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CAPITULO DE BARRAGENS
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7/21/2019 CapituloBarragens_FaiçalMassad
http://slidepdf.com/reader/full/capitulobarragensfaicalmassad 1/19
BARRAGENS DE TERRA E
ENROCAMENTO
7 1
Introdufao
volufao
Historica
As barragens de terra sao constru<;oes de longa data. Um dos registros
mais antigos
eo
de uma barragem de 12 m de altura, construida no Egito, hi
aproximadamente 6.800 anos, e que rompeu por transbordamento.
Esta
e
outras informa<;:oes, contidas
na
Tabela 7.1, encontram-se no livro de
Thomas
(1976).
As barragens de terra eram homogeneas , com material transportado
manualme.nte. e c.ompac.t2.c1o
por
pisoteamento,
por
animais
ou
homens. A
barragem do Guarapiranga foi construida pelos ingleses, no inicio do seculo
XX, proximo
a
cidade de Sao Paulo, usando a tecnica de aterro
hiddulico
a
uma certa cota, complementada ate a crista com solo compactado por
carneiros; existe
um documento
que cita, literalmente, a contrata<;:ao da
carneirada . Em 1820 consta que Telford introduziu usa de nucleos de
argila para garantir a estanqueidade das barragens. 0
usa
de enrocamento na
constru<;:ao de barragens iniciou-se, provavelmente,
com
os mineiros da
California, na decada de 1850, pois havia carencia de material terroso.
Os
blocos de rocha eram simplesmente empilhados, sem nenhuma compacta<;:ao.
Em
consequencia, muitas barragens sofreram recalques bruscos quando
do
primeiro enchimento, pois, diante da satura<;:ao, ocorria
um
amolecimento
da rocha nos pontos de contato entre pedras, donde a quebra das pontas e
os recalques. Hoje, os aterros de enrocamento sao construidos
com
rolos
compactadores vibratorios, obtendo-se um entrosamento maior entre pedras.
A compacta<;:ao mecanica so foi introduzida de meados do seculo XIX
para inicio do seculo XX, portanto, muito antes da Mecanica dos Solos se
estabelecer
em
bases cientificas.
Modernamente, constroem-se barragens de terra e terra-enrocamento
dos mais diversos
tipos,
incluindo-se,
entre
elas: a as Barragens com
Membranas, que sao colocadas na face de montante de enrocamentos,
7/21/2019 CapituloBarragens_FaiçalMassad
http://slidepdf.com/reader/full/capitulobarragensfaicalmassad 2/19
Obras de Terra
funcionando como septos impermeaveis, e
podem
ser de madeira, de a<;o, de
material betuminoso
ou
simplesmente de concreto; e
b) as
Barragens
em
Terra Armada, como a de Vallon des Bimes, na
Fran<;a.
36
Tabela 7.1 - Alguns dados hist6ricos
no
Registro
u
Ocorrencia
Local
Barragem de Sadd-EI-Katara
Altura: 12 m
4800 a.C. Egito
Destrufda por transbordamento
Barragem de terra no Ceilao
Altura: 12 a 27m
500 a.C. Ceilao
13.000.000 m
3
de material
Norte da Italia
100 a.C. Barragens romanas em arcos
Sui da Franga
Barragem Madduk-Masur
1200 d.C.
Altura: 90 m
india
Destruida por transbordamento
Barragem de Estrecho de Rientes
Altura: 46 m
1789
Espanha
Destruida logo apes 0 primeiro enchimento
Telford introduz 0 usa de nucleos argilosos
1820 Inglaterra
em barragens de terra e enrocamento
Barragem de Fort Peck
Fim do
Altura: 76 m
Seculo XIX
EUA
Volume de material: 100.000.000 m
3
ExperiEmcias de Darcy
1856 Franga
Velocidade de percolagao da agua
Patente do primeiro rolo
1859
Inglaterra
compactador a vapor
Surge
0
primeiro rolo compactador
1904
EUA
tipo pe-de-carneiro
A Mecanica dos Solos consolida-se
1930-40
EUA
como
ci mcia
aplicada
Rolos compactadores vibraterios
EUA
Barragem de Nurek (URSS): 312 m
URSS
Hoje
Barragens com membranas
Brasil
Barragens em terra armada
e outros
Segundo Vargas (1977),
as
primeiras barragens de terra brasileiras
foram construidas no Nordeste, no inicio
do
seculo XX, dehtro
do
plano de
obras de combate
a
seca, e foram projetadas em bases empiricas. A barragem
de Curema, erguida na Paraiba em 1938, contava com os novos conhecimentos
da Mecanica dos Solos. Somente em 1947, com a barragem do Vigario, atual
barragem Terzaghi, localizada no
Estado
do Rio de Janeiro, e que se inaugurc_
o usa da
moderna
tecnica de projeto e constru<;ao de barragens de terra no
]jtas·ll. 1 0·1 tam'bem um marco,
em outro
sentlao, po lS, pela pilme·lra
Terzaghi empregou 0 flltro vertical ou chamine como elemento de drenagem
interna de barragens de terra. Hoje, existem centenas de barragens de terra e
7/21/2019 CapituloBarragens_FaiçalMassad
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terra-enrocamento
em
opera<;ao no Pais, inclusive de enrocamento com face
de concreto,
como
a barragem de Foz do Areia (PR),
com
156 m de altura, a
maioria de1as projetada e construida por brasileiros.
De acordo
com
Mello (1975), uma barragem deve ser vista
como
uma
unidade
ou urn todo organico
no
e s p a ~ o
compreendendo:
a
a bacia da
represa; b os terrenos de funda<;ao, que sao como um prolongamento da
barragem
em
subsuperficie;
c
as estruturas anexas
ou
auxiliares (vertedouros,
descarregadores de fundo, tomadas d agua, galerias, tuneis, casas de for<;a,
etc.); d os instrumentos de ausculta<;ao (piez6metros, medidores de recalques,
etc.), importantes para a observa<;ao do comportamento da obra, e
e
as
instala<;oes de comunica<;ao e manuten<;ao. Existe tambem um outro to do
no tempo
ou
nas atividades que, apesar de subsequentes
no
tempo, devem
ser encaradas
como
inseparaveis ou,
no
minimo, interdependentes: projeto;
a constru<;ao; primeiro enchimento, que e primeiro teste severo a que se
submete uma barragem; e as vistorias peri6dicas da barragem
em
opera<;ao,
para garantir a sua seguran<;a
em
longo prazo.
