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Cenas da Minha Memória tainã steinmetz

Cenas da Minha Memória

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Primeira edição do livro Cenas da Minha Memória da Tainã Stienmetz.

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Cenas da Minha Memória

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Título: Cenas da minha memóriaCopyright © Tainã SteinmetzBlog da autora: http://cenasdaminhamemoria.blogspot.com.br/

Preparo de originais: Andrei R. LopesRevisão: Anelise DiasProjeto Gráfico, Diagramação e Capa: Andrei R. LopesFoto da capa: Vinícius DiefenbachFoto da Autora: Michele AndresImpressão: MegaTec

Direitos desta edição, no Brasil, porAndrei R. LopesRua Santana Piccini, 175 apto. 2 fundos. Bairro Camobi97105-360 - Santa Maria/RSTel.: 0 (XX) 55 9961-8718E-mail: [email protected]

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Esta é minha vida real.Pelo menos, eu espero que seja.

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Tempo. Tempo que não volta, tempo que não passa. O problema do ser humano é a capacidade de pensar, de ter livre acesso à sua própria consciência. De dizer que isso que agora passa é tempo e que tempo é coisa que não volta. Tempo e felicidade. Felicidade que não dura, e que se durasse não seria felicidade porque logo perderia a graça. Esse mesmo ser humano fica marcado, nos pensamentos, por anos de milhares de lembranças, mas, no fim das contas, é seu corpo que vira um farrapo retalhado por todas essas emendas e costuras mal feitas. E até onde o que vemos existe de verdade? Até onde a própria verdade existe de verdade? Se o tom das cores muda para cada par de olhos e ninguém nunca as enxergou através da minha visão, quem poderia dizer? Cada pessoa é como um filme que ninguém nunca vai assistir por inteiro, porque sempre acaba se levantando e perdendo alguma parte; umas são bolhas que se agrupam e fortalecem, outras que estouram ao mais leve toque. Podemos fugir aos outros, gritar com eles e mandá-los embora quando nos cansamos, mas e quando o problema está dentro de nós mesmos? O pior da solidão não é nem o fato de não ter ninguém ao lado, e sim o de não ter como escapar à própria e insuportável companhia. Lembranças parecem puxar lembranças, e agora fico eu aqui com as minhas. E isso não é empatia, não. É instinto, mesmo. Ser humano só entende as coisas pelas quais já passou, só aprende o que já viu. Se não passou, imagina ou sabe como é; se não viu, decora e depois que não precisa mais empurra para o arquivo morto ou joga fora. Tem gente que parece dona de algum tipo de memória com permeabilidade seletiva, e eu não sei deixar de me perguntar se sou a única que se lembra do que aconteceu e que não consegue acredita que existe quem aceita a desculpa do sono para aquela cara de alguém que passou a noite inteira chorando. Mas quase que me perco: fico aqui com as minhas lembranças, que me foram arrancadas de repente. Parece que as cortinas se abriram cedo demais e os atores, que ainda não estavam prontos para vestir as falsas emoções, naturalmente demoram a saber como deveriam se comportar. E então vejo que atuo a partir os meus próprios sentimentos, passando o verdadeiro por piada e fazendo de uma piada triste a verdade bonita que ninguém entende. E, parando para pensar, esse nem é o caminho mais fácil.

Luciana Nogueirahttp://anjoshistericos.blogspot.com.br/

Apresentação

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Sumário

Ato IIIAto IIAto I

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reflexões da realidade

Ato I

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Cena 1

- Quando alguém mente, mata um pedaço do mundo.

- Ana, do que você está falando?

- Eu matei alguém.

- Como?

- Destruindo as suas expectativas, os seus planos.

- Então você veio até aqui para tentar tirar o peso da sua consciência?

- Doutor, uma pessoa como eu não tem consciência.

- Tem certeza?

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- Você se arrepende de ter matado?

- Não.

- Você se arrepende de ter matado?

- Não, doutor. Eu não me arrependo.

- E se essa pessoa fizesse o mesmo com você? Se ela lhe dissesse que você não vai conseguir realizar seus planos?

- Não fará.

- Como pode ter certeza?

- Ela já estava morta de qualquer maneira. É só mais uma pessoa fracassada, sem perspectivas na vida.

- Certo. E, você, o que é?

