Câncer Pobreza e Desenvolviemnto Humano Desafios a Assistencia de Enfermagem Em Oncologia

Embed Size (px)

Citation preview

Cncer, pobreza e desenvolvimento humano: desafios para a assistncia de enfermagem em oncologia

Cncer, pobreza e desenvolvimento humano: desafios para a assistncia de enfermagem em oncologiaMaria de Ftima Batalha de MenezesI; Teresa Caldas CamargoII; Maria Teresa dos Santos GuedesIII; Laisa F. F. Ls de AlcntaraIVIEnfermeira da Educao Continuada do Hospital do Cncer I/INCA, Brasil, Doutor em EnfermagemIIEnfermeira da Educao Continuada do Hospital do Cncer III/INCA, Brasil, Doutor em EnfermagemIIIEnfermeira do Hospital do Cncer I/INCA, Brasil, Mestre em EnfermagemIVEnfermeira da Educao Continuada do Hospital do Cncer III/INCA, Brasil, Doutoranda em Enfermagem, Escola de Enfermagem Anna Nery, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, BrasilRESUMO Reflexo sobre a questo da pobreza, o desenvolvimento humano e suas interfaces com a assistncia de Enfermagem em Oncologia. OBJETIVOS: identificar os principais tipos de cncer por regio; apontar os desafios para a assistncia de enfermagem; discutir as possibilidades de atuao da enfermagem em oncologia nesse contexto. Tendo em vista a distribuio demogrfica, epidemiolgica e sociocultural do cncer no Brasil, articular de forma sistemtica o cuidado em oncologia, em situaes de pobreza e baixo desenvolvimento humano, constituem um desafio para a Enfermagem, visto que as aes necessrias para preveno, deteco precoce, tratamento e reabilitao vo da baixa alta complexidade. Nessa concepo, abre-se a possibilidade de atender s demandas da populao, que chega aos servios especializados em oncologia com uma diversidade de necessidades, que no esto restritas ao acesso ao tratamento antineoplsico, mas acrescidas de carncias inerentes a fatores socioeconmicos e culturais.Descritores: pobreza; desenvolvimento humano; enfermagem oncolgicaINTRODUOA presente reflexo terica tem como inteno discorrer, de forma contextual, sobre a questo da pobreza e do desenvolvimento humano e suas interfaces com a assistncia de Enfermagem em Oncologia. Ao colocar em pauta essa possibilidade de articulao, traz alguns indicativos com enfoque para a prtica, ante a perspectiva do cuidado de pessoas portadoras de cncer em situao de pobreza.A pobreza um fenmeno complexo e pode serdefinida, de forma simples, como a situao na qualas necessidades da pessoa no so atendidas deforma adequada (1). Ressaltamos que tanto a identificao de necessidades quanto o suprimento incorrem na relativizao desses termos que nos apontam para a dimenso subjetiva das necessidades singulares de cada ume o seu suprimento num dado contexto social.O estudo do cncer e sua distribuio demogrfica refletem as condies de vida das populaes e do desenvolvimento da sociedade. O cncer, caracterizado como uma doena crnica, pode ser referenciado como um indicador de sade no Brasil, sendo, assim, um indicador do grau de desenvolvimento regional.Entretanto, alguns fatores tm interferido diretamentena configurao epidemiolgica docncer no Brasil, tal como a expectativa de vida ao nascer, a composio etria e migraointerna da populao. No caso do deslocamentopopulacional de uma regio para outra, este gerou umincremento no processo de ocupao desenfreada dos grandes centros urbanos, criando bolses de misria nas periferias das metrpoles brasileiras. Esse fato expressa, de forma contundente, as diferenas regionais,as quais se consolidam com exuberncia nas reas metropolitanas(2).Assim, os cnceres caractersticos de regies pobres passaram a integrar o perfil de morbimortalidade das cidades, constituindo-se, ento, um indicador de classes sociais em espaos comuns, convivendo nos grficos de incidncia e mortalidade(2).Nesse sentido, tendo em foco a relao entre assistncia de enfermagem em oncologia e a pobreza, os objetivos desta reflexo so: identificar os principais tipos de cncer por regio; apontar os desafios para a assistncia de enfermagem; discutir as possibilidades de atuao da enfermagem em oncologia nesse contexto.CNCER E DESENVOLVIMENTO HUMANO NO BRASILO Brasil est numa fase de transiodemogrfica, na