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CARTA MENSAL. das EQ.UIPES DE NO S S A ANO IV - nll 6 SENHORA Secretariado Rua Paraguaçú, 258. Tel. 51-7 563 S. PAULO S.Paulo, Setembro de 19 56. NADA DE "BOM ENTENDIMENTO"! PROCUREMOS IR AL:tM Entre seres humanos, marido e mulher, pais e filhos, irmãos, amigos, não basta. que não haja. briga. nem discórdia. E' preciso ultrapassar o simples bom entedi- mento, porque este, muitas vezes, obtém-se sbmente à custa. de abdicaQões, compromissos, pensamentos e sentimentos recalcados, franqueza imperfeita, cumplicidades. E' preciso de- sejar a única união de duas pessoas humanas, aquela. que induz cada um, por suas exi gências de verdade completa., além do bom entedimento, a um aperfeiçoamento cada. vez maia- viril. Se uma. Equipe de Nossa. Senhora. demorar no nível do bom entedimento, ela rapidamente seus membros. O amor fraterno no seio de uma Equipe deve ir infinitamente mais longe. Cada um tem o direito de dizer aos outros:- seu amor sem exigên cias me diminui, sua exigência sem amor me revolta, sua exig@ncia sem me desani ma., seu amor exigente me engrandece. Para. ajudá-los a compreender e a praticar as do verdadeiro amor, eis uma carta admirável de Emmanuel Mounier a seu pai. Ela exprime com vi g or a am- bição do filho em ultrapassar, em suas relações com o pai, o simpl es bom entendi men to, nificante e tranquilizador, para ascender a um amor de homem para homem de n tro da v er dade e da Se fizerem ao as necess á rias transposições, fic a c la r a a qualida.; de para a qual devem tender não suas r el aç ões de Equipe, mas também souf> out r os amores, paterno, filial ••• Uma grande lição está contida nesta pági na de :Mou- nier. H.C. " ••• Foi bom ter-me aberto essa janela sobre A comunhão de dois seres pr6ximos é um estado intermitente, separado por zonas apagad as e e scur as e p eriodi- camente é preciso remover a borra que a vida insere entre eles e que parece uni-los, o teparo dos fatos, dos acontecimentos, das cousas. E' preciso que um jorrar de lav as pro- fundas e ardentes venha fundir a á luvião inerte dos dias. Esta lava chama-se verdade. o coração e a verdade não caminham juntos. Acontece ser o ódio ou a simples agreasividade terrivelmente maia lúcido que a afeição por demais a. si mesma. A afeição é meiga e conciliadora, pronta aos compromis- sos, a ilusão justificadora. Deixa-te embalar pelo rosnar florido das palavras enganadoras. Torna-se uma morta viva. Silencies se estab e lecem, o costume de calar-se juntos sobre as mesmas cousas, ou de trocar a prop6sito delas as mesmas palavras pre-estabelecidas e gas- tas. Este vocabulário parece viver e fazer viv er; em verdade, lentamente se cristaliza e, ao secretar seu tecido, esclerosa as pr6priaa fibras da vida.

CARTA MENSAL. Secretariado · CARTA MENSAL. das EQ.UIPES DE NO S S A ANO IV - nll 6 SENHORA Secretariado Rua Paraguaçú, 258. Tel. 51-7 563-·S.PAULO S.Paulo, Setembro de 1956

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CARTA MENSAL.

das

EQ.UIPES DE NO S S A

ANO IV - nll 6

SENHORA

Secretariado

Rua Paraguaçú, 258.

Tel. 51-7 563-·S. PAULO

S.Paulo, Setembro de 19 56.

NADA DE "BOM ENTENDIMENTO"! PROCUREMOS IR AL:tM

Entre seres humanos, marido e mulher, pais e filhos, irmãos, amigos, não basta. que não haja. briga. nem discórdia. E' preciso ultrapassar o simples bom entedi­mento, porque este, muitas vezes, obtém-se sbmente à custa. de abdicaQões, compromissos, pensamentos e sentimentos recalcados, franqueza imperfeita, cumplicidades. E' preciso de­sejar a única união d~a de duas pessoas humanas, aquela. que induz cada um, por suas exi gências de verdade completa., além do bom entedimento, a um aperfeiçoamento cada. vez maia­viril.

