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Sabrina Martins Barroso Valéria Sousa de Andrade Selma Sanches Dovichi Cátia Silva DEMÊNCIAS: Algumas coisas que talvez você não saiba, mas precisa saber Uberaba - MG Universidade Federal do Triângulo Mineiro – UFTM 2014

Cartilha Demências

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Cartilha sobre demências criada pela UFTM

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  • Sabrina Martins Barroso

    Valria Sousa de Andrade

    Selma Sanches Dovichi

    Ctia Silva

    DEMNCIAS: Algumas coisas que talvez voc no saiba, mas

    precisa saber

    Uberaba - MG Universidade Federal do Tringulo Mineiro UFTM

    2014

  • Todas as imagens constantes da cartilha foram retiradas da Internet,

    por meio de pesquisa via Google e sua utilizao no pretende infringir os direitos autorais de nenhuma das imagens, mas apenas

    ilustrar este material instrucional de distribuio gratuita e de

    utilidade pblica.

  • O QUE QUEREMOS COM ESSA CARTILHA?

    Essa cartilha visa orientar pessoas que esto lidando com

    algum tipo de demncia, seja como cuidador ou como paciente. Por

    vezes passamos por situaes difceis e no sabemos bem a quem

    recorrer ou mesmo o que deveria ser importante perguntar. Outras

    vezes, mesmo quando somos orientados, continuamos com dvidas

    ou no entendemos direito o que fazer. Pensando nisso, alguns

    profissionais da Universidade Federal do Tringulo Mineiro

    montaram essas orientaes bsicas, que no vo responder a todas

    as suas dvidas, mas podem auxiliar um pouco para que voc decida

    como agir e onde buscar ajuda quando o assunto for relacionado s

    demncias. Esperamos poder ampliar essas orientaes com as

    contribuies de outros profissionais e de cuidadores no futuro.

    Como o material foi construdo na cidade de Uberaba (MG),

    alguns exemplos referem-se a essa cidade, mas a maior parte das

    informaes geral e vale para qualquer pessoa no Brasil.

    Caso tenha alguma dvida que no esteja nessa cartilha, entre

    em contato conosco por e-mail e tentaremos orient-lo:

    [email protected].

  • SUMRIO

    Informaes bsicas sobre as demncias 04

    Orientaes da nutrio 12

    Orientaes da terapia ocupacional 17

    Orientaes da psicologia 32

    Orientaes aos cuidadores sobre os cuidadores 42

    Orientaes do servio social 46

    Leis que podem ser teis aos pacientes e suas famlias 53

    Sobre os autores da cartilha 57

    Agradecimentos 58

  • 4

    1. INFORMAES BSICAS SOBRE AS DEMNCIAS

    O que so demncias?

    So alteraes que ocorrem no crebro do indivduo. Podem

    ter causas diferentes, como pequenos derrames cerebrais, tumores,

    baixas concentraes de vitaminas, alm de poder ocorrer em

    estgios avanados de algumas doenas (como no Mal de

    Parkinson). Elas afetam a memria, o raciocnio, a linguagem e o

    comportamento social.

    As demncias so progressivas, ou seja, vo piorando com o

    passar do tempo e ainda no tm cura. Podem ocorrer em qualquer

    perodo da vida do indivduo, mas so mais comuns em idosos.

    Quanto mais idosa a pessoa, maior sua chance de desenvolver uma

    demncia. As demncias costumam se organizar em fases:

    Fase inicial: Dura em mdia de 2 a 3 anos. O indivduo ainda

    bastante independente e socivel. Os sintomas so menos graves

    e o paciente ainda bastante independente;

    Fase intermediria: Pode durar de 2 a 10 anos, em mdia.

    Surgem mais sintomas que tendem a se agravar. O paciente

    pode ficar bem mais dependente;

    Fase avanada: Pode durar de 8 a 12 anos. Os sintomas se

    agravam e o paciente pode ficar acamado, tornando-se torna-se

    bastante ou completamente dependente.

  • 5

    Existe apenas a demncia popularmente conhecida como Mal

    de Alzheimer?

    No. H vrios tipos de demncias, classificadas de acordo

    com suas causas. Pode-se citar a demncia vascular (que ocorre aps

    vrios derrames no crebro), a demncia do Mal de Alzheimer (de

    causa ainda desconhecida), a demncia por Parkinson (que pode ser

    observada em estgios mais avanados do Mal de Parkinson), a

    demncia alcolica (observada em alcoolistas crnicos), demncias

    devido falta de vitaminas (especialmente a B12), e vrias outras. A

    Demncia de Alzheimer a mais comum.

    Quantas pessoas tm demncias no Brasil?

    H 6,6% de pessoas com demncias diversas em todo o

    mundo e 9,3% no Brasil. O Mal de Alzheimer a responsvel por

    50% a 60% dos casos de demncia nas pessoas idosas no Brasil.

    Por que algum desenvolve uma demncia?

    A verdade que ningum entende ainda porque algumas

    pessoas desenvolvem demncias e outras pessoas no. O que j

    sabemos que esse problema mais raro entre as pessoas que

    estudaram por mais tempo, costumam ler bastante e trabalham.

    Demncias tm cura?

    Infelizmente at o momento no. O que existem so remdios

    e ajudas paralelas (treino cognitivo, alimentao, fisioterapia, terapia

    ocupacional) para diminuir o ritmo das perdas e ajudar a manter os

  • 6

    pacientes independentes e com boa qualidade de vida pelo mximo

    do tempo possvel.

    Sintomas comuns nas demncias

    Os sintomas das demncias variam de pessoa para pessoa,

    mas alguns dos mais comuns so problemas de memria e na

    capacidade de resolver problemas de forma independente. Os

    sintomas no aparecem todos de uma hora para outra, so

    progressivos, o que significa que vo aparecendo aos poucos e

    piorando com o tempo. Alguns dos sintomas comuns nas demncias

    so:

    Na fase inicial:

    Os sintomas podem ser confundidos com aspectos normais do

    envelhecimento ou como frutos de aborrecimento e estresse,

    dificultando o diagnstico e tratamento precoce. O indivduo

    demenciado tende a:

    Esquecer-se de coisas do cotidiano que aconteceram

    recentemente (problemas com a memria recente);

    Perder senso de direo ou da noo de tempo (em que dia da

    semana est, por exemplo);

    Ter dificuldades para gravar novas informaes (dificuldades

    para aprender coisas novas);

    Apresentar alterao de humor (ficar mais agressiva sem um

    motivo aparente);

  • 7

    Demonstrar sinais de depresso (pode ser um sintoma ou ser um

    problema que se junta s demncias);

    Ser teimosa (como colocar objetos em lugares errados, etc.);

    Manifestar tremor nas mos e ps quando no est fazendo

    atividades (no caso da Doena de Parkinson).

    Na fase intermediria:

    Os problemas cognitivos aumentam, podendo afetar memria,

    raciocnio, concentrao, ateno, etc. O indivduo demenciado

    tende a:

    Repetir as mesmas informaes ou perguntas muitas vezes;

    Desorientar-se no tempo e no espao (que pode acontecer

    sempre ou s s vezes);

    No reconhecer lugares ou pessoas (que pode acontecer sempre

    ou s s vezes);

    Apresentar dificuldades para executar tarefas do dia a dia

    sozinho (podendo precisar de ajuda para alimentar-se, vestir-se,

    escrever, manipular dinheiro, entre outros);

    Mostrar problema de vocabulrio, como falar ou escrever frases

    sem sentido, perder as palavras, entre outros;

    Perder a iniciativa, ficando mais acomodado e sem vontade e

    precisando ser incentivado a fazer as coisas;

    Expressar alterao de humor, como mostrar-se nervoso ou

    deprimido em momentos diferentes do dia.

  • 8

    Revelar-se agressivo quando contrariado ou muito corrigido

    sobre as coisas que confunde;

    Ter certa dificuldade em conviver com outras pessoas

    (especialmente pessoas que no so ntimas do indivduo);

    Manifestar dificuldade para andar, com tendncia a cair;

    Comear a ter dependncia fsica e aumentar a dependncia

    psicolgica.