qual encontramos quedas nas taxas denatalidade e mortalidade, coexistindo, nesse cenrio, coma ocorrncia de doenas agudas e crnicas, decnceres em crianas, adultos, jovens e idosos e decnceres de pases ricos e pobres.No que tange ao desenvolvimento socioeconmico, ocncer de estmago e de colo uterino soindicadores de sade de sociedades menos desenvolvidas,enquanto o cncer de mama e de pulmo, de sociedadesmais desenvolvidas(2). Os tumores relacionados aos adultos jovens, como, por exemplo,os cnceres de boca, de pnis e de colo uterinoso mais encontrados em reas menos desenvolvidas ede baixas condies socioeconmicas eculturais(2).Para se avaliar o nvel de desenvolvimentosocioeconmico e a qualidade de vida daspopulaes, existe um indicador demensurao utilizado amplamente, que ondice de Desenvolvimento Humano (IDH). Nessareflexo, partimos do IDH para balizar a discusso,no que tange problemtica do cncer e suarelao com a situao depobreza.Esse ndice a sntese de quatroindicadores, a saber: PIB (Produto Interno Bruto) percapita, expectativa de vida, taxa dealfabetizao de pessoas com 15 anos ou mais, etaxa bruta de matrcula nos trs nveis deensino(3).Conforme dados do Relatrio do Desenvolvimento Humano2006, o IDH do Brasil cresceu, passando de 0,788, em 2003, para0,792, em 2004. Esse resultado posiciona o Brasil entre as 83naes de IDH mdio (IDH entre 0,500 e0.799) e o coloca fora do grupo de 63 naes de IDHalto 9 (igual ou acima de 0,800) (3). Os dados obtidos apontam que o Brasil avanou nastrs dimenses do IDH, a saber: longevidade, renda eeducao.No que tange longevidade, o Brasil passou de 70,5para 70,8 anos em expectativa de vida, entretanto esta ainda a rea em que o Brasil apresenta a piorcomparao aos outros pases, ocupando o84 lugar no ranking mundial(3). Na educao, a taxa dealfabetizao aumentou de 84,4% para 88,6%,ocupando a 62 posio no rol dospases(3).A dimenso de renda, avaliada pelo PIB percapita, foi o ndice que mais alavancou o IDHbrasileiro. Esse ndice avanou 3,1%, passando deUS$ 7.949 para US$ 8.195, posicionando o pas em 64lugar no ranking mundial(3). O Brasil possui uma variao considervelde IDH entre os estados da federao, apresentandondices de 0,534 no Piau a 0,869 no Rio Grande doSul e no Distrito Federal. Tais variaes refletemas diferenas existentes relacionadas com o acesso aosservios de sade e educao, bemcomo reflete a distribuio de renda, a qualidade eas condies de vida das populaesnessas reas geogrficas(3).Outro ndice derivado do IDH, calculado apenas parapases em desenvolvimento, o ndice dePobreza Humana (IPH), que mede a privao emtrs aspectos, a saber: curta durao de vida(possibilidade de viver menos de 40 anos), falta deeducao elementar (representada pela taxa deanalfabetismo de adultos) e a falta de acesso a recursospblicos e privados (pessoas sem acesso a serviosde gua potvel e porcentagem de crianascom peso abaixo do recomendado). O Brasil ocupa a 22posio mundial, num total de 102pases(3). No que se refere ao gnero, existe um ndicemensurvel, que o ndice deDesenvolvimento Ajustado ao Gnero (IDG), que relaciona asmesmas variveis do IDH, considerando as desigualdadesentre homens e mulheres. Nesse ranking, o Brasil ocupa a 55posio(3).A SITUAO DO CNCER NO BRASILAs prioridades da poltica de controle de cncerno Brasil baseiam-se no perfil de morbidade e mortalidade dosdiversos estados e municpios do pas, apresentandoampla variao de regio para regio.De posse das estimativas de casos incidentes de cncersegundo localizaes primrias, pode-seoferecer informaes epidemiolgicas queso fundamentais para o planejamento deaes de promoo sade, deteco precoce e deateno oncolgica em todos osnveis(4).No Brasil, as estimativas para o ano de 2006 apontaram aocorrncia de 472.050 casos novos de cncer. Os tiposde maior incidncia, com exceo doscnceres de pele no melanoma, sero os deprstata e pulmo, no sexo masculino, e mama e colodo tero, no sexo feminino, acompanhando o mesmo perfil damagnitude observada no mundo(4). Em 2006, esperavam-se 234.570 casos novos para o sexomasculino e 237.480 para sexo feminino. Estimava-se que ocncer de pele no melanoma seria o mais incidentena populao brasileira, seguido