2
Celebrar André de Resende André de Resende nasceu em Évora , por volta de 1500 e faleceu, em Évora, a 9 de Dezembro de 1573 . Foi um frade dominicano , um intelectual , um teólogo , um arqueólogo , um especialista da Grécia e da Roma antiga , em suma um grande pensador humanista português . Foi também mestre de Dom Duarte . Vida: Filho de Pero Vaz de Resende e de Ângela Leonor de Góis, ficou órfão de pai muito cedo, ingressando aos dez anos no convento da Ordem de São Domingos de Évora. Em 1533 , sabemo-lo de novo em Portugal , no convento de São Domingos , em Évora , sendo então convidado para mestre do infante D. Duarte , o que aceitou, transferindo-se por essa altura da ordem dominicana para a situação de clérigo secular. Regia, simultaneamente, a cadeira de humanidades na Universidade de Lisboa , passando a leccionar, em 1537 , na de Coimbra . André de Resende foi, provavelmente, o pioneiro da arqueologia em Portugal , à qual se dedicou com zelo, devendo-se-lhe o primeiro estudo dos monumentos epigráficos da época romana em Portugal . Teve uma profunda acção como ideólogo do Renascimento e como pedagogo divulgador dos estudos latinos e gregos , havendo deixado uma vasta produção literária, composta em latim e português . Órfão de pai, desde tenra idade, André de Resende cedo deixa a sua casa para seguir os estudos. De 1513 a 1517 estuda em Alcalá de Henares , passando, no ano seguinte, ao Estudo de Salamanca, onde se doutorou , tendo como mestre de Grego , Latim e Retórica , o seu compatriota Aires Barbosa . Entre 1518 e 1526 , vai até ao sul da França e demora-se por lá dois anos, repartidos entre Marselha e Aix , tendo recebido nesta última cidade as ordens de diácono . Em 1529 estava em Lovaina , entregue a uma grande actividade literária, que culminaria no Encomium urbis et academiae Lovaniensis e no Erasmi Encomiu , dado alume em Basileia em 1531 . Provavelmente em 1530 , frequenta a Universidade de Paris , onde, segundo o seu próprio testemunho, cursa as aulas de Grego , regidas por Nicolau Clenardo , que tinha conhecido em Lovaina e a quem havia de ir buscar a Salamanca , em Novembro de 1533 , por incumbência de D. João II , para preceptor do infante D. Henrique , o futuro cardeal-rei. Lovaina a cidade belga onde tomou contacto com as correntes humanistas , tornando-se amigo de personalidades próximas do grande pensador Erasmo . Em 1531 passa a residir em casa do embaixador português junto da corte de Carlos V em Bruxelas, D. Pedro Mascarenhas, entrando assim no séquito do diplomata . Mas se já então os novos deveres cortesãos obrigam Resende à memória histórico-patriótica e ao poema de circunstância , como foi o Genethliacom Principis Lusitani , composto para celebrar o nascimento do infante D. Manuel , filho de D. João III e D. Catarina . O seu itinerário coincide com o do embaixador, que ele acompanha por toda a parte. Em 1533 regressa definitivamente ao Reino, indo acolher-se ao seu convento de Évora e, depois, em casa própria onde regia uma escola pública que voluntariamente encerrou em 1555 quando o ensino foi entregue aos Jesuítas tendo então recolhido novamente ao seu Convento. Começa então o ciclo da sua actividade intelectual em Portugal . É a instâncias suas que Clenardo e Vaseu vêm reger em Portugal : o primeiro em Évora, em 1533 , e o segundo

Celebrar andré de resende

Embed Size (px)

Citation preview

Celebrar André de Resende

André de Resende nasceu em Évora, por volta de 1500 e faleceu, em Évora, a 9 de Dezembro de 1573. Foi um frade dominicano, um intelectual, um teólogo, um arqueólogo, um especialista da Grécia e da Roma antiga, em suma um grande pensador humanista português. Foi também mestre de Dom Duarte.

Vida:

Filho de Pero Vaz de Resende e de Ângela Leonor de Góis, ficou órfão de pai muito cedo, ingressando aos dez anos no convento da Ordem de São Domingos de Évora.

Em 1533, sabemo-lo de novo em Portugal, no convento de São Domingos, em Évora, sendo então convidado para mestre do infante D. Duarte, o que aceitou, transferindo-se por essa altura da ordem dominicana para a situação de clérigo secular. Regia, simultaneamente, a cadeira de humanidades na Universidade de Lisboa, passando a leccionar, em 1537, na de Coimbra.

André de Resende foi, provavelmente, o pioneiro da arqueologia em Portugal, à qual se dedicou com zelo, devendo-se-lhe o primeiro estudo dos monumentos epigráficos da época romana em Portugal.

