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Drogas: Cartilha para educadores

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  • Drogas:Cartilha para educadores

  • Drogas:Cartilha para educadores

  • Presidenta da Repblica

    Dilma Rousseff

    Vice-Presidente da Repblica

    Michel Temer

    Ministro da Justia

    Jos Eduardo Cardozo

    Secretria Nacional de Polticas sobre Drogas

    Paulina do Carmo Arruda Vieira Duarte

  • Drogas:Cartilha para educadores

    2 edio - reimpressoBraslia, DF - 2011

    Presidncia da Repblica Ministrio da Justia

    Secretaria Nacional de Polticas sobre Drogas

  • Dados internacionais de catalogao na publicao (CIP)

    Brasil. Secretaria Nacional de Polticas sobre Drogas (SENAD). Drogas: cartilha para educadores / Secretaria Nacional de Polticas sobre Drogas (SENAD); contedo e texto original: Beatriz H. Carlini. -- 2. ed., reimpr. Braslia : Ministrio da Justia, Secretaria Nacional de Polticas sobre Drogas, 2011. 48 p. : il., color. - (Srie Por dentro do assunto)

    1. Entorpecente. 2. Toxicologia. 3. Toxicomania I. Carlini, Beatriz H. II. Ttulo. III. Ministrio da Justia. III. Srie

    CDD 362.29

    B823l

    Copyright 2011 Secretaria Nacional de Polticas sobre DrogasDisponvel em: www.senad.gov.brTiragem:50.000 exemplaresImpresso no Brasil

    2 Edio - reimpresso Secretaria Nacional de Polticas sobre DrogasEndereo para correspondncia:Esplanada dos Ministrios, Bloco T, Anexo II, 2 andar, sala 207. Braslia DF. CEP 70064-900

    Contedo e Texto originalBeatriz H. Carlini, MPH, PhD

    Adaptao para esta edioSecretaria Nacional de Polticas sobre Drogas

    Projeto GrficoLew Lara

    IlustraoToninho Euzbio

    DiagramaoPonto Dois Design GrficoBruno Soares

  • Apresentao Os novos tempos de governo, marcados pela nfase na participao social e na organizao da sociedade, valori-zam a descentralizao das aes relacionadas preveno do uso de drogas e ateno e reinsero social de usurios e dependentes.

    No desenvolvimento de seu papel de coordenao e arti-culao de aes voltadas a esses temas, a Secretaria Nacional de Polticas sobre Drogas apresenta a Srie Por Dentro do As-sunto, com o objetivo de socializar conhecimentos dirigidos a pblicos especficos.

    Esta srie, construda com base nas necessidades ex-pressas por mltiplos setores da populao e em conhecimen-tos cientficos atualizados, procura apresentar as questes de

    forma leve, informal e interativa com os leitores.

    A iniciativa norteada pela crena de que o encaminha-mento dos temas de interesse social s ser efetivo com a alian-a entre as aes do poder pblico e a sabedoria e o empenho de cada pessoa e de cada comunidade.

    Acreditamos estar, dessa forma, contribuindo com a nossa parte.

    Secretaria Nacional de Polticas sobre Drogas

  • Srie: Por Dentro do Assunto6

  • Cartilha para educadores7

    Cartilha para educadores

    Educadores de ensino fundamental e mdio so, cada vez mais, cobrados pelos pais de alunos, direo da escola e

    pela opinio pblica para abordarem a questo das drogas em

    sala de aula, e para saberem lidar de modo efetivo com alunos

    que necessitam ateno especial nessa questo.

    Se voc um desses educadores sob presso, sabe que

    a tarefa no fcil. E que, na maioria dos casos, voc e seus

    colegas esto fazendo o que possvel, sem que tenham opor-

    tunidade de realmente planejar aes e discutir projetos mais

    estruturados na rea.

    Esta cartilha se prope a oferecer subsdios tericos e

    prticos para que seus esforos sejam mais alinhados com o

    que as pesquisas cientficas tm apontado como mais eficaz no

    campo da preveno do consumo de drogas na escola.

  • Srie: Por Dentro do Assunto8

  • Cartilha para educadores9

    Faa as pazes com voc mesmo(a)

    Parte da ansiedade do educador sobre o que fazer em

    sala de aula e na escola como um todo, quando o assunto

    drogas, vem do fato de que esse tpico no fez parte de sua

    formao profissional, um contedo completamente ignorado

    na maioria dos cursos que habilitam educadores. Mesmo as-

    sim, frequente se observar educadores sentindo-se culpados,

    tentando explicar, meio na defensiva, o fato de no terem muito

    claro o que fazer com esse assunto.

