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Caracterização e Análise da Gestão das Instalações Desportivas Públicas Não Escolares do Município de Rio Branco, Acre - Brasil. Orientador: Professor Doutor José Pedro Sarmento de Rebocho Lopes Rodonilton Pontes de Souza Porto, 2014 Dissertação apresentada à Faculdade de Desporto da Universidade do Porto, no âmbito do curso do 2º Ciclo de estudos conducente ao grau de Mestre em Gestão Desportiva, de acordo com o Decreto-Lei nº 74/2006, de 24 de março.

Caracterização e Análise da Gestão das Instalações ... · graças à colaboração, disponibilidade, apoio e incentivo de um conjunto de ... aqui. Ao meu pai Sebastião Souza

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  • Caracterizao e Anlise da Gesto das Instalaes Desportivas Pblicas No Escolares do Municpio de

    Rio Branco, Acre - Brasil.

    Orientador: Professor Doutor Jos Pedro Sarmento de Rebocho Lopes

    Rodonilton Pontes de Souza

    Porto, 2014

    Dissertao apresentada Faculdade de Desporto

    da Universidade do Porto, no mbito do curso do 2

    Ciclo de estudos conducente ao grau de Mestre em

    Gesto Desportiva, de acordo com o Decreto-Lei n

    74/2006, de 24 de maro.

  • II

    FICHA DE CATALOGAO

    Souza, R. P (2014). Caracterizao e Anlise da Gesto das Instalaes Desportivas Pblicas No Escolares do Municpio de Rio Branco, Acre-Brasil. Porto: Rodonilton Pontes de Souza. Dissertao de Mestrado em Gesto Desportivas apresentada Faculdade de Desporto da Universidade do Porto. Palavras-Chave: DESPORTO; INSTALAES DESPORTIVAS;

    CARACTERIZAO, MAPEAMENTO; GESTO DESPORTIVA.

  • III

    DEDICATRIA

    minha Famlia Aos meus amigos

  • V

    AGRADECIMENTOS

    A realizao deste trabalho a concretizao de um sonho que s foi possvel

    graas colaborao, disponibilidade, apoio e incentivo de um conjunto de

    pessoas e de instituies que tiveram um papel decisivo para a sua concluso.

    Por isso, aproveitando esse momento gostaria de expressar os meus puros e

    sinceros agradecimentos:

    Primeiramente a Deus por ter me dado sade e f para conseguir chegar at

    aqui.

    Ao meu pai Sebastio Souza (in memoriam) e a minha me Maria Vilani que

    foram a minha base de sustentao e inspirao e que sempre fizeram todos

    os esforos possveis para ver o crescimento e sucesso dos filhos.

    A minha irm Elisngela Pontes, ao meu cunhado Anbal Diniz e a minha

    sobrinha Ana Beatriz pelo incentivo, apoio e compreenso.

    A minha namorada e companheira Ana Paula Xavier pelo incentivo, apoio,

    compreenso e pacincia pelos dias de ausncia.

    Ao meu amigo irmo Saulo Azevedo pelo apoio e incentivo.

    A toda minha famlia em Rio Branco.

    Aos meus amigos que sempre me incentivaram e me apoiaram.

    Um agradecimento especial ao meu amigo Jos Reinaldo pelo incentivo e

    auxilio dado para o meu ingresso ao mestrado, ao apoio e companheirismo nos

    dias que fiquei longe de casa e da famlia. Estendo esse agradecimento

    tambm a sua esposa Rose e aos seus filhos Thiago e Rafael que foram a

    minha famlia em terras Portuguesas.

    Professora Doutora Maria Jos de Carvalho pela recepo a mim dada na

    chegada faculdade e as contribuies e orientaes durante todo o processo

    acadmico.

  • VI

    Ao Professor Doutor Jose Pedro Sarmento pelo aprendizado e orientao no

    trabalho, mais principalmente pelo acolhimento, ateno e carinho que sempre

    teve comigo e com todos os alunos brasileiros que ali estiveram.

    instituio, Faculdade de Desporto e todos os colaboradores que

    contriburam para a minha formao e conhecimentos adquiridos.

    Maria de Lurdes que sempre foi atenciosa e prestativa nas vezes que

    procurei a secretaria da faculdade.

    Aos professores do curso de Gesto Desportiva pelos ensinamentos e

    dedicao.

    Aos meus colegas de curso e do gabinete de gesto desportiva. Em especial

    aos amigos brasileiros Renan, ngelo, Flaubert, Gleice, Bruna e Raquel que

    compartilharam comigo as angustias, tristezas e alegrias durante as aulas e

    convvio no primeiro ano do mestrado.

    Aos amigos portugueses que sempre foram prestativos e solidrios.

    Ao governo do estado do Acre pela compreenso nos momentos que precisei

    me ausentar do trabalho para me dedicar construo desse trabalho.

    Obrigado a todos!

  • VII

    NDICE GERAL

    Dedicatria III

    Agradecimentos V

    ndice geral VII

    ndice de tabelas IX

    ndice de figuras X

    ndice de grficos XI

    Lista de abreviaturas XII

    Resumo XIII

    Abstract XV

    INTRODUO 1

    CAPTULO I REVISO DE LITERATURA 9

    1. O Desporto e sociedade 11

    1.1. O Desporto 11

    1.2. A importncia social do Desporto 14

    1.3. O Direito ao Desporto 17

    1.3.2. A Constituio da Repblica Federativa do Brasil e o Desporto 19

    1.3.3. A Constituio do Estado do Acre e o Desporto. 20

    1.3.4. Lei orgnica do municpio de Rio Branco Acre e o Desporto 22

    1.4. O Poder Pblico as polticas pblicas para o Desporto 24

    2. As Instalaes Desportivas 31

    2.1. As instalaes desportivas e a prtica desportiva 34

    2.2. Planejamento das instalaes desportivas 35

    2.3. Caracterizao e tipologias das instalaes desportivas 40

    2.4. Ordenamento das instalaes desportivas 44

    2.4.2. Mapeamento e condies de utilizao das instalaes desportivas 49

    2.5. Modelos de gesto - instalaes desportivas pblicas 51

    2.6. Manuteno das instalaes desportivas 55

    CAPITULO II METODOLOGIA 59

    1. Metodologia 61

    1.1. Caracterizao do municpio de Rio Branco e sua histria. 63

    1.1.2. Populao e economia nos dias atuais 66

    1.1.3. Pirmide etria 69

    1.1.4. Economia 70

  • VIII

    1.1.5. Regionais do municpio de Rio Branco 71

    1.1.6. A gesto pblica do Desporto no municpio de Rio Branco 72

    1.1.7. Instalaes desportivas de Rio Branco 73

    1.2. Amostra da pesquisa 77

    1.3. O Processo de recolha de dados 77

    1.3.1. Reviso bibliogrfica e pesquisa documental 78

    1.3.2. Questionrio de caracterizao das instalaes 78

    1.3.3. Entrevistas semiestruturada 80

    1.3.3.1. Elaborao e validao do guio de entrevista 81

    1.3.3.2. Seleo dos entrevistados 82

    1.3.3.3. Metodologia das entrevistas e transcrio 83

    CAPITULO III APRESENTAO E DISCUSSO DOS RESULTADOS 85

    1. Caracterizao das instalaes desportivas do municpio de Rio Branco 87

    1.1. Nmero de instalaes desportivas e seus proprietrios. 88

    1.2. Caracterizao e tipologias das instalaes desportivas 90

    1.3. Estado de conservao das instalaes desportivas. 96

    1.4. Distribuio das instalaes desportivas no municpio. 99

    1.4.1. Indicadores de ordenamento - M til por habitantes 101

    2. Discurso emprico: gesto das instalaes desportiva no municpio de Rio Branco 104

    2.1. reas 1 - Desporto, Sociedade e Poder Pblico. 105

    2.2. reas 2 - A importncia das instalaes desportivas para o municpio. 108

    2.3. reas 3 - Planejamento e distribuio espacial das instalaes desportivas 110

    2.4. reas 4 - A gesto das instalaes desportivas 114

    2.5. reas 5 - Manuteno das instalaes desportivas. 115

    CONCLUSES 117

    RECOMENDAES 122

    REFERNCIAS 125

    ANEXOS XVII

    Anexo I XIX

    Anexo II XX

    Anexo III XXIII

  • IX

    NDICES DE TABELAS

    Tabela 1- Indicador de equipamentos esportivo por habitantes 47

    Tabela 2 - Indicador do nmero de habitante por instalao 47

    Tabela 3 - Indicador da rea territorial e raio de influncia 48

    Tabela 4 - Comparativo populacional de Rio Branco entre os anos de 1991 a 2010

    68

    Tabela 5 ndice de desenvolvimento humano de Rio Branco entre 1991 a 2010

    68

    Tabela 6 - Quadro das regionais na rea urbana e estimativas populacionais em 2013

    72

    Tabela 7 - Regionais na rea rural e estimativas populacionais em 2013. 72

    Tabela 8 - Instalaes desportivas do estado do Acre INESP 2000: 74

    Tabela 9 - Indicador M/habitante de Rio Branco. 103

    Tabela 10 - rea til das instalaes existentes em Rio Branco. 103

  • X

    NDICES DE FIGURAS

    Figura 1 - Mapa do Brasil com destaque para localizao Rio Branco Acre

    63

    Figura 2 - Foto area do centro de Rio Branco Acre 67

    Figura 3 - Atividades Econmicas de Rio Branco 70

    Figura 4 - Mapa de distribuio das regionais na rea urbana de Rio Branco.

