30
Rodrigo Coelho Fernandes CARCINOMA EPIDERMÓIDE EM CÃES São Paulo 2009

CARCINOMA EPIDERMÓIDE EM CÃES - arquivo.fmu.brarquivo.fmu.br/prodisc/medvet/rcf.pdf · Rodrigo Coelho Fernandes CARCINOMA EPIDERMÓIDE EM CÃES Trabalho apresentado para a conclusão

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: CARCINOMA EPIDERMÓIDE EM CÃES - arquivo.fmu.brarquivo.fmu.br/prodisc/medvet/rcf.pdf · Rodrigo Coelho Fernandes CARCINOMA EPIDERMÓIDE EM CÃES Trabalho apresentado para a conclusão

Rodrigo Coelho Fernandes

CARCINOMA EPIDERMÓIDE EM CÃES

São Paulo

2009

Page 2: CARCINOMA EPIDERMÓIDE EM CÃES - arquivo.fmu.brarquivo.fmu.br/prodisc/medvet/rcf.pdf · Rodrigo Coelho Fernandes CARCINOMA EPIDERMÓIDE EM CÃES Trabalho apresentado para a conclusão

Centro Universitário das Faculdades Metropolitanas

Unidas – UniFMU

Rodrigo Coelho Fernandes

CARCINOMA EPIDERMÓIDE EM CÃES

Trabalho de Conclusão de

apresentado ao curso de Medicina

Veterinária da UniFMU, sob

orientação do Prof. Rodolfo

Nurmberger Junior.

São Paulo

2009

Page 3: CARCINOMA EPIDERMÓIDE EM CÃES - arquivo.fmu.brarquivo.fmu.br/prodisc/medvet/rcf.pdf · Rodrigo Coelho Fernandes CARCINOMA EPIDERMÓIDE EM CÃES Trabalho apresentado para a conclusão

FERNANDES, RODRIGO COELHO.

Carcinoma Epidermóide em cães. / Rodrigo Coelho Fernandes

São Paulo: Centro Universitário das Faculdades Metropolitanas

Unidas – UniFMU, 2009.

Monografia apresentada para conclusão do curso de Medicina

Veterinária ...... páginas.

Orientador: Prof. Rodolfo Nurmberger Junior

Notas:

1- Carcinoma Epidermóide em cães

Page 4: CARCINOMA EPIDERMÓIDE EM CÃES - arquivo.fmu.brarquivo.fmu.br/prodisc/medvet/rcf.pdf · Rodrigo Coelho Fernandes CARCINOMA EPIDERMÓIDE EM CÃES Trabalho apresentado para a conclusão

Rodrigo Coelho Fernandes

CARCINOMA EPIDERMÓIDE EM CÃES

Trabalho apresentado para a

conclusão do curso de Medicina

Veterinária, da UniFMU, sob

orientação do Prof. Rodolfo

Nurmberger Junior. Defendido e

aprovado em ___ de Dezembro de

2009, pela banca examinadora,

constituída pelos Profs.:

______________________________

Prof. Dr. Rodolfo Nurmberger Junior

Orientador

______________________________

Prof. Dr. Alexandre Aparecido Mattos da Silva Rego

______________________________

Prof. Dr. Sergio Netto Vitaliano

Page 5: CARCINOMA EPIDERMÓIDE EM CÃES - arquivo.fmu.brarquivo.fmu.br/prodisc/medvet/rcf.pdf · Rodrigo Coelho Fernandes CARCINOMA EPIDERMÓIDE EM CÃES Trabalho apresentado para a conclusão

RESUMO

A patologia é o estudo das doenças. Aborda sua formação, mecanismos e causas, os

quais afetam o organismo. Este trabalho relata um caso clinico, onde o animal apresentou um

carcinoma epidermoide, cujas características histopatológicas mostraram um grau avançado

de destruição do tecido bucal, mais especificamente, da mucosa labial e gengival, cujas lesões

se estenderam aos alvéolos dentários. Histologicamente, em algumas regiões, apresentou

formação de queratina condensada no centro dos agrupamentos celulares. A agressividade

desse tumor frente ao organismo, não se resumiu às lesões orais, pois que metastatizou.

Abordamos as vias de disseminação, num aspecto geral, (via linfática e hematógena) e como

essas células neoplásicas conseguiram atravessar e colonizar outros tecidos e órgãos.

Palavras chave: Neoplasia, Metástase, Via disseminação de neoplasias, Carcinoma

epidermóide.

Page 6: CARCINOMA EPIDERMÓIDE EM CÃES - arquivo.fmu.brarquivo.fmu.br/prodisc/medvet/rcf.pdf · Rodrigo Coelho Fernandes CARCINOMA EPIDERMÓIDE EM CÃES Trabalho apresentado para a conclusão

ABSTRACT

Pathology is the study of diseases. Discusses formation, mechanisms and causes that

affect the body. This paper reports a clinical case in which the animal had a cell’s carcinoma,

which histopathologic caracteristic showed an advanced stage of destruction oral tissues,

more specifically of the labial and gingival mucosa, which lesions were extended to the dental

alveolus. Some zones showed condensed keratin formation in the center of the cell’s cluster.

The tumor’s aggressiveness wasn’t just oral lesions, as it metastasized. We discussed the

dissemination routes on a general appearance (the lymphatic and hematogenous), and how

these tumor cells got to and colonized other tissues and organs.

Keywords: Cancer, Metastasis, Cancer’s dissemination route, Cell’s carcinoma.