    Uma primeira considerao a fazer sobre a questo de

    como lidar com o tema drogas no seu cotidiano profissional

    estar ciente de que a falta de clareza sobre como agir no fruto

    de uma dificuldade pessoal sua ou de problemas na sua forma-

    o acadmica, mas o retrato no retocado de uma realidade

    que todos gostaramos que fosse diferente.

    Admitido esse fato, no h porque se defender da pres-

    so para que voc faa alguma coisa, organizando atividades

    nas quais voc no acredita. Exemplo disso so as palestras

    que, uma vez por ano, alertam para os perigos das drogas, mas

    no conseguem estabelecer um dilogo realmente franco com

    os adolescentes.

  • Srie: Por Dentro do Assunto10

  • Cartilha para educadores11

    H pouca polmica entre cientistas que fazem pesquisa so-bre preveno: convidar palestrantes, uma ou duas vezes por ano, para falarem na escola no tem o menor efeito na mudana de comportamento, ou mesmo de viso dos estudantes em relao s drogas. O principal efeito dessas iniciativas apaziguar a conscin-cia dos adultos, que pensam que esto fazendo algo positivo.

    Mas, s vezes, por mais que voc argumente que esses

    eventos no valem a pena, eles vo ocorrer.

    Aqui vo algumas dicas para que as palestras no sejam

    esforo, dinheiro e tempo completamente perdidos:

    Prepare seus alunos primeiro: envolva-os em discusses de grupo para organizar dvidas e comentrios, fazer depoimentos ou analisar artigos de jornais ou revistas. Estimule o pensamento crtico em relao ao assunto nessas discusses. Muitos adolescentes s vo ser sinceros se houver estmulo e sensao de que eles sero aceitos mesmo se tiverem opinies diferentes.

    Depois da palestra, faa uma discusso em classe e convide-os a escrever um pargrafo de crtica do evento, analisando os pontos positivos e negativos. Uma idia que eles escrevam sem ter que assinar o nome e que troquem as crticas entre si. Eles podero ler o que acharam do evento com sinceridade, sem medo de ter sua identidade revelada.

    O deboche deve ser tratado com neutralidade, mas crticas bem construdas so dignas de respostas. Tente envolver os alunos na procura de respostas.

    Palestras: se no der para evitar, tente melhor-las

  • Srie: Por Dentro do Assunto12

  • Cartilha para educadores13

    O ideal e a realidade Alm do desconforto de ser acusado de no ter o co-

    nhecimento que no lhe foi oferecido, o educador enfrenta uma

    srie de desafios. Todos sabemos que o professor no pai,

    nem me, polcia ou mdico. Mas na prtica, muitas vezes, o

    educador vai responder a situaes que lembram esses papis

    sociais.

    O professor modelo de referncia para o jovem e, como

    tal, seria desejvel que no bebesse, no fumasse, tivesse ali-

    mentao adequada, se exercitasse regularmente, fosse ponde-

    rado, justo e bem disposto. Mas na prtica bem, na prtica to-

    dos ns, adultos, batalhamos para ser seres humanos melhores,

    mas continuamos fumando e comendo muito, comportamentos

    que so em geral visveis aos alunos.

  • Srie: Por Dentro do Assunto14

  • Cartilha para educadores15

    Adolescentes no vo poupar um professor que prega

    uma vida saudvel e no consegue manter sua prpria sade. Os comentrios so bem previsveis: como que ele(a) quer

    discutir vida saudvel e uso de drogas se, quando sai da escola,

    corre para acender um cigarro?

    As pesquisas sugerem que h uma sada, tanto para

    pais como para professores tabagistas: admitir o uso e contar as dificuldades para mudar. Compartilhar a trajetria e dizer que

    teria sido bom se tivesse oportunidade de repensar seu hbito de fumar antes de ter se tornado dependente, etc.

    Se esse o seu caso, tente. No fique na defensiva,

    tentando esconder o bvio. Voc pode ter surpresas boas.

    Ciente desse fosso entre o que possvel e o que de-

    sejvel, esta cartilha descreve princpios de preveno e ofe-

    rece algumas reflexes sobre como agir mesmo que a preven-

    o ideal esteja longe de ser alcanada. O objetivo convidar

    o educador a agir, tir-lo da dificuldade causada por no poder

    oferecer o projeto exemplar. Como diz o ditado: Evite tornar o

    timo o maior inimigo do bom.

    Como posso abordar a questo das drogas com meus alunos se sou fumante?

  • Srie: Por Dentro do Assunto16

  • Cartilha para educadores17

    Preveno ao abuso de drogas na escola: o que

    voc pode fazer? O educador pode contribuir para prevenir o abuso de dro-

    gas entre adolescentes de duas formas bsicas: incentivando a

    reflexo e a adoo de medidas na prpria escola onde trabalha

    e atuando diretamente com seus alunos, na sala de aula.

