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Caracterização dos comportamentos relacionados com a saúde oral numa população com Paralisia Cerebral
1 Rute Sofia Henriques Pombo Sequeira Rosendo
FMDUL
I – INTRODUÇÃO
1. Definição de paralisia cerebral
A Paralisia Cerebral (PC) descreve um grupo de perturbações do movimento e
da postura, que limitam a atividade, sendo atribuídas a distúrbios não progressivos que
ocorrem no cérebro imaturo e em desenvolvimento. Os distúrbios motores são
frequentemente acompanhados por alterações na sensação, cognitivas, na comunicação,
na perceção, e/ou no comportamento, e/ou por convulsões (Bax e col., 2005).
Nesta doença existe um enorme espetro de gravidade (Reddihough e Collins,
2003). Assim, alguns indivíduos podem ter perturbações ligeiras, quase impercetíveis,
enquanto outros podem ter uma grave incapacidade, sendo totalmente dependentes nas
rotinas diárias da vida quotidiana.
2. Alguns dados epidemiológicos sobre a paralisia cerebral
A prevalência da PC, segundo alguns dados da Austrália, Suécia, Reino Unido e
Estados Unidos da América, varia entre 1,0 e 3,0 por cada 1000 nados vivos (Russel e
Kinirons, 1992; Reddihough e Collins, 2003; Carvalho e col., 2011; Jackson e col.,
2011). As classes sociais mais altas e o sexo masculino, numa proporção 1,4:1 são os
mais afetados (Russel e Kinirons, 1992; Rodrigues dos Santos e col., 2003). Nos países
subdesenvolvidos, a prevalência é semelhante e, em alguns casos, até inferior
(Dougherty, 2009). Em Portugal, dados disponíveis dos Censos de 2001, do Instituto
Nacional de Estatística, revelaram que a população portadora de deficiência
correspondia a 6,1% da população, contribuindo a PC para 0,1% desses casos (INE,
2002).
Alguns investigadores defendem que, devido aos melhores cuidados de saúde e,
consequentemente, com a diminuição das taxas de mortalidade perinatal e neonatal,
bem como pelo aumento da incidência de partos múltiplos, de baixo peso à nascença e
de nascimentos prematuros, as taxas de incidência da PC não têm diminuído
(Reddihough e Collins, 2003; Rodrigues dos Santos e col, 2003; Dougherty, 2009).
Por outro lado, com a melhoria nos cuidados de saúde nas últimas décadas e na
população em geral, a esperança média de vida sofreu um aumento significativo. No
caso específico dos doentes com PC este aumento também se verifica.
Caracterização dos comportamentos relacionados com a saúde oral numa população com Paralisia Cerebral
2 Rute Sofia Henriques Pombo Sequeira Rosendo
FMDUL
Aproximadamente 85% a 93% das crianças com PC chegam à idade adulta (Hennequin
e col., 2000; Dougherty, 2009; Santos e col., 2010).
3. Etiologia e fatores de risco da paralisia cerebral
A etiologia da PC pode ter origem no período pré-natal, peri-natal ou pós-natal.
Em 75% dos casos, as causas estão relacionadas com o desenvolvimento intra-uterino,
por exposição a tóxicos, infeções ou alterações congénitas. No momento e após o
nascimento as principais causas são asfixia, partos prematuros e recém-nascidos com
baixo peso, traumatismos cranianos e sequelas de infeções. Contudo, em mais de 30%
dos casos, a etiologia e os fatores de risco não são completamente conhecidos
(Reddihough e Collins, 2003; Rosenbaum, 2003; Jones e col., 2007).
4. Classificação da paralisia cerebral
O tipo de alterações motoras encontradas associa-se a uma
anomalia/lesão/alteração em determinada área do cérebro e, assim, a PC pode ser
classificada em espástica, atetósica e atáxica (Rethlefsen e col., 2010).
O tipo espástica (PCE) decorre de uma lesão no córtex cerebral e é o mais
comum, contribuindo para 70% a 80% dos casos. Caracteriza-se por um tónus muscular
aumentado, com capacidade limitada de relaxamento muscular e deficiência cognitiva
em aproximadamente 30% dos indivíduos (Jones e col., 2007; Thorogood e Alexander,
2007). De acordo com as partes do corpo afetadas, a PCE pode ainda ser subclassificada
em tetraplégica, diplégica, hemiplégica e paraplégica (Jones e col., 2007; Dougherty,
2009). A PCE tetraplégica atinge todas as extremidades, bem como o tronco e a
musculatura oral, na PCE diplégica são afetadas partes correspondentes de ambos os
lados do corpo, frequentemente, ambos os membros inferiores. Na PCE hemiplégica,
são atingidos os membros superior e inferior do mesmo lado do corpo e na PCE
paraplégica só uma parte do corpo (perna ou braço ou tronco) está afetada. Por ordem
decrescente, a PCE diplégica representa 30 a 40% dos casos, a hemiplégica 20 a 30%, a
tetraplégica 10 a 15% e a paraplégica é rara.
A PC atetósica resulta de uma lesão nos gânglios basais e extrapiramidais, do
cérebro, sendo observada em 10 a 15% dos casos. Os movimentos descoordenados e
involuntários da face e das extremidades do corpo dominam o quadro clínico.
Caracterização dos comportamentos relacionados com a saúde oral numa população com Paralisia Cerebral
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Representando 5% dos casos, a PC atáxica manifesta-se por perturbações da
coordenação, postura e equilíbrio, decorrentes de uma lesão no centro do equilíbrio, o
cerebelo (Jones e col., 2007; Thorogood e Alexander, 2007; Dougherty, 2009).
5. Diagnóstico de paralisia cerebral
O diagnóstico de PC não é linear e não se baseia no aparecimento específico de
determinado sintoma. Suspeita-se de PC, após se ter excluído outro tipo de patologias,
por exemplo, anomalias cromossómicas, e quando há um agrupamento de sintomas e
padrões de movimento anormais. Normalmente há uma perturbação do movimento e da
postura de origem central e perturbações motoras. É também definida como uma doença
não progressiva, ou seja, o indivíduo não perde as competências adquiridas (Russman e
Ashwal, 2004; Jones, 2007).
6. Complicações associadas à paralisia cerebral
Apesar da PC se definir como uma patologia motora, 30 a 50% dos pacientes
apresenta défice cognitivo. Na literatura estão ainda descritas outras condições clínicas
subjacentes ao paciente com PC, nomeadamente, a presença de escoliose, luxação da
anca, perturbações visuais e auditivas, epilepsia, refluxo gastro esofágico, disfagia ou
afagia, malnutrição/atraso no desenvolvimento (Rosenbaum, 2003; Russman e Ashwal,
2004). Os problemas gastrointestinais, designadamente, disfagia, refluxo gastro
esofágico, gastrite, aspiração crónica pulmonar e obstipação, são os mais comuns,
encontrando-se em cerca de 90% destes indivíduos (Jones e col., 2007; Dougherty,
2009). Pacientes com afagia ou história de aspiração crónica pulmonar podem necessitar
ser alimentados através de um tubo nasogástrico, oroesofágico ou gástrico (Reilly e col.,
1996; Jones e col., 2007; Dougherty, 2009).
