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 1 UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ - UFPR DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA João Luís da Silva Bertolini SEBASTIÃO PARANÁ - UM CONSTRUTOR DA EDUCAÇÃO Construção de um imaginário na Primeira República (1889-1930) Monografia apresentado ao Departamento de História no setor de Ciências Humanas Letras e Artes sob a orientação da Prof. Dra. Ana Maria Burmester Dezembro/2000

Monografia Sebastião Paraná

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ - UFPRDEPARTAMENTO DE HISTÓRIA

João Luís da Silva Bertolini

SEBASTIÃO PARANÁ - UM CONSTRUTOR DA EDUCAÇÃOConstrução de um imaginário na Primeira República (1889-1930)

Monografia apresentado ao Departamento deHistória no setor de Ciências Humanas Letras eArtes sob a orientação da Prof. Dra. Ana MariaBurmester

Dezembro/2000

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Agradecimentos

A Francisco Moraes Paz, Etelvina Trindade, Ana Paula Vosne Martins

A Ana Maria de Oliveira Burmester, orientadora e amiga, que com suapaciência e exemplo, não nos deixou desistir deste caminho de pedras que é aeducação

Aos amigos Maíra Souza Nunes, Eduardo F Pereira , Cleusa Gomes,Tatiana Takatuzi., ao inesquecível amigo-irmão Pity e outros que esqueçoagora, mas que com certeza contribuíram para este trabalho.

A minha Família que nunca me deixou esmorecer, diante dasdificuldades, que não foram poucas, Victor, Ana, minha Irmã, Tiago, Dani eCristiano e é claro aos inesquecíveis mãe e pai que sempre estiveram

presentes em minhas lembranças.

E as mulheres de todo o mundo, pois são elas que me inspiram eimpulsionam para frente.

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Introdução

Para analisar o autor Sebastião Paraná e sua obra foi necessário

conduzir nossa investigação pelos meandros de uma sociedade e de um

Estado em vias de formação. Formação urbana ,política e cultural, marcada

pelo movimento republicano em sua pretensão de estabelecer novos

parâmetros à convivência social.

O Dr Sebastião Paraná nasceu em Curitiba, a 19 de Novembro de

1864 e ai faleceu a 8 de Março de 1938(...) Modesto e amável , foi dos

que muito trabalharam pelo engrandecimento do torrão nativo. Honesto

e sincero, só amizades conquistou.(...) foi nomeado secretário da JuntaComercial do Paraná. Logo depois, prestou ótimo concurso , sendo

nomeado lente de geografia geral e corografia do Brasil do Ginásio

Paranaense e da Escola Normal. Exerceu ainda os cargos de: Inspetor

escolar, deputado do Congresso Legislativo do Estado, Diretor da

Biblioteca Pública, superintendente do ensino, diretor do Ginásio

Paranaense e da Escola Normal1 

Investigar e analisar a vasta participação do Sr Sebastião Paraná em jornais, revistas, relatórios oficiais, livros didáticos, estudos geográficos entre

outros, seria impossível dentro de uma monografia, o que nos fez fazer uma

leitura criteriosa, separando o material que contivesse análises de Sebastião

Paraná sobre a Instrução Pública em Curitiba e no Paraná.

Assim sendo centramos nosso trabalho nos livros didáticos e nos

relatórios escritos para o governador do Estado e para o diretor Geral da

Instrução Pública do Paraná, estes trabalhos continham material necessáriopara se levantar muitas problemáticas, mas procuramos ler nestas fontes

como Sebastião Paraná vai contribuir no processo de construção de uma

identidade paranaense e a contradição entre o discurso de Sebastião Paraná

como autor de manual didático para escolas primárias e como Inspetor de

Ensino de Curitiba.

Uma das obras analisada será O Brasil e o Paraná, manual didático que

teve 22 edições entre 1903 e 1941 que foi utilizada nas escolas primárias e

1 VULTOS. Gazeta do Povo, Gazeta na literatura. Curitiba. 19 de Março 1967.

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que teve aval entre outros do Diretor Geral de Instrução Pública do Paraná e

de uma comissão de notáveis, o que a credencia para essa investigação uma

vez que é um manual oficial que vai ser lido e estudado por um grande

número de alunos no período.

Em 1889 o jovem Sebastião Paraná já nos brindava com seu EsboçoGeográfico do Paraná e em 1899 com sua Chorografia do Paraná obra

utilizada no Ginásio Paranaense e na Escola Normal, onde o próprio Sebastião

Paraná era professor. O autor vai produzir seus principais livros didáticos até

o inicio dos anos 30.

Fica vem claro , que uma análise do sistema educacional no período

não poderia deixar de dar prioridade ao trabalho dos Inspetores de ensino não

só porque o próprio Sebastião Paraná foi Inspetor, mas porque o trabalhodesses inspetores é de crucial importância para a análise do imaginário

republicano, marcado por uma forte crença no progresso do Estado.

O estudo foi dividido em dois capítulos, o primeiro deles analisando as

ações dos Intelectuais na construção da República que vai culminar na

criação de um movimento chamado paranista, onde artistas intelectuais

literatos entre outros, vão construir através de suas várias ações o novo

Paraná.Este movimento vai ter características progressistas e modernizantes

baseadas no positivismo de August Comte e sua visão científica e laica da

sociedade. Ainda neste capítulo foi analisada a situação do ensino no Paraná

através das ações dos inspetores de ensino, visto quem são eles que possuem

o poder específico, que investigam, avaliam e agem solicitando a resolução

dos problemas aos seus superiores.

No segundo capítulo analisamos num primeiro momento as ações de

Sebastião Paraná na construção da Instrução Pública, dentro de uma visão

republicana e positivista encontrada nos textos dos relatórios da inspeção e

em algumas de suas obras. Ainda dentro deste analisamos suas ações como

autor de livros didáticos, construindo um imaginário do Paraná ideal, através

de sua população e sua natureza.

SEBASTIÃO PARANÁ - Um Construtor da Educação no Paraná.

Construção de um imaginário na Primeira República ( 1889 - 1930 )

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Capítulo I - Paraná, Paranismo e Educação 

O Paraná do final do século XIX e início do XX era um Estado que

carecia de uma identidade cultural; a construção desta seria a

grande pretensão paranista. Este movimento tinha como objetivo

central a construção de uma identidade regional para o Estado e

contará com a adesão de intelectuais, artistas, literatos etc.

Segundo Luís Fernando Pereira, neste período :Apareciam os primeiros fotógrafos como João Baptista Groff ... sendo o

primeiro a filmar as riquezas do Estado como as cataratas do Iguaçu, a

febre dos colecionadores de postais, o footing na Rua XV de

Novembro, os primeiros historiadores como Romário Martins, uma

geração inicial de pintores, a estatuamania que toma conta da cidade,

(...)2 

Este trecho do seu livro “Paranismo : O Paraná Inventado”, demonstra

bem a atmosfera em que estes pensadores transitavam. Os elementos de

modernidade marcarão o imaginário popular da Primeira República e “farão

com que os paranaenses construam uma identidade regional impregnada de

uma forte crença no progresso e no desenvolvimento social”3.

Curitiba é uma cidade onde se tornam cada vez mais evidentes os

sinais de “modernização”.

Por todo o plano urbano, ruas se abrem e se pavimentam; edificações

se elevam, ostentando uma arquitetura inovadora; o traçado se torna

mais compacto. O governo aprimora os serviços: higieniza o centro

urbano com irrigação, limpeza pública, água esgotos; implementa a

2 PEREIRA, Luís Fernando. Paranismo : o Paraná Inventado. Cultura e Imaginário no Paraná daPrimeira República. Curitiba: Aos Quatro Ventos, 1997, p. 72

3  Idem, p. 73.

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arborização e instala iluminação pública; cria inclusive, uma guarda

municipal.4 

A cidade diversifica, ainda, espaços públicos com cafés e salas de

espetáculo; parques e praças.

Nessa nova Curitiba, vai-se também encontrar os representantes de um

ativo círculo literário: (...) um grupo que circula não apenas nos salões

de clubes elegantes, como em inúmeros grêmios, associações e

congregações. São eles que dão ao universo pensante da cidade um

toque de paixão, ação, sonhos, medos e esperanças, idéias e práticas.

Sua vigorosa produção literária gesta um sem números de livros,

revistas e jornais5 

Este grupo terá uma atuação importante na construção de um

imaginário republicano, suas ações na educação, nas artes e na produção

literária irão contribuir para construção do novo Paraná.