Cena 2

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- É, doutor, tem razão, eu sou uma fracassada mesmo.

- Vejo que está começando a reconhecer as suas condições.

- Pode-se dizer que sim.

- E como concluiu isto?

- Bem... eu estou aqui. Teria um motivo melhor para o meu fracasso?

- Eu que lhe chamei aqui?

Cena 3

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Cena 4

- Eu não matei ninguém.

- Ok.

- Eu não matei ninguém, vamos deixar isso bem claro.

- Certo.

- Eu não lhe apontei arma alguma nem cortei seu pescoço. Falei que ele deveria desistir. Que ele não chegaria a lugar algum com aquelas ideias. Apenas falei que ele próprio era um grande erro.

- E como você espera que alguém sobreviva a essas palavras?

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Cena 5

- Acho que estou ficando louca.

- O que é “ser louca”?

- Não ser normal.

- E o que é “ser normal”, Ana?

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Cena 6

- Vou fingir que não li.

- O que dizia, exatamente?

- “Finalmente encontrei o amor da minha vida”.

- E qual o problema com isso?

- Se EU fosse o referido amor, estaria tudo bem.

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Cena 7

- Vou fingir que não li.

- O que aconteceu agora?

- “Eu preciso de você para ter inspiração. Eu me alimento de você. Cada dia que eu não converso com você é um dia perdido. Cada vez que conversamos é como se eu ganhasse vida”.

- O que você vai fazer a respeito?

- Fingir que não li. De novo.

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Cena 8

- Ana, por que você ainda vive dessa maneira se lhe faz tão mal?

- Por que é isso que me faz lembrar que eu tenho que chegar do outro lado. É isso que faz com que eu dê valor por cada segundo.

- E se você não conseguir chegar do outro lado?

- A tentativa já é o suficiente para me manter acordada.

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Cena 9

- Ele cruzou por mim hoje. Olhou-me nos olhos, abaixou a cabeça e seguiu seu caminho.

- Ana, será que não foi você quem cruzou por ele?

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Cena 10

- Ana?

- ...

- Ana?

- ...

- Abra seus olhos, Ana!

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Cena 11

- É certo que nos movemos em círculos, doutor?

- Parece que sim, Ana. É o que muitos dizem.

- Então eu posso voltar ao que eu era?

- E, se quando você voltar, não estiver mais lá?

- Quem?

- Você.

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Cena 12

- Ana...

- ...eu sei. Por favor, não diga mais nada.

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Cena 13

- Hoje faz um ano, doutor.

- E o que as suas lágrimas querem dizer?

- Dói. Não como no primeiro dia. Acho que estou anestesiada de tanta dor, mas ainda há noites em que não consigo dormir.

- Quer falar mais sobre isso?

- Não quero viver aquilo novamente. Não hoje.

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Cena 14

- Sentei na mesma mesa, na mesma cadeira e fiz o mesmo pedido.

- Estava sozinha?

- Não. As lembranças me acompanham.

- Ana, quando você vai acordar e perceber que a vida está passando bem na sua frente?

- Vida? Eu não sei o que é isso há um ano.

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Cena 15

- Peguei o telefone... disquei o número dele... mas desliguei.

- Você sabe que aquele número não existe mais.

- Fechei os olhos e tentei voltar ao tempo em que ele atendia sorrindo ‘oi, amor’.

- Ele se foi.

- E levou o melhor de mim.

- Não, você está bem na minha frente.

- Se eu estou aqui, por que eu não sinto a minha presença, doutor?

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Cena 16

- Ana!

- ...

- ANA!!!

- Por quanto tempo eu estive fora?

- Por algumas horas.

- Quantas?

- O suficiente para eu pensar que você estava morta.

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Cena 17

- Ana, apenas não olhe.

- Eu não quero mais estar aqui.

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Cena 18

- Aconteceu um fato inusitado, doutor. Hoje, na rua, passou por mim um moço que estava com a mochila aberta. Eu o observei e pensei em avisá-lo. Ele poderia perder coisas importantes... não sei. Mas assim que o pensamento cessou, ele tirou a mochila e a fechou.

- Isso é inusitado?

- Acho que sim... É como se ele tivesse lido meu pensamento.

- Ou você pressentiu que ele se daria conta que a mochila estaria aberta naquele espaço de tempo.

