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4ª edição
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7/21/2019 Capítulo 9 - Noções de Imunopatologia (Robbins)
http://slidepdf.com/reader/full/capitulo-9-nocoes-de-imunopatologia-robbins 1/38
9
Noções
de
Imunopatologia
Fausto Edmundo
Lima
Pereira
NOÇÕES
SOBRE
O SISTEMA
IMUNITÁRIO
A
reação imunitária é uma
resposta
adaptativacomplexa
que
o
organismo
monta
para
reconhecer e
tentar
eliminar
do
corpo
substâncias
estranhas
que nele
penetram.
Tal
resposta
é realizada
pelo sistema imunitário, o
qual é
formado
por órgãos
constitu¬
ídos
por
células
capazes
dc reconhecer o
que
invadiu
e de montar
respostas
destinadas
a
eliminar
ou
a conter
o invasor.
A
resposta
imunitária
representa
importante
mecanismo
de defesa do
orga¬
nismo e seu
desenvolvimento
foi
crucial para
a
evolução dos
vertebrados,
cuja
existência
sempre
esteve
ameaçada
de
invasão
por
microrganismos.
Inicialmente,
é bom
ressaltar
que
o
sistema imunitário reco¬
nhece e responde não somente
àquilo
que é estranho ao
orga¬
nismo,
como também reconhece
e
responde
a
substâncias
próprias
do
organismo,
já que
são
constituídas
pelos
mesmos compo¬
nentes
que
existem
no
ambiente
externo.
Trata-se,
portanto,
de
um sistema
cujas
células
devem
trabalhar
em
um
alto
nível de
regulação
para
que suas
respostas
resultem na eliminação
daquilo
que
não
pertence
ao organismo
(invasores)
e na
não-agressão
àquilo
que
faz
parte
do
indivíduo.
Como
será
visto a
seguir,
para
o sistema
imunitário
não existem coisas novas ou
estranhas,
já
que
eleé formado
e se desenvolve em um
ambiente
onde existem
os mesmos
elementos existentes no meio externo
(existem
as
mesmasmoléculas
e.
portanto,
os
mesmos
epilopos).
Provadisso
é o
fato
de
os
linfócitos
produzirem
anticorpos
antes de entrarem
em contato
com
aquilo que
se
chama
de
antígenos
estranhos,
já
que os
receptores
que
reconhecem
os
antígenos
são
anticorpos
localizados
na superfície
dos linfócitos
B
ou moléculas
pare¬
cidas
com
anticorpos
localizadas na
membrana
dos
linfócitos
T.
Por essas
razões,
não
é
surpresa
que,
em
certas
circunstâncias,
a
resposta
imunitária
possa
ser
lesiva
ao
organismo,
seja
porque
os mecanismos de
ataque
a um invasor
podem
agredir
o
hospe¬
deiro.
seja
porque
algumas
vezes o sistema reconhece e
reage
anormalmente
a
constituintes
do
próprio
indivíduo.
O sistema
imunitário
é formado
pela
medula
óssea,
linfo-
nodos,
baço.
timo,
tecido
linfático associado
a
mucosas (MALT,
de MucosalAssociated LymphoidTissue;chamado,
às
vezes, de
GALT
ou
BALT.
quando
se refere apenas
ao
intestino
[Gut]
ou
Brônquios) e tecido linfático associado à
pele
(SALT,
Skin...).
Nesses
órgãos,
as
células básicas do sistema são
macrófagos
(células
do sistema
fagocitário
mononuclear,
SFM
),
linfócitos
e
células
dendríticas;
polimorfonucleares neutrófilos
(PMN),
eosi-
nófilos,
basófilos,
mastócitos,
plaquetas
e
células
endoteliais
são
células
acessórias
muito
importantes, especialmente
nos meca¬
nismos
efeluadores da
resposta imunitária
(aconselha-se
ao
leitor
recapitular
em
um
texto
de
Histologia
os
aspectos microscópicos
e ultra-estruturais
dos
órgãos
e
células
do
sistema,
para
melhor
compreensão do
conteúdo
descrito a
seguir).
A
resposta
imunitária
tem
dois
ramos
básicos,
aparentemente
distintos,
mas
intimamente
interligados:
a
resposta
imunitária
inata
c
a
resposta imunitáriaadaptativa.
A
resposta
inata
inclui
mecanismos já existentes no organismo,
que
se
instalam rapida¬
mente como
componente
da
defesa,
respondendo
de modo ines-
pecífico
a
diferentes
agressões.
Essa resposta,
executada pelos
fagócitos
(PMN.
macrófagos,
eosinófilos),
basófilos,
células cito-
tóxicas
naturais
(NKC,
de
NaturalKiller
Cells)
e
pelos
sistemas
protcolíticos
de
contato.
já
foi discutida no
Cap.
7
(Inflamações).
A resposta
imunitária
adaptativa,
como a
expressão
indica,
constitui
reação
a
um a
agressão
com
montagem
de uma
resposta
particular,
nn
sentido de
que
ela
é
mais
eficiente
contra
o
agente
que
a
evocou.
Nos
tratados clássicos
de
Imunologia,
a
resposta
imunitária
adaptativa
é
denominada simplesmente
dc
resposta
imunitária
e,
como tal,
será
também
utilizada neste
texto.
Como classicamente
conhecida, a
resposta
imunitária resulta
do
contato
do sistema
imunitário
com
um
antígeno. Dessa
inte-
ração
surge
uma
reação
que pode
se
efeluar
por:
(
I
)
produção
de
anticorpos
(Ac;
resposta
imunitária humoral ou
anticorpal;
RIH);
(2)
produção de
células
T
sensibilizadas,
capazes
dc
agir
diretamente sobre o
antígeno
(se ele
é
uma
célula
ou
está
sobre
uma
célula)
ou de recrutar e
ativar outras células
que
procuram
eliminar o antígeno
que
evocou a
resposta
(resposta imunitária
celular
ou
RIC);
(3)
incapacidade
de
produzir anticorpos
e/ou
células
efetoras,
por
mecanismos
ativos
ou
não,
denominada
tolerância
imunitária.A
tolerância
pode
ser relacionada à
RIU,
à RIC ou
a ambas.
A
resposta
imunitária
tem
três
propriedades
ou
caracterís¬
ticas
básicas,
embora de difícil
conceituação:
especificidade,
memória
e
complexidade.
A
especificidade pressupõe
que,
em
geral,
a
resposta
é dirigida
especificamente
ao
antígeno
que
a
induziu.
A
memória
significa
que
o sistema
responde
mais
rapi¬
damente e com
maior eficiência aos
antígenos
com os
quais
entrou previamentecm contato.
A
complexidade
diz
respeito
ao
fato de
que
qualquer
das
respostas
dadas
pelo
sistema envolve
sempre
interação de
duas
ou mais
células
(cooperação
celular),
com
necessidade
de contato direto entre as
mesmas e trocas
de
sinais
po r
meio de inúmerasmoléculas
excretadas
ou locali¬
zadas
na
membrana. Nas
páginas seguintes, esses
aspectos
serão
mais
explorados
e,
conforme se verá, a
especificidade
não é
tão
específica
quanto
se
pensa,
a
memória
não
tem
as
características
típicas
da
memória
cerebral c
a
complexidade
é muito
maior do
7/21/2019 Capítulo 9 - Noções de Imunopatologia (Robbins)
http://slidepdf.com/reader/full/capitulo-9-nocoes-de-imunopatologia-robbins 2/38
238 PATOLOGIA
que
se pode
imaginar.
De
qualquer
modo,
essa
concepção
está
consagrada
pelo
uso
e
esses
termos
são
ainda
úteis
quando
usados
com as restrições
apontadas.
Para
facilidade
de
compreensão, a
resposta
imunitária
pode
ser
entendida
como
tendo
algumas
etapas
fundamentais:
(
1
)
captura
e processamento
do
antígeno;
(2)
apresentação
do
antígeno
aos
linfócitos;
(3)
reconhecimento
do
antígeno
pelos
linfócitos;
(4)
ativação
dos
linfócitos
e
montagem
da
resposta;
(5)
efetuação
da
resposta;
(6)
regulação
da
resposta.
Antes de
discutir cada
etapa,
será
feita
breve recordação
sobre
antígenos
e
asmoléculasenvolvidas no
reconhecimento deles,
que pertencem
a
três
categorias:
moléculas de histocompatibilidade. imunoglo-
bulinas ou
anticorpos
nos
linfócitosB e receptores do s linfócitos
T.
Moléculas
acessórias
(moléculas
de
adesão,
moléculas
co-esti-
muladoras)
são
indispensáveis
para
a ativação
das
células
T após
reconhecimento do
antígeno
e
serão
descritas em
seguida.
ANTÍGENOS. EPITOPOS
A
reação imunitária
é conhecida como uma
resposta
a
antí¬
genos. sendo
conveniente
uma
introdução conceituai
básica
acerca
dessasmoléculas.
A
palavra
antígeno
foi cunhada
inicial¬
mente
para
indicar aquilo que
faz
gerar
anticorpos
(conceito
clás¬
sico,
do
fim do
século
XIX).
Posteriormente, antígeno passou
a
se r considerado
a
molécula
que
é
reconhecida pelo anticorpo
(conceito mais recente e mais
adequado,
pois
uma molécula
pode
não
induzir
anticorpos
em um animal e
o fazer
em outro
e.
nem
po r
isso,
deixa
de ser antígeno). Alguns preterem
denominar
de
imunógeno
a molécula
que
induz anticorpos
em determinado
animal. Um antígeno
X
pode
ser
imunógeno
para
a
espécie
A e
não o ser
para
a
espécie
B.
Essa
conccituação
é útil
para que
os
iniunologisias possam
falar
a mcsina
linguagem,
mas
é
menos
importante
quando
se
considera
que
a
resposta
imunitária
não se
resume à produção de anticorpos ou
à
resposta
celular,
podendo
manifestar-se também
como
tolerância.
O antígeno
que
induz
tolerância
é
imunógeno,
pois
induz uma
resposta
imunitária.
Alguns preferem
denominar de
tolerógenos
os antígenos
que
resultam em
tolerância,
mas essa
denominação
não é
necessária
e
nem será
aqui
utilizada.
Os
antígenos são
moléculas de natureza
variada,
mas em
geral correspondem
a moléculas
grandes
(macromoléculas)
ou
moléculas
pequenas
presas
a moléculas
grandes.
Quase
sempre.
os
antígenos
são
macromoléculas
de
proteínas, lipídeos, ácidos
nucléicos
ou
carboidratos,
mas
podem
ser
moléculas
menores
como
autacóidcs.
hormônios
ou produtos
do metabolismo inter¬
mediário;
moléculas muito
pequenas
podem
se r
antigênicas
desde
que
ligadas
a
moléculas maiores. Nesse
caso, a molécula
pequena
é
denominada
hapteno
e
a
outra,
earreador.
O sistema
imunitário não
reconhece
o
antígeno
como
um
todo.
mas
apenas
partes
da molécula, denominadas
epitopos ou
determinantes
antigenicos.
Em
um mesmo
antígeno,
podem
existir
vários
determinantes antigenicos
diferentes;
ao
contrário,
antígenos
diferentes
podem
conter
epitopos
comuns. Em
uma
proteína,
os determinantes
antigênicos
podem
ser
representados
por
uma sequência de
aminoácidos
(epitopos
sequenciais ou
line¬
ares)
ou ser constituídos po r uma conformação
espacial
condi¬
cionada por mais
de
uma
sequência
de
aminoácidos
(epitopos
conformacionais).
Às
vezes,
um
epitopo
de uma
proteína
só se
forma
ou
aparece após
a
proteína
ter
sofrido proteólise
parcial,
que libera sequências que
estavam
escondidas,
ou
origina
novos
aspectos
conformacionais
(são
os
epitopos
crípticos
e
os
neo-
epitopos,
respectivamente).
Os
antígenos
reconhecidos
po r
linfócitos
T
e B
podem
ter
natureza diferente.
Linfócitos
T auxiliares
só reconhecem
epitopos protéicos
do
tipo
linear,
enquanto
linfócitos B reco¬
nhecem
epitopos em
qualquer
macromolécula.
lineares ou confor¬
macionais.É possível
que
uma
categoria
especial
de linfócitos
T (T7Ô)
reconheçaepitopos nâo-proléicos
localizadosna
super¬
fície
de
células,
enquanto
linfócitos
Tap
parecem reconhecer
epitopos
em lipídeos
e
carboidratos
quando representados
com
moléculas
apresentadoras
que
não
MHC
I
ou
II
(apresentados
via CD1, ver
adiante).
Alguns
antígenos
têm a
capacidade
de se combinar
com
o
receptor
das
células
T fora do sítio de
reconhecimento
e com
moléculas de
histocompatibilidade,
se m
necessidade
de
proces¬
samento.
induzindo
forte
ativação
dos linfócitos.Tais antígenos.
denominados
superantígenos.
dos
quais
enterotoxinas
de esta¬
filococos e algumas proteínas virais constituem
exemplos
bem
conhecidos,
são
responsáveis
po r
quadros
de
intensa
ativação
imunitária
inespecífica.
MOLÉCULAS
DE
HISTOCOMPATIBILIDADE
São glicoproteínas
existentes
na
superfície
das células,
identificadas inicialmentecom a
rejeição
de
enxertos,
vindo daí
o
nome de
moléculas
de
histocompatibilidade. Hoje,
sabe-se
que
são moléculas acessórias de reconhecimento de epitopos
por
terem
a
capacidade
dc
se
ligar
a peptídeos e
de
apresentá-
los aos
linfócitos
T;
são codificadas por múltiplos genes,
cada
loco podendo albergar um entre
diferentes
genes
para deter¬
minada
glicoproteína. possibilitando
assim
grande
variação
na
expressão
das
mesmas (polimorfismo). Os
Iocos
responsáveis
pela
codificação dessas
glicoproteínas
são
conhecidos pelo
nome de
complexo
principal
de
histocompatibilidade
(MHC,
de
Major
Histocompatibility
Complex
)
e seus produtos
deno¬
minados
genericamente
moléculas
de
liistocompaiibilidade
ou
moléculas
MHC.
Os
MHC são
espécie-espccíficos.
e,
na
mesma
espécie,
os indivíduos se diferenciam devido
ao grande
poli¬
morfismo
existente
nocomplexo,
sendo difícil haver
indivíduos
iguais
quanto
às
MHC.
cxccto os
gémeos
idênticos.
Do
ponto
de
vista
estrutural,
os MHC são
semelhantes nas
diferentes
espécies:
são
glicoproteínas
transmembranosas com
domínios
extracelulares.
membranoso e intracitoplasmático.
Um
ou
mais
domínios
extracitoplasmáticos
são
muito
semelhantes
aos domínios das
imunoglobulinas
(domínios
lg-símile).
Os
MHC são
separados em dois
grupos:
(1
)
MHC
I,
presentes
em todas as
células
do
organismo,
exceto nos
eritrócitos
anucle-
ados, embora em
quantidade
variável de acordo com o
tipo
e o
estágio
de diferenciação da célula
ou
tecido;
(2)
MHC
II.
com
distribuição
constitutiva
restrita
aos
macrófagos,
células
dendrí-
ticas.
linfócitos
B
e
alguns
tipos
de linfócitos
T.
Os MHC
são formados por uma cadeia
peplídica
com
três
domínios
extracelulares.
al.
a2 c
a3
(o
ultimo
lg-símile),
associada
a
uma
cadeia menor
de uma p2-microglobulina. codi¬
ficada em
loco não-relacionado aos locos
MHC
I.
O
polimor¬
fismo
das
moléculas
está
restrito aos domínios a
1
e
c*2,
onde
existem
regiões
variáveis. São esses dois
domínios
que
formam,
em
conjunto,
o sulco no
qual
se
aloja
o
peptídeo (epitopo)
para
se r apresentado aos linfócitos
T;
o sulco
pode
albergar peptí¬
deos com
7
a
14
aminoácidos
de
extensão.
Cada
molécula
de
MHC écapaz
de
se associar a
um
grande
número
de
peptídeos
(epitopos)
diferentes,
não havendo
especificidade absoluta
nessa
combinação.
As
margens
do
sulco
são
formadas
pelas
ct-hcliccs
de
a 1
c
«2,onde se encontram
as
regiões
variáveis
da
molécula;
7/21/2019 Capítulo 9 - Noções de Imunopatologia (Robbins)
http://slidepdf.com/reader/full/capitulo-9-nocoes-de-imunopatologia-robbins 3/38
NOÇÕES DE
IMUNOPATOLOGIA
239
HOOC
yWWy
COOH
MHC
II
Cadeia a
Cadeia
NH
a2
COOH COOH
Fig.
9.1
Conformação
das
moléculas MHC
1
e MHC II.
o assoalho é constituído
por
faixas
3 dos mesmos
domínios.
O
domínio ot3 (Ig-símile) associa-se
à
(32-microglobulina,
contri¬
buindo
para
a
formação
da estrutura
espacial
qu e
resulta no
sulco
de
associação
com
o
peptídeo (antígeno).
É
no domínio
c* 3
que
se
encontra
o
sítio
de
interação
com
a CD8, uma das moléculas
acessórias
do reconhecimento
(a
Fig.
9.1
mostra as principais
características dos
MHC
I
e
II).
OsMHC
II
são
formados
por
duas cadeias
polipeptídicas
(a
e
(3),
sem
ligação
covalente
entre elas.
As cadeias a
e 3
possuem
doisdomínios
extracitoplasmáticos
cada uma
(a
a2 e
[3
1
,
(32).
Os
domínios a
1
e
3
1 apresentam
polimorfismo
e,
com
sua justa¬
posição, formam o sulco de
associação
com
o peptídeo
para
apresentação
aos linfócitosT. Os
domínios a2 e (32
(Ig-símiles)
possuem
sítios
para
ligação
à CD4,
outra
importante molécula
auxiliar
no processo dc reconhecimento
do
antígeno.
A
estrutura
básica
do
sulco
de
ligação
com
o
peptídeo (antígeno)
é
seme¬
lhante à da
MHC
I.
Emhumanos, o
MHC
localiza-seno
braço
curto do cromos¬
somo
6,
estando
o
gene
para
a
(32-microglobulina
situado
no
cromossomo 15.
A
Fig. 9.2
ilustra
a
disposição
dos
locos do
grupo
(HLA-A,
HLA-B
e
HLA-C)
e do
grupo
II
(HLA-
DP,
HLA-DQ
e
HLA-DR). Os
locos
receberam o nome de
HLA
(de Human
LeucocyteAntigens) por
terem sido
os MHC
reconhecidos em humanos
pela primeira
vez
em leucócitos.
O número de
genes que
pode
ocupar
cada loco ainda não é
completamente
conhecido;
alguns
deles estão relacionados no
Quadro
9.
1
Os
genes
e
seus
produtos
recebem
a
denominação
de HLA
seguida
da
letra indicativa
do
loco e de
um número
ou uma
letra minúsculac um
número
(HLA-A
12 , HLA-B27,
HLA-Dw3
etc.).
Quadro
9.1
Número de
genes
de
histocompatibilidade
em
humanos
MHC
N
MHC
II
N°
HLA-A 59
HLA-DPp
62
HLA-B
111
HLA-DPa
6
HLA-C
37
HLA-DQP
25
HLA-DQa
16
HLA-DR
(i
122
IILA-DRa 1
DP
DM IMP TA P D
Q
DR
C4
B
C2
TNFa
TNF 3
B
C
X
E A J H G F
i-moHiHMDnsHimia
m
T
MHC
MH C
III
Fig.
9.2
Distribuição
dos
locos
MHC
no cromossomo
6
humano.
T
MHC
7/21/2019 Capítulo 9 - Noções de Imunopatologia (Robbins)
http://slidepdf.com/reader/full/capitulo-9-nocoes-de-imunopatologia-robbins 4/38
240
PATOLOGIA
Os locos do MHC humana
tem
extensão
de
cerca de
3.500
kb
(aproximadamente
4
centimorgans).
Os locos
D P .
DQ
e
DR
possuem na realidade dois
sublocos,
um
para
a
cadeia
a
e outro
para
a
cadeia
3
(DPa,
DP3.
DQa.
DQ(3
etc.).
Assim,
enquanto
no
grupo
1cada loco
expressa
uma
molécula
completa,
no grupo
II
pode haver
expressão
da cadeia
a em um loco e
dacadeia 3
em
outro.
Essa
possibilidade de se
formarem moléculas
com
cadeia
a
codificada
em
um loco
e
cadeia
3
em
outro
aumenta
muito
a
possibilidade
de
variação
no
sulco
que
alberga
o antígeno
(sítio
dc
reconhecimento).
Um indivíduo possui na
membrana
plasmática
de suas
células
um mínimo
de
três
moléculas do grupo
1
(se
for
homozigoto
para
todas
elas)
e
um
máximo
dc seis (se
for
heterozigoto para
todos os
locos).
Já
em
relação
aos
locos
DP,
DQ
c
DR .
a variação é muito
maior,
pois podem
ser expressas
moléculas
com a
cadeia
a
de
um
loco e a
3
de
outro,
podendo
um indivíduo
expressar
entre
10 e
20
produtos
gênicos
da
classe
II
da MHC,
dependendo
dos
genes
herdados e do processo de regulação de sua
expressão.
A
organização
dos genes MHC é
similar entre si.
Existem
sequências
regulatórias
na
extremidade 5'
(três
nos MHC
Ic
cinco
nos
MHC
13 )
e
uma
sequência
líder,
seguidas dos
exons
para
os
domínios
extracelulares,
membranoso e
intraciloplas ¬
mático.
Em
camundongos,
o MHC localiza-sc no
cromossomo 1
7,
o
mesmo onde existem os locos do
complexo
H-2
{Histocom¬
patibility
2.
pois
foi o
segundo
a ser
descoberto,
embora
seja
o
principal).
Os locos K
e
D
codificam os MHC
I.
e os
locos
I-A.
I-E
e
I-C.
os
MHC
II.
A expressão
dos MHC
Ie MHC IIé
influenciada
por
diversas
citocinas e pelos interferons
a,
3
e
7.
Nas infecções
virais,
por
exemplo,
a
expressão
dos
genes
MHC
1
é aumentada
por
influ¬
ência do s
interferons
a e
3:
após sensibilização
do s
linfóeitos
T.
essa
expressão
é
ainda
maior
por
açáo
de
IFN7,
IL-1
e TNFa.
Expressão constitutiva dos MHC
TT
é
pequena
nos
macrófagos
e
linfóeitos,
mas
é
muito
aumentada
após
estímulo
pelo
IFN7.
Células
endoteliais.
monócitos MHC
II
negativos
e
células de
Langerhans expressam
MHC
II
rapidamente
após
estímulo do
IFN7:
já
as células
foliculares
dendríticas não respondem ao
IFN7
com
aumento
de
MHC II.Células
não-linfóides podem
expressar
MHC
II
por influência
do
IFN7,
sendo
necessária
esti¬
mulação
muito
potente
para que
isso
ocorra,
o
que
geralmente
exige a participação
de outras citocinas como
co-indutoras.
Como a
distância entre
os
genes do
MHC
é relativamente
pequena
e
o fenómeno de
permutação
pouco
frequente,
os genes
MHC
são
transmitidos
em
blocos nos cromossomos
paternos
e
maternos,
constituindo
o que se denomina haplotipos.
A
distri¬
buição destes nos HLA
na
população
humana
não é
a
teori¬
camente esperada
por
combinações
aleatórias
dos
genes.
Na
verdade,
há
predomínio
de
alguns
haplotipos,
provavelmente
mais
prevalentes pelo
fenómeno
de
seleção
natural,
por
terem
conferido
alguma
vantagem
adaptativa
(possivelmente
relacio¬
nada com a
resposta
imunitária).
Po r outro
lado
e por
estarem
intimamente
associados à
resposta
imunitária,
as
MHC têm
vinculação
com
a
suscetibilidade
a muitas
doenças, especial¬
mente
as de
natureza
imunitária (Quadro
9.2).
Junto ao MHC
e
às
vezes intimamente a
ele
relacionados,
existem locos
que
albergam
genes que
codificam produtos impor¬
tantes
na
montagem
e
execução
da
resposta
imunitária. 0
loco
HLA-DM
(H2M
no camundongo) contém genes que codificam
cadeias u
e
3
semelhantes
às moléculas
da classe
II,
mas
que
se
associam sem a
necessidade
da
presença
do
pcptfdeo.
formando
complexos estáveis
encontrados
em
maior
quantidade
em
vesí-
Quadro
9.2
Associação
entre
doenças e
genes
de
histocompatibilidade
em humanos
Doença
HLA Risco
relativo
Espondilitc anquilosantc
B27
81.8
Síndrome dc
Reiter B27
40.4
Uveíte anterior
aguda
B27
7.8
Artrite
reumatóide
DR4
6.4
Dw4
25.5
Dw4/Dw 14
116.0
Dwl4
47.0
Lúpus
eritematoso
sistémico
DR3
2.7
Doença
dc
Behçct B5
3.3
Síndrome
de
Sjogren
DR3
5.6
Doença
dc Graves DR3
5.6
Diabete melito insulino- DR3
3.0
dependente
Pcnllgo vulgar
DR4
21.4
Dermatite
herpetiforme
DR3
18.4
Nareolepsia
DR2
129.0
cuias intracitoplasmáticas.
Parece
que um a
das
funções
da
1
ILA-
DM
é auxiliar a
associação
do
peptídeo
com
os
MHC
II
(papel
semelhante ao das moléculas
TAP
para
os
MHC I).
Os genes
TAP
e
LMP
se
localizam
próximo
ao
loco
D
e
codificam proteínas
que
transportam
o
peptídeo (epitopo)
do
cilosol
para
dentro das
vesículas
do retículo
endoplasmático,
onde se associa
ao
MHC I.
O
geneTAP
codifica
a
proteína
TAP
(de
Transport associated
to
Antigen
Presentation)
c
os
genes
LMP
ide
Large
Multifunctional
Protease) codificam
as
proteínas
que
formam
subunidades
dos
proteassomos.
Os
genes que
codi¬
ficam
algumas
moléculas do
complemento
(fator
B.
C2,
C4BP)
e TNFa c
3
situam-se entre
os
locos
MIIC
I
e
MIIC
II.
RECEPTORES
PARA
EPITOPOS
Nos
linfóeitos
B.
os
receptores
paraepitopos
são
represen¬
tados por
imunoglobulinas
(Ig)
localizadas
nas
membranase.
por
isso,
denominadas
mlg
(de
membrane
Ig).
Essas
Ig
se diferen¬
ciam das
que
são
excretadas
c
encontradas na circulação
porque
apresentam
um
domínio
intramembranoso.
hidrofóbico,
que
as
prende à
membrana
celular,
e um
pequeno
segmento
iniracito-
plasmático
com função ainda não conhecida. Associados
à
mlg
receptora
existem heterodímeros
formados por
cadeias a
e
3
(semelhantes
às
moléculas do
complexo
CD3 nos linfóeitos
T)
que
são
indispensáveis
para
transduzir os
sinais de
ativação para
o
citoplasma
após reconhecimento do epitopo pelo
receptor
(de
cada
lado da
mlg, existe
um heterodímero
a-3).
Os
receptores
de
antígenos
nos linfóeitos
T
(TCR,
de
T
Celi
Receptor)
são
formados
por
duas
cadeias
polipeptídicas
glico-
siladas
ligadas
entre si
por
pontes
S-S
e
associadas
não
cova-
lentemente a outras
proteínas não-poli
mórficas,
conhecidas
em
conjunto
como
CD3.
O
TCR
pode
ser
formado
por cadeiasa e
3
ou
por
cadeias
7
e
ô
(respectivamente,
TCR<*3
e
TCR7S).
Na
superfície
dos
linfóeitos
e das células
apresentadoras
de
antígenos,
existem outras numerosas moléculas
que se
inte¬
ragem
c
atuam como auxiliares
no reconhecimento
e
geração
de
estímulos
para ativação
dessas
células.
As moléculas
de
adesão,
muito
numerosas,
facilitam a
adesividade
de
linfóeitos à
célula
apresentadora
e
podem
transmitir sinais co-cstimuladores
(as
moléculas
co-estimuladoras são
assim
chamadas
porque
geram
sinais
indispensáveis para
estimular
linfóeitos).
A
expressão das
moléculas
co-csliniuladoras
é
crucial
para
definir o
tipo
de
dife-
7/21/2019 Capítulo 9 - Noções de Imunopatologia (Robbins)
http://slidepdf.com/reader/full/capitulo-9-nocoes-de-imunopatologia-robbins 5/38
NOÇÕES DE
IMU
N
OPATO
LOG
IA
241
rcnciação
do
linfócito
que
reconheceu
o
epitopo
e é
regulada
por
cilocinas secretadas
pelas
células apresentadoras de
antígenos
ou
po r
outra célula acessória do sistema imunitário.
A molécula
CD4 é um a
glicoproteína
monomérica
com
domínios
Ig-símile
que
se
liga
à
MHC
II.
na
sua
parte
não-poli-
mórfica
(o
domínio
Ig-símile
da cadeia (5). CD8 é um homo ou
heterodímero,
contém
domínios
Ig-símile
e
se
liga
ao
MHC
I
no
domínio
Ig-símile
(a3)
da
cadeia
ex.
Tanto
a CD4
como
a
CD8
são
co-receptores
e contribuem
não
só
para
o reconhecimento
do MHC,como
também com
sinais
que
auxiliam
na
estimulação
de
f unções
efetoras.
A
molécula
CD28
(Tp
44)
é uin homodímero expresso
em
todos
os
linfócitosT
CD4
+eem
50%
dos
CD84-,
sendo um dos
ligantes para
as moléculas
B7
expressas
na
superfície
das células
apresentadoras de
antígeno.
É da
interação
da CD28 com as
moléculas
B7 que
surge
um
importante sinal para a
estimulação
da célula T.
A
expressão
da
molécula
CD28 aumenta imediata¬
mente
após reconhecimento do epitopo.
A CTLA-4 (de
Cytotoxic
T
Lymphocyte
Associated)
é um
homodímero
expresso
nos linfócitos
T
CD4+ e
CD8
+
após
ativação. tendo
como
ligantes
as
moléculas
B7,
para
as
quais
têm maior afinidade.
A
interação da CTLA-4
com
a
B7
inibe a
estimulação
dos
linfócitos
T.
favorecendo inclusive
a
indução
de
apoptose.
A
expressão
da CTLA-4 é mais tardia do
que
a
da
CD28.
A
molécula
CD40L ou CD154 é uma
glicoproteína
da
família do
TNF
expressa
em células
T
CD4+
que se
liga
à
CD40
expressa
em linfócitos
B.
células dendríticas e
macrófagos,
parti¬
cipando dos mecanismos de indução damemória e
do
aumento
da
expressão
dc
B7-
1
e
2
nos linfócitos
B
e
em
outras
células
apre¬
sentadoras de
antígenos. CD40.
molécula
da família do
receptor
para
TNF,
expressa
em
linfócitos
B,
liga-se
à
CD
15 4
de
linfó¬
citos
T.
sendo
indispensável para
a ativação
daquelas
células.
As
moléculas
B7-1
e
B7-2
são
expressas
na
membrana
das
células
apresentadoras
de
antígeno
e
podem
se
ligar
à
CD28
ou
à
CTLA-
4,
induzindo
sinais
que
regulam
a
ativação
das células
T.
Outra
molécula
da
família
do
receptor
para o
TNF
é
a
4- 1
BB,
que
é
expressa
em
células
apresentadoras
dc
antígenos,
especial¬
mente células
dendríticas
e
macrófagos,
e tem
como
ligante
o
4-IBBL,
expresso
em
células
CD8-K A
interação
do
4-1BBL
de
linfócitos
T
CD8+
com
o
4-1
BB
na
célula dendrítica
é
impor¬
tante
para
a
ativação
e a
sobrevivência dos linfócitos, facilitando
a
expansão
clonal
dessas
células
citotóxicas.
CD45,
conhecida
como
antígeno
leucocitário
comum,
apre-
senta-se sob formas variadas de
acordo com
o
processamento
do
mRNA.
Éuma
proteína
tirosina-fosfatase,
importantena
geração
de sinais
intracitoplasmáticos para ativação
de
células
B
e
T. As
formas
CD45
RO
(sem
éxonsA,
B
e
C),
CD45
RA
(com o
exon
A) e CD45
RB (com
o
exon
B)
são encontradas
em
células
T,
B
e monócitos.
Além
dessas
moléculas,
existem
numerosas
outras na super¬
fície dos linfócitos e das células
apresentadoras
de
antígenos
que desempenham
papel importante
não
só
na aderência
entre
elas como
também
na
indução de
sinais
regulatórios
da dife¬
renciação celular. No momento da
apresentação
do
antígeno,
forma-se
entre
a
célula
apresentadora
e o linfócito
um
complexo
sistema
de
moléculas em
interação conhecido
como
sinapse
imunológica.
