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FOTOS: DIVULGAçãO 48 + Monet + ABRIL 48 > ESTREIAS E NOVAS TEMPORADAS À direita, listamos diversas séries que estreiam este mês e as que voltam para a TV com força total. Confira todos os detalhes das tramas e quando elas vão aterrissar 50 > CONTOS DO EDGAR Conversamos com o elenco e o diretor da série nacional inspirada nos contos de Edgar Allan Poe e que promete ser a mais macabra da TV 54 > HANNIBAL Visitamos o set de filmagem do seriado e conversamos com o ator dinamarquês Mads Mikkelsen, que reencarna o papel imortalizado por Anthony Hopkins 60 > BODY OF PROOF Dana Delany conta como a série que mistura os gêneros médico e policial retorna renovada para sua terceira temporada 62 > NASHVILLE Na onda do sucesso da música country nos EUA, a atriz Hayden Panettiere contou como é entrar para esse mundo de botas de couro 66 > CALL THE MIDWIFE Esqueça o glamour dos chás de bebê. A produtora-executiva da nova série do canal BBC HD garantiu que os partos feitos nos anos 50 não eram nada fáceis 68 > DOWNTON ABBEY A série que tomou conta do público britânico chega ao Brasil com toda a pompa da aristocracia do início do século 20 TEMPO DE SéRIES ENQUANTO NOVAS TEMPORADAS COMEçAM, OUTRAS CHEGAM PARA CONQUISTAR SEU ESPAçO. PARA SABER O QUE ESPERAR ESTE MêS, CONFIRA TODAS AS NOVIDADES E MATERIAL EXCLUSIVO HAPPY ENDINGS >> O mundo dá voltas... e retorna para onde tudo começou. Pelo menos é o que acontece na terceira temporada da série, que traz Alex (Elisha Cuthbert) e Dave (Zachary Knighton) novamente juntos. Enquanto isso, Penny (Casey Wilson) sofre um acidente e o casal Brad (Damon Wayans Jr.) e Jane (Eliza Coupe) precisa superar o desemprego. I A PARTIR DO DIA 30, TERçAS, 10H, SONY, 49 E 549 (HD) WILFRED >> Quando pensávamos que a vida não poderia ficar mais estranha para Ryan (Elijah Wood), a 2 a temporada veio provar o contrário. Depois de perder a namorada e de seu amigo cão sofrer um acidente, Ryan retorna à série se consultando com um terapeuta (participação especial de Robin Williams) e descobre que sua vida agora se resume a um emprego chato. Nada que Wilfred (Jason Gann) não possa reverter. I A PARTIR DO DIA 24, QUARTAS, 9H, FX, 54 WEEDS >>As coisas não terminaram nada bem para Nancy no fim da sétima tempo- rada. O oitavo e último ano da série marca o retorno da família mais disfuncional dos EUA e começa com Nancy no hospital após levar um tiro. Ainda bem que seu filho, Shane, é policial e pode salvá- la. Calma, ele não vai dedurar os negócios da família, até porque sua mãe agora planta maconha legalmente. I A PARTIR DO DIA 2, TERçAS, 23H, GNT, 41 E 541 (HD) ÍNDICE

Cegonhas, para quê - Monet121 - abril2013

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ção

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48 > estreias e novas temporadasÀ direita, listamos diversas séries que estreiam este mês e as que voltam para a TV comforça total. Confira todos os detalhes das tramas e quando elas vão aterrissar

50 > Contos do edgarConversamos com o elenco e o diretor da série nacional inspirada nos contos de EdgarAllan Poe e que promete ser a mais macabra da TV

54 > HanniBaLVisitamos o set de filmagem do seriado e conversamos com o ator dinamarquês MadsMikkelsen, que reencarna o papel imortalizado por Anthony Hopkins

60 > Body of proofDana Delany conta como a série que mistura os gêneros médico e policial retornarenovada para sua terceira temporada

62 > nasHviLLeNa onda do sucesso da música country nos EUA, a atriz Hayden Panettierecontou como é entrar para esse mundo de botas de couro

66 > CaLL tHe midWifeEsqueça o glamour dos chás de bebê. A produtora-executiva da nova série docanal BBC HD garantiu que os partos feitos nos anos 50 não eram nada fáceis

68 > doWnton aBBeyA série que tomou conta do público britânico chega ao Brasil com toda apompa da aristocracia do início do século 20

tempode

sériesEnquanto novas tEmporadas comEçam,outras chEgam para conquistar sEu Espaço.para sabEr o quE EspErar EstE mês, confiratodas as novidadEs E matErial Exclusivo happy endings

>> o mundo dá voltas... e retorna para ondetudo começou. pelo menos é o que acontece naterceira temporada da série, que traz alex (Elishacuthbert) e dave (Zachary Knighton) novamentejuntos. Enquanto isso, penny (casey Wilson) sofreum acidente e o casal brad (damon Wayans Jr.) eJane (Eliza coupe) precisa superar o desemprego.

i a partir do dia 30, tErças, 10h,sony, 49 E 549 (hd)

wilfred>> quando pensávamos que a vida não poderiaficar mais estranha para ryan (Elijah Wood), a2a temporada veio provar o contrário. depois deperder a namorada e de seu amigo cão sofrerum acidente, ryan retorna à série se consultandocom um terapeuta (participação especial derobin Williams) e descobre que sua vida agorase resume a um emprego chato. nada queWilfred (Jason gann) não possa reverter.