Os problemas neuromusculares, o défice cognitivo e outras condições clínicas
associadas podem dificultar o desempenho, a deteção e a memorização de atividades da
rotina diária, tais como, andar, tomar banho, vestir, escovar os dentes, comer e
conversar (Huang e col, 2010). Pelo exposto, muitos destes pacientes dependem dos
prestadores de cuidados para a realização das tarefas da sua rotina diária, incluindo as
rotinas de prevenção das doenças orais.
Caracterização dos comportamentos relacionados com a saúde oral numa população com Paralisia Cerebral
4 Rute Sofia Henriques Pombo Sequeira Rosendo
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7. A saúde oral no paciente com paralisia cerebral
As complicações acima abordadas parecem afetar, de forma significativa, a
saúde oral, nomeadamente, induzir alterações nas estruturas da região orofacial,
desenvolvimento de hábitos parafuncionais, problemas de alimentação e dificuldades na
manutenção da higiene oral (Ortega e col., 2007; Dougherty, 2009; Du e col., 2010). Os
movimentos descoordenados e involuntários, a presença de reflexos orais patológicos
(como morder e vomitar) e a incapacidade de manuseamento da escova de dentes
podem também contribuir para uma fraca higiene oral destes pacientes (Rodrigues dos
Santos e col, 2003; Ortega e col., 2007; Dougherty, 2009).
Na literatura há informações contraditórias sobre a incidência das doenças orais
nos doentes com PC (Rodrigues dos Santos e col., 2003). Alguns estudos referem que
estes pacientes apresentam um número elevado de dentes cariados, um baixo número de
dentes restaurados e/ou baixa qualidade das restaurações e inflamação periodontal grave
(Huang e col., 2010). Pelo contrário, Nielsen, em 1990, indica que o número de lesões
de cárie num doente com PC é semelhante ao da população em geral, no entanto, estes
pacientes têm um maior número de lesões não tratadas e um maior número de dentes
extraídos, indicativo das dificuldades de tratamento dos doentes com necessidades
especiais. Este último estudo afirmou ainda que, as estratégias preventivas, como a
instrução e motivação para a higiene oral, direcionada aos prestadores de cuidados, e a
exposição ao flúor, dos pacientes com PC, contribuíram para a um melhor nível de
saúde oral.
Os pacientes com PC podem apresentar maior incidência de doenças
periodontais e lesões de cárie devido à dificuldade no controlo de placa bacteriana,
consistência da dieta, maior consumo de alimentos e/ou bebidas açucaradas, medicação
açucarada e xerostomizante, deficiente tónus muscular facial, pouco controlo dos lábios
e língua, dificuldades na mastigação e deglutição (Santos e col., 2009). Estes têm
também maior probabilidade de ser respiradores bucais, bem como ter maloclusões
(Rodrigues do Santos e col., 2003; Dougherty, 2009; Carvalho e col., 2011).
O tipo de PC parece não estar relacionado com a frequência de escovagem nem
com os valores do índice de CPOs, talvez porque a higiene oral é efetuada,
maioritariamente, pelos prestadores de cuidados destes pacientes, que não apresentam
destreza manual suficiente para realizar estas tarefas (Nielsen, 1990; Camargo e
Antunes, 2008; Carvalho e col., 2011).
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Um outro aspeto importante relativo à saúde oral, é que a gravidade da
deficiência motora e intelectual deve ser tida em conta quando se prestam tratamentos
dentários, pela incapacidade de comunicação e cooperação dos pacientes com PC
(Nielsen, 1990).
Pelo exposto, a prevenção das doenças orais e a manutenção de um bom estado
de saúde oral são importantes para os indivíduos com PC, por constituírem um grupo de
risco. Os prestadores de cuidados são um elo essencial para a melhoria da saúde oral
destes pacientes (Hennequin e col., 2000; Dougherty, 2009).
Estes pacientes são confrontados com um conjunto de barreiras sociais,
económicas, comportamentais/psicológicas e físicas no acesso às consultas de higiene
oral/medicina dentária. Os tratamentos dentários são mesmo considerados uma das
necessidades menos atendidas entre os doentes com necessidades especiais, levando à
degradação da saúde oral e, consequentemente, à da saúde geral (Hennequin e col.,
2000; Jackson e col., 2011). Por exemplo, a não integração de dentistas nas equipas de
tratamento multidisciplinar do paciente com PC, profissionais de saúde oral pouco
experientes e sem formação académica adequada sobre estes pacientes, não prestando
serviços também adequados e específicos são fatores que podem contribuir para a
diminuição ao acesso a consultas de medicina dentária e, consequentemente, diminuição
no sucesso dos tratamentos (Davis, 2009; Krause e col., 2010; Camargo e col., 2011).
Assim sendo, justifica-se dar mais atenção a esta população, aprofundando o
conhecimento das condições e patologias médicas subjacentes, explorando os seus
hábitos alimentares e de higiene oral e conhecer quais os impeditivos às consultas de
medicina dentária. Munidos destas informações a abordagem do médico dentista poderá
ser mais especializada e com bases preventivas mais específicas, evitando assim
tratamentos mais invasivos e morosos, com todas as desvantagens inerentes ao paciente
com PC.
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II – Objetivos
Os objetivos deste trabalho são:
1) Caracterizar uma população com paralisia cerebral relativamente aos
comportamentos relacionados com a saúde oral: hábitos de higiene oral e de dieta, visita
ao dentista e razão da última visita ao dentista.
2) Conhecer, na mesma população, as barreiras destes pacientes
relativamente ao acesso aos cuidados de saúde oral.
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III – Materiais e Métodos
1. Tipo de Estudo
De acordo com os objetivos propostos, efetuou-se um estudo epidemiológico
observacional e transversal.
2. População e amostra do estudo
A população do estudo foi composta pelos prestadores de cuidados dos pacientes
com PC, fossem eles pais, outros familiares ou monitores/funcionários das instituições.
A amostra foi de conveniência e constituída por 35 indivíduos.
Não foram considerados quaisquer critérios de exclusão. Os questionários foram
entregues em várias instituições do país que trabalhavam com pacientes com
necessidades especiais, incluindo indivíduos com PC.
3. Recolha de dados
3.1 Elaboração do Questionário
O instrumento de recolha de dados foi um questionário (Anexo 2), de auto
preenchimento, composto por 24 perguntas. As perguntas foram agrupadas em 4
categorias: caracterização geral do paciente, higiene oral, alimentação e visitas ao
médico dentista/higienista oral.
