39
24 CAPÍTULO 02 - ANÁLISE DE TENSÕES E DEFORMAÇÕES 2.1 - INTRODUÇÃO Os conceitos mais fundamentais no dimensionamento de elementos de máquinas são a tensão e a deformação. Conhecidas as cargas atuantes nos elementos de máquinas, pode-se determinar as tensões resultantes. Neste capítulo relacionamos as tensões atuantes no corpo como um todo, sendo distintas das tensões superficiais ou tensões de contato. As tensões resultantes de carregamento estático serão analisadas neste capítulo. 2.2 - TENSÃO A tensão representa a intensidade da força de reação em um ponto do corpo submetido a cargas de serviço, condições de fabricação e variações de temperatura. A tensão é medida como a força atuante por unidade de área de um plano. P – Vetor força que atua sobre o elemento de área A Figura 1 – Cargas atuantes em elemento infinitesimal Tensão lim força / área P x P y lim lim P z xx A 0 A xy A 0 A xz A 0 A σ xx , xy , xz são as componentes de tensão associadas ao plano x do ponto O σ - tensão normal: tensão perpendicular ao plano de análise - tensão de cisalhamento: tensão que atua paralelamente ao plano. Em uma peça submetida a algumas forças, a tensão é geralmente distribuída como uma função continuamente variável dentro do contínuo do material. Cada elemento infinitesimal do material pode experimentar diferentes tensões ao mesmo tempo. Deve-se olhar as tensões como atuando em pequenos elementos dentro da peça.

CAPÍTULO 02 - ANÁLISE DE TENSÕES E DEFORMAÇÕES

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Page 1: CAPÍTULO 02 - ANÁLISE DE TENSÕES E DEFORMAÇÕES

24

CAPÍTULO 02 - ANÁLISE DE TENSÕES E DEFORMAÇÕES

2.1 - INTRODUÇÃO

Os conceitos mais fundamentais no dimensionamento de elementos de máquinas são a

tensão e a deformação. Conhecidas as cargas atuantes nos elementos de máquinas, pode-se

determinar as tensões resultantes. Neste capítulo relacionamos as tensões atuantes no corpo

como um todo, sendo distintas das tensões superficiais ou tensões de contato. As tensões

resultantes de carregamento estático serão analisadas neste capítulo.

2.2 - TENSÃO

A tensão representa a intensidade da força de reação em um ponto do corpo submetido

a cargas de serviço, condições de fabricação e variações de temperatura. A tensão é medida

como a força atuante por unidade de área de um plano.

∆P – Vetor força que atua sobre o elemento de área ∆A

Figura 1 – Cargas atuantes em elemento infinitesimal

Tensão

lim

força / área

Px

Py

lim

lim P

z

xx A 0 A

xy A 0 A

xz A 0 A

σxx, xy, xz são as componentes de tensão associadas ao plano x do ponto O

σ - tensão normal: tensão perpendicular ao plano de análise

- tensão de cisalhamento: tensão que atua paralelamente ao plano.

Em uma peça submetida a algumas forças, a tensão é geralmente distribuída como uma

função continuamente variável dentro do contínuo do material. Cada elemento infinitesimal do

material pode experimentar diferentes tensões ao mesmo tempo. Deve-se olhar as tensões

como atuando em pequenos elementos dentro da peça.

Page 2: CAPÍTULO 02 - ANÁLISE DE TENSÕES E DEFORMAÇÕES

25

A figura abaixo mostra um cubo infinitesimal do material da peça que é submetida a

algumas tensões tridimensionais. As faces deste cubo infinitesimal são paralelas a um conjunto

de eixos xyz tomados em uma orientação conveniente. A orientação de cada face é definida

pelo vetor superficial normal como mostra a figura. A face x tem sua superfície normal paralela

aos eixos x, etc. Note que há duas faces x, duas faces y e duas faces z, uma de cada sendo

positiva e uma negativa como definida pelo sentido de seu vetor normal à superfície. Os nove

componentes de tensão atuando nas superfícies deste elemento infinitesimal estão mostrados

nas figuras 3 e 4. Os componentes xx , yy , zz são as tensões normais, assim chamadas

porque atuam respectivamente nas direções normais às superfícies x, y e z do cubo. As

componentes xy , xz , por exemplo são as tensões cisalhantes que atuam na face x e cujas

direções de atuação são paralelas aos eixos y e z , respectivamente

Figura 2 - Componentes de tensão sobre um elemento infinitesimal tridimensional

Estes elementos infinitesimais são modelados como cubos. Os componentes de tensão

são considerados atuando nas faces destes cubos em duas diferentes maneias. Tensões

normais atuam perpendicularmente à face do cubo e tendem a tracioná-las (tensão normal de

tração) ou comprimi-las (tensão normal de compressão). Tensões cisalhantes atuam

paralelamente às faces dos cubos em pares e nas faces opostas, que tendem a distorcer o

cubo em um formato romboidal. Estas componentes de tensão normal e cisalhamento atuantes

no elemento infinitesimal compõem o tensor.

Tensão é um tensor de segunda ordem e requer nove valores ou componentes para

descrevê-lo no estado tridimensional. Pode ser expresso por uma matriz:

Page 3: CAPÍTULO 02 - ANÁLISE DE TENSÕES E DEFORMAÇÕES

26

Onde a notação para cada componente de tensão contem três elementos, a magnitude

( ou ), a direção da normal à superfície de referencia (primeiro subscrito) e a direção da ação

(segundo subscrito). Utiliza-se para tensões normais e para tensões cisalhantes. Muitos

elementos nas máquinas são sujeitos a um estado de tensão tridimensional e requer o tensor

tensão.

Figura 3 – Componentes de tensão em um estado bidimensional

Em alguns casos, são usados como estado de tensão bidimensional (figura 2.2b)

O tensor tensão para o estado bidimensional é:

Um elemento infinitesimal de um corpo (dx) (dy) deve estar em equilíbrio. Portanto:

∑ M o

0 ∑ Fy 0 ∑ Fx

0

de onde podemos mostrar que:

xy yx

ou seja, para um ponto sob estado plano de tensões as componentes cisalhantes em planos mutuamente perpendiculares devem ser iguais. De fato, pode-se mostrar que isto é verdade para um estado mais geral de tensões, ou seja:

Page 4: CAPÍTULO 02 - ANÁLISE DE TENSÕES E DEFORMAÇÕES

27

xz zx yz zy

2.3 - TENSÕES EM MEMBROS COM CARREGAMENTO AXIAL

2.3.1 - CARGA AXIAL

Seja a barra, considerada sem peso e em equilíbrio, sujeita a duas forças F em suas

extremidades.