i a partir do dia 24, quartas, 9h, fx, 54

weeds>>as coisas não terminaram nada bem

para nancy no fim da sétima tempo-rada. o oitavo e último ano da série

marca o retorno da família maisdisfuncional dos Eua e começa

com nancy no hospital após levarum tiro. ainda bem que seu filho,

shane, é policial e pode salvá-la. calma, ele não vai dedurar

os negócios da família, atéporque sua mãe agora plantamaconha legalmente.

i a partir do dia 2,tErças, 23h, gnt, 41 E 541 (hd)

Índice

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espeCiaL i EstrEias E novas tEmporadas

london hospital>> um Grey’s Anatomy do início do século pas-sado, a série que estreia este mês mostra o dia adia da equipe do royal london hospital. o dramaé centrado no romance proibido da enfermeiraada russell (sarah smart) e do dr. James Walton(tom riley), que são impedidos de ficar juntos.a série ainda traz as dificuldades de sydneyholland (nicholas farrell) em gerenciar umhospital com a falta de recursos dos anos 1900.

i a partir do dia 5, sExtas, 22h,+globosat, 110 E 502 (hd)

blackout>> a série britânica reúne suspensee drama em três episódios na sua 1a

temporada. christopher Eccleston fazdaniel demoys, um oficial corruptoque se vê em meio a uma investiga-

ção de um crime em que ele pode sero assassino. para piorar, seus problemas

com a bebida destruíram seu casamento.

i a partir do dia 1º, sEgundas, 23h, bbc hd, 531

adorÁVel psicose>> a vida da psicótica natalia sófica ainda mais maluca na quartatemporada da série. agora, ela vaipara o paraguai e acorda casadacom ninguém mais ninguémmenos do que o cara de bigode.será que isso vai dar certo?

i a partir do dia 3, quartas,22h, multishoW, 42 E 542 (hd)

trataMento de choque>> charlie goodson, personagem de charliesheen na série Tratamento de Choque, vai perdera paciência na segunda temporada. sem sabercomo definir seus sentimentos por Kate (selmablair), ele ainda vai ter que lidar com a possibili-dade de a filha ser lésbica. o novo ano conta coma participação especial do rapper cee lo green,que pede a ajuda de charlie para conter sua raiva.

i a partir do dia 25, quintas, 21h30, tbs , 139

bedlaM>> animais mortos, fantasmas, mensagens miste-riosas, enfim, um seriado sobrenatural para nin-guém botar defeito. imagine morar em um prédioe descobrir que o local foi um hospital psiquiátri-co no passado. pois é isso que acontece com osmoradores, que precisam descobrir como superaro medo e até ajudar os espíritos vingativos.

i a partir do dia 3, quartas, 22h, bbc hd, 531

da Vinci’s deMons>> do roteirista da trilogia Blade e de Motoqueiro

Fantasma, david s. goyer, a série pretendemostrar como era a vida do artista leonardo davinci, aos 25 anos, antes de se tornar o conhe-cido inventor. a história se passa na florençarenascentista e é protagonizada por tom riley.

i a partir do dia 16, tErças,22h30, fox, 50

nothing but the truth>> a série canadense, que chega à 2a temporada nobrasil, acompanha a promotora brigitte e os assassi-natos, estupros e roubos que fazem parte também dasua vida pessoal, já que seu namorado é o advogadode defesa dos acusados.

i a partir do dia 3, quartas, 22h, +globosat, 110E 502 (hd) defiance

>> se eles existem, ou não, é impossívelafirmar, mas os extraterrestres tomam

conta do imaginário humano hácentenas de anos. Em Defiance, osalienígenas vieram para a terra de-

pois de terem seu planeta destruídoe entram em guerra com os humanos.nesta nova série de ficção científica,

que vai virar também videogame, quemserá que sai vencedor dessa batalha?

i a partir do dia 16, tErças,20h, syfy, 92

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por Amanda Nogueira e Raquel Temistocles

nem teconto

SuamoS frio em um dia quente de gravação da Série quetem a ouSada miSSão de adaptar aS hiStóriaS de edgAR

AllAN poe para a cidade de São paulo doS tempoS atuaiS

Barra Funda, São Paulo. uma caçamba PrESTESa pegar fogo denunciava a entrada de uma oficinamecânica típica da zona oeste paulistana. Faltava ar nogalpão sujo de graxa parasitado por pneus em todos oscantos e sufocado com lona em suas únicas pretensõesde janelas. um carro velho e empoeirado e uma moto

desconfigurada eram os corpos que habitavam a caixa escura cobertade telhas como se lá jazessem após uma longa vida. não seria nenhumasurpresa se viesse à tona uma ninhada de ratos famintos em busca dequalquer decomposição. Fazia 33ºc naquela tarde de fevereiro quehavia sido a mais quente do ano até então, mas a equipe da produtorao2 Filmes seguia enfrentando o medo de congelar o sangue nas veiasem mais um dia de gravação de Contos do Edgar, a nova série nacional,baseada nos contos do mestre do mistério, Edgar allanPoe. apesar do calor, a intenção eram os calafrios. no fimdo dia, a chuva veio inundar a cidade como se quisessechorar o desfecho da trama.

