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Cap. 9 - As profissões são necessárias? FREIDSON

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Cap. 9 - As profissões são necessárias?

FREIDSON

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As “Profissões” na moderna força de trabalho

Pressuposto (Freidson): Profissão: “o que quer que seja, representa o tipo de trabalho que as pessoas fazem para ganhar a vida” (p. 192)

Distinção “grosseira e ambígua” (Classificação Ocupacional americana) entre a camada técnico-profissional e trabalhadores de vendas ou de escritório (distinção hierarquizada). Logo, há Necessidade de “vincular prestigio, educação e renda às

circunstâncias institucionais que envolvem a maneira como trabalham, circunstâncias que refletem e auxiliam sua posição relativa e que nos ajudam a diferenciá-las substancialmente de outras ocupações.” (p. 193)

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Noções de mercado dual de trabalho

Identificam condições que podem ser usadas para explicar variações de poder e prestígio entre ocupações (Michel Piore e Richard Edwards)

Piore definiu dois setores principais da população trabalhadora com base em sua relação com as políticas de contratação e promoção das empresas empregadoras (p. 193):

Setor secundário: “pessoas que têm empregos intermitentes, ganham baixos salários, fazem um trabalho sujo e não especializado e estão sujeitas à supervisão arbitrária e próxima de seus superiores”. Trabalhador não especializado, o temporário, o subempregado

e outros membros mal remunerados da força de trabalho – os jovens, as mulheres, os negros e as minorias de língua espanhola

Empregos variados e transitórios; poucos direitos ou privilégios trabalhistas,quando os têm; não são organizados em sindicatos ou entidades parecidas.

“Nem forçando a imaginação poder-se-ia chamar de profissional alguém que trabalha no setor secundário”

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Setor primárioemprego estável, alguma forma de direitos trabalhistas e garantia de

emprego

Camada superior Carreiras profissionais

vitalícias, estáveis e relativamente seguras em ocupações específicas identificáveis

Vitaliciedade: práticas institucionais que exigem credenciais específicas

Caráter: úteis a mais de uma empresa = possibilidades de mudanças (internas e externas)

Possuem maior autonomia e arbítrio na realização do trabalho

Quando supervisionados, serão por outro membro de sua própria ocupação

Especialistas em tempo integral

Camada inferior Trabalhadores da produção e

da administração Posições estáveis e

protegidos por normas da antiguidade

Permanência: pela antiguidade e pela participação igualitária nos benefícios adicionais e perspectivas de aposentadoria e promoção

Trabalho regulado por normas, procedimentos formais e trabalho cada vez mais mecanizado

Natureza dos empregos: determinada por planejadores administrativos e gerentes; específica das necessidades exclusivas da empregadora

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PROBLEMA: TRABALHADORES QUE NÃO SÃO CONSIDERADOS PROFISSIONAIS

Oficiais: trabalhadores fabris Aprendizado no próprio serviço ou em escolas

vocacionais secundárias São credenciados e vitalícios

Técnicos Treinamento específico para um conjunto de

títulos do emprego Faculdades de dois anos (tecnólogos?)

Outros profissionais: formação variada e mais geral

Gerentes: sem credenciais educacionais; ↑ possibilidade de promoção; expectativas que tenham uma educação universitária geral

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Resumo: Características comuns aos profissionais: algum tipo de

treinamento; são empregadas com base no peso de suas credenciais de treinamento Contudo, as credenciais diferem amplamente na sua

capacidade de garantir emprego: Direitos adquiridos legalmente: exclusividade Graduação Geral: credenciais “usadas como critérios

de emprego exclusivamente por causa da boa vontade, conveniência ou preconceito do consumidor de trabalho ou do empregador” (p. 195)

Os profissionais são especialistas em tempo integral: não são amadores- trabalho é considerado competente- quando envolve consultas: peritos; conhecimentos e competências especializados: expertise

Todas as ocupações podem ser caracterizadas por alguma forma de credencial (treinamento formal) ou background (no caso da educação geral)

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Diferenças sobre as cprofissões (p. 195-196) Collins: qualquer forma de credenciamento é

suficientemente importante para ser exclusiva e discriminatória: agrupa oficiais com outros

Ehrenreichs e Gouldner: agrupam gerentes com profissionais

Bell: exclui os gerentes e define um agrupamento técnico-profissional hierarquizado

