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índice

Publicação Ofi cial do Instituto de EngenhariaAv. Dr. Dante Pazzanese, 120 - Vila Mariana São Paulo - SP - 04012-180www.iengenharia.org.br

PresidenteEdemar de Souza Amorim

Vice-presidente de Administração e FinançasCamil Eid

Vice-presidente de Atividades TécnicasPaulo Ferreira

Vice-presidente de Relações ExternasOzires Silva

Vice-presidente de AssuntosInternos e AssociativosDario Rais Lopes

Vice-presidente de Administraçãoda Sede de CampoPermínio Alves Maia de Amorim Neto

Conselho EditorialEdemar de Souza AmorimMário Izumi SaitoPaulo FerreiraPaulo Soichi Nogami

Jornalista ResponsávelFernanda Nagatomi - MTb 43.797

RedaçãoAv. Dr. Dante Pazzanese, 120 - Vila Mariana São Paulo - SP - 04012-180Tel.: (11) 3466-9200E-mail: [email protected]

Publicidade(11) 3466-9200

Diagramação / ProjetoAlexandre Mazega (Just Layout)João Vitor Reis / Rodrigo Araujo (Just Layout)Flávio Pavan (Just Layout)

ColaboraçãoAldo Takahashi / Isabel DianinMário Izumi Saito / Paulo Soichi NogamiViviane Nunes

É permitido o uso de reportagens do Jornal do Instituto de Engenharia, desde que citada a fonte e comunicado à redação. Os artigos publicados com assinatura não traduzem necessariamente a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e de refl etir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.

COMISSÃO 04

EDITORIAL 05

DISCURSO 08

ESCOLAS 12

16 HOMENAGEADOS

38 MAÇAHICO TISAKA

50 MOSAICO

52 ARTIGOS

06 EntrevistaKokei Uehara: “Vivi 71% da históriados cem anos da imigração japonesa”

43 Especial

40 NikkeiOs caminhos dos

engenheiros nikkeis

Reminiscências de nikkeis pioneiros na Engenharia

Especial

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comissão

4 Instituto de Engenharia • Especial • Outubro 2008

Instituto de Engenharia decidiu, neste ano do centenário da imigração japonesa no Brasil, ho-

menagear os engenheiros nikkeis, em reconhecimento à contribuição por eles prestada ao desenvolvimen-to deste Estado e do País. Para isso, foi constituída uma comissão com a incumbência de estabelecer a forma de efetivação desse objetivo. Foi de-signado para a coordenação geral do projeto o Eng. Paulo Ferreira, vice-presidente de Atividades Técnicas do Instituto de Engenharia.

Logo de início, a comissão deci-diu homenagear os 100 primeiros engenheiros nikkeis formados no Estado de São Paulo, simbolizando a hoje imensa classe de profissio-nais nessas condições. Estabeleceu-se ainda a realização, no dia 18 de outubro de 2008, de uma sessão especial na sede do Instituto para consolidar a homenagem.

Numa primeira etapa, foi reali-zado um minucioso levantamento de todos os formados de ascen-dência japonesa, ano por ano, até formar o grupo dos chamados 100 nikkeis pioneiros. As escolas exis-tentes, na época, eram: a Escola Politécnica da USP, a Escola de En-genharia da Universidade Presbite-riana Mackenzie, a Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da USP, a Faculdade de Engenharia Industrial da Pontifícia Universida-de Católica e o Instituto Tecnológi-co de Aeronáutica.

Identificado os nomes dos pio-neiros, teve início o demorado e de-safiante trabalho de localização de cada um deles. Todos os recursos de comunicação foram utilizados para esse fim: ligações telefônicas, apelos a eventuais colegas de tur-ma, comunicados por meio de sites, notícias em jornais e solicitações de colaboração a diversos clubes e

Pelos bastidores

O associações da comunidade nikkei. Foi altamente significativo o apoio recebido da Sociedade Brasileira de Cultura Japonesa e Assistência So-cial - o Bunkyo – e da Associação para a Comemoração do Centená-rio da Imigração Japonesa no Bra-sil que, além de proporcionarem apoio à iniciativa, participaram da busca e permitiram que fosse dis-ponibilizado um efetivo sistema de intercâmbio operacional de infor-mações, via internet, com o Institu-to de Engenharia.

Após alguns meses de inten-so trabalho, com a participação de membros da comissão e de volun-tários, foram localizados todos os homenageados ou as suas famílias, residentes no Estado de São Paulo e ainda nos Estados do Paraná, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais e Rio de Janeiro.

Os contatos permitiram verificar que pouco mais que a metade dos componentes do grupo era falecida, cabendo a algum representante da família comparecesse à cerimônia.

Na etapa seguinte, a comissão passou a cuidar dos detalhes da ce-lebração, quando se decidiu, entre outras providências, pela publica-ção de um número especial do Jor-nal do Instituto de Engenharia a ser distribuído na ocasião. Nele seriam apresentados todos os homenagea-dos com sua fotografia e um resumo

biográfico. Essa tarefa envolveu um esforço incomum de novas e repe-tidas consultas e contatos com as famílias até a obtenção de materiais aproveitáveis para o fim. Implicou ainda numa incansável tarefa de redação de textos e adequação fo-tográfica, por parte de membros da comissão e da equipe especializada do próprio Instituto.

A comissão contou em seus tra-balhos com a colaboração de enge-nheiros de todas as escolas repre-sentadas, inclusive de alguns que se enquadram na categoria de home-nageados, por terem eles conheci-mento próximo de muitos dos seus contemporâneos, podendo facilitar o contato com os mesmos. Recebeu também a colaboração de um gru-po de estudantes nikkeis da Esco-la Politécnica que se prontificou a preparar todo material destinado às projeções, como ainda prestar apoio operacional no dia do evento, juntamente com os jovens univer-sitários da Escola de Engenharia Mackenzie.

À diretoria do Instituto de En-genharia e suas equipes especiali-zadas, aos membros da comissão e a todos que direta ou indiretamente contribuíram para a realização do evento consigno aqui os melhores agradecimentos.

Mário Izumi Saito

Membros da Comissão:Paulo Ferreira(coordenador geral)

Aldo TakahashiDione Mari MoritaGentil NishiokaGuenji YamazoeHiroaki KokudaiMaçahico Tisaka

Mário Izumi SaitoPaulo Soichi NogamiRenato TsukamotoTsuyoshi Kataoka

Homenageados colaboradores:Kazuo Nakashima (Mackenzie)Makoto Nomura (Poli)Shigeo Hirama (Esalq)Tamaaki Sasaoka (FEI)

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editorial

Instituto de Engenharia • Especial • Outubro 2008 5

um dia de inverno há 100 anos, vencendo a resistên-cia de lideranças retrógra-das racistas, terminava no

Porto de Santos a primeira viagem do navio que se tornaria símbolo de um dos mais importantes momentos da criação do Brasil moderno.

As 165 famílias, num total de 781 pessoas, que desceram do Kasato Maru naquela tarde, esperançosas para reconstruir suas vidas naquela terra estranha, não sabiam da dimen-são histórica de sua viagem nem da importância e relevância de seus des-cendentes na construção da nação.

Nos anos seguintes, ainda desa-fiando as duras condições de trabalho, as diferenças culturais, comporta-mentais e de idioma, milhares de fa-mílias seguiram o caminho do Kasato Maru e espalharam-se pelo Brasil.

A comemoração do centenário da viagem que marcou o início da imi-gração japonesa no Brasil não é só um momento de festa e alegria para aqueles que depositaram sua con-fiança, seu trabalho e suas esperan-ças num País distante, mas também um momento de reconhecimento e agradecimento de um País pela con-tribuição inestimável daquelas pes-soas e seus descendentes.

O reconhecimento, nesta ocasião, dos 100 primeiros engenheiros e en-genheira nikkeis, formados nas esco-las de Engenharia de São Paulo, não é somente uma justa homenagem a esses profissionais, mas também um agradecimento aos seus familiares por acreditarem no Brasil e por in-vestirem na construção de uma so-

O alvorecerde uma nação

Eng. Edemar de Souza AmorimPresidente do Instituto de Engenharia

ciedade plural e civilizada.A Engenharia brasileira nestes

100 anos de história pode contar com inúmeros exemplos de sucesso oriun-dos da colônia japonesa que merecem ser destacados. Exemplos como o do arquiteto e urbanista Ruy Ohtake grande nome da arquitetura moder-na, dos engenheiros Maçahico Tisaka e Tunehiro Uono, presidente e vice do Instituto de Engenharia, do Prof. Kokei Uehara, cuja participação ativa na construção das mais importantes obras de infra-estrutura no Brasil.

Hoje, infelizmente, o fluxo foi invertido, o Japão superou seus pro-blemas estruturais de 100 anos atrás, tornando-se uma das maiores econo-mias mundiais e, após décadas em que famílias inteiras desembarcavam nos portos brasileiros, seus descendentes tomam o caminho de volta fugindo das constantes crises brasileiras em busca de um futuro melhor levando em sua bagagem um pouco do Brasil para o Japão, contribuindo para apro-ximar ainda mais os dois países.

A imigração japonesa é um marco na história brasileira pelo desenvolvi-mento econômico e social, pelas con-tribuições à sociedade e ao País, pela beleza de sua arquitetura, cultura e gastronomia, pelos valores familiares e pessoais disseminados e adotados pelos brasileiros.

Para a sorte dos brasileiros, os ha-bitantes da Terra do Sol Nascente fo-ram um dos principais responsáveis pelo alvorecer de uma nova nação, di-ferenciada, aberta, tolerante, acolhe-dora, batalhadora e com um grande futuro pela frente.

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entrevista

6 Instituto de Engenharia • Especial • Outubro 2008

Kokei Uehara:“Vivi 71% da história

dos cem anos daimigração japonesa”

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eO engenheiro civil Kokei Uehara foi um dos primeiros japoneses a se formar no Brasil, pela Politécnica, em 1953. Doutor em Engenharia, foi professor titular da Politécnica e recebeu o título de Professor Emérito após sua aposentadoria. Com 55 anos de atuação, já foi representante da Unesco por 11 anos. Recebeu diversas homenagens, entre elas a condecoração concedida pelo Imperador do Japão. É presidente da Sociedade Brasileira de Cultura Japonesa e Assistência Social

Instituto de Engenharia – Com quantos anos o senhor

saiu do Japão?Kokei Uehara – Eu saí do Japão

com oito anos. Fiz nove no Oceano Ín-dico. E eu estou com 80 aninhos, quer dizer que estou há 71 anos aqui no Brasil, isto é, eu vivi 71% da história dos cem anos da imigração japonesa. Isso me deixa muito comovido.

Instituto de Engenharia – Como era São Paulo naquela

época?Kokei Uehara – O Estado de

São Paulo tinha fazenda de café. Des-de maio de 1888, houve libertação dos escravos, graças a Deus. Então, começou a faltar mão-de-obra. Junto com os outros imigrantes, formamos o que é o Estado de São Paulo, traba-lhando nessas fazendas. Turma de Kokei Uehara - Politécnica 1953

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entrevista

Instituto de Engenharia • Especial • Outubro 2008 7

Instituto de Engenharia – Como estava o Japão naque-

la época?Kokei Uehara – O Japão pas-

sava por dificuldades. A maioria das pessoas estava saindo de lá por ques-tões de sobrevivência. Quando minha irmã e eu viemos para o Brasil, meu pai, minha mãe e as duas irmãzinhas foram correndo até terminar o cais. Foi muito triste esta parte e a última vez que vi meu pai porque infeliz-mente ele morreu durante a guerra.

Instituto de Engenharia – De onde o senhor veio?Kokei Uehara – Eu vim de Oki-

nawa. E lá caiu bomba a cada metro quadrado.

Instituto de Engenharia – Quan-to tempo era a viagem?

Kokei Uehara – Ah! Era mais de 50 dias. Eu vim no Santos Maru. Para mim, é o navio mais importante depois do Kasato Maru. Cheguei ao Porto de Santos no dia 28 de dezem-bro de 1916.

Instituto de Engenharia – O que mais impressionou o se-

nhor, ao chegar ao Brasil?Kokei Uehara – Para mim, o

mais impressionante foi a subida da Serra do Mar. Eu ficava olhando pela janela e via que no meio da mata ha-via bananeiras. Eu pensei: ‘este país é rico mesmo!’.

Instituto de Engenharia – Qual a contribuição japonesa

para a agricultura do Brasil?Kokei Uehara – A imigração

japonesa contribuiu muito para a agricultura brasileira: verduras, legu-mes. Muitas eram importadas. Quem trouxe a soja para o Brasil foram os japoneses. Hoje, o Brasil tornou-se um dos maiores exportadores de soja do mundo. Nós trabalhávamos muito, com chapéu grande e lenci-nho para enxugar o suor. Acredito

que todos os imigrantes passaram por isso. As camisas eram feitas com saco de farinha. E o sapato era uma botina que machucava os pés. Sabe quantos dias de folga, oficialmente, nós tínhamos por ano? Três dias. Sá-bado, domingo e Natal, esquece, mas as folgas eram no dia 1° de janeiro, ano novo; dia 29 de abril, aniversário do Imperador, e dia 2 de novembro, no dia de Finados.

Instituto de Engenharia – Como o senhor se sentiu no

Brasil?Kokei Uehara – Eu encontrei

aqui um carinho tão grande, que, na verdade, eu estava passando de um pequenino japonês imigrante para um pequeno brasileiro nascido no Ja-pão. O Brasil é o país mais japonês do mundo, com 1,5 milhão e os Estados Unidos com 1 milhão. Desses 1,5 mi, 40% são mesticinhos. Então, este é o Brasil. Das cinco criancinhas que vie-ram para cá, no Santos Maru, cinco entraram na USP. Três na Poli, um na Medicina e outro na Biologia.

Instituto de Engenharia – E o senhor entrou em qual curso?Kokei Uehara – Eu entrei na

Poli porque era a única Escola de En-genharia gratuita. Eu tive a honra de ser representante do Brasil na Unesco, mais de 11 anos. O pessoal dizia assim: ‘Nós precisamos aprender com o Bra-sil. O Brasil, tirando o problema de rico e pobre, é um país em que tem todas as famílias, branco preto, amarelo, vi-vendo em paz. É budista, candomblé, é católico vivendo em paz. Vai ser um país símbolo da paz para o mundo.

Instituto de Engenharia – O que o senhor achou da home-

nagem aos cem anos da imigra-ção japonesa?

Kokei Uehara – Eu fico emocio-nado, pois é um reconhecimento do go-verno brasileiro, do governo japonês, da sociedade brasileira e da sociedade japonesa sobre o valor, o trabalho e o sacrifício dos velhos imigrantes. Que esse sacrifício não foi em vão. Nosso centenário é para comemorar tudo isso e mostrar o que é a integração.

Foto:

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discurso

8 Instituto de Engenharia • Especial • Outubro 2008

Introdução

este ato de celebração destinado a homenagear os primeiros engenheiros nikkeis formados em São

Paulo, coube-me o privilégio de ser o porta-voz das cinco escolas de Engenharia mais antigas de São Paulo, as mesmas que incorpora-ram à galeria dos seus egressos as figuras relevantes dessa centúria de pioneiros.

Evidentemente, alguns já se retiraram do cenário da vida. En-tretanto, a presença dos seus fami-liares e amigos tem por finalidade preencher essas lacunas, de manei-ra que nenhum nome desse seleto rol fique sem os aplausos e reve-rências que lhes reservamos neste significativo evento do Instituto de Engenharia, que ainda se insere no ca-lendário de comemorações do Centenário da Imigração Japonesa.

O que têm a dizer as escolas de Engenharia de São Paulo a respeito dos seus ex-alunos nikkeis? Seria pos-sível identificar traços de identidade comuns a esses ci-dadãos procedentes da “terra do sol nascente”, que um dia quiseram se tornar engenheiros no Brasil? Quantos fragmentos do passado devem ser resgatados neste mo-mento de celebração? Arrisquemos algumas respostas para essas questões.

Resgatando os primórdiosSegundo o jornalista Waldir Martins, ao desembar-

carem no porto de Santos, com sua bagagem de espe-rança e otimismo, os 781 pioneiros vinculados ao acordo migratório firmado entre o Brasil e o Japão não pode-riam imaginar como o impacto do seu trabalho, da sua luta e do seu esforço iria contribuir para a construção de um mundo inteiramente novo. Ao longo do processo migratório, que se estendeu mais intensamente de 1908 a 1970, aproximadamente 210 mil imigrantes japoneses vieram para o Brasil e se integraram na formação de uma nova identidade cultural, a nipo-brasileira.

Não se pode negar, contudo, que a construção des-se universo inovador deu-se de forma tímida, tensa e progressiva, colocando em confronto valores e modos de ser inteiramente diversos. Do ethos do povo japonês ressaltavam alguns traços característicos, tais como

No sentimento da honra e cumpri-mento da palavra empenhada; al-ternativas de orgulho e humildade, de autodomínio e explosão; grande afabilidade de trato e notável pro-pensão ao exercício do respeito, da disciplina e da higiene.

Longe de serem apenas estere-ótipos de um povo exótico, essas virtudes já haviam sido reconheci-das pelo jesuíta espanhol Francis-co Xavier, em 1549, por ocasião do primeiro contato de ocidentais com o Japão. Em seus registros mis-sionários, consignou o mais alto apreço pela coragem, simplicidade, orgulho e cortesia do povo japonês, bem como pelas suas qualidades de inteligência e cultura, afirmando literalmente: “Gente de muito juízo

e curiosa de saber, asi nas cousas de Deus, como nas outras cousas da ciência.”

Essa referência traz a lembrança um elemento histó-rico poucas vezes mencionado, o de que os portugueses – tanto missionários, como navegadores – tiveram par-ticipação significativa no desenvolvimento do Japão, nos séculos XVI e XVII, com influências que resultaram na introdução de mais de 350 palavras portuguesas na língua japonesa.

Segundo informação da historiadora e antropóloga Célia Sakurai, chegou a ser editado um dicionário bi-língüe português-japonês, nos idos de 1602, quando o Japão saía da era feudal e ingressava no processo de unificação política e territorial. Pode ser que alguns exemplares dessa preciosidade editorial tenham parti-do do porto de Kobe, em 28 de abril de 1908, a bordo do navio “Kasato Maru”, e tenham sido transportados para as fazendas de café do Oeste paulista, onde esses imigrantes tiveram que fixar as suas primeiras raízes.

Se lembrarmos que mais de dois terços desse pri-meiro contingente humano era alfabetizado e alguns tinham escolaridade superior, faz sentido imaginar que na sua bagagem não havia apenas roupas e utensílios domésticos, mas também uma carga de cultura e uma porção de expectativas auspiciosas. É verdade que al-guns sonharam em ficar ricos rapidamente e depois tiveram que alongar o cronograma dos seus projetos pessoais e familiares. É o caso de lembrar as palavras de Gaston de Bachelard: “Nada é fixo para quem, alter-nadamente, pensa e sonha.”

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Marcel Mendes

Discurso do Prof. Dr. Marcel Mendes, diretor da Escola de EngenhariaMackenzie, no evento em comemoração ao Centenário da Imigração Japonesa

homenageando os 100 primeiros engenheiros nikkeis formados no Estadode São Paulo, realizado no dia 18 de outubro de 2008

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discurso

Instituto de Engenharia • Especial • Outubro 2008 9

A caminho da ascensão socialAs agruras da fase pioneira foram progressivamente

superadas pelo esforço indômito dos que se fizeram agri-cultores para poder ingressar no País e ser admitidos nas fazendas, mas que, depois de algum tempo, revelaram-se mais empreendedores que simples operários, passando a comprar terras e a desenvolver os seus próprios negócios. Nessas novas condições, não demorou a que a produção agrícola se diversificasse e incorporasse elementos de tec-nologia e inovação, contribuindo, também, para a con-solidação desse segmento econômico a organização de associações e cooperativas.

Na década de 1930, enquanto o Japão mobilizava as forças armadas para estabele-cer a sua hegemonia regional, as comunidades de imigrantes e seus descendentes no Brasil não só ga-nharam configuração mais urbana, como lançaram as bases da ascen-são social que estava prestes a ser construída. São desse tempo as pri-meiras presenças de nikkeis nas uni-versidades brasileiras, começando pelos cursos tradicionais, como os de Medicina, Engenharia e Agro-nomia. Depois surgiram os alunos de Farmácia Odontologia e Direito; mais tarde vieram os Bacharelados e Licenciaturas; por último, as car-reiras de Administrador, Economis-ta e Psicólogo.

Essa escalada não foi totalmen-te linear, uma vez que no teatro da 2ª Guerra Mundial, o alinhamento do Japão aos países do Eixo teve o efeito de gerar focos de tensão que inibiram a desenvoltura sócio-eco-nômica da comunidade nipônica no Brasil. Essa situação só foi revertida a partir das tragédias de Hiroshima e Nagazaki, em agosto de 1945, que levaram ao encerramento definitivo do conflito mundial e ao desapare-cimento, no território nacional, dos preconceitos e hostilidades que, recorrentemente, invo-cavam o fantasma do “perigo amarelo”. Em 1952, Brasil e Japão reataram suas relações diplomáticas e em 1954 começou a primeira fase de investimentos japoneses na indústria brasileira.

Nesse cenário de luzes e sombras é que surgiram os personagens primitivos de uma história fascinante, a dos nikkeis nas escolas de Engenharia de São Paulo. Aliás, nas comunidades de imigrantes japoneses e seus descen-dentes pensava-se e agia-se assim: melhor que guardar dinheiro é ter um filho “doutor”. Os exemplos que confir-mam essa visão são inúmeros e eloqüentes.

Foi na década de 1930 que entraram em cena os pri-meiros atores – eram apenas quatro (yon, não shi). No decênio seguinte, esse número saltou para 27. Uma dé-cada depois (1950), o total disparou para quase 150. Ain-da assim, os números absolutos eram pequenos, vindo a crescer significativamente somente após 1960, quando filhos e netos de imigrantes já constituíam uma comuni-dade numerosa no Estado de São Paulo, e essas famílias tinham sido atraídas para os grandes centros urbanos e seus cinturões verdes. Aliás, foi nessa década que os ni-kkeis começaram a ganhar trânsito social, projeção pro-fissional e visibilidade acadêmica. É o caso, por exemplo, de Yokishigue Tamura, que em 1951 tornou-se o primeiro

deputado estadual de ascendência japonesa em São Paulo e de Kazuo Watanabe que, aos 26 anos de idade, tornou-se o primeiro juiz nissei da história da imigração japonesa no Brasil. Isso foi em 1962.