Page 7: CARCINOMA EPIDERMÓIDE EM CÃES - arquivo.fmu.brarquivo.fmu.br/prodisc/medvet/rcf.pdf · Rodrigo Coelho Fernandes CARCINOMA EPIDERMÓIDE EM CÃES Trabalho apresentado para a conclusão

Sumario

1 INTRODUÇÃO...............................................................................................8

2 REVISÃO DE LITERATURA..........................................................................9

2.1 NEOPLASIA................................................................................................9

2.2 METÁSTASE.............................................................................................11

2.3 DISSEMINAÇÃO.......................................................................................12

2.4 INVASÃO DA MATRIZ EXTRACELULAR.................................................15

3 CASO CLINICO............................................................................................20

4 CONCLUSÃO...............................................................................................27

5 REFERENCIA..............................................................................................28

Page 8: CARCINOMA EPIDERMÓIDE EM CÃES - arquivo.fmu.brarquivo.fmu.br/prodisc/medvet/rcf.pdf · Rodrigo Coelho Fernandes CARCINOMA EPIDERMÓIDE EM CÃES Trabalho apresentado para a conclusão

LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Imagem radiográfica, ventro x dorsal............................................................21

Figura 2. Imagem radiográfica, dec. dorsal..................................................................22

Figura 3. Carcinoma epidermóide, tecido bucal...........................................................22

Figura 4. Carcinoma epidermóide, tecido bucal...........................................................23

Figura 5. Metástase, cavidade abdominal.....................................................................23

Figura 6. Cavidade torácica preservada........................................................................24

Figura 7. Pulmão, metástase..........................................................................................25

Figura 8. Pulmão, metástase..........................................................................................25

Figura 9. Mucosa bucal.................................................................................................25

Page 9: CARCINOMA EPIDERMÓIDE EM CÃES - arquivo.fmu.brarquivo.fmu.br/prodisc/medvet/rcf.pdf · Rodrigo Coelho Fernandes CARCINOMA EPIDERMÓIDE EM CÃES Trabalho apresentado para a conclusão

1 INTRODUÇÃO

A importância e a incidência das neoplasias orais em cães e gatos devem ser

consideradas, pois atingem cerca de 5,3% de todas as neoplasias caninas, e 6,7% das dos

gatos1. Um estudo comparativo de tumores de cavidade bucal em animais da especie canina,

entre 130 cães submetidos a exame histopatológico e citologia esfoliativa, apresentou os

seguintes resultados: 77,92% de positivos para neoplasias malignas onde carcinoma

epidermóide atingiu 9,23%2.

Dentre esses tumores, consideraremos os malignos, que de modo geral, são altamente

invasivos e podem resultar em deformações e fraturas espontâneas do maxilar e ou

mandibula. Alguns cães podem inicialmente apresentar lesões no pescoço. Essas lesões

mostram linfonodos regionais com metástases 3.

Estima-se que o plano de tratamento irá depender do conhecimento da sensibilidade do

tumor frente às várias terapias físicas e químicas, da sua tendência em invadir e metastizar.

Considera-se ainda, o seu tamanho e localização e a disponibilidade do proprietário em aceitar

o tratamento4.

Neste relato de caso, o animal apresentava um tumor oral, carcinoma epidermóide,

uma neoplasia maligna comum a todos os animais domésticos, cuja origem é epidérmica,

mais especificamente do epitélio escamoso estratificado queratinizado5.

Page 10: CARCINOMA EPIDERMÓIDE EM CÃES - arquivo.fmu.brarquivo.fmu.br/prodisc/medvet/rcf.pdf · Rodrigo Coelho Fernandes CARCINOMA EPIDERMÓIDE EM CÃES Trabalho apresentado para a conclusão

2 REVISÃO DE LITERATURA

O carcinoma epidermóide é constituído por células que imitam a epiderme normal em

áreas bem diferenciadas. Nas menos diferenciadas, têm arquitetura desorganizada,

pleomórfica, atipias nucleares e mitoses típicas e atípicas (aberrantes) e algum grau de

corneificação. Na camada de Malpighi é possível observar desmossomos (junções que

mantêm as células unidas). Estas junções dão um aspecto estriado ou espinhoso ao contorno

celular, daí o termo camada espinhosa. No caso das formações epidermóides, é comum se

observar a formação de queratina condensada no centro de grupamentos celulares,

constituindo as pérolas córneas. Este é um indício de boa diferenciação do carcinoma. Em

áreas menos diferenciadas a corneificação é observada somente em células isoladas, ou

mesmo é ausente7. O carcinoma epidermóide, como o carcinoma basocelular, é um dos

tumores mais comuns da pele. Sua freqüência aumenta a partir da meia idade e predomina em

animais de pele clara e em áreas expostas ao sol, mas pode ocorrer em qualquer região

cutânea. Ao contrário do carcinoma basocelular, que quase nunca dá metástases, o carcinoma

epidermóide tende a metastatizar por via linfática para linfonodos próximos. Tumores mais

agressivos podem também dar metástases hematogênicas em órgãos distantes (fígado e

pulmão, por exemplo)7.

O objetivo deste trabalho é mostrar como surgem as neoplasias malignas e como elas

se disseminam pelo organismo.

2.1 NEOPLASIA

No organismo, há formas de crescimento celular controladas e não controladas. A

hiperplasia, a metaplasia são exemplos de crescimento controlado, enquanto que as neoplasias

correspondem as formas de crescimento não controladas e são denominadas, na prática,

tumores. A primeira dificuldade que se enfrenta no estudo das neoplasias é a sua definição,

pois ela se baseia na morfologia e na biologia do processo tumoral. Com a evolução do

conhecimento, modifica-se a definição. A mais aceita atualmente “é que a neoplasia seja uma

proliferação anormal do tecido, que foge parcial ou totalmente ao controle do organismo e

Page 11: CARCINOMA EPIDERMÓIDE EM CÃES - arquivo.fmu.brarquivo.fmu.br/prodisc/medvet/rcf.pdf · Rodrigo Coelho Fernandes CARCINOMA EPIDERMÓIDE EM CÃES Trabalho apresentado para a conclusão

tende à autonomia e à perpetuação, com efeitos agressivos sobre o hospedeiro”(Perez-

Tamayo,1987:Robbins, 1984).

As neoplasias benignas tendem a apresentar crescimento lento e expansivo

determinando a compressão dos tecidos vizinhos o que leva a formação de uma

pseudocápsula fibrosa. Já nos casos dos tumores malignos, o crescimento rápido,

desordenado, infiltrativo e destrutivo não permite a formação desta pseudocápsulas. Mesmo

que ela se encontre presente, não deve ser equivocadamente considerada como tal, e sim

como tecido maligno5.

As neoplasias malignas apresentam células com características desde bem diferenciada

até indiferenciada. Essas células indiferenciadas recebem o nome de células anaplásicas.