CoNToS doedgAR i dia 2,terça, 22h15,fox, 50 e 550 (hd)

eSpeCiAl SéRieS i eStreia

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A sete palmos– O ator Marcelo

de Barros grava emcemitério no episódio

piloto “Berê”

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Histórias de terror explícito – No canto superior esquerdo,o ator Marcelo de Barros como Cícero em cena do episódio piloto“Berê”. Acima, Gaby Amarantos em participação especial comoa cantora Berê Bitoca. À direita, de cima para baixo: Marcusde Andrade, como Edgar, e Danilo Grangheia, como Fortunato,ambos na locação da dedetizadora Nunca Mais. Abaixo, o diretorgeral da série, Pedro Morelli, durante gravação

cada episódio da primeira temporada levará o nome deuma personagem feminina, como em “Priscila”, baseado noconto “metzengerstein” e o qual nos arrepiou durante a visi­ta ao set descrita na página anterior. Já o primeiro episódio,chamado “berê”, é inspirado no conto berenice, que se pas­sa entre uma boate e um cemitério e tem como atriz convi­dada ninguém menos que Gaby amarantos no papel da can­tora berê bitoca. Se você acha que o tecnobrega eletrizantee exagerado que conhecemos nada tem a ver com o sombrioe gélido estilo do escritor, espere até assistir ao piloto.

“na obra do allan Poe é muito comum ter mulheresmorrendo, é uma piração dele que a gente manteve pra darunidade, já que cada episódio é sobre um conto diferente”,explica Pedro morelli, diretor e criador da série ao lado deGabriel Hirschhorn.

outro nó que ata o nascimento e o velório de cada epi­sódio, e também o início e o fim da série, fica por conta darelação ambígua entre Edgar, interpretado por marcus deandrade, e Fortunato, vivido por danilo Grangheia, dois de­detizadores que prestam serviços em locais infestados porinsetos. É a partir deles que ficamos sabendo de cada histó­ria. “o espectador vê os acontecimentos, mas não sabe exa­tamente se aquilo de fato aconteceu ou é uma elucubraçãoda cabeça do Edgar. Então esse choque entre a realidade e aficção é um dado bacana, acho que São Paulo agrega comopossibilidade esse tipo de abordagem”, explica Grangheia.

Quieto, sorrateiro, observador... Edgar até se parece,mas não pretende ser Edgar allan Poe. “Esse personagemé testemunha ocular das coisas e acho que as histórias vãoentrando na cabeça dele. Participa de duas ou três cenasem cada episódio quase mudo, pouco expressivo, bastanteintrospectivo, mas sempre observando meio de fora”, con­ta andrade, que pela primeira vez em sua carreira trabalha

na frente das câmeras. Tudo na série é pensado cautelo­samente, como quem planeja um crime. Por exemplo, adedetizadora, que se chama nunca mais: “É uma mençãoao poema ‘o corvo’, a obra mais famosa do allan Poe, emque o corvo sempre responde ‘never more’ [em português,‘nunca mais’]”, conta o diretor.

o que poderia ser mais apropriado para quem quer darum fim nas pragas? “Tem esse tonzinho cômico ao fundo. agente tomou muitas liberdades pra criar, tanto no formato,quanto na adaptação”, conclui. outra brincadeira para des­contrair o clima tenso de vida e morte sempre presente sãoas aparições discretas de fotos do Poe em algumas cenas.

Velhos contos, noVos contadores

Escolher e adaptar os acontecimentos do universo de Poepara a São Paulo de hoje exigiu cuidado. “a gente leu e es­tudou 45 contos e dividiu em três grupos: o dos macabros

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e realistas, o dos mais fantásticos, e um terceiro grupo, quetem umas coisas mais cômicas. Então a gente decidiu fazeressa primeira temporada com os contos mais macabros e rea­listas, principalmente, embora tenhamos alguns um poucomais fantásticos na manga para uma possível segunda tem­porada”, explica Pedro morelli, que conta com a ajuda detrês codiretores na feitura do projeto, além do roteirista Vitorbrandt: Quico meirelles, alex Gabassi e cassiano Prado.

Sobre essa nova geração de diretores, Fernando meirel­les, que assina a produção da série, não poupa elogios e des­taca o talento de Pedro: “Ele é jovem, tem 25 anos, vai fazerum longa agora, é culto, muito interessante, cheio de ideia,sério pra caramba, trabalha que nem um louco”. não é pormenos. “com essa lei de audiovisual, juntamos 32 projetosde televisão e levamos à Fox, que se interessou por dois”,diz meirelles. “o fato é que eles são obrigados a produzir

O espectador vê osacontecimentos, mas

não sabe exatamente seaquilo de fato aconteceuou é uma elucubração da

cabeça do Edgar”,diz Danilo Grangheia

muito material. Então estão à caça de boas ideias, e quemtiver projetos consistentes tem tudo pra se dar bem agorae nos próximos anos”, completa morelli, que, ainda nesteano, finaliza um longa­metragem codirigido com seu pai,Paulo morelli, e inicia uma produção com o canadá.

Se depender dos atuais produtores, roteiristas e diretores,a ficção estará bem servida com gêneros além da conheci­da comédia brasileira. “Contos do Edgar pretende abordar ocampo do terror, mas ele está um pouco imbuído de umasérie de preconceitos, acho que vai um pouco da visão quetemos sobre o meio em que a gente vive’’, disse o ator daniloGrangheia. afinal, quem nunca virou a esquina com frio nabarriga ao avistar uma figura suspeita? ou já entrou numelevador velho, achando que dali não sairia? Qualquer cida­de está cheia de pessoas e lugares com histórias a serem con­tadas – macabras, cruéis, sofridas e inexplicáveis. E então,está preparado para mais esse mistério?

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EspEcial sériEs i estreia

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por sarah Mund, de Toronto*

fome dematar

Um dia no set de gravações conversando com prodUtorese elenco, qUe inclUi mads mikkelsen, HUgH dancy e

laUrence FisHbUrne, é o sUFiciente para entender o HorrorsoFisticado de Hannibal, o canibal mais Famoso do

cinema qUe agora estreia na televisão

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Enganando os sentidos– É difícil descobrir o que oDr. Hannibal Lecter (Mads

Mikkelsen) esconde por trásde toda a sua sofisticação.