7 2
Tipos dsicos de arragens
Entende-se por barragem de grande porte qualquer barragem
com
altura
superior a 15 m,
ou com
alturas entre 10 e 15 m e que satisfa<;a uma das
seguintes condi<;oes:
a
comprimento de crista igual ou superior a 500 m;
b reservat6rio
com
volume total superior a 1.000.000 m
3
;
c
vertedouro
com
capacidade superior a 2.000 m
3
/
s;
d barragem
com
condi<;oes dificeis de funda<;oes;
ou
e barragem
com
projeto nao convencional.
A
~ g u Y t
serIlO
escrltos
os varios tipos de barragens
em
usa,
com
a
inclusao das barragens de concreto, cujo interesse,
em
nosso curso, reside
nas suas funda<;oes, problema eminentemente geotecnico.
7.2.1 Barragem de concreto gravidade (concreto
massa
Como
0 pr6prio
nome
sugere, este tipo de barragem funciona
em
fun<;ao
do
seu peso. Em geral,
requer
f u n d a ~ e s em
rocha,
por questoes de
capacidade de suporte
do
terreno. A Figura 7.1a da uma ideia das dimensoes
da base. Alem
do
empuxo
hidrosdtico
da agua
H
,
intervem a resultante
das subpressoes U), que atua na base da barragem, tendendo a instabiliza
la, pois reduz efeito
do
peso pr6prio P), que e, em ultima insdncia, a for<;a
estabilizadora (ver Figura 7.1b).
Capitulo 7
arragens de Terra
e
nrocamento
37
7/21/2019 CapituloBarragens_FaiçalMassad
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NA
Obras de Terra
A
v e r i f i ~ o
da
estabilidade e feita com a
a)
aplica<;ao dos principios da
estatica,
sob
dois aspectos:
estabilidade quanto
ao
38
p
H
deslizamento, em que se
compara
a for<;a
H
com
a
for<;a de cisalhamento T e a
estabilidade quanto ao
tombamento. Outra exigencia
T
-. '-.// que se costuma fazer e que a
resultante das for<;as atuantes
1
caia
no
ter<;o medio da base,
_ _ 1
0 7
a
0 8 H
visto
no
Capitulo 4. Para propiciar economia de concreto, procura-se
minimizar ao maximo essas subpressoes,
com
tecnicas que serio abordadas
no
Capitulo 8
7.2.2 Barragem de concreto estrutural com
contrafortes
Essas barragens de
concreto
estrutural sao constituidas de lajes ou
ab6badas multiplas Figura 7.2) inclinadas, apoiadas em contrafortes. Em
compara<;ao com
0
tipo anterior, requerem menor volume de concreto mas,
em compensa<;ao, exigem mais forma e arma<;ao
FiGUR
7 2
arragem e
concreto estrutural
com contrafortes
b)
FiGUR
7.1
Barragem de
concreto gravidade
u
para
evitar
tra<;ao no pe
de
mont
ante da barragem.
As subpressoes na base
ocorrem em consequencia da
percola<;ao de agua pelo maci<;o
rochoso de funda<;ao que, via
de regra, apresenta-se fraturado
ou fissurado, co n
forme
foi
7/21/2019 CapituloBarragens_FaiçalMassad
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A estabilidade quanto ao deslizamento e favorecida pela
inclina<;:ao
da
resultante do empuxo hidrostatico, isto e existe urn
efeito
benefico do peso
da agua,
que
se
adiciona
ao
peso
proprio da
barragem, garantindo
a
estabilidade.
Este tipo de
obra
requer cuidados com as funda<;:6es pois a sua base,
em
contato
com
0 maci<;:o rochoso,
e
relativamente pequena, havendo,
em
contrapartida, vantagens quanto as subpress6es.
7.2.3 Barragem de concreto em arco de dupla
curvatura
A Figura 7.3 ilustra,
em
perspectiva, esse tipo de barragem,
com
a
indica<;:ao de dimens6es para urn caso real. A sua forma, com dupla curvatura
( casca ), faz
com
que
0
concreto trabalhe
em
compressao. Note-se que so
e
possivel construi-la engastada
em
vales
fechados,
em que
a rela<;:ao
entre
a
largura da crista e a altura da barragem
e
inferior a 2,5.
o problema
e
hiperestatico
e
sua
solu<;:ao requer considera<;:6es
quanto
a compatibilidade
de
deforma<;:6es
entre
a
estrutura de
Comprimento L)
Altura m)
UH
134 m
concreto e 0
maci<;:o
rochoso, donde a
84 m
necessidade de se conhecer 0 modulo
1,6
de elasticidade da rocha. Ademais,
como a espessura da casca , no
contato
com
0
maci<;:o
rochoso,
e
da
ordem
de lOa 15% da altura da barragem, as
funda<;:6es
devem ser melhores
do que nos tipos anteriores.
7.2.4 arragem de terra
homogenea
E 0 tipo de barragem (ver Figura 7.4) mais
em
uso entre nos,
em
face
das condi<;:6es topogrificas,
com
vales muito abertos, e da disponibilidade
de material terroso no Brasil.
Tolera
fundas;6es
mais deformaveis,
podendo-se construir barragens de terra apoiadas sobre solos moles,
como
foi
0
caso da barragem
do
rio Verde, proxima a Curitiba,
com
15 m de altura
maxima.
NA
H
Capitulo
Barragens
e
Terra
e Enrocamento
139
FiGUR 7 }
arragem de concreto
em arco de dupla
curvatura
FiGUR 4
arragem de terra
homogene
7/21/2019 CapituloBarragens_FaiçalMassad
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Obras de Terra
14
A inclina<;ao dos taludes de montante e de jusante e fIxada de
modo
a
garantir a estabilidade durante a vida uti da barragem, mais especifIcamente,
em fInal de canstru<;ao,
em
opera<;ao e
em
situa<;oes de rebaixamento rapido
do
reservatorio (ver Capitulo 4 - Estabilidade de Taludes).