Teve uma profunda acção como ideólogo do Renascimento e como pedagogo divulgador dos estudos latinos e gregos, havendo deixado uma vasta produção literária, composta em latim e português. Órfão de pai, desde tenra idade, André de Resende cedo deixa a sua casa para seguir os estudos.

De 1513 a 1517 estuda em Alcalá de Henares, passando, no ano seguinte, ao Estudo de Salamanca, onde se doutorou, tendo como mestre de Grego, Latim e Retórica, o seu compatriota Aires Barbosa. Entre 1518 e 1526, vai até ao sul da França e demora-se por lá dois anos, repartidos entre Marselha e Aix, tendo recebido nesta última cidade as ordens de diácono. Em 1529 estava em Lovaina, entregue a uma grande actividade literária, que culminaria no Encomium urbis et academiae Lovaniensis e no Erasmi Encomiu, dado alume em Basileia em 1531.

Provavelmente em 1530, frequenta a Universidade de Paris, onde, segundo o seu próprio testemunho, cursa as aulas de Grego, regidas por Nicolau Clenardo, que tinha conhecido em Lovaina e a quem havia de ir buscar a Salamanca, em Novembro de 1533, por incumbência de D. João II, para preceptor do infante D. Henrique, o futuro cardeal-rei.

Lovaina a cidade belga onde tomou contacto com as correntes humanistas, tornando-se amigo de personalidades próximas do grande pensador Erasmo.

Em 1531 passa a residir em casa do embaixador português junto da corte de Carlos V em Bruxelas, D. Pedro Mascarenhas, entrando assim no séquito do diplomata. Mas se já então os novos deveres cortesãos obrigam Resende à memória histórico-patriótica e ao poema de circunstância, como foi o Genethliacom Principis Lusitani, composto para celebrar o nascimento do infante D. Manuel, filho de D. João III e D. Catarina.

O seu itinerário coincide com o do embaixador, que ele acompanha por toda a parte. Em 1533 regressa definitivamente ao Reino, indo acolher-se ao seu convento de Évora e, depois, em casa própria onde regia uma escola pública que voluntariamente encerrou em 1555 quando o ensino foi entregue aos Jesuítas tendo então recolhido novamente ao seu Convento. Começa então o ciclo da sua actividade intelectual em Portugal. É a instâncias suas que Clenardo e Vaseu vêm reger em Portugal: o primeiro em Évora, em 1533, e o segundo

no Estudo de Braga, em 1538. Vivamente interessado pela arqueologia romana, foi o primeiro a interessar-se pelos restos e antiqualhas encontradas, mas não o move ainda o espírito científico, não hesitando em falsificar inscrições epigráficas. Em vernáculo legou mais dois opúsculos históricos: A Santa Vida e Religiosa Conversação de Frei Pedro e a Vida do Infante D. Duarte, que ficou inédita até 1789, data em que por incumbência da Academia das Ciências de Lisboa, a publicou o abade José Correia da Serra.

A sua ossada repousa na Sé de Évora.

Obras em português:

• Vida do Infante D. Duarte, Lisboa, 1789; • A Santa vida e religiosa conversão de Fr. Pedro; • História da Antiguidade da cidade de Évora; • Fala que Mestre André de Resende fez à Princesa D. Joana; • Fala que Mestre André de Resende fez a El-Rei D. Sebastião;

Obras em latim:

• Narration rerum gestarum in Índia a Lusitanis, Lovaina, 1530; • Epistola de Vita Aulca, Lovaina, 1533; • Genethliacon Principis Lusitani ut in Gallia Belgica celebratm est a viro clarissimo D. Petro

Mascaregna regia legato, Mense decembri, Bononiae, 1533; • Oratio pro Rostris pronuntiata in Olisiponensi Academia, clanedis Octobribus, Lisboa, 1534; • De verborum coniugatione commentarius, Lisboa, 1540; • Vincentius, Levita et Martyr, Lisboa, 1545; • Oratio habita Conimbricae in Gymnasio regio anniversario dedicationis eius die IV calend. Julii,

Coimbra, 1551; • In obitum D. Joannis III, Lusitanine regis, Conquestio, Lisboa, 1557; • Epistolae tres carmine, Lisboa, 1561; • Carmen Endecasyllabon ad Sebastianum Regem Serenissimum, Lisboa, 1567; • Ad manturandum adversus rebellis Mauros expeditionem cohartiatio, Évora, 1570; • Ad epistolam D. Ambrosii Moralis viri doctissimi, Responsio, Évora, 1575; • De Antiquitatibus Lusitaniae, Évora, 1593;

André de Resende, segundo o escultor João Cutileiro