54
Caso clínico Leishmaniose visceral Interno: Raquel B. Alencar Coordenadora: Elisa de Carvalho Escola Superior de Ciências da Saúde/Distrito Federal

Caso clínico Leishmaniose visceral Interno: Raquel B. Alencar Coordenadora: Elisa de Carvalho Escola Superior de Ciências da Saúde/Distrito Federal

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Caso clínico Leishmaniose visceral Interno: Raquel B. Alencar Coordenadora: Elisa de Carvalho Escola Superior de Ciências da Saúde/Distrito Federal

Caso clínico Leishmaniose visceral

Interno: Raquel B. AlencarCoordenadora: Elisa de CarvalhoEscola Superior de Ciências da

Saúde/Distrito Federal

Page 2: Caso clínico Leishmaniose visceral Interno: Raquel B. Alencar Coordenadora: Elisa de Carvalho Escola Superior de Ciências da Saúde/Distrito Federal

Caso Clínico

Identificação

Larissa Carla M. Farais, 3 anos e 6 meses. Naturalidade e procedência: Unaí- MG. Informante: mãe

Queixa principal: febre há 13 dias.

Page 3: Caso clínico Leishmaniose visceral Interno: Raquel B. Alencar Coordenadora: Elisa de Carvalho Escola Superior de Ciências da Saúde/Distrito Federal

HDAMãe refere que a criança iniciou quadro febril há 13 dias, em média de 3 episódios diários, não aferidos; associados a calafrios; com melhora após uso da dipirona. Refere também aumento de volume abdominal difusamente há 13 dias, associado à dor abdominal.Mãe procurou o serviço de saúde em sua cidade onde foi diagnosticada uma amigdalite, então tratada com amoxacilina por 5 dias.

Page 4: Caso clínico Leishmaniose visceral Interno: Raquel B. Alencar Coordenadora: Elisa de Carvalho Escola Superior de Ciências da Saúde/Distrito Federal

HDAA criança persistiu com febre diária, com volume abdominal aumentado e dor abdominal.

Antes do surgimento da febre, a mãe relata que notou o surgimento de máculas acastanhadas pela pele da criança, espalhadas no corpo e nos membros.

Nega diarréia, vômitos e tosse.

Page 5: Caso clínico Leishmaniose visceral Interno: Raquel B. Alencar Coordenadora: Elisa de Carvalho Escola Superior de Ciências da Saúde/Distrito Federal

Antecedentes pessoais

Nasceu a termo de parto cesárea, sem intercorrências.

Foi amamentada exclusivamente até 1 ano de idade.

Apresentou desenvolvimento neuropsicomotor normal.

Mãe refere vacinação em dia. (SIC)

Page 6: Caso clínico Leishmaniose visceral Interno: Raquel B. Alencar Coordenadora: Elisa de Carvalho Escola Superior de Ciências da Saúde/Distrito Federal

Antecedentes familiaresMãe tabagista, sem doenças crônicas.

Pai saudável.

Avó materna diabética.

Avô materno falecido por câncer de esôfago.

Avô paterno falecido por afogamento

Page 7: Caso clínico Leishmaniose visceral Interno: Raquel B. Alencar Coordenadora: Elisa de Carvalho Escola Superior de Ciências da Saúde/Distrito Federal

Antecedentes patológicos

Nega internações anteriores, cirurgias ou traumas.

Nega hemotransfusões.

Nega alergias.

Refere quadro de hepatite (SIC) há 6 meses, não esclarecida.

Page 8: Caso clínico Leishmaniose visceral Interno: Raquel B. Alencar Coordenadora: Elisa de Carvalho Escola Superior de Ciências da Saúde/Distrito Federal

Hábitos e condições de vida

Reside em área rural, em casa de alvenaria.

Consome água de poço. Não tem rede de esgotos e nem coleta de lixo na residência.

Possui criação de galinhas.

Relata casos semelhantes na região em que mora.

Page 9: Caso clínico Leishmaniose visceral Interno: Raquel B. Alencar Coordenadora: Elisa de Carvalho Escola Superior de Ciências da Saúde/Distrito Federal

Exame físicoBEG, hidratada, hipocorada 3+/4+, acianótica, anictérica, febril ao toque, eupnéica, ativa, orientada.