Ou quais ingredientes foramusados nos elegantes jantares

que ele serve a seus convidados

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lembrar dos trejeitos de anthony Hopkins no papel do cani-bal que lhe rendeu o Oscar de Melhor ator por sua atuaçãoem O Silêncio dos Inocentes (1992). Foi com essa memória que35 jornalistas de 22 países entraram no antigo galpão de umadistribuidora de chá em Toronto, no Canadá, onde hoje é gra-vada a série Hannibal e foram os primeiros a assistir aos doisepisódios iniciais. Os cenários, especialmente o da cozinhaonde o Dr. Hannibal lecter prepara seus prestigiados janta-res, fizeram jus aos pesadelos de muitos dos presentes. a culi-narista Janice Poon esperava pelos convidados para contar oscuidados gastronômicos da produção ao lado de um balcão re-pleto de ingredientes dificilmente identificáveis e/ou bizarra-mente assustadores, como um pulmão bovino e uma galinhada raça Silkie, ou black Chicken, depenada. E com um toquede humor macabro de lembrança foi entregue um pacotinhode Ossi di Morti, biscoitos italianos com formato semelhante

ao de, bem, ossos.Mas se em Hannibal (2001) era explíci-

to que o Dr. lecter estava cozinhando umpedaço de cérebro, na série as coisas sãomostradas de um jeito bem mais sutil, tor-

nando difícil saber a origem da carne. E, por incrível que pa-reça, o maior entusiasta dos pratos “macabros” é felizmente oúnico que é obrigado a saborear todos eles: o ator Madd Mi-kkelsen (007: Cassino Royale), o intérprete da versão mais jo-vem do psiquiatra canibal. “Nós sempre temos que comer emcena o que estou servindo e eu experimentei todos os pratos.Então posso dizer que Hannibal é um excelente cozinheiro. Étudo maravilhoso!”, divertiu-se o dinamarquês com a reaçãodos jornalistas à sua revelação. Quando perguntado sobre oquanto a atuação de Hopkins o influenciou, ele fez graça: “ba-sicamente copiei tudo o que ele fez nos filmes”, brincou, an-tes de falar a sério sobre o personagem. “Todos sabem que elelevou um papel icônico ao nível da perfeição e é impossíveltentar repetir o feito. ao mesmo tempo não podemos fugir dequem é o personagem. Para a minha sorte, nossa história sepassa antes de ele ser preso, quando ainda tinha que escondersua natureza e queria ter amizades.”

apesar de ser o aspecto mais marcante da atração em umprimeiro momento, não foi só nisso que os produtores in-vestiram seu tempo. Todas as cenas de crime são assustado-ramente ricas em detalhes. alguns jornalistas de estômagomais fraco não quiseram nem ficar muito tempo no cená-rio de necrotério do Fbi onde as autópsias são conduzidas.Também pudera: cada um dos corpos expostos levou cercade cinco semanas para ficar pronto, com fios de cabelo sendoacrescentados um a um. isso sem contar as bizarrices, comouma mulher empalada pelos chifres de um cervo empalhadoou o jardim de fungos adubado por pessoas mortas. O elencotambém foi escolhido a dedo. além de Mikkelsen, estrelam asérie Hugh Dancy (Falcão Negro em Perigo) no papel do agen-

Depois de trêsadaptaçõescinematográficasbaseadas na obra deThomas Harris ficaimpossível não se

dHannibal

i a partir do dia 16,terças, 22H, aXn,

34 e 534 (Hd)

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bizarrices em cena – Na foto grande, Jack Crawford(Laurence Fishburne) escolta seu pupilo Will Graham (HughDancy) nos corredores da academia do FBI em Quantico. Àdireita: corpo de vítima é encontrado em uma complexa cenamontada pelo assassino no primeiro episódio; Graham (Dancy)descobre coisas assustadoras em um jardim de fungos adubadopor corpos humanos no segundo episódio; Hannibal Lecter(Mads Mikkelsen) confisca o gravador da repórter FreddieLounds (Lara Jean Chorostecki)

te do Fbi e especialista em perfis Will Graham, e laurenceFishburne (Matrix) como o chefe da seção de análise com-portamental do Fbi Jack Crawford. Mesmo que quem assistiuaos filmes já saiba o destino destes personagens, o criador daatração, bryan Fuller (Pushing Daisies), garante que há muitoespaço para ser surpreendido. Com a trama já desenvolvidapara ao menos sete temporadas, ele revelou que a inspiraçãopara os 13 episódios do primeiro ano vem de um único capí-tulo do primeiro livro de Harris, Dragão Vermelho. “a relaçãoentre Graham e lecter não existe no livro. Eles no máximo seencontram umas duas vezes e depois Hannibal já tenta mataro detetive. É como se estivéssemos trabalhando com um capí-tulo perdido do romance”, explicou Fuller.

a estranha relação de colaboração entre mocinho e mons-tro será estabelecida quando Crawford (Fishburne) pede alecter (Mikkelsen) que avalie a estabilidade mental e emo-cional de Graham (Dancy) antes que ele volte a trabalhar emcampo. isso porque o ex-detetive se afastou das investigaçõespor conta da forma como avalia cada assassino. “acho que oJack se preocupa com o Will e sabe que para conseguir seumelhor desempenho deve cuidar dele como uma ferramenta

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valiosa”, apontou Fishburne. Com o dom de conseguir se colo-car no lugar do criminoso, ele vivencia as mortes ao reconstruiros fatos em sua mente. Não é de se estranhar que ele tenha es-colhido apenas dar aulas na academia do Fbi em Quantico. “Otrabalho do meu personagem na divisão de Ciência do Compor-tamento é estudar alguns tipos específicos de criminosos, entãoele se consulta muito com o Hannibal, que acaba se envolven-do nos casos. Então cada crime ajuda a revelar a evolução, oumelhor, desintegração do estado mental dele” detalhou Dancysobre a parte com mais elementos policiais da série. “acho quedesde o começo houve essa identificação entre os dois porqueo psiquiatra entende como ele se sente e é o único com quempode conversar sobre seu talento. Em contrapartida, acho queHannibal vê ali uma chance de companhia”, opinou o ator sobreo relacionamento entre os personagens.

