20
Caracterização da microbiota intestinal de cães e gatos e sua relação com a nutrição Characterization of the gut microbiota of dogs and cats and its relation to nutrition Autora: Vivian Pedrinelli 1 Orientador: Marcio Antonio Brunetto 1 1 Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia - Universidade de São Paulo 6º Programa de Incentivo à Pesquisa em Nutrição de Cães e Gatos Total Alimentos

Caracterização da microbiota intestinal de cães e gatos e sua … · 2019-09-10 · Caracterização da microbiota intestinal de cães e gatos e sua relação com a ... 2015)

  • Upload
    others

  • View
    0

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Caracterização da microbiota intestinal de cães e gatos e sua … · 2019-09-10 · Caracterização da microbiota intestinal de cães e gatos e sua relação com a ... 2015)

Caracterização da microbiota intestinal de cães e gatos e sua relação com a nutrição

Characterization of the gut microbiota of dogs and cats and its relation to nutrition

Autora: Vivian Pedrinelli1

Orientador: Marcio Antonio Brunetto1

1Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia - Universidade de São Paulo

6º Programa de Incentivo à Pesquisa em Nutrição de Cães e Gatos Total Alimentos

Page 2: Caracterização da microbiota intestinal de cães e gatos e sua … · 2019-09-10 · Caracterização da microbiota intestinal de cães e gatos e sua relação com a ... 2015)

1

Caracterização da microbiota intestinal de cães e gatos e sua relação com a nutrição

Characterization of the gut microbiota of dogs and cats and its relation to

nutrition

Resumo

O estudo da microbiota é recente, principalmente quando se considera os

avanços no campo da medicina veterinária. Com o desenvolvimento de novas

técnicas, permitiu-se a melhor identificação e caracterização de componentes da

microbiota de diversos nichos, como cavidade nasal e oral, pele e trato

gastrointestinal. Poucos estudos foram conduzidos sobre a microbiota de cães e

gatos, sendo a maioria deles sobre a microbiota gastrointestinal, e na maior parte

deles foram utilizados animais saudáveis e de laboratório. Alguns estudos

preliminares tentam entender a relação entre microbiota e doença, enquanto outros

procuram elucidar a relação entre nutrição e microbiota. A composição de

macronutrientes e também a adição de alguns ingredientes específicos na dieta

podem auxiliar na modulação da microbiota e assim, produzir benefícios para o

hospedeiro como melhora da saúde intestinal e bem-estar dos animais. Esta revisão

tem como objetivo compilar informações sobre a microbiota de cães e gatos, sua

relação com doenças e principalmente sobre como a nutrição pode influenciar este

importante componente da saúde de cães e gatos.

Palavras-chave: microbioma; trato gastrointestinal; canino; felino; dieta.

Abstract

The research of the microbiota is recent, especially when the advances in the

field of veterinary medicine are considered. The development of new techniques

allowed a better identification and characterization of microbiota components of

several niches, such as nasal and oral cavities, skin and gastrointestinal tract. Few

studies were conducted to gather information about microbiota of dogs and cats, most

of which being about gastrointestinal microbiota, and in the majority healthy laboratory

animals were used. Some preliminary studies try to understand the relation between

microbiota and disease, while others try to elucidate the relation between nutrition and

the microbiota. Macronutrient composition and the inclusion of specific ingredients in

the diet may help modulate the gut microbiota and, by doing so, provide benefits to the

Page 3: Caracterização da microbiota intestinal de cães e gatos e sua … · 2019-09-10 · Caracterização da microbiota intestinal de cães e gatos e sua relação com a ... 2015)

2

host such as improvement of gut health and animal welfare. This review aims to gather

information about the microbiota of dogs and cats, its relation to diseases and

especially about how nutrition can influence this important component of health for

dogs and cats.

Keywords: microbiome; gastrointestinal tract; canine; feline; diet.

Introdução

O corpo dos seres humanos é colonizado por grande quantidade e variedade de

microrganismos, incluindo bactérias, fungos e vírus. Esses organismos residentes

convivem em simbiose com seu hospedeiro (GRICE e SERGE, 2011). Estudos

recentes demonstraram que o trato gastrointestinal de mamíferos é colonizado por

uma microbiota complexa que inclui bactérias, archea, fungos, protozoários e vírus

(SUCHODOLSKI, 2011). Estima-se que o trato gastrointestinal de cães e gatos

apresente aproximadamente um trilhão de células componentes da microbiota,

número esse 10 vezes maior do que as células do organismo hospedeiro

(SUCHODOLSKI, 2016). Diferenças na microbiota e microbioma podem ocorrer de

acordo com a genética, idade, localização geográfica e especialmente com a dieta

(PANASEVICH et al., 2015).

Microbiota pode ser definida como o conjunto de microrganismos presentes em

ambiente definido ou, mais especificamente, a identificação taxonômica que está

associada a um determinado ambiente, por exemplo, pelo sequenciamento de RNA

ribossomal (rRNA). O termo metagenoma consiste no total de material genético

extraído de uma população de um ambiente específico. Já o termo microbioma é

definido como o conjunto microbiota e metagenoma (SUCHODOLSKI, 2011;

WHITESIDE et al., 2015). A alteração de composição e/ou de variedade de espécies

bacterianas da microbiota intestinal pode ser definida como disbiose, e pode estar

associada com desordens do trato gastrointestinal e até mesmo de outros órgãos

(SUCHODOLSKI, 2016).

As potenciais funções e interações entre organismo e microbiota em cães e

gatos são amplas, porém ainda pouco exploradas. Existem como exemplos estudos

que avaliaram desde a microbiota da pele de cães saudáveis e cães alérgicos

(HOFFMANN et al, 2014) até as populações de determinadas bactérias intestinais de

cães com meningoencefalomielite (JEFFERY et al, 2017).