  • Srie: Por Dentro do Assunto18

  • Cartilha para educadores19

    Trabalhando com a escolaA - Criando regras claras de convivncia

    Muito mais eficaz do que trazer pessoas de fora da escola

    para falar com os alunos promover discusses internas para defi-

    nir regras e o papel dos diferentes agentes da comunidade escolar

    para tratar a questo do consumo de drogas entre seus alunos.

    Esta iniciativa contribui para melhorar a convivncia, d

    parmetros claros a pais e alunos, diminui o campo das incerte-

    zas numa rea to difcil de tomar decises.

    O modo concreto de se fazer isso pode variar, mas abai-

    xo esto sugeridas algumas questes para ajudar a refletir:

    Profissionais da escola podem se reunir, antes de levar a

    discusso para os alunos, produzindo um consenso m-

    nimo sobre o assunto: Quais so as leis e regras sobre o

    fumo dentro da escola? Bebida alcolica nas redondezas

    da escola tolervel? E em festas promovidas pela esco-

    la? Qual o procedimento recomendvel para o educador

    que tem evidncias de uso de drogas entre seus alunos,

    ou mesmo de trfico? Para quem/onde recorrer? Quais

    sero as medidas tomadas no caso de as regras estabe-

    lecidas no serem cumpridas? O que ser comunicado

    aos pais? O que ser de responsabilidade da escola?

  • Srie: Por Dentro do Assunto20

    Colocar esse consenso em um documento escrito, apro-

    vado pelos profissionais da escola, mas ainda em carter

    provisrio. Isso porque ainda falta envolver pais, alunos e

    a comunidade prxima escola nesse processo.

    Comunidade prxima, aqui, significa bares, padarias,

    pontos de taxi, bancas de jornais, papelarias e residncias vizi-nhas escola. Essa comunidade que rodeia a escola interage

    com alunos e pode, potencialmente, vender cigarros e bebidas a seus alunos pelo simples fato de nunca ningum da escola ter ido l para trocar idias e pedir limites nessa prtica. A vizinhan-a tambm pode ajudar a proteger os alunos, avisando a escola se algum aluno estiver envolvido em uso ou comrcio ilegal de drogas, estiver sob o efeito de drogas e em risco.

    Pesquisas tm sugerido que h uma tendncia da co-munidade escolar em ignorar o contato com a vizinhana e dei-xar de lado aliados importantes na garantia da segurana, da sade e da proteo de seus alunos.

    Servios de sade, clubes, associaes comunitrias, ONGs, empresas e igrejas tambm podem ser instituies essen-ciais nas relaes da escola com a comunidade com o objetivo de diminuir os riscos de uso indevido de drogas pelos alunos.

    Consultar pais: por meio de uma reunio ou pelo correio,

    dar espao para dvidas, discordncias, modificaes

    que se considerem pertinentes.

  • Cartilha para educadores21

    Uma vez que os adultos, diretamente envolvidos na vida

    escolar dos alunos, tenham alcanado um consenso, en-

    volver os alunos nessa questo. Numa atividade em sala

    de aula ou em reunies, o ideal seria dar espao para

    que os jovens conheam as regras, entendam sua lgica

    (mesmo que no concordem), saibam as consequncias

    de no segui-las e possam sugerir mudanas que sero

    analisadas para verificar a convenincia e possibilidade

    de implantao.

    Mandar uma cpia impressa para cada famlia, com uma

    pgina destacvel, que os pais e os alunos devem assinar

    e mandar de volta escola, informando que esto cientes

    das regras em vigncia. Recomendar que o restante do

    documento seja guardado como referncia.

    Contatar a vizinhana: por exemplo, se a escola decidiu

    que no vai aceitar o ato ilegal de vender bebidas alco-

    licas para seus alunos menores de dezoito anos, seria

    bom avisar aos comerciantes locais desse fato, mesmo

    que seja bvio que eles deveriam cumprir a lei. aconse-

    lhvel divulgar quem o profissional da escola que vai fa-

    zer os contatos. Nesse caso importante fazer parcerias

    com os Conselhos Tutelares e com o Ministrio Pblico.

  • Srie: Por Dentro do Assunto22

    B - Promovendo um ambiente escolar saudvel

    Crianas e adolescentes respondem de modo muito in-

    tenso ao ambiente em que vivem. E um dos principais ambien-

    tes, nessa poca da vida, a escola.