A elaboração do questionário teve por base a análise de questionários e variáveis
abordadas noutros estudos semelhantes (Russel e Kinirons, 1993; Hennequin e col.,
2000; Rodrigues dos Santos e col., 2003; Huang e col., 2010). O questionário foi sujeito
à avaliação de três peritos na área (dois médicos dentistas e um higienista oral) de forma
a identificar alguns erros e testar o seu conteúdo.
3.2 Distribuição do questionário
O questionário foi disponibilizado em duas formas: em formato de papel,
entregue em algumas instituições que recebem pacientes com PC; ou, alternativamente,
através de um questionário de preenchimento on-line utilizando-se a plataforma Google
Docs. O questionário foi acompanhado por uma carta explicativa sobre o estudo, onde
foi dada informação sobre os objectivos do estudo (Anexo 3).
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O questionário em formato de papel foi entregue na consulta de pacientes
especiais da Faculdade de Medicina Dentária da Universidade de Lisboa (FMDUL), na
Associação Portuguesa de Pais e Amigos de Cidadãos com Deficiência Mental
(APPACDM) de Santarém e na Cooperativa de Educação e Reabilitação de Crianças
inadaptadas da Moita e Barreiro (CERCIMB).
O link da plataforma Google Docs foi enviado a diversas instituições, sendo
posteriormente reencaminhado a alguns pais e monitores. No sentido de promover
maior adesão ao preenchimento do questionário, este foi enviado repetidamente, com
intervalos de um mês, para que mais pais e monitores tivessem conhecimento.
O preenchimento do questionário foi realizado pelo prestador de cuidados do
indivíduo com PC.
3.3 Descrição e explicação das variáveis do estudo
1) Identificação do responsável pelo preenchimento do questionário:
pai/mãe; outro familiar; monitor/funcionário do centro.
2) Para a caracterização geral do paciente foram identificadas as seguintes
variáveis:
2.1) Idade do paciente com PC (agrupada nos seguintes grupos etários: [0,15[,
[15,30[, [30,45[).
2.2) Sexo do paciente com PC: feminino ou masculino.
2.3) Presença e nível de atraso mental – na presença de atraso mental era
pedido que este fosse escalonado em grave, moderado, ligeiro ou não sei.
2.4) Identificação de outros problemas associados para avaliação da
morbilidade – refluxo gastro esofágico; epilepsia; doenças respiratórias; doenças
cardíacas; outra doença.
2.5) Capacidade de comunicação – não comunica; fala com dificuldade,
comunica por gestos; comunicação normal.
2.6) Grau de dependência – autonomia ou não autonomia na maioria das
tarefas diárias.
2.7) Grau de mobilidade – sem dificuldade; com dificuldade; ou dependente
na mobilidade em cadeira de rodas.
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3) Para a avaliação dos hábitos de higiene oral foram efetuadas as seguintes
questões:
3.1) Frequência de escovagem do paciente com PC – nunca; nem todos os
dias; uma vez por dia; duas ou mais vezes por dia.
3.2) Ajuda para efetuar higiene oral – com ajuda; sem ajuda; não deixa.
3.3) Altura da escovagem dos dentes – nunca; antes do pequeno-almoço;
depois do pequeno-almoço; após as refeições; ao deitar antes da última refeição;
ao deitar depois da última refeição.
3.4) Local da escovagem dos dentes – casa; escola; instituição.
3.5) Uso do fio dentário – se usa ou não fio dentário.
3.6) Uso de pasta com flúor – se usa ou não pasta com flúor; não escova; não
sabe.
4) Para avaliação dos hábitos alimentares indagou-se sobre:
4.1) Frequência de ingestão de alimentos e bebidas açucaradas – nunca; às
vezes; diariamente à refeição; diariamente entre refeições; diariamente antes de
deitar.
4.2) Frequência de consumo de medicação – consome todos os dias; consome,
mas poucas vezes por mês; não consome.
4.4 Padrão de alimentação – normal, se mastiga bem alimentos sólidos como
pão, fruta, carne); líquida/mole, se come papas, comida triturada ou sopas;
através de sonda/tubo nasogástrico.
5) Os motivos, frequência e barreiras na visita ao médico dentista foram
avaliados através da colocação das seguintes questões:
5.1) Presença de dor de dentes no último ano – no caso de resposta positiva e se
o paciente não se tivesse dirigido ao médico dentista, pedia-se que fosse
identificada a principal razão para tal.
5.2 Regularidade de visitas ao médico dentista/higienista oral – nunca foi;
regularmente, mesmo sem queixas; só quando tem queixas.
5.3 Principal razão da última visita ao dentista.
5.4 Barreiras sentidas no acesso às consultas de medicina dentária.
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3.4. Questões éticas
O questionário foi distribuído pelas instituições após ter sido dada autorização.
O seu preenchimento foi realizado de forma voluntária e com explicação dos objectivos
e procedimentos do estudo numa carta anexa ao questionário.
3.5. Análise dos dados
Os dados foram introduzidos e analisados com recurso ao Google Docs,
aplicativo do Google Inc., com funcionamento on-line. A base de dados foi formada
automaticamente a partir das respostas dadas on-line. As restantes respostas, em
formato de papel, foram posteriormente introduzidas na mesma base de dados pela
autora do estudo.
Com os dados obtidos, foi efetuada uma análise descritiva recorrendo-se à
própria ferramenta do Google Docs e também usando o Microsoft Office Excel 2007.
Calcularam-se as frequências relativas e absolutas de todas as variáveis.
Nas questões com hipóteses múltiplas de resposta, como nas variáveis doenças
associadas, altura da escovagem dos dentes, local de escovagem dos dentes e barreiras
sentidas no acesso às consultas de medicina dentária, o valor do número de indivíduos
pode ser superior ao da amostra (n> 35).
Pelo contrário, nas questões nas quais se verificou ausência de resposta, o
questionário foi na mesma incluído no estudo, mas leva a que possam existir variáveis
nas quais o “n” é menor que 35.
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IV – Resultados
1. Caracterização geral da amostra
No total foram recebidos 35 inquéritos, 51% foram preenchidos em papel e 49%
através do browser Google Docs. Os questionários foram, na sua maioria, preenchidos
por um monitor ou outro funcionário do centro (54%), sendo também respondidos pelo
pai ou mãe do paciente com PC (43%) (Figura 1).
Figura 1 – Distribuição da amostra pelo responsável do preenchimento dos questionários.
A amostra incluiu pacientes com PC com idades que variaram entre os 6 até aos
44 anos, com uma idade média de 21,7 (±10,7) anos (Figura 2) e foi constituída
maioritariamente por indivíduos do sexo masculino (74%).
Figura 2 – Distribuição dos pacientes com paralisia cerebral por idade.
43%
n= 15
3%
n= 1
54%
n= 19
Pai/Mãe
Outro Familiar
Monitor/Funcionário do
centro
34%
n= 12
43%
n= 15
23%
n= 8
0%
5%
10%
15%
20%
25%
30%
35%
40%
45%
50%
[0-15[ anos [15-30[ anos [30-45[ anos
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A maioria dos inquiridos revelou que o paciente com PC apresentava atraso
mental (83%). Destes, 55% afirmou que o atraso cognitivo era grave e 38% moderado
(Figura 3).