Page 4: Caracterização da microbiota intestinal de cães e gatos e sua … · 2019-09-10 · Caracterização da microbiota intestinal de cães e gatos e sua relação com a ... 2015)

3

Atualmente a microbiota gastrointestinal é reconhecida como um dos fatores que

influenciam a homeostase, saúde e doenças diversas. Entretanto, a relação da

nutrição de cães e gatos com estes microrganismos ainda precisa ser melhor

elucidada. Dado o papel do trato gastrointestinal na digestão e sistema imune

principalmente, perfis microbianos e de seus metabólitos podem influenciar na saúde

dos animais como um todo, assim como na saúde dos tutores e de outras pessoas

com as quais têm contato (SUCHODOLSKI, 2011; DENG e SWANSON, 2014).

O objetivo desta revisão é analisar os conhecimentos disponíveis sobre a

microbiota de cães e gatos, para melhor entender sua composição, sua correlação

com doenças e a influência da nutrição nos microrganismos que a compõe.

A microbiota gastrointestinal de cães e gatos

No passado, grande parte do conhecimento referente à microbiologia

gastrointestinal foi obtido por meio do uso de técnicas convencionais de cultura,

mesmo que fosse possível cultivar em laboratório menos de 1% dos microrganismos

obtidos. A recente disponibilidade de sequenciamento genético aliada ao

desenvolvimento de bioinformática possibilitou a melhor identificação e caracterização

de microbiota e microbioma, aspecto que tem aprimorado o entendimento sobre o

assunto (DENG e SWANSON, 2014).

O principal objetivo do estudo da estrutura filogenética atual é o RNA ribossomal,

e mais especificamente uma pequena subunidade, o gene 16S rRNA, que está

presente em todas as bactérias e possui sequências fixas e variáveis, possibilitando

a distinção entre níveis filogênicos (DENG e SWANSON, 2014). Alguns dos métodos

utilizados para identificar e quantificar microrganismos são a reação em cadeia de

polimerase (PCR), o polimorfismo no comprimento do fragmento de restrição (RFLP),

eletroforese em gel com gradiente de temperatura e técnicas de sequenciamento de

DNA como método de Sanger, Illumina ou pirosequenciamento 454 (LIU et al., 1997;

ZOETENDAL, AKKERMANS e DE VOS, 1998; RIGOTTIER-GOIS et al., 2003;

WEINSTOCK, 2012).

Quando se trata de seres humanos, há grupos internacionais focados no estudo

especifico do microbioma, como o Human Microbiome Project

(http://www.hmpdacc.org). Já há microbiomas descritos em diferentes nichos do corpo

humano, como cavidade nasal, cavidade oral, pele, trato urogenital e trato

Page 5: Caracterização da microbiota intestinal de cães e gatos e sua … · 2019-09-10 · Caracterização da microbiota intestinal de cães e gatos e sua relação com a ... 2015)

4

gastrointestinal, e estudos demonstram que diversas doenças em seres humanos

podem estar associadas com a disbiose, como obesidade, diabetes, alergias e doença

intestinal inflamatória (TURNBAUGH et al., 2006; ROUND e MAZMANIAN, 2009;

LARSEN et al., 2010; SPOR, KOREN e LEY, 2011). Porém, quando comparado com

dados de microbioma humano, há poucos estudos sobre este tema em cães e gatos,

e a maioria publicada até o momento realizou apenas a análise fecal de animais

saudáveis (DENG e SWANSON, 2014).

Cães e gatos possuem um trato gastrointestinal relativamente simples por sua

natureza carnívora e não dependem de microbiota como fonte de energia, diferente

de bovinos e equinos (DENG e SWANSON, 2014). Os gatos, como animais

estritamente carnívoros, apresentam metabolismo adaptado à maior uso de proteína,

enquanto os cães são considerados onívoros e podem digerir e absorver maior

quantidade de carboidratos (NRC, 2006; FEDIAF, 2016). Estas diferenças alimentares

e metabólicas podem justificar particularidades da microbiota gastrointestinal de cães

e gatos. Handl e colaboradores (2011) observaram que a microbiota de felinos

aparenta apresentar maior diversidade bacteriana devido ao maior número de

unidades taxonômicas operacionais. O mesmo estudo observou menor variação de

microbiota entre gatos do que entre cães, e observou predominância do filo Firmicutes

(aproximadamente 95% de frequência) em ambas as espécies. Estas informações

diferiram dos resultados encontrados por Middelbos e colaboradores (2010). Neste

estudo, cães saudáveis apresentaram frequência de 40% do filo Fusobacteria, 35%

do filo Bacteroidetes e apenas 25% do filo Firmicutes. Esta diferença pode ser devido

ao emprego de metodologias distintas para determinação das bactérias. No estudo de

Handl e colaboradores (2011) foi utilizada a etapa de homogeneização de amostras

do tipo “bead beater”, enquanto Middelbos e colaboradores (2010) não empregaram

esta etapa. Outro estudo realizado por Desai e colaboradores (2009) demonstrou a

diferença entre gatos criados indoor e gatos criados outdoor. Em ambos os grupos a

predominância foi do filo Firmicutes, porém houve menor diversidade de

microrganismos nos animais criados outdoor.