Para dar o tom que a história merece, David Slade (A Saga Cre-púsculo: Eclipse) atuou como diretor do piloto e de outros episódios,além de estar envolvido na produção de cada um deles. Não é à toaque cada capítulo tem os requintes de um filme. “O visual é bem di-ferente do que costumamos ver na televisão. Para começar, eu estouenvolvido em toda a produção, em vez de só dirigir apenas o episó-

ligados por uma tragédia – Os desdobramentos do incidenteenvolvendo a família Hobbs já no primeiro episódio irão afetar a frágilestabilidade mental de Graham (Dancy), que, sentindo-se culpado pelasconsequências de suas ações, passará a cuidar da jovem Abigail (Kacey Rohl)com a inusitada ajuda de Lecter (Mikkelsen)

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Para uma experiência completa,sugerimos preparar um prato à alturado Dr. Hannibal Lecter (obviamente

com ingredientes mais convencionais)para assistir à estreia da série. E quem

melhor que o chef espanhol JoséAndrés, consultor da produção, parafornecer a receita? Escolhemos umade fácil preparo em seu livro Made

in Spain, que tem tudo para igualara sofisticação das refeições vistas nos

episódios, e que ainda foi inspirada notrabalho da atriz Rita Hayworth no filme Gilda. Bom apetite!

IngredIentes para 4 porções:– 8 pimentas suaves em conserva (como a basca Guindilla)

– 8 azeitonas Manzanilla sem caroço (grandes azeitonas verdestambém conhecidas como azeitonas espanholas)

– 4 filés de anchova– 4 Boquerónes

(filés de anchovas brancas conservadas em óleo e vinagre)– Espetos ou palitos para aperitivos

Modo de preparo:Empurre a pimenta até três quartos de um espeto pequeno.A seguir espete uma anchova e uma azeitona e empurre-as

até que encostem na pimenta. Repita o procedimento com maistrês pimentas, anchovas e azeitonas. Em seguida,

faça o mesmo substituindo o tipo de anchova.

Très chic – Amante das artes, daalta gastronomia e da enocultura,um dos passatempos de Hannibal

Lecter (Mads Mikkelsen) épreparar jantares sofisticados e com

ingredientes nada comuns

dio piloto e nunca mais voltar. além de dirigir outrosepisódios, eu estou sempre por perto para garantir quea fotografia seja bonita e o som esteja bom. É um pro-grama bem cinematográfico, um excelente drama comum cenário assustador”, apontou o diretor. Mas comonão poderia deixar de atender o público acostumadocom dramas policiais na televisão, a série também contacom muitas cenas de investigação do Fbi e crimes sendosolucionados. “a diferença é que em uma série policialcomo CSI o foco está no mistério, enquanto aqui o desta-que fica para as relações entre os personagens”, compa-rou Fishburne com seu último trabalho na TV.

Daí em diante, se a produção sobreviver ao primeiroano e for renovada, Fuller quer desenvolver o restantedos acontecimentos do livro e até mesmo uma futuraparticipação da novata Clarice Starling, papel de JodieFoster em O Silêncio dos Inocentes e depois de Julian-ne Moore em Hannibal – apesar de os direitos sobrea personagem ainda pertencerem a outro estúdio. Sedepender da fascinação que serial killers parecem pro-vocar nas pessoas, vide o sucesso de Dexter, os planosde Fuller têm tudo para continuar saindo do papel. atéporque nada como um psicopata refinado para deixar opúblico com água na boca.

* A jornalista viajou a convite do canal AXN

Pintxo Gilda

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EspEcial sériEs i nova temporada

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Com a mãona massa

por sarah Mund, de los angeles*

De volta à ação – Depois de tirar uma licençapara se recuperar da traumática experiência comum assassino que queria se vingar dela no últimoepisódio da segunda temporada, a Dra. Megan Hunt(Dana Delany) está pronta para retomar o trabalho.À esquerda, ela e a chefe Kate Murphy (Jeri Ryan)realizam uma autópsia e à direita ela relembra suaantiga ocupação ao tentar salvar a vítima

M egan Hunt era uma brilhante neurocirurgiã até o dia em que co-meteu um erro por conta das sequelas de um acidente de carro.Ela acabou perdendo um paciente na mesa de cirurgia e, sem sua

licença para atender pacientes, passa a atuar como legista. Claro que elanão deixa de carregar a arrogância típica dos cirurgiões que estão no topoda escala na medicina, o que a leva a atravessar o caminho dos detetivese de seus superiores para resolver crimes em Body of Proof. realista? Nãomuito. Mas a série estrelada por Dana Delany (Desperate Housewives) al-cançou popularidade suficiente ao misturar dois dos filões mais assisti-

dos da TV para chegar ao seu terceiro ano. Não sempercalços no caminho: com a audiência oscilando aolongo da segunda temporada, os produtores tiveramque providenciar mudanças urgentes para conquis-tar a sobrevida e renovar o fôlego.

