80
Caracterização da reatividade serológica e antigénica em pacientes com malária grave Janine Guerreiro Domingos Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em Engenharia Biológica Mestrado Integrado em Engenharia Biológica Orientadores: Investigador Doutor Marcelo Sousa Silva Professora Doutora Maria Ângela Cabral Garcia Taipa Meneses de Oliveira Júri Presidente: Professor Doutor Duarte Miguel Teixeira da França dos Prazeres Orientador: Investigador Doutor Marcelo Sousa Silva Vogal: Professor Doutor Gabriel António Amaro Monteiro Novembro, 2015

Caracterização da reatividade serológica e antigénica ... · A imunidade adquirida durante a interação parasita-hospedeiro influencia o quadro clínico da infeção,

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Caracterização da reatividade serológica e antigénica ... · A imunidade adquirida durante a interação parasita-hospedeiro influencia o quadro clínico da infeção,

Caracterização da reatividade serológica e antigénica em

pacientes com malária grave

Janine Guerreiro Domingos

Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em Engenharia Biológica

Mestrado Integrado em Engenharia Biológica

Orientadores: Investigador Doutor Marcelo Sousa Silva

Professora Doutora Maria Ângela Cabral Garcia Taipa Meneses de Oliveira

Júri

Presidente: Professor Doutor Duarte Miguel Teixeira da França dos Prazeres Orientador: Investigador Doutor Marcelo Sousa Silva

Vogal: Professor Doutor Gabriel António Amaro Monteiro

Novembro, 2015

Page 2: Caracterização da reatividade serológica e antigénica ... · A imunidade adquirida durante a interação parasita-hospedeiro influencia o quadro clínico da infeção,

ii

Page 3: Caracterização da reatividade serológica e antigénica ... · A imunidade adquirida durante a interação parasita-hospedeiro influencia o quadro clínico da infeção,

iii

Agradecimentos

Ao meu orientador, Doutor Marcelo Sousa Silva, em primeiro lugar, por me ter dado a oportunidade

de realizar o estágio no Instituto de Higiene e Medicina Tropical. Pelo conhecimento, apoio e dedicação

prestada, e pela confiança que depositou em mim para realizar este trabalho.

Ao Doutor Anaxore Casimiro, pela recolha das amostras.

À Doutora Fátima Nogueira, por ter disponibilizado as culturas de P. falciparum. À sua aluna,

Fernanda Murtinheira, pelas primeiras culturas. Ao Tiago Vaz, um muito obrigada por toda a ajuda e

apoio final.

À Professora Ângela Taipa, por sempre se mostrar disponível.

À Daniela Portugal, minha professora de laboratório, um enorme obrigada por tudo que ensinaste

(conhecimento científico e truques laboratoriais), por todas as dúvidas que tiraste e por todo o apoio

que deste.

Às minhas colegas de sala, Daniela Portugal, Joana Frazão, Sónia Pestana, Catarina Azevedo,

Adriana Temporão, Filipa Ferreira, por toda a animação e conversas.

Aos meus pais, irmã, avô Fernando e avó Aida, pelo apoio e carinho.

Ao Francisco Pires, pelo amor e apoio diário. À Ana Rita Brás, por todos os desabafos académicos

e frustrações que tiveste de ouvir. Muito obrigada aos dois.

Page 4: Caracterização da reatividade serológica e antigénica ... · A imunidade adquirida durante a interação parasita-hospedeiro influencia o quadro clínico da infeção,

iv

Resumo

A malária é uma doença infeciosa causada pelo parasita protozoário pertencente ao género

Plasmodium. A principal forma de transmissão manifesta-se através da picada da fêmea infetada do

mosquito Anopheles; contudo, poderá também ocorrer transmissão da malária através de transfusões

sanguíneas, bem como de mãe para filho durante a gravidez.

A imunidade adquirida durante a interação parasita-hospedeiro influencia o quadro clínico da infeção,

uma vez que repetidos níveis de exposição à malária podem levar ao desenvolvimento de uma

imunidade protetora.

Com este trabalho, pretende-se caracterizar as reatividades serológica e imunoquímica envolvidas

na indução e manutenção da imunidade humoral em pacientes (mais concretamente, crianças) com

quadro clínico de malária grave, por P. falciparum.

Pelas análises serológicas de um total de 12 amostras, verificou-se que 8 se apresentaram

serologicamente positivas para anticorpos IgG total anti-P. falciparum e 4 negativas. Relativamente aos

anticorpos totais anti-P. falciparum, verificaram-se 9 amostras serologicamente positivas e 3 negativas.

Para anticorpos IgM anti-P. falciparum, verificou-se que 7 amostras se apresentaram serologicamente

positivas, 4 negativas, e 1 indeterminada.

Pela análise dos perfis de immunoblotting, verificou-se um padrão consistente na imunoreatividade

a antigénios de P. falciparum com massas moleculares na gama dos 190 a 80kDa, bem como um

padrão menos consistente na gama dos 50 a 40kDa, valores estes indo de encontro aos apresentados

em trabalhos já realizados.

Através da análise in silico, as proteínas identificadas neste trabalho poderão ser um ponto de partida

para estudos futuros sobre a resposta imune humoral, apresentando impacto nas estratégias de

controlo e prevenção da doença.

Palavras-chave: Plasmodium falciparum, malária grave, anticorpos, crianças, antigénios parasitários.

Page 5: Caracterização da reatividade serológica e antigénica ... · A imunidade adquirida durante a interação parasita-hospedeiro influencia o quadro clínico da infeção,

v

Abstract

Malaria is an infectious disease caused by a protozoan parasite belonging to the genus Plasmodium.

Its main form of transmission is manifested through the bite of infected female Anopheles mosquito;

however, malaria transmission may also occur both through blood transfusions and mother-to-child

transmission during pregnancy.

Immunity acquired during the parasite-host interaction influences the clinical symptoms of infection,

since repeated exposure levels to malaria can lead to the development of protective immunity.

This work aims to characterize the serological and immunochemical reactivity, involved in the

induction and maintenance of humoral immunity in patients (notably children) presenting a clinical

picture of severe malaria by P. falciparum.

From serological analysis of a total of 12 samples, 8 were serologically positive for total IgG anti-P.

falciparum, while the remaining 4 were negative. For total antibodies anti-P. falciparum, 9 samples were

serologically positive and 3 negative. For IgM anti-P. falciparum, 7 samples were serologically positive,

4 negative, and 1 indeterminate.

Through immunoblotting profile analysis, it was detected a consistent immunoreactivity pattern for P.

falciparum antigens with molecular weights in the range of 190 to 80kDa, and a less consistent pattern

in the range of 50 to 40kDa, which were in line with previous studies.

From in silico analysis, the proteins identified in this study could be a starting point for future studies

on the humoral immune response, impacting control strategies and disease prevention.

Keywords: Plasmodium falciparum, severe malaria, antibodies, children, malaria antigens.

Page 6: Caracterização da reatividade serológica e antigénica ... · A imunidade adquirida durante a interação parasita-hospedeiro influencia o quadro clínico da infeção,

vi

Índice

Página

Agradecimentos................................................................................................................................... iii

Resumo ............................................................................................................................................... iv

Abstract ................................................................................................................................................v

Lista de tabelas ................................................................................................................................. viii

Lista de figuras .................................................................................................................................... ix

Lista de abreviações ............................................................................................................................x

Capítulo 1 - Introdução ........................................................................................................................ 1

1.1 Malária ....................................................................................................................................... 1

1.2 Ciclo de vida e biologia parasitária de Plasmodium spp. .......................................................... 3

1.3 Aspetos clínicos da malária: sinais e sintomas ......................................................................... 6

1.4 Medidas de controlo e prevenção da malária ............................................................................ 8

1.5 Diagnóstico da malária ............................................................................................................ 11

1.5.1 Microscopia ....................................................................................................................... 11

1.5.2 Testes por antigénios: teste de diagnóstico rápido (rapid diagnostic test, RDT) ............. 12

1.5.3 Testes moleculares: reação em cadeia da polimerase (polymerase chain reaction, PCR)

........................................................................................................................................................ 12

1.5.4 Testes serológicos ............................................................................................................ 12

1.5.5 Quantitative buffy coat (QBC) ........................................................................................... 13

1.6 Tratamento da malária ............................................................................................................. 13

1.7 Imunologia da malária ............................................................................................................. 15

1.7.1 Resistência genética contra a malária .............................................................................. 15

1.7.2 Imunidade adquirida .......................................................................................................... 16

1.7.3 Antigénios de Plasmodium falciparum .............................................................................. 18

1.7.4 Resposta imunológica humoral ......................................................................................... 19

1.7.5 Resposta imunológica celular ........................................................................................... 22

Capítulo 2 - Objetivos ........................................................................................................................ 26

Capítulo 3 – Materiais e métodos...................................................................................................... 27

3.1 Amostragem............................................................................................................................. 27

3.2 Tratamento e conservação das amostras ............................................................................... 27

3.3 Diagnóstico de infeção por Plasmodium spp. por imunocromatografia .................................. 27

3.4 Parasitas (Plasmodium falciparum) ......................................................................................... 28

3.5 Extração de proteínas totais de Plasmodium falciparum ........................................................ 28

3.6 Quantificação de proteínas totais de Plasmodium falciparum ................................................ 28

3.7 Determinação de anticorpos totais (Ig G+A+M) e IgM anti-Plasmodium falciparum .............. 29

3.8 Determinação de anticorpos IgG total e IgE anti-Plasmodium falciparum .............................. 30

Page 7: Caracterização da reatividade serológica e antigénica ... · A imunidade adquirida durante a interação parasita-hospedeiro influencia o quadro clínico da infeção,

vii

3.9 Determinação de subclasses de anticorpo IgG (IgG1, IgG2, IgG3 e IgG4) anti-Plasmodium

falciparum........................................................................................................................................... 31

3.10 Imunodeteção de proteínas de Plasmodium falciparum por immunoblotting ....................... 31

Capítulo 4 – Resultados e discussão ................................................................................................ 34

4.1 Caraterização da população estudada .................................................................................... 34

4.2 Diagnóstico de infeção por Plasmodium spp. por imunocromatografia .................................. 34

4.3 Determinação de anticorpos anti-Plasmodium falciparum ...................................................... 37

4.3.1 Determinação de anticorpos totais (Ig G+A+M) e anticorpo IgM anti-Plasmodium falciparum

........................................................................................................................................................ 37

4.3.2 Determinação de anticorpos IgG total anti-Plasmodium falciparum ................................. 37

4.3.3 Determinação de subclasses de anticorpo IgG (IgG1, IgG2, IgG3, IgG4) e do anticorpo IgE

anti-Plasmodium falciparum ........................................................................................................... 39

4.3.4 Resumo dos resultados serológicos específicos de Plasmodium falciparum .................. 39

4.4 Imunodeteção de proteínas de Plasmodium falciparum ......................................................... 44

4.5 Sequenciação para posterior análise in silico de antigénios envolvidos na reatividade

imunoquímica ..................................................................................................................................... 48

Capítulo 5 - Conclusões e perspetivas futuras ................................................................................. 49

Referências bibliográficas ................................................................................................................. 50

Anexos ............................................................................................................................................... 68

Anexo 1 - Parecer sobre Protocolo de Estudo .............................................................................. 68

Anexo 2 - Aprovação do Protocolo de Pesquisa ........................................................................... 69

Page 8: Caracterização da reatividade serológica e antigénica ... · A imunidade adquirida durante a interação parasita-hospedeiro influencia o quadro clínico da infeção,

viii

Lista de tabelas

Página

Tabela 1 - Características da infecção de malária grave pela OMS (18). .......................................... 7

Tabela 2 – Exemplos dos vários tipos de medicamentos usados numa infeção por malária. ........... 9

Tabela 3 - Tratamento aconselhado para malária aguda causada por P. falciparum em grupos

especiais (96). ....................................................................................................................................... 14

Tabela 4 - Critérios de inclusão e exclusão para o recrutamento dos pacientes no estudo (256). .. 27

Tabela 5 - Composição do gel de corrida (10% poliacrilamida) e do gel de empilhamento (4%

poliacrilamida). ...................................................................................................................................... 32

Tabela 6 - Resumo dos métodos de diagnóstico e de serologia utilizados previamente. Adaptado de

(256). ..................................................................................................................................................... 34

Tabela 7 - Resultados dos RDT efectuados (Figura 10) com as amostras em estudo. ................... 35

Tabela 8 - Valores da razão Abs/cut-off para IgG total, anticorpos totais (Ig G+A+M) e IgM anti-P.

falciparum das amostras analisadas. .................................................................................................... 39

Tabela 9 - Valores de Abs para IgG1, IgG2, IgG3, IgG4 e IgE anti-P. falciparum das amostras

analisadas. ............................................................................................................................................ 41

Tabela 10 – Características sociodemográficas, clínicas e laboratoriais das amostras que foram

avaliadas previamente. Adaptado de (256)........................................................................................... 43

Tabela 11 – Frequência de bandas antigénicas para cada amostra analisada. .............................. 46

Tabela 12 – Frequência das proteínas detetadas nas 12 amostras analisadas na imunodeteção de

antigénios de P. falciparum por immunoblotting. .................................................................................. 47

Page 9: Caracterização da reatividade serológica e antigénica ... · A imunidade adquirida durante a interação parasita-hospedeiro influencia o quadro clínico da infeção,

ix

Lista de figuras

Página

Figura 1 - Países com transmissão corrente de malária (dados de 2013). Adaptado de (19). .......... 2

Figura 2 - Percentagem da população a viver com menos de US $2 por dia. Adaptado de (19). ..... 3

Figura 3 - Ciclo de vida de Plasmodium spp. Adaptado de (36) ......................................................... 4

Figura 4 – Imagens de microscopia: (A) esquizontes de P. falciparum; (B) trofozoítos em fase de anel

de P. falciparum; (C) gametócitos de P. falciparum (41). ....................................................................... 5

Figura 5 - (1) Ilustração de um merozoíto com destaque nos maiores organelos e estruturas celulares.

Adaptado de (47); (2) Ilustração do processo de invasão de eritrocitos por merozoítos (47). ............... 6

Figura 6 - O desenvolvimento das vacinas de malária. Alvos no ciclo da doença que poderiam ser

interrompidos pela vacina. São ilustrados três tipos de vacina candidatos que têm sido intensamente

investigados: pré-eritrocitárias (início da infeção), eritrocitárias (causa da doença) e bloqueadoras de

transmissão (transmissão do parasita do mosquito infetado). Adaptado de (70). ................................ 10

Figura 7 – Exemplo de um RDT (Boson Biotech, China): a linha do controlo (C) permite validar o

teste; S1 é o local onde se adiciona a amostra de sangue; S é onde se adiciona o tampão do teste dado

pelo fornecedor. Especificamente, este teste é positivo para P. falciparum (T2) e P. malariae (T1). .. 12

Figura 8 – Estruturas de alguns componentes usados no tratamento de malária: (A) arteméter,

C16H26O5; (B) lumefantrina, C30H32Cl3NO; (C) artesunato, C19H28O8; (D) amodiaquina, C20H22ClN3O; (E)

mefloquina, C17H16F6N2O. ..................................................................................................................... 14

Figura 9 - Desenvolvimento da imunidade clínica em comparação com a imunidade contra os

parasitas em Kénia. Adaptado de (112). ............................................................................................... 17

Figura 10 – Resultado dos RDT realizados às amostras (nT=12). ................................................... 35

Figura 11 - Determinação da diluição de anticorpo primário a utilizar nos ensaios para determinação

da reatividade serológica de anticorpos IgG total anti-P. falciparum, na concentração fixa de extrato

proteico de 2ng/µL. ................................................................................................................................ 38

Figura 12 - Resultado do ensaio serológico para determinação da reatividade a anticorpos totais (Ig

G+A+M), IgM e IgG total anti-P. falciparum (a cada ensaio, nT=12). .................................................... 40

Figura 13 - Resultado do ensaio serológico para determinação da reatividade a IgG1, IgG2, IgG3,

IgG4 e IgE anti-P. falciparum (a cada ensaio, nT=12). .......................................................................... 42

Figura 14 - Representação esquemática do complexo estreptavidina-biotina no método ELISA.

Adaptado de (279). ................................................................................................................................ 44

Figura 15 – Perfis de immunoblotting das amostras estudadas. ...................................................... 45

Figura 16 - Percentagem de deteção das proteínas de P. falciparum por immunoblotting. ............. 48

Page 10: Caracterização da reatividade serológica e antigénica ... · A imunidade adquirida durante a interação parasita-hospedeiro influencia o quadro clínico da infeção,

x

Lista de abreviações

AARP2 Asparagine and aspartate rich protein 2 (proteína 2 rica em asparagine e aspartate)

Abs Absorvância

ACT Artemisinin-bases combination therapies (terapias que envolvam artemisinina)

ADCC Antibody-dependent cellular cytotoxicity (citotoxicidade celular dependente de

anticorpos)

ADCI Antibody dependent cellular inhibition (inibição celular dependente de anticorpos)

AMA1 Apical membrane antigen 1 (antigénio de membrana apical 1)

ATP Adenina trifosfato

BSA Bovine serum albumin (albumina de soro bovino)

CMI Cell-mediated immunity (imunidade mediada por células)

CSP Circumsporozoite protein (proteína circunsporozoítica)

CTL Cytotoxic T lymphocyte (células T citotóxicas)

DAB Diaminobenzidine (diaminobenzidina)

EDTA Ethylenediaminetetraacetic acid (ácido etilenodiaminotetra-acético)

ELISA Enzyme-linked immunosorbent assays

G6PD Glucose-6-phosphate dehydrogenase (desidrogenase glucose-6-fosfato)

HRP Horseradish peroxidase (peroxidase de rábano)

HRP-2 Histidine-rich protein 2 (proteína 2 rica em histidina)

IFN Interferon (interferão)

IFAT Indirect fluorescencent antibody test

Ig Imunoglobulina

IL Interleucina

IRS Indoor residual spraying (pulverização residual de interiores)

ITN Insecticide-treated bednets (mosquiteiros tratados com inseticida)

LDH Lactate dehydrogenase (lactato desidrogenase)

LLIN Long-lasting insecticidal nets (redes com inseticida de longa duração)

LSA Liver-stage antigen (antigénio da fase hepática)

MHC Major histocompatibility complex (complexo principal de histocompatibilidade)

MSP1 Merozoite surface protein 1 (proteína de superfície do merozoíto 1)

n Número de indivíduos

nT Número total de indivíduos da amostragem

NK Natural killer

NKT Natural killer T

OMS Organização Mundial de Saúde

OPD O-Phenylenediamine dihydrochloride

PBS Phosphate buffered saline (tampão fosfato salino)

PCR Polymerase chain reaction (reação em cadeia da polimerase)

pI Ponto isoelétrico

Page 11: Caracterização da reatividade serológica e antigénica ... · A imunidade adquirida durante a interação parasita-hospedeiro influencia o quadro clínico da infeção,

xi

PK Pyruvate kinase (piruvato cinase)

QBC Quantitative buffy coat

RDT Rapid Diagnostic Test (teste de diagnóstico rápido)

RH1 Reticulocyte-binding-like homologue

SALSA Sporozoite and liver-stage antigen (antigénio de esporozoíto e fase hepática)

SDS Sodium dodecyl sulfate (dodecil sulfato de sódio)

SERP Serine-rich protein (proteína rica em serina)

SIDA Síndrome da Imunodeficiência Adquirida

STARP Sporozoite threonine and asparagine-rich protein (proteína do esporozoíto rica em

treonina e asparagina)

TEMED Tetramethylethylenediamine

Th T helper

TNF Tumor necrosis factor (factor de necrose tumoral)

TRAP Thrombospondin-related adhesive/anonymous protein (proteína de adesão à

trombospondina)

α Alfa

β Beta

δ Delta

Page 12: Caracterização da reatividade serológica e antigénica ... · A imunidade adquirida durante a interação parasita-hospedeiro influencia o quadro clínico da infeção,

1

Capítulo 1 - Introdução

As doenças infeciosas são causadas por organismos patogénicos, tais como bactérias, vírus,

parasitas ou fungos. A malária, juntamente com a Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (SIDA) e a

tuberculose, é umas maiores ameaças à saúde pública a nível global, sendo uma das maiores causas

de mortalidade e morbilidade em áreas tropicais (1).

1.1 Malária

A malária é uma doença infeciosa causada por um parasita protozoário pertencente ao género

Plasmodium. A principal forma de transmissão é através da picada da fêmea infetada do mosquito

Anopheles; contudo, também poderá ocorrer transmissão da malária através da inoculação direta de

sangue infetado, por exposição acidental ou através da transfusão de sangue e componentes

sanguíneos de dadores assintomáticos com baixa parasitemia (2,3). Sabe-se que 10 parasitas por

unidade de glóbulos vermelhos são suficientes para transmitir a infeção, através do contato com sangue

infetado. No contexto de uma unidade de glóbulos vermelhos de 250mL, um teste de sensibilidade de

0,00004 parasitas por microlitro de glóbulos vermelhos seria necessário para detetar uma doação

potencialmente infeciosa (4). A incidência de casos de malária transmitida por transfusões é baixa em

países não-endémicos, devido à restrição na seleção de dadores (entrevista médica, questionário pré-

dádiva de sangue), à realização de testes laboratoriais (testes imunológicos ou testes de biologia

molecular) e à utilização de técnicas de inativação de patogénicos (3). Também pode ocorrer malária

congénita, onde as mulheres grávidas infetadas podem transmitir o parasita ao seu filho durante a

gravidez ou o parto (5,6). Há casos reportados de malária congénita na Indonésia (7), Índia (8–11), Irão

(12) e República de Gana (13).

Existem, aproximadamente, 400 espécies de Anopheles; destas, 60 são vetores de malária sob

condições naturais, das quais 30 apresentam índices de infeção mais elevados (14). Cerca de 200

espécies de Plasmodium foram já descritas a partir de vários hospedeiros, entre os quais mamíferos,

aves e répteis (15), mas apenas 5 infetam os humanos: Plasmodium falciparum, Plasmodium ovale,

Plasmodium malariae, Plasmodium vivax e Plasmodium knowlesi (16). Estas espécies diferem na

morfologia, na virulência, na distribuição geográfica, nos padrões de doença e nos mecanismos de

suscetibilidade e resistência a fármacos.

A maioria da notificação dos casos deve-se a infeções causadas por P. falciparum e P. vivax, mas

P. falciparum causa a forma mais grave da doença. A infeção com este tipo de parasita pode ser fatal

na ausência de reconhecimento imediato da doença e das suas complicações, assim como na ausência

de gestão adequada e urgente do paciente (17). Apesar da espécie P. falciparum ser mais prevalente

no continente Africano, a espécie P. vivax tem uma distribuição geográfica mais ampla que P.

falciparum, pois pode desenvolver-se no vetor Anopheles a temperaturas mais baixas (18), sendo mais

frequente na Ásia e América (19). Embora a espécie P. vivax possa causar infeções por toda a África,

o risco é bastante baixo, devido à ausência do gene Duffy na população africana, que produz a proteína

necessária (glicoproteína Duffy) para que P. vivax invada os glóbulos vermelhos (18,19). Vários

Page 13: Caracterização da reatividade serológica e antigénica ... · A imunidade adquirida durante a interação parasita-hospedeiro influencia o quadro clínico da infeção,

2

polimorfismos no grupo sanguíneo Duffy conferem resistência inata à malária em humanos (20–22).

Nos últimos anos, P. knowlesi também tem causado infeções graves, sendo esta uma espécie que

infecta principalmente macacos, podendo ser transmitida para os seres humanos em determinadas

áreas florestais do sudeste asiático (17,23,24). As espécies P. ovale e P. vivax podem permanecer

“dormentes” no fígado e causar recaídas após meses, ou mesmo anos, da exposição. As infeções

causadas por P. malariae são raramente fatais (25).

O risco de doença e morte por malária está dependente de vários fatores, tais como a frequência de

polimorfismos genéticos protetores e imunidade adquirida do hospedeiro, acesso e uso de serviços

curativos, resistência aos fármacos usados e a existência (ou não) de medidas protetoras das

comunidades contra a infeção. Segundo o relatório mundial da Organização Mundial de Saúde (OMS)

sobre a malária de 2014, estima-se que, globalmente, 3,2 biliões de pessoas em 97 países e territórios

estão em risco de infeção por malária e desenvolver a doença (Figura 1), e 1,2 biliões em alto risco

(considerando-se alto risco uma probabilidade superior a 1 em 1000 de a contrair num ano) (18).

Figura 1 - Países com transmissão corrente de malária (dados de 2013). Adaptado de (18).

De acordo com as estimativas de 2013 da OMS, registaram-se globalmente 198 milhões de casos

de malária (gama de incerteza de 124-283 milhões), o que levou à morte de 584 mil indivíduos (gama

de incerteza de 367-755 mil). Isto representou uma diminuição na incidência de casos e na taxa de

mortalidade de 30% e 47%, respetivamente, a partir de 2000 (18). Segundo o mesmo relatório, estima-

se que 90% de todas as mortes devido à malária ocorram na Região Africana, e crianças com menos

de 5 anos representem 78% dessas mortes (18).

Há sempre um grande debate quanto à veracidade destes valores. Sem uma compreensão

informada da cartografia do risco de malária, a extensão global da doença continuará subestimada (26–

28).

A malária é endémica em 100 países (29) e representa um fardo pesado nas comunidades mais

pobres e vulneráveis, afetando primariamente países de baixo ou médio-baixo rendimento (Figura 2).

Page 14: Caracterização da reatividade serológica e antigénica ... · A imunidade adquirida durante a interação parasita-hospedeiro influencia o quadro clínico da infeção,

3

Dos países endémicos, as comunidades mais pobres são severamente afetadas, tendo um risco mais

elevado de infeção por malária.

Figura 2 - Percentagem da população a viver com menos de US $2 por dia. Adaptado de (18).

A malária em países não-endémicos é um desafio, pois sendo uma doença não tão frequente, a

(in)experiência no diagnóstico e tratamento pode ser fatal para o paciente. Contudo, devido à relação

próxima de Portugal com países africanos, o diagnóstico de malária não é algo raro, e quando um

viajante regressa doente de regiões endémicas, suspeita-se de imediato de uma infeção por malária

(30,31). Anualmente, existem cerca de 50 casos de malária importada em Portugal (dados reportados

ao Sistema de Saúde Nacional, entre 2004 a 2008) (32). Esta notificação pode ser feita através do

preenchimento de um formulário em papel ou online, portanto é possível que o número de casos

reportados não seja representativo da realidade por falha na entrega deste formulário. Também é

possível que alguns casos de malária importada passem despercebidos ou não sejam reportados, em

virtude de os indivíduos apresentarem poucos sintomas clínicos.

1.2 Ciclo de vida e biologia parasitária de Plasmodium spp.

O ciclo de vida do parasita envolve dois hospedeiros: um invertebrado (a fêmea do mosquito

Anopheles) e um vertebrado (o ser humano). Trata-se de um ciclo de vida muito complexo, que envolve

uma sequência de fases diferentes tanto no mosquito, como no ser humano (Figura 3).

Page 15: Caracterização da reatividade serológica e antigénica ... · A imunidade adquirida durante a interação parasita-hospedeiro influencia o quadro clínico da infeção,

4

Figura 3 - Ciclo de vida de Plasmodium spp. Adaptado de (33).

Durante a picada, o mosquito fêmea Anopheles infetado com malária inocula os esporozoítos no

hospedeiro humano (Figura 3.1). Os esporozoítos infetam as células do fígado (Figura 3.2) e maturam

a esquizontes (Figura 3.3), que se rompem e libertam os merozoítos (Figura 3.4) – P. vivax e P. ovale

têm uma fase dormente (hipnozoítos) que podem persistir no fígado e causar recaídas ao invadir a

corrente sanguínea semanas ou anos depois. Um único esporozoíto dá origem a dezenas de milhares

merozoítos em 5-8 dias dentro de um hepatócito (34,35).

Depois desta fase inicial de replicação no fígado (ciclo exo-eritrocitário - Figura 3.A), os parasitas

submetem-se a uma multiplicação assexuada nos eritrócitos (ciclo eritrocitário - Figura 3.B). Os

merozoítos infetam os eritrócitos (Figura 3.5). O ciclo assexuado no sangue demora 72 horas para P.

malariae, 48 horas para P. falciparum, P. vivax e P. ovale, e apenas 24 horas para P. knowlesi (34).

Dentro dos eritrócitos, os merozoítos desenvolvem-se a trofozoítos imaturos (fase anel), que depois

maturam a esquizontes, que se rompem libertando merozoítos (Figura 3.6). Alguns merozoítos

diferenciam-se nas fases eritrocitárias sexuais (gametócitos) (Figura 3.7). A fase sanguínea do parasita

é a responsável pela manifestação clínica da doença.