Figura 3 – Distribuição da amostra segundo o nível de atraso mental.
A epilepsia (41%) e as doenças respiratórias (38%) foram as patologias mais
referidas como associadas ao paciente com PC (Figura 4). A disfagia e hidrocefalia
foram as “outras doenças” subjacentes apontadas.
Figura 4 – Distribuição da amostra por doenças associadas ao paciente com paralisia cerebral.
55%
n= 16
38%
n= 11
3,5%
n= 1
3,5%
n= 1
Grave
Moderado
Ligeiro
Não sei
12%
n= 4
41%
n=14 38%
n=13
3%
n= 1
6%
n= 2 0%
5%
10%
15%
20%
25%
30%
35%
40%
45%
Refluxo gastro-
esofágico
Epilepsia Doenças
respiratórias
Doenças
cardíacas
Outras doenças
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Apenas 17% dos pacientes tinha capacidades de comunicação normais. A
restante amostra demonstrou algum tipo de dificuldade comunicativa, com 40% dos
indivíduos a não comunicar (Figura 5).
Figura 5 – Distribuição da amostra segundo capacidade de comunicação.
A maior parte dos pacientes não tinha autonomia nas tarefas de rotina diárias
(86%) (Figura 6).
Figura 6 – Distribuição da amostra segundo a autonomia nas tarefas diárias.
Um outro aspeto é que também a maioria destes pacientes depende de cadeira de
rodas para se mover (71%). Apenas 1 inquirido revelou que o seu filho/educando não
apresentava dificuldades de movimentação (3%) (Figura 7).
40%
n= 14
26%
n= 9
17%
n= 6
17%
n=6 Não comunica
Fala com
dificuldade
Comunicação por
gestos
Normal
14%
n= 5
86%
n= 30
Autónomo na
maioria das tarefas
Não autónomo
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Figura 7 – Distribuição da amostra segundo a capacidade
de mobilidade do paciente com paralisia cerebral.
2. Higiene Oral
Mais de metade dos pais/educadores referiram que, os pacientes escovavam os
dentes duas ou mais vezes por dia (63%). Nenhum dos inquiridos referiu que o seu
filho/educando nunca escovava os dentes (Figura 8).
Figura 8 – Distribuição da frequência de escovagem do paciente com paralisia cerebral.
A altura do dia, da escovagem dos dentes, mais frequente referida foi “Ao deitar,
depois da última refeição” (36%), seguindo-se o momento “depois do pequeno-almoço”
(21,5%) e “após as refeições”(21,5%) (Figura 9).
3%
n= 1
26%
n= 9
71%
n= 25
Sem dificuldade
Com dificuldade
Cadeira de rodas
0%
n= 0
20%
n= 7
17%
n= 6 63%
n= 22
Nunca
Nem todos os dias
Uma vez por dia
Duas ou mais vezes
por dia
Caracterização dos comportamentos relacionados com a saúde oral numa população com Paralisia Cerebral
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Figura 9 – Altura do dia em que é realizada a escovagem dos dentes.
Grande parte destes doentes precisavam de ajuda para executar a sua higiene
oral (88%), sendo esta efetuada, maioritariamente, em casa (69%). A escola foi o local
menos apontando pelos pais/educadores para a realização da escovagem (Figura 10).
Figura 10 – Local de realização da escovagem dos dentes.
A maior parte dos pacientes usava pastas dentífricas com flúor para escovar os
dentes (80%), mas não usava fio dentário (91%).
69%
n= 28
7%
n= 3
29%
n= 13
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
Casa Escola Instituição
0%
14%
n= 8
21,5%
n= 12
21,5%
n= 12
7%
n= 4
36%
n= 20
0%
5%
10%
15%
20%
25%
30%
35%
40%
Nunca Antes do
pequeno almoço
Depois do
pequeno almoço
Após refeições Ao deitar antes
da última
refeição (por exemplo: leite
ou papa)
Ao deitar depois
da última
refeição
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3. Dieta
Mais de metade dos pacientes com PC mastigava bem alimentos sólidos (57%),
enquanto 37% comia papas, comida triturada ou sopas (Figura 11).
Figura 11 – Distribuição da amostra segundo o padrão de alimentação.
A maioria dos participantes no estudo afirmou que o paciente com PC não
tomava frequentemente medicação (76%) (Figura 12).
Figura 12 – Distribuição da amostra segundo a frequência de medicação.
Em 77% dos casos, o paciente comia doces, bolachas, iogurtes ou outros
alimentos açucarados “às vezes”. No caso das bebidas e refrigerantes ou outras bebidas
açucaradas (por exemplo leite com chocolate, papa ou leite com açúcar), 66% dos
indivíduos bebiam também “às vezes” estes alimentos. Ninguém referiu comer ou beber
produtos açucarados “diariamente antes de ir deitar” (Figura 13).
57%
n= 20
37%
n= 13
6%
n= 2
Normal
Líquida/mole
Sonda/tubo
nasogástrico
12%
n= 4
12%
n= 4
76%
n= 26
Sim, todos os dias
Sim, mas poucas
vezes por mês Não
Caracterização dos comportamentos relacionados com a saúde oral numa população com Paralisia Cerebral
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Figura 13 – Distribuição relativamente à frequência de ingestão de comida e bebidas açucaradas.
4. Visitas ao médico dentista/higienista oral
Mais de metade dos pacientes foram regularmente ao dentista, mesmo sem
queixas (63%) (Figura 14).
Figura 14 – Distribuição da amostra por frequência de visitas ao médico dentista/higienista oral.
A principal razão para a última visita ao dentista foi a presença de dor (35%),
seguida de outra razão (31%) e pela presença óbvia de lesões de cárie (22%). A “outra
razão” indicada pelos pais/educadores foram consultas de “rotina”, “revisão” e “limpeza
oral”. (Figura 15).
3%
n= 1
77%
n= 27
11%
n= 4
9%
n= 3
0%
n= 0
9%
n= 3
66%
n= 23
14%
n= 5 11%
n= 4
0%
n=0 0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
Nunca Às vezes Diariamente à
refeição
Diariamente entre
refeições
Diariamente antes
de ir deitar
Comida açucarada Bebida açucarada
14%
n= 5
63%
n= 22
23%
n= 8 Nunca foi
Regularmente, mesmo
sem queixas
Só quando tem
queixas
Caracterização dos comportamentos relacionados com a saúde oral numa população com Paralisia Cerebral
20 Rute Sofia Henriques Pombo Sequeira Rosendo
FMDUL
Figura 15 – Distribuição das respostas sobre a principal razão da última ida ao dentista.
