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ALESSANDRO PIERUCCICAIO CÉSAR SANTOS MOURA

SOFTWARE PARA AVALIAÇÃO E PRESCRIÇÃO DE EXERCÍCIO AERÓBICO PARA PREVENÇÃO PRIMÁRIA E SECUNDÁRIA DE DOENÇAS

CARDIOVASCULARES

Presidente Prudente - SP2018

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SOFTWARE PARA AVALIAÇÃO E PRESCRIÇÃO DE EXERCÍCIO AERÓBICO PARA PREVENÇÃO PRIMÁRIA E SECUNDÁRIA DE DOENÇAS

CARDIOVASCULARES

Projeto PPG do Programa de Mestrado

em Ciências da Saúde submetido à

apreciação do Comitê Assessor de

Pesquisa Institucional – CAPI da

Universidade do Oeste Paulista-

UNOESTE, Presidente Prudente.

Discentes: Alessandro Pierucci e Caio

César Santos Moura

Orientadora: Profa. Dra. Ana Clara

Campagnolo Gonçalves Toledo

Co-orientador: Vinícius Flávio Milanez

Presidente Prudente - SP2018

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RESUMO

Introdução: O número de óbitos por doenças cardiovasculares ainda lidera as planilhas de custo da rede pública de saúde, refletindo em aumento da incidência de seus fatores de risco, como hipertensão, diabetes melitus, hipercolesterolemia, sedentarismo estresse. Contudo, o perfil da população parece não ser linear a todas as regiões, mostrando influências do ambiente e social, os quais esses indivíduos estão inseridos, por isso faz-se necessário caracterizar os fatores de risco cardiovascular existente, a fim de promover intervenções preventivas efetivas, pelas quais visam proporcionar grande melhora na qualidade de vida dessa população. Objetivo: Desenvolvimento e validação de Software para avaliação e prescrição de exercício aeróbico para a prevenção primária e secundária de doenças cardiovasculares. Método: O software consistirá no preenchimento de dados cadastrais, informações quanto aos fatores de risco cardiovasculares e exames complementares cardiológicos específicos, esses dados serão colhidos e mensurados no momento da avaliação do profissional que utilizará o software. Baseado nestes dados será definida a estratificação de risco cardiovascular do paciente e assim calculada a intensidade de prescrição do exercício físico aeróbico. Para a definição dos fatores de risco cardiovasculares, sem subjetividade de respostas, o software utilizará questionários como Baecke e os testes de Fangström (tabagistas) e escala de estresse percebido, além disso, deverão ser mensurados dados antropométricos, valores de pressão arterial e frequência cardíaca em respouso. Baseando-se nestas avaliações os pacientes terão a sua estratificação de risco de acordo com as diretrizes do Colégio Americano de Medicina do Esporte (ACSM), a Diretriz Brasileira de Reabilitação Cardíaca e pela diretriz do American Heart Association (AHA) e definido o risco e a intensidade dos exercícios aeróbicos a prescrição do mesmo será realizada de maneira individual e personalizada, utilizando a fórmula de Karvonen. Após a conclusão do desenvolvimento do software, por meio deste serão avaliados 20 voluntários, de ambos os sexos, entre 35 a 60 anos que apresentem fatores de risco cardiovasculares, e para meios de comparação, estes mesmos voluntários serão reavaliados, pelos mesmos critérios, por outros dois profissionais especializados e com experiência na área de reabilitação cardiovascular, para realizar a avaliação de modo convencional, e assim, por meio da conclusão das avaliações, poderá firmar a possível efetividade da prescrição de exercício realizada pelo software. Para as comparações entre dados será realizada a escolha do teste estatístico mais adequado respeitando os pressupostos determinados pelos resultados, características e comportamentos das variáveis do estudo. Para todos os testes será adotado o nível de significância de 5 %.

Palavra-chave: frequência cardíaca, sedentarismo, hipertensão arterial, estresse emocional, obesidade, sobrepeso, qualidade de vida, tabagismo.

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INTRODUÇÃO

Nas últimas décadas houve no Brasil uma redução na mortalidade geral,

porém as DCV continuaram ocupando o 1º lugar nas maiores causas de morte

no Brasil 1. Essa redução da mortalidade por doenças do aparelho circulatório

(DApC), em escala mundial, deu-se pelo maior controle aos fatores de risco,

porém, recentes informações trazem dados preocupantes sobre esse assunto,

com estudos mostram a indicação da possibilidade de um novo estagio de

transição epidemiológica, ou seja, observa-se o aumento da prevalência de

fatores de risco, com exceção do tabagismo que apresenta queda na

prevalência, fato este que pode reverter o que foi observado nas anteriores

décadas, ou seja, há uma nova tendência ao aumento da mortalidade na faixa

etária de 35 a 44 anos de idade 1,2.