A título de ilustração, menciona-mos o Mackenzie College, depois Es-cola de Engenharia Mackenzie, que de 1900 a 1960, formou 3.462 enge-nheiros, dos quais apenas 88 nikkeis (2,54%). Essa proporção cresceu, e já em 1971 o contingente de nikkeis no Mackenzie subiu para mais de 6% do total de engenheiros. É uma coin-cidência que na Escola Politécnica te-nha se formado o mesmo número de nikkeis, no período que vai dos seus primórdios, até 1960: foram exata-mente 88. Isso representa menos de 2% do número total de engenheiros politécnicos. Mas em 1971, a propor-ção de nikkeis na Escola Politécnica já subia para mais de 13%, refor-çando uma tendência dessa época. Dizia-se, então, como brincadeira: “Se Você quer entrar na Poli, mate um japonês!”

Ainda no tocante à presença de nikkeis nas listas de formandos, pro-movemos o levantamento dos núme-

ros da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz – Esalq, em Piracicaba (SP), compreendendo agrônomos e engenheiros florestais. Desde a primeira turma, em 1903, e até a mais recente, em 2007, a Esalq formou 10.497 pro-fissionais, dos quais 999 são nikkeis, isto é, 9,5% desse universo total de esalquianos. O primeiro de todos eles foi Shisuto José Murayama, graduado em Agronomia em 1942, ano em que o Brasil declarou guerra aos países do Eixo. A propósito dos agrônomos e engenheiros florestais formados na Esalq, cabe referir as palavras do historia-dor Oracy Nogueira: “Ainda está por se fazer um estudo sistemático da influência japonesa na transformação da

“Ao longo do

processo migratório,

que se estendeu

mais intensamente

de 1908 a 1970,

aproximadamente

210 mil imigrantes

japoneses vieram

para o Brasil e

se integraram na

formação de uma nova

identidade cultural,

a nipo-brasileira”

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discurso

10 Instituto de Engenharia • Especial • Outubro 2008

agricultura em São Paulo, do preparo e trato do solo à experimentação agrícola; da criação de variedades mais econômicas à indústria de mudas e sementes; da organi-zação de pequenos estabelecimentos agrícolas e granjas ao cooperativismo e comercialização dos produtos”.

Pioneirismo nadécada de 1930

O destaque inicial cabe ao issei Takeo Kawai, que in-gressou na Escola de Engenharia do Mackenzie College em 1927, ano em que foi fundada nos arredores de São Paulo a Cooperativa dos Plantadores de Batata, futura Cooperativa Agrícola de Cotia. Takeo Kawai formou-se em 1931, ao lado de outros 25 en-genheiros civis, cinco engenheiros-arquitetos, quatro engenheiros me-cânicos-eletricistas e um engenheiro químico – todos brasileiros. Como requisito para a graduação em En-genharia Civil, apresentou “pro-jecto-these” com o seguinte título: “Projecto de uma ponte pênsil sobre o Rio Tietê”. Fez jus a dois diplomas, um nacional, de número 421, expe-dido em 4 de março de 1932, outro norte-americano, de número 396, com o timbre da University of the State of New York. Por razões hoje desconhecidas, Takeo Kawai retirou apenas o diploma brasileiro, em 14 de junho de 1933, deixando de rece-ber o título acadêmico emitido em inglês e chancelado em Nova York. Definitivamente, ele foi o primeiro imigrante japonês a se formar enge-nheiro no Brasil.

Na seqüência dos profissionais oriundos das escolas de Engenharia, segue-se Takeshi Suzuki, graduado engenheiro-arquiteto pelo Macken-zie, em 1933, depois de ter defendi-do tese com o título: Projeto para a construção de um Teatro Moderno, situado entre a Av. S. João, Rua Ipi-ranga, Praça da República e Rua dos Timbiras. Nascido em Tókio, em 25 de setembro de 1908, Takeshi Suzuki cultivou vínculos profissionais com o Mackenzie. Nesse contexto de cooperação, foi vencedor do concurso para o projeto arquitetônico do novo Edifício Chamberlain, que abrigaria no seu interior o tradicional Auditório Ruy Barbosa, inaugurado em 1959, além de dezenas de salas de aula e amplas instalações de apoio. Nesse empreendi-mento, Takeshi Suzuki não só atuou como arquiteto-pro-jetista, mas também como engenheiro-construtor desse monumental prédio escolar, que durante meio século foi a edificação de maior porte do campus da Universidade

Presbiteriana Mackenzie. Este nosso distinto homenage-ado fez, ainda, parte do corpo docente da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo do Mackenzie, a mais antiga de São Paulo.

Quanto ao engenheiro eletricista Schigueru Ono, ade-quadamente arrolado como terceiro nome mais antigo dentre os “nikkeis” e primeiro engenheiro formado na Es-cola Politécnica, em 1935, há, no mínimo, uma curiosidade a ser revelada. Nascido em Kumamoto, Japão, há exata-mente 94 anos, isto é, em 18 de outubro de 1912, Schigue-ru Ono ingressou na Escola de Engenharia do Mackenzie College no ano de 1931, cursando os dois primeiros anos de engenharia. Com a edição do Decreto nº 21.519, de 13

de junho de 1932, que cassou a vali-dade nacional dos diplomas do Ma-ckenzie, criou-se uma crise sem pre-cedentes na instituição protestante, de origem norte-americana. Em de-corrência desse desfecho, 70 alunos do Mackenzie transferiram-se, no mês de maio de 1933, para a Esco-la Politécnica, encontrando-se entre eles Shigueru Ono, que iniciava o seu 3º ano de Engenharia. Desse grupo de mackenzistas que se tornaram politécnicos, fizeram parte algumas figuras que se projetariam no cená-rio profissional e empresarial, tais como: Salvador Arena, empresário empreendedor, que fundou a Termo-mecânica; Nilo Andrade do Amaral, que se tornou o único Catedrático de Concreto Armado da Escola Politéc-nica em sua história, além de Profes-sor Emérito; e Ícaro de Castro Mello, notável esportista olímpico e um dos arquitetos de maior projeção nacio-nal no segmento das instalações es-portivas de grande porte, tais como ginásios e estádios.

Resta-nos, neste tópico, regis-trar ainda o nome do engenheiro eletricista Atsushi Suzuki, formado no Mackenzie em 1936, o quarto na

sequência dos nikkeis e o último da década de 1930. Nas-cido em Tókio, no Japão, em 29 de maio de 1912, Atsushi Suzuki era irmão mais novo de Takeshi Suzuki. Enquan-to que Takeshi foi o primeiro engenheiro-arquiteto japo-nês formado no Brasil, Atsushi tornou-se o primeiro en-genheiro eletricista formado no Mackenzie, pois o curso vinha de uma configuração anterior, que formava enge-nheiros mecânicos-eletricistas. No bojo das adaptações estruturais do Mackenzie College à legislação brasileira, em 1934, foi criada a habilitação exclusiva de engenhei-ro eletricista.

Encerremos, por ora, as referências biográficas indi-

“Nas comunidades

de imigrantes

japoneses e seus

descendentes

pensava-se e agia-se

assim: melhor

que guardar

dinheiro é ter

um filho “doutor”.

Os exemplos que

confirmam essa visão

são inúmeros

e eloqüentes”

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discurso

Instituto de Engenharia • Especial • Outubro 2008 11

viduais dos nossos ilustres nikkeis engenheiros, para ten-tar uma síntese desse universo de personalidades, em que cada um reúne credenciais marcantes, compatíveis com a menção honrosa. Por excesso de luminosidade, é impossí-vel distinguir, nessa constelação, quais são as figuras que projetam mais luz. Tentemos alguns destaques.

Destaques de umuniverso ilustre

Por ordem de antiguidade, não podemos deixar de mencionar o nome do engenheiro de minas e metalurgia Tomio Kitice, graduado pela Escola Politécnica em 1946, pesquisador conceituado e professor das escolas de En-genharia Mackenzie e Mauá. Nessa sequência, comparece o Prof. Dr. Eduardo Riomey Yassuda, forma-do na Escola Politécnica em 1947, que fez carreira na Faculdade de Saúde Pública da USP e em órgãos públicos e autarquias estaduais, sendo responsável, como secretá-rio de Estado dos Serviços e Obras Públicas, pela criação do Cetesb, em 1968. De 1948, ressalta o nome do engenheiro Civil Jihei Noda, do Mackenzie, que se elegeu deputado estadual em 1971, sendo reeleito por mais duas vezes. Do ano seguinte, 1949, destacamos o Prof. Dr. Job Shuji Nogami, docente da Escola Politécnica nas áreas de Tecnologia de Materiais de Pavimentação e Mecânica dos Solos. Ainda de 1949 e da mesma Escola Politécnica, não podemos escapar da menção do engenheiro civil Yojiro Takaoka, o “construtor de sonhos”, que ao lado do seu colega engenheiro-arquiteto Renato Albuquerque, foi o pioneiro dos condomínios ho-rizontais no Brasil, criando os empreendimentos referen-ciais de Alphaville e Aldeia da Serra, em 1973.

Obedecendo a ordem cronológica, destacamos ainda o Prof. Dr. Paulo Soichi Nogami, formado na Escola Politéc-nica em 1950 e docente veterano nas áreas de Engenharia Hidráulica e Sanitária. Da geração de 1951, ressaltamos a figura do engenheiro civil Yasuo Yamamoto, formado pela Escola de Engenharia Mackenzie, que se consagrou como profissional de estruturas de concreto armado, coadjuvado pelo seu filho, engenheiro civil Athayde Rio-ji Yamamoto. Da turma de 1953, da Escola Politécnica, não poderíamos omitir o nome do respeitável e ilustre engenheiro civil Kokei Uehara, Professor Emérito da Es-cola Politécnica e da Fatec, Doctor Honoris Causae pela Osaka City University e presidente da Sociedade Brasilei-ro de Cultura Japonesa e de Assistência Social – Bunkyo. Sem ignorar a relevância de outras personalidades que

integram a lista da primeira centena de engenheiros de origem japonesa, destacamos, por último, o nome de Harumi Ohno, formada na Escola Politécnica no ano de 1957 – primeira mulher a conquistar o título de engenhei-ra, dentre a comunidade dos nikkeis em São Paulo. Isso aconteceu dez anos depois de Vera Maria Junqueira de Mendonça ter sido a primeira engenheira civil da Escola Politécnica (1947).

A todos os arrolados e a cada um dos nominados, as nossas mais vivas e sinceras homenagens.

Palavras finaisPara encerrar a nossa mensagem, que já vai se alon-

gando demais, permitimo-nos acres-centar algumas menções nominais: o Prof. Dr. Célio Taniguchi, ex-dire-tor da Escola Politécnica, por meio de quem cumprimentamos todos os docentes da Escola Politécnica e da Esalq; o Prof. Dr. Fujiô Yamada, ve-terano docente da Escola de Enge-nharia Mackenzie, por meio de quem cumprimentamos o quadro de pro-fessores dessa centenária Escola e da Faculdade de Engenharia Industrial – FEI; o professor engenheiro Hazi-me Sato, Diretor da Escola de Admi-nistração Mauá, por meio de quem cumprimentos os docentes do Centro Universitário Mauá; o engenheiro Civil Maçahico Tisaka, ex-presidente do Instituto de Engenharia, por meio de quem cumprimentamos todos os engenheiros nikkeis de São Paulo. Saudando essas simpáticas persona-lidades, que se destacaram em dife-rentes contextos, queremos reiterar os nossos aplausos e reverências aos

engenheiros nikkeis que, mesmo não tendo sido contados como integrantes da primeira centena, vem contribuindo relevantemente com seu talento, habilidade e disciplina para o crescimento do nosso País.

Não poderíamos esperar menos dessa plêiade extra-ordinária de profissionais, cujos traços étnicos remetem ao povo e à nação que soube reconstruir o seu país – o Japão – depois de ter sido devastado pela guerra; que soube investir em tecnologia de ponta e desenvolveu os conceitos de qualidade total; que se tornou referência mundial nos campos mais diversos da ciência aplicada, das telecomunicações, da nanotecnologia, da robótica, da indústria siderúrgica, automobilística e naval, bem como da construção civil pesada.

Parabéns a todos! As escolas de Engenharia de São Paulo sentem-se orgulhosas de Vocês!

DOMO ARIGATÔ GOSAI MASHITA!

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“Não poderíamos

esperar menos dessa

plêiade extraordinária

de profissionais, cujos

traços étnicos remetem

ao povo e à nação que

soube reconstruir o seu

país – o Japão – depois

de ter sido devastado

pela guerra”

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12 Instituto de Engenharia • Especial • Outubro 2008

Diversas aproximações acontece-ram, seja como intercâmbios, como bolsistas patrocinados pelo Brasil ou pelo Japão. Além dos intercâmbios pessoais, ainda aconteceram inter-câmbios inter-faculdades.

Em 1988, a FCA/Unesp-Botucatu estabeleceu intercâmbios com a TUA - Tokyo Agriculture University. Além d os intercâmbios entre faculdades, também aconteceram os inter-universidades, co-mo o que firmou nossa Esalq-USP com a Hokkaido University, em 1974.

Em 1982, a Unesp firmou intercâm-bio com as TARC - Tropical Agriculture Research Center - e JIRCAS - Japan In-ternational Research Center for Agricul-tural Science -, órgão do Ministério da Agricultura, Florestas e Pesca do Japão.

Em 1999, Esalq-USP com a Ya-maguchi University. Em 2001, Esalq-USP com a TUA - Tokyo University of Agriculture. Em 2001, Unesp com a TUAT - Tokyo University of Agri-culture and Technology. Esses inter-câmbios desenvolveram inúmeros processos técnicos, científicos, ad-ministrativos e comerciais, em vários setores da agroindústria. Cinqüenta e seis professores, pesquisadores e ad-ministradores foram ao Japão em vi-sitas técnicas ou como palestrantes.

Com foco na Gestão e Tecnologia Agroindustrial, já neste século, temos oito participantes como pesquisadores, professores e alunos intercambiários.

Todos esses seletos e ilustres acadêmicos foram os verdadeiros embaixadores da globalização que teve início há um século e se multi-plicam continuamente, favorecendo a pesquisa no ensino e na própria estruturação administrativa das uni-versidades brasileiras, com os mais importantes reflexos à agricultura.

lobalização parece coisa de nosso tempo! Não é. Há cem anos, ligaram-se pontos opostos extremos

do globo, somando experiências e culturas, mesclando etnias – amarela com morena, mulata, negra e branca (a “flor amorosa de três raças tristes”, como identificou o poeta), diversifi-cando mais ainda a miscigenação en-tre as espécies humanas.

Ao lado desta amplificação bioétni-ca agregou-se a aculturação de usos e costumes, na vida social e nas práticas técnicas e científicas. A soma do co-nhecimento milenar oriental se fundiu com a cultura jovem de pouco mais de quinhentos anos e transformou o perfil do País. Nesta breve síntese, podemos vislumbrar o que foi o caldeamento agronômico, zoológico e industrial en-tre as culturas nipônica e brasileira.

As informações mostram como foi grande a contribuição técnica do Ja-pão também para o desenvolvimento das universidades paulistas e para a evolução dos agronegócios brasileiros.

Apesar de a chegada dos imigran-tes japoneses ao Brasil estar comple-tando um século e eles tenham sido encaminhados diretamente para a lida na agricultura, paralelamente houve um intercâmbio técnico-agro-nômico, em seu sentido mais restri-to, que se acentuou no último meio século. Muitas novas espécies, prin-cipalmente de variedades frutíferas, vieram do Japão, até mesmo antes dos registros pelos meios técnicos e científicos brasileiros.

Outros pesquisadores e empreen-dedores, por iniciativa própria, reali-zaram importantes trabalhos cientí-ficos em contato com instituições de pesquisa e de ensino japoneses que redundaram em efetiva e fecunda contribuição, principalmente à hor-ticultura brasileira. Vários pesqui-sadores promoveram intercâmbios formais com outros pesquisadores,

Entre as cerejeiras e os cafezais:100 anos de cooperação

G

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ou com a unidade deles, buscando in-formações no Consulado Japonês.

Não foi possível precisar o núme-ro total de pessoas que desfrutaram dos diferentes meios de intercâmbios como docentes/pesquisadores que re-alizaram estágios ou participaram de cursos de diferentes níveis: graduação, pós-graduação, doutorado ou pós-doutorado dentro das diversas moda-lidades de Bolsas de Estudo oferecidas pelos governos japonês e brasileiro.

Foto:

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Julio Nakagawa e Antonio R. Dechen

Julio NakagawaProfessor Emérito da Unesp / FCA – Botucatu

Prof. Dr. Antonio Roque DechenDiretor da Esc. de Agricultura “Luiz de Queiroz”

“A soma do

conhecimento milenar

oriental se fundiu com a

cultura jovem de pouco

mais de quinhentos

anos e transformou o

perfil do País”

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Instituto de Engenharia • Especial • Outubro 2008 13

cios, a primeira na América Latina na área. Em atendimento ao forte de-senvolvimento da indústria no País, criou também a FEI - Faculdade de Engenharia Industrial. Essas escolas iniciaram suas atividades no bairro da Liberdade, em São Paulo, o famo-so bairro oriental da capital.

Nessa época, a integração dos nikkeis à sociedade brasileira ganha-va mais força. Além da participação ativa na vida política, os nikkeis co-meçaram a despontar em outras áreas. É o caso do engenheiro Sakae Ishikawa Kobayashi, descendente de japoneses, que fez parte da primeira turma do nosso curso de Engenharia Química, formada em 1950. Não de-morou e mais japoneses e descenden-tes concluíam outros cursos. Vários passaram a fazer parte de nosso cor-po docente. Esses fatos se repetiam em todas as grandes escolas de Enge-nharia, o que levou a uma fantástica contribuição dessa comunidade à En-genharia nacional.

Então, só nos resta agradecer aos engenheiros Sakae Ishikawa Kobayashi, Yukihiko Horita, Hirose Yamamoto, Luiz Gonzaga Nakaya, Tamaaki Sasaoka, Ignácio Taira, Issao Yoshida, Tanamati Ioshissa, Sadayoshi Ichi e muitos outros ja-poneses e seus descendentes por te-rem escolhido, e ainda escolherem, o Centro Universitário da FEI para sua formação ou exercerem o ensino da Engenharia.

No entanto, cabe, sobretudo, re-conhecer que esta maravilhosa co-munidade muito contribuiu e conti-nua contribuindo, não apenas para a Engenharia nacional, mas também para o bem-estar da nossa sociedade e o desenvolvimento do Brasil.

quase impossível falar das contribuições da comunidade oriental na Engenharia brasi-leira sem voltar na história

de quando chegaram aqui os seus pri-meiros imigrantes que tanto ajudaram e que, até hoje, ajudam o desenvolvi-mento do País. É difícil olhar para essa comunidade especial sem mergulhar, também, no crescimento industrial do Brasil. A contribuição do povo nikkei está em todas as áreas.

Penso que, quando os 781 primei-ros imigrantes japoneses desembarca-ram em 18 de junho de 1908, do navio Kasato Maru, em Santos, a importân-cia daquele grupo, cheio de esperança e sonhos de prosperidade, era mais importante que seus integrantes ima-ginavam. O Brasil, carente de pessoas para trabalhar na lavoura, precisava muito da sua dedicação e sabedoria em outras áreas. Isto logo se confir-mou. Distribuídos, inicialmente, em lavouras, principalmente em São Pau-lo, os imigrantes aos poucos conquis-taram seu espaço, apesar da enorme dificuldade para se adaptar ao idioma, costumes, clima e tradição.

Na década de 1940, a comunida-de da capital elegia o primeiro vere-ador. O País entrava, então, em uma grande fase de desenvolvimento. Um episódio marcante, entre outros, foi a construção da Usina Siderúrgica de Volta Redonda. A obra foi um marco importante das engenharias civil e metalurgista nacional, seguidas pelas obras da Cosipa e da Usiminas. Na época, a via Anchieta era um canteiro de obras e representava a ousadia e o arrojo da Engenharia paulista.

Todo esse movimento era o pre-núncio do boom industrial que acon-teceu nos anos seguintes. Na época, o padre jesuíta Roberto Sabóia de Me-deiros notou a necessidade do mer-cado por profissionais especializados e fundou, em 1941, a Esan - Escola Superior de Administração de Negó-

Nossa Engenhariasob o sol nascente

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Marcio Rillo

Prof. Dr. Marcio RilloReitor do Centro Universitário da FEI

(Fundação Educacional Inaciana)

“Penso que, quando

os 781 primeiros

imigrantes japoneses

desembarcaram em 18

de junho de 1908, do

navio Kasato Maru, em

Santos, a importância

daquele grupo, cheio

de esperança e sonhos

de prosperidade,

era mais importante

que seus integrantes

imaginavam”

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14 Instituto de Engenharia • Especial • Outubro 2008

ções que apresentem um ensino de qualidade.

A procura pelo ITA, ainda em seus primeiros passos, foi inevitável. O primeiro nikkei — Antonio Hideto Kobayashi — chegou a São José dos Campos em 1951 e graduou-se em En-genharia de Aeronaves em 1955.

Posteriormente muitos outros des-cendentes de japoneses se formaram no ITA. Em 1967, o contingente da turma chegou a 18%. Na minha turma (1970) foi de 15%. Convém ressaltar que, até 2007, o ITA formou um pou-co mais de 5 mil engenheiros e, deste total, cerca 650 foram nikkeis. Muitos deles, como o próprio Hideto, desem-penharam funções de relevância no nosso País e, também, no exterior. O engenheiro Hideto trabalhou na Real Aerovias, na Vasp e na Embraer.

Parabéns ao Instituto de Enge-nharia e à comunidade japonesa no Brasil!

uito me honra participar desta ocasião em que, aproveitando as come-morações aos cem anos

de imigração japonesa no Brasil em 2008, o Instituto de Engenharia ho-menageia os primeiros 100 engenhei-ros de origem japonesa formados no Estado de São Paulo.