P Tensão Normal (tração)

A

Figura 4 - Tensão normal (tração) 2.3.2 - CARGA AXIAL - TENSÃO DE APOIO

P

Tensão de Apoio (compressão) A

Figura 5 -Tensão de compressão

Page 5: CAPÍTULO 02 - ANÁLISE DE TENSÕES E DEFORMAÇÕES

28

2.3.3 - TENSÃO MÉDIA DE CISALHAMENTO

Figura 6 - Tensão de cisalhamento

a) Cisalhamento simples:

Figura 7 - Cisalhamento simples

b) Rebite:

V P m

A A

Figura 8 - Cisalhamento de rebite c) Cisalhamento duplo:

V P m

A 2 A

Figura 9 - cisalhamento duplo

Page 6: CAPÍTULO 02 - ANÁLISE DE TENSÕES E DEFORMAÇÕES

29

2 2

2.4 - TRANSFORMAÇÃO DE TENSÃO

2.4.1 - EQUAÇÕES PARA TRANSFORMAÇÃO DE TENSÃO PLANA

Uma vez determinadas às tensões normais x e y e a tensão de cisalhamento xy, é

possível determinar as tensões normais e de cisalhamento em qualquer plano inclinado em um

dado estado de tensão.

Figura 10a - Análise de tensões em um plano qualquer

Figura 10b - Análise de tensões em um plano qualquer Aplicando as equações de equilíbrio estático:

∑ Fx '

x ' dA

0

x dA.cos

.cos

xy dA.cos

.sen

y dA.sen

.sen

xy dA.sen

.cos 0

x ' x .cos y

.sen 2. xy

.cos .sen

Sabendo que:

Page 7: CAPÍTULO 02 - ANÁLISE DE TENSÕES E DEFORMAÇÕES

30

2R

sen2

Assim:

2.sen .cos , cos 2 cos 2

sen 2 , 1 cos

2 sen

2

cos

2

1 cos 2 ,

2

sen

2

1 cos 2

2

Substituindo as expressões de sen2 , cos2 e sen 2 :

1 x ' x

cos 2

2

1 cos 2 y

2

xy sen2

x y

x ' 2

∑ Fy 0

x y cos 2

2 xy

sen2

x ' y ' dA

x dAcos

.sen

xy dA.cos

.cos

y dA.sen

.cos

xy dA.sen

.sen 0

x ' y '

x y sen2

2

xy cos 2

2.4.2 - CÍRCULO DE MOHR

Sejam as equações de transformação de tensão:

x y

x ' 2

x y cos 2

2 xy

sen2

x y

sen2 xy

2 xy

cos 2

Elevando ao quadrado ambas as equações e somando-as tem-se:

x '

2

x y 2

2

x ' y '

2

x y 2

xy

2

Esta equação pode ser de maneira mais compacta:

x ' a

2 2

x ' y '

A equação acima é a equação de um circulo de raio R

2

x y 2

2

xy

e o centro

a x y

em 2 e b=0.

Page 8: CAPÍTULO 02 - ANÁLISE DE TENSÕES E DEFORMAÇÕES

31

O circulo construído desta maneira é chamado círculo de Mohr, onde a ordenada de um

ponto sobre o circulo é a tensão de cisalhamento xy e abscissa é a tensão normal x.

Figura 11 - Círculo de Mohr para tensões CONCLUSÕES IMPORTANTES

A maior tensão normal possível é 1 e a menor é 2. Nestes planos não existem tensão

de cisalhamento.

A maior tensão de cisalhamento max é igual ao raio do circulo e uma tensão normal de

x y atua em cada um planos de máxima e mínima tensão de cisalhamento.

2

Se 1== 2, o circulo de Mohr se degenera em um ponto, e não se desenvolvem tensão

de cisalhamento no plano xy.

Se x+ y=0, o centro do circulo de Mohr coincide com a origem das coordenadas - , e

existe o estado de cisalhamento puro.

Se soma das tensão normais em quaisquer dos planos mutuamente perpendiculares é

constante: x+ y= 1+ 2= x’+ y’= constante.

Os plano de tensão máxima ou mínima formam ângulos de 45º com os planos das

tensões principais.

Page 9: CAPÍTULO 02 - ANÁLISE DE TENSÕES E DEFORMAÇÕES

32

xy R

2

2.4.3 - CONSTRUÇÃO DO CÍRCULO DE MOHR PARA TENSÕES

Figura 12 - Elemento submetido a tensões x = - 20 MPa (20 x 106 N/m2) , y = 90 MPa , xy = 60 Mpa Procedimento

1- Determinar o centro do circulo (a,b):

a x y

2

20 90

2

35Mpa b 0

,

2- Determinar o Raio

2

R x y 2

2

20 2

90

60

2

81,4Mpa

3- Localizar o ponto A(-20,60) Figura 13 – Círculo de Mohr

Page 10: CAPÍTULO 02 - ANÁLISE DE TENSÕES E DEFORMAÇÕES

33

2 22

2 2 22

4- Tensões principais:

1 35

81,4

116,4Mpa ,

2 35

81,4

46,4Mpa

5- Orientações das tensões principais:

2 ''

arc.tag 2

60

47,7º , '' 25,85º

1

20 35 1

'' ''

1 2

180º ''

66,15º

Figura 14 – Inclinação das tensões atuantes 6- Tensão máxima de cisalhamento:

max

R 81,4Mpa

7- Orientação da tensão máxima de cisalhamento:

'' ''

1 2

90º

'' 21,15º

Figura 15 - Posição do elemento submetido a tensões máximas de cisalhamento

Page 11: CAPÍTULO 02 - ANÁLISE DE TENSÕES E DEFORMAÇÕES

34

2.4.4 - TENSÕES PRINCIPAIS PARA O ESTADO GERAL DE TENSÕES

Considere um estado de tensão tridimensional e um elemento infinitesimal tetraédrico.

Sobre o plano obliquo ABC surge a tensão principal n, paralela ao vetor normal unitário.

Figura 16 - Elemento infinitesimal tetraédrico submetido a estado tridimensional de tensões

O vetor é identificado pelos seus cosenos diretores 1, m e n, onde cos = 1, cos = m,

cos = n. Da figura nota-se que: 12+m2+n2 = 1.

Figura 17 – Vetor unitário

O plano oblíquo tem área dA e as projeções desta área nas direções x, y e z são: dA.L,

dA.m e dA.n. Impondo o equilíbrio estático nas direções x, y e z, temos:

∑ Fx 0 ,

∑ Fy 0 ,

n dA .1

n dA .m

x dA.1

x dA.m

xy dA.m

xy dA.n

xz dA.n 0

xz dA.1 0

∑ Fz 0 ,

n dA n

2 dA.n

yz dA.m 0

Simplificando e reagrupando em forma matricial, temos:

Page 12: CAPÍTULO 02 - ANÁLISE DE TENSÕES E DEFORMAÇÕES

35

2 2 2 xy yz xz x yz y xz z xy

In

Como visto anteriormente, 12+m2+n2 = 1, os cosenos diretores são diferentes de zero.

