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DESENVOLVIMENTO DO SISTEMA DIGESTÓRIO DE LEITÕES Vinícius de Souza Cantarelli Departamento de Zootecnia - UFLA Letícia Gomes de Morais Amaral Animalnutri Ciência e Tecnologia 1. INTRODUÇÃO A suinocultura segue pressionada em produzir mais para atender a demanda da população que não para de crescer. Este crescimento é dependente do aumento de produtividade, oriundos de tecnologias relacionadas à genética, sanidade e nutrição. No entanto, mesmo com o desenvolvimento destas tecnologias, ainda é permanente alguns pontos críticos que limitam resultados ótimos de produtividade, levando a perdas econômicas, principalmente nas fases mais jovens dos suínos. Fatores como alta variabilidade e baixo peso no nascimento e ao desmame, além do reduzida ingestão de alimento e ganho de peso na fase pós-desmame, continuam sendo os principais pontos críticos. Mas a dúvida é: Por que estes “pontos” continuam sendo “críticos” em condições comerciais, mesmo com tantas tecnologias disponíveis? 1. Seria o limite da biologia (potencial genético máximo)? Resposta: neste caso não, pois os animais apresentam resultados de alta produtividade em condições ideais (experimentais); 2. Então seriam os desafios oriundos dos sistemas intensivos de produção? Resposta: em partes sim, pois sistemas intensivos de produção impõem aos leitões neonatos um permanente desafio sanitário e ambiental, fatores que predispõe os animais a eventuais desordens intestinais, que na maioria das vezes, comprometem o desempenho produtivo. No entanto, mesmo em granjas com grande controle sanitário e ótima nutrição, os resultados ainda não são iguais aos encontrados em condições idéias, principalmente nos animais jovens; 3. Então quais seriam os caminhos para resolver definitivamente os pontos críticos nas fases mais jovens dos suínos? Resposta: Conhecer os mecanismos de ação envolvidos no desenvolvimento do trato digestório e as suas relações com o aproveitamento dos nutrientes. Sim, este parece ser o caminho para entender e resolver boa parte dos pontos críticos relacionados à limitada produtividade de animais jovens criados em condições comerciais. Além disso, sabe-se que animais jovens mais produtivos refletem em suínos ao abate com pesos mais elevados e melhor qualidade de carcaça. Estas questões nos levam a pensar que o desenvolvimento funcional do trato digestório está diretamente relacionado ao desempenho do animal. E este desenvolvimento está relacionado à manutenção da saúde intestinal que envolve, entre outros fatores, o desenvolvimento dos enterócitos e mucosa, o desenvolvimento da microbiota, do sistema imunológico intestinal, mas também o bom funcionamento de todos os mecanismos envolvidos na efetiva digestão e absorção dos nutrientes.

DESENVOLVIMENTO DO SISTEMA DIGESTÓRIO DE … · INTRODUÇÃO A suinocultura segue ... microbiota, do sistema imunológico intestinal, ... fatores de crescimento, sobre e estrutura

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DESENVOLVIMENTO DO SISTEMA DIGESTÓRIO DE LEITÕES

Vinícius de Souza Cantarelli

Departamento de Zootecnia - UFLA

Letícia Gomes de Morais Amaral Animalnutri Ciência e Tecnologia

1. INTRODUÇÃO

A suinocultura segue pressionada em produzir mais para atender a demanda da

população que não para de crescer. Este crescimento é dependente do aumento de produtividade, oriundos de tecnologias relacionadas à genética, sanidade e nutrição.

No entanto, mesmo com o desenvolvimento destas tecnologias, ainda é permanente alguns pontos críticos que limitam resultados ótimos de produtividade, levando a perdas econômicas, principalmente nas fases mais jovens dos suínos. Fatores como alta variabilidade e baixo peso no nascimento e ao desmame, além do reduzida ingestão de alimento e ganho de peso na fase pós-desmame, continuam sendo os principais pontos críticos. Mas a dúvida é: Por que estes “pontos” continuam sendo “críticos” em

condições comerciais, mesmo com tantas tecnologias disponíveis? 1. Seria o limite da biologia (potencial genético máximo)? Resposta: neste caso

não, pois os animais apresentam resultados de alta produtividade em condições ideais (experimentais);