    Na fase avanada:

    O indivduo demenciado tende a:

    Ter dificuldade para raciocinar (muita dificuldade ou no

    conseguir fazer coisas simples que fazia antes com facilidade);

    Demonstrar dificuldade ou incapacidade de realizar atividades

    cotidianas sozinho (como tomar banho, pentear o cabelo, trocar

    de roupa, alimentar-se, etc.);

    Estar desorientao mais grave no tempo, espao e sobre

    pessoas (no sabe onde est, em que poca e no reconhece

    pessoas, at a si mesmo);

    Perder a capacidade de reconhecer pessoas, inclusive parentes

    mais prximos;

    Exibir incapacidade de julgamento (dificuldade de escolher

    outro item, caso aquele que estava procurando no esteja no

    local devido);

    Apresentar alteraes no comportamento (como agitao,

    agressividade, confuso, tendncia a andar sem parar ou ficar

  • 9

    muito tempo parado, tendncia a comer sem parar ou no comer,

    no falar, mostrar partes ntimas a outros, etc.);

    Tender a falar frases curtas, sem sentido ou difceis de serem

    entendidas, ou ausncia completa da fala;

    Perder a capacidade para engolir sozinho (deglutio);

    Mostrar incontinncia vesical e fecal (no ter controle para fazer

    xixi ou coc);

    Locomover-se com dificuldade e necessidade do apoio de outras

    pessoas ou precisar de cadeira de rodas;

    Mostrar-se totalmente restrito na cama.

    Nas fases iniciais das demncias as pessoas ainda so

    bastante independentes e tm que ser incentivadas a fazer o maior

    nmero de coisas possveis sozinhas ou com alguma superviso.

    Com o passar do tempo e o agravamento dos sintomas, podem se

    tornar parcial ou completamente dependentes dos cuidadores,

    requerendo maior ajuda dos cuidadores. muito importante colocar

    o paciente com demncia para fazer atividades de forma

    independente enquanto possvel, pois isso ajuda para que ele consiga

    ser independente por mais tempo.

    Tratamento das Demncias

    O tratamento bsico feito com medicamentos, receitados

    por um neurologista ou geriatra. Essa medicao pode ser

    conseguida gratuitamente na secretaria de sade. Orientaes sobre

    como obter a medicao encontram-se nessa cartilha, na pgina 46.

  • 10

    Os remdios ajudam caso sejam tomados TODOS os dias nos

    horrios e dosagens marcados pelo mdico. No se pode deixar de

    tomar os remdios em nenhum dia e nem mudar a dosagem ou os

    horrios por conta prpria. A medicao retarda a perda cerebral,

    fazendo com que os sintomas apaream mais lentamente, ou seja,

    menos graves.

    Nos ltimos anos as pesquisas tm mostrado que o fato de

    realizar atividades cognitivas TODOS OS DIAS tambm ajuda a

    diminuir a velocidade da doena. Essas atividades podem ser coisas

    simples, como fazer palavras-cruzadas, jogar jogo da memria,

    desenhar, entre outras. Isto pode ser combinado com a famlia e/ou

    orientadas por profissionais da Psicologia especializados nessas

    atividades (os neuropsiclogos).

    Com o passar do tempo a ajuda de um fisioterapeuta passa a

    ser muito importante, visto que o indivduo demenciado ficar

    restrito a se locomover atravs de cadeira de rodas. Alm disso, as

  • 11

    orientaes dos terapeutas ocupacionais, nutricionistas e

    fonoaudilogos ajudam demais, desde que seguidas de forma correta

    pelos pacientes e seus familiares.

  • 12

    2. ORIENTAES DA NUTRIO

    Alimentao e demncia

    Independente do tipo e grau de demncia, as recomendaes

    alimentares se baseiam em uma alimentao saudvel e que

    mantenham as funes corporais plenas. Se alm da demncia uma

    pessoa tiver outras doenas tambm, como sobrepeso, hipertenso

    arterial, doenas cardiovasculares, diabetes, entre outras, ser

    necessrio consultar um nutricionista para um acompanhamento

    nutricional individualizado;

    A demncia, em estgios iniciais, causa dificuldades para

    escolher, comprar ou mesmo preparar alimentos. O indivduo que

    relata dificuldades nestas atividades precisa ser acompanhado nas

    mesmas para aconselhamento, preservando, na medida do possvel,

    sua autonomia. Em estgios intermedirios da demncia, comum

    que essas pessoas se esqueam de fazer refeies, faam refeies

    repetidas ou desenvolvam alteraes de paladar que as levam a

    consumir combinaes estranhas de alimentos ou mesmo ingerir

    substncias que no so alimentos. Quando isso acontece,

    necessrio restringir o acesso a alimentos e oferecer refeies

    preparadas e acompanhadas pelos cuidadores em horrios

    determinados, oferecendo refeies de 3 em 3 horas. Assim, a

    chance de que o indivduo coma algo que no seja comida menor

    porque ele se mantm saciado.

    A partir dos estgios intermedirios da demncia, o uso

    dirio de medicamentos muito frequente. Cada medicamento pode

  • 13

    interferir no estado nutricional, seja aumentando a necessidade de

    um nutriente ou mesmo impondo a restrio de outro nutriente.

    Neste caso, importante ter acompanhamento de um nutricionista,

    que avaliar os medicamentos usados e as alteraes necessrias na

    alimentao.

    10 passos para uma alimentao saudvel na demncia:

    1. So recomendadas no mnimo 6 refeies por dia (caf da

    manh, lanche da manh, almoo, lanche da tarde, jantar e

    ceia), oferecidas de 3 em 3 horas, em horrios fixos e

    praticados todos os dias;

    2. Oferecer todos os tipos de alimentos saudveis: frutas,

    legumes, verduras, cereais (arroz, milho, trigo), tubrculos

    (mandioca, batata-doce, car, inhame, batata), leguminosas

    (feijo, ervilha, lentilha, soja), carnes (ovos, peixes, frango,

  • 14

    vaca), leite e laticnios (preferir os desnatados), usando com

    moderao leo e acar;

    3. Os peixes de todos os tipos so timos nos casos de

    demncia, por conter protenas, vitaminas e gorduras que

    auxiliam o funcionamento do crebro. O que se deve evitar:

    peixes com espinhas e peixes fritos (d preferncia para

    assados, grelhados, ensopados e cozidos);

    4. Incentivar que o paciente use utenslios e talheres seguros

    (pratos que no quebrem e que se fixem na mesa, talheres

    infantis com pontas arredondadas, copos de plstico), para

    evitar ferimentos;

    5. Oferecer um prato de cada vez: primeiro a salada, depois

    os legumes, o arroz com feijo, a carne e a fruta. Assim,

    pode-se garantir que o paciente coma de tudo, ou ao menos

    um pouco de cada tipo de alimento;

    6. Alimentos que podem ser comidos com as mos so mais

    aceitos: oferea frutas e legumes em pedaos, tortas, bolos,

    pedaos de frango e lanches. No oferea frituras, mas sim

    prefira os assados devido ao seu melhor valor nutricional;

    7. Se o paciente tiver dificuldade para engolir, use alimentos

    pastosos (papas, purs, mingaus), mas tenha cuidado com a

    variedade. Oferea todos os tipos de alimentos para manter a

    boa nutrio;

    8. Usar ovos cozidos por 8 minutos e soja (de diferentes

    formas) com frequncia, para garantir um bom fornecimento

  • 15

    de colina, um nutriente que ajuda a equilibrar as funes

    cerebrais;

    9. Cuidar muito bem da higiene oral aps cada refeio e

    sempre com acompanhamento;

    10. Oferecer gua filtrada ao longo do dia, no intervalo das

    refeies, garantindo o consumo de 8 a 10 copos por dia.

    Durante as refeies so permitidas pequenas quantidades de

    lquidos (1/2 copo) para ajudar na deglutio.

  • 16

    Tabela 1. Sugesto de distribuio de pores de alimentos para um

    dia alimentar saudvel

    Alimento Nmero de pores/dia

    Po integral com recheios

    variados (requeijo ou margarina

    light, queijo branco ou ricota)

    2 sanduches ou 4 fatias de po

    com recheio em pequena

    quantidade

    Leite e laticnios desnatados ou

    light

    3 xcaras ou 3 fatias

    Frutas 3 diferentes por dia, no mnimo 1

    ctrica laranja, acerola, kiwi, goiaba, etc.

    Batatas e tubrculos 1 a 2 pedaos

    Arroz ou macarro 4 a 6 colheres (sopa)

    Feijo ou leguminosas 1 concha grande ou 2 pequenas

    Saladas cruas (folhas e legumes

    crus)

    de prato no almoo e no

    jantar

    Legumes cozidos (folhas e

    legumes cozidos)

    de prato no almoo e no

    jantar

    Carnes magras (peito de frango,

    carne bovina ou de porco sem

    gordura) ou peixe

    1 pedao mdio ou 2 pequenos

    leo para preparar alimentos 1 colher (sopa)

    Azeite de oliva para saladas

    cruas

    1 colher (sopa)

    Lquidos (gua de preferncia) 8 a 10 copos mdios

    Sal 5g (usar o mnimo possvel; a

    comida no pode ser salgada)

    Acar No recomendado; usar o

    mnimo possvel ou substituir

    pelo adoante de Stevia Obs.: As quantidades aqui expressas so sugestes generalistas, baseadas em uma

    dieta de 2000 kcal. O acompanhamento nutricional individualizado oferece

    indicaes nutricionais mais precisas e indicado em todos os casos. * 1g de sal

    o suficiente para encher uma tampa de caneta BIC. 5g = 5 tampas.