O Instituto Tecnológico de Aero-náutica (ITA) nasceu como realização do sonho de um brilhante brasileiro, o Marechal do Ar Casimiro Monte-negro Filho, que vislumbrava, desde a década de 1940, o Brasil como um dos países fabricantes de aviões, mas que, antes, era necessário formar en-genheiros com competência técnica para tal desafio. Este sonho tornou-se realidade com a criação do ITA, em 1950, e da Embraer, em 1968.

Desde então, é cultuado no Ins-tituto o legado deixado por Casimiro Montenegro, ou seja: “formar técnicos competentes e cidadãos conscientes”, perseguindo nada menos que a exce-lência. Esse lema vai de encontro à

Mais de 10% dos engenheirosformados pelo ITA são nikkeis

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tradição cultural dos imigrantes ja-poneses que aqui chegaram e se es-tabeleceram a partir de 1908, tendo sempre a preocupação de garantir a seus descendentes uma boa formação profissional, o que advém de institui-

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Reginaldo dos Santos

Reginaldo dos SantosReitor do ITA

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Vista aérea do Campus

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Instituto de Engenharia • Especial • Outubro 2008 15

transformaram o trabalho em pro-priedades, sem jamais deixar de lado a educação dos descendentes. Esses passaram pelo processo da urbaniza-ção e também nas cidades se desta-caram pela integridade e pela crença incondicional no valor do trabalho, do estudo e do conhecimento.

Menos que um por cento da popu-lação no Brasil é de descendentes de japoneses. Se todos morassem no Es-tado de São Paulo, seriam cerca de 5% da população do Estado. No entanto, a porcentagem de japoneses natos e descendentes que passou e passa por essa Escola Politécnica da Universi-dade de São Paulo é muito maior, en-tre 20% e 25%, nos últimos anos, com miscigenação cada vez mais presente. A história dos descendentes de japo-neses na Escola Politécnica já tem um número riquíssimo de personagens destacados, entre nossos professores, alunos e funcionários.

Por ocasião dos cem anos da Es-cola Politécnica, em 1993, foi feito o obelisco onde se encontra uma placa comemorativa. Hoje, para marcar os cem anos da chegada dos primeiros imigrantes japoneses e agradecer o que eles têm feito pelo País e pela Escola em particular coloca-se no mesmo obelisco uma placa. Em torno do obelisco construiu-se um jardim japonês, uma pequena homenagem, de uma escola de Engenharia que deve um pouco de sua grandeza aos japoneses e seus descendentes. Que essa cerimônia pequena celebre os primeiros cem anos de convívio de um País geograficamente grande com os descendentes de um povo huma-namente grande.

Muito obrigado pelos próximos cem anos.”

m 26 de junho passado, para lembrar os cem anos de imi-gração japonesa, a Escola Politécnica da Universidade

de São Paulo inaugurou um jardim japonês. O jardim está no pátio cen-tral do edifício Eng. Mário Covas Jú-nior, onde funciona a administração da Poli. A área reservada fica junto ao obelisco, que já continha a placa comemorativa de 100 anos da Escola (1993); esse obelisco tem agora tam-bém a placa alusiva ao centenário da imigração japonesa.

Na ocasião, na presença do Sr. Masuo Nishibayashi, Cônsul Geral do Japão em São Paulo, eu como di-retor da Escola Politécnica fiz o se-guinte discurso:

“Em meados do século XIX, um grande povo milenar decidiu se abrir para o resto do mundo. Fez a abertu-ra sem corromper seus valores nacio-nais, culturais, familiares e individuais construídos e mantidos por séculos.

Aprendeu sobre a construção de estradas de ferro com os ingleses e fez trens mais rápidos e mais pontu-ais. Aprendeu sobre fabricação de aço com os europeus e fez as usinas mais produtivas do mundo.

Aprendeu sobre produção indus-trial com os norte-americanos e fez da gestão da qualidade uma ciência aplicada. No país de Henry Ford, en-sinou o Sistema Toyota de produção e cuidados extremos com o desejo do cliente; chegaram até ao pormenor do barulho de motor que mais agrada aos ouvidos dos consumidores norte-americanos.

Em todas as atividades, o povo japonês consegue tirar o melhor do potencial de cada indivíduo, mas valorizando de preferência o grupo, sem deixar ninguém excluído. Cons-truindo decisões, ao invés de tomar decisões, como nós ocidentais gos-tamos de dizer e fazer, levam sempre grande vantagem nos prazos de reali-

Inauguração do Jardim Japonês

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zações de planos.Um povo de tradição agrícola, ao

emigrar e conhecer um novo solo nes-sa América do Sul, cem anos atrás, aprendeu a tirar o melhor da terra, ensinando aos locais.

Esses novos brasileiros não fi-caram na situação de colonos. Logo

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Ivan Gilberto Sandoval Falleiros

Prof. Dr. Ivan Gilberto Sandoval FalleirosDiretor da Escola Politécnica da USP

(Universidade de São Paulo)

“Esses novos

brasileiros não ficaram

na situação de colonos.

Logo transformaram

o trabalho em

propriedades, sem

jamais deixar de

lado a educação dos

descendentes”

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homenageados

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Homenagem aos 100 primeiros engenheirosnikkeis formados no Estado de São Paulo

TURMA NOME MODALIDADE ESCOLA

1931 TAKEO KAWAI CIVIL MACK

1933 TAKESHI SUZUKI ENGENHEIRO ARQUITETO MACK

1935 SCHIGUERU ONO ELÉTRICA POLI

1936 ATSUSHI SUZUKI ELÉTRICA MACK

1940 MASAO SUGAYA CIVIL POLI

1942 JORGE TAQUEDA CIVIL ELÉTRICA MACK

SHISUTO JOSÉ MURAYAMA AGRONOMIA ESALQ

1943 HAJIMU OHNO CIVIL POLI

MASSAMI HIROTA MECÂNICA – ELÉTRICA POLI

1944 KIRA YSSAO CIVIL POLI

SHINICHI KUBO MECÂNICA – ELÉTRICA POLI

1945 KAOL SUGIMOTO INDUSTRIAL MACK

1946 JORGE WATANABE CIVIL POLI

TOMIO KITICE MINAS E METALURGIA POLI

1947 EDUARDO RIOMEY YASSUDA CIVIL POLI

KAZUO SAKAMOTO CIVIL MACK

MASSAKAZU OUTA QUÍMICA POLI

QUINCAS KAJIMOTO CIVIL POLI

SIUCO IBA AGRONOMIA ESALQ

1948 JIHEI NODA CIVIL MACK

MINEO ISHIKAWA CIVIL MACK

SHIGUEHARO DEYAMA MECÂNICA – ELÉTRICA POLI

1949 EDMUNDO TAKAHASHI CIVIL POLI

GOITI SUZUKI CIVIL POLI

GOO SUGAYA CIVIL POLI

ITSURO MYAZAKI AGRONOMIA ESALQ

IZUMI YUASA CIVIL MACK

JOB SHUJI NOGAMI MINAS E METALURGIA POLI

LUIZ SATTO JUNIOR AGRONOMIA ESALQ

MASAYUKI FURUYA QUÍMICA POLI

RENATO TERUO TANAKA CIVIL POLI

YOJIRO TAKAOKA CIVIL POLI

1950 GEN TSUNASHIMA CIVIL POLI

PAULO SOICHI NOGAMI CIVIL POLI

ROMEU BATISTA SUGUIYAMA CIVIL POLI

SAKAE ISHIKAWA KOBAYASHI QUÍMICA FEI

SIGUER MITSUTANI CIVIL POLI

TUYOSHI YOSHIMURA CIVIL MACK

YOSHIHIKO MIO CIVIL POLI

1951 AYRSON IABUTTI CIVIL POLI

HIROSE YAMAMOTO MECÂNICA FEI

IWAO INADA AGRONOMIA ESALQ

KIYOSHI KATO CIVIL MACK

NODA HIROSHI AGRONOMIA ESALQ

SANCHO MORITA MECÂNICA – ELÉTRICA POLI

SHIRO MIYASAKA AGRONOMIA ESALQ

TAKEKI TUBOI AGRONOMIA ESALQ

TETSUAKI MISAWA CIVIL POLI

TSUGIO HATANAKA ENGENHEIRO ARQUITETO MACK

YASUO YAMAMOTO CIVIL MACK

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homenageados

Instituto de Engenharia • Especial • Outubro 2008 17

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YUKIHIKO HORITA QUÍMICA FEI

1952 CHINYA ASSAHINA QUÍMICA POLI

CIÃO ENDO AGRONOMIA ESALQ

HIDEO HAIBARA CIVIL POLI

HISSAO MOMOI CIVIL POLI

KANEMITSU IDEMORI CIVIL POLI

KAZUNORI NISHIMURA CIVIL ELÉTRICA MACK

KAZUO NAKASHIMA CIVIL MACK

MINORO ITTO AGRONOMIA ESALQ

MITOMU SIMAMURA CIVIL POLI

NATALINO BABA AGRONOMIA ESALQ

SATYRO SAKAMOTO CIVIL ELÉTRICA MACK

SHIGUEO UENO CIVIL POLI

YOSHIKAZU MORITA ENGENHEIRO ARQUITETO MACK

1953 ARIOSTO TANOUE CIVIL POLI

EIZO WAKABARA MECÂNICA - ELÉTRICA POLI

IWAO HIRATA CIVIL POLI

KOKEI UEHARA CIVIL POLI

LUIZ GONZAGA NAKAYA MECÂNICA FEI

MAKOTO NOMURA CIVIL POLI

NELSON NACAO MECÂNICA - ELÉTRICA POLI

NILO BATISTA SUGUIYAMA CIVIL POLI

SHOZO NOGAMI AGRONOMIA ESALQ

TAMAAKI SASAOKA MECÂNICA FEI

YSUMY NISHIKAVA CIVIL POLI

YUKINOBU YAMADA CIVIL ELÉTRICA MACK

1954 AKIO TAKAHASHI MECÂNICA - ELÉTRICA POLI

EDUARDO TOSHIO FUJIWARA AGRONOMIA ESALQ

HIROSHI IKUTA AGRONOMIA ESALQ

HISACHIYO TAKAHASHI MECÂNICA - ELÉTRICA POLI

HITOSHI NAGAHASHI MECÂNICA - ELÉTRICA POLI

JORGE ATSUSHI KAYANO MECÂNICA - ELÉTRICA POLI

MITSUO OHNO CIVIL POLI

REOZO II AGRONOMIA ESALQ

ROBERTO MURAKAMI CIVIL POLI

SEIKI UETA QUIMICA POLI

SEITI SACAY MECÂNICA - ELÉTRICA POLI

SHIGEO HIRAMA AGRONOMIA ESALQ

SHIGEO MIZOGUCHI AGRONOMIA ESALQ

TAKAO SUGAHARA AGRONOMIA ESALQ

TAKEO AIBE CIVIL POLI

TAMOTSU SAWAKI ELÉTRICA MACK

YOSIZO KUBOTA MECÂNICA - ELÉTRICA POLI

1955 AKIRA KAGANO CIVIL MACK

ALBERTO KAWANO MECÂNICA - ELÉTRICA POLI

ANTONIO HIDETO KOBAYASHI AERONÁUTICA ITA

KATUYUKI TAKITA CIVIL POLI

KAZUYUKI IKAWA CIVIL MACK

MAMORU SAMOMIYA CIVIL POLI

MINOLO MORITA MECÂNICA - ELÉTRICA POLI

NOZOMU MAKISHIMA AGRONOMIA ESALQ

PEDRO ISSAO ITO CIVIL POLI

SADAME ITINOSE QUÍMICA POLI

1957HARUMI OHNO DAL PORTO

Primeira mulher nikkei na EngenhariaCIVIL POLI

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1931Takeo KawaiNasceu em Mie-ken (Japão), em 1906. Chegou ao Brasil com 19 anos. Em 1931, tornou-se o 1º engenheiro nikkei formado no Brasil, ao concluir no Mackenzie o curso de Civil. Re-tornou ao Japão para se aperfeiçoar. De volta ao Brasil, trabalhou na Bratac em projetos de colonização, em São Paulo e no Paraná. Ingressando na Cooperativa Agrícola de Cotia, executou grandes e variadas obras, atuando ainda como assessor técnico da presidência. Ao se aposentar, exerceu consultoria para várias fi rmas. Foi um dos fundadores do Centro de Estudos Nipo-Brasileiros. Faleceu em 2005, aos 99 anos.

1933Takeshi SuzukiNascido em Tóquio (Japão), em 1908, veio ao Brasil para dedicar-se à lavoura. Não se adaptando, foi para São Paulo e estudou no Mackenzie o curso de engenheiro - arquiteto. Formou-se em 1933. Entre as obras que executou, destacam-se o Hospital Santa Cruz, o prédio do Bunkyo e o auditório do Mackenzie. Foi o 1º professor universitário nikkei. Na mocidade, foi praticante de beisebol, kendô, remo e exímio atleta. Foi ainda o 1º nikkei aqui brevetado. Foi laureado pelo governo japonês com a Ordem do Tesouro Sagrado de 4º grau. Faleceu em 1987, aos 79 anos.

1935Schigueru OnoNasceu em Kumamoto (Japão), em 1912. Em 1935, tornou-se o primeiro nikkei a concluir a Politécnica, diplomando-se inicialmente em Engenharia Elétrica e depois em Civil. Após ter trabalhado com o engenhario Plínio de Queiroz, em São Paulo, transferiu-se para Po-ços de Caldas, MG. Na prefeitura local, executou diversas obras sanitárias e, como inde-pendente, construiu variadas obras de vulto. Retornando a São Paulo em 1955, atuou em grandes empresas e instituições, como na CBA e no Hospital da Benefi cência Portuguesa. Faleceu em 1982.

1936Atsushi Suzuki Natural de Tóquio (Japão), nasceu em 1912. Veio para o Brasil, após ter concluído o curso secundário. Formou-se em Engenharia no Mackenzie, em 1936. Após, retornou ao Japão e foi convocado pelo Exército para participar da guerra. Ao voltar, não conseguiu trabalhar como engenheiro. Casou-se, em 1952, e veio mais uma vez ao Brasil. Trabalhou no Rio de Janeiro na Yamagata Engenharia e depois na Usiminas. Em 1992, retornou de novo ao Japão, onde faleceu. Não teve fi lhos.

1940Masao SugayaNasceu em Tóquio (Japão), em 1913. Veio ao Brasil com os pais aos 7 anos. Foi o 2º nikkei formado pela Politécnica, em 1940. Trabalhou inicialmente na empresa Bianc Cia. Ltda. Transferiu-se para a recém-constituída Confab – Companhia Nacional de Forjagem de Aço Brasileiro, sediada em São Caetano do Sul (SP). Atuou na empresa durante 53 anos, tendo sido membro engenheiro de sua diretoria. Após a aposentadoria em 1983, conti-nuou a ela prestando serviços, como autônomo. Faleceu em 1996. Foi casado com Toyoko Ohno Sugaya.

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1942 Jorge Taqueda Natural de Nova Paulicéia (SP), nasceu em 1916. Na formatura pela Escola de Engenharia Mackenzie, recebeu o prêmio Pandiá Calogeras como melhor aluno durante todo o curso. No CPOR, recebeu a espada-prêmio de melhor aspirante. Trabalhou como engenheiro em várias empresas de porte, como a Mario Barros Amaral S.A., tendo sido ainda professor no Mackenzie durante 12 anos. Após a aposentadoria, dedicou-se ao comércio. Casado com Nazira Tebexereni Taqueda, teve quatro fi lhos. Faleceu em 2002 com 86 anos.

1942Shisuto José Murayama Natural de Rincão (SP), nasceu em 1914. Seu pai foi um dos imigrantes vindos no Kasato Maru. Foi o primeiro nikkei formado na Esalq. Trabalhou a vida toda para a Secretaria da Agricultura do Estado de São Paulo, no Instituto Agronômico de Campinas e na Casa da Agricultura de Campos do Jordão, da qual foi chefe. É autor de 26 livros sobre Agronomia. Foi duas vezes deputado estadual e membro da Academia de Letras de Campos do Jor-dão. Foi casado com Cecília de Almeida Murayama, com quem teve dois fi lhos. Faleceu em 1994, aos 80 anos.

1943Hajimu OhnoNasceu em Registro (SP), em 1917. É o primogênito de um imigrante engenheiro vindo do Japão para trabalhar na abertura da 1ª colônia japonesa no Brasil, na região de Iguape (SP). Formando-se na Politécnica em 1943, trabalhou no DER - Departamento de Estradas de Rodagem - durante 15 anos. Transferiu-se depois para o Departamento Ferroviário e, mais tarde, para o Departamento de Obras Públicas. Durante a permanência no serviço público, exerceu também trabalhos para empresas privadas. Foi casado com Atsu Tanaka Ohno e teve quatro fi lhos. Faleceu em 1987.

1943Massami HirotaNascido, em 1916, em Koochi (Japão), veio ao Brasil aos quatro anos. Após iniciar seus estudos em Cotia e São Paulo, formou-se em Engenharia Elétrica e Mecânica na Politéc-nica, em 1943. Após breve passagem pelas Indústrias Matarazzo, constituiu fi rma própria de projetos e execução de instalações elétricas e hidráulicas. Ingressando, após, na fi rma Construtécnica S.A., tornou-se diretor e foi o engenheiro responsável de obras de vulto por todo o País. Foi ainda sócio e vice-presidente da CBC – Cia. Brasileira de Construções. Faleceu em 1996.

1944Kira YssaoNascido em Santa Barbara do Rio Pardo (SP), em 1918. Formou-se em Engenharia Civil na Politécnica e durante a sua trajetória profi ssional trabalhou na Companhia Siderúrgi-ca Paulista – Cosipa, na Construções e Comércio Camargo Corrêa e na Themag Engenha-ria e Gerenciamento Ltda. Foi casado com Sati Kira e teve três fi lhos. Faleceu em 1978, em São Paulo.

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1944Shinichi KuboNasceu em Kumamoto (Japão), em 1913. Chegou ao Brasil com 15 anos. Devido à crise cafeeira, deixou a fazenda. Em São Paulo, estudou e ingressou na Politécnica, formou-se em 1944. Após ter trabalhado na Usina Lunardelli, no Paraná, retornou a São Paulo e com Ayami Tsukamoto, montou o Escritório Técnico Central, que se transformou em TetraEng. Participou de grandes obras como as do Bunkyo, Toyota, Usina da Camargo Corrêa em Apiaí e Academia da Força Aérea em Pirassununga. Foi casado com Masako Kubo e teve quatro fi lhos. Faleceu em 1984.

1945Kaol SugimotoNasceu em São Paulo (SP), em 1917. Formou-se em Engenharia Industrial pelo Mackenzie em 1945, passando a trabalhar na indústria de móveis da família. A seguir, foi engenheiro da Sociedade Anônima Martinelli, nos setores de navegação e indústria salineira. Perten-ceu ao quadro de funcionários da Cooperativa Agrícola de Cotia. Dedicou-se muito ao esco-tismo, tendo sido fundador do Grupo Escoteiro Falcão Peregrino. A Câmara Municipal de São Paulo conferiu-lhe a Medalha Anchieta e o diploma de gratidão. Faleceu em 1998.

1946Jorge WatanabeNascido em Registro (SP), em 1920. Formou-se em Engenharia Civil na Politécnica. Tra-balhou no DER como engenheiro encarregado de obras, em Pirassununga, até 1952, pe-ríodo em que foi responsável pela construção de várias pontes, destacando-se a ponte em arco com 54 m de vão livre, em São João da Boa Vista. No DER-SP trabalhou como engenheiro - chefe do Serviço de Avaliações e Cadastro, no qual se deparou com os proble-mas de desapropriação de faixas de rodovias. Aposentou-se em 1979. É casado com Yasco Watanabe e tem uma fi lha.

1946Tomio KiticeNasceu em Igarapava (SP), em 1918. É o 1º nikkei que se dedicou à metalurgia. Ainda como estudante, teve contato com as grandes questões do País nessa área. Formado na Po-litécnica, em 1946, trabalhou no IPT - Instituto de Pesquisas Tecnológicas -, inclusive nos trabalhos para a criação das suas novas instalações na Cidade Universitária. A seguir, atuou na empresa Conexões de Ferro Foz, dedicando-se ao avanço do processo de maleabilização do aço. Foi consultor de muitas empresas e professor no Mackenzie e na Faap. Na Escola de Engenharia Mauá, foi seu diretor. Foi casado com Helena Kitice e faleceu em 1998.

1947Eduardo RiomeyYassudaNasceu em Pindamonhangaba (SP), em 1924. Formou-se na Politécnica em 1º lugar. Foi o melhor aluno em Engenharia Sanitária na Faculdade de Saúde Pública, em que passou a le-cionar tornando-se o 1º professor catedrático nikkei, em São Paulo. Foi secretário de Serviços e Obras Públicas do Estado de São Paulo, quando introduziu um novo modelo administrativo na área do saneamento. Exerceu a Presidência da Companhia Paulista de Força e Luz e a Dire-toria de Planejamento da Sabesp. Cidadão Honorário de vários municípios, foi ainda agracia-do com inúmeras distinções, entre as quais com a Ordem do Rio Branco. Faleceu em 1996.

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1947Kazuo SakamotoNasceu em Ribeirão Preto (SP), em 1923. Fez os dois primeiros anos do curso primário em Tóquio (Japão). Trabalhou como aprendiz com Takeo Kawai no garimpo de diamantes e de chumbo explorada pela KKKK - Kaigai Koogyo Kabushi-ki Kaisha -, em Apiaí (SP). Formou-se engenheiro civil pelo Mackenzie e foi servidor público na Secretaria do Trabalho e diretor de Obras da Prefeitura Municipal de Birigüi e de Araçatuba. Prestou inúmeros serviços de assessoria na área de segurança no trabalho para a maioria dos municípios da Alta Noroeste do Estado. Realizou vários levantamentos de terras devolutas nos Estados de MT, RO, AM e Norte do Paraná. Está com 85 anos.

1947Massakazu OutaNasceu em 1922, em São Paulo (SP). Formado pela Politécnica em Engenharia Química, trabalhou durante 37 anos seguidos no IPT. Atuou essencialmente no setor de materiais poliméricos (elastômeros, plásticos, resinas têxteis e tintas), ocupando vários cargos de chefi a, assistência e direção. Dedicou-se ainda ao treinamento de profi ssionais, ministran-do e coordenando cursos de especialização, inclusive no exterior, sob os auspícios de gover-no federal. Exerceu atividades de consultoria após a aposentadoria. Tem 86 anos.