Os gametócitos, masculinos (microgametócitos) e femininos (macrogametócitos), são ingeridos

pelos mosquitos Anopheles durante a picada (Figura 3.8). A multiplicação do parasita no mosquito é

conhecido como o ciclo esporogónico (Figura 3.C). No estômago do mosquito, os microgametócitos

penetram os macrogametócitos, gerando zigotos (Figura 3.9). Os zigotos, por sua vez, tornam-se

móveis e alongados (oocinetos) (Figura 3.10), invadindo a parede do intestino médio do mosquito, onde

se desenvolvem a oocistos (Figura 3.11). Os oocistos crescem, rompem e libertam esporozoítos (Figura

Page 16: Caracterização da reatividade serológica e antigénica ... · A imunidade adquirida durante a interação parasita-hospedeiro influencia o quadro clínico da infeção,

5

3.12), que migram para as glândulas salivares do mosquito. A inoculação dos esporozoítos (Figura 3.1)

num novo hospedeiro humano perpetua o ciclo de vida da malária (33). Toda a replicação dentro do

hospedeiro humano ocorre através de mitose. No mosquito, ocorre apenas meiose, verificando-se

assim toda a recombinação genética nesta fase de vida do parasita.

Todas as espécies Plasmodium spp. invadem segundo o mecanismo descrito acima, mas P.

falciparum atinge valores mais altos de parasitemia, devido à maior flexibilidade nas vias de recetores

que este parasita pode utilizar para invadir os glóbulos vermelhos (36).

O ciclo de vida do Plasmodium requere uma expressão proteica especializada nos hospedeiros

vertebrado e invertebrado, para a sua sobrevivência intra e extracelular, para a invasão dos vários tipos

de células e para a evasão à resposta do sistema imunitário do hospedeiro.

Na Figura 4, pode-se ver algumas imagens por microscopia de fases presentes no ciclo de vida do

parasita.

(A) (B) (C)

Figura 4 – Imagens de microscopia: (A) esquizontes de P. falciparum; (B) trofozoítos em fase de anel de P. falciparum; (C) gametócitos de P. falciparum (33).

Durante o desenvolvimento assexual de Plasmodium em eritrócitos humanos, o parasita digere cerca

de 75% da hemoglobina da célula hospedeira, mas é incapaz de catabolizar o grupo heme libertado.

Para proteger a membrana do parasita contra os efeitos tóxicos do grupo heme livre, o grupo heme é

polimerizado a hemozoína (um pigmento castanho escuro), que depois se acumula no vacúolo

digestivo, um organelo acídico do parasita. A hemozoína é depois então libertada em conjunto com os

merozoítos aquando da rutura dos eritrócitos parasitados (37–39).

Os merozoítos são células eucarióticas muito pequenas (1-2µm), tendo o reportório convencional de

organelos de células eucarióticas com a arquitetura geral do citoesqueleto de uma célula apicomplexa1:

o complexo apical com organelos secretórios (micronemas, roptrias e grânulos densos), mitocôndria,

núcleo e plastídeo (Figura 5.1) (40).

1 Apicomplexa é o filo dentro do qual o protozoário causador de malária se encontra: (Domínio: Eukaryota;

Reino: Chromalveolata; Superfilo: Alveolata; Filo: Apicomplexa).

Page 17: Caracterização da reatividade serológica e antigénica ... · A imunidade adquirida durante a interação parasita-hospedeiro influencia o quadro clínico da infeção,

6

Figura 5 - (1) Ilustração de um merozoíto com destaque nos maiores organelos e estruturas celulares. Adaptado de (41); (2) Ilustração do processo de invasão de eritrocitos por merozoítos (41).

O contacto inicial entre merozoítos e eritrócitos é um passo crucial, pois o parasita tem de distinguir

entre eritrócitos competentes para invasão e outros tipos de células. Inicialmente, os merozoítos estão

livres no espaço intravascular após a rutura dos esquizontes, e o processo de invasão aos eritrócitos

começa quando um merozoíto se liga à superfície de um eritrócito (Figura 5.2-A). De seguida, o

merozoíto reorienta o fim apical para que este entre em contacto com a superfície do eritrócito (Figura

5.2-B). Posteriormente, uma série de interações de alta afinidade e irreversíveis de recetor-ligando

ocorrem entre o parasita e a célula hospedeira, possibilitando a formação de uma junção apertada que

se move desde o fim apical até o polo posterior, através de um motor de actina-miosina (Figura 5.2-

C,D). Enquanto isto acontece, o parasita invagina a membrana do eritrócito para formar o vacúolo

parasitóforo2, e as proteínas da superfície exterior são parcialmente clivadas à medida que o merozoíto

entra no eritrócito (Figura 5.2-E) (41,42).

1.3 Aspetos clínicos da malária: sinais e sintomas

Todos os casos de malária causada por P. falciparum são potencialmente graves e fatais,

especialmente quando tratados de forma inadequada. O resultado clínico de uma infeção por malária

depende de vários fatores: (1) relativos ao parasita, tais como a resistência aos medicamentos,

velocidade de multiplicação, vias de invasão e cito-aderência; (2) relativos ao hospedeiro, tais como a

imunidade, idade, gravidez e genética; (3) relativos à geografia e aspetos sociais, tais como o acesso

a tratamento, estabilidade política e intensidade de transmissão. Todos estes aspetos influenciam o

estado clínico do indivíduo que pode evoluir de infeção assintomática, infeção sintomática, malária

grave, até à morte (36).

Os sintomas clínicos da malária devem-se principalmente à rutura dos esquizontes e à destruição

dos eritrócitos. Malária grave, geralmente, é causada por P. falciparum; contudo, as espécies P. vivax

e P. knowlesi podem também causar doença grave (23,43). A apresentação de malária aguda causada

por P. falciparum é altamente variável, e mimetiza os sintomas de muitas outras doenças.

2 O vacúolo parasitóforo encontra-se nas células hospedeiras, onde a maioria dos parasitas residem e se

desenvolvem. Durante a invasão da célula hospedeira, os parasitas iniciam a formação de uma membrana (a membrana do vacúolo parasitóforo), que rodeia o parasita intracelular.

Page 18: Caracterização da reatividade serológica e antigénica ... · A imunidade adquirida durante a interação parasita-hospedeiro influencia o quadro clínico da infeção,

7

Embora a febre seja comum, muitas vezes é intermitente e pode mesmo encontrar-se ausente em

alguns casos. A maioria dos pacientes experienciam febre, calafrios, dor de cabeça, dor abdominal,

dores noutras partes do corpo, e diarreia (17,44). Infeções por malária podem levar à disfunção de

órgãos vitais e morte. A OMS estabeleceu vários aspetos clínicos e laboratoriais para definir a malária

grave (Tabela 1).

Tabela 1 - Características da infecção de malária grave pela OMS (17).

Malária grave

Características clínicas Características laboratoriais

Alteração do estado de consciência Hipoglicemia (<2,2mmol/L ou <40mg/dl);

Prostração, isto é, fraqueza generalizada em que o paciente é incapaz de se sentar, estar em

pé ou andar sem ajuda;

Acidose metabólica (bicarbonato de plasma <15mmol/L);

Múltiplas convulsões (mais de dois episódios em 24 horas);

Anemia normocítica grave (hemoglobina <5g/dl e volume globular <15% em crianças;

hemoglobina <7g/dl e volume globular <20% em adultos);

Respiração profunda e dificuldade respiratória (respiração acidótica);

Hemoglobinúria;

Edema pulmonar agudo e Síndrome de Dificuldade Respiratória Aguda;

Hiperlactatémia (lactato >5mmol/L);

Colapso circulatório ou choque, pressão arterial sistólica (<80mmHg em adultos e <50mmHg em

crianças);

Insuficiência renal (creatinina sérica >265μmol/L);

Lesão renal aguda; Edema pulmonar (radiológica).

Icterícia clínica com evidência de outra disfunção de órgão vital;

-

Hemorragia anormal. -

Note-se que estas manifestações podem ocorrer isoladamente ou, como é mais vulgar, em combinação no mesmo paciente.

Naturalmente que valores altos de parasitemia são um fator de risco em infeções malária causadas

por P. falciparum, mas a relação entre parasitemia e prognóstico varia de acordo com o nível de

transmissão da doença. Em áreas de baixa transmissão, a mortalidade por malária grave começa a

aumentar com valores de parasitemia maiores que 100 000/µL (~2,5% parasitemia3), ao passo que nas

áreas de transmissão mais elevada, poderá verificar-se tolerância mesmo a valores mais elevados.

Uma parasitemia maior que 20% é de risco elevado, independentemente do contexto epidemiológico

(17).

Como em todas as doenças, existem fatores de risco para a malária grave, tais como idade superior

a 65 anos, sexo feminino (especialmente se associado a gravidez), condição de “não-imune”,

coexistência de outras condições médicas (por exemplo, SIDA), falta de profilaxia contra a malária,

atraso no tratamento, severidade da doença na admissão (coma, insuficiência renal aguda, choque,

edema pulmonar). Crianças (de 1 mês a 5 anos de idade) em países com alta transmissão apresentam

risco de infeção acrescido quanto à malária grave (44).

3 A parasitemia é dada como o número de eritrócitos infetados a dividir pelo total de eritrócitos (infetados e não

infetados).

Page 19: Caracterização da reatividade serológica e antigénica ... · A imunidade adquirida durante a interação parasita-hospedeiro influencia o quadro clínico da infeção,

8

1.4 Medidas de controlo e prevenção da malária

Apesar de a morbilidade e mortalidade terem diminuído desde 2000, a malária ainda se apresenta

como a doença parasitária que mais afeta os seres humanos. O controlo desta doença exige uma

abordagem multifacetada, que inclui estratégias variadas como o controlo do vetor com pulverização

de inseticida residual, controlo das larvas, medidas de proteção, tais como, mosquiteiros tratados com

inseticida (insecticide-treated bednets, ITN), repelentes de insetos, uso de roupa adequada,

medicamentos contra a malária e vacinas.

O controlo do vetor é um elemento fundamental na estratégia global no combate à malária, havendo

um histórico comprovado de redução ou interrupção da transmissão da doença com sucesso,

especialmente em áreas que são altamente propensas à infeção por malária. A pulverização residual

de interiores (indoor residual spraying, IRS) e redes com inseticida de longa duração (long-lasting

insecticidal nets, LLIN) são as duas principais medidas amplamente aplicáveis de controlo de vetor que

protegem os humanos da picada dos mosquitos portadores da doença (45).

Os mosquiteiros formam uma barreira protetora em tornos das pessoas que dormem sob eles.

Todavia, os mosquiteiros tratados com inseticida são muito mais eficientes que as redes não tratadas,

pois os inseticidas usados nos mosquiteiros matam os mosquitos, assim como outros insetos. Somente

os inseticidas piretróides estão aprovados para uso nas ITN. Estes inseticidas têm apresentado baixos

riscos para a saúde dos seres humanos e outros mamíferos, aliado a um elevado nível de toxicidade

para os insetos, mesmo em baixa concentração. Se estas redes mosquiteiras não forem lavadas, nem

expostas a radiação solar elevada, podem estar ativas até 6-12 meses, pois os piretróides não se

quebram com rapidez. Caso estas redes sejam lavadas, têm de ser retratadas com o inseticida (33).

Em áreas de alta ou moderada transmissão de malária em África, as ITN têm apresentado uma redução

na morte de crianças com menos de 5 anos de 20%, aproximadamente (46–50). Recentemente,

desenvolveram-se as LLIN que podem estar ativas até 5 anos (51), mesmo após lavagens repetidas.

A IRS é a aplicação de inseticida residual de longa duração em superfícies de repouso do vetor da

malária, tais como paredes internas, beirais, e telhados de todas as casas ou estruturas (incluindo

abrigos de animais domésticos), onde os mosquitos portadores da doença podem entrar em contacto

com o inseticida. A IRS é altamente eficiente, quando aplicada corretamente, o que exige capacidade

para desenvolver um programa a nível nacional, bem como as estruturas e sistemas que o suportem.

Sendo aplicada de forma correta, seria uma poderosa intervenção para reduzir rapidamente a

densidade e longevidade do vetor, e consequentemente, a transmissão da malária (52).

Uma diferença significativa entre o uso de IRS e de redes mosquiteiras tratadas é o ponto em que

cada um intervém no combate à malária. A IRS pode fornecer uma pequena proteção das casas

individualmente, impelindo e reduzindo o número de vetores que entram numa casa. Todavia, o grande

impacto na intervenção por IRS ocorre após a alimentação do mosquito. Após a picada, é provável que

o mosquito se desloque para uma parede pulverizada, entrando em contacto com uma dose letal do

inseticida, impedindo que transmita o parasita para outros na vizinhança. Isto significa que para que o

Page 20: Caracterização da reatividade serológica e antigénica ... · A imunidade adquirida durante a interação parasita-hospedeiro influencia o quadro clínico da infeção,

9

IRS seja eficaz, tem de se verificar uma elevada cobertura4 de todos os potenciais locais de repouso

para o vetor, de modo a obter-se um efeito significativo na população do mesmo. Por outro lado, as ITN

ou LLIN inibem a alimentação do mosquito, atuando antes que este possa inocular o indivíduo com os

esporozoítos, tendo assim um efeito letal no vetor. Isto proporciona proteção pessoal, bem como, a

altas taxas de cobertura, um efeito letal sobre a população do vetor (52).

A medicação contra a malária é usada para prevenir ou tratar a infeção. A maior parte destes

medicamentos atacam a fase eritrocitária, que é a fase da infeção que causa a doença sintomática. Os

medicamentos contra a malária mais comummente usados pertencem a cinco classes: quinolinas e

álcoois arilaminas, inibidores da biossíntese de ácido fólico (antifols), derivados de artemisinina,

hidroxinaftoquinona e agentes antibacterianos (Tabela 2) (53).

Tabela 2 – Exemplos dos vários tipos de medicamentos usados numa infeção por malária.

Tipos de medicamentos contra a malária Exemplos

Quinolinas e álcoois arilaminas

Cloroquina, amodiaquina, quinina, quinidina, mefloquina, halofantrina, primaquina,

tafenoquina, lumefantrina, piperaquina, pironaridina

Antifols Pirimetamina, proguanil, cloroproguanil,

trimetoprim

Derivados de artemisinina Artemisinina, diidroartemisina, arteméter,

artesunato

Hidroxinaftoquinona Atovaquona

Agentes antibacterianos com atividade contra a malária

Clindamicina, tetraciclinas

Em determinadas partes do mundo, os parasitas já desenvolveram resistência a um grande número

de agentes contra a malária. Desde 2001 que a OMS recomendou que as terapias que envolvam

artemisinina (artemisinin-bases combination therapies, ACT) fossem usadas como primeira linha de

tratamento na malária aguda causada por P. falciparum (54). Porém, criou-se o Global Plan for

Artemisinin Resistance Containment (Plano Global de Contenção de Resistência à Artemisinina) como

resposta à identificação de resistência à artemisinina na região fronteira entre Camboja e Tailândia, e

com a preocupação que poderia espalhar-se e/ou emergir espontaneamente noutro local (55,56).

A produção de medicamentos anti-infeciosos contrafeitos é um problema difundido e, contudo, pouco

reconhecido, o que contribui para a mortalidade, morbilidade e resistência aos medicamentos por parte

do parasita. Os medicamentos falsos são uma grande ameaça para o controlo da malária, pois não

contêm nenhum composto ativo e podem até conter substâncias perigosas, sendo necessária uma

legislação mais forte, bem como uma melhor vigilância, no sentido de contrariar a produção e

disseminação destes (57–59).

A prevenção da malária em viajantes para países endémicos dependerá das medidas tomadas de

proteção individual contra a picada do mosquito (uso de repelente, camisas e calças longas, dormir sob

mosquiteiras) e quimioprofilaxia. As recomendações para prevenção da malária diferem consoante o

4 Entende-se “alta cobertura” como um termo para indicar que mais de 85% das estruturas foram pulverizadas

na área alvo.

Page 21: Caracterização da reatividade serológica e antigénica ... · A imunidade adquirida durante a interação parasita-hospedeiro influencia o quadro clínico da infeção,

10

país de destino (33), isto é, consoante a probabilidade de infeção por malária. A quimioprofilaxia é

recomendada para os viajantes durante exposição potencial à malária. Para fármacos que não

apresentam atividade contra a fase exo-eritrocitária (fígado), a quimioprofilaxia é administrada durante

a exposição e por quatro semanas posteriores, visando atuar sobre todas as infeções do sangue que

emirjam a partir do fígado (34). Também é aconselhado começar a quimioprofilaxia uma semana antes

da viagem para permitir o atingir certas concentrações terapêuticas dos medicamentos e para

assegurar a tolerância ao medicamento (53). Nenhum medicamento contra a malária é completamente

eficaz, e há que considerar a possibilidade de interação com outros medicamentos que o indivíduo

possa estar a tomar, assim como outras contraindicações médicas (alergias, etc.). Para viajantes,

aconselha-se: atovaquona/proguanil (Malarone®), cloroquina, doxiciclina, mefloquina (Lariam®),

primaquina (33).

Devido à grande lacuna existente na compreensão da interação hospedeiro-parasita, é difícil

identificar a vacina candidata entre os milhares de antigénios potenciais do P. falciparum. As vacinas

para malária que se apresentam como atuais candidatas estão direcionadas às fases do ciclo de vida

do parasita no humano e no mosquito (Figura 6), mas até agora, o número de proteínas estudadas para

o desenvolvimento de uma potencial vacina apresenta-se reduzido (35).

Figura 6 - O desenvolvimento das vacinas de malária. Alvos no ciclo da doença que poderiam ser interrompidos pela vacina. São ilustrados três tipos de vacina candidatos que têm sido intensamente

investigados: pré-eritrocitárias (início da infeção), eritrocitárias (causa da doença) e bloqueadoras de transmissão (transmissão do parasita do mosquito infetado). Adaptado de (60).

O protótipo vacinal mais avançado é RTS,S/AS01, cuja abordagem tem como alvo a fase de

esporozoítos livres e intra-hepáticos (isto é, a fase pré-eritrocitária) do parasita. O modo de ação da

vacina é induzir a quantidade de anticorpos circulantes que reduzam a carga de esporozoítos que

cheguem ao fígado, e além disso, estimular a resposta das células T que promovam a destruição das

células do fígado infetadas e dificultar o desenvolvimento do parasita intracelular. Isto levaria a uma

diminuição significativa nas taxas de infeção em pessoas vacinadas e na carga de parasitas

emergentes a partir do fígado, com consequente impacto na taxa e na gravidade da doença (61). A

Page 22: Caracterização da reatividade serológica e antigénica ... · A imunidade adquirida durante a interação parasita-hospedeiro influencia o quadro clínico da infeção,

11

fase 3 dos testes clínicos de RTS,S/AS01 acabou recentemente (dezembro de 2014), envolvendo

bebés de 6 a 12 semanas e crianças de 5 a 17 semanas. Verificou-se uma maior eficiência da vacina

nas crianças do que nos bebés, mas mesmo a valores modestos de eficiência, o número de casos

revertidos de malária foram substanciais (61–63). Em julho de 2015, RTS,S/AS01, agora conhecida

também como Mosquirix, recebeu “luz verde” pela European Medicines Agency, podendo ser usada

fora da União Europeia na vacinação em crianças jovens, juntamente com medidas protetoras (64).

1.5 Diagnóstico da malária

Umas das razões do fracasso no diagnóstico de malária em países não-endémicos é a incapacidade

de considerar a doença, isto é, a hipótese de ser malária não se coloca como provável; assim, como

prática de rotina clínica, todos os pacientes com febre têm de ser inquiridos sobre viagens recentes.

Contudo, há casos reportados de malária, mesmo com histórico ausente de viagens recentes: a

denominada malária de “aeroporto” (65). Este tipo de malária é adquirida através da picada de um

mosquito Anopheles infetado de origem tropical em indivíduos cuja história geográfica exclui

firmemente a exposição a este vetor no seu habitat natural, aliada à ausência histórica de transfusões

de sangue. Por isto, a OMS recomenda métodos de desinfeção dos aviões com origem em países

endémicos (66).

A necessidade de métodos de diagnóstico eficazes e práticos é real, já que um diagnóstico eficaz

reduziria as complicações e a mortalidade associadas à doença. Uma infeção por malária não pode ser

diagnosticada clinicamente, pois os sinais e sintomas clínicos apresentados podem mimetizar outras

infeções tropicais, tendo portanto que se verificar uma confirmação por diagnóstico laboratorial. A seguir

apresentam-se alguns dos métodos usados no diagnóstico da malária.

1.5.1 Microscopia

A microscopia apresenta-se como a técnica padrão em termos de confirmação laboratorial de

malária. Os parasitas podem ser identificados através da análise ao microscópio de uma gota de

sangue do paciente, espalhado como um “esfregaço” sobre a lâmina. Antes da análise, a amostra é

corada (na maior parte das vezes com coloração de Giemsa) para dar aos parasitas uma aparência

distinta. Esta técnica dependerá da qualidade dos reagentes, do microscópio, bem como da experiência

do técnico de laboratório. Além disso, uma miríade de outros fatores podem comprometer a deteção

do parasita: as 5 formas diferentes das espécies dos parasitas, as diferentes fases no hospedeiro

(fígado e sangue), a endemicidade das diferentes espécies, a movimentação da população, a

parasitemia, a imunidade, os sinais e sintomas, a resistência a drogas, os casos de malária reincidente

(persistindo parasitemia viável ou não), o uso de quimioprofilaxia (ou mesmo o tratamento preventivo)

com base no diagnóstico clínico, podem influenciar a identificação do parasita no teste diagnóstico por

microscopia (53,67,68).

Page 23: Caracterização da reatividade serológica e antigénica ... · A imunidade adquirida durante a interação parasita-hospedeiro influencia o quadro clínico da infeção,

12

1.5.2 Testes por antigénios: teste de diagnóstico rápido (rapid diagnostic test,

RDT)

O RDT é uma forma alternativa de estabelecer rapidamente o diagnóstico de infeção da malária

através da deteção de antigénios específicos da malária no sangue do indivíduo. Uma amostra de

sangue do paciente é aplicada na placa de ensaio, juntamente com certos reagentes. Após certo tempo,

bandas específicas na janela do teste indicam se o paciente está infetado com P. falciparum ou uma

das outras espécies de malária humana (Figura 7) (33). Os testes, normalmente, baseiam-se na

deteção da proteína 2 rica em histidina (histidine-rich protein 2, HRP-2), a partir de P. falciparum, ou da

lactato desidrogenase (lactate dehydrogenase, LDH) específica do parasita, a partir da via glicolítica do

parasita encontrada em todas as espécies (69). O uso do RDT não elimina a necessidade de análise

de amostras por microscopia, pois o RDT pode não detetar infeções com número baixo de parasitemia

que circulam na corrente sanguínea do paciente (53).

Figura 7 – Exemplo de um RDT (Boson Biotech, China): a linha do controlo (C) permite validar o teste; S1 é o local onde se adiciona a amostra de sangue; S é onde se adiciona o tampão do teste dado pelo fornecedor.

Especificamente, este teste é positivo para P. falciparum (T2) e P. malariae (T1).

1.5.3 Testes moleculares: reação em cadeia da polimerase (polymerase chain

reaction, PCR)

Através de PCR, deteta-se os ácidos nucleicos do parasita, com a amplificação específica de uma

região selecionada do genoma. Apesar de esta técnica ser ligeiramente mais sensível que a

microscopia, a sua utilização é limitada, visto tratar-se de uma técnica onerosa e que requer pessoal

bem treinado e especializado. Muitas das vezes, os resultados de PCR também não estão disponíveis

em tempo útil rápido para se mostrarem de valor no estabelecimento do diagnóstico da infeção de

malária. A análise por PCR é mais útil para a confirmação da espécie do parasita após o diagnóstico

estabelecido por microscopia ou RDT (33,70). Por outro lado, em casos de baixa parasitemia e infeções

“mistas”, a análise por PCR demonstra ser um bom método de diagnóstico (71,72); e ao usar

polimorfismo de nucleótido simples, a PCR permite a deteção de resistência dos parasitas aos

medicamentos (73,74).

1.5.4 Testes serológicos

Por serologia, detetam-se anticorpos contra os parasitas da malária, usando ensaios de ELISA

(enzyme-linked immunosorbent assays) ou IFAT (indirect fluorescencent antibody test). Devido ao

Page 24: Caracterização da reatividade serológica e antigénica ... · A imunidade adquirida durante a interação parasita-hospedeiro influencia o quadro clínico da infeção,

13

tempo necessário para o desenvolvimento de anticorpos e à persistência dos mesmos, testes por

serologia não são práticos para diagnóstico rotineiro de malária (33).

Os testes de ELISA permitem a análise de um largo número de amostras num curto espaço de

tempo. O objetivo básico desta técnica consiste na utilização de uma enzima para detetar a ligação

entre um antigénio e um anticorpo; esta enzima converte um substrato numa reação colorimétrica,

indicando a presença da referida ligação (75,76).

Os testes por IFAT são um procedimento fiável e reprodutível para a deteção de anticorpos contra a

malária, sendo assim um procedimento usado para determinar se um paciente esteve exposto ao

parasita no passado (77). Nesta técnica, procura-se reatividade serológica anti-Plasmodium no soro do

paciente. Caso hajam anticorpos presentes, estes ligam-se aos antigénios parasitários, formando um

complexo antigénio-anticorpo. Posteriormente, adicionam-se anticorpos anti-humanos marcados com

fluoresceína, que vão ligar-se aos anticorpos específicos de malária existentes no paciente. Ao

examinar-se a lâmina num microscópio de fluorescência, vê-se uma reação positiva se o parasita

fluorescer uma cor verde (33).

1.5.5 Quantitative buffy coat5 (QBC)

O QBC é um teste de laboratório para detetar infeções de malária ou outros parasitas do sangue. O

sangue é retirado para um tubo capilar QBC, contendo laranja de acridina (corante fluorescente) e

anticoagulante. Após centrifugação, os eritrócitos com parasitas estão concentrados numa pequena

área do buffy coat, podendo ser observados sob luz ultravioleta. O núcleo do parasita fluoresce num

verde brilhante, enquanto o citoplasma aparece amarelo-laranja (68,78). O corante laranja de acridina

cora os ácidos nucleicos de qualquer parasita de malária na amostra; contudo não é um corante

específico, corando os ácidos nucleicos de qualquer tipo de célula. Consequentemente, o técnico que

usa laranja de acridina tem de aprender a diferenciar os parasitas fluorescentes das restantes células

e outros debris contendo ácidos nucleicos corados. Uma vantagem do laranja de acridina em relação

ao corante de Giemsa é o tempo de espera entre a colheita da amostra de sangue e a apresentação

de resultados: com laranja de acridina, os resultados estão disponíveis em 3-10 minutos, enquanto a

coloração de Giemsa pode demorar mais de 45 minutos (79). A sensibilidade da coloração com laranja

de acridina para deteção de malária em infeções com baixa parasitemia tem sido reportada numa gama

de 41% a 93% (53).

1.6 Tratamento da malária

A malária aguda define-se como a malária sintomática sem evidências dos sinais de gravidade

clínicos e/ou laboratoriais descritos na Tabela 1 (Seção 1.3). Assim, o objetivo do tratamento deste tipo

de malária é curar a infeção o mais rapidamente possível, sendo a cura a eliminação total dos parasitas

causadores da doença na pessoa infetada.

5 Buffy coat é a fração de uma amostra de sangue não coagulado que contém a maior parte dos glóbulos

brancos e plaquetas, após centrifugação por densidade.

Page 25: Caracterização da reatividade serológica e antigénica ... · A imunidade adquirida durante a interação parasita-hospedeiro influencia o quadro clínico da infeção,

14

O tratamento de escolha para malária aguda causada por P. falciparum é a combinação de dois ou

mais medicamentos contra a malária com diferentes mecanismos de atuação, sendo as ACT o mais

recomendado. Os componentes derivados de artemisinina da referida combinação devem ser

administrados durante, pelo menos, três dias para um efeito ótimo. As ACT mais recomendadas são:

arteméter e lumefantrina, artesunato e amodiaquina, artesunato e mefloquina, artesunato e sulfadoxina-

pirimetamina, e diidroartemisinina e piperaquina. As estruturas de alguns compostos mencionados

encontram-se na Figura 8.

Figura 8 – Estruturas de alguns componentes usados no tratamento de malária: (A) arteméter, C16H26O5; (B) lumefantrina, C30H32Cl3NO; (C) artesunato, C19H28O8; (D) amodiaquina, C20H22ClN3O; (E) mefloquina,

C17H16F6N2O.