Apenas 17% dos pais ou educadores afirmaram que o paciente com PC tinha
tido dor de dentes no último ano. Destes, quase nenhum foi ao dentista (83%),
apresentando como principal razão a dificuldade em encontrar um dentista vocacionado
para ver estes pacientes (40%). A dificuldade em encontrar transporte e o medo ou
ansiedade relacionados com a visita ao profissional de saúde oral não foram apontados
por nenhum dos pais/educadores (Figura 16).
Figura 16 – Razão de não ter ido ao dentista, apesar do paciente ter tido dor de dentes.
35%
n= 8
0%
n= 0
22%
n= 5
4%
n= 1
4%
n= 1
0%
n= 0
4%
n= 1
31%
n= 7
0%
5%
10%
15%
20%
25%
30%
35%
40%
20% n= 1
20% n= 1
40% n=2
0% 0%
20% n= 1
0% 0% 5%
10% 15% 20% 25% 30% 35% 40% 45%
Caracterização dos comportamentos relacionados com a saúde oral numa população com Paralisia Cerebral
21 Rute Sofia Henriques Pombo Sequeira Rosendo
FMDUL
A dificuldade em encontrar um profissional de saúde oral experiente em
tratamentos de pacientes com necessidades especiais foi a barreira mais frequentemente
indicada para o acesso às consultas de medicina dentária/higiene oral (38%). A esta
principal barreira, seguiram-se, e por ordem decrescente, as clínicas sem espaços
adequados (21%), os motivos económicos (18%) e o comportamento do paciente difícil
na consulta (14%) (Figura 17).
Figura 17 – Distribuição da amostra segundo as barreiras apontadas no acesso aos cuidados de saúde oral
A maior parte da amostra do estudo indicou entre uma a três barreiras no acesso
a cuidados de saúde oral (Tabela 1).
Tabela 1 – Número de barreiras, relativas ao acesso de cuidados de saúde oral, indicadas.
3% n= 2
14% n= 9
38% n= 25
18% n= 12 1%
n= 1 5%
n= 3
21% n= 14
0% n= 0
0%
5%
10%
15%
20%
25%
30%
35%
40%
Número de barreiras indicadas Frequência
(N)
Percentagem
(%)
Não indicou barreiras 3 9%
Uma barreira 13 37%
Duas barreiras 8 23%
Três barreiras 7 20%
Quatro barreiras 4 11%
Caracterização dos comportamentos relacionados com a saúde oral numa população com Paralisia Cerebral
22 Rute Sofia Henriques Pombo Sequeira Rosendo
FMDUL
Caracterização dos comportamentos relacionados com a saúde oral numa população com Paralisia Cerebral
23 Rute Sofia Henriques Pombo Sequeira Rosendo
FMDUL
V – DISCUSSÃO
1. Caracterização geral da amostra
Devido à pequena dimensão da amostra e ao facto de ser uma amostra de
conveniência, os dados deste estudo não devem ser generalizados, nem tomados como
representativos da população com PC. A dificuldade de diagnóstico de PC, pelo facto de
ser uma doença heterogénea, com manifestações clínicas diversas e com outras
patologias subjacentes, pode ter dificultado a obtenção de uma amostra maior, apesar de
se terem enviado repetidamente os questionários a várias instituições.
Poderia ter sido interessante caracterizar a população de prestadores de cuidados
destes pacientes, uma vez que foram estes a responder ao questionário e as suas
características podem influenciar a própria saúde oral dos pacientes com PC. Variáveis
como o nível de educação, financeiro, higiene oral, visitas ao médico dentista dos
prestadores de cuidados, podem constituir fatores de risco para os hábitos de higiene
oral e de dieta e frequência de visita ao dentista dos próprios pacientes com PC (Subasi
e col., 2007). Por exemplo, os prestadores de cuidados menos instruídos dispõem de
menos informação sobre saúde, sendo incapazes de evitar comportamentos prejudiciais
à saúde. Além disso, famílias com menos recursos económicos adiam mais os
tratamentos dentários, recorrendo aos serviços de saúde só em situação de emergência e
não em busca de cuidados preventivos (Rodrigues dos Santos e col., 2003; Camargo e
col., 2011).
Através da caracterização geral dos pacientes com PC foi possível verificar o seu
grau de morbilidade e dependência, características que podem também influenciar a
higiene oral e a dieta do próprio paciente. Estas características também podem
relacionar-se com a determinação das barreiras no acesso aos tratamentos dentários. A
maioria dos pais/educadores deste estudo confirmou que o paciente com PC tinha outras
patologias médicas subjacentes e não tinham autonomia para executar as suas tarefas
diárias. Os resultados deste estudo mostraram que esta população deslocava-se,
maioritariamente, em cadeira de rodas (71%), que só 17% não tem dificuldades em
comunicar e que 83% tem algum nível de atraso mental. Estas limitações cognitivas e
físicas afetam a execução de tarefas diárias, como a escovagem dos dentes, e associadas
Caracterização dos comportamentos relacionados com a saúde oral numa população com Paralisia Cerebral
24 Rute Sofia Henriques Pombo Sequeira Rosendo
FMDUL
a distúrbios da musculatura oral, que condicionam a limpeza natural dos dentes, vão
comprometer a saúde oral destes pacientes (Shaw e col., 1989). Os prestadores de
cuidados surgem assim como um elemento chave para a realização destas tarefas e, para
isso, devem ser instruídos e motivados, uma vez que a higiene oral dos pacientes com
PC depende dos seus conhecimentos, atitudes e ações (Cumella e col., 2000). Por
exemplo, a supervisão da escovagem em crianças com PC, o ensino de técnicas de
higiene oral às suas mães e visitas com intervalos de 6 meses ao dentista contribuíram
para menores valores do índice de CPOd comparativamente à população em geral
(Carvalho e col., 2011).
2. Higiene oral do paciente com paralisia cerebral
A maioria dos pacientes deste estudo escova duas ou mais vezes por dia (63%),
sobretudo antes de ir deitar e depois das refeições. Apesar de ser o comportamento mais
indicado, é necessário confirmar se essa escovagem é feita eficazmente, com um bom
controlo mecânico da placa bacteriana. A escovagem dos dentes é efetuada mais
frequentemente em casa (69%) e, por essa razão, pode justificar que haja uma maior
percentagem de indivíduos a efetuá-la antes do paciente se ir deitar e antes ou depois do
pequeno-almoço. Dos 35 pacientes deste estudo, só 29% dos pacientes com PC
escovam os dentes nas instituições, que pode ser considerado um número baixo, pois
estas poderiam ter um papel importante nos cuidados de saúde oral, especialmente por
acolherem pacientes de risco, como é o caso dos pacientes com PC. Efetivamente,
alguns estudos admitem que a prevenção primária passa pela família e pelas instituições
e que os pacientes podem efetuar a sua própria higiene oral desde que encorajados,
motivados e supervisionados pelos pais ou monitores (Shaw e col., 1986; Santoro e col.,
1991; Cumella e col., 2000; Liu e col., 2010).