Wilenski, Etzioni e Goode: apenas ocupações exclusivas, bem estabelecidas, prestigiadas e fortemente credenciadas (medicina,direito e auditoria contábil pública certificada)

Freidson e Terence Johnson: capacidade de autocontrolar-se e auto-regulamentar-se: uma pequena proporção

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O espectro da crítica das profissões

Denominadores relacionados às noções de profissões: expertise, credencialismo e autonomia

Três posições críticas das profissões: Defendem a reforma das

profissões,sem mudanças no credenciamento

Abolição das instituições de credenciamento, mas não das tarefas

Contra a preservação das ocupações especializadas; abolição da expertise ocupacional

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Reformadores do profissionalismo: políticos conservadores, liberais e radicais Sustentam a posição especial das profissões,

porém: “As profissões são criticadas não porque envolvem especialistas credenciados, nem porque se considera que a maioria de suas pretensões a um conhecimento e competências especiais valiosos para a sociedade são essencialmente falsas, mas, antes, porque se percebe que funcionam inadequadamente e porque as remunerações que seus membros recebem por seu trabalho são maiores do que é apropriado. Precisam de reforma e não de abolição. “ (p. 197)

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Reformadores Conservadores: redução da interferência do Estado e a

reforma das profissões a partir de dentro (recrutamento de tipo certo de pessoa para uma escola profissionalizante; reforma da educação profissional e ao fortalecimento de processos de auto-regulação dentro das instituições profissionais)

Liberais: maioria dos autores que louvam, mas não desconhecem as imperfeições das profissões: “Enfatizam a importância de manter e reforçar os

processos reguladores do Estado e as pressões de consumidores, com a simultânea redução das capacidades das instituições profissionais de resistir a essas forças ‘externas’.” (p. 197)

Radicais: importância da economia política Importância da economia política: “é o poder do

capitalismo e sua orientação para o lucro privado que corrompem as metas e o desempenho profissionais e desviam os profissionais do servir ao bem comum” (p. 197)

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AbolicionistasAlvo: apenas as profissões cujas credenciais são

exclusivas (gerentes não são citados) Economistas neo-radicais (Milton Friedman): se

abolido o credenciamento exclusivo = mercado livre = competição intensificada entre e dentro das ocupações acarretaria uma melhoria na qualidade do trabalho, desenvolveria maneiras inovadoras de realizá-lo e reduziria custos para o consumidor,

Populistas, anarquistas e advogados de consumidores: Trabalhadores livres para fazerem o trabalho que

quiserem; consumidores livres para procurarem produtos e serviços, segundo os suas próprias escolhas e critérios

Solução de mercado livre: base mais moral que econômica (limitações à demanda de serviços, à compra e uso de remédio, à liberdade de realizar diagnóstico e tratamento em si mesmo....p. 198)

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...Abolicionistas Racionalistas corporativos: atacam o credencialismo

mais em termos de eficiência do que de liberdade econômica e pessoal. São políticos e administradores de alto nível

Instituições profissionais: obstáculos à eficiente alocação e coordenação do trabalho para fins produtivos específicos

Atacam a idéia de que as profissões têm o direito de recusar-se a realizar todas as tarefas profissionais exceto um núcleo definido delas, e de impedir qualquer outro trabalhador de realizar qualquer parte das tarefas que reivindicam, pouco importando quão triviais ou não-especializadas possam ser essas tarefas

Atacam a rigidez/inflexibilidade da alocação de tarefas que traz a idéia de credencialismo

Buscam para si mesmos o poder racional de planejar, alocar e coordenar as tarefas, à luz de suas próprias metas políticas e suas necessidades administrativas = controle sobre o trabalho

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...Abolicionistas Novas carreiras: representaria os trabalhadores

(mais explicitamente trabalhadores subprofissionais) Credencialismo: restrição à possibilidade de

mobilidade (ascendente) = valorização da experiência de trabalho acumulada, da prática e da aquisição de competência no trabalho

- Ascensão sem ter que voltar à escola

Abolicionistas institucionais: envolvem licenciamento, credenciamento, regulamentação de mercados e

programas exclusivos de treinamento

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Abolicionista genérico Ivan Ilich: vai além de atacar as formas

sociais da expertise. Ataca a própria idéia de expertise, a própria experiência ocupacional. “Ataca a dependência que se cria quando

indivíduos ou empresas produzem recomendação, ou um serviço,ou um produto que as pessoas vêm a considerar indispensável” (p. 199)