    O educador que luta por uma escola que oferea opor-

    tunidades para seus alunos e funcionrios crescerem, partici-

    parem, exercerem sua criatividade de modo produtivo (atravs

  • Cartilha para educadores23

    de expresso artstica, por exemplo), aprenderem contedos

    relevantes e usarem sua energia fsica em atividades enrique-

    cedoras (como esporte) um educador que contribui para uma

    escola (e uma sociedade) com menos sofrimento e menos uso

    de drogas.

    Outro componente importante na construo de uma es-

    cola saudvel dar espao para os alunos se expressarem, en-

    volverem-se em novas propostas, compartilharem problemas e

    procurarem solues. Uma escola que inclua, congregue, contri-

    bui para o desenvolvimento da auto-estima e para a percepo

    de limites.

    Identificar-se e estar satisfeito com a escola que frequenta

    constituem fatores de proteo ao uso de drogas entre adoles-centes (ou seja, so fatores que, quando presentes, diminuem a

    probabilidade de que o adolescente use drogas). Para que essa

    identidade e satisfao tenham chances reais de se manifestar, a escola precisa oferecer um ambiente que d oportunidades aos

    alunos de criar laos afetivos e acadmicos com a escola.

    Existem vrios programas de preveno nesse sentido. Eles so os programas mais recomendveis quando se trata do

    ensino fundamental, at 6 ano, em geral combinados com uma abordagem aos pais, orientando-os sobre como criar filhos no

    mundo conturbado de hoje.

  • Srie: Por Dentro do Assunto24

  • Cartilha para educadores25

    Na sala de aula, com seus alunos

    C - Reconhecendo seu papel e seus limites

    A no ser que sua escola seja muito diferente da mdia, a

    maioria dos seus alunos no est envolvido com drogas ilegais,

    no bebe pesadamente e no fuma. Ainda, entre aqueles que

    se engajam em um ou mais desses comportamentos, somente

    alguns esto realmente com problemas persistentes, ou correm

    o risco de apresentar esses problemas em breve.

  • Srie: Por Dentro do Assunto26

    O quadro abaixo mostra a porcentagem de estudantes

    que j fizeram uso de cada uma das drogas pelo menos uma vez

    na vida. Os dados so resultado de uma pesquisa, realizada em

    2004, com estudantes de ensino fundamental e mdio em vinte

    e sete capitais brasileiras*.

    Drogas Porcentagem de alunos que usaramlcool 65,2%

    Tabaco 24,9%

    Solventes 15,5%

    Maconha 5,9%

    Ansiolticos (calmantes) 4,1%

    Anfetamnicos (estimulantes) 3,7%

    O trabalho do professor deve dirigir-se, prioritariamente,

    ao primeiro grupo de alunos: a maioria que, tipicamente, no

    usa drogas (no caso de lcool e tabaco, s experimentou ou usa

    eventualmente). Esse trabalho, tecnicamente chamado preven-

    o universal, visa a aumentar as chances de que os alunos que

    no usam drogas continuem no usando ou adiem o incio do

    * Dados extrados do V Levantamento Nacional sobre o consumo de Drogas Psico-trpicas entre estudantes do Ensino Fundamental e Mdio da Rede Pblica de Ensino nas 27 capitais brasileiras, realizado pela Senad em parceria com o CEBRID.

  • Cartilha para educadores27

    O Instituto de Medicina dos EUA props, em 1998, a adoo dos seguintes nveis de preveno.

    Preveno universal - dirigida a um pblico geral, que no apresenta risco maior de envolvimento com drogas do que o esperado para a faixa etria e a cul-tura onde vive.

    Preveno seletiva - dirigida a grupos sociais espe-cficos que apresentam maiores riscos do que a mdia de se envolverem com drogas. So exemplos: crianas com comportamento agressivo desde a educao in-fantil, filhos de dependentes de drogas, grupos sociais que tendem a usar drogas como parte de sua identida-de enquanto grupo.

    Preveno indicada - dirigida a indivduos que j vm usando substncias, de modo arriscado, mas que no so dependentes.

    Isso no significa que o professor deva ignorar alunos com problemas com drogas, mas esse no deve ser seu foco principal de trabalho. Esses alunos, muitas vezes, necessitam da abordagem de um profissional especializado e o educador, ao perceber a necessidade, pode fazer encaminhamentos para servios da rea de sade.

    uso e que, os que esto experimentando lcool e tabaco, parem

    por a e no se arrisquem mais, diminuam o consumo ou apren-

    dam a evitar os riscos associados ao uso.