  • 17

    3. ORIENTAOES DA TERAPIA OCUPACIONAL

    O que Terapia Ocupacional?

    A Terapia Ocupacional (TO) uma profisso da rea da

    sade cujo objetivo primrio possibilitar ao indivduo realizar suas

    atividades de forma independente com ou sem auxlio de outras

    pessoas ou de equipamentos que o auxilie. A TO atua junto a

    pessoas com comprometimentos fsicos, sociais e mentais.

    Como a TO pode atuar junto com indivduos com demncia?

    Os objetivos da TO se resumem em instruir o indivduo

    demenciado e seu familiar/cuidador quanto doena, possibilitar que

    o indivduo utilize a capacidade que ainda possua para fazer suas

    tarefas do dia-a-dia (at quando for capaz de faz-lo) e dar

    orientaes quanto a adaptaes que podem ser feitas no ambiente

    no qual o indivduo vive. Tudo isso pode melhorar muito a

    independncia do indivduo demenciado nas atividades cotidianas,

    controlar seus problemas de comportamento que sero observados e

    promover sua socializao com outras pessoas, at quando for

    possvel. Nesta cartilha iremos nos ater s orientaes a serem dadas

    ao cuidador e ao indivduo demenciado para evitar/diminuir

    distrbios de comportamento (como agitao, perambulao,

    agressividade, compulsividade, confuso, dentre outros).

    O que fazer para tentar diminuir os problemas comportamentais

    do indivduo demenciado?

  • 18

    Sabemos que nem tudo possvel, mas nos locais onde o

    indivduo demenciado demonstrar distrbios de comportamento o

    cuidador pode fazer adaptaes. A seguir, daremos algumas dicas de

    como faz-lo de acordo com cada fase da demncia:

    Fase Inicial

    Na fase inicial da demncia as pessoas ainda so bastante

    independentes. No h necessidade de cuidador. Assim, a funo

    principal da TO incentivar o indivduo demenciado a continuar a

    fazer o que conseguir por si prprio (ou com alguma superviso leve

    do cuidador). As dicas TO vo se voltar para levar o indivduo

    demenciado a: a) se esforar por continuar fazendo suas atividades

    de vida diria (como se banhar, trabalhar, assistir TV, tomar

    medicaes, etc.); b) ficar atento sobre onde guarda suas coisas para

    evitar que se esquea depois (ex., tomar cuidado para no se

    esquecer de coisas cozinhando no fogo); c) carregar sempre

    documentos que mostrem seu nome/endereo/telefone quando for

    sair de casa que possa encontrar sua famlia, caso ele se perca; d)

    orientar o familiar a dar ao indivduo demenciado informaes

    simples para que ele possa exercitar a capacidade de aprender coisas

    novas; e) orientar o familiar a no contrariar o indivduo por coisas

    evitveis, uma vez que ele pode mostrar alterao de humor.

    A rotina fundamental na vida do indivduo com demncia,

    pois fazer a mesma coisa, na mesma hora e do mesmo jeito, o ajuda

    a se lembrar, podendo at auxiliar o cuidador na execuo das

    atividades de superviso e cuidado. Portanto, importante que o

  • 19

    indivduo demenciado tenha horrio para levantar, comer, fazer

    atividades, assistir TV, tomar sol, ir a casa de amigos e dormir.

    Sugere-se que o indivduo que j tinha o hbito de dirigir

    continue a faz-lo apenas quando acompanhado por algum. Essa

    recomendao se deve ao fato que ele pode apresentar erros bsicos,

    mas importantes, como no parar no sinaleiro (farol/semforo),

    esquecer-se como ir a locais familiares, apresentar lentido ao tomar

    decises, dirigir em velocidade inferior ou superior ao que deve,

    ficar nervoso ou confuso enquanto dirige e outros problemas.

    Adaptao do ambiente da casa na fase inicial

    Como o indivduo apresenta leves sinais de demncia, o

    cuidador pode comear com passos simples:

    Mantenha os cmodos em ordem - Deixe o caminho livre para

    evitar quedas.

    Tenha sempre pendurado relgios nos quartos e outros

    cmodos bem como mantenha calendrios atualizados em

    partes visveis da casa (como na geladeira ou no espelho do

    banheiro) Isso far com que o indivduo demenciado

    identifique a data e o horrio e se mantenha atualizado.

    medida que a doena evoluir, sempre bom que o cuidador

    repita para o indivduo qual o dia, a hora, o ms e o ano. No

    incio da doena, quando o indivduo ainda conseguir raciocinar,

    o cuidador pode tambm adaptar as formas de orientao, como

    colocando placas com letras grandes que o indivduo possa

  • 20

    completar, como o exemplo a seguir:

    HOJE DIA (inserir aqui: dia do ms, ms, ano, dia da semana)

    Coloque retratos dos familiares e amigos do indivduo por

    toda a casa Assim, pode-se sempre auxiliar o indivduo a

    exercitar memria e relembrar com ele os nomes das pessoas

    nos retratos.

    Deixe objetos pessoais (como pente, lenos, talheres, etc.) em

    lugares de fcil acesso - Objetos pessoais so reconfortantes e

    ajudam a promover o autocuidado.

    Mantenha as roupas arrumadas no armrio do indivduo

    demenciado importante que o armrio esteja bem

    organizado (ex., camisas de um lado, calas do outro, calcinhas

    na 1 gaveta, etc.) para que o indivduo consiga se vestir s ou

    com o mnimo de auxlio. Se estiver desorganizado, ele pode se

    desorientar ou nem ser capaz de e vestir, podendo at mesmo

    ficar agressivo.

    Fase intermediria

    Nesta fase o indivduo comear a perder a capacidade de

  • 21

    fazer suas atividades dirias. Assim, ele necessitar do auxlio de um

    cuidador. Sugere-se que o cuidador estimule o indivduo a fazer o

    mximo que conseguir, mas dever sempre estar por perto. Com a

    evoluo da doena, o indivduo pode tender a demonstrar

    problemas relacionados ao vocabulrio ou a se esquecer dos nomes

    das pessoas, de coisas e das situaes, confundindo e trocando

    palavras, como falar isto aquela coisa de escrever, ao invs de

    isto uma caneta. Fica, assim, cada vez mais difcil entender o que

    o indivduo demenciado quer expressar.

    possvel que o indivduo perca a pacincia com frequncia,

    alm de ter dificuldade em realizar tarefas mais complicadas e que

    exijam maior raciocnio. Assim, interessante que o cuidador

    simplifique as atividades. Uma das formas de faz-lo dividi-las em

    etapas. Por exemplo, ao tomar banho, oriente-o passo a passo sobre o

    que tem que fazer como: 1) vamos para o banheiro; 2) tire a blusa; 3)

    tire a cala comprida; 4) tire as roupas ntimas; 5) entre no box; 6)

    lave o brao direito, etc. O cuidador deve fazer cada parte da

    atividade at terminar.

    J no interessante que o indivduo dirija, ou seja, ele passa

    a ser passageiro e precisar de algum para lev-los aos lugares que

    desejar ir. Por ter tendncia a repeties de informaes, evite

    levantar a voz, corrigir muitas vezes ou discordar do demenciado,

    pois isso pode deix-lo agitado e agressivo. Caso acontea, tente

    acalm-lo, mudando o foco da conversa para algo que lhe interesse.

    Assim como na fase inicial, a rotina fundamental, pois

    fazer a mesma coisa, na mesma hora, do mesmo jeito, ajuda o

  • 22

    indivduo demenciado a se lembrar. No entanto, nesta fase o

    cuidador ter que auxiliar mais o indivduo a se lembrar de manter a

    rotina. No deixe o indivduo manusear tarefas perigosas e

    complicadas, como utilizar o fogo, gua quente, gs, facas e

    tesouras. Alm disto, no o deixe guardar coisas em locais altos ou

    trocar lmpadas para que sejam evitadas quedas e futuras fraturas.

    Adaptao do ambiente da casa na fase intermediria

    O TO orienta o cuidador a fazer o seguinte:

    Mantenha os cmodos em ordem - Deixe o caminho livre e

    evite quedas. No deixe a pia da cozinha ou quaisquer outros

    pontos da casa desorganizados.