Dados do Vigetel (2003 a 2009), sistema de vigilância por telefone para

o Monitoramento de fatores de risco e proteção Doenças Crônicas, relatam um

aumento da prevalência de sobrepeso e obesidade no Brasil contribuindo

assim para o aumento de fatores de riscos cardiovasacular para esse período 3.

O estudo INTERHEART avaliou os fatores de risco (FR) para doenças

coronarianas em todo o mundo e observaram que nove FR estavam

diretamente associados em mais de 90% de risco de infarto do miocárdio 4.

Muitos são os fatores de risco que culminam em uma morbimortalidade

de impacto na população em geral. Um estudo realizado na região Sul do

Brasil, trouxe a tona fatores de risco, de importante impacto, para DCVs, sendo

estes a hipertensão arterial, o sobrepeso e a obesidade, perfil glicêmico e

lipídico, tabagismo, inatividade física e a idade 5.

Dentre os fatores de risco para DCVs hipertensão arterial (HA) tem papel

de destaque, considerada um problema mundial, uma vez que, está entre os

riscos globais de mortalidade, responsável por cerca de 9,4 milhões de mortes

pelo mundo em 2010. A sua prevalência em todos os grupos sociais é

semelhante, entretanto é menor em indivíduos com renda mais elevada. A HA

é um fator de risco importante quando se trata de DCV. A prevalência mundial

desse fator era de 25% em 2000 e sua estimativa para 2025 é de 29%, já na

população brasileira essa estimativa em 2013 foi de 21,4% 6.

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Outro fator importante que pode desencadear as DCVs é o sobrepeso

ou a obesidade, que de acordo com a Vigitel, cerca de 52% dos brasileiros

estão acima do peso ou são obesos, sendo destes 56,5% homens e 49,1%

mulheres. Desde 2006, quando houve o primeiro Vigitel, até 2015, houve um

aumento considerável dessa prevalência, de 43% para 50,8%. Em associação

a esse fator de risco, estão ligados mais dois importantes, a dislipidemia e a

hiperglicemia, que tem aumentado nas ultimas décadas principalmente pelo

crescente aumento do sobrepeso e da obesidade 3,7.

O hábito de fumar, outro fator de risco grave mesmo hoje em baixa

prevalência, é um fator de risco de impacto ente os fatores de risco

cardiovasculares 8. Já inatividade física, apresenta um papel de destaque

dentro desses fatores mencionados, pois a mesma pode trazer como

consequência todos os outros acima citados, sendo estes muito prejudiciais à

saúde humana 9. A inatividade física principalmente tem se mostrado como um

fator de grande impacto para mudança na qualidade de vida e expectativa de

vida, sendo assim a inatividade física tem grande impacto dentro da nossa

sociedade atual.

O estilo de vida está diretamente relacionado aos fatores de risco

cardiovasculares e o sedentarismo pode ser constatado como fator de risco

para doenças cardiovasculares (FRC). O sedentarismo está relacionado como

os dos fatores de risco para as doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) o

que implica dizer que a inatividade física aumenta em 20% a 30% o risco de

mortalidade 10.

Por esses motivos, que a prática do exercício físico mostra-se

fundamental para melhora da qualidade de vida do indivíduo especialmente na

fase crônica, uma vez que um programa de exercício físico individualizado

promove adaptações fisiológicas alterando os aspectos morfofuncionais, dentre

eles o aumento do consumo máximo de oxigênio e a hipertrofia muscular,

atuando também na prevenção do FRC 10.

Uma forte interação tem ocorrido entre o setor científico e as atividades

inovadoras no setor da saúde. Os impactos econômicos diretos gerados pelas

atividades inovadoras, refletem na qualidade de vida da população 11.

Uma maneira eficiente e de alta reprodutibilidade é o desenvolvimentos

de software para uso em computadores e/ou tecnologia móvel, pois esta tem

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se mostrado uma ferramenta de grande potencial na superação de barreiras ao

acesso a reabilitação cardíaca, melhorando o acesso as intervenções de

promoção à saúde, e influenciando comportamentos de saúde em tempo real 12, como há evidências na melhora da autogestão de medicamentos para o

controle glicêmico 13.