CAPTURA,
PROCESSAMENTO
E
APRESENTAÇÃO DE
ANTÍGENOS
As
células
apresentadoras
dc antígenos
(macrófagos, células
dendríticas
e linfócitos
B)
endocitam
o
antígeno
e
conjugam
os
peptídeos
(epitopos)
com moléculas MHC II ,
os
quais
são
expostos
na membrana e
apresentados
aos linfócitos
T
CD4+.
A
Fig.
9.3
ilustra
a
apresentação
de
antígenos
aos linfócitos T
CD4+
eCD8+.
Antígenos intracelulares (p.
ex., vírus)
são
processados
nos
proteassomos
c
lançados
no
retículo
endoplasmálico
(por
meio das
moléculas
TAP),
onde se combinam
com
os
MHC I;o
conjunto é transportado
à membrana
plasmática
e fica
exposto
na
Célula
T
CD8élula
T
CD4
Ativação
tivação
CD28
Peptídeo
CAA
Fig.
9.3
Apresentação
dc
antígenos
uos
linfócitos
T. CAA
-
cclula
apresentadora
de
antígenos.
TCR
=
receptor
de
antígenos
em
linfócitos
T.
7/21/2019 Capítulo 9 - Noções de Imunopatologia (Robbins)
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242 PATOLOGIA
superfície
da célula de modo
a
ser reconhecido
pelos
linfócitos
T
CD8
+
. Células
apresentadoras
podem cndocitar
antígenos;
panes
desses
antígenos
podem
chegar
ao citosol
e
ser trans¬
portadas
ao
REL.
onde se
combinam
com MHC I.As células
T CD8+ reconhecem esses
antígenos
nas
células
apresenta¬
doras e,
por
meio de moléculas
co-estimuladoras, são
ativadas
e proliferam,
ampliando
o clone citotóxico
antígeno-específico.
Essa
amplificação
é
muito
facilitada
pelas células
T
CD4+
pela
produção de
IFN7
e
IL-2
e
pela
ativação da células
apresenta¬
doras.
induzindo-as
a
produzir
IL-12.
grande
ativadora de
linfó¬
citos
T CD8+.
Estes,
ao
reconhecerem
novamente o
antígeno,
matam
a
célula sobre
a
qual
o
reconhecimento
foi feito
(efeito
citotóxico).
Nos
últimos
anos.
tem sido demonstrado
que
dois outros
grupos
de
moléculas
também podem
apresentar
antígenos
aos
linfócitos
T:
moléculasCD1e
moléculas
semelhantes às da classe
I
(moléculas
MHC
I-símile).
As moléculas
CD1.
expressas
nas células
apresentadoras
de
antígeno.
não são polimórfícas
e têm
estrutura
semelhante
à do
MHC
1:
três domínios
al,«2ea3
extracitoplasmáticos
associados a
uma
(3,-microglobulina.
A
sequência
de
aminoá¬
cidos é semelhante
à
da
molécula
MHC
I
apenas
no domínio
ai
:
os domínios
a2
e a3 têm
alguma
homologia
com os domínios
32
das
moléculas MHC
D.
O
processamento
e
associação com
CD
la,
b.
c
ou
d
se
fazem
por
mecanismos
ainda
mal
conhecidos,
mas
diferentes
da
associação
com MIIC
ou MHC
11 .
Até o
momento,
foi demonstrado
que
as moléculas CD la
apresentam
(sc
associam)
a
antígenos
de natureza lipídica ou
glicolipídica
existentes
em
bactérias,
não sc
conhecendo
ainda
as células T
que reconhecem
tais
antígenos.
As
moléculas
CDld
são
encon¬
tradas em quantidade
apreciável
apenas
no
intestino,
existindo
em níveis
muito baixos em
outros
órgãos.
As
moléculas
MHC
I-símilesão
estrutural e funcionalmente
semelhantes
às MHC
I.
sendo,
porém, menos polimórfícas
e
expressas
em menor
quantidade.
Em
camundongos,
existem
as
moléculas
Qa-1
e
H2-M3;
em
humanos, são conhecidas
as molé¬
culas
HLA-E.
FeG. HLA-G tem distribuição
peculiar, sendo
encontrada no
citotrofoblasto
e
membranas
coriônicas.
na
inter¬
face
materno-fetal.
razão pela qual
se
admite
sua participação
nas
relações imunitárias
entre o
feto
e a mãe (indução de
tole¬
rância
materna
aos
antígenos
fetais).
Estudos
em camundongos
têm
mostrado
que
as moléculas MHC
I-símile
apresentam
peptí-
deos endógenos e exógenos de modo
semelhante
ao das MHC
I.
mas
seu papel na regulação da
resposta
imunitária
ainda não
é bem conhecido.
MONTAGEM
DA
RESPOSTA
PELOS
LINFÓCITOS
Ativação
de
linfócitos
B e
síntese
de
anticorpos
Após
reconhecimento
de um
epitopo
pelos
linfócitos
B.
duas
respostas
são possíveis:
(
1
)
se o antígeno é mitogênico
para
linfó¬
citos B,
estes
sintetizam
e excretam
o
anticorpo
da
classe
igual
à
do existente na membrana como
receptor:
estes são
os antí¬
genos
T-independentes
1,
responsáveis,
em
geral, por
ativação
policlonal
de
linfócitos B.
Quando
o
antígeno
possui
epitopos
repetitivos (p.
ex.,
polissacarídeos)
e se dois
epitopos
vizinhos
e
iguais
são reconhecidos
por
dois
receptores
adjacentes,
há cruza¬
mento
dos
receptores.
Esse
fenómeno
ativa
o
linfócito.
que
entra
em mitose
e
inicia
a
síntese do anticorpo. Caso o linfócito
seja
virgem
de contato com esse epitopo. o anticorpo produzido
é
da
classe
IgM.
Esses
são chamados antígenos T-independentes
2:
(2)
se o
epitopo
é
reconhecido
sem cruzar os
receptores,
o
antí¬
geno
é
endocitado
e processadocomo
já
descrito
para
macrófagos
e
células dendrfticas,
e os
epitopos apresentados
na membrana
junto
à MHC
D.
Desse
modo.
os
epitopos
são reconhecidos
por
células
T
CD4
+
,
que
expõem na
membrana
a
molécula
CD
154
(CD40L).
a qual reconhece outra no linfócito B
(CD4Q),
favorecendo
o
contato dos
dois
linfócitos.
Por
influência
da
IL-4
(liberada
pelas células
apresentadoras
de
antígenos?).
as
células T CD4+
(células
Th2)
produzem
citocinas
(IL-4. IL-
5)
que
ativam células B a se
diferenciarem
em
células
capazes
de
produzir
IgG
(IgGl
ou IgG3) ou
IgE:
os anticorpos
IgG2
e
lgG4
têm sua
síntese ativada por
IFN y.
e
a
IgA depende
de
TGFp produzido
po r
células Thl
ou
por
células T CD8+ (ver
adiante).
Portanto,
a
produção
desses
anticorpos depende
da
ação
de linfocinas produzidas por
linfócitos
T,
sendo
os
antígenos
correspondentes
chamados
antígenos
T-dependentes.
Durante
a
diferenciação das
células produtoras
de IgG. IgE
e
IgA
no
centro
germinativo
dos
folículos
linfóides,
são
diferenciadas também
as células
de
memória.
Portanto, só
os
antígenos T-dependentes
induzemmemória imunitária.
Durante
a
ativação dos
linfócitosB.
o
efeito
mitogênico
das
citocinas
produzidas
pelos
linfócitos
Thl
induz
ativação
precoce
dessas
células,
que
produzem
e excretam
IgM.
O
deslocamento
para
a
síntese dos outros
anticorpos (IgG. IgA
e
IgE)
é mais
tardio,
razão
pela qual
a
resposta
inicial a
um
antígeno
introdu¬
zido no
organismo
pela
primeira vez (resposta
primária)
se faz
com a
produção
de
IgM.
Já a
resposta
secundária (que
depende
da existência da
memória)
se faz rapidamente com
IgG.
Por
essa
razão,
a
pesquisa
de
IgM
antiantígenos
de
um
parasita,
por
exemplo, se
positiva,
indica
infecção
aguda,
recente.
Ativação
de
linfócitos
T
e
resposta
celular
Células
apresentadoras
de
antígenos
(macrófagos.
células
dendrílicas e linfócitos
B)
apresentam
os epitopos paraas células
T
CD4+.
as quais, dependendo dos estímulos que
recebem,
podem
seguir
dois caminhos: difercnciam-sc cm célula
Thl
(caracterizada
pelaprodução de
IL-2, IFN-y,
TGFP
c
GM
CSF)
ou cm célula
Th2
(produtora
de
IL-4.
IL-5,
IL-10
e,
em
menor
quantidade.
GM-CSF,
IL-3,
IL-6
e
IL-13).
IL-12
liberada
pela
célula
apresentadora
(macrófago
ou
célula
dendrítica)
promove
a
diferenciação
das células T CD4+ em células
Thl.
as
quais
ativam
macrófagos
e linfócitosT CD8+
(células
T
citotóxicas),
resultando no
que
se
chama de resposta
imunitária celular.
As células
T
CD8+
reconhecem
epitopos
junto
à MHC
I
na
superfície
da
célula
apresentadora,
são
ativadas
e
entram
em
mitose,
aumentando
a
síntese dos
grânulos citoplasmáticos:
adquirem moléculas de adesão e
receptores
de
quimiocinas
para
se aderirem
ao endotélio na
região
onde
o antígeno se encontra
e
responderem
ao
estímulo quimiotático
gerado
no tecido
pelas
quimiocinas
aí
produzidas.
Aí
chegando,
reconhecem
os
epitopos
apresentados
junto à MHC
e matam a
célula-alvo,
após o reco¬
nhecimento.
Esse
efeito
citotóxico é
facilitado após as
células
T
CD8+ terem sido
ativadas
pelas
células
Thl,
via
IFN7.
IL-4
produzida por
linfócitos
B
que
apresentam
o
antígeno
promove
a
diferenciação
das células
T CD4+ em células
Th2,
as
quais migram para
o folículo linfóide e
estimulam
a
diferen¬
ciação
de linfócitos B,
que
são
os responsáveis pela
resposta
humoral
(resposta
por anticorpos).
7/21/2019 Capítulo 9 - Noções de Imunopatologia (Robbins)
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NOÇÕES DE IMUNOPATOLOGIA
243
A
tolerância ocorre
quando
células T CD4+
e
CD8+
são
estimuladas e seguem um dos
seguintes
destinos:
(1)
entram
em
apoptose,
ocorrendo deleção do
clone
que
reconhece o epitopo
estimulador; (2 )
não
respondem
ao
epitopo
quando
de
sua
apre¬
sentação
(anergia); (3 )
produzem
TGF0,
citocina inibidora da
resposta
de outras
células
CD4+ e CD8
+
;
(4)
células
CD4+
podem
ser
ativadas
e
emitem
sinais
ativadores
para
células
CD8+,
que
passam
a
produzir TGFp
e
outras citocinas
inibi¬
doras
(geração
de
células
supressoras);
(5 )
existem células T
CD4+ CD25+
que,
ao
reconhecerem o
epitopo,
diferenciam-
se
em
células
produtoras
de
IL-10
e
TGFp,
ambos
inibidores
de
respostas
de
outros
linfócitos.
Tolerância,
portanto,
pode
ser
induzida por deleção
clonal,
po r
anergia clonal ou
po r
estimu¬
lação
de
células que
adquirem fenótipo
supressor.
Como
já
discutido
no
Cap.
7, a
resposta imunitária
inata
influencia profundamente a
resposta
imunitária
adaptativa.
De
fato, são as
quimiocinas geradas no local
da
agressão
que
criam
o
microambiente favorável
à indução
de
resposta
Thl ou
Th2,
pois
são elas que atraem
precursores
de
células
dendríticas,
os
fagó-
citos e
as células
NK.
Estas,
por
sua
vez,
dependendo
da
ativação,
produzem
as
citocinas
que
influenciam
a
maturação
e a
diferen¬
ciação
das células dendríticas;
estas,
ao
capturarem
e
proces¬
sarem o
antígeno, chegam
ao
órgão
linfático
secundário
com
a
predeterminação
de secretar citocinas indutoras
de
diferenciação
Thl
ou
Th2. A
Fig.
9.4 resume
alguns
aspectos
da
resposta
imuni¬
tária. A
Fig.
9.5
esquematiza
a
montagem
da
resposta
imunitária,
indicando
a
participação
das
diferentes
quimiocinas
no
tráfego
dos
linfócitos
e células dendríticas.
REGULAÇÃO DA
RESPOSTA
IMUNITÁRIA
A
regulação
da
resposta
imunitária
começa
já
no início
de
sua
montagem:
a
quantidade
do antígeno, sua
natureza
(solúvel
ou
particulado) e
o
estado imunobiológico do
organismo
no
momento
da imunização são fatores
que,
sabidamente, influen¬
ciam
a qualidade e a intensidade da
resposta.
Grande
quantidade
ou
quantidade
muito pequena do
antígeno
induzem tolerância;
quantidades
intermediárias,
menores, estimulam
a
imunidade
celular
(resposta
Thl),
enquanto
maiores
promovem
a
resposta
humoral
T
Independente
L-3, IL-4
T
dependente
Resposta
Imunitária
celular
IL-5,
IL-10
Ag
com
epitopos
repetitivos
IFNy
IL-2
M-CSF
TGFB
1
Efeito
citotóxicol
Mitógeno
© ©
MO )
otivodo
eiula-aivo
Fig.
9.4
Esquema
mostrando
a
montagem
da
resposta
imunitária.
Ag
=
antígeno;
CAA =
célula
apresentadora
dc
anU'gcnos;
TCR =
receptor
de antfgcnos
em linfócitos
T;
Tc
= linfócito
T
citotóxico;
slg
=
imunoglobulina
de
superfície.
7/21/2019 Capítulo 9 - Noções de Imunopatologia (Robbins)
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244 PATOLOGIA
Fig.
9.5
Representação
esquemática
da indução
da
resposta
imunitária
a
um
patógeno.
0
patógeno,
reconhecido
por macrófagos
M<|>)
ou
por
outra célula
do
tecido
(epitélio.
fibroblasto
ele.),
induz
a
produção
das
quimiocinasque dirigem
o
tráfego
das
células no
local.
O recrutamento
das
células dendríticas
imaturas
é
feito
pelas
MIP-
la
e
3
que,
agindo
em
receptores
CCR1
e
CCR5, induzem
o
aparecimento
do
receptor
CCR7,
que
permite
à
célula
dendrítica,
agora
ativada.
dirigir-se
ao linfático
atraída
pela quimiocina
SLC.
Os linfócitos
B
e
T
circulantes
saem das
vênulas
dc
endotélio
alto atraídos
por quimiocinas
SLC
e ELC
(LT),
que agem
em
receptores
CCR7.
Os linfócitos
T
ativados
adquirem
o
receptor
CCR3,
que
permite
a
eles
responder
ao estímulo
quimiotático
da
quimiocina
IP- 10. As células NK
(NKC)
possuem
o
receptor
CCR5 c saem
do
vaso
atraídas
pelas
quimiocinas
MIP- la
e
p.
Os
neutrófilos,
que
têm
receptor
CXCR1/2,
saem atraídos pela quimiocina
IL-8.
Notar
que
o
patógeno
é
reconhecido
no
receptor
TLR
(
toll-like
receptor)
em
macrófagos
teciduais
(ou
também
epitélio
fibroblasto
etc.),
os
quais produzem
as quimiocinas
que
dirigem
o
tráfego das
células
no
local.
Patógeno
Uurn
Linfático
aferente
Vênula
com
endotélio
alto
Célula dendrítica
imatura
Célula dendrítica
ativada
IP-
la
MIP-lp
FoBculo
CXCR5
IMÓide
ÉS
CZ
DC-CR1
EL G
hb
v IP-10
MIP-
la
MIP-
16
Zona
T
LinfonodO
1/2
CCR5
ndotefo
CXCR3
NKC
V-UQ
Mocrófago
tecidual
Linfático
(•)
J
eferente
humoral (tipo
Th2).
Antígenos solúveis,
em baixas doses,
causam
resposta
Th2;
antígenos
particulados
tendem a
estimular
resposta
Th 1
.
A
via
digestiva é
boa
para
induzir tolerância.
Quando
ocorre
ativação de
macrófagos
no momento
da imunização,
pode
haver
efeito adjuvante para
uma
resposta
Thl; se a
ativação
é muito
intensa,
pode
ocorrer
supressão.
Toda
essa
variação
está
relacio¬
nada à
produção
de
diferentes
quimiocinas
e citocinas no local
onde
o
antígeno é apresentado,
o que influencia
sua
captura,
processamento e apresentação. Há de
se
considerar ainda a
condição
genética
do indivíduo,
especialmente
ein
relação
às
MHC e à expressão dos
genes
para
citocinas e quimiocinas,
moléculas
que governam quase
todos os
aspectos
da
qualidade
e intensidade
da
resposta
imunitária.
Uma vez montada a
resposta,
iniciam-se
os
processos
de
sua
regulação, pois
a
mesma
deve ter
duração e intensidade
nos
estreitos
limites das necessidadesdo
organismo.
A
regulação
começa
com a
própria
célula
apresentadora
de
antígenos, que pode variar
a
apre¬
sentação
(como
diferentes
MHC),
e as moléculas acessórias, fato
importante
para
definir
se
a
resposta
será
humoral
ou
celular
ou
se haverá
tolerância.
Apresentação
do
antígeno
sem
sinais co-esti-
muladores leva à tolerância; apresentação
junto
com a
liberação
de
IL- 1
2
resulta
na estimulação
de
células Th 1
(imunidade
celular);
apresentação
junto
com
a liberaçãode
IL-4 induzcélulas
Th2.
que
comandam a
resposta
com
anticorpos
IgG, IgA e IgE.
As
respostas
Th 1
e
Th2
exercem
efeitos inibidores
cruzados:
IFN7
é
potente
inibidor
da
diferenciação
dc
células
Th2,
enquanto
IL-4
e
IL- 1
0
inibem
as células
Th 1
.
Por essa
razão,
quando
um
antígeno
estimula
forte
resposta
Thl,
a
resposta
Th2
é
fraca,
e
vice-versa. Esse fato é
importante
na
compreensão
d o s m ec a¬
nismos
patogenéticos
das
doenças
infecciosas,
nas
quais
os
padrões
dc
resposta
inflamatória
dependem
da capacidade do
organismo
de montar
respostas
Th 1 e
Th2.
A
diferenciação
de
células supressoras
parece
ser
um meca¬
nismo natural de
regulação
da
resposta
imunitária;
linfócitos
T
CD8+ são
estimulados mais
tardiamente
a
adquirir
a
capacidade
de
produzir
moléculas
supressoras,
das
quais
o
TGFp
é
das
mais
importantes.
De
modo
semelhante,
linfócitos
T CD4+ CD25
+
são
ativados
e
participam
do
processo
de
supressão.
Idiotipos
dos
anticorpos
e
dos
receptores
T
podem
ser
alvo
de
regulação
via
anticorpos
e/ou células
antiidiotípicas.
Os
7/21/2019 Capítulo 9 - Noções de Imunopatologia (Robbins)
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NOÇÕES
DE
IMUNOPATOLOGLA 245
anticorpos
e
os
receptores
de
linfócitos
T
possuem,
na
porção
variável
de
suas
moléculas,
cpitopos
que
variam
de
acordo com
a
especificidade
do
anticorpo
ou
do
receptor.As
recombinações
gênicas
que
geram a diversidade das
porções
variáveis
dessas
moléculas
possibilitam
um
imenso repertório
de anticorpos
e
receptores
capazes de reconhecer todos
os epitopos
existentes na
natureza;
cada
anticorpo
ou
receptor
possui
epitopos
que
lhe
são
particulares,
denominados
idiotipos.
Assim,
todo anticorpo
tem
o
seu
idiolipo reconhecido
po r linfócitos
B,
que
podem
produzir
anticorpos antiidiotipo. os quais
por
sua vez têm
idiotipos que
induzem
anticorpos
antiantiidiotipos.
e
assim
sucessivamente.
horma-se,
portanto,
uma
rede de
antiidiotipos,
os
quais regu¬
lariam
o sistema
imunitário,
já
que
esses
anticorpos
antiidio¬
tipos,
ao
reagirem
com
o
idiotipo
do
anticorpo que
funciona
como
receptor,
podem
estimulá-lo ou
inibi-lo.
A
vacinação
com
imunoglobulina anti-Rh
de umamãe
Rh
que gerou um
filho
Rh
f
ilustra
bem essa situação. O
linfócito
responsável
por
reconhecer
o
fator
Rh
tem como
receptor
um anticorpo
anti-Rh.
e
o
anticorpo
da
vacina
possui
o
mesmo
idiotipo
desse
receptor.
O
anticorpo
antiidiotipo
gerado
pela
vacina reconhece o idiolipo no
receptor
e
inativa
ou
mata
o
clone
de
linfócitos
com
esse
receptor
por
reconhecer
o
antígeno
Rh,
ficando
a
mulher
incapaz de produzir
anticorpos
anti-Rh
quando
entrar em
contato,
numa próxima
gestação, com eritrócilos
contendo
esse
antígeno.
IMIJN
OPATOLOGIA
Imunopatologia
é
o
estudo
das lesões
e
doenças
produ¬
zidas pela
resposta
imunitária.
Neste
capítulo,
serão
discutidos
os
aspectos
gerais
sobre a
etiologia
e a
patogêncse
das doenças
cuja
natureza
primária é
um
distúrbio
na
resposta
imunitária,
as
quais
podem
ser
agrupadas
em
quatro
categorias:
(1 )
doenças
por
hipersensibilidade;
(2)
doenças
auto-imunes;
(3)
imunode-
ficiências;
(4)
rejeição
de
transplantes.
Os
mecanismos
pelos
quais
a
reação
imunitária
(RI)
produz lesões
são
absolutamente
os mesmos
que
ela utiliza
para
responder a um invasor e
proteger
o organismo.
Assim,
anti¬
corpos
exercem efeitos lesivos
no
hospedeiro
porque
podem:
(
1
)
inibir ou
neutralizar
a
ação
de
moléculas
biologicamente
impor¬
tantes
(p.
ex..
anticorpos
antiinsuhna
no
diabete):
(2) reconhecer
epitopos
em
receptores
celulares,
levando à
sua
estimulação
ou
inibição
(p.
ex.,
anticorpos
inibidores
de
espermatozóides,anti
corpos
anti-reccptor
de
TSH
que
hipercstimulam a
tireóide no
hipertireoidismo
idiopático);
(3) reconhecer
epitopos em células
ouno
interstício,
lesando-os
por
ativação
do
complemento
(p .
ex.,
anticorpos anlieritrócitos nas anemias hemolílicas
auto-
imuni¬
tárias);
(4 )
localizar-se
sobre
mastócitos
e basófilos (anticorpos
citotrópicos)
c induzir
liberação de
mediadores
responsáveis por
alterações
funcionais e
morfológicas
(mecanismo básico
das
doenças
alérgicas
mediadas
po r
IgE).
Por outro
lado.
a
resposta
celular
causa
lesões
pela
ação
dos
linfócitos T
inflamatórios
e
T
citotóxicos:
os
primeiros
atraem e
ativam
macrófagos.
e
os
últimos matam células
por
reconhecerem
nas suas
membranas
epitopos
associados
às
moléculas MHC I.
DOENÇAS
POR
HIPERSENSIBILIDADE
O
lermo
hipersensibilidade
é
muito
utilizado
na
prática,
mas
muitas
vezes
de
modo
inadequado.
A
rigor,
hipersensibilidade
significa
uma
alteração
para mais
(hiper)
na
indução
e na
efetu-
ação
da
resposta
imunitária. No
entanto,
muitos se referem
a
hipersensibilidade à tuberculina para descrever a
resposta
normal
ao
teste
tuberculínico.
Só se
poderia
falar em hipersensibilidade
se houvesse uma
resposta
exagerada à
tuberculina
(p.
ex.,
reação
de
3
cm ou mais com necrose). Também
se
referem a
meca¬
nismos
de
hipersensibilidade para explicar a anemia
hemolí¬
tica
do
recém-nascido.
quando,
na
realidade, a
mãe
apresenta
uma
resposta
normal aos
antígenos
Rh
do
feto.
No
entanto,
está
sedimentada
na
literatura a
interpretação
de
que
os mecanismos
básicos
de
agressão imunitária aos tecidos são
por
hipersensi¬
bilidade,
os
quais
foram
classificados por
Geil e Coombs em
quatro
tipos
ou grupos:
(a)
hipersensibilidade
do
tipo
I,
devida
a
anticorpos citotrópicos
(IgE);
(b)
tipo
II.
mediada
põf
anti¬
corpos
que
ativam o
complemento;
(c)
tipo
III,
envolvida
com
a
deposição
dc
imunocomplexos:
(d)
tipo
IV.
associada com
a
imunidade
celular
(Fig.
9.6).
Neste
texto,
a palavra
hipersensibilidade
será usada apenas
no seu
sentido
exalo,
mas
sempre
fazendo-se
a
correspondência
com
a
classificação de
Geil
e
Coombs,
devido
à
sua
ampla
difusão.
Na
realidade,
muitas
doenças
por
hipersensibilidade
decorrem de
uma
resposta
exagerada
a
antígenos exógenos
e
geralmente
inócuos,
justificando-se
plenamente
o uso
da
palavra
hipersensibilidade.
Quase
sempre,
há participação também de
um
componente
genético
do
indivíduo ou de
uma
particularidade
nas propriedades do
antígeno
ou
interferência de
adjuvantes.
E
fácil
compreender
que,
no desencadeamento
dessa
forma de
resposta,
os indivíduos
chamados
hipersensíveis
ou
alérgicos
têm
facilidade
de
desenvolver
tais
doenças;
as
pessoas normos-
sensíveis
tomam-sc
hipersensibilizadas
por
efeito
de circuns¬
tâncias ligadas
ao
antígeno ou
às
condições
iinunobiológicas
no momento
dc
sua
introdução.
A
palavra alergia
(
aios
=
dife¬
rente;
ergos =
trabalho)
refere-se exatamente
a
um
trabalho
diferente
da
resposta
imunitária esperada. O termo foi introdu¬
zido por Clemens
von
Pirquel.
em
1906.
para
indicar
estados
de relat iva imunidade
(resistência
aumentada,
em se tratando
de
agentes
infecciosos)
e dc aumento
da
sensibilidade
(resposta
mais intensa
a
antígenos
do
agente
infectante).
Desde
então,
a
palavra
alergia
vem
sendo largamente usada como
sinónimo
de
hipersensibilidade, embora
a
definição
exata
de
hipersen¬
sibilidade não tenha
sido
ainda
bem
estabelecida.
As
reações
ou doenças
por
hipersensibilidade
são divididas
nas
categorias
descritas a
seguir.
DOENÇAS
POR
1IIPERPRODUÇÀO
DE
IGE
(HIPERSENSIBILIDADE
TIPO
I
São
conhecidas
genericamente
como
alergias
ou
doenças
anafiláticas,
podendo
ser
localizadas
(anafilaxia
localizada)
ou
sistémicas
(choque
anafilático).
Asma
brônquica,
rinite
alérgica,
dermatite
atópica
(urticâria)
e
alergia
alimentar são os exemplos
mais
comuns de
anafilaxias
localizadas.
Todos os estados
anafiláticos,
localizados
ou sistémicos.
dependem
de:
(
1)
contato com
um
antígeno
exógeno
em dose e
via
adequadas para
ativar os
linfócitos
Th2,
os
quais produzem:
(a)
1L-4, que
induz
a
diferenciação de
linfócitos
B
para
a
produção
de
IgE;
(b)
IL-3 e
IL-5.que
induzem
proliferação e
ativação
de cosinófilos,
com
consecutiva
cosinofilia.
IL-3
induz
diferenciação
de basófilos e mastócitos.
Uma
vez
sintetizada,
IgE
se localiza nos
receptores
para
Fee
(Feel)
nos mastócitos
e nos basófilos. Nessas
circunstâncias,
fala-se
que o
organismo
está
sensibilizado:
(2)
contato
desencadeante
com
o
antígeno
7/21/2019 Capítulo 9 - Noções de Imunopatologia (Robbins)
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246 PATOLOGIA
TIPO
I
TIPO TIPO
TIPO
IV
Ag
<
1'gE
/
\
Heparina
Cimases
Triptases
Histamina
PG
LT
MCP
RANTES
ECF
Eotaxinas
vasodiiatoçòo
Edoma
Contração
Músculo
liso
Fase
Imediata
Eoslnófilos
LTh2
Macrófagos
PMN
Fase tardia
Ag
O
1
IgG
ou
IgM
+C'
\
/
Morte
da
célula
Inibe
Matriz
extraceiuiar
Desarranjo
estrutural
Membrana
basal
Ag
°A°
%
1 IgG ou IgM
Imunocomplexo
ativa
o
C
Mediadores
S
\
N
Permea-
Fxsixtaçóo
Agregação
bllldade
PMN
Md)
de
plaquetas
vascular .
\
dema
O,*
Enzimas
N
Isquemia
I
Necrose e
Inflamação
Ag
IFNy
TN F
Pi
*
Morte
celular
Enzimas
Exsudato
difuso de
m<j>
e linfócitos
Eosinofilo
d>
Formação
de
granuloma
epitelióide
Fig. 9.6
Principais
mecanismos
imunitários
de
agressão,
segundo a
classificação
de
Geil
e Coombs.
sensibilizador,
denominado alérgeno.
que
se difunde c encontra
a
IgE
na
superfície
dos
mastócitos;
(3)
ativação dos
mastócitos
e/ou basófilos
pela
ligação do
alérgeno
a
duas moléculas
de
IgE,
cruzando-as, o
que
provoca liberação dos produtos dos
grânulos
e
síntese
de
mediadores
lipídicos
(especialmente
PAF,
prostaglandinas
D2
e
leucotrienos
sulfidopeptídicos
[cisteinil
leucotrienos],
estes
últimos
antes denominados
SRS-A, de
Slow Reaction
Substance
of
Anafllaxis),
IL-1,
TNFa.
fator
quimiotático para eosinófilos
e
quimiocinas do grupo CC,
como cotaxinas,
RANTES
e
MCP; (4)
a
partir
dos
produtos
dos
grânulos,
ocorrem
modificações responsáveis pelas
mani¬
festações imediatas ou
agudas
da doença
(as
que
ocorrem nas
primeiras duas
horas); (5)
mais tardiamente,
há
maior
influxo
de
linfócitos e aumento
da
produção
de quimiocinas, com
atração
de
maior número
de
eosinófilos,
macrófagos
e
poli-
morfonuclearcs,
instalando-se uma
reação
inflamatória
tardia,
responsável
pela
manutenção
das
manifestações
anafiláticas
e
pelo
estado de
hipersensibilidade
aos
mediadores
nos
recep¬
tores
teciduais.
Reação
anafilática localizada
A
fase imediataou
aguda depende
predominantemente
dos
produtos liberados
por mastócitos
ou
basófilos:
(1)
histamina,
que
age
nos
receptores;
(a)
H,
dos
vasos sanguíneos
(músculo
liso
e
endotélio),
induzindo
vasodilatação
c
aumento
da
perme¬
abilidade
vascular,
responsáveis
pela
hiperemia
e
edema
nos
locais onde se deu a
penetração
do
antígeno;
(b)
H,
da muscu¬
latura
lisa
não-vascular,
causando
contração
(broncoconstrição,
aumento da motilidade intestinal) ou relaxamento
(musculatura
lisa
dos
esfíncteres);
(c)
H2
das
glândulas
exócrinas, aumen¬
tando
a
secreção,
especialmente
de
muco.
também estimulada
pelas cimases
liberadas
pelos mastócitos;
as
triptases
libe¬
radas
p los
mastócitos não só induzem
liberação
de
cininas,
como também
tornam as estruturas teciduais mais
sensíveis
aos
diversos mediadores
liberados,
pois
são peptidases
que
inativam peptídeos
broncodilatadores;
(2)
leucotrienos,
que
têm
ação
sinérgica
com a
histamina
nos
vasos e musculatura
lisa
não-vascular.
Ao
lado
disso,
terminações nervosas
aferentes
levam estímulos ao
sistema nervoso
central, desencadeando
7/21/2019 Capítulo 9 - Noções de Imunopatologia (Robbins)
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NOÇÕES DE IMUNOPATOLOG1A
247
reflexo
parassimpático que, por
via
vagai,
libera acetilcolina
nos
brônquios,
agravando
a
broncoconstrição
e
aumentando
a
secreção
de muco.
A fase
mediata
ou
tardia depende de :
(1)
IL-1,
que
é
produzida por mastócitos e células do órgão afetado (epitélios
da
epiderme, dos
brônquios
ou
do intestino,
conforme
o
caso).