Urn dos problemas que mais preocupam projetista e pipin ou
erosao regressiva tubular, no proprio corpo
da
barragem ou nas suas
funda<;oes.
Esse
fenomeno consiste
no
carreamento de particulas de solo
pela agua
em
fluxo, numa progressao de jusante para montante, dai termo
"regressivo" empregado para designa-lo;
com
passar do tempo, forma-se
urn tubo de erosao, que
pode
evoluir para cavidades relativamente grandes
no
corpo
das barragens, levando-as ao colapso.
Para evitar sua ocorrencia, e necessario urn controle da percola<;ao, tanto
pelas funda<;oes, assunto que sera tratado no Capitulo
8
quanto pelo carpo
da barragem (aterro).
No
aterro, intercepta-se fluxo de agua, de modo a
impeclir sua saida nas faces dos taludes de jusante
ou
nas ombreiras de jusante,
por meio de filtros verticais (tipo "chamine")
ou
inclinados. Os ftltros sao
constituidos de areia ou material granular,
com
granulometria adequada para
evitar 0 carreamento de particulas de solo e nesse sentido, 0 material deve
satisfazer "Criterio de Filtro de Terzaghi",
como
se vera adiante. Esses
ftltros colaboram
tambem
na dissipa<;ao das pressoes neutras construtivas e
inclusive, de rebaixamento rapido.
Uma
variante desse tipo e a barragem de terra zone
ada,
construida
com
urn unico solo de emprestimo, mas compactado
em
condi<;oes diferentes
de umidade, que confere ao solo caracteristicas geotecnicas diferentes,
como
se viu
no
Capitulo 6. Trata-se de uma otimiza<;ao da sec<;ao de uma
barragem de terra, para tirar partido das caracteristicas do solo seco, usado
nos espaldares, onde se deseja mais resistencia (estabilidade), e do solo umido,
no
nucleo,
on
de se quer baixa permeabilidade (estanqueidade).
Outras
variantes sao as barragens
em
aterro
umido
construidas
compactando-se os solos de emprestimos normalmente,
com
a diferen<;a de
que as umidades de compacta<;ao sao muito elevadas, 5 a 10% acima da
otima de Proctor. Foi que aconteceu na constru<;ao da barragem
do
rio
Verde, proxima a cidade de Curitiba, em que os solos de emprestimo
encontravam-se bastante umidos e a pluviosidade no local era muita elevada.
A constru<;ao de urn aterro convencional demandaria urn
tempo
bastante
grande, muito alem do que havia sido estabelecido pela proprietaria da obra.
N esse tipo de barragem, os problemas referem-se ao controle
do
peso dos
equipamentos
de compacta<;ao,
que devem ser
leves
para
evitar solo
borrachudo ,
alem
das
pressoes neutras
de final de constru<;ao,
que
costumam ser altas, em virtude da elevada umidade de compacta<;ao do solo.
7.2.5 Barragem de terra enrocamento
E a mais
estave1
dentre as barragens de terra e terra-enrocamento, nao
havendo registro
de
ruptura envolvendo seus taludes. material do
7/21/2019 CapituloBarragens_FaiçalMassad
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enrocamento (pedras) apresenta elevado angulo de atrito, garantindo a
estabilidade dos taludes de montante e jusante, mesmo quando sao ingremes
inclina<;:oes de 1:1,6 ate 1:2,2).
0
nuc1eo argiloso imprime a estanqueidade
abarragem, permitindo 0 represamento de agua forma<;:ao do lago).
o
nuc1eo dessas barragens pode ser central ou inclinado para
montante
(Figuras 7.5a e b). Quando a
argila
e 0 enrocamento apresentam
compressibilidades comparaveis entre si, 0 nuc1eo central tem a vantagem
de exercer uma pressao maior nas funda<;:oes, alem de ser mais largo na sua
base, 0 que e benefico em termos de controle de perdas d'agua.
No
entanto,
se a argila for mais compressive1 que 0 enrocamento, pode ocorrer 0 fenomeno
de arqueamento, ou
efeito de
silo . Nessas condi<;:oes, a argila tende a
recalcar mais, sendo impedida pe10s espaldares, mais rigidos. Em outras
palavras, 0
peso
da argila
passa
a ser suportado pelo enrocamento
(arqueamento), por atrito, como s6i acontecer nos silos,
podendo
surgir trincas
no nuc1eo, na
dire<;:ao
do
fluxo de agua. A vantagem de se inclinar 0 nuc1eo e
que nao ha
como
transferir seu peso para os espaldares.
Outra
vantagem
do
nuc1eo inclinado e que se
pode
levantar grande parte do enrocamento de
jusante,
ganhando-se tempo, enquanto
se
procede
ao
tratamento
das
funda<;:oes inje<;:oes na base do nuc1eo).
(a)
Capitulo 7
Barragens
de Terra
e Enrocamento
141
NA
(b)
1 8
FiGUR 7.";
Barragem de terra-
enrocamento, (a)
com
nue/eo central e (b)
ine/inado para montante
No que se refere ao controle da
percola<;:ao pe10 corpo
da barragem,
dispoe-se de material altamente permeavel, 0 enrocamento de jusante, que
permite
uma
vazao rapida das aguas de
percola<;:ao;
deve-se apenas dispor
de
uma transi<;:ao
gradual, em termos de granulometria, entre a argila e
as
pedras, para evitar 0
piping
Nas
funda<;:oes,
a percola<;:ao concentra-se sob a
base do nuc1eo, que e relativamente pequena; para evitar fugas d'agua
significativas, e necessario
um maci<;:o
de funda<;:ao mais estanque, quando
comparada com a barragem de terra homogenea , em que 0 caminho de
percola<;:ao
e maior.
7/21/2019 CapituloBarragens_FaiçalMassad
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bras de Terra
7.2.6
Barragem
de
enrocamento com
membrana de
concreto
Descritas
anteriormente as
barragens
com membranas
de
concreto
apresentam,
como
septo impermeivel, placas de concreto sobre 0 talude de
42
montante, de enrocamento ver Figura 7.6). Essas placas sao ligadas umas
as outras
por
meio de juntas especiais, pois apoiam-se
em
meio deformavel,
o enrocamento que
pode
sofrer recalques significativos
por
ocasiao
do
primeiro enchimento.