Além disso, o uso de aplicativos de saúde parece aumentar a motivação

para prática de exercícios físicos em populações saudáveis uma vez que esta

metodologia de intervenção tem demonstrado alto grau de aceitabilidade em

aumentar a frequência do exercício físico na perda de peso 14,15.

Por esse crescente aumento nos fatores de risco cardiovasculares

dentro do Brasil e do mundo, novas pesquisas devem ser desenvolvidas com

estratégias preventivas e inovadoras a fim de avaliar os indivíduos com fatores

de risco cardiovasculares e prescrever o seu treinamento de forma segura e

personalizada, além disso, sendo possível abranger o maior número de

participantes e aderência ao exercício, fato este, que poderá trazer grande

melhora na qualidade de vida dessa população.

2 OBJETIVO

Objetivo GeralDesenvolver e validar um software para avaliação física e prescrição do

exercício aeróbico para pacientes cardiopatas e ou portadores de fatores de

risco cardiovascular, de acordo com os critérios estabelecidos pelas principais

diretrizes nacionais e internacionais.

Objetivos EspecíficosIdentificação dos fatores de risco cardiovascular dos voluntários

baseando-se em questionários validados e publicados previamente.

Estratificar o risco cardiovascular e prescrever o exercício aeróbico

baseando-se nos fatores de risco encontrados e nos diagnósticos médicos e/ou

exames complementares prévios relatados pelos voluntários.

Armazenar as avaliações dos voluntários, sendo possível um

acompanhamento dessas reavaliações.

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Validação da efetividade da prescrição do exercício aeróbico em

comparação dos métodos convencionais.

3 MATERIAIS E MÉTODOS Será desenvolvido um software de avaliação física e prescrição do

exercício aeróbico específico para a população de risco ou portadora de

doenças cardiovasculares, o qual será preenchido com informações quanto aos

fatores de risco cardiovascular e de informações sobre exames médicos

complementares, e assim definir a estratificação do risco e a intensidade da

prescrição do exercício aeróbico personalizado e seguro para a população

portadora de fatores de risco cardiovasculares.

Este software poderá ser aplicado para homens e mulheres acima de 18

anos, alfabetizados, que apresentem fatores de risco cardiovascular ou

problemas cardíacos já diagnosticados por seu médico cardiologista. Esse

software tem como finalidade principal gerar uma prescrição de exercício físico

aeróbico seguro e personalizado ao paciente.

3.1 Avaliações e características para preenchimento do software Inicialmente serão preenchidos dados pessoais do paciente, tais como:

nome, cor (branca, negra, amarela e mestiça), sexo, telefone e endereço para

contato, idade, profissão, nível de escolaridade, renda familiar, estado civil,

data inicial da avaliação, presença de diagnóstico médico prévio (Hipertensão

arterial sistêmica (HAS), Diabetes Mellitus (DMS), doença arterial coronariana

(DAC), dislipidemia (DLP), acidente vascular encefálico (AVE), insuficiência

renal (IR), doença vascular periférica (DVP) e medicações prescritas de uso

habitual, todas essas informações serão coletadas em formato de entrevista.

Em seguida o voluntário será questionado quanto aos seus hábitos de

vida para identificação dos fatores dos seguintes fatores de risco para doenças

cardiovasculares: obesidade, HAS, DLP, DM, nível de atividade física

(sedentarismo), estresse, tabagismo, história familiar positiva para doenças

cardiovasculares. Para evitar a subjetividade ou dúvida quanto a algum fator de

risco, as perguntas serão baseadas em questionários previamente validados e

algumas mensurações poderão ser realizadas para confirmação dos

resultados, abaixo a descrição de cada fator de risco.

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Para caracterização da composição corporal serão preenchidas

variáveis como peso, altura, medida de pregas cutâneas e circunferências de

cintura abdome e quadril, essas medidas poderão ser informadas pelos

pacientes ou aferidas no dia da avaliação. Já para a pressão arterial será

considerados algum diagnóstico prévio de HAS feito pelo médico, mas caso

não haja, os valores serão aferidos no dia da avaliação pelo profissional

capacitado e orientado e este será considerado para preenchimento do

software.

Os valores de colesterol, triglicérides e glicemia que serão considerados

para o registro no software serão os resultados encontrados no último exame

laboratorial que o mesmo tenha realizado por indicação médica. A classificação

dos indivíduos, de acordo com o resultado da glicemia e dislipidemia serão

considerados os valores estabelecidos na sua respectiva diretriz mais recente e

específica para estas condições 16.