pelos tumores demama feminina, prstata, pulmo, clon ereto, estmago e colo do tero(4).A distribuio dos casos novos de cncersegundo localizao primria bastante heterognea entre estados e capitais dopas. Nas regies Sul e Sudeste ocorrem as maiorestaxas, j as regies Norte e Nordeste mostram taxasmais baixas. As taxas da regio Centro-Oeste apresentam umpadro intermedirio(4).Para se ter uma idia, na regio Sudeste, porexemplo, o cncer de mama o mais incidente entreas mulheres, com um risco estimado de 71 casos novos por 100 mil.Sem considerar os tumores de pele no melanoma, esse tipode cncer tambm o mais freqente nasmulheres das regies Sul (69/100.000), Centro-Oeste(38/100.000) e Nordeste (27/100.000). Na regio Norte, o segundo tumor mais incidente (15/100.000), o primeiro o cncer do colo do tero. No Brasil, tantoo cncer de mama como o do colo do tero aindaso diagnosticados em estdios avanados, oque contribui para o aumento da mortalidade ereduo da sobrevida(4).Responsvel por desenvolver e coordenaraes integradas para a preveno e ocontrole do cncer no Brasil, o Instituto Nacional deCncer (INCA), rgo do Ministrio daSade, tem como viso estratgica"Exercer plenamente o papel governamental napreveno e controle do cncer, assegurando aimplantao das aes correspondentesem todo o Brasil, e, assim, contribuir para a melhoria daqualidade de vida da populao" (5).As aes integradas so de cartermultidisciplinar e compreendem a assistnciamdico-hospitalar, prestada direta e gratuitamente aospacientes com cncer, e a atuao emreas estratgicas, como a prevenoe a deteco precoce, a formao deprofissionais especializados, o desenvolvimento da pesquisa e ainformao epidemiolgica. Todas asatividades do INCA tm como objetivo reduzir aincidncia e a mortalidade causada pelo cncer noBrasil(5). Como rgo responsvel pelapreveno e controle do cncer no Brasil, oINCA desenvolve os seguintes programas de mbitonacional:1. Expanso da assistncia oncolgica(Projeto Expande), que tem como principal objetivo estruturar aintegrao da assistncia oncolgicano Brasil a fim de obter um padro de alta qualidade nacobertura da populao. Prev acriao de 20 Centros de Alta Complexidade emOncologia (CACON) no pas, para atender a cerca de 14milhes de brasileiros.2. Programa Nacional de Controle do Cncer do colo dotero e da mama - Viva Mulher, que tem como objetivoprincipal reduzir, substancialmente, o nmero de mortescausadas pelo cncer do colo do tero e de mama,permitindo mulher um acesso mais efetivo aodiagnstico precoce pelo exame colpocitolgico(Papanicolaou) e exame clnico das mamas, alm dotratamento adequado do tumor.3. Programa Nacional de Controle do Tabagismo e Outros Fatoresde Risco de Cncer, que capacita profissionais dassecretarias de sade estaduais e municipais para orientara populao sobre os males do tabagismo, nasescolas, nas empresas, nos hospitais e nas comunidadeslocais.4. Programa de Qualidade em Radioterapia, que tem comoprincipais metas atender a todas as instituiesprestadoras de servios de radioterapia no mbito doSUS, estimulando e promovendo condies quepermitam a essas instituies aaplicao da radioterapia com qualidade eeficincia e a capacitao dos profissionaisvinculados radioterapia.5. Programa de Epidemiologia e Vigilncia doCncer e seus Fatores de Risco, que tem como objetivoconhecer com detalhes o atual quadro do cncer no Brasil ede seus fatores de risco(5).Quanto ao acesso da populao, osservios vinculados ao Sistema nico deSade (SUS) que realizam tratamento oncolgico noBrasil so cadastrados pelo Ministrio daSade como CACON - Centros de Alta Complexidade emOncologia, Servios Isolados de Quimioterapia ou deRadioterapia, compondo uma Rede de Atendimento em Oncologia. Essarede de servios coordenada pelo INCA por meio doProjeto Expande(5). Os CACONs so unidades hospitalares pblicas oufilantrpicas que dispem de todos os recursoshumanos e tecnolgicos necessrios assistncia integral do paciente de cncer.So responsveis pela confirmaodiagnstica dos pacientes, estadiamento, assistnciaambulatorial e hospitalar, atendimento das emergnciasoncolgicas e cuidados paliativos(5).POSSIBILIDADES E DESAFIOS DE ASSISTIR NA ENFERMAGEM