O principal propósito de se estudar a microbiota de cães e gatos é compreender

melhor a dinâmica e função das comunidades microbianas, além de sua relação com

o hospedeiro e com doenças e a influência de fatores como dieta, uso de

medicamentos e ambiente (DENG e SWANSON, 2014). Além disso, o estudo da

Page 6: Caracterização da microbiota intestinal de cães e gatos e sua … · 2019-09-10 · Caracterização da microbiota intestinal de cães e gatos e sua relação com a ... 2015)

5

microbiota de cães e gatos pode ter influência também na saúde humana, devido a

relação cada vez mais próxima entre tutores e animais de estimação. Um estudo

realizado por Song e colaboradores (2013) observou que tutores de cães

compartilharam mais bactérias com seus cães do que com cães de outros tutores,

principalmente na microbiota da pele.

No trato gastrointestinal, as bactérias predominantes em cães e gatos são do filo

Firmicutes (abundância média de 92%), seguidas do filo Bacteroidetes com

abundância de 2,3%. Já na microbiota fúngica, o gênero predominante em cães foi o

Nakaseomyces, enquanto os gêneros Saccharomyces, Aspergillus e Penicillium

foram predominantes em gatos (HANDL et al., 2011). Honneffer e colaboradores

(2017) observaram em cães uma prevalência geral de Firmicutes, Fusobacteria,

Bacteroidetes, Proteobacteria e Actinobacteria, e também avaliaram as diferenças de

filos nos diferentes segmentos do trato gastrointestinal (Figura 1).

Figura 1 – Microbioma em diferentes segmentos do trato gastrointestinal de cães adultos

saudáveis.

Fonte: Honneffer et al., 2017 - traduzido pelos autores.

Page 7: Caracterização da microbiota intestinal de cães e gatos e sua … · 2019-09-10 · Caracterização da microbiota intestinal de cães e gatos e sua relação com a ... 2015)

6

A função predominante das sequências de bactérias no trato gastrointestinal de

cães, segundo Swanson e colaboradores (2011), foi nas categorias carboidratos (12-

13%), metabolismo de proteínas (8-9%), metabolismo de DNA (7%), parede e cápsula

celular (7-8%), aminoácidos e derivados (7%), virulência (6-7%) e cofatores, vitaminas

e pigmentos (6%). Em gatos, os resultados encontrados por Barry e colaboradores

(2012) para as funções das bactérias gastrointstinais foram semelhantes aos

encontrados em cães: carboidratos (15% das sequências), subsistemas baseados em

clusters (14%), metabolismo protéico (8%), parede e cápsula celular (7%),

metabolismo de DNA (7%) e virulência (6%).

A interação entre microbiota e doença em cães e gatos

Assim como observado em humanos, alterações na microbiota podem contribuir

para distúrbios intestinais em cães e gatos, além da invasão da luz intestinal e

translocação bacteriana (DENG e SWANSON, 2014).

Um estudo realizado por Foster e colaboradores (2013) comparou a microbiota

fúngica de cães saudáveis e cães com diarreia aguda e não encontrou diferença.

Outro estudo realizado por Bell e colaboradores (2008) observou em cães com

diarreia aguda, através da técnica RFLP, aumento de Clostridium perfringens,

Enterococcus faecalis e Enterococcus faecium quando comparados com cães

saudáveis. Em relação à doença intestinal inflamatória (DII), Suchodolski e

colaboradores (2012) observaram que cães com DII apresentaram aumento nas

populações de Proteobacteria e menor quantidade de Clostridia.

Já no âmbito das alergias, foi observada diferença da composição de microbiota

das axilas, narinas, virilha e espaço interdigital de cães saudáveis e cães alérgicos

(HOFFMANN et al., 2014), conforme ilustrado na Figura 2.

Em humanos foi estabelecida relação entre a redução de populações de

Faecalibacterium prausnitzii e/ou Prevotella spp e o desenvolvimento de esclerose

múltipla (MIYAKE et al., 2015). Jeffery e colaboradores (2017) avaliaram as

populações dessas mesmas bactérias em cães com meningoencefalomielite de

origem desconhecida (MOD), doença imunomediada que pode ter causa infecciosa,

assim como a esclerose múltipla. Cães com MOD apresentaram menor abundância

de Prevoltellaceae quando comparados com cães controle pareados (cães de mesma

raça, idade e sexo), mas não houve diferença para Faecalibacterium prausnitzii.

Page 8: Caracterização da microbiota intestinal de cães e gatos e sua … · 2019-09-10 · Caracterização da microbiota intestinal de cães e gatos e sua relação com a ... 2015)

7

Figura 2 – Média de famílias e filos bacterianos encontrados em cães saudáveis e alérgicos.

Fonte: Hoffmann et al., 2014 – traduzido pelos autores.

Outro achado interessante foi a diferença de microbiota em cães com e sem

urólitos de oxalato de cálcio (GNANANDARAJAH et al., 2012). Este estudo observou

que cães com urólitos de oxalato de cálcio apresentaram maiores populações de

Bacteroidetes e menores populações de Actinobacteria quando comparados com

cães adultos saudáveis (Figura 3).

Em relação à influência de medicamentos, Igarashi e colaboradores (2014)

avaliaram o efeito da administração de 14 dias de metronidazol e prednisolona na

microbiota de cães saudáveis, e o efeito residual 14 e 28 dias depois do final do

tratamento. Neste estudo não foi observada diferença no tratamento com

prednisolona, porém o tratamento com metronidazol reduziu a proporção do filo

Fusobacteria e aumentou a proporção do filo Actinobacteria, principalmente por

aumento de Bifidobacterium, o que sugere efeito benéfico na administração deste

antibiótico.

Page 9: Caracterização da microbiota intestinal de cães e gatos e sua … · 2019-09-10 · Caracterização da microbiota intestinal de cães e gatos e sua relação com a ... 2015)

8

Figura 3 – Distribuição de filos identificados por 16S rDNA filotipagem em cães saudáveis

(a) e cães com urólitos de oxalato de cálcio (b).