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Cena 19

- Você não parece muito bem hoje.

- Ah, doutor... Um dia isso passa.

- Passa e passa... Até que um dia a vida passa.

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Cena 20

- Ah, doutor... A minha cabeça está tão vazia... Não consigo pensar em nada.

- Talvez a sua cabeça não esteja vazia e, sim, cheia demais. Você apenas não está conseguindo organizar os pensamentos.

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Cena 21

- As pessoas falam demais sobre o amor. É exaustivo. Não gosto disso.

- Você gostando ou não, as pessoas vão continuar a falar.

- Ao invés de falar, elas deveriam viver o amor.

- Você critica quem não o vive, Ana, mas e quanto a você? Você vive o amor?

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Cena 22

- Uma parte de mim é silêncio.

- E a outra parte, Ana?

- Também é silêncio. Mas as pessoas entendem como grito.

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Cena 23

- Os outros acham que eu estou berrando, quando, na verdade, eu estou em absoluto silêncio.

- Então como eles ouvem gritos se você não produz som algum?

- Doutor, para algumas pessoas é simplesmente impossível escutar o som do silêncio.

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Cena 24

- Não aguento mais.

- Então vá.

- Não posso... Não posso ficar sozinha. É dor demais para carregar.

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Cena 25

- Você está aqui há uma hora e não disse uma palavra.

- O senhor não é capaz de entender o que eu quero dizer com esse silêncio todo?

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Cena 26

- Se as pessoas falassem menos, elas conversariam mais entre si.

- Então o faça.

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Cena 27

- Você não tem controle sobre seus atos mais simples. Como poderia ter controle sobre o seu destino?

- Eu...

- Te ver chorar só me faz ter mais certeza ainda de que você é muito fraca.

- Eu não sei o que pensar, o que sentir.

- O tempo acabou, e minha paciência também.

- Eu não posso ir agora.

- Você deve ir.

- Não posso ficar sozinha. Não posso!

- Abra os seus olhos, então, Ana! Você nunca esteve sozinha.

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- Se eu nunca estive sozinha, quem esteve comigo esse tempo todo, doutor?

- Algumas perguntas você é capaz de responder para si mesma.

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Cena 29

- Nossas conversas têm ficado confusas demais.

- Você está procurando algum motivo para desistir.

- Não, mas... Às vezes não entendo algumas coisas que o senhor fala.

- Você entende, mas não quer aceitar.

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- Apenas me mantenha sedada.

- Não farei isso.

- Por favor... - Não.

- Doutor...

- E mais uma vez a recaída vai lhe vencer?

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- O senhor está sendo cruel comigo nos últimos dias.

- Estou sendo cruel tentando lhe manter acordada?

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- É uma luta contra mim mesma.

- Finalmente você está começando a entender o sentido de tudo.

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- É como se eu não reconhecesse as coisas, as pessoas. Tudo me parece muito estranho, ou diferente.

- Isso lhe assusta?

- Não mais. Chega a ser confortante.

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- Apenas não pense nas coisas que lhe aborrecem.

- Como?

- Preencha-se com o que você gosta.

- Eu não consigo.

- E você já tentou?

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- Ele não vai voltar. Você tem que aceitar isso.

- Ela me disse que ele está cada dia mais perto.

- E se ela mentiu para abrandar a sua dor?

- Não importa. Qualquer coisa é melhor que saber que não tem volta.

Cena 35

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- O senhor vai desistir de mim?

- Eu não tenho outra escolha a não ser ficar do seu lado. E não quero outra escolha.

Cena 36

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- Por que o senhor escolheu ficar e me ajudar?

- Porque, de alguma maneira, eu me vi em seus olhos.

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- O senhor é real, doutor?

- Se não sou real, o que eu sou então, Ana?

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- O senhor não é real, doutor. O senhor está apenas na minha mente.

- Se eu não sou real, nada que está na sua mente é.

Cena 39

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- Simplesmente vá. Não tenha medo de enfrentar.

- E se eu me sentir sozinha?

- Você não falou que eu só existo na sua cabeça? Então estarei lá com você.

Cena 40

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- Eu não compreendo estes pensamentos... estes sentimentos... são insanos.

- Mas você os entende ao ponto de julgá-los insanos.

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- Já se passaram quatro anos.

- Quatro anos? É um bom tempo, hein?