2. Então seriam os desafios oriundos dos sistemas intensivos de produção? Resposta: em partes sim, pois sistemas intensivos de produção impõem aos leitões neonatos um permanente desafio sanitário e ambiental, fatores que predispõe os animais a eventuais desordens intestinais, que na maioria das vezes, comprometem o desempenho produtivo. No entanto, mesmo em granjas com grande controle sanitário e ótima nutrição, os resultados ainda não são iguais aos encontrados em condições idéias, principalmente nos animais jovens;

3. Então quais seriam os caminhos para resolver definitivamente os pontos

críticos nas fases mais jovens dos suínos? Resposta: Conhecer os mecanismos de ação envolvidos no desenvolvimento do trato digestório e as suas relações com o aproveitamento dos nutrientes. Sim, este parece ser o caminho para entender e resolver boa parte dos pontos críticos relacionados à limitada produtividade de animais jovens criados em condições comerciais. Além disso, sabe-se que animais jovens mais produtivos refletem em suínos ao abate com pesos mais elevados e melhor qualidade de carcaça.

Estas questões nos levam a pensar que o desenvolvimento funcional do trato digestório está diretamente relacionado ao desempenho do animal. E este desenvolvimento está relacionado à manutenção da saúde intestinal que envolve, entre outros fatores, o desenvolvimento dos enterócitos e mucosa, o desenvolvimento da microbiota, do sistema imunológico intestinal, mas também o bom funcionamento de todos os mecanismos envolvidos na efetiva digestão e absorção dos nutrientes.

Um exemplo prático que encontramos na nutrição de leitões é a presença de uma “lacuna” que existe entre formular uma ótima dieta (utilizando várias tecnologias) e obter um ótimo resultado. E está “lacuna” está relacionada ao funcionamento do trato digestório, pois para garantir um ótimo resultado, devem-se garantir ótimas taxas de digestão e absorção, pois os nutrientes da dieta devem atingir os tecidos alvos para obtenção do máximo resultado. Deste modo, para garantir perfeita saúde e funcionamento do trato digestório é importante conhecer as fases do desenvolvimento intestinal de leitões, assim com algumas interações entre a nutrição e saúde intestinal. 2. DESENVOLVIMENTO E SAÚDE INTESTINAL DE LEITÕES

O desenvolvimento do trato digestório dos leitões inicia-se ainda na vida fetal e

progride rapidamente após o nascimento. Por isso, pode ser dividido em cinco momentos: (1) organogênese, (2) diferenciação, (3) crescimento e maturação, (4) adaptação ao leite e (5) desmame. Os três primeiros ocorrem durante a gestação e prepara o intestino para o parto, momento em que toda a captação de nutrientes dependerá deste órgão. A quarta fase ocorre imediatamente após o nascimento, em que o intestino começa a processar o colostro e leite. O quinto momento é o desmame, onde os leitões necessitam trocar a dieta líquida pela sólida, e o intestino assume outras características estruturais e funcionais (Buddington & Malo, 1996).

Nestes cinco momentos de desenvolvimento, ocorre grande crescimento do trato digestório, a fim de suprir o neonato com nutrientes e proteção através dos processos de digestão e absorção, afetando significativamente a produtividade nas fases subseqüentes.

Mas para os leitões atingirem o máximo desempenho aliado à melhor condição de saúde intestinal, deve-se conhecer não só os requerimentos nutricionais, mas principalmente, o potencial absortivo intestinal para obter resultados satisfatórios de consumo e aproveitamento de nutrientes.

Para melhor compreender o potencial absortivo nas fases iniciais da vida do leitão, serão apresentadas as diferentes etapas do desenvolvimento intestinal, desde o pré-parto, onde alguns fatores maternos influenciam o perfil enzimático e estrutural do trato digestório; até o momento do desmame, fase considerada como maior ponto crítico na produção de suínos.

2.1 Desenvolvimento pré-parto

A gestação da fêmea suína tem duração de 115 dias, e durante este período o desenvolvimento do trato digestório do feto passa de um simples tubo de epitélio pseudo-estratificado para um epitélio de monocamada simples colunar, compreendendo regiões de vilosidade e microvilosidades. Essa morfogênese de citodiferenciação ocorre da porção proximal para distal, ou seja, diversas características de avançada morfogênese epitelial são inicialmente observadas no duodeno e só depois no jejuno.