Fonte: Gnanandarajah et al., 2012 – traduzido pelos autores.

Um estudo realizado por Isaiah e colaboradores (2017) avaliou a influência da

insuficiência pancreática exócrina (IPE) no microbioma de cães. Observou-se

aumento das famílias Bifidobacteriaceae, Enterococcaceae e Lactobacillaceae nos

animais com IPE tratada e não tratada quando comparados com o grupo controle.

Além disso, uma menor variedade de espécies definida pelo número de unidades

taxonômicas operacionais foi observada nos animais com IPE, com e sem

suplementação enzimática.

Em gatos, um estudo realizado com 10 animais com diabetes mellitus tratados

com insulina exógena e seus controles saudáveis pareados por raça, idade e gênero

demonstrou que os filos predominantes em ambos os grupos foram Firmicutes,

Actinobacteria e Bacteroidetes (BELL et al., 2014). Estes resultados sugerem não

haver diferenças entre a microbiota de gatos diabéticos e gatos saudáveis.

Outro estudo realizado por Ramadan e colaboradores (2014) avaliou a

microbiota fecal de gatos com diarreia crônica adquirida antes e depois de manejo

com dietas comerciais coadjuvantes ao tratamento de alterações gastrointestinais.

Apesar de observada diferença entre as populações bacterianas dos grupos após

tratamento com dietas comerciais diferentes, este estudo pontual não pôde concluir

se as alterações de microbiota foram responsáveis pela melhora no quadro clínico ou

vice-versa, e se somente o uso da dieta pode ter alterado sua composição.

Page 10: Caracterização da microbiota intestinal de cães e gatos e sua … · 2019-09-10 · Caracterização da microbiota intestinal de cães e gatos e sua relação com a ... 2015)

9

Suchodolski e colaboradores (2015) avaliaram o microbioma de gatos

saudáveis, com diarreia aguda e com diarreia crônica. Foi observado aumento da

ordem Burkhoderiales, da família Enterobacteriaceae e dos gêneros Streptococcus e

Collinsella em gatos com diarréia aguda e crônica. Nos gatos saudáveis foi observado

aumento da ordem Campylobacterales, da família Bacteroidaceae e dos gêneros

Megamonas, Helicobacter e Roseburia. Em gatos com diarréia crônica o filo

Bacteroidetes diminuiu, enquanto em gatos com diarréia aguda o gênero Lactobacillus

diminuiu.

Gatos com vírus da imunodeficiência felina (FIV) apresentaram aumento de

abundância de Bifidobacteriales, Lactobacillales e Aeromondales na microbiota retal

quando comparado com controles saudáveis (WEESE et al., 2015). Este mesmo

estudo identificou predominância de Firmicutes, seguido de Proteobacteria e

Actinobacteria, em ambos os grupos,

A influência da alimentação na microbiota intestinal de cães e gatos

Há grande variação na composição de alimentos comerciais, sejam eles úmidos

ou secos. Diversos estudos avaliaram a influência de diferentes composições de

dietas na microbiota intestinal de cães e gatos e seus potenciais benefícios. Um

estudo realizado por Hang e colaboradores (2012) avaliou o uso de 3 dietas com

concentrações de proteína bruta diferentes (19%, 23% e 61% na matéria seca) e sua

influência na microbiota bacteriana. A dieta com 23% de proteína foi a que resultou

em maior diversidade de sequências, e as dietas com 61% e 19% de proteína bruta

favoreceram, respectivamente, as populações de Erysipelotrichales e

Fusobacteriales.

Dietas baseadas em alimentos crus também foram avaliadas em cães

(BELOSHAPKA et al., 2013). Neste estudo foram avaliadas seis dietas com fontes

protéicas cruas: controle com carne bovina e controle com carne de frango, carne

bovina com 1,4% de inulina e carne de frango com 1,4% de inulina, carne bovina com

1,4% de extrato de parede celular de levedura e carne de frango com 1,4% de extrato

de parede celular de levedura. Todas as dietas a base de carne bovina aumentaram

as populações de Escherichia, mas diminuíram as de Anaerobiospirillum quando

comparadas com as dietas de frango. As dietas com inulina aumentaram as

populações de Lactobacillus e reduziram as de Enterobacteriaceae quando

Page 11: Caracterização da microbiota intestinal de cães e gatos e sua … · 2019-09-10 · Caracterização da microbiota intestinal de cães e gatos e sua relação com a ... 2015)

10

comparadas com os grupos controles, e se comparadas com o grupo de extrato de

parede celular de levedura reduziram as populações de Escherichia. Além disso, nos

grupos tratados com extrato de parede celular de levedura as populações de

Bifidobacterium aumentaram se comparadas com os grupos tratados com inulina e os

grupos controle.

Ainda em cães, foi avaliada a influência de polpa de beterraba na microbiota

intestinal. Um estudo por Middelbos e colaboradores (2010) observou aumento do filo

Firmicutes e redução dos filos Fusobacteria e Actinobacteria em cães que consumiram

dieta com inclusão de 7,5% de polpa de beterraba em relação ao grupo controle. Um

outro estudo encontrou aumento dos filos Bacteroidetes e Firmicutes em cães também

alimentados com dieta com 7,5% de polpa de beterraba se comparados com os

animais controles (SWANSON et al, 2011).

Um estudo realizado por Panasevich e colaboradores (2015) avaliou a

modulação do microbioma fecal de cães adultos saudáveis através da inclusão de

fibra de batata na dieta, uma fonte de fibra fermentável e mista de solúvel e insolúvel.

Neste estudo, a inclusão de fibra de batata aumentou as proporções de Firmicutes e

reduziu as proporções de Fusobacteria, sugerindo potencial efeito prebiótico.