Para definição da história familiar positiva para doença artéria

coronariana, o voluntário será questionado quanto a presença de eventos de

doença arterial coronariana prematura com parente de primeiro grau, sendo

este masculino com idade < 55 anos ou feminino < 65 anos, de acordo com a

Diretriz de Prevenção Cardiovascular (2013) 16.

Por fim, para análise do nível de atividade física será considerado o

questionário Baecke 17, para identificação do nível de estresse o questionário

Escala de Estresse Percebido – 10 (EPS-10) 18, detalhados nos itens 3.1.2 e

3.1.3.

3.1.1 Avaliações antropométricasSerão mensuradas variáveis antropométricas como peso e altura, para

calculo do IMC, a perimetria do abdômen, cintura e quadril para calculo da

relação cintura e quadril, e por fim, as pregas cutâneas para quantificar a

gordura corporal. Para a variável peso, será utilizada uma balança digital

(Plenna®, Brasil) com capacidade máxima de 160 kg e resolução de 100

gramas, na qual o indivíduo será posicionado em pé no centro da plataforma da

balança, com os pés descalços e com os braços posicionados ao longo do

corpo.

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Na avaliação da altura, que será mensurada em metros (m), será

utilizada uma fita métrica (Cescorf®, Brasil) com resolução de 0,1m que estará

fixada em parede lisa. O indivíduo será colocado em posição ortostática, com

os pés descalços e unidos, com a região occipital, cintura escapular, cintura

pélvica e a região posterior do calcanhar em contato com a parede e com a

cabeça permanecendo no plano horizontal de Frankfurt.

Calcular-se-á o IMC considerando a razão peso atual (kg) e o quadrado

da estatura (m²). Os pontos de corte propostos pela Associação Brasileira para

o Estudo da Obesidade (ABESO) 19 serão utilizados como critério de

diagnóstico do estado nutricional.

As perimetrias do abdome, cintura e quadril será realizada por uma fita

métrica (Sanny, Brasil) de capacidade de 150 cm, com precisão de 0,1 cm.

Para as medidas do abdome foram feitas em três locais diferentes: abdome

superior: 2,5 cm acima da cicatriz umbilical, abdome médio: fita sobre a cicatriz

umbilical e abdome inferior: 2,5 cm abaixo da cicatriz umbilical. Para a cintura

será considerado o local de menor circunferência abaixo do tórax e por fim, a

medida do quadril será realizada com as voluntárias com os pés juntos, e fita

posicionada sobre a sínfise púbica (anteriormente) e sobre a profusão máxima

dos glúteos (posteriormente) 20.

Para todas essas medidas de perimetrias, os voluntários estarão na

posição ortostática e a fita disposta ao redor do abdome ou quadril, de forma

justa, mas não apertada. O valor da relação cintura e quadril será obtido a

partir da divisão dos valores encontrados na região da cintura pelo quadril

(c/q)20. A RCQ será obtida pela divisão da medida da circunferência abdominal

pela medida do quadril. O resultado será avaliado segundo os valores

normativos da Organização Mundial de Saúde (OMS), sendo que, para

homens, é favorável < 1 e desfavorável ≥ 1,1 e para mulheres, favorável <0.85

e desfavorável ≥ 0,85 21.

Por meio de um adipômetro (Cescorf®, Brasil) serão verificadas as

dobras cutâneas peitoral, abdominal e coxa para homens e para mulheres

tríceps, supra ilíaca e coxa. Esses valores serão mensurados por três vezes

consecutivas rotacionalmente para a obtenção de valores mais fidedignos,

sendo a média desses valores considerada para análise 22.

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Para assegurar a confiabilidade das medidas antropométricas, além de

seguir os critérios supracitados, alguns cuidados serão tomados: todas as

mensurações serão feitas por um único avaliador, treinado e capacitado; o

adipômetro utilizado estará adequadamente calibrado 20.

3.1.2 Análise do nível de atividade físicaPara avaliação da atividade física dentro dos últimos 12 meses, será

utilizado o questionário de Baecke de atividade física habitual (AFH) 17 o qual é

composto de 16 questões que abrangem três escores: 1) escore de atividades

físicas ocupacionais com oito questões, 2) escore de exercícios físicos no lazer

(EFL) com quatro questões, 3) escore de atividades físicas de lazer e

locomoção (ALL) com quatro questões 23.

