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ARTIGO DE ATUAL IZAÇÃO o ENSINO DA HISTÚRIA NA FORMAÇÃO DO ENF ERMEIRO Cecília Mari a Sanioto di Lasciol DI LASCIO. C . M. S. o ensi no da histór ia do enfermeiro. Rev. Bras. Enf . Brasíli a. 38(2): 1 26-137. abr./jun . . 1985. RESUMO. O ensino do desenvolv imento da prática da enfermagem pressup a análise das relações 'do sistema de s aúde do qual es ativ i da de é parte essencial, com a estru tu ra social considera da do ponto de v i sta dinâm ico e, portanto, sempre em processo de mudan- ça. Para ating ir tal objet ivo, f icou ev idenciada a inadequação da abordagem funcio nalista ressaltando-se a eficácia da abordagem histór ico-estrut ural. Com base nesses fund amentos, é executado um programa de ensi no n o Curso de G radu ação do Departamento de Enfer- magem da Universida de Federal de Pernambuco, cuja análise , do ponto de vista da moti- vação e do rendime nto, abra ngendo um per(o do de cinco anos, de 1978 a 1 983 , apresen- tou resul tados satisfatór ios, ev idenc iando des maneira a importânc ia da H istór ia na for- mação adequada do enfermeiro. ABSTRACT_ The teaching of the development of the practice of nurs ing impl ies the ana- Iysis of the relation ship s of the health system of which nurs ing is an essential p art with the social structure con sidered from a dynamic po int of view and c onseque ntly a lways in process of change_ In order to attai n this pur pose, the functional ist ap proach revealed itself inadequate in contrast wi th t he efficacy of e histor ic structu ra l approach. On t hese basis, it has en conducte d a teaching prog'ram in the Graduate Course of t he Depart- ment of Nursing at the Universida de Federal de Pern ambuco whose an alysis from the point of v iew of motivat ion and lear ning for a period of f ive years - 1 978 through 1 983 - showed sati sfactory results thus pointi ng out the importance of the History toward an adequate professional ed ucation of the nurse. CONSIDERAÇÕES P RELIMINARES Obrvação corrente en tre nós como tbém na literatura sobre o a ssunto, é a de que o ensino da História da Enfeagem não f apelo ao es- dante, em que pese , nos tempos a tuais. ver- car cres cente interee pelos esdos histór icos. Por outro lado, não é de surpreender que. recenteme nte, esta consta tação come ce a r ana- lisada pe los estudiosos e professor es da disc ipl i- na no se ntido de remover as c aus desse desin- teres. buscando mo tivar o uno pa ra es ordem de estu dos (SECAF26 , y20). É que, nes se mi ster. não temos acomp aado o denvolvime nto dos estudo s hi stóricos através dos quais avulta a impor tância para a compreen- são e análi se das açõ es human as partindo da c ons- ta tação de que o referencial empíri co da História funden as assim chamadas ciên cias do com- porten to, ou ja , Soci ol ogia. Psic ologia Soci e Antropologia Cul tural. Ness as condições, quando nos dispomos a inve stig a s causa s de t desin- Profes sor Adjunto de Ciênc ias Socia is Aplicadas à Saúde da Univers idade f ederal de Pernambuco. COREN-I'E - 8699-[, 1 26 - Rev. Bras. Eni , Brasilia. 38(2), Abr. Mai . Jun. 1 985

Cecília Maria Sanioto di Lasciol · 2015-03-13 · . 1985. RESUMO. O ensino do desenvolvimento da prática da enfermagem pressupõe a análise das relações 'do sistema de saúde

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A R T I G O D E A T U A L I ZAÇÃO

o E NS I NO DA H ISTÚ R I A NA F O R M A ÇÃO DO E N F E R M E I R O

Cec íl ia Mar ia Sanioto d i Lasciol

D I LASCIO. C . M . S . o e n si n o da h istória d o enferme iro . Rev. Bras. Enf . Brasília. 38(2) : 1 2 6 - 1 3 7 . abr . /j u n .

. 1 9 85 .

