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CAPA Novo robô e novas especialidades prometem crescimento EntrEvistA Brasil sedia um dos mais importantes eventos sobre o câncer de reto Centro de Cirurgia robótica amplia sua atuação OuT-NOV-DEZ/2015

Centro de Cirurgia robótica amplia sua atuação

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Page 1: Centro de Cirurgia robótica amplia sua atuação

CAPA Novo robô e novas

especialidades prometem

crescimento

EntrEvistA Brasil sedia um dos mais

importantes eventos sobre

o câncer de reto

Centro de Cirurgia robótica amplia sua atuação

OuT-NOV-DEZ/2015

Page 2: Centro de Cirurgia robótica amplia sua atuação

VISÃO MÉDICA • HOSPITAL ALEMÃO OSWALDO CRUZ

02

ÍnDICEGIRO PELO HOSPITAL

COMO EU TRATO

EVENTOS EM DESTAQUE

GIRO PELO HOSPITAL 06 Saúde digital promete inúmeras novidades

PERSONAGEM HAOC 09 Dr. Antonio Gustavo negreiros Passos, um

bandeirante da anestesia

ENTREVISTA 10 Ficare entra para o calendário internacional como um

dos eventos mais importantes sobre o câncer de reto

EDUCAÇÃO E CIÊNCIA 12 Residência Médica atrai grande número de candidatos

EXAMES LABORATORIAIS 14nT-ProBnP – mais um recurso laboratorial na avaliação da insuficiência cardíaca

MATÉRIA DE CAPA 18 Centro de Cirurgia Robótica tem o seu leque de atuação ampliado

COMISSÃO DE BIOÉTICA 22 Semana de bioética: “Como eu quero morrer”

LIVRARIA 23 Michelangelo: uma vida épica

QUALIDADE E ACREDITAÇÃO 24 JCI: maturidade comprovada no processo de

reacreditação

ARTIGO INTERNACIONAL 26 Comentários sobre o artigo: Autoimmune Metaplastic

Atrophic Gastritis - Recognizing Precursor Lesions for Appropriate Patient Evaluation

AGENDA - DEZEMBRO DE 2015 E JANEIRO DE 2016 28 Reuniões Científicas

RESPONSABILIDADE JURíDICA 31 Reprodução assistida

RELATO DE CASO 32

Hipertensão arterial secundária à hiperaldosteronismo primário

3° Congresso da

AnAHP premia trabalho

educativo na prescrição de fármacos

Profilaxia de tromboembolismo venoso

Cirurgias de coluna por acessos

anteriores é tema de curso

05

15

29

Page 3: Centro de Cirurgia robótica amplia sua atuação

VISÃO MÉDICA • HOSPITAL ALEMÃO OSWALDO CRUZ

2015: UM AnO A SER LEMBRADO O ano termina com muitos motivos para comemorar.

Fomos reacreditados pela Joint Commission

International (JCI), coroando um caminho de qualificação dos nossos processos assistenciais que teve início em 2007. Estamos virando o segundo ciclo do nosso Programa de Desenvolvimento Médico com uma adesão bastante significativa do Corpo Clínico, o que demonstra confiança e transparência na interação dos nossos profissionais com a Instituição. O salto foi impressionante: pulamos de 401 para 1.413 médicos nessa segunda fase.Em nosso quarto momento da Avaliação de Desempenho Médico, registramos alguns impactos positivos nos resultados e processos assistenciais, tais como a melhora no preenchimento do termo

de consentimento e na avaliação médica inicial. 94% deles apontaram em pesquisa que as ações do Relacionamento Médico, como o trabalho dos agentes, têm funcionado como um grande facilitador. Em 2015, concentramos nossos esforços na ampliação de nossas áreas-foco, com investimentos em novos serviços voltados para a Oncologia, Cardiologia e neurologia, visando à melhoria contínua das práticas médicas. E um novo planejamento estratégico, que está sendo desenvolvido em parceria com uma consultoria externa, está prestes a nos dar fundamentos para que possamos continuar crescendo, com foco, pelos próximos cinco anos. Que venha 2016. Juntos, construímos um hospital melhor.

Dr. Mauro Medeiros Borges Superintendente Médico

QUALIDADE E SEGURAnçA Recentemente nosso hospital foi reavaliado pela Joint Commission International (JCI), para que possa ser mantido seu certificado de acreditação. Este certificado hoje é muito importante para os hospi-tais, pois traduz que nossa instituição segue as me-lhores práticas assistenciais adotadas nos melhores

serviços do mundo, mas a minha tradução pessoal desta certificação é que ela indica que o hospital tem o constante desejo de querer sempre melhorar.Um dos pilares desta acreditação é o binômio QUA-LIDADE E SEGURAnçA e isto me faz refletir sobre o real significado destes termos. não consigo vislum-brar hoje um serviço de excelência sem a presença forte, tanto da qualidade quanto das questões de segurança relacionadas ao paciente, e dificilmente os profissionais da área médica que não se atentaram para isto conseguirão sobreviver no difícil mercado da saúde.

A qualidade e segurança não tem que estar presen-te só em um hospital, ela deve fazer parte da roti-na e do dia a dia do médico, estar permanente em sua prática assistencial, inclusive ser observada em seu consultório particular. O médico contemporâneo que exerce e pratica boa medicina terá que fazer isso de forma protocolada e organizada, pois cada vez mais as variáveis assistenciais são múltiplas e complexas.Em tempo, nosso hospital foi reacreditado e continu-amos querendo melhorar sempre.

Dr. Marcelo Ferraz Sampaio Diretor Clínico

03

EDITORIALEXPEDIENTE

A revista “Visão Médica” é

uma publicação direcionada

ao Corpo Clínico do Hospital

Alemão Oswaldo Cruz.

Comitê Editorial:

Dr. Jefferson Gomes

Fernandes (Editor-Chefe)

Dr. Andrea Bottoni

Dr. Claudio José C. Bresciani

Dr. Luis Fernando Alves Mileo

Dr. Marcelo Ferraz Sampaio

Dr. Mauro Medeiros Borges

Dr. Stefan Cunha Ujvari

Dra. Valéria Cardoso de Souza

Dr. Vladimir Bernik

Gerência de Marketing:

Melina Beatriz Gubser

Coordenação Editorial:

Michelle Barreto

Jornalista responsável:

Inês Martins MTb/SP

024095

Projeto Gráfico e

Diagramação:

Azza.ag

Direção de Arte e Design:

Adriano Piccirillo e

Jéssica Valiukevicius

Fotos:

Mario Bock, Roberto Assem,

Lalo de Almeida, Eduardo

Tarran, R.O.S, Vinicius

Stasolla, Jô Mantovani, Banco

de Imagens do Hospital e

Thinkstock

Tiragem:

3.000 exemplares

Page 4: Centro de Cirurgia robótica amplia sua atuação

Fernando Meligeni e Flávio Saretta estiveram entre alguns dos tenistas que participaram do Tennis Meeting

2015, patrocinado pelo Hospital Alemão Oswaldo Cruz. Realizado pelo jornal Valor Econômico, o evento que

ocorreu no dia 14 de novembro, colocou em quadra CEOs de várias empresas, atletas, ex-atletas e alguns

médicos do hospital, que também disputaram o torneio jogando em duplas. O hematologista-oncologista Dr.

Philip Bachour e o pneumologista Dr. Elis Fiss, ficaram em segundo e terceiro lugar, respectivamente, jogando

ao lado dos veteranos Meligeni e Saretta.

Vai até março de 2016 o recrutamento de cerca de 10 mil pacientes do mundo inteiro, que participam do

estudo competitivo sobre Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica. Segundo o Dr. Elie Fiss, pneumologista do

Hospital Alemão Oswaldo Cruz, o objetivo é avaliar a eficácia de uma nova terapia tripla, beta adrenérgico,

corticóide inalatório e anticolinérgico de longa ação, combinando o uso alternado de dois deles nas três fases

do estudo, para reduzir a taxa de exacerbação moderada ou severa da doença, que acomete perto de 5 milhões

de brasileiros. A DPOC reúne um grupo de doenças pulmonares, entre eles o enfisema pulmonar, que bloqueia

o fluxo de ar, tornando a respiração difícil e está associada ao tabagismo, em geral.

04

giro pelo hospital

recrutamento PARA ESTuDO ClíniCO EM DPOC

tenistas famosos PARTiCiPAM DE TORnEiO PATROCinADO PElO HOSPiTAl AlEMãO OSwAlDO CRuz

Page 5: Centro de Cirurgia robótica amplia sua atuação

A análise de inconsistências da prescrição médica, juntamente às atividades educativas realizadas pelo Serviço

de Farmácia Clínica, foram responsáveis por influenciar positivamente a melhoria contínua do processo que

visa aumentar a segurança do paciente, além da relação de confiança entre o Corpo Clínico e a Instituição.

inserida na Avaliação de Desempenho Médico, as prescrições de médicos cirurgiões foram levantadas e

qualificadas durante dois períodos durante os anos de 2013/2014 e 2014/2015. Por outro lado, o serviço

de Farmácia da instituição forneceu relatórios baseados em dados do Prontuário Eletrônico do Paciente (PEP),

detectando uma oportunidade de melhoria. O trabalho foi premiado pela Associação nacional de Hospitais

Privados (Anahp), em primeiro lugar, no seu 3° Congresso, realizado em novembro em São Paulo.

O cuidado dos pacientes e seus familiares e o envolvimento com os profissionais da assistência foram merecedores do primeiro lugar do prêmio anual

do Consórcio Brasileiro de Acreditação (CBA), dentre mais de 90 instituições de saúde de todo o Brasil. O modelo, que é resultado de um trabalho

de uma equipe multidisciplinar, está embasado por cinco pilares, como comunicação, gerenciamento, educação do paciente, qualidade e segurança,

e desenvolvimento pessoal e profissional. O modelo foi construído em fases que resultaram no símbolo esquemático que representa a sua essência.

05

MODElO ASSiSTEnCiAl DO HOSPiTAl é premiado pelo consórcio Brasileiro de acreditação

3° COngrESSO DA AnAHP PrEmIA traBalho educativo na prescrição de fármacos

VISÃO mÉDICA • HOSPITAL ALEmÃO OSWALDO CrUZ

Page 6: Centro de Cirurgia robótica amplia sua atuação

06

giro pelo hospital

saÚDe Digital PROMETE INÚMERAS NOVIDADESNum país de dimensões continentais, com mais de 200 milhões de habitantes, a telemedicina vem driblando as disparidades em termos de infraestrutura

hospitalar, entre as diversas regiões brasileiras, para oferecer um serviço de qualidade a longas distâncias. Esse é o potencial que vem sendo considerado

pelo Hospital Alemão Oswaldo Cruz e entusiasmando um grupo multidisciplinar que se reúne com frequência para discutir quais serão os próximos

passos para a Instituição posicionar-se nesse segmento promissor.

