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CASO CLÍNICOPúrpura
Marco Antonio M. BalduínoMariana Calcagno Grillo
Orientadora: Dra. Luciana SugaiEscola Superior de Ciências da Saúde/SES/DF
www.paulomargotto.com.br
História Clínica(13/07/07)
• Identificação: Feminina, 4 anos, natural de Taguatinga-DF, residente em Recanto das Emas-DF, procedente da mesma cidade.
• QP: Dor abdominal, há 5 dias.
História Clínica(13/07/07)
• HDA:Mãe refere que a criança iniciou, agudamente, dor abdominal intensa em hipogastro e epigastro, há 5 dias, acompanhado de vômitos (3/4 vezes ao dia) sem sangue. Nega diarréia e febre.
Com 2 dias de sintomas apresentou lesões purpúricas, eritemato-papulares em MMII, bordas irregulares, pouco pruriginosas.
História Clínica(13/07/07)
• RS: Refere astenia e hiporexia. Nega quadro gripal anterior a
sintomas. Refere urina amarelo escuro. Nega artralgia ou artrite. Nega uso de medicamentos.
História Clínica(13/07/07)
• Ant. Pessoais: Parto normal, a termo, AIG, sem
intercorrências neonatais. Vacinação completa para a idade. DNPM normal. Internação, há 2 anos, por dor abdominal
não esclarecida. Nega alergias medicamentosas
História Clínica(13/07/07)
• Ant. Familiares: Irmão de 11 anos tem diagnóstico de
adenóide hipertrofiada Irmão de 12 anos apresenta dores no
estômago
História Clínica(13/07/07)
• Exame Físico: -BEG, corada, hidratada, afebril, sem
linfonodomegalia, ativa e reativa. -Oroscopia sem alterações. -Pele com pápulas eritematosas em MMII,
irregulares, sem secreção ou descamação. -AR: Eupneica, MVF, s/ RA. -ACV: BNF, RR 2T, s/ sopros. -Abdome: Plano, RHA+, flácido, sem
visceromegalias, indolor
História Clínica(13/07/07)
• Ex. Complementares da admissão: -Hemograma: Hm: 4.91; Ht: 40.1; Hb: 13.5. Leu: 18 500; (0/1/0/75/20/4); Plaquetas: 404000
-Bioquímica: Gli:78; TGO:39; TGP:4; Na:135; K:4.7; Cl:101
História Clínica(13/07/07)
• EAS: dens: 1030; pH:5,0; acetona: +++; Hb:+;
Hm: 8 a 10/campo; CED: 10 a 15/campo; Leu: 6 a 8/campo; flora bacteriana: +; muco: +++; nitrito negativo.
• USG de Abdome total: Exame normal.
Resumo dos sinais e sintomas
• Dor abdominal e vômitos;• Púrpura palpável em MMII;• Leucocitose sem desvio a esquerda;• Hematúria e hemoglobinúria microscópica;
Hipóteses Diagnósticas• Meningococcemia• GNDA• Artrite Reumatóide Juvenil Sistêmica• Poliarterite Nodosa• Púrpura leucocitoclástica• Púrpura Trombocitopênica Imune• Púrpura de Henoch-Schonlein
Conduta: Internação
Evolução
• 14/07/07: Artralgia e edema de joelho D. Ao exame: presença de calor, sem rubor.
EAS: Dens: 1025; pH: 5,0; CED: 6 a 8/campo; Leuc: 2 a 3/campo; flora bacteriana: escassa; muco: ++
• 16/07/07: Edema em cotovelo D e joelho D.
Evolução• 17/07/07: Dor em MMII, dificultando
deambulação.Edema de tornozelo D e joelhos. Aumento da intensidade das lesões.
-EAS: Dens: 1030; pH:5.0; Hg: vestígios; CED: 8 a 10/campo; leuc:10 a 15/campo; Hm: raras; flora bacteriana: ++; muco: +++
-BQ: sem alterações; -HC: Leuc: 11900 (9/0/0/44/44/3); HM: 4,17;
Hg: 11,5; HT: 34,1; Plaq: 331000;
Evolução• 18/07/07: Edema periorbitário.• 19/07/07: Persiste com dor articular leve. HC: Leuc: 6300 (1/0/0/41/57/1); HM: 4,52;
Hg: 10,7; HT: 33,6%; Plaquetas: 313000 BQ: Cr: 0,4; Ur: 38; BT:0.4; BD:0.1; TGO: 29;
TGP:9.• 21/07/07: Alta hospitalar em bom estado
geral, com remissão das dores abdominais e melhora das lesões purpúricas.