R ESUMO. O e n s i n o do dese nvo l v i mento da prát ica da enfermagem pressu põe a a ná l i se

das re l ações 'do s i stem a de saúde do q u a l e ssa ativ i da de é parte esse n c ia l , com a e strutu ra

soc i a l considera da do ponto de v i sta d i n â m ico e, portanto, se m p re em processo de m ud a n ­ça . P a r a ati n g i r ta l o bjetiv o , ficou ev i de n c i ada a i n a dequação d a a bordagem func iona l i sta ressa ltan do-se a e f i các ia da a bordagem h i stó r i c o-estrutura l . Com base nesses fundamentos,

é executado um progra ma de e n s i n o n o Curso de G ra duação d o D epartamento d e E nfer­magem da U n ivers idade F e de ra l de Perna m buco, cuja a n á l i se , d o po nto de v ista da m oti ­vação e d o r e n d i m ento, a brangendo u m per (odo de c i nco anos, de 1 978 a 1 983, aprese n ­tou resu l tados sat i sfató r i os , ev i de n c i a nd o dessa m an e i ra a i m portâ nc ia d a H i stó r i a na for­

mação ade quada d o enfer m e i ro .

ABST R ACT_ T h e teach i n g o f th e dev e l o p m ent o f t h e pract i ce o f n u rs i n g i m p l ies the a n a­I y s i s of the re lat ionsh i p s of the h e a l th system of wh i ch nurs i ng is an essent i a l part w i th the soc i a l structure con s i dered from a dy n a m i c p o i nt of v i ew a n d conseq uent l y a l ways i n process o f change_ I n order t o atta i n th i s purpose , t h e functi ona l ist approach revea l e d itse lf i n a dequate i n con trast w i th the e ff i ca cy o f th e h i stor ic structu ra l ap proach . O n these ba s i s , it has been conducte d a teach i n g p rog'ra m in the Graduate Course of t h e Depart­ment of N urs i n g at the U n ivers idade F e dera l de P e rn a m buco whose a n a l ys i s fro m t h e po i n t o f v i ew of m otivat i o n a n d l e a r n i ng for a per i o d o f f i v e y e a r s - 1 978 th rough 1 983 - showed sati sfactory resu l ts thus po i nt i n g out the i m porta n ce of the H i story toward an

a dequate profess i o n a l educat ion of the n u rse.

CO NSID E RAÇÕ ES P R E LIMIN A R ES

Observação corrente entre nós como também na literatura sobre o assunto, é a de que o ensin o d a História d a Enfermagem não faz apelo ao estu­dante , em que pese , no s tempos atuais. se verifi­car crescente interesse pelos e studos históricos.

Por outro lado, não é de surpreender que . só recentemente , esta constatação comece a ser ana­lisada pelos estudiosos e professores da discipli­na no sen tido de remover as causas desse desin-

tere sse . buscando motivar o aluno para essa ordem de estudos (SECAF26 , NEWBy2 0 ) .

É que , nesse mister . não temos acompanhado o desenvolvimento dos estudos históricos através dos quais avulta sua importância para a compreen­são e análise das ações humanas partindo da cons­tatação de que o referencial emp írico da His tória fundamenta as assim chamadas ciências do com­portamento, ou seja, Sociologia. Psicologia Social e Antropologia Cultural. Nessas condições, quando nos dispomos a investigar as causas de tal desin-

Professor Adj un t o de Ciências Socia is Aplicadas à Saúde d a U n iversidade federal de Pernam buco . COREN -I'E - 8 6 99-[ ,

1 26 - R ev. Bras. Eni , Brasilia. 38(2), A br. Mai. Jun. 1 985

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teresse , somos levados a formular questões sobre a natureza do assunto ou o con teúdo da matéria e a metodologia usada no processo ensino-a.prendiza­gem o

D iante de tal perspectiva, procuramos, nesta apresentação , analisar o significado das ciências do comportamento na formação do enfermeiro do pon to de vista de ensino da História , baseando-nos em nossa experiên�ia nesse setor de atividade .