1947Quincas KajimotoNasceu em 1923, em Lins (SP). Formado em Engenharia Civil pela Politécnica, trabalhou nas construtoras Coccaro e Mofarrej. Dentre as inúmeras obras realizadas, destacam-se vários edifícios construídos na Cidade Universitária, como: Instituto de Geociências, Fa-culdade de Economia e Administração, Anfi teatro e outros. Além disso, inclui-se o Conti-nental Shopping Center, Cetesb e o edifício na av. Paulista esquina com a Carlos Sampaio. Foi nadador master com vários títulos. Casou-se com Taeko Kajimoto e teve seis fi lhos. Faleceu em 2001.

1947Siuco IbaNascido em Jaboticabal (SP), em 1921, formou-se na Esalq em 1947. Logo após, fez o Curso de Entomologia no Instituto Biológico e produziu três trabalhos científi cos de interesse à agricultura. Foi engenheiro agrônomo das Casas da Lavoura em vários municípios. Em Itu-verava, recebeu o título de Cidadão Ituveravense. Trabalhou na Divisão Regional Agrícola de Ribeirão Preto, como Assistente Agropecuário de Direção. Ao se aposentar, transferiu-se para Araraquara. Casou-se com Brígida Tsuha e tem cinco fi lhos.

1948Jihei NodaNasceu em 1918, em Saga (Japão). Chegou ao Brasil aos sete anos. A família se instalou na região de Mirandópolis, vindo depois para São Paulo. Formou-se engenheiro civil pelo Mackenzie, em 1948. Naturalizou-se em 1949. Como autônomo, construiu o Cine Itapura, o Templo Budista do Jabaquara e a Catedral Budista de Brasília, entre outras obras. Por 10 anos, foi engenheiro da Prefeitura de São Paulo. Foi vereador na Câmara Municipal de São Paulo e deputado estadual por três legislaturas. Foi casado com Elvira Sansone Noda e teve três fi lhos. Faleceu em 1993.

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1948Mineo Ishikawa Nasceu em 1929, em Campo Grande (MS). Seu pai veio ao Brasil no Kasato Maru. Estu-dou no Mackenzie auxiliado pelos irmãos. Retornando à sua terra, trabalhou na Prefeitura Municipal e na Comissão de Estradas de Rodagem, na qual foi chefe de distrito rodoviário. Instalando sua própria fi rma, executou obras públicas. Recebeu em 1998 a medalha do Mé-rito Legislativo da Assembléia Legislativa de Mato Grosso do Sul. Casado com Geny Nacao Ishikawa, teve quatro fi lhos. Faleceu em junho de 2008, aos 87 anos.

1948Shigueharo DeyamaÉ natural de Presidente Prudente (SP), nasceu em 1924. Formado na Politécnica em 1948, fez vários cursos de especialização pós-graduação e estágios no exterior. Dedicou-se longa-mente ao ensino de várias disciplinas na própria Politécnica, chegando a regente da cadeira de Instalações Elétricas. Ao mesmo tempo, foi engenheiro e chefe da Seção de Máquinas do Instituto de Eletrotécnica, da USP. Foi consultor da Cesp e atuou como engenheiro respon-sável na Eletro Mecânica Suíça S.A. Aposentou-se em 1985. Está com 84 anos.

1949Edmundo TakahashiNasceu em Santa Veridiana (SP), em 1922. Formou-se em civil na Politécnica, em 1949. Trabalhou de início no IPT com o Prof. Milton Vargas. Em concurso público para enge-nheiro do Estado, obteve o 1º lugar. Foi diretor do DOP. No Plano de Ação do Governo Car-valho Pinto, foi o responsável pelas obras de terraplenagem do Aeroporto de Congonhas. Em 1960, constituiu empresa própria de fundações e sondagens. Foi casado com Luiza da Silveira Moraes Takahashi e teve três fi lhos. Faleceu em 1994.

1949Goiti SuzukiNatural da província de Hyogo (Japão), em 1919. Veio ao Brasil com 11 anos, dirigindo-se com a família à Fazenda Aliança. Engenheiro civil formado na Politécnica em 1949, especializou-se em estruturas para telhados. Nessa função, trabalhou em empresas de São Paulo, Porto Alegre e Rio de Janeiro, como Sopatel, Lanifício Kurashiki, Ishikawajima e Metaltécnica, nesta última como diretor. Tornando-se autônomo, continuou como consul-tor e projetista na área de sua especialidade até se aposentar. Tem 89 anos e é casado com Guaraciaba de Abreu Suzuki.

1949Goo SugayaNasceu em Tóquio (Japão), em 1918. Chegou ao Brasil com os pais em 1920. Formou-se engenheiro civil pela Escola Politécnica, em 1949. Ao longo de sua vida profi ssional, projetou e construiu casas residenciais e estabelecimentos comerciais. Foi funcionário durante alguns anos da Prefeitura Municipal de Poá, SP. Trabalhou igualmente como engenheiro em indústrias. Foi casado com Vitória Ocimoto Sugaya. Faleceu em 1976, aos 57 anos.

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1949Itsuro MyazakiNatural de Birigui (SP), nasceu em 1923. Estudou na Esalq e se formou em 1949. Perma-neceu um tempo na empresa Anderson Clayton de Presidente Prudente, ingressando, em seguida, na Secretaria da Agricultura do Estado de São Paulo. Foi o primeiro agrônomo da Casa da Lavoura de Bilac. Inclinado a pesquisas, passou a trabalhar no Instituto Biológico, em que chegou à chefi a do Setor de Entomologia. Cursou pós-graduação na Esalq nessa especialidade, tornando-se Mestre em 1983. Faleceu em 1985, aos 62 anos.

1949Izumi YuasaNasceu em Tóquio (Japão), em 1922. Formou-se pelo Mackenzie em 1949. De início, traba-lhou na Construtora Soutello, em São Paulo. Nesse tempo, foi instrutor no curso noturno de Mestre de Obras do Senai. Passou por outras empresas e foi também autônomo. Em 1956, ingressou na Usiminas para trabalhar na construção da usina, chegando a Superin-tendente de Engenharia de Projetos. Esteve várias vezes no Japão a serviço da empresa. Ao se aposentar, tornou-se consultor na implantação das siderúrgicas Tubarão e Açominas. Tem 86 anos.

1949Job Shuji Nogami É natural de Ribeirão Pires (SP), nasceu em 1925. Formado em Engenharia de Minas e Metalurgia na Politécnica em 1949, dedicou-se a estudos geológicos e geotécnicos apli-cados a rodovias, no DER. Como docente da própria Politécnica, realizou pesquisas e desenvolveu métodos construtivos de pavimentos de baixo custo aplicáveis às condições tropicais. É autor de mais de uma centena de trabalhos técnicos. O Laboratório de Tec-nologia de Pavimentos da Escola Politécnica é identifi cado pelo seu nome. É solteiro e tem 83 anos.

1949Luiz Satto JúniorNasceu em Pindamonhangaba (SP), em 1922. Por orientação do pai, recusou o convite de jogar futebol no Corinthians, depois de ser o primeiro nissei profi ssional no XV de Pira-cicaba. Formou-se na Esalq aos 27 anos. Como agrônomo, lutou para que os pequenos e médios agricultores pudessem aumentar a safra e ter acesso a créditos ofi ciais. Trabalhou na Secretaria da Agricultura do Estado de São Paulo de Registro, Tatuí e Sorocaba, em que foi diretor da Divisão Regional Agrícola. É viúvo e tem seis fi lhos.

1949Masayuki Furuya Nasceu na província de Nagano (Japão), em 1924. Concluiu o curso de Engenharia Quími-ca na Escola Politécnica. Trabalhou no Instituto Oceanográfi co quando fez estágio de es-pecialização no Japão. Posteriormente, foi trabalhar na Usiminas, na unidade de Ipatinga (MG). Foi casado com Miya Furuya com quem teve uma fi lha. Faleceu em 1997.

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1949Renato Teruo TanakaNascido em Cafelândia (SP), em 1924. Formou-se engenheiro civil na Politécnica e cursou extensão universitária na Faculdade de Saúde Pública da USP. Foi admitido na Repartição de Saneamento de Santos em 1950, desde então atuou por 35 anos nos órgãos públicos de saneamento básico e controle ambiental de Santos, Cubatão e Guarujá. Foi diretor e presidente da Companhia de Saneamento da Baixada Santista – SBS. Casado com Paulina Tanaka, teve três fi lhas. Faleceu em 1985.

1949Yojiro TakaokaNascido em São Paulo (SP), em 1923, formou-se na Politécnica em 1949. Dois anos depois, fundou a Construtora Albuquerque e Takaoka S.A., empresa da qual era o co-responsável técnico. Os empreendimentos da fi rma marcaram época em São Paulo pelo seu vulto e qualidade e pela adoção de concepções novas em projetos habitacionais. Além disso, a em-presa foi a responsável pela abertura de gigantescos e bem-sucedidos planos urbanísticos, dotados de todos os equipamentos, como os de Alphaville e Aldeia da Serra junto à capital. Faleceu em 1994.

1950Gen TsunashimaÉ natural de Hokkaido (Japão), nasceu em 1919. Formou-se engenheiro civil pela Poli-técnica em 1950. Trabalhou cinco anos na Sobraf – Sociedade Brasileira de Fundações. Tornou-se engenheiro responsável da Cooperativa Agrícola Sul-Brasil, em que permane-ceu por 20 anos. Em seguida, foi o engenheiro-chefe das construtoras Takiplan e Huma. Foi um grande colaborador da Sociedade Benefi cente Casa da Esperança (Kibô-no-ie), na qual exerceu o cargo de diretor por onze anos e de diretor-presidente durante quatro anos. Faleceu em 1998.

1950Paulo Soichi NogamiNasceu em São Paulo (SP), em 1923. Sua mãe e seus avós chegaram ao Brasil dois anos antes do Kasato Maru. Após se formar em Engenharia Civil na Politécnica, cursou a Fa-culdade de Saúde Pública da USP, na qual se especializou em Engenharia Sanitária. Foi professor de ambas as faculdades. Além de assessor técnico de gabinete da Secretaria de Serviços e Obras do Estado de São Paulo, na gestão do secretário Eduardo Riomey Yassu-da, foi diretor da Cetesb e superintendente da Sabesp, quando se aposentou. Aos 85 anos, viúvo de Kazue Iamane Nogami, tem três fi lhos.

1950Romeu Batista SuguiyamaNasceu em São Paulo (SP), em 1925. É formado pela Politécnica em 1950. Sua atividade se concentrou na esfera da Prefeitura Municipal de São Paulo, na área normativa de obras. Atuou como delegado executivo na Comissão Permanente do Código de Obras e partici-pou de estudos do Código de Edifi cações e do novo Código de Obras do município. Foi membro do Conselho Técnico da Cohab-SP e diretor do Contru. Em 1963, diplomou-se em Direito pela USP. Ministrou aulas e publicou trabalhos de sua especialidade. É consultor do Banco Itaú.

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1950Sakae Ishikawa KobayashiNasceu na Manchúria (China), em 1922, mas foi registrado em Ibaraki (Japão). Ao che-gar ao Brasil, seus pais se fi xaram em Rochedo (MT), onde tinham um garimpo de dia-mantes, além de uma casa comercial. Após se formar na FEI, na 1ª turma, retornou a Campo Grande. Foi capataz de fazenda de pecuária e de café até adquirir sua própria fazenda em Dourados, MS, onde foi o pioneiro na cultura do arroz irrigado. Dedicou-se ainda ao comércio e aos negócios imobiliários. Foi casado com Annita Nacao, com quem teve seis fi lhos.

1950Siguer MitsutaniNascido em Cotia (SP), em 1923. Cursou Engenharia Civil na Politécnica, tendo sido aluno do ex-governador Lucas Nogueira Garcez. Foi colega de trabalho do Eng. Takeo Kawai na Cooperativa Agrícola de Cotia. Fez parte da equipe técnica que construiu a primeira escada rolante de São Paulo, na galeria Prestes Maia, que liga o Vale do Anhangabaú e a praça do Patriarca. Foi responsável pela construção da Ponte da Casa Verde sobre o rio Tietê. Teve fi rma própria, a Engenharia Mitsutani S/C, especializada em concreto arma-do. Faleceu em 1994.

1950Tuyoshi YoshimuraNasceu em Promissão (SP), em 1923. É da turma de civis de 1950, do Mackenzie. Ocupou na Prefeitura de Bauru o cargo de diretor de Obras e Viação e de Plantas Particulares. Foi igualmente avaliador da Caixa Econômica Federal e da Nossa Caixa. Exerceu o magistério superior na Fundação Educacional de Bauru, na Escola de Pontes e Estradas e no Instituto Toledo de Ensino. Seu nome identifi ca uma das ruas do bairro nobre de Bauru. Foi casado com Aiko Matsumoto Yoshimura e teve dois fi lhos. Faleceu em 1984, aos 61 anos.

1950Yoshihiko MioNasceu em Lins (SP), em 1920. Quando criança, auxiliava o trabalho de seus pais. Com sa-crifício, dedicou-se aos estudos, visando alcançar dias melhores. Convocado pelo Exército, tornou-se expedicionário. Ao retornar, cursou Engenharia Civil na Politécnica, formando-se em 1950. Ingressou como engenheiro no Departamento de Estradas de Rodagem, che-gando ao cargo de diretor. Colaborou com o projeto estrutural na construção da sede de entidade nikkei, como também da igreja Tenri, ambas em Bauru. Casado com Miya Mio, teve seis fi lhos. Faleceu em 1998.

1951Ayrson IabuttiNasceu no Rio de Janeiro (RJ), em 1923. Cursou a Escola Politécnica, na qual se formou engenheiro civil em 1951. No decorrer de sua atividade profi ssional, fez vários cursos de extensão universitária nas áreas de Engenharia, Avaliações e Administração Pública. Foi diretor de Divisão do Departamento de Transportes Internos da Secretaria da Fazenda do Estado e diretor-técnico do Departamento de Obras Públicas do Estado de São Paulo, em que se aposentou. Atua como perito judicial e como assistente-técnico em avaliações e perícias de Engenharia. Tem 85 anos.

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1951Hirose YamamotoÉ natural de Promissão (SP), nasceu em 1924. Chegou a São Paulo com a família em 1937. Formou-se na FEI em 1951, no curso de Engenharia Mecânica. Especializou-se mais tarde em hidráulica. Esteve no Japão por dois anos para estudos de implantação de usinas hidre-létricas. Foi engenheiro do Departamento de Águas e Energia Elétrica, especializando-se em transporte fl uvial, em especial no Rio Tietê. Ministrou aulas de hidráulica na própria FEI. Faleceu em 1990, já como aposentado. Foi casado com Masumi Yamamoto.

1951Iwao InadaNasceu em Conquista (MG), em 1927. É formado pela Esalq, em 1951. Em 1958, ingres-sou na Cati – Coordenadoria de Assistência Integral da Secretaria da Agricultura, atuando nas Casas da Agricultura de Nuporanga, Guará, Sertãozinho e Ribeirão Preto. Lutou para aumentar a produtividade de várias culturas. Foi o responsável pela instalação de mais de 500 hortas domésticas em instituições de Ribeirão Preto, merecendo homenagem da prefeitura local. Aposentou-se em 1994. Casado com Mituko Tanaka Inada, tem três fi lhos. Está com 81 anos.

1951Kiyoshi KatoNasceu em Tóquio (Japão), em 1922. Chegou ao Brasil em 1934. Seu pai foi o fundador da Bratac – Sociedade Colonizadora do Brasil. Formou-se em Engenharia Civil no Mackenzie em 1951. Em 1955, estabeleceu a Construtora Engin, empresa que construiu obras para grandes empresas nacionais e multinacionais como o Banco América do Sul, Banco Mitsu-bishi, Toyota do Brasil, McCann Erickson e Oxiteno. Foi um incentivador do intercâmbio entre o Brasil e o Japão e defensor de maior integração entre idosos e jovens da comunida-de nikkei. Faleceu em 1977.

1951Noda HiroshiNasceu em Lins (SP), em 1925. Após se formar na Esalq em 1951, ingressou como enge-nheiro agrônomo na Companhia Brasileira de Produtos Químicos Shell. Trabalhou nessa empresa durante 21 anos, proporcionando assistência técnica aos produtores, visando au-mento de produtividade e maior rendimento fi nanceiro. Promovido a gerente Regional, teve destacada atuação na região cafeeira do Norte do Paraná. Possuidor de facilidades em línguas, fez vários contatos e cursos de aperfeiçoamento no exterior. É falecido.

1951Sancho MoritaNascido em 1927, é natural de Campinas (SP). Formou-se na Politécnica em 1951. Traba-lhou em várias indústrias em cargos de responsabilidade, entre os quais o de vice-presidente técnico da Equipamentos Clark S.A. Atuou como autônomo e consultor de várias empresas e foi inventor de equipamentos de logística. Obteve o título de Engenheiro do Ano, pelo Iman, em 1988. Foi ainda professor da Politécnica, da FEI e da Unicamp. Viúvo de Toshiko Fujita, com quem teve quatro fi lhos, casou-se com Maria Faion Saito. Tem 81 anos.

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1951Shiro MiyasakaNasceu em Hokkaido (Japão), em 1924. No Brasil, acompanhou os pais a uma fazenda em Cafelândia (SP). Depois, em Arujá, iniciou os estudos até se formar na Esalq, em 1951. No Instituto Agronômico de Campinas, tornou-se especialista na cultura da soja. É o 1º ni-kkei Doutor em Agronomia. É autor do livro “A soja no Brasil”. Lecionou na Universidade Tsukuba, no Japão. Profi ssional atuante, recebeu muitas homenagens, inclusive a recente “Ordem do Mérito Kasato Maru”. É casado com Kazuco Sakiara Miyasaka. Tem 84 anos.

1951Takeki TuboiNasceu em Quatá (SP), em 1930. Fez o curso secundário em São Paulo, quando foi interno do Instituto Nipo-Brasileiro do Prof. Midori Kobayashi. Formou-se em Engenharia Agro-nômica na Esalq. Era versado em línguas, tendo o domínio do japonês, inglês, italiano, espanhol, francês e alemão. Trabalhou nas Indústrias Reunidas Francisco Matarazzo como engenheiro-correspondente em Línguas Estrangeiras. Foi casado com Haruko Tuboi, com quem teve duas fi lhas. Vítima de surto de meningite, faleceu em 1974, aos 54 anos.

1951Tetsuaki MisawaNasceu em 1919, em Hokkaido (Japão). Veio ao Brasil, com 12 anos. Formou-se na Poli-técnica em 1951 e na Faculdade de Saúde Pública em 1969. Atuou no DAE de São Paulo, no qual chefi ou a expansão de redes de água da capital. Como bolsista nos Estados Unidos e no Japão, trouxe inovações para a sua área de trabalho. Foi o líder na criação da Associação Cultural e Esportiva Piratininga. A Sociedade Brasileira de Heráldica conferiu-lhe a meda-lha José Bonifácio. Faleceu em 1971. Foi casado com a médica Yoshiko Asanuma Misawa e teve dois fi lhos.

1951Tsugio HatanakaNasceu em Osaka (Japão), em 1923. Chegou ao Brasil tendo 5 anos. Impulsionado com o desejo de aprender sempre, ingressou no Mackenzie formando-se engenheiro-arquiteto. Quando estudante, colaborou no projeto da Casa de Estudantes Harmonia. Como profi s-sional, trabalhou nas empresas Taiyo, Brasil Atlantic e Pesca Nova. Foi o responsável pela construção da sede da Kibô-no-ie, em que foi também seu diretor. Após a aposentadoria, dedicou-se à orquideocultura profi ssional. Casado com Tsuyako Okubo Hatanaka, teve quatro fi lhos. Faleceu em 2003.

1951Yasuo YamamotoNascido em Tóquio (Japão), em 1924, chegou ao Brasil com nove anos. Fez o primário em Araçatuba. Formou-se em Engenharia Civil, com mérito, pelo Mackenzie, em 1951. Calcu-lista de renome, projetou por meio de sua empresa Escritório Técnico Estacal Ltda. inú-meros projetos estruturais, inclusive de grandes obras públicas. Atuou intensamente na comunidade nikkei, ocupando cargos de responsabilidade de várias instituições culturais, assistenciais e religiosas. Faleceu em 1996. Foi casado com a dentista Felicia Watanabe Yamamoto e teve três fi lhos.

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1951Yukihiko Horita Nasceu na província de Fukui (Japão), em 1917. Filho de lavradores de Moinho Velho, no município de Cotia. Dentre os irmãos, foi o único que não quis continuar na agricultura e, para custear seus estudos, em São Paulo, montou uma pequena ofi cina de consertos de rádios. Fez Engenharia Química na FEI. Trabalhou na Indústria Nadir Figueiredo e pos-teriormente na NGK para fi car mais próximo de seus familiares em Mogi das Cruzes. Foi professor de Química Tecnológica na FEI. Casado com Maria Cruz Horita, teve três fi lhos. Faleceu em 1971.

1952Chinya AssahinaNascido na província de Ibaraki (Japão), em 1919. Veio ao Brasil com um ano e meio. Es-tudou em São Paulo e formou-se engenheiro químico na Escola Politécnica. Trabalhou no IPT por dois anos. Trabalhou na montagem de fábricas entre as quais de óleo nos estados de São Paulo, Paraná, Mato Grosso e Maranhão. Adquiriu uma fábrica de óleos comestíveis para exportação, reformou e presidiu por 15 anos. Foi casado com a professora de música Sachiko Assahina e teve uma fi lha. Faleceu em 1994.

1952Cião EndoNatural de São Paulo (SP), em 1928. Formou-se engenheiro agrônomo pela Esalq e tam-bém em Direito. Durante a sua trajetória profi ssional foi funcionário da Secretaria de Agri-cultura do Estado de São Paulo. Foi casado com Dinorah Pupo Endo, com quem teve cinco fi lhos. Faleceu em 2000.