Se uma. Equipe de Nossa. Senhora. demorar no nível do bom entedimento, ela decepcionar~ rapidamente seus membros. O amor fraterno no seio de uma Equipe deve ir infinitamente mais longe. Cada um tem o direito de dizer aos outros:- seu amor sem exigên cias me diminui, sua exigência sem amor me revolta, sua exig@ncia sem paci~ncia me desani ma., seu amor exigente me engrandece.

Para. ajudá-los a compreender e a praticar as exig~ncias do verdadeiro amor, eis uma carta admirável de Emmanuel Mounier a seu pai. Ela exprime com vigor a am­bição do filho em ultrapassar, em suas relações com o pai, o simpl es bom entendimento, 1~ nificante e tranquilizador, para ascender a um amor de homem para homem dentro da verdade e da exig~ncia. Se fizerem ao 1~-la as necessárias transposições, fic ará clar a a qualida.; de para a qual devem tender não s~mente suas r el aç ões de Equipe , mas tamb ém souf> out r os amores, conj~al, paterno, filial ••• Uma grande lição está contida nesta pági na de :Mou­nier.

H.C.

" ••• Foi bom ter-me aberto essa janela sobre voe~. A comunhão de dois seres pr6ximos é um estado intermitente, separado por zonas apagadas e escuras e periodi­camente é preciso remover a borra que a vida insere entre eles e que parece uni-los, o ~ teparo dos fatos, dos acontecimentos, das cousas. E' preciso que um jorrar de lavas pro­fundas e ardentes venha fundir a áluvião inerte dos dias.

Esta lava chama-se verdade. o coração e a verdade não caminham juntos. Acontece ser o ódio ou a simples agreasividade terrivelmente maia lúcido que a afeição por demais abandona~a a. si mesma. A afeição é meiga e conciliadora, pronta aos compromis­sos, a ilusão justificadora. Deixa-te embalar pelo rosnar florido das palavras enganadoras. Torna-se uma morta viva. Silencies se estabelecem, o costume de calar-se juntos sobre as mesmas cousas, ou de trocar a prop6sito delas as mesmas palavras pre-estabelecidas e gas­tas. Este vocabulário parece viver e fazer viver; em verdade, lentamente se cristaliza e, ao secretar seu tecido, esclerosa as pr6priaa fibras da vida.

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,_ OS GESTOS DE TODOS OS DIAS

••· "tudo era uma ascensão interior e uma prece: o dia todo, o despertar e o deitar, o trabalho e o repouso, o leito e a mesa, a sopa e a carne, a casa e o jardim, a porta, a rua, o pateo, o por­tal de entrada e as cadei:ra.s em tôrno da mesa. Tudo era o grande acontecimento de um belo rito"•••

Péguy ...__ _________________________ _

Uma jovem, um dia, se pós a analisar a sua vida. F.ra uma vida t orlt -ro~- ­tada para o amor e o cumprimento do dever. O marido um bom cri ntão ••. os filhos cl'ir;, ~í.r .,.;n te educados. Trabalhàvam na Paróquia, militavam em associações, ajudavan obr3.s soci a i s •. -: Apesar disso tudo, ela se inquietava: 11 0 que fazemos senão o simpl es dovor? Outros , mesmo não cat6licos, não faziam o mesmo, não procuravam, com todo o empênho 1 cumprir os seus d~ veres"? E durante meses ela·sentiu o tormento dessa indagação.

Quem sabe se também entre nós alguns sentem esta mesma inquietação, As­piram algo de superior, uma piedade mais intensa, uma elevação sobrenatural de vistas mas não conseguem casar toda essa elevação com a insignific~cia das coisas de cada dia.

Na hora da Santa Missa ou nos momentos de oração sentem um verdadeiro ardor espiritual, Ali, naqueles instantes, almejam s6 viver para Deus, ama-Lo, dedicar-a~ a Ele, socorrer o proximo, realizar um grande apostolado ••• Passados estes momentos o que se vai encontrar pela frente? A dura realidade, a rotina, a repetição insípida dos atos, gestos e atitudes habituais. Todos aqueles desejos de crescer, de se elevar esbarram com as insignificâncias de cada dia. A!, então, eles como que se dissolvem, se volatilizam, somem-se! Abre-se como que um hiato entre os desejos espirituais e a vida ' de cada dia com as mil e uma coisinhas, aparentemente, sem grande significado. E ao fim do dia, num exame de conci~ncia, a gente vai ver que fez bem, pelo menos a maioria dos deveres e obrigações Mas isso não será, por acaso, fruto da propria educação, de um atanismo, de habites? "Um pagão ou um materialista, dotado do senso do cumprimento do dever, também não teria feito o mesmo? Em verdade, o que fiz pelo Senhor?" E' essa a pergunta inquietante q_ue salta e