    71

    Figura 5 Ginsio lvaro Dantas, construdo em 1975. 76

    Figura 6 Estdio Arena da Floresta, construdo em 2006. 76

  • XI

    NDICES DE GRFICOS

    Grfico 1 - Evoluo populacional de Rio Branco: 1940 1996 65

    Grfico 2 Pirmide etria de Rio Branco em 2010. 69

    Grfico 3 - Produto interno bruto de Rio Branco. 70

    Grfico 4 - Total de instalaes e proprietrios. 88

    Grfico 5 - Caracterizao - instalaes pblicas no escolares de Rio Branco

    91

    Grfico 6 - Caracterizao - comparao entre instalaes da prefeitura e gov. do estado

    92

    Grfico 7 - Tipologia - Instalaes desportivas pblicas no escolares de Rio Branco

    93

    Grfico 8 - Tipologia - Comparao entre as instalaes da prefeitura e do gov. do estado

    94

    Grfico 9 - Tipos de piso das quadras e campos. 95

    Grfico 10 - Condies de utilizao das instalaes desportivas. 97

    Grfico 11 - Comparao do estado de conservao das instalaes desportivas

    98

    Grfico 12 - Comparativo entre quantidade de instalaes e populao. 101

  • XII

    LISTA DE ABREVIATURAS

    CAPES - Coordenao de Aperfeioamento de Pessoal de Nvel superior

    FADEUP - Faculdade de Desporto da Universidade do Porto

    FIFA - Fdration Internationale de Football Association

    FUMBESA - Fundao de Bem Estar Social

    IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica

    IDHM - ndice de Desenvolvimento Humano Municpal

    INDESP - Instituto Nacional de Desenvolvimento do Esporte

    IPEA - Instituito de Pesquisas Economicas Aplicadas

    PMRB - Prefeitura Municpal de Rio Branco

    PT - Partido dos Trabalhadores

    SEE - Secretaria Estadual de Educao e Esporte

    SEMEL - Secretaria Municipal de Esporte e Lazer

    SEMOP - Secretaria Municipal de Obras Pblicas

    SEMSUR - Secretaria Municipal de Servios Urbanos

    SEOP - Secretaria Estadual de Obras Pblicas

    SMDGU - Secretaria Municipal de Desenvolvimento de Gesto Urbana

    UFAC - Universidade Federal do Acre

    UNESCO - United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization

    UNINORTE - Universidade Unio Esucacional do Norte

    PIB - Produto Interno Bruto

  • XIII

    RESUMO

    O Desporto uma prtica social cada vez mais generalizada pelo

    mundo, tornando-se um dos fenmenos sociais mais importantes da atualidade

    e est inserido diretamente na vida do cidado, onde os seus benefcios em

    uma tica de melhorar a qualidade de vida e o bem-estar da populao so

    cada vez mais reconhecidos.

    O poder pblico um dos principais fomentadores da prtica desportiva,

    sendo um dos seus deveres dar condies que permitam o seu fcil acesso

    atravs das polticas desportivas e a construo de instalaes desportivas que

    satisfaam a procura e as necessidades de prtica desportiva da populao.

    O presente estudo teve como objetivo caracterizar e analisar a gesto

    das instalaes desportivas pblicas no escolares do municpio de Rio

    Branco. Para tal, realizou-se a anlise documental, aplicao de questionrio e

    entrevista como principais elementos constitutivos do processo de recolha de

    dados.

    Os resultados desse estudo revelam que: (1) a prefeitura possui a

    maioria das instalaes desportivas quando comparado ao governo do Estado;

    (2) a maioria das instalaes so classificadas como instalaes desportivas de

    Base-formativa; (3) as quadras descobertas so os tipos de instalao

    desportiva mais presentes tendo a areia com o tipo de piso com maior

    predominncia; (4) mais de 66% das instalaes desportivas apresentam

    deficincias mnimas ou grandes, o que agravado por no existirem

    manutenes preventivas; (5) existe um grave desequilbrio em relao a

    distribuio espacial das instalaes dentro no municpio; (6) o nmero de

    instalaes desportivas existentes insuficiente; (7) no existem mecanismos

    de planejamento, concepo e distribuio espacial das instalaes; (8) o

    modelo de gesto adotado a gesto direta.

    PALAVRAS-CHAVE: DESPORTO; INSTALAES DESPORTIVAS;

    CARACTERIZAO, MAPEAMENTO; GESTO DESPORTIVA.

  • XV

    ABSTRACT

    Sport is an increasingly widespread social practice around the world,

    becoming one of the most important social phenomena of our time and is

    inserted directly into the lives of citizens, where their benefits in a perspective of

    improving the quality of life and well-being the population are increasingly

    recognized.

    The government is one of the main promoters of the sport, being one of

    these duties provide conditions that allow your easy access through sporting

    policies and the construction of sports facilities that meet the demands and

    needs of the sporting population.

    The present study aimed to characterize and analyze the management of

    non-school public sports facilities in the municipality of Rio Branco. So, we

    conducted a documentary analysis, a questionnaire and interview as the main

    constituent elements of the data collection process.

    The results of our study show that: (1) the City Hall has the most of the

    sports facilities when compared to the state government; (2) the most

    installations are classified as Sport Facilities Base-formative; (3) the uncovered

    blocks are the types of sports facility having more present with the sand floor

    type with predominance; (4) more than 66% of sports facilities have minimal or

    major deficiencies which is aggravated because there are no preventive

    maintenance; (5) there is a serious imbalance in relation to spatial distribution of

    facilities within the municipality; (6) the number of existing sports facilities are

    inadequate; (7) there are no mechanisms for planning, design and spatial

    distribution of facilities; (8) the management model is the direct management.

    KEYWORDS: SPORTS; SPORTS FACILITIES; CHARACTERIZATION,

    MAPPING; SPORTS MANAGEMENT.

  • INTRODUO

  • 3

    INTRODUO

    O Desporto uma realidade onipresente e deve ser entendido como um

    fenmeno social universal que tem se revelado a cada dia como parte

    integrante da vida da sociedade moderna (Constantino, 2006). Esse fenmeno

    desportivo atravessou sculos, em formas e modelos mais ou menos

    codificados, sendo muito mais do que um mero divertimento ldico ou simples

    atividade fsica, tornando-se uma exigente filosofia e pedagogia da existncia,

    a afirmar que o homem tem que se cumprir em todos os campos e reas do

    seu labor, no sendo dispensado de se transcender e humanizar tambm pelas

    performances corporais (Bento & Bento, 2010, p. 18).

    Temos observado nos ltimos anos o aumento gradativo da procura por

    atividades desportivas por todos os segmentos sociais, seja em busca de lazer,

    sade, qualidade de vida ou Desporto de rendimento. Esse aumento tem

    ocorrido de forma voluntria ou estimulada atravs da realizao de

    campanhas mundiais de estimulo a prtica desportiva como o caso, por

    exemplo, do Dia do Desafio e o Agita Mundo que so campanhas com o

    intuito a promover uma grande mobilizao mundial para a reflexo e a

    realizao de aes a favor da adoo de estilo de vida mais ativo, buscando

    uma melhor condio de sade, bem-estar e qualidade de vida das populaes

    em todo o mundo (Dacosta 2008).

    Os grandes eventos esportivos transmitidos para todo mundo atravs

    dos mais variados meios de comunicao, programas na TV que tratam da

    importncia da atividade fsica e do lazer e o acesso mais fcil a informao

    por meios da internet so alguns dos meios que tambm tem influenciado esse

    aumento da prtica do desporto na sociedade e paralelo a isso vem a

    necessidade de existirem instalaes desportivas que atendam as demandas e

    anseios da sociedade.

    O poder pblico tambm um dos principais intervenientes e

    fomentadores na promoo da prtica desportiva e seu dever dar condies

    que permitam o acesso facilitado ao desporto a todos os cidados. Para isso,

    fundamental a criao de polticas desportivas com propostas lgicas na busca

    de concretizar aes que proporcionem a contnua melhoria do bem-estar da

    populao e que tambm garantam infraestruturas desportivas que atendam as

  • 4

    necessidades da sociedade e estas, devem ser geridas de forma eficiente

    visando a sua utilizao plena e continua.

    No Brasil a prtica desportiva um direito constitucional previsto no seu

    art. 217 da constituio federal, devendo ser fomentada de maneira

    indiscriminada atendendo as prticas formais e no formais do Desporto.

    Governo Federal, estados e muncipios atuam de forma descentralizada, onde

    cada um cria e desenvolve sua prpria politica desportiva.

    Os investimentos pblicos visando criao e disponibilizao de

    instalaes desportivas para prticas desportivas tem sido perceptveis,

    influenciados principalmente pelos grandes eventos que o Brasil vem sediando

    nos ltimos anos (Jogos Pan-Americano 2007, Copa do Mundo 2014 e

    Olimpadas 2016). Contudo, tambm necessrio pensar em uma rede de

    infraestrutura que oferea uma diversidade de instalaes desportivas com

    maior acessibilidade e levando em considerao as necessidades da

    populao, pois assim o poder pblico vai cumprir o seu papel social e poltico

    (Constantino, 1999).

    Para que isso acontea fundamental que essa rede de infraestrutura

    desportiva seja pensada e planejada com base na realidade desportiva local,

    onde as caractersticas, tipologias e distribuio geogrfica das instalaes

    desportivas j existentes, sirvam de parmetro para tomada de decises.

    Segundo Constantino (1999), as caracterstica e distribuio geogrfica dessas

    instalaes desportivas devem estar articuladas com os fatores de

    desenvolvimento do municpio.

    Desde 2006 trabalhando como tcnico especialista em Educao Fsica

    da secretria de Esporte do Estado do Acre, tivemos a oportunidade de

    acompanhar e conhecer as politicas pblicas desportivas desenvolvidas no

    estado do Acre e no municpio de Rio Branco.

    Nesse contexto observou-se que em relao as instalaes desportivas

    sempre existiu o anseio por parte dos gestores de modernizar e ampliar a rede

    de infra estrutura desportiva existentes no Acre, principalmente na capital, Rio

    Branco. Contundo, agregado a esses anseios no percebemos a existncia de

    um planejamento especfico centrado em bases slidas embasados em

    estudos e dados que caracterizem a realidade desportiva local assim servindo

    elementos norteadores para tomadas de deciso.

  • 5

    A implantao desordenada de instalaes desportivas que em muitas

    vezes no atendem a necessidade da comunidade, assim como tambm h

    concentrao de vrias instalaes desportivas em uma mesma rea, o que

    acaba privilegiando apenas as pessoas que moram no entorno. Outra

    preocupao no existncia de uma poltica de manuteno continua para as

    instalaes desportivas existentes, uma vez que, observamos a construo de

    novas instalaes enquanto um grande nmero apresenta-se sem condies

    de uso muitas vezes provocadas pela falta de pequenos reparos.

    A importncia de um estudo sistemtico de distribuio espacial e do

    fenmeno esportivo ressaltada por DaCosta (2005) e Cunha (2007) ao

    afirmarem que o reconhecimento do nvel urbano de instalaes desportivas

    disponveis a populao e sua respectiva qualidade de vida em matria de

    desporto so fundamentais, alm de revelar importantes aspectos econmicos,

    histricos, scio-culturais e polticos.

    Percebe-se que esse tipo de planejamento parece no ser uma

    realidade no estado do Acre e em muitos de seus municpios. Esta situao

    nos deixam inquietos, e devido a nossa atividade enquanto profissionais do

    desporto e funcionrio da secretaria de esporte do Estado, agregado as fortes

    motivaes pessoais em querer aprofundar na teoria e na prtica os

    conhecimentos e modos de interveno do poder pblico em matria de

    polticas desportivas voltadas para as instalaes desportivas neste caso,

    num estudo centrado no municpio de Rio Branco levaram-nos seguinte

    questo de partida para o andamento deste trabalho.

    Qual a realidade do municpio de Rio Branco no que diz respeito s

    instalaes desportivas pblicas no escolares?