M A R CO S R E F E R E N C IAIS

o ensino da História da Enfermagem, relati­vamente ao conteúdo, consistia tradicionalmente numa sucessão de nomes de pessoas que exerce­ram atividades de enfermagem e relacionados aos quais, simul taneamen te , eram citados fatos e acon­tecimentos sem que fosse apresentada uma com­preensão integrada de todos esses elementos nos dis­tintos cenários ao longo do tempo . A rigor, o que se tem feito é historiografia e não história. Tem ra­zão pois NEWBy20 quando afirma que na reali­dade o que nós temos tido é uma história de enfer­meiras e não uma história da enfermagem. Assim, as pessoas aparecem comandando o desenrolar dos acontecimentos e a explicação para os mesmos é baseada na própria área de atuação , independente­mente das demais esferas da vida social. Dessa ma­neira, a saúde aparece como um valor, uma função e um serviço com vida autônoma dentro de qual­quer sociedade considerada. Esta é a abordagem assim chamada de funcionalista e que não se apre­sen ta capaz de reconhecer a existência da articula­ção da esfera da saúde com a estrutura social de uma forma dinâmica e portanto sempre em proces­so de mudança. Uma vez que , de acordo com essa abordagem, não é possível entender as relações di­nâmicas e dialéticas entre a saúde e outras esferas da vida social, ressalta, pois, a necessidade de uma abordagem histórico-estrutural para se analisar e compreender a posição dos serviços de saúde e , den tre eles . a enfermagem, (JAMIESONI 2 , GAR­CIA l O ) .

Daí se depreende que , num primeiro nível de anál ise, a enfermagem deve ser encarada como efe­tivamente é, ou seja , uma atividade humana que sempre existiu , de vez que é uma resposta adapta­tiva às necessidades de sobrevivência da espécie hu­mana . Como surgiu essa resposta adapta tiva, as for­mas que assumiu ao longo do tempo só podem ser compreendidas quando integradas no context o das relações do homem em seu ambien te físico, das re-

laçõe s do homem com outras pessoas em termos de comportamento coletivo ou individual e que, por sua vez, são defmidos por um conjunto de idéi­as. crenças e s ímbolos que lhes dão sentido (WHI­TE3 0 ) . Donde se infere a necessidade de se encarar o fato histórico como uma dimensão do fato so­cial, objeto este de estUdo das ciências do compor­tamento.

O s seres humanos, em todos os tempos e lu­gares e sob todas aS formas de organização social e de contexto cultural, tiveram que lidar com a ameaça da doença e da incapacidade . Com efeito, o curso da história do homem sobre a terra foi em grande parte determinado pelo seu esforço com vistas a uma adaptação bem sucedida no que diz respeito a sua luta contra a doença e o trauma. Co­mo já dizia SIG ERIST2 7 , " . • • a doença é parte da vida, é uma manifestação da vida sob condições alteradas" .

Conclui-se então , que a enfermagem, enquanto atividade humana, e os conceitos básicos que ela utiliza têm sido definidos de forma diferente atra­vés da história. Por conseguinte , precisamos co­nhecer o processo histórico , ou seja, o processo de que essa atividade se constitui parte essencial na emergência das novas formas de sociedade (DOU­RAD08 ) . Nunca é demais lembrar que o homem é o único animal que tem história. O ser humano é situado e datado e à mercê de sua capacidade men­tal , satisfaz suas necessidades ao nível de relacio­namento homem-homem-natureza de forma sim­bolizada, ou em outras palavras, dando sentido e explicação às coisas e ao mundo em geral .

Entramos, assim, no capítulo da estrutura so­

cial conceituada como a rede de relações e inter­-relações de pessoas e de grupos na sociedade .

Fundamentados nessas colocações básicas , acreditamos chegar a uma compreensão adequada a respeito da inserção da enfermagem na estrutura social como uma das modalidades de ações de saú­de .

Claro está que a estrutura social não é estática; ela tem mudado através dos tempos e aqui nós va­mos entrar em contato com a organização da socie­dade , ou seja , temos de e studar como os homens se reproduzem socialmente . Desde logo verificamos que a produção econômica e a apropriação da mes­ma estão na base da estrutura social como também

· lhe é e ssencial a organização do poder político, ou sej� , as relações de dominação 'e de subordinação . Mas outras categorias também influenciam o tipo de estrutura social, quais sejam: religião, raça, cor,

R eI'. Bras. Enf , Bras(/ia, 38 (2) , A br. fMai. fJun. 1 985 � 1 2 7

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heredi�iedade , ocupação , tradição , l inhagem, honra e vassalagem. A maneira como as estruturas de apropriação e de dominação se apresentam, isto é, se mais ou menos rígidas, vai afetar as condições de classificação e mobilidade sociais, dando em re­sul tado diferentes tipos de estru.tura social e em que a saúde aparece como seu componente inte­grante e , conseqüentemente, também a enferma­gem_(IANNI l l , PIERSON2 2) .