Natureza incapacitadora dos consumidores “Os especialistas, pelo simples fato de exisitrem,

desestimulam as pessoas a aprender a fazer as coisas por si mesmas e a confiar em sua comunidade” (p. 199). = desestimula o pleno desenvolvimento das capacidades humanas

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A expertise é necessária? Profissional em oposição a amador; expertise em

relação ao trabalho amadorístico Para Freidson:

Todas as pessoas têm a a mesma capacidade potencial e são capazes, portanto, de aprender todas as habilidades especiais que constituem o universo do trabalho

“Quando elas não usam um desses potenciais e, ao invés disso, se apóiam em (ou se submetem a) opiniões, serviços ou bens de um especialista, sua ‘liberdade de aprender,ou de curar,ou de agir por conta própria’ (ILICH) reduziu-se, e extinguiu-se um potencial de uma ação independente. A existência e o emprego de especialistas podem ser consideradas incapacitantes dos consumidores”. (p. 200)

O especialista tb pode achar “que a própria especialização é incapacitante, porque tem o potencial de fazer muitas coisas mas faz apenas aquela única: suas preocupações tornam-se estreitas e limitadas” (p. 200).

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Será possível conceber uma sociedade em que as pessoas não sejam especialistas em tempo integral?

Apenas quando as necessidades das pessoas são muito modestas e seu modo de vida muito simples

Tempo Prática freqüente e repetida para a manutenção de uma

competência A abolição das profissões incapacitantes exigiria a redução

das necessidades e dos bens e serviços disponíveis Posição reformista: como reduzir a dependência em

relação aos especialistas, como eliminar todos os especialistas “desnecessários” e, para os que restarem, como minimizar o alcance da expertise e a magnitude de seu privilégio = credencialismo é uma fonte protetora desse privilégio.

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O credencialismo é necessário? Expertise, como atividade confiável e estável, deve ser

institucionalizada de algum modo para acrescentar plausibilidade às alegações de competência e facilitar a escolha, dentre tantos candidatos (institucionalização na divisão do trabalho). “A expertise numa sociedade complexa é inseparável de

alguma forma de credencialismo, pois há coisa demais para saber para que se possa aprender diretamente; não há outra alternativa a não ser depender de indicadores como as credenciais. O credencialismo pressupõe muitas vezes algum sistema organizado de treinamento convencional, mas pressupõe muitas vezes algum método de certificar e intitular especialistas potenciais por associações ocupacionais, pelo Estado ou por antigos empregadores, consumidores ou professores. “ (p. 202)

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Para o consumidor: escolher um tipo de especialista em um mundo em que há muitos tipos

“[...] problemas inevitáveis de informação e avaliação exigem soluções institucionais arbitrárias. A questão não é saber se o credencialismo como tal é necessário, portanto, mas, antes, se o credencialismo é necessário para a escolha de um tipo específico de conhecimento e competência e se determinadas formas de credencialismo são necessárias. “ (p. 203)

Para os pretendentes ao trabalho: O credencialismo é intrinsecamente excludente (carta

de referência): cria-se um “cercado social” que exclui os competidores potenciais e as oportunidades de trabalho ficam restritas aos credenciados = “ o credencialismo produz desigualdade”.

Na medida que exclui o competente, o credencialismo é injusto e ineficaz.

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“O que pode ser razoavelmente criticado no credencialismo, portanto, não é o fato da

seletividade e da exclusividade, e sim a questão de saber se as bases para a exclusão são justas ou

legítimas” (p. 204)

Credencialismo: inclusão e proteção- Abrigo no mercado: artifício institucional fundamental para motivar as pessoas a investir tempo, esforço e a perder ganhos no período de treinamento necessário para a aquisição de expertise. - seria uma barreira artificial apenas se os indivíduos tivessem liberdade para mudar de emprego livremente (= se o trabalho fosse aprendido numa divisão detalhada de trabalho)

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Solução de Freidson: “Uma solução para os problemas do credencialismo exige,

pois,algo que a literatura crítica ainda não consegue oferecer: em vez de generalizações globais, distinções entre os diversos tipos de trabalho e entre os diversos tipos de credencialismo” .(p. 205)