EMONCOLOGIA NO CONTEXTO DA POBREZAO cncer, qualquer que seja sua etiologia, reconhecido como uma doena crnica que atingemilhes de pessoas em todo o mundo, independente de classesocial, cultura ou religio. O saber de que se portador de cncer , em geral, aterrador, pois,apesar dos avanos teraputicos permitindo umamelhoria na taxa de sobrevida e qualidade de vida, permanece oestigma de doena dolorosa, incapacitante, mutiladora emortal. Dessa forma, fica clara a necessidade e a propriedade deintervenes de enfermagem que auxiliem as pessoasno enfrentamento da doena e suasconseqncias, visando reabilitao e melhoria da qualidade devida(6).Na verdade, a evoluo da enfermagem emoncologia como especialidade nas ltimas dcadasmostra um grande progresso da prtica profissional,especialmente no cuidado do paciente com uma doenacomplexa. Observa-se um extraordinrio e crescenteentendimento do cncer como um problema nos biolgico, mas tambm social,econmico e psicolgico(7-8).Inicialmente, as enfermeiras atuavam no cuidado dito de"cabeceira" e se limitavam a medidas de conforto para pacienteshospitalizados e tratamento paliativo para os pacientesterminais. Porm, a atuao da enfermeira emoncologia cresceu com o advento dos protocolos teraputicosconduzidos com novos agentes antineoplsicos. Junto comeles, vieram os ensaios clnicos necessrios boa prtica do profissional da sade, que,por sua vez, trouxeram a necessidade de um trabalho conjunto daequipe multidisciplinar, incluindo a Enfermagem. Assim, oenfermeiro voltou-se para a pesquisa clnica, e seuscuidados se estenderam s comunidades(7).Com o crescimento da demanda para a enfermagem em oncologia,houve o estmulo para o seu desenvolvimento comoespecialidade, sendo esta a razo formal que levou aoaparecimento das organizaes de enfermagemoncolgica, da insero da oncologia nasgrades curriculares dos cursos de graduao dasreas da sade e dos cursos deespecializao, de atualizao,dentre outros(6).Assistir em oncologia visa proporcionar pessoa umaumento da expectativa de vida com qualidade e nosimplesmente a cura da doena. Mesmo atuando sob o modelobiomdico, o cuidado de enfermagem, por sua vez, tem, emsua essncia, assistir ao ser humano em sua totalidade,observando a relao bio-sociocultural. Portanto, aassistncia de Enfermagem no cotidiano do cuidar deve serefletir numa atuao de qualidade direcionada parao ensino do autocuidado, com o objetivo de resguardar a autonomiae a melhoria da qualidade de vida dos clientes e, ainda, permitiro reconhecimento e a valorizao do profissional aoestabelecer uma relao positiva e empticaentre quem cuida e quem cuidado(9).Nesse enfoque, a assistncia de enfermagem em oncologiapossibilita a interveno em diversosnveis: na preveno primria e napreveno secundria; no tratamento docncer; na reabilitao; e na doenaavanada. Nesse sentido, a assistncia de enfermagemem oncologia evoluiu como um assistir que tem foco no paciente,famlia e comunidade, visando a educao,provendo suporte psicossocial, possibilitando a terapiarecomendada, selecionando e administrandointervenes que diminuam os efeitos colaterais daterapia proposta, participando na reabilitao eprovendo conforto e cuidado(10).No que se refere atuao napreveno primria, as enfermeirasso vistas pela populao e pelasautoridades pblicas em cncer como lderesnesse tipo de ao ao informar e educar apopulao, ao avaliar indivduos, aoidentificar grupos de risco para a doena e ao sugeririntervenes que modifiquem comportamentos derisco(10).Educar o paciente e sua famlia parteintegrante e fundamental do tratamento do cncer, emespecial considerando-se os bolses de pobreza emisria, acompanhados de nveis precrios deeducao escolar, que levam desinformao e dificuldade de acesso aservios de sade em muitas regies doBrasil. Assim, a enfermeira responsvel porassegurar aos indivduos e comunidade a compreensoe o entendimento do processo da doena, suapreveno e seu tratamento, capacitando-os paratomar a deciso de cuidar da prpria sade epermitindo-lhes, ento, desenvolver estratgias deenfrentamento da doena.Neste sentido, o profissional de enfermagem parece ocupar umlugar importante junto clientela no dia-a-dia datrajetria