A anaplasia é marcada por inúmeras alterações pleomórficas do citoplasma e do

núcleo. A morfologia nuclear anormal apresenta DNA em abundância e coloração

hipercromática6. Esses núcleos estão aumentados em comparação ao tamanho da célula,

apresentam formato variado e cromatina visivelmente grosseira, distribuída ao longo da

membrana nuclear (poliplóide). Os tumores indiferenciados apresentam grande numero de

mitoses, às vezes fusos tripolares, quadripolares ou multipolares.

Outras alterações - núcleo único e enorme, células tumorais gigantes com núcleos

polimórficos, células com dois ou mais núcleos, além de células com nucléolos evidentes e

numerosos.

Com isso, os tumores malignos diferem muito em seu aspecto morfológico em relação

às células normais. Mas por outro lado, há tumores com uma grande semelhança com seus

tecidos de origem, como o carcinoma de células escamosas bem diferenciadas.

Em geral, os tumores malignos são mal demarcados a partir do tecido normal

adjacente e não apresentam um plano de clivagem bem definido6. 7.

Existem tumores de característica maligna, de crescimento lento, que desenvolvem

uma cápsula fibrosa. Tais massas aparentemente encapsuladas, quase sempre infiltram-se nas

estruturas adjacentes.

A maioria dos tumores malignos é obviamente invasiva pode-se esperar que penetrem,

ou que se infiltrem através da superfície da pele. Eles não identificam limites anatômicos

normais. Com isso apresentam uma capacidade de invasão de difícil ressecção cirúrgica.

Há algumas características identificadas nas últimas duas décadas sobre as alterações

dessas células malignas: centenas de genes associados com o câncer foram descobertos.

Alguns como o p53, estão comumente modificados, outros, tais como o c-ABL,estão

alterados apenas em algumas leucemias. (Robbins 2003, 2007).

Page 12: CARCINOMA EPIDERMÓIDE EM CÃES - arquivo.fmu.brarquivo.fmu.br/prodisc/medvet/rcf.pdf · Rodrigo Coelho Fernandes CARCINOMA EPIDERMÓIDE EM CÃES Trabalho apresentado para a conclusão

Existem características fundamentais na fisiologia celular que determinam alterações

no fenótipo maligno. Auto-suficiência nos sinais de crescimento, onde os tumores apresentam

capacidade de proliferação sem estímulos externos. Insensibilidade aos sinais inibidores do

crescimento, onde esses tumores podem não responder às moléculas inibidoras da

proliferação de células normais, como fator β de transformação do crescimento. Evasão da

apoptose. Neste caso, os tumores podem ser resistentes á morte celular programada, como

conseqüência da inativação do p53 ou de outras alterações. Potencial infinito de replicação.

As células tumorais apresentam uma capacidade infinita de proliferação. Angiogênese

mantida, os tumores não são capazes de crescer sem a formação de um aporte vascular (TAF).

Capacidade de invadir e metastatizar. As metástases tumorais são a causa da grande maioria

de mortes por câncer6.

2.2 METÁSTASE

As metástases são implantes tumorais separados do tumor primário. A metástase

caracteriza de modo inequívoco um tumor como sendo maligno porque os tumores benignos

não metastatizam. A invasividade dos tumores possibilita sua penetração nos vasos

sanguíneos, linfáticos e cavidades corporais, criando a oportunidade para uma disseminação.

Com poucas exceções, todos os cânceres podem metastatizar. As principais exceções são os

neoplasmas mais malignos das células da glia no sistema nervoso central, chamados de

gliomas, e os carcinomas basocelulares da pele 6.7.

Em geral, quanto mais agressivo, mais rápido é o crescimento, maior é o tumor

primário, maior é a probabilidade de metastatizar. Entretanto, existem inúmeras exceções.

Lesões pequenas, bem diferenciadas, de crescimento lento, podem às vezes metastatizar; ao

contrário, algumas lesões grandes, de crescimento rápido, podem permanecer localizadas

durante anos. Não è possível estabelecer um julgamento sobre a probabilidade de metástases a

partir do exame patológico do tumor primário. Muitos fatores que se relacionam tanto ao

tumor como ao hospedeiro estão envolvidos.

Aproximadamente 30% dos pacientes recém-diagnosticados com tumores sólidos

(excluindo tumores cutâneos, com exceção dos melanomas) apresentam metástases. A

disseminação metastática reduz fortemente a possibilidade de cura e a prevenção do câncer.

Page 13: CARCINOMA EPIDERMÓIDE EM CÃES - arquivo.fmu.brarquivo.fmu.br/prodisc/medvet/rcf.pdf · Rodrigo Coelho Fernandes CARCINOMA EPIDERMÓIDE EM CÃES Trabalho apresentado para a conclusão

Não existe nada a ser feito capaz de beneficiar os pacientes, a não ser, a utilização de

métodos que bloqueiem essa disseminação à distância6.9.10.

2.3 VIAS DE DISSEMINAÇÃO

A disseminação dos tumores pode ocorrer através de uma das três vias, a saber:

Implante direto nas cavidades e/ou nas superfícies corporais; disseminação linfática e

Disseminação hematogênica6.8.9.10.

Implante das cavidades e superfícies corporais. Os implante nas cavidades e nas

superfícies corporais pode ocorrer sempre que uma neoplasia maligna penetrar num ``campo

aberto´´ natural. Na maioria das vezes, ocorre na cavidade peritoneal, mas qualquer outra

cavidade-pleural, pericárdica, subaracnóide e espaço articular podem ser afetadas. Tal

implante é especialmente característico de carcinomas que surgem nos ovários, quando, não

raro, toda a cavidade peritoneal se torna revestida por uma camada pesada vítrea do tumor. É

importante ressaltar que as células do tumor são capazes de permanecer restritas á superfície

das vísceras abdominais sem nelas penetrar6.10.

Disseminação linfática. O transporte através dos linfáticos é a via comum para a

disseminação inicial dos carcinomas. Os sarcomas também podem usar esta via. Os tumores

não contêm linfáticos funcionais, mas os vasos linfáticos localizados nas margens tumorais

são aparentemente suficientes para a disseminação linfática das células tumorais. A ênfase na

disseminação hematogênica dos sarcomas é equivoca porque existem diversas interconexões

entre os sistemas vasculares e linfáticos. O padrão de comprometimento dos linfonodos segue

as vias naturais de drenagem linfática. Como os carcinomas da mama surgem usualmente nos

quadrantes superiores externos, em geral se disseminam antes para os linfonodos axilares. Os

tumores dos quadrantes internos podem drenar através dos linfáticos para os linfonodos

dentro do tórax, junto com as artérias mamárias internas. Consequentemente, os linfonodos

infra e supraclaviculares podem ser envolvidos. No entanto, o câncer de mama é considerado

agora uma doença sistêmica, mesmo no momento da sua detecção, e o tratamento é voltado

tanto para o controle local como para a erradicação de micrometástases ocultas

sistêmicas6.8.9.10.