1952Hideo HaibaraNasceu em Okayama (Japão), em 1925. Formado em Engenharia Civil pela Escola Politéc-nica em 1952, trabalhou inicialmente na Diretoria de Aeroportos do Estado de São Paulo. Em 1958, ingressou na Usiminas, empresa que fez carreira ocupando diversos cargos em Ipatinga e depois em Belo Horizonte. Em 1961 e 1962, fez estágio em laminação a frio, na Nippon Steel do Japão. Foi casado com Mery Haibara. Faleceu em 2006, aos 81 anos.

1952Hissao Momoi Nasceu em Agudos (SP), em 1925. Cursou a Escola Politécnica, formando-se em Enge-nharia Civil. Trabalhou no Departamento de Obras Públicas, no qual foi diretor técnico. Na Secretaria da Saúde, igualmente do Estado, foi assessor técnico no Gabinete do Se-cretário. Participou muito de ações sociais do governo. Foi durante um tempo professor na Academia do Barro Branco. Autodidata em japonês, pertenceu vários anos a uma or-ganização fi losófi ca-religiosa. Foi casado com Athanazia Emi Momoi e teve três fi lhos. Faleceu em 2002.

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1952Kanemitsu IdemoriÉ natural de Kagoshima (Japão), onde nasceu em 1923. Com apenas cinco anos, chegou com os pais ao Brasil, instalando-se primeiro em Promissão (SP) e depois em Penápolis (SP). Formando-se na Politécnica, em 1952, ingressou na Estrada de Ferro Sorocabana, em que exerceu um cargo de chefi a no Departamento de Construção Civil. Participou da execução de várias obras importantes, inclusive após a fusão das ferrovias estaduais na Fepasa. Atualmente, aos 85 anos, desenvolve o empreendimento imobiliário de vulto em Itapecerica da Serra (SP).

1952Kazunori NishimuraNascido em Hiroshima (Japão), em 1926. Formou-se em Engenharia Elétrica e Civil no Mackenzie. Inicialmente, atuou no ramo de construção civil em Presidente Prudente (SP). Posteriormente, trabalhou no projeto, construção e instalação de frigorífi co bovino para exportação e destilarias de álcool nos Estados de São Paulo, Paraná, Mato Grosso do Sul e Goiás. Aposentou-se em 1994. Tem 82 anos de idade.

1952Kazuo NakashimaNasceu em 1923 na província de Shizuoka (Japão). Chegou ao Brasil em 1927, com os pais. Formou-se em Engenharia Civil pelo Mackenzie em 1952. Abriu cedo uma fi rma destinada à construção em geral, bem como ao cálculo e execução de estruturas de concreto armado e de estruturas de madeira para coberturas. Dedicou-se, mais tarde, exclusivamente a proje-tos estruturais de concreto armado. É um praticante avançado da arte caligráfi ca japonesa. Casado com Flávia Toshie Nakashima, tem um fi lho. Está com 85 anos.

1952Minoro IttoNasceu em 1926, em Tabatinga (SP). Cursou a Esalq e se formou em 1952. Foi bolsista da Fundação Rockefeller para um estágio no México a fi m de estudar o melhoramento genético de plantas e também para estudos do melhoramento do feijoeiro nos Estados Uni-dos. Trabalhou dois anos na Seção de Genética no Instituto Agronômico de Campinas, ingressando depois no Banco do Brasil como visitador da Carteira Agrícola e Industrial. Aposentou-se, após 30 anos de atividades, nessa função. Tem 82 anos.

1952Mitomu SimamuraNasceu em 1925, em Guaiçara (SP). Formou-se em Engenharia Civil pela Politécnica. Ini-ciou sua carreira na Construtora Guarantã, de São Paulo. Transferindo-se para Londrina (PR), foi Presidente da Construtora Simamura Daiwa House S.A. Trabalhou muito pela comunidade nikkei, tendo sido presidente da Associação Cultural e Esportiva e tesoureiro da Aliança Cultural Brasil-Japão do Paraná. Foi presidente do Rotary Club local e partici-pou da Missão Econômica do Paraná ao Japão. Foi casado com Nair Tone Simamura, com quem teve dois fi lhos. Faleceu em 1976.

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1952Natalino BabaNasceu em Rincão (SP), em 1925. Foi o melhor aluno da turma que se formou na Esalq, em 1952. Em sua atividade profi ssional, especializou-se na área de sementes e mudas. Foi ge-rente regional da Embrapa – Empresa Brasileira de Pesquisas Agropecuárias –, em Cam-pinas, e diretor da Cati – Coordenadoria de Assistência Técnica Integral –, em São Paulo, onde se aposentou. Faleceu em agosto de 2008, aos 82 anos. Teve três fi lhas.

1952Satyro SakamotoNascido em Ribeirão Preto (SP), em 1924. Formou-se engenheiro civil e eletricista na Es-cola de Engenharia Mackenzie. Trabalhou na São Paulo Light & Power; na Byington, uma empresa de produtos elétricos brasileiros; no Canal 6 de Televisão de Curitiba (PR); na Usiminas (MG); na Comasp e na Sabesp. Aposentou-se em 1986. Fez estágio no Japão, na Fuji Denki e Mitsubishi Denki, na especialidade de bombas, motores e transformadores, durante 18 meses, em 1958 e 1959. É casado com Keiko Mônica Sakamoto com quem tem uma fi lha.

1952Yoshikazu MoritaNasceu em Hokkaido (Japão), em 1913. Veio ao Brasil com 18 anos, dirigindo-se ao inte-rior. Uma vez em São Paulo, deu aulas para poder estudar. Trabalhou no Consulado da Suécia, durante a guerra, quando cuidou do interesse dos japoneses e também no Consu-lado do Japão. Nesse período, formou-se engenheiro-arquiteto no Mackenzie. Fundando a fi rma Engenharia e Arquitetura Morita Ltda., construiu dezenas de prédios e edifícios industriais de empresas japonesas. Foi um dos introdutores no Brasil da Escola Urasenke de cerimônia do chá.

1953Ariosto TanoueNasceu em Araçatuba (SP), em 1930. Formou-se engenheiro civil pela Escola Politécnica. Após a sua formatura, começou a trabalhar no Departamento de Águas e Esgotos – DAE, em São Paulo, e, posteriormente, no Instituto de Previdência do Estado de São Paulo – Ipesp - até aposentar-se. Dedicou-se também ao magistério, durante longo tempo, lecio-nando Física no Colégio Estadual Caetano de Campos. Casou-se com Natividade Ferreira, com quem teve um fi lho. Faleceu em 1998, aos 68 anos.

1953Iwao HirataNatural de Promissão (SP), nasceu em 1927. Formado na Politécnica em 1953, tornou-se Mestre em Recursos Hídricos, em 1979. Inicialmente, trabalhou na Cooperativa Agrícola de Cotia e foi superintendente na Cia. de Melhoramentos de Paraibuna. Em 1958, ingres-sou no Daee de São Paulo, exercendo vários cargos até chegar a superintendente do Serviço do Vale do Paraíba. Foi ainda diretor de duas divisões técnicas e supervisionou a comissão fi scalizadora dos estudos do aproveitamento múltiplo das bacias do rios Pardo e Mogi-Guaçu. Faleceu em 1982.

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1953Kokei UeharaNasceu em 1927 em Okinawa (Japão). É engenheiro civil pela Politécnica, turma de 1953. Foi bolsista do governo francês para cursos e estágios na França. Tornou-se professor da Politécnica e chegou ao cargo de professor titular. Recebeu o título de professor emérito, após a aposentadoria. Representou o Brasil na Unesco, no Decênio Hidrológico Internacio-nal. É Doutor Honoris Causa pela Universidade de Osaka. Entre as inúmeras homenagens recebidas, destaca-se a condecoração que lhe foi outorgada pelo Imperador do Japão. É atualmente o presidente da Sociedade Brasileira de Cultura Japonesa e Assistência Social.

1953Luiz Gonzaga Nakaya Nasceu em São Paulo (SP), em 1928. Formou-se em Engenharia Mecânica pela Faculdade de Engenharia Industrial - FEI. Após concluir o curso de graduação, ingressou na Indústria Villares e depois na Bardella. Exerceu atividades profi ssionais também na Büssing e na Si-mca. Foi professor da Escola Politécnica e da Faculdade de Engenharia Industrial. Casou-se com Rúbia Konda Nakaya, com quem teve três fi lhos. Faleceu em 1967.

1953Makoto NomuraNasceu em 1928, em São Paulo (SP). Com a perda do pai, assassinado pela Shindô-Renmei, estudou na Politécnica com a ajuda de amigos da família, formando-se em 1953. Atuou na montagem da fábrica da GM em São José dos Campos, transferindo-se, mais tarde, para a Howa do Brasil. Na esfera estadual, colaborou na reorganização do setor de transportes do Daee e na montagem de máquinas de grande porte no Laboratório de Hidráulica da USP. É associado de várias entidades técnicas e funcionais. É adepto e graduado da Medicina Nishi, do Japão. Tem 80 anos.

1953Nelson Nacao É natural de Campo Grande (MS), nasceu em 1927. Formou-se na Politécnica em 1953. Na terra natal, foi vereador por duas legislaturas e ainda presidente da Câmara Municipal. Foi dirigente de duas entidades da comunidade nikkei. Como profi ssional, atuou na Sanemat – Companhia de Saneamento de Mato Grosso. Dedicou-se ainda ao ensino de Física e Ma-temática, e não abandonou os estudos mesmo em idade avançada e sofrendo de glaucoma. Faleceu em 2004. Foi casado com Kioko Margarida Aguena e teve seis fi lhos.

1953Nilo Batista SuguiyamaNasceu em São Paulo (SP), em 1928. Tendo se formado na Escola Politécnica em 1953, dedicou sua carreira profi ssional à Prefeitura Municipal de São Paulo, que ingressou me-diante concurso público. De engenheiro de obras, chegou ao cargo de administrador re-gional da Mooca e, em seguida, do Ipiranga. Na gestão do prefeito Jânio Quadros, foi su-perintendente de Obras. Entre as honrarias recebidas, destacam-se a Medalha Anchieta, da Câmara Municipal de São Paulo, e a Medalha Santos Dumont, do Comando da IV Zona Aérea. Tem 78 anos.

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1953Shozo Nogami Nasceu em Ribeirão Pires (SP), em 1928. Formado na Esalq em 1953, permaneceu um ano no Japão para se aperfeiçoar. Exerceu atividades numa empresa multinacional de defensi-vos agrícolas. Trabalhou na Cooperativa Agrícola de Cotia, inicialmente em Guapiara (SP), depois nos escritórios centrais da capital. Colaborou na implantação no Estado de São Pau-lo dos Clubes 4-H, destinados a formar lideranças entre jovens na vida no campo. Faleceu em sua terra natal em 2001, aos 73 anos. Era solteiro.

1953Tamaaki SasaokaNasceu em 1926, em Hokkaido (Japão). Formando-se na FEI em 1953, iniciou as ativida-des profi ssionais na Real Transportes Aéreos, em manutenção de instalações e, em segui-da, na manutenção de aeronaves, como dos recém-chegados aviões Convair. Transferindo-se para a Alcan Alumínio do Brasil, foi engenheiro assistente na Gerência de Produção de Laminados, passando a ser gerente de Manutenção Mecânica de vários setores. Mais tarde, tornou-se engenheiro ambiental da empresa até alcançar a aposentadoria. Tem 82 anos.

1953Ysumy NishikavaNasceu em 1926, em Birigüi (SP). Formando-se na Politécnica em 1953, instalou-se em Maringá (PR). Executou grande número de obras na crescente cidade. Trabalhou também no Departamento Nacional de Produção Mineral e, na Prefeitura Municipal de Maringá, foi secretário de Obras e Viação e diretor do Serviço Autárquico de Pavimentação. Foi fun-dador do Country Club de Maringá e da Acema, da comunidade nikkei. Faleceu em 1979. Maringá homenageou-o dando o nome de Eng. Ysumy Nishikava a uma de suas ruas. Foi casado com Kazuko Nishikava e teve dois fi lhos.

1953Yukinobu YamadaNasceu em 1925, em Hokkaido (Japão). Chegando ao Brasil com nove anos, trabalhou com os pais no cafezal. Em São Paulo, ingressou na empresa Nadir Figueiredo e iniciou os estudos de Engenharia Elétrica e Civil no Mackenzie. Formando-se em 1953, trabalhou na Usina Eng. Bernardes Figueiredo sobre o Rio Jaguari e na fábrica de louças da própria Na-dir, em suas proximidades. Naturalizou-se brasileiro e fez o curso de Engenharia Cerâmica, em Nagoya (Japão), além de inúmeras visitas técnicas a indústrias de cerâmica do exterior. Aposentou-se em 1993. Está com 83 anos.

1954Akio TakahashiNascido em 1929, é natural de Tóquio (Japão). Vindo ao Brasil com cinco anos, morou numa fazenda de café e algodão em Bento Quirino, região de Ribeirão Preto. Vieram de-pois para Guarulhos. Em sua trajetória de estudos, passou pela Escola Técnica Getulio Vargas, antes de ingressar na Politécnica. Formou-se engenheiro mecânico-eletricista em 1954. Trabalhou na General Electric durante 25 anos e na Motores Elétricos Brasil por mais 21 anos, empresa em que foi assessor, gerente de Engenharia Avançada até se apo-sentar. Tem 79 anos.

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1954Eduardo Toshio FujiwaraNasceu em Cafelândia (SP), em 1930. Formado pela Esalq em 1954, adquiriu larga expe-riência no Paraná na cultura de algodão, soja e café, que o notabilizou como profi ssional competente. Conduzido a diretor técnico da empresa agrícola Fujiminas, atuou no cerrado mineiro durante 30 anos na produção de cafés fi nos, na macrocultura de soja e na produ-ção de sementes de várias culturas, quando introduziu avançadas tecnologias de irrigação, em consonância com as variações climatológicas. Faleceu em 2003.

1954Hiroshi IkutaNascido em Mogi das Cruzes (SP), em 1929. Formado em agronomia pela Esalq, foi pro-fessor contratado pela mesma faculdade para lecionar as disciplinas de Genética, Citologia e Métodos de Melhoramentos de Plantas. Foi pioneiro na produção de híbridos nacionais de couve-fl or, repolho, berinjela, pimentão, pepino, tomate, abóboras e milho doce. Atual-mente é professor convidado da Universidade de Mogi das Cruzes e desenvolve trabalhos de melhoramento de Orquídeas em convênio com a Afl ord e a Fapesp.

1954Hisachiyo TakahashiNasceu em Osaka (Japão), em 1928. Veio para o Brasil em 1930. Formou-se em Enge-nharia Mecânica e Elétrica na Politécnica. Depois de trabalhar por três anos como autô-nomo, ingressou na São Paulo Light & Power e depois no Daee. Autor de vários artigos e trabalhos técnicos, chegando a exercer o cargo de diretor de Divisão de Materiais do Daee. Trabalhou na Eletropaulo como assessor de Diretoria e superintendente de Com-pras. Aposentou-se em 1996. Casou-se com Aquico Takahashi e teve uma fi lha. Faleceu em 2002, aos 73 anos.

1954Hitoshi NagahashiNascido na província de Ehime (Japão), em 1926. Veio ao Brasil com quatro anos de idade. Formou-se engenheiro mecânico-eletecista na Escola Politécnica. Casou-se com Mizu Na-gahashi, com quem teve dois fi lhos. Faleceu em 1959.

1954Jorge Atsushi KayanoNasceu em 1928, em Cerqueira César (SP). Ao se formar na Politécnica em 1954, especiali-zou-se em tecnologia de refrigeração, ar-condicionado e ventilação, por meio de cursos de pós-graduação e estágios no exterior. Após ter trabalhado em empresas privadas, fundou a Thermoplan Engenharia Térmica. Foi consultor técnico do Hospital das Clínicas. Lecionou a disciplina de Termodinâmica e Máquinas Térmicas na Politécnica, na FEI e na Escola de Engenharia Mauá. Aos 80 anos, é casado com Sumiko Emura Kayano e tem cinco fi lhos.

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1954Mitsuo Ohno Nasceu em Sete Barras (SP), em 1930. Formou-se em Engenharia Civil na Politécnica, onde lecionou por 30 anos. Foi supervisor da Seção de Levantamentos e Cadastros das Centrais Elétricas de São Paulo - Cesp. Foi perito avaliador da antiga Comasp, da Cesp e do Daee. Foi responsável pela avaliação e executou planos de desapropriação de imóveis inundados por represas. Perito de confi ança de juízes e dos tribunais de Justiça e de Alçada Civil. É casado com a Tocico Ohno e tem quatro fi lhos.

1954Reozo Ii Nasceu em Uberaba (MG), em 1928. De início, trabalhou na Delegacia de Terras e Colo-nização de Mato Grosso. Depois, tornou-se engenheiro agrônomo da Casa de Lavoura de Presidente Venceslau (SP). Foi o organizador da 1ª Exposição Agrícola desse município. Em sua homenagem, o Governo de São Paulo conferiu o nome de Reozo Ii à Casa da Agri-cultura de Presidente Venceslau. Foi um dos fundadores do Lions Clube local. Casado com a professora Irene Reiko Ii, teve quatro fi lhos. Faleceu em 1963.

1954Seiki UetaNatural de Santa Bárbara do Rio Pardo (SP), nasceu em 1922. Formou-se engenheiro quí-mico em 1954 pela Politécnica. Após breve passagem pela Sambra Alimentos, ingressou na Petrobras em atividades ligadas à industrialização do xisto, nas usinas de Tremembé (SP) e Curitiba (PR). Transferiu-se para a Refi naria de Paulínia, terminando suas atividades na Refi naria do Vale do Paraíba, como organizador do seu sistema de segurança. Aposentou-se em 1983. Foi dedicado colaborador na comunidade religiosa de Tremembé. É falecido.

1954Seiti SacayNasceu em Igarapava (SP), em 1928. Quando criança, trabalhou na lavoura. Fez o ginásio em Birigüi, cidade que, 70 anos depois, concederia-lhe o título de Cidadão Birigüiense. Formou-se em Engenharia Mecânica e Elétrica pela Politécnica, em 1954. Como estagiário, percorreu todos os departamentos da então Light. Contratado pela Philips, trabalhou na empresa por 48 anos. Após a aposentadoria, tem se dedicado a atividades culturais e as-sistenciais, ocupando cargos de responsabilidade em várias instituições nikkeis. Tem seis fi lhos. Está com 80 anos.

1954Shigeo HiramaNasceu em Sendai (Japão), em 1931. Chegou ao Brasil com os pais, aos três anos, dirigindo-se à região da atual Guaimbê (SP). Formado na Esalq em 1954, tornou-se desde cedo um pesquisador de renome. Notabilizou-se na cafeicultura, revolucionando métodos de cultura. Foi agraciado com vários prêmios, medalhas e diplomas, entre os quais a medalha Mal. Can-dido M.S. Rondon, pela Sociedade Geográfi ca Brasileira. Foi o 1º diretor da Escola Agrícola de Apucarana e o representante da cafeicultura do Paraná com o IBC. Tem 77 anos.

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1954Shigeo MizoguchiNasceu em Yokohama (Japão), em 1924. É brasileiro naturalizado. Formado na Esalq em 1954, dedicou-se notadamente à formação e aperfeiçoamento de pessoal em atividades agrícolas. É o criador de escolas-fazenda e de escolas agrícolas, tendo sido diretor da Esco-la Fazenda de Presidente Prudente. Foi diretor geral do Ensino Agrícola no Estado de São Paulo e vice-diretor do Centro Nacional de Aperfeiçoamento de Pessoal para Formação Profi ssional. Foi consultor internacional do BID e da Jica. Faleceu em 2003, com 79 anos.

1954Takao SugaharaNasceu na província de Hokkaido (Japão), em 1929. Cursou a Esalq e se formou em 1954. Trabalhou na Fundação Rockefeller e, em seguida, em diversas empresas multinacionais, como Dupont, Ciba e Pfi zer, e também na estatal Agrobras. Tornou-se independente ao montar a fi rma Dubibras Produtos e Implementos Agrícolas. Faleceu em 1982, aos 52 anos de idade. Casado com Maria Aparecida M. Sugahara, teve quatro fi lhos.

1954Takeo AibeNatural de São José do Rio Pardo (SP), em 1929. Formado em Engenharia Civil pela Poli-técnica e, depois, em Administração de Empresas. Sempre trabalhou na área de Engenha-ria, com cálculo de estrutura e fundações, prestando serviços de consultoria nas mesmas áreas. Fez várias obras sociais, como principais, construções de escolas. Casou-se com Zil-da Costa Aibe e teve um fi lho. Faleceu aos 62 anos.

1954Tamotsu SawakiNascido em Hokkaido (Japão), em 1921. Chegou ao Brasil aos nove anos de idade, acompa-nhado dos seus pais. Morou em Bastos (SP) e depois em Londrina (PR). Mais tarde, mudou-se para São Paulo, onde se graduou em Engenharia Elétrica e Civil no Mackenzie. Por mais de cinco décadas, desenvolveu projetos na área de construção civil voltado às indústrias têxteis em Suzano e Mogi das Cruzes e também nas indústrias de Portugal. Casou-se com Kineko Sawaki com quem teve duas fi lhas. Faleceu em outubro de 2005, aos 84 anos.

1954Yosizo KubotaNasceu em 1927, em Fukushima (Japão). É naturalizado brasileiro. Formou-se engenheiro mecânico-eletricista na Politécnica em 1954. Fez vários cursos de pós-graduação e foi bol-sista no Japão durante um ano, quando estagiou na indústria de equipamentos pesados da Toshiba. Foi engenheiro da Light e da Belsa – Bandeirantes de Eletricidade S.A. –, ocupan-do cargos de chefi a. Atuou como consultor de várias empresas. Foi professor do Senai, da Escola Técnica Bandeirante e da Escola de Engenharia Mauá. Tem 81 anos.

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1955Akira KaganoÉ natural de Cerqueira César (SP), nasceu em 1923. Chegando a São Paulo para continuar os estudos, foi interno do Instituto Nipo-Brasileiro, do Prof. Midori Kobayashi. Cursou no Instituto Mackenzie a Escola Técnica e, em seguida, a Escola de Engenharia, onde se formou em 1955 em Eletro-Mecânica. Como profi ssional, trabalhou em sociedade elaborando proje-tos e executando instalações elétricas. Foi casado. Faleceu em 1987, aos 64 anos.