Orofaringe: sem alterações.

Cabeça e pescoço: sem adenomegalias

Ausculta cardíaca: FC: 192 bpm, BNF sem sopros, ritmo regular em 2 tempos.

Ausculta respiratória: MVF normal sem ruídos adventícios.

Page 10: Caso clínico Leishmaniose visceral Interno: Raquel B. Alencar Coordenadora: Elisa de Carvalho Escola Superior de Ciências da Saúde/Distrito Federal

Exame físico

Abdome: Globoso. Ruídos hidroaéreos presentes. Doloroso à palpação em hipocôndrios E e D. Fígado palpável à 5 cm do RCD. Baço palpável à 8 cm do RCE

MMII: Sem edema e boa perfusão. Presença de máculas acastanhadas e arroxeadas.

Page 11: Caso clínico Leishmaniose visceral Interno: Raquel B. Alencar Coordenadora: Elisa de Carvalho Escola Superior de Ciências da Saúde/Distrito Federal

Exames LaboratoriaisHemograma da admissão (02/02/06)

Ht 32 Leu 4900

Hb 10,5 Seg 2107(43%)

Hm 3,78 Bast 0%

VCM 84,65 Mono 0%

CHCM 32,81 Eos 1%

HCM 27,77 Linf 2646(54%)

Plaq 109 mil

Page 12: Caso clínico Leishmaniose visceral Interno: Raquel B. Alencar Coordenadora: Elisa de Carvalho Escola Superior de Ciências da Saúde/Distrito Federal

InterpretaçãoAnemia normocrômica normocítica.

Leucopenia com neutropenia.

Plaquetopenia.

Conclusão: PANCITOPENIA.

Page 13: Caso clínico Leishmaniose visceral Interno: Raquel B. Alencar Coordenadora: Elisa de Carvalho Escola Superior de Ciências da Saúde/Distrito Federal

Bioquímica 02/02/06

TGO 78 Uréia 22

TGP 66 Creat. 0,4

Na 136 BT 0,6

K 3,6 BI 0,4

Cl 100 BD 0,2

Ca 10,1

LDH 1304

Page 14: Caso clínico Leishmaniose visceral Interno: Raquel B. Alencar Coordenadora: Elisa de Carvalho Escola Superior de Ciências da Saúde/Distrito Federal

InterpretaçãoTGO aumentada (1,4x) e TGP aumentada (1,4x), indicando leve lesão hepatocelular.

LDH aumentada (2,6x), indicando que há morte celular.

Uréia discretamente elevada (1,2x) indicando possível comprometimento leve da função renal.

Page 15: Caso clínico Leishmaniose visceral Interno: Raquel B. Alencar Coordenadora: Elisa de Carvalho Escola Superior de Ciências da Saúde/Distrito Federal

Punção da medula óssea03/02/06

Medula óssea hipocelular com megacariócitos em vários estágios de maturação.Série granulocítica 50%Série eritrocitária 35%Presença de parasitas (leishmanias)Ausência de células neoplásicas e de depósito.

Page 16: Caso clínico Leishmaniose visceral Interno: Raquel B. Alencar Coordenadora: Elisa de Carvalho Escola Superior de Ciências da Saúde/Distrito Federal

Após confirmação diagnóstica, foi iniciada a administração de glucantime na dose de 3,6 ml/dia (291,6 mg/dia).

Page 17: Caso clínico Leishmaniose visceral Interno: Raquel B. Alencar Coordenadora: Elisa de Carvalho Escola Superior de Ciências da Saúde/Distrito Federal

Leishmaniose Visceral(Calazar)

Page 18: Caso clínico Leishmaniose visceral Interno: Raquel B. Alencar Coordenadora: Elisa de Carvalho Escola Superior de Ciências da Saúde/Distrito Federal

Histórico

Calazar é uma palavra de origem hindu e significa febre negra.