- É, é um bom tempo para aprender a ver a situação a partir de outra perspectiva.

- Mas o sentimento ainda é o mesmo?

- O sentimento ainda é o mesmo.

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- Ela me disse que tudo voltaria ao normal quando eu chegasse ao fundo do poço. Acontece que eu já fui lá muitas vezes e nada aconteceu. As coisas estão do mesmo jeito.

- Não vá mais até lá, deixe o fundo do poço lhe encontrar.

Cena 43

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- O senhor diz querer me manter acordada quando eu nem mesmo consigo dormir à noite. Eu já não estou acordada o suficiente?

- Existem várias maneiras de se estar dormindo.

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- Você tem estado distante nos últimos dias, Ana.

- Eu não sei onde estou.

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- Eu tenho estado distante nos últimos dias, desculpe...

- Tudo bem.

- Não tenho lhe procurado como antes.

- Do que você está falando? Você tem me procurado todos os dias.

- Não... o senhor mesmo falou que eu estava distante.

- Você não se lembra de ter me procurado nos últimos dias, Ana?

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- Você fica feliz quando sabe das brigas que eles têm?

- Sim, doutor. Eu não deveria, mas fico feliz por não estarem se entendendo.

- Mas ainda assim ele continua lá. Isso também lhe deixa feliz?

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- Ele me procurou ontem à noite. Sorriu, me abraçou. Conversamos um pouco. Ele disse que sentia minha falta.

- E então?

- E então, doutor, eu abri os olhos. E então eu acordei.

Cena 48

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- No que você estava pensando?

- Eu...

- No que você estava pensando, Ana? Você acha que o suicídio é a solução?

- Eu não tentei me suicidar!

- Você fez um corte muito profundo em si mesma. Se eu não chegasse a tempo você sangraria até morrer.

- ...

- O que você quer, afinal?

- Eu só queria outro tipo de dor para me preocupar.

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- Quem deixou quem?

- Eu o deixei.

- Ana, me diga a verdade. Diga a verdade para si mesma.

- Eu o deixei! E me arrependi. Essa é a verdade.

- Arrependeu-se? Ou você não suporta a felicidade dele ao lado de outra pessoa?

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- Não é culpa das pessoas as suas atitudes, ou as decisões que elas tomam. Simplesmente acontece. A vida acontece.

- Então você já sabe o que ele fez, Ana?

- Ainda não. A minha capacidade de aceitar os fatos ainda é limitada. Eu vou descobrir e aceitar aos poucos.

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- Você desistiu dele, Ana? Não tem mais falado...

- ...não. Não é questão de desistir, mas aceitar que ele está melhor longe de mim.

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- As pessoas cometem suicidam para acabar com a dor.

- Que dor?

- A dor psicológica. Para a dor física, existem remédios. E para a dor psicológica?

- Também existem remédios.

- Que abrandam. Nada mais. Quando uma dor está apenas na sua mente é difícil curá-la. Mesmo não existindo, ela não permite que se faça outra coisa. A pessoa fica dependente dela, chega a ser confortante às vezes, mas quando acontecem os momentos de choque com a realidade, é atormentador. A sensação é de não se ter forças nem para respirar. É olhar ao redor e não reconhecer nada. E não se reconhecer. Para esse tipo de dor, o choro significa que a pessoa está ficando forte, está resistindo, e o silêncio, é quando a pessoa já está a ponto de acabar com ela. E, às vezes consegue.

- E como você sabe de tudo isso, Ana?

- Sentindo?

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- Eu não confio nele.

- Então confie em você.

Cena 54

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- E, então, Ana?

- Hoje não. Hoje eu só quero descansar e esquecer de mim por algumas horas.

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- Você está deixando de viver para se punir por coisas que você não tem culpa por terem acontecido.

- Eu não estou deixando de viver, menos ainda me punindo. É só um tempo para refletir...

- Tentativa de suicídio está incluída nas suas reflexões?

- Eu não tentei suicídio!

- Tentou acabar com a dor?

- O senhor não entende...

- O que entendo, Ana, é que você inventa desculpas para não encarar a realidade. Para não encarar a si.

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- Eu queria poder dormir até o fim.

- E o que lhe impede de fazer isso?

- A vida acontecendo...

