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Caminho Português Os Caminhos de Santiago na Galiza

Caminho Português · presumivelmente já existisse na época da Alta Idade Média, intensifica-se a partir da independência do país em meados do século XII. ... naves centrais

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Caminho PortuguêsOs Caminhos de Santiago na Galiza

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TextosFrancisco Singul

CoordenaçãoAna B. FreireRosa García

Documentação:albergues e serviçosPilar CuíñaRosa FernándezAna B. FreireRosa GarcíaCoroni Rubio

FotografiaArquivo da S.A. de Xestióndo Plan XacobeoXulio GilTono Arias

Assistência técnicaDpto. de Arquitectura daS.A. de Xestión do Plan Xacobeo

RevisãoDori AbuínCarla Fernández-RefoxoCarmo IglesiasAlfonso Salgueiro

Tradução para o portuguêsInterlingua TraducciónsPaulo FariaCristina Lézico

Revisão e actualizaçãoCarraig Linguistic Services

Desenho e maquetagemPermuy Asociados

ImpressãoLITONOR

D.L.: C 3877-2009

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Vista de Tui desde Valençado Minho

A peregrinação jacobeia a partir de Portugal, ainda que

presumivelmente já existisse na época da Alta Idade

Média, intensifica-se a partir da independência do país

em meados do século XII. Desde então, o culto

jacobeu e a peregrinação a Compostela, considerada

como uma das marcas de identidade da cultura

europeia, tiveram em terras lusitanas uma projecção

muito importante. Durante séculos, o povo

Português contribuiu para esta experiência colectiva

com altos níveis de participação, sempre apoiado

com singular fortuna pelo exemplo de reis, nobres e

altos clérigos. Basta recordar que a maior parte da

rede viária de Portugal foi testemunha, do século XII

até aos nossos dias, do caminhar de peregrinos

originários dos diversos núcleos populacionais do

país –Lisboa, Santarém, Coimbra, Porto, Braga,

Chaves...– até à meta compostelana. As suas

motivações eram primordialmente religiosas.

No entanto, graças a este denso e secular fluxo de

pessoas que povoaram os caminhos de Santiago

criados entre Portugal e a Galiza, estabeleceram-se

também fecundos laços de intercâmbio cultural,

económico e de pensamento.

O Caminho Português

3 Caminho Português

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Traslado do corpo do Apostolode Íria a Compostela.

Obra portuguesa do século XVI.Museu de Arte Antiga de Lisboa

Cruzeiro de Santiaguiño doMonte. Padrón

A configuração do Caminho Português na Galiza contará com uma

dinâmica histórica de diversa índole. Pontes, capelas rurais, santuários,

cruzeiros, paços e cidades históricas vão-se desenrolando ao longo de

uma rota que nasce nas margens do rio Minho, na cidade de Tui,

para concluir diante do sepulcro jacobeu. Ainda que esta via

de peregrinação não tenha significado a formulação e criação de um

repertório monumental de uma época determinada –românica ou

barroca– num espaço artístico integrado, o Caminho Português

na Galiza constitui uma rota de notáveis evidências monumentais, com

fortes realidades culturais que vão mais além do arquitectónico e do

que concerne a museus, para significar um espaço de privilégio –um

dos de maior potencial histórico e artístico da Galiza– através do qual

a riqueza da História nos foi legando o mais notável de cada época.

O Caminho Português na Galiza, no seu suave decorrer em direcção a

norte, faz uso de trajectos antigos que cruzam bosques, terras de

labor, aldeias, vilas e cidades históricas. Caminhos que saltam cursos

de água através de pontes –algumas de origem romana– de

inequívoca construção medieval. Caminhos enriquecidos pela

presença de capelas, igrejas, conventos, alminhas e cruzeiros, nos

quais não falta a confortadora imagem de Santiago Peregrino,

acompanhando o romeiro e animando-o no seu caminhar.

A hospitalidade das gentes é proverbial. A acolhida ao peregrino é uma

das marcas de identidade da peregrinação jacobeia. Iniciada na Idade

Média por monges e clérigos nos hospitais fundados por reis e nobres,

são hoje os hospedeiros dos albergues de peregrinos e os habitantes

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Peregrinação deSanta Isabel

de Portugal aSantiago. Miniaturasda “Genealogia dos

Reis de Portugal“(1530-1534), Londres,

British Library

O Caminho em Agra dosMuíños, imediações deCaldas de Reis

das actuais povoações quem mantêm a bela e secular tradição.

Cada indivíduo que vive na zona do Caminho Português sente a devoção

a Santiago e anima os esforços daqueles que caminham em direcção a

Compostela seguindo os velhos trajectos que conformam esta rota

jacobeia; caminhos que são herdeiros de uma das mais importantes vias

romanas que vertebraram a Gallaecia romana e continuaram em vigência

durante muitos séculos: a Via XIX, construída no século I d.C., em tempos

de Augusto, conhecida nas fontes clássicas como o chamado Itinerário

de Antonino, composto a princípios do século III d.C., na época de

Caracalla. Este testemunho tão antigo assegura a vitalidade desta via em

datas tão remotas. O Caminho Português manterá desde a Idade Média

a herança de intercâmbio entre povos vizinhos e irmãos que o caminho

romano inaugurou na Antiguidade.

Apesar desta memória histórica tão significativa, a realidade viária dos

nossos dias impõe-se no Caminho Português. Em certas ocasiões, os

peregrinos têm que esquecer as sendas de terra e pedra, para caminhar

pela berma da estrada N-550, Vigo-A Coruña. O traçado desta estrada

foi-se sobrepondo a boa parte da rota portuguesa do Caminho de

Santiago. Para a peregrinação tradicional isto supõe uma certa

incomodidade. No entanto, trata-se de uma inconveniência passageira

e pontual que resulta perfeitamente compensada no momento da

conclusão de cada uma das distintas etapas deste trajecto de devoção,

arte e cultura, possuidor de uma força monumental e ecológica fora de

qualquer dúvida.

5 Caminho Português

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Durante séculos, os peregrinos procedentes de Portugal acediam à

cidade de Tui cruzando o rio Minho em barca. Em 1884, a construção

da Ponte Internacional ofereceu-lhes uma passagem pedonal que não

desdenharam. A partir da ponte, o traçado dirige-se em direcção ao

porto tudense de Lavacuncas, onde se produzia antigamente o

desembarque de peregrinos, situado por trás do actual Parador de

Turismo. Do velho porto, o traçado dirige-se para a parte histórica de

Tui seguindo o denominado Caminho da Barca, para continuar pelas

ruas Obispo Maceira, Costa do Piñeiral e Tras da Obra.