    Instale corrimos Para que o indivduo saiba exatamente

    onde esto os corrimos, no deixe que eles tenham a mesma

  • 23

    colorao das paredes ou dos pisos, o que ir evitar que o

    indivduo fique confuso. Isso ir auxiliar, tambm, que sejam

    evitadas quedas. possvel colocar os corrimos ao lado do

    vaso sanitrio, na rea do banho, em escadas, em corredores,

    etc. Lembre-se que o formato do corrimo e onde ele deve ser

    colocado so fatos muitos importantes. A dica que o corrimo:

    1) deve ser arredondado; 2) possuir dimetro de 3,5 cm a 5 cm;

    3) ter altura de 92 cm do piso; 4) estar afastado pelo menos 4 cm

    da parede. O material ideal para o corrimo o ao inox. Mas

    quando isto no for possvel, use materiais que no escorreguem

    e que no enferrujem.

    Remova carpetes e tapetes Quando isto no for possvel,

    proteja-os com material antiderrapante (que no escorrega). Isto

    ir garantir que as bordas estejam bem aderidas ao cho e

    ajudar a evitar quedas e confuses do indivduo.

  • 24

    Use torneiras nos banheiros e cozinha que sejam conhecidas

    pelo indivduo Isto ir favorecer que ele saiba como us-las,

    aliviando ou evitando ansiedades e facilitando que ele zele por

    seu autocuidado. Isso significa no trocar o tipo de torneira que

    o individuo sabe usar, comprando uma que possa ser aberta e

    fechada do mesmo jeito que a antiga, se isso for necessrio.

    Use cores claras e leves na decorao - Cores claras e

    contrastantes, como branco com azul, evitam que haja confuso,

    o que muito frequente no indivduo demenciado. Evitar a

    confuso importante porque ela pode levar a agressividade,

    perambulao, quedas, alm de propiciar ao indivduo

    demenciado esbarrar em moblias e, consequentemente

    apresentar machucados ou outros acidentes.

    Verifique se a iluminao est adequada Isto pode depender

    de como a vida do indivduo. Por exemplo, se ele j tem o

    costume de ficar com luzes mais fortes, mantenha tal

    intensidade. Se, por outro lado, ele apresenta agitao com luz

    mais forte, diminua a intensidade da luz. Da mesma forma, se o

    indivduo prefere luz mais clara, prefervel que ela seja usada.

    Lembre-se de sempre verificar a iluminao para modificar a

    intensidade se achar necessrio. bom lembrar que a

    iluminao correta pode ajudar o indivduo a dormir bem, sem

  • 25

    interrupes.

    Instale relgios e calendrios em locais que possam ser

    facilmente visualizados - Fornecer avisos poder ajudar o

    indivduo demenciado a se orientar e no se perder ou ficar

    confuso e agressivo. Sinais que usem imagens e texto precisam

    ser colocados a uma altura que possam ser vistos. importante

    lembrar que todos os utenslios devem ser simples e ser

    facilmente reconhecidos pelo indivduo, o que pode evitar

    confuso.

    A dica de colocar placas com letras grandes mostrando dia,

    ms, ano, dia da semana, como dada na fase inicial, pode

    continuar. Mas, como o indivduo est na fase intermediria,

    interessante que o cuidador (e no o individuo) complete a

    informao sobre a data e repita vrias vezes ao dia para a

    pessoa demenciada, para sua melhor orientao temporal.

    Retire as trancas (ou chaves) do lado de dentro dos cmodos

    - O indivduo pode se trancar naqueles cmodos e no saber

    como sair. Isto pode levar agitao, frustrao e agressividade.

    Bem como a conduzir a traumas e machucados.

    Garanta que os pisos no apresentem motivos que

    confundam o indivduo (como riscos, efeitos de pedras,

    listras, muito brilho como porcelanato ou cho encerado) e

    que tambm no sejam escorregadios - As pessoas com

  • 26

    demncia podem interpretar sombras ou reas escuras no cho

    como buracos, confundindo-se ou machucando-se. Algumas

    opes so trocar o piso por cermica lisa sem

    brilho/riscos/desenhos, passar tinta antiderrapante (com

    colorao leve) no cho, etc. Procure aquilo que se encaixe

    melhor no seu oramento.

    Deixe objetos pessoais (como pente, lenos, etc.) em lugares

    de fcil acesso - Objetos pessoais so reconfortantes e ajudam a

    promover o autocuidado.

    Deixe os sons (telefones, campainhas, alarmes e outros) em

    um volume que seja confortvel para o indivduo e que no o

    incomode - Barulho pode deixar o indivduo estressado e

    agitado, alm de tornar a concentrao difcil e aumentar sua

    ansiedade.

    No deixe expostos materiais que possam cortar - Como

    facas, tesouras, gilette e agulhas. No se esquea de que o

    indivduo demenciado tende a perder a capacidade de

    diferenciar o que seguro do que no . Evite acidentes!

    No deixe expostos materiais slidos (como sabo/sabonete,

    veneno para barata, etc.) ou produtos lquidos, de limpeza e

    lquidos txicos (como gua sanitria, perfume, detergente,

  • 27

    shampoo, amaciante) - O indivduo demenciado pode

    confundi-los com comida ou bebida ou algo do tipo e ingeri-lo.

    Assim como quando convivemos com crianas, todos os

    produtos potencialmente txicos devem ficar guardados fora de

    vista, de preferncia trancados.

    Escolha bem o contraste das louas - Para as pessoas com

    demncia, louas, talheres e copos devem ser escolhidos com

    cuidado, para que eles reconheam esses objetos. Preste ateno,

    tambm, que as louas devem oferecer contrastes de cor com a

    comida ou bebida para que as pessoas possam diferenci-las dos

    alimentos e no ter problemas para comer/beber.

    No deixe as vasilhas com comida em cima da mesa no

    horrio das refeies Alguns indivduos com demncia

    podem comer sem parar. Caso isso acontea com o paciente sob

    seus cuidados, ajude-o a se servir junto ao fogo ou zele para

    que ele se sirva na mesa e, imediatamente depois, retire as

    vasilhas com comida, deixando na mesa apenas seu prato com

    comida.

  • 28

    Para auxiliar o indivduo a se atentar para quando sero as

    prximas refeies o cuidador pode fazer uma tabela e colocar

    na parede para marcar deixar isto bem claro, como por exemplo,

    A prxima refeio caf da manh:

    Preste ateno nos espelhos - Espelhos podem aumentar a

    desorientao, pois o indivduo demenciado pode se confundir,

    achando que est vendo outra pessoa no espelho. Isto o deixa

    agitado e agressivo. Se o indivduo estiver apresentando

    alteraes comportamentais que tm ocorrido frequentemente

    A PRXIMA REFEIO :

    ........................................................

  • 29

    quando ele se locomove prximo a espelhos, cubra-os (com panos

    lisos) ou os retire.

    O cuidador deve se orientar como ajudar o indivduo a se

    vestir Nesta fase, o indivduo ter dificuldade em escolher as

    roupas sozinho. Assim, o cuidador dever ajud-lo colocando

    poucas peas de roupas (como 2 ou 3 de cada tipo) sobre a cama e

    sugerir que o indivduo escolha o que quer vestir. Caso o

    indivduo no consiga, o cuidador deve dar a ele pea por pea

    (por exemplo, primeiramente a cueca, em segundo lugar a blusa,

    etc.) para ajud-lo a se vestir. Lembre-se, cuidador: procure no

    fazer pelo indivduo o que ele pode fazer por si s. Isto far com

    que ele exera a capacidade que ainda possui.

    Fase avanada

    O cuidador deve ter muita pacincia e organizar a rotina do

    indivduo, pois nessa fase a doena j evoluiu o bastante para que ele

    no tenha interesse em fazer qualquer atividade do cotidiano. Ele vai

    apresentar maior dificuldade em realizar tarefas simples por no se

    lembrar de como fazer ou confundir a sequncia. Assim, o cuidador

    ter que fazer todas as atividades (ou a maior parte delas) pelo

    indivduo.

    possvel que o demenciado fique s na cama e sem muitas

    expresses e vontades. Portanto, o cuidador dever mudar o

    indivduo de lado a cada 2 horas (ou lembr-lo de se virar, caso ele

    ainda consiga) para evitar feridas no corpo dele.