Ativa
o
endotélio.
que
expõe
moléculas de adesão para eosinó-
fllos,
PMN
e
linfócitos
T
CD4
+
(Th2).
A
localização
específica
das células Th2 no local dn
rcaçào alérgica
está
ligada
à expressão
de moléculas de adesão
específicas
na
superfície
dos
linfócitos
quando
estes
são
estimulados
pelo
alérgeno
no
linfonodo e
pelos
receptores
paraquimiocinas
liberadas nu
área
da
rcação
anfilá-
tica.
Esse
fato
é bem evidente na
dermatite
atópica.
na
qual
se
demonstra
que os linfócitos
dominantes
no exsudato expressam a
moléculaCLA
(de
Cutaneous
Lymphocyte
Antigen). No
entanto.
não se sabe
qual
molécula dc
adesão
é
expressa
nos linfócitos
Th2
que
se acumulam na
mucosa brônquica
de pacientes asmáticos
(haveria
uma
molécula
brônquio-específica?).
mas sabe-se
que
eotaxinas
1, 2
e
3,
RANTES
e
MCPs
são
fundamentais,
agindo
nos
receptores
CXCR3
daqueles linfócitos;
(2)
fator
eosinotá-
tico
da
anafilaxia.
que
atrai
os
primeiros
eosinófilos;
(3)
fator
quiiniotático
dc alto peso
molecular,
que
atrai
PMN.
os
quais.
juntamente
com
os
eosinófilos,
formam o
exsudato inflamatório
inicial no
processo.
A
presença de
eosinófilos exsudados leva
ao
aparecimento
dos
cristais
de
Charcot-Lcyden
no interstício
ou
na luz das
cavidades
naturais,
onde
se
acumulam.
Na asma
brônquica,
demonstrou-se
que
a proteína básica principal
dos
eosinófilos
aumenta
a
reatividade
da
musculatura
brônquica
aos
mediadores e
lesa
o
epitélio respiratório;
(4)
mais
tardiamente.
as
quimiocinas,
especialmente
eotaxinas
l.
2
e
3,
RANTES
e
as
do
grupo
MCP.
liberadas
por
mastócitos,
basófilos
c células
residentes do órgão
(ccratinócitos
nas
alergias
cutâneas,
epitélio
brônquico
nas
alergias respiratórias
etc.)
atraem
maior
número
de
células
T
CD4+ (Th2);
estas
liberam
IL-4.
1L-5
e
CSF,
que
aumentam
o
afluxo
de
leucócitos,
com predomínio
de
eosinó¬
filos.
instalando-se uma
reação
inflamatória
tardia.
A
partici¬
pação dos basófilos no local
de
uma
reação
de
tipo
anafilático
é bem evidente
na rinite
alérgica,
na
qual
essas
células podem
ser
facilmente
pesquisadas
em raspados da mucosa nasal.
Nessa
doença,
a
participação
dos basófilos na fase tardia da
reação
é
muito
mais
importante
do
que
a
dos
mastócitos.
A
pesquisa
de
mediadores
típicos
de
mastócitos.
como
a
cimase. é
negativa
na
fase tardia
da rinite
alérgica,
quando
se
demonstra
ser
grande
a
exsudação
de basófilos.
A 1L-4
aumenta
a
expressão
de
recep¬
tores
para
Fee
(Fee
III.
de baixa
afinidade)
em
macrófagos
e
células
dendríticas.
fazendo coin
que
essas
células sejam
ativadas
na
presença
do
alérgeno.
liberandocitocinas
inflamatórias
(IL-1
e
TNFcx).
Essa
inflamação
amplifica
e
sustenta
as
manifestações
da
doença
alérgica,
em decorrência da s
citocinas
produzidas
e
liberadas pelas células do exsudato.
A
intensidade
da
reação
inflamatória
tardia
nos
processos
anafiláticos localizados é
muito
intensa na
dermatite
atópica.
mas existe também nos
brônquios
e
no intestino das
pessoas
com
alergia
alimentar. As citocinas
são
responsáveis pela hiperatividade
dos
tecidosonde
ocorreu
a
reação
anafilática.
tornando-os
hipersensíveis
a inúmeros estí¬
mulos.
mesmo que diferentes dos alérgenos.
Isso
explica
porque
a pele dos
atópicos
é
mais sensível
às
irritações,
os
brônquios
do
asmático são mais
irritáveis
e
obstrução
e
corrimento nasais
são maiscomuns
nos
pacientes
com
rinite
alérgica
na
presença
dc
qualquer
fator
irritativo,
mesmo
que
não-alergênico.
A
Fig.
9.7
mostra
os
principais
eventos
nas fases imediata
e
tardia
da
asma
brônquica.
Nas
anafilaxias
localizadas,
as lesões
teciduais
na fase
imediata são
representadas
por
edema,
hiperemia
e
aumento
da
secreção de
muco.
com escasso
exsudato
inflamatório
(eosinófilos
e
neutrófilos).
Após
as
primeiras
horas,
o
quadro
se
modifica
pela
instalação
progressiva da
reação
inflamatória,
com aumento
do
exsudato
celular
(eosinófilos.
PMN.
linfócitos e macrófagos),
mas
com
escassos
fenómenos
degenerativos
e
necróticos.
Indivíduos
que
não
produzem
grande
quantidade
de lgE
podem
apresentar
reação
alérgica
intensa.Tais
casos
seexplicam
porque:
(
I
)
os
receptores
para os
mediadores
liberados sãomais
numerosos;
(2)
ocorre
inibição
parcial dc seus antagonistas;
(3)
há
exaltação
de
receptores
agonistas.
Existem
casos de
a s m a
brônquica
não-alérgica,
nã o
acompanhada
da
hiperprodução
de
IgE,
em
indivíduos que
apresentam
distúrbio
primário nos
recep¬
tores damusculatura
brônquica. Irritantes
da
mucosa brônquica
agravam o quadro da
asma
porque produzem
estímulos
colinér-
gicos,
potencializando
os efeitos dos
receptores
para histamina
e outros
mediadores
liberados
pelos
mastócitos.
Na
coqueluche,
a
toxina
da Bordetella
pertussis
inibe
parcialmente
os
receptores
P
da
árvore
respiratória,
diminuindo
os
efeitos
antagónicos dos
receptores
da
histamina,
o
que
desencadeia
crises
de
broncocons-
trição
mesmo quando
a
liberação daquele
mediador é pequena.
Reação anafilática
sistémica
Choque
anafilático
surge quando
o
alérgeno
induz sensi¬
bilização de mastócitos de forma
sistémica.
O contato subse¬
quente
com dose
desencadeante
promove
ativação
e
desgranu-
lação
sistémica
dessas
células e liberação de grande
quantidade
dos
mediadores,
o
que
resulta em
queda
da
pressão
arterial,
bron-
coconstriçao. relaxamento do s
esfíncteres.
prurido
generalizado
e edema
da
glote,
orelhas
e lábios; se não tratado rapidamente,
o
paciente
morre por insuficiência
circulatória.
A
capacidade
de
produzir
IgE
e
de
se sensibilizar para
reações
anafiláticas
é
geneticamente
determinada.
Há
indiví¬
duos
que produzem
IgE
em baixas quantidades
(67%
têm IgE
sérica
<
0.
1
5
p,g/ml
e
20%
têm entre 0.
1
5 c
0.5
p-g/ml)
e
os
que
a sintetizam em grandes
quantidades
(9%
têm
IgE
entre
0.5
e
1
fig/ml
e
3%
acima
de
I
p-g/ml);
os alérgicos
são a
maioria
entre
os
1
2%
da
população
que
são
grandes
produtores
de
IgE.
Embora
os
fatores
genéticos que
controlam
a
produção
de
IgE
não sejam
ainda
bem
conhecidos,
a
ocorrência
familiar
de
alergias reforça
a
idéia
da sua existência e importância.
A
herança
genética que
interferena
suscetibilidade
às alergias
parece
ser
multigênica. já
que a produção
de
IgE
depende
dos
genes que
regulam a síntese
da
IL-4
(cromossomo 5)
e seus
receptores,
dos
receptores
para
Fee
(cromossomo
1
1
).
dasmoléculasapresentadoras
de
antígeno
(MHC)
e
de moléculas co-cstimuladoras
necessárias
para
induzir
a síntese de
IgE
pelos
linfócitos
B.
Os
MHC II
têm
grande
influência
na
produção
de
IgE.
pois
os de
maior
afinidade podem
reconhecer
mais facilmente
os
peptídeos
dos alérgenos e apresentá-los
às
células
Th2.
Estes
os reconhecem
com facilidade
porque
os
alérgenos
penetram
no
organismo
em
pequenas
doses,
e as
concentrações
do
complexo
MHC II-peptídeos
do
alérgeno
na
superfície
das
células
apre¬
sentadoras
são baixas.
Quando
em baixa
densidade,
complexos
MHC
II-peptídeo
na
superfície
das
células
apresentadoras esti¬
mulam
as células
Th2
c,
consecutivamente,
a
produção
dc
IgE.
Indivíduos
com
haplotipos
MHC
11
com alta afinidade
para
algum
(ou.
mais
raramente,
alguns
poucos
alérgenos)
desen¬
volvem
alergia
po r excesso
de
produção
de
IgE quando
expostos
a
baixas
concentrações
do
alérgeno
desencadeante.
No
entanto,
7/21/2019 Capítulo 9 - Noções de Imunopatologia (Robbins)
http://slidepdf.com/reader/full/capitulo-9-nocoes-de-imunopatologia-robbins 12/38
248 PATOLOGIA
Epitélio
Mastócito
Quimiocinas
IL-1
IL-8
R A N T E S
MCP
Terminação
nervosa
aferente
ubP
CRGP
Histamina
Triptases
SNC
Núcleos
vagais
Cimases
Eosinofilos
PMN
M<t>
LT
FEA
FQAPM
Acetil-
collna
Bronco-
constrição
t Reatividade
aos
agonistas
FASE
IMEDIATA
FASE
TARDIA
Fig.
9.7
Principais eventos da s
fases imediata
e
tardia
(ou
inflamatória)
da asma
brônquica.
VIP
=
peptídeo
intestinal vasoativo;
C R G P
=
peptídeo
relacionado ao
gene
da
calcitonina; SubP
—
substância
P;
PG
—
prostaglandin;
LT
—
leucotrieno; FEA
=
fator cosinotático
da
anafilaxia;
FQAPM
=
fator
quimiotático
de
alto
peso
molecular.
são
pessoas que
respondem
bem ao
tratamento
com vacinas
dessensibilizantes
com
doses
crescentes
do
alérgeno,
porque,
tendo MHC
II
de alta afinidade
para
esse
alérgeno,
as
células
apresentadoras,
na
presença
de doses
progressivamente
maiores
do
alérgeno,
aumentam a
concentração
do
complexo
MHC II-
peptídeo
na superfície, o que
estimula as
células Thl
(T
infla¬
matórias).
Estas produzem
IFN7,
o
qual
não
só
inibe a síntese
de
IgE
(bloqueando
a
ativação
dos
linfócitos
Th2)
como
também
aumenta a
produção dc IgG2 c IgG4,
que
podem
bloquear o
alérgeno
antes de
ele
chegar
aos
mastócitos.
Essas
observações
explicam por
que
somente
algumas
pessoas
alérgicas
respondem
ao
tratamento
com vacinas
dessensibilizantes.
Há
pessoas que
produzem
IL-4em
excesso frente a
qualquer
estímulo
antigênico
e,
portanto,
sintetizam
grande quantidade
de
IgE
reatora a esses
aniígenos.
Esses são
os chamados indi¬
víduos
atópicos
ou
geneticamente
alérgicos,
que
desenvolvem
alergia
com
grande
facilidade a uma gama variada de alérgenos
e que
geralmente
não se beneficiam da
terapêutica
com
vacinas
dessensibilizantes.
Existeainda um
terceiro
grupo
de
indivíduos que
respondem
de modo exacerbado a
qualquer
antígeno,
ou
seja,
apresentam
um
defeito
110 controle
da
resposta
imunitária,
especialmente
nos
mecanismos supressores.
Essas
pessoas
não só desen¬
volvem
doenças
alérgicas
com
facilidade
como
também
são mais
propensas
a
doenças
por
auto-agressão.
Fatores ligados
ao
antígeno
e
ao
ambiente também influen¬
ciam a
produção de IgE. Ao
lado do perfil
genético,
a
síntese
de
IgE
depende muito da qualidade e quantidade
do
antígeno.
Antígcnos
solúveis c
cm
baixas doses
podem sc
comportar
como
alérgenos.
É o
que
acontece
com as
poeiras
domésticas, por
exemplo, que
são alérgenos
para
muitas
pessoas;
elas contêm
material
orgânico
de ácaros
que
é inalado em pequena quan¬
tidade, solubilizado
e
absorvido
pela
mucosa
respiratória.
O
acesso do
alérgeno
pela via
respiratória
parece
muito impor¬
tante
na
indução da
alergia
respiratória
(rinite
alérgica
ou asma
brônquica). No
entanto,
pouco se sabe sobre a via
de
acesso
dos
alérgenos
que
induzem
dermatite atópica
(para
a
maioria
dos
estudiosos,
não
é a
via
cutânea,
que
geralmente
induz
dermatite
de
contato,
doença
dependente
da
imunidade
celular).
Indiví¬
duos
com
alergia
alimentar
possuem
linfócitos
T
CLA+
e,
com
frequência,
apresentam
dermatite
atópica.
Infecções parasitárias, especialmente com helmintos
que
invadem
os
tecidos,
desviam a
resposta
para o lado das células
Th2
c podem favorecer a
produção
dc
IgE
frente
a
antígenos
não-relacionados ao
parasita.
Isso explicaria a observação
de
alguns
autores,
não-confirmada
por
outros, de
maior
frequência
de manifestações
de alergia
respiratória
em
crianças
com
helmin-
tíases intestinais.No
entanto,
quando se
avalia
a
prevalência
de
asma
brônquica
em
jovens
e
adultos, verifica-se ser
muito
maior
nos
países
desenvolvidos
(onde
as
verminoses
são
incomuns)
do
7/21/2019 Capítulo 9 - Noções de Imunopatologia (Robbins)
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NOÇÕES
DE
IMUNOPATOLOGIA
249
que
nos subdesenvolvidos,
onde as helmiritíases são
frequentes.
Parece
que
a
controvérsia estaria
relacionada
ao fato
de
que,
nas
infecções
helmínticas primárias,
o
efeito
adjuvante
é
maior,
mas.
nas infecções
repetidas,
esse
efeito é menor,
provavelmente
por exaustão
parcial
do sistema
Th2.
Também
se
admite
que
a
resposta
IgE
necessária
para
eliminar
um
helminto intestinal
tenha
características
diferentes
das
dc
uma
rcação
anafilática.
De fato, na
eliminação
de
um
helminto não
há
manifestações
anafiláticas
semelhantes
às
observadas
nos
pacientes
atópicos,
embora um
animal
com
helmintíase
possa desenvolver
anafi-
laxia
se
o
antígeno
do
parasita for
inoculado po r
via
intravenosa.
Tenta-se
explicar
esse
fenómeno
de
duas maneiras:
(
)
a grande
produção
de
IgE
induzida
pelo
helminto leva à
ocupação
dos
receptores
Fee
dos
mastócitos
e
basófilos, não
permitindo que
IgE
de
outra
natureza
(antialérgeno)
a eles se
fixe
(competição);
(2)
imunocomplexos com IgE seriam inibidores
para
os
mastó¬
citos.
impedindo
sua
ativação.
A
presença de
receptores para
Fee
no intestino e
de
eBP
(e
Binding
Protein,
proteína que
sc
liga
à
cadeia
£) ,
facilitando a
concentração
de IgF.na mucosa
intestinal.
reforça a idéia
de
que
altos
níveis
de
IgE
possam
desencadear
modulação
dos
mastócitos.
impedindo
manifestações
anafilá¬
ticas
durante
a expulsão
do
verme e
durante
sua
permanência
na luz intestinal.
Pessoas alérgicas
que
produ/em muita
IgE
geralmente têm
facilidade
de
sofrer infecções
no
órgão
de
choque
da
alergia.
Isso
c muito
evidente
na dermatite
atópica. na
qual
infecções
virais
(herpes simplex), micóticas
{Trichophyton
rubnim)
e
bacterianas
(estafilococos)
são comuns.
A
maior
sensibilidade
local
a
infec¬
ções
se
explicaria pela
produção
de
IL-
10 e
IL-4.
que
inibem a
produção de
IFN-y
e.
portanto,
a
ativação
das células
Th 1
.
impor¬
tantes na imunidade contra vírus
e
bactérias.
Alguns
admitem
que
estafilococos
possam
constituir fator de
amplificação
da
rcação
alérgica
por
meio de
enlerotoxinas. que
funcionam
como supc-
rantígenos
estimuladores
das
células
Th2,
aumentando
a
síntese
de
IgE.
Por
outro
lado.
a
produção
de
IgEantiestafilococo indu¬
ziria
liberação
de
histamina,
e
esta aluaria diminuindo o
poder
mierobicida dos
fagócitos
no
local.
É
possível,
portanto,
que
estados
alérgicos
com
hiperprodução
de
IgE
se associem a
algum
defeito
em
outrosmecanismos
microbicidas.especialmente
dos
fagócitos,
como descrito na síndrome de
hipcrgamaglobulincmia
E
idiopática ou síndrome
de Jó.
Modelos
experimentais
de
reações
anafiláticas
Sensibilização
dc
animais
de
laboratório
pode
ser obtida
com vários
aiérgenos
capazes
de
levar
a
hiperprodução
de
IgE,
sendo
facilmente
conseguidos
modelos
de
anafilaxia
localizada
e
sistémica.
Choque
anafilático
experimental pode
se r induzido
em
cobaios,
ratos,
camundongos e
cães.
Quando
imunizado com
ovalbumina
(dose sensibilizante)
e recebe
injeção
intravenosa
de solução
diluída dessa mesma substância
(dose
desencade¬
ante). o cobaio
apresenta,
alguns
minutos
depois,
dificuldade
respiratória, prurido
no
focinho,
tosse,
eliminação de urina e
fezes,
vómitos e queda
da
pressão
arterial,
podendo chegar
à
morte por
choque e
insuficiência
respiratória
grave;
lais mani¬
festações podem se r prevenidas
pelo
us o
de anti-histamínicos
antes
da
dose
desencadeante.
O
cobaio
é
um animal particu¬
larmente sensível
aos
efeitos
da
histamina,
especialmente
na
musculatura
lisa.
ra/ão
pela qual
apresenta
manifestações
do
choque
anafiláticosemelhantes
às
observadas
em
humanos. Se
o
soro
dc um
cobaio imunizado é
transferido por inoculação
intradérmica a
outro
cobaio,
e se
este recebe dose desencade¬
ante de
ovalbumina
por
via
venosa,
a
IgE
do soro sc localiza
nos
mastócitos
da
derme,
provocando eritema e edema no local.
Essa
rcação
anafilática
localizada
passiva
(anafilaxia
cutânea
passiva) pode ser
facilmente
demonstrada
se.
juntamente com
a
dose desencadeante
do
antígeno, é
introduzido
azul
de
Evans.
o qual extravasa na
área
onde foi feita a
injeção
intradérmica
do
soro.
A anafi laxia
cutânea
passiva foi utilizada no passado
em
humanos para
demonstração
de
anticorpos
IgE
séricos. Soro
do
paciente
que
sc admitia
estar
sensibilizado era
injetado
na derme
de
uma
pessoa
não-sensibilizada,
a
qual
recebia,
nomesmo
local
e
pelo
menos
12
horas
depois,
outra injeção intradérmica
do antí¬
geno
que
se suspeitava ser o
sensibilizante
(alérgeno):
o
apareci¬
mento
de
pápula eritematosa indicava a
presença
dc
IgE
no soro
transferido,
que
se fixava nosmastócitos
da
derme
do
receptor,
os
quais
liberavam histamina
após
injeção
do
antígeno
desencade¬
ante.
Esse
procedimento
é conhecido como reação
dc
Paunsnitz-
Kusmer,mas não é mais
utilizado
devido ao risco
de
transmissão
de
doenças
virais
por
meio
da
injeção
de
soro.
Reações
anafiláticas
experimentais
variam
em
diferentes
espécies,
e seu
aparecimento depende
muito
do animal
e
do
adjuvante
utilizados.
Em
camundongos
e ratos, indução
dc anafi¬
laxia
sistémica
com ovalbumina
pode
ser
obtida
pela
injeção
desta
juntamente
com Burdetcllu
pertussis
,
masnão é
alcançada
quando
se
usa
adjuvante
de
Freund.
Há
linhagens
de camun¬
dongos
geneticamente
mais suscetíveis a
produzir
IgE.
o
que
confirma a
importância
do fator
genético
nas
doenças
alérgicas.
Manifestações
de
choque anafilático nessas
espécies
sc dão
mais
no tubo
digestivo,
com
intensa
congestão
c hemorragia na
mucosa
c
submucosfl,
mas com escassas
manifestações respi¬
ratórias.
Em
cães,
reação
anafilática sistémica se
acompanha
de
insuficiência
circulatória
grave
devido
à
intensa
dilatação
e
congestão
dos
vasos
hepáticos.
Ànafilaxias
localizadas,
como
alergia
cutânea
ou
respira¬
tória,
podem ser
induzidas
em
alguns
animais
de laboratório.
Modelos
experimentais
de
hiper-reatividade brônquica
são conse¬
guidos
em
cobaios,
coelhos
c
macacos
quando
sc
faz sensibili¬
zação por
inalação.
Estudos
de
sensibilização
com
aiérgenos
do ambiente
humano
e relacionados
com
a
asma brônquica
têm
mostrado
que existem
linhagens
de
camundongos
fortemente
reativas ao
alérgeno
c
linha¬
gens
fracamente
reatoras
ao
alérgeno.
demonstrandomais uma
vez
a
importância
do
fator
genético
na hiperprodução
de
IgE.
A
reativi-
dade
não é
genérica
ou
inespecífica:
uma
linhagem
pode ser fraca¬
mente
reatora
a um
alérgeno
e dar boa
resposta
para
outro. Para
aiérgenos extraídos
do
ácaro
Demiatophagoides
pteronyssinus
e inoculados
em
alúmen
de
potássio,
camundongos
C57B1/6
c
CBA sã o
bons
reatores, enquanto
os BALB/c
reagem pouco
(estes,
no
entanto,
são
bons reatores frente à
ovalbumina).
Utilizando-se
modelos
murinos
de
hiperprodução
de IgE,
foi demonstrado
que
certos aiérgenos estimulam
determinados
clones
de
linfócitos
Th2
que
usam
preferencialmente
o
gene
3
(V(38.
1/8.2);
transferência
de células
CD4+ com
esse
genótipo
aumenta a
produção
de
IgE
no
receptor, enquanto
transferência
de
célulasCD8+
não
induz
IgE
e
pode.
ainda,
inibir
a
produção
da
IgE previamente
sintetizada. Admitc-sc
qu e
o
IFN7
produzido
pelas
células CD8
i
seja
o
mediador
dessa
inibição.
Em
camundongos
knock-out para
IL-4,
demonstrou-se que
essa
citocina
é
indispensável
para
a
síntese
dc
IgE.
Já os
níveis
de
IgG, reduzem-se
apenas
em cerca de
1/3.
mostrando
que
outras
7/21/2019 Capítulo 9 - Noções de Imunopatologia (Robbins)
http://slidepdf.com/reader/full/capitulo-9-nocoes-de-imunopatologia-robbins 14/38
250
PATOLOGIA
citocinas são
importantes
para a
síntese
desse isotipo
(IL-6
no
camundongo
e
IL-13 no
homem).
Camundongos sensibilizados
com
o
alérgeno
em
alúmen
têm
resposta
cutânea
imediata,
com eritema
e edema
imediatamente
após
injcçào
intradérmica
do
alérgeno.
de
modo
semelhante
ao
que
ocorre
em
humanos,
reação essa
mediada
po r
IgE
e
IgG,,
que
se
prendem
aos mastócitos
nos
receptores
FeRleFc7RÍII.
Essa
reaçào cutânea
se
correlaciona
com
produção
elevada de
IgE/IgG,
e com
ativação
de
linfócitos
Th2
pelo
alérgeno.
Pode-se tambémestudar a
resposta
da musculatura traqueal
de
camundongos
sensibilizados mediante
estímulos clétricos.
O
estímulo
médio
necessário
para
desencadear
contração
nos
animais
sensibilizados
esiá
em
nível
semelhante
ao s
do s não-
sensibilizados;
no
entanto,
após
inalação
do
alérgeno.
que
induz
um a
reação
local,
os
animais
sensibilizados
passam
a
responder
a
estímulos
significativamente
menores do que
os
não-sensibi-
lizados. Essa hiper-reatividade é transitória e
só
se
mantém
se
persistir
a
estimulação com
o
alérgeno.
Nessesmodelosmurinos.o exsudato inflamatóriona mucosa
brônquica.
24
horas após
a
reação
alérgica,
é
muito escasso e
formado
por
mononucleares.
sem
eosinófilos.
Portanto,
nesses
modelos não
se
consegue
a
fase
tardia da
reação
alérgica típica
da
asma humana, o
que explica
o
fato
de a
hiper-reatividade
da
musculatura
traqueal
ser transitória
e não
persistente.
Apesar
de não
apresentarem
a
resposta
tardia,
camundongos
tratados localmentecom
IL-5
por via intranasal ou
intratraqucal
desenvolvem
eosinofilia na mucosa
brônquica
e
estado
de
hiper-
reatividade
da
musculatura
lisa
para
estímulos
elétrico
e químico,
mostrando
que,
de
fato,
o exsudato
de
eosinófilos
é importante
nessa
hiper-reatividade.
DOENÇAS
PRODUZIDAS PELO EFEITO
CITOPÁTICO
DE
ANTICORPOS
(HIPERSENSIBILIDADE
TIPO
II
Estão
incluídas
nesse
grupo entidades consideradas
em
muitos
textos
como doenças
por
hipersensibilidade,
mas
que,
na
realidade,
nem
sempre
o
são, embora
reatividade anormal
possa
estar
presente
em
algumas
delas.
A
anemia hemolítica por
trans¬
fusão de
sangue incompatível é
umbom
exemplo
dessa
condição.
Nela
a
hemólise é
induzida
por anticorpos dirigidos
a
epitopos
de
eritrócitos
inexistentes no
indivíduo
receptor
do
sangue.
Trata-
se.
portanto,
de uma
resposta
absolutamente
normal do
sistema
imunitário,
não
havendo aqui
nenhum indício
de hipersensibi¬
lidade. O mesmo acontece com a
doença
hemolítica do recém-
nascido.
na qual
a
mãe
Rh
entra
em
contato
com
o
fator
Rh
do
feto e produz anticorpos contra
esse
antígeno.
Nas
doenças hemolíticas induzidas
po r
medicamentos,
estes funcionam
como
haptenos
presos
a
proteínas
na
membrana
das
células
circulantes:
a
capacidade
de
produzir anticorpos
contra eles
depende
da
existência,
no
indivíduo,
dc MHC
II
para
reconhecer o peptídeo com
o hapteno
associado. As
pessoas
portadoras
dessa condição (geneticamente
determinada)
são
mais suscetívcis
a
te r
hemólise. o
que
leva
a
considerá-las
hipersensíveis
aos medicamentos
que
induzem o
fenómeno
hemolítico.
Nas
doenças
hemolíticas, a
citopcnia
circulante
t
provo¬
cada
por:
(1)
efeito citolítico do
anticorpo, que
ativa o
comple¬
mento sobre a célula-alvo;
(2 )
ação
opsonizadora
do
anticorpo,
favorecendo
a
fagocitose
da célula
opsonizada.
especialmente
no
baço.
Anticorpos
citotóxicos
dirigidos
contra outras
estruturas
teciduais
podem
ser
induzidos
pelo contato com antígenos de
microrganismos
que
dão
reação
cruzada com
antígenos
dos
tecidos.
Nesses
casos,
a produção de altos títulos desses
anti¬
corpos
depende do perfil
genético
do
indivíduo,
o
que pode
ser considerado um estado
especial
de reatividade
ou
de hiper¬
sensibilidade.
É
o que ocorre na
glomerulonefrite
com hemor¬
ragia
pulmonar
(síndrome
de
Goodpasture),
que
é causada
por
anticorpos
antimembrana
basal dos
glomérulos
c
dos
capi¬
lares pulmonares
induzidos por
antígenos
estreptocócicos
que
possuem
epitopos
semelhantes a
glicoproteínas
da membrana
basal.
As
lesões
glomerular
e
pulmonar decorrem
da
ativação
do
complemento
na
membrana basal do s
capilares
desses órgãos.
De
modo
semelhante,
anticorpos induzidos
por
epitopos
de
estrep¬
tococos
p-hemolíticos
do grupo
A
são
responsáveis pelas
lesões
da doença
reumática
no tecido conjuntivo, no miocárdio e
nos
neurónios
do sistema nervoso central.
Anticorpos
podemainda estimular
ou
inibir
células
quando
reconhecem
epitopos
em
receptores
de membrana.
Anticorpos
estimuladores da tireóide e anticorpos inibidores de
espermato¬
zóides
são bons
exemplos
dessa
situação.
Modelos
experimentais
de
doenças
produzidas
pelo
efeito
citopático
de
anticorpos
O
mais conhecido
é o
da
glomerulonefrite
por
soro nefro-
tóxico,
bastante
superponível
à
glomerulonefrite
que
ocorre na
síndrome de
Goodpasture.
Pode ser obtida em ratos mediante
inoculação
de soro de
coelho,
de
pato
ou de
cabra, animais
estes
previamente
imunizados
com extraiodc rim
de rato em
adjuvante
completo de Frcund
(modelo
original
introduzido
po r
Masugi).
Posteriormente,
demonstrou-se que
lesões semelhantes podem
ser
produzidas pela
transferência
passiva
de
soro
de
coelho
ou
cabra
imunizados
com
membrana basal
(MB)
glomerular
em
adjuvante
de
Frcund. Os
efeitos
da
injeção
de soro anti-MB
(ou
anti-rim)
se manifestam de modo bifásico:
(1
)
agressão
imediata
à membrana basal
glomerular,
com
proteinuria
evidente;
(2)
lesão
tardia
decorrente
da
produção
de
anticorpos
no rato
contra
os
anticorpos
heterólogos
inoculados,
agora
presos
à
membrana
basal
glomerular.
Se
os anticorpos
fixam complemento,
instala-
se uma
glomerulonefrite
do
tipo
proliferativo, com exsudato
de
PMN;
quando
não
há
ativação
do
complemento,
a
glomeru¬
lonefrite se caracteriza
por proliferação
epitelial.
A
imunoflu-
orescência mostra depósitos lineares
de
imunoglobulinas
nos
glomérulos na
primeira
e
segunda fases,
podendo
ser
demons¬
trada também
deposição
do
complemento.
Nos animais
utilizados
para
imunização
com
membrana
basal,
especialmente
o
carneiro,
pode-sc
desenvolver
glomeru¬
lonefrite com
depósitos
lineares
de
imunoglobulinas
dois
a
três
meses após
a
imunização. Esses
animais
possuem
anticorpos
anti-MB circulantes
que
produzem
glomerulonefrite
quando
transferidos
para
outros
cordeiros.
Doença
hemolítica
pode
ser obtida
em
animais
dc labo¬
ratório
pela
injeção
de soro
heterólogo
dc
um animal
previa¬
mente
imunizado
com a
célula
(ou
seus
antígenos)
que
se
quer
dcplciar.
Assim,
são
obtidos soros
aniiplaqueiário,
anti-PMN,
aniilinfócitos.
antieritrócitos
ou.
ainda,
soros
mais
específicos
contra
determinadas
populações
celulares,
como soros
anti-CD4
e
anti-CD8.
utilizados para
depletar especificamente
linfócitos
T
auxiliares
ou
citotóxicos.
7/21/2019 Capítulo 9 - Noções de Imunopatologia (Robbins)
http://slidepdf.com/reader/full/capitulo-9-nocoes-de-imunopatologia-robbins 15/38
NOÇÕES
DE IMUNOPATOLOGIA
251
DOENÇAS
PRODUZIDAS POR
IMUNOCOMPLEXOS
(HIPERSENSIBILIDADE
TIPO
m)
0 destino natural dos
complexos antígeno-anticorpo
(imuno-
complexos,
IC)
é a
sua
fagocitose
e
eliminação. Se ICs depo-
sitam-se nos
tecidos,
podem
produzir
lesões
pela ativação
do
complemento
e/ou
pela
desestruturação
dos
componentes
da
matriz extracelular.
Receptores para
Fc
de
IgG
ou
para
C3b exercem
papel
importante
na remoção
de
ICs e na
resposta
após
essa
remoção.