FiGURA
7.6
Barragem de
enrocamento
com membr n
de
concreto
NA
Concreto
E;nrocamento
A grande
vantagem
esta no cronograma construtivo, pois tanto
0
aterro
quanto
a membrana
de
concreto podem
ser construidos
independentemente do clima e portanto, da dura<;ao das esta<;6es chuvosas.
Alem disso, podem-se projetar aterros de enrocamento que suportam
0
desvio
de rios por entre
as
pedras: basta que se
tomem
alguns cuidados
no
talude de
jusante, como a coloca<;ao de
bermas
com pedras de maior
tamanho
entrosadas com pedras pequenas, bem compactadas, podendo-se [lXar umas
as
outras
com
chumbadores
ou
telas de ferro.
7.2.7 Barragem em aterro hidraulico
Alem dos tipos ja citados, existem barragens em que
0
aterro e construido
por processo hidraulico, isto e 0 solo e transportado
com
agua,
por
meio de
tubula<;6es, ate
0
local de constru<;ao. Trata-se das barragens em aterro
hidraulico. Ao ser despejado,
0
material segrega-se, separando-se as areias,
NA
FiGURA 7.7
que formam os espaldares
do
aterro, dos finos siltes e argilas), que acabam
Barragens
em
por constituir
0
nucleo da barragem ver Figura 7.7).
terro
hidrcJU ico
A
vantagem
e
0
baixo custo apesar do grande volume de solo que
despende,
em
virtude do abatimento dos taludes 1:5). Varias barragens fQram
construidas
com
essa tecnica
em
diversos paises, inclusive
no
Brasil, estando
7/21/2019 CapituloBarragens_FaiçalMassad
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muitas delas em opera<;ao. Em face
do
processo construtivo, as areias dos
espaldares apresentam-se
com compacidade fofa e saturada, sujeitas ao
fenomeno da i q u e f ~ o como ocorreu no caso da barragem de Fort Peck,
a ser relatado mais adiante. Os defensores dessa tecnica, que continua muito
difundida
no
leste europeu, argumentam que basta deixar
um
rolo vibratorio
passeando sobre
as
areias recem-despejadas das tubula<;6es, para se ter
uma certa densifica<;ao das mesmas e uma garantia contra a liquefa<;ao.
7.3 Fatores que Afetam a Escolha do Tipo de
Barragem
Antes de tecer considera<;6es quanto a escolha do tipo de barragem
mais
adequado
a um dado local,
convem
destacar a impordincia dos
aspectos geo16gico geotecnicos no projeto, na constru<;ao e na seguran<;a
das barragens.
Essa
importincia advem,
conforme
Mello (1966),
do fa
to
do
rio ser uma linha de maior fraqueza do terreno. Em geral, os locais favoriveis
para a implanta<;ao de barragens
envolvem
descontinuidades geologicas
associadas a fei<;6es topogrificas e s p e i ~ s como corredeiras, cotovelos nos
cursos dos rios, encostas escarpadas, etc.
Dados estatisticos sobre comportamento de barragens em opera<;ao
tem corroborado essas asser<;6es. De fato, um levantamento feito em 1961,
na Espanha, revelou que de 1.620 barragens cerca de 308 (ou 19%) haviam
sofrido incidentes, assim diagnosticados:
a 40% relacionados com problemas de funda<;6es;
b 23% devido a vertedouros inadequados; e
c 12% em virtude de defeitos construtivos.
Em
1973,
ICOLD
(International Committee
on
Large Dams) publicou
um livro intitulado Lessons from am Incidents que
mostra
236 incidentes
envolvendo barragens de varios tipos (em arco, contrafortes, gravidade,
enrocamento e terra), com 162 (quase 70%) referentes a barragens de terra.
As maiores causas dos incidentes foram atribuidas
a:
a falhas de projeto,
com
uma
<;
incidencia de 32%;
b investiga<;6es hidrologicas e geologico-geotecnicas inadequadas,
em
30% dos casos; e
c deficiencias construtivas, em 17% dos casos.
Essa forma de apresenta<;ao destaca a relevancia das investiga<;6es no
projeto
e constru<;ao de barragens.
Note-se
que os aspectos geologico
geotecnicos intervem nos tres itens listados acima.
Uma
vez real<;ada a
importincia
dos aspectos geologico-geotecnicos,
passa-se a listar os principais fatores que afetam a
escolha
do tipo
de
barragem Sao eles:
a
geologico-geotecnico;
b
hidrologico-hidraulico;
c
topogrifico; d materiais de emprestimo; e custo; f prazo; g clima e h)
construtivo. Outro fator que costuma ser citado e de
ordem
subjetiva, pois,
£requentemente, a escolha
0.0
tipo
o.e
barragem baseia-se na preferencia pessoal
ou
na experiencia
pro
fissional do projetista.
Capitulo 7
arragens de Terra
e Enrocamento
43
7/21/2019 CapituloBarragens_FaiçalMassad
http://slidepdf.com/reader/full/capitulobarragensfaicalmassad 10/19
bras de Terra
44
A imporrancia desses fatores e seu imbricamento
ou
interdependencia
pode
ser
melhor
entendida
com
alguns exemplos. 0 primeiro refere-se
a
barragem rio Verde, proxima a Curitiba, citada anteriormente. A barragem
deveria ter 15 m de altura maxima e serviria para abastecer a refinaria de
Araucaria, da Petrobras. Do ponto de vista geologico-geotecnico, ocorria no
local camada de argila mole,
com
cerca de 4 m de espessura, sobreposta a
solo de altera<;ao e rocha fissurada. Havia terra (solos de empresrimo)
em
abundancia, mas com teores de umidade de ate 10% acima da otima de
Proctor. Ademais, a
regiao
de Curitiba e conhecida por
sua elevada
pluviosidade. Sabia-se das dificuldades decorrentes desse fato, pois a barragem
Capivari-Cachoeira,
tambem
proxima a Curitiba, levou quase 5 anos para ser
construida em
aterro compactado convencionalmente. Finalmente, dispunha
se de 2 anos para a constru<;ao.