A primeira descrição do parasito foi feita por William Leishman em 1903 na Índia, ao realizar a autópsia em um cadáver de um soldado que estava com disenteria e hepatoesplenomegalia.

Page 19: Caso clínico Leishmaniose visceral Interno: Raquel B. Alencar Coordenadora: Elisa de Carvalho Escola Superior de Ciências da Saúde/Distrito Federal

Agente etiológico

Protozoário da Família Trypanosomatidae, gênero Leishmania e espécie donovani.

Três subespécies importantes:

L.(L.)donovani (Índia, África)

L.(L.)infantum (Mediterrâneo, Oriente Médio. Rússia)

L.(L.)chagasi (América Latina)

Page 20: Caso clínico Leishmaniose visceral Interno: Raquel B. Alencar Coordenadora: Elisa de Carvalho Escola Superior de Ciências da Saúde/Distrito Federal

Características do agente etiológico

Leishmanias são parasitas intracelulares obrigatórios.Seu desenvolvimento ocorre dentro do sistema fagocítico mononuclear dos mamíferos suscetíveis.No organismo de mamíferos, tem a forma de amastigota (não flagelada).No trato digestivo dos vetores (inseto flebótomo) assume a forma promastigota (flagelada).

Page 21: Caso clínico Leishmaniose visceral Interno: Raquel B. Alencar Coordenadora: Elisa de Carvalho Escola Superior de Ciências da Saúde/Distrito Federal

Leishmanias

Page 22: Caso clínico Leishmaniose visceral Interno: Raquel B. Alencar Coordenadora: Elisa de Carvalho Escola Superior de Ciências da Saúde/Distrito Federal

Ciclo de vida

Page 23: Caso clínico Leishmaniose visceral Interno: Raquel B. Alencar Coordenadora: Elisa de Carvalho Escola Superior de Ciências da Saúde/Distrito Federal

Vetor (inseto flebótomo)inseto Lutzomyia sp.

Page 24: Caso clínico Leishmaniose visceral Interno: Raquel B. Alencar Coordenadora: Elisa de Carvalho Escola Superior de Ciências da Saúde/Distrito Federal

ReservatórioEm áreas urbanas, o cão é a principal fonte de infecção.

Em ambientes silvestres, os reservatórios são as raposas e os marsupiais.

Estes animais quando doentes apresentam unhas compridas e pêlos eriçados.

Page 25: Caso clínico Leishmaniose visceral Interno: Raquel B. Alencar Coordenadora: Elisa de Carvalho Escola Superior de Ciências da Saúde/Distrito Federal

Epidemiologia

Era predominantemente uma zoonose de área rural.Na década de 80, passou a se expandir para áreas periurbanas das grandes cidades.Focos de grande endemicidade: Bahia, Ceará, Piauí, Rio Grande do Norte, Maranhão.

Page 26: Caso clínico Leishmaniose visceral Interno: Raquel B. Alencar Coordenadora: Elisa de Carvalho Escola Superior de Ciências da Saúde/Distrito Federal

Epidemiologia

Page 27: Caso clínico Leishmaniose visceral Interno: Raquel B. Alencar Coordenadora: Elisa de Carvalho Escola Superior de Ciências da Saúde/Distrito Federal

Epidemiologia

No Brasil, é mais freqüente em crianças menores de 10 anos.

A maior freqüência em crianças deve-se:

ao estado de relativa imaturidade imunológica celular, agravado pela desnutrição.

à maior exposição ao vetor no peridomicílio .

Page 28: Caso clínico Leishmaniose visceral Interno: Raquel B. Alencar Coordenadora: Elisa de Carvalho Escola Superior de Ciências da Saúde/Distrito Federal

Período de incubação

Varia de 10 a 24 meses.

Média de 2 a 6 meses.

Page 29: Caso clínico Leishmaniose visceral Interno: Raquel B. Alencar Coordenadora: Elisa de Carvalho Escola Superior de Ciências da Saúde/Distrito Federal

FisiopatologiaA leishmania consegue escapar aos potentes mecanismos oxidativos dos macrófagos. Ocorrem alterações na imunidade celular e humoral. Há predomínio da produção de interleucinas do subtipo Th2 (IL-4,IL-10), com conseqüente ativação policlonal dos linfócitos B e produção de anticorpos.