Page 14: CARCINOMA EPIDERMÓIDE EM CÃES - arquivo.fmu.brarquivo.fmu.br/prodisc/medvet/rcf.pdf · Rodrigo Coelho Fernandes CARCINOMA EPIDERMÓIDE EM CÃES Trabalho apresentado para a conclusão

Os carcinomas do pulmão que surgem nas principais vias respiratórias metastatizam

em primeiro lugar para os linfonodos periilares, traqueobrônquicos e do mediastino6. Os

linfonodos locais, no entanto, podem ser ultrapassados devido às anastomoses venolinfaticas

ou devido à inflamação ou radioterapia que tenham obliterado os canais linfáticos. No câncer

de mama, a determinação do comprometimento dos linfonodos axilares é muito importante na

avaliação do trajeto futuro da doença e na seleção de estratégias terapêuticas adequadas. Em

geral, a disseminação linfática dos tumores de mama é avaliada com a realização de uma

dissecção axilar completa. Como este procedimento está associado a uma considerável

morbidade cirúrgica, frequentemente realizamos uma biòpsia do linfonodo sentinela.

Definimos um linfonodo sentinela como “ primeiro linfonodo numa bacia linfática regional

que recebe fluxo de linfa do tumor primário”6. O mapeamento do linfonodo sentinela pode ser

feito com a injeção de traçadores radio marcados ou corantes azuis, mas a combinação destas

técnicas nos fornece os melhores resultados. A identificação do linfonodo sentinela foi

também efetuada na detecção da disseminação de melanomas, tumores de cólon e outros

tumores7. Em muitos casos, os linfonodos regionais servem como barreiras efetivas contra

uma maior disseminação do tumor, ao menos por um tempo. É concebível que as células

depois de pararem dentro do linfonodo podem ser destruídas por uma resposta imune

especifica ao tumor. A drenagem dos detritos de células tumorais ou antígenos tumorais,

também leva à alterações reativas dentro dos linfonodos. Assim, o aumento dos linfonodos

pode ser causado por disseminação e crescimento das células tumorais ou hiperplasia reativa.

Consequentemente, o aumento nodal em proximidade com um câncer não significa

obrigatoriamente uma disseminação da lesão primária6.9.10.

Disseminação hematogênica. A disseminação hematogênica é típica dos sarcomas e

também dos carcinomas. As artérias, com suas paredes mais espessas, são mais difíceis de

penetrar do que as veias. Pode haver disseminação arterial, no entanto, quando as células

tumorais atravessam os leitos capilares pulmonares ou quando as metástases pulmonares dão,

elas mesmas, origem a ainda mais êmbolos tumorais. Em tal disseminação arterial, diversos

fatores condicionam os padrões de distribuição das metástases. Com a invasão venosa, as

células produzidas pelo sangue seguem o fluxo venoso de drenagem do local do neoplasma. É

compreensível que o fígado e os pulmões estejam, com freqüência, envolvidos

secundariamente em tal disseminação hematogênica. Toda a área de drenagem porta flui para

o fígado, e todo o sangue da cava flui para os pulmões. Os tumores que ocorrem muito perto

da coluna vertebral frequentemente embolizam através do plexo paravertebral, e esta via está

Page 15: CARCINOMA EPIDERMÓIDE EM CÃES - arquivo.fmu.brarquivo.fmu.br/prodisc/medvet/rcf.pdf · Rodrigo Coelho Fernandes CARCINOMA EPIDERMÓIDE EM CÃES Trabalho apresentado para a conclusão

provavelmente envolvida nas metástases vertebrais freqüentes do carcinoma de tireóide e da

próstata6.

Alguns tumores apresentam uma tendência para a invasão das veias. O carcinoma de

células renais frequentemente invade os ramos da veia renal e depois a própria veia renal e

cresce para a veia cava inferior, atingindo às vezes o lado direito do coração. Os carcinomas

hepatocelulares frequentemente penetram nas raízes porta e hepática para crescer no seu

interior, dentro dos principais canais venosos. É notável observar que tal crescimento

intravenoso pode não ser acompanhado por uma disseminação ampla. As evidências

histológicas da penetração dos pequenos vasos no local do tumor primário são, obviamente,

uma característica nefasta. Tais alterações, no entanto, devem ser consideradas com reserva

porque, não indicam o desenvolvimento inevitável da metástase, pois, para que essas células

tumorais se soltem de sua massa primaria e que penetrem nos vasos sanguíneos ou linfáticos e

formem um segundo local de crescimento, há uma certa distancia; devem seguir uma serie de

etapas6.10.

Cada etapa esta sujeita a várias influências, portanto, em qualquer ponto na seqüência,

a célula separada pode não sobreviver.

Os estudos revelam que, apesar de centenas de células que estão sendo liberadas na

circulação, a partir de um tumor primário, só umas poucas metástases são produzidas. Esses

estudos revelam que essa ineficiência desse processo está relacionada com alguns subclones

de células tumorais, os quais possuem a combinação correta dos produtos genéticos para

completar todas as etapas envolvidas na metastatização6.10. Uma hipótese alternativa é que a

metástase seria o resultado de múltiplas anormalidades que ocorrem em muitas, talvez todas

as células de um tumor primário. Tais anormalidades dão ao tumor uma predisposição geral

que foi chamada de “assinatura metastática”. Essas assinaturas podem envolver não somente

propriedades intrínsecas as células tumorais, mas também as características do estroma, tais

como os componentes do estroma, a presença de células imunes infiltrantes e angiogênese.

Uma clara compreensão da origem das metástases é da maior importância no tratamento dos

pacientes portadores de câncer e o desenvolvimento de terapias efetivas para impedir a

disseminação tumoral. Para esta discussão,a cascata metastatica vai ser dividida em: invasão

da matriz extracelular e disseminação vascular e implante de células tumorais6.9.10.