Logo, o sistema terá uma solução não trivial quando o determinante da matriz de coeficientes

de 1,m e n for nulo

A expansão do determinante fornece um polinômio característico do tipo:

onde: I

II ( x

III x

x y

y y z

y z 2.

z

z x )

3

n

2 2

xy yz

2 II

2

xz

n III 0

As equações acima são invariantes, independentemente do plano oblíquo que é tomado

no tetraedro. Logo, as raízes do polinômio característico já as tensões principais.

2.4.5 - CÍRCULO DE MOHR PARA O ESTADO GERAL DE TENSÕES

Qualquer estado de tensão tridimensional pode ser transformado em três tensões

principais que atuam em três direções ortogonais.

Figura 18 - Elemento submetido a estado tridimensional de tensões

Page 13: CAPÍTULO 02 - ANÁLISE DE TENSÕES E DEFORMAÇÕES

36

Admitindo que 1> 2> 3>0.

Figura 19 - Círculo de Mohr para o estado tridimensional de tensões 2.5 – ANÁLISE DE DEFORMAÇÃO

Um corpo sólido se deforma quando sujeito a mudanças de temperatura ou a uma carga

externa, como mostrado abaixo.

Figura 20 - Corpo submetido à tração pura

Se L0 é o comprimento inicial e L é o comprimento final do corpo sob tração, o

alongamento é ∆L = L – L0 e o alongamento por unidade de comprimento, chamado

deformação linear, é definido como:

L dL L

∫ 0

L0

L0

Se o corpo se deforma em três direções ortogonais x,y,z e z e u, v, e w forem as três

componentes do deslocamento nestas direções, as deformações lineares são respectivamente:

Page 14: CAPÍTULO 02 - ANÁLISE DE TENSÕES E DEFORMAÇÕES

37

Além da deformação linear, um corpo pode sofrer uma deformação angular, como

mostrado abaixo.

Figura 21 - Análise de deformação angular em elemento infinitesimal

Assim, para pequenas mudanças de ângulo, a deformação angular associada as

coordenadas x e y é definida por:

Se o corpo se deforma em mais planos ortogonais xz e yz, as deformações angulares

nestes planos são:

2.6 - LEIS DE TENSÃO - DEFORMAÇÃO LINEAR E ENERGIA DE DEFORMAÇÃO

2.6.1 - COEFICIENTE DE POISSON PARA MATERIAIS ISOTRÓPICOS

Seja o corpo abaixo submetido a uma força axial.

Page 15: CAPÍTULO 02 - ANÁLISE DE TENSÕES E DEFORMAÇÕES

38

Deformação axial

Deformação lateral

Figura 22 - Peça submetida a carregamento axial

A relação entre o valor da deformação lateral e a deformação axial é conhecida como

coeficiente de Poisson:

2.6.2 - LEI DE HOOKE PARA MATERIAIS ISOTRÓPICOS (ESTADO TRIAXIAL DE

TENSÕES)

Seja um corpo sujeito a um estado triaxial de tensões x, y e z.

Figura 23 - Corpo sujeito a um estado triaxial de tensões

O estado triaxial de tensões pode ser considerado como a superposição de três estados

de tensão uniaxial analisados separadamente:

Page 16: CAPÍTULO 02 - ANÁLISE DE TENSÕES E DEFORMAÇÕES

39

1 – Deformações devido a x:

2 – Deformações devido a y:

3 – Deformações devido a z:

Superpondo todas as deformações, temos:

Da Lei de Hooke, = E é o modulo de elasticidade do material, as deformações devido

à x, y e z são:

Para o caso do corpo ser submetido a esforços de cisalhamento as relações deformação

- tensão são:

O módulo de cisalhamento G está relacionado a E e por:

2.7 - EXTENSOMETRIA

A extensometria é uma técnica utilizada para a análise experimental de tensões e

deformações em estruturas mecânicas e de alvenaria. Estas estruturas apresentam

deformações sob carregamento ou sob efeito da temperatura. É importante conhecer a

extensão destas deformações e muitas vezes precisam ser monitoradas constantemente, o que

pode ser feito de diversas formas. Algumas são o relógio comparador, o detector eletrônico de

Page 17: CAPÍTULO 02 - ANÁLISE DE TENSÕES E DEFORMAÇÕES

40

deslocamento, por camada frágil, por foto-elasticidade e por strain-gauge. Dentre todas, o

strain-gauge, do inglês medidor de deformação, é um dos mais versáteis métodos.

Os extensômetros elétricos são largamente utilizados para medir deformações em

estruturas como pontes, máquinas, locomotivas, navios e ainda associados a transdutores para

medir pressão, tensão, força e aceleração. São ainda associados a outros instrumentos de

medidas para uso desde análise experimental de tensão até investigação e práticas médicas e

cirúrgicas. 2.7.1 - EXTENSÔMETRO ELÉTRICO (STRAIN-GAUGE)

Em 1856 William Thomson, ou conhecido como Lord Kelvin, apresentou à Royal

Philosophical Society de Londres os resultados de um experimento envolvendo a resistência

elétrica do cobre e ferro quando submetidos a estresse. As observações de Kelvin foram

consistentes com a relação entre resistência elétrica e algumas propriedades físicas de um

condutor, segundo a equação

R L

A

onde R é a resistência elétrica, é a constante de condutividade, L é o comprimento do

condutor e A é a área da seção transversal deste. A resistência é diretamente proporcional ao

comprimento e inversamente proporcional à área da seção transversal.

Quando uma barra metálica é esticada, ela sofre um alongamento em seu comprimento

e também uma diminuição do seu volume, resultado da diminuição da área da seção

transversal desta barra. A resistência elétrica da metálica aumenta quando esta barra é

esticada, também resultado da diminuição da área da seção transversal e do aumento do

comprimento da barra. Da mesma maneira, quando a barra é comprimida, a resistência diminui

devido ao aumento da área transversal e diminuição do comprimento.

A relação entre comprimento e dimensão da seção transversal pode ser expressa

através do coeficiente de Poisson:

dD

D dL

L

L

a

Page 18: CAPÍTULO 02 - ANÁLISE DE TENSÕES E DEFORMAÇÕES

onde (ni) é o coeficiente

comprimento, L (epslon) é a

demonstra basicamente que, q

seção transversal aumenta,

material.