    O cuidador deve permanecer sempre tranquilo e falar de um

  • 30

    modo gentil e amigvel, comunicar-se com frases curtas e simples,

    de fcil entendimento, sem elevar a voz, enfocando uma coisa de

    cada vez, dando tempo para o demenciado entender, mesmo que seja

    esperado que ele j no entenda mais nada. Se for necessrio, pode-

    se repetir palavras que expressem o mesmo sentido, como por

    exemplo, dizer: tomar banho, lavar o corpo, entrar no

    chuveiro. J ao dizer nomes, oriente-o sobre quem a pessoa ou de

    onde ele as conhece, dizendo: "Maria, sua filha, chegou. ou Joo,

    seu amigo, est aqui".

    Adaptao do ambiente da casa na fase avanada

    Mantenha os cmodos em ordem - Deixe o caminho livre e

    evite quedas.

    Deixe os sons (telefones, campainhas, alarmes e outros) em

    um volume que seja confortvel para o indivduo e que no o

    incomode Assim como na fase intermediria, o barulho pode

    deixar o indivduo estressado e agitado, alm de aumentar sua

    ansiedade.

    Verifique se a iluminao est adequada Isto pode depender

    de como a vida do indivduo. Por exemplo, se ele j tem o

    costume de ficar com luzes mais fortes, mantenha. Se, por outro

    lado, ele apresenta agitao com luz mais forte, diminua a

    intensidade da luz. Da mesma, se o indivduo prefere luz mais

  • 31

    clara, prefervel que ela seja usada. Lembre-se:

    - que agora o indivduo est na fase avanada da doena e

    que a possibilidade de problemas de comportamentos

    maior do que em outras fases.

    - que a iluminao correta pode ajudar o indivduo a

    dormir bem, sem interrupes.

    - de modificar a intensidade da luz, se achar necessrio.

  • 32

    4. ORIENTAES DA PSICOLOGIA

    As demncias acarretam grandes alteraes na vida do indivduo

    demenciado e de seus familiares. Durante a fase inicial, os sintomas

    so mais brandos e geralmente envolvem apenas esquecimentos e

    episdios de confuso, mas tambm pode surgir um quadro

    depressivo. Com a evoluo da doena para as fases intermediria e

    avanada comum que comecem outros problemas de

    comportamento e alteraes de humor, requerendo muita pacincia e

    jogo de cintura dos cuidadores. Indicamos alguns aspectos comuns

    nos quadros demenciais e breves orientaes sobre como agir em

    cada caso.

    Entendendo as dificuldades de memria

    As confuses de memria so geralmente um dos primeiros

    sintomas percebidos, mas, no comeo, a pessoa com demncia e a

    famlia acreditam que os esquecimentos so normais ou coisa da

    idade. Esquecer algo s vezes, quando se est nervoso ou no se

    tem costume com uma informao, faz parte da vida de todos.

    Diferentemente disto, no caso das demncias, a pessoa esquece

    coisas com as quais est acostumado, em especial coisas mais

    recentes. O indivduo com demncia tambm tende a se perder em

    ambientes muito conhecidos, no consegue organizar-se como

    sempre fez e passa a ter dificuldades para comunicar-se e participar

    eventos que costumava frequentar.

    No incio de uma demncia o indivduo tenta esconder as

  • 33

    coisas que no consegue fazer, desconversando quando perguntado

    sobre algo que no lembra ou inventando respostas que no contam

    o que realmente aconteceu. Na fase inicial da doena til que o

    cuidador corrija os esquecimentos e informaes erradas dadas pelo

    paciente. A partir da fase intermediria, corrigir o paciente s serve

    para deixa-lo nervoso e agitado, assim, os cuidadores devem deixar

    pra l, sempre que conseguirem a calma necessria para faz-lo,

    respondendo ao paciente mesmo que ele tenha errado seu nome ou

    no saiba exatamente quem voc.

    Outras dificuldades que o cuidador pode perceber

    O paciente tambm pode passar a mostrar desinteresse por

    coisas que antes lhe davam prazer ou a que ele ser dedicou por muito

    tempo. Como a falta de iniciativa uma das caractersticas das

    demncias, deixar atividades de lado pode ser um sintoma e chamar

    ou mesmo insistir para que o indivduo demenciado participe de

    atividades, v a reunies e encontros familiares pode ajud-lo a

    manter sua socializao.

    As alteraes de humor tambm podem acontecer,

    especialmente nas fases intermediria e avanada das demncias e

    geralmente comeam quando o paciente tenta fazer algo e no

    consegue ou quando apresenta um episdio de confuso. Nessas

    situaes no adianta confrontar o demenciado, troque de assunto ou

    afaste-se por alguns minutos, para que ele se acalme.

    Alteraes de rotina tornam-se igualmente difceis para os

    indivduos demenciado, pois um dos sintomas das demncias a

    dificuldade para aprender coisas novas, Essa situao convida os

  • 34

    cuidadores a no fazerem grandes mudanas na decorao da casa ou

    no local onde cada coisa guardada e, caso faam, repetir vrias

    vezes para os pacientes demenciados que mudana foi feita e onde

    esto os objetos agora, todos os dias.

    A socializao uma preocupao, pois comum que

    pessoas com demncias sintam-se pressionadas, incapazes,

    inadequadas, e tendem a isolar-se, restringir-se ao leito domstico.

    Isso exige observao do cuidador e dos profissionais de sade que

    acompanham o caso e pode haver necessidade de psicoterapia e/ou

    medicao antidepressiva e/ou ansioltica. importante lembrar que

    a convivncia com outras pessoas j , por si s, um exerccio para o

    crebro. Quanto mais a pessoa estiver em meio a outras, mais

    competente ela se sente, mais estmulos fornece ao seu crebro e

    mais combate est oferecendo aos avanos do processo demencial.

    A depresso faz com que a piora da demncia seja mais

    rpida

    comum que indivduos demenciado apresentem alteraes

    de humor, o que prejudica ainda mais o funcionamento cerebral.

    Quando uma pessoa aumenta seu nvel de estresse, ansiedade ou

    depresso ela altera o tipo e quantidade de nutrientes necessrios

    para seu crebro funcionar bem, o que afeta seu comportamento.

    Com a passagem de tempo, essa alterao qumica faz com que

    regies cerebrais sejam muito desgastadas ou funcionem de forma

    mais lenta do que o normal. Por isto, no se sabe se os transtornos de

  • 35

    humor, em especial a depresso, atuam como causa ou consequncia

    das demncias, mas sabe-se que uma grande parcela dos indivduos

    com demncia tambm apresenta depresso.

    Isto requer que os indivduos demenciado sejam avaliados

    para depresso e tambm recebam acompanhamento para depresso

    se apresentarem esse problema. Quanto mais intenso for o transtorno

    de humor, maior alterao qumica ocorre no crebro que, cada vez

    mais frgil, mais rapidamente evolui no comprometimento de suas

    funes, gerando o agravamento da demncia.

    Vivemos enquanto estamos aprendendo e nos sentindo teis

    importante que todos saibam que o crebro precisa de

    desafios e novos aprendizados para permanecer funcionando, ento

    mudar alguns hbitos e permanecer fazendo o que consegue fazer

    sozinho muito importante, especialmente diante de um quadro de

    demncia. Sabemos o quanto sofrido e angustiante ver a

    dificuldade de algum prximo a ns para realizar algo, no caso das

    demncias, quanto mais o paciente fizer por ele mesmo, ainda que

    precise de pistas, ajuda ou superviso, melhor para ele.

    comum ouvir filhos, netos e outras pessoas amadas dizendo

    que ele no precisa mais fazer isto, j trabalhou tanto a vida inteira,

    agora hora de descansar. Na verdade, tal fala est mais ligada a

    impacincia de esperar o outro fazer algo de forma mais lenta e

    desajeitada ou a sentimento de pena, comuns nas pessoas que

    convivem com indivduos com demncias. Desejando evitar que

  • 36

    objetos sejam danificados, que o ambiente seja desorganizado ou que

    a confirmao que a pessoa no faz mais as coisas to bem quanto

    antigamente, muitos cuidadores tendem a fazer tudo pela pessoa com

    demncia, levando-a a acomodao e desmotivao para a realizao

    de suas atividades bsicas. Lembrem-se que a falta de interesse j

    um dos sintomas das demncias, fazer as atividades que o paciente

    ainda consegue no lugar dele s agrava esse sintoma, prejudicando

    quem voc tenta ajudar.

    Neste contexto, vale ressaltar que a realizao de atividades

    simples do dia a dia j fundamental para que a pessoa se sinta til,

    capaz e independente. Tais sentimentos ajudam a evitar transtornos

    de humor, prejudiciais aos pacientes, como dito anteriormente.

    importante, tambm realizar todos os dias algum tipo de

    atividade cognitiva e variar essas atividades. Abaixo esto listadas

    algumas tarefas que podem ser utilizadas, organizadas pelas fases da

    demncia.