Diante desses condicionantes, a
op<;ao final foi 0 tipo barragem
em
aterro umido , com nucleo compactado
5
acima da orima e as bermas de
equilibrio ate 10% acima da orima, necessarias
em
face da presen<;a de solos
moles nas funda<;oes. 0 raciocinio feito na ocasiao foi mais ou menos
seguinte:
a uma barragem de concreto superaria problema do clima e prazo,
mas exigiria funda<;ao em
rocha,
portanto escava<;oes de lOa 20 m de
profundidade, alem do que a barragem deveria ter quase
dobro
da altura,
onerando em muito a obra; e
b uma
barragem de terra
homogenea,
por ser flexivel,
poderia
ser
construida sobre
0
solo mole, com bermas de equilibrio, mas acabou sendo
descartada
em face do clima: os
trabalhos
de compacta<;ao, por meios
convencionais, e em torno da umidade otima, seriam prejudicados pelas
chuvas, afetando prazo de constru<;ao.
Uma
barragem
em
arco de dupla curvatura, que chama a aten<;ao pelo
efeito estetico, so pode ser construida se existirem vales bastante fechados e
condi<;oes de funda<;ao rochosa adequadas. No Brasil, os vales sao bastante
abertos, exigindo barragens de grande extensao. Por questao de economia,
recorre-se a barragens de terra e
ou
terra-enrocamento, deixando-se para serem
executadas em concreto as estruturas anexas ou auxiliares (vertedouros, casa
de for<;a, descarga de fundo, tomadas d'agua, etc.).
Ha certos locais onde existem afloramentos de rocha em quantidade,
que
podem
servir de pedreiras. Nesses casos, a op<;ao acaba sendo
as
barragens
de enrocamento, com nucleos de argila ou membranas de concreto. Estas
ulrimas tem a seu favor questoes de prazo e clima adverso,
como
se mencionou
aClma.
o fator hidro16gico hidniulico intervem desde a fase de planejamento
e viabilidade, que e determinante e quando sao estabelecidas a altura, a sobre
eleva<;ao da barragem e as dimensoes
do
vertedouro; ate a defini<;ao do desvio
do
rio, durante a constru<;ao da obra.
Pode
influir na escolha
do
tipo de
barragem. Por exemplo, em certos casos, pelo porte da obra e para minimizar
custos,
pode-se optar por
barragens
autovertedoras, isto e,
barragens
projetadas para suportar
0
transbordamento, durante cheias. Nestes casos,
7/21/2019 CapituloBarragens_FaiçalMassad
http://slidepdf.com/reader/full/capitulobarragensfaicalmassad 11/19
pode-se escolher barragens de enrocamento
com
alguns clispositivos na face
de jusante para evitar 0 arraste das pedras pela
for<;a
das aguas como
mencionado anteriormente.
Para se
ter uma no<;ao quanto
a custos re1ativos de
barragens
de
varios tipos apenas
do
ponto de vista dos materiais e seus volumes preparou
se a Tabela 7.2. 0 numero entre parentesis
2,0)
refere-se ao uso de concreto
compactado a rolo que se compara
com
5 de concreto massa convencional.
Atente-se para 0 fato de que a estrutura de pre<;os e sempre clinamica variavel
no tempo e no espa<;o, dependendo de fatores como custos dos combustiveis
da energia dos insumos basicos etc.
Tabela 7.2 - Custo relativo
de
alguns tipos
de
barragens levando em conta
s6
os
materiais e seus volumes
Volume
Custo
Tipo de barragem Base
m
3
/m)
. relativo
Terra homogenea 5,5 H
2 75H
2
1,0
Enrocamento
3,7 H
1,8 H
2
1,5
Aterro hidraulico 10,0 H
5,0 H
2
0,7
Concreto massa
0,8 H
0,4 H
2
5,0 2,0)
apitulo
7
Barragens
de
Terra
e Enrocamento
145
Esses
dados a
despeito
de sua precariedade
em termos
absolutos
confumam
que
as
barragens
em
aterro hidriulico sao
as
de
menor
custo
apesar do maior volume quase 0
dobro
de
uma
barragem de terra homogenea.
As barragens de concreto sao as mais caras donde 0 seu uso ser em geral
restrito as estruturas anexas ou auxiliares como mencionado acima.
7.4
Acidentes Catastr ficos Envolvendo
Barragens
Acidentes catastr6ficos envolvendo barragens de terra acabam tendo
repercussao ate internacional pelas perdas de vidas que em geral provocam
e pela extensao dos
danos
materiais afetando popula<;6es ribeirinhas
quilometros de clisrancia rio abaixo.
o aspecto que se quer enfatizar e de outra ordem referente
as
li<;6es
que se
podem
e devem extrair nao s6 das rupturas
como
tambem dos pequenos
incidentes envolvendo as barragens. Terzaghi via-os
como
elos essenciais e
inevitaveis
na
cadeia
do
progresso na engenharia pois argumentava nao
existirem outros meios de se
detectar
os limites de validade de nossos
conceitos e processos.
Para ilustrar 0 que se acaba de afumar serao descritos cinco casos de
ruptura em barragens; tres deles mudaram os rumos de nossos conhecimentos
nesse campo da Engenharia e tiveram reflexos
no
projeto e constru<;ao de
barragens pelo
mundo
afora; os outros dois
mostram
casos de ruptura de
barragens de terra por
piping
7/21/2019 CapituloBarragens_FaiçalMassad
http://slidepdf.com/reader/full/capitulobarragensfaicalmassad 12/19
bras de Terra
46
o primeiro caso e da barragem Fort Peck,
construida
em aterro
hidriulico em flns do seculo XIX, nos E.U.A. Possuia 70 m de altura, taludes
de 1:5, extensao de 6,4 km, tendo consumido 100.000.000 m
3
de materiaL
Apoiava-se sobre espessa camada
cerca
de
40
m)
de aluviao,
com
predominancia de areia. A ruptura, ocorrida em
1938,
envolveu talude de
montante, de areia fofa e saturada, numa extensao de
500
m, que se liquefez,
abatendo-se para
uma
inclina<;ao fmal de 1:20.