    A opo de no incluir nesse estudo as instalaes desportivas

    presentes em escolas, clubes sociais e privados justifica-se por entender-se

    que esses espaos restringem o seu uso ao cidado comum e na maioria das

    vezes fazem algum tipo de cobrana por sua utilizao.

    Em relao s escolas pblicas, essas tambm so de responsabilidade

    do poder pblico, porm os seus diretores/reitores possuem total autonomia na

    gesto do espao escolar e das instalaes desportivas l presentes, tendo

  • 6

    como foco principal o atendimento de sua clientela especfica (aluno), visando

    cumprir as exigncias previstas no currculo escolar obrigatrio. No raro

    encontrarmos no municpio de Rio Branco escolas que no abrem seus portes

    para a comunidade local ou quando assim fazem cobram por sua utilizao.

    Contudo, entendemos e reconhecemos que todas essas instalaes so

    importantes e contribuem de forma direta para o desenvolvimento desportivo

    local, porm, devido aos motivos acima apresentados no as incluiremos nesse

    estudo.

    Problema

    Para que o poder pblico possa cumprir com a sua obrigao

    constitucional de fomentar o Desporto de maneira indiscriminada atendendo as

    prticas formais e no formais fundamental que ele crie condies fsicas e

    administrativas para que o desporto acontea.

    A construo de instalaes desportivas fundamental para a realizao

    das prticas desportivas e esses devem ser pensados e estruturados visando a

    atender a realidade local e responder as necessidades sociais e promover o

    equilbrio na oferta de espaos desportivos, considerando a distribuio da

    populao no territrio e as condicionantes exigidas pelas entidades de prtica

    desportiva.

    O poder pblico deve adotar uma gesto que melhor se adeque a

    realidade local onde as polticas pblicas possam dar respostas rpidas aos

    anseios da sociedade em relao as prtica desportiva.

    Por isso, formulamos como problema desse estudo:

    Qual a disponibilidade das instalaes desportivas pblicas no

    escolares do Municpio de Rio Branco.

  • 7

    Objetivo Geral:

    O objeto de estudo desse trabalho caracterizar as instalaes

    desportivas e analisar o tipo de gesto com base no discurso dos

    responsveis do municpio de Rio Branco.

    Objetivos Especficos:

    Compreender de forma clara a quantidade de instalaes desportivas

    pblicas no escolares disponveis;

    Identificar a tipologia, as caractersticas principais das instalaes

    desportivas;

    Avaliar a qualidade das instalaes desportivas;

    Saber como as instalaes desportivas esto distribudas no territrio

    e como foi realizado o seu planejamento;

    Analisar o modelo de gesto adotado para instalaes desportivas

    com base no discurso dos gestores;

    Estrutura do Trabalho

    Sobre a estrutura da presente dissertao, apresenta-se primeiramente

    uma introduo seguida de trs captulos, e posteriormente apresentaremos as

    principais concluses e limitaes do estudo seguidas das referncias

    bibliogrficas e anexos.

    Na presente introduo est a apresentao do estudo, o problema e os

    objetivos e a estrutura da dissertao.

    No primeiro captulo apresentada a reviso bibliogrfica de todo o

    nosso estudo, onde caracterizada as matrias e temticas relacionadas com

  • 8

    a representao do desporto na sociedade, a importncia social do Desporto, o

    direito ao desporto, o poder pblico e as polticas pblicas para o Desporto, as

    instalaes desportivas e a prtica desportiva, planejamento das instalaes,

    caracterizao e tipologias das instalaes, ordenamento e condies de

    utilizao, e os modelos de gesto.

    No segundo captulo apresentada a descrio de forma detalhada da

    metodologia utilizada para a composio do respetivo estudo, caracterizao

    do municpio de Rio Branco e sua histria, a amostra da pesquisa,

    instrumentos utilizados para recolha de dados e procedimentos para a

    respetiva anlise.

    No terceiro e ltimo captulo, feita uma apresentao e discusso dos

    resultados fazendo a comparao com estudos similares e a literatura

    apresentada na reviso bibliogrfica.

    Na concluso, atravs dos resultados encontrados evidenciam-se as

    principais concluses do nosso estudo e as recomendaes.

    Por fim, so apresentadas as referncias bibliogrficas e os anexos.

  • REVISO DE LITERATURA

  • 11

    CAPTULO I REVISO DE LITERATURA

    1. O Desporto e a sociedade

    1.1. O Desporto

    O Desporto um fenmeno social e que tem uma linguagem comum

    conhecida em todo mundo, mas encontrar uma definio para desporto no

    uma tarefa muito fcil, j que suas caractersticas dificultam a criao uma

    nica definio capaz de englobar algo to diversificado. Por isso, Bento &

    Bento (2010), expressaram que se o desporto for definido de forma rpida e

    curta certamente dir pouco; e, sendo muito extensa acabar fugindo do

    conceito e no sendo muito claro.

    Constantino (2006, p. 12), afirma que o Desporto uma realidade

    omnipresente e incontornvel na histria... sendo um fenmeno to presente

    na nossa contemporaneidade, nem sempre tem sido fcil compreend-lo e

    interpret-lo.

    Garcia (2009), tambm salienta a dificuldade em definir Desporto, mas

    afirma que essa definio deveria partir do elemento comum a todas as formas

    existentes do desporto, o ser humano. O Desporto um lugar onde possvel

    comprovar a capacidade do homem e do seu corpo, pois um dos

    instrumentos de fabricao do homem, de criao do seu corpo e da sua alma

    (Bento, 2007).

    O Desporto deve ter ideias centradas no homem, pois este deve ser

    entendido como a centralidade inerente sua condio de sujeito e no deve

    ser pensado como uma realidade perifrica (Garcia, 2009). E ligada ao corpo

    est sade, tanto pela normal atribuio ao corpo dos estados de sade e de

    doena, como tambm pela atribuio da atividade fsica como fundamental

    para um estilo de vida saudvel (Bento, 2004).

    Para (Constantino, 2007), o Desporto um fenmeno que tem marcado

    e certamente continuar a marcar profundamente a vida do homem, e a sua

    complexidade necessita ser abordada e estudada em diferentes nveis. um

    fenmeno portador de extrema importncia, que assume especial destaque na

    vida da sociedade atual.

  • 12

    Ainda segundo o autor, homem e sociedade foram evoluindo com o

    passar dos anos e os valores intrnsecos sua vivncia foram se alterando na

    sua importncia. O mundo uma constante de mudanas e as mudanas

    trazem novos princpios orientadores e novos significados aos valores

    humanos.

    O Desporto assim como vrias situaes da vida humana tambm so

    passveis de mudanas e alteraes. O Desporto sempre foi uma prtica, no

    entanto o sentido que lhe foi e atribudo tem de ser inserido e contextualizado

    em cada poca, dentro de determinados padres e valores, associado s mais

    diversas vivncias e realidade social (Carvalho, 1994).

    Ao analisarmos a evoluo do Desporto na sociedade, verificamos que a

    atividade fsica sempre marcou presena na existncia humana. Desde sempre

    o homem teve a necessidade de se movimentar atravs da caminhada, da

    corrida ou deslocar-se de forma gil e rpida para caar. Desde a Idade Mdia

    referenciada a existncia da prtica de vrios jogos praticados de maneiras

    variadas que posteriormente foram convertidos em torneios, de acordo com a

    cultura em que a populao estava inserida (Carvalho et al., 2012). A prtica

    desportiva era realizada de forma espontnea e j nesse tempo tinha implcito,

    a contribuio para o equilbrio fsico e mental do indivduo.

    O Desporto faz ento, parte da vida humana. um fenmeno

    antropolgico fundamental em todas as pocas dos anos (Bento, 1991).

    Carvalho et al. (2012) afirma que a estrutura do Desporto a qual

    conhecemos com regras, princpios e finalidades um produto do

    desenvolvimento social recente apesar de conhecermos o Desporto a mais de

    um sculo.

    Quando tratamos do Desporto contemporneo inevitvel

    contemplarmos uma grande variedade de significados modificando totalmente

    os conceitos sociais aplicados ao contexto geral no mbito desportivo. Neste

    sentido o conceito de desporto ocupa um lugar muito importante em relao ao

    desenvolvimento da atual sociedade.

    Para Constantino (2006, p. 16) o Desporto o reflexo de uma

    sociedade onde o rendimento, o avano cientfico e tecnolgico, o

    desenvolvimento econmico, conflitam muitas vezes com a viso prometeica

  • 13

    do progresso e do bem-estar social. Porque tambm o desporto contm as

    contradies inerentes a outras prticas sociais e sociedade.

    Para Tubino (1999), o Desporto deve ter uma definio em funo da

    ao desportiva que ele exerce, ampliando assim o seu entendimento,

    deixando de ser uma pura e simples logica do alto rendimento. Essa alterao

    conceitual, segundo o autor, seria decorrncia de um conjunto de crticas ao

    Desporto de performance.

    O Desporto tornou-se, tambm, um grande meio desta cultura do tempo

    livre, e o que fez com que o modelo tradicional caracterizado pelo treino e

    competio comeasse a dar lugar a outros valores, ligados a uma forte

    acentuao de comportamentos de superao, j que os valores tradicionais

    no so mais suficientes para tratar de todas as necessidades e exigncias do

    contexto atual (Queirs, 2004).

    Constantino (2006), considera que o Desporto pode influenciar a

    sociedade e ser influenciado por ela, pois as mudanas atualmente

    experimentadas pela sociedade, as explicaes tericas e mesmo empricas

    so cada vez mais rpidas, fracas, especificas e sobre tudo locais.

    O desporto, enquanto prtica corporal socialmente construda, transforma-se e adquire significaes e funes distintas em funo dos diferentes atores scias que as apropriam. O desporto pode servir de meio de incluso de normas culturais, de processos de expanso de identidades sociais, de suporte de ideologias de afirmao de legitimidade poltica. O ato desportivo no s uma expresso da capacidade de rendimento corporal. claramente, um produto que encerra um valor cultural, econmico e politico (Constantino, 2006, p. 9).

    Portanto, se no passado o Desporto era uma atividade orientada e

    estruturada para o alto rendimento, atualmente o desporto passou

    progressivamente a ser uma prtica aberta a todas as pessoas, de todas as

    idades e a todos os estados de condio fsica e sociocultural (Bento, 2007, p.

    21). Agora, o desporto de alto rendimento, com vista excelncia, expandiu-se

    assumindo novos fins e significados: sade, recreao e lazer, aptido e

    esttica corporal, reabilitao e incluso, entre outros.

  • 14

    Neste sentido, segundo o mesmo o autor, o Desporto alicera-se hoje

    num entendimento plural constituindo um fenmeno cheio de significados e

    manifestando-se numa realidade em que se apresenta cheio de formas.