Os
receptores
FCR7II
induzem endocitose
de ICs sem
provocar
resposta
pró-inflamatória,
por
possuírem
uma
sequência
1T1M
(
Immunoreceptor Tyrosine baseei Inhibition
Motif),
a
qual
induz
uma
serie
de
vias inibidoras da
liberação,
por
fagócitos,
de mediadores da inflamação.Ao contrário,
o
FCR7III
possui
um
motivo
ITAM
(A ,
de
Activator)
que, após ligação
dos ICs
com
o
FcR.
ativa
vias de
liberação
de cilocinas
e de
outros
mediadores
pró-
inflamatór ios. ICs
com
C3b
ligados
ao
Fc
de
IgG
ficam
impedidos
de
se ligar aos
receptores
FCR7.
exercendo
assim o
complemento papel
protetor
contra
os
possíveis
efeitos
lesivos
dos
imunocomplexos,
mediados por sua endocitose por meio
de
FCR7III.
Os
ICs
endocitados
pelo
CR3 (CD18/CDllb)
não
induzem
resposta
inflamatória. Por outro lado,
C5a
é
a
molécula
do
complemento
mais
envolvida
em
lesões por
ICs,
pois reduz
a
expressão
de
FCR7II
e
aumenta
a
expressão
de
FCR7IH,
aumen¬
tando assim o potencial inflamatório dos
ICs.
Imunocomplexos
podem
se depositar
nos
tecidos em
duas condições:
(1)
quando
são circulantes, pequenos e solú¬
veis,
deixam
a circulação c se depositam na
parede
dos
vasos
e
tecidos
perivasculares;
(2)
quando são formados
e se
precipitam
no
próprio
tecido.
Como em
geral
são
grandes
e
precipitáveis,
os
imunocomplexos que
se formam na
circulação
são
transportados
margeando
a
corrente
sanguínea,
colocando-os em
contato com
a
superfície
dos
fagócitos
do
fígado
e
baço,
que
os
removem
rapidamente
(a
remoção
é
facilitada
pela ativação
de moléculas
de
C3 nos ICs
ainda
na
circulação).
ICs
formados
com
ligeiro
excesso de
anu'geno
são
pequenos
e solúveis e,
po r
essa
razão.
circulam
por algum
tempo
antes de serem
fagocitados,
podendo
então
se
depositar
nos tecidos.
As lesões
e
doenças
provocadas
por
imunocomplexos são
muito
frequentes.
Serão
estudadas a
seguir
as lesões
por
ICs
induzidas pelo contato com antígenos
exógenos;
as lesões
po r
ICs
com
auto-antígenos
serão abordadas
com as doenças
por
auto-agressão.
Lesões
por
imunocomplexos
depositados
onde
se
formam
(fenómeno
de
Arthus)
A
injeção
de
um
antígeno
na
pele
de
um animal
previamente
imunizado e
que produziu
IgG
ou
IgM
é segu ida da
formação
de ICs que
se
depositam
no
interstício,
ativam
o complemento
e
desencadeiam uma
reação inflamatória
local.
E
a
reação de
Arthus.
que
se
caracteriza
por
edema
c
hiperemia
e,
ao micros¬
cópio, mostra exsudato dc PMN e
macrófagos,
transformação
fibrinóide do interstício
e,
muitas
vezes,
vasculite e trombose
de pequenos vasos. Tais
alterações
decorrem
da
formação
de
ICs
e da
ativação
do
complemento,
que
libera
peptídeos vasoa-
tivos
responsáveis
por
hiperemia
e
aumento da
permeabilidade
vascular
(C2a,
C3a e
C5a.
que
induzem liberação de histamina
c
quimiocinas
pelos
mastócitos)
e
por
quimiotatismo de
PMN
e
macrófagos
(C5a,
C4a.
quimiocinas).
Ao
fagocitarem
ICs,
os
fagócitos
liberam
enzimas
(mctaloproteases,
como
colagenases.
elastases
e
catepsinas)
qu e digerem
os
componentes
do
interstício
e a fibrina,
formando o material fibrinóide. A
trombose resulta
de
lesões
da
parede
vascular provocadas pelos imunocomplexos
depositados.
Nas
alveolites
alérgicas, a sensibilização se
faz por via
respiratória.
Em
exposições
subseqílentes,
o
antígeno,
inalado
em
grande
quantidade,
deposita-se
nos
alvéolos,
encontra
anti¬
corpos
na
parede
alveolar c com eles forma
ICs,
desencadeando
um
processo
inflamatório
(alveolite)
acompanhado
de
manifes¬
tações
asmatiformes
decorrentes da ação
broncoconstritora de
complemento, histamina
e
eicosanóides
liberados
pelos
mastó¬
citos
e
poi
células inflamatórias.As
alveolites
alérgicas
são.
em
geral,
doenças
ambientais e
profissionais,
estando relacionadas
à
exposição
do
indivíduo
a
ambientes onde o
antígeno
existe
disperso
no
ar:
fungos
do
feno
(pulmão
do
fazendeiro),
proteína
nas fezes de aves
(pulmão
dos tratadores de
aves)
etc.
Lesões
por imunocomplexos
circulantes
O
exemplo típico de lesões por ICs circulantes
é
a
doença
do
soro.
Quando
um indivíduo
recebe
soro
heterólogo
para
trata¬
mento ou
prevenção
de
uma
doença
(p.
ex.,
soro
antidiftérico),
pode
apresentar,
uma
semana depois,
febre,
dores
articulares.
urticária e
proteinúria:
tais
manifestações em
geral
desaparecem
em poucos
dias e o
paciente
se
recupera.
Os
mecanismos
pato-
genéticos da
doença do soro
envolvem
a formação de ICs entre
a
imunoglobulina hctcróloga
e
anticorpos IgM
e
IgG
formados
contra
essa
imunoglobulina;
como
a
quantidade
dc
soro inje-
tada
é
grande,
a
proteína
heteróloga
ainda está cm
altos
níveis
na
circulação quando
os primeiros
anticorpos aparecem,
o
que
favorece
a
formação
de
ICs
com
excesso
de
antígeno,
portanto
pequenos
e solúveis
(Fig.
9.8).
Os
ICs circulam, atravessam a
parede
dos
vasos,
depositam-se
nos
espaços
perivasculares
e
ativam o
complemento, produzindo
reação
inflamatória
com
Manifestações
da
doença:
febre,artrite,vasculite,
proteinuria
0
o
>0
E
</>
o
o.
IC
W)
©
>
z
4
ó
8 10 12
Dias
Fig.9.8
Esquema
do
desenvolvimento
da
doença
do
soro após
injeção
de soro
heterólogo.
As
manifestações
da doença
se iniciam
quando
começam
a
aparecer
os
imunocomplexos
(IC)
e
duram
aproximada¬
mente uma semnna.
a
Injeção
do
soro heterólogo
7/21/2019 Capítulo 9 - Noções de Imunopatologia (Robbins)
http://slidepdf.com/reader/full/capitulo-9-nocoes-de-imunopatologia-robbins 16/38
252 PATOLOGIA
características semelhantes
às descritas
para
o
fenómeno de
Arthus.
A
febre
se deve
à
liberação de
pirógenos
pelos
leucó¬
citos
que fagocitam
os
ICs:
a
artralgia
decorre de depósitos de
ICs na
sinóvia,
produzindo artrite e
liberação
de
II.- 1
e
TNFcx:
a
proteinuria
é
consequente
a depósitos de ICs nos
glomérulos
e
consecutiva
glomerulonefrite.
As
manifestações
desaparecem
porque,
com o
aumento
da
concentração plasmática dos anti¬
corpos. formam-se
ICs
mais
facilmente
fagocitáveis,
sendo a
proteína
heteróloga
rapidamente
retirada da circulação.
Imunocomplexos
circulantes solúveis
despositam-sc,
com
frequência, nos
glomérulos
(Fig.
9.9).
devido a
peculiaridades
dos
capilares
glomerulares:
são fenestrados
c permitem a
passagem
dos
ICs,
qu e
ficam
presos
entre
o
endotélio
e a
membrana
basal,
formando
depósitos granulares
facilmente identificados por
imunofluorescência
ou
imunoperoxidasc.
As
lesões
glomeru¬
lares
podem
corresponder
a uma
glomerulonefrite
clássica com
exsudato de
PMN
e
macrófagos.
com
ou
sem material fibri-
nóide.
ou podem
ser
representadas
po r
espessamento
irregular
da membrana basal,
que
líca
desarranjada pelos depósitos de ICs
no seu
interior
e
na sua
superfície.
Pouco
se
sabe sobre os meca¬
nismos
que
levam
ao
predomínio
de
lesões
tipicamente
inflama¬
tórias ou
de lesões
membranosas
com
proliferação epitelial.
Vasculites
em
vários setores do
organismo
são outra conse¬
quência comum de imunocomplexos
circulantes.
São muito
frequentes
nos pequenos
vasos
da
derme,
mas podem
aparecer
cm
qualquer
outro
órgão.
Embora a maioria
das vasculites cutâ¬
neas se
origine pela deposição
de
ICs.
não sc conhccc o
antígeno
(ou
antígenos)
desencadeante(s),
e
muito menos
se sabe a razão
da
preferênciapela localização
das lesõesna
microvasculatura
da
pele.
A
poliarterite
nodosa,
também
provocada por
ICs.
acom-
panha-sc
de
lesões inflamatórias e necrose llbrinóide da
parede
da s artérias
de pequeno
e médio
calibres,
típica
de lesão
po r
ICs.
embora
não
se tenha idéia do
agente
etiológico.
Admite
se
que
o
vírus
da
hepatite
B
seja
um
dos
desencadeantes
por meio do
antígeno
de superfície (AgHBs).
Fatorcs
genéticos
são
importantes
nas
doenças
po r
ICs indu¬
zidas
po r agentes
exógenos,
pois
nem
todos
os
indivíduos
expostos
apresentam
manifestações.
Em
geral,
as pessoas que
desenvolvem
doença
do soro ou
alveolite
alérgica
apresentam
certa
desregu-
laçào da
reação
imunitária manifestada
por
maior
tendência a
produzir
IgE aos antígenos
sensibilizantes e menor
capacidade
de
sintetizar
isotipos
de
anticorpos
Thl
(IFN7)
dependentes.
•
A
B
a
JHf.
*
ÿ
I
•
M
V
v
n
N
a
\1f6
,1
jBr
H
1
f
1
.
Fig.
9. 9
Depósito
de imunocomplexos
nos
glomérulos.
À
esquerda.
depósitos
granulares
de
imunocomplexos
na
parede
dos
capilares
e 110
mesângio.
vistos
pela
imunofluorescência;
ã
direita,
depósitos
granu¬
lares
de
imunocomplexosna
face
externa
da
membranabasal
de
capilar
glomerular,
vistos
à microscopia
eletrônica de
transmissão.
Em
doenças
infecciosas
e parasitárias com
antigenemia
circulante
persistente,
é
comum a formação de ICs com excesso
de
antígeno. portanto
solúveis e
capazes
de sc
depositar nos
tecidos.Não
é
raro.
por
exemplo,o aparecimento de
glomerulo¬
nefrite
na
esquistossomose
mansônica.
nos portadores
crónicos
do
vírus
da
hepatite
B
etc.
Nas
viroses com
viremia.
pode haver formação de ICs
grandes
na
circulação,
alivação
do
complemento
e
liberação
de anafilatoxinas
(C3a
e
C5a),
podendo se
instalar uma reação
anafilactóide decorrente da
liberação
de
histamina
(é
o
que se
denomina de
anafilaxia
por
agregados,
condição
que
se
suspeita
ocorrer cm certas formas de
dengue
hemorrágico).
Modelos
experimentais
de
doenças
por
imunocomplexos
A
doença
do soro 6 facilmente
induzida
no
coelho
pela
injeçâo
de
grandes
doses de proteína
heteróloga. Se
se
injeta
a
proteína
marcada com ' .
pode-se acompanhar
a cinética
de
seu
desaparecimento
do
soro
e correlacioná-la com o
apareci¬
mento
dos
anticorpos
e
ICs.
Verifica-se
que,
exatamente
quando
começa a formação de ICs com
excesso
de
antígeno.
iniciam-se
as manifestações
clínicas:
febre,
proteinúria. leucocitose e
artro-
patia.
que
desaparecem
entre cinco e
sete
dias.
Se os animais
são
descomplementados
com
CVF
(fator
do veneno de
cobra.
Cobra Venom
Factor),
não
aparecem
as
manifestações
clínicas;
se
o
animal
é previamente tratado com soro
anti-PMN.
que
induz
intensa
granulocitopenia,
as manifestações
clínicas são
parcial¬
mente abortadas
e
as
lesões
inflamatórias não
se
desenvolvem.
Essas
observações
demonstram
a
inquestionável participação
de
PMN
e complemento
na
patogênese
das
lesões
por
ICs.
DOENÇAS
CAUSADAS
PELA
RESPOSTA
IMUNITÁRIA
CELULAR
(HIPERSENSIBILIDADE
RETARDADA OU
REAÇÃO
DO
TIPO
IV )
A
resposta
imunitária celular
sempre se
faz
com
a
exsu-
dação
de
células nos
tecidos onde se localizao
antígeno
indutor.
Do
ponto
de vista morfológico,
portanto,
a
imunidade celular
se
expressa
como uma
reação
inflamatória com
características
diversas,
conforme discutido no
Cap.
7.
Por
essa
razão,
lesões
decorrentes da
imunidade celular
são comuns em doenças produ¬
zidas
por
vírus,
bactérias,
protozoários c alguns helmintos.
Nesses
casos,
na
maioria
das
vezes
não se
pode
falar
em
hiper¬
sensibilidade.
já que
a
resposta
imunitária
celular
é normal. Na
tuberculose,
por exemplo,
as lesões básicas da doença (granu¬
lomas,
com
ou
sem
necrose)
decorrem
da
imunidade
celular.
A
progressão
da
doença
não
significa
hipersensibilidade
stricto
sensu, mas refiete a incapacidade da
resposta
em eliminar
o
invasor.
É
curioso
que
o
hospedeiro reage
com uma
resposta
celular
incapaz
de eliminar o bacilo mas
suficiente
para
induzir
lesões
leciduais. De
modo
semelhante,
as
lesões na hepatite
B
refletem
a
resposta
imunitária
celular
ao
vírus:
se
eficiente,
as
lesões
são
seguidas da
eliminação
do
agente; caso contrário.
instai
a-se uma infecção crónica
(com
inúmeras
possibilidades
evolutivas),
significando não hipersensibilidade,
mas
imunidade
celular
deficiente
para
erradicar
o
vírus.
Emcenas
circunstâncias,
o
indivíduo
entra
em
contato
com
antígenos exógenos
inócuos e monta uma
resposta
celular
capaz
de
induzir
lesões
nos
locais onde
o
antígeno
penetra.
Nesses
casos,
é
válida
a
expressão
doença
po r
hipersensibilidade,
inclu-
7/21/2019 Capítulo 9 - Noções de Imunopatologia (Robbins)
http://slidepdf.com/reader/full/capitulo-9-nocoes-de-imunopatologia-robbins 17/38
NOÇÕES DE
IMUNOPATOLOGIÀ
253
sive porque,
frequentemente,
só
alguns
indivíduos se
sensibi¬
lizam.
Há.
portanto,
um
fator
genético
que torna o indivíduo
suscetível a
reconhecer
epitopos
no
antígeno
e a
montar uma
resposta
celular. Como
nas
alergias,
há fatores
circunstanciais.
ligados ao
antígeno
sensibilizante. que
podem
facilitar a sensi¬
bilização:
modo
de
apresentar
o
antígeno.
seu estado
físico
e
solventes
que o acompanham
podem
favorecer
sua
penetração
no
organismo,
induzindo
sensibilização,
mesmo
em
pessoas
gene¬
ticamente
não-predispostas.
Duas
condições são bem
conhe¬
cidas entre as doenças
por hipersensibilidade
retardada
induzida
por
antígenos
exógenos:
dermatite
de contato
e
enteropatia
por
glúten.
Na dermatite de
contato,
o
indivíduo se
sensibiliza com
haptenos
que se
ligam
a
proteínas
da
pele
e são
capturados
por
células
dendríticas
(células
de Langcrhans),
as
quais
se
deslocam
aos
linibnodos
regionais,
onde
apresentam
o
hapleno-peplídeo
a células
T
CD4+ e
T
CD8+.
As células
de
Langerhans podem
apresentar
o
hapteno-peptídeo juntamente corn
MHC
ou
MHC
II.
razão
pela
qual
ativam tanto células CD4+ como
CD8-K
Linfócitos
sensibilizados
migram
para
o
local
de
contato com
o
agente
sensibilizante
porque
aí
foram
liberados,
pelas
células
residentes irritadas
pelo
agente
sensibilizante.
IL-1,
TNFa
e
quimiocinas responsáveis
pela
expressão
de moléculas de
adesão
nas
células endoteliais
c
pelo quimiotatismo dos
linfócitos
T
sensibilizados. Desse
modo.
os
linfócitos
CD4+
(células
T
infla¬
matórias)
ativados.
expressando
moléculas
de adesão
(integrinas),
chegam ao
local,
saem
dos
vasos,
acumulam-se
nos
espaços
peri-
vascu lares
e
produzem
linfocinas
(IL-2
e
IFN-y)
que
atraem e
ativam
macrófagos e
outros
linfócitos.
estabelecendo-se
uma
reação
inflamatória
perivascular
da
derme
superficial; produtos
liberados
pelos
macrófagos
(radicais
livres
de
O,,
enzimas
e
possivelmente
óxido
nítrico)
contribuem
para
o
aparecimento
dc
lesões
degenerativas
nas células
epidérmicas.
Células
T
CD8+
ativadas
pelas
T
CD4
+
infiltram-se
no
epitélio
e
reconhecem
o
agente
sensibilizante
apresentado nos
ceratinócitos
junto
à
MHC
1,
matando
as
células epiteliais.
O
aumento
da
permeabilidade
vascular
induzido
pela
reação
inflamatória
e o efeito citotóxico
das
células
T
CD8+ são
responsáveis
pelo
edema
local e
pela
formação
de
pequenas
bolhas
inlra-epi
dérmicas ou
dermoepi-
dérmicas
muito
características
da
dermatite
de
contato. A
rege¬
neração do
epitélio
leva a
hiperplasia
do
mesmo,
provavelmente
pela
abundância
dc fatores
dc crescimento
liberados
pelos
linfó¬
citos acumulados na derme.
A
participação
de
células
citotóxicas
na dermatite de contato
é
explicada porque
OS
agentes
sensibili-
zantes,
com
frequência,
são moléculas
lipossolúveis
que
pene¬
tram 110
citoplasma
e
modificam proteínas
do
citosol.
onde são
processadas;
os peptídeos
resultantes associam-se
à MHC
são
expostos
na
superfície
das
células,
tornando-as
alvos
das
cclulas
T
CD8+
sensibilizadas,
ativadas
pelo
IFN7
c
IL-2
produzidos
pelas
células
T
CD4+.
Substâncias
muito
diversas
podem
se
comportar
como
agentes
sensibilizantes
capazes de produzir dermatite
de contato:
dinitroclorobenzcno.
pcnia
c
decacatecol
(nas folhas da
hera.
um
tipo de
planta
trepadeira),
compostos
usados cm produtos de
limpeza,
metais
como
níquel
e
cromo,
todos
capazes
dc formar
complexos
estáveis com
proteínas das células.
Na enteropatia por
glúten,
o
agente
sensibilizante é
a
glia-
dina contida
em alimentos ricos
em
glúten (trigo,
aveia,
centeio
e
cevada).
A lesão se caracteriza
por
infiltrado
dc
linfócitos
e
macrófagos
na lâmina
própna
da mucosa
do intestino
delgado.
aumento
do número
de
linfócitos intra-epiteliais
e
hipotrofia
acentuada
das
vilosidades.
Consequentemente,
os
pacientes
apre¬
sentam má
absorção
intestinal,
diarréia
c
desnutrição.
A retirada
desses alimentos da
dieta,
removendo
portanto
o
agente sensi¬
bilizante,
acompanha-sc
do
desaparecimento dessas
lesões
e de
nítida melhora clínica
dos
pacientes.
Picada de
insetos
pode provocar
lesões
por
hipersensibi¬
lidade
retardada,
embora a
reação
seja
provavelmente
mista:
(1)
reação
imediata devido
à ação de mediadores liberados
por
ação
direta
do
veneno e
por
ação
dc
IgE
contra
componentes
do
veneno
(saliva)
do
inseto,
que
leva à
liberação de
histamina:
(2)
reação
tardia,
com
edema, exsudato de linfócitos, macrófagos e
basófilos.
Da
reação
tardia
participam
linfócitos
T
CD4+ sensi¬
bilizadoscom
proteínas
do
veneno,
os
quais produzem
citocinas
quimiotáticas
e ativadoras de
basófilos. As
vezes,
os
basófilos
representam
50%
do
exsudato. constituindo o
que
se chama de
hipersensibilidade
a basófilos ou
reação
de
Jones-Motte.
DOENÇAS AUTO-IMUNES
Doenças
auto-imunes
ou
doenças
por auto-agressão
surgem
quando
a
resposta
imunitária
é
efetuada contra alvos existentes no
próprio indivíduo,
persistindo
por
tempo
indeterminado. Como
o
sistema imunitário tem capacidade de
reagir
com
todos
os
possíveis
epitopos,
inclusive
os
existentes no
próprio
corpo,
não
é
surpresaque
possa responder
também a
constituintes
próprios
do
organismo.
Auto-imunidade
como
causa
dc
doença
não
é frequente.
uma
vez
que
existem
mecanismos que
mantêm
um estado de
tolerância
aos
epitopos
próprios
do
organismo (Fig.
9. 10). Essa
tolerância natural
existe porque:
(1 )
no
limo,durante a
matu¬
ração
dos
linfócitos
T.
ocorre
deleçao
do s clones
que possuem
receptores
para
epitopos
do
próprio organismo
e que são
apre¬
sentados
juntamente
com as
MHC
I
e
II
pelas
células
dendríticas
e
macrófagos
tímicos;
nesse
processo,
são
apresentados
os antí¬
genos
ubiqúitários
existentes
nos
diferentes tecidos:
(2)
linfó¬
citos
T
capazes
de reconhecer
epitopos
específicos
dos tecidos
não-ubiquitários (portanto,
que
não
foram apresentados no timo)
são
anergizados na
periferia,
pois esses antígenos são
apresen¬
tados
pelas
células
apresentadoras
sem indução
de
sinais
co-
estiinuladores.o que leva
à
anergia:
(3) muitos
auto-antígenos
existem cm
quantidade
insuficiente
para
serem apresentados aos
linfócitos
T,
ou
estão deles separados por
barreiras
naturais,
o
que
leva a um estado de ignorância
imunitária
(os
linfócitos
T
possuem
o
receptor
mas
ignoram
o
epitopo.
porque
ele
é
apre¬
sentado em
densidade
insuficiente
para
o
reconhecimento):
(4)
mesmo
que
os
auto-antígenos possam
desencadear uma
resposta
auto-imunitária.
esta se acompanha de mecanismos reguladores
muito
eficientes,
executados
po r
células
que exercem supressão
da
resposta
induzida.
Essa
imunossupressão
é
muito
impor¬
tante no controle das
respostas
auto-imunitárias que
ocorrem
com certa frequência:
todas as
vezes em que
há
lesão
tecidual.
antígenos
próprios
do
organismo
são
liberados
c
desencadeiam
uma
resposta
auto-imunitária.
a
qual facilita
a
remoção
dos
tecidos
lesados
e.
portanto,
a
regeneração
ou a reparação
da
lesão.
Todavia,
essa
resposta
é
transitória devido
à
atuação
de meca¬
nismos
supressores
eficientes. Dentre
estes,
participam
células
T
CD4+
CD25
+
.
que.
estimuladas, diferenciam-se
em
células
supressoras.
Por
tudo
isso,
fica
claro
que
existe 11a
circulação
grande número de células
T
com
receptores
para
epitopos
espe¬
cíficos dos
tecidos
(células T auto-reatoras),
mas que
não atuam
porque
mantêm-se
anérgicas,
ignoram
os
auto-epitopos
ou ficam
sob
controle
supressor
eficiente.
7/21/2019 Capítulo 9 - Noções de Imunopatologia (Robbins)
http://slidepdf.com/reader/full/capitulo-9-nocoes-de-imunopatologia-robbins 18/38
254 PATOLOGIA
Auto-onrigenos
CHEGAM
AO TIMO
Deleção
de clones
Anergia
ou
deleção
de clones auto-reatores
Célula
apresentadora
sem
moléculas
co-esfmiíacoras
l
NÃO CHEGAM
AO TIMO
Permanecem
sequestrados
\
Permanecem
crípticos
.
Clones auto-reatores
ignoram
auto-antígeno
Epitopos
não
são
apresentedos
Tecido
expressa
_
A
Deleção
de
clones
molécula
que
induz
apoptose
auto-reatores ativados
Célula
apresentadora
CéMa
apresentadora
normal
Ausência
do
efeito
auxiliar
Célula
supressora
i
Falta
de
produção
de
auto-anticorpos
timo-dependentes
Supressão
de
clones
auto-reatores
Fig.9.10 Mecanismos básicos de
tolerância a auto-antígenos. Os auto-antígenos
que chegam
ao timo induzem
deleção
dos clones
auto-rcatorcs,
os
quais
não
aparecem
na
circulação.
Para os
que
não
chegam
ao
timo.
surgem
clones auto-reatores
que
caem na
circulação
e
se
localizam
nos
órgãos
linfáticos
periféricos.
A
tolerância
desses
clones
aos
auto-antígenos
é explicada porque os
clones auto-reatores:
(a)
ignoram
os auto-antí¬
genos;
(b)
reconhecem os
auto-antígenos,
são sensibilizados
mas os
clones efetuadores
são deletados
nos
tecidos
por
indução
de
apoptosc
iniciada
por
molécula
produzida
nesse
tecido;
(c)
reconhecem os
auto-antígenos
po r
meio de células
apresentadoras
sem moléculas
co-cstimuladoras.
o
que
leva
à deleção por
apoptose
ou à
diferenciação
de
clones
anérgicos,
que
não
têm
efeito auxiliar;
(d)
reconhecem
os auto-antígenos por
meio
de células
apresentadoras
normais,mas
em
condições que
induzem o desenvolvimento do
fenótipo supressor,
com
geração
de citocinas (p.
ex.,
1L-10
e
TGFp)
que
impedem
o desenvolvimento de clones
efetuadores
da imunidade celular.
Anergiac
ignorância
imunitária
relaeionam-se
com
a
quanti¬
dade
de
auto-antígenos
que podem
ser
apresentados
aos linfócitos.
O
organismo
sintetiza
cerca
de
3-4
X
IO4
proteínas
diferentes,
que
podem
gerar cm torno
dc 3
X
IO 7
peptídeos
distintos.
E
um
número
grande
de
moléculas,
muito
maior do
que
o
número
de
MHC
expressas
em
umacélula
(em
torno
de
105),
tornando difícil
a apresentação de todos
esses
peptídeos
(são
necessárias de 10
a 100 moléculas
MHC associadas
ao mesmo
peptídeo para
ser
feita
a
apresentação).
Entre
os milhões de autopeptídeos que o
organismo produz,
apenas
cerca de
10.000 podem ser
apresen¬
tados aos
linfócitos.
Destes,
alguns
são
apresentados
em
número
suficiente para
induzir
tolerância, outros encontram-se em
quan¬
tidade
muito
pequena
e são ignorados, e
alguns
poucos
podem
induzir
auto-imunidade,
atuando
como
auto-antígenos
verda¬
deiros.
Por
essas razões,
o
número
de
auto-antígenos
capazes
de
gerar
auto-agressão
é
pequeno,
o
que
de
fato
é
comprovado
no
estudo das
doenças
por
auto-agressão:
na mesma
doença,
em
diferentes
indivíduos,
os antígenos-alvo
da auto-agressão
sao
geralmente
os
mesmos. Sc
os
diferentes
antígenos
de
um
órgão
pudessem
desencadear
auto-agressão,
indivíduos dife¬
rentes com a mesma
doença
auto-imunitária teriam
diferenças
nos
antígenos-alvo.
Respostas
auto-imunitárias
são
frequentes,
porém
transitó¬
rias
e
reguladas.
A
produção
de auto-anticorpos
é
um
fenómeno
natural:
na
população
em
geral,
a
presença
dc
auto-anticorpos
lgM
a
diferentes
auto-antígenos
ocorre
desde
o nascimento e
aumenta com a idade. Esses
auto-anticorpos
são
produzidos
po r
células
B
CD5
+
,
possivelmente
estimuladas
por
interações
entre OS
idiotipos da linhagemgerminativa
c
que
aumentam após
o
desenvolvimento
da
microbiota
e
o
contato
com
múltiplos
7/21/2019 Capítulo 9 - Noções de Imunopatologia (Robbins)
http://slidepdf.com/reader/full/capitulo-9-nocoes-de-imunopatologia-robbins 19/38
NOÇÕES
DE
IMUNOPATOLOGIA
255
epitopos
externos,
mediante
rcações
cruzadas
ou novas
intera-
ções
idiotípicas.
Estes são os chamados
auto-anticorpos
natu¬
rais.
de baixa
afinidade,
que
poderiam
atuar
como
mascaradores
de
auto-antígenos,
impedindo
o seu
reconhecimento,
ou
como
fatores de
regulação
idiotípica
de clones auto-reatores.
Quando
ocorre
lesão
tecidual.
auto-antígenos
são
liberados,
processados
pelas
células
apresentadoras c apresentados em
quantidade
adequada
e
com
sinais
co-estimuladores
para
ativar
ascélulas
T,
desencadeando-se
a geração
de
células
B
produtoras
de
anticorpos
de maior afinidade e
de
células
T
efetoras
infla¬
matórias
e
citotóxicas.
É o
que se
observa
em
um
paciente que
sofre
cardiotomia
(durante
a
qual
miocardiócitos
são mecanica¬
mente
mortos)
ou
após um pequeno
infartodo
miocárdio,
quando
surgem
anticorpos IgG
antimiocárdio e células
T
reatoras; no
entanto,
essa
resposta
é
transitória,
desaparecendo
pela
ação
supressora
natural.
ETIOPATOGÊNESE
DAS DOENÇAS
AUTO-
IMUNES
As
doenças
auto-imunes
têm
etiopatogênese
complexa
e
multifatorial.
Teoricamente,
pode-se
admitir
que
a auto-imuni-
dade
decorre da quebra da
tolerância
natural,
po r
falha na deleção
clonal, nu inativação clonal ou nos
mecanismos
de imunossu-
pressão,
ou,
ainda,
por
alteração
em
auto-antígenos
que,
modifi¬
cados,
passam
a
expor
epitopos crípticos, antes
ignorados
pelos
linfócitos.
No
entanto,
falha primária desses mecanismos é
pouco
provável por causa
da
alta
eficiência
do
sistema.
O
que se admite
é
que
as
doenças auto-imunes,
com
auto-agressão
persistente,
decorrem de
fatores
múltiplos
que
interferem
desde a
maturação
dos
linfócitos
até os mecanismos
imunorreguladores
responsá¬
veis
pela tolerância.
Entre
os últimos, fatores
genéticos
e ambien¬
tais
têm
papel
muito
importante.
Sítios
e
tecidos
privilegiados
A
auto-agressão
poderia
ser
explicada,
de
um
lado.
pela
existência de
antígenos que
permanecem
fora
de contato
com
o
sistema
imunitário,
nos
chamados sítios privilegiados
imunolo¬
gicamente.
Antígenos
localizados
em compartimentos
isolados
do
sistema imunitário não induziriam tolerância
natural
e.
ao
entrarem
em contato com
esse
sistema,
por razões
variadas,
desencadeariam
uma
resposta
como
a um antígeno
externo.
Esses
sítios incluem
olho,
cérebro,
útero
grávido,
testículo
c
ovário;
são
locais
aparentemente
sem
drenagem
linfática
e
onde
existem
barreiras
tecido/sangue
de modo
que
as moléculas neles exis¬
tentes
permaneceriam sequestradas
e
não
entrariam
em
contato
com o
sistema
imunitário.Essa
idéia (proposta por Medawar
na
década de
1
940),no
entanto,
não
é
válida
porque
se
demonstrou
que
existe uma
pequena
drenagem
linfática
no olho
(via
úvea-
escleral)
e
que
linfáticos
eferentes existem no encéfalo c são
abundantes no testículo.
Demonstrou-se.
também,
que
antígenos
desses sítios
podem
ser
detectados
na
circulação,
portanto
em
contato com
o sistema
imunitário
(quantidades
mínimasde antí¬
genos
de
espermatozóides,
de
proteínas
do
cristalino e de
tireo-
globulina
podem
ser encontradas na
circulação).
É
até possível
que
a
quantidade
deles
não
seja suficiente
para
induzir
anergia,
permanecendo
como
antígenos
ignorados
ou indutores dc forte
resposta
supressora.