Tui apresenta-se como ponto de arranque do Caminho Português na

Galiza. A presença de séculos de boa arquitectura é evidente em

qualquer rua da sua parte histórica. O doce e íntimo passear por esta

cidade de nobre encanto mantém-se sempre e deixa

qualquer um surpreendido ao chegar à Praça

Tui – Redondela

Catedral deSanta Mariade Tui

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7 Caminho Português

de San Fernando, dominada pela

amuralhada silhueta da fachada

ocidental da catedral.

A catedral de Santa María de Tui é

obra românica e gótica, cujas capelas

e naves se engalanam com retábulos,

imagens e pinturas dos séculos

XVI-XVIII. Começou a ser edificada

entre 1145 e 1175, seguindo pautas

do modelo da catedral compostelana.

Após várias transformações e

mudanças de plano, este românico

de pura estirpe é só visível nos braços

do cruzeiro, divididos em três naves,

e na portada norte. A seguinte

campanha de obras, desenvolvida

entre 1180 e 1200, continuou nas

naves maiores.

O final foi feito já sob o estilo gótico,

nas primeiras décadas do século XIII,

empregando pilares fasciculados,

abóbadas de cruzaria de ogivas, trifólios com arcos apontados, nas

naves centrais do transepto e do braço maior da cruz. Na fachada,inicia-se a escultura gótica espanhola. Em 1225, começou a lavrar-se

a portada principal com artistas de Laon e Chartres (duas catedrais

góticas de França). Os suportes que sustêm as arquivoltas ogivais são

estátuas-colunas que representam, à esquerda, Moisés, São Pedro,

Isaías e São João Baptista; à direita está o casal real de Salomão e a

Rainha de Sabá, acompanhados pelos profetas Daniel e Jeremias;

este último sustém um Crucifixo –culminação e síntese da Paixão do

Senhor–, o primeiro da arte gótica hispânica.

O tímpano divide-se em três registos. Nos inferiores, sucedem-se as

cenas da Anunciação, o Nascimento de Jesus, o Anúncio aos Pastores,

o encontro dos Magos com Herodes e a Epifania. Uma primeira parte

do programa iconográfico da portada está

dedicada à exaltação mariana, com a Coroação

da Virgem, efectuada pelos anjos nos episódios

da Infância de Jesus: a Natividade, no centro

do dintel, e a Epifania, no registo do meio.

No registo superior do tímpano, as arquitecturas

de uma cidade simbolizam a Jerusalém Celeste,

pressupondo o anúncio do Juízo Final.

A ideia unificadora da obra, a mensagem

Tímpano da porta oeste dacatedral de santa María de Tui

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Claustro da catedral de santa María de Tui

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central do relato esculpido, é a comunhão entre Cristo e a sua Igreja,

concebida desde a Redenção.

A catedral tem um claustro da segunda metade do século XIII cujo

estilo está influenciado pela arquitectura cisterciense do mosteiro de

Oia (Pontevedra). É o único claustro medieval completo que conserva

uma catedral galega, com maior valor ainda por possuir parte da sala

capitular românica do século XII.

No interior, destacam-se várias capelas do século XV: a capela

maior e as laterais, dedicadas a São Pedro e Santiago, a capela de

Santo André e a capela-museu de Santa Catalina. A capela de

Santiago tem um retábulo de 1696 dedicado a Matamouros, obra do

escultor tudense José Domínguez Bugarín, que integra um relevo de

Santiago a cavalo, de finais do século XVI, do mestre Alonso Martínez.

Da época barroca há que citar também a capela de San Telmo,

com o seu retábulo-relicário, o cadeirado do coro, obra do escultor

Castro Canseco, de princípios do século XVIII, e as caixas dos órgãos,

talhadas em 1714 por Domingo

de Fornelos; têm como remate

as imagens equestres de

São Telmo e Santiago.

Na praça do Consistório,

adjacente à catedral, está o

Museu Diocesano de Tui-Vigo,organizado no antigo hospital

de peregrinos que tinha

A fronteira Galiza-Portugaldesde as coberturas dacatedral de Tui

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Retábulo-mor do convento das Clarisas de Tui Abside central da igreja de San Bartolomeu de Rebordáns

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patrocinado, em meados de XVIII, o bispo Castañón. Trata-se de um

centro do maior interesse por contar com uma esplêndida colecção de

escultura sacra e ourivesaria litúrgica que vai dos séculos XIII ao XVIII.

O Caminho Português continua pela Rua das Monxas, à sombra dos

muros do convento das clarissas, as “Encerradas”. Possui uma bela

igreja de nave única de finais do século XVII, com um retábulo maior

do escultor Domingo de Fornelos, de princípios de XVIII.

A rota passa pelo Túnel das Monxas, desce uns degraus e chega ao

sítio onde estava a Porta Bergana, um dos acessos à cidade medieval.

Deixando atrás esta porta evocada, continua-se pelas ruas Obispo

Lago e Antero Rubín, até à igreja de Santo Domingo de Tui (s. XIV),

construída com as características próprias do gótico mendicante:

planta de cruz latina, cruzeiro com ressalte e cabeceira de três capelas

poligonais cobertas por abóbadas nervadas e iluminadas por altos

vãos geminados. Destaca o retábulo da Virgem do Rosário, de 1741,

chamado “da Batalha de Lepanto”, pela inédita presença de tal

acontecimento bélico ocupando todo o seu ático.

As ruas Antonio Valiño e de San Bartolomé conduzem até à igreja

românica de San Bartolomé de Rebordáns. Foi construído como

templo monástico em finais do século XI e conta com planta de três

naves e três absides. Na capela maior há murais dos finais do século

XVI sobre a Paixão do Senhor. Neste antigo mosteiro encontrou

hospitalidade, a princípios de XII, o prelado compostelano

Diego Gelmírez quando trasladava as relíquias de Braga para a

catedral de Santiago.

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Ponte das Febres. Tui

Deixando atrás esta jóia do Caminho Português, a rota decorre,

durante algum tempo, pela estrada N-550 até à capela da Virxe do

Camiño. Desde este ponto, a estrada local de Paredes de Abaixo

conduz até à evocadora Ponte de San Telmo, chamada Ponte dasFebres. Aqui apresentam-se duas opções: continuar o caminho que

surge diante da ponte, de difícil trânsito no inverno, ou tomar o da

esquerda, dando uma pequena volta. As duas possibilidades levam

até ao lugar de A Madalena.

Continuando muito perto da igreja de Santa Columba de Ribadelouro,

o Caminho ultrapassa a ponte de Orbenlle. Deixando a poente as

Gándaras de Budiño, atravessa um polígono industrial aproveitando

um antigo sendeiro que decorre por zonas mais baixas. A capela de

A Virxe da Guía indica a proximidade de O Porriño. Atravessa-se a vila

pela praça de San Sebastián e praça do Concello, para chegar

rapidamente às imediações da capela das Angústias. Dois quilómetros

O Caminho Português em direcção à Ponte das Febres

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a norte, cruzam-se

a N-550 e o rio Louro,

que nos encaminham para

a igreja de Santa Eulália e o

Palácio dos Marqueses de Mos,

para, depois, empreender a subida

da Rua dos Cabaleiros.