No presente estudo, 88% dos participantes afirmou que o paciente com PC
necessitava de ajuda para execução da sua higiene oral. A ajuda dos pais/monitores nas
tarefas diárias podem ser benéficas para a manutenção de uma boa saúde oral. Um
estudo de Huang e colaboradores (2010), verificou que as crianças com PC grave e
profunda tinham menor necessidade de tratamentos dentários e estes eram também mais
simples do que os com PC moderada, provavelmente devido à ajuda dos pais nestas
tarefas.
Caracterização dos comportamentos relacionados com a saúde oral numa população com Paralisia Cerebral
25 Rute Sofia Henriques Pombo Sequeira Rosendo
FMDUL
O dentífrico fluoretado foi referido como sendo usado por 80% dos pacientes.
Este resultado é expectável, uma vez que a maior parte das pastas dentífricas existentes
no mercado têm na sua composição flúor. Seria também interessante conhecer a
exposição aos suplementos de flúor nesta população, visto que são considerados
indivíduos de maior risco para o desenvolvimento de cárie.
3. Hábitos dietéticos do paciente com paralisia cerebral
Uma alimentação cariogénica, constituída por hidratos de carbono fermentáveis
e açúcares, é um fator de risco para a cárie dentária, não só pela qualidade dos
alimentos, mas também pela frequência e momento de exposição (Sheiham, 2001;
Moynihan, 2002). Os resultados demonstraram que a maior parte dos indivíduos com
PC comia doces, bolachas, iogurtes ou outros alimentos açucarados (77%) e bebia
refrigerantes ou outras bebidas açucaradas “às vezes” (66%). Nenhum dos inquiridos
referiu que o paciente com PC consumia produtos açucarados diariamente antes de ir
dormir. Por outro lado, 37% dos pacientes com PC tinham uma alimentação à base de
papas, sopas e comida triturada e 6% necessitavam de um tubo/sonda para se
alimentarem, correspondendo ambos os tipos de alimentação a 43% da amostra. A
deficiente performance da língua, lábios e bochechas compromete a mastigação e
deglutição destes pacientes, ficando dependentes e necessitando de supervisão durante a
alimentação. Além de ficar presente comida residual na cavidade oral, as dificuldades
na mastigação podem levar a que alguns destes doentes se alimentem à base de
alimentos líquidos ou pastosos (Rodrigues dos Santos e col., 2003). A dieta líquida
apresenta alguns problemas, designadamente um alto potencial cariogénico, devido à
adição de suplementos nutricionais à base de açúcares (Camargo e col., 2011). Um
outro aspeto importante é que, como é digerida mais rapidamente, tem necessidade de
ser fornecida mais vezes (Santos e col., 2009). Ainda, os pacientes que se alimentam
através de sonda ou tubo podem mais frequentemente ter necessidade de efetuar
destartarizações, devido aos níveis mais elevados de cálculo (Lawton, 2002).
A medicação, para reduzir a espasticidade e controlar outras patologias
subjacentes, pode fazer parte do dia-a-dia de um doente com PC. A medicação pode
interferir com a manutenção de uma boa saúde oral, uma vez que pode ser apresentada à
base de xaropes ou pós à base de açúcar, pode alterar a flora oral ou provocar
xerostomia ou aumento do volume gengival (Meyer e col., 2010). No entanto, neste
Caracterização dos comportamentos relacionados com a saúde oral numa população com Paralisia Cerebral
26 Rute Sofia Henriques Pombo Sequeira Rosendo
FMDUL
estudo 76% dos inquiridos afirmaram que o seu filho ou educando não tomava
frequentemente medicação. É de salientar que a epilepsia foi, entre as patologias
subjacentes à PC, a mais apontada (41%). Quando necessário, esta patologia é muitas
vezes tratada com recurso a anti-convulsionantes, como por exemplo, a fenitoína,
descrita como a responsável pelo aumento de volume gengival (Jones e col., 1988; Dias
e col., 2010; Meyer e col., 2010).
4. Visitas ao médico dentista/higienista oral
As visitas ao médico dentista foram descritas como sendo realizadas com
regularidade. Todavia, 23% dos inquiridos só vai ao dentista quando tem queixas e 14%
nunca realizou qualquer consulta. Os pais podem atrasar a visita ao dentista devido à
incapacidade destes doentes em expressarem dor (Hennequin e col., 2000). No estudo
de Lo e colaboradores (1991), 68% das crianças com necessidades especiais não tinham
ido ao dentista no último ano pois, segundo os pais, “não se passava nada de errado”.
Ainda, no estudo de Hennequin e colaboradores (2000), comparou-se a necessidade de
tratamento e a dor/desconforto do doente estimada pelos pais/prestadores de cuidados e
em 99% dos casos foi subestimada a necessidade de tratamentos dentários. Mais uma
vez a educação dos pais, monitores/educadores e outros prestadores de cuidados de
saúde sobre saúde oral e a sua motivação para a realização de uma consulta de medicina
dentária de modo a ser realizado um diagnóstico precoce das lesões de cárie e outras
patologias da cavidade oral é importante, em especial para evitar que surja dor. Neste
estudo, 17% dos pacientes com PC apresentaram dor de dentes no último ano, mas,
apesar disso, 83% não foram ao médico dentista, sendo as principais razões apontadas: a
dificuldade em encontrar um dentista vocacionado para ver estes pacientes, ter sido
medicado pelo médico assistente, por ser caro e porque a dor tinha passado.
Os principais motivos de consulta no estudo de Hennequin e colaboradores
(2000) foram dor (67%), inchaço (26%) e presença óbvia de lesões de cárie (7%). No
presente estudo, os resultados também são semelhantes sendo a principal razão da visita
ao dentista a dor (35%), no entanto seguida das consultas de rotina (31%) e depois a
presença óbvia de lesões de cárie (22%). Apesar de vários artigos referirem a elevada
prevalência de bruxismo e hipersalivação neste tipo de populações (Rodrigues dos
Santos e col., 2003; Ortega e col., 2007; Dougherty, 2009), neste estudo estes problemas
não constituíram razões importantes para visitar o médico dentista.
Caracterização dos comportamentos relacionados com a saúde oral numa população com Paralisia Cerebral
27 Rute Sofia Henriques Pombo Sequeira Rosendo
FMDUL
5. Barreiras no acesso aos cuidados de saúde oral
Apesar da maioria dos inquiridos apresentar entre uma a três barreiras no acesso
às consultas de medicina dentária, estas parecem não ser muito impeditivas para a visita
ao dentista, pois a maior parte dos indivíduos ia regularmente ao médico dentista (63%).
No estudo de Gordon e colaboradores (1998), as barreiras mais citadas para os
pacientes com necessidades especiais não procurarem tratamentos dentários foram o
custo económico (40,9%), medo/ansiedade (17,2%) e considerarem que não havia
necessidade (12,5%). Os autores do estudo admitem que estas mesmas barreiras são
partilhadas com a população em geral, no entanto, podem ser de maior magnitude nos
pacientes com necessidades especiais.