1.1 O Paranismo 

O Paranismo surge no início do século em uma Curitiba que vive a

efervescência cultural propiciada pelo surto econômico da erva mate e, acima

de tudo em uma época que carecia de novas representações políticas e

tradições regionais, já que desaparecera a figura do Imperador que consagrava

em torno de si a Nação, sendo necessário que se constituíssem novas

identidades. Segundo Romário Martins:

Quem introduziu entre nós foi Domingos Nascimento, em 1906, ao

regressar de uma viagem ao norte do Estado, onde notara que ninguém

os chamava paranaenses e sim paranistas. A palavra nascera ali

4 TRINDADE, Etelvina M. Clotildes e Marias, Mulheres de Curitiba na primeira república. Tesede Doutorado. USP, 1992, p. 8.

5 TRINDADE, Op. cit., p. 8

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espontaneamente. A população das nossas terras do setentrião. Na sua

quasi unanimidade, constituída de paulistas, e êstes, por natural

aproximação com o nome dado aos naturais de seu Estado,

designavam os paranaenses de paranistas. Domingos Nascimento,

poeta de rara sensibilidade artística, paranaense cem por cento, nativo

da terra dos lírios bravos, -viuna palavra não somente a beleza mas

também que no sufixo ista encerrava significação de cultor de alguma

coisa: - de paranaense devotado, defensor de sua terra por exemplo6 

O Paraná acabara de experimentar a perda de parcela de seu território

para Santa Catarina pós-Contestado por acordos políticos, onde a habilidade

política catarinense foi maior, em particular nas negociações e pressões sobre

o governo central. Além disso, o Paraná, com mais de 2/3 de seu territóriodesocupados, procurava no incentivo à imigração resolver tal problema de

povoamento, o que gerava outras preocupações, particularmente no que diz

respeito à construção de uma unidade territorial.

Para tal era preciso inventar as tradições. Este é um dos pontos

positivos dos debates com Santa Catarina pela parcela territorial perdida pelos

paranaenses; estes, para justificar suas pretensões tiveram que se debruçar

com maior vigor sobre a história regional. Era preciso criar a identidadeparanaense.

Uma das primeiras preocupações de tal movimento se dará em relação

ao verdadeiro xadrez étnico presente no Estado pelo incentivo à imigração. O

Paraná não era formado somente por paranaenses, mas era preciso abarcar

toda a heterogeneidade presente no Estado para construção desta identidade

cultural.

Por isso o movimento se chamou Paranista7

, pois desta forma seriacapaz de abarcar todas as culturas presentes em seu território para construção

deste novo Paraná. Era preciso criar a identidade de um Estado que até então

6 PEREIRA, Luís Fernando. Paranismo: O Paraná Inventado p. 857 Paranismo, este termo é utilizado para designar todo aquele que nutria uma afeição sincera pelo

Paraná. Nas palavras de Romário Martins, paranista é todo aquele que tem pelo Paraná uma afeiçãosincera, e que notavelmernte a demostra em qualquer manifestação de actividade digna, útil à coletividadeparanaense. Paranista é aquele que em terras do Paraná lavrou um campo, cadeou uma fábrica, lançouuma ponte, construiu uma machina, dirigiu uma fábrica, compoz uma estrophe, pintou um quadro,

esculpiu uma estatua, redigiu uma lei liberal, praticou a bondade, iluminou um cérebro, evitou umainjustiça, educou um sentimento, reformou um perverso, escreveu um livro, plantou uma árvore (Mensagem do Centro Paranista) Apudi. PEREIRA, Luís Fernando Paranismo: Cultura e Imaginário noParaná dos anos 20, p. 276.

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não tinha a garantia sequer de suas fronteiras territoriais. Influenciados pelos

ideais positivistas de progresso que marcaram a Primeira República, os

paranistas pretendiam que o Paraná entrasse na modernidade com a

urbanização e a proliferação das produções culturais em Curitiba. Construir a

imagem do Paraná progressista seria contribuir para a construção da idéiapositivista de Nação.

Este positivismo adotado pelos paranistas é oriundo da segunda fase do

positivismo de August Comte, onde ele funda uma verdadeira religião cívica.

Segundo José Murilo de Carvalho, após o encontro com Clotilde de Vaux,

August Comte desenvolveu os elementos utópicos e religiosos de seu

pensamento.

Para Murilo de Carvalho, o sentimento foi colocado em primeiro plano,deslocando a razão, a base de sua obra anterior, para uma posição

subordinada: “o positivismo comtiano evoluiu na direção de uma religião da

humanidade, com sua teologia, seus rituais, sua hagiografia.

Pretendendo ser uma concepção laica, fundia o religioso com o cívico,

ou melhor, o cívico se tornava religioso”8. José Murilo de Carvalho ainda coloca

que o positivismo criara além de um ritual, personagens (Santos) e até uma

teologia: “Os santos da nova religião eram os grandes homens da humanidade,

os rituais eram as festas cívicas, a teologia era sua filosofia e sua política, os

novos sacerdotes eram os positivistas”9.

Isto é bem percebido quando analisamos o Relatório de Victor Ferreira

do Amaral e Silva, Diretor Geral da Instrução Pública, apresentado ao Sr. Dr.

Secretário do Interior, Justiça e Instrução Pública, em 31 de dezembro de

1903. Victor Ferreira do Amaral refere-se à educação cívica, como fator mais

valioso da formação do caráter nacional, instituindo, nos dias de festa nacional,

conferencias de ensino cívico, em lugares públicos, com assistência dos

professores. Ele inicia assim seu discurso no Theatro Guayra (1903):

Inaugurando conferencias cívicas, dizia eu, outro escapo não tive que

pontificar em nome da religião da Pátria, fazendo praticar nos dias de

festa nacional a thurificação pomposa do patriotismo;(...) alem do culto

ao deus de seus pais, deve também, o alumno prestar culto ao lábaro

8 CARVALHO, José Murilo de. A formação das almas, imaginário da República no Brasil. SãoPaulo : Companhia das Letras, 1990, p. 130.

9  Ibid., p 130

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sagrado de nossa pátria (...) Se as conferências, ficaram em grande

parte, acima da comprehensão da maioria dos alumnos, não deixavam

ellas de ser proveitosas, actuando sobre a emotividade dos jovens

ouvintes, pela enscenação que as circundava, fazendo vibrar em seus

ternos corações a fibra sagrada do amor pátrio, gravando em sua

memória as nossas datas celebres e o nome dos vultos notáveis de

nossa história10 

Além dos grandes homens da humanidade das festas cívicas e da

política a mulher vai ter um papel importante no imaginário da Primeira

República.

A República vai utilizar a mulher como uma de suas representações.

Isso tem origem na obra Cours de philosophie , de August Comte, em que ele

usa as descobertas da biologia e visões católico-feudais, e afirma a

superioridade social e moral da mulher sobre o homem.

A mulher representa a reprodução da espécie, o lado afetivo e o

altruísmo da natureza humana; seu papel não se limita à reprodução, este se

daria especialmente na família, em que, como mãe, teria a responsabilidade da

formação moral do futuro cidadão, “daí à alegorização da figura feminina era

um passo.A virgem católica, alegoria da Igreja, tornou-se no positivismo a virgem-

mãe da humanidade”11. Para o comtismo as repúblicas deveriam ser

verdadeiras comunidades, extensões da família. “As repúblicas seriam as

“matrias” com aspectos comunitários e afetivos, voltando, ao mesmo tempo, ao

imaginário feminino.

Daí também a possibilidade de representar a pátria republicana por

meio da figura da mulher”.12

 Segundo essa versão, a Pátria tem a função demediadora entre a família e a humanidade, caracterizando-se pelos dons

femininos do sentimento e do amor. O papel da mulher, na família, na

República e na educação é amplamente usado pelos paranistas.

O autor em um artigo para o jornal Diário da tarde de 12.11.1917

intitulado Chronica , ressalta as qualidades da mulher, e seu papel diante das

10 Paraná. Governador . Relatório do Sr Victor Ferreira do Amaral e Silva ao Sr Dr Secretário

do Interior , justiça e instrução pública, referente ao ano de 1903, pág 130.11 CARVALHO, Op. cit., p. 130.12  Ibid., p. 131

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dificuldades do momento de guerra que o país passava, e seu dever frente ao

chamado da Nação. É possível observar a influência de Comte neste artigo:

Pois até a mulher?!Sim ! até a mulher brasileira nos socorrerá material e moralmente;

Alentar-nos á na grande guerra neste “dies irae” neste dia de juízo final,

nesta phase de afflicção e de angustia para o genero humano (...) A

mulher brasileira é tão brava como as damas de Esparta. Tão cheia de

heroísmo, abnegação, firmeza, austeridade e estoicismo... A mulher

brazileira foi sempre enthusiasta e patrióta, altruísta e abnegada, como

o testificam as acções que registra a história deste bellissimo paíz.

Hoje,a mulher brazileira exercita as suas bellas qualidades nos laresdomésticos e nos círculos da sociedade.