teraputica, diferentemente de outrosprofissionais da equipe multidisciplinar, pois ele quemrecebe esse paciente, avalia-o, realiza procedimentos e encaminhaos problemas que no so de sua alada. Porser o profissional acessvel para conversar ou esclarecerdvidas, muitas vezes reconhecido como oprincipal elo entre os membros da equipe de sade.Nessa perspectiva, torna-se imprescindvel umareflexo sobre a prtica de enfermagem no sentidoda exigncia de um conhecimento amplo, tecnolgico ehumano, sobre os cuidados necessrios a essa clientelaespecfica e sobre os desafios para suaaplicao. Cabe ressaltar a questo da formaoacadmica em Enfermagem, que persiste apresentando lacunasno que tange aos contedos tericosespecficos relacionados ao cncer, bem como brecha existente entre a preparaotcnica/cientfica e a prtica docuidar(11).Quando deparamos com a pobreza e seus dficitseconmicos e sociais e a prtica do cuidado em si,dilemas e conflitos emergem e nos damos conta de que assolues necessrias transcendem ao nossocampo de ao, abarcando questesestruturais, econmicas e sociais.Por exemplo, situaes de extrema pobrezaconstituem um desafio significante no tratamentooncolgico e no servio de visita domiciliar emoncologia. O planejamento das intervenes deEnfermagem, bem como de todo o processo teraputico nessecaso, pode falhar, diante da falta de alimento, decondies sanitrias adequadas, decondies de locomoo e transporte,de capacidade cognitiva para o aprendizado, dentre outros. Noentanto, apesar desses problemas, principalmente a visitadomiciliar em oncologia parece estar contribuindo para amanuteno da qualidade de vida e a expansodo cuidado paliativo domiciliar(12).Assim, assistir a pessoa em situaes de pobrezae baixo desenvolvimento humano constitui um desafio para aEnfermagem em oncologia, visto que as aesnecessrias para preveno, tratamento ereabilitao vo da baixa altacomplexidade, gerando a necessidade de criatividade na abordagemdirecionada para o cuidado e ensino, e tambm anecessidade de insumos tecnolgicos diagnsticos eteraputicos, os quais nem sempre estoacessveis populao emsituao de pobreza.CONCLUSOO cuidado de Enfermagem deve ser exercido baseado no respeito dignidade humana, a compaixo, aresponsabilidade, a justia, a autonomia e as interrelaes, considerando sempre a solidariedadeuniversal, visando ao benefcio das pessoas cuidadas e doscuidadores(13). enfermagem cabe lidar com a realidade freqenteno dia-a-dia da assistncia em oncologia, na qualdesenvolve uma prtica resolutiva que deve esclarecer,orientar e adaptar condutas teraputicas ssituaes emergentes inerentes pessoa comcncer. Trata-se de uma prtica que utiliza atecnologia de ponta articulada a um cuidado humanizado, fato queamplia a dimenso da assistncia prestada, agregandoao cuidar os valores humanos de cada enfermeiro, os quaissero determinantes da qualidade do cuidadoprofissional(14).Essa lida inclui ouvir, observar, refletir e agir, de maneiraque inclua o indivduo, programando os cuidados emconjunto com os clientes, respeitando seu querer, seus valores eseus hbitos, expandindo sua capacidade de se cuidar,resgatar ou manter sua sade. Nessa concepo, o cuidado de enfermagem abre-secomo uma possibilidade de atender s demandas dessesegmento populacional em situao de pobreza, quechega aos servios especializados em oncologia com umadiversidade de necessidades, as quais no estorestritas ao acesso ao tratamento antineoplsico, masacrescidas de carncias relacionadas a fatoressocioeconmicos e culturais.Assim, apesar de grande parte da atuao deEnfermagem estar relacionada ao ambiente hospitalar,conseqentemente pautada no modelo biomdico,no se restringe apenas ao tratamento que visa cura. Est essencialmente voltada para a pessoa,vivenciando seu processo sade-doena, com enfoquena promoo do bem estar e da sade. Dessaforma, o enfermeiro resgata as origens de sua profisso,que est direcionada ao ser humano e no patologia(15). Nisso consiste o desafio permanente doassistir na Enfermagem em oncologia.REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS1. Rocha S. Pobreza no Brasil. Afinal do que se trata? Rio de Janeiro (RJ): Editora FGV; 2003.[Links]