A escolha da ACT a utilizar variará consoante o nível de resistência da população de parasitas na

região em questão. Na Tabela 3, está indicado o tratamento aconselhado para malária aguda causada

por P. falciparum no caso de grupos especiais de indivíduos (80).

Tabela 3 - Tratamento aconselhado para malária aguda causada por P. falciparum em grupos especiais (80).

Condição Tratamento

Gravidez

(1) primeiro trimestre: quinina e clindamicina por 7 dias (recomenda-se artesunato e clindamicina por 7 dias, se o tratamento anterior indicado falhar); as ACT são indicadas se for o único tratamento

disponível no imediato, ou se o tratamento de quinina e clindamicina por 7 dias falhar; (2) segundo e terceiro trimestres: as ACT conhecidas por serem eficazes na região, ou artesunato e

clindamicina por 7 dias, ou quinina e clindamicina por 7 dias

Mulheres a amamentar ACT, exceto primaquina e tetraciclina

Bebés e crianças jovens ACT

Viajantes que regressem de zonas endémicas

Atovaquona e proguanil, arteméter e lumefantrina, diidroartemisinina e piperaquina, quinina e doxiciclina ou clindamicina; todos por 7 dias

Page 26: Caracterização da reatividade serológica e antigénica ... · A imunidade adquirida durante a interação parasita-hospedeiro influencia o quadro clínico da infeção,

15

A malária grave causada por P. falciparum apresenta-se como uma emergência médica,

necessitando de cuidados intensivos de enfermagem. O objetivo primário no caso deste tipo de infeção

é a prevenção da morte do paciente; a prevenção de repercussões físicas que levem a algum tipo de

incapacidade do indivíduo (no caso da malária cerebral) e recrudescências deverão ser considerados

objetivos secundários a este. Após a avaliação clínica e confirmação do diagnóstico, deve-se iniciar o

mais rapidamente possível o tratamento contra a malária via parenteral, com doses completas do

medicamento que estiver mais acessível.

Para crianças e adultos, administra-se 2,4mg de artesunato por quilograma de peso corporal, via

intravenosa ou intramuscular, na hora de admissão. Nas 12 e 24 horas subsequentes, há o reforço da

administração em quantidades iguais à anterior. Em seguida, recomenda-se o tratamento uma vez por

dia. Arteméter ou quinina é uma alternativa aceitável, caso artesunato por via parenteral não esteja

disponível: (1) 3,2mg de arteméter por quilograma de peso corporal, na hora de admissão; 1,6mg de

arteméter por quilograma de peso corporal por dia, (2) 20mg de quinina por quilograma de peso

corporal, na hora de admissão; 10mg de quinina por quilograma de peso corporal a cada 8 horas (80).

Estes tratamentos podem ser completados com doses de: arteméter e lumefantrina, artesunato e

amodiaquina, diidroartemisinina e piperaquina, artesunato e sulfadoxina-pirimetamina, artesunato e

clindamicina ou doxiciclina, quinina e clindamicina ou doxiciclina.

1.7 Imunologia da malária

O conhecimento da imunidade à malária é absolutamente necessário para o desenvolvimento de

vacinas eficazes contra a mesma. Devido aos diferentes antigénios parasitários expressos nos

hepatócitos e nos eritrócitos, as respostas imunitárias relevantes e a sua especificidade e regulação

não serão as mesmas para as fases pré-eritrocitária e eritrocitária da infeção. Como é o caso da

imunidade de outras infeções, a imunidade contra a malária é o resultado da combinação de resistência

genética, imunidade adquirida, e das características do próprio sistema imunitário de um indivíduo.

1.7.1 Resistência genética contra a malária

Resistência genética indica uma mudança herdada no genoma de um organismo, conferindo uma

vantagem seletiva na sobrevivência do mesmo; estas mutações podem ter efeitos prejudiciais ou

benéficos. De seguida, abordam-se alguns desses casos.

Anemia falciforme (sickle-cell disease)

A anemia falciforme é uma doença caracterizada pela malformação dos glóbulos vermelhos (que

assumem uma forma semelhante a foices), causando deficiência no transporte de oxigénio e dióxido

de carbono. Deve-se a uma mutação num único aminoácido na proteína da hemoglobina dos glóbulos

vermelhos. Caso um indivíduo herde esta mutação de ambos os pais, leva à anemia falciforme

(apresentando o sujeito, consequentemente, uma menor expectativa de vida); caso o indivíduo herde

um gene com mutação e um gene normal, tem uma certa vantagem de proteção contra a malária. Como

resultado, as frequências de portadores de anemia falciforme são altas em áreas endémicas: os

Page 27: Caracterização da reatividade serológica e antigénica ... · A imunidade adquirida durante a interação parasita-hospedeiro influencia o quadro clínico da infeção,

16

parasitas necessitam de se reproduzir no interior dos glóbulos vermelhos, e os glóbulos vermelhos

falciformes não são adequados para esse tipo de função, mesmo quando expostos ao vetor da doença

(33).

Deficiência em desidrogenase glucose-6-fosfato (glucose-6-phosphate dehydrogenase,

G6PD)

A deficiência em G6PD é uma doença hereditária recessiva ligada ao cromossoma X que,

frequentemente, desencadeia uma anemia hemolítica. A condição caracteriza-se por níveis

anormalmente baixos de G6PD, enzima envolvida na via da pentose fosfato, que é especialmente

importante para os glóbulos vermelhos. Nos eritrócitos, G6PD é a fonte de atividade enzimática que

protege da formação de radicais e do stress oxidativo. Embora indivíduos com esta deficiência possam

ser assintomáticos toda a vida, fatores tais como medicamentos, certos alimentos (favas, por exemplo)

ou infeções, podem causar stress oxidativo, levando à anemia hemolítica (81). Indivíduos com esta

deficiência têm resistência contra a malária, pois uma redução na quantidade de G6PD funcional torna

mais difícil a invasão dos glóbulos vermelhos pelos parasitas, verificando-se que a deficiência desta

enzima é mais acentuada em áreas do mundo onde a malária é mais comum (82). Há indícios de que

os parasitas são mais frequentemente observados em eritrócitos normais do que em eritrócitos

deficientes em G6PD (83,84).

Deficiência em piruvato cinase (pyruvate kinase, PK)

A deficiência em PK é uma doença hereditária autossómica recessiva, causada por mutações no

gene do PK. Esta enzima catalisa o passo limitante na glicólise, convertendo fosfoenolpiruvato em

piruvato, com geração de uma molécula de adenina trifosfato (ATP). Na ausência de mitocôndrias (que

faltam nos eritrócitos maduros), a enzima é crítica para a produção de energia (85). Deste tipo de

deficiência resulta que os glóbulos vermelhos não conseguem sintetizar ATP, causando morte celular.

Há indícios que eritrócitos de indivíduos com deficiência em PK são resistentes à invasão por parasitas

P. falciparum (85–87).

Também outras doenças conferem um certo grau de proteção contra a malária: talassemia (doença

hereditária caracterizada pela formação anormal da hemoglobina) (88), eliptocitose (doença hereditária

na qual um número anormalmente grande de eritrócitos do indivíduo são elípticos, em vez da sua forma

típica) (89). Por outro lado, também se postula que algumas mutações nas proteínas de membrana dos

eritrócitos conferem alguma resistência à infeção pelos parasitas (90,91).

1.7.2 Imunidade adquirida

A imunidade adquirida influencia muito como a malária afeta um indivíduo e, consequentemente, a

comunidade. Depois de repetidas infeções de malária, uma pessoa pode desenvolver uma imunidade

parcialmente protetora. Estas pessoas “semi-imunes” podem ser infetadas por parasitas da malária,

mas podem não desenvolver doença grave e, muitas das vezes, não apresentam quaisquer sintomas

típicos da doença (33).

Page 28: Caracterização da reatividade serológica e antigénica ... · A imunidade adquirida durante a interação parasita-hospedeiro influencia o quadro clínico da infeção,

17

Em áreas de alta transmissão de P. falciparum, os recém-nascidos estão protegidos durante os

primeiros meses de vida (presumivelmente, por anticorpos maternos). Com o tempo, esses anticorpos

maternos diminuem e as crianças tornam-se mais vulneráveis a doenças e à morte por malária. Caso

sobrevivam a infeções repetidas numa idade mais avançada (2-5 anos), terão atingido um estado de

semi-imunidade. Em áreas de transmissão baixa, as infeções são menos frequentes e uma maior

proporção de crianças mais velhas e adultos não têm imunidade protetora (33).

Admite-se que a imunidade adquirida é: (1) eficaz em adultos após exposição elevada ininterrupta

ao longo da vida; (2) perdida após o cessar da exposição; (3) específica consoante a espécie; (4)

específica consoante a fase; (5) adquirida a uma taxa dependente do grau de exposição (92).

Imunidade clínica contra a malaria (proteção contra os sintomas da doença) desenvolve-se mais

rapidamente do que a imunidade contra o parasita (Figura 9).

Figura 9 - Desenvolvimento da imunidade clínica em comparação com a imunidade contra os parasitas em

Kénia. Adaptado de (93).

O desenvolvimento de imunidade clínica depende da geração de mecanismos imunes que limitam

os processos inflamatórios da patologia. Em áreas endémicas de moderada a alta intensidade, as

crianças desenvolvem imunidade clínica durante os primeiros 5 anos de vida, mostrando sintomas

reduzidos e mantendo altas cargas de parasitemia. Contudo, as taxas de morbilidade e mortalidade

são consideráveis em crianças com menos de 5 anos, pois o seu sistema imunológico ainda está em

desenvolvimento (Casos graves/morte, Figura 9). Com o início da idade adulta, a imunidade adquirida

confere proteção contra os sinais e sintomas clínicos de malária aguda, devido à continuada exposição

ao parasita (Casos não complicados, Figura 9).

Porém, o desenvolvimento de imunidade contra o parasita é muito demorada (Prevalência

parasitária, Figura 9), passando o indivíduo a conviver com o parasita, isto é, há controlo da infeção,

mas não é totalmente evitada. A imunidade contra parasitemia efetiva depende da exposição de um

vasto reservatório de antigénios específicos de diferentes estirpes, através de um período de tempo

mais longo. Esta imunidade pode ser perdida se o indivíduo não for continuadamente exposto a

diferentes estirpes do parasita (93,94).

Page 29: Caracterização da reatividade serológica e antigénica ... · A imunidade adquirida durante a interação parasita-hospedeiro influencia o quadro clínico da infeção,

18

1.7.3 Antigénios de Plasmodium falciparum

A resposta imune na fase pré-eritrocitária envolve os esporozoítos, as formas intra-hepáticas, os

seus antigénios e a interação com as células hospedeiras, bem como a respetiva resposta imune. Em

1967, Nussenzweig et al. reportaram a produção de imunidade protetora em ratos através da vacinação

de esporozoítos irradiados (por raios X) de P. berghei (95,96). Desde então vários estudos têm sidos

feitos sobre a ação protetiva de esporozoítos atenuados (96,97). Apesar de não ser clara a razão pela

qual a vacinação de esporozoítos atenuados induz uma forte imunidade em comparação com a

induzida pela infeção natural, o grande número de esporozoítos utilizados (centenas de milhares por

vacinação, em vez dos 1-100 por picada na infeção natural) pode estar implicado (98).

Na fase pré-eritrocitária, estão envolvidos vários antigénios, tais como, CSP (circumsporozoite

protein), LSA-1 (liver-stage antigen-1), LSA-3 (liver-stage antigen-3), TRAP (thrombospondin-related

adhesive protein ou thrombospondin-related anonymous protein), STARP (sporozoite threonine and

asparagine-rich protein) e SALSA (sporozoite and liver-stage antigen).

As CSP (40-60 kDa) revestem densamente os esporozoítos; estas proteínas desempenham um

papel crítico na invasão de esporozoítos nos hepatócitos, já que alguns anticorpos contra estas inibem

a invasão aos hepatócitos e a expressão na superfície celular de CSP correlaciona-se com a

infeciosidade do esporozoíto (99), (100).

Pouco tempo após a invasão dos hepatócitos, o parasita começa a produzir LSA-1 (240 kDa), que

se acumula dentro do vacúolo parasitóforo, em torno da massa de merozoítos em desenvolvimento

(101). O papel desta proteína parasitária ainda não está completamente determinado, mas sugere-se

que a LSA-1 esteja envolvida na interação do parasita com os eritrócitos, contribuindo para a invasão

eficiente dos merozoítos hepáticos (102). A LSA-3 (200 kDa) é expressa em esporozoítos, como em

merozoítos hepáticos maduros (103,104).

A TRAP é uma proteína transmembranar do tipo 1 que possui múltiplos domínios adesivos na sua

região extracelular (102). Esta proteína está envolvida na motilidade do esporozoíto e na invasão das

células hepáticas (105).

A STARP (78 kDa) é expressa na membrana dos esporozoítos, mas também é detetada na fase

precoce do anel (102,106). Esta proteína está envolvida na invasão dos esporozoítos a hepatócitos

(107,108).

Em 1996, estudos realizados por Bottius et al. em P. falciparum demonstraram que SALSA é uma

pequena proteína parasitária (70 kDa) localizada na membrana dos esporozoítos, e que continua a ser

expressa na fase que decorre no fígado (109). Puentes et al. sugerem que esta proteína possa ter um

papel na invasão das células hepáticas e na invasão dos merozoítos aos eritrócitos (110).

Como já foi referido anteriormente, os sintomas de malária são causados pela parasitemia na fase

eritrocitária. Sendo assim, a resposta imune do hospedeiro dirige-se contra os antigénios desta fase:

proteínas dos merozoítos e as formas parasitárias intra-eritrocitárias (42). Na fase eritrocitária, estão

envolvidos vários antigénios, tais como, MSP1 (merozoite surface protein 1), EBA-175 (erythrocyte

Page 30: Caracterização da reatividade serológica e antigénica ... · A imunidade adquirida durante a interação parasita-hospedeiro influencia o quadro clínico da infeção,

19

binding antigen-175), AMA1 (apical membrane antigen 1) e RH1 (reticulocyte-binding-like homologue

1).

A MSP1 é uma proteína sintetizada pelos esquizontes intracelulares e as formas hepáticas, sendo

expressa na superfície dos merozoítos libertados aquando da rutura dos glóbulos vermelhos infetados.

Esta proteína está presente em todas as espécies de Plasmodium, sendo que em P. falciparum é

sintetizada como uma proteína precursora de, aproximadamente, 190 kDa, que passa por uma série

de clivagens proteolíticas (111,112). Pensa-se que a MSP1 esteja envolvida na interação inicial do

parasita com os glóbulos vermelhos, sendo pertinente para o processo de invasão (113).

A EBA-175 é uma proteína de 175 kDa localizada nos micronemas que se liga à maior glicoproteína

encontrada em eritrócitos humanos (glicoforina A) durante a invasão, atuando assim como uma “ponte”

entra o parasita e a célula hospedeira (114,115). Deste modo, a EBA-175 está envolvida no

reconhecimento de eritrócitos pelo parasita, e participa na invasão dos eritrócitos pelos merozoítos

(116,117).

A AMA1 é uma proteína membranar do tipo 1, presente no complexo apical dos merozoítos

(acumula-se nos micronemas) (118). É sintetizada como uma molécula de 83 kDa, e processada a 66

kDa dentro do esquizonte pela perda do N-terminal, movendo-se de seguida para a superfície dos

merozoítos (119). Presume-se que esta proteína esteja envolvida no processo de invasão aos

eritrócitos (120,121).

A proteína RH1 liga-se a um recetor resistente à tripsina dependente de ácido siálico na superfície

dos eritrócitos (122,123), mostrando-se relevante no reconhecimento e invasão do eritrócito hospedeiro

(124). Estudos demonstram que a família das RH são expressas na ponta apical (nos micronemas ou

roptrias) durante a fase tardia intra-eritrocitária, o que vai de encontro ao seu papel durante a invasão

(125–128).

Perante o grande número de antigénios produzidos durante o ciclo de vida do parasita, o maior

desafio tem sido identificar antigénios imunodominantes responsáveis pela indução de imunidade

protetora. O mais provável é que uma resposta imune robusta envolva respostas celulares e humorais

a múltiplos antigénios.

1.7.4 Resposta imunológica humoral

O vetor que assegura a transmissão de malária pode também condicionar as respostas humorais.

Sarr et al. mostraram que o desenvolvimento de respostas de imunoglobulinas (Ig) anti-Plasmodium

em áreas subsarianas é diferente de acordo com a área onde a exposição é dependente de diferentes

espécies de Anopheles (vila Mboula com A. gambiae; vila Gankette Balla com A. funestus) (129). Por

outro lado, no campo das doenças transmitidas por vetores, as respostas IgG antisalivares (do mosquito

Anopheles, neste caso) podem ser usadas como marcadores de exposição. Remoue et al. mostraram

que a resposta de anticorpos IgG contra a saliva de mosquitos A. gambiae em crianças numa área de

transmissão sazonal de malária foi mais alta nas que desenvolveram malária clínica (130). As respostas

de anticorpos humanos contra proteínas salivares de Anopheles também pode ser usado para a

avaliação de intervenções de controlo do vetor (131), mas maioritariamente para estudos

epidemiológicos de malária (130,132,133).

Page 31: Caracterização da reatividade serológica e antigénica ... · A imunidade adquirida durante a interação parasita-hospedeiro influencia o quadro clínico da infeção,

20

A evidência mais direta que os anticorpos são mediadores importantes na imunidade contra a malária

vem de estudos de transferência em que anticorpos de adultos imunes foram utilizados com sucesso

para o tratamento de malária grave (134–136).

Os anticorpos específicos para determinado parasita são considerados marcadores de exposição à

infeção. Neste contexto, o papel esperado dos anticorpos contra infeções será ajudar na eliminação do

parasita, de modo a limitar a doença e impedir a entrada de parasitas nas células alvo (137). Deste

modo, as respostas humorais contra Plasmodium envolvem uma variedade de mecanismos: (1) inibição

da invasão de hepatócitos por anticorpos; (2) inibição da invasão de eritrócitos; (3) inibição da

replicação do parasita; (4) opsonização de merozoítos por fagocitose por células mononucleares; (5)

opsonização por fagocitose de eritrócitos infetados; (6) inibição da rotura de esquizontes (136,138).

Devido à crescente evidência do papel protetor de anticorpos anti-Plasmodium, tem-se estudado o

papel das diferentes classes de Ig humanas (IgM, IgD, IgG, IgE e IgA) e subclasses (IgG1, IgG2, IgG3

e IgG4) no desenvolvimento de uma resposta imune. Espera-se que quer os isótopos ou subclasses

de Ig produzidas contra os antigénios específicos de malária tenham uma influência marcante na

eficácia da resposta humoral. As subclasses IgG1 e IgG3 são anticorpos citofílicos, promovendo a

fagocitose, e processos de citotoxicidade mediada por células dependentes de anticorpos (ADCC). Ao

contrário das subclasses IgG2 e IgG4 que são anticorpos não-citofílicos, competindo pelos mesmos

epitopos que os anticorpos citofílicos, e assim bloqueando a atividade protetora destes (139,140).

Todavia, não existe uma associação clara entre as subclasses de IgG e proteção. Em áreas

endémicas, a predominância de anticorpos citofílicos está associado a baixa parasitemia (141) ou a um

baixo risco de adquisição de malária (142,143). Um estudo com indivíduos infetados com P. falciparum

demonstrou que uma predominância de anticorpos IgG1 e IgG3 estaria associada a proteção contra a

doença, enquanto uma predominância das subclasses IgG2 e IgG4 estaria associada à suscetibilidade

de incorrer num episódio de malária. Os autores deste estudo demonstraram ainda que os soros dos

indivíduos “protegidos” mediavam processos de ADCC in vitro (140). Por outro lado, Aucan et al.

demonstraram um papel protetor de IgG2 por exibir ação citofílica (provavelmente, por ser capaz de se

ligar ao recetor FcɤRIIA-H131 dos monócitos), enquanto IgG4 apresentava associado um maior risco

de infeção (144).

Convencionalmente, as respostas primárias de anticorpos a patogénicos são IgM, enquanto as

secundárias são uma combinação de IgG, IgA e IgE. Pouca informação parece também estar disponível

sobre o papel concreto da IgM em infeções por malária. Rowe et al. mostram que IgM ligam-se à

superfície de eritrócitos infetados, contribuindo para a estabilização de interações entre eritrócitos

infetados e não infetados (145). Também Clough et al. reportaram a ligação de IgM a eritrócitos que

formaram rosetas6 (146). Um estudo numa população de indivíduos do Mali sugere uma ação protetiva

de IgM (147). Estes estudos vão de encontro a outros que também sugerem uma função protetora para

os anticorpos IgM contra infeção por malária (148) ou limitando a severidade da doença (149).

Um estudo com P. chabaudi sugere que IgM tenha um papel importante na limitação da replicação

do parasita durante a fase assexuada eritrocitária (150).

6 A formação de rosetas trata-se da habilidade seletiva de eritrócitos infetados se ligarem a eritrócitos não

infetados, sendo um processo relevante em malária grave.

Page 32: Caracterização da reatividade serológica e antigénica ... · A imunidade adquirida durante a interação parasita-hospedeiro influencia o quadro clínico da infeção,

21

O papel dos anticorpos IgE no desenvolvimento de imunidade contra a malária também tem sido

investigado. Foi reportada a verificação de anticorpos IgE em soros maternos e do cordão umbilical na

Papua-Nova Guiné (151). Perlmann et al. demonstraram a existência de níveis elevados de IgE em

crianças com malária cerebral, sugerindo assim um papel patogénico deste isótopo. Reportaram

também que aproximadamente 85% das crianças e adultos habitantes de áreas onde a malária é

endémica (Libéria, Gâmbia, Madagáscar, Tailândia) apresentam níveis elevados de IgE no sangue

(152). Contudo, outros estudos indicam a associação de altos níveis de IgE com o risco reduzido de

desenvolvimento de malária clínica, sugerindo um envolvimento de IgE na proteção contra a doença

(153,154). Pode-se assim especular que os anticorpos IgE contra a malária, independentemente do

seu possível papel protetor (155), contribuem também para a severidade da doença (156).

Os anticorpos do tipo IgA não tem sido implicados na patologia da malária, apresentando-se mesmo

como uma Ig pouco estudada, sendo que a sua contribuição (se a houver) para a geração de imunidade

protetora contra a malária não é conhecida. Também é o caso da IgD, sendo que esta Ig nem costuma,

de resto, ser alvo de análise em estudos relacionados com a malária.

A produção de anticorpos contra os antigénios da fase pré-eritrocitária pode não prevenir

completamente a fase eritrocitária, podendo contudo controlar a densidade de parasitas reduzindo a

invasão de esporozoítos no fígado e o seu desenvolvimento.

Estudos em modelos murinos indicam que anticorpos anti-CSP diminuem a diferenciação de

esporozoítos em merozoítos no fígado (157–159). Por outro lado, John et al. demonstraram que

crianças do Quénia com altos níveis de IgG anti-CSP, anti-LSA1 e anti-TRAP apresentavam um risco

mais baixo de desenvolvimento de malária clínica do que crianças com baixos níveis desses mesmos

anticorpos. Anticorpos contra a fase pré-eritrocitária conseguem impedir a migração dos esporozoítos

para o fígado bem como a sua invasão dos hepatócitos (160,161), não permitindo a progressão da

infeção. Perlaza et al. realizaram um estudo em macacos Aotus lemurinu imunizados com péptidos

sintéticos de LSA1, LSA3, SALSA e STARP que induziram a resposta de anticorpos e mostraram ser

específicos para as proteínas nativas do parasita em esporozoítos de P. falciparum (162).

Estudos em zonas endémicas sugerem que as respostas de anticorpos contra antigénios dos

merozoítos são “short-lived”, isto é, são altas durante os períodos de transmissão intensa e baixas nos

períodos de transmissão baixa (163,164). Isto terá impacto em estudos serológicos, já que pode dar

azo a resultados “falsos”: (1) um indivíduo pode ser positivo num dado momento, mas negativo na

próxima infeção; ou (2) mesmo que um individuo seja rápido a produzir uma resposta humoral contra

esses antigénios pode ser classificado como negativo, dependendo do quão recentemente a infeção

tenha ocorrido. Kinyanjui et al. sugerem mesmo que o tempo de vida de anticorpos IgG1 e IgG3 anti-

MSP1, anti-MSP2, anti-AMA1 e anti-EBA-175 em crianças do Quénia seja muito mais curto que o

normalmente expectável para o tempo de vida dessas subclasses de anticorpos (165).

Várias evidências em modelos murinos têm demonstrado que a família de AMA1 induz respostas

imunes protetivas mediadas por anticorpos (166–168), tornando a AMA1 uma boa candidata a vacinas

contra a fase eritrocitária (169). Dutta e colaboradores mostraram que anticorpos anti-AMA1 são

Page 33: Caracterização da reatividade serológica e antigénica ... · A imunidade adquirida durante a interação parasita-hospedeiro influencia o quadro clínico da infeção,

22

capazes de inibir os merozoítos de procederem à invasão dos glóbulos vermelhos in vitro, ao

desregularem o processamento proteolítico da proteína (170,171).

De forma semelhante, anticorpos anti-MSP119 não só inibem o processamento de molécula

precursora de MSP1 (172), mas também se ligam a MSP1197, prevenindo assim a ligação dos

merozoítos à superfície dos glóbulos vermelhos (173). Alguns estudos relacionam anticorpos anti-

MSP119 em bebés com proteção de malária clínica (174,175), sugerindo a existência de uma

transferência destes anticorpos da mãe para o bebé. Lyon et al. mostram que anticorpos anti-MSP1 de

dadores imunes à malária formam complexos imunes, levando à aglutinação e inibição da dispersão

dos merozoítos (176).

Por outro lado, também existem várias evidências que suportam o desenvolvimento de uma vacina

contra o domínio de ligação ao recetor de EBA-175, a região F2, já que anticorpos contra esta região

bloqueiam a invasão aos eritrócitos (177–179). Daugherty et al. demonstraram que fragmentos

recombinantes de EBA-175 foram reconhecidos por anticorpos presentes em soros humanos de

indivíduos de áreas endémicas de malária (180). Anticorpos humanos contra a região 2 de EBA-175

estão também associados a proteção clínica contra a malária (181). Um teste clínico de fase I em

adultos numa região não-endémica com EBA-175 recombinante mostrou a existência de anticorpos

anti-P. falciparum funcionais; contudo, há que ter em conta certas limitações, tais como a amostragem

reduzida, a curta duração do acompanhamento e o local (182).

1.7.5 Resposta imunológica celular

Embora se pense que quer a imunidade humoral quer a celular estejam envolvidas na resposta

imune à malária, a importância de cada tipo de proteção contra a malária ainda não se encontra

perfeitamente caracterizada. A resposta imunológica celular induzida por malária protege contra ambas

as fases parasitárias, a pré-eritrocitária e a eritrocitária, sendo os linfócitos T e seus produtos essenciais

nesta regulação.

O grupo de células T CD4+ é ativado por antigénios que apresentem moléculas da classe II do

complexo principal de histocompatibilidade (major histocompatibility complex, MHC), enquanto o grupo

das células T CD8+ é ativado por antigénios que contenham a classe I do MHC. As células T CD4+ são

de maior importância na indução de imunidade na fase eritrocitária, ao passo que as células T CD8+

têm mostrado ter ação citolítica contra as formas hepáticas do parasita (183,184). Feel et al.

demonstraram que células T CD4+ e CD8+ de pacientes não previamente expostos a malária podem

inibir o crescimento do parasita in vitro (185).

As células T CD4+ são classificadas de acordo com o seu padrão de produção de citocinas: as células

T helper (Th)1 produzem interleucina (IL)-2, IL-12, interferão (IFN)-α/γ e fator de necrose tumoral (tumor

necrosis factor, TNF), enquanto que as células Th2 produzem IL-4, IL-5, IL-6, IL-9, IL-10 e IL-13.

7 Como referido anteriormente, MSP1 é uma molécula precursora de várias. Na altura da invasão dos eritrócitos,

o terminal C de 42 kDa (MSP142) é clivado, produzindo um fragmento solúvel de 33 kDa (MSP133) e um fragmento de 19 kDa (MSP119) que permanece na superfície do merozoíto durante invasão.

