que reivindique a liberdade interior
e o direito sua... individualidade, sua singularidade? Para o
indivduo que queira caminhar pelos prprios ps? Aldous
Huxley, um dos maiores escritores contemporneos, descreve,
em Admirvel Mundo Novo, com fantasia e ironia implacvel, a
sociedade futura totalitarista. Simplesmente, o universo que ogrande romancista ingls anima pertence, de certo modo, aos
nossos dias. Quase j no pode considerar-se uma ameaa:
tomou corpo. O que empresta leitura dessa obra uma fora tr-
gica invulgar. Mundo novo? Mundo intolervel? Mundo inabit-
vel? Mundo de onde se deve fugir, de qualquer maneira? Ou
mundo a reconstruir pedra por pedra? Com uma pureza recon-
quistada? Aldous Huxley deixa esse montinho de problemas que
o leitor poder se quiser e souber... resolver...
Captulo primeiro
Um edifcio cinzento e atarracado, de apenas trinta e quatro
andares, tendo por cima da entrada principal as palavras:
Centro de Incubao e de Condicionamento de Londres-
Central e, num escudo, a divisa do Estado Mundial:
ADMIRVELMUNDO NOVO
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COMUNIDADE, IDENTIDADE, ESTABILIDADE
A enorme sala do andar trreo estava virada ao norte. Apesardo vero que reinava no exterior, apesar do calor tropical da pr-
pria sala, apenas fracos raios de uma luz crua e fria entravam
pelas janelas. As batas dos trabalhadores eram brancas, e as suas
mos, enluvadas em borracha plida, de aspecto cadavrico. A
luz era gelada, morta, espectral, apenas dos cilindros amarelos
dos microscpios ela recebia um pouco de substncia rica e viva,
que se espalhava ao longo dos tubos como manteiga.
Isto disse o diretor, abrindo a porta a Sala da
Fecundao.No momento em que o diretor da Incubao e do Condicio-
namento entrou na sala, trezentos fecundadores, curvados sobre
os seus instrumentos, estavam mergulhados naquele silncio em
que apenas se ousa respirar, naquela cantilena ou assobio incons-
ciente com que se traduz a mais profunda concentrao. Um
grupo de estudantes recm-chegados, muito novos, rosados e
imberbes, comprimia-se, possudo de uma certa apreenso e tal-
vez de alguma humildade, atrs do Diretor. Cada um deles leva-
va um caderno de notas, no qual, cada vez que o grande homemfalava, rabiscavam desesperadamente. Bebiam a sua sabedoria
na prpria fonte, o que era um raro privilgio. O D.I.C. de
Londres-Central empenhava-se sempre em conduzir pessoalmen-
te a visita dos novos alunos aos diversos servios.
Unicamente para lhes dar uma idia de conjunto, explica-
va-lhes ele, pois era necessrio, evidentemente, que possussem
um simulacro de idia de conjunto, j que se desejava que fizes-
sem inteligentemente o seu trabalho. Era conveniente, porm,
que essa idia fosse o mais resumida possvel se se quisesse que,mais tarde, eles fossem membros disciplinados e felizes da so-
ciedade, dado que os pormenores, como se sabe, conduzem
virtude e felicidade, e as generalidades so, sob o ponto de
vista intelectual, males inevitveis. No so os filsofos, mas
sim aqueles que se entregam s construes de madeira e s
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colees de selos, que constituem a estrutura da sociedade.
Amanh acrescentou, dirigindo-lhes um sorriso cheio debonomia, mas ligeiramente ameaador comearo a trabalharseriamente e n