nos acabrunha ao fim de mais um dia. Mas será que tais desejos de uma vida sobrenatural mais intensa não po­

dem se harmonizar com a rotina quotidiana? Sera que esta rotina é um impecilho ao procr ·~

so espiritual? E' certo que a repetição dos atos e dos gestos acarreta sem1J r e a Sll' "e

canização, quer dizer, a sua despersonalização. Apezar disso eles, necuSéJ a r i amel1te, n,,.u são óbices à vida espiritual. Tudo está na maneira de encara-los e nivel a-los. E' preciso vencer a sua mecanização dando-lhes um espfritu novo, ·um sentido sobrenatural .

Longe de serem 6bices ~le s f azem parte da din~ica da vida, êles estão nos planos da Provi d~nci a. E r at ravez deles quu cada um dt3Ve at :i.ngir a sua propri.a santi­ficação, Não se chega até a santidade aos s al t os. Pelo contrario, o caminho da perfeição, ~ como uma escada: deve-se galgar degrau por degrau. Cada degrau é um nada, 6 apenas um

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únieo degrau, pareee não ter significado algum ••• Mas cada degrau que se vence mais alto se está! E' assim também a vida de cada dia com a sua multidão de "nadas", de gestos e a­toa insignificantes. Atravez deles é que Deus quer que cheguemos até Ele . Cada um deles é o pequeno degrau que cevemos vencer!

Por a! se v~ como uma mãe que vive a trocar as fraldas do f ilho, a pre­parar refeições, tirar o p6 dos moveis, f azer encomendas ao emporio, et c. como o pai que vive a pensar nas contas do fim do mês , a imagi nar meio~ de aumentar o orç amento, a levan ~

tar todo o dia a mesma ho ra , t omar a mesma condução , pass ar pelos mesmos cami nhos, traba: lhar num mesmo lugar e s empr e do mesmo modo, etc., não estão r ealizando ato s in si gnific~

tes. Se ~les fazem tudo i sso com a intenç ão volt ada para Deus , êles es t ão , nada menos, na da mais do que conqui stando a santidade , subindo os deg raus da perfei ção , cmnpr i ndo avo~ tade de Deus. Cada um destes g estos , r epetidos , pela vi da a fora , um sem numero de ve zes , devia ser para o cri stão , como di sse Thomas MertorJ. , "sement es de cont emplação" ..

l Tudo, portanto, de pend e uni cament e do espi :id.to com que se vive a ro ·~ina e

de cada dia. O probl ema é apenas esse . A dificuldade simplesment e essa . Gomo con segui r, todavia, este espírito, esta presença constant e de Deus em no ssos ato s?

Antes de mais nada , é cl aro que é precizo pedir, com i nsi stêncà 1 e s sa graça. Rezar sempre nessa i nt enç ão. Depo i s , meditar , de quan do em vez , sobre o signi t iua­do e a import~cia sobrenatural dos gestos quot i di anos. Convencer-se de seu exe.t o s Lgnl fl_ cado. Analiza-los. Examina-los . Pro curar f aze-los melhor. Enc ontrar pequenos art i f icios , modos de · se lembrar da int enção que deve move- lo s. Cada um examinando a sua propria vi da , há de encontrar os meios praticas de consegui r tal i ntento .

Uma mãe de f amíli a , por exemplo, pode f azer com que o s eu passeio dia­rio, oom os filhos, pas se pela frent e de uma I gre j a. S6 pelo f ato de passar pel a Casa de Deus ela poderá. r ecordar o 11 espirito 11 com que deve faz e r aquele e os demais ato s de roti­na.

Sabemos de um pai de f amília, de s. Paulo, que colocou em ci ma de sua mesa de trabalho um quadro representando a Gruxificção para se l embrar, todas as vezes que o visse que ele trabalhava, vivia a sua rotina, por amor de Alguem.