    Os aspectos presentes no Desporto provocam efeitos positivos nas

    pessoas como, por exemplo, a melhora da qualidade de vida, alm de tambm

    estimular a economia. Isso faz com que cada vez mais o desporto seja olhado

    como um produto e, simultaneamente um processo e um servio gerador de

    educao, de cultura, de lazer e de economia (Bento, 2007).

    As caractersticas presentes no Desporto e sua importncia social so o

    combustvel para o interesse para seu estudo, buscado sempre entender e

    potencializar esse fenmeno social.

    1.2. A importncia social do Desporto

    A prtica desportiva ocupa atualmente um lugar de enorme importncia

    na vida de qualquer comunidade. Se h tempos atrs era praticada por uma

    minoria, hoje uma atividade desejada por todas as classes sociais.

    Na sociedade atual incontestvel a importncia atribuda ao desporto,

    visto que vivemos tempos onde se valoriza cada vez mais a cultura do tempo

    livre. Evidentemente, as formas de ocupar o tempo livre so variadas, mas o

    desporto tem, sem dvida, um importante papel social a desempenhar.

    At mesmo as pessoas que afirmam no gostar ou que no tem o hbito

    de ocupar o seu tempo livre com a prtica do Desporto, reconhecem a sua

    importncia social.

    O Desporto um dos fenmenos sociais que acompanha o

    desenvolvimento e a internacionalizao do capitalismo, alastrando-se a partir

    da Europa pelo mundo fora, constituindo um movimento de mundializao

    (Constantino, 2006).

    O Desporto moderno , na sua essncia scio-cultural, uma fenmeno

    urbano, um elemento da civilidade e cultura citadina, uma parcela de

    urbanidade e do civismo. Uma forma de conquista da cidade e da cidadania

    (Bento, 1995, p. 236).

  • 15

    Alguns estudos sociais que analisam os interesses da populao em

    relao ao Desporto so citados por Lamas (2001). Dentre eles encontramos

    fatores como:

    Novos conceitos o Desporto no se relaciona apenas como uma

    atividade virada para a competio, mas sim vincula aos aspectos recreativos,

    de sade, educativos, profissionais, etc.

    Novas motivaes o Desporto no entendido como uma atividade

    exclusivamente relacionada com a superao com a vitria. Hoje em dia, na

    sua concepo universal, fundamenta a sua atividade na relao humana, na

    integrao, no cuidado do corpo, na relao com a natureza, etc.

    Novos praticantes - o Desporto no se concebe apenas para pessoas

    com qualidades fsicas desenvolvidas e jovens, existe sim um desenvolvimento

    do Desporto na sua concepo universal, que engloba todo tipo de pessoas

    sem qualquer tipo de limitao, tendo em conta o sexo, idade, raa, nvel

    social, religio, etc.

    Novas estruturas organizativas o Desporto j no depende

    exclusivamente das estruturas federativas. Existe j uma grande oferta de

    outras instituies privadas, profissionais e administrativas capazes de

    satisfazer as necessidades das populaes.

    Ainda segundo o mesmo autor, encontramos necessidade de poder

    descrever o conceito de Desporto num contexto geral e poder esclarecer os

    diversos mbitos em que se enquadra, ou seja, hoje em dia o Desporto

    emprega uma quantidade de aspectos relacionados com a sociedade e com a

    conduta humana.

    Sarmento (2009), explica que o Desporto moderno visto como um

    meio de aglutinao e consolidao social atravs da prtica desportiva

    organizada, uma vez que desenvolve os conceitos bsicos da vida em

    comunidade, como o respeito pelas regras, o trabalho em equipe, o

    voluntariado, a superao, o apoio aos desfavorecidos, e a luta por nveis mais

    evoludos e por uma sade pblica cada vez mais efetiva.

    Bento & Bento (2010), consideram que participar no desporto participar

    na construo de pessoas e identidades cujo ego sempre um esprito

    incarnado, uma tatuagem corprea da alma. Ocupamo-nos da apropriao e

    irradiao de smbolos, mitos e ideias atravs de desempenhos corporais, pois

  • 16

    o Desporto um dos fatores de exaltao da humanidade e da sua maestria

    em canalizar as foras primrias e rasteiras da nossa natureza para fins que

    nos engrandecem e enternecem.

    Bento (2005, p. 39), acredita que o Desporto valioso por causa do

    nosso amor e paixo por ele, pelos sentimentos que nos desperta, pelas ideias,

    princpios e valores que nele investimos e pelas finalidades e funes com que

    o instrumentalizamos.

    Pereira (2009), partilha a mesma opinio considerando que o Desporto

    na sociedade cada vez mais um bem para todas as pessoas que o praticam e

    representa um meio importante para alcanar vrios benefcios fisiolgicos,

    psicolgicos e sociais.

    O Desporto na atualidade, assim como outros processos de expresso coletiva da humanidade, um amplo fenmeno social, econmico e cultural, que percorre o mundo globalmente e que carece de ser entendido na sua contribuio real ou potencial para os processos de Desenvolvimento Humano (Correia, 2009, p. 9).

    As caractersticas do Desporto, seja ele de carcter competitivo ou no,

    favorecem o aparecimento de uma forma rpida e consistente de

    comportamentos ajustados socialmente, tanto no seio da prpria atividade

    como fora dela, para alm de desencadear um ajustamento de

    comportamentos e rotinas de vida nos membros do agregado familiar dos

    praticantes. Por isso, o Desporto, sem ser a frmula mgica para a insero

    social , com certeza, um meio de incluso (Costa, 1987).

    Portanto, a atividade desportiva assume progressivamente uma maior

    presena e protagonismo nas sociedades modernas. Cada vez mais os

    cidados procuram na prtica desportiva, o bem-estar fsico, a sade e a

    ocupao dos tempos livres. A conscincia crescente sobre os benefcios para

    a sade pblica, o papel potencial do Desporto e da atividade fsica no

    desenvolvimento das crianas e jovens, assim como a necessidade de

    incrementar as prticas de exerccio na populao idosa, tiveram um grande

    impulso no sentido de um melhor entendimento da atividade fsica por parte

    dos cidados (Mota, 1999). O Desporto contribui para um esprito de cidadania

  • 17

    essencial para o crescimento sustentado das sociedades modernas, melhora o

    esprito de equipe e os laos sociais entre as pessoas.

    O Desporto une as pessoas, aumenta a autoestima, ajuda a melhorar a

    condio de vida das crianas em situao de risco, mostra uma outra forma

    de encarar a vida, ensina disciplina, esprito de equipe, determinao para

    vencer. E pra se vencer na vida, essas coisas so fundamentais. aquela

    histria de saber ganhar e saber perder.

    A atividade esportiva, como forma de integrao social, aproxima as

    crianas de um futuro melhor, mas tambm contribui na formao

    interdisciplinar com finalidades educativas para alunos do curso de educao

    fsica, ajuda a desenvolver competncias pessoais, produtivas e sociais.

    O Desporto tem uma funo social importante de interligao entre as

    pessoas, de respeito pelo prximo, pelo adversrio, de convivncia e de tica

    pela vida que compete conosco. Portanto, o Desporto alia-se funo social

    dado que fomenta a relao entre os indivduos, entre os atletas, entre os

    adeptos e entre as massas.

    1.3. O direito ao Desporto

    De acordo com Carvalho et al. (2012, p. 41), o Desporto, a poltica e

    direito constituem, na verdade, um tringulo dourado intrinsecamente unido,

    cuja sustentao e cujo sucesso dependem do desempenho individual e/ou

    coletivo, face estratgia, misso e vocao das organizaes.

    O reconhecimento do direito ao Desporto como direito fundamental de

    cada um dos cidados projeta-se na forma de encarar a prtica desportiva

    como atividade essencial no dia a dia das pessoas. Nesse contexto, o Desporto

    na sociedade dos nossos tempos, ocupa um espao bastante significativo e

    consequentemente fora o poder pblico a apresentar solues que atenda os

    anseios da sociedade.

    Reforando a ideia do direito ao Desporto Constantino (1999), legtima o

    Desporto como um direito do cidado, e essa relao supe um desporto

    medida de cada um, e esse direito vai alm do valor formal a fim de atender

    qualidade do direito exercido, ou seja, a qualidade do desporto praticado.

  • 18

    Cada poca tem o seu desporto, porque tem o seu cidado. Um e outro

    resultantes de mutaes sociais, sobretudo no plano dos valores, dos direitos,

    dos interesses, dos problemas e das necessidades (Bento, 1995, p. 231).

    Os Governos neste momento assumem um papel fundamental na

    difuso e desenvolvimento do Desporto e so as principais entidades que mais

    apoiam o associativismo e a prtica desportiva. Um dos seus principais

    objetivos dever ser facilitar o acesso prtica desportiva a todos os cidados

    independentemente da sua situao econmica e social (Carvalho, 1994).

    Como principal promotor da prtica desportiva, cabe aos governos, aos

    organismos do poder poltico, responsveis pelo Desporto impulsionar a

    realizao de estudos para conhecer as disposies de procura, avaliar as

    polticas e definir linhas de orientao capazes de promover o desenvolvimento

    desportivo de forma integrada e eficaz.

    Em 21 de Novembro de 1978, foi proclamada na Conferncia Geral da

    Organizao das Naes Unidas para a Educao, a Cincia e a Cultura,

    ocorrida em Paris, a Carta Internacional de Educao Fsica e Desporto da

    UNESCO, visando colocar o desenvolvimento da educao fsica e do

    Desporto ao servio do progresso da humanidade, promover o seu

    desenvolvimento e incitar governos, organizaes no-governamentais

    competentes, educadores, famlias e indivduos a inspirarem-se nela. No seu

    artigo 1, n. 1, estabelecido que todas as pessoas tm direito educao

    fsica e ao Desporto, direito entendido como indispensvel para o

    desenvolvimento das personalidades. No artigo 5, n. 5.2, os governos, os

    poderes pblicos, as escolas e os organismos privados competentes a todos os

    nveis so invocados a unir esforos e a concentraram-se no planejamento da

    localizao e da utilizao tima das instalaes e dos equipamentos e

    materiais necessrios educao fsica e ao Desporto.

    No Brasil o Desporto um direito fundamental de todo cidado garantido

    na constituio federal de 1988 (Brasil, 1988), e na lei (Pel, 1998) n 9.615 ,

    de 24 de maro de 1998 e Decreto n 7.984, de 8 de Abril de 2013, que institui

    normas gerais sobre desporto, criando os sistemas, conselhos e o plano

    nacional Desporto para o pas.

