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UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO CELSO JOÃO DE AZEVEDO JOGOS MATEMÁTICOS: Uma proposta de trabalho para alunos da Educação Básica com dificuldades de aprendizagem em Matemática SINOP – MT 2013

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UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO

CELSO JOÃO DE AZEVEDO

JOGOS MATEMÁTICOS: Uma proposta de trabalho para alunos da Educação Bá sica com

dificuldades de aprendizagem em Matemática

SINOP – MT 2013

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CELSO JOÃO DE AZEVEDO

JOGOS MATEMÁTICOS: Uma proposta de trabalho para alunos da Educação Bá sica com

dificuldades de aprendizagem em Matemática

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Banca Avaliadora do Curso de Matemática – Universidade do Estado de Mato Grosso – UNEMAT, Campus Universitário de Sinop, como requisito parcial para obtenção do título de Licenciado em Matemática.

Orientador (a): Prof.Ms. João Batista Lopes da Silva

SINOP – MT 2013

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CELSO JOÃO DE AZEVEDO

JOGOS MATEMÁTICOS: Uma proposta de trabalho para al unos da Educação Básica com dificuldades de aprendizagem em Matemáti ca

_____________________________________________________ Prof. Esp. EloidiFalchetti

Professor Avaliador

________________________________________________________

Profa.Ms. Chiara Maria Seidel Luciano Professora Avaliadora

_____________________________________________________ Professor Ms. João Batista Lopes da Silva

Professor Orientador

___________________________________________________ Prof.Ms. Hercules Gimenez Professor Co- Orientador

__________________________________________________ Prof.Ms. Thiélide Verônica da S. Pavanelli Troian

Presidente da Banca

Aprovado em _____ / _____ /_____

GOVERNO DO ESTADO DE MATO GROSSO SECRETARIA DE ESTADO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA

UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE SINOP

CURSO DE MATEMÁTICA

3

DEDICATÓRIA

A minha esposa pelo apoio e incentivo. Aos meus filhos, pela compreensão nos momentos de ausência. A minha mãe e meu pai “in Memorian” por me conceder a vida.

4

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus por ter permitido concluir, mais uma etapa da minha vida.

Agradeço a minha família pelo apoio e compreensão durante todo este período em que estive envolvido com os estudos.

Agradeço ao amigo e co-orientador Hercules Gimenez, a sua esposa e filhos pela compreensão em tantos fins de semana de estudos.

Agradeço ao meu orientador, profº João Batista Lopes, por ter aceitado me orientar neste trabalho.

Agradeço ao amigo Anildo Pereira Camargo pelo incentivo na conclusão deste curso.

5

EPÍGRAFE

"Sempre me pareceu estranho que todos aqueles que estudam seriamente esta ciência acabam tomados de

uma espécie de paixão pela mesma. Em verdade, o que proporciona o máximo de prazer não é o conhecimento e

sim a aprendizagem, não é a posse, mas a aquisição, não é a presença, mas o ato de atingir a meta".

(Gauss - Carl Friedrich)

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RESUMO

AZEVEDO, Celso João de. JOGOS MATEMÁTICOS: Uma proposta de trabalho para alunos da Educação Básica com dificuldades de aprendizagem em Matemática. 2013. 54f. Trabalho de Conclusão de Curso. Curso de Licenciatura Plena em Matemática em nível de graduação. UNEMAT – Universidade do Estado de Mato Grosso – Campus de Sinop - MT. O presente Trabalho de Conclusão de Curso apresenta os resultados de uma pesquisa educacional realizada com alunos de 7º Ano do Ensino Fundamental da Escola Municipal de Ensino Fundamental Centro Educacional “Lindolfo José Trierweiller”, no município de Sinop – MT, no ano letivo de 2009. O objetivo deste trabalho foicriar situações de aprendizagemde conceitos básicos comalunos que apresentam dificuldades de aprendizagemem sala de aula. Para compreender melhor a dinâmica do processo de ensino e aprendizagem deste público (atores sociais) buscamos fundamentar nosso trabalho em três pilares: A Teoria de Aprendizagem Significativa na visão Humanista de Ausubel e Novak, Dificuldades de Aprendizagem em Matemática e jogos recreativos no Ensino da Matemática. Por se tratar de uma pesquisa educacional e, portanto social, adotamos a pesquisa qualitativa do tipo pesquisa-ação, buscando orientar nossas ações (planejamento, implementação e avaliação) nos moldes do ciclo de pesquisa-ação apresentado por Tripp (2005) e para análise de dados utilizamos o método hermenêutico-dialético de Minayo (1999). Durante o período de observação no Estágio Supervisionado notamos que oprofessor regente de Matemática trabalha em suas práticas pedagógicas, uma metodologia de ensino baseada no ensino tradicional, fundamentando-se na aprendizagem mecânica que se opõe as concepções de aprendizagem significativa. Alguns alunos veem a Matemática como o principal obstáculo na sua vida escolar, sendo esta a principal dificuldade da turma a resolução de problemas. Para alguns alunos, ainda figuravam as dificuldades nas quatro operações fundamentais com números naturais. Sendo assim, para este grupo de estudantes que direcionamos nossa investigação pedagógica, na qual propomos atividades recreativas, utilizando jogos como ferramenta motivadora para o estudo da disciplina e desenvolvimento de habilidades relacionadas às operações fundamentais. Avaliando nosso trabalho de intervenção, percebemos o quanto é importante um trabalho diferenciado com alunos que apresentam dificuldades de aprendizagem em sala de aula. Criar um ambiente favorável à aprendizagem significativa para esses alunos é fundamental para que os mesmos tenham uma participação ativa nas aulase, nesse aspecto acreditamos queos jogosdesempenham um importante papel.

Palavras-chaves: Dificuldade de Aprendizagem de Matemática. Jogos Matemáticos. Aprendizagem Significativa.

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ABSTRACT

AZEVEDO, CelsoJoão de.MATH GAMES: A proposal for classroom activities for basic education students with learning difficulties in mathematics . 2013. 49p. Course Conclusion Paper.Bachelor of Science and Education degree in Mathematics.UNEMAT –Mato Grosso State University – Sinop Campus. This paper presents the results of an educational research conducted with 7th grade students from the Municipal Elementary School Centro Educational Lindolfo José Trierweiller, in Sinop - MT, in the school year of 2009. This work aims to create learning situations for basics concepts with students who have learning difficulties in the classroom. In order to better understand the dynamics of this public’s (social actors) teaching and learning process, we sought to base our work on three pillars: The Theory of Meaningful Learning through Ausubel and Novak’s humanist point of view, Learning Disabilities and recreational games in Mathematics Teaching. As this is an educational and, therefore, social research, we have adopted the qualitative research of the action research type, to guide our actions (planning, implementation and assessment) in the patterns of the action research cycle presented by Tripp (2005) and for the data analysis used the hermeneutic-dialectic method of Minayo (1999). During the observation period in the Supervised Internship we noted that the Mathematics teacher works with a teaching methodology based on traditional teaching in his pedagogical practices, basing his practices on rote learning, which rises against the conceptions of meaningful learning. Some students see mathematics as the major obstacle in their school life and the main difficulty of the group was related to problem solving. Some students also had difficulties with the four fundamental operations with natural numbers. Thus, for this group of students to whom we directed our educational research, we proposed recreational activities using games as a motivating tool for the study of the subject and the development of skills related to the core operations. Through assessing our work intervention we understood how important a differentiated work with students who have learning difficulties in the classroom is. Providing these students with an enabling environment for meaningful learning is critical in order for them to have an active participation in class, and in this regard we believe that games play an important role. Keywords: Learning Difficulties in Mathematics. Math Games.Meaningful Learning.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO _____________________________________________ 9

1. REFERENCIAL TEÓRICO _______________________________ 11

1.1. UMA BREVE HISTÓRIA SOBRE A ORIGEM DA MATEMÁTICA 11

1.2. APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA NO CONTEXTO ESCOLAR 11

1.3. ANÁLISE E REFLEXÕES SOBRE DIFICULDADES DE APRENDIAG EM 14

1.3.1. Dificuldades de Aprendizagem em Matemática ___________ 18

1.4. O JOGO COMO FENÔMENO CULTURAL _________________ 21

1.5. LUDICIDADE NO ENSINO DA MATEMÁTICA ______________ 2 1

2. CONTEXTO E ASPECTOS METODOLÓGICOS DA PESQUISA, ANÁL ISE E REFLEXÕES _____________________________________________ 25

2.1. A Escola Municipal de Ensino Fundamental Centro Edu cacional “Lindolfo José Trierweiller” ______________________ __________ 25

2.2. Equipe Pedagógica: Atribuições e Contribuições ____ ______ 27

2.3. Métodos Avaliativos _______________________________ ___ 29

2.4. Projetos desenvolvidos pela Escola ________________ _____ 30

2.5. Coleta e seleção dos dados_________________________ ___ 31

2.6. Coleta de Dados e Análise de Resultados ___________ _____ 33 2.6.1. As quatro fases da Pesquisa Ação: Planejamento, Implementação e Avaliação ______________________________________________ 33 2.6.2. O Método Hermenêutico-Dialético: uma proposta para a análise de dados___________________________________________________47

CONSIDERAÇÕES FINAIS __________________________________ 49

REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO _________________________ ___ 52

9

INTRODUÇÃO

A educação é importante em todas as fases da vida de uma pessoa, mas

apesar de ser na infância um dos períodos mais importantes para a construção de

conceitos básicos para a aprendizagem escolar, ainda encontramos muitas crianças

que apresentam dificuldades de aprendizagem nas séries iniciais, e na Matemática

estas dificuldades são observadas com maior frequência em sala de aula. Este

desconforto muitas vezes incomoda pais, professores e, principalmente, aqueles

estudantes que não conseguem assimilar os conteúdos básicos de Matemática.

Sabemos que o desenvolvimento lógico-matemático desses educandos é um

desafio tanto para a escola quanto para o professor, por isso, é preciso investigar

quais as principais dificuldades de aprendizagem em Matemática que eles

apresentam para, em seguida, escolher uma metodologia mais apropriada para

trabalhar com esses alunos, fazendo com que atinjam os objetivos, que é a

compreensão de conceitos e propriedades que envolvem as quatro operações

fundamentais.

Durante os debates nas aulas de Didática da Matemática e outras disciplinas

do curso de graduação, comecei a me interessar pelo tema “Dificuldades de

Aprendizagem em Matemática”, mas foi durante o período de Estágio

Supervisionado que percebendo as dificuldades dos alunos em compreender os

conteúdos matemáticos propostos pelo professor regente da turma, que escolhi este

tema para desenvolver minha pesquisa educacional que resultou nesse Trabalho de

Conclusão de Curso (TCC).

Segundo o pensamento de Novak (1983), o alicerce para toda construção de

conhecimento do estudante está nas relações que o mesmo estabelece com o

currículo, o professor, o contexto e a avaliação. Nesse aspecto, ele elabora

conceitos, em todas as disciplinas, a partir dos seus conhecimentos prévios, das

experiências do seu dia-a-dia, tanto em sala de aula quanto fora do ambiente

escolar. Por isso, entendemos que precisamos oportunizar situações de

aprendizagem dos diversos conteúdos que envolvem os alunos num processo de

ensino aprendizagem. Segundo Carvalho (1994, p. 16): “Se esses alunos não

puderem perceber o conhecimento matemático que já possuem, dificilmente terão

um bom aprendizado, pois tal competência vem sendo continuamente negada em

sua história de vida escolar”.

10

De acordo com os PCNs (2001, p. 19): “[...] a aprendizagem em matemática

está ligada a compreensão, isto é, apreensão dos significados; aprender o

significado de um objeto ou acontecimento pressupõe vê-lo em suas relações com

outros objetos e acontecimentos”. Dessa forma a escola precisa oportunizar o

conhecimento da sociedade, sejam elas de natureza política, social, ou cultural.