Um outro, que era avi ador, f ez o propósito de r e-afirmar a sua intençã~ de vida toda a vez que, lá üo alto, enxergass e alguma Igrej a ou pequena Capela.

Robbi~son no seu admiravel r omanca 11 0 Cardeal " não r etrat a , com tanta poesia, a figura simples, humilde , encantadora da~uele condutor de bonde, pai do Cardeal, que se fez santo porque, anos a fio, toda a vez que passava na frent e da sua I greja se de~ cobria com toda a exponteneidade , dizia, no íntimo, umas poucas frases a Nosso Senhor?

Exemplos como ~sse todos conhecem. Não seri a e s sa urn a 6tima oportUnida~ de dos membros das Equipes se auxiliarem mutuament e oferecendo, cada um ao s demais, as suas proprias experi~ncias, os exemplos que conhecem, os processos que encontrar am , para dar alma~ rotina ••• ~screvarn as suas experienoias, dêm-nos as suas i dei as sObre o assun­to para que possamos publicar, na Carta Mensal, exemplos vivos que po s s am ajud~r os nos­sos irmãos das Equipes a se aperfeiçoarem. Para f acilitar a tarefa de cada um vamos forn~ cer •••

Algumas pistas •••

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Al.ctu.mas l!istas •••

... o sentido cristão do oorpo, da sau.de, da doença.. o sentido cri stão da. aa.sa..

- o sentido . + -crJ. s v ao dos gestos. o sentido cri 8tão do dinhetro. o sentido cri ot ã.o do t ra·balho.

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EXPERIENCIAS E T~STEMUNHOS

Casais de ligação ou responsáveis de setor nos enviam por vezes relató­rios das reuniões, quando lhes parece que uma observação, um f ato, merecem ser as s inalados. Embora não utilizados, constant emente, contituem, uma fonte que alimenta a Cart a Mensal e que permite tamb~m ~Equipe Dirigente conhecer a vida real e os verdadeiros probl emas das equines jovens ou antigas, de grandes ou pequenas cidades. Lereis

1 pois, hoje algumas no­

tas extraídas desses relat6rios.

Alguns exemplos de auxíl io mdtuo -

"Minha mulher teve que partir de casa muito rapidamente, por causa de grava doença. Este golpe terrível e inesperado nos valeu por parte da equipe muitas demons trações de amizade; Durante os primeiros di as, em que mais me pesava a solidão, nunca fi-­quei s6. Um ap6s o outro, vieram os casais da equipe fazer-me companhia; Todos queriam sair com as crianças ás quintas e aos domingos. O maior apoio foram as or~ções de todos. Duran­te toda a duração da doença, cada manhã um casal da equipe assistia a missa por nossa in­tenção. Graças à ajuda esuiritual e material de todos, aceitamos esta prova, não digo sem dificuldade, mas com abandono e confiança.

Ter sof r ido assim, nos aprocima dos que sofrem."

Fidelidade na provaç ão e no can~ -

Carta de memb ro de uma equipe após a morte do filho: "Saio l entamente de longa f ase de depressão física e moral. A demorada

doença de nosso filho pusera- nos, minha mulher e eu, em pronunciado estado de cansaço. SnQ. morte, embora esperada e mesmo s ecretamente desejada, pois seu sofrimento .se prolongava sem esperança de rest abelecimento, foi-nos ~uito penosa e precisamos de toda nossa submis­são ao Senhor para sobrepuj ar nossa dor.

Ainda não re st abelecido desta fadiga e desta comoção, tive que fazer d~ rante três meses um trabalho extraordinário que me tomou tr~s a quatro horas por dia. Fi­quei esgotado. Naturalmente, minha vida inteira ressentiu-se disso.

Devo às Equipes o não ter abandonado tudo num gesto de desanimo; fiz questão de manter-me fiel às obrigações dos Estatutos. Não sentindo, err.bura nenhuma satis­fação !ntima, rezei fielmente a oração familiar e, cada dia, fi», senão uma meditação, pe­lo menos uma leitura espiritual. Fomos fiéis também à missa durante a semana e ao dever de sentar-se. Em outubro pnrticipamos a um retiro,

A essa fid el i dade aos compromissos de Equipe, assim como à oração em equipe, atribuo o fato de não termos sossobrado."