Experimentos realizado

algumas aplicações práticas d

partir de 1930 que estas tom

utilizações de um fio resistivo

Simmons (Califórnia Institute

(Massachusetts Institute o

independentemente um do outr

de um corpo de prova para

extensômetros que são utilizad

um extensômetro à base de fio

A partir de 1950, o pr

manufaturar finas folhas ou lâ

suporte flexível feito geralment

usadas na confecção dessas

intrincadas, como mostra a Fig

F

Figura 24 - Extensômetro de fio

de Poisson, D é a dimensão da seção tra

a deformação lateral e a é a deformação ax

quando o comprimento diminui para um materia

e vice-versa para um aumento no comprime

os pelo norte-americano P. W. Bridgman em

da descoberta de Kelvin para realização de me

maram impulso. É creditado a Roy Carlson um

para medições de tensões em 1931. Entre 1937

te of Technology, - Pasadena, CA, USA)

of Technology - Cambridge, MA, US

tro, utilizaram pela primeira vez fios metálicos co

ra medida de deformações. Esta experiência

dos atualmente. A Figura 2.21 mostra um a co

io colado.

rocesso de fabricação de extensômetros adot

âminas contendo um labirinto ou grade metáli

te de epóxi. As técnicas de fabricação de circuit

s lâminas, que podem ter configurações bas

gura 25.

Figura 25 Tipos de extensômetros elétricos.

41

ansversal, L é o

axial. Esta relação

al (compressão), a

mento (tensão) do

1923 mostraram

medidas, mas foi a

ma das primeiras

7 e 1939, Edward

) e Arthur Ruge

SA) trabalhando

colados à superfície

deu origem aos

onstrução geral de

tou o método de

ica, colado a um

tos impressos são

stante variadas e

Page 19: CAPÍTULO 02 - ANÁLISE DE TENSÕES E DEFORMAÇÕES

42

Os extensômetros elétricos têm as seguintes características gerais, que denotam sua

importância e alto uso:

alta precisão de medida;

baixo custo;

excelente linearidade;

excelente resposta dinâmica;

fácil instalação;

pode ser imerso em água ou em atmosfera de gases corrosivos (com tratamento

adequado);

possibilita realizar medidas à distância.

A base do extensômetro pode ser de: poliamida, epóxi, fibra de vidro reforçada com resina

fenólica, baquelita, poliéster, papel e outros. O elemento resistivo pode ser confeccionado de

ligas metálicas tais como Constantan, Advance, Nicromo V, Karma, Níquel, Isoelatic e outros. O

extensômetro pode ser confeccionado também com elemento semicondutor, que consiste

basicamente de um pequeno e finíssimo filamento de cristal de silício que é geralmente

montado em suporte de epóxi ou fenólico.

As características principais dos extensômetros elétricos de semicondutores são sua grande

capacidade de variação de resistência em função da deformação e seu alto valor do fator do

extensômetro, que é de aproximadamente 150, podendo ser positivo ou negativo. Para os

extensômetros metálicos a maior variação de resistência é devida às variações dimensionais,

enquanto que nos de semicondutor a variação é mais atribuída ao efeito piezo-resistivo.

Para um extensômetro ideal, o fator de extensômetro deveria ser uma constante, e de maneira

geral os extensômetros metálicos possuem o fator de extensômetro que podem ser

considerados como tal. Nos extensômetros semicondutores, entretanto, o fator do extensômetro

varia com a deformação, numa relação não linear. Isto dificulta quando da interpretação das

leituras desses dispositivos. Entretanto é possível se obter circuitos eletrônicos que linearizem

esses efeitos. Atualmente, os extensômetros semicondutores são bastante aplicados quando se

deseja uma saída em nível mais alto, como em células de cargas, acelerômetros e outros

transdutores.

2.7.2 - PRINCÍPIO DE FUNCIONAMENTO E USO

Na sua forma mais completa, o extensômetro elétrico é um resistor composto de uma

finíssima camada de material condutor, depositado então sobre um composto isolante. Este é

então colado sobre a estrutura em teste com auxílio de adesivos como epóxi ou cianoacrilatos.

Page 20: CAPÍTULO 02 - ANÁLISE DE TENSÕES E DEFORMAÇÕES

43

Pequenas variações de dimensões da estrutura são então transmitidas mecanicamente ao

extensômetro, que transforma essas variações em variações equivalentes de sua resistência

elétrica (por esta razão, os extensômetros são definidos como transdutores). Os extensômetros

são usados para medir variações de carga, pressão, torque, deslocamento, tensão,

compressão, aceleração, vibração. A seleção do extensômetro apropriado para determinada

aplicação é influenciada pelas características seguintes: material da grade metálica e sua

construção, material do suporte isolante, material do adesivo, tratamento e proteção do medidor

e configuração. O design dos extensômetros incorpora várias funcionalidades como alto fator de

medição, alta resistividade, insensibilidade à temperatura, alta estabilidade elétrica, alta

resistência mecânica, facilidade de manipulação, baixa histerese, baixa troca termal com outros

materiais e durabilidade. A sensibilidade à temperatura é um ponto fundamental no uso de

extensômetros, e freqüentemente o circuito de medição contém um compensador de

temperatura. Da mesma forma, o tipo de adesivo usado para fixar o extensômetro à estrutura a

ser monitorada é de suma importância. O adesivo deve transmitir as variações mecânicas com

o mínimo de interferência possível, por isso deve ter alta resistência mecânica, alta resistência

ao cisalhamento, resistência dielétrica e capacidade de adesão, baixas restrições de

temperatura e facilidade de aplicação.A relação básica entre deformação e a variação na

resistência do extensômetro elétrico pode ser expressa como:

1 dR F R

onde é a deformação, F é o fator do medidor e R é a resistência do medidor. Para um

medidor típico, F é 2.0 e R é 120 ohm. 2.7.3 - TIPOS DE EXTENSÔMETROS ELÉTRICOS (STRAIN-GAUGES)

Extensômetro axial único. Utilizado quando se conhece a direção da deformação, que é

em um único sentido.

Figura 26 - Extensômetro axial único.

Page 21: CAPÍTULO 02 - ANÁLISE DE TENSÕES E DEFORMAÇÕES

44

EXTENSÔMETRO AXIAL MÚLTIPLO

Roseta de 2 direções. São dois extensômetros sobre uma mesma base, sensíveis a

duas direções. Utilizada para medir deformações principais quando se conhecem as direções.

Figura 27 - Roseta de 2 direções

Roseta de 3 direções. São três extensômetros sobre uma mesma base, sensíveis a três

direções. Utilizada quando as direções principais de deformações não são conhecidas.

Figura 28 - Roseta de 3 direções

A Figura 29(a) apresenta um extensômetro tipo diafragma, que são quatro extensômetros sobre uma mesma base, sensíveis a deformações em duas posições diferentes. Usado para transdutores de pressão. A Figura 29(b) apresenta um extensômetro para medida de tensão residual, que são três extensômetros sobre uma base devidamente posicionados para utilização em método de medida de tensão residual. Finalmente, a Figura 29(c) mostra um extensômetro para transdutores de carga (strain-gauge load cell), que são dois extensômetros dispostos lado a lado, sobre a mesma base, para utilização em células de cargas (para medição de tensão e compressão).