Meningococcemia• Qualquer idade, principalmente < 5 anos;• Neisseria meningitides;• Doença endêmica caracterizada por surtos;• Transmissão por aerosois;• Interação da endotoxina bacteriana com o
sistema complemento CIVD e depósito de fibrina nos pequenos vasos;
• Pode inicialmente simular uma doença viral;• Disseminação hematogênica difusa e rápida
levando a choque séptico
Meningococcemia
• Pode ou não manifestar meningite;• Febre ou hipotermia, petéquias e púrpuras,
irritabilidade, letargia, vômitos, diarréia, tosse, artrite e convulsões;
• Leucopenia ou leucocitose• Diagnóstico é feito por isolamento da bactéria:
sangue, LCR e líquido sinovial;• Tratamento: antibioticoterapia (cefotaxima ou
ceftraxona)
Meningococcemia
GNDA• Exemplo clássico de glomerulonefrite;• Normalmente, crianças > 3 anos;• Sucede uma infecção de orofaringe ou piodermite por
cepas nefritogênicas de estreptococos b hemolítico do grupo A;
• Formação de imunocomplexos e ativação da via alternativa do sistema complemento;
• Sintomatologia clássica: edema, hipertensão, hematúria e oligúria
• Pode apresentar mal-estar, letargia e dor abdominal e em flancos;
GNDA
• HC: pode estar normal ou apresentar uma anemia por hemodiluição
• EAS: hematúria, hemoglobinúria e cilindros hemáticos. Pode haver proteinúria em níveis não nefróticos;
• Pode apresentar ASLO elevado;• Níveis baixos de complemento;
GNDA• Tratamento: Pode ter resolução espôntanea -Antibioticoterapia para previnir disseminação de
cepas nefritogênicas (não interfere na evolução) -Repouso relativo -Controle de PA, edema, diurese (poser
necessário uso de medicação); -Restrição de sódio e se necessário K e
proteínas;
Artrite Reumatóide Juvenil de início sistêmico
• Doença de Still;• Difícil diagnóstico;• Crianças < 16 anos• Ambos os sexos;• Febre intermitente, rash de coloração
salmão, artrite principalmente em joelhos, tornozelos e punhos. Hepatomegalia, esplenomegalia e linfonodomegalias também podem ser encontrados;
Artrite Reumatóide Juvenil de início sistêmico
• Diagnóstico: Geralmente de exclusão febre por mais de 6 semanas artrite• O HC pode mostrar leucocitose, anemia e
trombocitose• VHS e proteína-c reativa elevados• EAS inexpressivo• Tratamento: AINEs+Glicocoticóides no início AINEs+Metotrexato após
Poliaterite Nodosa
• Vasculite de artérias de pequeno e médio calibres;
• Raramente ocorre na infância;• Etiologia provável pós-infecciosa (IVAS,
infecção estreptococica, hepatite B...);• Infiltração linfocítica em todas as camadas
das artérias de pequeno e médio calibres;• A apresentação clínica é variável.
Poliaterite Nodosa
• Febre intermitente, dor abdominal, hematúria, hipertensão, púrpura, nódulos palpáveis dolorosos, artralgia, artrite e acometimento do SNC e periférico;
• Diagnóstico: Biópsia do vaso ou angiografia• VHS elevado, anemia e leucitose, proteinúria
e hematúria indicam acometimento renal• Esquemas agressivos com ciclofosfamida e
prednisona
Púrpura leucocitoclástica• Causa mais comum de vasculite acometendo a
pele;• Etiologia desconhecida;• Patogenia está relacionada a formação de
imunocomplexos desencadeando o processo imunoinflamatório nos vasos cutâneos
• Manifestações Clínicas: mal estar, anorexia, febre baixa, artralgias e mialgias
-púrpura palpável de diversos tamanhos, acometendo principalmente MMII
-lesões urticariformes
Púrpura leucocitoclástica
Púrpura leucocitoclástica• Diagnóstico de exclusão, pode ser realizado
biópsia da lesão cutânea• Deve ser investigado uso de medicamentos
e infecções recentes• A cura é espontânea em semanas a meses,
mas pode ser usado anti-histamínicos e se necessário corticóides orais no controle do prurido e estética .