Cena 57

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- Você ainda está aí? Só hoje me lembrei de você. E não sei por que lembrei. Pensei que seria difícil me curar, mas eu quase nem lhe reconheço mais. Aos poucos você está sumindo da minha mente. É possível que em poucos dias você passe por mim na rua e eu não saiba mais quem você é. Na verdade, sei por que me lembrei de você. O tempo não apaga nada, a mente é que começa a jogar fora o que já não é mais necessário.

- Com quem você está falando, Ana?

Cena 58

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- Saboreio um gole doce de café junto à sensação amarga de não lembrar mais quem é você. Quem você é...

- Você está perdendo o controle novamente.

Cena 59

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- O sonho acabou e eu, finalmente, estou livre.

- E você vai se prender ao que ou a quem agora?

- À mim.

Cena 60

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- ... e o que você viu?

- Não sei... eu não sei o que eu vi. Mas não queria ter visto.

Cena 61

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-... E foi isso.

- E o que você sentiu?

- Nada.

- Nada?

- Depois, acho que senti felicidade.

- Felicidade?

- É... Fiquei feliz por não ter sentido nada.

Cena 62

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- Ele precisa de ajuda. Da sua ajuda.

- ...

- Ana?

- Não... Eu ficarei exatamente onde estou. Ele virá se realmente precisar.

Cena 63

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- Estou cansada. Quero fechar meus olhos, dormir profundamente e quando eu os abrir, tudo estará no lugar.

- Você já está de olhos abertos.

Cena 64

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- E de novo surge aquela vontade desesperadora de largar tudo e ir para qualquer lugar, porque eu sei que qualquer lugar é melhor que onde estou.

- Você já sentiu isso outras vezes e nunca fez nada.

- Não fiz por medo de não me adaptar em outra vida.

- Mas você sabe que, por mais que aqui seja ruim, você sempre terá para onde voltar.

Cena 65

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- Eu estou curada agora.

- Não se cura um amor com outro, Ana. Você se esquece por um tempo, mas, na primeira briga, vai querer largar tudo e voltar.

- Eu não posso voltar para onde nunca estive.

Cena 66

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movendo em círculos

Ato II

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E então lá estávamos nós naquela escada, sentados sob uma noite incrivelmente estrelada, e você me explicando a relação entre as pirâmides do Egito e as estrelas. Confesso que nem estava prestando muito a atenção ao que você falava. Na verdade, aquelas palavras só eram importantes porque eram ditas por você. Já estava tarde e você foi me levar até em casa e caminhamos sob aquele lindo céu... Na despedida nos abraçamos e nos beijamos, acidentalmente, como se esperássemos por aquele momento a vida inteira. O que não sabíamos, era que, aquele beijo, mudaria para sempre, e definitivamente, as nossas vidas.

Cena 67

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Por que você me odeia mesmo?Você apenas diz que me odeia e que gostaria que eu morresse, sem mais razões, sem mais explicações.

Então vou lhe dar os verdadeiros motivos por você me odiar tanto assim:

Você me odeia porque eu digo a verdade e nunca precisei mentir para tê-lo.Você me odeia porque ele se apaixonou por mim, mas gostaria que ele dissesse que ama você, assim como gostaria de ter ouvido os pedidos de casamento que eu ouvi.Você me odeia porque não suporta saber que eu existo, e bem perto dele.Me odeia porque ele sabe de todo o mal que você fez.Você me odeia porque ele fala para você que me ama e nunca lhe amou. Que nunca vai lhe amar.Você me odeia porque gostaria de estar no meu lugar.Você me odeia porque eu conheço a alma dele.

Todos os defeitos que você enumera em mim, na verdade são defeitos seus, que você não aceita e não consegue se libertar. Então o melhor que você tem a fazer é colocá-los todos em uma só pessoa. A pessoa que, na verdade, você gostaria que fosse tão má quanto você idealiza. A pessoa que você gostaria que fosse tudo o que há de pior, para, nem por um segundo, ele acreditar que você é quem merece o amor dele.

Você sabe as mentiras que se escondem na sua alma e na sua consciência, e é por isso que já está pagando por tudo.