A sua longa história com a tecnologia e iniciativas que irão colocá-lo no mapa dos que contribuem para o desenvolvimento da saúde digital, integraram

a apresentação feita pelo hospital durante uma mesa redonda no e-Health Venture Summit 2015, evento que aconteceu paralelamente à maior feira

hospitalar, a Medica 2015, em outubro na Alemanha.

“Esse é um mercado que vai revolucionar a forma como fazemos medicina”, ressalta o Dr. Rodrigo Demarch, Gerente de Qualidade de Vida e Saúde do

Hospital Alemão Oswaldo Cruz. Ele participou, via teleconferência, desse seminário, ao lado do Prof. Dr. Jefferson Gomes Fernandes, Superintendente

de Educação e Ciências.

Em breve, o hospital irá lançar uma plataforma de gestão da saúde digital que visa uma maior interatividade com o paciente, que terá como navegar

à procura de conteúdos do seu interesse e dispor de uma série de serviços, como checar exames e comunicar-se com o seu médico. Segundo o Dr.

Demarch, esse é apenas um dos exemplos do que virá pela frente.

Page 7: Centro de Cirurgia robótica amplia sua atuação

07VISÃO MÉDICA • HOSPITAL ALEMÃO OSWALDO CRUZ

O Hospital Alemão Oswaldo Cruz inaugurou o uso

do primeiro acelerador linear da América do Sul, que

representou uma revolução tecnológica ao substituir as

bombas de cobalto usadas em radioterapia. Em 1983, a

Instituição utilizou o equipamento para realizar a primeira

radiocirurgia no mundo, com o objetivo de destruir uma

lesão no cérebro.

Mais recentemente, o Hospital Alemão Oswaldo Cruz

retomou a sua liderança no segmento, adquirindo o

INTRABEAM®, único equipamento das regiões sul e

sudeste do país, voltado para a radioterapia em dose

No ano de 2015, muitos projetos foram executados

pela área da TIC – Tecnologia da Informação e

Comunicação do Hospital Alemão Oswaldo Cruz e

dois desses são destaques de entregas neste final de

ano, Hemodiálise e APAE.

A Hemodiálise, será o primeiro setor no Hospital a

utilizar as linguagens HTML5, Java e o novo módulo de

prescrição eletrônica que, em 2016, será implantado

em todo o hospital.

Geração da prescrição automática através de

protocolos de exames, auxílio na tomada de decisão

LIDERAnçA EM raDioterapia

DICAS DO tasY

única dos tumores de mama e que vem sendo explorado

ainda para outros tipos de câncer como o de pele e o

cerebral, com inúmeros benefícios para os pacientes.

O equipamento funciona por meio de irradiação única,

realizada no mesmo momento da cirurgia. Pelo fato de

deixar intacta a região ao redor, pode ser explorado ainda

para tumores gastrointestinais, endométrio, coluna, e

tumores intra-abdominais, embora a grande utilização

ainda seja aquela voltada para o câncer de mama, em

mulheres acima de 50 anos, cujos tumores tenham

menos do que 2 cm.

com a disponibilização de relatórios clínicos e

administrativos em tempo real e certificação Digital

para médicos da Hemodiálise, estão entre alguns

benefícios.

Outro avanço está relacionado à Avaliação Pré-

anestésica no sistema TASY. Os benefícios são o

preenchimento integrado com avaliação inicial de

enfermagem otimizando o preenchimento da APAE e

o registro da avaliação no PEPO (Prontuário Eletrônico

Peroperatório) permitindo uma consulta mais ágil a

avaliações anteriores do paciente.

Do Acelerador Linear Varian Clinac 4/80 ao Intrabeam

IMAG

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Page 8: Centro de Cirurgia robótica amplia sua atuação

Em tempos de mudanças exponenciais, o modelo de gestão das empresas de saúde ainda vive

no século passado. A razão de existir ainda se limita à sua própria sustentabilidade e aos anseios

lucrativos de seus dirigentes profissionais. Neste sentido, a busca incessante por resultados,

para criação de valor, fica cada vez mais penosa aos colaboradores e desfavorável a um clima de

engajamento espontâneo.

A ausência de uma liderança com um propósito autêntico faz com que potenciais talentos humanos

busquem outras alternativas de trabalho onde possam conciliar seus interesses pessoais e objetivos

profissionais.

Quando uma organização possui um propósito, ela possui uma energia intrínseca, um recurso

ilimitado para criar um mundo melhor e um legado duradouro para as próximas gerações. Sua

responsabilidade transcende os limites de sua área física e tornam mais significativo seu papel no

mundo, ajudando a mitigar as mazelas como a fome, a pobreza, a injustiça e a degradação do meio

ambiente.

Com a definição do propósito, a partir de suas raízes, a empresa revelará o caminho para obtenção de

uma força de trabalho comprometida e engajada, de produtos e serviços mais inovadores, de clientes

mais fiéis, além de aumentos substanciais nos lucros e impactos positivos na sociedade.

Ainda hoje, assistimos profissionais das mais variadas áreas de conhecimento buscando propósito

e significado em suas vidas quanto às escolhas na carreira profissional e no estilo de vida pessoal.

Não se trata mais do desejo de simplesmente acumular riquezas para aumentar o patrimônio e sim,

de poder escolher uma vida plena com sentido.

A busca por propósito é uma tendência real e sem volta. Temos duas alternativas. Uma é ignorar que

existe uma energia potencial inserida na vida dessas organizações que cria uma razão de ser para

sua existência. A outra é reconhecer a presença desta energia, apropriar-se dela e transformá-la

na alavanca que dinamiza a organização, mobiliza seus colaboradores e faz com que ela tenha um

significado único em seu mercado e na sociedade. Essa energia é o seu propósito. E ela transforma

a empresa, a sociedade e o mundo.

08

giro pelo hospital

DiA A DiA Do mÉdico

VISÃO MÉDICA • HOSPITAL ALEMÃO OSWALDO CRUZ

celso hideo Fujisawa | [email protected]

Caso relatado pelos Drs. Jaime Diógenes e

Andrei Skromov.

Paciente do sexo feminino, 28 anos, com

história de dor torácica aguda, de forte

intensidade e ventilatório-dependente,

associada a leve dispneia. Ao exame físico,

ausência de sinais de TVP. D-dímero e

enzimas cardíacas normais.

QUal a sUa opiNiÃo?

E aí, qual é o seu propósito?

Ficou com dúvidas? Entre em contato comigo. Terei o

maior prazer em ajudá-lo.

Page 9: Centro de Cirurgia robótica amplia sua atuação

O período em que trabalhou no Hospital Alemão Oswaldo Cruz

é quase igual ao que está casado com a Sra. Nives. São 57 anos

dedicados à Instituição e 58 ao matrimônio que resultou em

quatro filhos e nove netos e teve papel preponderante na sua

trajetória. Se não fosse a necessidade de contar com um sa-

lário para poder se casar, a carreira do anestesista Dr. Antonio

Gustavo Negreiros Passos, pertencente ao time dos primeiros

especialistas da área, em todo o País, talvez tivesse seguido ou-

tro rumo. Isso porque, quando começou a exercer a profissão de

médico cirurgião na Santa Casa, em 1955, o ofício era praticado

gratuitamente, em nome de um aprendizado com os melhores

doutores da época.

Aposentado em março desse ano, aos 87 anos, o paulistano Dr.

Passos, ainda tem fresco na memória o dia em que se tornou

honorário do Corpo Clínico do Hospital Alemão Oswaldo Cruz. A

homenagem foi realizada em outubro, durante as celebrações

do Dia do Médico. Foi uma cerimônia muito bonita que marcou

essa mudança, ainda não inteiramente absorvida no seu dia

a dia. Ele diz que atualmente a família está em primeiro plano

e que mata as saudades da especialidade, que considera ser

privilegiada, pois possibilita interagir com todas as outras, con-

versando com a neta Cintia que também seguiu a mesma car-

reira e com os antigos colegas, quando visita o Hospital Alemão

Oswaldo Cruz.

Egresso de um tempo em que não existia a residência médi-

ca e que a anestesia nem mesmo era uma especialidade, o Dr.

Passos perdeu a conta de quantas cirurgias auxiliou ao longo

da vida. Ele se orgulha de ter podido contribuir com a evolução

da especialidade, ao integrar o Serviço Médico de Anestesia

(SMA), tendo administrado durante uma década o Centro de

Treinamento dirigido aos jovens profissionais. Considera im-

portante também ter acompanhado os avanços tecnológicos

da área que hoje oferece mais segurança aos pacientes e aos

próprios médicos. Para ajudar a hospital a escolher os melhores

equipamentos, ele era sempre o primeiro a embrenhar-se no co-

nhecimento técnico das máquinas, que se sofisticaram muito

ao longo das últimas décadas. Quando começou, usava apenas

um estetoscópio e um aparelho de pressão para monitorar os

pacientes durante os procedimentos cirúrgicos.

como foi que a anestesia, uma função que nem era ainda especialidade, entrou na sua vida? R. Eu trabalhava na Santa Casa como cirurgião e atendia muita

gente por causa do número crescente dos convênios da época

que eram feitos com associações como a dos bancários, dos

ferroviários, entre outras. Mas não ganhava nada. Como eu já

havia feito um estágio de três meses para aprender a função

de anestesista e fiquei interessado porque passaria a ser re-

munerado e, finalmente, eu poderia casar. Ou seja, o meu ca-

09

personagem haoc

dr. aNtoNio gUstavo NEGREIROS PASSOS, UM bANDEIRANTE DA ANESTESIA

VISÃO MÉDICA • HOSPITAL ALEMÃO OSWALDO CRUZ

samento com a anestesia se deu quando eu noivei durante o

período que estava na cirurgia.

como cirurgião o senhor fazia que tipo de cirurgias?R. Naquele tempo a gente era cirurgião geral e operava de tudo.

Mas as operações eram de 20 tipos no máximo e não centenas

como são hoje. Eu gostava de operar, mas tomei gosto pela

Anestesia que é a especialidade mais ampla da medicina e a única

que interage com todas as áreas.

Na sua opinião, quais são os momentos mais cruciais da anestesia?R. A exemplo do avião, no qual os grandes momentos dizem res-

peito à decolagem e ao pouso, ou seja, à indução do sono e o

despertar seguido da recuperação do paciente. Com o avanço da

tecnologia, podemos dizer que durante os processos cirúrgicos

é possível até mesmo ligar o piloto automático. Os equipamen-

tos foram tão aprimorados que eles soam alarmes mediante

qualquer alteração causada pelo estímulo doloroso provocado

pelos cirurgiões.

o senhor acha que com todo esse avanço, e ainda o que está por vir, o profissional tende a perder a importância? R. Absolutamente. Não podemos dispensar o piloto, não é mes-

mo? Além disso, o paciente continua com mais medo da aneste-

sia do que da própria cirurgia, porque ainda existe aquele temor de

que um descuido não o deixe acordar novamente. Por isso, temos

a função de preparar os pacientes e a família, embora no panora-

ma atual dificilmente ocorram surpresas. Na minha vida, graças a

Deus, nunca perdi nenhum paciente sequer.