Ao
lado
do s
sítios
privilegiados,
existem
tecidos
chamados
privilegiados,
que
não são rejeitados
quando
transplantados para
receptores
aíogênicos;
córnea,
cristalino.
cartilagem,
testículo,
ovário,
placenta
e
tecidos
fetais.
Estudos
recentes
demonstram
que
sítios
c tecidos privilegiados são
capazes
também de
induzir
imunossupressão.
Os
mecanismos
do
privilégio
imunológico
(de
não
rejeitar
ou
de
ser
indefini¬
damente
aceito)
podem
estar
relacionados,
portanto,
à
indução de
deleção,
de
anergia
ou
de
supressão ativa
da
resposta,
ou
ainda
a um
desvio
da
resposta
T inflamatória
para uma
resposta
Th2.
incapaz de
lesar
tecidos.
A
expressão de
moléculas FasL
no
tecido
privilegiado pode
impedir
uma
resposta
T
inflamatória
local.
Testículo
de camun¬
dongos
C57BL/6
transplantado sob a cápsula
do
rim
de
camun¬
dongos
BALB/c
sobrevive indefinidamente sem
rejeição.
No
entanto,
testículos
de
camundongo
C57BL/6
com a
mutação
gUJ
no gene
para a molécula
FasL.
que
impede
sua
expressão,
sã o
rejeitados
normalmente.
A
presença
de FasL no testículo faz com
que
células
T
CD4+,
ao
chegarem
ao
enxerto
e serem
ativadas,
expressem
Fas na membrana e entrem em
apoptose
pela
inte-
ração
Fas/FasL.
A
não-rejeição
nesse
caso sc
dá
por
deleção
dc
clones
auto-reatores já sensibilizados que
chegam
ao
enxerto.
Recentemente,
demonstrou-se expressão de FasL no
epitelio
da
córnea,
na íris
e
no
corpo
ciliar.
Imunossupressão
ativa se desenvolve após inoculação dc
antígenos
cm
sítios
privilegiados,
com
geração
de
células
T
supressoras, especialmente
CD8
+
.
que bloqueiam
a
resposta
T
inflamatória.
Camundongos
inoculados com albumina
de
ovo
na câmara anterior do olho não montam
resposta
T inflamatória
nem
produzemanticorpos
fixadores
de complemento, mas
sinte¬
tizam
anticorpos
dirigidos
a
outros
antígenos.
Nesse
caso. os
órgãos linfáticos
contêm precursores de
células
T
CD4T
sensi¬
bilizados e
grande
quantidade
de células T
CD8+
com forte
atividade
supressora
(produtoras
de
TGFp),
quando
estimuladas
com ovalbumina.
Os sítios
privilegiados possuem
substâncias
que modulam
a
resposta
imunitária. O humor
aquoso
contém TGFp.
a-MSH
(hormónio
estimulador
do
melanócito)
e
VIP
(peptídeo
intestinal
vasoativo).
TGFp e
VIP são
inibidores
de
células
T
inflamatórias.
e
a
u-MSH
é
capaz
de
desviar
o
programa
das
células
T
inflama¬
tórias
(Th
1) .
que
deixam
de
produzir IFN-y
e
passam
a sintetizar
IL-4
e
IL-
10,
modificando
o
padrão
de
Thl
para
Th2.
Alguns
tecidos
com
privilégio
imunitário
são
capazes
de
alterar o
fenótipo
de
células
potencialmente
histotóxicas. Durante
a
gravidez,
fêmeas
de
camundongos
C57B1/6 gestando filhotes
transgênicos
para o
TCR
para o aloantígeno Kb
possuem
células
T comTCR
para
Kb
duplo-negativas.
ou
seja.
CD8
e
CD4
nega¬
tivas. Nesse período,
as
lêmeas
não
rejeitam
enxerto
de células
que expressam
Kb,
mas voltam a
rejeitar
essas células
logo após
o
parto,
quando
células
T com
TCR
para
Kb,
CD8
+
reaparecem
na circulação.
Antígenos
fetais,
portanto,
induzem
uma
modi¬
ficação
fenotípica
transitória
nas células Tc
maternas,
criando
uma
tolerância
temporária.
Embora
o privilégio
imunológico
não
seja
uma
razão
hoje
importante para
explicar
a
auto-agressão.
seu estudo tem
mostrado pistas interessantes
para
melhor entendimento
dos
mecanismos dc indução
dc
tolerância
periférica,
o que
poderá
orientar
intervenções
que
venham
a aumentar
a
aceitação
de
transplantes
aíogênicos
em humanos.
Mimetismo molecular
Um
antígeno
estranho contendo
epitopos
semelhantes
a
moléculasdos
tecidos
pode
desencadear
resposta
auto-
imunitária
cruzada,
como acontece
na
doença
reumática.
Dc
fato,
muitos
microrganismos possuem
epitopos semelhantes
a
moléculas
do
hospedeiro;
anticorpos
contra
eles
podem
reagir
com alvos
existentes no organismo
invadido,
fenómeno
esse
que
ocorre
7/21/2019 Capítulo 9 - Noções de Imunopatologia (Robbins)
http://slidepdf.com/reader/full/capitulo-9-nocoes-de-imunopatologia-robbins 20/38
256
PATOLOGIA
cm
muitas infecções,
embora
nesses
casos a auto-
agressão
seja
em
geral
passageira
e
desapareça
com
a
eliminação
do
agente
infeccioso.
Uma
forma
de mimetismo
molecular que parece
importante
é a
semelhança
de epitopos de
microrganismos
com
sequências
existentes nas
MHC
do hospedeiro.
Essa
semelhança
molecular
poderia
desencadear uma
resposta
aos
epitopos
das
MHC.
provo¬
cando
uma
resposta
auto-
imune.
Fatores
genéticos
Fatores
genéticos
são
muito
importantes
no desencadea¬
mento
de
doenças
auto-imunes.
A
agregação
familiar
de
casos
da
mesma
doença,
maior
frequência
de
auto-anticorpos
em
fami¬
liares dos pacientes com doença auto-imune e concordância
de
aparecimento
da
mesma
doença
em
gémeos
univitelinos
(até
50%)
são dados
que
reforçam
a
participação de
um
fator
here¬
ditário
na auto-imunidade. O marcador
genético
mais
impor¬
tante
de
auto-imunidade
em
humanosé
a
vinculação
de
muitas
doenças auto-imunes com a
presença
de
alguns
haplotipos
de
HLA
(ver
Quadro
9.2).
Doenças
auto-imunes
são encontradas
em certos
animais.
nos
quais,
tanto nasespontâneas
como
nas
induzidas,
o
compo¬
nente
genético
é
muito
evidente. Anemia hemolítica auto-imune
ocorre
em
camundongos
NZB
(camundongos negros
da
Nova
Zelândia);
o híbrido NZBxNZW
(cruzamento
do camundongo
negro
com
a variante
branca)
desenvolve
auto-anticorpos
anti-
nucleoprotefnas
e
apresenta
doença progressiva
semelhante ao
lúpus eritemaioso humano, doença
que aparece também em
camundongos
BXSB
e
LPR.
Pintos obesos
apresentam
tireoidite
auto-imune
espontânea,
e camundongos
NOD
(de
Non
Obese
Diabetic)
desenvolvem
diabete
insulino-dependente.
Portanto.
doenças
auto-imunes
espont âneas
aparecem
em l inhagens
espe¬
cíficas de
animais que transmitem
a
seus
descendentes a
predis¬
posição
à
auto-imunidade.
A suscetibilidade de animais
de laboratório
a doenças
auto-
iinunes induzidas
experimentalmente depende
da
linhagem
do
animal
utilizado.
Doenças auto-imunes
órgão-especfficas
podem
ser induzidas
pela
injeção de
auto-antígenos
(ou
isoantígenos)
associados a um
adjuvante
(geralmente o adjuvante de
Freund).
Dentro de uma mesma
espécie,
existem
linhagens
suscetíveis e
linhagens
resistentes à
auto-agressão.
Assim,
encefalite
alérgica
experimental é
induzida
cm
ratos
Lewis,
altamente
suscetíveis;
miocardite auto-imune por
injeção de
miosina
em
adjuvante
só
se desenvolve
cm
determinadas
linhagens
de
camundongos
e
ratos
(raios
Lewis
e camundongos
A/J).
O
estudo das
doenças
auto-imunes
espontâneas
de animais
de
laboratório
mostra
que
a herança é
poligênica. Em
pintos
obesos,
por exemplo,
há
participação
de
genes
MHC.
dc
genes
qu e regulam
a
reatividade
de
linfócitos
T
e
de
genes
que
controlam
a capacidade de
captar
iodo
(muito
grande
nos
pintos
obesos,
mas
jâ
presente
na
linhagem
de
pintos não-propensa
à
tireoidite.
da
qual
se
originam).
Fatores
ambientais
Além
dos fatores
genéticos,
componentes
do ambiente são
também muito
importantes.
De
fato.
concordância
de
doença
auto-imune
cm
gémeos
univitelinos está no máximo
em
60%.
Isso se explica porque,
embora
tenham
os mesmos genes
para
comandar
a
diferenciação
das
células
B
e
T,
rcarranjos
gênicos
para
formação
da
diversidade
dos
receptores
para
epitopos
se
fazem
ao
acaso
e podem
gerar
repertórios
diferentes
cm dois indi¬
víduos
geneticamente
iguais
(o
que pode
levar ao
aparecimento
de
idiotipos
e
antiidiotipos
diferentes,
formando redes
regula¬
doras diversas
que
respondem
de modo
diferente aos fatores
ambientais).
Mesmo
em
linhagens
suscetíveis
a
auto-agressão
espontânea,
doença
não
aparece
cm
todos
os
animais.
A
preva¬
lência de diabete na
idade
de
20
semanas, cm
diferentes
coló¬
nias
de
camundongos
NOD,
em
diferentes
partes
do
mundo,
é
muito
variada,
oscilando
de
4%
a
95%,
tanto em
machos
como
em
fêmeas.
Alguns
fatores
ambientais
podem
interferir
na auto-imuni¬
dade:
luz solar
desencadeia
lúpus
eritematoso
sistémico
em
indi¬
víduos
predispostos;
solventes
orgânicos podem
lesarmembranas
basais e induzir
síndrome
de
Goodpasture
em
indivíduos
DR2+
que
trabalham em
lavanderias
de
lavagem a
seco
etc.
Experi¬
mentalmente.
pode-se
induzir
auto-anticorpos antinucleopro-
teínas
em ratos
Brown
Norway
pela injeção
de
pequenas
doses
de cloreto dc mercúrio.
Os
fatores
ambientais
mais
ligados
ao
desencadeamento
de
auto-imunidade são
agentes
infecciosos.De vírus a
metazoários,
vários parasitas,
comensais ou
simbiontes,
podem
desencadear
auto-agressão
por
possuírem
antígenos
com
epitopos semelhantes
a
moléculasdo
hospedeiro
ou por conterem produtos com efeito
adjuvante,
o
qual
desregula
a tolerância natural aos auto-antí-
genos (Fig.
9.
1
1).
Rcação
cruzada
dc
anticorpos
anti
microbianos
com
componentes
teciduais
é
freqúente
em
muitas
infecções,
embora
produza
lesões
auto-imunitárias
limitadas
que
desapa¬
recem
com a
resoluçãodo
processo infeccioso.
Em
pessoas
gene¬
ticamente
suscetíveis,
no
entanto,
pode
causar
auto-agressão
persistente. Exemplo
dessa
situação
6 a
resposta
à
infecção
por
estreptococos
P-hemolíticos
que induz a
formação
de
anticorpos
que reagem
com
componentes
do tecido
conjuntivo
no
coração.
provocando
a
doença
reumática.
Epitopos de
parasitas semelhantes
a moléculas do hospe¬
deiro
são
importantes
no
desencadeamento de
auto-imunidade
porquepodem estimular clones
auto-reatores.
principalmente
d c
células
T.
queexistem
naturalmente
mas
que
ficam
anérgicos
ou
ignoram os auto-antígenos.
Epitopos
do
parasita semelhantes
a
moléculas do hospedeiro poderiam ainda se r processados
e
apre¬
sentados
junto
às MHCnas células hospedeiras, servindode
alvo
para
os
linfócitos
auto-reatorcs.
agora
ativados.
Outromecanismo
possível
seria
a
estimulação
de clones de
linfócitos
por epitopos
do
parasita,
cujos
receptores
reconhece¬
riam esses
epitopos
na forma
de
idiotipos existentes cm clones
auto-reatores.
ativando-os
(os
epitopos
perturbariam
a
rede
idio-
tipo-antiidiotipo.
levando
à
auto-agressão).
Da mesma
forma,
anticorpos
antimicrorganismos
invasores
podem
ter
idiotipos
que
estimulariam células
auto-reatoras.
O
microrganismo
pode ainda
ter
efeito
adjuvante,
estimu¬
lando
macrófagos
e outras células na
produção
de
citocinas
que
regulam
clones auto-reatores no
sentido da
auto-agressão.
Cito¬
cinas
induzidas
por
microrganismos (p.
ex.,
TFN-y)
podem levar
as
células a expressar MHC
II,
facilitando
a exposição
dc auto-
antígenos
aos
linfócitos
T.
É o
que
se
admite
ocorrer
em
infec¬
ções
virais
que
provocam
lesão tecidual e
induzem
a expressão
de
auto-antígenos
associados
às MHC
I
e
II.
desencadeando
auto-agressão
persistente.
Ativação
policlonal
de
linfócitos
pode
ser
induzida por
produtos
de
microrganismos,podendo
haver
ativação
de
clones
auto-reatores T
e
B.
Nesse
processo,
os
superantígenos
teriam
papel
especial
porque
podem
ativar
clones
dc
células
T
que
usam
determinado
gene
V|3;
células
auto-reatoras
encontradas
em
alguns
modelos
de doenças auto-imunes
experimentais
utilizam
7/21/2019 Capítulo 9 - Noções de Imunopatologia (Robbins)
http://slidepdf.com/reader/full/capitulo-9-nocoes-de-imunopatologia-robbins 21/38
NOÇÕES
DE IMUN
OPATOLOG
IA 257
Ag
semelhante ao
do
hospedeiro
Super-
antigeno
Ag
se
associa
ao
Ag
do
hospedeiro
persistente
(reiroviíus)
Induz
expressão
de
MHC
II em
células
náo-lmunltárlas
apresentação
a
Th
Reaçáo
cruzada
Roação com
HS P do
hospedeiro
Agressão
às
células
com
o
Ag
persistente
AUTO-AGRlrSSAO
Ac
anllldlotipo
com
Idiofpo
semelhante a
um
auto-epítopo
CAA
processa
o
complexo e
apresenta
auto-epitopos
Ac
antikiiotipo
que
reconhece
Idloflpo
em receptor de
clone auto-reator
Estimula
elo
auto-reatoros
g
Fig.9.11 Possíveis
mecanismos
de
auto-agressão a
partir
de
infecção
por
microrganismode
qualquer
natureza. HSP =
heat
shok
protein;
CAA
=
célula
apresentadora
de antígenos;Ag = antígeno; Ac = anticorpo.
particularmente
alguns
genes
Vÿ. os
mesmos
que
favorecem a
ativação
do
receptor
pelos superantígenos.
Mecanismos
básicos
de auto-imunidade
O
desencadeamento
de auto-imunidade se deve à
quebra
da tolerância natural,
que pode ser iniciada
pelo lado
do
estí¬
mulo
antigênico
(alterações
dc auto-antígenos, endógenas
ou
exógenas)
ou
pelo
lado
da
regulação
da
resposta
(modificações
nos
mecanismos de
apresentação, de
produção
de
citocinas
ou
de regulação
dos
linfócitos).
A possibilidade de um
auto-antígeno
se r primariamente
alterado,
daí advindo a
estimulação
de células
auxiliares
que
ativariam
os
clones
auto-rcatores,
é pouco
provável: em
pintos
obesos,
tireoidectomia
ao nascimento
não
impede
a
formação de
auto-anticorpos
antitircoglobulina
após
injeção
dc
tireoglobulina
homóloga
normal.Portanto, a
indução
dos
auto-anticorpos
parece
não ter
relação
com a síntese de uma
tireoglobulina anormal
nesses
animais.
No entanto,
pintos
obesos
captam
mais iodo na
tireóide,
e a
redução
de fornecimento desse elemento na
dieta
retarda o
aparecimento e reduz
a
intensidade
da
tireoiditc.
É
possível,
portanto,
que
modificações
muito
discretas possam
existir na
proteína,especialmente
quanto
ao
grau
de
glicosilação,
tornando-a
mais
suscelível
de
gerar
fragmentos
com
epitopos
passíveis
de
ser
apresentados
às células
T
auxiliares.
A hipótese
dc
que
modificações
nos
auto-antígenos por
agentes
externos ou
associados
a outros antígenos
(p.
ex..
de
microrganismos)
possam
favorecer a
apresentação
deles às
células auxiliares tem sido admitida em vários
estudos.
De
fato,
se um
auto-antígeno
A
se
associa a
um
antígeno
externo
E.
o
complexo AE
pode
ser endocitado
por
células
apresentadoras,
e,
após o
processamento,
os
peptídeos
podem
ser expostos
junto
com MHC
II
(ou
I)
cm
quantidade
suficiente
para
seu reconhe¬
cimento,
surgindo
assim o
efeito
auxiliar
para
os
epitopos
de
A,
antes
impossível por
ignorância
ou anergia.
No
caso.
o
antígeno
E
induziria
a célula apresentadora a produzir moléculasco-esti-
muladoras
(B7-1
e
2),
indispensáveis
para
ativação
das
células
auto-reatoras.
Modificações
de
auto-antígenos
e
formação de auto-anti¬
corpos
são
frequentes
nas
auto-agressões
induzidas
por drogas.
A
a-metildopa induz anemia hemolítica
aosc
associar com
compo¬
nentes
da
membrana
do critrócito,o
que
favorece
a
apresentação
do
antígeno
Rh a células
auxiliares
e
induz a síntese
de fllltO-
anticorpos anti-Rh. Mecanismo
semelhante
estaria
relacionado
à indução de
anticorpos antinucleares e outros
sinais
de
lúpus
eritematoso
em
pessoas
tratadas com
procainamida.
Em
algumas
delas,
a
produção
de
auto-anticorpos
persiste
mesmo após a reti¬
rada da
droga.
Da mesma
forma
que
uma
droga
pode
alterar
um auto-antí¬
geno
e
favorecer
sua
apresentação,
um
antígeno
virai,
inserido
na membrana de
uma
célula, pode
também
facilitar
essa
apresen¬
tação:
as células
apresentadoras
podem
endocitar
o
antígeno
virai
juntamente
com
o
auto-antígeno.
fazendo
com que
os
peptídeos
do
auto-antígeno
sejam
apresentados
em densidade e com
molé¬
culas
co-estimuladoras adequadas.
Que
esse mecanismo
quebra
a
tolerância parece
indiscutível: infecçãode um tumor experimental
(não-rejeitado) com vírus da
influenza
desencadeia
resposta
anti-
células
tumorais,
de modo
que
o animal torna-se
capaz
de matar
também as células
tumorais não
parasitadaspelo
vírus.
Outra
possibilidade
de
ativação
de clones auto-rcatores
induzida
po r
antígenos exógenos seria
a
presença de
epitopos
parecidos aos de
auto-antígenos.
Quando
epitopos
semelhantes
expostos
nas
células
apresentadoras
estão em
grande
quantidade
e sc
há
expressão
de moléculas co-estimuladoras, o
epitopo do
auto-antígeno.
até agora
ignorado
(baixa
densidade)
ou indutor de
anergia
(sem
induzir moléculas
co-estimuladoras),
transforma-se
em epitopo estimulador
das
células
T
auxiliares, desencadeando
a ativação do clone auto-reator.Esse
mecanismo
explicaria,
por
exemplo,
anticorpos anticoração
c antincurônio
na
doença
reumá¬
tica.
os
quais
se
ligam
a
extratos
de
estreptococos
(3-hemolíticos.
demonstrando
que
a bactéria
possuiepitopos
capazes
de
originar
reação
cruzada com
auto-antígenos
do
coração
e neurónios.
Mais
complexas
são as
alterações
da
regulação
idiotípica
induzida
por
antígenos
exógenos que
ativam
clones
auto-reatores.
Um
antígeno
de um
microrganismo pode
induzir
anticorpos
que
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258 PATOLOGIA
reconhecem
um
idiotipo
no
receptor
dc
um clone
auto-reator,
ativando-o.
São
mais
suscetfveis os clones auto-reatores
que
albergam
idiotipos
que
contem
imagens
externas de
epitopos
existentes no
microrganismo.
Da mesma
forma,
o
anticorpo
anáántfgcno
microbiano
poderia
ter
idiotipos reconhecíveis
nos
receptores
dos clones
auto-reatores.
desencadeando sua
ativaçáo.
São.
portanto,
inúmeras as
possibilidades
de
que antígenos de
microrganismos
possam desregular
a
rede
idiotípica
e
provocar
auto-agressão.
As modificações
primárias
na auto-imunidade se associam
a alterações
nos
diferentes níveisem que a
resposta
imunitária é
regulada.
A
regulação
mais precoce
do sistema imunitário ocorre
na
fase
de
diferenciação
tios
linfócitos
na modula óssea c no
timo.
Ao
desenvolverem
o
repertório
de
receptores,
os
linfócitos
B
criam
também um
repertório variado
dc
idiotipos,
os quais
podem
permitir
a
interação
das células em redes
de
estimulação
e
inibição,
de
modo
que
clones
auto-reatores
sejam
mantidos
i
nativos.
Nesse processo, são muito
importantes
as células
B
CD5
+
,
que
podem
produzir auto-anticorpos
do
tipo IgM
dc
modo
timo-independente. sendo os
idiotipos
desses
anticorpos
importantes
na
regulação
de células
auto-reatoras.
O
descon¬
trole
nessas
células poderia
gerar
auto-agressão.
como tem
sido
demonstrado em
camundongos
mouth-eaten,
que
desenvolvem
auto-anticorpos
anti-DNA e
anti PMN,morrendo
precocemente.
Nesses
animais,
os
níveis
de
IgM
são
50 vezes maiores
do
que
o
normal,c as
células
B
circulantes
predominantes
são as
CD5+.
Nos
camundongos
NZB.
os
auto-anticorpos
antieritrócitos
são
da classe
IgM.
e a
população
dc
células CD5+
também está
elevada.
Transfecção
do
gene
que
codifica
esse auto-anticorpo
para
camundongos
normais induz
o
aparecimento de anemia
hemolítica
em
50%
dos
animais,
que
não
possuem
células
CD5
+
.Nas
doenças
auto-i
munes
sistémicas
humanas,
também
se
observa aumento
da
população de célulasCD5
+
Portanto,
é
possível
que
desregulação
das
células
CD5+
possa
ser
um
fator
desencadeante da produção dc auto-anticorpos. embora
não se
tenha
idéia
ainda dc como
células produtoras
de
IgM deslocam
a produção
de imunoglobulinas para
a
classe
IgG.
na
qual
está
a
maioria
dos
auto-anticorpos
encontrados
cm
doenças auto-
imunes
humanas.
No timo.
as células
T auto-reatoras
que
reconheceu)
epitopos
aí apresentados pelas moléculas
MHC
Ie
II
são
deletados
po r
indução
de
apoptose.
em
parte
relacionada à
expressão das
molé¬
culas Fas
c
FasL.
Em
camundongos,
mutações
nos
genes
dessas
moléculas
(mutações
Ipr.
no
gene
Fas.
e
gld.
no
gene
FasL)
induzem
perda
dessas
moléculas
nos
linfócitos e em
células
que
apresentam
antígenos.
escapando
assim
os linfócitos auto-
reatores
de
deleção
no
timo;
com
isso.
há
maior
chance
de
apare¬
cimento e
proliferação
de células auto-reatoras
na
circulação.
De
fato,
esses
camundongos
desenvolvemauto-imunidade sistémica
(semelhante
à
do
lúpus
eritematoso
humano)
que
se
acompanha
de
doença linfoprol
iterativa difusa.
Alterações
nos
mecanismos
periféricos
de
regulação imunitária.
Papel
das MHC
II
O
primeiro nível
de regulação da
resposta
imunitária
manifesta-se
já na
captura,
processamento
c
apresentação
dos
epitopos.
Quamidades
adequadas
de
complexos
MHC-epitopos.
qualidade
da MHC
no
complexo
c moléculas
co-reccptoras
são
cruciais
para
a
resposta
imunitária.
Em
camundongos,
algumas
moléculas
MHC II
(moléculas
IE )
são
importantes
na
apresen¬
tação de epitopos
com indução
de
resposta
supressora, sendo
os
auto-antígenos
apresentados preferencialmente
com essas molé¬
culas. Dc lato,
camundongos
NOD normalmente não
expressam
LE.
mas
seu
cruzamento
com
linhagem
que a expressa impede
o
desenvolvimento do
diabete:
a
introdução
de
um
gene
IE
em
camundongos
NOD também
bloqueia
o
aparecimento
do
diabete.
Ainda não
se sabe se a molécula
IE
é
importante para
controlar
a
deleção de clones
auto-reatores
no
limo
ou
se
para
modular
a
supressão de
clones
auto-reatores
na
periferia.A
segunda
possi¬
bilidade é
reforçada
pela
demonstração
dc
que
camundongos
NOD
transgênicos
para
IE
podem
desenvolver diabete
após trata¬
mento
com
doses
baixas
de
ciclofosfamida
(que
deleta células
supressoras).
A
tolerância a
componentes
próprios
do
organismo
pode
se r
quebrada
também
pela
expressão
de moléculas MHC
II
em
células que
normalmente
não
as
possuem,
favorecendo a
apre¬
sentação
para células
T auxiliares.
Esse
mecanismo tem
sido
aventado
pela
demonstração, em
doenças auto-imunes
órgão-
específicas.decélulas
parenqui
matosas
do
órgão afetado
expres¬
sando MHC
II
na
membrana
(tireócitos
na
tireoidite
de Hashi¬
moto,
células
3
das ilhotas
pancreáticas
no diabete insulino-
dependente
etc.).
Admite-se
a
possibilidade
de
uma infecção
virai induzir a síntese
de
IFN7,
que
forçaria
a
expressão
de
MHC
II
nas células
parenqui
matosas do
órgão.
No
entanto,
a
simples
expressão de MHC
II
em
células não-imunitárias não explicaria
a
auto-agressão.
tendo
em
vista a ausência de moléculaseo-esti-
muladoras.
De
fato.
ratos que receberamo
gene
MHC II
acoplado
ao
promotor
da insulina
expressam
MHC
II
nas
células
3 das
ilhotas,
mas
não
desenvolvem
auto-agressão.
Auto-imunidade pode decorrer de
alterações
nos meca¬
nismos naturais de
supressão
da
resposta
dos
linfócitos
T
auto-
reatores.
Supressão
por
linfócitos
T circulantes
parece
impor¬
tante no
controle da s
células
auto-reatoras.
Injeçao
deeritrócitos
de
rato em
camundongos
é seguida da
produção
de
anticorpos
antieritrócitos
que
provoca
anemia
hemolítica
transitória.
O
trata¬
mento
dos
camundongos
com dos es
baixas de
ciclofosfamida
(que elimina
células supressoras)
potencializa
essa
resposta,
tornando-a
mais
duradoura.
Em
linhagens
de
camundongos
gene¬
ticamente predispostos a perder
rapidamente
as células
supres¬
soras, a
injeção
de eritrócitos
de rato
produz
anemia hemolítica
grave e incontrolável.
Células
T supressoras
diferenciam-se no timo do camun¬
dongo
nos primeiros dias após
o
nascimento
(entre o
2fl
e
o
4o).
Camundongos
timectomizados nesse
período
desenvolvem
auto-agressão
contra diferentes
órgãos, especialmente
estômago.
tireóide,
ovário,
testículo
e
próstata,
com
formação
de
imuno-
complexos
circulantes
e
depósitos
dos
mesmos
em
membranas
basais.
Reconstituiçãodos animais timectomizados
com células
esplénicas de
animais
adultos
normais
impede
o
aparecimento
dc
auto-agressão,
indicando
a
existência de
um
mecanismo
supressor
importante
no
controle das
células auto-reatoras.
Estudos
experimentais
confirmam
a
importância
primária
de
citocinas
no
aparecimento de
auto-imunidade
ou
na proteção
contra seus
efeitos.
Transfecção
do gene para
IFN7
junto
ao
gene
da insulina em camundongos
resulta
na
expressão
dele
nas
células
3
do
pâncreas,
induzindo insulite
e
diabete. Se
o
mesmo
camundongo
transfectado
recebe transplante de
pâncreas
isogênico,
o
enxerto
pancreático
também desenvolve
insulite.
mosirando
qu e
o
mecanismo
é
de
fato auto-imunilário
(células
T
reatoras
ao
pâncreas
nativo,
estimuladas
pelo
ÍFN7
que
havia
sido
transfectado.
reagem
ao
enxerto de
um
pâncreas isogênico).
Portanto,
o
excesso
dc
IFN7
nos
tecidos
pode
induzir
condições
para
ativar
células
auto-reatoras.
possivelmente
pela
expressão
7/21/2019 Capítulo 9 - Noções de Imunopatologia (Robbins)
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NOÇÕES
DE 1MUNOPATOLOGIA 259
de
moléculas
MHC,
moléculas
acessórias
de
reconhecimento de
epitopos
ou
moléculas
especiais
de
adesão.
Doenças
auto-imunes
espontâneas,
como
o diabete
dos
camundongos
NOD,
podem
ser
moduladas
pela
injeção
de
cito-
cinas:
IL-1
cura
a auto-agressão
nas
ilhotas de
camundongos
NOD,
TNFa
previne
o início das
manifestações
do
lupus nos
camundongos
NZBxW
e
TGFp inibe
o
desenvolvimento
da ence-
falite
alérgica
experimental
em ratos e camundongos.Nomodelo
de
miocardite auto-imune
após
infecção com vírus
coxsackie
B3,
existem
camundongos
resistentes
(C57B1/10
e
C57B1/6)
e
camundongos
suscetíveis
(A/J,
A.CA,
A.SW);
injeção
de
lipo-
polissacarídeos
converte
os
animais resistentes
em
sensíveis
à
miocardite
após infecção
com o vírus. Nos
animais
suscetíveis,
o
tratamento
com
anti-IFN7
agrava
a miocardite,
enquanto
a admi¬
nistração
do
antagonista
do receptor
para
IL-1
bloqueia
a
fase
auto-imune
da
miocardite
virai.
Outro dado
experimental
interes¬
sante é a
observação de
que camundongos knock-oul
para
o
gene
TGF(3
apresentam
inflamação
disseminada nos
tecidos,
embora
ainda
não
se saiba se
sua génese
é auto-imunitária ou
não.
Os
mecanismos básicos de
indução
de
auto-agressão
estão
resumidos na
Fig.
9.12.
Doenças
auto-imunes
humanas
As
doenças
auto-imunes
humanas podem
ser divididas em
dois
grandes grupos:
(1)
órgao-específicas,
nas
quais
a auto-
agressão
é dirigida
a um
órgão;
(2) sistémicas,
em
que
a auto-
agressão
se faz contra
auto-antígenos
ubiqiiitários
e as
lesões
tendem a
comprometer
vários
órgãos.
Algumas
doenças
por
auto-agressão
podem
ter
características dos dois
grupos,
razão
pela
qual no
Quadro
9.3 são
listadas em um
espectro
que
vai
do
absolutamente
órgão-específico
até o sistémico.
As
doenças por
auto-agressão,
sistémicas
ou
órgão-especí-
Ficas,
têm
algumas
características comuns: são mais frequentes
no
sexo feminino,
podem
ter
distribuição
familial e
geralmente
Quadro
9.3
Principais
doenças auto-imunes
e
os
principais
auto-anticorpos.
As
doenças
estão
listadas
a
partir
das
órgão-específlcas para
as sistémicas
Doença
Auto-anticorpo
mais
frequente
Anemia
perniciosa
antifator intrínseco
Doença
de Addison anti-
17-fi-hidroxilasc
Menopausa
prematura
anticélulas foliculares
ovarianas
Infertilidade
masculina
antiespermaiozóidcs
Diabete
insulino-dependente
anticélulas
p do
pâncreas
Miastenia
gravis
anti-rcccptor colinérgico
Síndrome
de
Goodpasture
anti-MB
pulmonar
e
glomerular
Pênfigo
vulgar
anticaderina e anti-MB
da
epiderme
Oftalmitc
simpática
antiúvea
Esclerose
múltipla
antimielina?