O valor da vida e da saúde são assim condicio­nados pelo tipo de estrutura social que também confere valor e status às atividades e aos agentes da proteção e da recuperação da mesma (MacGRE­GOR I ? ) .

Começando pela análise da estrutura social das sociedades homogêneas dos povos pré-letrados, pri­mitivos e contemporâneos, passamos pelas civiliza­ções antigas, Idade Média, Idade Moderna até o presente incluindo também é claro , a do nosso país, produto que é da expansão da Europa Oci­dental . A ênfase está na relação da enfermagem com o processo social global em que os fatos e as correntes de pensamento impõem que sejam assi­nalados como condições e circunstâncias favoráveis e desfavoráveis à atuação das pessoas (MA UKS H 1 8 ) .

E , como a enfermagem tem sido desde suas origens identificada com a vida e o trabalho da mulher, são destacados o sta tus e o papel femini­nos bem como os movimentos de emancipação da mulher (LAMB I 4 , ROBERTS"2 3 , ASHLEy2 ,

BRAND3 ) .

A esta altura, acreditamos ser altamente opor­tuna a citação a seguir: "Se é certo dizer que Flo­

rence Nightingale foi quem exerceu a maior influ­ência sobre a reforma da enfermagem no mundo, é um engano porém atribuir o movimento da enfer­magem moderna somente às idéias e ao exemplo de Florence Nightingale . A Inglaterra, a partir do século XVIII, atravessava um período de reformas. A Revolução Industrial criara uma nova sociedade . O s processos de industrialização e urbanização , provocando desajustamentos do meio ambiente , favoreciam a disseminação de doenças. A reforma das prisões, a melhoria das condições de trabalho nas fábricas, as modificações da legislação sanitá­ria e de um modo geral a tomada de consciência das condições sanitárias insatisfatórias em que vivia a população fez desencadear uma campanha de saúde pública, considerada por WINSLOW, como movimento precipuamente social e de caráter hu­manitário . A reforma da enfermagem iniciada por Florence Nightingale , em 1 860, não foi portanto

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um fenômeno isolado. porém, parte de um movi­mento geral para a mellioria das condições da vi­da humana" (ALCANTARA I ) .

Isto posto, chegamos assim ao reconhecimen­to da necessidade de encarar a prática da enferma­gem numa perspectiva de prática social � (SANTOS & VIEIRA24 ) . Já dizia o filósofo SANTAYANA

que quem não estuda História é ob rigado a repeti­-Ia. Na enfermagem, podemos observar o acerto dessa afirmação. A ssim , dentro do enfoque histó­rico-estrutural , aprendemos que a enfermagem es­tava embutida nas ações dos principais responsá­veis pela assistência à saúde, e specialistas locais de saúde nas sociedades tradicionais, médicos e sa­cerdotes médicos nas civilizações antigas. Mas na Idade Média, aos poucos, vão surgindo diversos ra­mos de atividades que se institucionalizam com a formação do médico que passa a ser feita na Uni­versidade . Este processo, mantendo a divisão do trabalho em manual e intelectual. presente já na antigüidade , fez com que o médico , ao se despejar das atividades manuais consideradas de status in­ferior, passasse a adquirir um prestígio social que foi aumentando com o decorrer do tempo (GAR­CIAI O ) .

Se nos lembrarmos que status e prestígio fa­zem parte das convenções sociais, nosso posiciona­mento hoje comu enfermeiros é o de , em primeiro lugar, reconhecer esse fato sociológico sendo, por­tanto, insensato e imaturo investir contra a hierar­quização de status em situações históricas particu­lares , como por exemplo , em nosso quotidiano concreto de trabalho (FREEMAN9 • SCHLOT­

FELDT2 5 ). Uma atitude em consonância com a realidade e, portanto, mais segura seria a de assu­mir um posicionamento a partir dessa situação de fato e contribuir para provocar mudanças com vis­tas a uma estrutura social mais compatível com as aspirações humanas e , no caso da enfermagem, que considere também a discriminação que sempre so­freu a mulher e . conseqüentemente , o seu trabalho através dos tempos (MILLER 1 9 ). Por outro lado, as ciências do comportamento também ensi­nam que a liderança numa dada situação é a de quem e,stá mais apto a enfrentá-la (KRECH et aliiI 3 ) . Esse é um meio eficaz pelo qual o enfer­meiro . através de sua competência e de seu traba­lho , pode vir a provocar mudanças em seu status e não com atitudes emocionalistas de ressentimen­tos, de revanchismos ou , ao contrário , de passivida­de, de submissão, de aceitação e de conformis­mo (FREEMAN9 ) . Como já d issemos, o exemplo