Page 30: Caso clínico Leishmaniose visceral Interno: Raquel B. Alencar Coordenadora: Elisa de Carvalho Escola Superior de Ciências da Saúde/Distrito Federal

Fisiopatologia

A leishmania pode ser encontrada nos pulmões, no intestino e nos rins.

Ocorre principalmente nos órgãos que tem o sistema fagocítico-mononuclear proeminente (fígado, baço, medula óssea).

Page 31: Caso clínico Leishmaniose visceral Interno: Raquel B. Alencar Coordenadora: Elisa de Carvalho Escola Superior de Ciências da Saúde/Distrito Federal

Fisiopatologia

Fígado: Hipertrofia e hiperplasia difusa das células de Kupffer. Numerosas formas amastigotas de Leishmania nestas células. Moderada expansão dos espaços porta por infiltrado de linfócitos, plasmócitos e macrófagos. Hepatócitos com leve grau de tumefação e esteatose.

Page 32: Caso clínico Leishmaniose visceral Interno: Raquel B. Alencar Coordenadora: Elisa de Carvalho Escola Superior de Ciências da Saúde/Distrito Federal

Fisiopatologia

Medula óssea: Hipocelularidade da série granulocítica e bloqueio de granulócitos da linhagem neutrofílica. Hipercelularidade relativa da série vermelha proporcionalmente à série granulocítica, com predominância de microeritroblastos. A série megacariocítica é normo- ou hipocelular com redução das plaquetas. Os macrófagos estão aumentados de volume e parasitados pelas formas amastigotas.

Page 33: Caso clínico Leishmaniose visceral Interno: Raquel B. Alencar Coordenadora: Elisa de Carvalho Escola Superior de Ciências da Saúde/Distrito Federal

Fisiopatologia

Pulmão: presença de tosse seca e persistente, que surge com o início dos sintomas, prolonga-se durante o período de estado e desaparece com a cura. O quadro histopatológico pulmonar mais freqüentemente encontrado é o de pneumonite intersticial. É comum a presença de broncopneumonias como infecção secundária, caracterizando uma complicação da doença.

Page 34: Caso clínico Leishmaniose visceral Interno: Raquel B. Alencar Coordenadora: Elisa de Carvalho Escola Superior de Ciências da Saúde/Distrito Federal

Fisiopatologia

Rim: A principal alteração anatomo-patológica é a nefrite intersticial. Podem ocorrer manifestações clínicas de proteinúria e hematúria.

Linfonodos: Hiperplasia, hipertrofia e parasitismo dos macrofágos. Em geral, não estão aumentados de volume.

Page 35: Caso clínico Leishmaniose visceral Interno: Raquel B. Alencar Coordenadora: Elisa de Carvalho Escola Superior de Ciências da Saúde/Distrito Federal

Fisiopatologia

Baço: A reatividade do sistema fagocítico-mononuclear (SFM) e a congestão dos sinusóides esplênicos são responsáveis pela esplenomegalia.

Hiperplasia e hipertrofia das células do SFM, com macrófagos intensamente parasitados pelas amastigotas.

Page 36: Caso clínico Leishmaniose visceral Interno: Raquel B. Alencar Coordenadora: Elisa de Carvalho Escola Superior de Ciências da Saúde/Distrito Federal

Quadro clínicoNum extremo, o sistema micro e macrofágico é capaz de destruir as leishmanias e resolver o processo inflamatório reacional.No outro extremo, a doença se desenvolve com manifestações sistêmicas exuberantes.Existem formas intermediárias, são formas oligossintomáticas.

Page 37: Caso clínico Leishmaniose visceral Interno: Raquel B. Alencar Coordenadora: Elisa de Carvalho Escola Superior de Ciências da Saúde/Distrito Federal

Infecção assintomáticaOcorre na maioria dos indivíduos que vivem em área endêmica.Diagnóstico é feito pelos exames sorológicos (ELISA ou IFI) e pelo teste de intradermorreação de Montenegro.É necessário que o indivíduo seja de área endêmica, onde há evidências epidemiológicas e imunológicas da infecção.