Anemia hemolítica
auto-imune
anticritrócitos
Púrpura trombocitopênica antiplaquetas
idiopática
Leucopenia idiopática
antineutrófilos
Cirrose
biliar
primária
antimitocôndrias
Hepatite
crónica a uto-imune antimúsculo
liso,
antilaminas
nucleares
Síndrome de
Sjogren
antinúcleo.
antidúctulos salivares
Artrite
reumatóide
anti-IgG
Esclerodermia
antinúcleo
Granulomatose
de
Wegener anticitoplasma
de neutrófilos
Poli
e
dermatomiosite
antinúcleo
Lúpus
eritematoso sistémico
antinúcleo.
anticélulas do
sangue
MB
»
membranabasal
Célula do
tecido-alvo
Inflamação
Lesão
tecidual
Auto-anticorpos
Ativação
policlonal
Expressão
anormal
de
genes
de ILs
Redução
da
atividade
Ts
Expressão
Inadequada
de MHC
II
equestrado
CAA com
Ag
de
reação
cruzada
Seleção
ou
deleção
anormal no
timo
Fig.
9.12
Mecanismos
básicos
de indução de
auto-agressão.
CAA
=
célula
apresentadora
de
antígenos;
Ts
=
linfócito
T
supressor;
M<|>
—
macrófago.
7/21/2019 Capítulo 9 - Noções de Imunopatologia (Robbins)
http://slidepdf.com/reader/full/capitulo-9-nocoes-de-imunopatologia-robbins 24/38
260
PATOLOGIA
estão
vinculadas
a
um
ou
mais genes,
parecendo
haver
um
padrão genético,
possivelmente
multigênico,
que
favorece
a
auto-
agressão. Embora não
absolutamente
comprovado,
na maioria
das vezes
suspeita-se
da
participação
de
agentes
infecciosos
no
desencadeamento
de
muitas
delas.
Po r
outro
lado,
na
maioria
das
doenças
auto-imunes,
embora
sejam
detectados
auto-anticorpos
o
células
T
sensibilizadas
a
diversos
antígenos,
com
frequência
não
se
conhece
o
papel
patogenético
dessas
respostas
imuni¬
tárias, se
são
realmente
primárias
e desencadeantes
da
doença
ou
se.
ao
contrário, são
consequência
das
lesões encontradas.
Neste
capítulo,
serão
discutidos
o
lúpus
eritematososistémico e
a tireoidite de Hashimotocomo
modelos
de
doenças
auto-imunes
humanas;
serão
abordadas
em
seguida algumas condições patoló¬
gicas
espontâneas
ou
induzidas em animais de
laboratório,
estas
últimas muito
importantes porque
têm permitido
compreender
muitos
aspectos
palogenéticos
da
aulo-imunidade.
LÚPUS
ERITEMATOSO
SISTÉMICO
O lúpus eritematoso
sistémico (LES)
é doença
auto-imune
crónica
que
evolui
com
períodosde quiescência
e
crises de mani¬
festações
clínicas,
caracterizada
pela
existência
de
auto-anti¬
corpos
antiantígenos nucleares,do
citoplasma
e da
membrana
de
diversos
tecidos e
po r
lesões cm diferentes
órgãos.
Os
pacientes
apresentam
manifestações
cutâneas,mucosas,
renais,
articulares,
hematológicas e
neurológicas,
associadas cm diferentes combina¬
ções.
O
encontro
de
quatro
dentre as 10
manifestações
listadas e
definidas a
seguir
(simultaneamente
ou
em
observações
sequen¬
ciais)
permite o diagnóstico
clínico
de LES:
•
Eritemamalar
fixo. plano ou
elevado,
estendendo-se
ao
dorso
do nariz e fronte (Fig. 9.
13);
• Eritema
discóide,
elevado,
com
dcscamação
ceratótica
e
tendência
a atrofia
central;
Flg.
9.13 LúpUf.eritematoso sistémico. Aspecto
macroscópico
dn lesão
cutânea.
• Fotossensibilidade
aumentada,
com
eritema
exacer¬
bado
após
exposição ao
sol;
•
Úlceras mucosas na boca e orofaringe.
rasas
e indo¬
lores;
•
Artrite
não-erosiva,
em
duas
ou
mais
articulações;
•
Serosite
serofibrinosa
(pleuritc
ou
pericardite);
•
Alterações
renais: albuminúria persistente
(>
0,5 g/dia)
ou
cilindrúria
com
cilindros
celulares;
• Alterações
neurológicas:
convulsões
ou
psicose,
sem
causa medicamentosaou metabólica
aparente;
• Alterações
hematológicas:
anemia
hemolítica,
leuco-
penia ou
trombocilopenia;
•
Alterações
imunológicas:
fenómeno
LE ,
anticorpos
anti-dsDNA,
anti-ag.Sm, VDRL falso-positivo
(o
teste
específico
para anticorpos antitreponema
é
negativo)
ou
presença de anticorpos antinucleares em altos títulos.
O
paciente pode
apresentar
ainda
alopecia,
febre,
mialgia.
vasculite
cutânea,
fenómeno
de
Raynaud,
linfadenomegalia,
esplenomegalia. neuropatia periférica, episclerite e hepatite.
O LES
é
frequente
nos
Estados
Unidos
(6
casos/
100.000
pessoas),
sendomais
comum
no sexo feminino
(9:
1
nos casos entre
15 e
40
anos)
e em
negros
(chance
de
1
:250 em mulheres negras
americanas);
embora possa ocorrer em
qualquer
faixa
etária,
é
mais
frequente
entre 15
e
40
anos.
Associação
familial
é
comum,
e
a
coincidência
em
gémeos
idênticos
é
de 30%.
Tais
observações
mostram
que
fatores hormonais
(sexo)
e
genéticos
influenciam
o
aparecimento
da
doença,
mas não se conhecem
nem
o
papel
dos
hormônios
femininos,
nem
os
genes
a ela relacionados.
Embora não se conheça uma causa
desencadeante,
alguns
fatores
precipitam
os surtos
da
doença:
exposição à
luz
solar.
drogas
(hidralazina.
a-metildopa, clorpromazina
etc.),
compo¬
nentes
químicos
de
alimentos
(a-canavanina
em
brotos
de
alfafa)
e
infecções
de
qualquer
etiologia.
Tais
fatores
podem
desencadear
a
doença
em
indivíduos
geneticamente
predispostos,
embora,
na
maioria dos
casos,
as
primeiras
manifestações
apareçam
sem
um
fator aparente.
Pouco se sabe
a
respeito
dos mecanismos
responsáveis
pela
quebra de tolerância aos diversos
auto-antígenos
celulares
no
LES.
Em
animais
com LES
espontâneo,
ao
lado
do
fator
gené¬
tico bem-evidenciado e do fator
hormonal,
há fortes
indícios
da
participação
de
um
vírus
(um
retrovirus) no desencadeamento
da doença. Nos modelos de lúpus
murino,
é muito
frequente
o
achado
de
anticorpo
anti-gp70,
que
é
típico
de
infecção
po r retro¬
virus;
nos casos humanos da
doença,
não há
evidências
seguras
de infecção
virai.
O
LES
é uma
doença
progressiva
e
de
mau
prognóstico.
Todavia,
com
os medicamentos
imunossupressores
hoje
disponí¬
veis,
tem sido
possível
controlar sua
evolução
e
melhoraro
estado
geral
dos
pacientes.
Na
maioria
dos casos,
o
óbito é
devido às
lesões
renais
progressivas.
ASPECTOS
MORFOLÓGICOS.
As lesões
mais
frequentes
são
de natureza inflamatória e
se
devem à
deposição
ou
formação
in
situ de
imunocomplexos
nos
tecidos,
seguidas
de
ativação
do complemento;
no
entanto,
outros
mecanismos
patogenéticos
devem estar
envolvidos.
Lise
de células sanguí¬
neas
circulantes se deve à
ação
de anticorpos
citotóxicos,
via
complemento
ou
ADCC;
a
possibilidadede existirem anti¬
corpos
citopáticos
que
induzem
disfunção
celular
não
está
descartada,
especialmente
para
explicar
as alterações
neuro¬
lógicas.
7/21/2019 Capítulo 9 - Noções de Imunopatologia (Robbins)
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NOÇÕES
DE
IMUNOPATOLOG
A 261
Na
pele,
nas
áreas
de
eritema,
encontram-se:
(a)
acan-
tose
irregular
alternada
com
áreas
de
hipotrofia da epiderme;
(b) hiperceratose, que se
estende
aos folículos pilosos
(tampões córneos);
(c)
vacuolização das
células
da camada
basal;
(d)
espessamento
da membrana
basal;
(e)
infiltrado
de
mononucleares em torno
dos vasos
da
derme
superficial
e,
às
vezes,
das
glândulas
sudoríparas
(ver
Fig.
31
.23).
Na
pele
sem
lesão
e
não-exposta
ao
sol,
podem-se demonstrar
depósitos
de
imunoglobulinas
e
complemento
na membrana basal
(é
a
chamada banda
lúpica, que
não
aparece
na
forma discóide
da
doença;
Fig.
9.14).
Naforma localizada
(lúpus
discóide), há
exacerbação das lesões
descritas,
e
o
infiltrado
inflamatório
perivascular
ó
mais intenso.
Depósitos
de
imunoglobulinas
e
complemento
na membrana
basal
da
epiderme
só aparecem
nas regiões com lesões evidentes.
Nos
rins,
surge
glomerulonefrite de intensidade e gravi¬
dade variadas.
As alterações
são
classificadas
pela
OMS
em
cinco
graus:
grau
I
—
rim
normal;
grau li
—
glomérulos
normais
ao
MO,
mas
com
depósitos
de imunoglobulinas e
complemento na
membrana
basal
e/ou
no
mesângio,
demons¬
trados
pela
imunofluorescência;
grau
III
—
glomerulonefrite
segmentar
e
focal,
ou
proliferativa,podendo
se
acompanhar
de
necrose
ou
esclerose,
isoladas
ou associadas; nefrite
intersti¬
cial focal;
grau
IV
—
glomerulonefrite proliferativa difusa;
grau
V
—
glomerulonefrite
membranosa, com alças capilares de
paredes espessadas
(alças
de
arame),
ou
membranoprolife-
rativa,
com
graus
variáveis de esclerose e formação de cres¬
centes (ver
Fig.
16.40). Encontram-se
ainda
espessamento
das
membranas basais dos túbulos e inf il trado inf lamatório
intersticial difuso,
com
atrofia
tubular. Em meio ao
infiltrado
inflamatório,
podem aparecer os
corpos
hematoxilinófilos,
que
são a
representação
tecidual do íenômeno
LE
(ver adiante).
No
sistema
nervoso,
são encontradas vasculite e trom¬
bose
(menos
frequente)
ou trombose
hialina
sem vasculite,
resultando
em
microinfartos
do tecido
nervoso.Lesões
funcio¬
nais
produzidaspor
anticorpos antineurônio são
suspeitadas.
mas a inda não
confirmadas.
No
baço,
observa-se fibrose
concêntrica
em torno das
arteríolas
centrofoliculares, cujos
mecanismossão obscuros.
No
coração,
encontram-se
endo-
cardite verrucosa
(endocardite
de
Libman-Sacks),
arterite
po r
imunocomplexos
nas coronárias e
aceleração
de lesões
ateroscleróticas
(não
é raro infarto
do
miocárdio
em
mulheres
jovens
com
LES).
Nas articulações e nas
serosas,
as lesões
são
de natureza inflamatória e parecem relacionadas aos
depósitos
de
imunocomplexos.
O fenómeno
LE
consiste na
fagocitose
po r
fagócitos
do
sangue
periférico
de núcleos
de
leucócitos
opsonizados por
auto-anticorpos antinucleares,
com
ou
sem
complemento.
O
fenómeno é
demonstrado
incubando-se
papa
de
leucócitos
a 37°C durante uma hora e
observando-se
os
fagócitos que
englobam
outros leucócitos
ou
seus núcleos
(estes são
deno¬
minados
células
LE)
em esfregaços
corados pelo Giemsa.
Quando
o fenómeno ocorre
espontaneamente
nos tecidos, o
fenómeno LE
forma os
corpos
hematoxilinófilos.
TIREOIDITE
DE
HASHIMOTO
É
uma
doença
inflamatória
crónica da tireóide associada
com
auto-anticorpos
antimicrossomos
da
célula
folicular,
antitireoglo-
bulina. antiperoxidasc
da tireóide
e
antiantígeno
de
superfície
da
célula folicular. Todavia,
não há
provas
de
que
os
auto-anticorpos
sejam
causa ou
consequência das
lesões.
A
origem auto-imuni-
tária
da
doença
c
reforçada
por:
(a) com
frequência,
encontra-se
associada
a outras doenças
por auto-agressão
(anemia
perniciosa,
síndrome de
Sjogren);
(b)
existência
de tireoiditc
auto-imune
espontânea
em animais
(pintos
obesos);
(c)
indução
de lireoi-
dite
semelhante
à
humana em
animais
de
laboratório,
ainda que
não-
persistente, pela
injeção
de tireóide
homóloga
em
adjuvante
de Freund.
A
doença
é mais comum
em mulheres
(5:
1
).
aumentando de
frequência
com
o
avançar da idade.
Cerca
de
10%
das
mulheres
e
3%
dos homens adultos
assintomáticos
possuem
anticorpos
antimicrossomos da
tireóide,
dos
quais
1
0-20%
podem
se
tornar
sintomáticos.
Infiltrado linfocitário
discreto na
tireóide c encon¬
trado
cm
até
1
5%
das
necropsias de indivíduos sem
antecedentes
de
doença
tireoidiana.
Macroscopicamente,
a
tireóide
apresenta-se
com tamanho
normal
ou
aumentado,
consistência
firme,
lobuladaou finamente
nodular.
Ao
microscópio,
encontra-se inflamação
crónica
com
infil¬
trado
de
mononucleares
formando numerosos folículos
linfóides,
Fig.
9.14 Lúpus
eritematoso
sistémico.
Aspecto
microscópico
à
imunofluoresccncia direta
de pele
lesada;
depósito
de
anticorpos
em
faixa
contínua,
na
junção dermoepidérmica.
7/21/2019 Capítulo 9 - Noções de Imunopatologia (Robbins)
http://slidepdf.com/reader/full/capitulo-9-nocoes-de-imunopatologia-robbins 26/38
262
PATOLOGIA
muitas vezes volumosos e com
centros
germinativos evidentes:
cerca
de 50% dos linfócitostêmmarcadores
para linfócitos
B.
Os
folículos tireoidianos remanescentes são
hipotróficos
e frequente¬
mente sofrem metaplasia oxifílica
(ver
Figs.
28.32 e
28.33).
O
quadro
histológico indica
que
as
lesões
têm
mecanismo
eminentemente
celular,
pois
há
intenso
infiltrado
linfomacrofágico
na
glândula.
Não se sabe se
a lesão
dos folículos é
mediada por
células
T
cilotóxicas,
por
células
T inflamatórias
e
macrófagos,
por
ADCC ou
por
todos
eles.
Os
linfócitos
periféricos sofrem
blas-
togênese
in
vitro na
presença
de anlígenos da
tireóide,
indicando
haver células
T
sensibilizadas. Estudos experimentais
não
são
esclarecedores,
já que. em
camundongos
c
coelhoscom tireoidite
experimental, a
lesão é transferida
pelo
soro.o
qu e
nã o aeonicee
quando
a
doença
é
induzida
cm
ratos
ou cobaios. Nestes
últimos,
a
transferência
de
linfócitos para
receptores
normais
induz
lesões.
Na tireoidite
espontânea
de
pintos
obesos,
demonstra-se agressão
celular
mediada
por anticorpos
(ADCC).
Portanto,
é
possível
que
haja
agressão
celular
(células
T
inflamatórias)
associada
a
lesão
intermediada po r
anticorpos,justificando a
grande
quantidade
de
linfócitos B
na
lesão
(síntese
local de
auto-anticorpos).
A
tireoidite
de
Hashimoto
é
um a
doença
progressiva
que
leva à destruição da
tireóide,
sendo
um a
das
causas
mais
impor¬
tantes de hipotircoidismo.
MODELOS EXPERIMENTAIS
E
ESPONTÂNEOS
DE
DOENÇAS
AUTO-IMUNES
EM
ANIMAIS
Doenças auto-imunes
órgão-específicas
podem
ser indu¬
zidas em animaisde
laboratório pela
injeção
de extraio do
órgão
(ou do
antígeno
órgâo-específico,
quando
conhecido)
emulsio¬
nado em
adjuvante
completo
de
Freund.
Embora
não
absoluta¬
mente
superponíveis
às doenças humanas
correspondentes
(em
geral,
a
doença
induzida
é
transitória),
esses
modelos
têm
sido
muito úteis
na
elucidação de
alguns
mecanismos patogenéticos
e
na
introdução de
possibilidades
terapêuticas
mais
eficazes.As
doenças
auto-imunes
espontâneas
em animais
de
laboratório
também
são
muito
interessantes
para estudo
dos
mecanismos
genéticos que
interferem na auto-imunidade.
Os
exemplos
mais
conhecidos estão descritos a
seguir.
ENCEFAiJTE
alérgica
EXPERIMENTAI-
Considerada modelo
experimental
da esclerose
múltipla
humana,
pode
se r
obtida
pela
injeção
de
ex
trato
bruto
de
medula
espinhal
homóloga
ou
heteróloga
com adjuvante no
subcutâneo
de certas
linhagens
de
ratos
(ratos
Lewis,os
mais
utilizados), de
algumas linhagens
de
camundongos
(SJL)
e de cobaios (cepa
13).
Em
ratos,
desenvolve-se
uma
doença
monofásica que
se
inicia na
segunda
semana
depois
da
imunização,
com
paresia
e
paralisia,
podendo chegar
àmorte
no fim
da
terceira
semana.
Os
animais
começam
a
se
recuperar
na
quarta
semana,
voltando
ao
normal
cm
quatro
a
cinco
semanas
após
a
indução
da
doença.
Animais com paresia
e
paralisia
apresentam
infiltrado
inflama¬
tório cm
focos
múltiplos no SNC, predominantemente
de linfó¬
citos T
CD4+
c
macrófagos.
com áreas de desmielinização.
Estudos
imunológicos
mostram
que
há
desenvolvimento
de
imunidade celular
e
humoral
frente
a
antfgenos
da mielina.
A
doença pode
se r
transferida
para
ratos
normais
singênicos
po r meio
dc
células
T
CD4+,
mas
não
por anticorpos.
Células
T
CD4+ com
receptores
para
os
epitopos
encefalitogênicos
da
mielina
utilizam
preferencialmente
os
genes
V«2 e
Vp8,
razão
pela
qual
a
eliminação
dos clones
que
utilizam esses genes
pode
impedir
o desenvolvimento da doença.Tratamento
com
cortisona
ou
com
soro
anti-CD4 impede
o
aparecimento
das
lesões,
confir¬
mando
a participação da imunidade celular na sua
patogênese.
São
dois os
antígenos
encefalolitogênicos existentes
na
mielina:
proteína
básica da
mielina
(MBP) e
proteína
proteoli-
pídeo
(PLP).
Em
ratos,
os
epitopos
encefalitogênicos
estão
no
segmento
entre
os
aminoácidos 68-88 da
MBP
(a
localização
dos
epitopos encefalitogênicos
difere
nas diferentes
espécies
ou
linhagens
de
animais).
Células
T
CD4+
de
animais com
encefalite
alérgica
expe¬
rimental
(EAE)
no período
inicial inoculadas
em
receptores
normais
transferem a
doença,
mas
as
coletadas
de animais na
fase de
cura
do
processo
nã o
só
não
transferem
a
doença
como
também
tornam seus
receptores
resistentes
à
indução
da mesma.
Issomostra
que
existe
uma imunorregulação
durante o
processo:
na fase
inicial,
são
geradas
células encefalitogênicas
(produtoras
de
IL-2
e
IFN-y,
portanto
Th
).
enquanto
na
fase
de
resolução
da
doença
são
produzidas
células
supressoras.
Várias evidências
demonstram que
a
EAE
de ratos
pode
ser
modulada. Procedimentos
que
favorecem a ação
de
células
T
inflamatórias
(p.
ex..
uso
de
ciclofosfamida
em
baixas
doses
antes
da imunização) agravam
o
processo,
ao
passo que intervenções
que
facilitam a
ativação
de
célulasTh2
dificultam sua
indução.
Injeção
intraperitoneal de mielina
(ou
de
MBP)
em
adjuvante
incompleto ou
injeção
intravenosa
dc MBP
pode
induzir
tole¬
rância
à
mielina
e bloquear
o
aparecimento
da
doença,
demons¬
trando que
a
apresentação
adequada
do
antígeno
pode
induzir
células
supressoras
(transferência
de células desses animais para
receptores
normais transfere a
tolerância);
resultado
semelhante
foi
observado
após
injeção
intravenosa
de
antígeno
da mielina
acoplado a esplenócitos. Mais
recentemente,
demonstrou-se que.
se
previamente
imunizados
com
os
clones
de linfócitos
T CD4+
encefalitogênicos. ratos
Lewis
tomam-se resistentes à
indução
da
encefalite
e
melhoram
as
manifestações
se
a
imunização
ocorre
depois
de
a doença ter sido
induzida.
Admite-se
que
vacinação
com clones
T
CD4+ encefalitogênicos
induza
a
formação
de
anticorpos
e/ou células antiidiotípicas
que
regulam
ou deletam
os
linfócitos
T
CD4+
encefalitogênicos
do
receptor.
A
administração oral de
mielina
a
ratos,
antes da
imuni¬
zação.
torna-os resistentes
à
EAE.
Os mecanismos envolvidos
dependem
da dose
ingerida: supressão
(baixas doses),
anergia
ou deleção clonais
(altas
doses).
No primeiro
caso.
demonstra-
se que células
T
CD8+ dos
linfonodos mesentéricos
ou
do baço
transferem a
tolerância
para
receptores
normais:
células T
CD8+
produzem
TGFfJ.
o
qual
inibe
as células Th 1
encefalitogênicas.
Já
a
tolerância induzida pela ingestão de
altas
doses
não
é
trans¬
ferida
para recipientes
normais,
sugerindo
anergia
ou
deleção
dos
clones
encefalitogênicos.
Experimentos
indicando
a
possibilidade
de
modular a
EAE
por
vacinação por
clones
encefalitogênicos
ou
por
ingestão
de
antígeno
encefnlitogênico
abrem
perspectivas
para
a
terapêutica
de
doenças
auto-imunes humanas
órgão-espccíficas.
desde que
se conheça
o
antígeno
desencadeante e
se clonern
os linfócitos
responsáveis pelas
lesões.
Quando
imunizados
com
antígeno
de
mielina
(MBP
ou
PLP),
camundongos SJL
desenvolvem
uma EAE
recidivante.
com
períodos
de
ataque
seguidos
dc
remissão.
Esse
modelo
é
considerado mais
próximo
da
esclerose
múltipla
humana,
que
também
evolui
cm
episódios recorrentes.
LÚPUS
ER1TEMATOSO
SISTÉMICO
DE
CAMUNDONGOS.
Algumas
linhagens
de
camundongos desenvolvem
um a
doença
auto-imune
7/21/2019 Capítulo 9 - Noções de Imunopatologia (Robbins)
http://slidepdf.com/reader/full/capitulo-9-nocoes-de-imunopatologia-robbins 27/38
NOÇÕES
DE
IMUNOPATOLOG1A
263
espontânea muito semelhante ao LES humano. O modelo
mais
bem conhecido é o dos
camundongos
NZBxNZW
(Fl), cujas
fêmeas
desenvolvem
auto-
anticorpos antinúcleo
(anti-sDNA,
anti-dsDNA.
anti-ribonucleoproteínas),
aniilcucócitos
e antie-
ritrócitos.
após
o
segundo
mês
de
vida,
e
apresentam
glomeru-
lonefrite
a
partir do
quinto
mês,
da qual
morrem
ate
o
fim
do
primeiro
ano
de
vida;
os
machos
são mais
tardia e menos inten¬
samente
afetados.
Na
fase
terminal,
os
animais
mostram
infil¬
tração
difusa
dos
tecidos
por
linfócitos B
(linfoma).
Castração
das
fêmeas retarda
o
aparecimento
da
doença. Como
o encontro
de
anticorpos
anti-dsRNA
é
comum,
é
provável
haver partici¬
pação
de
um
retrovirus
no processo.
Camundongos
MRL
ou BXSB também
apresentam
um
largo
espectro
de
auto-anticorpos (anti-DNA,
anti-RNA
e
antiprote-
ínas
do
núcleo)
e
desenvolvem
glomerulonefrite por
imunocom-
plexos,
artrite
e
vasculite. Nos
camundongos
MRL.
a doença é
maiscomum
nas
fêmeas,
enquanto
nos
BXSB
é
mais
frequente
e mais
grave
nosmachos. Nos
camundongos
MRL.
foram
detec¬
tadas
duas
mutações
em
genes
importantes na
regulação
da apop-
tose:
genes
Ipr
(lyrnphoproliferation
)
c
gld
(generalized
lympho-
proliferative
disease
)t
relacionados,
respectivamente,
à
molécula
Fas e ao
ligante
do
Fas
(FasL).
Essas
duas
moléculas
regulam
a sinalização
para
a
apoptose
em
linfócitos
auto-reatores no
timo,
após
reconhecimento dc
auto-antígenos.
As
moléculas
mutantes
parecem
ser
incapazes
de
realizar
a deleção
desses
clones,
possibilitando a
manutenção
de
clones
auto-reatores
e.
com
isso.
a auto-imunidade
sistémica. Transferência
dos
genes Ipr
e
gld
para
l inhagens
não-predispostas
ao LES
induz
nelas
a
produção
de um
amplo
espectro
de
auto-anticorpos. Nos
camundongos
BXSB,
existe
um
gene
mutante no cromossomo
Y
denominado
Yaa
(cromossomo
Y
autoimmune
acceleration).
A transferencia
do
gene
Yaa
para
linhagens
nào-predispostas
ao
LES não induz
auto-imunidade;
quando
o
gene
é
passado
para
uma
linhagem
com
potencial
genético
para
desenvolver
LES,
os
machos
apresentam
quadro
grave
de
LES.
Quando
passadopara
um a linhagem
que
desenvolve
LES
espontaneamente
(a
doença
surge
naturalmente
mais tarde e é
pouco
grave), os
machos
desenvolvem
doença
precoce
e muito intensa.
Portanto,
o
gene
Y aa
se
relaciona não à indução,
mas
à
aceleração
e ao
agrava¬
mento
do
LES
murino.
O cruzamento
de
linhagens
predispostascom
linhagens
não-
predispostas
tem demonstrado
que
o LES murino é
poligênico.
havendo
locos
relacionados a diferentes
aspectos
da
doença:
indução
de
auto-anticorpos,
desenvolvimento dc
glomerulone¬
frite.
artrite
ou vasculites e
aparecimento
de
linfomas.
Embora
ainda não
caracterizados,
tais
locos parecem
relacionados ao
controle da
expressão
de
citocinas.
à
regulação
da
apoptose
e ao
controle de
sinais
de
co-estimulação
de
linfócitos
T pelas
células
apresentadoras
de
antígeno.
IMUNODEFICIÊNCIAS
São
doenças caracterizadas por
transtornos
11a
montagem
da
resposta
imunitária,
resultando em
síntese
deficiente
dc anti¬
corpos
ou
em
imunidade
celular
inadequada.
Indivíduos com
imunodeficiência
humoral têm
infecções
piogênicas repetidas
(por
hemófilos,
estreptococos
e. menos
frequentemente, por
esta¬
filococos);
na imunodeficiência
celular,
predominam
infecções
oportunísticas
por
Pneumocystis
,
Candida
micobactérias
etc.
De
acordo
com
suas causas,
as
imunodcficiências
podem
se r
primárias
(congénitas)
ou
secundárias
(adquiridas).
IMUNODEFICIÊNCIAS PRIMÁRIAS
Decorrem
de
alterações no
processo
de
diferenciação e
maturação
das células
do
sistema
imunitário. As
mais
impor¬
tantes
cncontram-se
descritas a
seguir.
GAMAGLOBUUNEMIA LIGADA AO CROMOSSOMO
X. É
provocada
por mutação
cm
um
gene
localizado
no
braço
longo
do
cromos¬
somo
X.
denominado
gene
btk
(de
Brutton
ou
B
cell
ti
rosine
kinase),
responsável pela
codificação
de
uma tirosina-cinase
de
função
ainda
desconhecida. As crianças
afetadas.
do
sexo
mascu¬
lino,
são normais até seis a
nove meses
de
idade,
quando passam
a
apresentar
infecções
piogênicas
repetidas;
além
disso,elas
têm
risco aumentado de desenvolver
poliomielite
com vacinas de
vírus vivo
e
são
suscetíveis a infecção persistente
com
ente¬
rovirus.
geralmente fatal.
O soro
dessas
crianças
não tem lgM
nem
IgA
detectáveis
e possui
menos de
100
mg/dl de IgG. O
número de
linfócitos B
circulantes
é
muito
baixo,
masa
imuni¬
dade celular é
normal.
Os
órgãos
linfáticos
não
possuem folículos
nem centros
germinativos.
As
meninas com a
mutação
possuem
linfócitos
B
circulantes
com o cromossomo X
que
não
sofreu
mutação
e mostram
níveis normais
de
imunoglobulinas
(isso
porque
ocorre inativação aleatória de
apenas
um
cromossomo
X;
os precursores
com
a
mutação
morrem e só
se
diferenciam
as
células
B
originadas
dos
precursores
sema
mutação);
a
inati¬
vação
não-aleatória do
cromossomo X
nos
linfócitos B
pode
servir como
método
de identificação
de mulheres
portadoras.
SÍNDROME DA
HIPERii/VMAGIOBUUNEMIA M. Trai
et -
SC
dc
doença
hereditária também ligada
ao
cromossomo
X na
qual
o indivíduo
afetado
(sexo
masculino)
possui
elevada
concentração
sérica
de
lgM
(chegando a I
.(XX)
mg/dl
ou
mais),
IgAe
IgE
não-detectáveis
e níveis muito baixos dc
IgG.
Os
pacientes
tem infecções piogê¬
nicas repetidas,
além
de
apresentarem
infecções oportunísticas
e
grande
tendência a doenças
auto-imunitárias
(anemia hemolí¬
tica.
trombocitopenia. leucopenia). Nos
órgãos
linfáticos,
as áreas
B-dcpendcntcs
são
hipotróiicas
e não há
centros
germinativos
nos
folículos.
O
defeito reside no
gene que,
nas
células
T.
codifica
a
molécula
ligante
ao
CD40
(CD40L)
do linfócito B.
A
ausência
do
CD40L
nascélulas
T
CD4+
(Th2)
impede
o
deslocamento
na
síntese
de
IgM
para as outras
imunoglobulinas
no linfócito
B.Essa
síndrome
exemplifica
claramente a
importância
da
cooperação
entre linfócitos
T
e
B na
produção
de
anticorpos.
imunodeficiênciaCOMUM
variAvei.. É
a
denominação
utili¬
zada
para
indicar síndromes
caracterizadas
pela
formação
defi¬
ciente
de
anticorpos,
po r
mecanismosdiferentes
dos
já descritos.
Embora
tenham
sido
relatados
casos de
herança
autossômica
dominante ou
recessiva e
mesmo
ligada
ao cromossomo
X.
os
mais
comuns
são
os
casos
esporádicos.
Homens
e
mulheres
são
comprometidos
na
mesma proporção,
c
as
manifestações
geral¬
mente
são
diagnosticadas
na
segunda
ou terceira década
de
vida
(por
isso, foram
denominadas
hipogamaglobulinemias
de início
tardio
ou
hipogamaglobulinemias
do
adulto).
As
manifestações
mais importantes
são
infecções
piogênicas
sinopulmonares
recor¬
rentes
e
grande
suscelibilidade
para
infecções entéricas
crónicas,
especialmente
giardíase.
Os
portadores têm
maior
risco de
desen¬
volver linfomas,
câncer
gastrintestinal
e
doenças
hemolítica*
auto-imunes.
Os níveis de
IgG, IgA
e
IgM
estão
reduzidos,
mas
não se
detecta
defeito
intrínseco
nos linfócitos
B.
Ao contrário
de
outras
hipogamaglobulinemias.
o
tecido linfático
apresenta
hiperplasia
folicular.
7/21/2019 Capítulo 9 - Noções de Imunopatologia (Robbins)
http://slidepdf.com/reader/full/capitulo-9-nocoes-de-imunopatologia-robbins 28/38
264 PATOLOGIA
imunodeficiência GRAVE
combinada.
Consiste em imunode¬
ficiência humoral
e celular
decorrente
de
alterações
genéticas
variadas. Na maioria
dos
casos,
deve-se
a
mutação no
gene
que
codifica
a cadeia
7
do
receptor para
IL-2,
localizado
no
cromos¬
somo
X (50%
a 60%
dos
casos);
outras
vezes,
decorre de defi¬
ciência
nas enzimas
que
degradam
as purinas
(adenina
deami¬
nase
e
fosforilase
de
nucleosídeo)
por
mutações
transmitidaspor
herança
autossômica
recessiva.