Uma
das consequencias desse
evento foi a realiza<;ao de estudos para entender comportamento das areias,
que culminaram
com
a introdu<;ao do conceito de
indice de vazios
critico
de fundamental impordncia para a
moderna
Mecanica dos Solos. A outra
consequencia e negativa, pois os aterros hidriulicos cairam
em
desuso
no
Ocidente.
o segundo caso refere-se a
barragem
de
Malpasset
na Fran<;a, em
arco de dupla curvatura, de 60 m de altura. A sua ruptura ocorreu
em
1959,
por cisalhamento na rocha, segundo um plano preferencial, provavelmente
uma
junta extensa, ao longo da ombreira esquerda, um
pouco
abaixo do
apoio. A rocha era um gnaisse,
com
flssuramento flno. Muito embora se saiba
que tanto 0 projeto
como
a constru<;ao flcaram ao encargo de proflssionais
competentes, reconhece-se que havia um distanciamento muito grande entre
os projetistas e os ge6logos, que nao sabiam exatamente tipo de barragem
que seria construida. Hoje, trabalha-se com equipes integradas, com uma
linguagem
comum,
respaldada numa
nova
discipl ina - a
Geologia
de
Engenharia.
A
ruptura
do reservat6rio
de
Vajont
na
Italia,
em
1963,
foi pior
desastre na hist6ria das barragens, causando a morte de
3.000
pessoas. Era a
maior barragem
do mundo em
arco de dupla curvatura,
com
cerca de 286 m
de altura, engastada na
parte
mais baixa de um vale de
1.000
m de
profundidade. A causa direta do desastre foi escorregamento de 200 milh6es
de m
3
de
uma
massa rochosa de
um
talude para dentro
do
reservat6rio da
barragem,
com
150 milh6es de m
3
de agua.
Com
0 impacto, a agua foi expulsa
para jusante, rio abaixo, na forma de uma onda, que passou cerca de
150
m
acima da crista da barragem. As rochas eram calcarias, fortemente fraturadas,
e sabia-se que toda a regiao estava sujeita a movimentos de rastejos. Por isso,
foram executados trabalhos
de
observa<;ao e acompanhamento dos
movimentos de rastejo do maci<;o encosta abaixo. Esse movimento lemo
transformou-se
num
escorregamento
rapidissimo, cuja causa direta foi
atribuida
as
intensas chuvas que come<;aram uns 10 dias antes da catastrofe.
A li<;ao que flcou foi 0 reconhecimento de que e necessario um entendimento,
em
profundidade e
com
detalhes, da geologia regional e
em
particular, da
regiao bacia)
do
reservat6rio,
onde
as
encostas
flcam sujeitas a
uma
submersao pelas aguas represadas.
Construido em
1951, nas cercanias de Los Angeles, reservat6rio
aldwin
Hills
tinha a forma aproximada de um trapezio, com dimens6es
medias entre
300
e
350
m, delimitado pela barragem de terra, com altura
media de 22 m. A ruptura ocorreu ap6s 12 anos de opera<;ao. No local da
constru<;ao ocorriam varias falhas geo16gicas e sabia-se
tambem
que a regiao
estava sujeita a afundamentos do
terreno diante da explora<;ao petrolifera,
feita nas proximidades. Alem disso, os solos de funda<;ao eram constituidos
7/21/2019 CapituloBarragens_FaiçalMassad
http://slidepdf.com/reader/full/capitulobarragensfaicalmassad 13/19
por siltes arenosos, colapsiveis e erodiveis. Diante desse quadro, adotou-se
como conceito
bisico
de projeto evitar contato da
igua com
os solos de
funda<;:ao.
Tanto
a barragem quanto fundo do reservat6rio receberam duas
camadas de impermeabiliza<;:ao, com
membrana
asfiltica, entremeadas
por
camada de solo compactado e urn flitro. Acredita-se que deve ter havido
recalques das funda<;:6es da barragem com a forma<;:ao de trincas
imperceptiveis no sistema de impermeabiliza<;:ao,
por
onde a igua se inflitrou.
Lentamente, os solos siltosos foram erodidos pipiniJ, com a forma<;:ao de
cavernas locais que no limite de sua progressao levaram a ruptura
catastr6fica. Somente poucas horas antes do colapso eque se observaram os
1j)r.ime.i.r.as. s . ~ t \ ~ ~ s e Y t e ~ 0 S ce. q'U\: 'd\go 6\: anQtmal estava acontecenao. Nao
havia que fazer.
A barragem Teton E.D.A. rompeu
em junho
de 1976,
com
reservat6rio praticamente cheio, provocando a
morte
de 14 pessoas e
prejuizos estimados entre 0,4 a 1 bilhao de d61ares. Era uma barragem de
terra,
com
93 m de altura, zoneada e,
como
particularidade, foi escavada
uma trincheira de veda<;:ao cut
ojJj
nas funda<;:6es rochosas e executada uma
cortina de
inje<;:ao
de cimento.
Arocha
apresentava-se muito fraturada e
solo, usado no nucleo da barragem e na sua trincheira, era erodivel. A barragem
rompeu por
piping,
que teria se iniciado no contato solo-rocha, na base da
trincheira
cut
offJ, junto aombreira direita. Nao havia transi<;:ao entre solo
e a rocha fraturada, que, ademais, nao foi selada. A grande altura do
cut off
aliada a sua pequena largura, deve ter favorecido a forma<;:ao de trincas no
solo de preenchimento, por efeito de silo (arqueamento). Houve, portanto,
uma falha de projeto, da parte de urn 6rgao do governo norte-americano,
United States Bureau of Reclamation, com uma experiencia bern sucedida
de projeto e constru<;:ao de centenas de barragens.
7 5 Principios p r Projeto
o projeto de uma barragem de terra deve pautar-se por dois
principios
basicos: g u r n ~ e economia. Este ultimo inclui os custos de manuten<;:ao
da obra, durante a sua vida
Util.
A seguran<;:a da barragem eobviamente principio preponderante. Dela
dependem vidas humanas, bens comunitirios e bens individuais e deve ser
garantida quanto:
a) ao transbordamento que pode abrir brechas no corpo de barragens
de terra e de enrocamento;
b) ao
pipin
e ao fenomeno de areia movedi<;:a;
c)
a
ruptura
dos taludes artificiais
de
montante
e de jusante, e aos
taludes naturais das ombreiras adjacentes ao reservat6rio;
d) ao efeito
das
ondas formadas pela
a<;:ao
dos ventos atuantes na
superficie
dos
reservat6rios, e que
van
se quebrar no talude de
montante,
podendo provo
car sulcos de erosao; e
e) ao efeito erosivo
das
aguas das chuvas sobre talude de jusante.