BODY OF prOOFi dia 16, terça, 21h,aXn, 34 e 534 (hd)

ao lado de elenco e produtores, a estreladana delany conta como a popularidadede Body of Proof continua crescendo eadianta as novidades da terceira temporada

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Para começar, neste ano serão apenas 13 episódios quetrarão muito mais ação e perigo que os 20 anteriores. Paraajudar com o novo ritmo da trama, entra para o time oprodutor-executivo Evan Katz (24 Horas). “agora a históriaserá mais rápida e mais excitante ao entrar mais no aspec-to criminal, com perseguições”, explicou uma empolgadaDana. Claro que dar mais importância a esses aspectos temseu preço. “Tenho que admitir que é um pouco bobo cor-rer e pular de salto alto, mas eu tenho me divertido. E ain-da segurei uma arma algumas vezes, algo que uma legistanormalmente não faria”, admitiu a atriz.

E as mudanças continuam no elenco: para quem aindatinha dúvidas quanto ao destino de Peter Dunlop (Ni-cholas bishop) depois de ser apunhalado pelo serial killerque queria se vingar de Megan na season finale, a nãorenovação do contrato do ator deixa claro o desfecho.Quem também não volta é alguém que a legista nãocansava de provocar, bud Morris (John Carroll lynch).Para preencher o vazio chega o detetive Tommy Sulli-van (Mark Valley, de Fringe), um antigo amor da pro-tagonista que volta na expectativa de reacender a pai-xão – e com ele vem seu jovem parceiro, adam lucas(Elyes Gabel, de Game of Thrones).

a temporada retoma a história de Body of Proof depois dealguns meses, durante os quais Megan se afastou do traba-lho para se recuperar do trauma de ser perseguida pelo pri-meiro assassino que ajudou a pôr atrás das grades. E como,mesmo levando uma rasteira da vida, Megan nunca descedo salto, ela volta causando discórdia no ambiente de tra-balho e batendo de frente com o detetive que voltou do seupassado. “Em outras séries, os legistas são personagens se-cundários, mas não aqui. Ela é muito complicada, respon-dona e neste ano vamos explorar as dificuldades que elatem de se envolver com alguém”, descreveu o novo mem-bro do time de produção Evan Katz. Ou seja, para Megan odesafio continua sendo lidar com os vivos.

*A jornalista viajou a convite do canal AXN

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por Raquel Temistocles

Bem-vindo,cauBÓi!

No papel de uma caNtora couNtryque Não mede esforços para

subir Na carreira, a atriz HaydeNpaNettiere falou sobre os

desafios da persoNagem e como éser uma vilã em NASHVILLE

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Depois De anos no topo Das paraDasde sucesso como a melhor cantora country dos esta-dos Unidos, Faith Hill precisa dar espaço para a nova-ta taylor swift, que mais parece uma cantora pop doque country. ops, houve um engano! na verdade, osnomes precisam ser substituídos. a experiente cantorase chama rayna Jaymes (Connie britton) e a revelaçãodo ano é Juliette barnes (Hayden panettiere). Confu-são esclarecida, hora de preparar o microfone, porquea batalha em cima dos palcos vai começar. o country,um dos gêneros musicais mais lucrativos do país norte-americano, é dividido em duas frentes: cantoras comotaylor swift e Carrie Underwood, com músicas pop edançantes, e Dolly parton e reba Mcentire, com umsom tradicional do sul dos eUa. a briga pelo espaço nogosto do público é tão declarada que chegou até a tV.

a série Nashville, que estreia este mês no canal sony,chega com uma proposta diferente de Smash e Glee, queinserem números musicais em cenas aparentemente

aleatórias. o programa quer mesmo émostrar o dia a dia de duas cantoras eas falcatruas que rolam nos bastidoresde Hollywood, quer dizer nashville –capital do tennessee e centro da músi-ca country dos eUa. “acho que é difícil

ser uma jovem bem-sucedida na indústria do cinema,mas é mais difícil ser mais velho e bem-sucedido naindústria da música. porque, com a música, você real-mente tem que trazer o seu público com você nestajornada, envelhecer com ele, mudar com ele e evoluircom ele, e isso é uma coisa muito difícil de fazer”, dis-se a atriz Hayden panettiere, que interpreta Juliette,uma vilã que é a nova sensação da música e dificultaa vida de rayna, que só quer voltar a fazer sucesso.“É divertido, mas só é divertido quando há uma razãopor trás. ela vem de um passado muito obscuro e éuma garota problemática. procura amor nos lugareserrados e tem medo de voltar ao passado. por isso secomporta desse jeito.”

a vida imita a arte

não que Hayden panettiere seja uma vilã na vida real– apesar de já ter interpretado algumas na ficção. Mas aatriz sabe muito bem como é ser uma artista jovem sobos holofotes, como sua personagem em Nashville. aos 23anos, ela já participou de mais de 50 produções e ficouconhecida por fazer a líder de torcida com poderes na

NashvillEi a partir do dia10, quartas, 21h,sony, 49 e 549 (hd)

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cowgirls – Na foto maior, Juliette (Hayden Panettiere) eRayna (Connie Britton) posam em lados opostos. Abaixo, asduas cantam juntas, mesmo a contragosto. Nas imagens àesquerda, o ator Eric Close como Teddy Conrad, o maridode Rayna, que concorre a prefeito da cidade; e Rayna com oex-namorado Deacon (Charles Esten). Na foto acima, Juliette,que sofre por ter uma mãe viciada, canta com Deacon em umatentativa de fazê-lo sair em turnê com ela

série Heroes e, este ano, recebeu sua primeira indica-ção ao Globo de ouro por Nashville. “Foi uma decisãomuito importante para mim por causa de tão específi-ca que era minha personagem em Heroes e por quantotempo a interpretei. sabia que depois de fazer o papelda líder de torcida, ia ser uma batalha difícil ser vistacomo qualquer outra personagem. Quando [Juliette]veio, não poderia ter sido melhor. amo cantar. amo amúsica country”, confessou a atriz.