É possível apontar o que mais mudou na evolução da anestesia enquanto especialidade?R. No passado aprendíamos com os profissionais mais expe-

rientes. Quando aparecia uma cirurgia mais complicada, a gente

atravessava a cidade para ir assistir e aprender. Hoje, discutem-se

casos por telemedicina, viaja-se muito para os congressos inter-

nacionais e até existem anestesistas dedicados a uma só espe-

cialidade. Podemos dizer que a anestesia evoluiu tanto quanto a

as próprias cirurgias, em nível de complexidade.

Quando o senhor olha para trás, o que sente ?R. Não é vaidade. Mas sinto que eu ajudei muita gente e fiz mui-

tas amizades. Eu sempre gostei do contato com o doente e com

a sua família, de explicar como as coisas iriam ocorrer e de tranqui-

lizá-los sobre a fase pré-anestésica, que hoje em dia é cada vez

mais rara já que a maioria dos pacientes se interna no mesmo dia

do procedimento. o grande mérito da medicina é poder ajudar. E,

aliás, também a sua maior recompensa.

Dr. Antonio Gustavo Negreiros Passos

Page 10: Centro de Cirurgia robótica amplia sua atuação

Realizado desde 2007 por iniciativa do Instituto

Angelita e Joaquim Gama, o Fórum Internacional do

Câncer do Reto (FICARE) atraiu mais de 700 especia-

listas de diferentes áreas e partes do mundo, em tor-

no das discussões sobre os atuais tratamentos do

câncer de reto. O evento multidisciplinar, que ocorreu

entre os dias 19 e 21 de novembro, em São Paulo,

contou com o Hospital Alemão Oswaldo Cruz como o

maior patrocinador. Estiveram presentes renomados

profissionais que debateram as mais modernas téc-

nicas de exames diagnósticos e cirurgia.

Segundo a Dra. Angelita Habr-Gama, presidente do

FICARE e cirurgiã coloproctologista do Hospital Ale-

mão Oswaldo Cruz, o tratamento do câncer do reto é

personalizado, já que é definido conforme sua locali-

zação, tamanho, estadiamento para estudo de doen-

ça sistêmica e condições gerais do paciente. Depen-

dendo dos resultados desta avaliação o tratamento

poderá ter início por cirurgia ou por uma combinação

de quimioterapia e radioterapia, chamada de neoad-

juvante.

De acordo com a cirurgiã, como os sintomas da

doença demoram a aparecer, muitas vezes ela é

confundida com hemorroidas, levando os pacien-

tes tardiamente ao consultório. Deste modo, 25%

dos doentes quando diagnosticados já apresen-

tam metástase, tornando o seu tratamento ainda

mais desafiador.

10VISÃO MÉDICA • HOSPITAL ALEMÃO OSWALDO CRUZ

FICARE ENTRA PARA O CALENDÁRIO INTERNACIONAL COMO UM DOS EVENTOS MAIS IMPORTANTES SOBRE O CÂNCER DE RETO

Cerca de 150 especialistas da América Latina prestigiaram o evento

Page 11: Centro de Cirurgia robótica amplia sua atuação

11

entrevista

VISÃO MÉDICA • HOSPITAL ALEMÃO OSWALDO CRUZ

‘Watch and Wait’ e novas perspectivas

A Dra. Angelita acredita que a tendência é individua-

lizar o tratamento neoadjuvante, especialmente para

os tumores localizados na parte baixa do reto. No pro-

tocolo “Watch and Wait”, os pacientes que respondem

bem à radioterapia e quimioterapia neoadjuvante só

devem ser operados quando não houver regressão

total do tumor ao tratamento. O protocolo oferece di-

versos benefícios, como evitar alterações funcionais

da continência fecal ou urinária inerentes ao ato ci-

rúrgico. Há cerca de um ano, foi criada uma database

por colegas europeus, projeto criado pela Fundação

Champalimaud em Portugal e Registro Europeu de

Cuidados com o Câncer (EURECCA), para registrar os

casos tratados pelo “Watch and Wait”.

radiologistas têm participação

preponderante

Os exames de retoscopia, colonoscopia, ultrassono-

grafia e a tomografia computadorizada têm sido de-

terminantes para a escolha do tratamento. Conforme

a Dra. Angelita, também vem ganhando destaque a

ressonância magnética da pélvis, que oferece ele-

mentos pormenorizados que demonstram a propaga-

ção do tumor na parede do reto e fora dele. Com este

propósito foram convidadas as duas radiologistas que

são referências mundiais para, além de conferências,

realizar workshops sobre o tema: Gina Brown da In-

glaterra e Regina Beets da Holanda.

“Uma boa ressonância define se o primeiro recurso é a

cirurgia ou se deve haver um tratamento neoadjuvan-

te inicialmente”, afirma Dra. Angelita. Ela destaca que

os métodos diagnósticos evoluíram muito também

para a avaliação da resposta aos tratamento neoad-

juvante, indicando se haverá necessidade ou não de

procedimento cirúrgico posterior.

técnicas e tecnologias avançadas

Radioterapeutas da França, Canadá, Estados Unidos

defenderam as técnicas que direcionam os tratamen-

tos com alvo específico como forma de preservar os

órgãos vizinhos. A indicação e os resultados de radio-

terapia de contacto e da braquiterapia foram muito de-

batidos com os colegas radioterapeutas brasileiros. Os

cirurgiões que integraram o time dos 29 palestrantes

internacionais abordaram os procedimentos, como a

cirurgia laparoscópica, robótica, ressecção local e res-

secção alargada do câncer do reto. A linfadenectomia

lateral foi bem discutida e apresentada pelo cirurgião

Tsuyoshi Konishi, do Japão. Torbjorn Holm, da Suécia,

falou das vantagens da amputação do reto designada

extra elevador e realizada na posição prona ou seja, de

bruços. Foram realizadas três cirurgias que foram trans-

mitidas diretamente do Centro Cirúrgico do Hospital

Alemão Oswaldo Cruz para o local do evento.

Page 12: Centro de Cirurgia robótica amplia sua atuação

12

educação e ciências

VISÃO MÉDICA • HOSPITAL ALEMÃO OSWALDO CRUZ

Residência Médica ATRAI gRAnDE núMERO DE CAnDIDATOSeAcontecem nos dias 10 e 11 de janeiro, respectivamente, a prova prática e a entrevista que constituem as duas

últimas etapas de seleção dos médicos que pretendem participar da Residência Médica (RM) em Anestesiologia,

Endoscopia e Medicina Intensiva do Hospital Alemão Oswaldo Cruz. São cerca de 20 candidatos por vaga para

frequentar esses programas concorridos, que têm duração de dois ou três anos e oferecem um conhecimento

atrelado à tecnologia, formando equipes de excelência e aptas a atuar em qualquer instituição hospitalar.

“Este é o diferencial que atrai médicos de todo o Brasil, a possibilidade de ganhar uma expertise enquanto

aprendem dentro de um ambiente hospitalar”, afirma o Prof. Dr. Andrea Bottoni, gerente de Educação Médica

do Hospital Alemão Oswaldo Cruz.

ExpErtisE eM Residência Médica Reconhecida pelo MinistéRio da saúde

A capacidade de oferecer uma Residência Médica em sintonia com os desafios de uma prática atualizada levou

o Hospital Alemão Oswaldo Cruz a ser selecionado pelo Ministério da Saúde para oferecer três novas edições da

“capacitação em preceptoria de Residência Médica”, dentro do programa de Apoio ao Desenvolvimento

Institucional do Sistema único de Saúde (PROADI-SUS) voltado aos profissionais vinculados ao SUS. Realizado

por Educação a Distância, esse curso visa capacitar o médico “preceptor”, devendo atingir 1.200 pessoas em

todo o Brasil, dentro do triênio 2015-2017.

Pelo fato do preceptor orientar na prática os residentes, participando integralmente da formação deles como

supervisor, professor e modelo, este profissional, “necessita estar bem preparado para assumir este posto”,

enfatiza o Dr. Andrea. Ele diz que o que ocorre, na maioria das vezes, é que eles são escolhidos por estarem

à frente de uma instituição como médicos assistentes, não estando prontos a exercer essa função docente.

No Brasil, a Residência Médica foi regulamentada

em 1977 pela Comissão Nacional de Residência

Médica (CNRM) e passou a conferir ao médico

residente o título de especialista. O Hospital

Alemão Oswaldo Cruz, através do seu Instituto

de Educação e Ciências em Saúde, iniciou o

seu Programa de Residência Médica em 2013

credenciado pela CNRM.

Page 13: Centro de Cirurgia robótica amplia sua atuação

13VISÃO MÉDICA • HOSPITAL ALEMÃO OSWALDO CRUZ

CLínICA MÉDICA É O TEMA do mAis novo cuRso de pós-GRaduação médicA Lato SenSu

DA FECSO destaque dos cursos de Pós-graduação Lato

Sensu, da área médica, fica por conta do curso de

clínica médica, que estreia visando atrair médicos que

tenham interesse numa visão ampla e abrangente do

dia a dia de uma instituição hospitalar. O curso tem

como base treinamento em serviço, fazendo com que

o aluno aprenda no Hospital Alemão Oswaldo Cruz e

nas Instituições conveniadas.

“O curso contará também com a integração com

várias especialidades médicas e oferece toda a

infraestrutura do hospital, do Pronto Atendimento, à

Cardiologia, Oncologia, passando por todas as outras

áreas”, afirma o Dr. Pedro Chocair, Coordenador Médico

do Serviço de Clínica Médica do Hospital Alemão

Oswaldo Cruz e responsável pelo curso de pós-

graduação.

Além disso, os cursos de Pós-graduação Lato Sensu

da área Médica, Cirurgia Robótica em Urologia,

Ecocardiografia e Clínica Médica devem começar em

março, com exceção do curso de Cirurgia Bariátrica e

Metabólica, previsto para o dia 15 de fevereiro.

uRGência e eMeRGência

Um aprendizado também diversificado e baseado

em diferentes setores do hospital que lidam com a

emergência, é o tema do Programa de RM que deverá

ser inaugurado em 2017, já que seu processo de

credenciamento foi aberto em outubro desse ano.

De acordo com o Dr. Renato Estevam Hueb Simão,

supervisor desse Programa com duração de três

anos, além de aprender em setores como o Pronto

Atendimento, UTI, Anestesia, Radiologia, o aluno

sairá preparado para acompanhar o atendimento do

Samu – Serviço de Atendimento Móvel de Urgência,

realizando atividades em outras áreas de emergência

em hospitais públicos e privados.