Por Inxertado, com o vale a nascente, chega-se, subindo

ligeiramente, à capela de Santiaguiño de Antas, um aprazível lugar

em que bem merecemos um descanso. Logo, passando ante o

miliário romano de Vilar de Enfesta ou de Saxamonde, atravessa-se

a meseta de Chan das Pipas.

Seguindo a via romana, o traçado incorpora-se de novo à N-550,

internando-se em Redondela à altura do convento de Vilavella.

Em Redondela, a rota decorre pela rua Padre Crespo, praça de

Ribadávia e rua Isidoro Queimaliños, antes de chegar à igreja deSantiago, cuja origem remonta a tempos de Gelmírez, ainda que

tenha sido reedificada no século XVI, com nave única coberta por

abóbadas de cruzaria de ogivas e cabeceira poligonal que sustém

uma bela cobertura estrelada. O albergue da vila, situado num edifício

histórico do século XVI denominado ‘Casa da Torre’, é um dos

principais do Caminho Português.

11 Caminho Português

Casa da Torre. Albergue de Redondela

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Ponte Sampaio

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À saída de Redondela, encontra-se a capela das Angústias ou

Santa Mariña, e depois de passada a ponte de caminho de ferro,

a rota prossegue num bosque. A sinalização conduz até às ruínas

de uma das casas de posta, conhecida como Casa da Mina, que

marcavam a rota. Perto está Sotoxusto. Rodeados de pinheiros,

desce-se pelo lugar de Setefontes para atravessar Arcade pelas típicas

ruas de Portas, Lavandeira, Cimadevila, Velero, Barroncas e Coutadas

e chega-se à histórica Ponte Sampaio: o Caminho cruza o rio Verdugo

pela ponte onde, na Guerra da Independência, se produziu uma

das maiores derrotas do exército napoleónico na Galiza, às mãos

do povo armado.

A rota sai da ponte e percorre a vila de Ponte Sampaio, subindo por

uma estreita e empedrada rua que surge à esquerda. Por ela se

abandona o núcleo urbano, sendo possível se desviar uns 300 m.

em direcção a Santa María de Ponte Sampaio (s. XIII), bom exemplo

do românico rural; conserva os muros da nave, as suas portas laterais,

com arquivoltas de meio ponto e tímpano, e presbitério rectangular

coberto com abóbada de canhão apontado.

Redondela – Pontevedra

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Santuário da Virgem Peregrina.Pontevedra

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Cruzando a estrada desce-se por uma senda em direcção

à velha “pontella” de A Ponte Nova sobre o rio Ulló. Ela conduz à

Brea Vella da Canicouva, antiquíssimo caminho empedrado.

A encruzilhada que presidia o cruzeiro de Cacheiro dá lugar aos restos

de outra casa de posta. O Caminho acerca-se a Santa Marta de

Gandarón, deixando atrás os lugares de Bergonde, Boullosa, Alcouce

e Bértola. Por asfalto, num trajecto de três quilómetros, percorrem-se

os lugares de O Pobo, Casal do Río, Lusquiños e Cruce de Marco,

para, depois, alcançar Pontevedra. Entra-se na cidade pelo caminho

de Gorgullón, Virxe do Camiño e Sagasta, passando pela Rotunda de

Compostela, até chegar ao santuário da Virgem Peregrina (s. XVIII),

um dos pontos de referência para as devoções dos peregrinos.

A sugestiva igreja foi concebida em 1778 pelo arquitecto Arturo Souto

com planta em forma de concha de vieira. Trata-se de um templo da

Ilustração, com elementos decorativos de tradição barroca. O solene

retábulo da Virgem é obra do arquitecto académico Melchor de Prado,

que o projectou em 1789.

Não muito longe –ao final da rua Michelena– encontram-se as

evocadoras ruínas do convento de Santo Domingo (séculos XIV-XV).

A sua igreja era o maior dos templos dominicanos galegos.

Tinha nave única e cobertura de madeira com duas águas,

cruzeiro com ressalte e tecto de madeira, e três absides

poligonais com abóbadas nervadas e rasgadas janelas,

com mainéis e pontiagudas. Por fortuna, conservam-se ainda de

pé as cinco absides abobadadas da cabeceira, o transepto e boa

parte da sala capitular. Na actualidade, forma parte do Museu

de Pontevedra.

Ria de Vigo e Ilha de San Simón desde Cesantes

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Igreja conventual de San Francisco. Pontevedra

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O Caminho conduz da Peregrina à imediata Ferrería, praça

embelezada com os Jardins de Casto Sampedro, a bela Fonte

da Ferrería (s. XVI) e a igreja conventual de San Francisco (s. XIV),

construída com as características próprias do gótico mendicante.

Na sua capela maior encontram-se vários sepulcros, da Baixa Idade

Média, de nobres locais. Destaca-se o de Payo Gómez Chariño,

almirante de Castela e poeta eminente do século XIII. Numa das suas

cantigas de amor aparece uma excepcional

referência ao apóstolo Santiago:

Ai, Sant’Iago, padrom sabido / vós mi-adugades

o meu amigo! / sobre mar vem quem frores

d’amor tem: / mirarei, madre, as torres de

Geen / Ai Sant’Iago, padrom provado, /

vós mi-adugades o meu amado! / sobre mar

vem quem frores dámor tem: / mirarei, madre,

as torres de Geen.

O Caminho Português continua em Pontevedra

pela rua Soportales, deixa atrás a brasonada

praça de Teucro e segue pela rua Real, eixo

principal desta rota de peregrinação no traçado

urbano da cidade do Lérez.

O peregrino não pode deixar de visitar o

Museu de Pontevedra. Os seus fundamentos

encontram-se em vários edifícios históricos

da cidade. São de destacar a colecção de

ourivesaria pré-romana, as suas salas

de pintura e gravados e a sala de azeviches

compostelanos, uma das melhores de Espanha.

Interior da basílica de Santa Maria A Grande.Pontevedra

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Praça da Lenha. Pontevedra

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Na zona norte do casco histórico está a basílica de Santa María A Grande, templo patrocinado pelo grémio de mareantes de

Pontevedra no século XVI. Possui uma bela arquitectura onde

se conjuga o último gótico com as tendências renascentistas.

Deram-lhe as suas traças os mestres Juan de los Cuetos e Diego Gil.

Tem planta basilical de três naves separadas por pilares góticos.