Portanto, é fundamental conhecer valores, costumes, manifestações artísticas e

culturais de seu público alvo, pois é através de seu trabalho que a escola levará o

aluno a compreender a realidade da sociedade na qual está inserido situando-se

nela para que possa interpretá-la e contribuir para sua transformação.

O primeiro capítulo desse trabalho apresenta o pressuposto teórico dividido

em quatro subcapítulos: Uma breve história sobre a origem da Matemática;

Aprendizagem significativa no contexto escolar; Análise e reflexões sobre

dificuldades de aprendizagem e Jogos recreativos no ensino da Matemática.

O segundo capítulo: Aspectos metodológicos da pesquisa, análise e

reflexões; este situa o leitor quanto à classificação da pesquisa educacional

(pesquisa-ação), apresentando os sujeitos da pesquisa em seu contexto, os

instrumentos e os métodos de coleta de dados (observação participante) e de

análise de resultados (método hermenêutico dialético).

No último capítulo: Considerações finais, como o próprio título sugere,

tecemos comentários diversos sobre as asserções de conhecimentos e de valores

construídos pelos sujeitos da pesquisa (alunos com dificuldades de aprendizagem

em Matemática) durante a intervenção didática que realizamos na qual trabalhamos

as quatro operações fundamentais com números naturais utilizando com estratégia

de ensino: os jogos matemáticos.

11

1. REFERENCIAL TEÓRICO

Nesse capítulo a proposta de intervenção didática é estruturada em três

subcapítulos: Aprendizagem significativa no contexto escolar, na visão humanista de

Ausubel e Novak; Análise e reflexões sobre dificuldades de aprendizagem e

ludicidade no ensino da Matemática.

1.1. UMA BREVE HISTÓRIA SOBRE A ORIGEM DA MATEMÁTIC A

Alguns estudiosos da atualidade defendem que a Matemática surgiu a partir

das necessidades práticas e urgentes do homem, ao deixarem de ser nômades, com

o surgimento da agricultura e da pecuária, nossos antepassados começaram a se

preocupar em registrar quantidades, tais como: a demarcação de áreas, o

levantamento de seu rebanho, número de membros de sua família. Há, porém os

que defendem que a Matemática teria surgido do ócio de uma classe de sacerdotes

ou de rituais religiosos. A Matemática, surgida na antiguidade por necessidades da

vida cotidiana, converteu-se em um imenso sistema, que permitiu aos matemáticos

do século XX e XXI desempenhar atividades intelectuais sofisticadas. Como as

demais ciências, a Matemática também reflete as relações sociais e serve como

poderoso instrumento para o conhecimento do mundo e domínio da natureza.

Sabemos que a Matemática admite extenso campo de relações,

regularidades e coerências que aguçam e desafiam a capacidade de projetar,

abstrair, prever e generalizar auxiliando a organizar o pensamento e o desenvolver

do raciocínio lógico. É parte integrante da vida das pessoas, desde as experiências

mais triviais, como: contar, comparar, operar quantidades e resolver problemas. A

Matemática sempre se apresentou como um conhecimento de muita aplicabilidade

sejam nos cálculos relativos a salários, pagamentos, consumo e nas diversas

organizações da atividade humana, como: agricultura, pecuária e pesca. Igualmente,

é um instrumento relevante para as diversas áreas do conhecimento, por auferir em

estudos tanto associado às Ciências da Natureza como as Ciências Sociais, e

também por situar-se na arte e nos esportes.

1.2. APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA NO CONTEXTO ESCOLAR

12

Para entendermos porque numa turma de trinta e seis alunos, dez

apresentavam dificuldades acentuadas na aprendizagem de conceitos básicos da

Matemática, buscamos fundamentos teóricos nos trabalhos de Ausubel e Novak, as

consequências de um sistema de ensino tendo como base a aprendizagem

mecânica e, em contraposição, as possibilidades de um sistema de Educação

Humanista fundamentado na Aprendizagem Significativa.

Sabemos que atualmente pais, professores, coordenadores e diretores

enfrentam desafios com relação à aprendizagem dos alunos. David Ausubel propôs

uma teoria, conhecida como Teoria da Aprendizagem Significativa, através da qual

afirma que é pela estrutura cognitiva que indivíduos adquirem a aprendizagem por

meio de conteúdos. Estes conteúdos prévios deverão receber novas informações

que, por sua vez, poderão modificar e dar outros significados àqueles pré-existentes.

Nas palavras de Ausubel “o fator mais importante que influencia na aprendizagem é

aquilo que o educando já sabe. Isto deve ser verificado, pois o ensino vai depender

dessas informações” (AUSUBEL, NOVAK e HANESIAN, 1983).

Neste sentido, a aprendizagem significativa consiste numa mudança

conceitual e construtivista, num processo através do qual gradativamente forma-se

uma visão sobre a vida e tudo o que a relaciona, isso acontece à medida que um

novo conteúdo é acrescentado ao conhecimento prévio que o educando já dispõe

em sua estrutura cognitiva, particular e específica, conhecida como subsunçor.

Para Ausubel, aprendizagem significativa é um processo pelo qual uma nova informação se relaciona com um aspecto relevante da estrutura de conhecimento do indivíduo. Ou seja, neste processo a nova informação interage com uma estrutura de conhecimento específica, a qual Ausubel define como conceito subsunçor ou, simplesmente, subsunçor, existente na estrutura cognitiva do indivíduo. (MOREIRA e MASSINI, 2001, p.17).

Para melhor definir a aprendizagem significativa, Ausubel ainda faz a

diferença em três categorias: Ausubel et al. (1980), a primeira denominada de

aprendizagem representacional, é identificada quando um indivíduo consegue

atribuir significados a símbolos particulares e aos eventos aos quais eles se referem;

a segunda chamada de aprendizagem de conceitos, é mais genérica, abstrata e

representa regularidades e a terceira, conhecida como aprendizagem proposicional,

define a aprendizagem como uma ideia advinda dos conceitos; isto é, o conceito é

13

definido através de uma proposição, portanto, através de várias palavras. É

importante enfatizar que todas elas são categorias de aprendizagem significativa.

Na visão de Ausubel (1982), para que o educando desenvolva uma

aprendizagem com significado é necessário que ele apresente uma pré-disposição

para aprender, pois motivação, criatividade e iniciativa são fatores fundamentais

para a construção do conhecimento. Afirma ainda, a existência de três conceitos

que substancialmente definem a aprendizagem significativa: o significado , a

interação e o conhecimento.

O significado está nas pessoas, não nas coisas ou objetos, pois é para elas

que os símbolos, as palavras possuem significado. Sem a linguagem, o

desenvolvimento e a transmissão de significados compartilhados seriam

praticamente impossíveis. A interação acontece entre os novos conhecimentos e

aqueles já existentes na estrutura cognitiva do indivíduo, porém a mesma é

usualmente mediada por outra na qual a linguagem tem papel fundamental na

interação pessoal. O conhecimento é a linguagem. A compreensão de um

conteúdo ou mesmo de uma disciplina, se dá conhecendo sua linguagem.

A aprendizagem significativa desperta no educando uma visão crítica,

tornando-o capaz de conviver com as constantes mudanças, percebendo e

compreendendo o mundo e tudo que está relacionado à sua volta. Ausubel (1982),

afirma que o professor através da sua linguagem pode diminuir a distância entre os

conteúdos e a prática na escola, capacitando-se de uma linguagem que ao mesmo

tempo desafie levando os educandos a refletirem sobre a sua realidade e seus

anseios. A teoria de Ausubel (1982), a qual nos fundamentou, tem extrema

importância na maneira significativa na construção do ser humano e seu

conhecimento.

Diante do contexto escolar no qual se encontra esse educando que apresenta

dificuldades de aprendizagem em Matemática, como fazer para que ele supere

essas dificuldades e se torne um educando motivado, ativo, produtivo e com bom

rendimento escolar? Essa tarefa é sempre um desafio para o educador, pois ele é

corresponsável pela aprendizagem do educando, sem eximir o papel da escola, da

família e da sociedade.

14

Neste contexto, o conhecimento é importante para o desenvolvimento social e

cognitivo do educando, portanto, entendemos que o alicerce para toda sua produção

está no próprio conhecimento que trás consigo elaborando em todas as disciplinas e

também no meio em que faz parte. Assim, em todas as disciplinas, o educador deve

proporcionar condições para que o educando faça comparações entre a realidade e

o que se aprende na escola. Conforme Ruben Alves (1981, p. 89):

“O educador precisa criar condições para que cada indivíduo atualize todas as suas potencialidades, e o educando com dificuldades de aprender matemática também tem seu potencial”, o que ocorre é que, talvez ele ainda não tenha despertado o interesse pelos conteúdos que muitas vezes lhe é indiferente.

Nessa ótica, se faz necessário desenvolver uma proposta pedagógica voltada

para a real necessidade desses alunos, que leve em conta as suas necessidades,

mas que também valorize as potencialidades de cada um. É na escola que

percebemos as dificuldades de aprendizagem dos educandos, é também nela que,

juntos buscaremos soluções para tentar resolvê-las, pois é o espaço mais

apropriado para que o aluno possa desenvolver o processo de construção do

conhecimento baseado na realidade que lhe é familiar. Temos que continuar

buscando conhecimento com qualidade para promover uma educação

transformadora que atenda aos interesses das pessoas e seja capaz de promover

as transformações sociais e culturais que o momento exige, deixando o legado para

as gerações futuras; de acordo com os PCNs:

É importante que a matemática desempenhe equilibrada e indissociavelmente seu papel na formação de capacidades intelectuais, na estruturação do pensamento, na agilidade do raciocínio dedutivo do aluno, na sua aplicação a problemas, situações da vida cotidiana e atividades do mundo do trabalho e no apoio à construção de conhecimentos em outras áreas curriculares. (PCNs, 2001, p. 29)

À escola cabe ensinar, isto é, garantir a aprendizagem de certas habilidades e

conteúdos que são necessários para a vida em sociedade. Nesse sentido a escola

pode contribuir no processo de inserção social de novas gerações, oferecendo

instrumentos de compreensão da realidade local e, também, favorecendo a

participação dos alunos em relações sociais diversificadas e cada vez mais amplas.

1.3. ANÁLISE E REFLEXÕES SOBRE DIFICULDADES DE APRE NDIZAGEM

15

Existem alguns autores que afirmam que além dos fatores biológicos, há

também fatores sociais que interferem na aprendizagem. Talvez isso justifique o fato

de que na idade escolar, muitas crianças apresentem dificuldades de aprendizagem.

Desde o princípio da sua vida o bebê está aprendendo. Em seu cérebro, trilhões de neurônios estão esperando para serem conectados. Algumas dessas conexões foram realizadas pelos genes durante a fertilização, nos circuitos que controlam a respiração e batimentos cardíacos, nos que regulam a temperatura ou produzem os reflexos. Porém, um grande número de neurônios está pronto, são puros e seu potencial é infinito. Algum dia estaráconectado para realizar um cálculo matemático ou, talvez, para escrever uma poesia. (CARRERA, 2009, p. 29)

A expansão da linguagem exemplifica bem a aprendizagem nos primeiros

anos. Entre os cinco ou seis anos a criança possui uma linguagem em torno de

10.000 palavras. Neste sentido, a partir de seu nascimento, tem compreendido

aproximadamente 2.000 palavras ao ano; deste modo, foi efetuado sem um afinco e

sem instrução formal.

O mais importante desafio em pais, professores e profissionais que trabalham

com crianças que manifestam dificuldades é assessorá-las a conquistar confiança

em si mesma e a crer em suas capacidades. Eles precisam saber que as pessoas

assimilam de diferentes maneiras e que sua ação pode ser guiada para descobrir

métodos apropriados para a aprendizagem, ao invés de ocultar suas dificuldades.