Page 34: Caracterização da reatividade serológica e antigénica ... · A imunidade adquirida durante a interação parasita-hospedeiro influencia o quadro clínico da infeção,

23

Em geral, as células Th1 são responsáveis pela imunidade mediada por células (cell-mediated

immunity, CMI); ativam macrófagos e outras células para a produção de mediadores através da

libertação de citocinas inflamatórias. As células Th2 regulam a imunidade humoral, proporcionando

ajuda às células B na produção de anticorpos. As células Th1 e Th2 também regulam a atividade de

uma e outra através das citocinas produzidas: o IFN-γ produzido pelas células Th1 inibe o

desenvolvimento e a proliferação das Th2, enquanto as IL-4 e IL-10 produzidas pelas células Th2

antagonizam o desenvolvimento das Th1 (186–188).

Há evidências que crianças com hiper-parasitemia por P. falciparum apresentem concentrações mais

baixas de IFN-γ do que crianças com malária aguda (184). Por outro lado, há evidências que apontam

um papel protetor nas respostas IFN-γ com impacto em reinfeções (189). Para indivíduos expostos à

malária, Dodoo et al. reportaram uma associação entre a produção de IFN-γ e um risco reduzido de

febre e malária clínica (190). Na fase pré-eritrocitária, o IFN-γ também tem um efeito inibitório in vitro

no desenvolvimento das formas hepáticas do parasita (191).

Respostas de IL-10 anti-LSA-1 estão associadas a resistência a reinfeções, indicando um papel

protetor desta interleucina (192). Estudos em crianças indicam que concentrações elevadas de TNF e

IL-10 estão associadas a casos de anemia causada por malária e a altos níveis de parasitemia

(193,194), mas um baixo rácio de IL-10/TNF é característico de anemia causada por malária (194,195).

Isto vai de encontro ao feedback negativo das células Th1 e Th2: dados apontam que a IL-10 promove

a inibição da produção de TNF (196,197), o que pode sugerir que uma baixa resposta de IL-10 permita

altos níveis de TNF, promovendo a anemia em casos de infeção por malária.

Em malária causada por P. falciparum, níveis altos de IL-4 foram detetados em crianças com malária

grave quando em comparação com casos de malária aguda (198). Troye-Blomberg et al. demonstraram

que a IL-4 auxilia na resposta de anticorpos direcionada contra a exposição ao parasita (199); e von

der Weid et al. mostraram que murinos deficientes no gene IL-4 conseguem controlar e eliminar a fase

eritrocitária da infeção por P. chabaudi com eficiência semelhante aos controlos, sugerindo que IL-4

não é necessária para a eliminação das fases eritrocitárias do parasita (200).

Foram detetados níveis altos de IL-6 em indivíduos com malária grave (201), encontrando-se

também associados níveis altos desta interleucina com resultados fatais (202,203). A produção de IL-

12 parece estar associada a um risco reduzido de parasitemia (190).

As células T CD8+, também conhecidas como células T citotóxicas (cytotoxic/cytolytic T lymphocyte,

CTL), eliminam células infetadas diretamente através de vários mecanismos citolíticos, para além da

libertação de linfocinas (204,205). As respostas das células T CD8+ são caracterizadas principalmente

pela produção de citocinas, tais como IFN-γ e TNF, que medeiam a eliminação de hepatócitos infetados

por via de óxido nítrico (nitric oxide, NO) (206).

Dado que os hepatócitos expressam a classe 1 de MHC, o recetor para as células T CD8+, os

parasitas da fase pré-eritrocitária são capazes de induzir respostas por CTL (186). A imunidade

protetiva conferida por células T CD8+ contra a fase eritrocitária é controversa, já que os eritrócitos

infetados não exibem moléculas do MHC. Todavia, Imai et al. mostraram que a espécie P. yoelii é capaz

de infetar eritroblastos8 que expressam a classe 1 do MHC, sendo assim reconhecidos pelas células T

8 Um eritroblasto é o precursor imediato de um eritrócito normal.

Page 35: Caracterização da reatividade serológica e antigénica ... · A imunidade adquirida durante a interação parasita-hospedeiro influencia o quadro clínico da infeção,

24

CD8+ (207). Posteriormente, os mesmos investigadores sugerem que a atividade citotóxica destas

células envolve a colaboração de fagócitos (208).

As dificuldades com que frequentemente os imunologistas se confrontam ao estudar as respostas

do hospedeiro a P. falciparum levam ao uso de modelos experimentais - principalmente de murinos.

Deste modo, estudos em murinos com P. berghei e P. yoelii demonstraram que a transferência adotiva

de células T CD8+ específicas para os epitopos localizados em CSP protegeu murinos não-imunes

contra infeções por estes parasitas (209,210). Weiss et al. demonstraram em murinos que as células T

CD8+ são os mediadores principais na proteção depois da imunização com esporozoítos atenuados

(211).

A transferência adotiva de clones de células T CD8+ específicos para epitopos expressos em

esporozoítos e formas hepáticas inibe fortemente o desenvolvimento intracelular do parasita

(209,210,212). Outros estudos indicam que a imunização com vacinas que expressem antigénios deste

parasita induzem uma resposta de células T CD8+ capaz de eliminar o desenvolvimento intra-hepático

(213,214). Também estudos com chimpanzés infetados com P. falciparum têm sido usados para

identificar os alvos antigénicos da imunidade por células T CD8+, tais como LSA-3 (215).

Carvalho et al. demonstraram em murinos que, na ausência de células T CD4+, as células T CD8+

iniciam um processo de diferenciação e proliferação durante os primeiros dias após imunização com

esporozoítos de P. yoelii; tendo esta resposta sido reduzida em 90% na presença de T CD4+. Para

além disto, este mesmo estudo demonstrou que a IL-4 é um mediador importante na interação entre

células T (216).

Embora a grande maioria dos estudos sobre células T CD8+ seja realizada em modelos não-

humanos, tem-se alcançado algum conhecimento no sentido de se entender o papel destas células na

infeção de malária em humanos. Todavia, há várias evidências que associam esta classe de linfócitos

à patogénese de malária grave: malária cerebral resultante de infeções por P. falciparum é uma das

complicações mais graves e a causa principal de morte em humanos (217,218). Desta forma, os

estudos em humanos sobre a resposta de células T CD8+ na fase eritrocitária são escassos devido a

questões éticas, sendo a maior parte do conhecimento baseado em modelos murinos.

Ainda assim, Aidoo et al. mostraram que células T CD8+ obtidas de indivíduos a viver em zonas

endémicas de malária reconhecem os epitopos da classe 1 de MHC derivados de antigénios da fase

pré-eritrocitária de P. falciparum e P. vivax. Estes antigénios incluem a CSP, a TRAP, a LSA-1 e a LSA-

3 (219). Alguns testes clínicos com vacinas mostraram induzir boas respostas de células T CD8+ contra

antigénios da fase pré-eritrocitária, em seres humanos (220,221).

As células natural killer (NK) são uma subpopulação de linfócitos, com funções semelhantes às

células T CD8+, mas com recetores distintos de antigénios das células T. As células NK são citotóxicas,

induzindo a apoptose das células-alvo; são capazes de modular a resposta imune através da secreção

de citocinas, tais como, IFN- γ, TNF, IL-13, e de quimiocinas (222).

A depleção de células NK num modelo murino com infeção por P. chabaudi resultou na maior

severidade da doença, com maior parasitemia e mortalidade associadas (223). Artavanis-Tsakonas et

al. demonstraram in vitro que eritrócitos humanos infetados com P. falciparum interagem com células

Page 36: Caracterização da reatividade serológica e antigénica ... · A imunidade adquirida durante a interação parasita-hospedeiro influencia o quadro clínico da infeção,

25

NK humanas, levando à indução de IFN-γ (224). E, quando comparado com esquizontes de P.

falciparum, eritrócitos infetados mostraram induzir uma resposta mais rápida e intensa de IFN- γ por

células NK (225). Por outro lado, estudos apontam para que células NK consigam neutralizar

diretamente eritrócitos infetados por P. falciparum (226,227).

O sistema imune é um complexo biológico extremamente diversificado. As células apresentadas

anteriormente são apenas uma fração de toda a resposta celular envolvida na doença de malária. Para

além das células T e NK, a exposição a antigénios de Plasmodium spp. também envolve células natural

killer T (NKT), células T alfa delta (αδ), macrófagos, monócitos e neutrófilos (136,228,229).

Page 37: Caracterização da reatividade serológica e antigénica ... · A imunidade adquirida durante a interação parasita-hospedeiro influencia o quadro clínico da infeção,

26

Capítulo 2 - Objetivos

Com este trabalho, pretende-se caracterizar as reatividades serológica e imunoquímica, envolvidas

na indução e manutenção da imunidade humoral em pacientes (mais concretamente, crianças) com

quadro clínico de malária grave, por P. falciparum.

Mais especificamente, pretende-se:

(1) Utilizar amostras de soros de pacientes com malária grave na determinação da reatividade

serológica para anticorpos anti-P. falciparum, mais concretamente, anticorpos totais (Ig G+A+M), IgM,

IgE, IgG total, subclasses de IgG (IgG1, IgG2, IgG3, IgG4);

(2) Caracterizar por immunoblotting os antigénios envolvidos nesta reatividade serológica;

(3) Realizar uma análise in silico dos antigénios de P. falciparum envolvidos na indução e

manutenção da resposta de anticorpos durante a malária grave.

Os resultados obtidos com este estudo poderão contribuir para a identificação de proteínas

parasitárias durante a infeção grave com P. falciparum, além de potenciar a utilização de tais

marcadores como candidatos antigénicos para o desenvolvimento de vacinas.

Page 38: Caracterização da reatividade serológica e antigénica ... · A imunidade adquirida durante a interação parasita-hospedeiro influencia o quadro clínico da infeção,

27

Capítulo 3 – Materiais e métodos

3.1 Amostragem

Foram recrutadas para este estudo, após consentimento informado escrito dos pais ou adulto

acompanhante, crianças dos 0 aos 16 anos, com sintomas de malária grave ou malária com

necessidade de internamento por intolerância da via oral, observadas nas consultas de pediatria do

Hospital São José de Bor, situado na vila de Bor, a 4km de Bissau, durante os meses de Junho e Julho

de 2011. O diagnóstico de malária grave foi feito através da avaliação clínica, avaliada pelo investigador

ou por outro médico de serviço que recrutava a criança, com base nos critérios da OMS (230).

As amostras foram gentilmente recolhidas pelo Médico Pediatra Anaxore Casimiro. No Anexo 1,

encontra-se o “Parecer sobre Protocolo de Estudo” da Comissão de Ética do Instituto de Higiene e

Medicina Tropical (IHMT), bem como a aprovação do mesmo no Anexo 2.

Os critérios de inclusão e de exclusão estão indicados na Tabela 4.

Tabela 4 - Critérios de inclusão e exclusão para o recrutamento dos pacientes no estudo (230).

Critérios de inclusão Critérios de exclusão

Admissão nas consultas de pediatria do Hospital São José de Bor, durante os meses de Junho e

Julho de 2011 Crianças com diarreia e desidratação grave

Diagnóstico clínico de malária grave ou malária com necessidade de internamento por

intolerância da via oral Crianças com desnutrição grave

Idade entre os 0 aos 16 anos Crianças com pneumonia, meningite, encefalite,

tuberculose ou infeção pelo Vírus da Imunodeficiência Humana conhecida

Exame microscópico positivo para Plasmodium Ausência de consentimento informado

3.2 Tratamento e conservação das amostras

As amostras de sangue utilizadas neste estudo foram colhidas por punção venosa e

temporariamente armazenadas em tubo de EDTA (ácido etilenodiaminotetra-acético) K3, a -80ºC no

Projeto de Saúde de Bandim, em Bissau, tendo sido transportadas por avião em contentor refrigerado

para o IHMT, onde ficaram armazenados a -20ºC (230).

3.3 Diagnóstico de infeção por Plasmodium spp. por imunocromatografia

Devido à diferença de tempo entra a recolha das amostras no ano 2011 e a realização dos testes do

presente trabalho no ano 2015, submeteram-se as amostras de sangue de cada paciente a um RDT

(Rapid Malaria pf/pan Antigen Test, Boson Biotech, China), de modo a verificar se o diagnóstico de

infeção por Plasmodium spp. mantinha. Este teste contém uma membrana numa superfície fixa,

revestida com dois anticorpos monoclonais em duas linhas separadas. Um anticorpo é específico para

Page 39: Caracterização da reatividade serológica e antigénica ... · A imunidade adquirida durante a interação parasita-hospedeiro influencia o quadro clínico da infeção,

28

a HRP-2 de P. falciparum, e o outro é específico para a LDH de P. malariae. Deste modo, os antigénios

de P. falciparum e P. malariae podem ser detetados de forma distinta.

O procedimento foi realizado de acordo com as instruções do fabricante: (1) adicionar 5µL de sangue

no poço adequado, (2) adicionar duas gotas do tampão do teste no poço adequado, (3) ler o resultado

do teste após 20 minutos.

3.4 Parasitas (Plasmodium falciparum)

Para a realização das análises serológicas e immunoblotting, utilizou-se a estirpe Dd2 de P.

falciparum, cedida pela Investigadora Doutora Fátima Nogueira da Unidade de Ensino e Investigação

de Parasitologia Médica, IHMT.

O cultivo in vitro de clones de P. falciparum Dd2 foi realizado de acordo com os métodos descritos

por Costa e colaboradores em (16). A cultura consistia na manutenção de eritrócitos, num meio de

cultura RPMI 1640 completo, com hematócrito de 5%, a 37ºC, e atmosfera com 5% de CO2.

3.5 Extração de proteínas totais de Plasmodium falciparum

A extração de proteínas totais de P. falciparum baseou-se no método descrito em (16), com alguns

ajustes.

As culturas de parasita foram transferidas para tubos de 15mL, centrifugadas (centrifuge 5810R,

eppendorf, Alemanha) a 2500g, durante 2 minutos, à temperatura ambiente, e o sobrenadante foi

descartado.

O pellet foi ressuspenso em tampão de lise (fosfato de sódio 5mM, pH 8 + inibidor de protéases

(cOmplete ULTRA Tablets, Roche, Suíça)), em 5 vezes o volume do pellet. Os tubos foram colocados

em gelo, durante 15 minutos; e depois centrifugados a 3220g, a 4°C, durante 20 minutos. Descartou-

se o sobrenadante.

Posteriormente, lavou-se o pellet três vezes com tampão fosfato salino (phosphate buffered saline,

PBS) frio, centrifugando-o a 18000g, durante 10 minutos, a 4°C, e descartou-se o sobrenadante.

Para a lise dos parasitas e extração das proteínas, adicionou-se 4 vezes o volume do pellet de

tampão de lise com inibidor (0,1% Triton X-100 em PBS + inibidor de protéases (cOmplete ULTRA

Tablets, Roche, Suíça)). Os tubos foram colocados em gelo, durante 30 minutos, sob agitação,

homogeneizando-se a cada 10 minutos no vortex.

Colocaram-se os tubos a -70ºC, durante 5 minutos, e de seguida, a 37ºC, durante 5 minutos. Repetiu-

se este processo mais duas vezes. Após este ciclo, centrifugou-se a 18000g, durante 10 minutos, a

4°C. O sobrenadante foi recuperado, descartando-se a hemozoína.

3.6 Quantificação de proteínas totais de Plasmodium falciparum

A quantificação das proteínas totais de P. falciparum foi realizada segundo o método Bicinchoninic

Acid Protein (Sigma, EUA). A curva de calibração utilizada neste ensaio foi feita com albumina de soro

bovino (bovine serum albumin, BSA), nas concentrações de 200 a 1000µg/mL.

Page 40: Caracterização da reatividade serológica e antigénica ... · A imunidade adquirida durante a interação parasita-hospedeiro influencia o quadro clínico da infeção,

29

Nos poços da placa (BRANDplates microplates, Brand, Alemanha) para a curva de calibração,

adicionou-se 225µL das soluções preparadas consoante a concentração pretendida. Nos poços da

placa para as amostras a quantificar, adicionou-se 200µL do reagente de trabalho (fornecido pelo

fabricante) e de 25µL de amostra, e homogeneizou-se. Incubou-se a placa durante 30 minutos, a 37°C.

Procedeu-se à leitura dos resultados num leitor de microplacas (microplate reader model 680, Biorad,

EUA) a 562nm.

3.7 Determinação de anticorpos totais (Ig G+A+M) e IgM anti-Plasmodium

falciparum

O protocolo para a verificação da presença de anticorpos totais (Ig G+A+M) e IgM anti-P. falciparum

nas amostras analisadas foi adaptado de (231).

Deste modo, adsorveu-se 100µL/poço de extrato total P. falciparum, preparado na concentração

2ng/µL em tampão bicarbonato (0,1M, pH 8,5), em cada poço de uma placa ELISA (Thermo Fisher

Scientific, EUA) de 96 poços. A placa ficou posteriormente a incubar durante a noite, a 4°C.

Lavou-se a placa três vezes com 200µL/poço de tampão de lavagem (0,05% (v/v) Tween-20 em

PBS), para a remoção do excesso de antigénio que não foi adsorvido à placa. Adicionou-se 200 µL/poço

de tampão de bloqueio (5% (m/v) leite em pó em PBS). Incubou-se a placa, durante 1 hora, à

temperatura ambiente, com agitação orbital, de modo a evitar ligações inespecíficas.

De seguida, lavou-se a placa três vezes, 200µL/poço, com o tampão de lavagem; e adicionou-se

100µL/poço de anticorpo primário (amostra) diluído (1/100 (v/v)) em tampão de anticorpo (1% tampão

de bloqueio em tampão de lavagem). Incubou-se a placa, durante 1 hora, à temperatura ambiente, com

agitação orbital, de modo a permitir a ligação dos anticorpos presentes nos soros.

Lavou-se a placa cinco vezes com 200µL/poço do tampão de lavagem, de modo a remover o excesso

de anticorpos que não ficaram ligados ao antigénio adsorvido à placa. Adicionou-se 100µL/poço dos

seguintes anticorpos secundários, diluídos (1/1000 (v/v)) em tampão de anticorpo: anticorpos (do tipo

Ig G+A+M) conjugados com fosfatase alcalina (Zymed, EUA) e anticorpos do tipo IgM conjugado com

fosfatase alcalina (Calbiochem, EUA). Incubou-se a placa, durante 1 hora, à temperatura ambiente,

com agitação orbital.

De novo, lavou-se a placa cinco vezes com 200µL/poço do tampão de lavagem; e adicionou-se 100

µL/poço de substrato (1 pastilha (20mg) de 4-nitrophenyl phosphate disodium salt hexahydrate (Sigma,

EUA)) diluído em 20mL de água. Incubou-se a placa, durante 30 minutos, à temperatura ambiente, com

agitação orbital, ao abrigo da luz solar. Este substrato produz um produto final solúvel (amarelo).

Finalmente, adicionou-se 50µL/poço de solução stop (hidróxido de sódio (NaOH) 3N) e procedeu-se

à leitura dos resultados num leitor de microplacas (microplate reader model 680, Biorad, EUA) a 405nm.

Para a determinação de anticorpos totais (Ig G+A+M) e IgM anti-P. falciparum, foram usados

controlos negativos (soros de crianças sem qualquer historial de malária) e positivos (soros de

indivíduos com malária aguda).

Page 41: Caracterização da reatividade serológica e antigénica ... · A imunidade adquirida durante a interação parasita-hospedeiro influencia o quadro clínico da infeção,

30

3.8 Determinação de anticorpos IgG total e IgE anti-Plasmodium falciparum

A determinação de anticorpos IgG total e IgE anti-P. falciparum foi realizada de acordo com o método

descrito em (16).

Sendo assim, adsorveu-se 100µL/poço de extrato total de P. falciparum, preparado na concentração

de 2ng/µL em tampão de bicarbonato (0,1M, pH 8,5), em cada poço de uma placa de ELISA (Thermo

Fisher Scientific, EUA) de 96 poços.

Incubou-se a placa, durante a noite, a 4ºC. Lavou-se a placa três vezes com 200µL/poço do tampão

de lavagem (0,05% (v/v) Tween-20 em PBS), para a remoção do excesso de antigénio que não foi

adsorvido à placa. Adicionou-se 200µL/poço de tampão de bloqueio (5% (m/v) leite em pó em PBS).

Incubou-se a placa, durante 1 hora, à temperatura ambiente, com agitação orbital, de modo a evitar

ligações inespecíficas.

De seguida, lavou-se a placa três vezes com 200µL/poço do tampão de lavagem; e adicionou-se

100µL/poço de anticorpo primário (amostra) diluído (1/200 (v/v) para IgG total, 1/100 (v/v) para IgE) em

tampão de anticorpo (1% tampão de bloqueio em tampão de lavagem). Incubou-se a placa, durante 1

hora, à temperatura ambiente, com agitação orbital, de modo a permitir a ligação dos anticorpos

presentes nos soros.

Lavou-se a placa cinco vezes com 200µL/poço do tampão de lavagem, de modo a remover o excesso

de anticorpos que não ficaram ligados ao antigénio adsorvido à placa. Adicionou-se 100µL/poço dos

seguintes anticorpos secundários, diluídos (1/10000 (v/v)) em tampão de anticorpo: anticorpo anti-IgG

humano conjugado com peroxidase de rábano (HRP) (Biorad, EUA), anticorpo anti-IgE humano

conjugado com HRP (AbD Serotec, Reino Unido). Incubou-se a placa, durante 1 hora, à temperatura

ambiente, com agitação orbital.

Posteriormente, lavou-se a placa cinco vezes com 200µL/poço do tampão de lavagem, de modo a

remover o excesso de anticorpo conjugado que não ficou ligado ao anticorpo primário. Adicionou-se

100µL/poço de substrato (10mg O-Phenylenediamine dihydrochloride (OPD), Sigma-Aldrich, EUA)

diluído em 10mL de tampão citrato (ácido cítrico 0,1M; fosfato dissódico 0,1M; 0,0001% (v/v) peróxido

de hidrogénio 30%, pH 5,0) e 10µL de peroxidase de hidrogénio (Sigma, EUA). Incubou-se a placa,

durante 30 minutos, à temperatura ambiente, com agitação orbital, ao abrigo da luz solar. A enzima

HRP na presença de peróxido de hidrogénio catalisa a reação do OPD, produzindo uma substância

cromófora que absorve a 490nm.

Finalmente, adicionou-se 50µL/poço de solução stop (ácido sulfúrico (H2SO4), 4N) e procedeu-se à

leitura dos resultados num leitor de microplacas (microplate reader model 680, Biorad, EUA) a 490nm.

Para a determinação de anticorpos IgG anti-P. falciparum, foram usados controlos negativos (soros

de crianças e adultos sem qualquer historial de malária) e positivos (soros de indivíduos com malária

aguda).

Page 42: Caracterização da reatividade serológica e antigénica ... · A imunidade adquirida durante a interação parasita-hospedeiro influencia o quadro clínico da infeção,

31

3.9 Determinação de subclasses de anticorpo IgG (IgG1, IgG2, IgG3 e IgG4) anti-

Plasmodium falciparum

O protocolo para a verificação da presença de subclasses de anticorpo IgG (IgG1, IgG2, IgG3 e

IgG4) anti-P. falciparum nas amostras analisadas foi adaptado de (16,231).

Deste modo, adsorveu-se 100µL/poço de extrato total P. falciparum, preparado na concentração

2ng/µL em tampão bicarbonato (0,1M, pH 8,5), em cada poço de uma placa ELISA (Thermo Fisher

Scientific, EUA) de 96 poços. A placa ficou posteriormente a incubar durante a noite, a 4°C.

Lavou-se a placa três vezes com 200µL/poço de tampão de lavagem (0,05% (v/v) Tween-20 em

PBS), para a remoção do excesso de antigénio que não foi adsorvido à placa. Adicionou-se 200 µL/poço

de tampão de bloqueio (5% (m/v) leite em pó em PBS). Incubou-se a placa, durante 1 hora, à

temperatura ambiente, com agitação orbital, de modo a evitar ligações inespecíficas.

De seguida, lavou-se a placa três vezes com 200µL/poço do tampão de lavagem; e adicionou-se

100µL/poço de anticorpo primário (amostra) diluído (1/100 (v/v)) em tampão de anticorpo (1% tampão

de bloqueio em tampão de lavagem). Incubou-se a placa, durante 1 hora, à temperatura ambiente, com

agitação orbital, de modo a permitir a ligação dos anticorpos presentes nos soros.

Lavou-se a placa cinco vezes com 200µL/poço do tampão de lavagem, de modo a remover o excesso

de anticorpos que não ficaram ligados ao antigénio adsorvido à placa. Adicionou-se 100µL/poço dos

seguintes anticorpos secundários, diluídos (1/1000 (v/v)) em tampão de anticorpo: anti-IgG1 conjugado

com biotina (Sigma, EUA), anti-IgG3 conjugado com biotina (Sigma, EUA), e anti-IgG4 conjugado com

biotina (Sigma, EUA). Incubou-se a placa, durante 1 hora, à temperatura ambiente, com agitação

orbital.

De seguida, lavou-se a placa cinco vezes com 200µL/poço do tampão de lavagem, de modo a

remover o excesso de anticorpo conjugado que não ficou ligado ao anticorpo primário. Adicionou-se

100µL/poço do conjugado peroxidase-estreptavidina (R&D Systems, EUA), diluído em tampão de

anticorpo. Incubou-se a placa, durante 30 minutos, à temperatura ambiente, com agitação orbital, ao

abrigo da luz solar.

De novo, lavou-se a placa cinco vezes com 200µL/poço do tampão de lavagem; e adicionou-se 100

µL/poço de substrato comercial (R&D Systems, EUA). Incubou-se a placa, durante 30 minutos, à

temperatura ambiente, com agitação orbital, ao abrigo da luz solar.

Finalmente, adicionou-se 50µL/poço de solução stop (H2SO4 4N) e procedeu-se à leitura dos

resultados num leitor de microplacas (microplate reader model 680, Biorad, EUA) a 450nm.

3.10 Imunodeteção de proteínas de Plasmodium falciparum por immunoblotting

Para a deteção das proteínas de P. falciparum envolvidas na reatividade serológica nas amostras

analisadas, recorreu-se à técnica de immunoblotting.

Separaram-se as proteínas presentes no extrato total de proteínas de P. falciparum por eletroforese

em gel de poliacrilamida. Para tal, preparou-se o gel de corrida, com 10% de poliacrilamida, e o gel de

empilhamento, com 4% de poliacrilamida, cujas composições encontram-se descritas na Tabela 5.

Page 43: Caracterização da reatividade serológica e antigénica ... · A imunidade adquirida durante a interação parasita-hospedeiro influencia o quadro clínico da infeção,

32

Tabela 5 - Composição do gel de corrida (10% poliacrilamida) e do gel de empilhamento (4% poliacrilamida).

Gel de corrida

(10% poliacrilamida) (mL) Gel de empilhamento

(4% poliacrilamida) (mL)

Água deionizada 4,1 6,1

Solução de acrilamida (30% (m/v) acrilamida +

0,8% (m/v) bis-acrilamida) 3,3 1,3

Tris-HCl 0,5M pH 6,8 - 2,5

Tris-HCl 1,5M pH 8,8 2,5 -

Sodium dodecyl sulfate (SDS) 10% (m/v)

0,1 0,1

Persulfato de amónia 30% (m/v)

100 100

Tetramethylethylenediamine (TEMED)

10 10

O extrato proteico foi preparado de modo a obter-se 23μg de extrato proteico total/poço, de acordo

com o descrito em (232), e diluído (1:1) em tampão de amostra (água; Tris-HCl 0,5M pH 6,8; glicerol;

SDS 10% (m/v); azul de bromofenol 0,5% (m/v); β-mercaptoetanol). De seguida, a preparação foi

incubada a 97ºC, durante 5 minutos.

Após polimerização dos géis, aplicou-se 7µL de um marcador de massa molecular (HyperPAGE

Prestained Protein Marker, Bioline, Reino Unido) e o extrato diluído em tampão de mostra previamente

preparado. Após aplicação das amostras, os géis foram submersos em tampão de corrida (250M Tris;

1,92M glicerina; SDS 1% (m/v); água) e submetidos a uma corrente elétrica constante de 80V. Depois

de as amostras entrarem no gel de corrida, aumentou-se a voltagem para 120V, durante o tempo

necessário até a frente da corrida se aproximar do fim.

O protocolo de immunoblotting foi seguido de acordo com o método descrito em (232). Assim, o

conteúdo proteico do gel de poliacrilamida foi transferido para uma membrana de nitrocelulose (GE

Healthcare, Reino Unido) sobre a qual se executaram as reações de Western Blot. Deste modo, a

membrana foi lavada duas vezes, durante 10 minutos cada, à temperatura ambiente, com agitação

orbital, com solução de lavagem (0,05% (v/v) Tween-20 em PBS).