  • Srie: Por Dentro do Assunto28

  • Cartilha para educadores29

    O que fazer e o que no fazer para ajudar um aluno que apresenta problemas com drogas

    Caso voc tenha um aluno que precise de uma ajuda

    mais individual, e voc esteja disposto a oferec-la, leia abaixo algumas dicas de como ter uma conversa:

    Coloque claramente sua preocupao com o comportamento dele(a), de modo calmo, dando exemplos bem concretos e especficos de episdios que voc observou;

    Evite fazer julgamentos, sermes; isso s vai colocar o estudante na defensiva e aumentar a culpa;

    Enfatize que a situao em que ele se encontra s pode mudar, se ele assumir a responsabilidade de mud-la; cabe a ele a deciso final, embora possa haver ajuda dos outros;

    Oferea opes de comportamentos alternativos e convide-o a refletir; no exija que ele se comprometa com nada de imediato, a no ser o de refletir sobre o que voc falou;

    Enfatize que ele(a) capaz de mudar, que, embora possa parecer difcil, possvel. Comear com pequenos passos pode ser a melhor maneira de conseguir mais.

  • Srie: Por Dentro do Assunto30

    Esta cartilha no vai fornecer uma frmula secreta de

    como trabalhar em sala de aula, at porque essa frmula no

    existe. Mas as experincias mostram que alguns princpios e

    abordagens surtem mais efeito do que outros. Veja abaixo:

    Apresente informaes fundamentadas sobre drogas de maneira isenta e honesta; sem usar exagero ou estrat-

    gias de amedrontamento. Os diferentes setores da escola

    devem ter coerncia na forma de abordar as questes.

    Inclua informao realista sobre os riscos de se usar dro-gas, mas mencione tambm os benefcios de no us-las.

    Caso v explorar os vrios motivos pelos quais as pes-

    soas usam drogas, discuta tambm alternativas, outras atividades que as pessoas poderiam ter escolhido ao in-

    vs de usar drogas.

    No faa sermo, tente envolver seus alunos ao mximo, usando as opinies e vises que eles oferecem.

  • Cartilha para educadores31

    No exagere os dados de consumo de drogas na nos-sa sociedade. A maioria dos nossos jovens saudvel e

    prefere se abster. Exagero s faz com que os jovens de-

    senvolvam uma viso deformada da realidade, pensando

    que se eles e seus amigos no usam drogas, porque

    esto por fora; afinal os jornais, seus pais e professores

    garantem que o consumo de drogas est, cada vez mais,

    disseminado.

    No generalize as informaes como se todas as dro-gas fossem iguais, fazendo afirmaes do tipo no use

    drogas ou os problemas que as drogas causam. im-

    portante saber que, embora seja desejvel que os ado-

    lescentes retardem o incio do consumo, existem usos de

    algumas drogas ou medicamentos que no trazem preju-

    zos. Os efeitos so diferentes, o que torna necessrio que

    as informaes sejam dadas nomeando as drogas sobre

    as quais estamos falando.

  • Srie: Por Dentro do Assunto32

  • Cartilha para educadores33

    Pesquisas indicam que os estudantes de alto risco, atra-dos pelo uso de drogas, tendem a ter uma concepo deforma-da da realidade. Quando convidados a estimar a proporo de jovens que, como eles, bebem, fumam e usam outras drogas,

    estes tendem a dar porcentagens bem mais altas do que na

    verdade as pesquisas indicam.

    Estudos tambm mostram que, quando esses estudan-tes so convidados a contrastar suas estimativas de consumo com dados reais de uso, provoca-se uma situao de discre-pncia propiciadora de mudana. Muitos jovens, ao terem sua percepo da realidade corrigida reconsideram seu uso de substncias.

    Os programas mais efetivos so aqueles nos quais os

    jovens tm a oportunidade de exercitar maneiras de lidar com os desafios normais de sua faixa etria, como: vencer a timidez,

    aprender a se comunicar, agir diante de agresses, tomar deci-ses na vida pessoal e escolar. As pesquisas indicam que es-ses so os motivos emocionais mais comuns para experimentar drogas, esperando que elas aliviem a tenso que esses desafios

    provocam.

    Melhorando a percepo dos alunos sobre as normas de comportamento entre os jovens: estratgia de preveno

  • Srie: Por Dentro do Assunto34

  • Cartilha para educadores35

    Vrios trabalhos cientficos mostram que ajudar os jo-vens a lidar com questes de timidez, sensibilidade extrema,

    frustrao, dificuldade de se colocar diante de um grupo, dentro

    do currculo escolar, resulta numa diminuio do uso de drogas entre estudantes, que perdura por, pelo menos, seis anos aps

    o desenvolvimento das atividades.