A
ausência da
cadeia
7
do
IL-2R
bloqueia
a
maturação
das célulasT
porque essa molécula
faz
parte
também de numerosos
outros
receptores
(IL-4R.
IL-
7R.
IL-15R).
Crianças
com imunodeficiência grave combinada
podem
apresentar
cri
tema
morbiliforme
logo após
o nascimento
por
ação
de
linfócitos
maternos
qu e promovem
uma
rcação
do
tipo
enxerto
contra o hospedeiro;
outra manifestação comum
é
o eritema na
região
da
fralda
causado
por
moniiíase.
Essas
crianças
morrem
precocemente
po r
infecções virais (sarampo.
varicela,
herpes,
adenovirus,
citomegalovínis)
ou
por pneumonia
por Pneumocystis
carinii.
Os
pacientes
apresentam
linfopenia
acentuada,
especialmente de
células
T.
já
que
as células B
às
vezes
estão em
número
normal. O
limo
não
se
desenvolve.
IMUNODEFICIÊNCIA POR DEFEITO
NA
EXPRESSÃO
DAS
MIIC. Pode
haver deficiência
na
expressão
de MHC
I
ou de
MHC 11 .
A
falta
de
expressão
de
MHC
U (de
herança autossômica
recessiva)
bloqueia
a
diferenciaçãode células
T
CD4+.
embora o número
das
T
CD8+
seja
normal.Ainda
que
tenham
número
normal de
linfócitos
B.
os
pacientes
apresentam hipogamaglobulinemia
por
deficiência
do efeito
auxiliar T.
O
defeito
genético
é
variável.
podendo estar na
síntese anormal
da proteína
transativadora
dos
genes
MHC
II
(cromossomo
15),
que
não
consegue
coordenar
a
ligação
das
proteínas
complementares nas sequências ativa-
doras daqueles
genes;
outras
vezes, o
defeito reside
na
proteína
promotora
que
se
liga
a uma
das
scqiíências
ativadoras
(proteína
RFX2.
cujo
gene
local
iza-se
no
cromossomo 2).
Em geral,
os
pacientes
com
imunodeficiência
por
falta de
expressão
da
MHC
II
morrem
até a
segunda
década
de
vida. Deficiência
na
expressão
de
moléculas
MHC
é muito rara, e
poucos
casos têm
sido
estudados.
Recentemente,
demonstrou-se.
em dois
irmãos,
que
a ausência da MHC
I
nas
células
devia-se
a
mutação
nos genes
para
as
TAP
1 e 2. Proteínas TAP
defeituosas
ou
ausentes
não
permitem
a
montagem
adequada
do
complexo
MHC
I-peptídeo.
acarretando a
demolição
da
MHC
I
ainda
no
citoplasma.
Nessas
crianças,
havia
deficiência
de células
T
CD8+.
com número
normal
das
T CD4+.
sLndrome
de
WISKOTT-ALDRICH.
Trata-se
de
doença
de
herança
recessiva
ligada
ao
cromossomo
X
que
afeta
predominantemente
meninos,
caracterizada
por
imunodeficiência e
trombocitopenia
graves.
Hemorragias
e
infecções
oportunísticas
sã o as manifes¬
tações
mais
importantes.
Os
níveis de
IgM
são
baixos,
os de IgE
e
IgA
sã o elevados e os de
IgG,
normais.
0
número de células
T
circulantes diminui
progressivamente após
o
nascimento,
mas
o
de células B aumenta. O defeito
genético
está
em
um
gene
qu e
codifica
uma proteína com
função
ainda
desconhecida,
mas
que
afeta
a
constituição
do
citoesqueleto das
células
T.
que
são
defor¬
madas e
desprovidas
de microvilosidades.
IMUNODEFICIÊNCIAÿ
ADQUIRIDAS
Diversos
fatores
ambientais
podem
afetar
o
desempenho
do
sistema
imunitário
e
produzir
estado
de
imunodeficiência.
de
grau
e
durução
variáveis.
Desnutrição
podecausar
i
munodeficiêneia,
mas
somentequando
muitoacentuada.
Desnutrição proteica
moderada
não se
acompanha
de deficiência
imunitária,
mas.
na
desnutrição
grave,
a
produção
de
anticorpos
é
afelada,
mais
do que
a
imunidade celular.
O
estresse
parece
afetar bastante
a
resposta
imunitária;
o mesmo
acontece nos estados
de
depressão.
O
desequilíbrio
hormonal induzido na fase
aguda
do
estresse,
por
meio do eixo
hipotálamo-hipófise-supra-renal,
afeta
a
capacidade
dc
ativação
dos linfóticosT:
os agonistas
adrenérgicos
e os esteróides afeiam
a
proliferação
e a diferenciação de
células T
auxiliares,
pare¬
cendo
influenciar menos
o
comportamento
das células
T
CD8+
A
atividade
das células
fagocitárias
é
reduzida
pelos
agonistas
beta e
pelos
corticóides, diminuindo a
capacidade
microbicida
dos
fagócitos.
Corticóides endógenos
reduzema
síntese
de
LL-
1
,
aumentando
adeficiência
na
resposta
das célulasT inflamatórias.
Por essa
razão,
estados de estresse físico ou emocional são fatores
que aumentam a suscetibilidade a tumores e infecções,
cuja resis¬
tência
depende
dc
células
T
inflamatórias. Entre
outros,
esses
fatos
explicam
por que infecções virais
(p. ex..
gripe)
são mais
comuns em
pessoas
estressadas e
por
que
os estados de depressão
podem acelerar o
crescimento
de
neoplasias
malignas.
Imunossupressão
transitória,
específica
ao parasita
e a antígenos
não-relacionados
ao
agente
etiológico,
ocorre
em muitas
doenças
infecciosas.
Na
esquistossomose
mansônica
(especialmente
na
fase
aguda),
na
tripanossomíase
cruzi, na leishmaniose visceral e
na
malária,
porexemplo,
essa
imunossupressão
tem
sido
bem
docu¬
mentada
cm modelos
experimentais.
Nocalazar
humano,a imunos¬
supressão,
especialmente
a
associada
a linfócitosT
inflamatórios
(Th
I
),
aumenta a
suscetibil
idade
a infecções,
não
raramente
fatais.
Na
realidade,
nessas
doenças
infecciosas
existe
uma
imunomodu-
lação
com
desvio de
respostas
no sentidoTh2,
diminuindo
a
ativi¬
dade da s
células Th
capazes
de
ativar
macrófagos.
No tratamento de
doenças
proliferativas com
substâncias
citostáticas,
há
imunossupressão
pela
redução
da
população
das
células
imunocompetentes
que.
11a
presença
da
droga,
não
podem
proliferar e expandir seus clones.
Irradiação
do
corpo
produz depleção
dc linfócitos
nos
órgãos
linfóides
primários
(timo
e
medula
óssea)
enos
periféricos, produ¬
zindo
profundo
estado
de
imunodepressão
que desaparece após
a
recuperação
da
capacidade
de
proliferação
celular nos
órgãos
onde os linfócitos
se
diferenciam.
Algumas
observações indicam.
no
entanto,
que a
recuperação
da competência imunitária após irra¬
diação
total
pode
não
se r
completa,
quer
pela formação
de células
supressoras, querpela
geração
de
repertório
insuficiente de
clones
para
reconhecimento
dos
diferentes
epi
topos.
Imunodeficiênciaÿ
fisiológicas
Nos primeiros meses
de
vida,
na senil idade e
durante
a
gravidez,
ocorrem
adaptações
especiais
do
sistema
imunitário
que
conduzem a
um
estadode imunodeficiência.
O
recém-nascido
possui
anticorpos maternos do tipo
IgG.
que
representam
a
quase
totalidade
de seus anticorpos séricos.
A
síntese de
IgM
se inicia
no final da
gestação
e
a
de
IgG
começa
após
o
nascimento,
mas
em
ritmo
lento,de
modo
que
os níveis totais de imunoglobulinas
no recém-nascido
caem
drasticamente após
o
segundo
mês de
vida.
cm consequência
do
catabolismo
da
IgG
materna.Entre
o
terceiro e sexto
meses
dc
vida.
existe um
período
de
hipogamaglobulinemia
transi
tória.
tornando
o
lactente mais suscetível
a
infecções; após
os
seis
meses, os
níveis
dc
imunoglobulinas
se
elevam
progres
sivamente,
atingindo
70%
dos valores
do
adulto
ao final
do
7/21/2019 Capítulo 9 - Noções de Imunopatologia (Robbins)
http://slidepdf.com/reader/full/capitulo-9-nocoes-de-imunopatologia-robbins 29/38
NOÇÕES
DE 1MUNOPATOLOGIA
265
Quadro
9.4
Níveis séricos
de
imunoglobulinas
G,
M e
A em
diferentes
idades.
Os valores estão
apresentados em
mg/dl
(segundo
Stihen,
ER
Fudenberg,
HH.
Pediatrics,
37:715,
1966)
Idade
IgG
IgM
IgA
Igs
totais
rccém-nascido 1.031
±
20
11 ±
5
2 ±
3 1.044
±201
1-3
m
430
±
119
30 ±
11 21
±
13 481
±
127
4-6
m 427 ±
186 43
±
17
28
±
18
498
±
204
7-12
m
661
±
219
54
±23
37
±
18
752
±
242
13-24
m
76 2
±
209 58
±
23 50
±24
870
±
258
25-36
m
892
±
183 61
±
19
71
±
37
1.024
±205
3-5
a
929
±
228 56
±
18
93
± 27
1.078
±
245
6-8 a
923
±
256
65 ±25 124 ±45 1.112
±293
9-11 a
1.124 ±
235
79
±33
131 ±60 1.334
±
254
12- 6 a 946 ±
124
59
±
20
148
±
63
1.457
±
353
adullo 1.158
±
305
99
± 27
200
±
61
1.457
±
353
primeiro
ano
de vida. O
Quadro
9.4
e
a
Fig.
9.15
mostram os
níveis séricos de anticorpos no
rccém-nascido
e sua
evolução
até a idade adulta.
A
imunidade
celular nos
recém-nascidos
também
é deficiente,
ocorrendo
maturação progressiva que
se
completa
na
puberdade.
Nesse
período,
o
número
de
linfócitos
T
é
grande,
mas
a
resposta
dessas células aos
estímulos
é menor
do
que
as do
adulto.
Os
mecanismos inespecíficos de
defesa
do recém-nascido
também
apresentam
pequenas
deficiências
em comparação com
os do
adulto:
(1)
a
atividade hemolítica
do
complemento
e os
níveis
séricos dos fatores
B e
D
são
cerca de
50%
menores; (2)
a
resposta
quimiotática
dos leucócitos
é
reduzida
(70%
da
dos
adultos),
be m como o
poder
microcibida.
A
resposta inflamatória
a uma
irritação
no recém-nascido se faz com
cxsudação
mais
igG
materna
1
.200
.
.000
024
6 8
A
2 4
6
8
10 12
Meses
Gestação
Meses
1
2
ano de
vida
Nascimento
Fig.
9.15
Evolução
dos níveis séricos de
imunoglobulinas
materna
(IgG)
c
fetais
(IgG,
IgM
c
IgA)
durante
a
gestação
c
no
primeiro
ano
dc vida.
lentade
PMN e menor
número de
monócitose
macrófagos,
mas
é
grande
a
migração
de eosinófilos.
Durante
a
gravidez,existe normalmente
um a
imunomodu-
lação
que
impede a mãe de
rejeitar
o feto,
o
qual
representa
um
enxerto
alogênico. Os mecanismos
dessa
tolerância
são
ainda
pouco
conhecidos. O
trofoblasto,
que
forma um a barreira entre
a mãe e o
feto.
demora a
expressar
HLA-
A. B.
C
ou
D,
mas
expressa
precocemente moléculas
HLA-G,
semelhantes às MHC
I, que
possivelmente
desempenham
papel
importante na
indução
de tolerância da mãe aos tecidos
fetais.
Estudos
experimentais
mostram
que
a
a-fetoproteína
é
forte
inibidora da atividade de
células
T
CD8
+
e
que
a
progesterona
induz
proliferação
dc
linfócitos
supressores
e
favorece o
desvio da
resposta
Th
1
para
a Th2, diminuindo
assim a
possibilidade
de
agressão
ao feto.
Por
outro
lado, não há
dúvidas
de
que
o sistema
imunitário da
mãe
reconhece c
responde
a
antígenos
fetais,
fato demonstrado
pelo
encontro dc
anticorpos
anti-HLA do
pai
e de
células T
capazes
de
proliferar
in
vitro em
resposta
a
linfócitos
paternos.
No
entanto,
essa
resposta
é
modulada, dc modo
que
as células
T inflamatórias ou tornam-se
anérgicas,
ou são impedidas dc
responder
aos
antígenos
fetais.
Essa
imunossupressão pode
tornar
a
mãe
menos
capaz
de montar
respostas
Th 1
durante a
gravidez,
o
que
facilita
a ocorrência de infecções virais e
a
disseminação
de
tumores
fortemente
imunogênicos.
Observações
recentes
mostram
redução
do número dc células T,
po r
diminuição
das
células
CD4+, no
segundo
e
terceiro
trimestres
da
gestação.
Há
também evidências de
que
os linfócitos maternos
T
CD4+ e
T
CD8
+
.
ao
encontrarem os
antígenos
fetais
na interface
feto-
maternal,
modulam
as moléculas MHC e ficam
duplo
negativos
(CD4
e
CD8
negativos), perdendo
assim a
capacidade
de induzir
respostas efetuadoras.
Na
senilidade
existem
graus
variáveis
de
imunodefici¬
ência.
A
partir
da terceira
década
dc
vida,
observa-se decréscimo
progressivo
da imunidade,
especialmente
da
celular,
impercep¬
tível
até
a
sexta
década,
mas
evidente nos
períodos
mais avan¬
çados
da
vida.
Embora
haja
dados
conflitantes, na senilidade
há diminuição
de:
(1)
número de células T CD4+
virgens;
(2)
capacidade
de
resposta
das
células
T;
(3)
expressão
de
B7;
(4)
afinidade
de
maturação
dos linfócitos
B;
(5)
tráfego
de
linfó¬
citos; (6)
número
de células
dendríticas
nos centros
germinativos.
Por
tudo
isso,
existe
de
fato
tendência
à
imunodepressão
nessa
faixa elária.
Reforçando
essa
afirmativa,
estudos
epidemioló¬
gicos
mostram
que
o
risco
de
adquirir
doenças
infecciosas
e de
desenvolver vários
tipos
dc
câncer aumenta
significativamente
em
pessoas
com
mais
de 60 anos
anérgicas
a
antígenos
ubiqiii-
tários
em
relação
aos
indivíduos
de
mesma idade
que
reagem
7/21/2019 Capítulo 9 - Noções de Imunopatologia (Robbins)
http://slidepdf.com/reader/full/capitulo-9-nocoes-de-imunopatologia-robbins 30/38
266
PATOLOGIA
Integrase
Envelope
Proteose
Nucleocapsídeo
Transcritas©
reversa
DOl
Fig. 9.16
Representação esquemática
do
HIV.
mostrando sua
constituição
molecular.
Embaixo,
posição
dos genes do vírus no DNA
transcrito
a
partir
do RNA
viral.
LTR
=
repetição
terminal
longa.
a
esses
antígenos
na intradeimorreação. Outro
aspecto
impor¬
tante é que, com
o
decréscimo da atividade das células
T.
cresce
a chance de ativação
policlonal
de linfócitos
B,
aumentando
o risco de
aparecimento
de auto-anticorpos. Com base
nessa
possibilidade,alguns
estudiosos levantam
a teoria
imunológica
do envelhecimento,
o
qual
seria consequência de auto-agressão
acelerada
com o
passar
do
tempo.
Contudo,
não se demonstra
relação
entre
auto-agressão
evidente na senilidade e
a
disfunção
que
ocorre
nos
diversos
órgãos
dos
indivíduos
idosos.
É
mais
provável, po r
outro lado,
que
as
alterações
imunitárias
sejam
consequência
e não a causa do envelhecimento.
Síndrome
da
imunodeficiência
adquirida
É
a mais
importante
e
frequente
imunodeficiência humana
adquirida
na
atualidade,
causada
pela infecção
com
um
retrovirus
do grupo
dos lentivírus, denominado
vírus
da
imunodeficiência
humana
(HIV),
do
qual
se
conhecem
duas
variedades:
HIV-1,
responsável pela pandemia existente em todos os continentes,
e
HIV-2,
descoberto mais recentemente e circunscrito à Africa
Oriental c a
algumas
regiões da
índia.
O
vírus
possui
um
nucleocapsídeo que
contém
RNA, trans-
critase
reversa,
protease
e
integrase;
o
envelope possui,
entre
outras,
as
proteínas
gpl20 c gp41 O genoma virai
está
represen¬
tado na
Fig.
9.16;
os genes,
seus
produtos
e
respectivas funções
estão
indicados no
Quadro
9.5.
A
infecção se
faz pela penetração
do
HIV no
organismo
através de mucosas ou diretamente
pela
introdução de sangue. O
contato de
material
contaminado com
a
pele ou mucosas
íntegras
parece
não
produzir infecção.
Sangue
e
esperma
sã o os
produtos
mais frequentemente
infectantes (nos
quais
existem
vírus livres
e
células
infectadas),
mas
é
duvidosa
a
existência do
vírus
em
secre¬
ções exócrinas,
como
saliva
ou
leite.Contato
sexual,
transfusões
de
sangue
contaminado ou seus derivados e uso de
drogas injetáveis
são
as
formas mais comuns de transmissão
do vírus.
Nas
mucosas,
o vinis
ganha
as células
dendriticas,
que
possuem uma molécula DC-SIGN
que
liga
o vírus
na sua
super¬
fície;
desse
modo,é
facilmente apresentado às células
T CD4+/
CCR5
+
na própria
mucosa ou nasáreas T
dependentes
dos linfo-
nodos,
para onde
migram
as células dendriticas carreandoo vírus
na
superfície.
No
organismo, o vírus
ganha a circulação
linfática ou
sanguínea
e se
instala
no tecido linfático,
onde
penetra
nas células
CD4+,
das quais
as
mais numerosas são os
linfócitos
T.
A
pene¬
tração
do
vírus
nas células se faz
pela ligação
da
gpl20
com o
CD4 c com uma
molécula
co-reccptora
pertencente
ao
grupo
Quadro
9-5
Genes
do
HIV,
seus
produtos
e
funções
Gene
Função
Produto
gag
gene
grupo-específico proteína
p53
que
origina, por proteólise.
as
proteínas
do core:
p 8. p24.
p7
e
p9
pol
gene
da
polimerase
transcreve
peptídeo que
é
clivado,
originando
transcritase
reversa,
protease
c
integrase
env
envelope
gpl20 (liga-se
ao
CD4)
e
gp41
(necessária
para
a
intemalização
do
vírus)
la t transativador
pl4:
ativa a transcrição
rev
regulador
da
expressão
virai
permite
o transporte de
RNA
transcritos do
núcleo,
sem
quebra
vif
infectividade
virai
p23: importante
na
montagem
do virion
infectivo
vpr
proteína
viral
R
pi
5: aumenta a
transcrição,
combinando-sc na
sequência
reguladora
TAR
vpu
proteína
viral
U
pl6:
importante
na
montagem
do virion
(só
no
HIV-1).
Aumenta a
expressão
de CD4
nef fator
regulador negativo
p27:
inibe
a
transcrição
virai:
inibe
a
expressão
dc
CD4
7/21/2019 Capítulo 9 - Noções de Imunopatologia (Robbins)
http://slidepdf.com/reader/full/capitulo-9-nocoes-de-imunopatologia-robbins 31/38
NOÇÕES
DE IMUNOPATOLOGIA 267
CD4+
dos
receptores para
quimiocinas (CCR5
ou
CCR4,
dependendo
da
célula).
As diferentes
etapas
da
penetração
do
vírus,
sua
inte¬
gração
ao
genoma
celular e sua
replicação
estão indicadas na
Fig.9.17.
Na
fase inicial
da
infecção,
há intensa
replicação
virai
nos
linfonodos
(2-6
semanas,
fase primária da
infecção) seguida
de
disseminação
do
vírus na
circulação,
demonstrada
por
elevação
rápida
da
carga
virai
plasmática.
O
número
de
células
T
CD4+
cai nesse
período
de
viremia alta,
recupera-se
rapidamente,
embora não volte aos níveis
iniciais.
O pico de viremia cai
em
duas
a
quatro
semanas, no
período
chamado de
soroconversão;
o número
de
cópias
do
RNA
do
vírus
pode
se
tornar
indelec-
tável ou muito
baixo,
embora
RNA
virai
possa
ser
isolado
de
células
T
circulantes. Como mostrado na Fig.
9.18,
há
aumento
de
células
T
CD8+ coincidente com
redução
da
carga virai
plas¬
mática, mas o número desses
linfócitos
tende a
cair
progres¬
sivamente.
A
eliminação
dos
vírus
se faz
por:
(a)
anticorpos
neutralizadores, dos
quais
o vírus
escapa
por
mutações;
(b)
po r
anticorpos não-neutralizadores
—
anti-p24
(core),
anti-pl7
(matriz)
e
anti-pl
20
(envelope)
—
que
formam
imunocomplexos
com os
vírus,
facilitando sua retirada da
circulação
pelos
fagó-
citos; (c)
por
ação
das
células TCD8+,
que
eliminam
parte
das
células CD4+
infectadas.
Como
se
trata
de um vírus
de trans¬
crição
restrita,
a evolução da infecção
é
lenta,
instalando-se
uma
resposta
imunitária
que
controla
a
viremia, mas
que
é
incapaz
de
eliminar
o
vírus, o
qual
continua
a
proliferar
e a
infectar
novascélulas
no
tecido linfático.
Portanto,
queda
da viremia na
fase aguda
da infecção,
após
aparecimento da
resposta
imuni¬
tária,
não
significa
quiescência
da
infecção,
a
qual
se
mantém
ativa
nos linfonodos.
Os
indivíduos
infectados
podem
evoluir
mais
rapidamente (progressores
rápidos)
ou
mais
lentamente
(progressores
lentos)
para imunodeficiência
grave
(AIDS/SIDA).
Os
progressores
lentos,
que têm baixa carga virai plasmática,
apresentam
células auxiliares
T
CD4+
vírus-específicas,
o
que
ajuda
a
controlar
a viremia.
Essas
células
aparecem
também
nos indivíduos
submetidos
a
terapêutica
anti-retroviral
na
fase
Fig.
9.17
Penetração,
proliferação
e
eliminação
do HIV
em
célula CD4+.
1.
O
vírus
se prende à molécula CD4 e
ao
receptor
para
quimiocina
(RQ,
CCR5 ou CCR4).
2. Fusão
do
envelope
viral
com
a membrana celular e
liberação
do
RNA viral
no
citoplasma.
3. Transcrição
do
RNA
virai em
DNA,
usando a transcritase reversa. 4. Integração
do
DNA
virai
ao DNA da
célula.
5. Ativação dos
receptores
para
IL-2 ou
para
IFN*y,
que
ativam
fatores
de
transcrição
(FT),
os
quais
induzem
e
aceleram
a
transcrição
do
RNA
virai. 6.
Síntese das
proteínas
virais no
citoplasma
e
montagem
do vírus.
7.
O
vírus
completo,
inclusive com o
envelope,
é
eliminado da
célula.
7/21/2019 Capítulo 9 - Noções de Imunopatologia (Robbins)
http://slidepdf.com/reader/full/capitulo-9-nocoes-de-imunopatologia-robbins 32/38
268 PATOLOGIA
Ac onti-HIV
Células
T
citotóxicas
anti-HIV
4-8
semanas 2-12
anos 2-3 anos
FASE AGUDA FASE
ASSINTOMÁTICA
FASE
SINTOMÁTICA
—
AIDS/SIDA
Fig. 9.18
Evolução
da
infecção
pelo HIV: relação da viremia com a
resposta
imunitária
nas
diferentes
fases
da infecção.
primária da doença, o
que
favorece a
manutenção
do controle
da
infecção.
Nos
progressorcs
lentos,
que
tem baixa
carga
virai
plasmática, essas células auxiliares
T
CD4+
vírus-específicas
estão
presentes
após
a infecção
primária.
A manutenção
da
infecção,
mesmo
nos
progressorcs
lentos,
se
deve
ao
fato de o vírus,
associado
ao
complemento
ativado
por
anticorpos antivírus,
permanecer
aderido às células foliculares
dendríticas e infectar
células
T
CD4+ residentes
ou
em
tráfego
pela
circulação.
Os
folículos
linfáticos são
hiperplásicos
na
fase
aguda,
mas
seus
centros
germinativos
vão
perdendo progressi¬
vamente
sua estrutura até
desaparecerem
na
fase
crónica
tardia
(de
imunodeficiência).
O
desarranjo
na
arquiletura
dos
centros
germinativos
parece
ser
um
fator
importante
na
imunodeficiência
que
se
instala
tardiamente na doença.
Além de infectar linfócitos T CD4+,
macrófagos
c
células
dendríticas, tem sido demonstrado
que,
na fase tardia
da
doença,
o HIV
pode infectar
também
células
do tecido nervoso (micro¬
glia,
astrócitos),
enterócitos e miocardiócitos.Os
macrófagos
são
resistentes ao
efeito
citopático
do
vírus,
mas
são
considerados
importantes
veículos
paratransportá-lo paraoutros
locais,
como,
po r exemplo,
o
sistema nervoso.
Procurando
resumir
a
evolução
natural
da
infecção,
a
Fig.
9.
1
9
mostra as
relações
entre a
evolução
da
infecção,o
aparecimento
da
resposta
imunitária, o número de célulasT
CD4+ nacirculação c
a
viremia. 0
tempo entre
o início
da
infecção e o
aparecimento
da s
manifestações
de imunodeficiênciaem
geral
é
longo
(mediana
de
10
anos),
havendo,
no
entanto,
pacientes
que
progridem
rapida¬
mente para o estado de deficiência
imunitária
e
outros
em que o
portador
demora
muito
a
apresentá-la
ou não a
apresenta.
resposta
imunitária
ao
Hiv.
A resposta
imunitária montada
contra o HIV
controla
a viremia,
mas
não eliminao vírus, possi¬
velmente por
causa
da
alta
velocidade
de
replicação
viral
e
da
grande
facilidade com
que
ele forma
mutantes.
Os
anticorpos
aparecem
rapidamente
após
a
infecção,
sendo
detectados
entre
a
terceira
e
a
sexta
semanas,
havendo
uma
janela
na
qual
o indi¬
víduo tem viremia mas é assintomático
(primeira
semana)
ou
sintomático e
sem
anticorpos
(segunda e até
sexta
semanas).
Os
primeiros
anticorpos
a
aparecer
são os anti-p24
c
anti-gpl20;
os títulos se
elevam
rapidamente e se mantêm altos até
o início
das manifestações da
imunodeficiência,
quando
tendem
a
cair.
Os
primeiros anticorpos
são
ativadores
do
complemento
e não
neutralizam
o
vírus;
anticorpos neutral
izantes
só aparecem mais
tarde
após
10
semanas).
Quanto
mais
precoce
for
a
ativação
de
células
auxiliares
vírus-específicas. mais eficaz
será
o controle da
viremia.
Como
já
comentado,
uma
respostaT
citotóxica
também
se
instala, sendo
grande o número
de células
Tc
(CD8+)
antivírus
nas fases
iniciais
da infecção
(25% das
células
T
CD8+
circu-
Célulos
com
virus no
LN
Anticorpos
fixadores
de
C'
14
21
28
90 120 150
DIAS APÓS
A
IN I
Fig.
9.19
Fase
aguda
da
infecção
pelo
HIV.
Comportamento
das
células
infectadas,
retençãodo
vírus
nos
linfonodos
(LN)e
resposta
imunitária
celular
(T
citotóxica)
e humoral
(dados
baseados
na
infecção
humana e na
infecção
com
o
vírus
da imunodeficiência de
macacos).
C'
=
complemento.
7/21/2019 Capítulo 9 - Noções de Imunopatologia (Robbins)
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NOÇÕES
DE IMUNOPATOLOGIA
269
lantes).
A
redução
progressiva
das
células T
CD4+
e T CD8
+
ao
longo
da
infecção tem mecanismos obscuros: há evidências
de
que
a vida
média
dessas células está reduzida; as células
T
CD4+
têm sua
vida média
reduzida pela
ação
do vírus
(aumento
da
apoptose),
e as células
T
CD8+,especialmente
as
vírus-espe-
cíficas,
passam
a
não
ter
o
estímulo auxiliar das
T
CD4+, o
que
leva
à
redução
dos
estímulos
ativadores
e
predomínio
de
estí¬
mulos
supressores
ou
mesmo
indutores de
apoptose.
A
infecção
pelo
HIV
evolui
em
uma fase
aguda,
com
viremia
controlada,
seguida
de uma fase latente, com viremia
muito
baixa;
nesta,
o
indivíduo
permanece
por
longo
tempo,
até
o
aparecimento
da s
manifestações
da
imunodeficiência. Como
o
HIV é
um vírus
que
se
incorpora ao genoma da célula hospe¬
deira
e nele permanece quiescente,há
necessidade
de
estimulação
celular
para
ocorrer
multiplicação
virai. Sc a
imunocstimulação
induzida
pelo
vírus não
é
suficiente
para
eliminá-lo,
ela
passa
a
ser
um dos
fatores
que explicam
a
progressão
da
doença
(é
incapaz de erradicar o vírus, mas suficiente
para
desencadear a
proliferação do
mesmo).
Na Fig. 9.20 são mostrados
os
efeitos
benéficos (quando a
estimulação
é
adequada,
devendo ocorrer
nos
indivíduos
progressores
lentos) emaléficos (se a
estimulação
é
inadequada).
No s
progressores
lentos,
observam-se
hiperplasia
dos
folículos
linfóides
menos
pronunciada,
menor
número
de
centros
germinativos,
resposta
citotóxica mais
vigorosa
e
títulos
mais
elevados
de anticorpos
neutralizantes, mostrando
que
a
resposta
imunitária induzida
pelo
vírus tem características
quan¬
titativamente diferentes nesse
grupo
de
pacientes.
mecanismos
da
imunodeficiência. Imunodeficiência é a carac¬
terística principal da
AIDS/SIDA.
Os
mecanismos
responsáveis
por ela, contudo, ainda não são
completamente
conhecidos.
Sabe-
se, no
entanto,
que
o
fator
mais
importante
é a
redução
do
número
DESVANTAGENS
7
VANTAGENS
Local
adequado
para instalação
e proBferação
do
vírus
Vírus no tecido
linfático
Indução
de
RI
Favorece a
replicação
do
vírus
Ativação imunitária
—
*
Produção
de
Ac
e
resposta
T
citotóxica
Mata
as células
apresentadoras
do
antígeno
Favorece
a
retenção do
vírus nas CFD
c
Ac ativadores
deC'
*
Resposta
T
citotóxica
Contribuí
para
eliminar o vinis
e células
com
o vírus
Induz
expressão
viral e
supressão
da
RI
Citocinas
Aumenta
a
resposta
protetora
Agiava
a
.
Apoptose
imunossupressão
Elimina células
ativadasecom
o vírus
Induz
anergia
ou
resposta
anti-MHC
Persistência do
Vírus
|gp
230)
Fig.
9.20
Vantagens
c
desvantagens
para
o
hospedeiro
da
localização
do HIV no
tecido linfático.
As
respostas
à direita (vantagens)
predominam
nos
indivíduos
com
progressão
lentada
doença;
as
respostas
à
esquerda (desvantagens)
sâo
acentuadas
nos
pacientes
com
doença
dc
progressão
rápida.
CFD
—
células
foliculares dendríticas; RI
=
reação
inflamatória;
Ac
—
anticorpo;
C'
=
complemento.
7/21/2019 Capítulo 9 - Noções de Imunopatologia (Robbins)
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270 PATOLOGIA
c da
capacidade
funcional dos
linfócitos
T
CD4+.
No
decorrer
da
infecção,
observa-se perda lenta e
progressiva
de linfócitos
T
CD4
+
,
além
do fato
de
os
fagócitos
e
outras células
apresen¬
tadoras
de
antfgenos
que expressam a
molécula CD4
também
poderem
estar
comprometidos.
Desorganização
e
depleção
do
tecido
linfático
induzidas pelo vírus
também
contribuem
para
a
deficiência imunitária.
Os mecanismos
responsáveis
pela
redução
das
células
T
CD4+
também não são totalmente claros.O vírus tem efeito
citopático,
matiuido as
células
seja
diretamente,
po r
inibir as sínteses celulares
ou
por
induzir
fusão
celular,
seja
indiretamente,
por estimulação
da
apoptosc
ou dc mecanismos efetores
da resposta
imunitária
anticorpos
citotóxicos,
ADCC,
células
T
citotóxicas).