Page 22: CAPÍTULO 02 - ANÁLISE DE TENSÕES E DEFORMAÇÕES

45

(a) (b) (c)

Figura 29 - Extensômetros tipo (a) diafragma, (b) para medida de tensão residual e (c) célula de carga

A extensometria, como técnica de medição de deformações ocorridas em materiais, é

essencial para monitoramento dinâmico de estruturas sujeitas a carregamentos e tem no

extensômetro elétrico ou strain-gauge seu instrumento principal.

Os strain-gauges têm aplicações tão variadas quanto monitoramento de deformações

em pontes, vigas, medição de vibração em máquinas, medição de pressão, de força, em

acelerômetros e torquímetros. Devido às vantagens e importância dos extensômetros elétricos,

estes aparelhos são indispensáveis a qualquer equipe que se dedique ao estudo experimental

de medições. 2.8 - RELAÇÕES TENSÃO - DEFORMAÇÃO

Para o estado plano de tensões, as condições permitem o uso da aproximação segundo

a qual não ocorre variação das tensões na direção z, podendo-se desconsiderar as tensões zz

, xz e yz em presença das outras tensões. Então:

E xx

1 2 xx yy

E yy

1 2 xx yy

zz xz

yz 0

xy 2G

xy

xx

xx = yy

xy

2.9 - O MÉTODO DOS ELEMENTOS FINITOS

2.9.1 - INTRODUÇÃO

A mecânica dos meios contínuos e mais especificamente a teoria da elasticidade, tem

como fundamento básico o desenvolvimento de modelos matemáticos que possam representar

adequadamente a situação física real em estudo. Na análise estrutural o objetivo pode ser a

Page 23: CAPÍTULO 02 - ANÁLISE DE TENSÕES E DEFORMAÇÕES

46

determinação do campo de deslocamentos , as deformações internas ou as tensões atuantes

no sistema devido a aplicação de cargas. Muitos estudiosos do assunto tais como Navier,

Cauchy, Poisson, Green etc , destacaram-se no desenvolvimento de modelos matemáticos que

auxiliaram na determinação de variáveis envolvidas num determinado estudo.

Porém em certos casos práticos certas aplicações de modelos matemáticos apresentam

dificuldades as vezes intransponíveis . Como exemplo sabe-se que na análise estrutural a

perfeita representação matemática dos carregamentos, geometria, condições de contorno etc

em muitas situações apresenta-se de forma complexa, havendo assim a necessidade de se

introduzir hipóteses mais aproximadas no problema físico real possibilitando assim formas de

modelagem matemática que conduzem a soluções mais simples.Por outro lado a engenharia

tem demonstrado interesse cada dia maior em estudos mais precisos que se aproximam o

máximo possível do modelo real . Dentre estes métodos escolhidos surgiu o método dos

elementos finitos que é baseado na discretização do meio contínuo (estrutura sólida, o fluido, os

gases etc).O método dos elementos finitos é seguramente um dos métodos mais difundidos na

discretização dos meios contínuos . A sua utilização se deve também ao fato de poder ser

aplicado em problemas clássicos da mecânica estrutural elástico-linear tais como mecânica dos

sólidos , mecânica dos fluidos, transmissão de calor , acústica etc. 2.9.2 – SÍNTESE HISTÓRICA

Devido a complexidade comportamental dos sistemas estruturais utiliza-se modelos

mais simplificados que consistem em separar os sistemas em componentes básicos ou seja,

aplica-se o processo de análise do método científico de abordagem do problema.

Com esta operação, tem-se a oportunidade de se estudar o comportamento dos

elementos de forma mais simples sintetizando as soluções parciais para se obter uma solução

aproximada porém segura. A discretização de sistemas contínuos tem objetivos análogos aos

acima descritos, particionando-se o domínio, o sistema em componentes cujas soluções são

mais simples e posteriormente utiliza-se soluções parciais para resolver os problemas. Em

alguns casos essa subdivisão prossegue indefinidamente e o problema só terá solução

utilizando definições matemáticas de infinitésimos isto é, conduzindo-se a equações

diferenciais , ou expressões equivalentes com um número infinito de elementos. Com a

evolução dos computadores digitais os problemas discretos podem ser resolvidos sem

dificuldade mesmo que o modelo apresente um grande número de elementos dependendo

apenas da capacidade do computador .

Page 24: CAPÍTULO 02 - ANÁLISE DE TENSÕES E DEFORMAÇÕES

47

A discretização de problemas contínuos tem sido abordada ao longo dos anos, de forma

diferente por matemáticos e engenheiros. Os matemáticos tem desenvolvido técnicas gerais

aplicáveis diretamente a equações diferenciais que regem o problema tais como: aproximações

por diferenças finitas , métodos de resíduos ponderados, técnicas aproximadas para determinar

pontos estacionários de funcionais etc. Os engenheiros procuram abordar os problemas de

forma mais intuitiva estabelecendo analogias entre os elementos discretos reais e porções

finitas de um domínio do contínuo.

O conceito de análise de estruturas teve início na escola francesa (1850 a 1875) com

Navier , St. Venan e com os trabalhos de Maxwell, Castigliano , Mohr e outros.

No período compreendido entre 1875 e 1920 as teorias e técnicas analíticas para o

estudo das estruturas forma particularmente lentos devido certamente as limitações práticas

nas soluções de equações algébricas . Neste período as estruturas de interesse eram

basicamente treliças e pórticos que utilizavam um processo de análise mais aproximado

baseado na distribuição de tensões com forças incógnitas o que era universalmente

empregado. Após 1920 em função dos trabalhos de Maney e Ostenfield passou-se a utilizar a

idéia básica de análise aproximada de treliças e pórticos baseada no método dos

deslocamentos . Estas idéias portanto foram as precursoras do conceito de análise matricial de

estruturas em uso hoje em dia. Várias limitações no tamanho dos problemas a solucionar que

poderiam ter forças ou deslocamentos com incógnitas continuaram a prevalecer até 1932

quando Hardy Cross introduziu o Método da distribuição de momentos. Este método facilitou a

solução de problemas de análise estrutural possibilitando-se assim trabalhar com problemas

mais complexos .

Após 1940 McHenry , Hrenikof e Newmark demonstraram no campo da mecânica dos

sólidos que podiam ser obtidas soluções razoavelmente boas de um problema de contínuo

através da distribuição de barras elásticas simples. Mais tarde Argyris, Turner, Clough , Martin e

Topp demonstraram que era possível substituir as propriedades do contínuo de um modo mais

direto e não menos intuitivo , supondo que as porções ou seja os elementos se comportavam

de forma simplificada.