A membrana foi bloqueada com solução de bloqueio (3% (m/v) leite em pó em PBS), durante 1 hora,

com agitação orbital, à temperatura ambiente. Posteriormente, a membrana foi lavada três vezes,

durante 10 minutos cada, à temperatura ambiente, com agitação orbital: duas vezes com solução de

lavagem e uma vez com PBS.

A membrana foi cortada em tiras e cada tira foi colocada numa placa. Adicionou-se a cada tira o

anticorpo primário (amostras dos pacientes) diluído (1/100 (v/v)) em tampão anticorpo (1% tampão de

bloqueio em tampão de lavagem), e incubou-se as tiras durante 1 hora, à temperatura ambiente, com

agitação orbital.

De novo, a membrana foi lavada três vezes, durante 10 minutos cada, à temperatura ambiente, com

agitação orbital: duas vezes com solução de lavagem e uma vez com PBS. Adicionou-se o anticorpo

secundário (anticorpo anti-IgG humano conjugado com HRP) (AbD Serotec, BioRad) a cada tira, diluído

(1/10000 (v/v)) em tampão de anticorpo, e incubaram-se as tiras, durante 1 hora, à temperatura

ambiente, com agitação orbital.

Page 44: Caracterização da reatividade serológica e antigénica ... · A imunidade adquirida durante a interação parasita-hospedeiro influencia o quadro clínico da infeção,

33

Posteriormente, as tiras foram lavadas seis vezes, durante 10 minutos cada, à temperatura ambiente,

com agitação orbital: cinco vezes com solução de lavagem e uma vez com PBS. Adicionou-se a solução

de desenvolvimento que consiste em tabletes de DAB (3,3’-Diaminobenzidine) (Sigma-Aldrich, USA)

em PBS, e incubaram-se as tiras à temperatura ambiente até ao desenvolvimento de cor (geralmente,

10 minutos). A reação foi terminada com água desionizada e deixou-se a membrana secar ao ar.

Page 45: Caracterização da reatividade serológica e antigénica ... · A imunidade adquirida durante a interação parasita-hospedeiro influencia o quadro clínico da infeção,

34

Capítulo 4 – Resultados e discussão

4.1 Caraterização da população estudada

A média de idades das crianças internadas no âmbito deste trabalho foi de 6,75 anos (mínimo 2

anos; máximo 14 anos), com uma predominância do sexo feminino, representando 58% dos doentes

(n=7). Num estudo anterior, as amostras da população analisada foram caracterizadas clinicamente e

laboratorialmente, tendo-se utilizado para o diagnóstico de malária microscopia ótica, RDT, PCR, e

para deteção serológica ELISA comercial para anticorpos totais (Ig G+A+M) específicos para

Plasmodium spp (Tabela 6) (230).

Tabela 6 - Resumo dos métodos de diagnóstico e de serologia utilizados previamente. Adaptado de (230).

Paciente Microscopia ótica por gota espessa (IHMT)

RDT PCR (P.

falciparum)

Serologia: ELISA comercial, anticorpos totais anti-

Plasmodium spp. (Abs/cut-off)

P1 + + + 13,24

P2 + + + 5,07

P3 + + + 17,23

P5 + + + 0,57

P6 + + + 10,93

P7 + + + 0,45

P8 + + + 21,25

P9 + + + 10,48

P10 + + + 20,39

P11 - +/- + 0,43

P12 + + + 17,40

P13 + + + 0,48

Legenda: (+) positivo; (-) negativo; (+/-) fracamente positivo.

Pela Tabela 6, podemos ver que 66,7% (n=8) da amostra estudada revela presença de anticorpos

totais anti-Plasmodium spp. (valores de Abs/cut-off superiores a uma unidade). Destas amostras, a

amostra P2 é serologicamente positiva para Plasmodium spp. mas com resultados mais baixos que as

restantes (P01, P03, P06, P08, P09, P10 e P12). As amostras P05, P07, P11 e P13 apresentaram

valores de Abs/cut-off inferiores a uma unidade, sendo consideradas serologicamente negativas para

Plasmodium spp. Além disso, a infeção por P. falciparum foi confirmada em todas as amostras através

dos três testes efetuados (microscopia ótica, RDT, PCR) (230).

4.2 Diagnóstico de infeção por Plasmodium spp. por imunocromatografia

Para confirmar a infeção por Plasmodium spp. nas amostras, efetuou-se um RDT a cada uma (Figura

10).

Page 46: Caracterização da reatividade serológica e antigénica ... · A imunidade adquirida durante a interação parasita-hospedeiro influencia o quadro clínico da infeção,

35

Legenda: controlo (C), infeção por P. malariae (T1), infeção por P. falciparum (T2).

Figura 10 – Resultado dos RDT realizados às amostras (nT=12).

Como podemos verificar pela Figura 10, todos os testes efetuados foram validados (linha de controlo

presente em todos). Na Tabela 7, está indicado a reatividade de cada amostra para as espécies

analisada pelo teste.

Tabela 7 - Resultados dos RDT efectuados (Figura 10) com as amostras em estudo.

Amostras P. malariae (T1) P. falciparum (T2)

P1 N S

P2 N S

P3 S S

P5 S S

P6 N S

P7 N S

P8 N S

P9 N S

P10 N S

P11 S N

P12 N S

P13 N S

Legenda: (N) não, (S) sim.

Das doze amostras, todas revelaram presença de, pelo menos, uma espécie de Plasmodium (das

duas dadas pelo teste), sendo P. falciparum a mais predominante. Curiosamente, os indivíduos P3 e

P5 mostram ter infeção quer por P. falciparum, quer por P. malariae.

Page 47: Caracterização da reatividade serológica e antigénica ... · A imunidade adquirida durante a interação parasita-hospedeiro influencia o quadro clínico da infeção,

36

A amostra P11 é a única amostra que deu um resultado positivo mais fraco: na Figura 10, não é

possível ver a banda em T1, mas de fato, o resultado do RDT mostrou que o paciente estava infetado

com P. malariae. Poderá haver várias explicações para este resultado, tais como, baixa carga

parasitária, infeção recente, ou baixa qualidade da amostra (processos de descongelamento podem ter

afetado a mesma).

Este teste específico verifica a existência nas amostras de HRP-2 de P. falciparum e a LDH de P.

malariae, que são os antigénios-alvo mais comuns em RDT. A proteína HRP-2 de 30kDa, sintetizada

apenas por P. falciparum, é libertada aquando a rutura dos esquizontes, sendo portanto encontrada em

sobrenadantes de culturas do parasita ou no sangue de indivíduos infetados com o parasita. A LDH é

uma enzima produtora de energia essencial e é a última enzima na via glicolítica do parasita. É solúvel

e produzida quer nas fases sexuais e assexuais do ciclo de vida do parasita, incluindo os gametócitos

maturos das espécies de Plasmodium que infetam humanos (233).

Contudo, como está indicado na Tabela 6, os ensaios de PCR realizados anteriormente detetaram

infeção por P. falciparum em todas as amostras, incluindo P11. Esta contradição entre os dois testes

de diagnóstico pode dever-se ao polimorfismo no gene de HRP-2 de P. falciparum. A variação na

sequência do gene HRP-2, em certas repetições de aminoácidos, pode afetar a sensibilidade de RDT

baseados em HRP-2. Vários estudos indicam a existência de polimorfismos em Madagáscar (234),

região Ásia-Pacífico (235,236), Índia (237).

Relativamente a LDH, não parece haver nenhum polimorfismo associado a LDH de P. malariae.

Contudo, a deteção deste antigénio também pode falhar, devido à baixa sensibilidade do teste em

casos de infeções com baixa parasitemia.

A variabilidade na especificidade e sensibilidade de RDT está geralmente associada ao processo de

manufaturação dos kits (238). Não foram encontrados outros ensaios na literatura que utilizassem o

mesmo kit de RDT usado nesta dissertação, para analisar a performance do mesmo noutras condições.

O cálculo da sensibilidade e especificidade do RDT usado teria de ter como comparação um outro

teste de diagnóstico, como por exemplo PCR e microscopia.

A sensibilidade de um teste é a proporção de indivíduos com teste positivo na população em estudo

e que possuem a doença:

𝑉𝑃

𝑉𝑃 + 𝐹𝑁 [𝟏]

onde VP são os verdadeiros positivos (pacientes com a doença e cujo teste de diagnóstico deu

positivo) e FN os falsos negativos (pacientes com a doença e cujo teste de diagnóstico deu negativo).

A especificidade de um teste é a proporção de indivíduos com teste negativo na população em estudo

e que não possuem a doença:

𝑉𝑁

𝑉𝑁 + 𝐹𝑃 [𝟐]

Onde VN são os verdadeiros negativos (pacientes sem a doença e cujo teste de diagnóstico deu

negativo) e FP os falsos positivos (pacientes sem a doença e cujo teste de diagnóstico deu positivo).

No caso presente, dado o tamanho reduzido da amostra, estas duas variáveis teriam percentagens

muito altas, o que não seria uma representação fidedigna da realidade.

Page 48: Caracterização da reatividade serológica e antigénica ... · A imunidade adquirida durante a interação parasita-hospedeiro influencia o quadro clínico da infeção,

37

4.3 Determinação de anticorpos anti-Plasmodium falciparum

4.3.1 Determinação de anticorpos totais (Ig G+A+M) e anticorpo IgM anti-

Plasmodium falciparum

Primeiramente, as amostras foram analisadas quanto à reatividade serológica de anticorpos totais

(Ig G+A+M) e IgM anti-P. falciparum. O protocolo foi ajustado no que toca à concentração de extrato

proteico e à diluição do anticorpo primário (amostras), de modo a obter-se uma boa reatividade

serológica. A concentração de extrato proteico escolhida foi de 2ng/µL, de acordo com os resultados

apresentados em (232). Esta concentração não limita a reação antigénio-anticorpo e permite uma boa

diferenciação entre as amostras serologicamente positivas e negativas. A diluição dos soros usada foi

de 1:100, de acordo com os resultados apresentados em (232). Esta diluição permite uma boa

separação entre a reatividade serológica dos controlos negativos e a reatividade serológica dos

controlos positivos.

Além destes parâmetros, também foi necessário determinar um ponto de referência (cut-off) para ser

possível diferenciar um soro serologicamente positivo de um negativo.

O cut-off é dado pela soma da média dos valores de absorvância (Abs) dos soros negativos com o

desvio padrão (SD) a uma dada diluição. Assim, realizou-se um ensaio com controlos negativos e

controlos positivos, para se calcular o valor de SD. A partir da média de Abs dos controlos negativos,

foram calculados cinco pontos de cut-off (+1SD a +5SD). Para cada um desses pontos de cut-off, foram

calculadas a sensibilidade e a especificidade do ensaio, de modo a obtermos a ponderação de SD a

aplicar ao cut-off de cada ensaio, tornando possível a comparação dos ensaios entre si. Desta forma,

escolheu-se a ponderação de +2SD, nos dois casos, pois consegue-se uma sensibilidade e

especificidade de 100%.

O cálculo do cut-off é dada assim pela seguinte fórmula (equação [3] e [4]):

𝑐𝑢𝑡 − 𝑜𝑓𝑓 (𝐼𝑔𝑀) = 𝑚é𝑑𝑖𝑎 𝑑𝑎 𝐴𝑏𝑠 𝑑𝑜𝑠 𝑐𝑜𝑛𝑡𝑟𝑜𝑙𝑜𝑠 𝑛𝑒𝑔𝑎𝑡𝑖𝑣𝑜𝑠 ± 2𝑆𝐷 [𝟑]

𝑐𝑢𝑡 − 𝑜𝑓𝑓 (𝐼𝑔𝐺 + 𝐴 + 𝑀) = 𝑚é𝑑𝑖𝑎 𝑑𝑎 𝐴𝑏𝑠 𝑑𝑜𝑠 𝑐𝑜𝑛𝑡𝑟𝑜𝑙𝑜𝑠 𝑛𝑒𝑔𝑎𝑡𝑖𝑣𝑜𝑠 ± 2𝑆𝐷 [𝟒]

Ainda para a análise dos resultados foi usado o critério do ELISA comercial (teste Malária EIA,

Biorad, EUA): amostras cuja razão Abs/cut-off seja inferior a 1 são consideras serologicamente

negativas; caso seja superior a 1 são consideradas serologicamente positivas. Contudo, razões

Abs/cut-off que se encontrem entre 0,9 e 1,1 terão de ser analisadas com precaução, sendo

denominadas de indeterminadas.

Os resultados serológicos relativos a anticorpos totais e IgM anti-P. falciparum encontram-se

apresentados na Figura 12 e Tabela 8 (Seção 4.3.4).

4.3.2 Determinação de anticorpos IgG total anti-Plasmodium falciparum

Os ensaios para determinação de anticorpos IgG total anti-P. falciparum foram realizados sob as

mesmas condições de extrato proteico (2ng/µL) descritas na Seção 4.3.1.

Page 49: Caracterização da reatividade serológica e antigénica ... · A imunidade adquirida durante a interação parasita-hospedeiro influencia o quadro clínico da infeção,

38

Na Figura 11, encontra-se o resultado de um ensaio de ELISA realizado com várias diluições de

anticorpo primário na pesquisa de anticorpos IgG total anti-P. falciparum, na concentração fixa de

extrato proteico de 2ng/µL. A diluição dos soros escolhida foi de 1:200, pois certas amostras

ultrapassaram o limite de Abs que o leitor de placas suporta na diluição de 1:100 (Figura 11). Neste

ensaio, foram usados 5 controlos negativos (A, B, C, C16, C17) e 3 positivos (I33, I229, I148). De

realçar que os controlos negativos A, B, C são soros de crianças que nunca tiveram contacto com

malária.

0 1 0 0 2 0 0 3 0 0 4 0 0 5 0 0 6 0 0 7 0 0 8 0 0

0

1

2

3

4

Ig G t o t a l

1 /d i lu iç ã o

Ab

s (

49

0n

m)

P 1

P 2

P 3

P 5

P 6

P 7

P 8

P 9

P 1 0

P 1 1

P 1 2

P 1 3

A

B

C

C 1 6

C 1 7

I3 3

I2 2 9

I1 4 8

Figura 11 - Determinação da diluição de anticorpo primário a utilizar nos ensaios para determinação da reatividade serológica de anticorpos IgG total anti-P. falciparum, na concentração fixa de extrato proteico de

2ng/µL.

Para o cálculo do cut-off, seguiu-se o método descrito acima, assim como os mesmos critérios. A

fórmula do cut-off para o ensaio realizado foi então a seguinte (equação [5]):

𝑐𝑢𝑡 − 𝑜𝑓𝑓 = 𝑚é𝑑𝑖𝑎 𝑑𝑎 𝐴𝑏𝑠 𝑑𝑜𝑠 𝑐𝑜𝑛𝑡𝑟𝑜𝑙𝑜𝑠 𝑛𝑒𝑔𝑎𝑡𝑖𝑣𝑜𝑠 ± 3𝑆𝐷 [𝟓]

Da mesma forma, foi usado o critério do ELISA comercial (teste Malária EIA, Biorad, EUA) na análise

dos resultados: amostras cuja razão Abs/cut-off seja inferior a 1 são consideras serologicamente

negativas; caso seja superior a 1 são consideradas serologicamente positivas. Razões Abs/cut-off que

se encontrem entre 0,9 e 1,1 terão de ser analisadas com precaução, sendo denominadas de

indeterminadas.

Os resultados serológicos relativos a IgG total anti-P. falciparum encontram-se apresentados na

Figura 12 e Tabela 8 (Seção 4.3.4).

Page 50: Caracterização da reatividade serológica e antigénica ... · A imunidade adquirida durante a interação parasita-hospedeiro influencia o quadro clínico da infeção,

39

4.3.3 Determinação de subclasses de anticorpo IgG (IgG1, IgG2, IgG3, IgG4) e do

anticorpo IgE anti-Plasmodium falciparum

Os ensaios para determinação das subclasses IgG1, IgG2, IgG3, IgG4 e classe IgE anti-P. falciparum

foram realizados sob as mesmas condições de extrato proteico descritas anteriormente, e a diluição

dos soros usada foi de 1:100.

Não foi possível calcular o cut-off relativamente aos resultados IgE anti-P. falciparum por falta de

uma amostragem verdadeiramente representativa de controlos negativos. Os resultados referentes às

subclasses de IgG anti-P. falciparum foram apresentados em termos de Abs, e não Abs/cut-off, pois

são apenas uma representação da prevalência de cada tipo, e não uma representação quantitativa.

Assim, a Tabela 9 e Figura 13 (Seção 4.3.4) apresentam apenas o valor de Abs lida na determinação

das subclasses IgG1, IgG2, IgG3, IgG4 e classe IgE anti-P. falciparum.

4.3.4 Resumo dos resultados serológicos específicos de Plasmodium falciparum

Na Tabela 8, encontram-se os valores da razão Abs/cut-off para IgG total, anticorpos totais (Ig

G+A+M) e IgM anti-P. falciparum das amostras analisadas.

Tabela 8 - Valores da razão Abs/cut-off para IgG total, anticorpos totais (Ig G+A+M) e IgM anti-P. falciparum das amostras analisadas.

Paciente

IgG total Anticorpos totais

(Ig G+A+M) IgM

Abs/cut-off (490nm) Diluição dos soros 1:200

Abs/cut-off (405nm) Diluição dos soros 1:100

P1 12,77 11,05 6,12

P2 3,47 2,22 0,681

P3 8,23 7,56 3,28

P5 0,247 0,688 0,764

P6 3,47 2,19 1,03

P7 0,358 0,374 0,541

P8 14,20 13,46 4,86

P9 7,77 8,37 4,84

P10 7,39 5,56 3,02

P11 0,175 0,323 0,469

P12 7,17 6,96 4,96

P13 0,443 1,46 1,62

Os resultados serológicos relativos a anticorpos IgG total, anticorpos totais (Ig G+A+M) e anticorpo

IgM anti-P. falciparum encontram-se na Figura 12.

Page 51: Caracterização da reatividade serológica e antigénica ... · A imunidade adquirida durante a interação parasita-hospedeiro influencia o quadro clínico da infeção,

40

Ig G+ A + M Ig M Ig G to ta l

0

5

1 0

1 5

Ab

s/c

ut-

off

1

Figura 12 - Resultado do ensaio serológico para determinação da reatividade a anticorpos totais (Ig G+A+M), IgM e IgG total anti-P. falciparum (a cada ensaio, nT=12).

Pela Tabela 8, das 12 amostras totais, verificou-se que 8 são serologicamente positivas para

anticorpos IgG total anti-P. falciparum e 4 negativas. Relativamente aos anticorpos totais (Ig G+A+M)

anti-P. falciparum, verificou-se que 9 amostras são serologicamente positivas e 3 negativas. Para

anticorpos IgM anti-P. falciparum, verificou-se que 7 amostras são serologicamente positivas, 4

negativas, e 1 indeterminada.

Há que salientar que o RDT fornece evidências da presença do parasita nas amostras de sangue

dos indivíduos, e que o método ELISA deteta anticorpos contra antigénios específicos de malária.

Assim, o fato de algumas amostras serem negativas na pesquisa de certos anticorpos não vai contra

os resultados do RDT. Dado que todas as amostras indicaram a presença do parasita da malária, os

dados serológicos sugerem uma “janela” imunológica entre a infeção e a ativação da resposta imune

humoral contra a mesma. Pela Tabela 8, podemos inferir que os pacientes P5, P7 e P11, apesar de

terem dado positivos por RDT, no momento da colheita da amostra de sangue, estes pacientes ainda

não tinham despoletado resposta humoral perante a infeção do parasita.

É necessário ter especial atenção ao paciente P11. Pela Tabela 7 (Seção 4.2), podemos verificar

que este era o único que estava apenas infetado por P. malariae. Ao realizarem-se ensaios serológicos

para a deteção de anticorpos anti-P. falciparum, será previsível que os mesmos ensaios deem

negativos, como se pode verificar pela Tabela 8. Contudo, pela Tabela 6 (Seção 4.1), o teste de PCR

realizado anteriormente deu positivo para infeção por P. falciparum: a ocorrência de contaminações

durante a realização do PCR poderá estar na origem desta contradição de resultados.

Relativamente à importância deste estudo, será de destacar que muitos estudos são feitos sobre a

imunologia da malária em adultos, pessoas que já tiveram várias exposições ao parasita, e deste modo

têm um sistema imune mais robusto. Ao caracterizar-se a resposta imune em crianças que foram

sujeitas à primeira ou a poucas exposições ao parasita, tem-se a oportunidade de caracterizar a

primeira resposta imune humoral de pacientes nestas condições. Através dos níveis de resposta de

anticorpos totais, é possível ver se há reatividade serológica anti-P. falciparum, e a intensidade da

mesma. Com anticorpos IgM e IgG, podemos especular se a infeção é recente ou não.

Page 52: Caracterização da reatividade serológica e antigénica ... · A imunidade adquirida durante a interação parasita-hospedeiro influencia o quadro clínico da infeção,

41

Pela Tabela 8, dado que a IgM é a primeira classe de Ig a ser produzida após infeção, os resultados

do paciente P13 sugerem que, aquando da colheita da amostra, o paciente em questão estava num

processo de resposta humoral muito recente (IgM positiva e IgG total negativa). Os resultados do

paciente P2 sugerem uma resposta mais tardia, com IgG total positiva e IgM negativa.

Pela Figura 12, pode-se observar que os perfis de anticorpos totais e IgG total são semelhantes,

inferindo que os anticorpos totais são praticamente IgG total. Daqui poder-se-ia implicar uma

associação entre altos níveis de IgG e a severidade da doença; o que também vai de encontro ao facto

de IgG conferir proteção contra a malária, com estudos feitos de transferência de Ig de dadores imunes

a pacientes com P. falciparum (135).

Um fator de virulência na patogénese de malária grave por P. falciparum é a formação de rosetas.

Estudos apontam para a ligação de anticorpos IgM à superfície de eritrócitos infetados através do

recetor Fc, que tem demonstrado uma correlação positiva com a formação de rosetas (145,239).

Uma outra evidência para o papel desempenhado por anticorpos IgM em infeções por malária

encontra-se descrito num estudo por Brown et al., onde se sugere que células mononucleares e IgM

de crianças infetadas inibem mais eficientemente o crescimento de P. falciparum in vitro do que IgG

(240).

Vários estudos com antigénios da fase eritrocitária mostram resultados semelhantes. Richards et al.

também mostraram níveis altos de IgG num estudo com crianças (n=206 crianças) em Papua-Nova

Guiné, associando-os a uma proteção contra malária sintomática e altos níveis de parasitemia (241).

Também Nebie et al. associam IgG e IgM a um risco reduzido de malária (n=286 crianças) (242).

É de realçar que o reduzido tamanho da amostra utilizada neste estudo (apenas 12 pacientes) não

invalida os resultados, sendo, contudo, preferível um tamanho maior de amostra para uma melhor

comparação com outros estudos.

Na Tabela 9, encontram-se os valores de Abs para IgG1, IgG2, IgG3, IgG4 e IgE anti-P. falciparum

das amostras analisadas.

Tabela 9 - Valores de Abs para IgG1, IgG2, IgG3, IgG4 e IgE anti-P. falciparum das amostras analisadas.

Paciente

Ig1 IgG2 IgG3 IgG4 IgE

Abs (450nm) Diluição dos soros 1:100

Abs (490nm) Diluição dos soros 1:100

P1 0,583 0,023 0,015 0,015 0,004

P2 0,258 0,010 0,011 0,008 0,001

P3 0,180 0,010 0,011 0,007 0,006

P5 0,115 0,007 0,010 0,006 0,001

P6 0,109 0,007 0,009 0,005 0,002

P7 0,103 0,006 0,007 0,005 0,001

P8 0,034 0,005 0,006 0,004 0,005

P9 0,024 0,005 0,006 0,004 0,003

P10 0,007 0,004 0,006 0,003 0,001

P11 0,005 0,003 0,005 0,002 0,001

P12 0,004 0,010 0,011 0,006 0,004

P13 0,002 0,005 0,006 0,004 0,002

Page 53: Caracterização da reatividade serológica e antigénica ... · A imunidade adquirida durante a interação parasita-hospedeiro influencia o quadro clínico da infeção,

42

Os resultados serológicos relativos às subclasses IgG1, IgG2, IgG3, IgG4 e classe IgE anti-P.

falciparum encontram-se na Figura 13.

Ig G1 Ig G2 Ig G3 Ig G4 Ig E

0 .0

0 .2

0 .4

0 .6

Ab

s

Figura 13 - Resultado do ensaio serológico para determinação da reatividade a IgG1, IgG2, IgG3, IgG4 e IgE anti-P. falciparum (a cada ensaio, nT=12).

Com os dados apresentados na Figura 13 e Tabela 9, pretende-se avaliar a qualidade de resposta

das subclasses de IgG, e a partir daí, especular sobre o mecanismo envolvido na resposta humoral.

Com os resultados elevados de IgG total anti-P. falciparum obtidos, poder-se-ia esperar resultados

também “elevados” em termos dos níveis das várias subclasses de IgG. Contudo, há que salientar que

os métodos usados para deteção de IgG total e subclasses de IgG anti-P. falciparum foram diferentes

(questão abordada mais à frente). Além disso, não são métodos quantitativos (leitura de Abs em vez

de valores de concentrações); dão apenas perfis de anticorpos. Deste modo, pode-se afirmar que a

IgG total é predominantemente IgG1, pela avaliação do padrão de resposta de subclasses de IgG

presente na Figura 13.

Uma situação curiosa que se pode verificar é que o paciente que apresentou a resposta mais alta de

IgG total anti-P. falciparum (P8) não é o mesmo que apresentou a resposta mais alta de IgG1 (P1), ao

contrário do que se poderia esperar. A explicação para este resultado poderá provir de características

intrínsecas do sistema imune de cada paciente. A idade, características sociodemográficas, clínicas e

laboratoriais destes pacientes, descritos em (230), podem também afetar o resultado da resposta

humoral dos pacientes (Tabela 10); para além da diferença dos métodos mencionados acima.

Page 54: Caracterização da reatividade serológica e antigénica ... · A imunidade adquirida durante a interação parasita-hospedeiro influencia o quadro clínico da infeção,

43

Tabela 10 – Características sociodemográficas, clínicas e laboratoriais das amostras que foram avaliadas previamente. Adaptado de (230).

Características Exemplos avaliados

Sociodemográficas

Região, escolaridade, cartão de saúde, vacinação atualizada, aleitamento materno no primeiro ano de vida, número de divisões da casa, tamanho do agregado, número de crianças no agregado, água canalizada, uso de rede

mosquiteira e inseticida.

Clínicas

Duração da doença, tempo decorrido desde a última refeição, toma anterior de medicação, peso, historial de febre, de vómitos, de convulsões, de perda

de consciência, de cefaleias, de dores articulares, de diarreia, de tosse, malária cerebral, respiração acidótica, desidratação, prostração, icterícia,

dispneia.

Laboratoriais Hemoglobina, hematócrito, leucócitos, plaquetas, glicémia, creatinina

Tendo em conta que as subclasses específicas de IgG podem determinar o tipo de resposta humoral,

neste estudo, mostrou-se haver uma predominância de IgG1 (subclasse citofílica), o que sugere que

tais anticorpos estejam envolvidos na opsonização de eritrócitos infetados com o parasita, como

sugerido em estudos já publicados (243,244).

Apenas com os ensaios realizados não é possível ter certezas sobre qual a ação que anticorpos do

tipo IgG1 anti-P. falciparum poderá ter na resposta humoral dos pacientes. Poder-se-á apenas sugerir

com base em estudos já publicados. Tal como foi referido anteriormente, anticorpos citofílicos

promovem a fagocitose, e processos ADCC. Além disso, também há evidências que indicam que estas

subclasses de anticorpos agem em conjunto com monócitos, em processos de inibição celular

dependente de anticorpos (ACDI) (245,246). Estudos de ADCI indicam que anticorpos IgG1 e IgG3 de

dadores imunes inibem fortemente o crescimento do parasita na presença de monócitos (247,248).

Curiosamente, Pinto et al. também reportam resultados semelhantes com condições do estudo muito

similares às presentes nesta dissertação. Ao avaliar a resposta das subclasses de anticorpo IgG anti-

P. vivax, em 34 crianças de 0 a 15 anos de idade, os investigadores reportam uma predominância de

anticorpos citofílicos sobre os não-citofílicos. Mais concretamente, os pacientes mostraram uma

resposta predominantemente de IgG1, sendo que 28 das crianças envolvidas no estudo nunca tiveram

qualquer historial anterior de malária e 6 apresentaram um ou dois episódios de malária (249).

Egan et al. indicam que anticorpos contra MSP119 são predominantemente IgG1 (250). Neste estudo

(250), o perfil das subclasses de IgG é muito semelhante ao representado na Figura 13, obtido no

presente trabalho.