Segundo Carrera:

Professores e profissionais que trabalham com essas crianças, têm grande responsabilidade. Suas habilidades em observar, em detectar, em saber dar o feedback e decidir como e quando intervir são de suma importância. Essas crianças necessitam de um ambiente seguro. (CARRERA, 2009, p. 29)

É significativo auxiliar essas crianças a perceberem seus pontos fortes, a

entenderem que suas dificuldades não existem por falta de competências e, a

encontrarem estratégias que sejam convenientes ao seu aprendizado. Em certo

sentido a criança instrui-se pela comparação de si mesma e que adquire com o

outro. Desta forma, quanto mais integradora for à imagem que oportunizam a ela,

seus pais, e em seguida, seus professores, maior será a expectativa de reconhecer

suas competências e carências.

Os adultos lindam com crianças com dificuldades, e as próprias crianças

percebem aquilo que elas não podem elaborar. Poucas vezes é apontado àquilo que

16

fazem bem ou aquelas áreas onde são distinguidas seus pontos fortes. Os

esclarecimentos dos professores ou dos pais giram em volta da sua infantilidade,

desorganização, a maneira como se move, a sua linguagem, a maneira como não

presta atenção, não contesta e como não acompanha instruções, como grafa mal,

como lê, os obstáculos em Matemática ou como conclui suas tarefas.

Apreender é uma ação complexa e possui múltiplas faces que pode

apresentar bloqueios e inibições em alguns seres humanos. É primordial que,

quando um conflito apareça, não o consideremos como um problema ou uma

doença. Uma pessoa pode confrontar diversas situações com seus filhos ou alunos.

Às vezes o aluno acolhe de bom grado uma tarefa (atividade proposta para sala de

aula ou para casa), às vezes abandona-a quando a vê, sem o menor interesse em

realizá-la; às vezes pode mostrar uma crise ante a um problema que não tenha

conseguido solucionar e, em outros casos, conseguir trabalhar a dificuldade e

aceitar refazê-lo; às vezes participa ativamente em sala de aula e em outras vezes

isola-se. Todas essas condutas aparecem na mesma criança e não

necessariamente representa um problema, muito menos uma doença. O que os

torna significativo é quando esses comportamentos se repetem.

O método de aprendizagem já não é classificado como uma atividade passiva

de recepção, nem a instrução como uma simples transferência de conhecimento. De

outro modo, atualmente conversamos da aprendizagem interativa, da particularidade

do compreender. O aprendizado admite uma elaboração que ocorre por meio de um

sistema mental que envolve a conquista de um conhecimento novo. É

constantemente uma reconstrução interna e individual, processada e construída

interativamente. Nessa perspectiva Carrera acrescenta:

Levando em consideração este fato, entendemos que o ser humano faz, sente e pensa. Por isso, é importante não somente focalizarmos as funções cerebrais e sua relação com os processos cognitivos, mas também entender que cada indivíduo terá sua forma particular de processamento de informação, que não depende somente do cerebral, mas também está arraigado no psíquico. (CARRERA, 2009, p. 45).

A aprendizagem é uma atribuição integrativa, onde se conectam o corpo, a

psique e a mente para que o cidadão possa apoderar-se da realidade de um tipo

particular. O crescimento cognitivo é percebido como um processo que

constantemente se transforma como ação de contínuas renovações que ocorrem

17

nas diversas interações que o indivíduo estabelece. Existem momentos, nos quais o

incitamento permite que algumas funções apareçam e se fortaleçam.

Na aprendizagem, a pessoa é percebida na sua totalidade. Aprende a partir

da sua estrutura física, suas emoções e do seu esquema referencial. Ao assimilar, a

pessoa observa a si mesma ao diferenciar como um eu, desigual dos demais e do

mundo. Dessa forma, há um aprendizado da realidade envolvendo o aprendizado de

si mesmo.

Os obstáculos do aprendizado prejudicam a pessoa na sua totalidade. A

pessoa é atormentada pela subestimação que sente por não alcançar aquilo que

espera de si mesma e, com que os outros aguardam dela; ela sofre também, com a

desvalorização que descobre no olhar dos demais. Em consequência, o insucesso

fere o ser íntimo e o ser social da pessoa. No âmbito presente, podemos dizer que o

baixo rendimento escolar transformou-se em sinônimo de insucesso na vida. O

indivíduo é concebido seguindo as ideias que lhe são orientadas ao longo de sua

existência. Desse modo é o produto desse reconhecimento contínuo que compõe o

enredo do seu eu.

Na sala de aula regularmente são encontradas crianças que mesmo tendo

habilidades necessárias, não obtêm o rendimento esperado. Não assimilam como

as demais crianças e, desse modo, o sistema habitualmente utilizado não tem êxito.

Os problemas de aprendizagens são complexos, suas demonstrações podem ser

indícios de uma infinidade de fatores. Os embaraços característicos de

aprendizagem se expõem de diferentes maneiras e atingem diversas habilidades; é

bastante complicado perceber as dificuldades de modo isolado.

O diagnóstico apropriado de cada um é indispensável para poder conceber as estratégias de condução e tratamento adequados. É importante que a criança e as pessoas, a cargo da sua educação, conheçam seus pontos fortes e suas áreas de dificuldades, a forma como aprendem e como poderiam compensar suas áreas deficitárias. (CARRERA, 2009, P.91)

De acordo com o significado recente de Transtornos Específicos da

Aprendizagem (TEA), estes causam um aproveitamento na área acadêmica aquém

do desejado para a idade, o grau intelectual e o grau educativo cujas demonstrações

se expandem para as outras áreas da vida não apenas naqueles aspectos que

necessitam de leitura, a escrita ou o cálculo, por exemplo, o atraso mental, os

18

transtornos de linguagem e os déficits sensoriais (déficits visuais e auditivos) que

prejudicam de maneira geral a vida cotidiana.

Cada criança é única e as maneiras pelos quais as dificuldades de

aprendizagem se apresentam estão associadas com a individualidade de quem

aprende, por conseguinte, não existem causas únicas, nem tratamentos iguais. Por

exemplo, não existe a criança disléxica, mas tem crianças que apresentam dislexia.

As variações de aprendizado podem ser devidas a diversos fatores que interferem

nas mesmas, ou seja, a fatores neurobióticos, a doenças emocionais ou a métodos

pedagógicos distantes da realidade psicossocial daqueles que passam por tal

processo.

Para que uma criança aprenda é essencial que, quem ensina permita à

criança a expectativa de ser a criatura que aprende e a situe na posição do sujeito

que pensa. Mais do que ser a pessoa que ministra conteúdos, ela proporciona

espaço para o saber, um espaço para a concepção dos conhecimentos e um espaço

para conceber a si mesmo como um agente criativo e pensante.

Os pais ou responsáveis e os docentes podem deter a informação, contudo a

sua atribuição não é transmiti-la, mas fornecer mecanismos e ambiente apropriado,

para que a construção do conhecimento seja possível o papel do docente é

primordial. O docente consegue ajudar a criança a si reconhecer como um ser

pensante e autor de sua história.

1.3.1. Dificuldades de Aprendizagem em Matemática

Um excessivo número de alunos manifesta dificuldade na aprendizagem da

Matemática e, um significativo percentual acredita que essa área de aprendizado é

uma tortura. As dificuldades implicadas no seu ensino-aprendizagem e os

desagradáveis resultados escolares converteram a Matemática numa área de

inquietação. Desse modo, fui motivado ao questionamento do ensino e da

aprendizagem em Matemática. A Matemática deve ser correlacionada com o

cotidiano. Os alunos devem compreender a Matemática com exemplos reais da vida

no dia a dia. A clareza de como os alunos adquirem conhecimento tem que ser

parte integrante do método utilizado. Além disso, afirma Carrera:

19

Atualmente, considera-se que os alunos não somente façam operações, mas sim pensem e comecem a raciocinar. O aluno deve participar e os jogos e problemas colocados devem motivá-lo a buscar respostas por si mesmo. O professor, por meio de estratégias adequadas, pode desenvolver a curiosidade e dar a possibilidade de utilizar vários canais para chegar às respostas. (CARRERA, 2009, p. 179).

Os alunos precisam ver a Matemática como um meio essencial na resolução

de problemas. Os alunos precisam saber os conceitos básicos da Matemática para

compreender os processos posteriores. No aprendizado da Matemática estão

incluídas diferentes capacidades cognitivas, como: usar do conhecimento numérico,

a memória de trabalho, a atenção e a concentração, habilidades espaços-temporais,

habilidades perceptivo-motoras, capacidade de raciocínio e outras. A beira destes

aspectos, o bloqueio nesta área tem muito a ver com a maneira como ela é tratada;

com os métodos didáticos usados para o ensino-aprendizagem e as situações

emocionais que prejudicam seu desempenho.

Se a compreensão da Matemática vai sendo desenvolvida de maneira ativa, o

estudante entenderá e, seu empenho estará dirigido para a procura de soluções, e

será capaz de resolver problemas com dados reais. É pertinente conhecer que para

o aprendizado ser significativo é preciso que seja concedido tempo ao aluno, de fato,

a Matemática é entendida de maneira gradual, é preciso compreender cada etapa

para passar à próxima. O tempo apropriado para a reorganização do pensamento,

para incorporar novos aprendizados aos anteriores é imprescindível. Além de

considerar essas etapas, é importante conhecer, também, alguns empecilhos que

podem afetar o desempenho no aprendizado em Matemática. Vamos expor algumas

dessas situações apresentadas por Carrera (2009, p. 179-180):

a) Competências espaciais: crianças que possuem bloqueios em relações espaciais, distâncias, comparação de medidas e para organizar sequências. Esses bloqueios podem afetar competências como, aferir, avaliar, solucionar problemas e desenvolver conceitos geométricos;

b) Constância: crianças que tem problemas de transferir mentalmente de uma tarefa para outra, como exemplo, executar atividades que requerem múltiplas operações ou operações que exijam diversas etapas;

c) Linguagem: Os alunos podem sentir dificuldades para entender alguns termos Matemáticos, como: maior que, menor que, primeiro, último e outros. Do mesmo modo são descobertos alunos que não entendem uma situação matemática quando esta precisa ser lida; o que prejudica sua resolução;

d) Raciocínio abstrato: alunos que apresentam algumas dificuldades em entender conceitos abstratos que frequentemente demandam de material concreto ou situações reais para entender;

e) Memória: alunos que apresentam alguma dificuldade de recordar informações que lhes foram passadas; necessitam de mais repetições e, em vários casos, carecem externar para guardar a informação;

20

f) Processamento perceptivo: alunos que manifestam bloqueio nessa área podem demonstrar problemas na leitura e na escrita de quantidades, no efetuar operações e em alguns casos na solução de problemas;

g) Problemas emocionais: os estudantes com ingerência emocional apresentam mais dificuldades em Matemática que outros, pois esta área de aprendizado exige empenho e concentração.

Continuamente devem-se buscar meios de ajudá-los a desenvolver suas

competências, as quais conseguem de algum modo compensar suas dificuldades.

Para que o auxílio aos alunos que mostram dificuldades no aprendizado em

Matemática ocorra de maneira efetiva, é preciso investigar qual é a dificuldade,

percebendo-se de onde começam esses problemas consegue-se desenvolver

métodos apropriados. Segundo Carrera (2009, p. 333, 334, 340 e 350), os

problemas podem estar em:

a) Habilidades pré-numéricas: vários alunos iniciam sua escolarização com limitado conhecimento que lhes concedam desenvolver habilidades pré-numéricas como: a classificação, seriação e correspondência;

b) Classificação: ser capaz de reunir objetos comparando as aparências de suas particularidades, sendo uma capacidade básica para um futuro aprendizado em Matemática;

c) Seriação: é equivalente a classificação no que depende do caracterizar de particularidades e propriedades comuns aos objetos;

d) Correspondência: é fundamental conferir se o aluno tem conhecimento exato de correspondência; o conhecimento de correspondência conduz o aluno a um melhor entendimento da numeração e da representação. É significativo desenvolver de vários modos esta capacidade para que os alunos estejam preparados para efetuar as operações;

e) Numeração e valor posicional: ao não entenderem bem esses aspectos, é provável que os alunos tenham falhas na mecânica das operações e, igualmente na resolução de problemas;

f) Operações Matemáticas Básicas: (divisão, subtração, adição, multiplicação), vários alunos não entendem os conceitos básicos da Matemática, não entendem a operação que estão efetuando;

g) Aprendizagem de frações: vários bloqueios que aparecem neste aprendizado aplicam-se ao caso dos alunos não entenderem o conceito de fração;

h) Resolução de problemas: a despeito dos bloqueios percebidos, a resolução de problemas deve ser a capacidade mais fundamental a se trabalhar com esses alunos. Os alunos devem compreender quando precisam dividir, adicionar, subtrair ou multiplicar.