o desafio de fazer o papel veio de duas formas: can-tar e ter que ser cruel com Connie britton. “nos testesde elenco escolhi a música ‘stay’, do sugarland. essa éuma das minhas favoritas, mas eu estava apavorada. Foiruim, mas fiquei orgulhosa de mim mesma por ser ca-paz de fazer isso”, contou. Já no caso de ter que ser mácom a personagem de britton, ela conta que no final decada cena pedia desculpas para a atriz, com medo deque ela levasse para o lado pessoal. “talvez seja porquecresci em uma indústria similar o bastante e fui ensi-nada a como tratar e não tratar as pessoas. Mas agoraque nos conhecemos bem e somos amigas, se tornoumuito divertido realmente ir atrás uma da outra.” seela sabe cantar ou não, só assistindo para descobrir.Mas ninguém duvida de que ela tem talento para vilã.“neste personagem, sinto que posso ser mau-caráter,mas depois, a portas fechadas, conseguimos ver que elatem coração e pode ser uma boa pessoa”, completou.além de números musicais, a série ainda transita pelomundo da política e pelos bares menores da cidade denashville. talvez agora seja uma boa hora para colocaraquelas botas de couro e chapéu de caubói. e, claro,carregar no sotaque no karaokê.

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EspEcial sériEs i estreia

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Cegonhaspra quê?

por raquel Temistocles

Segunda metade do século 20, pós-2ª guerramundial. a época ficou conhecida pelo baby boom –fenômeno ocorrido no mundo todo, em que a taxa de

natalidade aumentou consideravelmente. mas engana-sequem pensa que foram anos cheios de chás de bebês com ob-jetos fofos e mulheres sorridentes por causa da famosa peridu-ral (anestesia aplicada para evitar a dor do parto). as mães dos

anos 50 eram muito mais corajosas(e sem recursos) do que as de hoje.é nesse cenário, de pobreza extre-ma e dezenas de crianças nascendopor dia, que a série Call The Midwife

(“chame a parteira”, em tradução livre) conquistou o públicobritânico e chega com o mesmo objetivo aqui no brasil.

se os inúmeros reality shows sobre nascimentos já fazemsucesso na televisão, então a série que adiciona uma boa dose

call ThE MidwifE,i a partir do dia 1º,segundas, 22H, BBC Hd, 531

a produtora-eXeCutiVa de call ThEMidwifE, pippa Harris, Contou CoMeXCLusiVidade o Que podeMos esperarda sÉrie soBre parteiras dos anos 50

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parceiras para a vida – Acima, a atriz Jessica Rainelidera o grupo de parteiras a caminho do conventoNonnatus House. Na primeira foto abaixo, o elencocomposto por Raine, Jenny Agutter, Miranda Hart, PamelaFerris, Judy Parfitt, Helen George e Bryony Hannahreunidas nos papéis de enfermeiras e freiras. Ao lado, apersonagem Jenny Lee (Raine) com um bebê recém-nascido

de drama aos encantadores recém-nascidos tem tudo para darcerto. “é uma situação de vida ou morte para o bebê e, muitasvezes, para a mãe. e, inevitavelmente, você sente uma grandealegria ou uma grande tristeza, dependendo do que acontece.dessa forma, qualquer nascimento é em si um evento muitodramático”, disse a produtora-executiva da série, pippa Harris.

baseada nas memórias da musicista e enfermeira britânicaJennifer Worth (1935-2011), Call the Midwife acompanha Jennylee (Jessica raine) e o trabalho de freiras e parteiras no fictícioconvento nonnatus House, localizado em uma área pobre delondres. “uma das sequências mais complicadas [de gravar] éa do nascimento, pois queremos ser o mais realistas possível,o que significa trabalhar com bebês muito pequenos. mas, ob-viamente, muitas mulheres não dão à luz no dia em que estavaprogramado e, quando vamos ver, o bebê está enorme aos dezdias de vida”, contou a produtora. é por isso que muitas cenassão filmadas utilizando bonecos que imitam recém-nascidos.

centrado nas dificuldades das parteiras do convento, o pro-grama foi tão bem recebido pelos europeus que ganhou umasegunda temporada depois de terminar a primeira com umaaudiência média de mais de 8 milhões de telespectadores porepisódio. chegando muitas vezes, quem diria, a superar a au-diência da queridinha Downton Abbey, série também dramáti-ca – e ganhadora de dois globos de ouro –, que acompanhauma família aristocrata do início do século 20 e que terá todasas suas temporadas exibidas pelo canal gnt a partir deste mês(saiba mais na página 68). apesar de a rivalidade entre os doisseriados ser clara entre o público britânico, pippa Harris fazquestão de afirmar que não passam de bons amigos: “nossoelenco é amigo do elenco de Downton Abbey. então os vemoscomo outro ótimo programa que por acaso também está no arno momento em vez de os vermos como rivais”. mesmo as-sim, é melhor os ricos de Yorkshire tomarem cuidado, porqueas parteiras de east london vieram para ficar.