No seu interior coexistiram celebrações litúrgicas e reuniões

gremiais dos marinheiros. As abóbadas estreladas que cobrem

as naves foram terminadas em 1559.

A fachada tem aspecto de retábulo pétreo. Realizaram-na,

a meados do XVI, os escultores Cornielles de Holanda,

de origem flamenga, e o português João Nobre.

O seu programa iconográfico está dedicado à exaltação

da Virgem e da Igreja. Os episódios centrais são o

Trânsito de Maria e, sobre o rosetão, a Assunção e a Coroação

da Virgem, assistida pela Trindade. No remate está o Calvário,

momento culminante da Paixão do Senhor, através da qual se

logra a Redenção do género humano. Em ambos os lados

da porta principal estão São Pedro e São Paulo, pedras

angulares do Edifício da Igreja. Quando os fiéis passam através

deste arco de triunfo, opera-se a união com Cristo através

da sua Igreja.

San Jerónimo. Pormenor da fachada da basílica de

Santa Maria a Grande. Pontevedra

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Moinhos no rio Barosa. Barro

O Caminho abandona Pontevedra pela rua

da Santiña e, depois, as ruas de A Gándara

e Ferreira. Deixando à direita do traçado

um sossegado castanhal, a rota decorre

paralela à via do caminho de ferro até ao

lugar de Pontecabras, prosseguindo rumo

ao norte até alcançar, entre pinheiros e

eucaliptos, a igreja e reitoria de Santa

María de Alba. Daqui o Caminho segue em

direcção a Goxilde, lugar onde fez uma

paragem Diego Gelmírez no seu trajecto

de Braga a Compostela. Passada a capela

de San Caetano, esperam-nos os

profundos bosques de Reirís e Lombo da

Maceira. De San Mauro continua-se por

San Mamede da Portela e Ponte Balbón,

lugar com dois cruzeiros, um junto à Casade Amonisa, e outro em cujo fuste

Santiago Peregrino indica o Caminho

aos seus romeiros.

Pontevedra – Padrón

Conjunto reitoral de Santa Maria de Alba.Pontevedra

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A partir de Ponte Balbón, até a capela de

Santa Lucía, em Ameal, a rota transcorre muito

placidamente, ainda que seja preciso atender

à sinalização devido às encruzilhadas e contínuos

ziguezagues que oferece o trecho. Há que destacar,

como desvio neste trajecto, a igreja de San Martínde Agudelo, em Barro, de princípios do século XIII.

O templo mostra até onde chegou, no meio rural,

a influência da oficina do Mestre Mateo.

Os ecos da sua arte aparecem nas arquivoltas de

meio ponto da sua portada, decoradas com

temática vegetal herdeira do Pórtico da Glória.

No tímpano, há a imagem lavrada de um

personagem com báculo e em atitude de bendizer

(possivelmente San Martín bispo).

O formoso núcleo de Tibo, com fonte, cruzeiro e

lavadouro, dá lugar a Caldas de Reis, a Aquae

Celenis do Itinerário de Antonino, banhada pelos rios

Umia e Bermaña. Destaca a igreja de Santa María deCaldas, construção de sólido cadeirado de princípios

do século XIII. Na sua portada, aprecia-se a influência

da oficina do Mestre Mateo: o Agnus Dei do tímpano

está emoldurado por arquivoltas de meio ponto,

ornadas com arquitos e anjos levando livros.

No casco antigo da vila encontra-se a igreja de

Santo Tomás Becket, único templo galego

dedicado ao santo arcebispo de Canterbury e

grande dignatário de Inglaterra (1118-70),

assassinado no interior da sua catedral, ao pé de um

dos altares, por cortesãos do rei Henrique II de

Inglaterra. Tomás Becket foi em peregrinação a

Santiago em 1167, fazendo uma paragem na vila de

Caldas. A igreja que leva o seu nome foi construída

entre 1890 e 1894 com as pedras da torre medieval

da rainha dona Urraca, onde tinha nascido o rei

Alfonso VII de Castela e Leão.

A ponte sobre o Umia acerca o peregrino à fonte

de águas termais que dão nome à vila desde a

época romana. Segue-se a rua Real, cruza-se

a Ponte Bermaña, peça medieval de enorme

encanto, e alcança-se o vale do rio Bermaña,

rodeado por bosques centenários. Já fora de Caldas

pode visitar-se a interessante igreja românica de

Santa María de Bemil.

Praça do Cruzeiro de Tibo. Caldas de Reis

Igreja de Santa Maria de Caldas

Fonte das Burgas. Caldas de Reis

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O Caminho inicia uma suave subida para

chegar ao conjunto de Santa Mariña deCarracedo, composto por igreja, casa reitoral

e celeiro. Depois continua pelos lugares de

Casal de Eirixio e O Pino e penetra em

bosques profundos através do Monte Albor

que decorrem, entre rumor de águas,

próximos a antigos moinhos (San Gago,

A Insua, Nabal...). Perto do moinho de

Solleiros, o Caminho gira suavemente até

chegar a San Miguel de Valga.

Deixando a leste os lugares de Pedreira

e Cimadevila, a rota deixa atrás Valga e

atravessa a aldeia de Cedelo depois de

cruzar uma ponte sobre o rio Fontenlo

para chegar, entre um mar de pinheiros,

a Condide. Depois segue por Couto e gira,

em Carreiras, em direcção a um belo cruzeiro

que tem gravada a data de 1797.

Rapidamente se alcança o lugar de Infesta,

em Pontecesures. Pela rua dos Coengos,

a igreja românica de San Xulián de Requeixoindica que está próxima a ponte de Cesures–Caesarobriga o Caesarobrix–, obra de

origem romana, com restos do século XII,

muito reconstruída e restaurada nos seus

dois mil anos de história.

Passada a ponte, a rota continua em direcção

a Padrón, seguindo algum tempo pela

Pontecesures

Vista panorâmica da igreja de San Miguel de Valga

Vista do Caminho no Pino. Valga

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Convento do Carme. Padrón Pormenor da fonte do Carme. Padrón

estrada N-550. Na outra margem do rio, o Caminho Português conduz

à célebre vila onde arribou a nave que conduziu o corpo de Santiago o

Maior desde Jaffa (Palestina).

A igreja de Santiago de Padrón, de austero neoclassicismo, guarda

testemunhos dos templos precedentes, uma inscrição dos tempos de

Gelmírez, patrocinador da igreja românica, e um púlpito gótico, com a

imagem de Santiago Peregrino, pertencente à igreja do século XV que

mandou construir o arcebispo Rodrigo de Luna en 1456. Estos templos

medievais, vencidos pela passagem do tempo, já guardavam no seu

presbitério a peça mais jacobeia da vila: o Pedrón, interpretada como

ara romana dedicada a Neptuno e na qual, segundo a Tradição,

se amarrou a Barca de Pedra que tinha transportado o corpo do

Apóstolo e os seus dois discípulos Teodoro e Atanásio. Na Alta Idade

Média usou-se o Pedrón como base da ara de altar da primitiva igreja

dedicada a Santiago, levantada pelo bispo Teodomiro no século IX.