O docente através de métodos apropriados pode ampliar a curiosidade e dá

esperança ao estudante de usar diversos meios para alcançar as respostas. O

fundamento da Matemática é a compreensão; inclui esforço contínuo associado à

informação acumulada para obter novos conhecimentos. Se os alunos dedicarem-se

nas relações, ao contrário da pura memorização, seu aprendizado será mais

expressivo, duradouro e prazeroso.

21

1.4. O JOGO COMO FENÔMENO CULTURAL

Do modo que a realidade do jogo excede a condição da vida humana, é

impossível que possua seu ensinamento em algum elemento coerente, portanto

neste feito, limitar-se-ia à humanidade. A realidade do jogo não está concentrada a

qualquer grau determinado de civilização, ou a nenhuma compreensão do universo.

Brincar não é um privilégio humano, da mesma forma que crianças gostam de

brincar, os animais também gostam, porém, segundo Huizinga (2004, p.6) “[...] se os

animais são capazes de brincar, é porque são alguma coisa mais do que simples

seres mecânicos”.

Ao conversarmos sobre o jogo como algo que todos conhecem e ao

buscarmos investigar ou conceituar o que essa palavra expressa, necessitamos ter

continuamente presente que essa concepção é determinada e possivelmente até

restringida pela palavra que utilizamos para expressá-la. Nem a palavra nem a

concepção tiveram origem num pensamento lógico ou científico, e sim na linguagem

criadora, ou seja, em incontáveis línguas, já que esse feito de concepção foi

praticado mais do que uma vez. Não seria legítimo aguardar que cada uma das

distintas línguas encontrasse a mesma palavra ao pretender dar expressão à

concepção de jogo.

Segundo Huizinga (2004, p.47) “[...] desde os jogos mais triviais até os

torneios mais mortíferos, eram incluídos juntamente com o jogo propriamente dito,

numa única ideia fundamental, a de uma luta com sorte limitada por certas regras”.

Já na concepção do autor Gilles Brougére (1998, p. 23) “Nenhuma ciência construiu

realmente um conceito operacional do jogo, à exceção talvez do que se chama a

teoria dos jogos”. E este segundo afirma que: “é possível dar o aspecto de jogo a

exercícios escolares, é o jogo como artifício pedagógico”.Brougére (1998, p.54).

1.5. LUDICIDADE NO ENSINO DA MATEMÁTICA

Num primeiro momento, quando falamos em Ludicidade, pensamos logo em

jogos, brincadeira, diversão e lazer. De fato, se buscarmos o significado da palavra:

“lúdico” encontraremos: “adj. Que faz referência a jogos ou brinquedos: brincadeiras

22

lúdicas. Que tem o divertimento acima de qualquer outro propósito. Que faz alguma

coisa simplesmente pelo prazer em fazê-la. Psicanálise. Refere-se à manifestação

artística ou erótica que aparece na idade infantil e acentua-se na adolescência

aparecendo sob a forma de jogo” 1.

Porém em nosso trabalho abordaremos a Ludicidade em seus aspectos

educativos, especificamente enquanto ferramenta didática para alunos com

dificuldades de aprendizagem em Matemática. Segundo Santos e Cruz:

A Ludicidade é uma necessidade do ser humano em qualquer idade e não pode ser vista apenas como diversão. O desenvolvimento do aspecto lúdico facilita a aprendizagem, o desenvolvimento pessoal, social e cultural, colabora para uma boa saúde mental, prepara para um estado interior fértil, facilita os processos de organização, comunicação, expressão e construção do conhecimento. (SANTOS e CRUZ, 1977, p.12).

Na ótica desses autores o lúdico não é apenas brincadeira, lazer ou diversão,

mas também uma necessidade da personalidade humana, enquanto ser que pensa,

sente e age. Em outras palavras, o lúdico passou a fazer parte das atividades

essenciais da dinâmica humana, beneficiando o desenvolvimento da cultura

corporal, movimento e expressão. Embora o jogo não seja sinônimo de Ludicidade,

em nosso trabalho entendemos que por intermédio dos jogos o aluno pode

desenvolver sua intelectualidade e dividir experiências, o que proporciona o

desenvolvimento da liberdade e a descoberta das particularidades dos objetos e de

suas formas lógicas. Sobre os jogos, Bandioli e Mantovani apontam que:

[...] o jogo é um fenômeno que, mesmo se manifestando precoce e naturalmente, sofre notáveis variações (de duração, intensidade, articulação), não somente em função da idade, mas também do contexto no qual se realiza. A presença ou não do adulto, a presença ou não de outras crianças, a idade do grupo de jogo, o grau de familiaridade com os colegas, a presença ou não de materiais e de suas características são aspectos que influenciam e orientam a qualidade do jogo. (BANDIOLI e MANTOVANI, 1998, p. 222)

Discutir a qualidade dos jogos enquanto ferramenta didática no ensino de

Matemática é fundamental para quem pretende trabalhar com instrumentos

motivadores para aprendizagem, principalmente com aqueles alunos que encontram

na Matemática um obstáculo na aprendizagem escolar. Acima dos objetivos

educativos, na escola, os jogos se mostram mais atraentes e agradáveis por

1 Disponível em: http://www.dicio.com.br/ludico/. Acesso: 30/10/2013.

23

oportunizar a interação, o crescimento de competências motoras e o contato com

utensílios e brinquedos de tamanho e formas diferentes em comparação com

aqueles existentes na residência do aluno.

, já que aprende e se diverte, simultaneamente. (SILVA, 2004, p. 26) [...] ensinar por meio de jogos é um caminho para o educador desenvolver aulas mais interessantes, descontraídas e dinâmicas, podendo competir em igualdade de condições com inúmeros recursos a que o aluno tem acesso fora da escola, despertando ou estimulando sua vontade de frequentar com assiduidade a sala de aula e incentivando seu desenvolvimento nas atividades, sendo agente no processo de ensino-aprendizagem

Os jogos devem ser orientados e incentivados de forma tranquila, não

abandonando as dificuldades individuais e afetivas dos alunos. Segundo Kishimoto

(1994, p. 21), “o jogo estimula a exploração e a solução de problemas e, por ser livre

de pressões e avaliações, cria um adequado clima para a investigação e a busca de

soluções”. Ensinar Matemática é aprimorar o raciocínio, é incentivar o pensamento,

a criatividade e a habilidade de resolver problemas. Entre os recursos didáticos

mencionados nos PCNs, destacam-se os jogos.

Os jogos constituem uma forma interessante de propor problemas, pois permitem que estes sejam apresentados de modo atrativo e favorecem a criatividade na elaboração de estratégias de resolução e busca de soluções. Propiciam a simulação de situações problema que exige soluções vivas e imediatas, o que estimula o planejamento das ações; possibilitam a construção de uma atitude positiva perante os erros, uma vez que as situações sucedem-se rapidamente e podem ser corrigidas de forma natural, no decorrer da ação, sem deixar marcas negativas. (PCN, 1998, p.46).

Nas atividades pedagógicas que envolvem jogos, os critérios de certo ou

errado são discutidos e decididos pelo grupo. Portanto, essa prática promove o

debate e possibilita a prática da argumentação e da organização do pensamento,

sendo esta,a característica própria da aprendizagem significativa. Os jogos também

podem contribuir para desenvolver atitudes para enfrentar desafios, buscando

soluções por meio da intuição e de estratégias que levam ao desenvolvimento de

habilidades para a resolução de problemas. Segundo os PCNs (1998, p. 48) as

atividades de jogos permitem ao professor analisar e avaliar os seguintes aspectos:

• Compreensão: facilidade para entender o processo do jogo, assim como o autocontrole e o respeito a si próprio;

• Facilidade: possibilidade de construir uma estratégia vencedora; • Possibilidade de descrição: capacidade de comunicar o procedimento

seguido e da maneira de atuar;

24

• Estratégia utilizada: capacidade de comparar com as previsões ou hipóteses.

Os jogos também representam um avanço cognitivo, emocional, moral e

social para os participantes, estimulando o desenvolvimento de suas competências

matemáticas. Além da função sociocultural, o jogo, sendo uma atividade natural no

desenvolvimento dos processos psicológicos, motiva e orienta a aprendizagem de

maneira sistemática, organizada, interativa sem perder o caráter lúdico.

25

2. CONTEXTO E ASPECTOS METODOLÓGICOS DA PESQUISA, A NÁLISE E

REFLEXÕES

Neste capítulo, apresentamos o trabalho realizado no 7º semestre do curso

de Licenciatura Plena em Matemática, da UNEMAT. A pesquisa foi realizada com

uma turma do 7º ano (6ª série) da EscolaMunicipal de Ensino Fundamental Centro

Educacional “Lindolfo José Trierweiller”, no município de Sinop – MT, no ano letivo

de 2009.

Para que a pesquisa fosse possível, contamos com o apoio de muitas

pessoas, tanto da instituição provedora (UNEMAT) como da mantenedora (a referida

Escola), além dos alunos, que foram os principais colaboradores desse trabalho.

Inicialmente, apresentamos o contexto escolar em que nossa pesquisa educacional

foi desenvolvida.

2.1. A Escola Municipalde Ensino Fundamental Centro Educacional “Lindolfo

José Trierweiller”

O Centro Educacional “Lindolfo José Trierweiller” situa-se na Avenida dos

Ingás, nº 3001, Centro- Sinop, MT. Criado pelo Decreto nº 011/1996 e Lei nº 517/98.

Tem por finalidade atender o disposto na Constituição Federal e Constituição

Estadual, na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) e nas

resoluções do CEE/MT, oferecendo modalidade de ensino fundamental de 6º ao 9º

ano respeitando a inclusão dos Portadores de Necessidades Educacionais

Especiais- PNEES – na sala regular e na sala de recursos para os Deficientes

Auditivos – D.A e Deficientes Visuais – DV. A referida escola desenvolve suas

atividades no período matutino e vespertino, tendo como carga horária anual de 800

horas.

A estrutura física da escola é composta de 26 salas de aulas, todas bem

ventiladas e iluminadas, além de salas de: orientação e coordenação, de

professores, da secretaria, de diretoria, de laboratório de informática, de reforço, de

2ª língua para os alunos D.A, de material esportivo, de arquivo morto, de

almoxarifado, de biblioteca, de apoio aos alunos DV, de multimídia, uma cozinha,

uma despensa, além de banheiros masculinos e femininos, uma quadra de areia,

26

uma quadra de cimento (não coberta), dois campos para futebol sete e um refeitório.

No entanto, não existem banheiros adaptados para cadeirantes, quando há

necessidade de utilização recorre-se ao banheiro da biblioteca da UNEMAT2.

O Centro Educacional Lindolfo José Trierweiller tem como órgão mantenedor

a Prefeitura Municipal de Sinop, através da Secretaria Municipal de Educação. A

escola atende a 882 alunos, assim distribuídos, 248 alunos no período matutino e

634 alunos no período vespertino, que são atendidos por um quadro funcional de 35

professores, 1 diretor, 1 secretário(a), 1 auxiliar administrativo(a), 5 merendeiras, 3

zeladoras, 2 inspetores de alunos e 1 vigia. Dos 35 professores têm 6 na área de

Matemática, todos são graduados, 3 têm pós graduação e 1 cursa o mestrado3.