1955Alberto KawanoNascido em São Paulo (SP), em 1931. Cursou Engenharia Mecânica e Elétrica na Politécni-ca e, no primeiro ano de atividade, exerceu a função de engenheiro projetista de instalações industriais na Sanbra – Sociedade Algodoeira do Nordeste Brasileiro. Trabalhou na Vemag e, depois, na Ford Motors, ambas indústrias montadoras de veículos, em controle de quali-dade. Foi diretor de uma indústria de autopeças de fabricação de bobinas e, posteriormen-te, diretor de uma indústria eletroeletrônica, quando se aposentou. Está com 77 anos.

1955Antonio Hideto KobayashiNascido em São Paulo (SP), em 1931, foi o primeiro nikkei a se formar pelo ITA no curso de Engenharia de Aeronaves. Foi engenheiro de vôo na Real Aerovias e, depois, gerente de manutenção da Vasp. Em suas funções, permaneceu longo tempo nos Estados Unidos nas empresas Lockeheed e Boeing. Ocupou o cargo de chefe de Qualidade da Embraer, empre-sa em que se aposentou. Faleceu em 2003. Seu nome foi atribuído a uma das ruas de São José dos Campos. Casado, teve dois fi lhos.

1955Katuyuki TakitaNasceu em Lins (SP), em 1931. Formou-se engenheiro civil pela Escola Politécnica. Após a sua formatura, em 1956, em sociedade com seu colega de turma Mamoru Samomiya, fun-dou a Takita & Samomiya Engenharia e Construções, atuando no ramo da construção civil, trabalhou durante toda a sua vida profi ssional nessa empresa. Dentre as inúmeras obras executadas, destacam-se as fábricas da Yakult, Komatsu Tratores e NEC. Foi casado com Shigueko Takita e faleceu em 1997, aos 65 anos.

1955Kazuyuki IkawaNasceu em Hiroshima (Japão), em 1932. Chegou ao Brasil no dia 29 de abril de 1933, com seus pais, Shunichi e Sueko Ikawa, para trabalhar na agricultura. Formado em Engenharia Civil pelo Mackenzie, era amante da arte e cultura japonesa. Concluído o curso, abriu jun-tamente com seu amigo e colega Hidetoci Kawata, a empresa Ikawa, Kawata Engenharia e Construções Ltda. Com o falecimento de Kawata, trabalhou também com outro colega Setsuo Kamada. Faleceu em janeiro de 2001.

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Mamoru SamomiyaNasceu em Araçatuba (SP), em 1927. Formou-se na Politécnica em 1955. No ano seguin-te à formatura, fundou com o engenheiro Katsuyuki Takita a fi rma Takita & Samomiya Engenharia e Construções. A empresa foi a responsável pela construção de um conjunto de importantes obras como as fábricas da Yakult, Komatsu Tratores e NEC. Foi um dos fundadores do Arujá Golf Club, bem como diretor de outras associações e entidades da comunidade nikkei. Deu elevada colaboração ao Hospital Santa Cruz, como seu diretor técnico. Tem 81 anos.

1955Minolo MoritaÉ natural de Presidente Bernardes (SP), nasceu em 1931. Fez o curso de Engenharia Elé-trica e Mecânica na Escola Politécnica, formando-se em 1955. Foi colega de turma do ex-governador Mário Covas. Em sua atividade profi ssional, atuou, sobretudo, na área de com-pras e suprimentos, tendo trabalhado em cargos de chefi a e direção em grandes empresas como Sambra, Vemag, Walita, Engesa, Lucas, Brinquedos Estrela, Fiat e Honda. Há 20 anos dedica-se à consultoria imobiliária. Tem 78 anos.

1955Nozomu MakishimaNasceu em Pindorama (SP), em 1932. Formando-se na Esalq, em 1955, fez na Universidade Federal de Viçosa (MG), mestrado em Olericultura. Trabalhou na Embrapa Hortaliças, na qual foi chefe de Pesquisas e difusor de tecnologia. Coordenou cursos internacionais sobre produção de hortaliças da Embrapa, em convênio com a Jica. Foi presidente da Sociedade de Olericultura do Brasil. É autor de mais de uma centena de obras. Foi contemplado dentre várias honrarias, com o Prêmio Marcilio Dias da Associação Brasileira de Horticultura. Tem 76 anos.

1955Pedro Issao ItoFilho do missionário pioneiro João Yasoji Ito, da Igreja Anglicana, nasceu em São Paulo (SP), em 1931. É formado pela Politécnica em 1955. Trabalhou inicialmente como enge-nheiro de indústria automobilística na General Motors e na Ford. Transferiu-se, depois, para a Brown Boveri atuando como gerente de Programação. Retornou à Ford, então da Autolatina. Após a aposentadoria, continuou em atividade como coordenador de vendas da NSK Nakanishi Industrial. Casado com Gisela Maria Ito, tem dois fi lhos.

1955Sadame ItinoseNasceu em 1921, em Araçatuba (SP). Ao se formar pela Politécnica, retornou à terra natal, onde teve uma farmácia. Adquiriu depois uma fazenda em Aparecida do Taboão (MS), foi avaliador do Banco do Brasil. Transferindo-se, em seguida, para Cuiabá, dedicou-se à cria-ção de gado. Reside atualmente em Sinop (MT). Por onde passou, dedicou-se ao magistério secundário. Mais recentemente, foi professor da Universidade Estadual de Mato Grosso. Está com 87 anos.

1957Harumi Ohno Dal PortoÉ natural de Sete Barras (SP), nasceu em 1932. Cursou a Escola Politécnica, na qual se formou em 1957 como a 1ª mulher nikkei a concluir o curso de Engenharia no Estado de São Paulo. Especializou-se em projetos de sistemas de abastecimento de água e de esgotos sanitários. Trabalhou em diversas entidades do setor de saneamento do governo do Estado e, por fi m, no Departamento de Águas e Energia Elétrica, em assuntos relacionados ao aproveitamento de água subterrânea. Aposentou-se em 1995.

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e à minha empresa. Entretanto, pela minha recusa, surgiram vários candi-datos à presidência e havia um risco muito grande de se eleger um candi-dato da oposição, o que não era dese-jado pela maioria. Houve um acordo e acabei me tornando candidato único a disputar o cargo.

Instituto de Engenharia - Quais foram os desafios nas

suas gestões?Maçahico Tisaka - Durante os

muitos anos que participei das inten-sas atividades dentro e fora do Insti-tuto, antes de ser presidente, sempre defendi a tese de que a nossa entidade deveria, além de promover grandes debates sobre os problemas nacionais e de lutar pela defesa da Engenharia e dos engenheiros, sair do casulo, apresentar-se à sociedade e ser pro-tagonista de um grande movimento de recuperação econômica e social do País, em conjunto com as principais

Teve intensa participação na exe-cução de grandes obras prediais, ro-doviárias, ferroviárias, obras de arte, túneis, metrô e usina hidrelétrica. Ocupou importantes cargos de res-ponsabilidade em empresas privadas e no Governo do Estado de São Paulo. É autor do livro “Orçamento na Cons-trução Civil.”

Atualmente é empresário da cons-trução civil, consultor de empresas, conselheiro do Crea-SP, membro do Conselho Consultivo da Revista Construção Mercado. Além disso, no Instituto de Engenharia, é membro vitalício do Conselho Consultivo e ár-bitro da CMA- Câmara de Mediação e Arbitragem.

Instituto de Engenharia - O que o motivou a escolher a

Engenharia Civil?Maçahico Tisaka - Quando in-

gressei na Escola Politécnica pensava em cursar a Engenharia Mecânica,

Maçahico Tisaka:em quase um século de

tradição, o único presidente descendente de japoneses

Primeiro presidente nikkei do Instituto de Engenharia, Maçahico Tisaka dirigiu a instituição em duas gestões (1989-1991 e 1991-1993). Nascido em São Paulo (SP), formou se em Engenharia Civil pela Escola Politécnica, em 1964. Fez pós-graduação em várias disciplinas de planejamento e transportes, especialização em administração de empresas e em economia rodoviária, custos e orçamento de obras de Engenharia

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mas, por uma questão de classifica-ção, acabei me inscrevendo em En-genharia Civil. Durante dois anos, freqüentei várias disciplinas de Enge-nharia Mecânica, tais como desenho técnico, termodinâmica, oficina me-cânica e outros. No entanto, depois desse período, mesmo podendo me transferir para o curso de mecânica, cheguei a conclusão de que a Enge-nharia Civil era a minha vocação, pois poderia executar grandes obras, estar em vários lugares diferentes e, sobretudo, trabalhar ao ar livre.

Instituto de Engenharia - O que o impulsionou a se can-

didatar a presidente do Instituto de Engenharia?

Maçahico Tisaka - Antes de me candidatar à presidência, havia sido vice-presidente por quatro mandatos, em diferentes épocas e funções, e não pretendia candidatar-me a cargo al-gum para dedicar-me mais à família

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No final da primeira gestão, a en-tidade realizou um importante con-vênio com a JPC - Japan Produtivity Center -, uma das mais conhecidas organizações internacionais que se dedica à matéria. Essa instituição enviou um grande especialista que trouxe enormes contribuições para o fortalecimento dos conceitos sobre a qualidade e produtividade no Brasil.

Assim, pode-se creditar ao Insti-tuto de Engenharia o início de uma grande e significativa mudança na mentalidade dos profissionais de to-das as categorias com relação aos conceitos de qualidade e produtivida-de até então restrito a poucos especia-listas dedicados ao assunto.

Quanto aos outros desafios, foram vários, porém é importante salientar que a maioria deles foi dentro do enfoque de inserção da entidade na sociedade como catalisador do pro-cesso de desenvolvimento econômico e social da Nação Brasileira, e não

apenas como um mero defensor de interesses corporativistas ligadas aos engenheiros e à Engenharia, que, em última análise, são eles os próprios beneficiários.

Instituto de Engenharia - Qual é a mensagem para os

futuros engenheiros?Maçahico Tisaka - Os futuros

engenheiros têm três caminhos para escolher, dependendo da sua voca-ção. Seguir a carreira de professor, arranjar um bom emprego ou ser um empreendedor. Qualquer que seja o caminho escolhido, para ter sucesso na profissão, tem de se preparar para os pequenos e grandes desafios que surgirão pela frente, continuar estu-dando muito. Ousar, porém com os pés no chão, inovar para não cair no lugar comum, ser paciente perante às incertezas e não esmorecer diante das vicissitudes que certamente surgirão no exercício da profissão.

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riaentidades representativas da classe empresarial e trabalhadora.

Assim, na minha posse como presidente, lancei o Movimento Na-cional pela Melhoria da Qualidade e Produtividade com o argumento de que a nação brasileira só cresceria economicamente se melhorasse a sua produtividade, eliminando os desper-dícios que há em todos os setores e melhorando também a qualidade dos seus produtos para competir no mun-do globalizado.

Com grande entusiasmo e determi-nação, consegui o apoio da Fiesp, das federações empresariais da indústria e o do comércio de vários Estados do Brasil, das associações comerciais, das confederações dos trabalhadores, como CUT, CGT e Força Sindical, das entidades de classe profissionais e uni-versidades, da mídia escrita, falada e televisada, tendo havido uma enorme adesão e repercussão em todo o Brasil.

Percorri as principais cidades brasileiras fazendo palestras e pro-movendo debates com a presença de centenas de pessoas, realizadas pelas entidades engajadas na campanha, levando a mensagem do movimento e elevando bem alto o nome do Institu-to de Engenharia.

Após o presidente Collor assumir o governo, o Instituto de Engenharia teve uma participação relevante na formulação do PBPQ - Programa Bra-sileiro de Qualidade e Produtividade -, criado no início do seu governo, o que levou o presidente da República a ter o presidente do Instituto de Enge-nharia como seu convidado especial no lançamento do Programa.

Foi realizado ainda com grande sucesso, o I Congresso Brasileiro para a Qualidade e Produtividade em São Paulo, no Anhembi, que contou com a presença de vários ministros e comparecimento de mais de 2.300 participantes vindos de várias partes do País.

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pós 23 anos da chegada oficial dos primeiros imi-grantes japoneses no Brasil, diplomava-se, em Engenha-

ria Civil, o primeiro nikkei no Estado de São Paulo. Era Takeo Kawai, na tradicional e centenária Universidade Presbiteriana Mackenzie. Depois dele, muitos outros descendentes de japone-ses escolheram essa área de atuação.

Famosos pela facilidade de lidar com os números, milhares de nikkeis seguiram a Engenharia. Por isso, nes-te ano, em comemoração ao centená-rio da imigração japonesa, o Instituto de Engenharia homenageia os 100 primeiros engenheiros nikkeis for-mados no Estado de São Paulo.

Como não seria possível entrevis-tar todos os homenageados em virtude da falta de tempo, a comissão organi-zadora decidiu escolher um engenhei-ro pra representar cada escola e nos mostrar os caminhos trilhados desde a chegada de sua família no Brasil até

Os caminhos dosengenheiros nikkeis

A a sua formação profissional.

Jorge Watanabe – Era 1917, o Wakasa Maru aportou em Santos e desceram Tsumetaro e Tsuji Watana-be. Foram diretamente para Registro (SP), onde haviam adquirido uma pequena terra da companhia Kaigai Koogyo Kabushiki Kaisha (KKKK). Lá cultivavam algodão e banana.

Devido à desenvoltura de seu pai para assuntos administrativos da co-lônia de Registro, ele ficou respon-sável pelo registro de nascimento, casamento e falecimento no cartório da Comarca de Iguape (SP) e no ar-quivo para o Consulado do Japão, em Santos (SP). Em 1937, mudaram-se para Londrina (PR) e se dedicaram ao comércio.

Em 1920, ainda em Registro (SP), nasceu o primeiro filho, chamado Jorge Watanabe. Aos 8 anos, come-çou a estudar o primário na cidade, mas, como não havia o 4º ano primá-

rio, foi para Presidente Prudente (SP) fazê-lo. “Na escola primária de Regis-tro não existia ainda o 4º ano.”

Mudou-se para São Paulo aos 14 anos, com uma bolsa do governo ja-ponês, que incluía um pensionato na Liberdade. Terminou o Ensino Funda-mental, chamado de Ginásio na época, no colégio Ginásio do Estado de São Paulo e prestou o exame vestibular na Pré-Politécnica. Dois anos mais tarde, ingressou em Engenharia Química. “Como nessa época havia dificuldade de trabalho nessa área, após dois anos, transferi-me para o curso de Engenha-ria Mecânica Elétrica.” No entanto, de-cidiu mais uma vez mudar de curso e foi para Engenharia Civil pela facilida-de de encontrar trabalho nesse ramo de atividade. “Desta maneira, formei-me em Engenharia Civil pela Escola Politécnica da USP, em 1946.”

Pai de uma engenheira, sua única filha, é casado com Yasco Watanabe há 56 anos.

Trem de Santos a São Paulo - década de 1920

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Turma de 1946 da Politécnica, em 1958

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nabeKazuo Nakashima – No final de

1926, embarcaram no Santos Maru a família Nakashima. Eram os pais e qua-tro filhos, dentre eles Kazuo Nakashi-ma com apenas quatro anos de idade. Chegaram ao Brasil em janeiro de 1927 e foram trabalhar na lavoura de café na fazenda São Martinho, entre Barrinha e Sertãozinho, no Estado de São Paulo. Seus pais, em 1931, compraram terras em Sete Barras (SP) e começaram a plantar arroz. “Como não havia uma maneira de transportar a mercadoria, perderam toda a safra.” Em 1932, vol-taram à fazenda São Martinho, onde cultivaram algodão.

Nascido em Shizuoka (Japão), em 1923, Nakashima começou seus estudos aos 14 anos, em Jaboticabal, onde sua família havia se mudado no ano anterior. Em 1944, foi para São Paulo para fazer o último ano do En-sino Médio, denominado colegial, no colégio Roosevelt. Enquanto estava na capital, morou em uma pensão de uma família amiga.

Por duas vezes, tentou a Poli, mas sem sucesso. Então, em 1947, iniciou

o curso de Mecânica na FEI, mas se transferiu para Engenharia Civil no Ma-ckenzie, formando-se em 1952. Ainda na faculdade, começou a trabalhar com cálculo numa empresa de Engenharia.

Casou-se, em 1967, com Flavia Toshie Nakashima, com quem tem um filho.

Tamaaki Sasaoka – Nascido na província de Hokkaido (Japão),

aos seis anos, chegou, com seus pais, ao Porto de Santos no navio Rio de Janeiro Maru. Seguiram para Ca-felândia (SP), perto de Lins, com a finalidade de lidar com café. Após três meses, a mãe de Sasaoka ficou doente e a família decidiu se mudar para Santa Isabel (SP), onde come-çaram a plantar verduras. “Diziam que o clima de Santa Isabel seria bom para minha mãe”. Foi tão bom que a

Encontro da turma de 1952 do Mackenzie, em 2001

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Quadro da turma de 1954 da Esalq

Turma de 1953 da FEI

mãe dele se curou e recebeu um con-vite para fundar uma pequena escola para as crianças da colônia japonesa em Arujá, cidade vizinha.

Em Santa Isabel, seu pai planta-va verduras e Sasaoka iniciava suas atividades escolares. Segundo o en-genheiro, aos 10 anos, seus estudos foram interrompidos porque seu pai foi convidado a trabalhar no comér-cio em São Paulo, vendendo verdu-ras no mercado municipal. “Muitas verduras que o meu pai vendia não eram conhecidas pela população”, lembrou sorrindo.

A família mudou para São Paulo e Sasaoka terminou o primário no Taisho e cursou o ginásio e colegial no colégio Paulistano, ambos na Li-berdade. Começou a cursar Engenha-ria Mecânica na FEI, quando ainda era na Rua São Joaquim (Liberdade), formando-se em 1953.

Em 1957, casou-se com Suzuka Sasaoka e tem uma fi lha e um fi lho.

Hiroshi Ikuta – Nasceu em Mogi das Cruzes (SP), em 1929. Filho de Torao e Tamie Ikuta. Seus pais che-garam ao Brasil em 1918 e trabalha-ram na lavoura de café na cidade de Guatapará (SP). “Após o término do contrato, foram para Mogi das Cru-zes, onde começaram a trabalhar com hortaliças e fruticultura”, lembrou.

Em sua terra natal, Hiroshi estu-

dou desde o primário até o 2º colegial, quando foi para São Paulo completar o colégio. Estudou no colégio Anglo Latino e morou em uma república.

Como sua família sempre se dedi-cou à agricultura, tomou a decisão de estudar Engenharia Agronômica. Em 1950, entrou na Esalq, formando-se em 1954.

Viúvo de Suga Neguishi Ikuta, tem duas fi lhas e três fi lhos, sendo que dois deles são engenheiros agrô-

nomos. Apesar de ter se aposentado em 1994, ainda continua na ativa. Atualmente, além de professor convi-dado da UMC - Universidade de Mogi das Cruzes –, desenvolve trabalhos de Melhoramento de Orquídeas em convênio com a Afl ord – Associação dos Floricultores da Via Dutra – e a Fapesp – Fundação de Amparo à Pes-quisa do Estado de São Paulo.

Mesmo diante das difi culdades com a língua e a cultura, esses profi s-sionais pioneiros mostraram perse-verança, disciplina e fi rmeza e vence-ram as diferenças. Atualmente, como parte da sociedade brasileira, cente-nas de engenheiros nikkeis saem da universidade todos os anos, ajudando no desenvolvimento de sua Pátria.

PrimeirosO ITA também faz parte dessa

galeria com um único represen-tante, formado em Engenharia

de Aeronaves, em 1955, Antonio Hideto Kobayashi, que morreu aos

72 anos, em 2003.A única mulher a estar na lista

dos pioneiros é a engenheira civil, formada pela Politécnica em 1957,

Harumi Ohno Dal Porto.

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Uma explicação inicial

o observar a relação divul-gada pelo Instituto de En-genharia, contendo o nome dos primeiros engenheiros

nikkeis formados no Estado de São Paulo, verifi quei que conhecia mui-tos dos que fazem parte da lista. Eles eram cerca de metade do conjunto. Alguns deles, conheci há quase 70 anos, quando ainda nem estudava En-genharia. Outros tinham sido colegas de internato ou de cursos secundá-rios ou fi quei conhecendo em contato com famílias de meu relacionamento. E os demais foram contemporâneos da Escola Politécnica e de outras es-colas de Engenharia, que conheci em vários graus de aproximação.

Detendo-me em cada nome, co-mecei a me lembrar da fi gura deles, associada às particularidades físi-cas que me chamaram a atenção na época. Foi um retorno agradável, que achei que valeria a pena deixar re-gistrado, como memória dos tempos passados, embora de forma informal, superfi cial e até irreverente. Lamen-tavelmente, muitos não estão mais presentes entre nós. Seria um motivo

Reminiscências de nikkeispioneiros na Engenharia

Aa mais para assinalar a passagem de-les pelos caminhos por onde percorri também. Uma razão fi nal para este registro é o fato de não existir qua-se nada escrito, que faça referência à maioria dos engenheiros nikkeis daquela época. Eles foram os precur-sores da imensa corrente de profi s-sionais que iriam contribuir, com sua competência, disciplina e garra, para a modernização deste País.

Os primeiros que conheci

O primeiro nikkei de quem tive conhecimento como estudante de En-genharia, foi Kaol Suguimoto, do Mackenzie. Quando eu estudava co-mércio, no mesmo estabelecimento, via-o andando esbelto e garboso pelos pátios arborizados daquela tradicional escola. Por alguma razão, ele se formou muito mais tarde do que imaginava.

Quando estudava no colégio, fi -quei conhecendo alguns que já eram formados como Hajimu Ohno, di-plomado na Politécnica, que traba-lhava no Departamento de Estradas de Rodagem – DER – de São Paulo, na construção da Via Anhangüera. E, também seu cunhado Masao Su-

gaya, formado três anos antes, tam-bém na Poli, que trabalhava na Confab, uma grande indústria mecânica loca-lizada em Santo André. Ele e a esposa D. Toyoko, irmã de Hajimu Ohno, gostavam de reunir jovens estudan-tes, moços e moças, na casa deles na Cidade Vargas, em animados en-contros de confraternização. Tive o privilégio de participar muitas vezes dessas reuniões.