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por Juliana Malacarne e Raquel Temistocles

às suasordens,milordeUma das séries de maior sUcesso da atUalidade, DownTon

Abbey é a prova de qUe os britânicos sabem fazer televisãotão bem qUanto – oU melhor qUe – os americanos. e qUe o

passado pode ser mais atraente do qUe imaginamos

especiAl séRies i reestreia em novo canal

nício do século 20, mais precisamente abril de1912. a notícia de que o maior navio de todos os tempos (atéaquela época) havia afundado desesperou as famílias europeiase deixou uma, particularmente, sem herdeiro. os crawleyviram sua propriedade – um castelo no estilo renascentistae as terras que o cercam – passar para um primo distantee suas vidas virarem interesse de milhares de pessoas 100anos depois. calma, não há nenhum delorean na série,mas enquanto a família aristocrata crawley luta para manterdownton abbey como um pilar da sociedade britânica em 1912,nós, aqui em 2013, a tornamos uma das séries mais celebradasda televisão. com direitos de transmissão em mais de 100países, a atração, que estreou em 2010, terásuas três primeiras temporadas exibidasno canal Gnt a partir deste mês com oobjetivo de repetir esse sucesso no brasil.

DownTon Abbeyi qUintas, 22h30, gnt,41 e 541 (hd)

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o seriado começou com cara de superprodução e nãodecepcionou. com aproximadamente oito episódios portemporada, Downton Abbey conseguiu uma média de 8,4milhões de telespectadores no primeiro ano e terminou aterceira temporada com média de 10,1 milhões apenas nainglaterra, onde é exibido pelo canal itV. um fenômeno etanto para uma série que fala de costumes ultrapassados euma diferença gritante de classes sociais. mas o que pode-ria ser seu fracasso foi o que a tornou tão influente.

“parece uma série de tV britânica clássica, tradicional eamável, com figurinos e casas adoráveis. mas, na verdade,tem o ritmo de um programa mais moderno, com muitashistórias diferentes acontecendo ao mesmo tempo e vocêprecisa se concentrar”, disse o criador de Downton Abbey,Julian Fellowes, em entrevista à BBC News. Já para ana ca-rolina santos, historiadora pela universidade de são paulo,esse tipo de série traz à tona certo orgulho e saudosismo,além de explorar de um modo bastante preciso os valorese princípios estabelecidos pela sociedade inglesa: “Falar docotidiano da nobreza é algo que chama a atenção e despertaa nossa curiosidade, pois é um tipo de experiência com oqual não estamos acostumados”, explica.

Ficar grudado na tela não é uma tarefa difícil quando setem atores consagrados como maggie smith (premiadaduas vezes como melhor atriz coadjuvante pela academia)e shirley maclaine (ganhadora do oscar de melhor atrizpor Laços de Ternura, em 1984), e novatos que colocam nochinelo muito atorzinho de Hollywood. com assuntos que

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entre os muros do castelo – Em sentido horário, na fotomaior, as mulheres da família Crawley se unem para recebero novo herdeiro da propriedade. Ao lado, os empregados docasarão se divertem em noite de folga. Abaixo, as criadasrecebem ordens. Em seguida, o patriarca da família, sua esposae filha mais velha inspecionam concurso de flores do vilarejo. Nafoto à esquerda, a atriz Maggie Smith no papel de Violet Crawley,Condessa Viúva de Grantham

transitam entre a luta das mulhe-res pelo direito ao voto e a primei-ra Guerra mundial, a série viroua queridinha dos críticos com seuformato novela e também sub-tramas mais leves, como o impe-dimento do amor entre o herói ea mocinha – Jane austen ficariaorgulhosa. em entrevista ao canalpbs, Fellowes afirmou que optoupor um período de transição, pou-co antes da primeira Guerra mun-

dial, porque era uma época metódica em que todos sabiamseu lugar. “é um mundo que o público moderno consegueentender. nós não estamos pedindo para irem a um planetadistante.” a escolha deu certo. Abbey é a série recordista decríticas positivas de acordo com o Guinness Book e recebeudois Globos de ouro e nove emmy awards.

mininoVela de ÉPoCa

mas não é só de prêmios que se faz uma série. apesardo jeitão de folhetim, Downton Abbey está longe de ser ar-rastada. principalmente se levarmos em conta as intrigassurgindo entre as paredes do antigo castelo e personagenscomplexas com atitudes não claramente divididas entre obem e o mal. a série pode ser vista como um retrato empequena escala das relações entre patrão e empregado nainglaterra do período. “a relação entre aristocracia e cria-dagem era pautada, sobretudo, na confiança e cumplicida-de. trabalhar para uma família renomada era questão deprestígio. por isso era imprescindível ter criados que não sóse sentissem orgulhosos por trabalharem para ela, mas tam-bém se considerassem responsáveis e colaboradores para osucesso e manutenção da mesma”, aponta a historiadora.

as personagens, que vão desde a criada até a filha do lor-de, conquistaram a afeição de público e criador com suasimperfeições. “Quando você escreve sobre essas persona-gens, acaba absorvido por elas e quer que as coisas deemcerto para elas. mas você não pode fazer com que tudo dêcerto cedo demais, porque se tudo estiver resolvido, termi-na de uma certa maneira”, conta Fellowes à pbs.

não se engane: elogios, prêmios e audiência não trazemfelicidade. pelo menos não para todos os envolvidos coma série. alguns atores resolveram aproveitar o sucesso deDownton Abbey para enfrentar novos desafios aqui pelo sé-culo 21 mesmo – o que deixou o criador insatisfeito com osrumos que teve que dar para alguns personagens a fim de dei-xar seus intérpretes livres. ou seja, a dica da monet é nãose apegar a nenhum personagem, mesmo que isso seja umamissão quase impossível (boa sorte!). recomendação dada,milordes e miladies, já podem se preparar para tomar chá comos britânicos a partir deste mês – e em grande estilo.

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