Cada escore pode ter variação de 1 a 5 pontos, sendo uma variável

quantitativa adimensional. O cálculo da pontuação final será obtido pela

somatória dos valores médios encontrados em cada domínio AFO, EFL e ALL,

cujos os valores médios encontrados serão considerados para os cálculos de

acordo com Baecke et al. 17 e Florindo et al. 23.

A atividade física ocupacional (AFO) é avaliada pelas primeiras 8

questões. A questão 1 leva em conta o tipo de ocupação, classificada em três

níveis de gasto energético: leve (1), moderado (3) e vigoroso (5), baseando-se

nos valores apresentados no compêndio de atividades físicas de Ainsworth 24.

Para os aposentados ou licenciados, deve-se considerar uma segunda

atividade ocupacional, mas no caso de não existir uma segunda atividade,

recomenda-se adotar o escore 1,0. Por fim, para as atividades domésticas,

recomenda-se adotar o nível moderado. As questões 2 a 8 se referem às

atividades durante o trabalho e são bem objetivas e devem ser comparadas

fisicamente ao trabalho de outras pessoas próximas e da mesma idade 25.

A avaliação dos exercícios físicos no lazer (EFL) é investigada pela

prática dos exercícios físicos regulares (questão 9) envolvendo modalidades

específicas, divididas em três níveis intensidade, de acordo com o gasto

energético: leve, moderada e vigorosa, de acordo com o compêndio de

atividades físicas supracitado. Duração, a frequência (horas por semana e os

meses por ano) para cada atividade, e com base na intensidade, será

calculado um escore específico para essa questão. O escore engloba mais três

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questões (10 a 12) referentes à comparação das atividades físicas no lazer

com pessoas da mesma idade 17,23-25.

Na avaliação das atividades de lazer e locomoção (ALL), as questões

referem-se às atividades de assistir à televisão (atividade sedentária),

caminhar, andar de bicicleta e uma última questão sobre os minutos por dia em

atividades de locomoção (caminhar ou uso de bicicleta para ir e voltar do

trabalho, escola ou compras). Assim, a determinação do escore total de AFH

(ET), somam-se os escores AFO, EFL e ALL. Para as questões que ficarem

sem respostas nas escalas, recomenda-se adotar o valor médio de todas as

questões do respectivo escore 17,23-25.

3.1.3 EstresseO nível de estresse será avaliado através da Escala de Estresse

Percebido – 10 (EPS-10) 18, esta por sua vez é composta de dez questões que

correlacionam acontecimentos e situações ocorridos nos últimos 30 dias com

escore de 0 (nunca) a 4 (muito frequente), em que o indivíduo assinala apenas

uma das alternativas. O escore total varia de 0 a 40, sendo que quanto maior a

pontuação, maior a percepção do estresse. Na sua versão em português, a

EPS-10 foi testada em amostras de adultos e idosos, demonstrando dados

satisfatórios de fidedignidade e validade, apresentando coeficiente de

consistência interna de 0,86 para adultos e 0,83 para idosos 18,26.

3.1.4 Avaliação da Pressão arterialA verificação da pressão arterial será por método indireto, por meio de

um estetoscópio e esfigmomanômetro aneróide fixado no braço esquerdo dos

voluntários. Os valores indicados serão registrados em fichas individuais

juntamente com as outras variáveis avaliadas. Para evitar erros na

determinação da pressão arterial tais medidas serão realizadas por um único

avaliador e os voluntários ficarão sentados em repouso por pelo menos 5

minutos antes da verificação. Serão feitas três aferições com intervalo de 1

minuto entre elas. O valor de PA considerado será a média das duas últimas

aferições, conforme as recomendações de mensuração em consultório

contidas na VI Diretrizes Brasileiras de Hipertensão 27.

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3.2 Estratificação de risco Após as avaliações físicas, os pacientes serão classificados de acordo

com seu risco cardiovascular baseado nas informações colhidas supracitadas e

também a partir dos exames complementares solicitados por seu cardiologista

responsável, do último ano, que os pacientes trouxerem na avaliação.

Caso o paciente não tenha exames complementares, serão avaliados a

partir das características avaliadas neste estudo e assim serão classificados

pelo protocolo de avaliação do American College of Sports Medicine (ACSM) 28.

Ao contrário se o paciente já tiver realizado um teste ergométrico de esforço e

um ecocardiograma, esses exames serão utilizados para a estratificação desse

risco e poderá ser realizado segundo a Diretriz de Reabilitação Cardíaca (DRC) 29 ou pelo protocolo da American Heart Association (AHA) 30.