Outro ingrediente com potencial prebiótico em humanos, porém não amplamente

testado em cães, é a polidextrose. Beloshapka, Wolff e Swanson (2012) avaliaram a

influência deste ingrediente na microbiota de cães adultos saudáveis. Em cães

alimentados com dietas com inclusão progressiva de polidextrose houve redução

linear de Clostridium perfringens fecal, porém não houve alteração de Escherichia coli,

Lactobacillus spp e Bifidobacterium spp.

Sabbioni e colaboradores (2016) avaliaram a influência de zeólita na população

de Bifidobacteria de cães adultos saudáveis. O grupo tratado com 5 gramas por dia

de zeólita apresentou aumento de Bifidobacterium ssp, Lactobacillus ssp e

Enterococcus ssp e redução de Enterobacteriaceae após 29 dias de consumo do

alimento quando comparado com o grupo que não ingeriu zeólita. Além disso, houve

diferença entre as populações de Bifidobacteria (Figura 4), o que sugere maior

proliferação de Bifidobacteria como Bifidobacterium animalis e B. pseudolongum em

animais tratados com zeólita, bactérias estas que possuem potenciais efeitos

prebióticos e podem reduzir a proliferação de bactérias patogênicas (FERRARIO et

al., 2016).

Page 12: Caracterização da microbiota intestinal de cães e gatos e sua … · 2019-09-10 · Caracterização da microbiota intestinal de cães e gatos e sua relação com a ... 2015)

11

Figura 4 – Representação da população de Bifidobacteria nos grupos não tratado (NTr) e

tratado (Tr) com zeólita em cães adultos saudáveis nos dias 16 (T1) e 29 (T2) da dieta.

Fonte: Sabbioni et al, 2016.

Em gatos também foram realizados estudos para comparar o efeito de diferentes

alimentos na microbiota intestinal. Em dois estudos com filhotes foi observado

aumento do filo Actinobacteria e redução do filo Fusobacteria após o manejo alimentar

com uma dieta seca extrusada formulada com 34% de proteína bruta, 9% de gordura

e 11% de carboidrato, quando comparada com um segundo alimento extrusado

composto por 53% de proteína bruta, 24% de gordura e 31% de carboidrato, ambos

na matéria seca. No grupo alimentado com a dieta com mais proteína foi observado

aumento dos filos Fusobacteria e Proteobacteria (HOODA et al., 2013; DEUSCH et

al., 2014). A influência das fibras também foi investigada em gatos adultos. Um estudo

comparou 3 dietas, uma com 4% de celulose, outra com 4% de fructooligossacarídeos

(FOS) e a terceira com 4% de pectina (BARRY et al., 2013). Esta última resultou no

aumento da abundância dos filos Firmicutes, Chlorobi, Proteobacteria e também de

bactérias totais. A dieta com FOS aumentou as populações de Actinobacteria em

relação ao grupo alimentado com a dieta formulada com pectina, o que sugere efeito

benéfico.

Page 13: Caracterização da microbiota intestinal de cães e gatos e sua … · 2019-09-10 · Caracterização da microbiota intestinal de cães e gatos e sua relação com a ... 2015)

12

Também foi avaliada em gatos adultos saudáveis a influência da composição de

macronutrientes no metaboloma plasmático (DENG, JONES e SWANSON, 2014). Os

animais foram alimentados com 4 dietas extrusadas com diferentes composições

(controle, alta gordura, alta proteína e alto carboidrato) por 16 dias, seguido de coleta

de plasma em jejum. O grupo alimentado com a dieta de alta proteína apresentou

aumento na concentração de compostos associados ao metabolismo da microbiota

intestinal, como fenilacetilglicina, fenilalanina e tirosina. Os autores concluíram que

estes resultados sugerem maior oferta de substrato à microbiota e/ou possível

alteração em sua composição.

Um estudo realizado por Kerr, Dowd e Swanson (2014) avaliou a diferença de

microbiota em gatos adultos saudáveis em dois grupos, um manejado com alimento

extrusado a base de frango e outro manejado com o fornecimento de pintos de 1 a 3

dias de vida. Nos dois grupos o filo Firmicutes foi prevalente (de 62 a 88% de

sequências), seguido de Fusobacteria (0,2 a 17%), Proteobacteria (2 a 16%) e

Bacterioidetes (0 a 3%). Os gêneros predominantes em gatos alimentados com pintos

foram Clostridium, Blautia, Peptococcus e Fusobacterium, enquanto no grupo

manejado com alimento extrusado os predominantes foram Megamonas,

Megasphera, Blautia e Collinsella. O gênero Escherichia esteve presente na maioria

dos animais do grupo alimentado com pintos, mas não foi identificado no grupo do

alimento extrusado. Além disso, cinco gêneros foram detectados no grupo alimentado

com dieta extrusada que não estiveram presentes no grupo de gatos alimentados com

pintos: Megasphera, Lactobacillus, Prevotella, Subdoligranulum e Bifidobacterium.

Apesar das diferenças encontradas, é necessário destacar que a composição

nutricional das dietas foi diferente e os resultados somente podem ser atribuídos às

dietas como um todo.

Em gatos com mais de 9 anos com suplementação de oligofrutose e inulina foi

observada uma tendência na diminuição de Bifidobacterium spp e redução

significativa das concentrações de Escherichia coli quando comparada com grupo

controle e grupo suplementado apenas com oligofrutose (BARRY et al., 2014).