Page 16: CARCINOMA EPIDERMÓIDE EM CÃES - arquivo.fmu.brarquivo.fmu.br/prodisc/medvet/rcf.pdf · Rodrigo Coelho Fernandes CARCINOMA EPIDERMÓIDE EM CÃES Trabalho apresentado para a conclusão

2.4 INVASÃO DA MATRIZ EXTRACELULAR

A organização estrutural e a função dos tecidos normais são em grande parte

determinada pelas interações entre as células e a matriz extracelular (ECM)6. Os tecidos se

organizam em compartimentos separados entre si pelos dois tipos de ECM: membrana basal e

tecido conjuntivo intersticial. Embora com organização diversa, cada um dos componentes da

ECM é formado por colágeno, glicoproteínas e proteoglicanos. Essas células tumorais devem

interagir com ECM em diversas etapas da cascata metastática. Um carcinoma deve em

primeiro lugar romper a membrana basal subjacente, então atravessar o tecido conjuntivo

intersticial e finalmente conseguir acesso á circulação por meio da penetração na

vascularização da membrana basal. Este ciclo é repetido quando os êmbolos de células

tumorais extravasam num local á distância. A invasão da ECM é um processo ativo que pode

ser resolvido em diversas etapas6.10.

Deslocamento das células tumorais umas das outras; Ligação com os componentes da

matriz; Degradação da ECM; Migração das células tumorais.

As células normais estão organizadamente coladas entre si e em volta por meio de

diversas moléculas de adesão6. Destas, a família caderina de glicoproteínas transmembrana

tem importância particular. As E-caderinas medeiam adesões homotipicas no tecido epitelial,

servindo assim para manter as células epiteliais juntas para estabelecer a sinalização entre as

células. Em diversos tumores epiteliais, inclusive nos adenocarcinomas do cólon e da mama,

existe uma diminuição da regulação da expressão da E-caderina. É presumível que esta

regulação diminuída reduza a capacidade das células aderirem entre si e facilite seu

deslocamento do tumor primário e sua evolução para os tecidos adjacentes. As E-caderinas

estão ligadas com o citoesqueleto por meio das cateninas, proteínas que ficam sob a

membrana plasmática. A função normal da E-caderina depende de sua ligação como as

cateninas. Em alguns tumores, a E-caderina está normal, mas sua expressão esta reduzida

devido a mutações no gene para uma catenina6.

Para penetrar no ECM adjacente, as células tumorais devem em primeiro lugar aderir

aos componentes da matriz. As células epiteliais de um tumor estão separadas do estroma por

uma membrana basal, a membrana deve ser degradada e remodelada6. À medida que este

processo ocorre, os componentes da membrana basal enviam sinais de crescimento tanto

positivos como negativos para as células do tumor e tem um papel importante na regulação da

angiogênese. Existem evidências importantes de que a ligação das células do tumor com a

laminina e a fibronectina é importante para invasão e metástases6. As células epiteliais

Page 17: CARCINOMA EPIDERMÓIDE EM CÃES - arquivo.fmu.brarquivo.fmu.br/prodisc/medvet/rcf.pdf · Rodrigo Coelho Fernandes CARCINOMA EPIDERMÓIDE EM CÃES Trabalho apresentado para a conclusão

normais expressam receptores de alta afinidade (caracteristicamente membros da família das

proteínas da integrina e imunoglobulina) com a laminina da membrana basal que são

polarizadas para sua superfície basal. Por outro lado, algumas células de carcinoma

apresentam muito mais receptores e eles estão distribuídos em volta da membrana celular.

Além do mais, parece haver uma correlação entre a densidade dos receptores de laminina e a

invasividade nos tumores de mama e cólon. As células tumorais, como as células normais,

também expressam integrinas que servem como receptores para muitos componentes da ECM

inclusive a fibronectina laminina, colágeno e a vitronectina. As células epiteliais neoplásicas

podem expressar uma quantidade maior de integrinas e produzir integrinas que não estão

presentes no tecido correspondente normal. Como ocorre com os receptores de laminina,

parece haver uma correlação entre a expressão de algumas integrinas e sua capacidade de

metastatizar6.

Depois da Ligação dos componentes da membrana basal ou ECM intersticial, as

células do tumor devem criar passagens para migração. A invasão de ECM não ocorre

meramente pelo aumento crescente de pressão, mas requer uma degradação enzimática ativa

dos componentes de ECM6. As células do tumor secretam as próprias enzimas proteolíticas ou

induzem as células hospedeiras a elaborar as proteases. A atividade destas proteases é

rigidamente regulada pelas antiproteases. Na borda invasiva dos tumores, o equilíbrio entre as

proteases e antiproteases tende em favor das proteases. Três classes de proteases foram

identificadas; serinas, cisteínas e metaloproteinase da matriz (MMPs). MMp9 e MMP2 são

colagenases que clivam o colágeno do tipo IV das membranas basais epiteliais e vasculares.

Existem evidências apoiando o papel da MMPs que degradam o colágeno do tipo IV na

invasão celular tumoral:

Diversos carcinomas invasivos, melanomas e sarcomas produzem altos níveis destas

colagenases.

As lesões in situ a adenomas da mama e do cólon expressam muito mais colagenases

de degradação do colágeno IV do que as lesões invasivas. A expressão MMP aumenta à

medida que o tumor aumenta.

A inibição da atividade da colagenase por meio de transfecção com o gene para

inibição tissular da metaloproteinases reduz enormemente as metástases nos animais

experimentais. Assim, os inibidores da metaloproteinase poderiam ser úteis no tratamento do

câncer. Estão em teste compostos sintéticos com esta atividade, como agentes terapêuticos em

algumas formas de câncer6.