Page 14: Centro de Cirurgia robótica amplia sua atuação

De etiologia variável, a insuficiência cardíaca,

fase final de todas as cardiopatias, tem ele-

vados índices de mortalidade e morbidade.

Apesar de o diagnóstico

dessa condição ser essen-

cialmente clínico, alguns exa-

mes complementares mos-

tram-se indispensáveis para

a caracterização do quadro,

o diagnóstico diferencial e a

avaliação prognóstica.

Entre os testes laboratoriais,

a dosagem plasmática do

peptídeo natriurético tipo

B (BNP) e a do fragmento

N-terminal do peptídeo na-

triurético tipo B (NT-ProBNP)

vêm ganhando destaque no

atendimento hospitalar.

O BNP e o NT-ProBNP re-

sultam da clivagem, no car-

diomiócito, do propeptídeo

natriurético tipo B, um pró

-hormônio. O primeiro consti-

tui o hormônio ativo, enquanto o último, embora

biologicamente inativo, é secretado na circulação

em quantidades equimolares ao BNP. Portanto,

o NT-ProBNP provém principalmente dos ventrí-

14

exames laboratoriais

Nt-ProbNP – mais um recurso

lABOrATOriAl NA AvAliAçãO DA insuficiência cardíaca

viSãO MÉDiCA • HOSPiTAl AlEMãO OSWAlDO CrUZ

assessoria médica

Dr. Nairo Massaku [email protected]

culos cardíacos, sendo liberado na circulação em

resposta à expansão do volume ventricular e à so-

brecarga de pressão nos ventrículos. Dessa forma,

a elevação desse marcador

guarda uma relação direta

com o grau de insuficiência

cardíaca, fato que justifica

sua utilidade no diagnósti-

co, na avaliação da resposta

ao tratamento e como indi-

cador prognóstico da forma

congestiva dessa condição.

vale ressaltar que estudos

demonstram que a dosagem

do NT-ProBNP apresenta

comportamento semelhante

à do BNP. A diferença está em

sua meia-vida plasmática, que

é mais longa, ao redor de 120

minutos, que a do BNP, de 20

minutos. Ademais, os níveis de

NT-ProBNP são mais elevados

do que os do BNP na circula-

ção, fato que permite uma

dosagem mais otimizada do ponto de vista analítico.

Na prática, os estudos indicam que ambos são equi-

valentes para o diagnóstico e o acompanhamento da

insuficiência cardíaca.

Page 15: Centro de Cirurgia robótica amplia sua atuação

racional: O tromboembolismo venoso (TEv) que compreende a trombose venosa profunda (TvP), e a sua

complicação mais grave, o tromboembolismo pulmonar (TEP), é um problema clínico comum e está associado

com substancial morbidade e mortalidade.

Estudos post-mortem evidenciam que entre 5 % a 10 % de todos os óbitos intra-hospitalares são diretamente

relacionados a um evento de TEP. De acordo com a agência americana de pesquisa e qualidade em saúde, a

prevenção de TEv é a estratégia número um para melhorar a segurança de pacientes hospitalizados.

Assim, é de suma importância à correta identificação daqueles pacientes internados que se encontram sob

maior risco de TEv para que as medidas preventivas possam ser iniciadas precocemente.

Pacientes clínicos - Fatores de risco: O principal fator de risco para TEv em pacientes clínicos é a

presença de mobilidade reduzida durante a internação (pelo menos metade do dia deitado ou sentado à beira

do leito, excluindo o período noturno). Fatores de risco adicionais estão disponíveis no protocolo assistencial de

profilaxia de TEv do Hospital Alemão Oswaldo Cruz.

Pacientes clínicos - opções terapêuticas: Em uma metanálise, com mais de 20.000 pacientes incluídos e

baixo índice de heterogeneidade, evidenciou a superioridade da farmacoprofilaxia com heparinas em pacientes

clínicos internados, quando comparada ao não uso de profilaxias, com uma redução relativa de TEP de 31% e

redução absoluta de 4 eventos para cada 1.000 pacientes tratados. Adicionalmente, estudos sobre a eficácia

de profilaxias mecânicas nessa população de pacientes (meias elásticas de compressão gradual e compressão

pneumática intermitente) não foram conclusivos.

Contraindicações à farmacoprofilaxia: Absolutas: alergia à heparina ou heparina de baixo peso molecular

(HBPM), plaquetopenia induzida por heparina (HiT). Sangramentos ativos não controlados após procedimento

cirúrgico ou endoscópico, ou correção de diáteses hemorrágicas. relativas: Cirurgia intracraniana ou intraocular

recente (1 mês), punção raquimedular ou peridural nas últimas 12-24h, plaquetopenia, coagulopatia.

Pacientes clínicos - tratamento sugerido: Pacientes clínicos com idade ≥ 40 anos e mobilidade reduzida

que apresentem algum fator de risco adicional para TEv devem receber profilaxia farmacológica para TEv por

um período até 14 dias ou enquanto persistir o risco.

• Enoxaparina 40 mg 1x/dia via SC ou Heparina 5.000 Ui de 8/8h via SC.

Métodos mecânicos são recomendados apenas nos pacientes que apresentam alguma contraindicação ao uso

da profilaxia farmacológica.

Pacientes cirúrgicos - Fatores de risco: Além dos fatores de risco tradicionais para TEv descritos para os

pacientes clínicos, os pacientes cirúrgicos apresentam um risco adicional para fenômenos tromboembólicos à

depender do tipo e porte cirúrgico.

São consideradas cirurgias de alto risco para TEv: Artroplastia do quadril, artroplastia do joelho, correção de

fratura de quadril, cirurgias oncológicas, cirurgia no politrauma e no traumatismo raquimedular.

Por outro lado, os procedimentos cirúrgicos de baixo porte, com duração estimada inferior a 60 minutos e

tempo de internação prevista menor que 48 horas, apresentam um baixo risco para TEv e geralmente não

necessitam de medidas profiláticas.

Exemplos: procedimentos endoscópicos, cirurgias superficiais (mama, dermatológica), cirurgias oftalmológicas.

As cirurgias de porte intermediário ou grande são as que envolvem a abordagem da cavidade abdominal e/ou

torácica ou que requerem um tempo cirúrgico ou tempo de internação mais prolongados.

Profilaxia de

tromboembolismo veNoso

15

como eu trato

viSãO MÉDiCA • HOSPiTAl AlEMãO OSWAlDO CrUZ

Page 16: Centro de Cirurgia robótica amplia sua atuação
Page 17: Centro de Cirurgia robótica amplia sua atuação
Page 18: Centro de Cirurgia robótica amplia sua atuação

18

matéria DE CaPa

Novas especialidades e um novo robô em 2016

O papel da cirurgia robótica está crescendo cada vez mais em centros de referência

como o do Hospital Alemão Oswaldo Cruz que, aos poucos, vai abrindo o seu leque para

novas especialidades. Com cerca de 1.200 procedimentos já realizados desde a sua

inauguração em 2008, sendo 80% deles voltados para a urologia, o Centro de Cirurgia

Robótica vem mantendo uma média de crescimento de 30% ao ano, e deve consolidar

uma atuação ainda mais abrangente a partir do ano que vem com a chegada do novo

Robô Da Vinci.

Ginecologia, Gastroenterologia e Otorrinolaringologia são as especialidades que

passam a ser exploradas com maior amplitude, enriquecendo o menu de opções para

os pacientes. “A tendência é consolidarmos um grupo de profissionais de referência

em suas áreas que farão cirurgias mais seguras e de maior qualidade”, afirma o Dr.

Carlo Passerotti, Coordenador do Centro de Cirurgia Robótica. Ele enfatiza ainda que a

intenção é fazer com que os cirurgiões aumentem a média de intervenções feitas com

o Robô Da Vinci S HD.

CENtro DE Cirurgia

robótiCa tEm O SEu lEquE DE AtuAçãO AmPliADO

Page 19: Centro de Cirurgia robótica amplia sua atuação

19VISÃO MÉDICA • HOSPITAL ALEMÃO OSWALDO CRUZ

Page 20: Centro de Cirurgia robótica amplia sua atuação

20VISÃO MÉDICA • HOSPITAL ALEMÃO OSWALDO CRUZ

Para os profissionais que estão à frente das novas

especialidades, a robótica foi um marco em suas

trajetórias, tendo aberto novas perspectivas de

procedimentos cirúrgicos, com inúmeros benefícios

para os pacientes. Na opinião da Dra. Ana Olga

Nagano G. Fernandes, cirurgiã que se dedica a

cirurgias “delicadas”, em pequenas cavidades, para

a remoção de tumores em diferentes órgãos do

aparelho digestivo, a tecnologia assegura uma

acurácia mais do que adequada. Além da vantagem

de uma visão 3D HD, que aumenta em até 15 vezes

a imagem, a mobilidade dos braços do Robô Da Vinci

S HD constitui um diferencial único, na medida em

que vence obstáculos ergonômicos, dentre outros

recursos que asseguram a precisão do sistema.

“A chance de suturas e cirurgias perfeitas é

infinitamente maior com essa visão 3D, além do

que consigo chegar sem esforço a locais de difícil

acesso, fazendo manobras mais complicadas”, afirma

a cirurgiã especializada na correção de refluxos

gastroesofágicos, hérnias de hiato, hepatectomias,

pancreatectomias, diverticulite e também em cirurgias

metabólicas e bariátricas, feitas normalmente em

pacientes obesos. “Essa é uma realidade que veio

para ficar”, diz, acrescentando que seus pacientes

costumam ficar plenamente satisfeitos com os

resultados.

Segundo o Dr. Sergio Roll, a cirurgia robótica restaurou

os recursos da cirurgia aberta no tratamento das

hérnias complexas da parede abdominal, mantendo os

benefícios da cirurgia laparoscópica. “Esta tecnologia

agregou à cirurgia laparoscópica, movimentos

irrestritos e controle preciso dos instrumentos dentro

do paciente e a imagem de alta resolução tridimensional”,

confirma o especialista responsável pelo serviço de

cirurgias de hérnias na região abdominal, ofertado com

diferentes técnicas.

“As cirurgias abertas tradicionais vêm perdendo espaço

para as técnicas minimamente invasivas, dentre elas

a robótica, em diversos países e aqui também”, afirma

o Dr. Alexandre Silva e Silva, ginecologista que aderiu

aos procedimentos minimamente invasivos no final da

década de 90 e, desde então, acompanha a sua evolução.

No seu caso, enxergar pequenos vasos sanguíneos e

detalhes anatômicos, obtendo uma precisão que outras

técnicas não oferecem, é de extrema importância já que

ele especializou-se nas cirurgias oncológicas complexas,

como as do câncer de colo uterino, endométrio e ovário.