Os computadores digitais apareceram por volta de 1950 mas a sua real aplicação a

teoria e a prática não se deu aparentemente de forma imediata. Entretanto alguns estudiosos

previram o seu impacto e estabeleceram codificações para a análise estrutural de forma

adequada ou seja na forma matricial. Duas contribuições notáveis podem ser consideradas

como um marco no estudo do método dos elementos finitos. Seus autores são Argyris e Kelsey

e Turner, Clough, Martin e Topp.

Page 25: CAPÍTULO 02 - ANÁLISE DE TENSÕES E DEFORMAÇÕES

48

Tais publicações uniram os conceitos de análise estrutural e análise do contínuo e lançaram os

procedimentos resultantes na forma matricial; elas apresentaram uma influencia preponderante

no desenvolvimento do MEF nos anos subseqüentes. Assim as equações da rigidez passaram

a ser escritas em notação matricial e resolvidas em computadores digitais. A publicação

clássica de Turner et all de 1956 influencia decisivamente no desenvolvimento do método dos

elementos finitos.

Em 1941 o matemático Courant sugeria a interpolação polinomial sobre uma subregião

triangular como uma forma de se obter soluções numéricas aproximadas. Ele considerou esta

aproximação como uma solução de Rayleigh-Ritz de um problema variacional. Este é portanto o

método dos elementos finitos na forma com se conhece hoje em dia.

O trabalho de Courant foi no entanto esquecido até que os engenheiros

independentemente o desenvolveram. O nome elementos finitos que identifica o uso preciso da

metodologia geral aplicável a sistemas discretos , foi dado em 1960 por Clough. Em 1963 o

método foi reconhecido como rigorosamente correto e tornou-se uma respeitável área de

estudos. Hoje muitos pesquisadores continuam a se ocupar com o desenvolvimento de novos

elementos e de melhores formulações e algorítmos para fenômenos especiais e na elaboração

de novos programas que facilitem o trabalho dos usuários. 2.9.3 - O MÉTODO DOS ELEMENTOS FINITOS

O método dos elementos finitos é um procedimento numérico para resolver problemas

de mecânica do contínuo com precisão aceitável na engenharia.Suponha-se que os

deslocamentos e/ou tensões da estrutura mostrada na figura 30a devam ser determinados Os

métodos clássicos descrevem o problema com equações diferenciais parciais, más não

fornecem respostas prontas por não serem o carregamento e a geometria comuns. Na prática

muitos problemas se tornam complicados para terem uma solução matemática fechada

(algoritmo próprio para a solução). Neste caso portanto como o da figura 30a uma solução

numérica é necessária e um dos métodos mais aplicáveis é o método dos elementos finitos.

Page 26: CAPÍTULO 02 - ANÁLISE DE TENSÕES E DEFORMAÇÕES

Figura 30a – E

Na figura 30b é mostra

viga da figura 30a, onde as

pequenos círculos representam

dizer que os elementos finito

converter a figura 30a na figu

partes através dos nós poi

procedendo desta forma have

tendência a haver uma separ

estrutura real não atua desta f

compatível. Por exemplo se

elementos adjacentes deverão

separação.

A versatilidade é uma n

ser aplicado a problemas de n

cargas e condições de conto

diferentes tipos, formas e prop

colocada em um programa com

problema a abordar, especifica

etc. Outra característica muito

modelo real fazendo com qu

suas vantagens, o método dos

exemplo: um resultado numér

tentam representar um sistem

verificação destes resultados.

Estrutura plana real Figura 30b – malha de EF

ada uma possível malha de elementos finitos

s regiões triangulares representam os elemen

m os nós que conectam os elementos uns aos

os representam pedaços da estrutura real por

ura 30b fazendo cortes na estrutura em regiõe

is isto resultaria numa estrutura fragilizada.

eria certamente uma concentração de tensões

ração dos elementos nas regiões limítrofes. N

forma. Assim os elementos finitos devem se defo

uma aresta de um elemento permanece reta

o ter deformações compatíveis, sem que haja

notável característica do método dos elementos

natureza diversa. A região sob análise pode ter

orno quaisquer. A malha pode ser constituída

priedades físicas. Esta grande versatilidade pode

omputacional simples, desde que se controle a s

cando a geometria, condições de contorno, seleç

o positiva do método é a semelhança entre o m

ue a abstração matemática seja fácil de se visu

s elementos finitos apresenta também algumas d

ico específico sempre é obtido para um conjun

ma, e nem sempre existe uma fórmula fechad

. Um programa e um computador confiáveis

49

que representa a

entos finitos e os

s outros. Pode-se

rém não se pode

es e unindo estas

. Adicionalmente

s nos nós e uma

Na realidade uma

ormar de maneira

a, as arestas dos

sobreposição ou

finitos que pode

forma arbitrária e

de elementos de

e muitas vezes ser

seleção do tipo de

ção de elementos

modelo físico e o

ualizar. Apesar de

desvantagens por

nto de dados que

da que permita a

is são essenciais;

Page 27: CAPÍTULO 02 - ANÁLISE DE TENSÕES E DEFORMAÇÕES

50

m

n

a

experiência e um bom senso na análise são necessários para se construir uma boa malha. Os

dados de saída de uma análise feita devem ser cuidadosamente interpretados.

2.9.4 - EQUAÇÕES BÁSICAS DO MÉTODO DOS ELEMENTOS FINITOS

O método dos elementos finitos comumente usado é baseado no método de Rayleigh-

Ritz e prevê a divisão do domínio de integração, contínuo em um número finito de pequenas

regiões conforme visto no item anterior (figuras 30a e 30b). A esta divisão do domínio dá-se o

nome de rede de elementos finitos. A malha desse reticulado pode ser aumentada ou diminuída

variando o tamanho dos elementos finitos. Ao invés de buscar uma função admissível que

satisfaça as condições de contorno para todo o domínio, no método dos elementos finitos as

funções admissíveis são definidas no domínio de cada elemento finito. Para cada elemento

finito i, é montado um funcional i , que somado aos dos demais elementos finitos , formam um funcional para todo o domínio.

n

∑ i

i 1

Para cada elemento i, a função aproximada é formada por variáveis referidas aos nós do

elemento (parâmetros nodais) e por funções denominadas de funções de forma. Assim a função

aproximada tem a forma:

v ∑ j 1 a

j j

onde a

j são os parâmetros nodais e j as funções de forma.