Conclusão

Com base na revisão apresentada, as informações disponíveis demonstraram

que o alimento consumido pode modular a microbiota de cães e gatos e

Page 14: Caracterização da microbiota intestinal de cães e gatos e sua … · 2019-09-10 · Caracterização da microbiota intestinal de cães e gatos e sua relação com a ... 2015)

13

consequentemente seu microbioma. Deve-se levar em consideração que a maior

parte dos estudos foram realizados em animais adultos saudáveis e de laboratório e,

portanto, deve-se ter cautela para extrapolar os dados apresentados para animais

acondicionados em outras situações. Além disso, a interação entre tutor e animal pode

influenciar a microbiota de ambos, por isso o maior conhecimento sobre microbiota de

cães e gatos não só traz benefícios aos animais, mas também aos seus tutores e

demais pessoas que convivem com eles.

Os estudos publicados até o momento servem como ponto de partida para novas

pesquisas. No entanto, as informações disponíveis até o momento são insuficientes

para uso prático, sendo necessários novos estudos tanto em animais saudáveis

quanto acometidos por doenças, para melhor esclarecer a composição e a função da

nutrição na microbiota de cães e gatos.

Referências

BARRY, K. A.; HERNOT, D. C.; VAN LOO, J.; FAHEY JR, G. C.; DE GODOY, M. R.

C. Fructan supplementation of senior cats affects metabolite concentrations and fecal

microbiota concentrations, but not nitrogen partitioning in excreta. Journal of Animal

Science, v. 92, p. 4964-4971, 2014.

BARRY, K. A.; MIDDELBOS, I. S.; BOLER, B. M. V.; DOWD, S. E.; SUCHODOLSKI,

J. S.; HENRISSAT, B.; COUTINHO, P. M.; WHITE, B. A.; FAHEY JR, G. C.;

SWANSON, K. S. Effects of dietary fiber on the feline gastrointestinal metagenome.

Journal of Proteome Research, v. 11, p. 5924-5933, 2013.

BELL, J. A.; KOPPER, J. J.; TURNBULL, J. A.; BARBU, N. I.; MURPHY, A. J.;

MANSFIELD, L. S. Ecological characterization of the colonic microbiota of normal and

diarrheic dogs. Interdisciplinary Perspectives on Infectious Diseases, v. 2008,

e149694, 2008.

BELL, E. T.; SUCHODOLSKI, J. S.; ISAIAH, A.; FLEEMAN, L. M.; COOK, A. K.;

STEINER, J. M. MANSFIELD, C. S. Faecal microbiota of cats with insulin-treated

diabetes mellitus. PLoS One, v. 9, i. 10, e108729, 2014.

Page 15: Caracterização da microbiota intestinal de cães e gatos e sua … · 2019-09-10 · Caracterização da microbiota intestinal de cães e gatos e sua relação com a ... 2015)

14

BELOSHAPKA, A. N.; WOLFF, A. K.; SWANSON, K. S. Effects of feeding

polydextrose on faecal characteristics, microbiota and fermentative end products in

healthy adult dogs. British Journal of Nutrition, v. 108, p. 638-644, 2012.

BELOSHAPKA, A. N.; DOWD, S. E.; SUCHODOLSKI, J. S.; STEINER, J. M.;

DUCLOS, L.; SWANSON, K. S. Fecal microbial communities of healthy adult dogs fed

raw meat-based diets with or without inulin or yeast cell wall extracts as assessed by

454 pyrosequencing. FEMS Microbiology Ecology, v. 84, p. 532-541, 2013.

DENG, P.; JONES, J. C.; SWANSON, K. S. Effects of dietary macronutrient

composition on the fasted plasma metabolome of healthy adult cats. Metabolomics,

v. 10, p. 638-650, 2014.

DENG, P.; SWANSON, K. S. Gut microbiota of humans, dogs and cats: current

knowledge and future opportunities and challenges. British Journal of Nutrition, v.

113, p. S6-S17, 2014.

DESAI, A. R.; MUSIL, K. M.; CARR, A. P.; HILL, J. E. Characterization and

quantification of feline fecal microbiota using cpn60 sequence-based methods and

investigation of animal-to-animal variation in microbial population structure. Veterinary

Microbiology, v. 137, p. 120-128, 2009.

DEUSCH, O.; O’FLYNN, C.; COLYER, A.; MORRIS, P. M.; ALLAWAY, D.; JONES, P.

G.; SWANSON, K. S. Deep Illumina-based shotgun sequencing reveals dietary effects

on the structure and function of the fecal microbiome of growing kittens. PLoS One, v.

9, e101021, 2014.

FÉDÉRATION EUROPÉENNE DE L’INDUSTRIE DES ALIMENTS POUR ANIMAUX

FAMILIERS (Bruxelas, Bélgica). Nutritional Guidelines for Complete and

Complementary Pet Food for Cats and Dogs, Bruxelas, Bélgica, 2016, 100p.

FERRARIO, C.; MILANI, C.; MANCABELLI, L.; LUGLI, G. A.; DURANTI, S.;

MANGIFESTA, M.; VIAPPIANI, A.; TURRONI, F.; MARGOLLES, A.; RUAS-

Page 16: Caracterização da microbiota intestinal de cães e gatos e sua … · 2019-09-10 · Caracterização da microbiota intestinal de cães e gatos e sua relação com a ... 2015)

15

MADIEDO, P.; VAN SINDEREN, D.; VENTURA, M. Modulation of the eps-ome

transcription of bifidobacteria through simulation of human intestinal environment.

FEMS Microbiology Ecology, v. 92, fiw056, 2016.

FOSTER, M. L.; DOWD, S. E.; STPHENSON, C.; STEINER, J. M.; SUCHODOLSKI,

J. S. Characterization of the fungal microbiome (mycobiome) in fecal samples from

dogs. Veterinary Medicine International, v. 2013, e658373, 2013.