Nos lares, formando o coração e a alma da creança, polindo seu

caráter educando os filhos santamente e despertando nelles, junto com

o amor e à virtude, o amor à patria.

Que preciosos exemplos nos apresenta a mulher brazileira, através da

História (...) ao ser lançada pelo Sr Custódio Pedroso a idéia da

fundação de um corpo de enfermeiras, que constituisse a Cruz

vermelha Alice da Silva, num impeto de exaltação patriótica, exclamou:

“Prompto! Aqui esta a primeira. Se o Brazil for para a guerra eu seguirei

com o batalhão Ruy Barbosa. Deixarei meus filhinhos, esses pedaços

de minha alma, entregues a minha mãe, Carolina da Silva, e irei

convosco”(...) Se morrer, há! Morrerei satisfeita, e meus filhinhos

encontrarão Segunda mãe na minha adoração da Pátria, que velará por

elles com minha mãe. O exemplo foi dado com espontaneidade e

abundância de fervação affecto à mãe Pátria por uma mulher brazileira,

humilde mais digna pelos seus nobres e elevados sentimentos.

Sigamol-o13 

Ciente dessa “missão” feminina pôde o governo conferir à mãe e, sob

seu modelo, ao mestre e à escola, a responsabilidade da formação do

sentimento cívico de cada cidadão; uma missão que Julia Wanderley recolhe e

resume ao enfatizar o dever fundamental da pátria educativa: formar o homem

13 PARANÁ, Sebastião. Chronica. Diário da tarde, Curitiba, 12 nov. 1917.

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para a família, o indivíduo para a sociedade e o cidadão para a Pátria.

Recomendação esta que faz eco à imprensa local:

Dentre os ensinamentos ministrados àqueles que cursam as escolas

primárias, o que se refere à história pátria é sem dúvida um dos quedevem merecer a maior soma de carinho por parte do professor

As lições de história do Brasil dadas nas escolas primárias devem ser

de natureza tal que os que aprendem delas tirem um valor prático, que

bebam noções de moral e de civismo, que fiquem conhecendo qual a

ação dos nossos grandes homens, o nosso aperfeiçoamento através

dos anos, a nossa evolução política e intelectual, o papel que

representamos no concerto das nações, enfim os fatores que

contribuíram para a nossa formação de povo civilizado”14

 

Na mesma linha, temos o discurso feito pelo secretário geral do Estado

Alcides Munhoz sobre a dimensão cívica da mulher na República:

So nós, as Lacedemônias, dizia a esposa de Leônidas, (...) só nós é

que dominamos nossos maridos, porque só nós é que sabemos fazer

homens

Ëstas mesmas palavras, vós as podereis pronunciar distintíssimas

professoras. Vós também deveis dizer como as Lacedemônias- nós é

que garantimos a honra e a integridade da Pátria, porque só nós é que

sabemos ou podemos fazer brasileiros15 

O movimento paranista buscava criar uma tradição que tivesse eficácia

ritual e simbólica e que ao mesmo tempo se encaixasse no ideal modernizante,

para isso sendo necessária toda uma reformulação do passado. “Este passadoelaborado pelos paranistas seria positivado e ligado artificialmente com o

presente que se pretendia construir de um Paraná de progresso e força...”16,

para isso sendo utilizados os heróis e as comemorações cívicas, além de

outros artifícios:

14  Apud  TRINDADE, Etelvina Maria de C. CLOTILDES ou MARIAS, p.180.15  Apud TRINDADE, Op. cit., p. 181.16 PEREIRA, Luis Fernando. Paranismo: Cultura e Imaginário no Paraná. P. 279.

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O passado construído e seus heróis serviriam de apoio e de força

pedagógica para um presente que se pretendia construir de um Estado

que estaria crescendo e se fortalecendo. Mas a fragilidade de uma

herança histórica mais forte, os paranistas teriam de recorrer a outros

artifícios para a construção desta identidade regional. Por isso a

importância da produção artística que procurará atingir os corações dos

paranaenses e levá-los a demonstrar todo seu afeto ao Paraná ; da

mesma forma que se valerão das lendas indígenas para suprir a falta

de exemplos a serem seguidos em sua história e ainda projetarão o seu

tipo ideal para o futuro, como sendo aquele que semeia o Paraná do

futuro...17 

A construção do passado privilegiava a história política encontrada nosdocumentos oficiais, tentando impor tal visão ao presente, que seria a

continuidade de um passado glorioso. Fabricando heróis e criando

estereótipos, os paranistas pretendiam legar um exemplo à população.

Esta elaboração de heróis e a construção de um passado de glórias

para o Paraná, ligado ao presente, serão a tônica das pretensões paranistas

de construção de um Estado com base no progresso, na ordem, na civilização:

A produção dos paranistas ganha as ruas e se integra com o imaginário

popular, nas comemorações cívicas, sejam elas de caráter regional ou

nacional .É nesse sentido que os republicanos, logo no início do

período, construirão as datas cívicas afirmando que o sentimento de

fraternidade universal não pode se desenvolver convenientemente sem

um systema de festas públicas destinadas à comemorar a continuidade

e a solidariedade de todas as gerações humanas.

Nessas festas destacam-se o 21 de abril, dos precursores daindependência resumidos em Tiradentes; o 13 de maio como a festa da

fraternidade dos brasileiros; o 14 de julho como comemoração da

República, da liberdade e da independência dos povos americanos e o

15 de Novembro não como a festa da República, mas da Pátria

brasileira.18 

17 PEREIRA, Luís Fernando. Paranismo: Cultura e Imaginário no Paraná dos anos 20, pp. 279-280.

18Apud PEREIRA, Luís Fernando. Paranismo: o Paraná inventado. Cultura e Imaginário noParaná da Primeira República. Curitiba: Aos Quatro Ventos, 1997, p. 173

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Outro exemplo desta criação de heróis são as pompas fúnebres de João

Gualberto, coronel da milícia paranaense, enviado à região do Contestado para

resolver os problemas com os fanáticos religiosos que teriam criado tumulto

em terras paranaenses.

Segundo jornais da época, todos acreditavam que João Gualbertovoltaria tendo cumprido a sua missão, mas acabou sendo morto nos campos

do Irany, não sabendo ao certo em que circunstâncias, pois os relatos de sua

morte, produzidos já com a intenção de construir um mito, falam da luta do

coronel com o próprio monge José Maria, lider dos fanáticos:

Logo ao primeiro embate, a polícia perdia doze homens e os fanáticos

outros tantos. O Monge, no ardor da peleja, arrancou do seu facão e

procurou enfrentar o capitão João Gualberto; este, porém, deu-lhe dois

tiros de revólver, um no peito e outro na boca, ao mesmo tempo que,

como uma clava, o seu facão vigorosamente descia sobre a cabeça do

intrépido capitão. E ambos, o cabecilha dos fanáticos e o chefe da força

legal, cahiram pesadamente ao chão. O primeiro, morto; o segundo,

apenas bastante atordoado com a pancada recebida na cabeça. Mas o

fanático de nome Delffino Pontes não o deixou com vida por muitos

minutos: com seu facão partiu a cabeça do capitão Gualberto.19

 

O fato é que o coronel da milícia paranaense morre e a partir daí os

 jornais da capital, em particular o Diário da Tarde , de maior circulação,

começam a construir o mito do herói, daquele que morreu lutando pelo Paraná

e pela República:

O Vulto desse bravo e luzido patriota que se foi, pelo espiral do

heroísmo, da via ao Pantheon, ficará gravado no nosso coração como

uma urna sempre florida das pétalas a nossa grande saudade.

Tombado, embora, nas cochilias do Irany, em horrível entrevero, João

Gualberto restará, na história do Paraná contemporâneo, erecto como

um píncaro que emergisse em vasta planície, dominando os annos e

admirado pelas gerações sucessivas. João Gualberto nasceu para a

nobre missão do civismo: a sua vida foi uma serie continua de actos e

19 D’ASSUMPÇÃO, Herculano Teixeira apud  PEREIRA, Luís Fernando. Paranismo: o Paranáinventado. Cultura e Imaginário no Paraná da Primeira República. Curitiba: Aos Quatro Ventos, 1997, p.65.