O funcional fica sendo expresso por:

(a j )

∑i 1

i (a

j )

A condição de estacionariedade gera como no método de Rayleigh-Ritz, um sistema de

equações algébricas lineares tal que como:

n n m

i a

j

a j ∑i 1 i

a j ∑i 1 ∑ j 1

0 j

A solução do sistema de equações acima dá os valores dos parâmetros nodais a

j

que

podem ser deslocamentos, forças internas, ou ambos, dependendo da formulação do método

dos elementos finitos que se utiliza. Se o campo de deslocamentos é descrito por funções

aproximadoras e o princípio da mínima energia potencial é empregado, as incógnitas são as

componentes dos deslocamentos nodais e o método dos elementos finitos é denominado de

método dos elementos finitos, modelo das forças de deslocamentos ou método dos elementos

Page 28: CAPÍTULO 02 - ANÁLISE DE TENSÕES E DEFORMAÇÕES

51

finitos, modelo dos deslocamentos ou método dos elementos finitos, modelo de rigidez. Se o

campo das tensões ou esforços internos é representado por funções aproximadoras, as

incógnitas serão as tensões ou esforços internos nodais e o método dos elementos finitos é

denominado de método dos elementos finitos, modelo das forças ou método dos elementos

finitos, modelo de flexibilidade, sendo utilizado o princípio da mínima energia complementar.

Nos métodos mistos, as funções aproximadoras são expressas em termos de deslocamento e

forças internas ou tensões e são derivadas de princípios variacionais generalizados, como o

princípio de Reissner. 2.10 - EXERCÍCIOS RESOLVIDOS

1. Dado o seguinte tensor da tensão associado ao sistema de referência x, y,z.

Determine:

Figura 31 – Exercício resolvido 1

a) i) As componentes normal ( ) e tangencial ( ) da tensão, numa faceta igualmente

inclinada relativamente a x, y, z.

ii) As direções das componentes referidas na alínea i).

b) Resolva a alínea anterior para uma faceta paralela a z e igualmente inclinada

relativamente a x e y.

c) As tensões e respectivas direções principais.

d) As componentes normal e tangencial da tensão na faceta x, partindo do tensor das

tensões associado ao sistema de eixos principais. Compare os valores obtidos com

os valores dados inicialmente.

Solução:

a) i)

2.0

10 2 MPa

2.16

10 2 MPa.

n ' Tz

ii) l '

n

Tx

l

0.267

0.535 ;

m'

Ty

m 0.802 ;

b) 50MPa 150MPa.

Page 29: CAPÍTULO 02 - ANÁLISE DE TENSÕES E DEFORMAÇÕES

52

0 0 0

l ' T

x

n ' Tz n

l

0.943

0.236 ; m'

Ty

m 0.236 ;

1 0 0 4.87 0 0

c) 1, 2,3 2

0.32 0

10 2 MPa.

0

l1

0 0.657

3 1, 2,3

0 0

cos(1, x)

3.191, 2,3

l 2 0.449

cos(2, x)

m1 0.612

n1 0.440

cos(1, y)

cos(1, z)

m2 0.787

n2 0.423

cos(2, y)

cos(2, z)

l3

0.605

m3

0.081

n3

0.792

d)

cos(3, x)

cos(3, y)

cos(3, z)

0.657

0.449

0.605

4.87 0

0

0.657

0.612

0.440 2

x , y , z 0.612

0.440

0.787

0.423

0.081

0.792

0

0

0.32

0

0

3.19

0.449

0.605

0.787

0.081

0.423

0.792

10 MPa

2. a) Represente no plano de Mohr, o estado de tensão abaixo definido.

Figura 32 – Exercício resolvido 2

b) Determine as tensões e direções principais do estado de tensão definido na alínea

anterior, resolva analiticamente e pela circunferência de Mohr.

Resolução:

a)

Page 30: CAPÍTULO 02 - ANÁLISE DE TENSÕES E DEFORMAÇÕES

53

Figura 33 – Solução do exercício resolvido 2

b) 1 = 7.606 Mpa; 2 = 0.394 Mpa; 3 = z =0 MPa ( valor admitido )

1 = -16.850; 2 = 73.150; 3 = z = 900.

3. A figura representa o estado de tensão num ponto de uma chapa de aço.

Figura 34 – Exercício resolvido 3

a) Faça a representação gráfica de Mohr, do estado de tensão nesse ponto e determine

as tensões principais e respectivas direções.

b) Posteriormente a chapa é submetida a uma compressão adicional uniforme de

15MPa, segundo uma direção que faz um ângulo de 200 com o eixo dos x, marcado

no sentido contrário ao dos ponteiros do relógio.

Determine as tensões principais e respectivas direções , referentes ao estado de

tensão resultante no ponto considerado.

Page 31: CAPÍTULO 02 - ANÁLISE DE TENSÕES E DEFORMAÇÕES

54

Resolução :

a)

Figura 35 – Solução do exercício resolvido 3

1 = 67.5 MPa; 2 = z = 0 Mpa; 3 = -27.75 MPa

1 = -24.230 ; 2 = z = 900; 3 = 65.770

36.76

39.82 0

58.66 0 0 b)

x , y , z 39.82

0

13.76

0

0 MPa ;

0

1, 2,3

0

0

0 0

0 35.66 MPa

1 = -28.810; 2 = z = 900; 3 = 61.190

4. Considere o campo de deslocamentos dado por:

u v w

0.25x y

0.25 y x

0.25z x

z 2

10 4

z 2

10 4

y 2

10 4

Para o ponto A (1,2,1), determine:

a) O tensor das deformações referido ao referencial x, y, z.

b) A deformação no ponto A segundo uma direção igualmente inclinada relativamente

aos três eixos.

c) Determine o plano onde se dá a distorção.

d) As extensões principais.

e) Determine o tensor das tensões, sabendo que E = 210 GPa e = 0.3.

Page 32: CAPÍTULO 02 - ANÁLISE DE TENSÕES E DEFORMAÇÕES

55

' ''

0 0

0 0

Resolução:

a) x , y , z

2.25 1.75

1.50

1.75

1.00

1.75

1.50

1.75

2.25

10 4

b) 5.167 10 4 '

0.466 10 4 rad

c) l '

x l

2

5.206

t

0.412 ;

0

2

m ' y m

2

0

0.827 ;

n ' z n

2

0.412

d) 1, 2,3

0

0.750

0

0.456

10 4

143.4 0 0 e)

1, 2,3 0 75.0 0

MPa

0 0 56.5

5. Considere o estado de tensão definido no exercício 1 e um material isotrópico com

constantes elásticas: E = 210 GPa e = 0.3.

Determine o estado de deformação correspondente a este estado de tensão, tomando

como eixos coordenados:

Eixos x, y, z

Eixos principais 1, 2 , 3.

Resolução: 0.333

1.24

1.85

a) x , y , z

1.24 0.952 0.62

10 3

1.85 0.62 0.905

2.73 0 0

b) 1, 2,3

0

0.09

0

2.26

1, 2,3

10 3

6. Grava-se sobre uma chapa de aço uma circunferência de 600 mm de diâmetro.

Submete-se depois esta chapa a tensões tais que :

Page 33: CAPÍTULO 02 - ANÁLISE DE TENSÕES E DEFORMAÇÕES

56

x 140MPa ; y

20MPa ; xy 80MPa

Figura 36 – Exercício resolvido 6

Depois da solicitação a circunferência transforma-se numa elipse. Calcular os

comprimentos do eixo maior e do eixo menor dessa elipse e marcar as respectivas

direções na figura.