Novo robô CoNta Com SiNglE Port

Com dois consoles para gerenciamento das cirurgias, o

robô Da Vinci Si, facilita o treinamento dos cirurgiões e

o trabalho em conjunto durante os procedimentos. A sua

aquisição abre uma série de novas possibilidades, já que

ele oferece o Single Port, mecanismo que permite que as

cirurgias sejam feitas com um único furo, apresentando

muitos benefícios, inclusive, o estético, no caso da

ginecologia.

uma outra grande vantagem do novo robô é a

fluorescência que permite marcar o tecido que será

retirado. O processo não é tóxico para o paciente e ilumina

a área a ser operada o vaso a ser preservado, o linfonodo,

entre outros. O robô Da Vinci Si é Full HD, ou seja,

oferece imagens com 1080 pixels, bem acima dos 720

do modelo anterior.

uma CorriDa aCElEraDa No muNDo

No Brasil e no mundo, a corrida pela aquisição desta

tecnologia vem movimentando recursos para a aquisição

dos robôs, e também por investimentos no treinamento

dos profissionais que desejam aprender a manejar

essas máquinas que controlam melhor o sangramento,

exigem um tempo de internação menor dos pacientes, e

permitem que eles retornem mais rapidamente à rotina

diária. Nos Estados unidos, país criador da invenção, são

aproximadamente 2.254 robôs em atividade (estatística

de março de 2015), sendo que as cirurgias mais realizadas

são as de próstata (85%), rim, bexiga e as ginecológicas.

Na Europa, o número é bem menor, ao redor de 300 robôs,

visto que lá a assistência à saúde é prestada pelas esferas

públicas. O investimento necessário para a aquisição de

um robô está em torno de u$ 3,8 milhões.

matéria DE CaPa

Page 21: Centro de Cirurgia robótica amplia sua atuação

21VISÃO MÉDICA • HOSPITAL ALEMÃO OSWALDO CRUZ

De acordo com o Dr. Passerotti, o Brasil conta com apenas

15 robôs, principalmente, pelo fato dos procedimentos

ainda não serem cobertos pela grande maioria dos

convênios. “isso tende a mudar”, observa. Algumas

operadoras já consentem as cirurgias robóticas, embora

exista uma pequena diferença que deve ser paga à

parte pelos pacientes, por conta das “pinças do robô”, os

acessórios mais caros e que devem ser substituídos após

a realização de 10 procedimentos cirúrgicos.

uma cirurgia robótica costuma custar R$ 6 a 8 mil a mais

do que uma cirurgia aberta. Enquanto o procedimento

comum custa R$ 18 mil, o que se utiliza do robô gira

em torno de R$ 24 mil, revela o Dr. Carlo Passerotti.

Atualmente ocorrem, em média, oito cirurgias por semana,

no Hospital Alemão Oswaldo Cruz, mas o Robô Da Vinci

S HD tem capacidade de realizar até três procedimentos

por dia. E por enquanto, ainda são mais requisitadas as

cirurgias da urologia. mas isso também tende a mudar

com a entrada dessas novas especialidades.

FariNgoPlaStia ExPaNSora, a Cirurgia Da

aPNEia Do SoNo

uma espécie de plástica é realizada, após a retirada das

amídalas palatinas e linguais (tonsilas), localizadas na

garganta e atrás da língua, tecidos que em “excesso”

impedem a passagem do ar, principalmente durante o

sono, provocando uma pausa na respiração, chamada de

apneia do sono.

A remoção das tonsilas é seguida de um procedimento

denominado “faringoplastia expansora”, que estira a

musculatura e aumenta a resistência desta região,

impedindo o colabamento que ocasiona a apneia do

sono. Em função da robótica, este tipo de procedimento

se tornou mais preciso e seguro. “trata-se de uma

técnica beneficiada pela tecnologia, já que esta região

é de difícil acesso, com muitos vasos sanguíneos, em

um espaço pequeno e de difícil visão”, explica o médico

otorrinolaringologista do Centro de Cirurgia Robótica do

Hospital Alemão Oswaldo Cruz, Dr. Eric thuler.

A técnica foi desenvolvida pelo médico italiano Claudio

Vicini e aprovado pelo órgão regulador norte-americano

FDA, utilizando a endoscopia com sono induzido na

seleção dos pacientes ideais para a realização do

procedimento, que vem se espalhando por muitos centros

de robótica no mundo.

A padronização da utilização da endoscopia com sono

induzido na indicação desta cirurgia contou com a

participação do Dr. thuler e do Dr. Fábio Rabelo, também

médico do hospital. Por mimetizar o mesmo nível de

relaxamento da musculatura ocorrido durante o sono,

possibilita a identificação do local de obstrução,

tornando o critério de indicação do procedimento

mais objetivo e reprodutível. O Dr. thuler revela que a

taxa de sucesso da cirurgia é de 80% dos casos.

Segundo ele, a cirurgia é indicada para aquelas pessoas

que não conseguem se adaptar ao uso da CPAP,

aparelho que utiliza a pressão positiva para evitar as

apneias, auxiliando a respiração durante o sono. Em

São Paulo, estima-se que cerca de 5% da população

adulta seja portadora desta doença, sendo que

40% não se adaptam a este aparelho. interessante

ressaltar que os resultados deste procedimento são

melhores em pacientes não obesos, abaixo dos 50

anos de idade, faixa etária onde a musculatura na

região da faringe ainda possui bom tônus.

O Centro de Cirurgia Robótica também conta com

profissionais treinados para realizar a cirurgia robótica

transoral no tratamento de lesões benignas e

malignas na região da língua e faringe, especialmente

às causadas pelo HPV, que estão crescendo

significativamente ao redor do mundo e estão

associadas ao câncer.

A equipe responsável pelas cirurgias robóticas

Page 22: Centro de Cirurgia robótica amplia sua atuação

O Testamento Vital é um papel

que registra as diretivas da

vontade do doente e deve ser

escrito, sem rasuras, contando

com duas testemunhas, sendo

validado de preferência em cartório.

O documento também facilita

a doação de órgãos. Um único

doador pode salvar em torno de

mais de 20 vidas, além de ajudar na

recuperação da qualidade de vida

de pelo menos outras 80, com o

uso dos tecidos ósseos e cutâneo.

22

comissão de bioética

Semana de biOéTica: “como eu quero morrer”a necessidade de deixar claras as diretivas

antecipadas da vontade, quando a morte é iminente,

ou mesmo, muito antes, quando estamos sãos,

felizes e conscientes do que preferiríamos quando

o momento de partir chegar, foi o principal tema da

Semana de bioética do Hospital alemão Oswaldo

cruz, que aconteceu entre os dias 9 e 13 de novembro.

as palestras e os debates reuniram especialistas e

profissionais da saúde que discutiram casos reais dos

mais diversos para demonstrar o quanto é importante

que familiares e profissionais assistenciais estejam

conscientes dos desejos dos pacientes, evitando

aprofundar ou prolongar o sofrimento dos envolvidos.

“O ideal é que as famílias falem sobre esse assunto

delicado desde sempre, colocando o que gostariam e

que até exista um testamento vital, um documento por

escrito, com testemunhas, que mostre explicitamente

até onde o paciente está disposto a ir nesse final

de vida”, afirma a Dra. Janice Nazareth, presidente da

comissão de bioética do Hospital. ela lembra que o

evento teve ainda como objetivo provocar reflexões

em torno de como a morte deveria ser um assunto

tratado com normalidade tanto quanto o nascimento

ou o trabalho, e que a comunicação franca é sempre a

melhor alternativa.

normalmente o que acontece, segundo ela, é que

os profissionais não são treinados quanto à melhor

forma de lidar com a questão, quando deveriam

atuar em equipe, com o auxílio de psicólogos e até

mesmo um suporte espiritual. médicos e familiares

muitas vezes insistem em “medidas terapêuticas

que propiciam danos e sofrimento desnecessários”.

“Quanto mais familiarizado um ser está com a ideia de

morrer, melhor enfrentará as dores do luto”, observa

a Dra. Janice.

Ela afirma que assim é possível preparar o caminho

para a ortanásia, morte que procura amenizar a

dor e acontece de maneira tranquila e natural,

permitindo que o doente esteja próximo da família

e de preferência em casa. a distanásia, ao contrário

disso, costuma ocorrer com muito mais frequência,

conforme a médica, consistindo na prática pela qual

se prolonga, por meio de meios artificiais, a vida de um

doente em estado terminal.

VISÃO MÉDICA • HOSPITAL ALEMÃO OSWALDO CRUZ

evento que discutiu a ortanásia e a distanásia, entre outros temas

Page 23: Centro de Cirurgia robótica amplia sua atuação

michelangelo: UMA VIDA ÉPICA

23

livraria

Livro: michelangelo:

uma vida épica

autor: martin Gayford

editora: cosac naify

ano: 2015

VISÃO MÉDICA • HOSPITAL ALEMÃO OSWALDO CRUZ

a editora cosac naify acabada de lançar o livro

“michelangelo: uma vida épica” de martin Gayford.

Como toda biografia, suas páginas descrevem de

maneira simples e prazerosa a vida e obra desse

grande escultor e pintor da Renascença italiana.

Porém, o livro vai mais longe do que isso.

descobrimos que por trás de cada obra de

michelangelo há histórias para se contar. aprendemos

o motivo de sua Pietà ser a única escultura em

que michelangelo colocou sua assinatura, além do

inusitado local dessa inscrição. Seu enorme davi

também esconde fatos pouco conhecidos. Por que

michelangelo o esculpiu nu? Você sabe qual local

seria colocado esse gigante de mármore? e por que

tomou outro destino que o original? Você sabia que

uma comissão florentina de artistas foi formada para

debater o destino de Davi à época de seu término?

aliás, uma comissão de peso artístico formada por

Leonardo da Vinci, Botticelli, Filippino Lippi, Giuliano

de Sangallo e Cosimo Rosselli. O livro responde essas

perguntas e esmiúça as histórias por trás da obra,

inclusive o motivo de taparem as partes íntimas de

Davi após sua instalação em Florença.

entre as diversas disputas travadas por michelangelo

e outros artistas, o livro detalha suas batalhas

particulares com Leonardo da Vinci. No auge de seus

conflitos com Leonardo da Vinci emerge a escultura

“madona de bruges” de michelangelo e o quadro da

“senhora Lisa” (Mona Lisa) de Leonardo. Até mesmo o

governo de Florença encomenda um mural para cada

artista com a intenção de por fim a disputa. O relato

dessa batalha entre escultor e pintor é descrito em

paralelo à história da cidade de Florença envolta em

guerras e disputas territoriais. emerge nas páginas a

participação de Maquiavel no governo florentino e as

guerras papais pelos territórios italianos centrais.

O livro descreve, agora em Roma, as novas desavenças

entre Michelangelo e o expoente artista Rafael.

Relata como Michelangelo auxiliou outro pintor para

rivalizar o então enaltecido Rafael. Esse capítulo

relata as atividades simultâneas de ambos os mestres,

Michelangelo no teto da capela sistina e Rafael no

palácio papal. novamente as páginas são recheadas

pela história de guerras e disputas entre as cidades

italianas, o papa e os exércitos franceses e espanhóis.