    O projeto mais exemplar nesse campo o Life Skills Training (LST), (Treinamento das Habilidades de Vida) conce-bido na Cornell University por Gilbert Botvin e colegas. Esse programa convida estudantes e professores a discutir os de-safios afetivos e emocionais dentro da sala de aula e a tentar

    criar e exercitar formas de lidar com eles. Prope trs eixos de atividades, cada um focado no desenvolvimento de habilidades sociais distintas:

    Uma matria diferente na escola: competncia para viver

  • Srie: Por Dentro do Assunto36

    Auto gerenciamento - ajuda estudantes a analisar sua auto-imagem e os efeitos dela no seu comportamento, determinar objetivos pessoais de vida, monitorar progressos nesse sentido, identificar comportamentos e decises cotidianas que foram influenciadas por outras pessoas, analisar essas situaes e aprender a avaliar as consequncias de determinados comportamentos antes de adot-los;

    Habilidades sociais gerais - ajuda os estudantes a superar a timidez e a dificuldade de se comunicar, a obter firmeza na comunicao verbal e no verbal, tanto na recusa como na aceitao de convites, assim como trabalhar com o reconhecimento de alternativas viveis passividade ou agressividade diante de situaes difceis.

    Habilidade de resistir a drogas - ajuda os jovens a reconhecer os mitos e concepes equivocadas, disseminadas socialmente, em relao ao cigarro, lcool, medicamentos e drogas ilcitas, assim como lidar com a presso dos meios de comunicao de massa e dos amigos para us-los.

    Adolescente tem muito orgulho de ter autonomia e idias prprias. Assim, embora os dados sejam unnimes em apontar presso de grupo como um fator importante para o incio do uso de drogas, no aconselhvel que este tema seja abordado di-retamente. Use estratgias criativas, principalmente dando voz aos alunos que vem os possveis benefcios que as drogas po-dem trazer e preferem escolher outras formas de alcanar esses benefcios (descontrao, relaxamento, sentir-se parte da tur-ma, ter coragem de paquerar).

  • Cartilha para educadores37

    Procure adaptar o seu trabalho a seu pblico-alvo: se voc educador na rea de esportes, por exemplo, seu trabalho de pre-veno vai render mais entre jovens que adoram esportes (e que,

    em geral, no so muito atrados por matrias que requerem leitura

    e estudo). Assim, procure adaptar sua mensagem a seu pblico, e evite recomendar livros para discusso, ou aulas tericas sobre o assunto.

    Uma forma eficaz de trabalhar desenvolver um progra-ma especfico para participantes de times esportivos da escola.

    A idia simples e original: desenvolver atividades de promoo sade como parte integrante dos treinamentos dos times, com superviso dos prprios tcnicos esportivos e seus ajudantes.

    Esse tipo de postura tem sido chave para o sucesso de aes preventivas: para se contrapor a uma cultura grupal de esculpir o corpo com remdios e beber at cair depois do jogo preciso atuar no prprio palco onde essa sub-cultura constru-da - nas quadras, nos treinos.

    necessrio escolher adultos apropriados para trabalhar com esses jovens. Para estudantes atletas, que, muitas vezes, pouco valorizam o currculo formal, pedir para o professor de Cincias trabalhar o problema na sua disciplina seria possivel-mente incuo (seno contraproducente).

  • Srie: Por Dentro do Assunto38

    Palavras finais Para abordar a questo das drogas e desenvolver aes

    de preveno na escola, necessrio ter um planejamento que

    envolva os diferentes segmentos, incluindo coordenadores, pro-

    fessores, pais, funcionrios, estudantes e comunidade.

    O trabalho deve ser desenvolvido durante todo o proces-

    so escolar, por meio de mtodos interativos, integrados ao curr-

    culo, e que promovam a sade.

  • Cartilha para educadores39

    Recursos comunitrios

    Apresentamos, abaixo, algumas indicaes de institui-

    es pblicas, privadas e rgos no-governamentais das quais

    voc poder dispor na sua cidade ou regio caso queira obter

    maiores informaes sobre o assunto abordado nesta cartilha.

    Secretaria Nacional de Polticas Sobre Drogas - SENAD

    SENAD Esplanada dos Ministrios, Bloco T, Anexo II, 2 andar, sala 207. Braslia DF. CEP 70064-900 www.senad.gov.br

    Central de Atendimento VIVA VOZ 0800 510 0015 http://psicoativas.ufcspa.edu.br/vivavoz/index.php

    Observatrio Brasileiro de Informaes Sobre Drogas - OBID www.obid.senad.gov.br

    No Observatrio Brasileiro de informaes sobre Drogas (OBID) voc vai encontrar muitas informaes importantes: contatos de locais para tratamento em todo o pas, instituies que fazem preveno, grupos de ajuda-mtua e outros recursos comunitrios. So disponibilizadas, ainda, informaes atualizadas sobre drogas, cursos, palestras e eventos.