Como se pode verificar pela Figura 13 e Tabela 9, não foram detetados anticorpos IgE anti-P.

falciparum. Desta forma, não se pode concluir nada com certeza, relativamente à grande controvérsia

entre o papel protetor (153–155) ou não (152,156) desta Ig numa infeção por malária, tal como já foi

dito anteriormente.

Além de que, poder-se-ia questionar até que ponto a reatividade serológica IgE anti-P. falciparum

não poderá estar subestimada, na medida em que o método de ELISA usado nesta determinação

serológica não recorreu ao uso do complexo biotina-estreptavidina, ao contrário da determinação das

subclasses de IgG anti-P. falciparum. Normalmente, o complexo biotina-estreptavidina é utilizado

quando o alvo de interesse é expresso em níveis baixos e pode não ser detetado usando apenas os

anticorpos secundários. Assim, conjugando-se muitas moléculas de biotina ao anticorpo secundário, e

Page 55: Caracterização da reatividade serológica e antigénica ... · A imunidade adquirida durante a interação parasita-hospedeiro influencia o quadro clínico da infeção,

44

através da vantagem adicional de a estreptavidina ter uma alta afinidade com a biotina, tem-se um

passo de amplificação. Com a estreptavidina ligada a HRP, proteínas que são expressas a baixos

níveis estão mais propensas de serem detetadas (Figura 14) (251).

Figura 14 - Representação esquemática do complexo estreptavidina-biotina no método ELISA. Adaptado de (252).

Deste modo, põe-se em questão se os níveis de IgE anti-P. falciparum na população analisada são,

de fato, baixos, ou o sistema não tem sensibilidade suficiente para a deteção de níveis baixos deste

anticorpo.

Perante a hipótese da população analisada mostrar níveis elevados de IgE anti-P. falciparum, o

número reduzido de elementos na amostra também não permitiria tirar conclusões fiáveis sobre o

assunto. Tratando-se de crianças com malária grave, colocar-se-ia a questão se esses anticorpos IgE

estariam a ajudar ou não no combate à infeção. Neste caso, seriam necessários testes in vitro para

esclarecer essa questão, para além de ser indispensável repetir o ensaio com uma amostragem maior

nas mesmas condições.

4.4 Imunodeteção de proteínas de Plasmodium falciparum

Realizou-se a deteção de antigénios de P. falciparum por immunoblotting nas amostras da

população estudada. A concentração proteica de extrato total de P. falciparum foi escolhida com base

em estudos efetuados anteriormente (232), tendo-se utilizado 23μg de extrato proteico total/poço. Esta

concentração proteica é a que permite uma melhor resolução do gel e melhor visualização das

proteínas de P. falciparum na membrana de nitrocelulose. A diluição dos soros foi escolhida de acordo

com a Figura 11 (Seção 4.3.2). Através da Figura 11, é possível estabelecer o valor limite a partir do

qual temos reatividade serológica (1:200). Logo, no immunoblotting, escolheu-se uma diluição ainda

mais concentrada (1:100), para garantir bons resultados.

Neste teste, utilizou-se um controlo positivo, tratando-se de amostras de reatividade elevada para

anticorpos IgG total anti-P. falciparum de malária aguda em adultos, de modo também a ser possível a

validação do ensaio e a avaliação do perfil proteico de P. falciparum. Recorreu-se também a um

controlo negativo, tratando-se de amostras de crianças sem qualquer historial de malária.

Na Figura 15, é possível ver o perfil de immunoblotting para cada amostra.

Page 56: Caracterização da reatividade serológica e antigénica ... · A imunidade adquirida durante a interação parasita-hospedeiro influencia o quadro clínico da infeção,

45

Legenda: (M) marcador de massa molecular, (C+) amostra de soro positivo; (C-) amostra de soro negativo.

Figura 15 – Perfis de immunoblotting das amostras estudadas.

Pela Figura 15, no controlo negativo, é possível constatar que não há reatividade antigénica com

proteínas de P. falciparum, o que vai se encontro ao esperado, tratando-se de amostras de crianças

sem qualquer historial de malária.

Por ELISA, as amostras dos pacientes P5, P7, P11 e P13 eram serologicamente negativas

relativamente a anticorpos IgG total anti-P. falciparum. Pela Figura 15, pode-se ver que as tiras dos

pacientes P11 e P13 apresentam perfis iguais ao controlo negativo; não se verificou qualquer deteção

de proteínas específicas de P. falciparum. Nas tiras dos pacientes P5 e P7, é possível ver-se algumas

bandas, contudo o perfil proteico não é tão acentuado como o controlo positivo, vendo-se apenas uma

fraca imunoreatividade nos soros dessas amostras ao serem expostos a antigénios de P. falciparum.

Não se pode comparar de forma absoluta os resultados obtidos pelos dois métodos, pois não se

encontram nas mesmas condições (por exemplo, diluição dos soros). Por serologia, utilizou-se uma

diluição dos soros de 1:200, enquanto por immunoblotting foi de 1:100. Daí que presumivelmente se

tenha detetado antigénios que reagiram com anticorpos IgG anti-P. falciparum, que possivelmente não

foram detetados por ELISA, nas amostras P5 e P7. Além de que a sensibilidade e a especificidade dos

testes de ELISA e de immunoblotting diferem. Os resultados proporcionados pelo método ELISA

tendem a ter menor sensibilidade e menor especificidade que por immunoblotting (253,254).

Ao analisar os perfis de immunoblotting das amostras de pacientes com malária grave, é possível

identificar um padrão consistente relativamente à imunoreatividade de antigénios com pesos

moleculares na gama de 190 a 80kDa (Figura 15, zonas 1 e 2). Estes resultados são semelhantes aos

obtidos num estudo com 321 indivíduos, com idade média de 48,47 anos, com estadia prévia em zona

endémica (232).

Também existe um padrão de imunoreatividade, apesar de não ser tão consistente em todas as tiras,

entre os pesos moleculares na gama de 50 a 40kDa (Figura 15, zona 4). Um estudo com 227 indivíduos

com malária importada apresenta um padrão semelhante ao detetado neste ensaio (16).

Page 57: Caracterização da reatividade serológica e antigénica ... · A imunidade adquirida durante a interação parasita-hospedeiro influencia o quadro clínico da infeção,

46

Através do marcador de massa molecular utilizado, é possível estimar o peso molecular dos

antigénios de P. falciparum que reagiram com anticorpos IgG anti-P. falciparum. De realçar também

que o peso molecular determinado é uma aproximação do valor real.

Na Tabela 11, podemos ver a frequência das proteínas detetadas em cada amostra por

immunoblotting. De realçar que a representação esquemática do perfil proteico é pessoal e subjetivo.

Pela Tabela 11, é possível ver as zonas 1, 2, 3, 4 e 5 indicadas na Figura 15.

Tabela 11 – Frequência de bandas antigénicas para cada amostra analisada.

Pesos moleculares calculados

(kDa)

Paciente Zonas

P1 P2 P3 P5 P6 P7 P8 P9 P10 P11 P12 P13

182 × × × × × × × ×

1

158 × × × × × × ×

149 × × × × × × ×

137 × × × × × × ×

125 × × × × × × ×

119 ×

2 117 ×

103 × × × × × × × × ×

97 × × × × × × × × × ×

78 × × × ×

3

75 × × × × ×

73 × × × × × × ×

65 × ×

61 × × ×

58 × × × ×

4

53 × × ×

50 × × × × × × ×

45 × × × × ×

42 × × × × × ×

33 × × ×

5 26 × × × × × ×

25 × × × × × × ×

20 × × × × × × ×

Nota: as colunas a rosa indicam as amostras que foram serologicamente negativas para anticorpos IgG total anti-P. falciparum por ELISA.

Alerta-se para a possibilidade de as bandas de menor peso molecular (como, por exemplo, as de

26, 25 e 20kDa) representarem frações degradadas das proteínas de maior peso molecular. A

degradação pode ter acontecido aquando do processo de extração de proteínas totais de P. falciparum,

ou mesmo devido a processos de descongelamento do extrato, apesar de terem sido tomadas

precauções adequadas.

Na Tabela 12, estão indicadas as proteínas mais frequentes detetadas nas amostras analisadas.

Com base nos pesos moleculares calculados indicados na Tabela 12, é possível sugerir possíveis

proteínas envolvidas na resposta humoral dos pacientes estudados, com base em estudos já

publicados.

Page 58: Caracterização da reatividade serológica e antigénica ... · A imunidade adquirida durante a interação parasita-hospedeiro influencia o quadro clínico da infeção,

47

Tabela 12 – Frequência das proteínas detetadas nas 12 amostras analisadas na imunodeteção de antigénios de P. falciparum por immunoblotting e possível associação com proteínas já descritas na literatura.

Pesos moleculares calculados (kDa)

Percentagem (%)

Referências na literatura

182 67 -

158 58

A proteína RH4, de 160kDa, está envolvida na ligação à superfície dos eritrócitos, e Tham et al. indicam que anticorpos de indivíduos expostos à malária mostram reatividade contra RH4 (255).

149 58

Barale et al. descreveram um antigénio de P. falciparum, proteína 2 rica em asparagina e aspartato (AARP2) de 150kDa, que é sintetizada primeiro na fase anel, e acumulada subsequentemente nos trofozoítos e esquizontes (256).

137 58 -

125 58

Uma proteína rica em serina (SERP) de 126kDa tem sido alvo de diferentes estudos: Banic et al. reportam boas respostas humorais contra este antigénio em adultos numa zona endémica (257), e Soe et al. demonstraram que a ação conjunta de anticorpos anti-SERP com monócitos inibem o crescimento in vitro de P. falciparum (258).

103 75 -

97 83

Jouin et al. reportam um grupo de três antigénios com ponto isoelétrico (pI) distinto, mas com um peso molecular de 96kDa, como alvo de imunidade protetora quer em humanos, quer em macacos (259). Uma dessas proteínas com um pI de 5,25 é termoestável, e é produzida na fase dos trofozoítos, sendo mais ativa nos esquizontes (260). Uma ressalva a fazer é que o fracionamento proteico do extrato total de P. falciparum através do gel de poliacrilamida apenas separou as proteínas com base no seu peso molecular, e não se teve em conta o seu pI.

75 42

P. falciparum produz uma proteína de 75kDa, presente na superfície dos merozoítos, que segundo um estudo realizado por Richman et al. estimulava a produção de anticorpos IgG (261).

73 58 -

50 58

Epping et al. demonstraram que anticorpos contra um antigénio de 51kDa localizado na superfície da membrana de P. falciparum inibia o crescimento do parasita in vitro (262).

45 42 -

42 50

Com um peso exato de 42kDa, existe o antigénio MSP142: MSP1 é secretada como um precursor de 195kDa, sendo posteriormente processada por protéases, produzindo fragmentos de 83, 28-30, 30-45 e de 42kDa (263). MSP142 está envolvida no processo de invasão dos merozoítos nos eritrócitos (264).

26 58 -

25 58 -

20 58 Em dada altura, a proteína MSP142 é clivada de novo, formando dois fragmentos (MSP133 e MSP119) (265).

Estes resultados, ainda que sejam apenas sugestões na identificação de proteínas que reagiram

com anticorpos IgG específicos de P. falciparum, podem mostrar-se relevantes no desenvolvimento de

novos alvos proteicos como candidatos a vacinas.

Page 59: Caracterização da reatividade serológica e antigénica ... · A imunidade adquirida durante a interação parasita-hospedeiro influencia o quadro clínico da infeção,

48

4.5 Sequenciação para posterior análise in silico de antigénios envolvidos na

reatividade imunoquímica

Para a análise in silico dos antigénios envolvidos na reatividade imunoquímica, foi feito de novo um

gel de poliacrilamida, de acordo com o método descrito na Secção 3.10. As proteínas de interesse

foram cortadas e enviadas para sequenciação por espectrometria de massa, no Institute for Molecular

and Cellular Biology, University of Strasbourg, França.

As proteínas de P. falciparum foram escolhidas de acordo com a sua percentagem de deteção por

immunoblotting (Figura 16).

Figura 16 - Percentagem de deteção das proteínas de P. falciparum por immunoblotting.

Deste modo, selecionaram-se quatro grupos de proteínas para sequenciação por espectrometria de

massa: grupo 1 com gama de pesos moleculares de 200-160kDa, grupo 2 com 120-70kDa, grupo 3

com 60-40kDa e grupo 4 com 30-15kDa. Dentro destes grupos, as proteínas de P. falciparum foram

cuidadosamente cortadas em pequenas frações, por forma a serem enviadas para sequenciação as

proteínas com maior percentagem de detecção por immunoblotting, conforme os dados da Figura 16.

Os grupos 2 e 4 apresentam-se de extrema relevância, pois é nessas gamas de pesos que se

encontram as proteínas detetadas por immunoblotting em pacientes serologicamente negativos por

ELISA, isto é, identificam os antigénios para os quais o indivíduo produziu anticorpos nos primeiros

estágios de infeção por malária. Os grupos 1 e 3 tratam-se de frações de proteínas detetadas com

alguma frequência ao analisar o perfil de immunoblotting de todos os pacientes.

Até à data da entrega do presente trabalho, os resultados de sequenciação ainda não tinham

chegado.

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

182 158 149 137 125 119 117 103 97 78 75 73 65 61 58 53 50 45 42 33 26 25 20

Per

cen

tage

m d

e d

eteç

ão (

%)

Pesos moleculares detetados (kDa)

Page 60: Caracterização da reatividade serológica e antigénica ... · A imunidade adquirida durante a interação parasita-hospedeiro influencia o quadro clínico da infeção,

49

Capítulo 5 - Conclusões e perspetivas futuras

A infeção por malária é uma das principais causas de mortalidade e morbidade no mundo, sendo

desta forma necessário a produção duma vacina eficaz. O ciclo de vida de P. falciparum é complexo,

uma vez que a sua natureza requer a expressão de múltiplas proteínas, especializadas, necessárias

para a invasão de diferentes tipos de células, bem como para sobreviver quer no hospedeiro

invertebrado (mosquito), quer no vertebrado (humanos).

Em áreas endémicas de malária, as pessoas adquirem a imunidade clínica de forma gradual através

da exposição frequente às picadas de mosquitos infetados. As crianças tendem a apresentar altas

densidades de parasita e ataques de malária grave, enquanto os adultos desenvolvem uma imunidade

funcional, mas não estéril, com níveis de parasitemia consideráveis e sem ataques de malária.

Neste trabalho, foram analisadas amostras de 12 crianças dos 0 aos 16 anos, residentes numa zona

endémica, com sinais de malária grave. Todos os pacientes estavam infetados com o parasita

Plasmodium, como se verificou pelos RDT.

É de realçar a importância deste estudo ao caracterizar a reatividade serológica e antigénica em

crianças, isto é, pacientes com o sistema imune imaturo. Aquando a recolha das amostras, as crianças

estavam perante a primeira, ou primeiras, infeções por Plasmodium, proporcionado a possibilidade de

determinar que tipo de resposta imune humoral ocorre em malária. O número reduzido de elementos

da amostra apenas limita, não invalida de todo, os resultados obtidos.

Com a investigação desenvolvida, através do método ELISA anti-P. falciparum, foi possível

determinais quais amostras eram serologicamente positivas, negativas e indeterminadas, consoante

as classes de anticorpos analisadas (IgG total, IgM, IgE, Ig G+A+M), bem como a qualidade das

subclasses de IgG (IgG1, IgG2, IgG3, IgG4). Verificou-se uma predominância de anticorpos IgG1 na

resposta humoral, nos pacientes analisados, aquando de infeção grave por P. falciparum.

Pela análise dos perfis de immunoblotting, verificou-se um padrão consistente na imunoreatividade

a antigénios de P. falciparum com massas moleculares na gama dos 190 a 80kDa, e um padrão menos

consistente na gama dos 50 a 40kDa, valores estes que vão de encontro a trabalhos já realizados.

Como perspetivas futuras, tendo em conta os resultados obtidos, seria importante alargar a

população (crianças com malária grave) do estudo, para validação do presente estudo e também para

se compreender melhor o papel das Ig numa infeção de malária (principalmente, IgE) na resposta imune

humoral.

Futuramente, também se pretende completar o trabalho, com os resultados da análise in silico dos

antigénios detetados envolvidos na reatividade imunoquímica, para a potencial identificação de novas

proteínas-alvo para vacinas anti-Plasmodium., importantes no desenvolvimento de estratégias de

prevenção e controlo da malária.

Page 61: Caracterização da reatividade serológica e antigénica ... · A imunidade adquirida durante a interação parasita-hospedeiro influencia o quadro clínico da infeção,

50

Referências bibliográficas

1. Vitoria M, Granich R, Gilks CF, Gunneberg C, Hosseini M, Were W, et al. The global fight against HIV/AIDS, tuberculosis, and malaria: Current status and future perspectives. Am J Clin Pathol. 2009;131(6):844–8.

2. Faddy HM, Seed CR, Faddy MJ, Flower RL, Harley RJ. Malaria antibody persistence correlates with duration of exposure. Vox Sang. 2013;104(4):292–8.

3. Pereira BI, Nazareth C, Malcata L, Alves H, Fernández JR, Sargento C, et al. Infecções parasitárias transmitidas por transfusão de sangue: Qual o risco nos países não endémicos? Acta Med Port. 2011;24(SUPPL.4):897–906.

4. Seed CR, Kitchen A, Davis TME. The current status and potential role of laboratory testing to prevent transfusion-transmitted malaria. Transfus Med Rev. 2005;19(3):229–40.

5. Menendez C. Malaria during pregnancy: a priority area of malaria research and control. Parasitol Today. 1995;11(5):178–83.

6. Fretes RE, Kemmerling U, Sarr D. Congenital transmission by protozoan. J Trop Med. 2012;2012(173437):1–2.

7. Poespoprodjo JR, Hasanuddin A, Fobia W, Sugiarto P, Kenangalem E, Lampah DA, et al. Case report: Severe congenital malaria acquired in utero. Am J Trop Med Hyg. 2010;82(4):563–5.

8. Gandhi A, Garg K, Wadhwa N. Neonatal Plasmodium vivax malaria: An overlooked entity. J Infect Dev Ctries. 2011;5(6):489–92.

9. Vidyashankar C, Choudhary RK, Shobana D. Neonatal Malaria : Report of two Cases. 2003;59(4):358–9.

10. Rai P, Majumdar K, Sharma S, Chauhan R, Chandra J. Congenital malaria in a neonate: case report with a comprehensive review on differential diagnosis, treatment and prevention in Indian perspective. J Parasit Dis [Internet]. 2013; Available from: http://link.springer.com/10.1007/s12639-013-0342-1

11. Shrishailesh DM. Case Report : Congenital Malaria in Preterm Mimcking as Neonatal Sepsis. Int J Sci Res. 2014;3(4):348.

12. Hashemzadeh A, Heydarian F. Congenital malaria in a neonate. Arch Iran Med. 2005;8(3):226–8.

13. Opare DA. Congenital malaria in newborn twins. Ghana Med J. 2010;44(2):76–8.

14. Tuteja R. Malaria - an overview. FEBS J. 2007;274(18):4670–9.

15. O’Briena C, Henricha PP, Passia N, Fidocka DA. Recent clinical and molecular insights into emerging artemisinin resistance in Plasmodium falciparum. Curr Opin Infect Dis. 2012;24(6):570–7.

16. Costa RM, Nogueira F, de Sousa KP, Vitorino R, Silva MS. Immunoproteomic analysis of Plasmodium falciparum antigens using sera from patients with clinical history of imported malaria. Malar J [Internet]. 2013;12(100):1–7. Available from: http://www.pubmedcentral.nih.gov/articlerender.fcgi?artid=3605388&tool=pmcentrez&rendertype=abstract

Page 62: Caracterização da reatividade serológica e antigénica ... · A imunidade adquirida durante a interação parasita-hospedeiro influencia o quadro clínico da infeção,

51

17. WHO. Management of severe malaria. 3rd ed. 2012.

18. WHO. Word Malaria Report 2014. 2014.

19. Dean L. Blood Groups and Red Cell Antigens (Chapter 9. The Duffy blood group). National Center for Biotechnology Information. p. 1–5.

20. Cavasini CE, de Mattos LC, Couto AARD, Couto VSCD, Gollino Y, Moretti LJ, et al. Duffy blood group gene polymorphisms among malaria vivax patients in four areas of the Brazilian Amazon region. Malar J. 2007;6(167).

21. Zimmerman PA, Ferreira MU, Howes RE, Mercereau-Puijalon O. Red Blood Cell Polymorphism and Susceptibility to Plasmodium vivax. Adv Parasitol. 2013;81:27–76.

22. King CL, Adams JH, Xianli J, Grimberg BT, McHenry AM, Greenberg LJ, et al. Fya/Fyb antigen polymorphism in human erythrocyte Duffy antigen affects susceptibility to Plasmodium vivax malaria. Proc Natl Acad Sci. 2011;108(50):20113–8.

23. Kantele A, Jokiranta TS. Review of cases with the emerging fifth human malaria parasite, Plasmodium knowlesi. Clin Infect Dis. 2011;52(11):1356–62.

24. Singh B, Daneshvar C. Human infections and detection of plasmodium knowlesi. Clin Microbiol Rev. 2013;26(2):165–84.

25. WHO. International travel and health (Chapter 7. Malaria). 2012.

26. Nahlen BL, Korenromp EL, Miller JM, Shibuya K. Malaria risk: estimating clinical episodes of malaria. Nature. 2005;437.

27. Snow RW, Guerra CA, Noor AM, Myint HY, Simon I. The global distribution of clinical episodes of Plasmodium falciparum malaria. Nature. 2005;434(7030):214–7.

28. Snow RW, Craig M, Deichmann U, Marsh K. Estimating mortality, morbidity and disability due to malaria among Africa’s non-pregnant population. Bull World Health Organ. 1999;77(8):624–40.

29. WHO. Country profiles 2014 [Internet]. Available from: http://www.who.int/malaria/publications/country-profiles/en/

30. Palma Dos Reis I, Serafim C, Valério B, Araújo R, Silvestre J, Mendes V, et al. Malária grave importada em doentes críticos. Acta Med Port. 2012;25(5):271–6.

31. Santos LC, Abreu CF, Xerinda SM, Tavares M, Lucas R, Sarmento AC. Severe imported malaria in an intensive care unit: a review of 59 cases. Malar J [Internet]. BioMed Central Ltd; 2012;11(1):96. Available from: http://www.malariajournal.com/content/11/1/96

32. Gomes CO, Catarino J, Feliciano J, Santos MO, Barbosa R. Estatísticas - Doenças de Declaração Obrigatória 2004-2008. Direcção de Serviços de Epidemiologia e Estatísticas da Saúde/Divisão de Epidemiologia. 2010.

33. CDCP. Malaria [Internet]. Available from: http://www.cdc.gov/malaria/

34. White NJ, Pukrittayakamee S, Hien TT, Faiz MA, Mokuolu OA, Dondorp AM. Malaria. Lancet [Internet]. 2014;383(9918):723–35. Available from: http://linkinghub.elsevier.com/retrieve/pii/S0140673613600240

35. Crompton PD, Pierce SK, Miller LH. Advances and challenges in malaria vaccine development.

Page 63: Caracterização da reatividade serológica e antigénica ... · A imunidade adquirida durante a interação parasita-hospedeiro influencia o quadro clínico da infeção,

52

J Clin Invest. 2010;120(12):4168–78.

36. Miller LH, Baruch DI, Marsh K, Doumbo OK. The pathogenic basis of malaria. Nature. 2002;415(6872):673–9.

37. Schwarzer E, Kühn H, Valente E, Arese P. Malaria-parasitized erythrocytes and hemozoin nonenzymatically generate large amounts of hydroxy fatty acids that inhibit monocyte functions. Blood. 2003;101(2):722–8.

38. Chugh M, Sundararaman V, Kumar S, Reddy VS, Siddiqui WA, Stuart KD, et al. Protein complex directs hemoglobin-to-hemozoin formation in Plasmodium falciparum. Proc Natl Acad Sci [Internet]. 2013;110(14):5392–7. Available from: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/23471987

39. Simões ML, Gonçalves L, Silveira H. Hemozoin activates the innate immune system and reduces Plasmodium berghei infection in Anopheles gambiae. Parasit Vectors [Internet]. 2015;8(12). Available from: http://www.parasitesandvectors.com/content/8/1/12

40. Cowman AF, Berry D, Baum J. The cellular and molecular basis for malaria parasite invasion of the human red blood cell. J Cell Biol. 2012;198(6):961–71.

41. Cowman AF, Crabb BS. Invasion of red blood cells by malaria parasites. Cell. 2006;124(4):755–66.

42. Richards JS, Beeson JG. The future for blood-stage vaccines against malaria. Immunol Cell Biol [Internet]. Nature Publishing Group; 2009;87(5):377–90. Available from: http://dx.doi.org/10.1038/icb.2009.27

43. Cox-Singh J, Davis TME, Lee K-S, Shamsul SSG, Matusop A, Ratnam S, et al. Plasmodium knowlesi malaria in humans is widely distributed and potentially life threatening. Clin Infect Dis. 2008;46(2):165–71.

44. Trampuz A, Jereb M, Muzlovic I, Prabhu RM. Clinical review: Severe malaria. Crit Care. 2003;7(4):315–23.

45. WHO. Core vector control methods - Malaria [Internet]. Available from: http://www.who.int/malaria/areas/vector_control/core_methods/en/

46. Phillips-Howard PA, Nahlen BL, Kolczak MS, Hightower AW, Ter Kuile FO, Alaii JA, et al. Efficacy of permethrin-treated bed nets in the prevention of mortality in young children in an area of high perennial malaria transmission in western Kenya. Am J Trop Med Hyg. 2003;68(4):23–9.

47. D’Alessandro U, Olaleye BO, McGuire W, Langerock P, Bennett S, Aikins MK, et al. Mortality and morbidity from malaria in Gambian children after introduction of an impregnated bednet programme. Lancet. 1995;345(8948):479–83.

48. Binka FN, Kubaje A, Adjuik M, Williams LA, Lengeler C, Maude GH, et al. Impact of permethrin impregnated bednets on child mortality in Kassena-Nankana district, Ghana: a randomized controlled trial. Trop Med Int Heal. 1996;1(2):147–54.

49. Nevill CG, Some ES, Mung’ala VO, Muterni W, New L, Marsh K, et al. Insecticide-treated bednets reduce mortality and severe morbidity from malaria among children on the Kenyan coast. Trop Med Int Heal. 1996;1(2):139–46.

50. Habluetzel A, Diallo DA, Esposito F, Lamizana L, Pagnoni F, Lengeler C, et al. Do insecticide-treated curtains reduce all-cause child mortality in Burkina Faso? Trop Med Int Heal. 1997;2(9):855–62.

Page 64: Caracterização da reatividade serológica e antigénica ... · A imunidade adquirida durante a interação parasita-hospedeiro influencia o quadro clínico da infeção,

53

51. Godfray HCJ. Mosquito ecology and control of malaria. J Anim Ecol. 2013;82:15–25.

52. WHO. Indoor residual spraying: an operational manual for indoor residual spraying (IRS) for malaria transmission control and elimination [Internet]. 2013. Available from: http://apps.who.int//iris/handle/10665/80126

53. Ashley E, McGready R, Proux S, Nosten F. Malaria. Travel Med Infect Dis. 2006;4(3-4):159–73.

54. WHO. Global report on antimalarial drug efficacy and drug resistance: 2000–2010. 2010.

55. WHO. Status report on artemisinin resistance: January 2014. 2014.

56. WHO. Global Plan For Artemisinin Resistance Containment. 2011.

57. Newton PN, Fernández FM, Plançon A, Mildenhal DC, Green MD, Ziyong L, et al. A collaborative epidemiological investigation into the criminal fake artesunate trade in South East Asia. PLoS Med. 2008;5(2):0209–19.

58. Newton PN, Green MD, Fernández FM, Day NPJ, White NJ. Counterfeit anti-infective drugs. Lancet Infect Dis. 2006;6:602–13.

59. Tabernero P, Fernández FM, Green M, Guerin PJ, Newton PN. Mind the gaps - the epidemiology of poor-quality anti-malarials in the malarious world - analysis of the WorldWide Antimalarial Resistance Network database. Malar J [Internet]. 2014;13:139. Available from: http://www.pubmedcentral.nih.gov/articlerender.fcgi?artid=4021408&tool=pmcentrez&rendertype=abstract

60. Arama C, Troye-Blomberg M. The path of malaria vaccine development: challenges and perspectives. J Intern Med. 2014;275(5):456–66.