Todos os professores e funcionários são efetivos ou concursados.

O Centro Educacional Lindolfo José Trierweiller possui laboratório de

informática para atender à comunidade escolar com recursos tecnológicos que

somam na melhoria da qualidade de ensino. O laboratório foi montado com recursos

oriundos do Governo Federal. Possui também, biblioteca com a finalidade de

fornecer materiais bibliográficos para a realização de pesquisas, atualizações,

informações diversas à comunidade escolar. Todos os livros são catalogados e são

estabelecidas regras para empréstimos e utilização dos mesmo. Percebeu-se a

existência de vários exemplares e coleções de Matemática.

A filosofia da escola é “ser uma escola inclusiva, eficaz e de qualidade, onde

todos os alunos realmente aprendam a produzir conhecimento, adquiram sucesso,

valores morais, éticos e que todos os profissionais da educação sejam valorizados e

respeitados em suas funções”. Seus objetivos: Garantir Educação Básica de

qualidade; garantir aos alunos o saber científico valorizando suas experiências de

vida e realidade social dos mesmos, possibilitando-lhes uma atuação consciente e

competente na transformação histórica; promover um trabalho que contribua para a

diminuição do atual quadro de repetência e evasão escolar; proporcionar aos alunos

o desenvolvimento de suas potencialidades, como elemento de autorrealização,

preparação para o trabalho e exercício de cidadania; desenvolver a capacidade de

2 A Escola Municipal de Ensino Fundamental Centro Educacional “Lindolfo José Trierweiller” funciona no mesmo prédio da UNEMAT. 3Nota do autor: Hoje a referida professora já concluiu o mestrado.

27

socialização dos alunos através de projetos de interação na família, na escola e na

sociedade; garantir aos alunos com necessidades educacionais especiais, acesso

igualitário, bem como sua inclusão no processo educativo, em conformidade com o

parágrafo 1º do artigo 58, e inciso III do artigo 59 da Lei de Diretrizes e Bases da

Educação, Lei 9394/96.

2.2. Equipe Pedagógica: Atribuições e Contribuições

A equipe pedagógica é composta por coordenadores que desempenham as

funções de coordenar o trabalho pedagógico, supervisor escolar, escolhido pelo

corpo docente e diretor com vigência de seu mandato de dois anos letivos, sendo

permitida a recondução ao cargo.

São atribuições deles: Promover ações pedagógicas junto ao corpo docente;

de modo a manter um clima favorável de trabalho dos professores entre si e entre

professores e alunos; acompanhar, avaliar e controlar o desenvolvimento da

programação do currículo visando o planejamento; prestar assistência técnica aos

professores visando assegurar a eficiência e eficácia do desempenho dos mesmos;

dinamizar o currículo da escola juntamente com os professores e funcionários no

processo de ajustamento do trabalho escolar as necessidades dos alunos e as

exigências ao meio; acompanhar e aprovar o planejamento elaborado pelos

professores; convocar e presidir reuniões do corpo docente sempre que necessário;

coordenar o processo de avaliação das ações pedagógicas; organizar o horário

semanal, distribuição das turmas; analisar e emitir parecer sobre a adaptação de

estudos em casos de recebimento de transformação de acordo com a legislação

vigente; promover e coordenar juntamente com a direção, reuniões de estudos e

trabalho para aperfeiçoamento constante em todo o pessoal envolvido nos serviços

de ensino; acompanhar o processo de ensino, atuando junto aos alunos e

professores analisando os resultados de aprendizagem com vista a sua melhoria;

coordenar o processo de seleção dos livros didáticos obedecendo às diretrizes e os

critérios estabelecidos pelo Ministério da Educação e Cultura - MEC.

O diretor é eleito pelo corpo docente e pela comunidade escolar. Votam

para diretor, os alunos a partir de doze (anos), pais e/ou responsáveis dos alunos e

28

funcionários da unidade escolar; o mandato do diretor tem vigência de dois anos

letivos, sendo permitida a sua reeleição por mais dois anos.

São atribuições do diretor: investigar as possíveis causas de insucesso do

aluno anotando dados colhidos através de entrevistas e/ou visitas domiciliares aos

pais ou responsáveis, apresentando propostas visando à melhoria do desempenho

escolar; assistir e orientar o aluno em íntima colaboração com a família e os

professores; acompanhar o processo de avaliação dos alunos, participando

efetivamente dos conselhos de classe e efetuando levantamento dos alunos com

baixo rendimento escolar e posteriormente informar os pais; estimular os alunos

quanto aos objetivos educacionais; orientar o professor para que ele conheça o seu

aluno propondo formas de investigações adequadas; participar das decisões sobre

as transgressões disciplinares dos alunos; aplicar as penalidades de acordo com o

regimento escolar, conforme a análise da gravidade da situação e em concordância

com a tomada de decisão do conselho de classe e direção; dar a conhecer aos

alunos, pais ou responsáveis e ao corpo docente os termos do regimento escolar e

do Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA – e zelar pela sua execução.

Representar a escola responsabilizando-se pelo seu funcionamento; coordenar a

implementação do Projeto Político Pedagógico – PPP – da escola assegurando a

unidade e o cumprimento do currículo e do calendário escolar; acompanhar as

atividades coordenadas pela equipe pedagógica, dar conhecimento a comunidade

escolar das diretrizes e normas emitidas pelos órgãos do sistema de ensino, visando

à integração a família /escola; e cumprir e fazer cumprir a legislação vigente.

O serviço de apoio pedagógico é outro diferencial da escola, pois é um

instrumento de recuperação do ensino e é destinado a alunos com deficiência na

aprendizagem. Estes são encaminhados pelos professores e/ou conselho de classe

para o apoio pedagógico que articula atividades de aprendizagem no período oposto

ao da matrícula do aluno, cuja turma não excede há dez (10) alunos.

Esse trabalho é feito em parceria com os professores da turma e a família do

aluno é informada por escrito, qual será o horário do apoio pedagógico, devendo o

responsável pelo mesmo assinar o comunicado, e justificar quando ocorrer falta.

29

O tempo de permanência do aluno no apoio pedagógico se encerra

mediante superação das dificuldades apresentadas, porém caso surjam outras

dificuldades ele poderá ser reinserido ao programa.

A instituição conta ainda com a Associação de Pais e Mestres (APM) que é

um órgão deliberativo e consultivo das diretrizes e linhas gerais desenvolvidas na

unidade escolar, composto por profissionais da educação básica, pais e alunos. O

mandato é de 2(dois) anos, constituídos em assembléia geral, permitindo a reeleição

por mais de uma vez.

2.3. Métodos Avaliativos

A equipe pedagógica prioriza uma avaliação contínua, cumulativa e/ou

concomitantemente do desempenho do aluno, com prevalência dos aspectos

qualitativos sobre os quantitativos. Adotam o sistema de notas e amédia bimestral

mínima é de 65 (sessenta e cinco), sendo o ano letivo distribuído em 4 (quatro)

bimestres e, a média anual é de 65(sessenta e cinco), com possibilidades de

recuperação paralela.

Para dar suporte pedagógico a escola possui um acervo de materiais

didáticos, paradidáticos e recursos audiovisuais, (CDs, DVs, TVs, aparelhos de som,

retroprojetor, data show, mapas com alto-relevo), que visam uma melhor assimilação

e compreensão dos conteúdos estudados pelos alunos. Há também materiais

específicos para o ensino de conceitos matemáticos, (livros didáticos, réguas,

esquadros, compassos e transferidores).

A forma de avaliação utilizada pelo professor se faz por trabalho individual,

participação (que seria a nota de conceito) e prova escrita, revisão dos cadernos dos

alunos, frequência e tarefa extraclasse.

O conselho de classe é o momento em que os professores se reúnem e tem

como principal objetivo, diagnosticar os problemas, tanto em sala de aula quanto no

âmbito docente, mas sua principal função é criar soluções para o bom rendimento do

funcionamento escolar.

30

Este conselho se reúne ordinariamente no final de cada bimestre em datas

previstas no calendário escolar e funciona somente com todos os professores das

turmas, coordenação, supervisão e direção (exceto situações extremas).

Os professores se reúnem na sala dos professores, antes de iniciar o

conselho e decidem a melhor maneira de expor os problemas. Geralmente é citado

nome a nome dos alunos que estão causando problemas e assim segue uma

discussão que vai da conduta do aluno a suas deficiências e competências. Quanto

aos alunos de boa conduta, não há necessidade de observação, são feitos elogios

quanto ao desempenho desses.

Dos alunos indisciplinados é discutida toda sua evolução, de bimestre a

bimestre, seu desempenho e comportamento são rigorosamente avaliados. Tendo

todos os dados sobre determinado aluno, os professores tentam criar estratégias

para melhorar seu desempenho, até mudar o aluno de lugar na sala de aula a fim de

que tenha resultados positivos, se necessário os pais também são chamados para

ficarem a par da situação.

As deliberações do conselho de classe devem ser registradas numa ficha

bimestral e numa ficha anual por turma pelo (a) supervisor, orientador (a) ou

secretário (a) escolar e é assinada por todos os membros do conselho.

As deliberações do conselho de classe são soberanas desde que aprovadas

pela maioria dos membros do referido conselho.

2.4. Projetos desenvolvidos pela Escola

Para tornar a aprendizagem mais significativa, a escola desenvolve os

seguintes projetos:

1º) Projeto na ponta do lápis: tem como prioridade a disciplina de

Matemática e seu principal objetivo é trabalhar com alunos que apresentam

dificuldades de aprendizagem na matéria para que os alunos adquiram

competências básicas para um melhor desempenho em sala de aula. O público alvo

desse projeto são alunos de 6º ao 9º ano do Ensino Fundamental.

31

2º) Projeto na ponta da língua: Aliar leitura e produção, principal prioridade é

a disciplina de língua portuguesa, ou seja, ler pelo prazer de ler e seu principal

objetivo é trabalhar com os alunos que apresentam dificuldades de leitura e escrita,

para que os mesmos adquiram competências básicas para um melhor desempenho

em sala de aula. O público alvo são os alunos de 6º ao 9º ano.

3º) Projeto de inclusão digital: tem como objetivo ministrar cursos básicos de

informática a pessoas que não possuam nenhum conhecimento em informática. O

público alvo são alunos da própria escola que tenham acima de 14 anos e/ou os

seus pais ou responsáveis.

4º) Projeto interclasse: Desenvolvido sempre no final de cada bimestre, com

várias modalidades esportivas como: voleibol, xadrez, queima, atletismo, handebol ,

tênis de mesa e futebol sete. O interclasse tem como objetivo: maior integração e

interação entre os funcionários da unidade escolar, pais e/ou responsáveis e entre

os próprios alunos dos diferentes períodos.

5º) Feira do conhecimento: Desenvolvido por todos os alunos e

coordenados por um grupo de professores na área específica e em seus respectivos

períodos, tem como objetivo: apresentar para a comunidade escolar o seu

aprendizado em sala de aula. A apresentação da feira do conhecimento é feita em

data escolhida pela equipe pedagógica.

2.5. Coleta e seleção dos dados

Em relação às turmas, o professor tem um harmonioso vínculo com os

alunos, mas algumas vezes precisa ser mais enérgico, até mesmo encaminhar

alguns alunos à coordenação se necessário e se preciso solicitar a presença dos

pais. Alguns alunos (a minoria) não participam da resolução dos exercícios que são

cobrados pelo professor, mas são sempre orientados sobre as notas de conceitos

(além da avaliação escrita, tem a nota pela participação nas atividades em sala e

nas tarefas para casa).

O professor ministra suas aulas com recurso “Expositivo”, o conteúdo é

passado para os alunos seguido de uma explicação com exemplos relacionados, em

32

sua maioria, ao cotidiano, logo em seguida, é passada uma lista de exercícios para a

fixação do conteúdo. O método de avaliação do professor é por aplicação de provas,

trabalhos e comportamento.