GNANANDARAJAH, J. S.; JOHNSON, T. J.; KIM, H. B.; ABRAHANTE, J. E.; LULICH,

J. P.; MURTAUGH, M. P. Comparative faecal microbiota of dogs with and without

calcium oxalate stones. Journal of Applied Microbiology, v. 113, p. 745-756, 2012.

GRICE, E. A.; SERGE, J. A. The skin microbiome. Nature Reviews Microbiology, v.

9, p. 244-253, 2011.

HANDL, S.; DOWD, S. E.; GARCIA-MAZCORRO, J. F.; STEINER, J. M.;

SUCHODOLSKI, J. S. Massive parallel 16S rRNA gene pyrosequencing reveals highly

diverse fecal bacterial and fungal communities in healthy dogs and cats. FEMS

Microbiology Ecology, v. 76, p. 301-310, 2011.

HANG, I.; RINTILLA, T.; ZENTEK, J.; KETTUNEN, A.; ALAJA, S.; APAJALAHTI, J.;

HARMOINEN, J.; DE VOS, W. M.; SPILLMAN, T. Effect of high contents of dietary

animal-derived protein or carbohydrates on canine faecal microbiota. BMC Veterinary

Research, v. 8, p. 90, 2012.

HOFFMANN, A. R.; PATTERSON, A. P.; DIESEL, A.; LAWHON, S. D.; LY, H. J.;

STEPHENSON, C. E.; MANSELL, J.; STEINER, J. M.; DOWD, S. E.; OLIVRY, T.;

SUCHODOLSKI, J. S.; The skin microbiome in healthy and allergic dogs. PLoS One,

v. 9. e. 1, p. 1-9, 2014.

HONNEFFER, J. B.; STEINER, J. M.; LIDBURY, J. A.; SUCHODOLSKI, J. S. Variation

of the microbiota and metabolome along the canine gastrointestinal tract.

Metabolomics, v.13, i. 26, 2017.

Page 17: Caracterização da microbiota intestinal de cães e gatos e sua … · 2019-09-10 · Caracterização da microbiota intestinal de cães e gatos e sua relação com a ... 2015)

16

HOODA, S.; BOLER, B. M. V.; KERR, K. R.; DOWD, S. E.; SWANSON, K. S. The gut

microbiome of kittens is affected by dietary protein:carbohydrate ratio and associated

with blood metabolite and hormone concentrations. British Journal of Nutrition, v.

109, p. 1637-1646, 2013.

IGARASHI, H.; MAEDA, S.; OHNO, K.; HORIGOME, A.; ODAMAKI, T.; TSUJIMOTO,

H. Effect of oral administration of metronidazole or prednisolone on fecal microbiota in

dogs. PLoS One, v. 9, i. 9, e107909, 2014.

ISAIAH, A.; PARAMBETH, C.; STEINER, J. M.; LIDBURY, J. A.; SUCHODOLSKI, J.

S. The fecal microbiome of dogs with exocrine pancreatic insufficiency. Anaerobe,

2017, http://dx.doi.org/10.1016/j.anaerobe.2017.02.010.

JEFFERY, N. D.; BARKER, A. K.; ALCOTT, C. J.; LEVINE, J. M.; MEREN, I.;

WENGERT, J.; JERGENS, A. E.; SUCHODOLSKI, J. S. The Association of specific

constituents of the fecal microbiota with immune-mediated brain disease in dogs.

PLoS One, v. 12, i. 1, e0170589, 2017.

KERR, K. R.; DOWD, S. E.; SWANSON, K. S. Faecal microbiota of domestic cats fed

raw whole chicks v. an extruded chicken-based diet. Journal of Nutritional Science,

v. 3, e. 22, p. 1-5, 2014.

LARSEN, N.; VOGENSEN, F. K.; VAN DEN BERG, F. W.; NIELSEN, D. S.;

ANDREASEN, A. S.; PEDERSEN, B. K.; AL-SOUD, W. A.; SORENSEN, S. J.;

HANSEN, L. H.; JAKOBSEN, M. Gut microbiota in human adults with type 2 diabetes

differs from non-diabetic adults. PLoS One, v. 5, e9085, 2010.

LIU, W. T.; MARSH, T. L.; CHENG, H.; FORNEY, L. J. Characterization of microbial

diversity by determining terminal restriction fragment length polymorphisms of genes

encoding 16S rRNA. Applied Envoronmental Microbiology, v. 63, p. 4516-4522,

1997.

Page 18: Caracterização da microbiota intestinal de cães e gatos e sua … · 2019-09-10 · Caracterização da microbiota intestinal de cães e gatos e sua relação com a ... 2015)

17

MIDDELBOS, I. S.; BOLER, B. M. V.; QU, A.; WHITE, B. A.; SWANSON, K. S.; FAHEY

JR, G. C. Phylogenetic characterization of fecal microbial communities of dogs fed

diets with or without supplemental dietary fiber using 454 pyrosequencing. PLoS One,

v. 5, i. 3, e9768, 2010.

MIYAKE, S.; KIM, S.; OSHIMA, K.; NAKAMURA, M.; MATSUOKA, T.; CHIHARA, N.;

TOMITA, A.; SATO, W.; KIM, S. W.; MORITA, H.; HATTORI, M.; YAMAMURA, T.

Dysbiosis in the gut microbiota of patients with multiple sclerosis, with a striking

depletion of species belonging to Clostridia XIVa na IV clusters. PLoS One, v. 6,

e0137429, 2015.

NATIONAL INSTITUTES OF HEALTH – DATA ANALYSIS AND COORDINATION

CENTER. Human Microbiome Project (http://hmpdacc.org/) – acesso em 21 de

fevereiro de 2017.

NATIONAL RESEARCH COUNCIL (Washington DC, EUA). Nutrient Requirements

of Dogs and Cats. Washington DC, EUA, 2006. 398 p.