Page 38: Caso clínico Leishmaniose visceral Interno: Raquel B. Alencar Coordenadora: Elisa de Carvalho Escola Superior de Ciências da Saúde/Distrito Federal

Infecção oligossintomática

Nas áreas endêmicas, esta é a forma mais comum de doença manifesta.

Sintomas inespecíficos: febre baixa, tosse seca, diarréia, sudorese, adinamia.

Sinais: discreta visceromegalia. Em geral, somente o fígado está pouco aumentado.

Page 39: Caso clínico Leishmaniose visceral Interno: Raquel B. Alencar Coordenadora: Elisa de Carvalho Escola Superior de Ciências da Saúde/Distrito Federal

Doença leishmaniose visceral

Período inicialFebre com duração inferior a 4 semanas.Palidez cutâneo-mucosa.Hepatoesplenomegalia. Baço não

ultrapassa 5 cm do RCE.Estado geral preservado.Podem ocorrer tosse (seca ou pouco

produtiva) e diarréia.

Page 40: Caso clínico Leishmaniose visceral Interno: Raquel B. Alencar Coordenadora: Elisa de Carvalho Escola Superior de Ciências da Saúde/Distrito Federal

Período inicial

Page 41: Caso clínico Leishmaniose visceral Interno: Raquel B. Alencar Coordenadora: Elisa de Carvalho Escola Superior de Ciências da Saúde/Distrito Federal

Exames laboratoriaisHemograma revela anemia.Leucócitos sem alterações significativas e com predomínio de linfócitos.VHS elevado.Hiperglobulinemia.Sorologias são reativas.Teste de intradermorreação de Montenegro é negativa.Aspirado do baço e da medula óssea geralmente mostram as formas amastigotas do parasita.

Page 42: Caso clínico Leishmaniose visceral Interno: Raquel B. Alencar Coordenadora: Elisa de Carvalho Escola Superior de Ciências da Saúde/Distrito Federal

Período de estado

Febre irregular. Pode ocorrer febre diária com picos elevados.Emagrecimento progressivo. Palidez cutâneo-mucosa.Aumento da hepatoesplenomegalia. Baço pode atingir até a fossa ilíaca esquerda e/ou a cicatriz umbilical.Desconforto abdominal.Estado geral comprometido.

Page 43: Caso clínico Leishmaniose visceral Interno: Raquel B. Alencar Coordenadora: Elisa de Carvalho Escola Superior de Ciências da Saúde/Distrito Federal

Período de estado

Devido à anemia intensa, a criança pode apresentar dispnéia aos pequenos esforços e até desenvolver insuficiência cardíaca.

Page 44: Caso clínico Leishmaniose visceral Interno: Raquel B. Alencar Coordenadora: Elisa de Carvalho Escola Superior de Ciências da Saúde/Distrito Federal

Período de estado

Page 45: Caso clínico Leishmaniose visceral Interno: Raquel B. Alencar Coordenadora: Elisa de Carvalho Escola Superior de Ciências da Saúde/Distrito Federal

Exames laboratoriais

Pancitopenia.Inversão da relação albumina/globulina, com hipergamaglobulinemia.Elevação das aminotranferases (2 a 3x) Aumento das bilirrubinas, da uréia e da creatinina.Níveis de anticorpos anti-Leishmania elevados.Intradermorreação de Montenegro negativa.Encontro de amastigotas em aspirado de medula óssea, de baço, de linfonodos e fígado.

Page 46: Caso clínico Leishmaniose visceral Interno: Raquel B. Alencar Coordenadora: Elisa de Carvalho Escola Superior de Ciências da Saúde/Distrito Federal

Período final

Em casos de não diagnóstico, há febre contínua e comprometimento mais intenso do estado geral.

Pode se instalar quadro de desnutrição.

Outras manifestações: hemorragias, icterícia e ascite.

Infecções bacterianas secundárias.