61. WHO. RTS,S/AS01 Candidate Malaria vaccine: summary for the SAGE meeting. 2009.

62. The RTS SCTP. A Phase 3 Trial of RTS,S/AS01 Malaria Vaccine in African Infants. N Engl J Med [Internet]. 2012;367(24):2284–95. Available from: http://www.nejm.org/doi/abs/10.1056/NEJMoa1208394

63. The RTS SCTP. First Results of Phase 3 Trial of RTS,S/AS01 Malaria Vaccine in African Children. N Engl J Med. 2011;365(20):1863–75.

64. Agency EM. First malaria vaccine receives positive scientific opinion from EMA [Internet]. 2015. Available from: http://www.ema.europa.eu/ema/index.jsp?curl=pages/news_and_events/news/2015/07/news_detail_002376.jsp&mid=WC0b01ac058004d5c1

65. Isaäcson M. Airport malaria: a review. Bull World Health Organ. 1989;67(6):737–43.

66. Gratz NG, Steffen R, Cocksedge W. Why aircraft disinsection? Bull World Health Organ. 2000;78(8):995–1004.

67. Pasvol G. Malaria. Elsevier. 2005;33(8):39–43.

68. Tangpukdee N, Duangdee C, Wilairatana P, Krudsood S. Malaria diagnosis: a brief review. Korean J Parasitol. 2009;47(2):93–102.

69. Moody A. Rapid Diagnostic Tests for Malaria Parasites Rapid Diagnostic Tests for Malaria Parasites. Clin Microbiol Rev. 2002;15(1):66–78.

Page 65: Caracterização da reatividade serológica e antigénica ... · A imunidade adquirida durante a interação parasita-hospedeiro influencia o quadro clínico da infeção,

54

70. Chotivanich K, Silamut K, Day NPJ. Laboratory diagnosis of malaria infection: a short review of methods. New Zeal J Med Lab Sci. 2007;61(1):4.

71. Morassin B, Fabre R, Berry A, Magnaval JF. One year’s experience with the polymerase chain reaction as a routine method for the diagnosis of imported malaria. Am J Trop Med Hyg. 2002;66(5):503–8.

72. Johnston SP, Pieniazek NJ, Maniphet V, Slemenda SB, Wilkins PP, Silva AJ, et al. PCR as a Confirmatory Technique for Laboratory Diagnosis of Malaria PCR as a Confirmatory Technique for Laboratory Diagnosis of Malaria. J Clin Microbiol. 2006;44(3):1087–9.

73. Imwong M, Pukrittakayamee S, Pasvol G, Poirreiz J, Nicholas J, Snounou G. Association of Genetic Mutations in Plasmodium vivax dhfr with Resistance to Sulfadoxine-Pyrimethamine : Geographical and Clinical Correlates Association of Genetic Mutations in Plasmodium vivax dhfr with Resistance to Sulfadoxine-Pyrimethamine. Antimicrob Agents Chemother. 2001;45(11):3122–7.

74. Imwong M, Pukrittayakamee S, Rénia L, Letourneur F, Charlieu J, Looareesuwan S, et al. Novel Point Mutations in the Dihydrofolate Reductase Gene of Plasmodium vivax : Evidence for Sequential Selection by Drug Pressure Novel Point Mutations in the Dihydrofolate Reductase Gene of Plasmodium vivax : Evidence for Sequential Selection by Drug Pr. Antimicrob Agents Chemother. 2003;47(5):1514–21.

75. Noedl H, Yingyuen K, Laoboonchai A, Fukuda M, Sirichaisinthop J, Miller RS. Sensitivity and Specificity of an Antigen Detection Elisa for Malaria Diganosis. Am J Trop Med Hyg. 2006;75(6):1205–8.

76. Yang Y, Ma H. Western Blotting and ELISA Techniques. Researcher. 2009;1(2):67–86.

77. Duo-Quan W, Lin-Hua T, Zhen-Cheng G, Xiang Z, Man-Ni Y. Application of the indirect fluorescent antibody assay in the study of malaria infection in the Yangtze River Three Gorges Reservoir, China. Malar J. 2009;8(199).

78. Vaidya KA, Sukesh. Quantitative Buffy Coat (Qbc) Test and Other Diagnostic Techniques for Diagnosig Malaria: Review of Litrature. Natl J Med Res [Internet]. 2012;2(3):386–8. Available from: http://www.scopemed.org/?mno=24822

79. Keiser J, Utzinger J, Premji Z, Yamagata Y, Singer BH. Acridine Orange for malaria diagnosis: its diagnostic performance, its promotion and implementation in Tanzania, and the implications for malaria control. Ann Trop Med Parasitol. 2002;96(7):643–54.

80. WHO. Guidelines for the treatment of malaria. 2nd ed. 2010.

81. Hedrick PW. Population genetics of malaria resistance in humans. Heredity (Edinb) [Internet]. Nature Publishing Group; 2011;107(4):283–304. Available from: http://dx.doi.org/10.1038/hdy.2011.16

82. Allison AC. Genetic factors in resistance to malaria. Ann N Y Acad Sci. 1961;91(3):710–29.

83. Roth EF, Ruprecht RM, Schulman S, Vanderberg J, Olson JA. Ribose Metabolism and Nucleic Acid Synthesis in Normal and Human Erythrocytes Infected with Plasmodium falciparum C-OH Glycolytic pathway Lactate / pyruvate to ribose-5-phosphate. Society. 1986;77:1129–35.

84. Greene LS. G6PD deficiency as protection against falciparum malaria: an epidemiologic critique of population and experimental studies. Yearb Phys Anthropol [Internet]. 1993;36:153–78. Available from: http://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1002/ajpa.1330360609/abstract

Page 66: Caracterização da reatividade serológica e antigénica ... · A imunidade adquirida durante a interação parasita-hospedeiro influencia o quadro clínico da infeção,

55

85. Ayi K, Min-Oo G, Serghides L, Crockett M, Kirby-Allen M, Quirt I, et al. Pyruvate kinase deficiency and malaria. N Engl J Med. 2008;358(17):1805–10.

86. Ayi K, Liles WC, Gros P, Kain KC. Adenosine triphosphate depletion of erythrocytes simulates the phenotype associated with pyruvate kinase deficiency and confers protection against Plasmodium falciparum in vitro. J Infect Dis. 2009;200(8):1289–99.

87. Durand PM, Coetzer TL. Pyruvate kinase deficiency protects against malaria in humans. Haematologica. 2008;93(6):939–40.

88. Wambua S, Mwangi TW, Kortok M, Uyoga SM, Macharia AW, Mwacharo JK, et al. α+-Thalassemia and Protection from Malaria. PLoS Med. 2006;3(5):564.

89. Boctor FN, Dorion RP. Malaria and Hereditary Elliptocytosis. Am J Hematol. 2008;83(9):753.

90. Athar B, Palek J, Fisher D, Maalouf GJ, Liu S-C. Reduced Invasion and Growth of Plasmodium falciparum Into Elliptocytic Red Blood Cells With a Combined Deficiency of Protein 4.1, Glycophorin C and p55. Blood. 1996;87(8):3462–9.

91. Schulman S, Roth EF, Cheng B, Rybicki AC, Sussman II, Wong M, et al. Growth of Plasmodium falciparum in human erythrocytes containing abnormal membrane proteins. Proc Natl Acad Sci U S A. 1990;87(18):7339–43.

92. Doolan DL, Dobaño C, Baird JK. Acquired immunity to Malaria. Clin Microbiol Rev. 2009;22(1):13–36.

93. Achtman AH, Bull PC, Stephens R, Langhorne J. Longevity of the immune response and memory to blood-stage malaria infection. Curr Top Microbiol Imunol. 2005;297:71–102.

94. Stephens R, Langhorne J. Priming of CD4+ T cells and development of CD4+ T cell memory; lessons for malaria. Parasite Immunol. 2006;28:25–30.

95. Nussenzweig RS, Vanderberg J, Most H, Orton C. Protective Immunity produced by the Injection of X-irradiated Sporozoites of Plasmodium berghei. Nature [Internet]. 1967;216:160–2. Available from: http://www.nature.com/nature/journal/v216/n5111/abs/216160a0.html

96. Hoffman SL, Goh LML, Luke TC, Schneider I, Le TP, Doolan DL, et al. Protection of humans against malaria by immunization with radiation-attenuated Plasmodium falciparum sporozoites. J Infect Dis. 2002;185(8):1155–64.

97. Wong KA, Zhou A, Rodriguez A. Protective immunity induced by daily bites from irradiated mosquitoes infected with Plasmodium yoelii. Parasite Immunol. 2008;30(9):482–6.

98. Marsh K, Kinyanjui S. Immune effector mechanisms in malaria. Parasite Immunol. 2006;28(1-2):51–60.

99. Nussenzweig V, Nussenzweig RS. Circumsporozoite proteins of malaria parasites. Cell [Internet]. 1985;42(2):401–3. Available from: http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/0092867485900935

100. Pancake SJ, Mellouk S, Program M, Diseases K. Malaria Sporozoites and Circumsporozoite Proteins Bind Specifically to Sulfated Glycoconjugates. Cell. 1992;117(6):1351–7.

101. Nicoll WS, Sacci JB, Rodolfo C, Di Giacomo G, Piacentini M, Holland ZJM, et al. Plasmodium falciparum liver stage antigen-1 is cross-linked by tissue transglutaminase. Malar J [Internet]. BioMed Central Ltd; 2011;10(1):14. Available from: http://www.malariajournal.com/content/10/1/14

Page 67: Caracterização da reatividade serológica e antigénica ... · A imunidade adquirida durante a interação parasita-hospedeiro influencia o quadro clínico da infeção,

56

102. Garcia JE, Puentes A, Patarroyo ME. Developmental biology of sporozoite-host interactions in Plasmodium falciparum malaria: Implications for vaccine design. Clin Microbiol Rev. 2006;19(4):686–707.

103. Brahimi K, Badell E, Sauzet JP, BenMohamed L, Daubersies P, Guérin-Marchand C, et al. Human antibodies against Plasmodium falciparum liver-stage antigen 3 cross-react with Plasmodium yoelii preerythrocytic-stage epitopes and inhibit sporozoite invasion in vitro and in vivo. Infect Immun. 2001;69(6):3845–52.

104. Sauzet JP, Perlaza BL, Brahimi K, Daubersies P, Druilhe P. DNA immunization by Plasmodium falciparum liver-stage antigen 3 induces protection against Plasmodium yoelii sporozoite challenge. Infect Immun. 2001;69(2):1202–6.

105. Mir SS, Biswas S, Habib S. Conservation of a Gliding Motility and Cell Invasion Machinery in Apicomplexan Parasites. J Cell Biol [Internet]. 1999;147(5):937–43. Available from: http://www.scopus.com/inward/record.url?eid=2-s2.0-84883930737&partnerID=tZOtx3y1

106. Bozdech Z, Llinás M, Pulliam BL, Wong ED, Zhu J, DeRisi JL. The transcriptome of the intraerythrocytic developmental cycle of Plasmodium falciparum. PLoS Biol. 2003;1(1):85–100.

107. Jongwutiwes S, Putaporntip C, Karnchaisri K, Seethamchai S, Hongsrimuang T, Kanbara H. Positive selection on the Plasmodium falciparum sporozoite threonine-asparagine-rich protein: Analysis of isolates mainly from low endemic areas. Gene. 2008;410(1):139–46.

108. Fidock DA, Pasquetto V, Gras H, Badell E, Eling W, Ballou WR, et al. Plasmodium falciparum sporozoite invasion is inhibited by naturally acquired or experimentally induced polyclonal antibodies to the STARP antigen. Eur J Immunol. 1997;27(10):2502–13.

109. Bottius E, BenMohamed L, Brahimi K, Gras H, Lepers JP, Raharimalala L, et al. A novel Plasmodium falciparum sporozoite and liver stage antigen (SALSA) defines major B, T helper, and CTL epitopes. J Immunol. 1996;156(8):2874–84.

110. Puentes A, García J, Vera R, López R, Suarez J, Rodríguez L, et al. Sporozoite and Liver Stage Antigen Plasmodium falciparum peptides bind specifically to human hepatocytes. Vaccine. 2004;22:1150–6.

111. Kauth CW, Epp C, Bujard H, Lutz R. The merozoite surface protein 1 complex of human malaria parasite Plasmodium falciparum: Interactions and arrangements of subunits. J Biol Chem. 2003;278(25):22257–64.

112. Holder AA, Blackman MJ, Burghaus PA, Chappel JA, Ling IT, McCallum-Deighton N, et al. A malaria merozoite surface protein (MSP1)-structure, processing and function. Mem Inst Oswaldo Cruz. 1992;87(3):37–42.

113. Kadekoppala M, Holder AA. Merozoite surface proteins of the malaria parasite: The MSP1 complex and the MSP7 family. Int J Parasitol [Internet]. Australian Society for Parasitology Inc.; 2010;40(10):1155–61. Available from: http://dx.doi.org/10.1016/j.ijpara.2010.04.008

114. Adams JH, Sim BKL, Dolan SA, Fang X, Kaslow DC, Miller LH. A family of erythrocyte binding proteins of malaria parasites. Proc Natl Acad Sci U S A. 1992;89:7085–9.

115. Tolia NH, Enemark EJ, Sim BKL, Joshua-Tor L. Structural basis for the EBA-175 erythrocyte invasion pathway of the malaria parasite Plasmodium falciparum. Cell. 2005;122(2):183–93.

116. Dittrich S, Schwöbel B, Jordan S, Vanisaveth V, Rattanaxay P, Christophel EM, et al. Distribution of the two forns of Plasmodium Falciparum erythrocyte binding antigen-175 (eba-175) gene in

Page 68: Caracterização da reatividade serológica e antigénica ... · A imunidade adquirida durante a interação parasita-hospedeiro influencia o quadro clínico da infeção,

57

Lao PDR. Malar J. 2003;2(23).

117. Duraisingh MT, Maier AG, Triglia T, Cowman AF. Erythrocyte-binding antigen 175 mediates invasion in Plasmodium falciparum utilizing sialic acid-dependent and -independent pathways. Proc Natl Acad Sci U S A. 2003;100(8):4796–801.

118. Healer J, Triglia T, Hodder AN, Gemmill AW, Cowman AF. Functional Analysis of Plasmodium falciparum Apical Membrane Antigen 1 Utilizing Interspecies Domains. Infect Immun. 2005;73(4):2444–51.

119. Bannister LH, Hopkins JM, Dluzewski AR, Margos G, Williams IT, Blackman MJ, et al. Plasmodium falciparum apical membrane antigen 1 (PfAMA-1) is translocated within micronemes along subpellicular microtubules during merozoite development. J Cell Sci. 2003;116(18):3825–34.

120. Triglia T, Healer J, Caruana SR, Hodder AN, Anders RF, Crabb BS, et al. Apical membrane antigen 1 plays a central role in erythrocyte invasion by Plasmodium species. Mol Microbiol. 2000;38(4):706–18.

121. Peterson MG, Marshall VM, Smythe JA, Crewther PE, Lew A, Silva A, et al. Integral membrane protein located in the apical complex of Plasmodium falciparum. Mol Cell Biol. 1989;9(7):3151–4.

122. Triglia T, Duraisingh MT, Good RT, Cowman AF. Reticulocyte-binding protein homologue 1 is required for sialic acid-dependent invasion into human erythrocytes by Plasmodium falciparum. Mol Microbiol. 2005;55(1):162–74.

123. Rayner JC, Vargas-Serrato E, Huber CS, Galinski MR, Barnwell JW. A Plasmodium falciparum homologue of Plasmodium vivax reticulocyte binding protein (PvRBP1) defines a trypsin-resistant erythrocyte invasion pathway. J Exp Med. 2001;194(11):1571–81.

124. Triglia T, Tham WH, Hodder A, Cowman AF. Reticulocyte binding protein homologues are key adhesins during erythrocyte invasion by Plasmodium falciparum. Cell Microbiol. 2009;11(11):1671–87.

125. Arévalo-Pinzón G, Curtidor H, Muñoz M, Suarez D, Patarroyo MA, Patarroyo ME. Rh1 high activity binding peptides inhibit high percentages of Plasmodium falciparum FVO strain invasion. Vaccine. 2013;31(14):1830–7.

126. Triglia T, Thompson J, Caruana SR, Delorenzi M, Speed T, Cowman AF. Identification of Proteins from Plasmodium falciparum That Are Homologous to Reticulocyte Binding Proteins in Plasmodium vivax. Infect Immun. 2001;69(2):1084–92.

127. Rayner JC, Galinski MR, Ingravallo P, Barnwell JW. Two Plasmodium falciparum genes express merozoite proteins that are related to Plasmodium vivax and Plasmodium yoelii adhesive proteins involved in host cell selection and invasion. Proc Natl Acad Sci U S A. 2000;97(17):9648–53.

128. Duraisingh MT, Triglia T, Ralph SA, Rayner JC, Barnwell JW, McFadden GI, et al. Phenotypic variation of Plasmodium falciparum merozoite proteins directs receptor targeting for invasion of human erythrocytes. Eur Mol Biol Organ J. 2003;22(5):1047–57.

129. Sarr JB, Remoue F, Samb B, Dia I, Guindo S, Sow C, et al. Evaluation of antibody response to Plasmodium falciparum in children according to exposure of Anopheles gambiae s.l or Anopheles funestus vectors. Malar J. 2007;6(117).

130. Remoue F, Cisse B, Ba F, Sokhna C, Herve JP, Boulanger D, et al. Evaluation of the antibody response to Anopheles salivary antigens as a potential marker of risk of malaria. Trans R Soc

Page 69: Caracterização da reatividade serológica e antigénica ... · A imunidade adquirida durante a interação parasita-hospedeiro influencia o quadro clínico da infeção,

58

Trop Med Hyg. 2006;100:363–70.

131. Drame PM, Poinsignon A, Besnard P, Le Mire J, Dos-Santos MA, Sow CS, et al. Human antibody response to Anopheles gambiae saliva: An immuno-epidemiological biomarker to evaluate the efficacy of insecticide-treated nets in malaria vector control. Am J Trop Med Hyg. 2010;83(1):115–21.

132. Rizzo C, Lombardo F, Ronca R, Mangano V, Sirima S, Nèbiè I, et al. Differential antibody response to the Anopheles gambiae gSG6 and cE5 salivary proteins in individuals naturally exposed to bites of malaria vectors. Parasit Vectors [Internet]. 2014;7(549). Available from: http://www.parasitesandvectors.com/content/7/1/549

133. Rizzo C, Ronca R, Lombardo F, Mangano V, Sirima SB, Nèbiè I, et al. IgG1 and IgG4 antibody responses to the Anopheles gambiae salivary protein gSG6 in the sympatric ethnic groups Mossi and Fulani in a malaria hyperhendemic area of Burkina Faso. PLoS One. 2014;9(4).

134. Sabchareon A, Thierry Burnouf, Ouattara D, Attanath P, Bouharoun-Tayoun H, Chantavanich P, et al. Parasitologic and clinical human response to immunoglobulin administration in falciparum malaria. Am J Trop Med Hyg [Internet]. 1991;45(3):297–308. Available from: http://www.ajtmh.org/content/45/3/297.long

135. Cohen S, Mcgregor IA, Carrington S. Gamma-Globulin and Acquired Immunity to Human Malaria. Nature. 1961;192:733–7.

136. Beeson JG, Osier FHA, Engwerda CR. Recent insights into humoral and cellular immune responses against malaria. Trends Parasitol. 2008;24(12):578–84.

137. Garraud O, Perraut R, Riveau G, Nutman TB. Class and subclass selection in parasite-specific antibody responses. Trends Parasitol. 2003;19(7):300–4.

138. Perlmann P, Troye-Blomberg M. Malaria and the immune system in humans. Malaria Immunology. 2nd editio. 2002. p. 229–42.

139. Ferrante A, Beard LJ, Roberton DM. IgG subclass deficiency. Pedriatric Allergy Immunol. 1990;2(2):49–62.

140. Bouharoun-Tayoun H, Druilhe P. Plasmodium falciparum malaria: Evidence for an isotype imbalance which may be responsible for delayed acquisition of protective immunity. Infect Immun. 1992;60(4):1473–81.

141. Shi YP, Sayed U, Qari SH, Roberts JM, Udhayakumar V, Oloo AJ, et al. Natural immune response to the C-terminal 19-kilodalton domain of Plasmodium falciparum merozoite surface protein 1. Infect Immun. 1996;64(7):2716–23.

142. Sarthou J-L, Angel G, Aribot G, Rogier C, Dieye A, Balde AT, et al. Prognostic value of anti-Plasmodium cytokines, and their soluble receptors in West African patients with severe malaria. Infect Immun. 1997;65(8):3271–6.

143. Aribot G, Rogier C, Sarthou J-L, Trape J-F, Balde AT, Druilhe P, et al. Pattern of Immunoglobulin Isotype Response To Plasmodium falciparum Blood-stage Antigens In Individuals Living In a Holoendemic Area of Senegal (Dielmo, West Africa). Am J Trop Med Hyg. 1996;54(5):449–57.

144. Aucan C, Traore Y, Tall F, Nacro B, Traore-Leroux T, Cumonx F, et al. High Immunoglobulin G2 (IgG2) and low IgG4 levels are associated with human resistance to Plasmodium falciparum malaria. Infect Immun. 2000;68(3):1252–8.

145. Rowe JA, Shafi J, Kai OK, Marsh K, Raza A. Nonimmune IgM, but not IgG binds to the surface

Page 70: Caracterização da reatividade serológica e antigénica ... · A imunidade adquirida durante a interação parasita-hospedeiro influencia o quadro clínico da infeção,

59

of plasmodium falciparum-infected erythrocytes and correlates with rosetting and severe malaria. Am J Trop Med Hyg. 2002;66(6):692–9.

146. Clough B, Atilola FA, Black J, Pasvol G. Plasmodium falciparum: the importance of IgM in the rosetting of parasite-infected erythrocytes. Exp Parasitol. 1998;89:129–32.

147. Bolad A, Farouk SE, Israelsson E, Dolo A, Doumbo OK, Nebié I, et al. Distinct interethnic differences in immunoglobulin G class/subclass and immunoglobulin M antibody responses to malaria antigens but not in immunoglobulin G responses to nonmalarial antigens in sympatric tribes living in West Africa. Scand J Immunol. 2005;61:380–6.

148. Boudin C, Chumpitazi B, Dziegiel M, Peyron F, Picot S, Hogh B, et al. Possible role of specific immunoglobulin M antibodies to Plasmodium falciparum antigens in immunoprotection of humans living in a hyperendemic area, Burkina Faso. J Clin Microbiol. 1993;31(3):636–41.

149. Brasseur P, Ballet JJ, Druilhe P. Impairment of Plasmodium falciparum-specific antibody response in severe malaria. J Clin Microbiol. 1990;28(2):265–8.

150. Couper KN, Phillips RS, Brombacher F, Alexander J. Parasite-specific IgM plays a significant role in the protective immune response to asexual erythrocytic stage Plasmodium chabaudi AS infection. Parasite Immunol. 2005;27:171–80.

151. Desowitz RS, Elm J, Alpers MP. Plasmodium falciparum-specific immunoglobulin G (IgG), IgM, and IgE antibodies in paired maternal-cord sera from East Sepik province, Papua New Guinea. Infect Immun. 1993;61(3):988–93.

152. Perlmann H, Helmby H, Hagstedt M, Carlson J, Larsson PH, Troye-Blomberg M, et al. IgE elevation and IgE anti-malarial antibodies in Plasmodium falciparum malaria: association of high IgE levels with cerebral malaria. Clin Exp Immunol. 1994;97:284–92.

153. Bereczky S, Montgomery SM, Troye-Blomberg M, Rooth I, Shaw MA, Färnert A. Elevated anti-malarial IgE in asymptomatic individuals is associated with reduced risk for subsequent clinical malaria. Int J Parasitol. 2004;34:935–42.

154. Farouk SE, Dolo A, Bereczky S, Kouriba B, Maiga B, Färnert A, et al. Different antibody- and cytokine-mediated responses to Plasmodium falciparum parasite in two sympatric ethnic tribes living in Mali. Microbes Infect. 2005;7:110–7.

155. Duarte J, Deshpande P, Guiyedi V, Mécheri S, Fesel C, Cazenave P-A, et al. Total and functional parasite specific IgE responses in Plasmodium falciparum-infected patients exhibiting different clinical status. Malar J. 2007;6(1).

156. Calissano C, Modiano D, Sirima BS, Konate A, Sanou I, Sawadogo A, et al. IgE antibodies to Plasmodium falciparum and severity of malaria in children of one ethnic group living in Burkina Faso. Am J Trop Med Hyg. 2003;69(1):31–5.

157. Rodrigues M, Nussenzweig RS, Zavala F. The relative contribution of antibodies, CD4+ and CD8+ T cells to sporozoite-induced protection against malaria. Immunology. 1993;80(1).

158. Stewart MJ, Nawrot RJ, Schulman S, Vanderberg JP. Plasmodium berghei sporozoite invasion is blocked in vitro by sporozoite-immobilizing antibodies. Infect Immun. 1986;51(3):859–64.

159. Chatterjee S, Wery M, Sharma P, Chauhan VS. A conserved peptide sequence of the Plasmodium falciparum circumsporozoite protein and antipeptide antibodies inhibit Plasmodium berghei sporozoite invasion of Hep-G2 cells and protect immunized mice against P. berghei sporozoite challenge. Infect Immun. 1995;63(11):4375–81.

Page 71: Caracterização da reatividade serológica e antigénica ... · A imunidade adquirida durante a interação parasita-hospedeiro influencia o quadro clínico da infeção,

60

160. Rathore D, Nagarkatti R, Jani D, Chattopadhyay R, La Vega P De, Kumar S, et al. An immunologically cryptic epitope of Plasmodium falciparum circumsporozoite protein facilitates liver cell recognition and induces protective antibodies that block liver cell invasion. J Biol Chem. 2005;280(21):20524–9.

161. Finney OC, Keitany GJ, Smithers H, Kaushansky A, Kappe S, Wang R. Immunization with genetically attenuated P. falciparum parasites induces long-lived antibodies that efficiently block hepatocyte invasion by sporozoites. Vaccine [Internet]. Elsevier Ltd; 2014;32:2135–8. Available from: http://dx.doi.org/10.1016/j.vaccine.2014.02.055

162. Perlaza BL, Arevalo-Herrera M, Brahimi K, Quintero G, Palomino JC, Gras-Masse H, et al. Immunogenicity of four Plasmodium falciparum preerythrocytic antigens in Aotus lemurinus monkeys. Infect Immun. 1998;66(7):3423–8.

163. Früh K, Doumbo O, Müller HM, Koita O, McBride J, Crisanti A, et al. Human antibody response to the major merozoite surface antigen of Plasmodium falciparum is strain specific and short-lived. Infect Immun. 1991;59(4):1319–24.

164. Cavanagh DR, Elhassan IM, Roper C, Robinson VJ, Giha H, Holder AA, et al. A longitudinal study of type-specific antibody responses to Plasmodium falciparum merozoite surface protein-1 in an area of unstable malaria in Sudan. J Immunol. 1998;161(1):347–59.

165. Kinyanjui SM, Conway DJ, Lanar DE, Marsh K. IgG antibody responses to Plasmodium falciparum merozoite antigens in Kenyan children have a short half-life. Malar J. 2007;6(82).

166. Narum DL, Ogun SA, Thomas AW, Holder AA. Immunization with parasite-derived apical membrane antigen 1 or passive immunization with a specific monoclonal antibody protects BALB/c mice against lethal Plasmodium yoelii yoelii YM blood-stage infection. Infect Immun. 2000;68(5):2899–906.

167. Anders RF, Crewther PE, Edwards S, Margetts M, Matthew MLSM, Pollock B, et al. Immunisation with recombinant AMA-1 protects mice against infection with Plasmodium chabaudi. Vaccine. 1998;16(2/3):240–7.

168. Crewther PE, Matthew MLSM, Flegg RH, Anders RF. Protective immune responses to apical membrane antigen 1 of Plasmodium chabaudi involve recognition of strain-specific epitopes. Infect Immun. 1996;64(8):3310–7.

169. Kocken CHM, Withers-Martinez C, Dubbeld MA, Van der Wel A, Hackett F, Blackman MJ, et al. High-level expression of the malaria blood-stage vaccine candidate Plasmodium falciparum apical membrane antigen 1 and induction of antibodies that inhibit erythrocyte invasion. Infect Immun. 2002;70(8):4471–6.

170. Dutta S, Haynes JD, Moch JK, Barbosa A, Lanar DE. Invasion-inhibitory antibodies inhibit proteolytic processing of apical membrane antigen 1 of Plasmodium falciparum merozoites. Proc Natl Acad Sci U S A. 2003;100(21):12295–300.