Descubro, nas páginas dessa obra, com que finalidade

foi criada a escultura de moisés. e mais, por que essa

escultura demorou anos para ser posicionada no

local destinado? Os famosos escravos inacabados de

michelangelo teriam o mesmo destino que moisés,

mas no último instante foram trocados por novas

esculturas. Por que? Pelo mesmo motivo que as partes

íntimas das figuras do Juízo Final foram ocultadas por

pinturas de sungas e faixas de pano após a morte de

michelangelo.

essas e outras obras de michelangelo são detalhadas

de maneira agradável e reveladora. A biografia da

longa trajetória de vida de michelangelo nos traz,

como pano de fundo, a história tumultuada desse

período nos estados italianos. Relata suas conexões

com a família Medici de Florença que alterna períodos

de poder com ostracismo. Sua conexão com os

diferentes papas, inclusive os dois pertencentes à

família medici. Vale a leitura.

Dr. Stefan Cunha Ujvari Infectologista do Hospital Alemão Oswaldo Cruz

Page 24: Centro de Cirurgia robótica amplia sua atuação

24

Qualidade e acreditação

VISÃO MÉDICA • HOSPITAL ALEMÃO OSWALDO CRUZ

Uma mudança de patamar decorrente da consolida-

ção de um atendimento de primeiro nível. Em poucas

palavras, esse é o resultado do terceiro processo de

reacreditação pelo qual passou o Hospital Alemão

Oswaldo Cruz, junto à Joint Commission International

(JCI), desde que esse caminho foi iniciado em 2009.

No relatório final foi atingida conformidade plena,

a maior nota desde que a Instituição ingressou no

caminho desta qualificação, há seis anos. Segundo

Daniella Romano, gerente de Desenvolvimento Insti-

tucional, foram encontrados 40 “achados” ou elemen-

tos de mensuração que devem ser aperfeiçoados com

relação aos 1163 elementos de mensuração, que se

traduzem nas práticas do cuidado e atendimento in-

tegrado vivenciados no dia a dia por todos que fazem

parte da Instituição.

Segundo a gerente, o hospital ficou acima da média

registrada pelas instituições que alcançaram melhor

performance, no mundo, no ano de 2015. “Podemos

dizer que estamos entre os primeiros do planeta,

uma vez que esse score é configurado a partir de um

comparativo com todos os que são certificados anu-

almente”, complementa ela, dizendo que há motivos

de sobra para comemoração.

Jci: MATURIDADE COMPROVADA NO PROCESSO DE REACREDITAÇÃO

O hospital foi inspecionado por uma equipe de pro-

fissionais, dentre os quais, três médicos e uma en-

fermeira norte americana durante cinco dias no final

de novembro. Os integrantes da JCI avaliaram 285

padrões, distribuídos em 14 capítulos que englobam

práticas ou processos que devemos obter, no mínimo,

uma nota 9. Eles têm que estar em total consonância

com as metas internacionais de segurança do pacien-

te e serem equiparados àqueles que se encontram no

topo, pois uma classificação apenas razoável poderia

desclassificar a Instituição.

“A acreditação é a qualificação máxima do atendi-

mento assistencial e dos processos de apoio, sejam

diretos ou indiretos aos nossos pacientes”, pontua a

Gerente de Desenvolvimento Institucional, revelando

que os resultados também refletem o trabalho do

Grupo de Gerenciamento de Risco, que há 10 anos

tem a preocupação em olhar para os processos de

uma maneira focada no paciente.

refinamento do processo

Alguns pontos mereceram atenção durante essa últi-

ma fase, e deverão sofrer “ajustes finos”, como parte

do processo de continuidade da qualificação assis-

tencial do Hospital Alemão Oswaldo Cruz. É o caso da

comunicação praticada pelos profissionais da equipe

multidisciplinar na passagem do plantão, das informa-

ções registradas no sumário de alta dos pacientes e

ainda da avaliação dos pacientes no atendimento da

emergência. A clareza e o entendimento dos pacien-

tes com relação aos seus direitos e deveres também

é outra questão.

Daniella Romano

Page 25: Centro de Cirurgia robótica amplia sua atuação

25VISÃO MÉDICA • HOSPITAL ALEMÃO OSWALDO CRUZ

“São pontos que ainda podem ser aprimorados na medida em que o processo é permanente e tornou-se mais

refinado agora depois dessa terceira etapa”, explica Daniella, observando que os ajustes não interferem na

recertificação do Hospital Alemão Oswaldo Cruz.

eQuipe mais madura, pacientes mais satisfeitos

Durante a visita da JCI ao hospital, alguns pacientes deram suas impressões para os avaliadores, com relação ao

atendimento assistencial praticado aqui. A conclusão foi a de que eles gostam de estar no hospital, confiam na

equipe de profissionais e sentem-se acolhidos, fortalecendo a visão de mercado da própria Instituição.

Na opinião de Daniella Romano, isso demonstra que houve um amadurecimento também por parte da equi-

pe multidisciplinar que atualmente desempenha suas atividades com maior confiança e tranquilidade, se

levados em conta os esforços despendidos especialmente nos três primeiros anos do percurso de qualifica-

ção. “Estão todos de parabéns”, cumprimenta ela.

Page 26: Centro de Cirurgia robótica amplia sua atuação

Paula Vianna, Médica Patologista, Sócia do CICAP, Hospital Alemão Oswaldo Cruz,Venancio Avancini Ferreira Alves, Professor Titular de Patologia, FMUSP, Sócio-Diretor Técnico do CICAP, Hospital Alemão Oswaldo Cruz

26

ARTIGO INTERNACIONAL

Comentários sobre o artigo: AUTOIMMUNE METAPLASTIC ATROPHIC GASTRITIS - RECOGNIzING PRECURSOR LESIONS fOR APPROPRIATE PATIENT EvALUATIONAM.J.SURG.PATHOL 2015(DECEMbER);39:1611-1620.

VISÃO MÉDICA • HOSPITAL ALEMÃO OSWALDO CRUZ

Gastrite atrófica metaplásica auto-imune (AMAG) é uma

doença inflamatória que destrói a mucosa oxíntica do

estômago, diminuindo a absorção adequada de ferro

e de vitamina B12, levando a anemia perniciosa em

2% da população com mais de 60 anos. Os pacientes

também têm risco aumentado de desenvolvimento de

tumor neuroendócrino bem diferenciado, adenomas e

adenocarcinoma.

Esse estudo recém-publicado pelos patologistas do

Johns Hopkins Hospital visou à melhor compreensão da

progressão histológica da doença e saber como os clínicos

interpretam conduzem o avaliação do paciente a partir do

diagnóstico histológico.

Dentre 6000 biópsias gástricas em adultos contendo

mucosa oxíntica, 113 pacientes (1,8%) receberam

diagnóstico de AMAG, 54 (48%) tiveram biópsias gástricas

prévias, com diagnóstico de AMAG em 42 (78%). Os

outros12 (22%) pacientes tiveram diagnóstico de não-

AMAG , sendo estes incluídos na “coorte pré-AMAG”. Tais

amostras foram comparadas com um grupo-controle

de pacientes que não desenvolveram AMAG no mesmo

período.

Outras doenças autoimunes ocorreram em 55% dos casos

com diagnóstico histológico de AMAG, em contraste com

28% pacientes do grupo controle não-AMAG (p <0,001).

Tiroidite autoimune foi o diagnóstico mais comum afetando

32% dos pacientes AMAG e 6% dos pacientes não-AMAG

(p <0,001).

Os achados histológicos mais comuns na “coorte pré-

AMAG” foram a inflamação crônica linfocítica em toda a

profundidade da mucosa (67%), destruição das glândulas

oxínticas (67%) , porém sem atrofia completa da mucosa,

metaplasia focal do epitélio (55%), eosinofilia (44%) e

pseudohipertrofia das células parietais (22%). Hiperplasia

de células neuroendócrinas ocorreu em 1 caso pré-AMAG e

em nenhuma biópsia do grupo controle.

Pesquisa de vitamina B12 foi efetuada em 49 (43%)

pacientes após o diagnóstico histológico de AMAG, sendo

que 21 (43%) tiveram níveis baixos. Gastrina sérica foi

medida em 27 (24%), todos mostrando níveis elevados.

Anticorpos anti-célula parietal ou anti-fator intrínseco

foram pesquisados em 39 (35%) pacientes, mas só em 19

deles (49%) foi feita a pesquisa de ambos auto-anticorpos.

Os autores comentam que isoladamente, nenhuma dessas

características são específicas, no entanto, tomadas em

conjunto como um padrão histológico, sugerem fortemente

uma desordem autoimune. Apesar de estudos anteriores

terem associado a infecção pelo H. Pylori como evento

inicial para produção de auto-anticorpos contra células

parietais, este estudo sugere que outros eventos, até

mesmo predisposição genética, podem ser iniciadores, já

que apenas 2 casos do grupo pré-AMAG foram positivos

para este bacilo.

Mesmo baseados no estudo de apenas 18 biópsias em

12 casos comprovadamente pré-AMAG, Pittmann e

cols recomendam que, mesmo antes do surgimento de

metaplasia, o encontro de inflamação linfocítica em toda a

espessura da mucosa fúndica com destruição de glândulas

oxínticas, na ausência de H. pylori e de inflamação antral,

torna necessário considerar o diagnóstico de gastrite

atrófica autoimune e sugerir investigação clínica da

doença, incluindo pesquisas de vitamina B12, gastrina

sérica, anticorpos anti-célula parietal e anti-fator

intrínseco.

Page 27: Centro de Cirurgia robótica amplia sua atuação

27VISÃO MÉDICA • HOSPITAL ALEMÃO OSWALDO CRUZ

A Tomografia Computadorizada (TC) nos planos axial

(fig. 1) e coronal (fig.2) demonstra imagem nodular

circunscrita com densidade adiposa, centrada na

gordura epipericárdica, associada a densificação dos

planos adjacentes. Na Ressonância Magnética (RM),

nos planos axial (fig. 3) e coronal (fig.4), evidencia-

se a referida lesão descrita, predominantemente

com baixo sinal em sequência ponderada em T1

com supressão de gordura, associada a realce

anelar periférico e discreto realce do pericárdio e da

pleura adjacentes.

A Necrose da Gordura Epipericárdica é uma entidade

rara e benigna, auto-limitada, de etiologia idiopática,

sendo primeiramente descrita em 1957 (Jackson et

al). A apresentação clínica mais comum consiste em

dor torácica pleurítica aguda, não havendo predileção

por sexo ou faixa etária. Em geral, a dor persiste

por apenas alguns dias. O exame físico usualmente

é normal.