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LEMBRETES

Equipe da Carta Maneal

A Carta Mensal entra numa nova faze. A equipe VII tomou a si a respo~ aabilidade de todo o trabalho de tradução, colaboração, etc. Todos os meses reunir-se-á Pâ ra organizar e preparar o material a publicar.

A "Equipe da Carta Mensal" precisa da colaboração de todas as equipes para que possa realmente realizar a sua finalidade, de pôr as equipes em contato com a E­quipe de Setor e em contato umas com .as outras.

Já há agora uma oportunidade: No fim do artigo "Os nossos gestos de todos os dias", na pag. 5, há sugestõés para os casais das equipes fornecerem testemunhos que poderão ser de grande utilidade prática.

Portanto, contamos com vocês:

A PROXIMA CARTA MENSAL DEPENDE DE SUA COLABORAÇÃO.

Reunião dos responsáveis

Lembramos aos casais responsáveis que a segunda "Reunião de Responsá­veis" deste ano será dia 25 de setembro, em casa do casal Monaau, ~Rua Paraguaçú, 258. T~ dos receberão com antecedência, uma circular sôbre o assunto a tratar.

Reoolhimento

Chamamos a atenção para o nosso último re~olhimento d~ste ano, que s~ rá no dia 2 de setembro, no Cenáoulo, e teremos como pregador Frei Miguel Fervia, O.P.

As inscrições deverão ser feitas pelo te1efone 8.8101 (Ball7)

O tema a ser desenvolvido será "Espiritualidade do amor - Espirttu.al.!, zaQ~o da vida pelo amor".

Romaria a Aparecida

Em outubro de 1954, comemorando a Ano Mariano, as nossas equipes fiz~~ ram uma romaria a Aparecida. O profundo espírito de oração com que foi levaa~ a efeito, 1~ pressionou a todos os seus participantes que manifestaram o empenho de promover a sua rep~ tição peri6dica. Foi isto lembrado por ocasião da 1iltima reunião da Equipe de Setor, deci­dindo-se promover nova romaria, este ano, fiaando marcado o dia 18 de novembro pr6ximo (d~ mingo), para a sua realização.

Temos, portanto, dois meses diante de n6s, para a sua preparação. Se alguns terão uma parte mais ativa na organização material da romaria, todos, no entanto, devem realizar uma preparação cuidadosa., de ordem espiritual:

- pela compreensão do que é uma romaria ou peregrinação -pela disposição de espírito, de modo a criar em s! uma alma de peregrino.

Vamos resumir aqui o que foi dito a propósito, no anexo ~Carta Men­sal de abril de 1954.

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Uma peregrin!QãO ~ um movimento do homem ~ procura de Deus

A longa marcha do povo hebreu em direção ~ Terra Prometida, é histo­ricamente, a primeira peregrinação realizada pelo homem.

Na Antiga Lei, o povo escolhido de Deus, era obrigado a v~ri as pere­grinaç~es que lhe relembravam a longa caminhada de seus antepassados. Iam a Jerusalem, pa ra pisar uma terra sagrada e a! encontrarem reunidos, ombro a ombro, os membro s do mesmo­povo. Mas iam tambem para se encontrarem novamente em marcha e relembrar assim que o povo de Deus, embora não mais nômade, permanecia sempre um povo de peregrinos, sem morada defi n1tiva sObre a terra, e sempre em marcha para o seu Deus. -

E' este, fundamentalmente, o sentido ~rofundo de toda peregrinação. N6s todo~ realísamoa em nossa vida, uma longa caminhada em direção ~ Terra Prometida. E uma roma~ia ~ assim, a figura de nossa própria vida.

Compreende-se, portanto, que a viagem ao Santuário escolhido, faz parte integrante da peregrina.Qio. Da! o empenho de nossos Assistentes para que a nossa r_g_ maria seja feita em conjunto, em condução coletiva, em meio a orações e canticos.

Preparação para a peregrinação

Os meios de transporte atuais não permitem mais a ascese das antigas peregrinações, nas quais os seus participantes levavam ~a vezes meses para chegar ao seu destino. Em "L'Annonce faite ~ Marie", de Olaudel vemos ao vivo aquele chefe de família que resolve ir a Jerusalem, deixando o lar, os bens, as comodidades, para uma longa aus~~ oia e um longo sacrifício de alguns anos! Mas em nossos dias, são frequentes as romarias de varies dias de marcha. E' assim para os peregrinos que, de Paris a Chartres, caminham a pá dois dias e uma noite ••• E' assim para as romarias a Lourdes e Fátima ••• E' assim p~ ra os nossos caboclos que fazem leguas e leguas a pé, para irem se prostrar ao s_ ; ~s da Vt~ gem Aparecida.