Um outro que também conheci, mais, tarde foi Ayami Tsukamoto, japonês de nascimento, atarracado, que foi o primeiro, se não um dos primeiros nikkeis que se formou em Curitiba, na Faculdade de Engenha-ria do Paraná. Ele trabalhou algum tempo na empresa de um dos mem-bros da família Matarazzo e, depois, abriu uma fi rma de Engenharia, o Escritório Técnico Central, sediado no Edifício Central, do mesmo Ma-tarazzo. Tornei-me muito amigo de Tsukamoto. Foi ele quem construiu bem mais tarde a minha residência no Alto de Pinheiros, em São Paulo. A minha carteira de motorista foi ti-rada com o veículo que ele me em-prestou. O sócio de Tsukamoto, na fi rma de Engenharia, era Shinichi Kubo, que também fi quei conhecen-do nessa época. Era engenheiro me-cânico-eletricista, formado na Poli, nascido no Japão, identifi cado pelo seu bigode, pela fala pausada à pro-cura da palavra certa em português e pelo seu andar ligeiro. Além de instalações elétricas, fazia também muitos trabalhos de topografi a. Foi a fi rma desses dois engenheiros que construiu o grande edifício da Casa de Estudantes Harmonia, em São Bernardo do Campo.

Convidado por Tsukamoto, fi z com ele várias viagens de carro e, numa excursão de grupo ao Pico de Itatiaia, fi quei conhecendo Takeo Kawai, da Cooperativa Agrícola de Cotia. Ele era japonês também e foi o

Por Paulo Soichi Nogami

Turma de Paulo Soichi Nogami - Politécnica 1950Turma de Paulo Soichi Nogami - Politécnica 1950

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primeiro engenheiro nikkei formado no Brasil, pelo Mackenzie, em 1931. Comentava-se que suas obras pri-mavam pela sobriedade e robustez folgada. Ele era, além de engenheiro, um intelectual.

Quando eu ainda me preparava para a Engenharia, sabia que Massa-mi Hirota, que tinha visto algumas vezes em reuniões da Liga Estudanti-na Nipo-Brasileira, sempre elegante, lábios carnudos, fazia o curso na Po-litécnica. Muito mais tarde, vim sa-ber que, na profi ssão, ele se dedicava a projetos e execuções de instalações elétricas, numa época em que se co-meçava a utilizar conduítes fl exíveis de plástico, em lugar de tubos de aço rígidos. E, conheci em outros encon-tros Kira Yssao, registrado com o sobrenome antecedendo o nome, à maneira japonesa. Entretanto, meus contatos com ele foram tão ligeiros que não fi quei sabendo de maiores detalhes sobre suas atividades.

Meu ingresso na Politécnica

Freqüentemente me perguntam qual foi o momento mais feliz de mi-nha vida. Sempre tenho que refl etir para poder responder, mas um dos que mais me marcou e me alegrou aconteceu quando vi no jornal a lista de aprovações no exame de habilita-ção da Escola Politécnica, no ano de

1946. Passando os olhos sofregamen-te, encontrei lá o meu nome, pouco antes do meio da lista. Dei um salto de alegria porque era o coroamen-to de um período de vários anos de profunda dedicação aos estudos. Eu tinha feito inicialmente um curso técnico de contabilidade, no Institu-to Mackenzie. Quando meu pai me aconselhou a estudar mais, decidi fazer Engenharia. No entanto, para isso, tive que começar tudo de novo porque o curso comercial daquela época não dava equivalência com o ginásio para fi ns de prosseguimento. Tive que fazer dois anos de madure-za e mais o colégio inteiro. Com isso e com outros atrasos, entrei na Poli com 23 anos, que é uma idade para se formar e não para começar.

O exame vestibular tinha sido di-fícil. Muitas das questões não eram mais como as que foram nos anos anteriores, do estilo tradicional. Com o fi m da 2ª Guerra Mundial, ocorrido no ano anterior, o intercâmbio acadê-mico com os países aliados tinha au-mentado e novos tipos de problemas foram introduzidos nos exames, atra-palhando os candidatos. Dentre cerca de 600 inscritos, para 160 vagas, só foram aprovados 80. Ficamos sendo conhecidos como os alunos da “Turma dos 80”. O exame de habilitação não era apenas classifi catório; exigia-se uma nota mínima para ser aprovado.

O ingresso foi difícil, mas, para mim, acompanhar o ritmo das au-las foi mais difícil ainda. Não estava acostumado com a intensidade e a complexidade dos assuntos que eram ministrados durante oito horas por dia, de segunda a sexta-feira, além das tardes de sábado. Não se podia descuidar nem um pouco, senão era dependência na certa.

Contudo, estava satisfeito e or-gulhoso por ter conseguido alcançar o objetivo a que me propusera. Ao olhar para a fi sionomia de meus co-legas de turma, fi cava imaginando a inteligência deles e nas difi culdades que também tiveram que enfrentar para estarem onde estavam. E me sentia feliz por me incluir num grupo tão heterogêneo mas privilegiado de colegas das mais variadas procedên-cias, como nunca tinha visto ante-riormente. Eles eram paulistanos de vários bairros, ricos e pobres, e inte-rioranos de lugares diferentes como Campinas, Franca, Cotia, Santos, Co-lônia Varpa, Getulina e Catanduva, e de outros Estados como do Ceará, Alagoas, Sergipe e Santa Catarina. As mais variadas etnias estavam repre-sentadas, inclusive nós, nikkeis, que, inicialmente, éramos três apenas.

Os colegas de turma nikkeis

Um dos que entraram comigo era Siguer Mitsutani, que já era meu colega de classe desde os tempos do Colégio Estadual Presidente Roose-velt. Ele estava lá vindo do famoso Ginásio do Estado, do Parque D. Pe-dro II. Possuindo uma tez fortemente bronzeada, era inteligente, metódico nos estudos, de agradável trato e de sorriso franco e sonante. Foi um dos três primeiros colocados no exame de habilitação. E já trabalhava fa-zendo bico em traduções de japonês. Dedicou-se ao cálculo de estruturas, um assunto que ele dominava muito bem. O outro era Gen Tsunashima, que só fui conhecer no primeiro dia de aula. Estranhei-o quando ele veio falar comigo. De fi sionomia bem ar-redondada, tinha certo embaraço em pronunciar as palavras em português

Primeiro prédio construído, em 1895, que abrigou a Escola de Engenharia e, agora, é o Centro Histórico do MackenziePrimeiro prédio construído, em 1895, que abrigou a Escola de Engenharia e, agora,

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e aparentava ter mais idade que os demais. Logo fi quei sabendo que era japonês de origem e que tinha 27 anos, isto é, quatro anos a mais em relação a mim, que já me considerava bastante idoso. Ele era órfão de pai e havia trabalhado e lutado muito para poder estudar. Cedo aprendi a dar va-lor a ele e nós nos tornamos grandes amigos. Casou-se com Clara Kishi-moto, muito amiga de minha esposa, no tempo de solteiras. Foi ele quem cuidou da reforma de minha casa, 27 anos após a formatura. Trabalhou muito tempo como engenheiro da Cooperativa Agrícola Sul-Brasil, mas antes tinha permanecido um bom período em Volta Redonda, na fi rma Sobraf, de São Paulo, na supervisão de obras de fundações na Companhia Siderúrgica Nacional.

No meio do ano de 1946, foi aber-to um exame especial de habilitação destinado a expedicionários que ti-nham retornado dos campos de bata-lha da Itália. Entre eles estavam dois nisseis: Yoshihiko Mio e Paulo Fueta. Este último fi cou certo tempo como integrante da nossa turma, mas depois deixou de ser visto. Pensava que talvez tivesse se transferido para alguma escola, em outro Estado, ou mesmo deixado de estudar, por algu-ma forte razão. Até hoje desconheço o motivo. Era muito simpático. Mio viera de Getulina, falava pausada-mente e tinha um certo quê de cabo-clo. Era um pouco reservado, de ar assustado, entretanto era inteligente, de bom gênio e amigo de todos. Tra-balhou longos anos no DER - Depar-tamento de Estradas de Rodagem -, em Bauru.

Os anteriores da Politécnica Ao chegar à Poli, observava com

curiosidade os quadros de formatura que estavam afi xados em paredes de vários ambientes. Na grande sala de aula do 3º piso do edifício Paula Sou-za, cheia de mesas para desenho, havia um quadro de formandos do distan-te ano de 1935. Lá havia a fotografi a de um japonês de nome Schigueru Ono, que não conheci e de quem ja-

mais tinha ouvido falar. Não era pa-rente de Hajimu Ohno, que conhe-cia, mas imaginava que ele era o mais antigo dos nikkeis que se formaram na Politécnica. Nem depois, na sociedade em que freqüentava, ouvi um comen-tário qualquer sobre esse engenheiro. Não era dos que circulava no pequeno círculo de nikkeis da época. Os demais diplomados não me eram estranhos, conforme já me referi.

No 6º ano de Minas e Metalurgia estava o Tomio Kitice, com o seu bigode característico. Trabalhou ini-cialmente no IPT - Instituto de Pes-quisa Tecnológicas -, foi professor e depois passou a dirigir uma indústria mecânica constituída por empresá-rios japoneses aqui residentes.

No 5º ano, estava o Jorge Wata-nabe que já havia visto anteriormen-te andando em companhia de Ayami Tsukamoto. Jorge era calmo, pon-derado e de fala pausada. Participava como o mais veterano dos politécni-cos nas reuniões que alguns nisseis da Poli realizavam, com a idéia de fundar uma associação de estudan-tes nikkeis. A iniciativa foi combati-da pelos que pertenceram à extinta Liga Estudantina Nipo-Brasileira (posteriormente Liga Estudantina de São Paulo) e a idéia terminou sendo abortada. No entanto, deu ensejo, logo a seguir, a um movimento maior abrangendo universitários de outras

faculdades, que acabou vingando. No 4º ano, eram alunos nisseis:

Eduardo Riomey Yassuda, Ma-sakazu Outa e Quincas Kajimo-to. Yassuda andava sempre bem trajado e era tido como aluno bri-lhante. Em casa, contaram-me que ele devia ser fi lho de Ryoiti Yassuda, que veio ao Brasil com meu avô Sa-buro Kumabe, em 1906. Era assis-tente-aluno do Prof. Lucas Nogueira Garcez, catedrático de Hidráulica e Saneamento. Após se formar, tor-nou-se assistente da cadeira e, ao ser instalado o curso de Engenharia Sanitária, na Faculdade de Saúde Pú-blica, tornou-se docente de uma das disciplinas. Nessa faculdade, pres-tou concurso público para professor catedrático, tendo sido o primeiro nissei a alcançar esse título na Uni-versidade de São Paulo. Foi ainda secretário de Estado de Obras e Ser-viços Públicos no governo Abreu So-dré. Tive a oportunidade de trabalhar com ele durante quase 20 anos, em vários cargos e devo a ele a consoli-dação de minha carreira profi ssional. Massakazu Outa, que via andando sempre só, no setor da Engenharia Química, passou a trabalhar no IPT. Quincas Kajimoto, de quem ouvia falar em Ribeirão Pires e conhecia de vista, teria se tornado engenheiro do Instituto de Previdência do Estado de São Paulo.

Prédio da Politécnica em 1947Prédio da Politécnica em 1947

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No 3º ano, faziam o curso Shi-gueharo Deyama e Job Shuji Nogami. Deyama andava sempre de avental e com um ligeiro sorriso estampado num rosto de queixo arre-dondado. Sempre denotava tranqüili-dade e bem-estar. Depois de formado, tornou-se professor e pesquisador do Instituto de Eletrotécnica. Job, meu irmão logo abaixo, fazia o curso de Mi-nas e Metalurgia, que era de seis anos, razão pela qual só se formou com os alunos da turma seguinte. Ao se diplo-mar, foi trabalhar no DER. Quase ao mesmo tempo, passou a fazer parte do corpo docente da própria Escola Poli-técnica. Reservado e simples em tudo, era um estudioso e notabilizou-se em estudos e pesquisas de materiais e métodos construtivos de pavimentos rodoviários de baixo custo. O Labora-tório de Tecnologia de Pavimentos da Escola Politécnica é identifi cado atu-almente pelo seu nome.

Na turma anterior à nossa, havia o maior contingente de nikkeis. Eram Airson Iabuti, Chinya Assahina, Edmundo Takahashi, Goiti Su-zuki, Goo Sugaya, Masayuki Fu-ruya, Renato Teruo Tanaka, Ro-meu Batista Suguiyama e Yojiro Takaoka. Não tive muito contato com eles, apesar da proximidade em termos de turma e nem soube direito da carreira de alguns depois de forma-dos. Lembro-me que, na Politécnica, não havia muita integração entre alu-

nos de níveis diferentes. Os que esta-vam na frente, pouca atenção davam a nós e nós também não nos aproxi-mávamos muito deles e nem dos que vinham depois. Todos eles pareciam estar sempre sérios demais, talvez de-vido à intensidade e dureza das aulas. De Airson Iabuti, apenas lembro-me bem de sua fi sionomia alongada, austera, pouco nipônica. Edmundo Takahashi, ao contrário, tinha uma feição meio quadrada e era de pou-ca fala. Dedicou-se à Engenharia de Fundações. Goo Sugaya, de cabelos altos, andava meio curvado, pensati-vo, com sua bolsa debaixo do braço. Era irmão de Masao Sugaya, sendo morador da Colônia, em Itaquera. Especializou-se em construções e em levantamentos topográfi cos e geo-désicos. Faleceu prematuramente. A primeira vez que vi Masayuki Fu-ruya, que fazia o curso de Química, imaginei estar diante de um samurai, tal a semelhança com os espadachins que via em ilustrações japonesas. Era fi lho do ex-embaixador do Japão na Argentina (escapou milagrosamente de um atentado da Shindo Renmei) e trabalhou no Instituto Oceanográ-fi co da USP. Formou-se mais tarde em Engenharia Civil também. Yoji-ro Takaoka, boa estatura, de feição triangular, com bigode e uma pinta no rosto que chamava atenção, era fi lho de quem foi o primeiro médico da comunidade nipo-brasileira, já na

década de 1910. Yojiro tornou-se o maior empreendedor de construções imobiliárias e de urbanização em São Paulo. Renato Teruo Tanaka, fui conhecê-lo melhor mais tarde, com a sua energia e andar apressado e oscilante, em razão de termos sido colegas de trabalho em órgãos esta-duais de saneamento. Na gestão de Eduardo Riomey Yassuda como secretário de Obras do Estado, Ta-naka foi conduzido à presidência da Companhia de Saneamento da Baixa-da Santista – SBS. Romeu Batista Suguiyama, com um traço meio oci-dental e de bigode, era mais desem-baraçado e comunicativo. Por alguma razão, ele foi se diplomar na minha turma. Chinya Assahina, nascido no Japão, aparentava ser um tanto idoso. Por ser do curso de química, via-o menos, mas encontrava-o entu-siasmado em reuniões de nikkeis fora da escola. Goiti Suzuki conhecia-o bem de vista, mas não me recordo de ter tido algum contato maior.

Os posteriores da Politécnica

Entre os que vieram depois, mas ainda na Poli, eram poucos com os quais tinha alguma relação pessoal ou um conhecimento maior. Um deles era Sancho Morita, da turma ime-diatamente posterior, que já conhe-cia por razões de família. Tornou-se membro do corpo docente da Poli e da recém-criada Faculdade de Enge-nharia Industrial, tendo se dedicado igualmente a várias atividades no ramo da indústria mecânica. Casou-se com a minha prima Toshiko Fu-gita. Tetsuaki Misawa, nascido no Japão, e por isso falava fl uentemente o japonês, era um dos que conhecia bem pelos contatos anteriores e pelo seu dinamismo e pela sua audácia. Ele foi um dos fundadores do Cur-so Cosmos, um preparatório para o vestibular, e ainda da Associação Cultural e Esportiva Piratininga, que congregava estudantes e recém-for-mados nikkeis no pós-guerra. Seus associados promoviam anualmente a chamada Caravana Estudantina para cidades do interior, no período de fé-Aréa de convivência ao ar livre da FEI em 1963Aréa de convivência ao ar livre da FEI em 1963

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rias. Contrariamente às expectativas de que iria exercer a profi ssão como autônomo, dedicou-se ao setor públi-co, trabalhando no Departamento de Águas e Esgotos da Capital. Casou-se com Yoshiko Asanuma, que havia se formado na medicina da USP vencen-do os mais árduos obstáculos, confor-me relatado no seu recente livro auto-biográfi co “Histórias de uma Vida”.

Hissao Momoi, de duas turmas posteriores, foi meu colega de um in-ternato na Rua Galvão Bueno, anos atrás, e continuava sendo metódico, formal e dono de um orgulho justifi -cado. Lembro-me bem dele pela tez clara e pela sua caligrafi a impecável. Muitos anos depois, encontrei-o no bairro da Liberdade, quando me con-tou que estava estudando shodô, a arte tradicional da escrita japonesa, confi rmando que continuava sendo adepto da caligrafi a. Um colega de turma dele era Mitomu Simamu-ra, de estilo reservado, bem vestido de terno tipo jaquetão azul-marinho, que já conhecia do tempo em que ele morava com Tetsuaki Misawa na região do Mercado Central. Casou-se com Nair Tone, de Ourinhos, que também conheci em reuniões de estu-dantes na residência de uma profes-sora de japonês, em Pinheiros. Mito-mu tornou-se grande empresário de Engenharia em Londrina, onde há, inclusive, uma rua com o seu nome.

Já estava além do meio do curso, quando conheci entre os “bichos”, a fi gura de Kokei Uehara. Já nos pri-meiros contatos, fi quei sabendo que ele estava atrasado nos estudos por-que viera do Japão e ainda teve que trabalhar duro na lavoura com os de-mais membros da família. Graças à ajuda e ao sacrifício de seus irmãos, viera à capital como o único que foi escolhido para prosseguir os estu-dos. Na Poli, foi um aluno maduro e respeitado. Ao se formar, tornou-se assistente do Prof. Lucas Nogueira Garcez. Prosseguindo no magistério, chegou ao ápice da carreira como pro-fessor titular. Mestre extremamente dedicado e incentivador dos alunos, recebeu o título de Professor Eméri-to, o primeiro atribuído a um nikkei

na Escola Politécnica. Na comunida-de nipo-brasileira, é a personalidade de maior destaque, uma vez que exer-ce o cargo de presidente da Socieda-de Brasileira de Cultura Japonesa e de Assistência Social. Nessa mesma turma, estava Makoto Nomura. Quando apareceu como um novo alu-no, as atenções se voltaram para ele num misto de curiosidade e compai-xão. Isso porque, pouco tempo antes, o pai dele, conhecido empresário, jornalista esclarecido e redator-chefe do jornal “Nippak Shimbun”, tinha sido uma das vítimas fatais da orga-nização clandestina Shindô Renmei. No entanto, Makoto não externava a dor e a tristeza internas que certa-mente sentia e circulava com humor, de avental branco, pelos pátios da Es-cola. Três décadas após, quando tra-balhava no Laboratório de Hidráuli-ca da Escola Politécnica, ele e outros colegas de serviço almoçavam diaria-mente num restaurante de comida japonesa, no bairro de Pinheiros. Eu gostava de me juntar a eles, uma vez por semana.

Em 1950, quando já estava no úl-timo ano, entrou mais uma turma. Lá estava, entre outros, Mitsuo Ohno, que era de uma família que conhecia bem. O seu irmão Hajimu Ohno e o seu cunhado Masao Sugaya, já ci-tados, incluíam-se entre os primeiros nikkeis a se formarem na mesma es-

cola. Mitsuo teve a melhor classifi ca-ção no vestibular desse ano. Tornou-se professor da cadeira de Topografi a e Geodésia da própria Politécnica.

Entre o grupo dos pioneiros, en-contram-se alguns que ainda estuda-vam na Poli após a minha formatu-ra. Um deles, Pedro Issao Ito, já o conhecia por ser fi lho do respeitado Reverendo Yasuji Ito, conhecido da família, o primeiro pastor evangélico que trabalhou com extrema dedica-ção com a comunidade japonesa no Brasil. Sadame Itinose foi um dos meus colegas do internato da Rua Galvão Bueno, no início da década de 40. Vinha de Araçatuba, cidade de origem de muitos outros colegas, nessa casa de estudantes. Itinose, na época, gostava de argumentar e era convicto em suas afi rmativas. Expunha suas idéias sempre com o dedo indicador em riste. Foi tam-bém expedicionário. Houve alguma outra razão, que não vim saber, que o fez atrasar na conclusão do curso de Engenharia.

Harumi Ohno é a primeira mu-lher de origem japonesa a se formar no Estado de São Paulo e, certamente, no Brasil. É irmã de dois outros en-genheiros Hajimu Ohno e Mitsuo Ohno e cunhada de Masao Sugaya. Numa certa época, a família contava, pois, com quatro engenheiros, todos formados na Politécnica. Conheci

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bem Harumi Ohno, desde antes de ela iniciar o estudo da Engenharia. Depois de formada e já trabalhando na profi ssão no Departamento de Obras Sanitárias, cedeu-me algumas horas disponíveis para preparar os desenhos técnicos de um livro sobre poços profundos, do qual eu era um dos autores, publicado pela Faculda-de de Saúde Pública.