171. Dutta S, Lalitha P V., Ware LA, Barbosa A, Moch JK, Vassell MA, et al. Purification, Characterization and Immunogenicity of the Refolded Ectodomain of the Plasmodium falciparum Apical Membrane Antigen 1 Expressed in Escherichia coli. Infect Immun. 2002;70(6):3101–10.

172. Blackman MJ, Scott-Finnigan TJ, Shai S, Holder AA. Antibodies inhibit the protease-mediated processing of a malaria merozoite surface protein. J Exp Med. 1994;180:389–93.

173. Blackman MJ, Heidrich HG, Donachie S, McBride JS, Holder AA. A single fragment of a malaria merozoite surface protein remains on the parasite during red cell invasion and is the target of invasion-inhibiting antibodies. J Exp Med. 1990;172:379–82.

Page 72: Caracterização da reatividade serológica e antigénica ... · A imunidade adquirida durante a interação parasita-hospedeiro influencia o quadro clínico da infeção,

61

174. Branch OH, Udhayakumar V, Hightower AW, Oloo AJ, Hawley WA, Nahlen BL, et al. A longitudinal investigation of IgG and IgM antibody responses to the merozoite surface protein-1 19-kilodalton domain of Plasmodium falciparum in pregnant women and infants: Associations with febrile illness, parasitemia, and anemia. Am J Trop Med Hyg. 1998;58(2):211–9.

175. Hogh B, Marbiah NT, Burghaus PA, Andersen PK. Relationship between maternally derived anti-Plasmodium falciparum antibodies and risk of infection and disease in infants living in an area of Liberia, West Africa, in which malaria is highly endemic. Infect Immun. 1995;63(10):4034–8.

176. Lyon JA, Carter JM, Thomas AW, Chulay JD. Merozoite surface protein-1 epitopes recognized by antibodies that inhibit Plasmodium falciparum merozoite dispersal. Mol Biochem Parasitol. 1997;90:223–34.

177. Narum DL, Haynes JD, Fuhrmann S, Moch K, Liang H, Hoffman SL, et al. Antibodies against the Plasmodium falciparum receptor binding domain of EBA-175 block invasion pathways that do not involve sialic acids. Infect Immun. 2000;68(4):1964–6.

178. Pandey KC, Singh S, Pattnaik P, Pillai CR, Pillai U, Lynn A, et al. Bacterially expressed and refolded receptor binding domain of Plasmodium falciparum EBA-175 elicits invasion inhibitory antibodies. Mol Biochem Parasitol. 2002;123:23–33.

179. Slim BKL, Orlandi PA, Haynes JD, Klotz FW, Carter JM, Camus D, et al. Primary Structure of the 175K Plasmodium falciparum erythrocyte binding antigen and identificationof a peptide which elicits antibodies that inhibit malaria merozoite invasion. J Cell Biol [Internet]. 1990;111:1877–84. Available from: http://www.parasitologie.nl/index.php?id=124#

180. Daugherty JR, Murphy CI, Doros-Richert LA, Barbosa A, Kashala LO, Ballou WR, et al. Baculovirus-mediated expression of Plasmodium falciparum erythrocyte binding antigen 175 polypeptides and their recognition by human antibodies. Infect Immun. 1997;65(9):3631–7.

181. McCarra MB, Ayodo G, Sumba PO, Kazura JW, Moormann AM, Narum DL, et al. Antibodies to Plasmodium falciparum Erythrocyte-binding Antigen-175 are Associated With Protection From Clinical Malaria. Pediatr Infect Dis J. 2011;30(12):1037–42.

182. El Sahly HM, Patel SM, Atmar RL, Lanford TA, Dube T, Thompson D, et al. Safety and immunogenicity of a recombinant nonglycosylated erythrocyte binding antigen 175 region II malaria vaccine in healthy adults living in an area where malaria is not endemic. Clin Vaccine Immunol. 2010;17(10):1552–9.

183. Troye-Blomberg M, Berzins K, Perlmann P. T-cell control of immunity to the asexual blood stages of the malaria parasite. Crit Rev Immunol [Internet]. 1994;14(2):131–55. Available from: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/7702748

184. Winkler S, Willheim M, Baier K, Schmid D, Aichelburg A, Graninger W, et al. Frequency of cytokine-producing T cells in patients of different age groups with Plasmodium falciparum malaria. J Infect Dis. 1999;179:209–16.

185. Fell AH, Currier J, Good MF. Inhibition of Plasmodium falciparum growth in vitro by CD4+ and CD8+ T cells from non-exposed donors. Parasite Immunol. 1994;16:579–86.

186. Kinyanjui SM. Chapter 10 - The Immunology of Malaria. In: Okwa OO, editor. Malaria Parasites. 2012. p. 175–200.

187. Wipasa J, Elliott S, Xu H, Good MF. Immunity to asexual blood stage malaria and vaccine approaches. Immunol Cell Biol. 2002;80:401–14.

188. Abbas AK, Murphy KM, Sher A. Functional diversity of helper T lymphocytes. Nature. 1996. p. 787–93.

Page 73: Caracterização da reatividade serológica e antigénica ... · A imunidade adquirida durante a interação parasita-hospedeiro influencia o quadro clínico da infeção,

62

189. Luty AJF, Lell B, Schmidt-Ott R, Lehman LG, Luckner D, Greve B, et al. Interferon-gamma responses are associated with resistance to reinfection with Plasmodium falciparum in young African children. J Infect Dis. 1999;179:980–8.

190. Dodoo D, Omer FM, Todd J, Akanmori BD, Koram K a., Riley EM. Absolute levels and ratios of proinflammatory and anti-inflammatory cytokine production in vitro predict clinical immunity to Plasmodium falciparum malaria. J Infect Dis. 2002;185:971–9.

191. Schofield L, Villaquiran J, Ferreira A, Schellekens H, Nussenzweig R, Nussenzweig V. Gamma interferon, CD8+ T cells and antibodies required for immunity to malaria sporozoites. Nature. 1987;330:664–6.

192. Kurtis JD, Lanar DE, Opollo M, Duffy PE. Interleukin-10 responses to liver-stage antigen 1 predict human resistance to Plasmodium falciparum. Infect Immun. 1999;67(7):3424–9.

193. Othoro C, Lal AA, Nahlen B, Koech D, Orago ASS, Udhayakumar V. A low interleukin-10 tumor necrosis factor-alpha ratio is associated with malaria anemia in children residing in a holoendemic malaria region in western Kenya. J Infect Dis. 1999;179:279–82.

194. Shaffer N, Grau GE, Hedberg K, Davachi F, Lyamba B, Hightower AW, et al. Tumor necrosis factor and severe malaria. J Infect Dis. 1991;163:96–101.

195. Kurtzhals JAL, Adabayeri V, Goka BQ, Akanmori BD, Oliver-Commey JO, Nkrumah FK, et al. Low plasma concentrations of interleukin-10 in severe malarial anaemia compared with cerebral and uncomplicated malaria. Lancet. 1998;351:1768–72.

196. Ho M, Schollaardt T, Snape S, Looareesuwan S, Suntharasamai P, White NJ. Endogenous interleukin-10 modulates proinflammatory response in Plasmodium falciparum malaria. J Infect Dis. 1998;178:520–5.

197. Ho M, Sexton MM, Tongtawe P, Looareesuwan S, Suntharasamai P, Webster HK. Interleukin-10 inhibits tumor necrosis factor production but not antigen-specific lymphoproliferation in acute Plasmodium falciparum malaria. J Infect Dis. 1995;172:838–44.

198. Cabantous S, Poudiougou B, Oumar AA, Traore A, Barry A, Vitte J, et al. Genetic evidence for the aggravation of Plasmodium falciparum malaria by interleukin 4. J Infect Dis. 2009;200:1530–9.

199. Troye-Blomberg M, Riley EM, Kabilan L, Holmberg M, Perlmann H, Andersson U, et al. Production by activated human T cells of interleukin 4 but not interferon-gamma is associated with elevated levels of serum antibodies to activating malaria antigens. Proc Natl Acad Sci. 1990;87:5484–8.

200. Weid T von der, Kopf M, Köhler G, Langhorne J. The immune response to Plasmodium chabaudi malaria in interleukin-4-deficient mice. Eur J Immunol. 1994;24:2285–93.

201. Kern P, Hemmer CJ, Van Damme J, Gruss HJ, Dietrich M. Elevated tumor necrosis factor alpha and interleukin-6 serum levels as markers for complicated Plasmodium falciparum malaria. Am J Med. 1989;87:139–43.

202. Day NP, Hien TT, Schollaardt T, Loc PP, Chuong L V., Chau TT, et al. The prognostic and pathophysiologic role of pro- and antiinflammatory cytokines in severe malaria. J Infect Dis. 1999;180:1288–97.

203. Jakobsen PH, McKay V, Morris-Jones SD, McGuire W, Van Hensbroek MB, Meisner S, et al. Increased concentrations of interleukin-6 and interleukin-1 receptor antagonist and decreased

Page 74: Caracterização da reatividade serológica e antigénica ... · A imunidade adquirida durante a interação parasita-hospedeiro influencia o quadro clínico da infeção,

63

concentrations of beta-2-glycoprotein I in Gambian children with cerebral malaria. Infect Immun. 1994;62(10):4374–9.

204. Trimnell A, Takagi A, Gupta M, Richie TL, Kappe SH, Wang R. Genetically attenuated parasite vaccines induce contact-dependent CD8+ T cell killing of Plasmodium yoelii liver stage-infected hepatocytes. J Immunol. 2009;183:5870–8.

205. Cockburn IA, Amino R, Kelemen RK, Kuo SC, Tse S-W, Radtke A, et al. In vivo imaging of CD8+ T cell-mediated elimination of malaria liver stages. Proc Natl Acad Sci U S A [Internet]. 2013;110(22):9090–5. Available from: http://www.pubmedcentral.nih.gov/articlerender.fcgi?artid=3670364&tool=pmcentrez&rendertype=abstract

206. Seguin MC, Klotz FW, Schneider I, Weir JP, Goodbary M, Slayter M, et al. Induction of nitric oxide synthase protects against malaria in mice exposed to irradiated Plasmodium berghei infected mosquitoes: involvement of interferon-gamma and CD8+ T cells. J Exp Med. 1994;180:353–8.

207. Imai T, Ishida H, Suzue K, Hirai M, Taniguchi T, Okada H, et al. CD8+ T cell activation by murine erythroblasts infected with malaria parasites. Sci Rep [Internet]. 2013;3(1572). Available from: http://www.pubmedcentral.nih.gov/articlerender.fcgi?artid=3610137&tool=pmcentrez&rendertype=abstract

208. Imai T, Ishida H, Suzue K, Taniguchi T, Okada H, Shimokawa C, et al. Cytotoxic activities of CD8+ T cells collaborate with macrophages to protect against blood-stage murine malaria. Elife [Internet]. 2015;4. Available from: http://elifesciences.org/lookup/doi/10.7554/eLife.04232

209. Romero P, Maryanski JL, Corradin G, Nussenzweig RS, Nussenzweig V, Zavala F. Cloned cytotoxic T cells recognize an epitope in the circumsporozoite protein and protect against malaria. Nature. 1989;341:323–6.

210. Rodrigues MM, Cordey A-S, Arreaza G, Corradin G, Romero P, Maryanski JL, et al. CD8+ cytolytic T cell clones derived against the Plasmodium yoelii circumsporozoite protein protect against malaria. Int Immunol. 1991;3(6):579–85.

211. Weiss WR, Sedegah M, Beaudoin RL, Miller LH, Good MF. CD8+ T cells (cytotoxic/suppressors) are required for protection in mice immunized with malaria sporozoites. Proc Natl Acad Sci U S A. 1988;85:573–6.

212. Khusmith S, Sedegah M, Hoffman SL. Complete protection against Plasmodium yoelii by adoptive transfer of a CD8+ cytotoxic T-cell clone recognizing sporozoite surface protein 2. Infect Immun. 1994;62(7):2979–83.

213. Li S, Rodrigues M, Rodriguez D, Rodriguez JR, Esteban M, Palese P, et al. Priming with recombinant influenza virus followed by administration of recombinant vaccinia virus induces CD8+ T-cell-mediated protective immunity against malaria. Proc Natl Acad Sci U S A. 1993;90:5214–8.

214. Schneider J, Gilbert SC, Blanchard TJ, Hanke T, Robson KJ, Hannan CM, et al. Enhanced immunogenicity for CD8+ T cell induction and complete protective efficacy of malaria DNA vaccination by boosting with modified vaccinia virus Ankara. Nature [Internet]. 1998;4(4):397–402. Available from: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/9585240

215. BenMohamed L, Thomas A, Druilhe P. Long-term multiepitopic cytotoxic-T-lymphocyte responses induced in chimpanzees by combinations of Plasmodium falciparum liver-stage peptides and lipopeptides. Infect Immun. 2004;72(8):4376–84.

216. Carvalho LH, Sano G-I, Hafalla JCR, Morrot A, Curotto de Lafaille MA, Zavala F. IL-4-secreting

Page 75: Caracterização da reatividade serológica e antigénica ... · A imunidade adquirida durante a interação parasita-hospedeiro influencia o quadro clínico da infeção,

64

CD4+ T cells are crucial to the development of CD8+ T-cell responses against malaria liver stages. Nat Med. 2002;8(2):166–70.

217. Belnoue E, Kayibanda M, Vigario AM, Deschemin J-C, van Rooijen N, Viguier M, et al. On the pathogenic role of brain-sequestered alpha-beta CD8+ T cells in experimental cerebral malaria. J Immunol. 2002;169(11):6369–75.

218. Nitcheu J, Bonduelle O, Combadiere C, Tefit M, Seilhean D, Mazier D, et al. Perforin-dependent brain-infiltrating cytotoxic CD8+ T lymphocytes mediate experimental cerebral malaria pathogenesis. J Immunol. 2003;170(4):2221–8.

219. Aidoo M, Lalvani A, Allsopp CE, Plebanski M, Meisner SJ, Krausa P, et al. Identification of conserved antigenic components for a cytotoxic T lymphocyte-inducing vaccine against malaria. Lancet. 1995;345:1003–7.

220. Webster DP, Dunachie S, Vuola JM, Berthoud T, Keating S, Laidlaw SM, et al. Enhanced T cell-mediated protection against malaria in human challenges by using the recombinant poxviruses FP9 and modified vaccinia virus Ankara. Proc Natl Acad Sci U S A. 2005;102(13):4836–41.

221. Ewer KJ, O’Hara GA, Duncan CJA, Collins KA, Sheehy SH, Reyes-Sandoval A, et al. Protective CD8+ T-cell immunity to human malaria induced by chimpanzee adenovirus-MVA immunisation. Nat Commun [Internet]. 2013;4(2836). Available from: http://www.scopus.com/inward/record.url?eid=2-s2.0-84889253599&partnerID=tZOtx3y1

222. Roetynck S, Baratin M, Johansson S, Lemmers C, Vivier E, Ugolini S. Natural killer cells and malaria. Immunol Rev [Internet]. 2006;214:251–63. Available from: http://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1111/j.1600-065X.2006.00446.x/abstract

223. Kitaguchi T, Nagoya M, Amano T, Suzuki M, Minami M. Analysis of roles of natural killer cells in defense against Plasmodium chabaudi in mice. Parasitol Res. 1996;82:352–7.

224. Artavanis-Tsakonas K, Eleme K, McQueen KL, Cheng NW, Parham P, Davis DM, et al. Activation of a subset of human NK cells upon contact with Plasmodium falciparum-infected erythrocytes. J Immunol. 2003;171(10):5396–405.

225. Artavanis-Tsakonas K, Riley EM. Innate immune response to malaria: rapid induction of IFN-gamma from human NK cells by live Plasmodium falciparum-infected erythrocytes. J Immunol. 2002;169(6):2956–63.

226. Mavoungou E, Luty AJF, Kremsner PG. Natural killer (NK) cell-mediated cytolysis of Plasmodium falciparum-infected human red blood cells in vitro. Eur Cytokine Netw [Internet]. 2003;14(3):134–42. Available from: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/14656686

227. Orago ASS, Facer CA. Cytotoxicity of human natural killer (NK) cell subsets for Plasmodium falciparum erythrocytic schizonts: stimulation by cytokines and inhibition by neomycin. Clin Exp Immunol. 1991;86:22–9.

228. Hansen DS, D’Ombrain MC, Schofield L. The role of leukocytes bearing Natural Killer Complex receptors and Killer Immunoglobulin-like Receptors in the immunology of malaria. Curr Opin Immunol. 2007;19:416–23.

229. Engwerda CR, Good MF. Interactions between malaria parasites and the host immune system. Curr Opin Immunol. 2005;17:381–7.

230. Casimiro AIC. (Msc Thesis) Mediadores pró-inflamatórios como factores preditivos de malária grave em crianças. Universidade Nova de Lisboa; 2012.

Page 76: Caracterização da reatividade serológica e antigénica ... · A imunidade adquirida durante a interação parasita-hospedeiro influencia o quadro clínico da infeção,

65

231. Martins VAA. (Msc Thesis) Perfil de anticorpos anti-Plasmodium falciparum e citocinas pró-inflamatórias em indivíduos com suspeita clínica de malária. Universidade Nova de Lisboa; 2014.

232. Calisto DCP. (MsC Thesis) Imunidade em malária: contribuição para o estudo de anticorpos em indivíduos com estadia em zona endémica. Universidade Nova de Lisboa; 2015.

233. Mouatcho JC, Goldring JPD. Malaria rapid diagnostic tests: challenges and prospects. J Med Microbiol [Internet]. 2013;62:1491–505. Available from: http://jmm.microbiologyresearch.org/content/journal/jmm/10.1099/jmm.0.052506-0

234. Mariette N, Barnadas C, Bouchier C, Tichit M, Ménard D. Country-wide assessment of the genetic polymorphism in Plasmodium falciparum and Plasmodium vivax antigens detected with rapid diagnostic tests for malaria. Malar J [Internet]. 2008;7(219). Available from: http://www.malariajournal.com/content/7/1/219

235. Baker J, Ho M-F, Pelecanos A, Gatton M, Chen N, Abdullah S, et al. Global sequence variation in the histidine-rich proteins 2 and 3 of Plasmodium falciparum: implications for the performance of malaria rapid diagnostic tests. Malar J [Internet]. 2010;9(129). Available from: http://www.pubmedcentral.nih.gov/articlerender.fcgi?artid=2893195&tool=pmcentrez&rendertype=abstract

236. Baker J, McCarthy J, Gatton M, Kyle DE, Belizario V, Luchavez J, et al. Genetic diversity of Plasmodium falciparum histidine-rich protein 2 (PfHRP2) and its effect on the performance of PfHRP2-based rapid diagnostic tests. J Infect Dis [Internet]. 2005;192:870–7. Available from: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/16088837

237. Kumar N, Singh JP, Pande V, Mishra N, Srivastava B, Kapoor R, et al. Genetic variation in histidine rich proteins among Indian Plasmodium falciparum population: possible cause of variable sensitivity of malaria rapid diagnostic tests. Malar J [Internet]. Malaria Journal; 2012;11(1):298. Available from: Malaria Journal

238. WHO. Malaria Rapid Diagnostic Test Performance - Summary results of WHO Malaria RDT Product Testing: Rounds 1-3 (2008-2011). 2011.

239. Ghumra A, Semblat J-P, McIntosh RS, Raza A, Rasmussen IB, Braathen R, et al. Identification of residues in the Cu4 domain of polymeric IgM essential for interaction with Plasmodium falciparum erythrocyte membrane protein 1 (PfEMP1). J Immunol [Internet]. 2008;181(3):1988–2000. Available from: http://www.pubmedcentral.nih.gov/articlerender.fcgi?artid=2696179&tool=pmcentrez&rendertype=abstract

240. Brown J, Greenwood BM, Terry RJ. Cellular mechanisms involved in recovery from acute malaria in Gambian children. Parasite Immunol [Internet]. 1986;8:551–64. Available from: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/3543809

241. Richards JS, Stanisic DI, Fowkes FJI, Tavul L, Dabod E, Thompson JK, et al. Association between Naturally Acquired Antibodies to Erythrocyte Binding Antigens of Plasmodium falciparum and Protection from Malaria and High-Density Parasitemia. Clin Infect Dis [Internet]. 2010;51(8):e50–60. Available from: http://cid.oxfordjournals.org/lookup/doi/10.1086/656413

242. Nebie I, Diarra a., Ouedraogo a., Soulama I, Bougouma EC, Tiono a. B, et al. Humoral Responses to Plasmodium falciparum Blood-Stage Antigens and Association with Incidence of Clinical Malaria in Children Living in an Area of Seasonal Malaria Transmission in Burkina Faso, West Africa. Infect Immun [Internet]. 2008;76(2):759–66. Available from: http://iai.asm.org/cgi/doi/10.1128/IAI.01147-07

243. Groux H, Gysin J. Opsonization as an effector mechanism in human protection against asexual

Page 77: Caracterização da reatividade serológica e antigénica ... · A imunidade adquirida durante a interação parasita-hospedeiro influencia o quadro clínico da infeção,

66

blood stages of Plasmodium falciparum: functional role of IgG subclasses. Res Immunol [Internet]. 1990;141:529–42. Available from: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/1704637

244. Tebo AE, Kremsner PG, Luty AJF. Fcgamma receptor-mediated phagocytosis of Plasmodium falciparum-infected erythrocytes in vitro. Clin Exp Immunol [Internet]. 2002;130:300–6. Available from: http://www.pubmedcentral.nih.gov/articlerender.fcgi?artid=1906527&tool=pmcentrez&rendertype=abstract

245. Theisen M, Soe S, Oeuvray C, Thomas AW, Vuust J, Danielsen S, et al. The Glutamate-Rich Protein (Glurp) of Pf is a Target for Antibody-Dependent Monocyte-Mediated Inhibitionof Parasite Growth in Vitro. Infect Immun [Internet]. 1998;66(1):11–7. Available from: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/9423833\nhttp://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC107852/

246. Singh S, Soe S, Roussilhon C, Druilhe P, Corradin G. Plasmodium falciparum Merozoite Surface Protein 6 Displays Multiple Targets for Naturally Occurring Antibodies That Mediate Monocyte-Dependent Parasite Killing. Infect Immun. 2005;73(2):1235–8.

247. Shi YP, Udhayakumar V, Oloo AJ, Nahlen BL, Lal AA. Differential effect and interaction of monocytes, hyperimmune sera, and immunoglobulin G on the growth of asexual stage Plasmodium falciparum parasites. Am J Trop Med Hyg. 1999;60(1):135–41.

248. Tebo AE, Kremsner PG, Luty AJF. Plasmodium falciparum: A Major Role for IgG3 in Antibody-Dependent Monocyte-Mediated Cellular Inhibition of Parasite Growth in Vitro. Exp Parasitol [Internet]. 2001;98:20–8. Available from: http://linkinghub.elsevier.com/retrieve/pii/S0014489401946193

249. Pinto AY das N, Ventura AMR da S, Souza JM de. Resposta de anticorpos IgG anti-Plasmodium vivax em crianças expostas à malária , antes e após tratamento específico. J Pediatr (Rio J). 2001;77(4):299–306.

250. Egan AF, Chappel JA, Burghaus PA, Morris JS, McBride JS, Holder AA, et al. Serum antibodies from malaria-exposed people recognize conserved epitopes formed by the two epidermal growth factor motifs of MSP119, the carboxy- terminal fragment of the major merozoite surface protein of Plasmodium falciparum. Infect Immun. 1995;63(2):456–66.

251. InnovaBiosciences. Biotin Streptavidin Binding [Internet]. Available from: https://www.innovabiosciences.com/applications/biotin-streptavidin-binding

252. Rica R de la, Stevens MM. Plasmonic ELISA for the ultrasensitive detection of disease biomarkers with the naked eye. Nat Nanotechnol [Internet]. 2012 [cited 2015 Oct 14];7:821–4. Available from: http://www.nature.com/nnano/journal/v7/n12/full/nnano.2012.186.html

253. Palaeya V, Lau YL, Mahmud R, Chen Y, Fong MY. Cloning, expression, and immunocharacterization of surface protein containing an altered thrombospondin repeat domain (SPATR) from Plasmodium knowlesi. Malar J [Internet]. Malaria Journal; 2013;12(182). Available from: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/23734702

254. Cheong FW, Fong MY, Lau YL, Mahmud R. Immunogenicity of bacterial-expressed recombinant Plasmodium knowlesi merozoite surface protein-142 (MSP-142). Malar J [Internet]. 2013;12(454). Available from: http://www.biomedcentral.com/content/pdf/1475-2875-12-454.pdf

255. Tham WH, Wilson DW, Reiling L, Chen L, Beeson JG, Cowman AF. Antibodies to reticulocyte binding protein-like homologue 4 inhibit invasion of Plasmodium falciparum into human erythrocytes. Infect Immun. 2009;77(6):2427–35.

256. Barale J-C, Attal-Bonnefoy G, Brahimi K, Pereira da Silva L, Langsley G. Plasmodium falciparum

Page 78: Caracterização da reatividade serológica e antigénica ... · A imunidade adquirida durante a interação parasita-hospedeiro influencia o quadro clínico da infeção,

67

asparagine and aspartate rich protein 2 is an evolutionary conserved protein whose repeats identify a new family of parasite antigens1Note: Nucleotide sequence data reported in this paper are available in the EMBL, GenBankTM and DDJB. Mol Biochem Parasitol. 1997;87:169–81.

257. Banic DM, De Oliveira-Ferreira J, Pratt-Riccio LR, Conseil V, Gonçalves D, Fialho RR, et al. Immune response and lack of immune response to Plasmodium falciparum p126 antigen and its amino-terminal repeat in malaria-infected humans. Am J Trop Med Hyg. 1998;58(6):768–74.

258. Soe S, Singh S, Camus D, Horii T, Druilhe P. Plasmodium falciparum Serine Repeat Protein , a New Target of Parasite Killing Plasmodium falciparum Serine Repeat Protein , a New Target of Monocyte-Dependent Antibody-Mediated Parasite Killing. Infect Immun. 2002;70(12):7182–4.

259. Jouin H, Dubois P, Gysin J, Fandeur T, Mercereau-Puijalon O, da Silva LP. Characterization of a 96-kilodalton thermostable polypeptide antigen of Plasmodium falciparum related to protective immunity in the squirrel monkey. Infect Immun. 1987;55(6):1387–92.

260. Bonnefoy S, Mattei D, Dubremetz JF, Guillotte M, Jouin H, Ozaki LS, et al. Plasmodium falciparum: molecular analysis of a putative protective antigen, the thermostable 96-kDa protein. Exp Parasitol. 1988;65:69–83.

261. Richman SJ, Reese RT. Immunologic modeling of a 75-kDa malarial protein with carrier-free synthetic peptides. Proc Natl Acad Sci U S A [Internet]. 1988;85:1662–6. Available from: http://www.pubmedcentral.nih.gov/articlerender.fcgi?artid=279834&tool=pmcentrez&rendertype=abstract

262. Epping RJ, Goldstone SD, Ingram LT, Upcroft JA, Ramasamy R, Cooper JA, et al. An epitope recognised by inhibitory monoclonal antibodies that react with a 51 kilodalton merozoite surface antigen in Plasmodium falciparum. Mol Biochem Parasitol. 1988;28:1–10.

263. Lyon JA, Angov E, Fay MP, Sullivan JS, Girourd AS, Robinson SJ, et al. Protection induced by plasmodium falciparum MSP142 is strain-specific, antigen and adjuvant dependent, and correlates with antibody responses. Public Libr Sci One. 2008;3(7).

264. Blackmann MJ, Whittle H, Holder AA. Processing of the Plasmodium falciparum major merozoite surface protein-1: Identification of a 33-kilodalton secondary processing product which is shed prior to erythrocyte invasion. Mol Biochem Parasitol. 1991;49:35–44.

265. Guevara Patiño JA, Holder AA, McBride JS, Blackman MJ. Antibodies that inhibit malaria merozoite surface protein-1 processing and erythrocyte invasion are blocked by naturally acquired human antibodies. J Exp Med. 1997;186(10):1689–99.

Page 79: Caracterização da reatividade serológica e antigénica ... · A imunidade adquirida durante a interação parasita-hospedeiro influencia o quadro clínico da infeção,

68

Anexos

Anexo 1 - Parecer sobre Protocolo de Estudo

Page 80: Caracterização da reatividade serológica e antigénica ... · A imunidade adquirida durante a interação parasita-hospedeiro influencia o quadro clínico da infeção,

69

Anexo 2 - Aprovação do Protocolo de Pesquisa