No seu cadenciado decorrer, o Caminho percorre várias das principais

ruas de Padrón, como o Passeio do Espolón, mostrando ao peregrino

o seu património histórico. Um dos edifícios mais notáveis é o

convento do Carmen, construído entre 1717-57 sobre um

promontório, ao outro lado do Sar, sob a direcção do carmelita

descalço frei Pedro de la Madre de Dios. A seus pés está a fonte doCarmen, frente à qual se lavrou a cena da trasladação do corpo do

Apóstolo de Jaffa a Iria Flavia. No fórnice, representa-se o baptismo

da rainha Lupa por Santiago o Maior, cena que evoca a evangelização

destas terras pelo Apóstolo.

O Pedrón. Igreja de Santiagode Padrón

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Fachada do Palácio do Bispo de Quito. Padrón

20

Nas imediações, a um quilómetro de distância, o peregrino pode fazer

uma pausa e descansar no Santiaguiño do Monte, lugar que possui

um belo miradouro, uma capela dedicada a Santiago e um altar com a

imagem de Santiago numas rochas onde, segundo piedosa tradição,

tinha predicado o filho de Zebedeo e Salomé.

De caminho em direcção a Iria Flavia, a rota deixa atrás o casco

histórico de Padrón. Um dos seus edifícios civis mais notáveis é o

palácio do Bispo de Quito, situado na rua Dolores; é obra barroca

encarregada em 1666 ao arquitecto Melchor de Velasco por don

Alonso da Peña y Montenegro, bispo de Quito e vice-rei do Peru.

Só dois quilómetros faltam para chegar à colegiada de Iria, rodeada

pelo emotivo cemitério de Adina, cantado numa composição de

Rosalía de Castro, cujos restos acolheu a húmida terra iriense a sua

morte em 1885, antes de repousar definitivamente no compostelano

Panteão de Galegos Ilustres de San Domingos de Bonaval.

A colegiada de Santa María de Iria evidencia também a devoção

mariana no Caminho Português. A sua origem remonta à Alta Idade

Média –ainda hoje podem ver-se no seus arredores vários sarcófagos

do século VI– e foi construída sob a protecção de Santa Eulália.

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retábulo-mor da colegiada deSanta Maria de Iria (Padrón)

21 Caminho Português

Almanzor danificou este primeiro templo em 997.

No século XI foi reconstruído várias vezes pelos bispos

Cresconio –que mudou a sua confissão para a de

Santa María– e Diego Peláez, promotor da catedral

românica de Santiago. Gelmírez restaurou o seu esplendor

no século XII, dando-lhe a categoria de colegiada e

nomeando um cabido de doze cónegos e um prior.

No século XIII, o templo foi reconstruído com plano

basilical de três naves e três absides. Da época medieval

conserva a portada ocidental, lavrada em princípios do

século XIV. No tímpano, vê-se representada a Epifania.

Na época barroca, transforma-se toda a obra. Em 1666,

o bispo de Quito encarregou ao arquitecto Melchor de

Velasco a capela de San Ildefonso. Concebida como

capela funerária de ordem dórica, destaca a sua cúpula e a

estátua funerária do fundador, virado para o retábulo em

atitude de quem ora, ambas obras de Mateo de Prado.

No outro lado do cruzeiro, construiu-se a capela do Sagrario,

dedicada à Virgem de Belém, também com cúpula e de plano central.

Entre 1708 e 1714 foi reedificada a colegiada por ordem do arcebispo

Monroy, conservando as capelas antes citadas. O mestre Pedro García

encarregou-se do projecto, mantendo a planta basilical de três naves

separadas por pilares, cruzeiro com ressalte e capela maior rectangular,

presidida por um retábulo de 1714 de Miguel de Romay. No exterior,

destacam-se as torres de remates piramidais.

Frente à fachada da colegiada, situam-se as casas dos cónegos,

actualmente ocupadas em boa medida pela sede da Fundação Camilo

José Cela, ilustre escritor padronês Prémio Nobel de Literatura.Colegiada de Santa Maria

de Iria. Padrón

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Santuário mariano da Escravitude. Padrón

22

O peregrino encaminha-se em direcção a A Escravitude seguindo uma

curta etapa de três quilómetros, atravessando as aldeias de Pousa,

Souto, Rueiro, Cambelas, Anteportas, Tarrío e Vilar, no vale do Sar.

O traçado acerca-se ao sumptuoso e barroco santuário mariano de A Escravitude, levantado entre 1732 e 1743 sobre a fonte diante da

qual, em 1732, teve lugar um milagre que motivou a sua construção.

As doações tornaram possível a construção de um grande santuário

barroco, com planta de cruz latina, nave única, cruzeiro com ressalte,

cúpula com clarabóia e capela maior rectangular. No interior

destacam-se os retábulos, realizados com audaz dinamismo barroco,

com jogos de massas e volumes e um delírio decorativo como marco

de devoção às esculturas de Agustín Álvarez. A fachada está

flanqueada por duas torres e

precedida por um átrio com

escadaria de acesso desde o

próprio Caminho de Santiago

(hoje N-550). O substancial da

obra foi concluído em 1750.

Uma vez deixado atrás o

santuário, o Caminho passa em

frente da igreja de Santa María

de Cruces para decorrer entre

bosques e cruzar a via do

caminho de ferro na pitoresca

aldeia de Angueira de Suso.Segue-se até Areal e

O Faramello, para depois

continuar até ao bonito lugar

de Rúa de Francos; no bosque

próximo encontram-se os restos

de uma calçada romana e uma

Padrón – Santiago de Compostela

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23 Caminho Português

ponte

sobre o

rio Tinto.

Sobre um

pequeno monte,

ao lado esquerdo,

situam-se as misteriosas e

abandonadas ruínas do CastroLupario. Um formoso cruzeiro

gótico –um dos mais antigos da Galiza–

e o campo da feira despedem o peregrino de

Rúa de Francos. Ascende-se rapidamente até ao lugar de

Castañal, deixando o núcleo de Osebe à esquerda, e, após um

brusco ziguezague, causado pela concentração parcelária,

chega-se a Pontepedreira.

Em Arieira, uma encantadora imagem de Santo Antoniño, situada na

fachada de uma casa –antiga pousada de viageiros e peregrinos–,

serve de referência para seguir o Caminho, que já ascende, por um

monte pequeno, até A Grela. Depois doutra subida muito suave,

deixa-se atrás O Milladoiro. Intuindo já as torres da catedral e passado

um curto trecho, chega-se ao Agro dos Monteiros, a partir de onde é

possível ver, ao longe, a cidade do Apóstolo.