O professor regente leciona do 6ª ao 9º ano é licenciado pela UNEMAT.

Tem domínio do conteúdo o que lhe garante segurança para ministrar as aulas. A

escola adota o livro didático (Tudo é Matemática, do autor Luiz Roberto Dante) e de

acordo com o observado, todos os alunos possuem o livro e seguem a maioria do

seu conteúdo. O professor modifica, com algumas exceções, a explicação dos

conteúdos, para observar a atenção e percepção destes alunos nos conteúdos

explicados, quando se refere a assuntos mais difíceis há uma necessidade de

adequar alguns conceitos e exemplos, para facilitar a assimilação dos conteúdos por

parte do aluno.

O 7º ano B tem quatro aulas de Matemática por semana, uma aula na

segunda-feira no terceiro horário, das 9h 10 min. às 10h 05min, uma aula na terça-

feira, sendo esta no primeiro horário, 7h 00min às 7h 55min, uma aula na quinta-

feira no segundo horário, isto é, das 7h 55 min. às 8h 50 min., uma aula na sexta-

feira, sendo esta no último horário, isto é, das 10h05 min. às 11h 00min; observando

que das 8h 50 min. às 9h 10 min. é o horário de intervalo dos alunos, quando

também é servida a merenda escolar.

A movimentação de alunos em sala de aula é acompanhada pelo professor

com olhar atento para manter a ordem, há inclusive um mapa da sala, ou seja, cada

aluno tem seu lugar definido para sentar, caso eles mudem de lugar sem a

autorização do professor regente, perderá nota de conceito. Existe também um

horário pré-estabelecido para irem ao banheiro ou tomarem água. Estes horários

são nas segundas e quartas aulas, saindo um aluno por vez de sala, portando um

crachá que representa a sua autorização de saída.

No entanto o foco da pesquisa concentrou em 10 alunos do 7º ano C com

dificuldades na aprendizagem em Matemática (operações fundamentais com

números naturais) indicadas pelo professor regente, por não acompanhar o ritmo

dos outros alunos.

33

Para estes alunos a proposta de intervenção ocorreu no contra turno, sendo

dois dias por semana (duas horas por dia) durante quatro semanas num total de

dezesseis horas.

Aulas com recursos expositivos de aritmética (material para a construção de

conceitos de sistema de numeração decimal e significado das operações

fundamentais). Recurso Didático (treinar habilidades): Jogos Matemáticos (dominó

de operações e criptograma matemático).

2.6. Coleta de Dados e Análise de Resultados

O principal objetivo desta pesquisa foi verificar as principais dificuldades dos

alunos em compreender os conteúdos matemáticos propostos para o 7º ano e, a

partir da observação da realidade desses alunos, na aprendizagem de Matemática

propomos estratégias para que eles pudessem superar essas dificuldades guiadas

pelos princípios da Aprendizagem Significativa e da Educação Humanista, tendo

como recurso didático os Jogos Matemáticos. Para coleta de dados, nessa pesquisa

educacional, adotamos a pesquisa qualitativa do tipo pesquisa-ação, buscando

orientações na proposta apresentada por Tripp, 2005 (ciclo de pesquisa-ação) e

para análise de dados utilizamos o método hermenêutico dialético proposto por

Minayo, 1999.

2.6.1. As quatrofases da Pesquisa-Ação: Planejament o, Implementação e

Avaliação

Orientamos nossa pesquisa no modelo apresentado por Tripp (2005) sobre a

metodologia pesquisa-ação por entendermos sua didática como forma simples e

organizada de desenvolver uma pesquisa educacional em que o professor pretende,

além de observar o fenômeno educativo em seu ambiente natural, fazer

intervenções durante o processo investigativo para que, através de recursos

didáticos adequados a situação, a realidade observada como um problema possa

ser transformado. Segundo Tripp (2005, p. 445) a pesquisa-ação educacional é: “[...]

uma estratégia para o desenvolvimento de professores e pesquisadores de modo

34

que eles possam utilizar suas pesquisas para aprimorar seu ensino e, em

decorrência, o aprendizado de seus alunos [...]”.

Para Tripp (2005) a pesquisa-ação, assim como outros tipos de investigação

ação, segue um ciclo de quatro fases: planejar, implementar, descrever e avaliar.

Diagrama 1: Representação em quatro fases do ciclo básico da investigação-ação.Tripp (2005, p. 446).

I. Planejamento

A fase de planejamento iniciou com a apresentação do Projeto de Pesquisa

na disciplina de Metodologia de Pesquisa Científica, no 5º. Semestre do curso de

Licenciatura Plena em Matemática, momento em que apresentamos nossa proposta

de intervenção didática com uma turma de 7º ano do Ensino Fundamental a ser

desenvolvida em uma escola pública do município de Sinop, durante o período de

Estágio Supervisionado. O Projeto tinha como objetivo criar uma proposta de

trabalho com alunos que apresentam dificuldades de aprendizagem em Matemática

em sala de aula.

O período de observação do Estágio Supervisionado (8 horas, das quais

utilizamos 4 aulas para observar a turma que trabalharíamos a nossa ferramenta

didática) serviu para observar quais as principais dificuldades apresentadas pelos

alunos indicados pelo professor regente para frequentar as aulas de reforço4.

Num segundo momento, passamos a planejar as atividades sob duas

perspectivas: aulas expositivas sobre os temas que os alunos apresentaram

4 Termo utilizado na referida Escola para as aulas complementares que são ministradas no contra turno para os alunos que apresentam alguma dificuldade de aprendizagem. Normalmente as aulas ofertadas são de Língua Portuguesa e de Matemática.

35

dificuldades (as quatro operações fundamentais) que segundo Ausubel (1982)

devem ser trabalhados como organizadores prévios antes de iniciar uma instrução,

quando os estudantes não possuem conhecimentos prévios necessários

(subsunçores) para aprender novos conceitos ou proposições; e aulas com jogos

matemáticos, para motivar os alunos envolvidos em “querer aprender”, sendo um

dos elementos fundamentais para que haja a aprendizagem significativa5, e, ao

mesmo tempo, ensinar o necessário para conseguir desenvolver as atividades

(jogos) e treinar suas habilidades nas quatro operações fundamentais.

II. Implementação

Escolhemos a turma do 7º ano para estudar os motivos pelos quais os alunos

que teoricamente já teriam passado por um período de transição (do 6º. para o 7º

ano), em que os alunos migram de um sistema de uni docência6para um sistema em

que cada disciplina é ministrada por um professor diferente, mas, na prática, alguns

alunos ainda cultivam a dependência afetiva dos professores e, nesse momento, se

desmotivam por estudar Matemática, criando aversão pela disciplina e,

consequentemente, reforçando suas dificuldades na aprendizagem.

Durante o período de regência do Estágio Supervisionado (32 horas, das

quais dedicamos 16 aulas para esta turma) focamos nosso trabalho, além das

atividades propostas para a disciplina, nas avaliações diagnósticas, para verificar

quais as principais dificuldades desses alunos em relação à turma. Nessa fase foram

aplicadas atividades envolvendo as operações fundamentais com números naturais

para observação do desempenho desses alunos, pois, segundo o professor regente

os mesmos não acompanhavam o restante dos colegas no desenvolvimento dos

conteúdos aplicados em sala de aula, e que por várias vezes não abriam nem o livro

didático de Matemática para acompanhar o conteúdo que estava sendo

desenvolvido em classe.

5 Segundo Ausubel (1982) para que haja aprendizagem significativa é necessário que o material de ensino seja potencialmente significativo, que o aluno possua conhecimento prévio e tenha desejo (disposição) para aprender. 6 Os alunos têm basicamente um professor (normalmente professora) que ministra aulas de todas as áreas do conhecimento. Em algumas escolas há, além do professor que ministra aulas de Língua Portuguesa, Matemática, Artes, História, Geografia e Ciências, a figura do professor de Educação Física e Inglês.

36

O grupo de alunos que foram trabalhados a intervenção através dos jogos,

era formado por 6 alunos e 4 alunas que vieram de uma mesma escola, também

municipal. Usaremos letras para apresentar algumas características desses alunos.

Osalunos A, B, C, D, E, e as alunas G, H, I, apresentam a mesma faixa etária,

12 anos e nunca foram retidos (reprovados); O aluno F e aluna J têm 13 anos e já

foram retidos no 4º ano.

Os alunos A, B, C, apresentam outra característica semelhante, gostam de

todas as matérias, principalmente educação física, mais não gostam de matemática,

eles dizem “tem que fazer muitas contas”.

Os alunos D, E, e a aluna I falaram que matemática é muito complicado, não

conseguem aprender o que vai cair na prova.

As alunas G, H, disseram que a classe é muito grande, são muitos alunos

para o professor ensinar, por isso fica difícil aprender.

O aluno F, disse que vem para a escola porque a mãe manda, mas ele quer é

ser jogador de futebol.

A aluna I apresentou uma justificativa para a sua reprovação, falou que

trocaram algumas muitas vezes de professora.

Observamos que nenhum dos alunos fazia questionamentos relacionados aos

conceitos dos conteúdos, só falavam que não conseguiam aprender.

Selecionamos cinco jogos para trabalhar com os 10 alunos, a proposta de

intervenção no contra turno. A dama, o xadrez, o dominó das quatro operações, a

tabuada pega-pega e o Banco Imobiliário, que foram desenvolvidos durante 16 aulas

(2 para a avaliação diagnóstica no início dos trabalhos, 12 para o desenvolvimento

das atividades com jogos e 2 para a avaliação de aprendizagem no final da

intervenção).

III. Monitoramento

37

Nessa fase vamos apresentar as atividades desenvolvidas durante a

regência, a começar pelas atividades aplicadas para observação das dificuldades.

Com a quantidade de alunos reduzidos e, aparentemente, apresentando as

mesmas dificuldades, foram aplicadas atividades para analisar se era uma situação

de falta de conhecimentos dos conteúdos estudados ou se queriam uma atenção

maior do professor nas explicações. Sendo uma turma com 36 alunos, o referido

professor não priorizava o atendimento individual, fazia as explicações expositivas e

as demonstrações coletivas no quadro. Verificado que se tratava de falta de

conhecimento (momentâneo) daquele conteúdo, fizemos a inferência oportunizando

o seu desenvolvimento relacionado às operações fundamentais com números

naturais.

Inicialmente mostraram-se inibidos, inseguros, até constrangidos, mas no

decorrer das aulas foram se mostrando mais confiantes. Começamos o trabalho com

a construção da tabuada através de tabela, na qual preenchi as duas primeiras

linhas e fui auxiliando eles no preenchimento total da tabuada.

X 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 2 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 3 0 3 6 9 12 15 18 21 24 27 30 4 0 4 8 12 16 20 24 28 32 36 40 5 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 6 0 6 12 18 24 30 36 42 48 54 60 7 0 7 14 21 28 35 42 49 56 63 70 8 0 8 16 24 32 40 48 56 64 72 80 9 0 9 18 27 36 45 54 63 72 81 90 10 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100

Método: estabelecendo os números de zero (0) a dez (10) nas linhas e

também de zero (0) a dez (10) nas colunas, utilizando o processo da multiplicação

dos números que estão nas colunas vezes os números que estão nas linhas, com os

resultados encontrados foi preenchido os espaços das linhas e das colunas

correspondentes.

Exemplos: 0x0 = ; 0x1= ; 0x2= ; 0x3= ; 0x4= ; ... 1x0= ; 1x1= ; 1x2= ; 1x3= ; 1x4= ;...