PANASEVICH, M. R.; KERR, K. R.; DILGER, R. N.; FAHEY JR, G. C.; GUÉRIN-

DEREMAUX, L.; LYNCH, G. L.; WILS, D.; SUCHODOLSKI, J. S.; STEINER, J. M.;

DOWD, S. E.; SWANSON, K. S. Modulation of the faecal microbiome of healthy adult

dogs by inclusion of potato fibre in the diet. British Journal of Nutrition, v. 113, p.

125-133, 2015.

RAMADAN, Z.; XU, H.; LAFLAMME, D.; CZARNECKI-MAULDEN, G.; LI, Q. J.;

LABUDA, J.; BOURQUI, B. Fecalmicrobiota of cats with naturally occurring chronic

diarrrhea assessed using 16S rRNA gene 454-pyrosequencing before and after dietary

treatment. Journal of Veterinary Internal Medicine, v. 28, p. 59-65, 2014.

RIGOTTIER-GOIS, L.; BOURHIS, A. G.; GRAMET, G.; ROCHET, V.; DORÉ, J.

Fluorescent hybridization combined with flow cytometry and hybridization of total RNA

to analyse the composition of microbial communities in human faeces using 16S rRNA

probes. FEMS Microbial Ecology, v. 43, i. 2, p. 237-245, 2003.

Page 19: Caracterização da microbiota intestinal de cães e gatos e sua … · 2019-09-10 · Caracterização da microbiota intestinal de cães e gatos e sua relação com a ... 2015)

18

ROUND, J. L.; MAZMANIAN, S. K. The gut microbiota shapes intestinal immune

responses during health and disease. Nature Reviews Immunology, v. 9, p. 313,

2009.

SABBIONI, A.; FERRARIO, C.; MILANI, C.; MANCABELLI, L.; RICCARDI, E.; DI

IANNI, F.; BERETTI, V.; SUPERCHI, P.; OSSIPRANDI, M. C. Modulation of the

bifidobacterial communities of the dog microbiota by zeolite. Frontiers in

Microbiology, v. 7, e1491, 2016.

SONG, S. J.; LAUBER, C.; COSTELLO, E. K.; LOZUPONE, C. A.; HUMPHREY, G.;

BERG-LYONS, D.; CAPORASO, J. G.; KNIGHTS, D.; CLEMENTE, J. C.; NAKIELNY,

S.; GORDON, J. I.; FIERER, N.; KNIGHT, R. Cohabiying family members share

microbiota with one another and with their dogs. eLife, v. 2, e00458, 2013.

SPOR, A.; KOREN, O.; LEY, R.; Unravelling the effects of the environment and host

genotype on the gut microbiome. Nature Reviews Microbiology, v. 9, p. 279-290,

2011.

SUCHODOLSKI, J. S. Diagnosis and interpretation of intestinal dysbiosis in dogs and

cats. The Veterinary Journal, v. 215, p. 30-37, 2016.

SUCHODOLSKI, J. S. Intestinal microbiota of dogs and cats: a bigger world than we

thought. Veterinary Clinics of North America: Small Animal Practice, v. 41, p. 261-

272, 2011.

SUCHODOLSKI, J. S.; DOWD, S. E.; WILKE, V.; 16S rRNA gene pyrosequencing

reveals bacterial dysbiosis in the duodenum of dogs with idiopathic inflammatory bowel

disease. PLoS One, v. 7, e39333, 2012.

SUCHODOLSKI, J. S.; FOSTER, M. L.; SOHAIL, M. U.; LEUTENEGGER, C.; QUEEN,

E. V.; STEINER, J. M.; MARKS, S. L. The fecal microbiome in cats with diarrhea. PLoS

One, v. 10, e0127378, 2015.

Page 20: Caracterização da microbiota intestinal de cães e gatos e sua … · 2019-09-10 · Caracterização da microbiota intestinal de cães e gatos e sua relação com a ... 2015)

19

SWANSON, K. S.; DOWD, S. E.; SUCHODOLSKI, J. S.; MIDDELBOS, I. S.; VESTER,

B. M.; BARRY, K. A.; NELSON, K. E.; TORRALBA, M.; HENRISSAT, B.; COUTINHO,

P. M.; CANN, I. K. O.; WHITE, B. A.; FAHEY JR, G. C. Phylogenetic and gene-centric

metagenomics of the canine intestinal microbiome reveals similarities with humans and

mice. The ISME Journal, v. 5, p. 639-649, 2011.

TURNBAUGH, P. J.; LEY, R. E.; MAHOWALD, M. A.; MAGRINI, V.; MARDIS, E. R.;

GORDON, J. I. An obesity-associated gut microbiome with increased capacity for

energy harvest. Nature, v. 444, p. 1027, 2006.

WEESE, J.S.; NICHOLS, J.; JALALI, M.; LISTER, A. The rectal microbiota of cats

infected with feline immunodeficiency virus infection and uninfected controls.

Veterinary Microbiology, v. 180, p. 96-102, 2015.

WEINSTOCK, G. M. Genomic approaches to studying the human microbiota. Nature,

v. 489, p. 250-256, 2012.

WHITESIDE, S. A.; RAZVI, H.; DAVE, S.; REID, G.; BURTON, J. P. The microbiome

of the urinary tract – a role beyond infection. Nature Reviews Urology, v. 12, p. 81-

90, 2015.

ZOETENDAL, E. G.; AKKERMANS, A. D.; DE VOS, W. M. Temperature gradient gel

electrophoresis analysis of 16S rRNA from human fecal samples reveals stable and

host-specific communities of active bacteria. Applied Environmental Microbiology,

v. 64, p. 3854-3859, 1998.