Page 18: CARCINOMA EPIDERMÓIDE EM CÃES - arquivo.fmu.brarquivo.fmu.br/prodisc/medvet/rcf.pdf · Rodrigo Coelho Fernandes CARCINOMA EPIDERMÓIDE EM CÃES Trabalho apresentado para a conclusão

Ao passo que o efeito mais óbvio da destruição da matriz é criar uma via para invasão

pelas células tumorais, os produtos de clivagem dos componentes da matriz, derivados de

colágeno e proteoglicanos, também apresentam atividades promotoras do crescimento,

angiogênicas e quimiotáticas. Esta última pode promover a migração das células tumorais

para a ECM afrouxada. MMPs são produzidos principalmente pelas células, localizadas no

estroma tumoral, incluindo as células do sistema imune que migram para esta área. A MMP9,

e numa menor extensão a MMP2, degrada o colágeno do tipo IV e mobiliza VEGF (fator de

crescimento endotelial vascular), que é seqüestrada na membrana basal. A degradação do

colágeno tipo IV também expõe normalmente os domínios críticos da proteína, que servem

como sinais importantes para a angiogênse e interações celulares. É interessante observar que

a degradação do colágeno IV na membrana basal não somente produz estímulo angiogênico

mas gera também fragmentos de colágeno, tais como a endostatina e tumstina, que são

antiangiogênicos. Assim, um papel importante das MMPs, é gerar, a partir de ECM, fatores

promotores da angiogênese, do crescimento tumoral e da mobilidade celular tumoral5. Estes

fatores anulam as substâncias inibidoras da angiogênese, que também são produzidas pela

digestão parcial dos componentes da membrana basal6.

Disseminação vascular e abrigo das células tumorais: Uma vez na circulação, as

células do tumor são particularmente vulneráveis à destruição por defesas imunes inatas e

adaptativas. Os detalhes da imunidade do tumor são considerados posteriormente.

Dentro da circulação, as células do tumor costumam se agregar grupos. Isto é

facilitado por meio das adesões homotipicas entre as células do tumor, bem como adesões

heterotipicas entre as células tumorais e células sangüíneas especialmente das plaquetas. A

formação de agregados plaqueta-tumor podem reforçar a sobrevida celular e sua

implantabilidade. A parada e o extravasamento dos êmbolos tumorais em locais à distância

envolve adesão ao endotélio, seguida pela saída através da membrana basal. As moléculas de

adesão estão envolvidas nestes processos (integrinas, receptores de laminas) e as enzimas

proteolíticas discutidas antes. É de interesse particular a molécula de adesão CD44, que se

expressa nos linfócitos T normais e são usadas por estas células para migrar para sítios

seletivos no tecido linfóide. Tal migração é realizada com a ligação de CD44 com o

hialuronato nas vênulas endoteliais superiores, e a superexpressão desta pode favorecer a

disseminação metastática. No novo local, as células tumorais precisam proliferar, desenvolver

um aporte vascular e escapar das defesas do hospedeiro6.

� O local em que as células tumorais circulantes deixam os capilares para formar

depósitos secundários está relacionado em parte com a localização anatômica do

Page 19: CARCINOMA EPIDERMÓIDE EM CÃES - arquivo.fmu.brarquivo.fmu.br/prodisc/medvet/rcf.pdf · Rodrigo Coelho Fernandes CARCINOMA EPIDERMÓIDE EM CÃES Trabalho apresentado para a conclusão

tumor primário. Diversas observações, no entanto, sugerem que as vias de drenagem

naturais não explicam completamente a distribuição das metástases. Por exemplo, o

carcinoma de próstata se dissemina preferencialmente para o osso, os carcinomas

broncogênicos costumam envolver as adrenais e o cérebro, e os neuroblastomas se

disseminam para o fígado e ossos. Tal tropismo para o órgão pode estar relacionado

com os seguintes mecanismos6:

Como a primeira etapa no extravasamento é a adesão ao endotélio, as células tumorais

podem apresentar moléculas de adesão cujos ligantes se expressam de preferência no

endotélio das células do órgão-alvo. De fato, demonstrou-se que as células endoteliais dos

leitos vasculares de diversos tecidos diferem na sua expressão de ligantes para as moléculas

de adesão6.

� As quimiocinas apresentam um papel muito importante na determinação dos tecidos-

alvo para a metástases. Por exemplo, algumas células de tumor de mama expressam os

receptores CSCR4 e CCR7. a quimiocinas que se ligam a estes receptores estão com

alta expressão nos tecidos para os quais o tumor de mama metastatiza normalmente. O

bloqueio da interação entre CXCR4 (chemokine, receptor 4 ) e seu receptor reduz as

metástases de câncer de mama para os linfonodos e pulmões. Alguns órgãos-alvo

podem liberar quimioatraentes que tendem a recrutar células tumorais para o local. Os

exemplos compreendem os fatores de crescimento insulina-like I e II.

Em alguns casos, o tecido-alvo pode ser um meio ambiente não-permissivo – como

um solo desfavorável, por assim dizer, para o crescimento de implantes tumorais. Por

exemplo, os músculos esqueléticos, embora bem vascularizados, raramente apresentam

metástases6.

Enquanto os tumores primários nos diversos locais apresentam um tipo preferencial de

disseminação metastática, a localização exata das metástases não pode ser prevista com

certeza em nenhuma forma de câncer6.10.

Genética molecular do desenvolvimento das metástases: existem oncogenes ou

supressores do tumor que produzem metástases como sua principal ou única contribuição com

a tumorigenese? Esta questão tem interesse além dos interesses acadêmicos porque sendo

alterados de alguns genes que promovem ou suprimem o fenótipo metastático, sua detecção

num tumor primário pode ter também implicações prognósticas como terapêuticas. As

comparações entre perfis genéticos de tumores metastáticos ou não-metastáticos foram usadas

para pesquisar um candidato a gene supressor de metástase. No momento, ainda não foi

identificado nenhum “gene da metástase”, com exceção do comportamento ezrina da

Page 20: CARCINOMA EPIDERMÓIDE EM CÃES - arquivo.fmu.brarquivo.fmu.br/prodisc/medvet/rcf.pdf · Rodrigo Coelho Fernandes CARCINOMA EPIDERMÓIDE EM CÃES Trabalho apresentado para a conclusão

membrana do citoesqueleto, que parece ser necessário para metástases no rabdomiossarcoma

e no osteossarcoma6. Diversos genes foram propostos como sendo supressores de metástases.

Entre eles incluem-se os genes NM23 (nucleoside diphosphate kinase type 6) e O KAI-1

(suppression of tumorigenicity 6) e Kiss (metastasis-suppressor) 6. Ainda há muito a ser

descoberto6.