38

2x0= ; 2x1= ; 2x2= ; 2x3= ; 2x... X 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 0 0 0 0 0 0 1 0 1 2 3 4 2 0 2 4 6 8 3 4 5 6 7 8 9 10

Posteriormente, trabalhamos a operação de adição por agrupamento, nesta

etapa o trabalho foi desenvolvido com o que chamamos de grupo A e grupo B;

traçaram alguns riscos no grupo A e alguns no grupo B, pediram que fizessem a

contagem de todos os riscos um a um (dos dois grupos), após as respostas (corretas

ou não) eram formalizadas as operações no quadro, para que os alunos

observassem que os resultados eram iguais; o mesmo procedimento foi utilizado na

operação de subtração, aproveitando o conceito de juntar, foi trabalhado a ideia de

inverso, isto é, o inverso de juntar é separar, é tirar, então utilizando os grupos A e

B, traçaram riscos no grupo A e no grupo B, circularam alguns riscos em A e B

(sempre contagem diferente) e pediram que apagassem os riscos que estavam

circulados em cada grupo e fizeram uma nova contagem em cada grupo, após as

respostas formalizaram a operação no quadro com a participação dos mesmos,

claro que tanto na operação de adição e subtração foi revisado o conteúdo sobre

unidade, dezena e centena.

Exemplo:

Grupo A Grupo B

+

Operação formalizada:

|| | | | | | |

|| | | | | | |

|| | | | | | |

|| | | | | | |

39

16 +16 32

Continuando agrupando:

|||||||||| = 10 |||||||||| =

|||||||||| = 20 |||||||||| =

|||||||||| = ||||||||||=

|||||||||| = |||||||||| =

Complete:

Continuando as atividades: Forme palavras colocando os números em ordem

crescente; (do maior para o menor):

O A L C E S 40 60 50 30 10 20 S I L A P 50 40 10 20 30 N O B I S U 6 3 12 9 18 15

Para o desenvolvimento da operação de multiplicação trabalhamos também

com o agrupamento, foi construído alguns grupos que chamamos A, B, C, D, estes

grupos com a mesma quantidade de elementos, que fizessem a contagem de todos

os elementos dos grupos usando o processo da adição, após as respostas,

formalizaram a operação de multiplicação no quadro, mostrando a eles que a

multiplicação é a soma de parcelas iguais; para a operação de subtração,

10 + 2

20 + 5 30 + 10 40 + 6 50 + 8 80 + 7 90 + 3 70 + 9

40

novamente foi trabalhado com a ideia de inverso, ou seja, a operação inversa de

multiplicar é dividir, assim, ao invés juntar os elementos, eles (os elementos) eram

retirados do conjunto.

Após sintetizar as regras e propriedades das operações fundamentais com

números naturais, e fundamentados na recreatividade e dinâmica dos jogos,

propomos a utilização de jogos matemáticos na resolução de problemas, para

alguns alunos do 7º ano C, que apresentavam acentuadas dificuldades de

aprendizagem na resolução de problemas que envolvem as quatro operações

fundamentais, da escola municipal Centro Educacional Lindolfo José Trierweiller, em

SINOP-MT, tendo como objetivos: o desenvolvimento das competências, a interação

entre os estudantes com atividades motivadoras, o desenvolvimento das quatro

operações fundamentais com números naturais, através do cálculo escrito e mental.

O desenvolvimento deste trabalho foi realizado no contra turno de dois dias por

semana (às 2ª- feiras e as 4ª-feiras) e foi aplicado em 12 aulas, pois duas aulas

foram utilizadas para o diagnóstico; e as duas aulas finais foram aplicadas as

atividades para verificação do aprendizado.

No primeiro dia da aplicação dos jogos, foi usado o jogo de dama .

• Regras do jogo de dama:

(1ª) São formadas as duplas de forma aleatória e cada dupla usa um tabuleiro;

(2ª) São distribuídas 12 peças iguais para cada jogador, mas em cores diferentes e

organizadas em linhas no tabuleiro de forma alternada (deixando sempre um espaço

vazio entre elas.

(3ª) Para iniciar o jogo as duplas participantes escolhem no par ou ímpar;

(4ª) As peças são mexidas sempre um espaço para frente e sempre na diagonal e

tem o objetivo de capturar a peça do adversário;

(5ª) O jogador que alcançar a primeira linha do adversário tem direito a dama e troca

a peça normal por uma diferente, identificando que essa é a dama, e pode percorrer

41

quantos espaços quiser sempre na diagonal, podendo capturar o maior número de

peças possíveis;

(6ª) Ganha o jogo quem capturar todas as peças do adversário;

(7ª) Não é necessário fazer a dama para vencer o jogo, depende da estratégia

utilizada por cada jogador;

(8ª) A dupla formada inicialmente só pode jogar no máximo duas partidas se houver

um vencedor, depois é formada outra dupla composta pelos vencedores de cada

dupla; caso houver o empate, é disputada uma nova partida até se obter um

vencedor.

Inicialmente as partidas começaram de forma tranquila, no entanto após a

mudança de algumas duplas, tive que interferir algumas vezes, pois houveram

algumas discussões principalmente relacionadas às regras e a conduta

momentânea de alguns participantes.

Neste início de trabalho com os jogos, os objetivos eram os seguintes:

• Observar a concentração dos participantes e quanto tempo cada dupla

gastava até o término do jogo;

• Observar a interação entre eles, as estratégias de jogo de cada um e

quais duplas conseguiriam solucionar seus conflitos sem a interferência do

professor;

• Mesmo sendo um jogo, observar se um jogador (da mesma dupla)

auxiliava o outro em caso de dúvidas;

• Desenvolvimento do raciocínio lógico.

No segundo dia de aplicação dos jogos, foi utilizado o jogo de xadrez , foi

explicado ao estudante que apesar de usar o mesmo tabuleiro, se diferencia pelas

regras e pelas peças. As peças do xadrez são diferentes (torre, peão, bispo, cavalo,

rei, rainha) que no mesmo jogo possuem regras diferentes para cada peça, que a

única função em comum é proteger o rei, peça mais importante no jogo, pois quem

tiver o rei capturado perde o jogo.

42

• Regras do Xadrez.

Neste caso o objetivo principal não era o jogo em si, pois tem certo grau de

complexidade, mas fazer compreenderem que o tabuleiro de xadrez é semelhante à

sala de aula, que cada aluno tem a sua função principal que é a de aprender, que

podem ter esse aprendizado de maneiras diferentes, que as pessoas são diferentes,

portanto aprendem de formas diferentes, além de observar a concentração, as

estratégias e as tomadas de decisões.

No terceiro dia utilizamos o dominó da adição e subtração , foi explicado que

as regras deste jogo são iguais as regras do jogo do dominó normal, a diferença é

que o estudante faria um cálculo para posicionar a peça correta.

• Regras do jogo de adição e subtração

No quarto dia foram trabalhados os jogos de dominó de multiplicação e

divisão, as regras obedeceram aos mesmos padrões da adição e divisão, no entanto

mudam-se as operações matemáticas. Nestas operações matemáticas os

estudantes apresentaram mais dificuldades que nas operações matemáticas de

adição e subtração.

Objetivos relacionados aos jogos de adição e subtração, multiplicação e divisão:

• Observar a interação e cooperação entre os estudantes;

• Verificar o aprendizado dos conteúdos inseridos nas quatro operações

fundamentais em conjunto com os jogos;

• Oportunizar o desenvolvimento do cálculo escrito e mental.

43

No quinto e sexto dias foram trabalhados os jogos, tabuada pega-pega e o banco

imobiliário.

• Itens Inclusos:

42 cartelas de resultados; 01 sorteador; 01 disco de números; 02 bolinhas; 04 tabelas de tabuadas para consultas.

• Regras do jogo tabuada pega-pega:

(1ª) 02 a 04 jogadores;

(2ª) Espalham-se todas as cartelas sobre a mesa com os resultados para cima;

(3ª) Tira-se no par ou ímpar quem começa o jogo, depois segue quem estiver à

direita;

(4ª) Quem inicia o jogo põe as bolinhas no disco e dá um peteleco até as bolinhas

girarem e pararem no disco de números;

(5ª) Os jogadores devem efetuar o cálculo mental de multiplicação e pegar a cartela

com o resultado correto;

(6ª) Se errar o resultado deverá devolver a cartela para a mesa;

(7ª) Ganha o jogo quem conseguir cinco cartelas com os resultados corretos.

• Regras do jogo Banco Imobiliário:

JOGADORES : Podem jogar de 2 a 6 pessoas, as quais escolhem a cor de seus

peões, colocando-os no ponto de partida. Em seguida embaralham-se as cartas de

Sorte e Revés, que são colocadas de cabeça para baixo no local indicado, no centro

do tabuleiro.

Cada jogador deve receber:

• 8 notas de R$1,00 • 10 de R$5,00

44

• 10 de R$10,00

• 10 de R$50,00

• 8 de R$100,00

• 2 notas de R$500,00

Todo dinheiro restante irá para o banco, juntamente com os títulos de

propriedade, é aconselhável que uma pessoa jogue somente como banqueiro,

porém se também quiser participar do jogo, deve tomar cuidado para não misturar

suas notas e propriedades com as do Banco.

COMEÇO DO JOGO: O primeiro jogador lança os dados e, conforme o número de

pontos que tirar, avança o seu peão pela esquerda para o espaço atingido. Num só

espaço podem parar vários peões ao mesmo tempo. Se cair num terreno ou

empresa poderá comprá-las ao banqueiro, pagando o preço indicado no tabuleiro.

SORTE ou REVÊS : De acordo com as indicações constantes dos lugares

alcançados, pagam-se impostos, recebem-se lucros, tira-se um cartão de SORTE ou

REVÊS e executa-se a ordem respectiva, devolvendo o cartão, colocando-o por

baixo do baralho do qual foi tirado.

Tirando uma dupla (2 e 2, 3 e 3, etc.) o jogador tem direito a novo lançamento; uma

segunda dupla dá direito igual, mas se tirar uma terceira dupla vai para a prisão.

PRISÃO: Se o jogador cair no campo “VÁ PARA A PRISÃO” ou se tirar 3 duplas

seguidas, irá com o seu peão para a prisão. Se, porém alcançar a prisão em lances

regulares será considerado visitante e poderá continuar normalmente o jogo quando

chegar a sua vez. Da prisão o jogador poderá sair se conseguir numa das suas 3

próximas jogadas tirar uma dupla. Se não conseguir na 4ª jogada pagará R$50,00

ao banqueiro e andará o número de pontos conseguidos nos dados. Também

poderá sair da prisão se possuir o cartão “SAÍDA LIVRE DA PRISÃO”.

HONORÁRIOS: Cada vez que o jogador alcançar o PONTO DE PARTIDA ou por ele

passar receberá do banqueiro R$200,00 como HONORÁRIOS.

TERRENO OU EMPRESA COM DONO: Se o jogador alcançar um terreno ou

empresa que já tenha sido adquirido, pagará aluguel ou taxa correspondente, ao

respectivo proprietário, conforme os dados constantes do título.

45

O dono do terreno ou propriedade, deverá cobrar antes que o jogador seguinte lance

os dados, caso contrário, não terá mais direito.

CONSTRUÇÕES: Logo que o jogador possua todo um grupo de propriedades da

mesma cor, ele poderá construir casas pagando ao Banqueiro os preços indicados

nos títulos. Em cada terreno pode-se construir 4 casas e tendo construído 4 casas,

no mesmo terreno, pode-se construir nele um hotel.O jogador não pode colocar 3

casas em uma propriedade e nenhuma noutra, do mesmo grupo de cor. Ele deve

colocar uma em cada propriedade do mesmo grupo de cor, antes de colocar a

segunda e assim sucessivamente até a compra do hotel.

TROCAS E VENDAS ENTRE JOGADORES : É permitido aos jogadores vender ou

trocar terrenos ou empresa entre si, quando acharem conveniente por preços a

combinar. No caso de terrenos que possuam casas ou hotel, o dono deverá vendê-

las ao Banco pela metade do preço, para depois vender o terreno.

Se algum jogador comprar uma propriedade ou terreno hipotecado, ao resgatar o

título de posse, ele deverá pagar além do valor da hipoteca mais 20% do valor da

mesma a “título de juros”.