O protocolo ACSM tem como característica a simplicidade dos critérios

de estratificação de risco. A faixa de risco e a intensidade do treinamento do

serão determinadas de acordo com as características apresentadas pelo

indivíduo. Segundo a diretriz o fator de risco negativo (colesterol HDL sérico

alto) elimina um fator de risco positivo, portanto o indivíduo classificado na faixa

de risco moderado por apresentar 3 fatores de risco positivos pode ser

reclassificado para a faixa de baixo risco, mas deve-se fazer uma análise

detalhada da história clínica e familiar, exames laboratoriais e avaliação física

para definir em qual faixa de risco é a mais adequada para cada indivíduo.

De acordo com o protocolo de estratificação de risco do ACSM 28 a

classificação de baixo, moderado e alto risco é utilizado como critérios a

presença de fatores de risco, sinais e sintomas, doenças respiratórias,

cardiovasculares e metabólicas. Resultados de exames complementares não

são questionados para a estratificação.

Utilizando a DRC 29 tem como parâmetro a utilização de teste de esforço

máximo como método de estratificação de risco para os indivíduos que

sofreram Infarto Agudo do Miocárdio. São observados também sinais e

sintomas de insuficiência cardíaca congestiva em indivíduos de alto risco.

Nesta Diretriz os pacientes de baixo risco cardiovascular devem ser avaliados a

cada ano, enquanto aqueles de risco moderado e alto devem ser avaliados a

cada seis meses ou caso haja alguma modificação clínica.

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Já na Diretriz AHA 30, utiliza principalmente sintoma ou presença de

doença cardíaca, fatores de risco e teste ergométrico para a estratificação de

risco. Os indivíduos com capacidade funcional < 6 MET e FE < 30% são

considerados alto risco. Neste protocolo de avaliação os pacientes podem ser

classificados em indivíduos em classes (A, B, C e D) de risco. Os indivíduos na

classe A não apresentam restrições para a prática de exercício, já para os

indivíduos inseridos na classe B, C e D as atividades devem ser

individualizadas com supervisão e monitoramento 30,31.

3.3 Prescrição do exercício físicoA frequência cardíaca máxima (FCmax) será obtida de acordo com a

recomendação do ACSM para prescrição da intensidade do exercício (220 –

idade) 28. Em seguida será determinada a intensidade do treinamento de

acordo com a estratificação de risco do paciente 28,31. E para calculo da zona

alvo de treinamento será utilizada a equação proposta por Karvonen et al 32.

3.4 Validação do softwareNo processo de desenvolvimento e garantia de qualidade do software, a

validação feita inicialmente foi a face a face, comparando o desempenho do

sistema em relação ao desempenho humano, por meio de uma comparação

quali-quantitativa33,34. Assim, após a avaliação do software estes mesmos

voluntários serão reavaliados, pelos mesmos critérios, por outros dois

profissionais especializados e com experiência na área de reabilitação

cardiovascular, para realizar a avaliação de modo convencional, e assim, por

meio da conclusão das avaliações, poderá firmar a possível efetividade da

prescrição de exercício.

Análise EstatísticaApós a finalização do software será utilizado um banco de dados para a

caracterização da população e para isso será utilizado o método estatístico

descritivo e os resultados serão apresentados com valores de médias, erros e

desvios padrão, percentuais e números absolutos. Além disso, se houverem

comparações entre variáveis, estes serão selecionados respeitando os

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pressupostos pelos resultados, características e comportamentos das variáveis

do estudo. Para todos os testes será adotado o nível de significância de 5%.

4 CRONOGRAMAESPECIFICAÇÃO DAS

ETAPAS ANO: 2018 ANO: 2019

A S O N D J F M A M J J A S O N D JREVISÃO

BIBLIOGRÁFICA X X X X X X X X X X X X

PROJETO X X X X XAVALIAÇÃO DO

PROJETO X X

DESENVOLVIMENTO DO SOFTWARE X X X

ANÁLISE DOS DADOS X X X X XDISCUSSÃO DOS

DADOS X X X X X

FINALIZAÇÃO DA DISSERTAÇÃO X X X X

SUBMISSÃO DOS ARTIGOS X X X X

5 RECURSOS FINANCEIROSInstituição possui os materiais permanentes para a realização desta

pesquisa.

6 REFERÊNCIAS 1. Rosa MLG, Giro C, Alves TDOE, Moura EC, Lacerda LDS, SantAnna LP, et al. Análise da mortalidade e das internações por doenças cardiovasculares em Niterói, entre 1998 e 2007. ArqBrasCardiol. 2011;96(6):477-83.

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