Page 21: CARCINOMA EPIDERMÓIDE EM CÃES - arquivo.fmu.brarquivo.fmu.br/prodisc/medvet/rcf.pdf · Rodrigo Coelho Fernandes CARCINOMA EPIDERMÓIDE EM CÃES Trabalho apresentado para a conclusão

3 CASO CLÍNICO

Este caso clinico foi acompanhado no hospital veterinário da (FMU) Faculdades

Metropolitanas Unidas, onde no dia 10 de dezembro de 2008, o animal chamado de Rotinha

da espécie canina, sem raça definida, fêmea, aproximadamente com treze anos, foi ao hospital

apresentando conjuntivite.

Após vinte cinco dias o animal apresentou uma ferida na região da boca, no lábio

inferior, ulcerada, com aproximadamente 0,5cm de diâmetro.

Depois de dez dias, a lesão já apresentava como uma formação de aproximadamente

1,0 cm de diâmetro em região perilabial inferior esquerda, ulcerada, aderida ao tecido,

alopécica, a qual estava sendo tratada com Perigard e foi submetida a uma citologia por

“imprint”. Na citologia observou-se que o material apresentava grande número de debris

celulares, além de neutrófilos e bactérias sob a forma de cocos. Notou-se também ocasionais

células escamosas e células basais. Conclusão: processo inflamatório supurativo séptico. Foi

recomendado avaliar-se o tecido por exame histopatológico. (laudo LAB&VET pelo Dr.

Wagner Alexey Back Fiorio).

A proprietária retornou após dez dias e foram prescritos antibióticos.

O animal retornou após quinze dias apresentando prurido, e com a formação perilabial

com ≈ 2,5 cm, foi realizada uma citologia aspirativa, a qual apresentou grande quantidade de

células redondas, em grupos tridimensionais, com moderada anisocitose, macrocariose,

anisocariose, alta relação núcleo/ citoplasma, cromatina frouxa, citoplasma fortemente

basofilico e 1 a 3 nucléolos evidentes. Algumas células esparsas apresentam vacuolização

citoplasmática. Conclusão: carcinoma de células escamosas? Sugere-se exame histopatológico

para confirmação. ( laudo da Dra. Angela Bacic de Araujo e Silva Rego).

Após vinte cinco dias, foi conversado com a proprietária que o prognóstico era de

reservado a ruim, e o animal no dia apresentava um aumento da formação com

aproximadamente 3,0 cm de diâmetro. Sendo sugerido a cirurgia para retirada da formação.

Junto com os exames préoperatório foi pedido um exame radiográfico de tórax. Esse

exame diagnosticou uma imagem de radiopacidade água com margens parcialmente definidas

superpostas a região dos lobos pulmonares médio e caudal direitos – á esclarecer ( formação?

Metástase?). ( laudo NUCLEO diagnóstico veterinário, pela Dra. Daniele R. Pontes.)

Page 22: CARCINOMA EPIDERMÓIDE EM CÃES - arquivo.fmu.brarquivo.fmu.br/prodisc/medvet/rcf.pdf · Rodrigo Coelho Fernandes CARCINOMA EPIDERMÓIDE EM CÃES Trabalho apresentado para a conclusão

Depois de dez dias o animal retornou e o tratamento estabelecido foi o quimioterápico.

Sendo a primeira sessão quimioterápica.

Após dez dias a formação apresenta uma leve diminuição. E após a segunda sessão de

quimioterapia a formação apresentou uma melhora, apresentando aproximadamente 2,0cm de

diâmetro.

Mas após quarenta dias de tratamento, com exames de controle (hemograma, exames

radiográficos), apresentou miíase no local da formação e depois de quinze dias a formação

aumentou e o animal se apresentou-se apático. Realizou-se limpeza local, e foi solicitado um

exame radiográfico, cuja imagem apresentavou uma radiopacidade à água com margens

parcialmente delimitadas (≈ 12cm) superposta à região dos lobos pulmonares cranial/medial

direitos; opacificação homogenea parcial na região do lobo pulmonar caudal direito. Demais

porções examinadas dos campos pulmonares sem indícios de alterações dignas de nota.

Alterações degenerativas em junções costocondrais (senilidade). ( laudo Dra. Daniele R.

Pontes ). Visto nas imagens 1 e 2 abaixo.

Figura1. Imagem radiográfica tórax, vista ventro dorsal. Fonte: Rodrigo C. Fernandes (2009).

Page 23: CARCINOMA EPIDERMÓIDE EM CÃES - arquivo.fmu.brarquivo.fmu.br/prodisc/medvet/rcf.pdf · Rodrigo Coelho Fernandes CARCINOMA EPIDERMÓIDE EM CÃES Trabalho apresentado para a conclusão

Figura 2. Imagem radiográfica tórax, vista latero lateral (dec. Direito). Fonte: Rodrigo C. Fernandes (2009).

Após quinze dias o animal apresentou sensibilidade bucal. A formação apresentava

aproximadamente 5cm de diâmetro, compreendendo a hemimandibula esquerda, ulcerada, e

com o linfonodo submandibular aumentado. Foram prescritos analgésicos.

Depois de quinze dias o animal apresentou oligofagia, sangramento em gengiva,

apatia, emagrecimento. A formação evoluiu muito rapidamente, comprometendo a face e

mandíbula esquerda, necrose tecidual, afetando gengiva queda de dentes, com o animal não

conseguindo alimentar-se (figura3 e 4).

Figura 3. Carcinoma epidermóide da região bucal inferior, mostrando destruição tecidual e óssea. Fonte: Rodrigo C. Fernandes (2009).

Page 24: CARCINOMA EPIDERMÓIDE EM CÃES - arquivo.fmu.brarquivo.fmu.br/prodisc/medvet/rcf.pdf · Rodrigo Coelho Fernandes CARCINOMA EPIDERMÓIDE EM CÃES Trabalho apresentado para a conclusão

Figura 4. Mesma neoplasia, vista inferior. Fonte: Rodrigo C. Fernandes(2009).

A proprietária ciente do prognóstico ruim e a condição de viva do animal decidiu pela

eutanásia.

Após a eutanásia o animal foi submetido à necropsia. Ao se examinar as cavidades,

observou-se uma formação aderida ao omento, de aproximadamente 5cm de diâmetro

(figura5).