Cena 68

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Lembra daquela casa vazia? Eu sempre lembrarei, principalmente, dos dias frios que passamos lá. Eu preenchi aquela casa com lembranças boas e ruins. Sim, lembranças ruins, para nunca esquecer o mal que você me fez. Para nunca esquecer a sua covardia e o seu medo da verdade. Para nunca esquecer que você sempre acreditou no que via, no que ouvia, e não no que sentia. Para nunca esquecer o quanto você mentiu. Para nunca esquecer que você só se alimentava de passado e se negava a viver o presente. Para nunca esquecer as acusações que ouvi de você. As feridas que, graças a você, ficarão abertas a vida toda.Obrigada por quebrar meu coração. Obrigada por me quebrar em tantos pedaços. Agora eu me fortaleci. Obrigada ainda, e acima de tudo, por me mostrar que o Amor Verdadeiro existe, e, que apesar de tudo que aconteceu, foi o que existiu entre nós, e ninguém poderá mudar isso.

Cena 69

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Perfeitos

- Ela está nos seguindo.

- Não.

- Está sim.

- Está?

- Está sim. Olha para trás.

(vira e olha para trás)

- Viu?

- Vi.

- E então?

- Ela não está nos seguindo.

- Como não?

- Não está.

- Ela está sim.

- Ela não está nos seguindo.

- Ora se não.

- Ela está apenas observando como somos perfeitos um para o outro...

Cena 70

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Não há muito para dizer... Adiantaria enumerar os motivos? Ninguém entenderia o inferno que eu tenho vivido comigo mesma e a dor de suportar tudo isso quieta, sem poder gritar, sem poder pedir ajuda. E quando peço, as pessoas acham que é drama ou que estou me fazendo de vítima. Acontece que ninguém sabe realmente o que está acontecendo. Ninguém se importa... E foi nesses momentos que percebi que estou sozinha e somente eu mesma posso me ajudar.

Um dor e tristeza tão profundas que parece que às vezes tudo sai do psicológico e se torna físico.

A tristeza abre a alma. E eu me dei conta de todos os erros que cometi. Mas não tem como mudar. Quando eu digo “me dar conta”, é acordar mesmo. Quando deu aquele estalo e pensei: “O que foi que eu fiz?”. Tarde demais. Já está feito. Pessoas foram magoadas demais para me perdoarem. Eu agi por impulso. Agi tomada pelo desejo de vingança e acabei me tornando tudo aquilo que eu mais abomino em um ser humano.

A única coisa a fazer agora é esperar... Talvez, com o tempo, algumas coisas se resolvam. Ou fiquem piores.

Cheguei à conclusão que não há mais sentido na minha vida. Há dias eu tenho procurado, mas...

Cena 71

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Lembranças...

Eu sempre me lembrarei dos dias frios;Dos dias chuvosos;Das viagens às escondidas;Das caminhadas noturnas;Da casa vazia;Dos atrasos;Dos compromissos desmarcados no último minuto;Das promessas nunca cumpridas;Dos planos nunca concretizados;Dos telefonemas nunca atendidos;Dos dias de angústia;Dos dias de espera;Dos dias de tristeza;Dos dias de saudade;Dos dias de esperança;Do arrependimento;Do pedido de perdão;Da quase reconciliação;Dos pedidos de casamento...

Eu sempre lembrarei da primeira vez que você disse que me amava. Aquelas palavras não sairão da minha alma.

Cena 72

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Vazio, dor...

Eu nunca havia me sentido tão vazia.Vazia.Um vazio preenchido de dor. Uma dor maior que tudo. Capaz de me deixar inerte por horas, por dias. Parecia que iria durar para sempre. Era como se ela se tornasse um casulo, me protegendo do mundo. Protegendo-me de mim.Eu odiava a maneira como aquela dor surgia, sempre nos momento em que eu estava em paz.Às vezes a dor se tornava tão real que o coração batia mais devagar, a respiração ficava mais difícil, o corpo todo adormecia. Eu era capaz de escutar cada batida do coração. Pareciam estrondos.Eu pensei que não conseguiria suportar o peso do mundo que você deixou para mim quando se foi, mas, à medida que foi passando o tempo, entendi que isso só fez com que nossa ligação ficasse mais forte, apesar de você não admitir.Mesmo que nossos corpos não se encontrem mais, eu ainda tenho a certeza de lhe amar mais uma vez na vida.Em outra vida.

Cena 73

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Cansei

De tudo.De todos.

De mim.

Cena 74

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Foi no teu abraço e no teu beijo que eu me encontrei...