O presente estudo apresenta a dificuldade em encontrar um profissional de saúde
oral experiente em tratamentos de pacientes com necessidades especiais como a
principal barreira para o acesso às consultas de medicina dentária (38%). De facto, a
grande maioria dos médicos dentistas generalistas pode não ter formação, nem
experiência adequada para prestar cuidados de saúde oral a estes pacientes (Russel e
Kinirons, 1993; Casamassimo e col., 2004; Davis, 2009).
A falta de autonomia e o facto de se deslocarem em cadeira de rodas podem
justificar a barreira “clínica sem espaços adequados” como a segunda barreira mais
indicada (21%). De modo semelhante, a situação atual de crise económica e/ou os
elevados custos médicos necessários para os cuidados destes pacientes podem justificar
a barreira “motivos económicos” como a terceira principal barreira (18%).
A barreira “comportamento difícil do paciente na consulta “ (14%), podendo ser
traduzida por dificuldades comunicativas e movimentos incontroláveis e
descoordenados, pode constituir, sob o ponto de vista dos prestadores de cuidados,
barreiras a um tratamento dentário bem sucedido. Esta barreira pode levar a que a
população com PC apresente um maior número de dentes não tratados, tal como
apontam alguns estudos (Nielsen, 1990; Pope e Cruzon, 1991; Anders e Davis, 2010;
Huang e col., 2010).
Ainda no estudo de Gordon e col., 1998, mesmo que menos significativo, o facto
de considerarem que o paciente não tinha necessidade de ir ao dentista (12,5%) e a
presença de outros problemas médicos subjacentes (3,4%) parecem revelar que a saúde
oral não é prioritária. Porém, no presente estudo apenas 3% dos inquiridos apontou que
a saúde oral não era prioritária.
Caracterização dos comportamentos relacionados com a saúde oral numa população com Paralisia Cerebral
28 Rute Sofia Henriques Pombo Sequeira Rosendo
FMDUL
Caracterização dos comportamentos relacionados com a saúde oral numa população com Paralisia Cerebral
29 Rute Sofia Henriques Pombo Sequeira Rosendo
FMDUL
VI – CONCLUSÕES E CONSIDERAÇÕES FINAIS
A partir dos resultados obtidos neste estudo podem retirar-se as seguintes
conclusões:
1. A maioria dos indivíduos apresentava uma dependência dos pais ou de
outros prestadores de cuidados para as tarefas de rotina, incluindo para os cuidados com
a higiene oral. Assim, os prestadores de cuidados são um elo essencial para a prevenção
e manutenção dos cuidados de saúde oral nos pacientes com PC.
2. A realização da higiene oral nas instituições é pouco significativa
comparativamente ao peso que estas têm na vida dos pacientes com necessidades
especiais, incluindo os de PC. Deste modo, deveriam ser implementadas campanhas de
prevenção nas instituições, de modo a promover a saúde oral, envolvendo não só os
monitores, mas também os pais. Estas campanhas devem incluir instrução, motivação e
demonstração para que seja efetuado um bom controlo de placa nos pacientes com PC,
sobre exposição adequada ao flúor, limpeza interproximal e dieta apropriada.
3. Apesar da maior parte dos participantes neste estudo ter afirmado que o
paciente com PC só consumia alimentos e bebidas açucaradas “às vezes”, quase metade
tinha uma alimentação liquida, potencialmente cariogénica.
4. De forma correta, a maioria destes pacientes visitava regularmente o
médico dentista/higienista oral. Uma vez que são considerados um grupo de risco, as
vistas, com os intervalos a serem determinados consoante as necessidades individuais,
podem evitar tratamentos mais invasivos e morosos, dificultados pelas particularidades
comportamentais inerentes.
5. A dor, as consultas de rotina e a presença de lesões de cárie foram as
principais impulsionadoras para a última visita ao médico dentista.
6. Os aspetos sociais, económicos e físicos são referidos como barreiras
para aceder a consultas de medicina dentária. A dificuldade em encontrar um
profissional adequado para prestar serviços a pacientes com necessidades especiais foi a
barreira mais frequentemente mencionada. Por essa razão, poderiam ser implementados
no currículo dos alunos de medicina dentária programas educativos sobre pacientes com
necessidades especiais ou programas de pós-graduação com vista à especialização nesta
área.
Caracterização dos comportamentos relacionados com a saúde oral numa população com Paralisia Cerebral
30 Rute Sofia Henriques Pombo Sequeira Rosendo
FMDUL
Caracterização dos comportamentos relacionados com a saúde oral numa população com Paralisia Cerebral
31 Rute Sofia Henriques Pombo Sequeira Rosendo
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36 Rute Sofia Henriques Pombo Sequeira Rosendo
FMDUL
Caracterização dos comportamentos relacionados com a saúde oral numa população com Paralisia Cerebral
37 Rute Sofia Henriques Pombo Sequeira Rosendo
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VIII – Anexos
Anexo 1 – Índice de figuras e tabelas
Anexo 2 – Questionário
Anexo 3 – Carta aos pais
Caracterização dos comportamentos relacionados com a saúde oral numa população com Paralisia Cerebral
38 Rute Sofia Henriques Pombo Sequeira Rosendo
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Caracterização dos comportamentos relacionados com a saúde oral numa população com Paralisia Cerebral
39 Rute Sofia Henriques Pombo Sequeira Rosendo
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Anexo 1 – Índice de figuras e tabelas
Figura 1 - Distribuição da amostra pelo responsável do preenchimento dos questionários
13
Figura 2 - Distribuição dos pacientes com paralisia cerebral por idade
13
Figura 3 - Distribuição da amostra segundo o nível de atraso mental
14
Figura 4 - Distribuição da amostra por doenças associadas ao paciente com paralisia
cerebral
14
Figura 5 - Distribuição da amostra segundo capacidade de comunicação
15
Figura 6 - Distribuição da amostra segundo a autonomia nas tarefas diárias
15
Figura 7 - Distribuição da amostra segundo a capacidade de mobilidade do paciente com
paralisia cerebral
16
Figura 8 - Distribuição da frequência de escovagem do paciente com paralisia cerebral
16
Figura 9 - Altura do dia em que é realizada a escovagem dos dentes
17
Figura 10 - Local de realização da escovagem dos dentes
17
Figura 11 - Distribuição da amostra segundo o padrão de alimentação
18
Figura 12 - Distribuição da amostra segundo a frequência de medicação
18
Figura 13 - Distribuição relativamente à frequência de ingestão de comida e bebidas
açucaradas
19
Figura 14 - Distribuição da amostra por frequência de visitas ao médico dentista/higienista
oral
19
Figura 15 - Distribuição das respostas sobre a principal razão da última ida ao dentista
20
Figura 16 - Razão de não ter ido ao dentista, apesar do paciente ter tido dor de dentes
20
Figura 17 - Distribuição da amostra segundo as barreiras apontadas no acesso aos cuidados
de saúde oral
21
Tabela 1 - Número de barreiras, relativas ao acesso de cuidados de saúde oral, indicadas
21
Caracterização dos comportamentos relacionados com a saúde oral numa população com Paralisia Cerebral
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Anexo 2 - Questionário
Mestrado Integrado em Medicina Dentária
CARACTERIZAÇÃO DOS COMPORTAMENTOS RELACIONADOS COM A SAÚDE ORAL NUMA
POPULAÇÃO COM PARALISIA CEREBRAL
Questionário a prestadores de cuidados do paciente com Paralisia Cerebral
POR FAVOR, PRENCHA O QUESTIONÁRIO ESCREVENDO A RESPOSTA OU ASSINALANDO COM UMA CRUZ A RESPOSTA QUE MELHOR SE ADEQUA À REALIDADE DO PACIENTE.