    Na fase inicial

    Para trabalhar memria: contar histrias sobre coisas vividas

    em determinadas fases da vida (10 a 20 anos, 20 a 30 anos, etc),

    jogar jogo da memria, olhar o dia da semana e do ms no

    calendrio todos os dias em um determinado horrio, assistir

    uma notcia no jornal e contar essa notcia com as suas prprias

    palavras, construir um mural com grade horria das atividades

    semanais para que a pessoa constantemente consulte e memorize

    por treino e repetio.

  • 37

    Para trabalhar encadeamento (capacidade de entender

    fatos/histrias com incio, meio e fim e de passar

    informaes de forma coerente e ordenada): ler manchetes de

    jornal ou histrias de jornal, revista, livros, contar uma

    lembrana comeando pelo desfecho (final, meio e comeo),

    inventar histrias sobre desenhos.

    Para trabalhar ateno e concentrao: jogo dos 7 erros,

    ouvir msica, mudar objetos de lugar e depois recoloca-los,

    jogos de computador.

    Para trabalhar controle motor: fazer alguma atividade com a

    mo no-dominante (um destro pentear o cabelo com a mo

    esquerda, por exemplo), caminhar, passar creme no prprio

    corpo, trabalhos manuais, colorir desenhos, copiar textos.

    Para trabalhar a perda de sentidos: identificar diferentes

    cheiros, passar creme, experimentar e descrever diferentes

    sabores, diferenciar paletas de cores, ouvir msicas de diferentes

    estilos.

    Para trabalhar socializao: passeios por locais pblicos,

    jogos com outras pessoas, conversar com familiares, no deixar

    a pessoa ficar apenas sozinha em seu quarto.

  • 38

    Na fase intermediria

    Na fase intermediria j pode haver comprometimento de

    linguagem e de memria mais severas e a tentativa de manter as

    atividades da fase anterior podem gerar mais ansiedade e frustrao

    do que oferecer auxlio. Assim, nesse perodo o foco em manter o

    idoso funcional e as atividades incluem atividades de vida bsicas

    (comer sozinho, tomar banho, escovar dentes e cabelo, vestir-se,

    etc.)

    Como em qualquer outro momento, necessrio que as

    coisas sejam feitas com pacincia e evitando estressar o idoso. Pea

    que ele colabore com as atividades que tem que ser feitas e apenas

    supervisione. Um dos erros comuns dos cuidadores fazer pelo

    idoso, porque o movimento j no fcil e tambm porque deixa-lo

    fazer sozinho gasta mais tempo e gera mais baguna do que fazer

    por ele, mas lembre-se que ele perder mais rpido suas habilidades

    se no exercit-las.

    Caso o idoso j esteja muito debilitado, apoie suas mos para

  • 39

    realizar as atividades, mas no as faa por ele enquanto isso for

    possvel. Nomeie todas as atividades que faro juntos de forma

    simples e busque usar frases mais simples e curtas para conversar

    com eles e pedir qualquer coisa. Como a compreenso j est

    comprometida, frases mais simples ajudam a que eles compreendam

    o que est sendo dito.

    Se o idoso j apresentar dificuldade para se comunicar, tente

    criar cartes com identificao das coisas que ele pode querer

    comunicar e deixe-os sempre prximo a ele. Incentive seu uso, pois

    ao conseguir se fazer entender, mesmo que de uma forma diferente

    da habitual, reduzimos o risco de crises emocionais e tambm no

    perceber que a pessoa precisa de gua, comida ou outro tipo de

    assistncia. A comunicao por cartes (como lembrete ou como

    forma nica de comunicao) muito usada fora do Brasil com

    pessoas com problemas de linguagem e autistas.

    Sempre que algum vier visitar apresente a pessoa

    novamente, lembrando seu nome ao idoso e sua filiao (Ex.: Essa

    Sabrina, filha do Antnio) e no corrija a pessoa a cada

  • 40

    esquecimento, nem a desminta se no for realmente necessrio.

    Nessa fase a repetio e o esquecimento j no podem ser corrigidos

    se o idoso se concentrar, ento pontuar isso todo o tempo apenas

    desgastante para o cuidador e humilhante para o idoso. Nomeie todas

    as coisas que utilizar ao longo das atividades (Ex.: colher, sabonete,

    camisa, etc.) ou explique para que servem, pois nesse perodo a

    capacidade de aprendizado ainda est presente, ento se for

    estimulado, o idoso pode relembrar alguns nomes e funes, mesmo

    que isso no ocorra no momento em que esto conversando.

    Uma atividade que ainda possvel nessa fase a pintura de

    desenhos ou tecido e a prtica de algumas atividades fsicas. Embora

    os idosos j no queiram essas atividades, convid-los e incentiv-

    los muito importante, porque a circulao piora e se ficarem muito

    parados podem originar outros problemas, especialmente se ficam

    deitados por muito tempo.

    Na fase avanada

    Geralmente nesse perodo os dficits de linguagem so mais

    srios ou o idoso j no fala. Alm disso, no raro que j estejam

    acamados e que tenham perdido o controle dos esfncteres (xixi e

    coc). A estimulao convencional j no funciona, restando aos

    cuidadores a orientao de seguir conversando e explicando tudo o

    que ocorre aos idosos, sempre com pacincia.

    Outro ponto que pode evitar inmeros problemas realizar a

    movimentao no leito dos idosos e tambm a estimulao indireta,

    fazendo massagem ou passando esponja seca, toalha e outros objetos

  • 41

    de diferentes texturas, mas que no geram desconforto por todo o

    corpo do idoso. Essa prtica fora o crebro a continuar prestando

    ateno no corpo do idoso e tambm auxilia na circulao e no

    sentimento de estar acolhido e confortado. Essa uma fase muito

    difcil para os cuidadores, mas torna-se sua funo tornar a

    existncia o mais confortvel possvel para o idoso.

  • 42

    5. ORIENTAES AOS CUIDADORES SOBRE OS

    CUIDADORES

    Cuidar de algum com demncia exige muito fsica e

    emocionalmente e toma muito tempo. comum que os familiares

    sejam os cuidadores e que eles terminem se esquecendo de cuidar

    deles mesmos, apesar de ter que cuidar de algum com demncia.

    Parece que as prioridades mudam e que voc, cuidador, passa ao

    segundo plano. Mas se algo acontecer a voc, quem vai ajudar ao

    paciente e a voc?

    Para cuidar, preciso estar bem e tambm ser cuidado

    muito importante que voc tenha um horrio fixo do dia para

    cuidar das suas necessidades tambm, para fazer algo que voc gosta

    e que possa ajud-lo a extravasar seu cansao e emoes negativas

    (que so normais, todos ns temos e vo aparecer em voc tambm).

    Isso pode ser feito indo conversar com um vizinho sobre algo que

    no seja o paciente de quem voc cuida, assistindo TV, caminhando

    ou fazendo qualquer outra coisa que voc goste. Sua atividade como

    cuidador muito importante, mas no representa tudo que voc .

    Voc merece e precisa de cuidados tambm.

  • 43

    Nesse sentido, tentar dividir as responsabilidades com outras

    pessoas, escolher e se vigiar para brigar apenas pelas coisas mais

    importantes, frequentar grupos de familiares, grupos de orao ou de

    atividades fsicas e investir tempo para manter amizades deveria ser

    encarado da mesma maneira que o tratamento do paciente, com

    seriedade e rotina. Procurar a ajuda de um psiclogo tambm pode te

    auxiliar, pense sobre isso. Se sua situao financeira no permite

    pagar por um psiclogo, saiba que toda universidade que tem o curso

    de Psicologia tem um servio escola em que voc pode receber

    atendimento psicolgico gratuito, feito por um estudante dos ltimos

    perodos do curso e supervisionado por um psiclogo experiente.

    As frustraes so inevitveis, mas podem ser menos

    dolorosas

  • 44

    O cuidador, sendo membro da famlia ou no, naturalmente

    acompanha no idoso um processo inverso ao que ocorreu no

    crescimento de seus filhos, netos ou outras crianas amadas. O idoso

    com demncia passa, desde o incio da doena, por perdas daquilo

    que j tinha aprendido e que fazia todos os seus dias. Com o avano

    da doena mesmo atividades simples como comer com a prpria

    mo podem tornar-se difceis e muitos familiares sofrem com o no

    reconhecimento ou por ver algum amado perdendo habilidades

    pouco a pouco. comum que o comportamento do indivduo com

    demncia mude, que fale cada vez menos, que interaja cada vez

    menos com as pessoas, participe menos das atividades da casa e da

    famlia, tenha cada vez mais dificuldades para se locomover, e

    realizar as atividades do dia a dia. Sabemos que tudo isso gera

    grande sofrimento para os cuidadores.

    importante que o cuidador entenda que as perdas de

    habilidades da pessoa em demncia fazem parte das caractersticas

    dessa patologia e vo acontecer, no importa o que o cuidador faa.