  • Srie: Por Dentro do Assunto40

    Dentro do OBID, h dois sites especficos voltados para os jovens: Mundo Jovem e Jovem sem Tabaco, alm de uma relao de links para outros sites que iro ampliar o seu conhecimento.

    Mundo Jovem www.obid.senad.gov.br/portais/mundojovem

    Jovem sem Tabaco www.obid.senad.gov.br/portais/jovemsemtabaco

    Outras Referncias Ministrio da Sade

    www.saude.gov.br Disque Sade: 0800 61 1997

    Centros de Ateno Psicossocial - CAPS www.saude.gov.br Disque Sade: 0800 61 1997

    Programa Nacional de DST e AIDS www.aids.gov.br

    Secretaria Nacional da Juventude- SNJ Contatos: [email protected] Tel.: (61) 3411- 1160

    Conselhos Estaduais sobre Drogas Para saber o endereo dos Conselhos do seu estado consulte o site: www.obid.senad.gov.br

    Conselhos Municipais sobre Drogas Para saber o endereo dos Conselhos do seu municpio consulte o site: www.obid.senad.gov.br

  • Cartilha para educadores41

    Canal Kids www.canalkids.com.br

    Agncia de Notcias dos Direitos da Infncia www.andi.org.br

    Instituto Nacional do Cncer INCA e Programa Nacional de Controle do Tabagismo Central de Atendimento: 0800 61 1997 www.inca.gov.br www.inca.gov.br/tabagismo

    Grupos de auto-ajuda Alcolicos Annimos - AA

    www.alcoolicosanonimos.org.br Central de Atendimento 24 horas: (11) 3315 9333 Caixa Postal 580 CEP 01060-970 - So Paulo

    AL-ANON E ALATEEN (Para familiares e amigos de alcolicos) www.al-anon.org.br

    Amor-exigente (Para pais e familiares de usurios de drogas) www.amorexigente.org.br

    Associao Brasileira de Terapia Comunitria - ABRATECOM www.abratecom.org.br

    Grupos Familiares - NAR - ANON (Grupos para familiares e amigos de usurios de drogas) www.naranon.org.br

  • Srie: Por Dentro do Assunto42

    Narcticos Annimos NA www.na.org.br

    Pastoral da Sobriedade www.sobriedade.org.br

    Liga de Apoio ao Abandono do Cigarro www.vidasemcigarro.8m.com

    Leituras que ajudam

    Srie de publicaes disponibilizadas pela Senad:As publicaes listadas abaixo so distribudas gratuitamente e enviadas pelos Correios. Podem ser solicitadas no site da SENAD (www.senad.gov.br) ou pelo telefone do servio VIVA VOZ. Esto tambm disponveis no portal do OBID (www.obid.senad.gov.br) para download.

    Cartilhas da Srie Por Dentro do Assunto. Secretaria Nacional de Polticas sobre Drogas, 2010

    Glossrio de lcool e Drogas. Secretaria Nacional de Polticas sobre Drogas, 2010

    Livreto Informativo sobre Drogas Psicotrpicas. Leitura recomendada para alunos a partir do 7 ano do ensino fundamental. Secretaria Nacional de Polticas sobre Drogas - SENAD e Centro Brasileiro de Informaes sobre Drogas - CEBRID, 2010

  • Cartilha para educadores43

    Outras referncias de leituras 123 Respostas Sobre Drogas -

    Coleo Dilogo na Sala de Aula. Iami Tiba. So Paulo: Editora Scipione, 2003.

    Admirvel Mundo Novo. Aldous Huxley. So Paulo: Globo, 2001.

    Adolescncia e drogas. Ilana Pinsky, Marco Antnio Bessa (orgs). So Paulo: Contexto, 2004.

    Anjos cados - Como prevenir e eliminar as drogas na vida do adolescente. Iami Tiba. So Paulo: Gente, 1999.

    A Sade mental do jovem brasileiro. Bacy Fleitlich-Bilyk, Enio Roberto de Andrade, Sandra Scivoletto, Vanessa Dentzien Pinzon. So Paulo: Edies Inteligentes, 2004.

    Conversando sobre drogas. Ronaldo Ribeiro Jacobina, Antonio Nery Filho, Salvador: Edufba, 1999.

    Cuidando da Pessoa com Problemas Relacionados com lcool e Outras Drogas - Coleo Guia para Famlia. v. 1. Selma de Lourdes Bordin; Marine Meyer; Srgio Nicastri; Ellen Burd Nisenbaum e Marcelo Ribeiro. So Paulo: Atheneu, 2004.