Na Figura 1 está ilustrado o desenvolvimento do trato digestório do feto nas diferentes fases da gestação, de acordo com estudo de Dekaney et al. (1997). Estes autores observaram que ao 30º dia de gestação o intestino imaturo consiste de um simples tubo epitelial, cercado por uma camada de células mesenquimais. A vilosidade primitiva surge por volta do 35º dia de desenvolvimento, e já ao 45º dia, nova citodiferenciação é evidente com a presença de células caliciformes e enteroendócrinas no intestino proximal. No 60º dia de gestação são observadas vilosidades e criptas

duodenais, além de pequenas microvilosidades. Aos 90 dias de gestação, no duodeno são encontradas células caliciformes maduras, lâmina própria, submucosa, glândulas duodenais, e alongamento das microvilosidades. Aos 110 dias de gestação, as vilosidades e criptas já estão bem desenvolvidas, com células caliciformes maduras e presença de gotículas de mucina. As microvilosidades estão bem desenvolvidas e alongadas, e nos enterócitos maduros com presença de vacúolo lisossomal e grande quantidade de mitocôndrias.

Figura 1. Desenvolvimento do trato digestório do feto suíno aos 30 (A), 35 (B), 45 (C), 60 (D), 90 (E) e 110 (F) dias de gestação (Adaptado de Dekaney et al., 1997).

Para estudar o desenvolvimento dos diferentes órgãos do feto suíno, McPherson

et al. (2004) avaliaram o período de 45 e 110 dias de gestação e observaram que a taxa de crescimento do trato digestório aumenta mais do que 170 vezes, e excede a taxa de ganho de peso, além das taxas de crescimento do fígado (20 vezes), pulmões (97 vezes), coração (43 vezes), rim (28 vezes), e cérebro (8 vezes).

No âmbito absortivo, Buddington & Malo (1996) realizaram a avaliação do potencial de captação de D-glicose (associada ao sódio) e L-leucina, pelo intestino delgado em diferentes estágios gestacionais de suínos (7, 8, 10, 12 semanas de gestação e imediatamente após o nascimento, antes do consumo de leite). Dentre os resultados observados ficou claro que, mesmo na vida intrauterina, já ocorre absorção de nutrientes, e que esta avança com o decorrer da gestação. A captação de D-glicose vai de 0,20 pmol/mg de proteína na sétima semana de gestação para 3,19 pmol/mg na 12ª semana, e para 7,62 pmol/mg no pós-parto. Além disso, Westrom et al. (1987) detectaram a presença de amilase no tecido pancreático dos fetos de suínos aos 65 dias de gestação.

Dessa forma os animais já nascem com capacidade de aproveitamento dos nutrientes disponíveis no leite da porca.

2.2 Desenvolvimento pós-parto O período imediatamente pós-parto compreende importantes modificações no

trato digestório dos leitões (Wang et al., 2009). Weström (1997) verificou que os enterócitos fetais são gradualmente substituídos por enterócitos maturos. Este processo tem início na parte proximal do intestino delgado e é completado com 3 a 4 semanas após o parto. Além disso, sabe-se que no útero o feto recebe um suprimento intra-venoso contínuo de substratos para crescimento e metabolismo oxidativo. Porém ao nascimento, esse suprimento é interrompido abruptamente e o neonato precisa enfrentar um breve período de jejum antes de ser alimentado com colostro e leite (Koletzko et al., 1998).

Após o curto período de jejum, o trato digestório do neonato passa a ser o responsável pela nutrição do organismo, uma vez que a alimentação parenteral é instantâneamente substituída pela enteral (Stoll et al., 2000). No período perinatal a maturação do epitélio intestinal é influenciada por uma ação combinada de fatores locais, sistêmicos e luminais (Trahair & Sangild, 1997), com grande aumento do crescimento da mucosa do trato digestório.

No trabalho de Zhang et al. (1997), os autores observaram um aumento de 126% no crescimento protéico da mucosa intestinal durante as primeiras seis horas após o parto. Adeola & King (2006) também observaram aumento significativo no peso da mucosa e o comprimento do intestino, durante as nove primeiras semanas de vida, sendo que o jejuno foi o segmento que apresentou maior taxa de crescimento neste período.