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de iniciativas patrióticas, que o sagraram benemérito; (...) o calor do

santo enthusiasmo pela pátria, a fé robusta que nutria pelo futuro do

Paraná e pela grandeza do Brasil. João Gualberto era uma alma

vontada para o irradeação da glória. (...) O seu feito, attirando-se como

um heroe contra hordas barbaras dos desertores da lei, indo buscar a

morte onde estivesse a glória, poderia ser um erro de estratégia, como

dizem uns, ultrapassando as ordens recebidas, mas foi,

indubitavelmente, um rasgo memorável desta bravura indomita que era

característica dos grandes guerreiros.(...) Erros estratégicos! Deixemos

o futuro a missão de reconhecêrlos e julga-los .Morto em combate pela

civilização contra o banditismo, pelo prestígio da autoridade

paranaense, João Gualberto paira acima da crítica, como uma victima

da gloria e da dedicação ao Paraná. Não foi um triunphador, mas umheroe que morreu (...) sacrificou a existência pelo Paraná, pela lei e

pela Ordem, devemos mais que a muda homenagem do bronze, todo o

nosso immenso reconhecimento e toda a nossa imperecível saudade.20 

João Gualberto morreu representando a civilização contra a barbárie

dos sertanejos tidos como retrógrados e primitivos, em particular pela proposta

de um retorno à Monarquia, embora na realidade não estivessem falando em

termos de regime político, mas em termos de imaginário popular e de

preocupação com as populações da região que, após a proclamação da

República foi completamente esquecida pelas autoridades governamentais. O

funeral de João Gualberto.

tem toda a pompa de um herói, com carruagens estilo Luís XV, túmulo

construído pelo governo para ser um monumento etc. Aqui se percebe

a construção progressiva da imagem de João Gualberto e esta foi, semdúvida, ainda em 1912, a primeira grande festa paranista e o coronel o

primeiro herói imolado pelo futuro do Paraná, pois heróis são símbolos

poderosos, encarnação das idéias e aspirações, sonhos ou referências,

fulcros de identificação coletiva. São instrumentos eficazes para atingir

a cabeça e o coração dos cidadãos21 

20  Apud  PEREIRA, Luís Fernando. Paranismo: O Paraná Inventado..., p. 65.21 PEREIRA, Luís Fernando. Paranismo: Cultura e Imaginário no Paraná dos anos 20 p. 291.

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O que devemos observar no movimento paranista é a sua idéia de

progresso, a idéia de um novo regime. A República requeria uma nova atitude

frente às questões que se apresentavam no período. O modelo utilizado, o

positivismo, deu elementos que vão ser seguidos por estes pensadores (elites),

e estes não se privaram de usá-los.A criação de heróis, a valorização das datas cívicas, a mulher como

representação da República são estratégias usadas por estes intelectuais,

artistas e literatos. Nos atemos mais na análise das ações deste grupo, na

criação dos mitos: de heróis forjados como João Gualberto e a própria

mitificação das mulheres.

1.2. Educação no Paraná

O final do século XIX e início do XX é marcado no Brasil por grandes

mudanças. A substituição da Monarquia pela República traz consigo a idéia de

substituição do antigo pelo novo. A criação de uma nova idéia de nação passa

pela educação de seus cidadãos.

A preocupação com a educação parece ter sido uma das bases do

pensamento dos paranaenses do período, e é neste contexto que a educação

vai ser percebida, como setor que deveria ser ampliado, pois se tratava de

elemento fundamental para a transformação da sociedade.

Segundo Lilian Anna Wachowicz:

A instituição escolar é inserida assim, no contexto de uma organização

estatal que, sem dúvida para o governo, tinha a autoridade, o direito e o

dever de dirigi-la, a partir de determinações concebidas de cima para

baixo. Nesse contexto, o autoritarismo era uma consequência lógica do

estado ético e protetor das massas22.

A apreensão do saber científico nas escolas era crucial para a

superação da fase mítica da sociedade representada pela Monarquia. No

22 WACHOWICZ. Lilian Anna. Relação Professor-Estado no Paraná tradicional, São Paulo,Editora Cortês, 1984, p.81.

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Paraná, o trabalho dos inspetores escolares vai ser importante neste sentido,

pois são eles que fiscalizam o funcionamento das escolas.

Na Curitiba republicana, a escola pública primária é uma reivindicação

constante das autoridades de ensino, desde o final do século XIX. Os relatórios

dos inspetores gerais solicitam com freqüência a construção de prédios

destinados especificamente às práticas escolares; rejeitam as pequenas salas

de aula sem ar ou luz, apontam os inconvenientes das casas de aluguel, de

onde se ausentam as mínimas condições de higiene. E defendem, ao raiar do

século XX, a organização do ensino primário e secundário.

Neste período, a direção do ensino no Paraná compete ao Presidente

do Estado, que é assessorado pelo Secretário do Interior, Justiça e Instrução

Pública. Este por sua vez, é auxiliado pelo superintendente, diretor ou inspetor

geral de ensino, responsável pelo cumprimento das leis, dos regulamentos e

das deliberações da instrução, além do Conselho Superior de Ensino, dos

conselhos municipais, dos delegados de ensino (encarregados da inspeção

técnica das escolas) e finalmente pelos Inspetores escolares.

No Paraná a inspeção das escolas é considerada elemento fundamental

para o funcionamento do sistema, e encarada como função de representação

política, sendo que os inspetores locais trabalhavam sem remuneração, agratificação do trabalho era representada pelo exercício do poder na

localidade.

Em Curitiba, o trabalho destes inspetores escolares dá resultados: “as

três únicas edificações destinadas exclusivamente ao ensino em 1893,

multiplicam-se, em 1916, em dez grupos escolares.”23 

Nascidas num período de entusiasmo pela educação, estas novas

escolas corporificam a crença republicana de que a multiplicação dasinstituições escolares conduziria a uma popularização do ensino, determinante

do desenvolvimento das nações. Este período é marcado também pelo

otimismo pedagógico, que pretende introduzir na escola a fé nas

potencialidades humanas; a prática do sentimento patriótico, a ideologia do

progresso e a neutralidade religiosa do ensino.

A escola pública republicana deve ser humanista, democrática e

progressista, e o sucesso desta idéia passa pelo trabalho dos inspetoresescolares e dos professores.

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No início do século XX havia, como já foi dito, um número reduzido de

escolas em Curitiba, não sendo diferente no interior do Estado. Havia falta de

tudo, desde o material escolar, por mais elementar que fosse, até as próprias

escolas. No interior no Estado, com raríssimas exceções, o ensino não ia além

das duas primeiras operações fundamentais, e os alunos concluíam o cursoprimário sem saber ler adequadamente.

Algumas escolas só existiam no nome, pois os professores

“desconheciam a estrada por onde deviam seguir para cumprir seu dever, mas

conheciam bem o caminho do thesouro para receber os vencimentos a que

honestamente não tinham direito. (...) A falta de fiscalização na maioria das

localidades era quase completa, cada professor ensinava o que sabia, como

podia e, geralmente, quando queria.”

24

.A educadora Lilian Wachowicz, lembra que:

No Paraná, a instabilidade política até o final do século XIX, quando os

presidentes se sucediam no cargo, após alguns meses de gestão,

trouxe para a institucionalização da escola, algumas dificuldades; os

regulamentos estabelecidos por um governo, eram criticados e

revogados, por outro de tal forma que as mudanças prejudicavam o

trabalho das escolas25.

A fiscalização nas pequenas localidades era quase nula, e feita por

inspetores escolares de pouca instrução, sem terem a menor noção dos mais

elementares preceitos pedagógicos para poder auxiliar aos professores,

conforme constatou Lilian Wachowicz ao analisar os relatórios dos inspetoresque passam a viajar pelas circunscrições.

surge a constatação de inúmeros problemas: um inspetor afirma que

quase nenhuma das escolas visitadas se acham em perfeito acordo

com regulamento da instrução pública. (...) Quanto aos inspetores

nunca visitam suas escolas, dão licenças injustificadas, e pela prática

23 TRINDADE, Op. cit ., p.11.24 MOREIRA, Fernando A. O ensino primário no Estado do Paraná, agosto 1924, p. 24.25 WACHOWICZ, Op. cit. p. 82.

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do favoritismo, são na verdade reais impecilhos à boa fiscalização

geral26.

Sebastião Paraná, inspetor de ensino da comarca de Curitiba, ao

analisar os alunos vindos do interior para ingressar na escola normal27  na

capital, dirigindo-se ao Diretor Geral da Instrução Pública:

Bem sabe V.Exa, como é ministrado o ensino nos pequenos

centros de população de nosso Estado (...). Alem disso, os

inspetores escolares, quasi todos illetrados, nenhum interesse

ligam ao cargo que exercem sem remuneração alguma. Entretanto,

podem os certificados de exames de segundo grau, assignadospelas auctoridades de ensino, dar ingresso na Escola Normal a

candidatos innabeis e mal apparelhados para os prelios da

inteligencia28 

Neste período é criado o Conselho Superior de Ensino Primário, ao qual

era submetida a aprovação dos livros a serem adotados nas escolas. O ensino

público tomou nova feição: foi mais ou menos uniformizado nos centros demais fácil acesso, mas continuou com os antigos problemas nas localidades

mais distantes. No governo de Afonso Camargo.