Figura 5. Metástase do Carcinoma Epidermóide. Formação arredondada de aprox. 5 cm de diâmetro aderida ao omento.

Fonte: Rodrigo C. Fernandes(2009).

Não foi encontrado nenhum tipo de formação na cavidade torácica (figura6).

Page 25: CARCINOMA EPIDERMÓIDE EM CÃES - arquivo.fmu.brarquivo.fmu.br/prodisc/medvet/rcf.pdf · Rodrigo Coelho Fernandes CARCINOMA EPIDERMÓIDE EM CÃES Trabalho apresentado para a conclusão

Figura 6. Cavidade torácica visualmente preservada

Fonte: Rodrigo C. Fernandes(2009).

Foram retirados os conjuntos, e fragmentos dos rins, fígado, pulmão e tecido epitelial

bucal, os quais apresentavam alterações. Ao exame histopatológico foram observadas

alterações celulares epidérmicas, com formação carcinomatosa cujas células invadiram vasos

sendo carreadas pelas vias linfáticas e pelas vias circulatórias (veias e artérias). Mostradas nas

figura7,8,9 e 10.

Figura7. Pulmão – metástase. Acúmulo celular dentro de vaso pulmonar. Observar a musculatura do vaso, adjacente à massa tumoral. Os Alvéolos encontram-se colabados. Fonte: Rodrigo C. Fernandes(2009).

Page 26: CARCINOMA EPIDERMÓIDE EM CÃES - arquivo.fmu.brarquivo.fmu.br/prodisc/medvet/rcf.pdf · Rodrigo Coelho Fernandes CARCINOMA EPIDERMÓIDE EM CÃES Trabalho apresentado para a conclusão

Figura8. Vista do tumor anterior em maior aumento 400XX. Células com Aspecto epidermóide de aparência pleomórfica. Fonte: Rodrigo C. Fernandes(2009).

Figura9. Mucosa bucal - Formação de pérolas córneas dérmicas na região labial. Aumento 400XX . Fonte: Rodrigo C. Fernandes(2009).

Page 27: CARCINOMA EPIDERMÓIDE EM CÃES - arquivo.fmu.brarquivo.fmu.br/prodisc/medvet/rcf.pdf · Rodrigo Coelho Fernandes CARCINOMA EPIDERMÓIDE EM CÃES Trabalho apresentado para a conclusão

Figura10. Pulmão - Artéria pulmonar e êmbolo celular tumoral Aumento 400xx. Fonte: Rodrigo C. Fernandes(2009).

Page 28: CARCINOMA EPIDERMÓIDE EM CÃES - arquivo.fmu.brarquivo.fmu.br/prodisc/medvet/rcf.pdf · Rodrigo Coelho Fernandes CARCINOMA EPIDERMÓIDE EM CÃES Trabalho apresentado para a conclusão

4 CONCLUSÃO

O carcinoma epidermoide predomina em animais de pele clara, podendo afetar

qualquer região cutânea. Essa neoplasia tende a metastizar pelas vias linfática e ou

hematógena, acometendo outros tecidos epiteliais (como pele e órgãos). De modo geral, às

neoplasias, quanto mais rápido se detectar o câncer, melhor será o seu prognóstico e melhor

será a evolução para a cura. O tratamento poderá ser cirúrgico, sempre buscando-se um foco

de metástase ou quimioterápico ou ambos. Com isso a necessidade de um diagnóstico rápido,

acompanhamento clinico e laboratorial são de extrema importância para a estabilidade do

paciente. Um bom exame clinico e histopatológico orientará o melhor caminho para o

tratamento.

Neste relato mostro-se a capacidade de invasão tecidual que este câncer apresentou, e

o alto grau de destruição em relação ao tecido bucal. Com os exames radiográficos mostraram

alterações em tórax, onde deveríamos ter submetido o animal a uma laparotomia exploratória,

onde veríamos as alterações e poderíamos retirar fragmentos para o histopatológico. Mas será

que submeter um animal neste caso, há um tipo de cirurgia dessas, poderia tem mudado o

prognóstico dele, será que iria melhorar a qualidade de vida desse animal. Por isso

entraríamos apenas com a quimioterapia? Até onde podemos chegar com um protocolo

terapêutico?

Page 29: CARCINOMA EPIDERMÓIDE EM CÃES - arquivo.fmu.brarquivo.fmu.br/prodisc/medvet/rcf.pdf · Rodrigo Coelho Fernandes CARCINOMA EPIDERMÓIDE EM CÃES Trabalho apresentado para a conclusão

5 REFERÊNCIAS

1. OLIVEIRA, M. H. Revista Clinica Veterinaria . ed. São Paulo: Guará, 1996.

2. FELIZZOLA, C. R. Estudo comparativo de neoplasias bucais em cães: Avaliação dos

aspectos clínicos..., SãoPaulo, 1995.

3. SIMPSON,J.W.,ELSE,R.W. Digestive disease in the dog and cat. Oxford: Library of

Veterinary practice, 1991.

4. EMMS,S.G. The management of oral tumors in dogs and cats. AUST VET J, Brunswick,

v.64, n.l, p.22-5,1987.

5. JONES, T.C; HUNT, R.D; KING, N. W. A pele e seus appendices. In:_Patologia

veterinaria. 6 ed, São Paulo: Manole, 2000.

6. ROBBINS, S. L; COTRAN, R. S. neoplasia. In;_ Patologia - Bases patológicas das

doenças.7 ed, Elsevier, 2007.

7. MEUTER D.J. Tumors in Domestic Animals. Iowa State Press, 2002.

8. MONTENEGRO,M.R; FRANCO, M. neoplasia. In:_Patologia processos gerais. 4 ed, São

Paulo: Atheneu, 1999. p.241-254.

9. LOWE, A. S. J. neoplasia. In:_ Patologia. 2 ed, Manole, 2002. p.79-103.

10. TAVERA, F. T; E. G. V.G. neoplasia. In:_Patologia – Patologia General Veterinária. 4

ed, México, 2004.

Page 30: CARCINOMA EPIDERMÓIDE EM CÃES - arquivo.fmu.brarquivo.fmu.br/prodisc/medvet/rcf.pdf · Rodrigo Coelho Fernandes CARCINOMA EPIDERMÓIDE EM CÃES Trabalho apresentado para a conclusão

�����������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������