Vários tipos de credencialismo:- Médicos: profissão cria e transmite seu conhecimento e competência; escolhe a quem vai treinar e suas credenciais são garantidas por leis de licenciamento que mediante pressão a profissão logrou obter do Estado. Ela é o arbítrio autorizado do que é saúde e doença e do que é tratamento aceitável ou inaceitável” = somente os seus membros têm o direito legítimo de avaliar o trabalho uns dos outros e estabelecer padrões para desempenho (auto-regulamentação:cotrole social) (p. 205-206)

Quantidade de arbítrio = autonomia da profissão

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Maioria das profissões: Eficácia de suas credenciais “depende quase

inteiramente da boa vontade e conveniência de seus empregadadores

Flexibilidade, liberdade e margem de manobra em seus empregos: fruto de políticas de pessoal permissivas que (supostamente) reduzem a rotatitividade e a insatisfação em pessoas da classe média sensíveis a status do que a poder ocupacional. (p. 206)

Controle de desempenho: controlado por meios burocráticos e hierárquicos.

Possuem rudimentos de arbítrio na realização de tarefas = o termo autonomia não se justifica

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A autonomia profissional é necessária? “Abrigos no mercado de trabalho são justificados

pelo valor social do trabalho e pelos perigos decorrentes de seu mau uso” (p. 206)

Cultura diversificada = não se pode prescindir de algumas formas de expertise

Confiabiliadade das ocupações em um mercado inteiramente livre = alguma forma de

credencialismo é necessária

Visão de Freidson:- apoiar métodos de constituição e organização do trabalho não degradantes e deformantes para produtores de bem e serviços- apoiar a produção de bens e serviços não incapacitantes para os consumidores

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“A autonomia profissional permite que os trabalhadores enfatizem o arbítrio em seu trabalho, afirmem seu próprio julgamento e responsabilidade

como árbitros de suas atividades” (p. 208) Justificativa dos profissionais sobre a autonomia:

complexidade que exige a necessidade de arbítrio e julgamento caso a caso

Porém, “qualquer serviço ou produto pode ser padronizado e mecanizado” (FREIDSON, p. 208)

“Assim como os pés do consumidor podem adaptar-se a tamanhos de sapatos padronizados, os problemas dos consumidores podem ajustar-se a soluções padronizadas” (p. 208)

Redução do consumidor a categorias padronizadas = opressivo e incapacitante ao consumidor

Redução do arbítrio do produtor no tratamento com consumidores individuais = proletarização do consumidor e inclusão em categorias impróprias.

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As profissões são necessárias? Reformular a questão: A expertise é

necessária? alguns tipos são necessários, mesmo que sejam

discutíveis quais seriam

O credencialismo é necessário? A autonomia radical não é necessária em uma

sociedade que valoriza a escolha individual e a autodeterminação

“A questão das profissões não pode ser tratada em termos radicais: ela é do tipo que exige de nós uma série de escolhas e decisões interligadas.” (p. 211)

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Cap. 10 - O profissionalismo como modelo e ideologia

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Objetivos: Distinguir as limitações caracterísitcas

dos modelos analítico sistemáticos existentes

Proposta de um modelo Discussão de como as profissões

podem ser defendidas pormeio de um modelo analítico e as conseqüências para uma defesa efetiva para a regulamentação das profissões

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Idéia comum de profissionalismo Desenvolve-se de forma passiva: não é

elaborada, sistematizada ou refinada conscientemente, mas se desenvolve a partir do uso social no dia-a-dia.

Muda quando é expandida e articulada por aqueles que pensam conscientemente Língua inglesa (organizadas por si próprias):

usada como instrumento político para tratar com organismos legislativos, mídia e público em geral; usada para representar a profissão não só para as pessoas de fora, mas também para seus membro (“retrato da profissão feito pela profissão”)

Promover e defender a profissão

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Críticas ao Modelo de Profissionalismo Economistas neoclássicos: profissionalismo

como barreira à liberdade individual (oferta e consumo) = modelo analítico do mercado perfeitamente livre

Críticos conservadores e radicais: consideram o profissionalismo como barreira à construção de um sistema planejado de serviços eficientes sujeito ao controle centralizado e monocrático de corporações privadas e do estado = modelo burocrático racional-legal

Radicais: defendem um ideal igualitário, em que todos os trabalhadores (não gerentes ou especialistas) determinariam que trabalho deve ser feito, quem deve fazê-lo e como.