O cargo de Director do Gymnasio e Escola Normal foi exercido pelo

Exmo. Snr. Dr Sebastião Paraná que muito contribuiu (...) para o

desenvolvimento do ensino no Paraná, como inspector escolar da

Capital, cargo que exerceu durante annos, já como escriptor didático29 

Sebastião Paraná exerceu o cargo de inspetor de ensino de Curitiba de

1900 a 1908. Em seus relatórios, sempre denunciou a falta de prédios para o

ensino, a falta de materiais e de livros adequados para os alunos. A situação

26Op. cit. p. 120.27 AMARAL, Aline Bessa, A escola normal. O Brazil Civico, Curitiba, v 1, n 1 , 1918, pg 77. A

escola Normal é destinada a formação de professores para as escolas, primárias e intermediarias do Estado

. 28 PARANÁ, Sebastião . Relatório do Inspetor de ensino de Curityba . Curytiba : Typ. D'aRepública ,1906, p. 22.

29 MOREIRA, Fernando A. O ensino primário no Estado do Paraná. 1924, p. 27

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difícil do ensino em outras localidades, os males da ignorância para o indivíduo

e para a Pátria, enfim, era um dos paranistas mais ativos na questão do

ensino. Nas palavras do inspetor:

Continua sensivel a falta de edificios apropriados para o funcionamentodas escolas nesta cidade. (...) Vejo, com pesar, escolas funcionando

em salas de edificios particulares, sem os requisitos necessários

prescriptos pela moderna arte de ensinar. (...) E conveniente insistir V.

Ex.a. No sentido de serem construidos edifícios apropriados, isto é,

altos, espaçosos, claros e fartamente arejados, havendo nas paredes

inscripções que concitem as crianças ao cumprimento do dever cívico.30 

Em seus escritos é possível perceber como o trabalho dos inspetores

escolares é importante, juntamente com os dos professores, na instalação de

um pensamento republicano no Paraná.

30 PARANÁ, Sebastião .Relatório do Inspetor de ensino de Curityba , p. 23

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Capítulo II - O Intelectual e as suas atuações

O papel da escola na República é de formar o homem para a família, o

indivíduo para a sociedade e o cidadão para a Pátria, é dentro desta

perspectiva que devemos analisar o trabalho de Sebastião Paraná, dentro do

seu trabalho como inspetor de ensino, ele tenta criar condições para o bom

aprendizado e bom funcionamento da escola. É dentro deste pensamento que

devemos ler suas críticas nos diversos documentos. A falta de materiais

básicos nas salas de aula, livros inadequados, péssimas condições dos locais

de ensino etc.

Ao evocar os grandes homens como Jules Simom e Chateaubriand ele

acaba buscando um referencial sólido para suas palavras, e um alerta às

autoridades, sobre seus fracos esforços para o bom funcionamento da

educação. O progresso da nação depende destes homens que formados nas

escolas

Em seu ensaio de título o patriotismo, escrito na revista “Brasil Cívico”,

na qual é redator, Sebastião Paraná nos apresenta uma direção do que é ser

patriota:

É um sentimento nobilitante, próprio das almas delicadas e altruístas(...

) São os que concorrem para formar o coração e o caráter da infância e

da mocidade.

Patriotas são os bons professores que, ao serviço da colletividade,

ensinam seus discípulos a amar o Brasil e por ele viverem(...) Patriotas

são todas as mestras de creanças que se sintam um pouco mães

dessas creanças, e que se interessem pela sorte, pelo futuro dos

pequeninos seres em formação (...)Patriotas são os que estão á frente

da missão civilizadora da escola e da oficina (...) Patriotas são todos

aqueles que labutam nas industrias. São os que amanham a terra

mater e della retiram o necessário à vida individual e colletiva (...) são

os que se insurgem contra os vícios, contra os defeitos do espírito e as

tendências sordidas da matéria

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Patriotas são também os que se dedicam à cultura da terra; os que

votam dedicação às cousas da Pátria; sos que redem culto de affetcto e

veneração às bellas tradições do passado; são os que se esforçam pela

fraternidade universal, pela victória da civilização, da liberdade, do

direito e da justiça31 

Nesta citação é possível ver os elementos da família, da Pátria e a

humanidade, elementos estes que vão ser percebidos na maioria de seus

escritos.

2.1 O trabalho de Inspetor Escolar

Como já foi citado Sebastião Paraná é autor de vários livros, entre eles

temos o Esboço Geográfico do Paraná de 1889, onde o jovem escritor

demostra todo seu amor por esta terra. Angustiado com a situação do Paraná

de da República ele acaba demonstrando sua esperança no futuro:

Hontem, trevas, miséria...escravidãoHoje, liberdade, alguma luz

Muito esperança...

Amanha- liberdade, luz riqueza....

Muita liberdade!

Nada fomos, pouco somos, porem muitos seremos.

Paraná ! Paraná ó terra de meus pais! ... Nenhuma tradição gloriosa se

liga a tua curta história!

Avistando as riquezas que te acenam prossegues cabisbaixo, comoquem esmola o pão de cada dia; mas sossega, ó minha terra: serás

grande porque assim o quer o teu destino, (...)32 

No final do século XIX, em 1899 Sebastião Paraná escreve a obra

Chorografia do Paraná, e logo em seguida seu manual didático, O Brasil e o

Paraná, para escolas primárias, que entra em circulação em 1903, obra que

31 PARANÁ, Sebastião. Patriotismo. .Brazil Civico.: educação- estudos sociais,Curitiba, v 1, n1 ,p. 74-76. 1918.

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analisaremos mais adiante. Dentro desta sua produção temos obras voltadas

para educação, como o manual didático Os Estados da República 1911- 1925,

Paízes da América ( 1922) e Paizes da Europa ( 1926).

Dentro o espírito da República e do paranismo, Sebastião lança o livro,

Galeria Paranaense, em homenagem ao primeiro centenário da Independênciado Brasil, onde fala sobre os grandes personagem, os chamados Vultos. Como

Inspetor escolar da capital, deixou uma grande contribuição para o ensino do

Paraná. Suas ações como Inspetor de Ensino muito contribuem para este

trabalho.

A crítica nos relatos, a seriedade, o sentido do dever são características

de seu trabalho. No seu relatório ao Diretor Geral da Instrução Pública, de

dezembro de 1906 observa-se já na apresentação, sua preocupação com aInstrução Pública, que para ele era o “magno problema, um caos de vida e

morte para as sociedade modernas”, continua ainda nesta apresentação. O

estudo desenvolve o indivíduo e da brilho e destaque à colletividades, espangir

os germens do ensino por toda parte, é dos deveres primordiais da

democracia. Ignorância e República são idéias antagônicas que se repelem”33.

Neste trecho da apresentação do relatório é possível perceber como

Sebastião Paraná vê a função da Instrução Pública. A Instrução Púbica

segundo ele é um dos deveres primordiais da democracia. A idéia de

progresso na República não está só modernização das cidades, mas também

na preparação do homem, tornando-se num cidadão útil e isso é uma das

funções da escola, é nela que isso se realiza. Sebastião Paraná comenta

sobre as funções da escola citando Jules Simon “O povo que possui as

melhores escolas é o primeiro povo; se não for hoje sel-o-há amanhã.”34 

Sebastião Paraná usa as estatísticas para demostrar que a maioria dos

criminosos é composta de ignorantes, citando o historiador Ingles Macalay fala

sobre a tarefa do Estado:

Para cohibir os delitos o Estado tem somente dois caminhos a seguir:

ou tornar os homens melhores e mais prudentes, ou mais infames e

miseráveis, isto é, instruilos ou castiga-los. Não pode haver dúvida na

escolha, e o Estado que não liberaliza o ensino, alem de faltar aos

32  PARANÁ, Sebastião. Esboço Geográfico da Província do Paraná.  Rio de Janeiro. Ed

Pinheiros & c, 1889, p. 73.33 PARANÁ. Oficio do Inspetor escolar Sebastião Paraná ao Diretor da Instrução Pública.Curitiba Typ d’a República 1906, p.15.

34  Idem, p.15.

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deveres de sua creação, torna-se cumplice em todos os attentados

provenientes da ignorância.35 

Ao permitir a ignorância o Estado é visto como um dos responsáveispelo atraso do desenvolvimento social e do progresso. Os intelectuais do

chamado paranismo, e entre eles o próprio Sebastião Paraná, vêem a

República como o novo que vem substituir o velho, uma idéia de progresso que

deve ser levada a diante, pelo poder público do Estado.