Weström (1997) verificou ainda, que logo nos primeiros dias de vida, a produção de ácido gástrico e a atividade da pepsina estão muito baixas, enquanto a secreção de lactase intestinal é máxima. Entretanto, a atividade da lactase diminui até o terceiro dia, enquanto aumentam as aminopeptidases e maltases. Por outro lado, Mobassaleh et al. (1985) não detectaram a presença de amilase luminal em leitões nascidos prematuros, e concluíram que a atividade desta enzima é baixa em lactentes de baixo peso. Thymann et al. (2009) observaram que a capacidade de captação de glicose intestinal de leitões prematuros é altamente sensível a lesões inflamatórias oriundo de dietas com maltodextrina. Os autores acreditam que a maltodextrina não digerida pode ser fermentada por bactérias residentes que levam ao excesso de produção de gás no trato digestório dos leitões prematuros.

Além destes fatores, o desenvolvimento intestinal é profudamente influenciado pelas muitas e variadas respostas do hospedeiro aos fatores ambientais, dentre estes, microrganismos colonizadores. Patógenos, como a Escherichia coli (E. coli) enterotoxigênica e rotavirus são as principais causas de danos à mucosa, e contribuem para a presença de diarreia em leitões lactentes. Entretanto a colonização do intestino por microrganismos não patogênicos também modifica significativamente a estrutura e função intestinal.

O estímulo do sistema imune intestinal pode provocar ativação de processos inflamatórios e mudanças epiteliais, os quais podem gerar tanto efeitos positivos quanto negativos na absorção de nutrientes nos leitões (Kelly & King, 2001).

Outra questão que não pode ser desconsiderada é o efeito do colostro e seus fatores de crescimento, sobre e estrutura e função intestinal. O início da lactação estimula o rápido crescimento do intestino neonatal, o qual é mediado por uma alta taxa de síntese proteica (Burrin et al., 1992); a ingestão de colostro estimula a proliferação celular das criptas (Zhang et al., 1997); além dos fatores não nutritivos colostrais que permitem o rápido crescimento intestinal, a qual incluem imunoglobulinas e substâncias

biologicamente ativas, como IGF-1 (Zhang et al., 1998). Por estas questões, o colostro e o leite são considerados promotores de maturação do desenvolvimento do epitélio intestinal (Wang & Xu, 1996).

Os fatores de crescimento semelhantes á insulina (IGF1 e IGF2), constituem um sistema endócrino/autócrino/parácrino que media o crescimento, diferenciação e apoptose das células (Simmen et al., 1998). Altos níveis de IGF´s e suas proteínas de ligação estão presentes nas secreções mamárias (Morgan et al., 1996). Uma vez que tanto o tecido mamário quanto o tecido intestinal expressam proteínas ligadores de IGF e receptores de IGF, é possível que IGFs contribuam tanto como a mamogênese e lactogênese na porca, mas também desempenhem funções regulatórias no desenvolvimento pós-natal e maturação gastrointestinal do leitão lactente (Shen & Xu, 2000). Diversas pesquisas têm demonstrado que a alimentação com colostro associado a IGF1 aumenta a estabilidade do fator de crescimento no lumen intestinal. De acordo com Andrew et al. (2002), o tamanho das vilosidades diminui gradativamente durante a lactação, devido a diminuição de secreções mamárias, que contêm uma variedade de moléculas que promovem a regulação do seu crescimento e funcionalidade, dentre eles IGF l.

No entanto, evidências observadas por alguns pesquisadores sugerem que a administração oral de concentrações fisiológicas de IGF1 na ração, apresentam pouco ou nenhum efeito no crescimento da mucosa intestinal (Burrin, 1997). O intestino delgado de neonatos saudáveis com uma nutrição adequada, pode atingir taxas máximas de crescimento e essa pode ser a razão pela qual IGF1 adicional é incapaz de estimular crescimento adicional (Alexander & Carey, 1999). Ainda assim, a IGF1 oral apresenta pequeno efeito no crescimento ou estrutura intestinal, mas aumenta significativamente a absorção de Na+ (Alexander & Carey, 1999).

Outra substância estimulante da proliferação intestinal é a glutamina, considerada o principal metabólito que nutre os enterócitos e também responsável pela manutenção das funções da barreira intestinal (Pluske et al., 1997).

Sendo assim, este primeiro alimento da vida do leitão apresenta grande impacto sobre desenvolvimento da saúde intestinal de leitões, portanto deve ser conhecido seu valor e composição nutricional, além de componentes não nutricionais que impactam positivamente.