Q.uanto a n6s, preparemo-nos desde já, lançando o nosso olha.r parB aquela a quem vamos em novembro dirigir as nos sas preces, prestar a nos sa homenagem , con­fiar as nos sas súplicas.

Vamos, dispostos a apresentar ~ Virgem, protetora das Equipes , to do o nosso grande reconhecimento pela graça que nos é dada, de melhor compreende rmos o no s so Sacramento do Matrimônio. Vamos também pedir-lhe para as nossas neces sidades , os nos Pos anceios de cristãos desejosos de melhor viver o Evangelho de seu Filho. Vamo s solicitar o amparo de Maria para a nossa Patria que enfrenta graves problemas. E vamos também levar­lhe a nossa determinação de envidar os esforços para que cresça cada vez mais o numero · doa ~&Sais a quem seja levada a mensagem das Equipes!

A&~ições deverão ser feitas com os casais:­

Lociano e Aliee Souza Marques, e

.Artur e Sall.y Volpi - Fone: S..8lOl.

o o o o o o o o o o

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··-ORA CÃO PARA O MES Dl!: . OúMRO

Intencã~ - A santificação do trabalho cotidiano A inteligência profunda do Rosário nas equipes.

1. Oração litlirgica Neste mês do Ros~rio, e na. linha. do nos so esfôrço para animar sóbr c:w.- ' turalmente a. trama. do nosso trabalho de todos os dias esta oração rt o

Pe. Cormier, · que foi mestre geral da Ordem de São Domingos , nos colocu no espírito da Igreja neste~ últimos anqs.

Imaculada VirgAm Maria, fazei que a recitação do meu terço seja par a mim oada dia, em meio da minhas múltiplas tarefas, um laço de unidade nos meus atos, um testemunho de piedade filial, uma fonte para ref.azer a.s minhas fôrças, wn socorro para. ca- A minha.r alegre nas sendas do meu dever. . ~

Fazei sobretudo, Virgem Maria, que a contemnla.ção do~ mist&rios do vos­so Rosário forme aos poucos em minh'a.lma. um ambiente luminoso, puro, fortificante, embals~ ma.do que penetre em minha. intelig~ncia, vontade; coração, mem6ria, imaginação, em todo meu ser. ~ue eu possa deste modo adquirir o costume de trabalhar orando, sem f6rmulas, pelo simples olhar interior, admirando, pedindo, dizendo-vos o meu amor filial • .

.Amen.

2. Medi tªºão Tentemos pentrear o impulso interior de Nossa Senhora sempre atenta. a Deus na. atuação progressiva. do mistério de seu Filho, nas necessidades dos outros.

(Lucas 2. 51.) Desceu Jesus e foi a Nazar~; e era-lhes submisso. Sua Mãe conservava tudo em seu coração.

(Lucas 11. 27-28) Bemaventurado o seio que te troQxe e os peitos que te alimentaram. Jesus por~m replicou. Antes bemaventurados os que 2~ a. p~lavra de Deus e a põem em prática.

Cristo. (S.Paulo aos Colossenses 3. 16) Habite em v6s abundante a Pnlavr a de ~

(id. 3.17) Tudo quanto fizerdes por palavra ou por obra , s eja. em nome do Sonh<' ". Jesus, dando por Ele graças a. Deus.

(I Corintio.s 10. 31) Portanto, quer coroais, que r babeis ou faç ais outra coisa qualquer, fazei tudo pela gloria de Deus.

(João 2.3.) Disse a Mãe de Jesus: Eles não tem mai s vinho.

(Santa Terezinha) B' preciso mostrar a vida r eal de Noss a Senhora, tal oomo o Evangelho a deixa parecer, e não sua vi da imaginada. E é fa.cil pensar como sua vida em Na.zaré, e mais tarde, devia ser todà comum. "Jesus era-lhes submisso"; como isto é sim­ples! A gente apresenta Nossa Senhora inacessivel. Precisaria apresenta-la imitavel, pra.tl canto as virtudes escondidas, dizer que vivia na Fé, como n6s.

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