Capitulo
Barragens de Terra
e Enrocamento
147
7/21/2019 CapituloBarragens_FaiçalMassad
http://slidepdf.com/reader/full/capitulobarragensfaicalmassad 14/19
bras de Terra
148
E
necessario adotar medidas para evitar
ou
minimizar fugas d agua
pel s f u n ~ o e s
da barragem. A seguir serao feitas algumas considera<;5es
a respeito.
7.5.1 A f o r m ~ o de brechas
em
barragens de terra e de enrocamento,
em conseqiiencia de rupturas provocadas por transbordamentos, depende
de
uma
serie de fatores.
Dentre
eles, citam-se:
• 0
tipo de solo e
as
condi<;5es de compacta<;ao;
• a presen<;a de enrocamento
no maci<;o
de jusante;
• 0 tipo e a forma de coloca<;ao dos materiais de prote<;ao do talude de
jusante;
• a inclina<;ao do talude de jusante, que influencia a velocidade do
fluxo d'agua; e
• a lamina d'agua sobre a crista da barragem, imediatamente antes da
forma<;ao da brecha.
Ha indica<;5es de que solos compactados suportam laminas de agua,
sobre a crista de barragens, superiores as de enrocamentos.
7.5.2 Sao fatores condicionantes
do piping que tambem
podem
levar a forma<;ao de brechas
em
barragens de terra homogeneas:
• a ausencia de fJ ltros horizontais tipo sanduiche, construidos
com
materiais pedregosos, francamente permeaveis;
• as condi<;5es de compacta<;ao
do maci<;o
terroso;
• a ausencia de
transi<;5es
adequadas entre solos e materiais granulares; e
• a presen<;a de funda<;5es arenosas.
7.5.3 Quanto aestabilidade dos taludes artificiais, considere-se 0
caso de uma barragem de terra homogenea, construida
com
solo argiloso, de
baixa permeabilidade, apoiada em terreno de funda<;ao fIrme, mais resistente
que 0
maci<;o
compactado. No Capitulo 3 viu-se que existem tres situa<;5es
no tempo
de vida uti! da barragem que requerem analises da estabilidade de
seus taludes de montante e de jusante. Sao:
• final de constru<;ao,
em
que interessa analisar 0 talude de jusante, 0
mais ingreme
• barragem
em
opera<;ao,
com
0 nivel de agua na sua posi<;ao maxima,
ha
varios anos, situa<;ao em que 0 talude critico e tambem 0 de
jusante, pois 0 talude de montante esta submerso; e
• abaixamento
rapido do
nivel de agua, que, na realidade,
pode
levar
alguns meses para ocorrer, mas que
nem por
isso deixa de ser "rapido",
diante da baixa permeabilidade do solo compactado; 0 talude critico
e 0 de montante.
7.5.4 A estabilidade
dos
taludes naturais das ombreiras,
adjacentes
aos reservatotios,
pode
ser analisada pelos
metodos
vistos
no
Capitulo 4.
Devem set considerados, alem das chuvas, os efeitos
provocados
pela
submersao e por eventual abaixamento rapido
do
nivel d'agua do
reservatorio.
7/21/2019 CapituloBarragens_FaiçalMassad
http://slidepdf.com/reader/full/capitulobarragensfaicalmassad 15/19
7.5.5 Os
taludes
das barragens
de terra
sao protegidos de forma
diferente, quer se trate
do.
de montante ou jusante.
• As ondas, provocadas pela a<;ao dos ventos sobre a superficie do
reservat6rio, quebram-se
no contato com 0
talude de
montante
podendo
resultar na forma<;ao de sulcos de erosao.
Este
efeito
e
combatido construindo-se
um rip
rap isto e camadas de enrocamento
e transi<;ao, estendendo-se
na
face
do
talude de montante;
• A incidencia das chuvas na face do talude de jusante
pode
provocar
sulcos
de erosao. Para evitar este efeito
pode-se
recorrer ao
lan<;amento de camada de pedrisco
ou
ao plantio de gramas
em
placas
ou
por meio de hidro-semeadura.
7.5.6 A largura
minima
da crista de
barragens
de terra e
usualmente flXada
em
cerca de 3 m, para permitir 0
trifego
de manuten<;ao e
inspe<;ao da obra, ao longo de sua vida Util.
Por
vezes, a crista da barragem
transforma-se
em
pista de uma estrada, quando
endo
a sua largura edefmida
pelo tipo de estrada.
Para um aprofundamento nestas e outras questoes, envolvendo
0
projeto
das barragens de terra e de enrocamento, consulte-se Cruz (1996).
7.6
Sistema de Drenagem Interna em Barragens
de Terra
.6.1 v o l u ~ a o conceitual
A evolu<;ao
do
sistema de drenagem das barragens de terra esta ilustrada
na Figura 7.8. Houve um longo percurso desde
0
caso a), sem drenos, em
(b)
A - Ponto e saida d'agua
Enrocamento de
p
Capitulo
Barragens de Terra
e Enrocamento
149
FiGURA 7 8
Drenagem interna
m
barragens
de
terra:
e v o u ~ a o conceitual
(e)
(f)
(g)
7/21/2019 CapituloBarragens_FaiçalMassad
http://slidepdf.com/reader/full/capitulobarragensfaicalmassad 16/19
bras de Terra
150
que 0 problema era a emergencia da agua na face
do
talude de jusante e a
consequente possibilidade de ocorrencia do
piping;
passando pelos casos b)
e c), que teoricamente resolveriam 0 problema se 0 solo compactado fosse
isotr6pico
0 que nao corresponde a realidade,
perdurando portanto
a
possibilidade
do
piping ate chegar a solu<;:ao encontrada por Terzaghi, caso
d), em que se combinam flitros vertical chamine) e horizontal, interceptando
o fluxo de agua antes que ele saia pelo talude de jusante. Note-se que os
flitros jogam
tambem
um papel importante na dissipa<;:ao das pressoes neutras,
quer de jusante,
em
ftnal de constru<;:ao, quer de montante, para
situa<;:oes
de
rebaixamento rapido
do
N.A. do reservat6rio.
as demais casos correspondem a ideias mais recentes, de se inclinar um
dos flitros para montante, caso e), 0 que melhora as condi<;:oes de estabilidade
do
talude de
montante quando do
rebaixamento rapido do N.A.
do
reservat6rio; ou para jusante, caso f), mais favoravel quando as funda<;:oes
sao permeaveis, pois aumenta 0 caminho de percola<;:ao; ou ainda 0 caso
g),
proposto por Mello 1975), que procura combinar as vantagens dos dois
casos anteriores.