...e me perdi pra sempre.

Cena 75

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Nosso verdadeiro reencontro foi na troca de olhares. Eu não conseguia disfarçar, e ele fazia questão de mostrar que estava me guardando.

Cena 76

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Eu tive que lhe deixar para que o sofrimento me mostrasse que eu amo você. Para provar a mim mesma que eu não quero outra pessoa na minha vida, a não ser você.

Céus! A quem eu estou querendo enganar?

Cena 77

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- Você quebrou o DVD que eu mais gostava. Vou ter que comprar outro.

- Você quebrou minha alma. Onde tem uma nova para eu comprar?

Cena 78

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171

Penso, logo insisto, logo descubro, logo desisto.

Cena 79

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173

Eu digo que eu te amo porque sinto esse amor dentro de mim.

Cena 80

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175

- Casa comigo?

- Por quê?

- Porque eu te amo.

Cena 81

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177

Vou ali tomar uma xícara de café e esquecer a vida real, nem que seja só um pouco.

Cena 82

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Você pode até encontrar alguém que lhe ame como eu o amo. Pode encontrar até alguém que lhe ame mais ainda. Mas esse alguém vai lhe aceitar ou lhe aguentar como eu?

Cena 83

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181

Como é que se chama mesmo aquela coisa de querer dormir só quando estou com muito sono, senão eu deito, fico acordada pensando e enlouqueço?

Cena 84

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183

Cada vez que eu te olho, eu digo que te amo. Com o coração. Com meu olhar...

Cena 85

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185

Hoje é um daqueles dias que se você quisesse ir embora eu lhe ajudaria com as malas. Mas você não vai. Você espera o dia que eu mais preciso de você e, simplesmente, some. Eu queria ter a sua força de sempre conseguir deixar tudo para trás. Ou você faz isso apenas para parecer mais forte?

Cena 86

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187

Eu te amo mais no inverno. Principalmente nos dias chuvosos.

Cena 87

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Cada passo seu me mostra que eu realmente quero que você vá. Mas não vá muito rápido... Pode ser que eu mude de ideia.

Cena 88

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Eu deveria ter ido embora quando você ainda me amava, assim eu ouviria “volta”, e não “vai”.

Cena 89

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Vou me calar, antes que eu lhe machuque mais uma vez, sem querer.

Cena 90

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Você me desconcerta até, e principalmente, em pensamento.

Cena 91

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197

Durante muito tempo eu lhe desejei em silêncio, em olhares, esperei você me querer... E agora que você está aqui, eu não sei como agir. A cada tentativa de mostrar o que eu sinto, acabo lhe machucando e lhe afastando outra vez...

Cena 92

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199

Antes de ir, saiba que eu ainda te amo, mas não vou te esperar mais. Amor que machuca não me serve, e eu não quero te ver chorar de novo.

Cena 93

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201

Eu nunca menti. Apenas tornei as coisas mais fáceis para você.

Cena 94

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203

Ou você fala a verdade, ou farei às pessoas erradas as perguntas certas.

Cena 95

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205

Quando me encontrei, quem se perdeu foi você.

Cena 96

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Você tem apenas duas oportunidades na vida: uma você não sabe quando virá, e a outra está lhe esperando lá fora no carro.

Cena 97

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Eu estava tão preocupada em ser perfeita para você, que me esqueci de ser eu mesma e estraguei tudo. Mas eu cometeria os mesmos erros só para sentir a sua respiração perto de mim novamente.

Cena 98

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211

Então você levantou e eu pensei: é isso mesmo? E, como se tivesse escutado meu pensamento, você sentou novamente ao meu lado e me beijou. Foi naquele momento que eu acho que comecei a lhe amar.

Cena 99

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213

Você mantém o equilíbrio em mim... Fico descontroladamente controlada na sua presença.

Cena 100

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Às vezes é preciso fechar os olhos para ver melhor.

Cena 101

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Quero deitar no teu abraço e ficar sentindo a tua respiração.

Cena 102

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Não confio em pessoas que estão sempre muito felizes. Elas têm um assassino cruel gritando para sair de dentro delas.

Cena 103

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Meu tempo é gasto sendo vivido para mim ou para o que me convém. Não tenho tempo para ficar vivendo para os outros.