    O Decreto 7.984/2013 dispe no seu art. 3 que o desporto no pas deve

    ser reconhecido em trs manifestaes:

    http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/DEC%207.984-2013?OpenDocument

  • 19

    I - Desporto Educacional ou esporte-educao, praticado na

    educao bsica e superior e em formas assistemticas de educao,

    evitando-se a seletividade, a competitividade excessiva de seus

    praticantes, com a finalidade de alcanar o desenvolvimento integral do

    indivduo e a sua formao para o exerccio da cidadania e a prtica do

    lazer;

    II - Desporto de Participao, praticado de modo voluntrio,

    caracterizado pela liberdade ldica, com a finalidade de contribuir para a

    integrao dos praticantes na plenitude da vida social, a promoo da

    sade e da educao, e a preservao do meio ambiente;

    III - Desporto de Rendimento, praticado segundo as regras de

    prtica desportiva, nacionais e internacionais, com a finalidade de obter

    resultados de superao ou de performance relacionados aos esportes e

    de integrar pessoas e comunidades do Pas e de outras naes.

    A abrangncia destes Esportes vem desde a infncia, passando pela

    adolescncia, juventude, idade adulta chegando terceira idade. Como

    direito de todos, evidentemente que existem prticas organizadas

    institucionalmente e prticas no-formais.

    Governo Federal, Estados e Municpios dividem a responsabilidade de

    fomentar o Desporto e propiciar mecanismos para o seu desenvolvimento seja

    ele formal e no formal. Por isso, importante entender como os governos

    compartilham as responsabilidades da garantia prtica desportiva a todo

    cidado, para s assim, podermos fazer uma analise de como essa relao se

    d na vida das pessoas.

    1.3.1. A constituio da repblica federativa do Brasil e o Desporto

    A constituio federal o conjunto de regras que tem por objetivo de

    organizar e garantir um Estado Democrtico de Direito. Ela legitima os

    sagrados direitos fundamentais dos cidados e os princpios bsicos que

    regem o Pas estabelecendo as regras de organizao do poder pblico.

  • 20

    Por outras palavras, estabelece a estrutura do Estado e define as

    competncias dos principais rgos de soberania (Legislativo, Executivo e

    Judicirio), regulando a forma como estes se relacionam entre si. A estes

    rgos esto definidas atribuies e competncias que visam possibilitar aos

    cidados uma melhor qualidade de vida e acompanhar, apoiar e responder s

    necessidades das organizaes.

    A atual constituio da repblica federativa do Brasil considerada nova

    por ter apenas 26 anos j que sua promulgao foi realizada do dia 5 de

    outubro de 1988. O Desporto em termos legais est regulado de forma direta

    em dois artigos que garantem diretos e deveres fundamentais dos quais

    podemos destacar:

    Art. 6 - So direitos sociais a educao, a sade, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurana, a previdncia social, a proteo maternidade e infncia, a assistncia aos desamparados, na forma desta Constituio.

    Art. 217 dever do Estado fomentar prticas desportivas formais e no formais, como direito de cada um.

    Portanto, se constitui dever do Estado garantir sociedade o acesso ao

    Esporte, lazer, independentemente da sua condio socioeconmica dos

    distintos segmentos. A democratizao e a garantia de acesso ao Esporte e ao

    lazer contribuem para a reverso do quadro de injustia e vulnerabilidade

    social, uma vez, o Esporte e o lazer atuam como instrumento de formao

    integral do individuo.

    1.3.2. A constituio do Estado do Acre e o Desporto.

    Com a promulgao da constituio federal em 1988 e respeitando o

    seu artigo 25, os Estados organizam-se e regem-se pelas Constituies

    prprias e leis que adotarem, observados os princpios desta Constituio me.

    O Estado do Acre teve sua constituio estadual promulgada no dia 03 de

    outubro de 1989, ou seja, quase um ano aps a Constituio Federal. Ela a

    lei maior do Estado, pois regulamentam as diretrizes e os princpios que regem

  • 21

    o Estado democrtico de direito e como os governantes devem conduzir sua

    gesto.

    O Estado deve garantir no somente a proteo aos direitos de

    propriedade, mais que isso, deve defender atravs das leis todo um rol de

    garantias fundamentais, baseadas no chamado princpio da dignidade humana

    Est elencado no rol de direitos fundamentais da Constituio Brasileira de

    1988.

    Na regulamentao da constituio, o Estado do Acre apresenta um

    artigo especfico que tratando do Desporto, garantido direitos essenciais aos

    cidados acreanos conforme apresentamos a seguir:

    Art. 205. O Estado fomentar atividades fsica e prticas desportivas formais e no-formais, observados os seguintes princpios: I. Autonomia ampla das entidades desportivas dirigentes e associaes, quando sua organizao e funcionamento; II. Destinao de recursos para a atividade esportiva, oriundos do oramento pblico e de outras fontes, captados com a criao de instrumentos e programas especiais, com tal finalidade, priorizando o desporto educacional; III. Incentivo a programas de capacitao de recursos humanos, ao desenvolvimento cientfico e pesquisa, aplicados atividade esportiva; IV. Criao de medidas de apoio ao desporto participao e desporto performance, inclusive programas especficos para a valorizao do talento desportivo; V. Atendimento especializado s crianas carecedoras de cuidados especiais para prtica esportiva, prioritariamente no mbito escolar; VI. Incentivo s atividades esportivas e de lazer, especiais para a terceira idade, como forma de promoo e integrao social do idoso. Pargrafo nico. Cabe ao Conselho Regional de Desporto, na forma da lei, fiscalizar a distribuio e aplicao de verbas s entidades desportivas, bem como coordenar suas atividades.

    No Desporto o Estado v justificada a sua interveno devido ao fato de

    o mercado, por si s, se revelar incapaz de promover uma orientao

    adequada de recursos que possa satisfazer aquilo que socialmente se espera

    dele para o bem-estar geral das populaes e para a efetivao dos preceitos

    constitucionais (Correia,1997).

    Nesse sentido, (Bento, 1995, p. 231), afirma que o desporto configura-

    se como parte do processo de civilizao, e elemento da cultura urbana e

    citadina. Para o autor a cidade o local da civilidade, do convvio e bem-estar

    dos homens.

    http://pt.wikipedia.org/wiki/Direitos_fundamentaishttp://pt.wikipedia.org/wiki/Constitui%C3%A7%C3%A3o_Brasileira_de_1988http://pt.wikipedia.org/wiki/Constitui%C3%A7%C3%A3o_Brasileira_de_1988

  • 22

    1.3.3. Lei orgnica do municpio de Rio Branco Acre e o Desporto

    A lei orgnica municipal uma lei genrica, elaborada no mbito do

    municpio e conforme as determinaes e limites impostos pela constituio

    federal e do respectivo Estado, ela estabelece normas a que os cidados

    devem seguir sendo o instrumento maior de um municpio, pois constitui as

    diretrizes e os princpios que regem a cidade no que diz respeito aos direitos e

    deveres dos governantes e dos governados.

    Na Constituio Federal ela esta prevista no seu artigo 29 onde define o

    seu papel e como deve ser construda dentro da gesto do municpio:

    Art. 29 - O municpio reger-se- por lei orgnica, votada em dois turnos, com o interstcio mnimo de dez dias, e aprovada por dois teros dos membros da Cmara Municipal, que a promulgar, atendidos os princpios estabelecidos nesta Constituio, na Constituio do respectivo Estado. (Brasil, 1988).

    Ela tambm esta presente na constituio do Estado do Acre no seu

    artigo 13, onde reafirma a sua fundamental importncia para a conduo de

    uma gesto municipal autnoma beneficiando o desenvolvimento do municpio:

    Art. 13. Os Municpios so unidades territoriais que integram a organizao poltico-administrativa da Repblica Federativa do Brasil, dotados de autonomia poltica, administrativa e financeira, nos termos assegurados pela Constituio Federal, por esta Constituio e pelas respectivas Leis Orgnicas.

    A lei orgnica do municpio corresponde de uma forma mais simples

    constituio federal e Estadual. pela lei orgnica municipal que so

    definidos os instrumentos legais competentes para enfrentar as grandes

    mudanas em que a cidade se insere (Pedroso, 2010, p. 45).

    A lei orgnica de Rio Branco foi proclamada em 03 de abril de 1990,

    consequentemente, respeitando os artigos constitucionais, ela tambm

    estabeleceu suas diretrizes voltadas para garantir os aspectos fundamentais

    para o desenvolvimento do Desporto municipal atravs dos artigos 156,157 e

    158.

  • 23

    Art. 156 - dever do Municpio amparar e fomentar o desporto, a recreao e o lazer, como direito de todos, observados: I - A promoo prioritria do desporto educacional, em termos de recursos humanos, financeiros e materiais em suas atividades, meio e fim; II - A dotao de instalaes esportivas e recreativas para as instituies escolares pblicas; III - A garantia de condies para a prtica de educao fsica, do lazer e do esporte ao deficiente fsico, sensorial e mental; IV - Autonomia das entidades desportivas dirigentes e associaes, quanto a sua organizao e funcionamento; V - Proteo e incentivo s manifestaes desportivas de carter local; VI - O incentivo de prticas esportivas junto s associaes comunitrias organizadas. Art. 157 - A Educao Fsica parte integrante da grade curricular de ensino no Municpio de Rio Branco. Art. 158 - Toda escola pblica municipal que tenha mais de quatro salas de aula, dever, obrigatoriamente, contar com instalaes para prtica de atividades fsicas, observadas as peculiaridades climticas do Municpio.

    Certamente a lei orgnica municipal tem papel fundamental na definio

    e formulao de polticas pblicas, especialmente no que se refere ao social,

    que, de acordo com Carvalho (2001), deve buscar a reduo das

    desigualdades, segregaes e excluses sociais, contribuindo para a plenitude

    da cidadania.

    Visando apoiar os municpios no cumprimento de dever de fomentar o

    Desporto, o governo federal criou a lei n 10.257/01, intitulada O Estatuto da

    Cidade que visa apoiar e garantir a instrumentalizao dos municpios

    buscando o pleno desenvolvimento das funes sociais da cidade tambm

    estabelecendo uma gesto democrtica com garantia de participao da

    populao em todas as decises de interesse pblico para que eles tenham

    acesso aos servios, equipamentos urbanos e toda e qualquer melhoria

    realizada pelo poder pblico.

    Os municpios so os rgos de gesto com interveno direta no

    desenvolvimento desportivo. Perante este fato, as prefeituras assumem uma

    funo elementar na promoo e na prtica desportiva. Cabe aos municpios

    um melhor planejamento de espaos destinados ao uso desportivo, e

    quantificar o investimento que lhe ser destinado. Nesta perspectiva, a lei

    orgnica municipal e o plano diretor de cada municpio do so instrumentos de

  • 24

    suporte indispensveis definio de polticas e estratgias para uma

    interveno eficaz da gesto municipal (Carvalho, 2001).

    importante que os governos municipais nas suas estruturas

    organizativas apetrechem as respetivas unidades com recursos humanos

    qualificados, nomeadamente tcnicos de Desporto, cujo papel principal

    consiste em garantirem a liderana e a gesto dos processos que conduzem

    execuo das polticas desportivas superiormente definidas (Pereira, 2009, p.