O velho caminho medieval deixa a um lado as ruínas do castelo

arcebispal denominado A Rocha Vella, aproxima-se de Santomil e

Amañecida e cruza uma ponte sobre o rio Sar. A rota alcança o bairro

de A Choupana, perto da capela de Santa Marta.Cruzeiro

góticode Rua de

Francos

Ponte medieval deRua de Francos

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Já na rua de Rosalía de Castro, no casco urbano

de Compostela, avança-se em direcção à igreja doPilar, belo templo barroco situado na Alameda,

e, seja pela Carreira do Conde ou pela rua Xoán

Carlos I, chega-se à Porta Faxeira, tradicional

entrada do Caminho Português na cidade de

Santiago. A rua do Franco conduz até ao colégiode Santiago Alfeo, edifício universitário do século

XVI dedicado ao apóstolo Santiago o Menor,

cuja cabeça se conserva no relicário da catedral.

Na mesma rua, frente a este nobre edifício,

encontra-se a capela de Santiago, que recorda o

lugar onde, segundo a tradição, parou o carro que

transportou o corpo do Apóstolo de Iria a

Compostela. A poucos metros já se encontra a

esquina do claustro da catedral, notável construção

renascentista.

A partir daqui, o itinerário entra na praça doObradoiro, onde se encontra a fachada principal

da basílica jacobeia, cuja entrada conduz o

Em Santiago

Alameda

Colégio de Fonseca

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peregrino ao Pórtico da Glória.Outra possibilidade de acesso ao interior

basilical –preferida pelos peregrinos

medievais– consiste em seguir a rua Fonseca,

bordejando a ala meridional do claustro, até

à praça de As Praterías, onde se situa a

fachada sul da catedral, a entrada mais antiga

das conservadas no venerável edifício.

A portada românica de As Praterías, lavrada

em princípios do século XII, representa,

com a sua grande quantidade de esculturas

e relevos, um dos momentos de apogeu

cultural da Compostela medieval e da arte

do Caminho de Santiago. Passando o umbral

de uma destas portas, ou então deixando

atrás o célebre pórtico ocidental do Mestre

Mateo, o peregrino conclui o Caminho

Português diante da tumba apostólica.Termina assim um itinerário integral motivado

pelo imortal espírito de peregrinação; uma

rota de espectáculo artístico, esplendor

ecológico e terna devoção à Virgem Maria e

ao apóstolo Santiago o Maior.

Praça de As Praterias

Porta Santa da catedral

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Depois de ter visitado a catedral compostelana,

ponto de chegada e encontro dos peregrinos, a

cidade de Santiago oferece-se ao visitante em todo

o seu esplendor histórico, em toda a sua diversidade

e dinamismo presentes.

A actual cidade de Santiago de Compostela

nasce como um pequeno núcleo de monges

custódios em torno do sepulcro do Apóstolo

no momento da sua descoberta, por volta do ano

de 820. O desenvolvimento da cidade na

Idade Média é espectacular, graças ao auge

europeu das peregrinações, que a converte,

com Jerusalém e Roma, num dos três grandes

centros da Cristandade.

Desde o s. XV ao XIX a cidade alterna momentos

de dinamismo e de certa decadência, ao compasso

dos vaivéns da história galega, espanhola e

europeia. As peregrinações perdem peso, mas

Santiago consolida-se como centro cultural, com a

criação da Universidade, e mantém a sua influência

religiosa, o que se reflecte na sua renovação urbana

renascentista e barroca, tão presente e palpitante

nos mais relevantes edifícios históricos da cidade.

Na catedral A catedral de Santiago, cuja construção seiniciou em 1075, é um dos grandesmonumentos europeus, tanto a nível artístico,como simbólico. Desde a sua origem românicaevoluiu através dos mais diversos estilos,especialmente o barroco, que alcançou o seucume na fachada de O Obradoiro (1738-1750).Percorrendo as suas naves e Museu é possívelaceder a um património tão singular comodiversificado nos seus conteúdos e significados.

Durante a visita ao conjunto da catedral, operegrino costuma cumprir com um ritualque o levará à câmara do altar-mor para daro tradicional “abraço” ao apóstolo Santiago–uma escultura de origem românica– e avisitar seguidamente a cripta na qual se

conservam os seus restos. A visita ao Pórticoda Glória também forma parte deste ritual,assim como assistir à missa do peregrino–12,00h–, na qual é frequente ofuncionamento do “botafumeiro”, o grandeincensário cujo voo, desde o alto da nave docruzeiro, surpreende todos os visitantes.

Após ter estado na catedral, o peregrino, sedispõe já das credenciais que justificam a suaperegrinação a pé, a cavalo ou de bicicleta,pode solicitar no Posto do Peregrino a“compostela”, o documento que credita asua peregrinação, concedido pelo Cabido dacatedral. A partir desse momento, abre-sediante de si, em plenitude, a cidade deSantiago de Compostela.

A cidade histórica

Paço de Raxoi

Botafumeiro

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27 Caminho Português

Santiago vive desde a segunda metade do

s. XX um contínuo período de expansão.

Ao progressivo renascimento das

peregrinações, que mantêm o seu significado

espiritual tradicional, acrescenta-se o singular

e imparável atractivo turístico e cultural do

Caminho de Santiago.

Nos últimos anos, Santiago, capital

administrativa da comunidade autónoma

galega, dotou-se de grandes infra-estruturas

culturais e turísticas e consolidou a sua

projecção internacional como centro

histórico-cultural e europeísta, algo que

confirmam diariamente os milhares de

peregrinos e turistas que, em qualquer época

do ano, a visitam.

Cidade declarada Património da Humanidadepela UNESCO, quer manter neste novo século

o seu milenário apelo ao espírito, à concórdia e

ao progresso, através do significado histórico

do Caminho de Santiago.