HIPOTECAS: Terrenos sem construção (caso haja casas ou hotel é necessário

antes vendê-las ao Banco pela metade do preço) e empresas podem ser

hipotecadas pelos valores determinados nos títulos por qualquer período de tempo.

PAGAMENTOS : Os pagamentos devem ser efetuados sempre em dinheiro. Se o

jogador não tiver dinheiro para pagar ao Banco ou a um jogador, ele deve obedecer

esta ordem de negociações:

- Vendas de casas e hotéis pela metade do preço pago.

- Hipotecar ou vender suas propriedades. No caso de vendas ele poderá colocar em

leilão as propriedades visando um lucro maior. Caso ninguém queira comprá-las o

Banco pagará seu valor nominal.

FALÊNCIA : Se mesmo após vender suas casas e hotéis, hipotecar ou vender suas

propriedades o jogador não conseguir pagar suas dívidas, ele irá à falência, e se

retirará do jogo.

46

O dinheiro conseguido será entregue ao jogador credor. Caso haja propriedades

hipotecadas o Banco deverá resgatá-las e o dinheiro conseguido irá para o credor.

As propriedades devem ser colocadas em leilão.

OBS.: Durante um jogo nenhum jogador poderá dar ou emprestar dinheiro a outro.

TÉRMINO DO JOGO: O jogo termina quando ficar somente um jogador (os outros

foram à falência). Somam-se os valores possuídos através das notas, terrenos,

propriedades, casas e hotéis.

IV. Avaliação

A avaliação deve estar conectada ao Projeto Político Pedagógico – PPP – da

escola integrando professor, aluno, currículo e contexto, para que possa investigar o

conhecimento prévio do aluno, o que ele já adquiriu de conhecimento, e como

poderá superar suas dificuldades de aprendizagem. Segundo Rocha (1996):

A avaliação é um processo contínuo, participativo, com função diagnóstica, prognóstica e investigativa cujas informações propiciam o redimensionamento da ação pedagógica e educativa, reorganizando as próximas ações do educador [...], no sentido de avançar no entendimento e desenvolvimento do processo de aprendizagem. (ROCHA, 1996. p. 52).

Ao adotar os princípios da Aprendizagem Significativa e da Educação

Humanista, a avaliação passa a ser um trabalho coletivo, interdisciplinar e

permanente. Seus métodos, contrários ao método classificatório e seletivo,

assumem uma concepção de avaliação emancipatória. A avaliação, segundo

Hoffmann (2003, p. 15), “[...] é essencial à educação inerente e indissociável do

trabalho pedagógico, enquanto concebida como problematização, questionamento e

reflexão sobre a ação”. Nessa perspectiva, a avaliação deve ocorrer nas dimensões

diagnóstica, processual e cumulativa.

Na dimensão diagnóstica buscamos informações relevantes sobre o

conhecimento prévio do aluno e suas situações de aprendizagem durante o

processo educativo. Durante o período de regência, no Estágio Supervisionado,

todos os alunos da turma fizeram uma avaliação contendo questões sobre as quatro

operações fundamentais (adição, subtração, multiplicação e divisão), do tipo de

exercícios (efetue as operações) e situações problemas. Dos 36 alunos que fizeram

47

a prova, 26 conseguiram realizar com êxito, no mínimo 60% das questões

propostas, enquanto que os outros 10 alunos (indicados pelo professor regente para

aulas de reforço) conseguiram realizar, satisfatoriamente, apenas 20% das

questões.

Na dimensão processual propomos uma avaliação permanente de observa-

ção e análise sobre o processo aprendizagem do aluno e o seu desenvolvimento no

contexto escolar. Nas aulas de reforço passamos a observar, em cada atividade

proposta, o comportamento dos alunos na perspectiva da aprendizagem de

conteúdos conceituais (as quatro operações), conteúdos atitudinais (com relação ao

respeito às regras dos jogos e aos colegas) e procedimentais (a maneira com que

organizavam seus pensamentos e estratégias).

Finalmente, na dimensão cumulativa, buscamos investigar os avanços e

dificuldades apresentados pelo aluno durante o processo. No final do período,

aplicamos uma prova para analisar as conquistas dos 10 (dez) alunos que foram

nossos atores sociais consequentes do desenvolvimento desse trabalho com os

jogos matemáticos e, que também marcou o encerramento do mesmo.

Desse grupo, 6 (seis) alunos, que na primeira avaliação (diagnóstica)

conseguiram realizar de forma satisfatória apenas 20% das questões, acertaram em

torno de 75% das questões propostas na prova. No entanto, 4(quatro) alunos não

conseguiram formalizar suas respostas de forma satisfatória na prova, mantendo

sua média de 20% de acertos, como na avaliação diagnóstica, apesar de

demonstrarem uma significativa mudança de atitude com relação a maneira como

passou a se relacionar com o professor, os colegas (tanto da aula de reforço como

com os demais colegas da sala de aula) e com a disciplina de Matemática.

2.6.2. O Método Hermenêutico Dialético: uma propost a para a análise de dados

A análise de dados, de acordo com Minayo 1996, nos apresenta três

possibilidades dentro de uma pesquisa qualitativa: a análise de dados, a análise do

discurso e a hermenêutica dialética. Sendo o método hermenêutico dialético “[...] o

mais capaz de dar conta de uma interpretação aproximada da realidade. Essa

metodologia coloca a fala em seu contexto para entendê-la a partir do seu interior e

48

no campo da especificidade histórica e totalizante, em que é produzida”Minayo

(1996, p.231).Foi por esse motivo que decidimos trabalhar esse método de análise

de resultados para que, dessa forma, pudéssemos vivenciar uma experiência no

contexto onde trabalha os atores sociais da pesquisa.

Minayo (1999) destaca dois pressupostos que justificam esse método de

análise: a ideia de que não há consenso nem ponto de chegada na produção do

conhecimento e o fato de que a ciência se constrói numa relação dinâmica entre a

razão do cientista e a sua experiência com a realidade. Portanto, uma pesquisa

social é sempre uma aproximação da realidade que não pode ser reduzida em

dados quantitativos.

Em nossa pesquisa, nos orientamos pelas três etapas para a realização

dessa proposta: a ordenação dos dados, a classificação dos dados e a análise final.

Primeiro, fizemos um mapeamento dos dados coletados durante o período de

estágio supervisionado, transcrevendo e organizando as atividades realizadas pelos

alunos e as observações realizadas em seu entorno. Na segunda etapa, levantamos

alguns questionamentos sobre os dados coletados a fim de identificarmos o que há

de relevante nos textos para elaborarmos categorias específicas e na última etapa,

buscamos responder as questões, diretrizes da pesquisa articulando os dados

coletados com os referenciais teóricos com base em seus objetivos.

49

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Acreditamos que o alicerce para o desenvolvimento do indivíduo, enquanto

aprendiz está no conhecimento prévio que ele traz consigo e cabe à escola

oportunizar a sistematização dos conhecimentos e motivação dos alunos para que

ocorra a aprendizagem significativa. Sabemos da importância e do valor de se

utilizar códigos e símbolos matemáticos e esses, por sua vez, são determinados

historicamente, segundo as demandas sociais do momento. E hoje no mundo

globalizado em que vivemos repletos de informações, é exigida dos atores sociais

uma leitura Matemática mais elaborada e consequentemente a compreensão e

representação dos códigos matemáticos que satisfaça as demandas sociais.

Entendemos que a escola, como espaço instrucional, deve permitir o acesso

ao conhecimento, tendo como postura a revisão das práticas por ela adotadas, para

que estas permitam ao estudante compreender a Matemática a partir das

diversidades dos conteúdos que circulam socialmente, pois a educação deve estar

comprometida com o exercício da cidadania e precisa criar condições para o

desenvolvimento das competências de uso da Matemática que satisfaçam as

carências pessoais que permeiam as relações sociais e afetivas do seu dia-dia,

promovendo a reflexão.

O professor quando ensina para a compreensão, ele sabe que seus

pensamentos e ações não são algo fechado e acabado, mas que se dispõe a buscar

e aceitar o novo, sujeito a abertura para adquirir novos conhecimentos, aceitando

novos desafios em buscar propostas de trabalho que contribua para a qualidade do

seu trabalho na educação que ele transmite a seus alunos. Temos que criar

situações didáticas pedagógicas que potencialize a aprendizagem significativa e

proporcione uma educação de qualidade que atenda aos interesses das pessoas e

seja capaz de promover as transformações sociais e culturais que o momento exige,

deixando este legado as futuras gerações.

Hoje, no mundo em que vivemos, apesar dos avanços da ciência e da

tecnologia do mundo globalizado, cheio de informações em tempo (quase) real que

chegam até nós, o educador depara-se com situações as quais tem que enfrentar e

confrontar suas idéias de soluções, lançando-se em um constante desafio em sua

50

docência de buscar e contribuir para solucionar situações do seu dia-a-dia e que

fazem parte da rotina escolar.

No dia-a-dia escolar os educadores estão sempre indagando, questionando

e problematizando. Indagar, questionar e problematizar são palavras que estão

sempre presentes na vida do educador comprometido com a educação. Na escola,

muitos desses questionamentos e indagações parecem não ter respostas, por não

darem a eles o enfoque necessário e, o educador quando se depara com

dificuldades de aprendizagem quer seja de leitura ou escrita, bem como de

resoluções ou compreensões dos conteúdos matemáticos, passa a repensar sua

prática pedagógica e a fazer questionamentos, ao mesmo tempo em que busca

respostas pertinentes às dificuldades de aprendizagem do conteúdo matemático.

Em nosso trabalho, durante o período de desenvolvimento da proposta de

intervenção, procuramos estabelecer uma relação de afetividade com os alunos

envolvidos, para que tivessem liberdade de fazer os seus questionamentos,

buscando esclarecer suas dúvidas sobre os conteúdos estudados.

Consideramos que além da interação entre professor e aluno e o material

didático potencialmente significativo, os jogos matemáticos constituíram, em nossa

prática, uma ferramenta potencializada a compreensão dos conteúdos que envolvem

as quatro operações fundamentais. Pois de um universo de 10 alunos que

apresentavam dificuldades de aprendizagem em Matemática, 6 demonstraram que

conseguiram superar essas dificuldades, ou seja, através dos jogos conseguiram

relacionar, em seu contexto, as regras dos jogos com as regras da Matemática

necessárias para o desenvolvimento da “brincadeira”. Conseguiram, com a prática,

compreender conceitos e propriedades sobre as quatro operações fundamentais,

com números naturais, bem como algumas de suas aplicações nas resoluções de

problemas matemáticos que envolvem os conteúdos propostos para o 7º ano do

Ensino Fundamental.

Observamos que 4 alunos, do universo de 10 que apresentavam

dificuldades de aprendizagem em Matemática, apesar da manipulação dos jogos, da

leitura das regras e do cumprimento delas não conseguiram contextualizar com as

regras, as propriedades e os conceitos matemáticos que envolvem as quatro

51

operações fundamentais no conteúdo proposto para o 7º ano.No entanto, esses 4

alunos, apesar de não apresentarem desenvolvimento satisfatório com relação aos

conteúdos conceituais e procedimentais, ainda assim, tiveram uma significativa

mudança de comportamento em relação à disciplina de Matemática. Melhoraram a

qualidade das relações com seus colegas que participaram das aulas de reforço,

bem como com os colegas da sala regular (manhã), além de demonstrarem mais

interesse pelo estudo da disciplina.

Acreditamos que esses alunos, se continuarem frequentando as aulas de

reforço, que envolvem os jogos matemáticos e outras atividades diferenciadas,

também irão superar suas dificuldades na aprendizagem em Matemática.

Ressaltamos que é importante que as aulas de reforço não sejam apenas uma

reprodução das aulas expositivas que, normalmente, acontecem em sala de aula no

período regular.

52

REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO

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