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Colégio Pedro II – Unidade Humaitá II – 1ª série Departamento de Língua Portuguesa Nome: ____________________________________________________ Turma : _______ CAMÕES LÍRICO Versos – Dois tipos: seguindo o modelo medieval - medida velha (redondilhas) e seguindo o modelo Renascentista (padrões clássicos, sobretudo o soneto, versos decassílabos). Temas: o amor, a busca da perfeição, o desconcerto do mundo, a mudança constante de tudo, a pátria, Deus, a figura feminina. O amor e o desconcerto do mundo são as duas tensões básicas. Procura o universal. O amor é abordado através da antítese amor platônico X amor carnal. Figura idealizada da mulher X beleza física. Presença de antíteses e paradoxos. A obra lírica de Camões foi publicada postumamente, em 1595, sob o título Rimas. O amor camoniano é apoiado pelo interesse do poeta ao movimento neoplatonismo (“corrente doutrinária que se caracterizava pelas teses da absoluta transcendência do ser divino, da emanação e do retorno do mundo a Deus pela interiorização progressiva do homem”), como faria qualquer outro cristão culto do seu tempo. Camões herdou desse movimento, por meio do cristianismo, a concepção da mulher angelical e do amor platônico, muito aplicados em seus versos para canto, para canções e para redondilhas. Mas sua experiência de vida o coloca entre o desejo carnal e o ideal platônico de amor, só vivido no mais nobre pensamento. Camões tenta resolver essa tensão por meio do platonismo, ao imaginar que as belezas das coisas terrenas não passam de sombras das belezas plenas. o desconcerto do mundo é o desajuste entre as exigências íntimas da vida pessoal do poeta e suas condições para satisfazê-las. O mundo se lhe aparece desconcertado, como se estivesse destinado à confusão e à irracionalidade. Em meio à confusão que afinal demonstra ter seu mundo desarmonioso, Camões renuncia, aparentemente, ao mundo das aparências e abandona a lira profana para só cantar a divina. A lírica amorosa camoniana está ligada a uma concepção neoplatônica do amor. Isto quer dizer que, para Camões, o Amor (com maiúscula) é um ideal superior, único e perfeito, o Bem supremo pelo qual ansiamo. Mas, seres decaídos e imperfeitos, somos incapazes de atingir esse ideal. Resta-nos a contingência do amor físico (com minúiscula), simples imitação do Amor ideal. A constante tensão entre esses dois pólos gera toda a angústia e insatisfação da alma humana. A mulher, objeto do desejo, também ela um ser imperfeito, é espiritualizada em suas poesias, tornando-se a imagem da Mulher ideal.

Camões Lírico

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Resumo das principais características da lírica camoniana.

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Page 1: Camões Lírico

Colégio Pedro II – Unidade Humaitá II – 1ª sérieDepartamento de Língua PortuguesaNome: ____________________________________________________ Turma : _______

CAMÕES LÍRICO 

Versos – Dois tipos: seguindo o modelo medieval - medida velha (redondilhas) e seguindo o modelo Renascentista (padrões clássicos, sobretudo o soneto, versos decassílabos).

Temas: o amor, a busca da perfeição, o desconcerto do mundo, a mudança constante de tudo, a pátria, Deus, a figura feminina. O amor e o desconcerto do mundo são as duas tensões básicas.

Procura o universal. O amor é abordado através da antítese amor platônico X amor carnal. Figura idealizada da mulher X beleza física. Presença de antíteses e paradoxos. A obra lírica de Camões foi publicada postumamente, em 1595, sob o título Rimas.

O amor camoniano é apoiado pelo interesse do poeta ao movimento neoplatonismo (“corrente doutrinária que se caracterizava pelas teses da absoluta transcendência do ser divino, da emanação e do retorno do mundo a Deus pela interiorização progressiva do homem”), como faria qualquer outro cristão culto do seu tempo. Camões herdou desse movimento, por meio do cristianismo, a concepção da mulher angelical e do amor platônico, muito aplicados em seus versos para canto, para canções e para redondilhas. Mas sua experiência de vida o coloca entre o desejo carnal e o ideal platônico de amor, só vivido no mais nobre pensamento. Camões tenta resolver essa tensão por meio do platonismo, ao imaginar que as belezas das coisas terrenas não passam de sombras das belezas plenas. Já o desconcerto do mundo é o desajuste entre as exigências íntimas da vida pessoal do poeta e suas condições para satisfazê-las. O mundo se lhe aparece desconcertado, como se estivesse destinado à confusão e à irracionalidade. Em meio à confusão que afinal demonstra ter seu mundo desarmonioso, Camões renuncia, aparentemente, ao mundo das aparências e abandona a lira profana para só cantar a divina.    

A lírica amorosa camoniana está ligada a uma concepção neoplatônica do amor. Isto quer dizer que, para Camões, o Amor (com maiúscula) é um ideal superior, único e perfeito, o Bem supremo pelo qual ansiamo. Mas, seres decaídos e imperfeitos, somos incapazes de atingir esse ideal. Resta-nos a contingência do amor físico (com minúiscula), simples imitação do Amor ideal. A constante tensão entre esses dois pólos gera toda a angústia e insatisfação da alma humana.

A mulher, objeto do desejo, também ela um ser imperfeito, é espiritualizada em suas poesias, tornando-se a imagem da Mulher ideal.