Só deve assinalar uma hipótese de resposta, excepto quando indicado.
Quem preenche o questionário?
Pai/Mãe
Outro familiar
Monitor/Funcionário do centro
A. Caracterização geral do paciente
1. Idade do paciente com Paralisia Cerebral ___________ anos
2. Sexo:
Feminino
Masculino
3. Atraso mental: Sim Não
3.1 Se SIM, Qual o nível? Grave Moderado Ligeiro Não sei
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4. Qual ou quais as doenças associadas à paralisia cerebral? (PODE ASSINALAR MAIS
DO QUE UMA HIPÓTESE):
Refluxo gastro-esofágico
Epilepsia
Doenças respiratórias
Doenças cardíacas
Outra doença – Qual? _____________________
5. Capacidade de comunicação:
Não comunica
Fala com dificuldade
Comunica por gestos
Normal
6. Grau de dependência:
Autónomo na maioria das tarefas
Não-autónomo
7. Grau de mobilidade:
Sem dificuldade
Com dificuldade
Cadeira de rodas
B. Higiene oral
1. Qual a frequência de escovagem dos dentes do paciente com Paralisia Cerebral?
Nunca
Nem todos os dias
Uma vez por dia
Duas ou mais vezes por dia
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2. O paciente faz a sua higiene oral:
Com ajuda
Sem ajuda
Não deixa
3. Em que altura do dia o paciente escova os dentes? (PODE ASSINALAR MAIS DO
QUE UMA HIPÓTESE)
Nunca
Antes do pequeno-almoço
Depois do pequeno-almoço
Após as refeições
Ao deitar antes da última refeição (por exemplo: leite ou papa)
Ao deitar depois da última refeição
4. A escovagem dos dentes é realizada: (PODE ASSINALAR MAIS DO QUE UMA
HIPÓTESE)
Em casa Na escola Na instituição
5. Usa fio dentário: sim não
6. Usa pasta com flúor: sim não não escova não sei
C. Alimentação
1. Marque com uma cruz apenas uma das opções para cada questão:
Nunca
Às vezes
Diariamente à refeição
Diariamente entre as refeições
Diariamente antes de
deitar O paciente come doces, bolachas, iogurtes ou outros alimentos açucarados?
O paciente bebe refrigerantes ou outras bebidas açucaradas (por exemplo leite com chocolate ou papa, leite com açúcar)?
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2. O paciente toma frequentemente medicamentos em forma de xarope? (mais do
que uma vez por mês)
Sim, todos os dias
Sim, mas poucas vezes por mês
Não
3. O padrão de alimentação do paciente é:
Normal (mastiga bem alimentos sólidos como pão, fruta, carne)
Líquida/mole (come papas, comida triturada, sopas)
Através de sonda/tubo naso-gástrico
D. Visitas ao médico dentista/higienista oral
1. Durante o último ano o paciente teve dores de dentes? Sim Não
1.1 Se respondeu sim e o paciente não foi ao dentista indique qual a principal razão:
Foi medicado pelo médico assistente
Ir ao dentista é muito caro
É difícil encontrar um dentista vocacionado para ver estes pacientes
É difícil encontrar transporte para nos deslocarmos
Por medo ou ansiedade de ir ao dentista
A dor passou
Outra razão. Qual? _______________________________________________
2. Com que regularidade o paciente vai ao dentista/higienista oral?
Nunca foi
Regularmente, mesmo sem queixas
Só quando tem queixas
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3. Qual a principal razão da última visita ao dentista?
Dor
Inchaço/abcesso
Presença óbvia de lesões de cárie
Hemorragia gengival
Mau hálito
Hipersalivação
Range os dentes (bruxismo)
Outra razão. Qual? __________________________________________
4. Qual ou quais as barreiras sentidas no acesso a uma consulta de medicina
dentária ou de higiene oral? (PODE INDICAR MAIS DO QUE UMA HIPÓTESE)
A saúde oral não é prioritária
O comportamento do paciente é muito difícil na consulta
Dificuldade em encontrar um profissional de saúde oral experiente em
tratamentos de pacientes com necessidades especiais
Motivos económicos (as consultas são muito caras)
Falta de tempo
Dificuldades no transporte
Clínicas sem espaços adequados para estes pacientes (por exemplo: entrada do
paciente no consultório, ausência de elevadores, presença de escadas)
Outra. Qual? ___________________________________________________
Obrigado pela sua colaboração!
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Anexo 3 – Carta aos Pais/Monitor
A Saúde Oral numa população com Paralisia Cerebral
Faculdade de Medicina Dentária da Universidade de Lisboa (FMDUL)
Lisboa, Março de 2012
CARO PAI OU MONITOR DO PACIENTE COM PARALISIA CEREBRAL
Os problemas neuromusculares inerentes aos doentes com Paralisia Cerebral podem afetar de forma significativa a sua saúde oral. Por exemplo, na dificuldade em manter uma boa higiene oral e na existência de barreiras para o acesso aos tratamentos dentários.
A FMDUL está a fazer um estudo sobre saúde oral em pacientes com paralisia cerebral. Este estudo pretende recolher dados sobre os comportamentos relacionados com a sua saúde oral, designadamente sobre os hábitos de higiene oral e hábitos dietéticos e quais as principais barreiras encontradas no acesso a consultas de medicina dentária/higiene oral.
Gostaríamos de contar com a sua colaboração. Por favor, preencha o questionário em anexo, que demora cerca de 5 minutos a responder. A sua participação será voluntária e a confidencialidade dos dados será sempre mantida.
Caso aceite participar neste estudo, preencha o questionário associado ao seguinte link: https://docs.google.com/spreadsheet/viewform?formkey=dFBaNWxYLUxua2M5NGFfQm1qdzJRNEE6MQ
Muito obrigado pela sua participação.
Qualquer dúvida, sugestão ou crítica não hesite contactar o responsável pelo estudo:
Rute Rosendo Tel: 918794187 e-mail: [email protected] Morada: Rua Dr. Virgílio Arruda, 2, 1º Direito, 2000-217 Santarém
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