Sebastião Paraná aponta soluções em seu relatório mas mantém

esperança no sucesso da Pátria e para que isso ocorra pede que sejam

dobrados os esforços para a evolução do ensino popular:

Em face do progredimento extraordinário que rebentou no Brazil, depois

da proclamação da república, temos bem fundadas as esperanças de

que nossa Pátria, guiada pelo fanal da Instrucção, há de seguir

desassombrada pela derrota esplendente da civilização, mantendo a

integridade nacional(...) Felizmente, cumpre dizer bem alto, alçar o

ensino ao ponto culminante a que elle tem direito, é uma das maiores

preocupações do poder público do Estado. Secundemos os seusesforços; trabalhe cada um, à medida de suas forças, em pró da

desenvolução do ensino popular. Façamos do livro uma trincheira para

nos livrar dos ataques funestos da ignorância. Façamos da escola um

reducto, um bastão, um instrumento afiado da obra do nosso

alevantamento moral.

Que vigore a tibieza desta exhortação a seguinte phase de

Chateaubriand: Derramemos a instrucção sobre a cabeça do povo:

devemos-lhes esse batismo.36 

Neste trecho da apresentação do relatório do inspetor de ensino

devemos destacar, a escola como reduto da moral, e elementos da religião

cívica do positivismo, a instrução é ritualizada como um batismo dos

ignorantes, uma espécie de salvação das trevas, a busca da luz no

conhecimento, e a escola como local da moral.

35  Idem, p.16.36  Idem, p.14.

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Neste mesmo relatório, em sua fala sobre o regime escolar, Sebastião

citando Manoel F. Correia define o que pretende a escola quanto ao menino e

a menina, há uma clara distinção do papel de ambos na sociedade e isso e

colocado como uma das funções do escola. Sobre a matéria diz Sebastião

Paraná:

Uma das questões a que liguei interesse foi o regimen disciplinar. A

este respeito disse o eminente estadista Dr Manoel Francisco Correia

em favor da desenvolução do ensino popular no Brazil; Que se

pretende do menino? Que, como particular e como cidadão, trilhe o

caminho do dever e da virtude. Que se pretende da menina?. Que seja

o anjo velador do lar, a carinhosa promotora da educação da família.Pois o regime disciplinar da escola deve ser o mais acomodado para

que o menino forme-se o homem de bem e na menina a matrona

exemplar37 

Sobre este tema de disciplina no ambiente escolar, o inspetor, relata a

sua desaprovação quanto aos castigos físicos, diz que não se pode dar a

escola o aspecto sombrio que vem da opressão e do terror, que o castigo

corporal é uma mancha nas escolas e que por isso expediu um aviso ao

professorado da capital, utilizando as bases legais sobre este assunto junto

.com o regulamento das obrigações dos professores na escola em 02 de

Março de 1906:

No artigo 4 do regulamento da Instrucção Púbica contem a seguinte

disposição:

São absolutamente prohibidos nas escolas públicas dos castigoscorporaes e os que possam prejudicar a saúde e a moral dos alumnos,

sendo a infracção punida com multa(...)

De conformidade com o art. 6 do regulamento da Instrução Pública, os

professores são obrigados:

1 Dar exemplos de polidez e moralidade em seus actos, tanto nas

escolas como fora dellas;(...)

3-Participar à Inspectoria Escolar sempre que deixarem de dar aula,expondo –lhe o motivo(...)

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4 Manter nas escolas a devida disciplina e conservando-as em rigoroso

estado de mundicia;

5 - Apresentar-se decentemente trajados nas escolas onde devem dar

exemplo de asseio e conduta:

7 - Escriptura cuidadosamente todos os livros que as escolas devem

ter.

8- Esforçar-se para que os alumnos adquiram hábitos de ordem, de

actividade, de economia e, de asseio e polidez, cultivando(...) o bello

sentimento de Pátria e dever.38 (?)

Sebastião Paraná citando John Locke termina seu texto;

Locke, respeitavel pensador inglez, também dizia: Para corrigir meninosnada há mais impróprio que pancadar, castigo que inspira-lhes natural

aversão as cousas que aliás o professor deve esforçar-se por fazer

amar. Nada mais comesinho do quever meninos odiarem logo certas

cousas desde que a ellas são constrangidos por meio de apancadas 39 

O inspetor não só envia ao professorado leis que proíbem os castigos,

como junto os regulamentos de seu comportamento, reforçando regras e uma

moral que achava necessário para o bom funcionamento da escola e para o

atingir o objetivo maior que era criar o cidadão e o amor pela Pátria.

O trabalho de inspetor de ensino tem uma função estratégica para os

governos, isto é percebido mesmo no período da Monarquia, quando são

definidas as funções destes inspetores. Em 1857 o inspetor geral da Instrução

pública, Joaquim Ignácio Silveira Mota relata a função do inspetor:

Dentro de sua circunscrição, o inspetor constitui-se o diretor domovimento regrado da Instrução Pública, estuda os meios de melhora-

la para torna-lo mais uniforme e de utilidade mais geral, organiza

estatística do ensino e por ela julga da disseminação da instrução, e

apresenta seu relatório até dezembro de cada ano as idéias que o

estado de coisas lhe sugerir, em ordem a se aumentarem os meios de

propagação e a chamar à escola o maior número, assim como a se dar

37  Idem, p.14.38  Idem, p.19.39  Idem, p.19.

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mais perfeição ao trabalho pedagógico... é o intermediário com os

professores.40 

Nas atribuições citadas acima do Inspetor escolar, uma em particular

nos chamou a atenção, a de que é sua função estudar analisar as condições

de ensino, em seus relatórios anuais os inspetores tem que repassar aos seus

superiores a real situação das escolas, quanto ao ensino, quanto as condições

dos prédios onde funcionam as escolas, sobre o mobiliário o material didático

utilizado etc.

Num destes relatos sobre as condições do ensino no Paraná , o inspetor

Sebastião Paraná relata ao Governador do Estado, Francisco Xavier da Silva,

“É Lamentável estado de atraso em que se acham os estabelecimentos de

ensino em diferentes pontos do interior e do litoral; o ensino oficial não

corresponde aos esforços e sacrifícios feitos pelo erário”41 .

Em outro anterior, para o diretor geral da Instrução Pública, Victor

Ferreira do Amaral e Silva, já relatava quadro semelhante: “tristíssima a fase

que a instrução pública apresenta no Estado, comparando com o lema de que

ignorância e República são idéias que se repelem.”42  Outros exemplos

poderíamos citar a este respeito, mesmo na capital é possível verificar

problemas com o ensino:

Continua sensível a falta de edifícios apropriados para o funcionamento

das escolas desta cidade.

É verdade que existem aqui algumas casas escolares; essas porem

são insuficientes para acomodar a considerável população escolar

existente(...) Vejo, com pesar, escolas funcionando em salas de

edifícios particulares sem os quesitos necessários prescritos pelamoderna arte de ensinar (...) quanto a utensílios é completa a falta

deles nas escolas!(...) O Regulamento determina que os livros para

matrícula, actas de exames e termos de visitas serão distribuídos por

conta do Estado, Entretanto, se os professores não fizessem acquisição

40  PARANÁ. Relatório do Inspetor Geral da Instrução Pública, Joaquim Ignácio Silveira damota, ao Presidente da Província, Dr Francisco Liberato de Mattos, em 31./12.1857, Curitiba, tipografiaLopes, 1858, p. 3.

41 PARANÁ, Oficio. Relatório do Docente visitador, Sebastião Paraná. ao governador do Estado,Francisco Xavier da Silva, em abril de 1901.DAMI, Officios. 1901 vol 5. Doc manuscrito.

42 PARANÁ, Oficio do Inspetor escolar Sebastião Paraná ao Diretor Geral da Instrução Pública.Victor Ferreira do Amaral e Silva, em 26.12.1900.DAMI.fficios, 1900, vol 14.Doc manuscrito.

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desses livros a expensas próprias, teriam de effetuar a escripturação

respectiva em folhas avulsas de papel!43 

É interessante observar como os relatórios dos Inspetores, com

exceções, tenta cumprir a função estabelecida em 1857 que é a de fiscalizar

uniformizar e melhorar a Instrução Pública. Sebastião Paraná alem da função

de Inspetor Público de Curitiba, função esta não remunerada.

É neste período também escritor de livro manuais didáticos, em O Brasil

e o Paraná para escolas primárias, faz um relato completamente diferente

sobre a situação do ensino no Paraná, colocando o Estado como o primeiro na

Instrução Pública no País.

Esta contradição entre o discurso do autor de material didático e do

Inspetor pode ser explicada pelo regionalismo da época pelo sentimento de

amor ao Paraná, junto com um projeto de construção do próprio Estado, que

foi estudo mais detalhadamente no primeiro capítulo.