    114).

    Almeida (2012, p. 148) considera que o Desporto municipal abriu via a

    uma poltica centralizada no cidado, e no apenas no atleta, vocacionada em

    garantir condies para uma atividade desportiva regular de todos os

    muncipes.

    A administrao municipal atravs das prefeituras a mais prxima do

    cidado, por isso, a que melhor conhece as suas necessidades e como tal

    deve prestar um maior nmero de servios no mbito do Desporto a todos os

    cidados, devendo estabelecer canais de comunicao com o objetivo de

    facilitar a todos o acesso prtica desportiva.

    Governos federal, estadual e municpios dividem as responsabilidades

    sociais de fazer cumprir as legislaes vigentes que visam garantir o direito

    social e constitucional da populao de acesso e incentivo ao desporto atravs

    das politicas publicas. Em virtude do desenvolvimento desportivo, estas

    entidades tm por obrigao conhecer as realidades sociais das populaes

    que vo atuar, os agentes e as estratgias de gesto desportiva que vo

    utilizar (Gallardo & Jimenez, 2004).

    1.4. O Poder Pblico as politicas pblicas para o Desporto

    De acordo com Silva (2014), poder pblico entende-se por um conjunto

    dos rgos com autoridade para realizar os trabalhos do Estado, constitudo

    de Poder Legislativo, Poder Executivo e Poder Judicirio, com estruturas

    poltico-administrativas, organizadas em conformidade com regulamentaes

    legais originadas no mbito pblico. Ainda segundo o autor, o poder pblico

    que formado por pessoas da prpria sociedade, possuem atribuies e

    competncias definidas que visam possibilitar aos cidados uma melhor

    http://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%93rg%C3%A3o_p%C3%BAblicohttp://pt.wikipedia.org/wiki/Estadohttp://pt.wikipedia.org/wiki/Poder_Legislativohttp://pt.wikipedia.org/wiki/Poder_Executivohttp://pt.wikipedia.org/wiki/Poder_Judici%C3%A1rio

  • 25

    qualidade de vida e acompanhar, apoiar e responder as necessidades das

    organizaes e garantir a cidadania a todos.

    No mbito pblico, tendo como atores principais os governos, nascem

    s polticas pblicas, voltadas atender os anseios e as necessidades da

    sociedade (Silva, 2014, p. 54).

    Para Correia (2009), as polticas pblicas so conjuntos de programas,

    aes e atividades desenvolvidas pelo Estado diretamente ou indiretamente,

    com a participao de entidades pblicas ou privadas, tendo como principal

    objetivo atender as demandas da sociedade garantidas como direito

    constitucionais.

    A este propsito, Souza (2006), afirma que as polticas pblicas

    implicam, obrigatoriamente, a referncia ao papel assumido pelos governos e a

    definio de estratgias para sua executar o que foi planejado. Para isso, o

    autor julga necessrio que outros elementos se envolvam no momento de

    formular polticas pblicas, pelo que, para alm do governo, inclua grupos de

    interesse e movimentos sociais.

    Neste sentido, Janurio (2010), afirma que todas as polticas pblicas

    carecem de interveno governamental a ponto de podermos afirmar que h

    convergncia suficiente relativamente ao fato de serem consideradas pblicas

    quando derivam da responsabilidade dos governos e/ou das autoridades locais

    em prol de um objeto pblico. Apesar desta afinidade, requerem objetivamente

    recursos materiais e humanos e ambicionam solucionar problemas pblicos,

    aperfeioar meios disponveis ou ainda, criar e garantir resultados polticos.

    Todo o processo da formulao daquilo que so as polticas pblicas

    desportivas deve ter incio atravs de uma vasta e consistente anlise do ponto

    de partida da sua definio, envolvendo um grande plano estratgico que

    englobe todo o sistema desportivo.

    s entidades responsveis pelo desenvolvimento desportivo (quer seja o

    prprio pas, regio, municpio, etc.), coloca-se um vasto leque de tarefas e

    responsabilidades, que devem ser consideradas atravs do desenvolvimento

    de programas prprios, com uma natureza interna capaz de harmoniz-los num

    processo que podemos chamar de poltica desportiva (Pires, 1998).

    Para (Constantino, 1990), a poltica desportiva de um governo um

    conjunto de aes e processos desenvolvidos pelo prprio governo, com o

  • 26

    objetivo de cumprir as competncias atribudas na Lei, no domnio do

    desenvolvimento do desporto atendendo s necessidades sociais e desportivas

    das respetivas populaes.

    Os governos devero prestar o maior nmero de servios desportivos ao

    pblico em geral, e estabelecer canais de comunicao capazes de ajudar

    todos os cidados ao acesso prtica desportiva, de acordo com as

    orientaes existentes.

    Janurio (2010), defende que o poder pblico deve promover o

    desenvolvimento desportivo com base nas polticas pblicas desportivas

    centradas no cidado. Estas no devem ser apenas sustentadas pelas

    necessidades bsicas, estruturando apenas o Desporto numa perspectiva de

    sade, bem-estar e qualidade de vida das populaes. O autor completa que

    evidente e imprescindvel que estas entidades procurem novos caminhos,

    novas linhas orientadoras, novas polticas pblicas desportivas que contribuam

    para o desenvolvimento desportivo local.

    Tubino (2001), atravs da elaborao do documento chamado Politica

    Nacional do Esporte, destaca a necessidade de definir mais claramente os

    papeis da Unio, Estados e Municpios diante das suas obrigaes com o

    Desporto. Para o autor, mesmo existindo poucas dvidas sobre os diversos

    papis dos diferentes segmentos e setores da sociedade e do Estado em

    relao ao esporte, ainda faz-se necessrio reforar a descrio destes papis,

    uma vez que muitas vezes os quadros circunstanciais afastam esses setores

    sociais de suas misses e funes e pelo fato de que uma poltica depender

    sempre do exerccio correto e adequado dos mesmos.

    Papel da Unio A Unio deve considerar o Esporte em toda a sua

    abrangncia social, como uma questo nacional de Estado, envolvendo todos

    os Ministrios e seus setores para que as prticas desportivas venham

    constituir-se em meios de promoo da populao, inclusive, visando

    melhoria da qualidade de vida e autoestima. Para atingir esta finalidade o

    Estado dever cumprir o seu Plano de Desenvolvimento do Esporte, no qual

    dever estar inserida uma poltica de maior alcance. No papel da Unio,

    invariavelmente esto as seguintes indicaes ou diretrizes:

  • 27

    1. Estabelecer o Esporte como uma das prioridades sociais;

    2. Elaborar o Plano Nacional de Desenvolvimento do Esporte;

    3. Promover o desenvolvimento do Esporte Educacional, Esporte Escolar e

    Esporte-lazer;

    4. Fomentar a capacitao de recursos humanos que atuam no Esporte do

    pas;

    5. Disponibilizar recursos, atravs de agncias de fomento, cincia aplicada

    ao Esporte (Congressos, pesquisas, estudos, intercmbios, laboratrios,

    tecnologia e difuso da informao);

    6. Estimular a indstria nacional do Esporte;

    7. Buscar convnios internacionais esportivos, que tragam progresso esportivo

    e/ou que contribuam para a cultura da paz;

    8. Propiciar e incentivar a livre iniciativa na organizao esportiva;

    9. Legislar para que o processo esportivo brasileiro tenha um referencial legal

    compatvel com o estgio de desenvolvimento alcanado;

    10.Criar condies legais favorveis, atravs de legislao especfica, que

    tragam o interesse de patrocnios e investimentos da iniciativa privada e

    atrao da mdia, no sentido de um desenvolvimento auto sustentado do

    Esporte;

    11. Legislar para que as entidades esportivas possam adquirir, sem tributao,

    os equipamentos esportivos indisponveis no Brasil;

    12. Estabelecer leis e normas que combatam os ilcitos do Esporte, inclusive,

    contra o doping;

    13. Estimular e apoiar os estados e municpios nas suas aes para o

    desenvolvimento do Esporte em seus territrios;

    14. Disponibilizar patrocnios e investimentos, pelas empresas de

    responsabilidade da Unio, para as entidades esportivas e aes do Plano

    Nacional de Desenvolvimento do Esporte;

    15. Investir recursos pblicos na infraestrutura esportiva (instalaes e

    equipamentos) de acordo com os objetivos formulados no Plano Nacional

    de Desenvolvimento do Esporte;

    16. Contribuir para a melhoria constante da performance das equipes nacionais

    nos competies internacionais;

  • 28

    17. Difundir e promover, com programas diferenciados, os esportes de criao

    nacional e identidade cultural;

    18. Apoiar o Esporte para pessoas com necessidades especiais, inclusive, nas

    participaes internacionais;

    19. Desenvolver e apoiar programas de prticas esportivas para grupos em

    estado de carncia, principalmente com crianas e adolescentes;

    20. Desenvolver programas especiais esportivos de preservao da cultura

    indgena;

    21. Apoiar programas esportivos da chamada terceira Idade;

    22. Estimular a interseo do Esporte com o Turismo, favorecendo a introduo

    de programas e eventos esportivos nos calendrios e promoes tursticas;

    23. Promover e apoiar a realizao de competies esportivas internacionais

    no Brasil;

    24. Apoiar a participao de brasileiros (dirigentes, tcnicos e cientistas) nas

    entidades internacionais esportivas.