A cidade actual

Cidade da CulturaCentro Galego de Arte Contemporânea

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28

1 Catedral –Porta Santa– Paço de Xelmírez

2 Paço de Raxoi

3 Pousada dos Reis Católicos

4 Colégio de San Xerome

5 Igreja de San Fructuoso

6 Colégio de Fonseca

7 Casa do Cabido

8 Casa da Conga

9 Casa da Parra

10 Convento de San Paio de Antealtares

11 Mosteiro de San Martiño Pinario

12 Igreja de San Martiño Pinario

13 Casa do Deão. Posto do peregrino

14 Paço de Vaamonde

15 Paço de Bendaña

16 Igreja de Santa Mª Salomé

17 Convento de San Francisco

18 Convento do Carme

19 Convento de Santa Clara

20 Igreja e antigo hospital de San Roque

21 Casa Gótica. Museu das Peregrinações

22 San Domingos de Bonaval. Museu do Povo Galego

23 Centro Galego de Arte Contemporânea

24 Faculdade de Geografia e História

25 Igreja da Universidade

26 Igreja de San Fiz

27 Convento e igreja de Madres Mercedárias

28 Colégio de As Orfas

29 Igreja de San Miguel dos Agros

30 Igreja de Santa María do Camiño

31 Igreja de San Bieito do Campo

32 Convento de Santo Agostiño

33 Colégio de San Clemente

34 Capela Geral de Ánimas

35 Capela de Santiago

36 Igreja do Pilar

37 Colegiada de Santa María a Real de Sar

Caminho Português

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29 Caminho Português

Plano do Centro Histórico de Santiago

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Da esquerda para a direita: alberguesde Tui, Pontevedra, Teo e Redondela

Rede de alberguesA partir de 1 de Janeiro de 2008, para aceder aosalbergues o peregrino deverá comprar em cada um delesuma senha-albergue (3 €), que dá direito unicamente aouso das instalações em que foi adquirida e na data quefigura no verso da mesma. Não será válida em qualqueroutra data nem em qualquer outro albergue. Só se poderá permanecer uma noite em cada albergue,com excepção dos do Monte do Gozo e de S. Lázaro,ambos em Santiago de Compostela, e o número deperegrinos acolhidos por dia estará limitado às camas deque cada instalação dispuser. A ordem de preferência é a do costume: peregrinos a pé, a cavalo, de bicicleta eos que viajam com carro de apoio.

Uma vez adquirida a senha é muito importante conservá-la até se abandonar o albergue, caso contrário, os albergueiros poderão pedir ao peregrino quedesocupe as instalações. O albergue deverá deixar-se livre antes das 8 da manhã para permitir a sua limpeza.

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Este permanecerá aberto das 13 até às 22 horas.

No caso de chegar algum peregrino commobilidade reduzida e o albergue ter a suacapacidade lotada, poderá pedir-se acolaboração das pessoas já alojadas deforma a acomodá-lo nas instalações.

Em todo o caso, o peregrino e quantos seacercam ao Caminho de Santiago dispõemdoutras alternativas para o momento doseu descanso. Diversos centros religiosos emunicipais atendem também o peregrino,sobretudo nos momentos de maiorafluência. Nos últimos anos também temaparecido, ao longo das distintas rotas, uma moderna e variada rede de hotéis ecasas de turismo rural que diversificam osserviços e atractivos do Caminho.

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32

1. Tui2. O Porriño3. Mos4. Redondela5. Pontevedra6. Briallos7. Padrón8. Teo9. Monte do Gozo

10. San Lázaro

TuiRestauração de antiga casa reitoral*Rúa Párroco Rodríguez Vázquez,s/n. Tui40 lugaresLugares para bicicletasPróximo albergue, a 16 km (O Porriño)

O PorriñoEdifício de nova planta*Avda. de Buenos Aires, s/n. O Porriño52 lugaresLugares para bicicletasPróximo albergue, a 7 km (Mos)

MosRestauração de antigo PaçoPazo dos Marqueses. Santa Eulalia. Mos16 lugaresPróximo albergue, a 9 km(Redondela)

RedondelaCasa senhorial renascentista do século XVI*Casa da Torre. Praça de Rivadavia, s/n. Redondela44 lugares5 lugares para bicicletasPróximo albergue, a 18,5 km(Pontevedra)

PontevedraEdifício de nova planta*Rúa Otero Pedrayo, s/n. Pontevedra56 lugaresLugares para bicicletasPróximo albergue, a 16 km (Briallos, Portas)

BriallosEdifício de nova planta*Lugar de Castro e San Roque.Briallos. Portas.27 lugaresLugares para bicicletasPróximo albergue, a 24 km (Padrón)

Sala de exposições do albergue de Redondela

Albergue Posto de Informação do Caminho

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33 Caminho Português

Albergue de Padrón

PadrónRestauração de casa urbana*Costiña do Carme, s/n. Padrón48 lugaresLugares para bicicletasPróximo albergue, a 10,1 km (Teo)

TeoEdifício de nova planta*Vilares de Rúa de Francos, s/n (antiga nacional 550). Teo28 lugaresLugares para bicicletasPróximo albergue, a 12,9 km (Monte do Gozo, Santiago de Compostela)

Monte do GozoConjunto de nova planta*Monte do Gozo. Santiago de Compostela400 lugares (800 no Ano Santo)100 lugares para bicicletas

San Lázaro (residência de peregrinos)Edifício de nova construção*Rúa San Lázaro, s/n. Santiago de Compostela80 lugaresLugares para bicicletas

* Dispõe de infra-estruturas para deficientes físicos

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34

ServiçosCâmaras Municipais

TuiPraça do Concello, 1Tf.: 986-603625Fax: [email protected]

O PorriñoAntonio Palacios, 1Tf.: 986-335000Fax: [email protected]

MosRexenxo-Petelos, 1Tf.: 986-331200Fax: [email protected]

RedondelaAlfonso XII, 2Tf.: 986-400300Fax: [email protected]

SoutomaiorAlexandre Bóveda, 8Tf.: 986-705106Fax: [email protected]

VilaboaToural, 1Tf.: 986-708215Fax: [email protected]

PontevedraPraça España, s/nTf.: 986-804300Fax: 986-860102alcaldia@concellopontevedra.eswww.concellopontevedra.es

BarroSan Antoniño, 8. PerdecanaiTf.: 986-711002Fax: [email protected]

PortasA Rapeira, 1Tf.: 986-536161Fax: 986-536348portas@concellos.depontevedra.eswww.concelloportas.fegamp.es

Caldas de ReisFerrería, 1Tf.: 986-540002Fax: 986-530393caldasdereis@concellos.depontevedra.eswww.caldasdereis.com

ValgaAvda. da Coruña, 14Tf.: 986-559456Fax: [email protected]

PontecesuresAvda. Cidade de Vigo, 2Tf.: 986-557125Fax: [email protected]

PadrónXeneral Franco, 27Tf.: 981-810451Fax: [email protected]

TeoRamallosa, s/nTf.: 981-815700Fax: [email protected]

AmesPraça do Concello, 2. BertamiránsTf.: 981-883002Fax: [email protected]

Santiago de CompostelaPraça do Obradoiro, s/n. Pazo de RaxoiTf.: 981-542300Fax: [email protected]

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35 Caminho Português

Urgências médicas061

Emergências(de todo tipo, gratuito e internacional)112

Informação Jacobeu

Posto de Informação, SantiagoTf.: 902-332010Rúa do Vilar, 30-32, rés-do-chã[email protected]

Páxina Webwww.xacobeo.es

Central de reservas de Turismo RuralTf.: [email protected]

Postos de Turismo

TuiPraça da Inmaculada, s/n(apenas de Junho a Setembro)Tf.: 986-603625

Edificio Área PanorámicaColón, s/nTf.: 986-601789

PontevedraGutiérrez Mellado, 1Tf.: 986-850814

Santiago de CompostelaRúa do Vilar, 30-32, rés-do-chãoTf.: 981-584081

TurgaliciaTf.: 902-200432Fax: 981-542510www.turgalicia.es

Urgências

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37 Caminho Português

A descoberta do sepulcro do apóstolo Santiago o Maior, a princípios do século IX, gerou de imediato uma populosa corrente de peregrinação em direcção a este lugar, no qual hoje está a cidade galega de Santiago de Compostela. Esta afluência acabou por formar, desde os mais diversos pontos de Europa, uma densa rede de itinerários conhecida, no seu conjunto, como o Caminho de Santiago, ou a Rota Jacobeia.