Outro nutriente de extrema importância, porém muitas vezes negligenciado é a água. O leite da porca contém cerca de 80% de água, e essa concentração seria suficiente para suprir as exigências diárias de leitões lactentes. Entretanto é comum a observação de leitões que tentam alcançar o bebedouro da porca em busca de água. Sendo assim o consenso geral é que a água suplementada pode beneficiar leitões lactentes em determinadas circunstâncias e esses benefícios facilmente superam o custo da implementação de fontes de água na maternidade. Além de melhorar o funcionamento renal e repor a água perdida em casos de diarreia, a água é também essencial para leitões que já recebem dietas sólidas, uma vez que já foi demonstrado que leitões com livre acesso à água consomem mais alimento sólido do que animais sem acesso (Torrey et al., 2008).

Mesmo com o rápido desenvolvimento do trato digestório após o nascimento e com a ingestão de leite, sabe-se que os leitões recém nascidos não estão completamente aptos para as funções de digestão e absorção de dietas sólidas. Assim, a imediata suplementação de alimento sólido irá estimular ainda mais o crescimento intestinal promovendo a formação de novos enterócitos e preparando o leitão para o desmame.

Uma vez determinada a composição do leite da porca e que nutrientes suplementar na dieta sólida, faz-se necessário determinar o momento ideal, tanto

enzimático, quanto nutricional, de iniciar o fornecimento de dieta sólida. Sulabo et al. (2010) avaliaram três momentos de fornecimento: 7, 14 e 18 dias de vida. Em relação ao desempenho, nenhuma diferença foi observada ao final da fase pré-desmame. Entretanto, na fase de creche, animais que receberam a dieta por mais tempo durante a maternidade, apresentaram maior capacidade de consumo do que os demais, comprovando que o contato precoce com a dieta sólida melhora o consumo na fase de creche.

Dessa forma, é evidente a necessidade do fornecimento de uma dieta sólida no momento pré-desmame, tanto para melhorar a maturidade e saúde intestinal, quanto para influenciar consumo de ração no pós-desmame.

2.3 Desmame: momento crítico para a saúde intestinal No sistema de produção de suínos, a fase mais crítica para os animais é a fase de

desmame e creche. Neste período diversos fatores causadores de estresse levam à queda da imunidade e redução do consumo alimentar, culminando com a manifestação de doenças e redução na taxa de crescimento (Quadros et al., 2002).

Um dos fatores que contribuem com o aumento no estresse dessa fase é a idade de desmame dos leitões, que nos últimos anos, tem sido reduzida para 21 dias de idade. Com essa idade, o leitão possui algumas limitações digestivas, como secreção insuficiente de enzimas, ácido clorídrico, bicarbonato e muco, fatores que dificultam a digestão e absorção adequada de nutrientes (Lallès et al., 2007).

Boudry et al. (2004) concluíram que o desmame induz mudanças agudas transitórias relacionadas à queda de consumo pós-desmame, seguido de um período de maturação intestinal correspondente à retomada da ingestão de alimento. O desmame cada vez mais precoce implica em considerável queda de desempenho e aumento na incidência de diarreia. Está bem estabelecido que estes sintomas são multifatoriais, causados principalmente pelo baixo consumo nos primeiros dias pós-desmame (Lallès et al., 2004). As alterações no funcionamento gástrico têm recebido menos atenção do que as alterações intestinais, uma vez que o ambiente entérico é um importante segmento do trato digestório, responsável pela maior parte da digestão, absorção de nutrientes e trocas hídricas e minerais para manutenção da homeostase e suporte de uma microbiota complexa e altamente envolvida com o sistema imune.

Algumas características fisiológicas foram comparadas por diversos pesquisadores nos últimos anos. Snoeck et al. (2004) observaram que o esvaziamento gástrico de leitões lactentes é mais rápido do que de leitões desmamados. Essa característica é mais acentuada ao terceiro dia após o desmame, devido à queda no consumo e estresse. Tem sido relatado também que este baixo consumo pós-desmame pode afetar a secreção do hormônio grelina orexígeno, localizada principalmente na mucosa estomacal. Este peptídeo é produzido sob um déficit de energia devido ao jejum, especialmente em animais jovens em fase de rápido crescimento (Gilg & Lutz, 2006).