    Papel dos Estados Os Estados, incluindo o Distrito Federal e os Territrios,

    devero formular e aplicar as Polticas e Planos Estaduais do Esporte, a partir

    de diagnsticos ou inventrios efetuados. Nestes planos estaro as aes que

    delinearo o papel desejvel. Lista-se abaixo as aes julgadas prioritrias:

    1. Destinar recursos para as atividades esportivas em geral;

    2. Desenvolver o Esporte Educacional e Esporte Escolar nas perspectivas da

    formao para a cidadania e de dar oportunidades de prticas esportivas

    para os jovens que se apresentarem com condies;

    3. Promover eventos esportivos sob diversas formas (cidades, associaes,

    escolas, mistas etc);

    4. Estimular a pesquisa cientfica relativa ao Esporte atravs da

    disponibilizao de recursos por agncias de financiamento;

    5. Desenvolver projetos esportivos especficos de situaes e circunstncias do

    estado, de acordo com a Poltica Estadual de Esporte;

    6. Apoiar as iniciativas e movimentos municipais a favor do desenvolvimento do

    Esporte;

    7. Fomentar a capacitao de recursos humanos que atuam no Esporte do

    estado;

  • 29

    8. Favorecer a instalao de unidades industriais produtoras de equipamentos

    e material esportivo no estado;

    9. Criar na sua jurisdio, leis que favoream o desenvolvimento esportivo

    estadual;

    10. Disponibilizar patrocnios e investimentos pelas empresas de

    responsabilidade do Estado, para as entidades esportivas estaduais e

    aes previstas no Plano Estadual de Desenvolvimento do Esporte;

    11. Investir recursos pblicos do Estado na infra-estrutura esportiva estadual

    (instalaes e equipamentos), de acordo com os objetivos formulados no

    Plano Estadual de Desenvolvimento do Esporte;

    12. Contribuir para a melhoria das representaes esportivas do Estado nas

    competies nacionais;

    13. Apoiar as organizaes esportivas estaduais (federaes, associaes etc);

    14. Difundir e promover os esportes de criao do Estado com programas

    especiais;

    15. Apoiar as prticas esportivas das pessoas com necessidades especiais;

    16. Desenvolver e apoiar programas para crianas e adolescentes carentes;

    17. Apoiar e desenvolver programas esportivos para a chamada terceira idade;

    18. Propiciar a insero de programas e eventos esportivos nos calendrios e

    programaes tursticas;

    Papel dos Municpios Os municpios tm um papel dos mais importantes nas

    prticas esportivas populares ou comunitrias, alm de uma responsabilidade

    direta nas escolas fundamentais quanto ao Esporte Educacional e Esporte

    Escolar. A seguir, apresenta-se as aes consideradas prioritrias para os

    governos municipais:

    1. Entender o esporte como uma das prioridades municipais relacionadas

    Qualidade de Vida das pessoas, elaborando uma poltica municipal de

    Esporte e um Plano consequente;

    2. Desenvolver o Esporte Educacional no ensino fundamental na perspectiva

    da formao para a cidadania e de dar oportunidades de prticas esportivas

    para os jovens que se apresentarem com condies;

  • 30

    3. Investir recursos pblicos para disponibilizao de instalaes esportivas

    para as prticas populares de lazer, atendendo as vocaes esportivas e

    culturais das pessoas do municpio;

    4. Promover eventos esportivos;

    5. Desenvolver projetos esportivos especficos de interesse do municpio;

    6. Mobilizar a iniciativa privada para os projetos esportivos do municpio;

    7. Fomentar escolas de aprendizagem esportiva, principalmente em

    determinadas modalidades que expressam as vocaes esportivas do

    municpio;

    8. Dar condies de trabalho para os recursos humanos que atuam nos

    espaos pblicos esportivos do municpio;

    9. Criar no mbito municipal uma legislao que favorea o desenvolvimento

    esportivo do municpio com a adeso, inclusive, da iniciativa provada;

    10. Contribuir com as associaes esportivas, principalmente aquelas que

    possam representar a imagem do municpio quanto s suas tradies e

    vocaes esportivas;

    11. Apoiar, atravs de programas especiais, os talentos esportivos surgidos, de

    forma que eles tenham condies de desenvolvimento atltico;

    12. Difundir e promover os esportes de criao regional;

    13. Apoiar as prticas esportivas das pessoas com necessidades especiais;

    14. Desenvolver programas esportivos para crianas e adolescentes carentes;

    15. Criar e desenvolver programas esportivos para a chamada terceira idade;

    16. Propiciar que os programas e eventos esportivos faam parte dos

    calendrios e programaes tursticas do municpio (Tubino, 2001, pp. 10-

    12).

    Os governos devero prestar o maior nmero de servios desportivos ao

    pblico em geral e estabelecer canais de comunicao capazes de ajudar a

    todos os cidados ao acesso prtica desportiva de acordo com as

    orientaes existentes (Janurio, 2010).

    No entanto, se os objetivos das polticas pblicas desportivas, no se

    encontrarem inseridos numa tica de desenvolvimento, de continuidade, de

    sustentabilidade, rapidamente sero postos em causa, desvirtuados e os seus

    propsitos postos em causa (Cunha, 2003). Ainda segundo o auto o objetivo

    da poltica desportiva, o de aumentar o nmero de praticantes e

  • 31

    consequentemente o nvel desportivo. Uma poltica desportiva municipal deve

    estar centrada em diretrizes claras e num desporto que privilegia o

    desenvolvimento integral do ser humano, a sua incluso e o seu bem-estar

    social (Cunha, 2003, p. 33).

    O desenvolvimento do Desporto s ser verificado quando existirem

    condies bsicas de bem-estar e rendimento que permitam ao cidado o

    acesso prtica desportiva e liberdade de escolha dessas atividades. Para

    isso, fundamental a criao de polticas pblicas desportivas racionais e

    eficazes que englobam estratgias, planos de desenvolvimento, parcerias,

    programas de formaes (entre outros), quer a nvel global quer a nvel local.

    Assim, uma poltica desportiva no significa, necessariamente, por

    exemplo construir mais instalaes. Conduzida a nvel local, uma poltica

    desportiva, passa pela criao de condies para que a generalidade da

    populao tenha acesso ao Desporto.

    Portanto, Cunha (2007, p. 119) firma que as instalaes desportivas so

    tambm instrumentos de politica desportiva... realizar uma politica de

    instalaes desportivas significa codificar desportivamente o espao, organiz-

    lo, impondo-lhes regras.

    2. As instalaes desportivas

    Segundo DaCosta (2005), a prtica desportiva necessita de lugares

    apropriados, criados de acordo com os princpios, regras e aspiraes

    esportivas e a esses lugares ele denomina de instalao desportiva.

    As instalaes desportivas so locais especficos para a prtica de

    exerccio fsico, assumem um lugar prprio na sua sociedade, quer na utilidade

    que proporcionam populao de um determinado local, quer da

    implementao da sua estrutura fsica num territrio (Cunha, 2007).

    Para Constantino (1999), as instalaes desportivas so indispensveis

    ao desenvolvimento desportivo e devem atender as necessidades da

    comunidade.

    Para Cunha (2007), essas instalaes so responsveis por identificar

    dentro do espao urbano, os locais destinados prtica desportiva e as

  • 32

    atividades esportivas que se desenvolve naquele territrio. A funo dessas

    instalaes oferecer de forma continuada a possibilidade de uma prtica

    desportiva.

    Essas instalaes se multiplicaram no decorrer do sculo XX e

    passaram a formar definitivamente a paisagem urbana pelo mundo a fora. So

    estdios, ginsios, autdromos, pistas de esqui, campos, piscinas entre outros

    (DaCosta, 2005).

    As instalaes desportivas sistematizam as prticas desportivas num

    determinado espao (Parlebas, 1981, cit. por Cunha, 2007), bem como os

    comportamentos dos seus intervenientes e aumentar as relaes entre

    participantes no fenmeno desportivo atravs das respectivas prticas. As

    instalaes desportivas revelam a expresso desportiva de uma comunidade

    no espao ou territrio, de forma institucionalizada e permanente (Cunha,

    2007).

    Alm disso, segundo Paz (1973, cit. por Cunha, 2007) as instalaes

    desportivas so tambm um instrumento de poltica desportiva, na medida em

    que o autor define Poltica Desportiva como sendo o conjunto de decises que

    tm por objetivo desenvolver o Desporto (Cunha, 2007, p. 119).

    Dentro da perspectiva apresentada, realizar uma poltica de instalaes

    desportivas significar codificar desportivamente o espao, organiz-lo,

    impondo-lhe regras. Este processo de imposio de disciplina e regras,

    chama-se racionalizao, que identifica dois processos: A organizao do

    tempo e a organizao do espao (Cunha, 2007, p. 119). A regra imposta ao

    espao pela implantao de um cdigo que organiza as atividades que

    decorrem espacial e temporalmente dentro das instalaes desportivas.

    Desta forma, possuir uma poltica de instalaes desportivas significa ter

    uma poltica de codificao e de qualificao do espao, criando condies

    materiais efetivas que estabilizem a prtica, aumentando o nvel de eficincia e

    fornecendo conforto desportivo continuado (Cunha, 2007). Desenvolver uma

    poltica de instalaes desportivas quer dizer que tambm se organiza, por via

    do Desporto, a vida das pessoas (o tempo) e se criam condies para que o

    Desporto nela acontea.

    As caractersticas do Desporto, seja ele de carcter competitivo ou no,

    favorecem o aparecimento de uma forma rpida e consistente de

  • 33

    comportamentos ajustados socialmente, tanto no seio da prpria atividade

    como fora dela, para alm de desencadear um ajustamento de

    comportamentos e rotinas de vida nos membros do agregado familiar dos

    praticantes. Por isso, o Desporto, sem ser a frmula mgica para a insero

    social , com certeza, um meio de incluso (Costa, 1987).

    Para Constantino (1999, p. 82), as caractersticas, tipologias e

    distribuio geogrfica dos espaos para o Desporto devero obedecer a uma

    adequada articulao com os demais fatores de desenvolvimento local.

    O processo de identificao e registro das instalaes desportivas

    existentes na cidade fundamental, pois contribui para o reconhecimento do

    nvel de equipamentos urbanos disponveis a populao e sua respectiva

    qualidade de vida em matria de desporto (Cunha, 2007).

    DaCosta (2005), ressalta a importncia para o estudo sistemtico da

    distribuio espacial do fenmeno esportivo, pois segundo o autor, esse estudo

    pode revelar importantes aspectos econmicos, histricos, socioculturais e

    polticos.

    Sarmento (2005), salienta a necessidade de existir uma correlao e

    evoluo nas seguintes reas: a integrao das aes do poder local numa

    poltica desportiva; o ordenamento territorial dos equipamentos; a formao de

    equipes municipais de gesto e manuteno de instalaes visando garantir a

    otimizao dos recursos e satisfazendo a procura.

    A importncia dos espaos desportivos para a realizao das prticas

    desportiva expressa por Constantino (1999), quando ele afirma ser uma

    questo fundamental para o desenvolvimento do Desporto e que as autarquias

    devem tratar isso como uma questo nuclear nas suas intervenes.

    Cunha (2007), afirma que:

    Ter uma politica de instalaes desportivas quer dizer ter uma politica de codificao e qualificao do espao criando condies materiais e efetivas que estabilizem a prtica aumentando o nvel de eficincia e forneam conforto desportivo continuado. Desenvolver uma politica de instalao desportiva quer dizer tambm que se organiza, por via do desporto, a vida das pessoas (tempo) e se criam condies para que o desporto nela acontea(Cunha, 2007, p. 119).

  • 34

    2.1. As instalaes desportivas e a prtica desportiva

    A popularizao do Desporto associado oferta de instalaes

    desportivas provoca um aumento no nmero de potenciais praticantes e

    consequentemente potencializando uma sociedade ativa. Por isso cabe ao

    poder pblico, a obrigao de intervir neste fenmeno, decorrente da sua

    funo poltica de promoo e desenvolvimento do bem-estar das populaes,

    proporcionando- lhes as condies e o acesso de forma universal.