Os achados patológicos são similares aos presentes

QUAL A SUA OPINIãO - RESPOSTAna necrose gordurosa da apendagite epiploica,

do omento e da mama, observando-se células

adiposas centrais necróticas circundadas por

macrófagos preenchidos por lípides e infiltração

neutrofílica em estágios iniciais, com progressiva

infiltração fibroblástica.

À imagem, apresenta-se como uma opacidade

paracardíaca ou pequeno derrame pleural à radiografia de

tórax, sendo observado, caracteristicamente, à TC uma

lesão arredondada e encapsulada, com atenuação de

gordura, associado a sinais de processo inflamatório, como

densificação da gordura adjacente e espessamentos

do pericárdio e pleura adjacentes. À RM, observam-se

sinais similares aos da TC, apresentando baixo sinal em

sequência com supressão de gordura e sendo melhor

evidenciado o realce anelar periférico à lesão.

Sua importância reside no fato de se situar,

juntamente com infarto do miocárdio, tromboembolismo

pulmonar e pericardite, no diagnóstico diferencial de dor

torácica aguda.

Figura 1: A e B – Lesões pré-atróficas, evidenciando infiltrado linfocitário por toda a espessura da mucosa agredindo

glândulas fúndicas. C – Gastrite crônica atrófica em mucosa fúndica com metaplasia intestinal de tipo completa focal. D-

Gastrite crônica atrófica sem metaplasia intestinal e com hiperplasia linear e micronodular de células neuroendócrinas

evidenciadas ao exame imuno-histoquímico com cromogranina (E). F- Gastrite crônica atrófica com extensa metaplasia

intestinal.

A

D

b

E

C

f

Page 28: Centro de Cirurgia robótica amplia sua atuação

28VISÃO MÉDICA • HOSPITAL ALEMÃO OSWALDO CRUZ

AGENDA - DEZEMBRO/2015 E JANEIRO/2016

EvENtos Em DEstAquE

Coordenação:Datas:

Horário:Local:

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Horário:Local:

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Coordenação:

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Data:Horário:

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Palestrante: Data:

Horário: Local:

REUNIÕES CIENTÍFICAS

Reunião de OncologiaCentro de Oncologia02 – Oncologia Gastrointestinal09 – Oncologia Mamária16 – Oncologia Torácica12h às 13h30Sala 5 - Torre D (Térreo Superior)

Discussão de Casos de Câncer ColorretalAngelita Habr- Gama e Rodrigo Perez047h30 às 09h30Auditório – Torre E (1º Subsolo)

Coordenação:Datas:

Horário:Local:

Reunião de OncologiaCentro de Oncologia20 – Oncologia Gastrointestinal27 – Oncologia Mamária

12h às 13h30Auditório – Torre E (1º Subsolo)

Reunião Científica de Cardiologia

Cássio Campello de Menezes1412h às 13hSala 5 - Torre D (Térreo Superior)

Reunião Mensal do CDI - FleuryEquipe Fleury Diagnóstico

14 - Ortopedia19h às 21h30Sala 5 - Torre D (Térreo Superior)

21 - CDI19h às 21h30Auditório - Torre E (1º Subsolo)

Marco Aurelio de Magalhães

diagnóstica e tratamentoFábio C. Lário 0211h às 13hAuditório – Torre E (1º Subsolo)

Coordenação:Tema:

Palestrante: Data:

Horário: Local:

Marco Aurelio de Magalhães

diagnóstica e tratamentoFábio C. Lário 1311h às 13hAuditório – Torre E (1º Subsolo)

Informações: Instituto de Educação e Ciências em Saúde:(11) 3549 0585 / 0577 ou [email protected]

Reunião da Clínica Médica e do serviço de nefrologia do Hospital Alemão oswaldo CruzPedro Renato Chocair

artrite reumatoide: relato e discussão de caso clínico.Pedro Renato ChocairRui Toledo Barros0113h às 14hAuditório - Torre E (1º Subsolo)

08Cuidados paliativosSara Mohrbacher e Juliana Monteiro de Barros 13h às 14hSala 5 - Torre D (Térreo Superior)

Fernando Colombari, Amilton Silva Jr e Fabio M. Andrade

Américo Cuvello e Paula Scorsi0119h30 às 21h30Auditório - Torre E (1º Subsolo)

ortopediaMarcelo Risso e Paulo Cavali01, 08 e 15 17h30 às 18h30Sala 5 – Torre D (Térreo Superior)

Luciano João Nesrrallah1612h às 13hSala 1 – Torre D (1º andar - ETES)

odontologiaDaniel Falbo Martins de Souza, Fernando Melhem Elias, Gabriel Pastore e Luciano Del SantoDiagnóstico e Tratamento das Fraturas Complexas da FaceDaniel Falbo Martins de Souza0319h às 22hAuditório -Torre E (1º Subsolo)

Joint Medical Teleconference - HAoC/ stanford Hospital & ClinicsJefferson Gomes FernandesHow Digital Health Technologies are Changing the Practice of MedicineHomero Rivas - Assistant Professor of Surgery and Director of In-novative Surgery at the Stanford University Medical Center0214hSala A – Torre D (1º andar - IECS)

Coordenação: Tema:

Apresentação:Discussão do caso:

Data:Horário:

Local:

Data:Tema:

Palestrantes:Horário:

Local:

Coordenação:Tema:

Palestrantes:Data:

Horário: Local:

Coordenação:Datas:

Horário:Local:

ortopediaMarcelo Risso e Paulo Cavali2617h30 às 18h30Auditório – Torre E (1º Subsolo)

Coordenação:Datas:

Horário:Local:

Coordenação: Data:

Horário: Local:

Coordenação:

Tema:Palestrante:

Data: Horário:

Local:

Coordenação:Tema:

Palestrante:

Data:Horário:

Local:

DEZEMBRO

JANEIRO

Programa de Desenvolvimento Médico do HAOC

REUNIÕES CIENTÍFICAS

INSTITUTO DE EDUCAÇÃOE CIÊNCIAS EM SAÚDE

Page 29: Centro de Cirurgia robótica amplia sua atuação

29VISÃO MÉDICA • HOSPITAL ALEMÃO OSWALDO CRUZ

CIRuRGIAs DE CoLuNA POR ACESSOS ANTERIORES É TEMA DE CURSO

O aperfeiçoamento das cirurgias e dos implantes para

cirurgias de colunas, voltou a colocar foco sobre os

procedimentos realizados por vias não tradicionais

como pelo abdômen e pela região lateral do corpo,

logo acima do osso da bacia. O Curso IPC – Acessos

Anteriores À Coluna Lombar foi realizado no auditório

da Torre E, com a participação de quase 100 cirurgiões

de todo o Brasil, em novembro.

De cunho exemplificativo, o evento contou com a

presença de palestrantes internacionais de renome,

inclusive o editor da European Spine Journal – uma

das publicações mais importantes do segmento –,

que debateram sobre esse tipo de cirurgia já bem

estabelecido na Europa e também nos Estados

Unidos, que no Brasil começa a ganhar espaço.

De acordo com o Dr. Luiz Pimenta, neurocirurgião

do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, as técnicas

de acessos anteriores são pouco utilizadas em

comparação à grande maioria dos procedimentos,

feita pela via tradicional, as costas. No entanto,

podem ser inúmeras as vantagens das intervenções

pelo abdômen ou pela região lateral. “Na parte de trás

da coluna lombar, existe uma concentração muito

alta de músculos, daí porque esses acessos causam

menor dano muscular, protegendo o canal medular”,

pondera ele.

A primeira descrição de um procedimento pelo abdômen

ocorreu nos anos 50. Foi somente nos anos 90, porém,

quando os implantes tornaram-se mais adequados, que a

técnica do acesso anterior voltou a ser utilizada no mundo,

segundo o neurocirurgião, seguindo a tendência dos

procedimentos minimamente invasivos. A técnica lateral

é mais nova e começou a ganhar espaço no começo dos

anos 2000.

Page 30: Centro de Cirurgia robótica amplia sua atuação

30VISÃO MÉDICA • HOSPITAL ALEMÃO OSWALDO CRUZ

NOVO PROTOCOLO PARA A CIRURGIA ORTOGNÁTICA

SIMPLIFICA O PROCEDIMENTOUm protocolo chamado Universal para a correção das

deformidades dentofaciais, por meio da cirurgia or-

tognática foi um dos grandes atrativos da “I Jornada

Internacional de Inovações Técnicas e Simulação Vir-

tual 3D em Cirurgia Ortognática e no Trauma da Face”,

que aconteceu no final de outubro no Hospital Alemão

Oswaldo Cruz. Desenvolvido pelo cirurgião bucomaxi-

lofacial Dr. Fernando Melhem Elias, o protocolo não ne-

cessita de nenhum equipamento especial e pode ser

realizado em qualquer software de edição e desenho

3D.

Baseado no método Computer-Aided Surgical Simu-

lation (CASS), criado por dois norte-americanos, que

requer equipamentos mais sofisticados, o protocolo

Universal, segundo o Dr. Melhem, “veio simplificar e po-

pularizar” o planejamento e a simulação da cirurgia em

ambiente virtual. Segundo o cirurgião, a grande van-

tagem do método é permitir que os pacientes vejam

as correções de assimetrias da face que serão feitas

pelas cirurgias e indicar para os cirurgiões o caminho a

percorrer, ao prever os movimentos, além de avaliar a

repercussão do reposicionamento das bases ósseas,

conferindo maior segurança e rapidez aos procedimentos.

“O protocolo faz uma previsão precisa das correções

necessárias”, afirma ele, lembrando que a cirurgia é

classificada como estético-funcional, já que traz be-

nefícios de funcionalidade, ao mesmo tempo em que

modifica a aparência do paciente. Com uma tomografia

computadorizada e um escaneamento 3D da arcada

dentária é possível fazer a simulação virtual e demons-

trar o resultado final da cirurgia, contando ainda com

guias desenhados digitalmente e concretizados em

impressoras 3D.