2.2 O Autor de manuais didático

O Paraná não se destaca, felizmente, pelo o atraso da Instrução

Popular. Os poderes públicos, convencidos de que educar e instruir a

43 PARANÁ (1906), Op. cit ., p. 20.

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infância e lançar-lhe no espirito o germen da prosperidade e da virtude,

não se furtam ã abrir as arcas do erário sobre as cearas da inteligencia

infantil, difundindo escolas por toda parte, desde as cidades até as mais

humildes povoações.44 

Esta descrição da situação do ensino no Paraná que esta contida em

seu manual didático e difere do que ele fez como Inspetor de ensino, onde em

relatórios a seus superiores, faz uma série de críticas e sugestões para o

desenvolvimento do ensino no Estado, sempre lembrado que “Ignorância e

República são idéias que se repelem”.

Esta aparente contradição no discurso de Sebastião Paraná, deve ser

entendida no contexto da construção de uma memória para o Estado, os dois

textos tem públicos distintos, sendo um destinado à alunos do curso primário e

o outro às autoridades que exercem o poder efetivamente, em nenhum dos

dois casos Sebastião Paraná vai perder o caracter de construtor, ora lutando

para o crescimento da Instrução Pública, ora exercendo o papel de mestre

propagandista de um Paraná idealizado por um grupo que chamamos de

paranista.

Sebastião Paraná quando se refere a Instrução popular no Estado do

Paraná, em seu manual didático O Brasil e o Paraná 45  , descreve a eficiência

desta no Estado e o empenho das autoridades em difundir a Instrução para as

humildes povoações.

(...) abrir escolas é alargar o caminho do progresso, é levantar altares

ao trabalho, à moral e ao direito, facilitar pois, o ensino a todos as

classes da sociedade, amplia-lo, difundi-lo até pelas mais remotas

paragens do nosso vasto território deve ser a aspiração mais ardosa o

mais sincero voto de todos que se interessam pelo progredimentoparanaense , da Pátria e da humanidade.

A ignorância, miopia do espirito, é um infortúnio como a catarata que

produz cegueira completa ou parcial46 

44  PARANÁ, Sebastião Paraná. o Brazil e o Paraná, para uso nas escolas primárias.22. edMelhor. Curitiba, 1941, p.10.

45Este manual didático que se destina às escolas primárias tem sua primeira edição em1903 e a última em 1941 foram 22 edições que sofreram pouquíssimas modificações durante

seu período de uso, esta obra vai receber um parecer favorável de uma comissão composta porEmiliano Perneta, Chichorro Junior, Darío Veloso e pelo Diretor da Instrução Pública da época osr Victor Ferreira do Amaral e Silva para ser utilizado nas escolas primária. 

46 PARANÁ, Sebastião. Chorografia do Paraná. Coritiba .Ed Rocha & C. 1899 p 137

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Na citação anterior o autor vai descrever qual é função dos poderes

públicos, como este poder deve buscar o progredimento do Paraná expulsando

deste, a ignorância citado por ele como miopia do espírito. Sebastião Paraná

continua dizendo que: 

Não Basta que o povo saiba ler e escrever: para melhorar sua situaçãomoral é necessário que elê adquira o gosto do aperfeiçoamento

intelectual indispensavel ao homem47.

Nesta obra está a descrição do Paraná de forma mais reduzida, visto

que foi baseada em outra obra de Sebastião Paraná, Chorografia do Paraná

de 1899, esta sim com uma descrição mais detalhada do Estado. Encontramos

em O Brasil e o Paraná, o Estado sendo visto como um verdadeiro paraíso na

terra. No texto sobre os imigrantes percebemos esta sua visão do Paraná

(...) a terra póde, de facto, offerecer aos infelizes da Europa, aos

desanimados, aos que só querem paz e sossego para o trabalho,

melhores condições que o Paraná, clima mais saudável, elementos

mais variados de prosperidade, circunstancias mais excepcionaes,modo de existência mais commodo, mais sereno, mais ao abrigo de

todas as convulções políticas e sociaes?48 

Em seus livros didáticos, Sebastião Paraná analisa a vinda dos

imigrante como algo necessário para o desenvolvimento do Brasil e do Paraná,

mas deixa claro que tipo de estrangeiro deseje que imigre para o Brasil e qual

a sua finalidade.

Venham! Venham os que sofrem nos penates de seus antepassados.

(...) Venham espontaneamente, não os improbos, os vadios, os

mutilados, mas os válidos, os operários, os agricultores, principalmente

os agricultores, que na terra brasileira hão de encontrar mansão de47 Op. cit. p.138.

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tosa, um oásis em flor, grandioso e magnífico. (...) Mais cedo ou mais

tarde virão assentar seus lares nesta região paradisíaca49.

No final do século XIX e início do XX o Paraná contava com cerca de

2/3 de seu território desocupado, necessitava assim da vinda dos imigrantes.Sebastião Paraná manifestava:

O Paraná não tem ainda população nem para a décima parte de seu

grande e soberbo território, portanto, introduzam-se nelle desde já

miliares de imigrantes morigerados e operosos, e em menos de meio

século não teremos mais nenhum destes; mas, em compensação a

sua prole innumeravel, composta de individuos e vinculados pelos laços

de amor e de interesse ao solo que lhes serviu de berço, concorreráeffizcamente para a opulencia colletiva50 

A imigração é vista por Sebastião Paraná como salvação para a

ocupação deste vazio territorial:

Com o braço, com a inteligência, com as tradições de vida, doscostumes e do trabalho(...) os imigrantes europeus trazem valiosos

subsídios para a exploração de nossos recursos naturaes. Com a sua

vinda para o nosso Estado, onde a densidade da população é

insignificante, attenta a vastidão do território eles concorrem para a

prosperidade pública51 

Neste livro didático Sebastião Paraná dá um especial destaque quando

se refere ao povo Brasileiro, enaltecendo suas qualidades e seu patriotismo:

Não há povo mais hospitaleiro mais afavel, mais magnanimo do que o

povo brasileiro. E lhe peculiar a virtude sublime da caridade, que

santifica as almas e os corações. Surte efeito magnifico qualquer brado

em prol de estabelecimentos nosso comiais   , qualquer apelo feito em

48  Idem, p.25.49 PARANÁ. Sebastião. O Brasil e o Paraná, Curitiba, Ed. Livraria Guignone, 1941, pp.46-47.50PARANÁ, Sebastião. Chorografia do Paraná, Op. cit. p. 362.51  Idem, p.26.

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bem dos orfãos da fortuna, de todos os que tropeçam e caem a beira

da estrada dolorosa do infortúnio52 

Sebastião Paraná em seu texto coloca o Paraná como o local idealpara a vinda dos imigrantes, pois oferecia todas as condições para o bom

estabelecimento destes. Em suas palavras.

Por sua posição geográfica, felizes condições topographicas,

amenidade do clima e fertilidade do solo, o Paraná é a provincia do

Brazil mais apropriada para receber em seu seio immigrantes de todos

os paizes, colonos laboriosos que: procurem novo lar e uma patria onde

encontrem o seu bem-estar e elementos para firmar o futuro de seus

filhos. A sua natureza é esplendida: quem não a conhece attribuirá à

phantasia a mais pallida descrição de suas riquezas naturaes53.

Já no prefácio de sua obra, Chorografia do Paraná o autor demonstra

a sua visão sobre o Estado e como ele pretende que seja visto o Paraná.

Descreve o autor:

Escrevi este livro afim de proporcionar, especialmente aos meus diletos

conterrâneos, um meio fácil de conhecer, posto que perfunctoriamente,

as magnificiencias de nossa terra, a belleza soberana de seus pampas,

a imponência majestosa de suas selvas, a begnidade incomparável de

seus climas, a fauna, a flora, em summa - as inestimáveis riquezas  

naturais que nosso  estado encerra em admirável e surprehendente

profusão54 

Mas mesmo dentro do Paraná, o educador deixa claro qual região tem

as condições mais favoráveis para se viver e reúne as condições ideais para

acolher o imigrante.

52  Idem, p.96.53 Op. cit. p.363.54 Op. cit. p.11.

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O clima de cerra-acima é incomparavelmente superior ao da marinha; e

a prova mais eloqüente de asserção fornecem os proprios moradores

dalli que estão quase sempre subindo a cerra do mar, uns para

veranear, outros para fortalecer a saúde, agravada pelo ar quente e

humido do litoral55.

Em seu Esboço Geográfico da Província do Paraná , o autor reforça a

idéia de ocupação dos vazios da terra do Paraná, mas alerta quanto ao

isolamento. Escreve Sebastião Paraná:

É muito justo povoarem-se os lugares desertos: mas também tanto vale

alguem já disse, não ter colônias como tel-as, em pontos afastados,

onde não chega o ruído da vida externa, é onde o homem segregado

della tanto mais sente encontrar-lhe n'alma o desanimo quanto maior é

a colheita que faz (...) Os terrenos que circundam a cidade são optimos

para cultura das hortaliças, cereais e frutos europeus56 .