Os momentos de maior apogeu da peregrinação produziram-se nos séculos XI, XII e XIII com a concessão de determinadas indulgências espirituais. No entanto, esta corrente manteve-se, com maior ou menor intensidade, ao longo dos restantes séculos. Desde a segunda metade do século XX, o Caminho de Santiago vive um novo renascer internacional que combina o seu tradicional acervo espiritual e sociocultural com o seu poder de atracção turística e como renovado lugar de encontro aberto a todo o tipo de gentes e culturas.

Tradicionalmente, os períodos de maior afluência de peregrinos e visitantes no Caminho coincidem com os Anos Santos Compostelanos, que se celebram cada 6, 5, 6 e 11 anos, mas qualquer ano e momento é

idóneo para realizar algum itinerário desta rota e visitar a cidade que tem como meta: Compostela.

Os Caminhos de Santiago

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O Caminho de Santiago gerou ao longo dos seus doze séculos de

existência uma extraordinária vitalidade espiritual, cultural e social.

Devido à sua existência nasceu a primeira grande rede assistencial da

Europa e foram criados mosteiros, catedrais e novos núcleos urbanos.

Pelo encontro entre gentes de tão diversa procedência que esta rota

propiciou, surgiu uma cultura baseada no intercâmbio aberto de ideias

e correntes artísticas e sociais, assim como um dinamismo socio-

económico que favoreceu, sobretudo durante a Idade Média, o

desenvolvimento de diversas zonas de Europa.

A marca do Caminho e dos peregrinos a Compostela é reconhecível

numa infinidade de testemunhos públicos e privados, em distintas

manifestações de arte ou, por exemplo, nos mais de mil livros que nas

últimas décadas se ocuparam, em todo o mundo, desta senda, obra e

património de todos os europeus.

As vias principais do Caminho de Santiago foram declaradas PrimeiroItinerário Cultural Europeu (1987) pelo Conselho de Europa, BemPatrimónio da Humanidade pela UNESCO nos seus traçados ao longo

de Espanha e França (1993 e 1998, respectivamente) e Prémio Príncipede Astúrias da Concórdia 2004, outorgado pela Fundação

Príncipe de Astúrias.

Caminho de Europa

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40

A Península Ibérica formaria parte, segundo determinados

textos antigos, das terras nas quais o apóstolo Santiagopredicou o cristianismo. Após morrer decapitado na

Palestina, por volta do ano 44 d.C., os seus discípulos,

segundo a tradição, trasladaram o seu corpo numa

nave até à Galiza, uma das terras hispânicas incluídas

na sua predicação.

Os difíceis tempos dos primeiros anos do cristianismo e o

despovoamento de grande parte do norte peninsular teriam

levado ao esquecimento do lugar de enterro. No entanto,

por volta do ano 820 são descobertos uns restos que as

autoridades eclesiásticas e civis consideraram como sendo os

de Santiago o Maior. Sucede isto num perdido bosque galego

e o acontecimento daria lugar ao nascimento da actual cidade

de Santiago de Compostela.

Convertida na atractiva meta de uma peregrinação que levava

ao sepulcro do único apóstolo de Cristo enterrado em solo

europeu, juntamente com São Pedro, em Roma, a Santiago

chegarão, ao longo dos séculos, peregrinos de todas as

procedências e pelos mais diversos itinerários.

Galiza, o país de Santiago

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Devido à grande diversidade de procedências dos peregrinos, irão

definindo-se sobre o solo galego seis itinerários principais de chegada

de toda Europa.

O itinerário que alcança uma maior concorrência e relevância, tanto

socio-económica, como artística e cultural, é o denominado CaminhoFrancês, que entra em Espanha, a partir de França, pelos montes

Pirenéus, e na Galiza pelo mítico alto de O Cebreiro.

No entanto, outros cinco itinerários conseguiram adquirir, mesmo assim,

o seu lugar na história das peregrinações jacobeias.

Caminhos jacobeus galegos

Caminho Francés

Caminho do Sudeste–Via da Prata

Caminho Português

Rota do mar de Arousa e rio Ulla

Caminho de Fisterra-Muxía

Caminho Inglés

Caminho do Norte

Caminho Primitivo

41 Caminho Português

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42

São os Caminhos Primitivo e do Norte, que

alcançaram relevância nos primeiros tempos da

peregrinação, com dois traçados principais que

entram na Galiza pelas Astúrias, procedentes

do País Basco e Cantábria; o Caminho Inglês,seguido sobretudo pelos peregrinos que,

partindo do norte de Europa e as Ilhas Britânicas

chegavam a portos como os de A Coruña e

Ferrol; o Caminho Português, que desde o

sudoeste da Galiza utilizavam os peregrinos

procedentes de Portugal; e o Caminho doSudeste, pelo qual se dirigiam a Santiago os

peregrinos que, desde o sul e centro da

Península, seguiam a popular Via da Prata,

entre Mérida e Astorga, para continuar, por

terras de Ourense, em direcção a Compostela.

O Cebreiro. Caminho Francês

Oseira. Caminho do Sudeste-Via da Prata

“Compostela” e credencial

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Também se consideram itinerários jacobeus,

pela sua simbologia histórica, outros dois.

São o Caminho de Fisterra-Muxía, utilizado

por determinados peregrinos medievais que,

depois de venerarem a tumba apostólica,

se sentiam atraídos pela viagem até ao cabo

Finisterra, o extremo ocidental da terra

naqueles tempos conhecida, e a denominada

Rota do Mar de Arousa e rio Ulla,que rememora o itinerário pelo qual,

segundo a tradição, chegaram de barco

à Galiza os restos mortais do Apóstolo (s. I).

43 Caminho Português

Cabo Fisterra. Caminho de Fisterra-Muxía

Corunha. Caminho Inglês

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