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acima faz parte do trabalho diário dos enfermeiros e, por isso, nós achamos pertinente mencioná-lo à guisa de apresentar uma situação familiar a todos os profissionais na área. Em outras palavras, quere­mos dizer que um conhecimento da História da Enfermagem pode ajudar a incutir nos enfermeiros um sentimento de identificação e de orgulho de pertencer ao grupo, além de estimular a criativida­de dos mesmos para o desenvolvimento de novos modelos de atuação profissional (BULLOUGH e BULLOUGH4 ) .

Mas o esforço do enfermeiro não deverá ser apenas conduzido no sentido da melhoria do pró­prio status e de suas condições peculiares de traba­lho e sim devem os enfermeiros se sentir parte in­tegrante de um todo maior, da força de trabalho que identifica sob esse prisma todos os trabalhado­res desde os da própria equipe de enfermagem, da qual é l íder - atendente, auxiliar de enfermagem , técnico de enfermagem - com vistas a mudanças na estrutura social de modo a eliminar privilégios hie­rarquizantes e garantir a todos plena igualdade de oportunidades , objetivando implantar a justiça so­cial. Daí resulta que o enfermeiro, além de ser mão-de-obra qualificada, é agente de mudança so­cial e cultural (SULLN AN29 , SIMPÓSIO SOBRE POLITICA NACIONAL DE SAÚDE28 , LIMA, ANDRADE e CHA VES1 6 ) .

Desde cedo aliás, compreendeu o enfermeiro que. para melhoré\r as próprias condições de traba­lho advindo daí melhor assistência à saúde , impu­nha-se a organização de esforços. Isto viria a se con­cre tizar na criação das entidades de classe de cuja atuação se sedimentariam as normas legais . Isto também tem constituído uma tendência geral da profissão e, em nosso país, ocorreu desde a turma pioneira organizando a atual Associação Brasilei­ra de Enfermagem em 1 926, sendo também res­ponsável esta entidade pela criação das demais ho­je existentes, as quais, para legitimarem suas ações, devem sempre se preocupar com a plena partici­pação e representação de seus membros confor­me nos' ensina a Sociologia Política.

Assim , entramos no estudo da legislação da enfermagem , tanto a que diz respeito ao ensino como a que concerne ao serviço, caracterizando-se dessa maneira a enfermagem como profissão emer­gen te em que novas dimensões são acrescidas ao seu desempenho. Essas presentemente se configu­ram em funções técnicas, administrativas, educati­vas e de pesquisa, assinalando-se que, no desempe­nho de todas elas, deve o enfermeiro imprimir sua

marca profissional de agente de mudanças. E aqui, considerando a dinâmica da sociedade e, conseqüen­temente . da prbfissão, caracterizada por um contí­nuo processo de mudança em ritmo crescentemente acelerado, torna-se necessário incentivar o enfermei­ro para as atividades de pesquisa a fim de ensejar a produção de novos conhecimentos e técnicas e levar a uma melhor compreensão das distintas formações sociais e dos seus atores (DI LASCI06 , NOGUEI­RA2 1 , WITT3 1 ) .

o E N S I NO DA H ISTÓ R IA DA E N F E R MAG E M ­UMA P R O PO ST A D E P R O G RAMA

Partindo dos questionamentos referidos, nos pusemos a elaborar um programa que corres­

pondesse, segundo nossa ética. à compreensão da disciplina em pauta e com o qual pudéssemos atin­gir seus obje tivos.