7.6.2 Dimensionamento dos filtros
Para
0
dimensionamento dos flitros, procede-se da seguinte forma:
a)
determina-se a quantidade de agua vazao) a ser captada pelos flitros,
com base no tra<;:ado de redes de fluxo, 0 que e relativamente f:icil, e em
estimativas dos coeftcientes de permeabilidade
do
maci<;:o
compactado
e
dos maci<;:os de
funda<;:ao,
0 que e muito mais dificil ver 0 Capitulo 1);
b) em
fun<;:ao dos materiais granulares disponiveis, ftxam-se valores para
os coeficientes de permeabilidade dos filtros
e
calculam-se
as suas
espessuras
com
base na Lei de Darcy,
ou
na Equa<;:ao de Dupuit; e
c)
veriftcam-se se os materiais dos flitros e os solos que os envolvem
satisfazem 0 Criterio
de
Filtro
de
Terzaghi para se ter
uma
garantia segura
contra 0 piping.
Determina ao
da largura dos filtros
A largura dos flitros
pode
ser determinada pelo tra<;:ado de redes de
fluxo, envolvendo 0 maci<;:o compactado e
as
funda<;:oes. No entanto, diante
das pequenas espessuras dos flitros e as diferentes permeabilidades,
0
tra<;:ado
e trabalhoso. Por isso, costuma-se
lan<;:ar mao
de metodos aproximados veja
o Capitulo
1).
Para os filtros verticais Figura 7.9, 0 fluxo e praticamente vertical.
Logo, pode-se admitir gradiente 1) igual a l e pela Lei de Darcy, chega-se a:
Q = k i . = k ·1·
B
,1) = k B
jv jv jv
7/21/2019 CapituloBarragens_FaiçalMassad
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N
a)
FiGUR 7 1
L
com filtro
trabalhando
livremente, sendo, nessas condi<;:oes, aplicavel a
Equa<;:ao
de
Dupuit
ver 0 item 1.5.3 do Capitulo 1). Nas expressoes 2) e
3),
k h e 0 coeficiente de permeabilidade do
fUtro
horizontal; e eo seu
comprimento.
onde e a
vazao absorvida pelo
filtro; e
k /v
e 0 seu
coeficiente
de
permeabilidade.
Portanto:
1)
N
Para os ftltros
horizontais
Figura 7.10a, pode-se empregar, quer:
2)
em
que a hip6tese e fUtro trabalhando
em
carga, sendo valida a Lei de Darcy;
quer:
3)
apitulo 7
Barragens e Terra
e Enrocamento
151
I
FiGUR 7 9
Filtro vertical
Filtro horizontal
t po sanduiche
7/21/2019 CapituloBarragens_FaiçalMassad
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bras de Terra
52
A seguir sao feitas duas observa<;oes importantes:
a)
ao se aplicarem as expressoes acima, devem-se utilizar coeficientes
de seguran<;a elevados da ordem de 10, pois os
calculos
envolvem
coeficientes de permeabilidade, de dificil estimativa
em
problemas praticos,
principalmente quando se trata de solos naturais, como ocorrem nas funda<;oes
de barragens; e
b) enquanto ftltro vertical trabalha com gradiente da ordem de 1
flitro horizontal
0
faz com gradientes quase nulos, da
ordem
de B/L.
Como
a vazao e diretamente proporcional ao gradiente, para ter capacidade de
descarga ftltro horizontal precisa trabalhar
com
valores muito elevados de
permeabilidade. Consegue-se isto estruturando esse ftltro, isto e fazendo
se urn sanduiche areia-pedregulho ou pedrisco-areia (ver a Figura 7.10b).
Prevens:ao contra 0
pipin
Para prevenir
piping
deve-se cuidar que na passagem
do
fluxo de urn
meio (solo a ser protegido) para outro, mais
poroso
(ftltro), nao haja
carreamento de particulas de solo. Consegue-se fazendo
com
que as particulas
do filtro sejam
suficientemente pequenas
para
impedir
a
passagem
de
particulas do solo a ser protegido.
Se
algumas das particulas maiores puderem
ser mantidas
em
posi<;ao, elas, por sua vez, bloquearao a passagem das
particulas mais finas. ftltro nao pode ser muito fino, a ponto de impedir a
passagem da agua; sua permeabilidade deve ser, pelo menos, de lOa 20
vezes a do solo a ser protegido.
E nessa linha de pensamento que se baseia
Criterio
de
Filtro
de
Terzaghi que estabelece as seguintes condi<;oes a serem satisfeitas pelo
flitro e pelo solo a ser protegido:
DiS
Filtro)
< 4
ou
4
D
ss
Solo)
para garantir a prote<;ao contra
piping,
e
DiS Filtro)
>
4
ou
5)
DiS Solo)
para
garantir a
passagem da
agua. Os
indices
15 e 85
referem-se
as
porcentagens
do
material,
em
peso,
com
particulas menores
do
que diametro
D, a eles associados.
As argilas sao,
em
geral, menos suscetiveis ao piping. Assim, desde que
haja experiencia
acumulada
ou se executem ensaios especiais, pode-se
7/21/2019 CapituloBarragens_FaiçalMassad
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abrandar as
concli<;6es
acima, alterando-se segundo membra da expressao
(4)
para 10, ou ate mais.
Para a transi<;ao de enrocamentos, pode-se usar
0
Criterio de Filtro de
Terzaghi, tambem abrandado. Finalmente, ha os criterios semelhantes para
prevenir
piping, no
caso de tubos perfurados estarem envolvidos
por um
solo (sobre assunto, veja Cedergren, 1967; e Cruz, 1996).
ibliografia
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