Púrpura Trombocitopênica Imune
• Causa mais comum de trombocitopenia em crianças previamente sadias
• Pré-escolar e escolar• 1 a 4 semanas após exposição a antígenos
virais a criança desenvolve auto-anticorpos contra a superfície plaquetária
• Manifestações clínicas: Petéquias e púrpuras de início súbito. Pode ocorrer sangramento de mucosas. Hepatoesplenomegalia é rara.
Púrpura Trombocitopênica Imune
• Trombocitopenia grave é comum e o tamanho da plaqueta é normal ou aumentado
• O exame de M.O. quando realizado é normal ou pode mostrar série megacariocítica aumentada
• Tratamento é observação e cuidados com traumas se plaquetas > 20000 sem sangramento.
- se plaquetas < 20000 ou sangramento mucoso com plaquetas < 50000 fazer Imunoglobulina anti-D
Púrpura de Henoch-Schönlein
Epidemiologia
• Principal causa de púrpura atrombocitopênica;
• 2 a 8 anos;• Principalmente em meninos: 2:1;• Incidência global: 9:100 000 hab.
Patogenia
• Desconhecida;• Participação de interleucinas (FNTα e IL-
6), IgA e C3;• 50% dos pacientes são ASLO +;• Vacinas: febre amarela, sarampo, cólera;• Ampicilina, penicilina, eritromicina, AINES;• Alergia alimentar.
Manifestações
• Pode ser abrupto, com todas as manifestações ao mesmo tempo;
• Ou insidioso, com surgimento seqüencial de sintomas durante dias a meses;
• Fadiga e febre: + de 50%;
Manifestações
Exantema:• Abaixo da cintura;• Início: maculopápulas róseas;• Evolução: petéquias ou púrpuras
palpáveis, coloração vermelha, seguindo p/ roxo e castanho;
• Ocorrem em grupos coalescentes, durando de 3 a 4 dias;
Manifestações
Exantema:
Manifestações
Edema:• Pode preceder a púrpura palpável;• Áreas de maior pressão hidrostática ou
distensibilidade;
Manifestações
Artrite:• + de 2/3 das crianças;• Joelhos e tornozelos (acompanham o
edema);• Efusões serosas não hemorrágicas;• Remitem sem deixar seqüelas;
Manifestações
Acometimento do TGI:• Edema e distensão de alças, linfadenite
mesentérica;• Cólica intermitente (75%), náuseas e
vômitos;• + de 50%: sangue oculto, diarréia com ou
sem sangue ou hematêmese;• < 5%: intussuscepção.
Manifestações
Acometimento Renal:• Glomerulonefrite;• 30 a 80% dos casos, sendo mais comum
em adultos e crianças maiores;• Hematúria macroscópica e microscópica;• Pior prognóstico: proteinúria, crescentes,
síndrome nefrótica, nefrítica ou mista.
Manifestações
Outros:• SNC: convulsões, paresia, coma;• Nódulos subcutâneos;• Envolvimento cardíaco;• Envolvimento ocular;• Mononeuropatia;• Hemorragia pulmonar.
Diagnóstico
Presença de 2 ou mais desses:• Púrpura palpável;• Exantema maculopapular;• Relação temporal com uso de droga;• Biópsia e pele com vasculite
leucocitoclástica.
Diagnóstico
Laboratório:• Trombocitose e leucocitose moderadas;• VHS e PCR elevados;• Anticorpos anticardiolipina e
antifosfolipídio podem estar +;• EAS: hemácias, cilindros, proteína.
Diagnóstico
• Biópsia de pele: angeíte leucocitoclástica;• Biópsia renal: depósito mesangial de IgA.
Tratamento
• HV, analgesia, repouso e elevação dos membros;
• Prednisona: 1 a 2 mg/Kg/dia se acometimento do TGI;
• AAS se anticardiolipina ou antifosfolipídio presentes;
• Nódulos reumatóides: colchicina.
Complicações
• Renais: síndrome nefrótica, GNRP (glomerulonefrite rapidamente progressiva), falência renal.
• Obstrução e perfuração intestinais.
Prognóstico
• Excelente;• 40% de recidiva;• TFG<70mL/min maior chance de DRT.• 1% lesão renal persistente;• 0,1% lesão renal grave;• Óbito raro.
Conclusão
Púrpura de Henoch-Schonlein!!!!!!!