    Isto no quer dizer que devemos deixar as perdas acontecerem sem

    fazer nada, seguindo as orientaes desta cartilha, dedicando ateno

    e carinho, muito estar sendo feito para combater o avano da

    demncia. No entanto, na ocorrncia das perdas, a aceitao, bom

    enfrentamento e equilbrio do cuidador so importantes para que a

    pessoa sinta-se segura e protegida. Dessa forma, mesmo sentindo-se

    menos capaz do que tempos atrs, a pessoa com demncia sofre

    menos com os sentimentos de incompetncia, desvalorizao e de

    estar atrapalhando a vida das pessoas que o rodeiam.

  • 45

    Ser cuidador difcil porque exige muita pacincia, alm das

    outras atividades de cuidado. Ao longo dessa cartilha indicamos

    vrias vezes a necessidade de ter pacincia, de fazer alteraes no

    ambiente, de vigiar a alimentao dos indivduos com demncia.

    Gostaramos de ter a frmula para dizer a vocs como fazer isso,

    mas, infelizmente, isso no existe. Tudo o que podemos dizer que

    se voc no se anular, no sentir culpa por se divertir quando pode e

    de tirar um tempo para isso, mesmo que precise incomodar outro

    cuidador para que possa faz-lo, voc vai estar se mantendo mais

    saudvel e, com isso, fazendo o que melhor para voc e para o

    paciente sob seus cuidados.

    Sugerimos ainda que tire fotos, que crie lembranas com a

    pessoa de quem voc cuida, especialmente nos bons momentos

    (festas, passeios, conversas agradveis) para que voc tenha algo

    concreto para te lembrar sobre a felicidade dessa relao quando a

    situao se tornar difcil. Mas, acima de tudo, lembre-se que voc

    TEM DIREITO a pedir ajuda sempre e a perder a calma s vezes.

  • 46

    6. ORIENTAO DO SERVIO SOCIAL

    O que o Servio Social?

    uma profisso comprometida com a garantia e defesa dos

    direitos sociais, por meio dos servios, programas e projetos, no

    mbito da sade, educao, assistncia, meio ambiente, previdncia

    social, habitao, segurana pblica, trabalho, cultura, conselhos de

    direitos e gesto.

    Quem so os assistentes sociais?

    So profissionais que cursaram uma Faculdade de Servio

    Social e possuem registro no Conselho Regional de Servio Social

    (CRESS) do estado em que trabalham. A profisso regida pela Lei

    Federal 8.662/1993, que estabelece suas competncias e atribuies.

    O que fazem os assistentes sociais?

    Segundo o Conselho Federal de Servio Social (CFESS), os

    assistentes sociais analisam, elaboram, coordenam e executam

    planos, programas e projetos para viabilizar os direitos da populao

    e seu acesso s polticas sociais, como sade, educao, previdncia

    social, habitao e cultura. Analisam as condies de vida da

    populao e orientam as pessoas ou grupos sobre como ter

    informaes, acessar direitos e servios para atender s suas

    necessidades sociais. Assistentes sociais elaboram tambm laudos,

    pareceres e estudos sociais e realizam avaliaes, analisando

    documentos e estudos tcnicos e coletando dados e pesquisas. Alm

  • 47

    disso, trabalham no planejamento, organizao e administrao dos

    programas e benefcios sociais fornecidos pelo governo, bem como

    na assessoria de rgos pblicos, privados, organizaes no

    governamentais (ONG) e movimentos sociais. Assistentes sociais

    podem, ainda, trabalhar como docentes nas faculdades e

    universidades que oferecem o curso de Servio Social.

    Como obter a medicao gratuita para demncias

    Um dos maiores questionamentos das pessoas que tm

    demncias e/ou seus familiares, sobre a forma de conseguir a

    medicao gratuita, pois os remdios usados para tratamento das

    demncias tm custo bastante alto. Informamos que as medicaes

    ditas de "alto custo", para os diagnsticos de Alzheimer e Parkinson

    (por exemplo, medicaes como Donepezila, Galantamina,

    Amantadina, etc.) podem ser conseguidas levanto a receita mdica

    para a Gerncia Regional de Sade do seu municpio. O primeiro

    passo consultar um mdico para o diagnstico. Recebido o

    diagnstico o paciente ou seu cuidador poder solicitar a medicao

    gratuita.

    Em cidades como Belo Horizonte necessrio que o

    interessado pegue um formulrio na Gerncia Regional de Sade e o

    leve para que seu mdico preencha antes de abrir o caso de

    solicitao da medicao. No caso de Uberaba, onde a presente

    cartilha foi elaborada, a medicao pode ser conseguida levando a

    receita mdica para a Gerncia Regional de Sade de Uberaba

    GRS/URA, que abrange 27 municpios jurisdicionados a ela na

  • 48

    regio do Tringulo Mineiro.

    Para tanto, o interessado de posse da receita mdica, deve

    procurar a farmcia da GRS/URA, na Av. Maria Carmelita Castro da

    Cunha, 33, no bairro Fabrcio, (Telefones 33215415/ 33215622), e

    solicitar a montagem do Processo de solicitao de Medicamentos do

    Componente Especializado da Assistncia Farmacutica (ALTO

    CUSTO), sendo este o primeiro passo para a obteno gratuita dos

    medicamentos do programa.

    Os processos so montados na GRS/URA e encaminhados

    para a Secretaria de Estado da Sade, que faz a avaliao do pedido

    e emite o parecer tcnico, deferindo ou indeferindo a solicitao.

    Para a anlise dos processos, so verificados os critrios

    estabelecidos nos Protocolos clnicos e Diretrizes Teraputicas

    especficas para cada doena, que so aprovados pelo Ministrio da

    Sade. Na prtica, isso significa que eles vo analisar o relatrio do

  • 49

    mdico que atendeu o paciente com demncia e ver como ele fez o

    diagnstico e se esse diagnstico faz sentido com as informaes que

    esto sendo apresentadas (baixo nvel de vitamina B, dficits de

    memria e cognitivos, etc.). Se tudo estiver certo, eles autorizam

    (deferem) o pedido. Os pacientes com processos autorizados

    (deferidos) so includos no Programa e passam a receber os

    medicamentos na farmcia da GRS/URA, mensamente com dia e

    horrio agendados.

    Resumindo, o usurio interessado, dever obter, alm da

    receita mdica, para a incluso no programa a documentao listada

    abaixo, que dever ser entregue GRS de seu municpio (podendo

    variar):

    Checklist: formulrios contendo todos os exames e documentos

    necessrios para a abertura de processo de solicitao de

    medicamentos, organizados por doena;

    Laudo de Solicitao, Avaliao e Autorizao de medicamento;

    Termo de Esclarecimento e Responsabilidade;

    Declarao Autorizadora, que dever ser preenchida quando o

    paciente no puder comparecer para montagem e/ou

    recebimento dos medicamentos;

    Formulrios especficos (preenchidos pelo mdico para

    determinadas doenas).

    Os usurios interessados devem pegar os formulrios

    entregues pela GRS/URA, devem retornar ao servio de sade de

    origem, procurar no ambulatrio ou clnica do mdico que

  • 50

    prescreveu a medicao, para preencher o formulrio especfico

    indicado, anexar os resultados de exames, e se atendidos no Hospital

    de Clnicas da Universidade Federal do Tringulo Mineiro (HC),

    podero requer-los no Servio de Admisso e Alta (SAA), na

    Portaria principal do Hospital de Clnicas, com entrada pela Rua

    Getlio Guarit, mediante a apresentao de documentos pessoais e

    o carto de consulta do HC, quando anotaro os pedidos e ser

    agendada data para retirar os laudos ou resultados dos exames

    solicitados.

    Outras medicaes e servios pblicos gratuitos

    Outros locais de acesso aos recursos e servios pblicos da

    sade, para aquisio de outras medicaes de baixo custo,

    disponibilizadas pelo Sistema nico de Sade (SUS), temos em

    Uberaba, por meio das farmcias das Unidades Distritais de Sade,

    Unidades de Pronto Atendimento, Centro de Sade Eurico Vilela e

    Farmcia de Acolhimento da Secretaria Municipal de Sade. Os

    medicamentos disponibilizados esto expostos no site da Prefeitura

    Municipal de Uberaba (www.uberaba.mg.gov.br), entrar na

    Secretaria Municipal de Sade e acessar a listagem dos

    medicamentos disponveis na rede municipal. Lembrando que

    medicamentos para diabetes e hipertenso tm fornecimento gratuito

    nas chamadas Farmcias Populares e os demais medicamentos nesta

    mesma farmcia so adquiridos com preos mais acessveis.