Page 47: Caso clínico Leishmaniose visceral Interno: Raquel B. Alencar Coordenadora: Elisa de Carvalho Escola Superior de Ciências da Saúde/Distrito Federal

Diagnóstico

Imunológico: Mais utilizado é a IFI. Expressa em diluições. Valores maiores que 1:80 são positivos.

Intradermorreação de Montenegro é sempre negativo durante o período da doença. Torna-se positivo após cura clínica.

Page 48: Caso clínico Leishmaniose visceral Interno: Raquel B. Alencar Coordenadora: Elisa de Carvalho Escola Superior de Ciências da Saúde/Distrito Federal

Diagnóstico

Parasitológico Punção aspirativa do baço tem a maior

sensibilidade (90-95%), seguida pelo aspirado de medula óssea.

Por ser mais seguro, é preferível o aspirado de medula óssea.

Isolamento em meio de cultura: inoculação de amastigotas em meio de cultura especiais promovem transformação para promastigotas.

Page 49: Caso clínico Leishmaniose visceral Interno: Raquel B. Alencar Coordenadora: Elisa de Carvalho Escola Superior de Ciências da Saúde/Distrito Federal

Diagnóstico diferencial

Malária

Febre tifóide: anemia mais leve, esplenomegalia menor e globulinas normais.

Salmonelose

Esquistossomose mansônica: Leucocitose com eosinofilia.

Linfomas e leucemias agudas.

Page 50: Caso clínico Leishmaniose visceral Interno: Raquel B. Alencar Coordenadora: Elisa de Carvalho Escola Superior de Ciências da Saúde/Distrito Federal

Tratamento Antimoniais pentavalentes:

Antimoniato N-metil glucamina:

Inibe a atividade glicolítica e a via oxidativa dos ácidos graxos das amastigotas.

Tem vida média de 2 horas aproximadamente. Eliminação renal.

Dose recomendada: 20 mg/kg/dia EV ou IM; durante no mínimo 20 e no máximo 40 dias.

Page 51: Caso clínico Leishmaniose visceral Interno: Raquel B. Alencar Coordenadora: Elisa de Carvalho Escola Superior de Ciências da Saúde/Distrito Federal

Efeitos adversos e toxicidade do tratamento

Pode provocar distúrbios na repolarização cardíaca. Por isso, deve ser realizado ECG no momento do diagnóstico e após o 20° dia realizar semanalmente. Realizar ausculta diária cuidadosa. Em caso de arritmias utilizar drogas alternativas.

Outros efeitos: artralgia, adinamia, anorexia, aumento da diurese.

Page 52: Caso clínico Leishmaniose visceral Interno: Raquel B. Alencar Coordenadora: Elisa de Carvalho Escola Superior de Ciências da Saúde/Distrito Federal

Tratamento alternativo

Anfotericina B: droga leishmanicida.Atua no precursor do ergosterol, um componente da membrana celular do parasita.Deve ser utilizada na dose de 15 a 25 mg/kg em dias alternados.Efeitos adversos: flebite, desconforto respiratório, cianose, complicações renais.

Page 53: Caso clínico Leishmaniose visceral Interno: Raquel B. Alencar Coordenadora: Elisa de Carvalho Escola Superior de Ciências da Saúde/Distrito Federal

Critérios de curaDesaparecimento da febre no 5°dia.Redução da hepatoesplenomegalia nas primeiras semanas.Ao final do tratamento redução de 40% ou mais no tamanho do baço.Melhora dos padrões hematológicos na 2a semana.Ganho ponderal progressivo.Seguimento do paciente 3, 6 e 12 meses após o tratamento. Se estiver estável na última avaliação é considerado cura.

Page 54: Caso clínico Leishmaniose visceral Interno: Raquel B. Alencar Coordenadora: Elisa de Carvalho Escola Superior de Ciências da Saúde/Distrito Federal

Bibliografia

Veronesi, Roberto Focaccia. Tratado de Infectologia. Editora Atheneu 1996.

Manual de vigilância e controle da leishmaniose visceral/ Ministério da Saúde, 2003.

Marconde, Eduardo. Pediatria básica volume 2. Editora sarvier 1994.