Admitem
alguns que as
células
T
CD4+ mortas são
repostas
cegamente
por
células
T
CD4+
e
CD8+.
razão
pela qual
o número das últimas
aumenta;
no
entanto,
a
recuperação
dos linfócitos
T
CD4-I-
após
tratamento indica
que existe
algummecanismo seletivo (não-cego)
de
reposição
dessas células.A
recuperação
dos
linfócitos
T
CD4
4
logo após o
tratamento,
antes do aparecimento
de
variantes
resis¬
tentes do
vírus,
pode
também ser devida à
proliferação
de
células
circulantes
ou
por
sua
redistribuição
a
partir
do
tecido
linfático,
o
que
ainda não foi
esclarecido.
As células
T
CD4+
são funcionalmente
deficientes
porque
apresentam
defeitos
no reconhecimento
de
epitopos, têm
baixa
alorreatividade e produzemmenos
IL-2.Admite-se
que a gp4
do
envelope
virai
possa
ser a
responsável
pela indução
dessa baixa
reatividade dos
linfócitos
T
CD4+.
Os linfócitos
B,
ainda
que
raramente
infectados,
sofrem ativação policlonal
na fase
aguda
(identificada
pelos
altos
títulos
de imunoglobulinas
inespecf-
ficas),
mas reduzem
progressivamente
a síntese de
anticorpos
T-dependentes. devido
à
redução
da
cooperação
dos linfócitos
T.
Macrófagos
e
células dendríticas
de indivíduos
HIV
+
são
defeituosos na
apresentação
dc
antígenos
c sc
encontram muito
ativados durante a infecção.As células
NK
têm menor
capacidade
de
liberar
os
produtos dos
grânulos,
sendo
esse
defeito
funcional
apenas
parcialmente
restaurado
pela
adição de
ÍL-2.
Fenómenosauio-imunitários também
estão
presentes
durante
a
infecção pelo
HIV.
A
gpl20 possui
um a
região
semelhante
à
seqííência peptídica da
MHC
II ,
sendo
possivelmente responsável
pelos auio-antieorpos
anti-MHC
II
que podem
surgir na doença.
Tais auio-anticorpos podem
contribuir
para a redução do reco¬
nhecimento
de
epitopos pelos linfócitos
T
CD4
+
LESÕES TECIDIJAIS.
INFECÇÕES
ASSOCIADAS X
AIDS/SIDA. AntCS
do
estabelecimento da
imunodeficiência,
podem
ser encontradas
lesões
causadas
pela ação
direta
do
HIV,
especialmente
no
tecido
linfático.
Na
fase
inicial,
há
hiperplasia
folicular
c
aumento do
número
de
centros
germinativos,
seguida
de
uma
lenta
e
progres¬
siva
desorganização
da
arquitetura
dos
mesmos,
com
depleção
da
população
de linfócitos e células
acessórias;
desenvolve-se
progressivamente
hipotrofia
geral
do tecido linfático
(linfonodos.
baço e tecido
linfóide
associado
a
mucosas),de modo
que.
na
fase
de
imunodeficiência,
os linfonodos estão
hipotróficos
e
substi¬
tuídos por
tecido
fibroadiposo.
Como
a imunodeficiência é
inicialmente
do
tipo
celular,
as
primeiras
infecções
são
oportunistas,
produzidas por
microrga¬
nismos
in
trace
lulares
(
Pneumocystis
,
criptococos)
e
po r
fungos
exlracelulares
(Candida),ou
decorrentes
da
reativação
de infec¬
ções preexistentes
em estado
quiescente (toxoplasmose.
doença
dc
Chagas,
histoplasmose.
tuberculose).
As
principais infecções
associadas
à
AIDS/SIDA
estuo listadas
no
Quadro
9.6 e
possuem
as
características
de infecções
cm
estados
de
imunodeficiência:
Quadro
9-6
Principais infecções
c neoplasias associadas
à
AIDS/SIDA
Fungas
Protozoários
Bactérias
Neoplasias
Candida,
criptococos,
histoplasma.
Pneumocystis
T.
gondii.
Microsporidium, Cryptosporidium,
Isospora,
L. donovani,
T.
cruzj
M.
tuberculosis.
M.
avium,
salmonela
Sarcoma de
Kaposi,
linfoma
não-Hodgkin
grande
proliferação
e disseminação do
agente
infeccioso
e
escassa
reaçâo
inflamatória,
principalmente
quanto
aos fenó¬
menos inflamatórios
dependentes
de
macrófagos
(imunidade
celular).
As
lesões e
doenças
a s so c ia d as à
AIDS/SIDA
estão
descritas
no
Cap.
32.
Deficiências
nos
mecanismos
inatos
de
defesa
Embora
não
decorram primariamente
de
um distúrbio
no
sistema imunitário, os transtornos
nos
mecanismos inatos
ou
inespecíficos
de
defesa
serão
aqui
abordados
por
causa de sua
grande
importância
e devido às
inter-relações
entre esses meca¬
nismos
e a
resposta imunitária
adaptativa.
Deficiências no sistema
complemento
não
são
comuns,
mas
encontram-se
associadas a
aumento
dc
suscetibilidade
a
algumas infecções
e
ao
agravamento
de
doenças
por
imuno-
complexos
(uma
das
ações
importantes do complemento
é a
remoção
de
imunocomplcxos).
Deficiência
primária
dc Cl, C2
e
C4
assoeia-se frequentemente
ao
lúpus
eritematoso
sistémico,
mas
não existe
maior
risco de
infecções.
Deficiênciade C3, fator
D
e fator
B
(via
alternativa)
associa-se
a aumento de
suscetibi¬
lidade a
infecções
piogenieas
e
por
neissérias;
infecções
por
estas
últimas ocorrem também por
deficiência
de
C5 .
C8
e
C9.
Defeitos
nas
proteínas
reguladoras
DAF
e
CD59
(protectina)
levam
à
destruição
de
eritrócitos
na
hemoglobinuria paroxística
noturna.
Falta do
inibidor
do
Cl ativa o
Cl
com
clivagem
do
C2 e
liberação
de
C2a,
que
induz aumento da permeabilidade
vascular
no edema angioncurótico hereditário.
Defeitos na fagocitose se
devem
a:
(
1
)
redução
do
número
de fagócitos
(neutropenias, já
que
as monocitopenias são
muito
raras);
(2)
defeitos
na
quimiotaxia
ou
na adesividade
dos leucó¬
citos; (3)
transtornos
nos
mecanismos
microbicidas.
Nas agranuiocitoses,
a
redução
do
número
de PMN torna
o
indivíduo
suscetível
a
infecções
bacterianas;
o risco é iminente
quando o
número
de
neutrófilos circulantes é
inferior
a 1.000
células/mm\
Causa
frequente
de
agranulocytose são medica¬
mentos,
podendo
ocorrer
também após infecções
virais
(p.
ex.,
hepatite
B),
irradiação
etc.
Existem
leucopenias
constitucionais
ou
congénitas.
Uma
forma
de
neutropenia
cíclica
congénita
caracteriza-se
po r
perí¬
odos
de
neutropenia grave que duram
dois
a
quatro
dias.
com
intervalomédio
de 21
dias
(entre 14
e 34
dias).
Muitos
pacientes
apresentam
um a
forma
assintomática,
mas
outros
(cerca
de
10%)
podem
ter
infecções
no período
neutropênico.
A medula
óssea
mostra falta
de
maturação
mielóide nos
períodos
de
neutropenia
e hiperplasiamileóide
na
fase
de
recuperação.
As infecções
mais
frequentemente
associadas são
gengivite,
cstomatites
(úlceras
aftosas)
e
celulites.
Foi
detectada
uma
mutação
no gene
FLA2.
que codifica
a clastase do neutrófilo.
A
mutação
torna a
elastasc
insensível
aos inibidores.
Uma
neutropenia congénita
grave
(menos de
500
neutró¬
filos/mm3)
caracteriza-se
por
neutropenia
intensa
e
infecções
7/21/2019 Capítulo 9 - Noções de Imunopatologia (Robbins)
http://slidepdf.com/reader/full/capitulo-9-nocoes-de-imunopatologia-robbins 35/38
NOÇÕES
DE
IMUNOPATOLOGIA
271
recorrentes,
iniciadas no
primeiro
ano
de v ida. O número de
monócitose de
eosinófilos
circulantes
geralmente
éaumentado.
A
doença
responde
bem ao
tratamento
com
CSF
recombinante.
o
que
tem
diminuído
a
mortalidade. Não
se
conhece
o
defeito
gênico responsável pela doença.
A síndrome de
Shwachman-Dianiond
(insuficiência
do
pâncreas exócrino,
anomalias esqueléticas e
disfunção
da
medula
óssea)
é
rara
e
acompanha-se
de
neutropenia
cíclica
cm
todos
os casos.
É
frequente
a
ocorrência
de
aplasia
medular.
mielodisplasia
e
leucemia. O defeito
genético associado
é
desconhecido.
Deficiência
adquirida
na
aderência
de leucócitos
é
encon¬
trada
na
corticoterapia c
após injeção
de
adrenalina;
suspeita-se
que
o etanol
também
reduz a aderência,
mas
faltam
evidências
de
sua ocorrência
in
viva.
Aumento
de
adesividade
ocorre na
síndrome
de inflamação
sistémica
(choque
séptico)
devido ao
aumento
na liberação
dc
citocinas ativadoras
do
endotélio
(ÍL-
1
e
TNFa)
e
após hemodiálise
(liberação
de C5a,
que
induz
agregação
leucocitária
especialmente
nos
pulmões,produzindo
inclusive
granulocytopenia periférica).
Deficiência
genética
na
síntese
de
integrinas
tem
sido
rela¬
tada.
Embora
em
número
normal,
os
leucócitos
têm
dificuldade
dc se
aderir à
parede
vascular e
de sair dos
vasos
devido
à
defi¬
ciência
sobretudo
da subunidade
p-2 do
CD18
(deficiência
de
adesão leucocitária tipo
1)
ou
da fucosilação das
glicoproteínax
do
glicocálicc
(deficiência
dc adesão
do
tipo lí.
com defeito na
formação
dos resíduos
Sialil-Levvis.
que
se ligam
a
seleelinas),
de modo
que
seus
portadores
sofrem
infecções
bacterianas de
difícil
tratamento.
História de demora
na
queda do coto umbi¬
lical.
periodontite
(com
perda
prccocc
dc
denies)
c
infecções
recorrentes
em outros
sítios
são elementos
para suspeita
de
defeito na
adesão
leucocitária.
Defeitos
congénitos nos
processos
de
sinalização
intrace¬
lular
nos
fagócitos podem
prejudicar
asua
função.
Defeitos nos
receptores para
IFN-y e
1L-12
tornam
os
indivíduos
suscetíveis
a
infecções com micobacterias
atípicas,
os
quais
desenvolvera
inclusive formas
graves
de
infecção
com
o BCG.
Anormalidades
adquiridas
na
quimiotaxia
dc leucócitos são
encontradas
no diabete
melito.
na
uremia,
na
cirrose
hepática
descompensada e
nos
queimados
graves. Ainda
que
não
total¬
mente
conhecidos,
os
mecanismos
patogenéticos parecem
se
relacionar a
alterações
no
citoesquelcto
dos
fagócitos.
Defeitos na
explosão respiratória
ocorrem
na
doença
granu-
lomatosa
crónica,
na
doença
de Chédiak-Higashi
e
da defici¬
ência
de
mieloperoxidase.
Na
doença
granulomatosa
crónica.
o defeito mais comum é uma
mutação
em
um
gene
situado
no
cromossomo
X que
codifica
a subunidade
gp91
da
oxidase
de membrana do s
PMN.
Os
pacientes
apresentam
infecções
repetidas,
com
formação
de acúmulos de
macròfagos
e
PMN
nas
lesões,
daí resultando o
nome
de
doença
granulomatosa.
Na
doença
de Chédiak-Higashi, um
defeito
nos lisossomos
impede
que
os mesmos
se
fundam com
os
fagossomos
(os
PMN
apresentam
lisossomos
grandes
e irregulares).
A doença
é
transmitida
por herança
autossômica dominante.
A defici¬
ência de
mieloperoxidase
é
o
defeito hereditário
mais
comum
dc
neutrófilos c monócitos
(ocorre
em
1:2.000
indivíduos,
com
herança
autossômica
recessiva),
os
quais
não utilizam a
H202
para
matar
microrganismos.
Como a deficiência
de
mielope¬
roxidase é
compensada
pelos
demais mecanismos microbi¬
cidal e
pelo
fato de
muitas
bactérias
produzirem
essa
enzima.
os portadores
do defeito
geralmente
não
apresentam
manifes¬
tações
de
infecções
repetidas, como
acontece
com
as demais
condições
descritas. Umadeficiência de
grânulos
específicos
dos neutrófilos
tem sido descrita e
se
acompanha dc
infec¬
ções
por S.
aureus
e
S.
epidermidis,
especialmente na pele
e
pulmões. O defeito
genético
parece
estar no
gene
que
codifica
um
fator de transcrição da
família
das proteínas
zíper
regu¬
ladoras
do DNA.
REJEIÇÃO
DE
TRANSPLANTE
A
resposta
imunitária aos
enxertos,
que
culmina com sua
rejeição,
constitui
o
principal
obstáculo
enfrentado
no
trans¬
plante
dc
órgãos
e
tecidos.
Dependendo
do
tipo
de
enxerto,
o
receptor
monta
uma
resposta
imunitária humoral
e/ou
celular
contra
antígenos
do
doador:
(a)
nas transfusões
sanguíneas,
o
organismo produz uma
resposta
humoral
contra
antígenos
da
superfície
dos eritrócitos
(e também
de leucócitos);
os
anti¬
corpos formados promovem lise
e
fagocitose
acelerada
dessas
células; (b) nos
transplantes
de tecidos com
células
nucleadas,
a
resposta
celular
é
mais
vigorosa
e muito
importante
nos meca¬
nismos
de
rejeição.
Estudos
experimentais de transplante de
pele
em camun¬
dongos isogêiúcos
ou
alogênicos
são
muito
úteis
para
se
compre¬
ender o fenómeno da rejeição.
Quando
a
pele
de
um
camundongo
de
linhagem
A
é
transplantada para
um
camundongo
de
linhagem
B,
o enxerto
pega
nos
primeiros
dias.
havendo neoformação
de
vasos
que
sc conectam aos
vasos
do
receptor,
restabelecendo
a circulação na
pele
transplantada; a partir
do
sexto
dia.
a pele
enxertada
apresenta-se
hiperemiada, infiltradana
zona
de
sutura
com
células mononucleadas
e
com
trombos
múltiplos
nos
vasos.
o
que
resulta
em isquemia do transplante c em sua
eliminação
1 1
a
1
5 dias após
a
implantação.
Se
o mesmo
animal
A
recebe
novamente
a
pele
de B
30
dias após ter
rejeitado
o primeiro trans¬
plante.
a
rejeição
é feita
rapidamente:
os
fenómenos
inflamatórios
nazona
de
sutura
c
a
trombose
aparecem
a partir
do
terceiro
dia.
c,
ao
fim
dc cinco
a oito
dias.
a
rejeição
se
completa. Portanto.
a
rejeição
secundária é
rápida
e
vigorosa,
indicando
a
preexis¬
tência
de células
T
o
B
sensibilizadas que reconhecem
o
enxerto
e o
eliminam.
Se.
agora, o mesmo animal
A
recebe pele
de um
camundongo
de
linhagem
C.
o transplante é
rejeitado
em
12
a
15
dias.
como na
resposta
de
rejeição
primária,
demonstrando que
a
resposta
ao
transplante
tem
a
especificidade
da
reação
imunitária.
A
evidência de
que
os
mecanismos celulares (T-dependenics)
são
os mais importantes na
rejeição
foi
dada
por
experimentos
com
transferência
de células e soro: a
transferência
de
linfócitos
de
animal
A
que
havia
rejeitado transplante
de
B
para
outro
animal
A,
isogênico.
faz
com
que
o
receptor
dessas
células rejeite um
transplante
de
B
com a mesma
rapidez
da
rejeição
secundária,
indicando
que
as
células
transferidas
já
sensibilizadas comandam
o
processo
da
rejeição;
já
a
transferência
de
soro pouco
ou, na
maioria das
vezes,
nada
altera a rejeição. Transplante
de
pele
alogêniea
para
camundongos
atímicos
(camundongos
atríquicos
da
linhagem
nu/nu.
de nude
mice)
ou
para
camundongos
timecto-
mizados
logo
após
o nascimentoc bem
tolerado;
a
aplicação
de
soro
antilinfócitosT CD4t
antes
do
transplante
também
impede
a
rejeição.
Transplante
de
órgãos
para
receptores
compatíveis
com
o
duadur ele acordo com
o
MilC
c a
melhor
forma
encontrada
puru
contornar
parcialmente
a
rejeição. De fato. transplantes
entre
indivíduos
geneticamente
idênticos
(transplantes
isogcnicos)
pegam,
pois
doador c
receptor
possuem
MHC
idênticos:
quando
não
existe
semelhança
de
MHC.
ou
seja,
quando
o
doador
é
7/21/2019 Capítulo 9 - Noções de Imunopatologia (Robbins)
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272
PATOLOGIA
geneticamente
diferente do
receptor
(transplante
alogenico). há
rejeição,
o
mesmoocorrendo com
transplantes
entre indivíduos
de espécies diferentes
(transplantes
xenogênicos).
Em
humanos,
o
polimorfismo
do
MHC
é
muito
grande, sendo
difícil
identi¬
ficar
com
segurança
a
histocompatibilidade
de
um
indivíduo.
Como as
sequências
MHC estão em locos muito
próximos,
com
pouca possibilidade de recombinação,
o
indivíduo
herda
dos
pais
o
conjunto
ou
haplotipo
de
genes,
razão
pela
qual
é
mais
fácil
encontrar pessoas
histocompatíveis
entre irmãos
(há
25%
de
chances
de
dois
irmãos herdarem o mesmo haplotipo) do
que
entre indivíduos não-relacionados.No
entanto,
dadaa
possibili¬
dade de
imprecisão
na
tipagem
da
histocompatibilidade,
trans¬
plantes
feitos
entre
indivíduos considerados
histocompatíveis
podem
ser
rejeitados
porque
diferenças
entre MHC nem
sempre
são
identificadas.
Enxerto com MHC idêntico
ao
do
receptor
pode
se r
rejei¬
tado
por
causa de
antfgenos secundários
de
histocompatibi¬
lidade,
que.
embora menos
potentes,
podem
levar
a
rejeição.
Os
antígenos secundários
de
histocompatibilidade
(mHag,
de
minor
Histompatibility
antigens
)
são proteínas intracelulares
polimórficas,
processadas
e
apresentadas
junto
com
o
MHC
I
das
células do
enxerto.
São.
portanto,
reconhecidos
por
células
T CD8+
(T citotóxicas),
embora em menor frequência
esses
antígenos
possam ser
também
apresentados junto ao MHC 11 ,
ativando
linfócitos
T
CD4+. Um
grupo
importante
desses
antígenos
é
codificado por
genes existentes no
cromossomo
Y
(denominados
antígenos
H-Y),
portanto
não-expressos
em
mulheres e
responsáveis
po r
rejeição
quando doador e
receptor
são
compatíveis
quanto
ao
MHC
mas
são
de
sexos
diferentes.
Observações
recentes demonstram
que
mHag
não-ligados
ao
sexo (TIA-1, HA-2... HAA-5) têm
distribuição diferente nos
tecidos: todos
os
HA
estão presentes na s células
hematopoé-
licas,
mas
no
rim
só se
demonstrou
a
presença
de HA-3.
Por
todas essas
razões,
fica claro
po r
que,
em
praticamente lodos
os
transplantes,
é
preciso
empregar
medicamentos imunossu-
pressorcs
ou
utilizar
recursos para induzir tolerância
no sentido
de evitar
rejeição.
Anticorpos
dirigidos a
epitopos
do
endotélio
do enxerto são
responsáveis
pelos
fenómenos de
rejeição hiperaguda,especial¬
mente nos
transplantes
cm
que os
vasos
do
órgão
transplantado
são
conectados aos
vasos
do
receptor.
Tais anticorpos
podem
existir
previamente
no
receptor,
podendo
sua presença ser
detec¬
tada
por
reação
cruzada entre
plasma
do
receptor
e leucócitos
do
doador:
se
existem
anticorpos
antileucocicários, o
transplante
é
contra-indicado.
SENSIBILIZAÇÃO
DO
RECEPTOR COM
ANTÍGENOS
DO
DOADOR
Pode-se
fazer
de duas
maneiras:
(
1)
alorreconhecimento
dircto. Células
T
do
receptor
reconhecem MHC do
doador
cm
células apresentadoras de
antígeno
(CA
A)
existentes no
enxerto
(doador);
(2)
alorreconhecimento
indireto.
Células
T
do
receptor
reconhecem epitopos associados
ao
MHC do doador e outros
epitopos
apresentados pelas
células
apresentadoras
do
receptor.
No primeiro
caso,
as
CAA do enxerto
fazem
a apresentação
no
próprio
enxerto
ou nos
linfonodos
regionais
ou
distantes.
para
onde migram.
A
apresentação direia
é
importante
porque
os
receptores
das
célulasT
CD4+
podem
reconhecer os
mHag
se
o enxerto é compatível
quanto
ao
MHC,
ou fazem o
alorre¬
conhecimento se
o
enxerto é
incompatível.
O
reconhecimento
indireto
tem
papel
importante
especialmente
na
rejeição
crónica,
porque
asCAA
do
receptor
migram
para
o enxerto
e
substituem
as CAA do
doador;
esse
processo parece
também
importante
para a
rejeição
mediada
po r anticorpos.
Células
imunocompetentcs
do
enxerto migram
para
o
recepior,
e
vice-versa.
Receptores
de
transplantes
renais
nega¬
tivos
à
reação pela tuberculina
que
recebem
órgão
de
doador
tubcrculina-positivo tornam-se luberculina-positivos
após
a
pega
do
enxerto,
o
que
indica
migração
de
células
sensibili¬
zadas do enxerto
para
os
órgãos
linfáticos
e
pele
do
hospedeiro;
por
outro
lado,
é interessanteobservar
que receptores
de
rins
de
doadores luberculina-positivos
que se mantêm
negativos
rejeitam
os enxertos. Esse
quimerismo
sistémico
(do
receptor)
persiste
por
muito
tempo:
em mulheres
qu e
receberam
rins dc homens,
foram
encontrados
linfócitos com
cromossomo
Y
no
tecido linfá¬
tico
das
receptoras
até 29 anos depois do
transplante.
Em
todos
esses
casos,
as
células
imunocompetentcs
do
enxerto
tinham
sido
substituídas
pelas
do
receptor
(eram
XX).
Tal
observação
indica
que
a
passagem
de células
imunocompetentcs
de
fato ocorre
entre
enxerto e
hospedeiro
e
que
essa
troca
de células
parece
estar relacionada
à não-rejeição.
Observações
semelhantes
têm
sido
feitas
em
transplantes
de
fígado
em
que
o
receptor
femi¬
nino
recebe
o
órgão
de
um
homem:
após
cerca de 100
dias,
todo
o
sistema
macrofágico
do fígado enxertado
apresenta
cariótipo
feminino,
portanto
do
receptor.
A
quimerização
dos
enxertos e
do
receptor
é
hoje
admitida
como
um
fenómeno
geral
a
todos
os transplantes e deve
ser importante
na
regulação
do
processo
dc
rejeição.
Algumas
poucas observações
de
transplantes
de
fígado
para
tratamento
dc doenças metabólicas têm mostrado que.
em
crianças com
glicogenose
do tipo
IV.
o
acúmulo de
glicogênio
cardíaco concomitante
desapareceu
após
transplante,
tendo sido
encontrados linfócitos do doador
no
coração, os
quais seriam
as
possíveis
fontes
da
enzima
que corrigiu
o defeito
metabólico
nesse órgão. A possibilidade
dc utilizar
transplante
de
células
hematopoéticas
para
tratamento
de
doenças
metabólicas
de
armazenamento
tem
sido
considerada
pelos
estudiosos,
com
base
nesse
fenómeno de
quimerização
sistémica
do
receptor.
É
possível também
que o
efeito do
transplante
de
fígado
melho¬
rando
a
glicogenose
cardíaca seja
devido
a
células-tronco do
doador que
migraram
para
o
coração
e começaram a originar
cardiócitos sem o
defeito
metabólico.
Entre as
células do sistema imunitário que
migram
do
enxerto
para
o
hospedeiro
e
interferem na
tolerância,
as
dendrí-
ticas
parecem
ser
as
mais
importantes.
Células dcndríticas
imaturas
são excelentes indutoras de
tolerância,
pois
migram
do
enxerto para os
órgãos
linfóides
do
receptor
e
apresentam
os antígenos do doador
de
modo
a
induzir tolerância.
Portanto,
haveria
uma
reeducação
do sistema
imunitário
do
receptor
para
melhor
aceitação
do enxerto.Os mecanismos desse
fenó¬
meno não
são
conhecidos,
podendo
tratar-se de
supressão.
anergia
ou delcção clonal. Postula-se
que
células
dendriticas
do
doador
apresentariam epitopos às
células T do
receptor
e
produziriam
uni veto
(inibição)
irreversível
na
alivação das
células
T
citotóxicas
(tais
células são chamadas de veto cells
—
células
veladoras).
MECANISMOS
EFETORES
DA
REJEIÇÃO
A
rejeição
de
um
transplante
depende
de mecanismos
parti¬
culares
em diferentes
tipos
dc enxerto,embora
se
considere
que
os
tipos
dc lesão
sejam
basicamente
os
mesmos: lesões vasculares
e
lesões
parenqui
matosas,
com
necrose
celular
e
infiltrado
linfo-
7/21/2019 Capítulo 9 - Noções de Imunopatologia (Robbins)
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NOÇÕES
DE
IMUNOPATOLOGIA
273
macrofágico.
A
nomenclatura dos
diferentes
tipos de
rejeição
ainda não é consenso
entre
os
autores,
mas
geralmente
o critério
histopatológico (rejeição
vascular ou celular)
associado
ao
tempo
da
ocorrência do episódio
de
rejeição (agudo
ou
crónico)
tem
sido usado
pela
maioria. Como
os
transplantes
renais são reali¬
zados
com
grande
frequência, é
com eles
que
se tem maior expe¬
riência;
a rejeição
pode
ser
hiperaguda,
aguda
precoce,
aguda
tardia ou crónica.
Rejeição
hiperaguda
ocorre
logo após
a
implantação
do
órgão
e
se
deve
à
existência de
anticorpos
IgM
(chamados
anti¬
corpos
naturais)
contra
antígenos
do
doador pré- formados
no
receptor.
Caracteriza-se
pelo aparecimento rápido
de trombose
vascular
devida á
aglutinação
de
eritrócitos
e plaquetas, além
de
anticorpos que
reagem
com
componentes
das
células
endo-
teliais
e
ativam
o sistema
complemento,
induzindo o
endotélio
a
secretar
o fator von
Willebrand,
o qual promove
adesão
maciça
de
plaquetas
no local.
Na
rejeição aguda
precoce ou
rejeição
aguda
celular.
que
ocorre
dentro
dos
primeiros
10
dias após o transplante,
há
infiltração maciça
de
células
mononuclcares
no
enxerto, com
participação
de células
T
CD4+
(T
inflamatórias),
macrófagos
c células T
CD8+ (cito
tóxicas).
Há
lesões
parenquimatosas,
com
degeneração
e necrose das
células.
Trombose também é
encontrada,
embora
em
menor
intensidade
do que
na
rejeição
hiperaguda.
A
rejeição
aguda tardia ou rejeição aguda
vascular,
que
se
manifesta 10 ou mais dias
após
o
transplante,
é
mediada
por
aloanticorpos
da
classe
IgG
que
reconhecem
epitopos
nas células
endoteliais,
ativam
o complemento e iniciam um processo de
vasculite que pode
evoluir com
agregação plaquctária
e
formação
de
pequenos
trombos
hialinos.Há
ainda
infiltrado
linfomacrofá-
gico
na
parede
vascular,
podendo
as
células
T
citotóxicascontri¬
buir
para
a
lesão
cndotelial.
Exsudução
de células
mononuelcadas
no
interstício
renal
é discreta.
A
rejeição
crónica
é
insidiosa
e
se relaciona
com depósitos
de
anticorpos
c
complemento
na íntimados
vasos,
acompanhados
dc proliferação
dc células musculares
lisas
(miofibroblastos)
e
depósitos
de matriz
extracelular
na íntima,
levando
a um
progres¬
sivo estreitamento da luz da s
pequenas
artérias
e
arteríolas
e,
às
vezes,
também
dc
pequenas
veias.
Proliferação
de
músculo
liso
com
grande produção
de
matriz extracelular parece
uma
resposta
às células
T
ativadas
pelos
aloantígenos.com
liberação
de
citocinas
que ativam
macrófagos.
os
quais liberam
faiores
dc crescimento
para
células
musculares
lisas
(PDGF,
FGF e
outros).
Algumas
vezes,
a
rejeição crónica
se caracteriza
por
fibrose progressiva,
aumento da
matriz
extracelular
no
estroma
do
órgão
c hipoirofia
progressiva
do
parènquima.
É
possível
qu e
tal fibrose
progressiva
resultede agressão
persistente
po r
células
T
inflamatórias
e
produção
de
grande quantidade
de citocinas
fibrosantes.
razão
pela
qual
o
processo
evolui
insidiosamente,
sem
manifestações
de dano
agudo.
REAÇÃO
ENXERTOCONTRA O HOSPEDEIRO
Reação
enxerto
contra
o hospedeiro ou GVHD
(de
Graft
Versus Host
Disease)
surge
quando
o
tecido
transplantado
é
imunocompctente.
É
o
que
acontece nos
transplantes
de
medula
óssea,
em
que
as
células
do
enxerto
são
ativadas
pelos
antí¬
genos
do
receptor
e
montam
respostas
efetuadoras contra
os
tecidos
deste.
A
GVHD
aguda,
que
ocorre até 100
dias
após
o
transplante
de medula
óssea,
manifesta-se
com
lesões
cutâneas,
hepáticas
e gastrintestinais,
podendo,
no
entanto,
ser
encontradas
lesões menos intensas em
qualquer
outro
órgão.
Há
necrose
das
células
epiteliais
da
epiderme,
do
revestimento
e
glândulas
gastrintestinais
e do epitélio biliar,
com
escasso
infiltrado linfo-
citário. Essa
reação
é iniciada
por
células
T
maduras
existentes
no
enxerto,
admitindo-sc como
importante
a
participação
das
células
NK,
que.
ativadas no local
pela
IL-2
produzida
po r linfó-
citos
do
doador,
teriam
sua
citoloxicidadc
não
bloqueada
pelas
MHC
das
células
hospedeiras
(atuariam
como
células citotó¬
xicas
ativadas
por
linfocinas
—
LAK.
de
Lymphokine
Activated
Killer).
A
GVHD
crónica
compromete
mais
frequentemente
a
pele e o fígado,
tem curso mais insidioso
e
apresenta
melhor
resposta
terapêutica.
Caracteriza-se
por
fibrose
e
hipertrofia
da
pele,
da
mucosa
gastrintestinal
e das vias
biliares,
com
ou sem
necrose
epilelial.
Transplantados
de
medula
óssea
são
submetidos, antes
do
transplante, a tratamento para ablação
de todo
o
sistema
imuni¬
tário. por meiode
irradiação
total do corpo.
Após
o
transplante,
muitos
pacientes
apresentam
um estado
de
imunodeficiência
persistente,
tornando-se
suscetíveis a infecções virais, sobre¬
tudo
pelo citomegalo
vírus ou vírus
Epstein-Barr,
inclusive corn
aumento
de
risco
para
lin
fomas
de
células
B.
Não
se
tem uma
explicação
precisa
para essa
imunodepressão.
Para
alguns,
deve-
se
ao fato dc
os
órgãos
linfáticos
centrais,
que
sofreram
ação
da radioterapia,
não
conseguirem recuperar
todos
os c lones de
linfócitos
necessários
para
uma
resposta
normal;
para
outros,
a ablação do sistema imunitário
antes
do transplante possibi¬
lita
o
desenvolvimento de células supressoras
que impedem
a
montagem
de uma
resposta
imunitária
normal; estas
seriam
células supressoras naturais que,
segundo alguns,
pertencem
à
linhagem
da s células
NK
ou são
linfócitos
T
CD4+ CD25
+
.
Há
ainda
os
que
admitem
que
os
estímulos
aloantigênicos
indu¬
zidos
pelo
enxerto
impedem
o desenvolvimento de
um
reper¬
tório normal
dc
respostas,
admitindo
ser essa
imunodeficiência
uma
das manifestações da
GVHD,
mesmo
que
esta
não
tenha
se manifestado
nas
suas
formas clássicas.
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(quimiocinas): volume 17 8
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179 (mastócitos);
volume
1
80
(complemento);
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(células NK);
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(ativação
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