Resolução:

Figura 37 – Solução do exercício resolvido 6

1 = -26.570 2 = z = 900

3 = 63.430.

Page 34: CAPÍTULO 02 - ANÁLISE DE TENSÕES E DEFORMAÇÕES

57

c

c x

7. Num ponto situado à superfície de uma placa de aço instalou-se uma roseta de

extensômetros como se indica na figura. Depois de aplicada ao corpo uma determinada

solicitação, colocando o ponto em estado plano de tensão, fizeram-se as seguintes

leituras:

Y a

b a

b

300

c

X

a y 1

10

3

Figura 38 – Exercício resolvido 7

0.3

b 2.5 10

3 1.211 10

5 MPa

2 10 3

E 2.1

105 MPa

G 0.81 105

MPa

Nesta situação determinar as extensões e tensões principais e respectivas direções.

Resolução:

1.58 0 0 3

1.2.3 0

0

0.428

0

0

10

2.58

1 = -68.050; 2 = z = 900; 3 = 21.950

186.66 0 0

1, 2,3 0

0

0.01018

0

0

487.25 MPa

8. Na vizinhança de um ponto, mediram-se as extensões segundo as arestas de um

tetraedro, resultantes de uma dada solicitação, e que estão representadas na figura.

Page 35: CAPÍTULO 02 - ANÁLISE DE TENSÕES E DEFORMAÇÕES

58

l

n

b c

f

Figura 39 – Exercício resolvido 8

Os valores obtidos foram os seguintes:

a x 1

10 4 ;

y 0.5

10 4 ;

z 0.5

10 4 ;

d 1.5

10 4

e 0.8 10 4 ; 0.6 10

4

a) Defina o estado de deformação no ponto por intermédio do tensor das extensões.

b) Determine a extensão e a distorção numa direção igualmente inclinada relativamente

a três eixos de referência x, y, z.

c) Determine o plano aonde se dá a distorção.

d) Determine as extensões principais.

e) Represente o estado de deformação no plano de Mohr.

f) Determine o valor da máxima distorção.

Resolução

1 0.75

0.55

a) x , y , z

0.75

0.55

0.5

0.6

0.6

0.5

10 4

b) 0.133 10 4 '

0.347 10 4 rad

t 2

c) l '

'

x

2

0.277 ;

'

m m

' y

2

0.803 ;

'

n ' z

2

0.528

Page 36: CAPÍTULO 02 - ANÁLISE DE TENSÕES E DEFORMAÇÕES

59

2 3

d) 1 1.816 10 4

0.012 10 4

0.806 10 4

e)

f)

max

2.62

Figura 40 – Solução do exercício resolvido 8

10 4 rad

9. Na figura estão indicados os elementos da superfície A e B, ambos paralelos a direção

principal z, as tensões normal e tangencial no elemento A e a tensão normal no

elemento B, sabendo que a tensão principal na direção z vale 50 MPa, determine:

Figura 41 – Exercício resolvido 9

a) A tensão tangencial no elemento B.

b) As tensões e direções principais.

c) As extensões principais supondo: E = 210 Gpa ; = 0.3

Page 37: CAPÍTULO 02 - ANÁLISE DE TENSÕES E DEFORMAÇÕES

60

0 0 0

0 0

d) Componentes da tensão no elemento de superfície cuja normal, relativamente aos eixos

principais, tem por cossenos directores: l

2 , m

3

2 , n

1 .

3 3

e) A tensão de comparação pelo critério de Von-Mises.

Resolução:

a) b

b) 1

10.44MPa

50MPa ; 2

12.0MPa ;

3 44.9MPa

1 90

z ;

2.85

2 59.23 ;

0 0

3 30.77

c) 1, 2,3

0

0.498

0

3.02

1, 2,3

10 4

d)

e) eq

22.57MPa

82.72MPa

29.82MPa.

10. Num corpo de aço macio sujeito a estado plano de tensão, conhecem-se as tensões

normais em duas facetas ortogonais, como se indica na figura. Sabe-se também que

uma das direções principais é a indicada na figura, determine:

Y

60 MPa

B

Z 30

0

X

100 MPa

A

Dir P

a) As tensões principais.

Figura 42 – Exercício resolvido 10

b) As extensões principais, sabendo que E = 210 GPa,

c) tensão de comparação pelo critério de Von-Mises.

0.3

d) Admitindo que se trata de um material frágil com:

c 100MPa ;

t 60MPa

Verifique, pelo critério de Mohr-Coulomb, se o estado de tensão é possível.

Page 38: CAPÍTULO 02 - ANÁLISE DE TENSÕES E DEFORMAÇÕES

61

0 0

Resolução: 180 0 0 a)

1, 2,3 0 0

0 0

0

140 MPa

1.06 0 0

b) 1, 2,3

0

0.06

0

0.92

1, 2,3

10 3

c) eq 277.85MPa

180 d)

60

180

140

100

100

4.4 1

não verifica

não verifica

O estado de tensão não é admissível.

Figura 43 – Solução do exercício resolvido 10 2.11 - EXERCÍCIOS PROPOSTOS

1. Determinar, empregando equações e o círculo de Mohr, para cada um dos estados de

tensão abaixo representados :

• a orientação dos planos principais;

• as tensões principais;

• a máxima tensão de cisalhamento;

• a orientação dos planos das tensões máxima de cisalhamento;

• a tensão normal associada a tensão máxima de cisalhamento.

Resposta : a) 18,52º e 108,52º; 66,10 MPa e -53,10 MPa; 59,60 MPa; -26,42º e 63,57º; -

2,5 MPa;

Page 39: CAPÍTULO 02 - ANÁLISE DE TENSÕES E DEFORMAÇÕES

62

b) 18,4º e 108,4º; 151,7 MPa e 13,8 MPa; 69 MPa; -26,6º e 63,4º; +82,75 MPa;

c) -37º e 53º; -27,2 MPa e -172,8 MPa; 72,8 MPa; 8º e 98º; -100 MPa;

d) -31º e 59º; 130,0 MPa e -210,0 MPa; 170 MPa; 14º e 104º; -40MPa.

Figura 44 – Exercício proposto 1 2. O prisma abaixo está submetido a um Estado Plano de Deformações. Encontrar as

tensões e direções principais, a tensão de cisalhamento máxima no plano xy e sua

direção e a maior tensão de cisalhamento no entorno de P. Representar estas

grandezas (tensões e direções) através dos círculos de Mohr correspondentes aos

planos formados por cada dois eixos principais.. Encontrar as deformações específicas e

deformações totais nas direções x, y e z. Encontrar as deformações específica máxima

e mínima. E=210.000 MPa. ( = 0,3.

Figura 45 – Exercício proposto 2