Na estrutura curricular do Curso de Gradua­ção em Enfermagem e Obstetrícia da Universida­de Federal de Pernambuco - UFPE - todo esse conteúdo que acabamos de analisar fazia parte da disciplina "Exercício de Enfermagem" , com 45 horas de aula, incluindo também "Ética de Enferma­gem", a cargo de outro docente. A partir de 1978 e depois da experiência em várias turmas, ambos os docentes acordaram em propor o desdobramento da disciplina em que os fundamentos histórico-so­ciais e os aspectos legais fossem separados da parte de "ttica ", o que foi aprovado menos a carga horária para Fundamentos Históricos-Sociais, cuja solicita­ção para 45 horas recebeu aprovação para apenas 30 horas o que , pelo exposto, é obviamente insuficiente para cobrir o conteúdo da mesma. Na prática, o que aconteceu foi que sempre extrapolamos esse núme­ro de horas. Finalmente . e sta situação de fato com­provou a razão de ser de sua legitimidade, passan­do a referida disciplina a ter oficialmente 45 horas a partir do 2<:' semestre de 1 983 . A seguir, apre­sentamos um esquema do programa que elabora­mos para o ensino dessa disciplina.

D ISC I P L I NA: Exercício da E nfermagem I - Fundamentos H istór ico-Socia is

1 . OBJETIVOS GERA IS

1 . 1 Analisar o desenvolvimento da enfer­magem de modo a capacitar o profissio­nal a atuar adequadamente de acordo com o significado, funções e objetivos da

Rev. Bras. Enf , Brasilia , 38 (�), A br. /Mai. /Jun, 1 985 - 1 29

pro

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profissão no contexto sócio-econômico e cultural.

1 .2 Analisar a problemática e legislação da en­fermagem no Brasil .

1 .3 Analisar e avaliar desempenhos na área de saúde no que diz respeito particularmente ao papel do enfermeiro como membr'o da equipe de saúde e como agente de mudan­ça cultural e social .

2. EMENTA

- Estrutura Social, Saúde e Enfermagem. ' - Estudo dos aspectos históricos, sociais e le-

gais do desenvolvimento da enfermagem como fundamento ao exercício profissional adequado.

- Problemática e legislação da Enfermagem no Brasil .

3 . CARGA HORÁR IA - 45 horas teóricas N<? de cré ditos: 3

4 . PROGRAMA

- PERSPECTN AS NO ESTUDO DA DISCI­PLINA "EXERCICIO DA ENFERMAGEM I"

A abordagem funcionalista - Análise crítica

- A abordagem histórico-estrutural - Análise crítica

Fato histórico - conceito, explicação - Estrutura Social e História - Estrutura Social , Saúde e Enfermagem DESENVOLVIMENTO DA ENFERMA­GEM DENTRO DO ENFOQUE HISTÓRI­CO-ESTRUTURAL - Enfermagem entre os Povos Pré-letrados

Enfe rmagem nas Civilizações Antigas - Enfermagem na Idade Média - Enfermagem na Idade Moderna PARTICIPAÇÃO DA MULHER NO DE­SENVOL VIMENTO DA ENFERMAGEM - Status e Papel da mulher - Os movimentos de emancipação da mu-

lher - TENDI:NCIAS DA ENFERMAGEM

Enfermagem - uma profissão emergente - Funções do enfermeiro

130 - Rev. Bras. Enf , Brasilio, J8 (2}, A br. /Mai. /Jun. 1 985

Organização das atividades de Enferma­gem Categorias de Pessoal de Enfermagem Entidade de Classe em Enfermagem A Enfermagem no B rasil , no Nordeste Brasileiro e em Pernambuco Legislação do Ensino da Enfermagem Legislação do Exercício da Enfermagem Enfermagem e mudança social e cultural

CO N SID E RAÇO ES FINAIS

Nossa formação escolar e, particularmente , a universitária' tende em geral a se limitar ao ensin o da especificidade técnica das disciplinas. Obvia­mente esta abordagem não dá ensej o à compreen­são das relações existentes entre as várias catego­rias de trabalho, impedindo uma visão global da so­ciedade e, por conseguinte , o desenvolvimento de uma consciência crítica que necessariamente deve incluir a análise científica da sociedade , do que a . move, dos seus mecanismos de reprodução e das suas repercussões sobre a vida social em' todos os níveis.