O imigrante é percebido como imprescindível ao progresso no Paraná 

ao ocupar os espaços vazios, principalmente em torno das cidades. Para o

autor a sociabilidade do imigrante traria vantagens para o desenvolvimento do

Paraná, mesmo quando estes não se ajustam perfeitamente. Segundo

Sebastião:

A população deste nucleos compõe-se de allemães, polacos e italianos

que se empregam na pequena lavoura. Se os braços de tais

immigrantes promettem melhorar o estado, pouco agradável de nossa

agricultura, a sua boa indole também garante-nos a manutenção dosocego público. Nos Allemães, a quem Curityba deve o incremento

geral e progressivo, o que tem attingido, notam -se probidade e

perseverante, dedicação ao trabalho. Há porém, uma circumstancia que

depõe um tanto contra este individuos: são poucas assimiláveis aos

nacionais. Mas que importa isso desde que comnosco colaboram para

a prosperidade do paíz?57 

55 Op. cit. pp. 166-167.56 PARANÁ. Sebastião. Esboço geografico da província do Paraná, Rio de Janeiro, Pinheiro &Cia, 1889. Pp. 42-43.

57 Op. cit. p.42.

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Em sua obra O Brasil e o Paraná  Sebastião fala sobre as qualidades

do povo brasileiro e no que ele se distingue dos outros povos. O autor

enobrece e exalta as qualidades inerentes ao tipo brasileiro

Não há povo mais hospitaleiro, mais afável, mais magnanimo do que o

povo brasileiro. Ë lhe peculiar a virtude sublime da caridade, que

santifica as almas e os corações. Surte efeito magnifico qualquer brado

em prol de estabelecimentos noso comiais, qualquer apelo feito em

bem dos órfãos da fortuna, de todos os que tropeçam e caem a beira

da estrada dolorosa do infortúnio 58.

É perceptível neste trecho do autor uma idealização do homem

brasileiro, pois esta imagem será utilizada para a criação do imaginário do

cidadão republicano, que como este homem ideal vai servir a pátria, quando

esta chamá-lo. O Autor segue idealizando este homem:

Distinguem-se os brasileiros pela urbanidade, pelos delicados

sentimentos afetivos, pela lucidez da inteligência e pelo patriotismo.Pelo Patriotismo sim, pois, quando a bandeira auri-verde-símbolo

sagrado da soberania nacional, é menosprezada pelo estrangeiro, êste

belo e louvável predicado dos nacionais chega às ráias do fanatismo 59.

Ao escrever seus livros didáticos Sebastião Paraná, usa a natureza, os

homens , representados pelo brasileiro e pelo imigrante, sempre com a idéia

forte do positivismo, do republicanismo.

É perceptivel o simbolismo nos seus escritos, a idéia de construção, o

imigrante tem sua função, desenvolver e integrar-se à terra, o homem

brasileiro tem que educar-se , tem que crescer virar um cidadão para que a

república prospere e a natureza é algo que já foi fornecido e deve ser

explorado em benefício , em desenvolvimento do progresso. Só assim o Brasil

e principalmente o Paraná serão o que preconiza o próprio Sebastião Paraná

58 PARANÁ. Sebastião. O Brasil e o Paraná. Op. cit. p. 66.59Op. cit. p. 67.

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no seu livro Esboço Geográfico do Paraná quando angustiado proclama o

futuro desta terra '' serás grande porque assim o quer o teu destino ".

Conclusão

Durante nossa investigação nos chamou atenção a contradição dodiscurso de Sebastião Paraná como Inspetor de ensino da Capital e como

produtor de manuais didáticos. No primeiro momento ele faz críticas a

situação do ensino no Paraná, dizendo mesmo que é tristíssima sua situação

e num segundo momento faz elogios, dizendo que o Paraná não se destaca

felizmente pelo atraso na instrução pública, ao contrário de outros Estados.

Partimos então para a análise de seus escritos , tentando provar que o

autor, forjava uma história da educação no Paraná, que criava uma situaçãoque não existia na realidade da Instrução pública do Estado. Estávamos

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corretos. Mas de imediato não percebemos a coerência dos textos , por

analisa- los friamente, sem vincula-los ao homem Sebastião Paraná.

Na nossa pesquisa nos deparamos com artigos em jornais de seus ex-

alunos, textos dos que tiveram algum tipo de contato profissional com ele,

escritos de amigos etc .Em todos estes só encontramos elogios a suacompetência ao seu caracter, a sua seriedade e a sua bondade .

Em seu artigo intitulado O significado de Sebastião Paraná , Valfrido

Piloto se diz emocionado ao percorrer na Biblioteca Pública a exposição

comemorativa pelo centenário de nascimento de Sebastião Paraná, diz

Valfrido Piloto:

(...) senti esvoaçarem ao meu lado, irem e virem no meu coração,

recordações tão ligadas a um reencontro comigo mesmo e retornar ao

tumultos das ruas senão como quem se engolfava na noite próxima,

levando já, um belo sonho apaziguador de tantas lutas. Aquele mestre

admirável é para mim, como será para tantos de tantas gerações ai

misturadas na liça, um desses chamados 'tipos inesqueciveis'.60 

Ao lermos os testemunhos de sua seriedade e dedicação a causa da

educação e da Pátria, percebemos que não havia contradição entre o discursode inspetor de ensino e o de autor de material didático.

Ao acreditar que é na formação do cidadão que se consegue a

felicidade da Pátria, Sebastião Paraná não poupou esforços para atingir este

ideal, devemos ler nas suas críticas sobre a falta de materiais, prédios

inadequados e mesmo em suas angustias quanto a falta de preparo de alguns

professores e Inspetores de ensino a busca da construção de um Paraná e de

um Brasil republicano onde a ignorância deve ser tratado como doença, ainstrução como vacina.

Quando produz seus manuais didáticos Sebastião Paraná, escreve este

Paraná ideal, que busca a vitória da luz sobre as trevas, por isso seus

personagens devem ser caridosos, trabalhadores, idealistas e dotados de uma

visão progressista e acima de tudo amantes incondicionais da Pátria.

Lourenço de Souza no artigo: Dr. Sebastião Paraná, escrito no jornal A escola

em janeiro de 1910, manifesta sua admiração pelo educador paranaense.

60 PILOTO, Valfrido. O significado de Sebastião Paraná. Estado do Paraná, Curitiba, 29 deNovembro de 1964.

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O encargo de official de inspector Escolar não tinha moralmente valia

alguma. (...) O Sr. Dr. Paraná porém elevou em importância moral e

social o encargo de que o investiram em boa e feliz hora parainstrucção popular concretizando uma dedicação enorme e um

devotamento preexcelso para com o glorioso empreendimento de

alevantar e propellir o ensino pelos caminhos venturosos de uma

evolução brilhante, o preclaro patriota não se eximiu a esfôrço nem

sacrificio algum. (...) Em todas as circumstancias se manifestou a

solicitude do Sebastião Paraná, que por meio de relatórios luminosos

em que infructiferamente invocava a attenção dos proceres da politica

em favor da instrucção, relatórios que conjecturamos nem foram lidos,quanto mais observados e attingidos. (...) o Dr. Sebastião Paraná tem

 jus a gratidão popular, pelos serviços preexcellentes que ha prestado

á Patria, a quem deu tudo, numa consagração sublime de amor e de

civismo: -  a sua intelligencia para a exalçar, o sangue para

defender. 61 

61 SOUZA. Lourenço. Dr. Sebastião Paraná. Jornal: A escola, Curitiba, janeiro/ março de 1910.pp. 85-86.

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Bibliografia

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_____ . Relatório do Docente visitador, Sebastião Paraná. ao governador do Estado,

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_____ . Patriotismo O Brazil Cívico: educação- estudos sociais, Coritiba, v 1, n 1.

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_____ . Instrução Popular. O ensino, Curityba, v3, n 1. 1924

PILOTO, Valfrido. O significado de Sebastião Paraná. Estado do Paraná, Curitiba, 29 de

Novembro de 1964.

SOUZA. Lourenço. Dr. Sebastião Paraná. Jornal: A escola, Curitiba, janeiro/ março de

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VULTOS. Gazeta do Povo, Gazeta na literatura. Curitiba. 19 de Março 1967.

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SZVARÇA. Décio Roberto. O forjador: ruínas de um mito; Romário Martins (1893-

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Anexos

NICOLAS. Maria e P.M.C. Vultos paranaenses, Curitiba, 1942, datilografado.

PARANÁ. Sebastião. Credo Paranista. Arquivo de recortes da divisão de

Documentação Paranaense, Biblioteca Pública do Paraná, s/d.

 ____ . Bustos. Arquivo de recortes da divisão de Documentação Paranaense,Biblioteca Pública do Paraná, s/d.