    Quanto aquisio de fraldas descartveis geritricas,

    emprstimos de rteses e aparelhos ortopdicos atravs do

  • 51

    municpio, estes so solicitadas mediante cadastro da receita mdica,

    na Sede da Secretaria de Desenvolvimento de Social (SEDS), na rua

    Irmo Afonso, n 617 (fone 3331-2403) ou, dependendo do local

    de moradia do usurio, ele pode procurar em seu municpio as

    unidades do Centro de Referncia de Assistncia Social (CRAS),

    que tm oito unidades atendendo a cidade de Uberaba, estando os

    endereos disponveis no site da Prefeitura do Municpio de

    Uberaba, na Secretaria de Desenvolvimento Social (SEDS), no PAIF

    CRAS.

    Outras informaes referentes a direitos da pessoa com

    demncias, aqui somente sero citadas e melhor apresentadas e

    explicitadas no site da UFTM (www.uftm.edu.br/ladi), sendo alguns

    desses direitos:

    Iseno do Imposto de Renda dos rendimentos percebidos por

    pessoas fsicas de proventos de aposentadorias;

    Direito ao saque do FGTS/PIS/PASEP;

    Direito ao acesso aos relatrios mdicos e cpias de pronturios;

    Andamento Prioritrio em Processo Judicial;

    Direito ao auxlio-doena para tratamento de sade;

    Aposentadoria por invalidez e aumento de 25% sobre este

    provento ao necessitar de assistncia permanente de outra

    pessoa;

    Iseno na contribuio dos inativos para a Previdncia Social;

    Direito ao Benefcio de Prestao Continuada;

    Iseno de IPI e IOF;

    Quitao do Financiamento da Casa Prpria pelo Sistema

  • 52

    Financeiro de Habitao;

    Seguro de Vida e Direito curatela.

  • 53

    7. LEIS QUE PODEM SER TEIS AOS PACIENTES E

    SUAS FAMLIAS

    I A sade como direito de todos

    Constituio Federal Artigo 196 e seguintes;

    Lei Federal n 10.741 de 01/10/03 Estatuto do Idoso, artigo

    16;

    Lei Federal n 10.424, de 15/04/2002 Atendimento e

    Internao Domiciliar.

    II Acesso aos dados mdicos

    Constituio Federal Artigo 5, inciso XXXIV (para

    hospitais pblicos);

    Cdigo de Defesa do Consumidor artigo 43 (para os

    hospitais privados).

    Carta dos Direitos dos Usurios da Sade Min. Sade/2007.

    III Doenas graves previstas em leis

    Decreto Federal n 3.000 de 26/03/1999, artigo 39, inciso

    XXXIII;

    Lei n 8.541 de 23/12/1992, art. 47; Lei n 9.250 de

    26/12/1995, art. 30, 2;

    Instruo Normativa SRF n 25, de 29/04/1996; Lei Federal

    n 8.213 de 24/07/1991, artigo 151; Medida Provisria n

    2.164 de 24/08/2001, artigo 9; Lei Federal n 11.052 de

  • 54

    29/12/2004.

    IV Fundo de garantia por tempo de servio

    Lei Federal n 8.922 de 25/07/1994 FGTS, artigo 1;

    Lei Federal n 8.036 de 11/05/1990 FGTS, artigo 20, XIII e

    XIV;

    Medida Provisria n 2.164 de 24/08/2001, artigo 9.

    V Licena para tratamento de sade auxilio doena

    Lei Federal n 8.213, de 24/07/1991 LOAS artigos 26, II

    e 151.

    VI Aposentadoria por invalidez

    Constituio Federal artigos 201 e seguintes;

    Lei Federal n 8.213, de 24/07/1991 LOAS artigos 26, II

    e 151;

    Lei Federal n 10.666 de 08/05/2003, Art. 3; Decreto

    3048/1999, artigo 45.

    VII Benefcio de prestao continuada

    Constituio Federal artigos 195, 203 e 204;

    Lei Federal n 8.742, de 07/12/1993 Lei Orgnica da

    Assistncia Social;

    Decreto Federal n 1.744 de 08/12/1995; Lei Federal 10.835,

    de 08/01/2004;

  • 55

    VIII Seguro de vida

    Lei n 10.406, de 10/01/2002 (Cdigo Civil Brasileiro)

    Artigos 757 a 788.

    IX Iseno do imposto de renda na aposentadoria

    Constituio Federal artigos 5 e 150, II;

    Lei Federal n 7.713 de 22/12/1988, artigo 6, XIV e XXI;

    Lei Federal n 8.541 de 23/12/1992, artigo 47; Lei Federal n

    9250 de 26/12//1995, artigo 30; Instruo Normativa SRF n

    15/01, artigo 5, XII;

    Decreto Federal n 3.000 de 26/03/1999, artigo 39, XXXIII.

    X Andamento judicirio prioritrio

    Lei Federal n 10.173, de 09/01/2001 acrescentou artigos

    1.211-A e 1.211-B ao Cdigo de Processo Civil;

    Lei Federal n 10.741 de 01/10/2003 Estatuto do Idoso

    artigo 71.

    XI PIS/PASEP

    Resoluo 01/96 do Conselho Diretor do Fundo de

    Participao PIS-PASEP.

    XII Compra de carro com isenes de impostos (IPI, IOF)

    Lei Federal n 9.503 de 23/09/97 Cdigo de Trnsito

    Brasileiro, art. 140 e 147, 4

    Lei Federal n 10.182 de 12/02/2001 (I.P.I);

  • 56

    Instruo SRF n 32, de 23/03/2000 e Instruo n 88, de

    08/09/2000 (I.P.I.);

    Portaria CAT n 56/96 e CAT 106/97; Lei Federal n 8.383

    de 30/12/1991 IOF artigo 72 IV;

    Lei Federal n 10.690, de 16/06/2003 Iseno compra de

    carros deficientes que no podem dirigir;

    Lei Federal n 10.754, de 31/10/03, Artigos 1 e 2; Lei

    Federal 11.196, de 21/11/2005, Artigo 69; Instruo SRF n

    607 de 05/01/2006 (IPI)

    XIII Fornecimento de remdios pelo SUS

    Constituio Federal, art. 5 LXIX, 6 23, Il 196 a 200;

    Lei Federal n 8.080 de 19/12/90, art. 219 a 231;

    Portaria n 1.318/GM 23 de julho de 2002 Portaria

    SAS/MS 921/2002.

    XIV Curatela / Interdio

    Decreto Lei n 1608/1939 Titulo XXIX Curatela dos

    incapazes Arts. 612/619/620;

    Cdigo Civil Lei n 10406/02 . - Art.1769 /1770/ 1800.

  • 57

    SOBRE OS AUTORES DA CARTILHA

    SABRINA MARTINS BARROSO Psicloga, Dra. em Sade

    Pblica pela Universidade Federal de Minas Gerais; professora do

    departamento de Psicologia da Universidade Federal do Tringulo

    Mineiro/UFTM.

    VALRIA SOUZA DE ANDRADE Terapeuta Ocupacional,

    especialista em Terapia Ocupacional com nfase em Gerontologia

    pela Universidade Federal de Minas Gerais/UFMG, Mestre em

    Cincia pela Queens University (Canad); professora do

    departamento de Terapia Ocupacional da Universidade Federal do

    Tringulo Mineiro/UFTM.

    SELMA SANCHES DOVICHI Nutricionista, Dra. em Cincias

    dos Alimentos pela Universidade de So Paulo/USP; professora do

    departamento de Nutrio da Universidade Federal do Tringulo

    Mineiro/UFTM.

    CTIA SILVA Assistente social do Hospital de Clnicas da

    Universidade Federal do Tringulo Mineiro/UFTM.

  • 58

    AGRADECIMENTOS

    Agradecemos aos discentes da Universidade Federal do Tringulo

    Mineiro listados abaixo por sua colaborao.

    Ana Laura Lopes Zampier

    Dbora da Silva Prado

    Deise Coelho de Sousa

    Ellen Resende de Almeida

    Kelly Cristina Ramira Sousa

    Luciana Francielle e Silva

    Maria Cristina Itagiba Fonseca

    Nathlia Fernandes

    Newton de Paula Oliveira

    Samira Maria Fiorotto