No que tange à sociedade brasileira, assinala­-se uma dinâmica contraditória entre um proces­so histórico hierarquizante caracterizado por sobre­vivências do sistema de castas e do sistema feudal , ao lado de um processo histórico liberal , igualitário , cuja constituição moderna é baseada nas cons­tituições inglesa, francesa e sobre tudo america­na. Em outras palavras, o Brasil é tanto uma so­ciedade patriarcal como uma sociedade competi­tiva de luta de classes sob o regime capitalista de produção . Acresce ainda o fato de que o modelo político econômico implantado no país, nestas duas últimas décadas, acentuando o grau de explo­ração da força de trabalho obje tivou a aceleração e a acumulação do capital propiciando as condições para uma crescente monopolização da economia, concentrando e centralizando o capital em que se destaca preponderantemente o capital estrangei­ro. Por outro lado , essa e stratégia econômica de expansão do capitalismo no país . beneficiando de­terminadas regiões, aumentou as disparidades re­gionais e ocasionou no país em geral uma deterio­ração das condições de saúde .

Dessa maneira, aprofundando-se nossa depen­dência aos centros de decisão no exterior são con­tinuamente importados "pacotes tecnológicos" que restringem a formação de pesquisadore s em condições de criar conhecimentos e tecnologia vol-

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tados p ara as necessidades da maioria da popula­ção.

t preciso compreender que todo e qualquer ' trabalho tem uma dimen são política de vez que aten­

de aos intere sse s de determinadas classe s ou grupos existentes n a sociedade . E isto se torna claro quando verificamos a quantidade de trabalhos que exigi­ram e sforço e de dicação de equipes inteiras bem como dinheiro público não serem viabilizados por falta de decisõe s pol íticas embora atendessem aos interesse s da maioria da população . Por outro la­do, observa-se que plano s e programas são elabo­rados sem a particip ação da grande maioria das populaç õe s envolvidas correndo o risco portanto de não refle tirem as suas próprias nece ssidades.

Este desafio, o profissional liberal deve en­frentá-lo , aplicando os conhecimentos e técnicas que adqu iriu para assumir o compromisso de se tornar um instrumento de liberação do homem e da sociedade. Para tanto, torna-se essencial a participação direta das mais amplas camadas da população no equacionamento e solução dos problemas que as afetam corno os que dizem res­peito à s sua s condições de vida e de trabalho.

Tudo isso está a exigir um trabalho de esclare­cimento que tem de começar desde o início da formação do profissional, no nosSo caso, do en­fermeiro , e se estender atravé s de to das as disciplinas do curso , à l uz das ciências sociais e de acordo com uma abordagem histórico-estrutural. Para isso , o aluno deve aprender no c iclo ge ral os conceitos fun­damentais , ou seja, as ferramentas de trabalho que na Universidade Fe deral de Pernam buco são forne­cidos pela disciplina "So ciologia I" , com 60 horas teóric as. Além disso, deve esse trabalho ser com­p lementado por urna ampla atuação das entidades de classe , objetivando atingir um número cada vez maior de membro s numa cooperação consciente­mente p articipativa (CASTRO S ) .

Estamos convencidos de que tão importante quanto a escolha do elenco e do conteúd o das disciplinas é o ensino ser conduzido de acordo com uma abordagem teórico-metodológica que forme um profissional que encare a realidade social den­tro de uma visão crítica, levando-o a destruir mi­tos e tabu s e pondo a nu as estruturas de explo­ração e de dominação, contribuindo com outro s profissionai s na formulação de d istin tas alternati­vas da estru tura social .

Note-se ainda, d e u m modo geral , entre os en­fermeiros, pouco apreço pelo estudo das refe­rências teóricas implícitas na prática profissio-

nal. Aqui cabe assinalar a afirmação lapidar de LEWIN 1 5 " • . • nada tão prático quanto uma boa teoria" .

Conclu ímo s afirmando que a disciplina que se propõem a ensinar os fundamentos histórico-sociais da enfermagem que, na Universidade Federal de Pernambuco é ministrada no 2? período do Curso de Enfermagem e Obstetrícia, se lhe/forem ofereci­das condições adequadas de desempenho , poderá se constituir numa apre sentação estimulante aos jovens estu dante s candidatos a uma profissão que espera dos seus representantes uma identificação com seus obj etivos de justiça social em que a saúde é essencial para a melhoria da qualidade da vida (DI LASCI0 7 ) .

D I LASCIO . C . M . O . S . T h e history teaching i n t h e nurse form ature . R ev. Bras. EnJ , Brasília . 38( 2) : 1 2 6 -1 3 1 , abr ./j un . 1 9 8 5 .

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