Os conhecidosde outras escolas

Da Escola de EngenhariaMackenzie - EEM

Já me referi a Takeo Kawai e Kaol Suguimoto, dois dentre os mais antigos do Mackenzie. Ainda no Mackenzie, conhecia de vista, quan-do estudava lá, o Kazuo Sakamo-to, mais gordo, e o seu irmão Satiro Sakamoto, mais magro, que, na épo-ca, faziam o ginásio e mais tarde se formariam também engenheiros por essa escola. Moravam na rua Major Sertório, a dois passos do Mackenzie. O pai deles foi personalidade proemi-nente da comunidade japonesa de São Paulo e muito chegado a um tio meu, por terem pertencido ambos à com-panhia colonizadora Kaikô – Kaigai Kogyô Kabushiki Kaisha (KKKK). Satiro Sakamoto trabalhou até re-centemente na Sabesp, empresa em

que também trabalhei. Conheci igual-mente Izumi Yuasa, sério, de rosto chupado e de óculos de aro metálico. Constava que, sendo ele fi lho de um pastor evangélico, o Mackenzie, que é de origem religiosa, oferecia-lhe uma bolsa de estudos, como cortesia da instituição. Kioshi Kato, também chamado de Pedro, fi quei conhecen-do por meio de sua irmã Inez, muito amiga de Kazue Iamane, que viria ser a minha esposa. O pai de Kioshi, Carlos Y. Kato, que tinha um nome cristão incorporado informalmente ao seu nome, foi um empresário de vi-vência internacional e de larga expe-riência, tendo sido o principal funda-dor do Banco América do Sul. Pedro Kioshi Kato tornou-se o presidente da Construtora Engin, de São Paulo. Yasuo Yamamoto foi um contem-porâneo do estudo de Engenharia. Minhas relações com ele não eram nem freqüentes e nem muito próxi-mas, mas encontrava-o vez ou outra, ocasião em que trocávamos algumas palavras. Tornou-se um conceituado calculista de estruturas. Em compa-nhia de Gen Tsunashima, meu co-lega de classe na Poli, e de outros, foi uma das pessoas que batalhou muito para a consolidação da instituição de assistência aos defi cientes Kibô-no-ie. Kazunori Nishimura mo-rava na casa de uma família que eu freqüentava amiúde. Dotado de um

gênio que agradava a todos, cursava ainda a Escola Técnica Getúlio Var-gas. Estudioso e lutador, venceu du-ras etapas até chegar à Engenharia do Mackenzie, quando perdi totalmente o contato com ele. Kazuo Nakashi-ma foi colega de turma de Kazunori Nishimura. Nascido no Japão, tinha uma postura rígida e um olhar fi rme, e cumprimentava com forte aperto de mão tendo o braço meio retraído. Casou-se com Flávia Toshie Wada, uma grande amiga de minhas irmãs, desde o tempo em que eram colegas da mesma faculdade, na USP. Uma particularidade do Nakashima era a de ser um vegetariano ortodoxo, que não transigia de modo algum. A sua especialidade na profi ssão foi e ainda é de calculista de grandes estruturas. Akira Kagano, de Cerqueira César, silencioso e pacato, foi meu colega numa casa de cômodos, no bairro da Liberdade. Ao deixar essa casa, quan-do me casei, perdi contato com ele.

Da Escola Superior de Agricul-tura Luiz de Queiroz - Esalq

O mais antigo dos diplomados em Piracicaba, de meu conhecimento pessoal, mas que só fi quei sabendo ao ser organizada a lista dos pioneiros, é Takeki Tuboi. Ele foi também um dos companheiros de internato, du-rante um curto período. Tenho uma vaga lembrança que ele era originá-rio de uma cidade da Sorocabana. Ti-nha uma compleição mais ou menos avantajada, tez clara, e era possuidor de um temperamento calmo e medi-tativo. Lembro-me de ter empresta-do a ele um bandolim, que foi trazido por um tio meu, dos Estados Unidos, após uma longa permanência. Tuboi queria aprender a tocar esse instru-mento. O outro é meu próprio irmão Shozo Nogami, formado em 1953. Após a conclusão do curso, foi leva-do pelo meu pai ao Japão, onde per-maneceu um ano todo. Ao retornar, começou a apresentar problemas comportamentais que o difi culta-vam para o trabalho. Colaborou na implantação dos Clubes 4-H (Head, Heart, Hand e Health) destinados

Edifício central da EsalqEdifício central da Esalq

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a formar jovens líderes em ativida-des do campo. Por meio dele, ouvi falar de alguns outros engenheiros agrônomos da mesma época, que ele respeitava pela competência e dedi-cação. Entretanto, eles não foram de meu conhecimento pessoal.

Do Instituto Tecnológicode Aeronáutica – ITA

Conheci o único que consta da lista dos pioneiros: Antonio Hide-to Kobayashi. Era fi lho de Midori Kobayashi, o diretor do internato da Rua Galvão Bueno, 407. Na ocasião em que eu era interno de lá, Hide-to não passava de um menino de menos de 10 anos. Tinha os cabelos bem negros, com o corte em forma-to de cuia, e falava somente em ja-ponês. Nem sabia que seu prenome era Antonio. Na época da 2ª Guerra Mundial, o internato teve que ser fe-chado e os Kobayashi retiraram-se para a Zona Sul, na periferia da capi-tal. Perdi contato com eles. Foi uma surpresa ver o nome de Hideto como o único da lista dos pioneiros e, mais ainda, na condição de primeiro ni-kkei formado pelo ITA.

Da Faculdade de Engenharia Industrial – FEI

A FEI começou a funcionar em 1946, no mesmo ano em que entrei na Politécnica. As notícias sobre as primeiras turmas ainda eram mui-to vagas, porém sabia que um colega conhecido estava estudando na nova faculdade. Era Hirose Yamamoto que, numa certa época, também mo-rava no mesmo quarto de Tetsuaki Misawa e Mitomu Simamura, nas proximidades do Mercado Municipal. Ele foi o segundo nikkei a se formar na FEI. Lembro-me que ele gostava de jogar baseball. Casou-se com a fi lha de Yasutaro Ishikawa, de Santo André, um amigo de meu pai, e foi trabalhar no Departamento de Águas e Energia Elétrica. Luiz Gonzaga Nakaya era descendente de proprietários da tradicional Casa Nakaya de artigos ja-poneses no bairro da Liberdade. Em-

bora abonado, era diferente de outros de igual condição, pois era estudioso e muito sério. Trabalhou na Büssing e na Bardella e foi professor tanto da FEI como da Politécnica. Estive no casamento dele com Rúbia Konda, fi -lha do abnegado médico Dr. Motomu Konda, de Lins. Ela era colega de mi-nhas irmãs, quando juntas moravam em São Paulo na residência de outro médico, o Dr. Yoshinobu Takeda. Para ela, cheguei a dar aulas de revisão de matemática. Luiz Nakaya faleceu cedo, em plena fase de atividades.

De outros Estados Ao me formar na Escola de Comér-

cio Mackenzie, em 1941, fui até o Rio de Janeiro a fi m de registrar o meu diploma no Ministério da Educação. Nessa ocasião, fui a pedido de minha avó a Niterói, para levar uma pequena encomenda destinada a Sra. Yamagata. Ela era a viúva do pioneiro e arrojado empresário Yuzaburo Yamagata, que foi o melhor amigo de meu avô Saburo Kumabe, desde que se conheceram no Rio, por volta de 1913. A casa que pro-curei era de um dos fi lhos dela, Fumio Yamagata. Não o encontrei pessoal-mente, mas sabia que ele e seu irmão maior Takeo Yamagata já eram, nessa época, engenheiros formados e estavam em franca atividade. Foram, com certeza, os primeiros engenheiros nikkeis no Rio de Janeiro. Pertencia a eles a fi rma Yamagata Engenharia,

que executou, inclusive em São Paulo, algumas obras de envergadura.

Eles, como também Ayami Tsukamoto, do Paraná, já citado, não se acham incluídos na relação dos engenheiros nikkeis pioneiros porque a lista do Instituto de Enge-nharia contempla apenas os que se formaram no Estado de São Paulo. No entanto, foram aqui citados, por terem pertencido também, e com grande mérito, ao pelotão de vanguar-da da enorme classe de profi ssionais nikkeis que se formaria ao longo dos anos na área da engenharia, seguindo o exemplo desses desbravadores.

Palavras fi nais Resta-me dizer que fi guro como

o 34º elemento da relação. Conside-rando somente os diplomados na Es-cola Politécnica, ocupo a 21ª posição. Sinto imenso orgulho em estar entre os pioneiros.

Formei-me em 1950, com 27 anos de idade. E, estando já em atividade profi ssional, fui cursar a Faculdade de Saúde Pública para me especia-lizar em Engenharia Sanitária. Fui sempre ligado ao serviço público. Comecei na Prefeitura Municipal de Santo André, em que permaneci por cinco anos, para depois prosse-guir em diversos órgãos estaduais da área do saneamento básico, ocu-pando cargos de chefi a, assessoria e direção. Aposentei-me em 1996 na Sabesp, empresa na qual havia tra-balhado os últimos 20 anos. Durante um período de 14 anos, dediquei-me também ao magistério, ministrando aulas em cursos de pós-graduação nas escolas da USP.

Li e reli várias vezes este texto, quando sempre acrescentava, supri-mia ou corrigia alguma frase. Toda vez que fazia isso, voltava-me à me-mória a fi gura de cada um dos que foram citados, num agradável retros-pecto, como se o tempo tivesse pa-rado em meados do século passado. Sobre alguns deles, poderia escrever páginas inteiras, tal a convivência que tive com eles. Um dia talvez, vou me dedicar a isso.

“Detendo-me em cada

nome, comecei a me

lembrar da fi gura

deles, associada às

particularidades físicas

que me chamaram a

atenção na época”

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Alunos no pátio em frente ao edifício

Paula Souza da Politécnica

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Placa comemorativa dos 100 anos da Poli

e da inauguração do Jardim Japonês

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Instituto de Engenharia • Especial • Outubro 2008 51

Biblioteca do ITA em 1950

Kawachi Maru na partida

do porto de Kobe em 1914

Estacionamento e

dependência da FEI

kasato Maru em 1910

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Ele se preocupava com o entorno de seus projetos, pintava casas que estavam na mesma rua para embele-zar e dar vida ao local, e entendia que muros, por si só, não são suficientes para construir uma sociedade segura e feliz.

“Todo o esforço que fiz, o investi-mento, essa minha luta não foi para provocar uma segregação, quero que todos tenham direito a riqueza que será produzida.” (Yojiro Takaoka)

Estabelecer uma relação de con-fiança, lealdade e parceria com seus clientes era um de seus valores mais importantes, no sentido de propor-cionar uma vida longa e próspera para sua empresa.

“Pode ser que os outros tenham se dado mal trabalhando desta for-ma, mas comigo a relação de con-fiança e lealdade sempre deu certo.” (Yojiro Takaoka)

Ele gostava de ensinar, pois acre-ditava que quem mais apreendia com isso era ele mesmo, na medida em que seus ensinamentos geravam dúvidas, questionamentos e novas idéias.

“Você não pode crescer sem que os outros também cresçam à sua volta. Só dessa forma você se sentirá real-mente realizado.” (Yojiro Takaoka)

Finalmente, dizia ele, o importan-te é fazer o que gosta, há que se ter prazer e amor com o trabalho que se faz para se alcançar seus objetivos.

“A melhor profissão é aquela cujo exercício nos dá prazer. Trabalho feito sem prazer, além de represen-tar grandes sacrifícios, não tem qua-lidade. Torna-se penoso e, provavel-mente, não levará a obtenção dos vossos objetivos.” (Yojiro Takaoka)

(Frases retiradas do Livro Yojiro Takaoka: o construtor de sonhos, de Even Sacchi)

ojiro Takaoka era um gran-de homem, tinha sempre claros seus objetivos, não via problemas em seu cami-

nho e sim desafios.Tinha seus pensamentos no fu-

turo e suas ações no presente, seguia sempre em frente, levando do passa-do apenas a experiência vivida.

Tinha personalidade forte e não se deixava levar pelos fracos e nem permitia que o medo tomasse conta de seu destino.

“Se você quiser construir uma ponte sobre um rio, estude bem os níveis históricos de enchentes, veja a topografia, seja cuidadoso com a técnica. Mas não se esqueça de falar com o caboclo que viveu ali toda sua vida. Ele provavelmente saberá di-zer quando a água subiu mais alto, muito melhor do que todos os bole-tins técnicos. Preste sempre a aten-ção no que as pessoas têm a dizer.” (Yojiro Takaoka)

Não era inflexível, sabia ouvir as pessoas, reconhecer seus erros com humildade e ser perseverante na rea-lização de seus sonhos.

“O lugar onde se mora não pre-cisa ser rico nem mesmo estar to-talmente acabado, o que importa é a sua história. A casa deve ser o seu sonho, o lugar de referência que você criou e onde se sente bem. Daí eu va-lorizo mais o sonho que a realidade.” (Yojiro Takaoka)

Ele conceituava de forma sistê-mica seus projetos, imaginando-os sempre com pessoas nele vivendo, trabalhando e deles se utilizando e não como simples traços no papel.

“A urbanização é a partida para a habitação organizada, mas não é o único elemento responsável pela qualidade da vida urbana. Tanto as-sim, que não se consegue definir qual a pessoa mais feliz: aquela que mora num palacete, numa casa ou num barraco.” (Yojiro Takaoka)

Lições apreendidascom Yojiro Takaoka

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Ele sabia muito bem como traba-lhar com expectativas e como gerar a imagem do que deveria ser seus pro-jetos no futuro para aqueles que se interessavam e acreditavam em seus sonhos.

O homem mais feliz é o que se jul-ga feliz.”( Yojiro Takaoka)

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Marcelo Vespoli Takaoka

Marcelo Vespoli TakaokaFilho de Yojiro Takaoka,

homenageado formado em 1949

“Ele conceituava de

forma sistêmica seus

projetos, imaginando-

os sempre com

pessoas nele vivendo,

trabalhando e deles se

utilizando e não como

simples traços

no papel”

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Assim, as viagens eram para ele uma ocasião para ampliar seus conheci-mentos, um pretexto para iniciar ou aprofundar investigações sobre os mais diversos assuntos.

Em 1940, já com 34 anos, casou-se com minha mãe por apresentação, um costume muito difundido entre os ja-poneses. Tiveram quatro fi lhos.

Nossa infância toda foi marca-da pelo novo emprego de meu pai na Cooperativa Agrícola de Cotia. Esse trabalho resgatava o sonho que o im-pulsionou a vir para o Brasil, o de ter um trabalho ligado à terra. Ele pôde ali aplicar os seus conhecimentos técnicos para atingir os ideais a que a coopera-tiva se propunha. Acompanhou com grande dedicação o seu crescimento, desde a pequena associação de agri-cultores até ela se transformar em uma organização agroindustrial mais com-plexa. Até os anos 60, a cooperativa era para meu pai como uma grande famí-lia, tanto que freqüentávamos as casas e as festas dos cooperados e dos fun-cionários. À medida que sua estrutura se tornava mais complexa e impessoal, meu pai foi se desencantando até se desligar completamente.

Aposentado, pôde se envolver mais intensamente em atividades pe-las quais sempre se interessou, como a participação em grupos de estudos e pesquisas sociológicas no Centro de Estudos Nipo-Brasileiros.

Já bem idoso e com mobilidade res-trita, manteve acesa sua vida intelectu-al por meio de leituras e estudos que conduzia por conta própria. A par da atividade intelectual, nunca descuidou de sua saúde física, praticando natação diariamente até quase o fi m da vida.

Recapitulando todos esses mo-mentos da trajetória de meu pai, fi co convencida de que ele teve, enfi m, a vida que almejava.

eu pai nasceu em 30 de abril de 1906, em Gokat-sura, província de Mie-ken, no Japão, onde sua

família era proprietária de uma fábri-ca de saquê já há algumas gerações. Desde muito jovem, dizia que viveria fora do país natal. Lia literatura rus-sa, muito em voga no meio estudantil japonês da época, literatura essa que exaltava o socialismo e valorizava o trabalho com a terra como a mais no-bre atividade do homem. Não via pers-pectivas para seu futuro no Japão, em pleno regime militarizado. Escolheu o Brasil como destino, pois lera e ouvira falar que era um país com potencial de desenvolvimento e que acolhia bem os estrangeiros. Pensou que aqui poderia iniciar uma vida honesta de agricultor, apesar de nunca ter tido experiência no trato com a terra.

Assim, encerrado o curso secun-dário, deixou sua família e partiu, juntamente com imigrantes japone-ses, rumo ao Brasil, onde chegou em 6 de agosto de 1925, no porto de San-tos. Logo se dirigiu a uma fazenda em Bauru, no Estado de São Paulo (Bauru fazia parte da frente de expansão ca-feeira da época. Lembro de meu pai comentando que o sol estava sempre encoberto pela fumaça das queimadas das matas). A primeira coisa solicitada pelo fazendeiro aos imigrantes foi que mostrassem suas mãos. As de meu pai, lisas e macias, eram as de quem, até aquele momento, não tinha feito outra coisa senão estudar. O fazendeiro des-tinou-o, então, a trabalhar como aju-dante na sede da fazenda para cuidar das galinhas, varrer o terreiro, ajudar na copa etc., atividades muito distantes do agricultor que pretendia ser. Ficou lá alguns meses; frustrado, percebeu que deveria tomar outro rumo.

Como contava com o apoio da fa-mília, caso se decidisse continuar os estudos, acabou vindo para São Paulo, ingressando no curso de Engenharia

Lembranças de meu pai, Takeo Kawai

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na Universidade Mackenzie em 1927. Apesar das difi culdades com a língua, sua força de vontade garantiu-lhe um bom desempenho na escola, tendo se formado em Engenharia Civil em 1931.

Voltou ao Japão, onde fi cou quatro anos para complementar os estudos em Engenharia. Retornando ao Brasil, trabalhou em empresas japonesas, o que lhe propiciou conhecer o interior do Brasil em viagens memoráveis, como a que fez, a cavalo, pelo sertão de Goiás. Uma das suas principais ca-racterísticas era a de aliar o espírito de aventura com a aventura do espírito.

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Celia Kawai

Celia KawaiFilha de Takeo Kawai, 1º engenheiro

nikkei formado em São Paulo

“Uma das suas

principais

características era

a de aliar o espírito

de aventura com a

aventura do espírito”

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seus anais alguns dados biográficos.Tetsuaki era uma pessoa extre-

mamente humana, cordial, atenciosa, não só com seus familiares, amigos, clientes e colegas do Departamento de Águas e Esgotos.

Quando fazia plantão noturno, como engenheiro responsável pelo as-sentamento de rede de águas na capi-tal, procurava sempre, de alguma for-ma, minimizar as árduas condições de trabalho noturno dos trabalhadores. Foi, por isso, muito bem quisto pelos seus subordinados. O reconhecimen-to pelo seu brilhante trabalho técnico rendeu-lhe uma linda homenagem póstuma, com o seu nome dado a uma rua na Vila Mariana.

Ele prezava todas as amizades e a convivência harmoniosa, sendo queri-do por todos na verdadeira acepção da palavra. Tanto que, nos congressos em que participava, os colegas sempre lhe cantavam o “Parabéns a você”, fosse seu aniversário ou não.

Cumpridor da palavra, não titubea-va em contrariar o seu superior se assim fosse preciso. Certa feita, o governador Jânio Quadros determinou que uma linha de rede de águas fosse inaugura-da em um determinado dia, a qualquer custo. Tetsuaki, como engenheiro res-ponsável da obra, contrariou-o dizendo que o término da obra só se daria den-tro de mais uma semana. Dito e feito, na data, Jânio Quadros, com todo o espalhafato próprio da sua personali-dade, abriu a torneira que fez jorrar a santificada água, para gáudio de toda a população da sua querida Vila Maria, seu eterno reduto eleitoral.

Tetsuaki Misawa foi pai aman-tíssimo, carinhoso, filho sempre pre-sente, esposo irrepreensível. A sua perda precoce, em 1971, foi dolorosa e irreparável.

etsuaki Misawa, filho de Ni-taro e Shizue Misawa, nas-ceu em Kitami, província de Hokkaido, no Japão, em 1.º

de dezembro de 1919. Aos 12 anos, após cursar parte do primário, imigrou para o Brasil, juntamente com seus pais e cinco irmãos. Estabeleceram-se na zona rural, como todos os imigrantes japo-neses, onde ele iniciou o seu périplo de estudos, com todas as dificuldades ine-rentes à época. Diariamente, caminhava doze quilômetros, de ida e volta, sob sol ou chuva, para ir à escola. Vencer tantos obstáculos, amalgamou a sua personali-dade de lutas e sacrifícios.

Fez o ginásio em São Paulo, no en-tão afamado Colégio Paulistano, à Rua Taguá, trabalhando como office-boy e estudando até ingressar na Poli, for-mando-se em 1951. Em 1969, formou-se engenheiro sanitarista, pela Faculda-de de Higiene e Saúde Pública da USP. Aprimorou seus conhecimentos em viagens de estudos ao exterior, em 1959, para os EUA e, em 1967, para o Japão, trazendo importantes contribuições ao Departamento de Águas e Esgotos (atu-al Sabesp), em que trabalhou. Foi agra-ciado com a Medalha Cultural e Cívica José Bonifácio, pela Sociedade Brasilei-ra de Heráldica e Medalhística.

Ainda estudante, juntamente com alguns de seus colegas, fundou o Cursi-nho Kosmos, o qual se tornaria famoso no cenário educacional de São Paulo, quando um dos seus alunos foi aprovado em 1º lugar na Poli. Ele foi sempre um bom didata, segundo seus alunos. Tinha o dom da oratória, captando a simpatia do público, falando tanto em português como em japonês, pois dominava muito bem ambas as línguas. Atingia o âmago da alma das pessoas, conquistando-as com seu carisma e otimismo.

No final da década de 40 e início de 50, os isseis e nisseis viviam ainda uma época de incertezas políticas e so-ciais, conseqüência da desastrosa 2ª Guerra Mundial, culminando com a

Tetsuaki Misawa

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chamada Shindorenmei, como muitos ainda se lembram.

Para minimizar essa atmosfera e le-vantar o ânimo dos nossos pais e irmãos em idade de ingressar no curso supe-rior, um grupo de universitários de São Paulo levantou a bandeira da “Caravana Cultural Estudantil”, que se concretizou em 1949. Dela participaram universitá-rios da Poli, Medicina e Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras. As três pri-meiras caravanas foram lideradas por Tetsuaki e Kiyono, por falarem fluente-mente o japonês e o português. Graças a essa feliz iniciativa, muitos nikkeis vie-ram a São Paulo para prosseguirem os seus estudos e ingressarem em diversas faculdades da capital.

Foi durante essas caravanas que o destino uniu o meu coração ao de Te-tsuaki, éramos então estudantes de me-dicina da Pinheiros e de engenharia da Poli, respectivamente. Casamos em 1954, tendo dois filhos, Horácio (engenheiro) e Henrique (médico), e cinco netos.

O Instituto de Engenharia houve por bem homenagear Tetsuaki Misawa entre os “Engenheiros Nikkeis Pionei-ros” neste ano do centenário da imigra-ção japonesa no Brasil, inserindo em

Foto:

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alDra. Yoshiko Asanuma Misawa

Dra. Yoshiko Asanuma MisawaEsposa de Tetsuaki Misawa,

homenageado formado em 1951

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