    Desafio da convivncia - Pais e Filhos. Ldia Rosenberg Aratangy. So Paulo: Gente, 1998.

    Depois Daquela Viagem: Dirio de Bordo de uma Jovem que Aprendeu a Viver com Aids. Valeria Piassa Polizzi. So Paulo: tica, 2003.

  • Srie: Por Dentro do Assunto44

    Doces Venenos: Conversas e desconversas sobre drogas.Ldia Rosenberg Aratangy. So Paulo: Olho D gua, 1991.

    Drogas - mitos e verdades. Beatriz Carlini Cotrim. So Paulo: tica, 1998.

    Drogas, Preveno e Tratamento - O que voc queria saber sobre drogas e no tinha a quem perguntar. Daniela Maluf e cols. So Paulo: Cia Editora, 2002.

    Esmeralda - Por que no dancei. Esmeralda do Carmo Ortiz. So Paulo: Editora Senac, 2001.

    Eu, Christiane F., 13 anos, drogada e prostituda. Kai Herman. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2002.

    Liberdade poder decidir. Maria de Lurdes Zemel e Maria Elisa de Lamboy. So Paulo: FTD, 2000.

    O que toxicomania. Jandira Masur. So Paulo: Brasiliense, 1986.

    O Vencedor. Frei Betto. So Paulo: tica, 2000.

    Pais e Filhos - companheiros de Viagem. Roberto Shinyashiki. So Paulo: Gente, 1992.

    Satisfaam minha curiosidade - Drogas. Susana Leote. So Paulo: Impala Editores, 2003.

    Tabebuias: ou Histrias Reais daqueles que se livraram das drogas na Fazenda da Esperana. Christiane Suplicy Teixeira. So Paulo: Cidade Nova, 2001.

  • Cartilha para educadores45

    Filmes sobre o tema 28 dias, 2000.

    Direo: Betty Thomas

    A corrente do bem, 2000. Direo: Mini Leder

    Bicho de sete cabeas, 2000. Direo: Las Bodanzky

    Coisas que perdemos pelo Caminho, 2007. Direo: Susanne Bier

    Dirio de um adolescente, 1995. Direo: Scott Kalvert

    Despedida em Las Vegas, 1996. Direo: Mike Figgis

    Entre os Muros da Escola, 2008. Direo: Laurent Cantet

    Eu, Christiane F., 13 anos, drogada e prostituda, 1981. Direo: Uli Edel

    Ironweed, 1987. Direo: Hector Babenco

    La Luna, 1979. Direo: Bernardo Bertolucci

    Maria cheia de graa, 2004. Direo: Joshua Marston

    Meu nome no Johnny, 2008. Direo: Mauro Lima

  • Srie: Por Dentro do Assunto46

    Notcias de uma guerra particular, 1999. Direo: Joo Moreira Salles e Ktia Lund

    O Informante, 1999. Direo: Michael Mann

    Por volta da meia noite, 1986. Direo: Bertrand Tavernier

    Quando um homem ama uma mulher, 1994. Direo: Luis Mandoki

    Ray, 2004. Direo: Taylor Hackford

    Rquiem para um sonho, 2000. Direo: Darren Aronofsky

    Todos os coraes do mundo, 1995. Direo: Murillo Salles

  • Srie: Por Dentro do Assunto48

    O QUE O VIVAVOZ ? O VIVAVOZ uma central telefnica de orientaes e informaes sobre a preveno do uso indevido de drogas. O telefonema gratuito e o atendi-mento sigiloso. A pessoa no precisa se identificar.

    BOM FALAR COM QUEM ENTENDE O atendimento realizado por consultores capacitados e supervisionados

    por profissionais, mestres e doutores, da rea da sade Os profissionais indicam locais para tratamento Oferecem aconselhamento por meio de interveno breve para pessoas

    que usam drogas e seus familiares Prestam informaes cientficas sobre drogas O horrio de funcionamento: segunda a sexta, das 8h s 24h

    O VIVAVOZ resultado de uma parceria entre a Secretaria Nacional de Pol-ticas sobre Drogas - SENAD e a Universidade Federal de Cincias de Sade de Porto Alegre. Aps 4 anos de funcionamento, os resultados positivos e a demanda do pblico para o teleatendimento apontaram para a necessidade de ampliao do servio. Para isto, uma parceria com o Programa Nacional de Segurana Pblica com Cidadania (PRONASCI), do Ministrio da Justia, permitiu a ampliao do perodo de atendimento.

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    Cartilha para pais de crianasCartilha para pais de adolescentesCartilha para educadoresCartilha sobre tabacoCartilha sobre maconha, cocana e inalantesCartilha mudando comportamentos

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