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Um modelo ideal típico de Profissionalismo Profissionalismo: representa um

método de organização de desempenho no trabalho Princípio central: os membros de uma

ocupação especializada controlam o seu próprio trabalho (= determinam o conteúdo do trabalho que fazem)

Controle absoluto: pressupõe o controle das metas, dos termos e das condições do trabalho, bem como os critérios pelos quais ele pode ser avaliado legitimamente. (p. 218)

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Modelo para que as ocupações ganhem e mantenham controle Atenção a métodos de controle: de recrutamento

e treinamento, de ingresso no mercado de trabalho sob condições que permitam ganhar a vida com o trabalho e controle sobre os procedimentos e critérios pelos quais é organizado e avaliado o desempenho no trabalho. (p. 218)

Afastar o controle do trabalho de consumidores individuais e executivos: apenas se o Estado lhe tiver delegado poder para isso.

Profissão torna-se um corpo corporativo organizado ou pela ação do Estado, ou independente dele

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Persuasão do Estado Premissas:

Corpo organizado identificável Estado (detentores de poder) deve ser

persuadido de que o corpo de conhecimento e competência atribuído à ocupação apresenta um caráter especial:

Importância cultural, caráter invulgarmente complexo e esotérico e sua superioridade sobre o conhecimento e competência alegados por ocupações concorrentes (=os leigos não seriam capazes de avaliar o competente e o incompetente ou julgar a qualidade do trabalho)

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Arranjos institucionais que tornem plausível a auto-regulação (p. 219)

Métodos seletivos/restritivos de recrutamento (critérios de capacidade/probidade)

Manutenção de instituições de treinamento padronizadas (garantia de competência aceitável)

Exigência para autorizar o trabalho (após conclusão de treinamento)

Confiabilidade (bom caráter) = códigos de ética

Fiscalização = revisão pelos pares

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Interesses materiais garantidos e controle sobre o trabalho = desenvolvimento de compromisso vitalício = inovação e expansão do corpo de

conhecimento e competência (encontrar novas aplicações práticas)

Proteção da integridade da profissão e do trabalho = monitorar e corrigir o trabalho uns dos outros, ou mesmo expulsar, os

divergentes, quando for o caso.

Coleguismo: elemento central do modelo profissional Visa a proteção contra a concorrência de outros trabalhadores

Piso de rendimento básico: Limitar a competição econômica entre os seus membros

Estabelece-se uma “atmosfera colegial e igual dentro da profissão em que as maiores remunerações são simbólicas “ (ver Parsons p. 220)

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Virtudes do profissionalismo

Economistas e planejadores (empresas corporativas e Estado) estão perfeitamente cientes do modo como versões empíricas do modelo profissional dificultam os seus objetivos. Comoreensivelmente, eles não se alongaram sobre as suas virtudes. Antes, repisaram as virtudes do que alegam que será ganho com suas próprias alternativas, uma vez removido o obstáculo do profissionalismo – mais bens e serviços a preços mais baixos e com maior variedade, mais inovação, mais previsibilidade e confiabilidade, maior eficiência e coisas similares. “(p. 221)

Uma vez concebido “o profissionalismo como um modelo, podem-se identificar virtudes potenciais que somente o pensamento comum negligencia” (p. 221)

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Sobre a inovação Parece indevido imputar ao

profissionalismo a função de pensamento crítico e a criação de novas idéias e conhecimentos, a que são funções atribuídas a estudiosos e cientistas(p. 222). Porém:

Freidson inclui eruditos e cientistas entre as ocupações que se assemelham ao modelo ideal de profissionalismo e “quando exploram seus próprios conceitos e teoriase não paenas satisfazem passivamente demandasdos outros, asprofissões praticantes também produzem novos conhecimentos e técnicas” (p. 221) = profissionais que cumprem o papel de docente

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A impropriedade da defesa corrente Poucas pessoas de fora das profissões a

defenderam Sociólogos, cientistas políticos, planejadores

atacaram as profissões, seja em relação aos aspectos excludentes, ou como obstáculos.

Aqueles que as defendem (normalmente profissões reconhecidas), tem estimulado táticas mais reativas do que defensivas (médicos X advogados)

“Quando a posição das profissões interfere seriamente com os interesses econômicos e políticos do capital ou do Estado, o Estado tem o poder de mudar a opinião pública e reduzir o apoio a instituições profissionais [...] os profissionais não tem qualquer poder tangível próprio.” (p. 225).