As desordens no pós-desmame são resultado não só das alterações na estrutura e função do trato digestório, mas também, principalmente por mudanças adaptativas à microbiota entérica (Konstantinov et al., 2004) e respostas imunes (Bailey et al., 2005). Todos estes aspectos fisiológicos, microbiológicos e imunológicos do trato digestório contribuem de forma interativa para o equilíbrio intestinal.

Sabe-se que as mudanças na composição da dieta ao desmame manipulam a composição da microbiota e suas atividades metabólicas, e uma grande quantidade de

consequências na fisiologia do trato digestório tem sido elucidadas, mas as influências no sistema imune local ainda são desconhecidas.

O trato digestório do suíno alberga um ecossistema microbiano complexo e dinâmico, cuja composição varia entre indivíduos, entre segmentos intestinais e no tempo (Konstantinov et al., 2004). Enquanto estão em equilíbrio com o hospedeiro, geram estímulo para o desenvolvimento do sistema imune e fisiologia do animal (Bauer et al., 2006a). O desenvolvimento da microbiota é afetado diretamente pelo genótipo do animal bem como por fatores ambientais, entre eles o trato digestório da porca, a microbiota associada ao leite e à dieta após o desmame (Bauer et al., 2006b).

Estudos de cultivo celular demonstraram que as bactérias ácido lácticas, enterobactérias e streptococcus são as mais importantes dos primeiros a colonizar o intestino suíno (Stewart, 1997). Mudanças significativas na composição da microbiota ocorrem no pós-desmame, tanto na microbiota ileal quanto colônica, o que pode ser observado também nas fezes (Inoue et al., 2005). Muitos lactobacilos benéficos são suprimidos durante o desmame, não só pela alteração na dieta, mas também pelo fato dos requerimentos nutricionais destes microrganismos serem reprimidos pela falta de consumo de alimento pelo animal (Lallès et al., 2007).

Esta microbiota altamente instável, em conjunto com a queda nas contagens de lactobacilos anteriormente predominantes, gera grandes contribuições aos problemas intestinais pós-desmame. Dessa forma, a microbiota pode ser um alvo importante no momento de decisão de quais estratégias nutricionais implementar para manter as comunidades de lactobacilos.

Em relação ao sistema imune, o momento desmame gera grandes mudanças no grau e diversidade de exposição a antígenos ambientais, oriundos do alimento e de organismos potencialmente patogênicos. Sob condições naturais, o desmame é um processo gradual, que se completa por volta de 10 a 12 semanas de idade dos leitões. Mas essa não é a realidade produtiva, onde os animais são desmamados com cerca de três semanas. Como consequência disso, a diarreia pós-desmame comumente acontece e não está relacionada apenas com a idade do leitão, mas sim com o evento do desmame (Lallès et al., 2007).

Ao contrário do nascimento, o desafio antigênico ao desmame ocorre quando o sistema imune da mucosa está desenvolvido ao ponto de ativar as respostas imunes. Somado a isso, os componentes imunorregulatórios e imunoprotetores do leite materno já não estão funcionais. Anticorpos contra antígenos alimentares já podem ser detectados após o desmame, indicando respostas imunes contra eles. Com o tempo as respostas assumem uma forma de tolerância, mas não ocorrem imediatamente (Bailey et al., 2004).

Mudanças nos padrões de citocinas intestinais no pós-desmame são caracterizadas por diferenças segmentares ao longo do trato digestório, e incluem respostas de fase aguda com aumento da expressão gênica de citocinas inflamatórias (IL-1β, IL-6, TNF-α) (Pié et al., 2004). Na sequência ocorre uma resposta duradoura que retorna aos níveis normais pré-desmame, exceto o TNF-α, que permanece alto no íleo e cólon. Após o desmame as concentrações teciduais de citocinas anti-inflamatórias e fatores de crescimento TGF-β apresentam-se transitórios da vilosidade para a cripta de duodeno e jejuno (Mei & Xu, 2005). Essas mudanças coincidem com as variações na estrutura vilosidade/cripta e nas atividades enzimáticas digestivas. O desmame também reduz a expressão gênica do peptídeo antimicrobiano PR-39 na medula óssea de suínos (Wang et al., 2004). Da mesma forma, a expressão gênica da lactoferrina no duodeno de leitões diminui com o aumento da idade, particularmente no momento do desmame (Wang et al., 2006). A idade ao desmame também influencia essa queda, ocorrendo em

maior magnitude aos 21 dias de vida que aos 28 ou 35. Ainda pode-se afirmar que existem correlações complexas entre o tempo pós-desmame e a densidade de células imunes das vilosidades do jejuno (Brown et al., 2006).