Para o Dr. Melhem, o evento foi um sucesso, principal-

mente porque atraiu 80 cirurgiões experientes, de todo

o Brasil, durante os seus três dias de duração.

eveNTOs em desTAqUe

Page 31: Centro de Cirurgia robótica amplia sua atuação

RespONsAbIlIdAde jURídICA

31VISÃO MÉDICA • HOSPITAL ALEMÃO OSWALDO CRUZ

(além de legais, obviamente) dos casais que se dispõem

a ter filhos, tanto do ponto de vista legal, quanto ético,

sendo independente das circunstâncias envolvidas na

concepção, valendo até mesmo para adoções. No Brasil,

em tese, os pais seriam enquadrados no art. 133 do

Código Penal (abandono de incapaz), além de medidas

na esfera civil da família, previstos no Estatuto da

Criança e do Adolescente (ECA - suspensão do poder

familiar, etc.). Se podemos evocar algo de específico

no fato de se tratar de técnica de reprodução assistida

com empréstimo de útero, é, na verdade, a caráter

internacional da transação, que permitiu a evasão dos

pais, estrangeiros com relação ao país onde se deram

os fatos. Por óbvio que, numa concepção natural ou no

país dos genitores, tal conduta enfrentaria muito mais

obstáculos. O outro fato é a possibilidade, não prevista

em lei, de que a criança gestada em útero de outra

mulher seja registrada diretamente em nome dos pais

biológicos. No atual status legal, a DNV (declaração de

nascido vivo) emitida pela Maternidade sai em nome

da gestante e do esposo desta e apenas após proce-

dimento judicial é possível transferir a maternidade e

paternidade. Decisões judiciais começam a mudar esse

entendimento, de modo que a DNV saia diretamente

em nome dos pais biológicos (sem sequer citar a

gestante), evitando não apenas o processo judicial mas

inclusive facilitando medidas do tipo inclusão do RN

no plano de saúde dos genitores. O que essa situação

revela, na verdade, é a necessidade de que a matéria

seja regulada por lei, o que talvez seja pedir demais aos

nossos políticos.

Sergio Pittelli [email protected]

RepROdUÇÃO AssIsTIdA

O Conselho Federal de Medicina (CFM) editou nova

resolução sobre o tema, revogando a Resolução

2013/13 que acabamos de analisar. Assim sendo,

julgamos interessante, antes de finalizar, verificar as

alterações havidas. Trata-se da Resolução 2121/15.

Há apenas pequenas diferenças entre as duas normas.

Nenhuma parte da resolução anterior foi subtraída. As

subdivisões são as mesmas. Na parte I foi introduzido o

item 3 que autoriza a aplicação a pacientes com mais de

50 anos, sob forma de exceção. Na parte II é admitida

a possibilidade de gestação compartilhada em união

homoafetiva feminina em que não exista infertilidade

(item 3). No item 7 da parte IV, a palavra unidade foi

substituída por médico assistente, no nosso enten-

dimento com a finalidade de reforçar a ideia da primazia

do profissional médico no que respeita às decisões. No

item 1 da parte VII foi subtraído o limite de 50 anos

(por coerência com a alteração já citada na parte I) e

admitida a possibilidade, sob forma de exceção, de que

a doadora do útero não seja da família (a depender

de autorização do Conselho Regional). As demais

alterações não implicam em mudanças do conteúdo,

apenas aperfeiçoamento dos termos.

Ao iniciar a série de textos sobre RA registramos que nos

motivavam dois fatos noticiados em agosto de 2014: o

abandono de um bebê com S. Down na Tailândia e a

autorização judicial, no Brasil, para que crianças gestadas

em útero emprestado saiam do hospital com o nome dos

pais biológicos, apenas.

O primeiro fato, deplorável se confirmada a intenção dos

responsáveis, traz à baila as responsabilidades éticas

Page 32: Centro de Cirurgia robótica amplia sua atuação

32

RELATO DE CASO

VISÃO MÉDICA • HOSPITAL ALEMÃO OSWALDO CRUZ

Hg, FC regular de 70 bpm. Os exames laboratoriais

mostraram: Sódio: 137mEq/L, potássio: 2,6 mEq/L,

cálcio ionizado: 1,07mmol/L, magnésio: 1,7 mg/dL,

fósforo inorgânico: 2 mg/dL, hemoglobina: 13,8 g/

dL, leucócitos: 7.200/mm³, plaquetas: 212.000/

mm³, creatinina sérica: 0,8 mg/dL, uréia: 17 mg/dL.

A história clínica e os resultados dos exames labo-

ratoriais nos conduziram ao diagnóstico clínico de

hiperaldosteronismo o qual foi, posteriormente, con-

firmado pela sequência da investigação. Assim, as

dosagens de Aldosterona: 19 ng/dL, Renina: 0,1 ng/

mL/h, relação Aldosterona/Renina de 190. Depois da

suspensão das medicações, que podem interferir no

metabolismo da aldosterona (enalapril e atenolol),

foi realizado o teste da infusão solução salina, consi-

derado como confirmatório.

A infusão de dois litros de Soro Fisiológico foi inicia-

da às 8 horas da manhã e terminada às 12 horas. O

paciente permaneceu em posição reclinada por uma

hora, antes do início da infusão, e o nível plasmático

de aldosterona foi determinado em dois momentos

– antes e no final da infusão do soro fisiológico, e o

resultado mostrou aumento de 49.1 ng/dL após a

infusão, confirmando o diagnóstico de HAP.

Em seguida, foi solicitada tomografia computadori-

zada de abdome e pelve, afim de investigar a etio-

logia da HAP e o exame mostrou a presença de nó-

dulo no corpo da adrenal direita, medindo 1,8 cm no

eixo axial, compatível com adenoma.

Posteriormente foi iniciado o tratamento com repo-

sição oral de potássio e espironolactona 200 mg/

dia ocorrendo normalização da pressão arterial e da

potassemia. No momento, o paciente encontra-se

em programação para ressecção cirúrgica do nódulo

de adrenal, caso o cateterismo de veias suprarrenais

comprove, de modo inequívoco, o aumento dos ní-

veis de aldosterona do mesmo lado do nódulo.

HipERTEnSãO ARTERiAL SECunDáRiA à HipERALDOSTEROniSmO pRimáRiO

inTRODuçãO:

O Hiperaldosteronismo primário (HAP) é uma sín-

drome caracterizada pelo aumento da secreção de

aldosterona pelas glândulas suprerrenais de manei-

ra independente da ação da renina, podendo levar a

um aumento do sódio corporal e diminuição da con-

centração do potássio, consequentemente, alcalose,

aumento do líquido intracelular e hipertensão arterial

sistêmica (HAS). Além disso, são comuns os sintomas

relacionados à hipopotassemia, como mialgia, fraque-

za e arritmias. É mais comum em mulheres e geral-

mente é diagnosticado na quarta ou quinta década de

vida e é considerado causa pouco frequente de HAS

com incidência de 5-10% nos hipertensos. O hiperal-

dosteronismo é causado principalmente por adenoma

de adrenal que corresponde a 75% dos casos de HAP.

O restante é compreendido por hiperplasia das adre-

nais e, mais raramente, à doença renovascular.

O rastreamento para HAP deve ser sempre realizado

quando há HAS associada a hipocalemia espontânea

ou induzida por doses moderadas de diuréticos ou

quando a HAS é persistente apesar do tratamento

anti-hipertensivo.

RELATO DO CASO

Paciente masculino, de 70 anos, branco, casado, na-

tural e residente no Rio de Janeiro, em acompanha-

mento com o Serviço de Clínica Médica do Hospital

Alemão Oswaldo Cruz após ter realizado prostatec-

tomia radical por câncer de próstata. Trata-se de

paciente diabético insulino não-dependente e hiper-

tenso sob tratamento com enalapril 20mg 2x/dia,

atenolol 50mg/dia e felodipino 5mg 2x/dia. Além

disso, faz uso regular de aspirina 100mg/dia, glicazi-

da 30mg/dia, metformina e alprazolan. Evoluiu bem

após a prostatectomia, porém manteve-se hiperten-

so, com pressão arterial em torno de 150/100 mm/

Victor A. Hamamoto Sato¹, Lucas Hamamoto Rapini¹, Americo L. Cuvello Neto¹, Erico S. de Oliveira¹, Leonardo V. B. Pereira¹, Sara Morbacher¹, Pedro R. Chocair¹ (SERVIÇO DE CLÍNICA MÉDICA DO HOSPITAL ALEMÃO OSWALDO CRUZ)

Page 33: Centro de Cirurgia robótica amplia sua atuação

33VISÃO MÉDICA • HOSPITAL ALEMÃO OSWALDO CRUZ

DiSCuSSãO

Foi apresentado um caso de HAS persistente, apesar

do uso de três classes distintas de anti-hipertensivos

há aproximadamente 10 anos sem a devida inves-

tigação de causas secundárias da hipertensão. Após

o rastreio correto para HAP, foi diagnosticado um nó-

dulo produtor de aldosterona na glândula suprarrenal

direita do paciente.

O caso apresentado neste relato é um exemplo clássi-

co da apresentação clínica de um Aldosteronoma, pois

além da hipertensão persistente o paciente apresen-

tava hipopotassemia espontânea e sintomatologia

decorrente desse distúrbio eletrolítico, traduzido por

cansaço físico sem esforço compatível.

Os Adenomas produtores de Aldosterona são tumo-

res geralmente pequenos, benignos e unilaterais, e

têm indicação de rastreio com exame de imagem

quando os casos demonstram HAS associada à hi-

pocalemia ou HAS persistente a despeito do uso de

anti-hipertensivos.

O diagnóstico é confirmado por nível sérico elevado

de aldosterona e reduzido da renina. O mais indica-

do a seguir é realizar o cálculo da relação Aldoste-

rona/Atividade Plasmática da Renina, considerado

sugestivo de HAP quando for superior a 20. Valo-

res abaixo de 10 são observados em outras situa-

ções como tumor secretor de renina, coartação da

aorta ou doença renovascular.

Deve-se então ser realizado um dos quatro testes

considerados definitivos, confirmatórios, para HAP:

sobrecarga de sódio por via oral e posterior dosa-

gem da excreção urinária de sódio, infusão endo-

venosa de solução salina e posterior dosagem da

aldosterona sérica, teste com captopril e verifica-

ção dos níveis plasmáticos de aldosterona e renina

e teste com fludrocortisona.

Consolidado o diagnóstico de HAP após a realiza-

ção de algum dos testes confirmatórios, o mais

indicado é investigar sua etiologia, através, inicial-

mente, de um exame de imagem, preferencialmen-

te TAC ou RNM, para se comprovar ou excluir a prin-

cipal causa de HAP que é o adenoma de adrenal.

O exame padrão-ouro, no entanto, é o cateterismo

das veias suprarrenais, que consegue diferenciar

doença unilateral ou bilateral, seja por adenoma

ou hiperplasia das glândulas adrenais, orientando

assim o tratamento mais adequado: adrenalecto-

mia laparoscópica nos casos de doença unilateral e

tratamento clínico com antagonista do receptor de

mineralocorticóide para doença bilateral.

A indicação para realizar o cateterismo venoso da

suprarrenal é dado de acordo com o tamanho do

nódulo revelado na TAC ou RNM, sendo obrigató-

ria para nódulos menores que 1 cm e indicado pela

maioria dos autores para nódulos de 1-3 cm. Nó-

dulo maior que 3 cm é considerado indicativo de

carcinoma.

Esse caso ilustra a necessidade da pesquisa de

causas secundárias de hipertensão arterial.

REFERÊnCiAS01. Pietro Accetta, Italo Accetta, Renato Accetta, Keila Bor-

ba Campos, Antônio Carlos Accetta. Revista do Colégio

Brasileiro de Cirurgiões. Vol.37, No.4 - Rio de Janeiro Jul/

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