2. Kligerman J. O cncer como um indicador de sade no Brasil. Rev Bras Cancerol 1999 julho-setembro; 45(3):5-6.[Links]

3. Programa das Naes Unidas para o Desenvolvimento. [homepage na Internet]. Brasil: Programa das Naes Unidas para o Desenvolvimento; [acesso em 2006 novembro 30]. Relatrio do Desenvolvimento Humano 2006; Disponvel em: http://www. pnud.org.br/rdh/[Links]

4. Instituto Nacional de Cncer. [homepage na Internet] Brasil: Instituto Nacional de Cncer; [acesso em 2006 novembro 30]. Estimativas 2006: Incidncia de Cncer no Brasil; Disponvel em: http://www.inca.gov.br/estimativa/2006/index[Links]

5. Instituto Nacional de Cncer. [homepage na Internet]. Brasil: Instituto Nacional de Cncer; [acesso em 2006 julho 2]. INCA: viso e misso; Disponvel em: http://www.inca.gov.br/conteudo[Links]

6. Camargo TC. O ex-sistir feminino enfrentando a quimioterapia para o cncer de mama: um estudo de enfermagem na tica de Martin Heidegger. [tese]. Rio de Janeiro (RJ): Escola de Enfermagem Anna Nery/UFRJ; 2000.[Links]

7. Yarbro CH. The Oncology Nurse. In: De Vita VT Jr, Hellman NS, Rosenberg AS, organizadores. Principles and Practice of Oncology. Philadelphia (PEN): J.B. Lippincott; 1997. p. 2917-23.[Links]

8. Guedes MTS, Nascimento MAL, Tocantins FR. Cuidado de enfermagem prestado ao cliente em ps-operatrio tardio de laringectomia total: concepes de sade-doena. Anais do 12 Seminrio Nacional de Pesquisa em Enfermagem; 2003 abril 27-30; Porto Seguro; Brasil; 2003.[Links]

9. Camargo TC, Souza IEO. Ateno mulher mastectomizada: discutindo os aspectos nticos e a dimenso ontolgica da atuao da enfermeira no Hospital do Cncer III. Rev Latino-am Enfermagem 2003 setembro-outubro; 11(5):614-21.[Links]

10. Ades T, Greene P. Principles of Oncology Nursing. In: Holleb AI, Fink DJ, Murphy GP, organizadores. American Cancer Society of Clinical Oncology. Atlanta (GEO): American Cancer Society; 1991. p.587-93.[Links]

11. Rojo AP, Celis JJ, Restrepo JO, Cano EV, Ramrez LMC. Primer acercamiento al paciente com cncer: nuestra experincia en el cuidado como estudiantes de enfermera. Invest Educ Enferm 2005 september; 23(2):148-52.[Links]

12. Camargo TC. Home-care nursing in Brazil. Int Cancer Nurs News 2006; 18(4):9.[Links]

13. Molina ME. La tica em el arte de cuidar. Invest Educ Enferm 2002; 20(2):165.[Links]

14. Rosa AS, Cavicchioli MGS, Brets ACP. O processo sade-doena-cuidado e a populao em situao de rua. Rev Latino-am enfermagem 2005 julho-agosto; 13(4):576-82.[Links]

15. Guedes MTS. Tecnologia do cuidado de enfermagem: uma interveno resolutiva para o portador de fstula faringocutnea [dissertao]. Rio de Janeiro (RJ): Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro; 2004.[Links]

Recebido em: 9.3.2007 Aprovado em: 18.8.2007