Cena 104

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O problema de criar sonhos em cima das pessoas é que, quando elas forem embora, é o seu mundo que desmorona; não o delas. E a culpa é sua por não saber que não se deve criar expectativas sobre ninguém. O problema pior ainda, é que a gente nunca aprende isso...

Cena 105

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Então um dia você acorda e se percebe em uma existência inútil, pois estava preocupado demais em sonhar e planejar o futuro ou lamentar o passado.

Cena 106

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227

Às vezes as coisas não saem como eu quero, mas acabam ficando melhores do que imaginei.

Cena 107

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Alguém já levou você para mais perto das estrelas?

Cena 108

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mudança de estações

Ato III

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Colheita

Vontade de sumir. De não existir. Ou apenas, enxergar minha existência com outra perspectiva. Acertar o que me incomoda e me dizer para fazer diferente. É difícil, de maneira consciente a mente aceita o erro, mas a vaidade insiste em me mostrar que eu tenho razão.

Sumir de maneira que não notem a minha falta. Que não me procurem e não me interrompam.

Quero sumir e, quando voltar, me sentir estranha a tudo. Reconhecer. Reaprender. Compreender. Quem sabe amar do mesmo jeito as mesmas pessoas, e odiar com menos raiva aquelas que detesto.

Sumir dentro de mim. Respirar. Recomeçar. Por mim e por quem tenho vivido esta e todas as outras vidas.

Cena 109

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O novo

Passou voando... Mais turbulento impossível. Acho que nunca passei por tantas provações assim antes. Mas sobrevivi! O melhor foi que, com tudo o que aconteceu, eu aprendi a ter paciência e esperar. Aprendi que os verdadeiros amigos jamais vão te abandonar, independente do que acontecer. E também que, não importa quanto tempo demore, a verdade sempre aparece.

Cena 110

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O que não é amor

Se você precisa de alguém para ser feliz; não consegue se imaginar sozinho e mantém um relacionamento que já acabou só porque não tem vida própria; se você acha que o ser amado lhe pertence; se vocês discutem por qualquer motivo; você tem ciúme, insegurança, faz joguinhos psicológicos e ameaças, incrimina outras pessoas e faz qualquer coisa, mesmo que errada, para conservar alguém ao seu lado, mesmo sabendo que não é amado, e ainda diz que confia nessa pessoa, mas não nos outros, que lhe parecem todos rivais, se você é capaz de mentir, fingir; se você, mesmo não estando mais com a pessoa ainda fica fantasiando que vocês estão juntos e felizes e que isso vai durar a vida inteira; se você não aceita o fato de essa pessoa amar e ser feliz ao lado de outra, isso não é amor, é obsessão.

Cena 111

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Ele, com os olhos cheios de lágrimas, tremendo e pedindo desculpas:

- Eu te amo e não tenho você. Quer castigo maior que esse?

E ela, sem olhar para ele, responde em pensamento:

- Eu te amo e não quero você.

Cena 112

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Não adianta...

Algumas pessoas simplesmente não querem enxergar. Você até que tenta mostrar, mas não dá. Qualquer tentativa é inútil. Você se enfurece porque aquilo é tão óbvio. Como os outros não conseguem ver? Por que não querem ver? E quanto mais você tenta, mais amigos você perde, mais pessoas passam a lhe chamar de louca e menos confiável você fica. Então você começa o processo natural de se afastar dessas pessoas, mas não necessariamente o afastamento físico, já que você ainda tem esperança de que um dia elas vejam o que realmente aconteceu. O silêncio lhe acompanha em doses cada vez maiores. Percebem que você está mais calada e perguntam o que aconteceu. Tudo foi explicado, nada foi entendido. O próximo passo é começar a pensar que, quem não está enxergando alguma coisa é você. Até que, a verdade começa a aparecer devagar, apesar da relutância das pessoas em acreditar.

E, aos poucos, as pessoas começam a ver o que era tão óbvio desde o início. Mas, já não adianta mais.

Cena 113

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Impresso em papel OffsetFontes: Shipped Goods 1, Trajan Pro e Cronos Pro.

Impressão: MegaTec - Soluções de InformáticaRua João Goulart, 637/102

Bairro Camobi - Santa Maria/RS Tel: 3026-4587

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“Olhei fundo nos meus olhos e descobri que estava viva.

Estava. Agora já não sei mais.”