Diante dessa situação de estresse e alta influência ambiental, nutricional e sanitária sobre o leitão desmamado, faz-se necessário conhecer os principais parâmetros determinantes da saúde intestinal de leitões.

2.4 Parâmetros de avaliação da saúde intestinal Os parâmetros de avaliação da saúde intestinal podem ser indiretos ou diretos.

Parâmetros indiretos abrangem um comportamento que pode estar relacionado ao desequilíbrio intestinal. Os principais parâmetros indiretos são: desempenho (consumo de ração, ganho de peso, conversão alimentar), imunoglobulinas sanguíneas (IgG e IgM), haptoglobina sanguínea (fator de mensuração da ativação do sistema imune – Eurell et al., 1992), entre outros.

Já os parâmetros diretos detectam a real condição do trato digestório, e são representados por avaliação do equilíbrio microbiológico (relação entre bactérias benéficas e patogênicas), morfologia intestinal (altura de vilosidade, profundidade de cripta, relação vilosidade:cripta), bem como avaliação de marcadores intestinais digestórios e imunológicos.

Dentre os diversos marcadores intestinais digestórios a avaliação de NPY (neuropeptídeo Y), GLUT2 (transportador de glicose tipo 2) e IGF1 (fator de crescimento semelhante à insulina 1) tem grande destaque.

O NPY é um neuropeptídeo periférico noradrenérgico que inibe a secreção pancreática (Tatemoto et al., 1982) e recentemente tem sido associado ao estímulo do apetite (Gura, 1997). Além disso, inibe a motilidade gastrointestinal e secreção eletrolítica, modificando as mensagens enviadas ao cérebro. Por isso, pode ser um marcador importante em estudos, principalmente no período pós desmame onde o consumo de alimento é um dos fatores mais limitantes.

O transportador GLUT 2 age como facilitador do sistema de difusão de glicose através da dupla camada lipídica da membrana celular. A expressão gênica deste transportador é crucial para a absorção e transporte adequados de glicose no intestino delgado (Rodriguez et al., 2004).

Já o IGF1 apresenta influência direta sobre o crescimento intestinal. Dois dos principais marcadores intestinais imunológicos são o MUC2 (mucina

2) e os TLR (Toll Like Receptors). O MUC2 está diretamente relacionado à produção de mucina nas células

caliciformes, e é considerada a principal representante da resposta imune inata (Moncada et al., 2003).

Os TLR sinalizam vias de ativação de variados fatores de transcrição, como fator nuclear-κB (NF-κB), que ativa a produção de citocinas Th1 e/ou Th2. TLRs apresentam uma função central no sistema imune inato que reconhece o padrão de moléculas específicas derivadas de microrganismos, como lipopolissacarídeos, lipopeptídeos e ácidos nucleicos. Os TLR são proteínas que associam a imunidade inata à adquirida, e o ligantes TLR são utilizados como adjuvantes em vacinas a fim de melhorar a eficiência da vacinação.

Com base nestes parâmetros de avaliação da saúde intestinal é possível conhecer a condição do ambiente entérico do leitão e desenvolver estratégias adequadas para promover melhoras na saúde intestinal.

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS Para melhor compreender o potencial absortivo nas fases iniciais da vida do

leitão é importante conhecer o desenvolvimento intestinal, desde o pré-parto até o momento do desmame.

Há necessidade de mais estudos sobre a influência da nutrição na gestação e desenvolvimento do trato digestório dos fetos, pois quanto mais desenvolvido, melhor será o aproveitamento de nutrientes e desempenho nas próximas fases.

Os leitões já nascem com capacidade de aproveitamento dos nutrientes disponíveis no leite da porca. Porém, é necessário o fornecimento de uma dieta sólida no momento pré-desmame, tanto para melhorar a maturidade e saúde intestinal, quanto para influenciar consumo de ração no pós-desmame.

O desmame ainda continua sendo o grande ponto crítico na produção de suínos, por isso há necessidade de conhecer os parâmetros que são determinantes da saúde intestinal de leitões. E com base nestes parâmetros, desenvolver estratégias adequadas para promover melhoras na saúde e manutenção do desenvolvimento intestinal.

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