    As instalaes desportivas so consideradas como um fator bsico para

    o desenvolvimento desportivo de um pas em todas as suas vertentes, para

    Gallardo & Jimenez (2004), as instalaes desportivas e os seus

    equipamentos, so o elo central e um dos suportes principais para a prtica

    desportiva.

    De acordo Cunha (2007), afirma que a instalao desportiva exerce um

    papel fundamental de desenvolver a prtica desportiva, pois elas incentivam e

    expresso as caractersticas peculiares da populao que utiliza o espao.

    As instalaes desportivas identificam, no espao urbano, os locais especficos de prticas desportivas realizadas em espaos delimitados. Estas localizam um tipo de atividades desportivas que se desenvolvem num determinado territrio, pela funo que desempenham e pela utilidade que as comunidades lhes conferem, assumindo cada vez mais um espao prprio dentro das cidades e dos seus espaos de influncia (Cunha, 2007, p. 26).

    Uma instalao desportiva integra as caractersticas da prtica

    desportiva normalmente originada ou originria de espaos naturais, dentro de

    um espao artificial, com uma linguagem codificada. Na perspectiva de Cunha

    (2007), atravs de um processo de estandardizao, codificao e

    regulamentao, podero tipificar-se os gestos motores e apetrechos

    adequados prtica que desenvolvida pela modalidade em causa num

    determinado momento.

    A funo fundamental da instalao desportiva a de oferecer de uma

    forma continuada a possibilidade de realizao de uma prtica desportiva num

    determinado local (Cunha, 2007, p. 27).

    indiscutvel que as instalaes desportivas so ferramentas essenciais

    para a realizao de aes de politicas publicas voltada para o Desporto,

  • 35

    favorecendo e estimulando a prtica desportiva que de certa forma

    determinada pela oferta desportiva que a cidade disponibiliza.

    Nesse sentido Constantino (1994, p. 68) afirma que as instalaes

    desportivas so tambm um instrumento de poltica desportiva, que estando

    inseridas no universo das transformaes culturais de nosso tempo e do

    desporto em particular contribui para a introduo de novos cenrios

    desportivos, que exigem novos equilbrios entre as diferentes tendncias ou

    expresses desportivas.

    A prtica desportiva depende, em parte, do nmero, da diversidade das

    instalaes, gesto e a sua acessibilidade, cabendo ao poder publico realizar

    um levantamento desses dados visando facilitar o planejamento de aes

    voltadas ao Desporto. As infraestruturas so fatores decisivos, e devem ser

    pensadas no sentido de integrao na malha urbana, segundo critrios de

    distribuio harmoniosa, de carncias tipolgicas e de qualidade esttica, de

    forma a responder s necessidades dos diversos tipos e nveis de prtica

    desportiva.

    2.2. Planejamento das instalaes desportivas

    Para Ribeiro (2011), afirma que o planejamento o processo em que as

    pessoas determinam como proceder a partir de uma situao presente para

    uma desejvel situao futura.

    De certo modo, o processo de planejamento envolve o reconhecimento de necessidades para da buscar e selecionar os meios apropriados de atender a essas necessidades. Os planejadores desenvolvem detalhada compreenso das necessidades com base nas condies atuais e nas projees futuras (Ribeiro, 2011, p. 276).

    De acordo com Sancho (2004), o planejamento uma

    ferramenta administrativa, que possibilita perceber a realidade, avaliar

    os caminhos, construir um referencial futuro, estruturando o trmite adequado e

    reavaliar todo o processo a que o planejamento se destina. Segundo o autor,

    esse um processo racial onde se deve escolher e organizar aes,

    antecipando os resultados esperados visando alcanar da melhor forma

    possvel os objetivos pr-definidos.

    http://pt.wikipedia.org/wiki/Administra%C3%A7%C3%A3ohttp://pt.wikipedia.org/wiki/Realidadehttp://pt.wikipedia.org/wiki/Caminhohttp://pt.wikipedia.org/wiki/Referencialhttp://pt.wikipedia.org/wiki/Tr%C3%A2mitehttp://pt.wikipedia.org/wiki/Processo

  • 36

    Na opinio de Pires (2007), a ideia de planeamento surgiu certamente

    da necessidade que os humanos tm de conhecer o futuro, na presuno de

    que o podem controlar. A necessidade de se ter uma viso clara acerca do

    futuro obriga existncia de um processo de planeamento mais ou menos

    formalizado para que o futuro que se deseja possa vir a acontecer.

    O planejamento em matria de espaos para a prtica desportiva deve

    buscar atender a todas essas necessidades e indispensvel definio de

    prioridades. E para isso, necessrio dotar a deciso poltica de estudos

    adequados sobre a realidade desportiva local, de modo a que se conhea a

    situao num dado momento e a sua previsvel evoluo (Constantino, 1999,

    p. 82).

    Para Sarmento & Carvalho (2014), o planejamento de novas instalaes

    depende de opes politicas e do conhecimento do mercado, levando-se

    sempre em considerao a viabilidade econmica, as tradies da populao,

    tipologia, numero e o tipo de utilizadores.

    O planejamento desportivo exige um estudo prvio levantando e

    identificando as instalaes existentes, assim como uma avaliao de modo a

    identificar as carncias.

    Uma misso no planeamento de instalaes e espaos desportivos

    encontrar informaes necessrias sobre o tipo e o nmero de recintos atuais e

    futuros. O que tambm no exclui de modo algum a obteno de informaes

    sobre os objetivos poltico-desportivos, sobre a prtica de desporto atual e

    futura da populao e, alm disso, sobre a oferta de servios por parte dos

    clubes e de outras instituies pblicas e privadas (Cadima et al., 2002).

    Planejar correr riscos, muito embora esses riscos sejam menores do

    que aqueles que necessariamente surgem caso no exista planeamento. Isto

    , o planeamento um processo atravs do qual os gestores olham o futuro,

    determinam objetivos e metas e assumem os riscos necessrios escolha das

    diferentes alternativas de ao, em funo dos recursos que tm disponveis

    (Pires, 2007).

    Segundo Sarmento (2004), o planejamento de um novo equipamento

    desportivo deve fundamentar-se em aspectos como a sua capacidade de dar

    respostas s necessidades da populao envolvida, a sua localizao

  • 37

    estratgica, o seu enquadramento ambiental, e funcionalidade que iro permitir

    uma gesto equilibrada.

    Neste contexto, Pires (2007), aponta algumas razes que justificam a

    necessidade de se realizar o planeamento: Deteco antecipada dos

    problemas, existncia de um diagnstico da situao, viso de conjunto,

    controle sobre o futuro; evitar atuaes isoladas e desarticuladas,

    determinao de prioridades, obrigatoriedade de estabelecer objetivos,

    mobilizao das pessoas pela participao, coordenao da gesto corrente,

    rentabilizao de equipamentos.

    Nesse sentido Constantino (1994), tambm corrobora com o tema

    afirmando que:

    Planificar equipamentos desportivos deve significar atender s necessidades e definir prioridades, evitando duplicidade e eliminando excessos..... para isso imperioso dotar a deciso politica de estudos adequados sobre a realidade desportiva de um municpio, de modo a que se conhea no apenas a situao num dado momento como a sua previsvel evoluo (Constantino, 1994, p. 36).

    Para Ribeiro (2011), a no realizao de um planejamento prvio ou at

    mesmo ineficiente gera despesas desnecessrias e normalmente apresentar

    resultados inadequados, por isso o autor refora a importncia de um

    planejamento apropriado.

    Ao realizar o planejamento de um equipamento desportivo deve-se ainda

    prever uma pluralidade de tipologias, para que assim seja possvel satisfazer

    as diversidades e multiplicidade das procuras desportivas, dando a

    oportunidade de praticar uma modalidade esportiva de diversas maneiras, ou

    seja, de carter formal, no formal e informal (Constantino, 1994).

    Ribeiro (2011), apresentou um roteiro de observaes que devem ser

    levadas em considerao durante o desenvolvimento de projetos de

    instalaes esportivas, contribuindo para o processo de planejamento na qual o

    autor divide em oito aes na qual apresentamos abaixo.

  • 38

    1. Observar atentamente s normas brasileiras adequando as normas

    referentes ao uso e conforto dos portadores de deficincias.

    2. Desenvolver um Plano Diretor envolvendo a acumulao de vasta

    quantidade de informaes que direta ou indiretamente suportam as

    necessidades da organizao.

    3. Utilizar abordagem participativa. Um preceito fundamental no planejamento

    de instalaes esportivas e de lazer a percepo dos usurios a ser

    conhecida atravs da consulta a seus representantes legtimos ou formais, bem

    como ouvir a opinio dos atuais e futuros operadores de instalaes existentes

    ou a serem construdas.

    4. Pesquisar fontes financeiras, preocupando-se antes do inicio do projeto o

    quanto e de onde vira o recurso que custear as despesas.

    5. Organizar um comit de planejamento de projeto composto por especialista

    na rea como administradores, arquiteto, engenheiro e os usurios.

    6. Analisar quando renovar, expandir ou substituir uma instalao. Controlar os

    gastos operacionais e de manuteno. Buscar sustentabilidade econmica,

    social e ambiental.

    7. Desenvolver um relatrio descrevendo o conjunto de aes e programas a

    serem, alm dos espaos necessrios para a prtica dessas atividades.

    8. Um plano competente e eficiente feito com a colaborao de muitas

    pessoas. Todos os participantes so importantes no processo de planejamento.

    So eles os especialistas em programas (professores de Educao Fsica,

    tcnicos esportivos, tcnicos em recreao). No processo de escolha de um

    arquiteto, considerar sua reputao e experincia bem como a funcionalidade e

    esttica dos projetos realizados. Outros profissionais como engenheiros civis,

    estruturais, mecnicos, eltricos, projetistas (designers) de interiores, arquitetos

    paisagistas e empreiteiros (gerais, eltricos e mecnicos) devem ser

    selecionados pelo comit de planejamento ou tal responsabilidade pode ser

    delegada ao arquiteto do projeto.

    Ao falar em importncia do planejamento Pires (2007), tambm

    apresenta alguns itens fundamentais que devem ser observados antes de uma

    tomada de deciso:

  • 39

    1. Deteco antecipada dos problemas

    2. Existncia de um diagnstico da situao

    3. Viso de conjunto

    4. Controle sobre o futuro

    5. Evitar atuaes isoladas e desarticuladas

    6. Determinao de prioridades

    7. Obrigatoriedade de estabelecer objetivos

    8. Mobilizao das pessoas pela participao

    9. Coordenao da gesto corrente

    10. Rentabilizao de equipamentos.

    O sucesso ou o fracasso de uma instalao resultado direto do

    planejamento e por isso Ribeiro (2011), afirma que todos os esforos no

    planejamento devem ser conduzidos com base em claros guias de princpios,

    nas quais o autor apresenta como sugesto mais, j afirm