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1 CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO CEARÁ FACULDADE CEARENSE CURSO DE TURISMO ELEM CLARISSA FIRMIANO LOPES CINE SÃO LUIZ: RESGATE DA MEMÓRIA E CULTURA DO POVO CEARENSE FORTALEZA 2013

CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO CEARÁ FACULDADE … · Cine São Luiz: resgate da memória e cultura do povo cearense / Elem Clarissa Firmiano Lopes. – 2013. 62f. Il. Orientador:

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CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO CEARÁ

FACULDADE CEARENSE

CURSO DE TURISMO

ELEM CLARISSA FIRMIANO LOPES

CINE SÃO LUIZ:

RESGATE DA MEMÓRIA E CULTURA DO POVO CEARENSE

FORTALEZA

2013

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ELEM CLARISSA FIRMIANO LOPES

CINE SÃO LUIZ:

RESGATE DA MEMÓRIA E CULTURA DO POVO CEARENSE

Monografia apresentada ao Curso de Turismo da Faculdade Cearense, como requisito parcial para obtenção do título de bacharel em Turismo sob a orientação da Profª Jacqueline Holanda.

FORTALEZA

2013

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Bibliotecário Marksuel Mariz de Lima CRB-3/1274

L864c Lopes, Elem Clarissa Firmiano

Cine São Luiz: resgate da memória e cultura do povo

cearense / Elem Clarissa Firmiano Lopes. – 2013.

62f. Il.

Orientador: Profª. Jacqueline Holanda.

Trabalho de Conclusão de curso (graduação) – Faculdade

Cearense, Curso de Turismo, 2013.

1. Turismo - patrimônio. 2. Cinema - cultura. 3. Cine São

Luiz – Preservação. I. Holanda, Jacqueline. II. Título

CDU 338.485(813.1)

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ELEM CLARISSA FIRMIANO LOPES

CINE SÃO LUIZ:

RESGATE DA MEMÓRIA E CULTURA DO POVO CEARENSE

Monografia como pré-requisito para obtenção do título de Bacharelado em Turismo, outorgado pela Faculdade Cearense – FaC, tendo sido aprovada pela banca examinadora composta pelos professores. Data de aprovação: 25/06/2013

BANCA EXAMINADORA

________________________________________________

Professor (a) Ms. Jacqueline Holanda Tomaz de Oliveira (Orientadora)

________________________________________________

Professora (a) Ms. Maria Elia dos Santos Vieira

________________________________________________

Professor Ms. Mansueto da Silva Brilhante

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A Deus.

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AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar a Deus por ter me presenteado com saúde e força para trilhar

essa caminhada, sem desistir e nem olhar para trás.

Aos meus Pais, Inês e Eldair Lopes, por todo apoio, incentivo e amor incondicional.

A minha irmã Elaine Larissa e meu amor Victor Lacerda por todo incentivo e suas

importantes contribuições.

Aos meus grandes amigos de infância e da vida, que sempre acreditaram em mim e

hoje comemoram comigo essa grande vitória.

A Compassion do Brasil, na pessoa do Pr. Wendell Miranda, pelo investimento em

minha vida acadêmica, pelas orações e pelo acompanhamento espiritual.

Aos meus grandes amigos e colegas de faculdade, em especial minha amiga Myrele

Monyque, pelo estudo em equipes, incentivo mútuo e por fazer parte de minha vida

e história.

A Faculdade Cearense pelo acolhimento e ao corpo docente pela contribuição em

meu aprendizado, em especial a minha orientadora Profª Jacqueline Holanda que

me instruiu e me incentivou a prosseguir.

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“Trabalhamos hoje para concertar o que

fizemos de errado ontem.”

(Autor Desconhecido)

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RESUMO

Este trabalho possui como tema central contribuir com a preservação da memória e

representatividade histórica do edifício Cine São Luiz, localizado na Praça do

Ferreira, no centro cidade de Fortaleza. Foi realizado um apanhado documental

sobre a história do lugar e são relatados fatos ocorridos da trajetória do lugar desde

sua construção até o seu declínio. Serão apresentados quatro capítulos utilizando a

metodologia de estudo de caso, usando as pesquisas bibliográficas e a pesquisa de

campo. Os resultados obtidos foram satisfatórios, levando em consideração o grau

de conhecimento das pessoas entrevistadas a cerca do Cine São Luiz.

Concluiu-se que o Cine São Luiz não está sendo aproveitado e utilizado como

deveria, ressaltando a grande importância que a edificação tem para Fortaleza como

um marco potencial do turismo cultural cearense, mas de acordo com entrevista com

o Coordenador Otávio Menezes responsável pelo Cine hoje, a restauração do prédio

está programada, incluindo sua fachada e sala cinematográfica, descobrindo até

novas formas de utilização do espaço como o palco de teatro encontrado atrás da

tela principal do cinema, e visa atender a nossas expectativas de melhor utilização

do patrimônio histórico e cultural agora subutilizado.

Palavras-chaves:Turismo; Patrimônio;Cultura;Cine São Luiz; Preservação.

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ABSTRACT

This work has as its central theme contribute to the preservation of historical memory

and representation of the building Cine São Luiz, located in Ferreira Square, in the

center city of Fortaleza. We conducted a roundup documentary about the history of

the place and are reported events occurred the trajectory of the place from its

construction to its decline. Four chapters are presented using a case study

methodology, using the library research and field research. The results were

satisfactory, taking into account the level of knowledge of respondents about the

Cine São Luiz.

It was concluded that the Cine São Luiz is not being tapped and used as it should,

stressing the great importance that the building has to Fortaleza as a landmark

potential of cultural tourism in Ceará, but according to an interview with the

Coordinator responsible for Cine Octavius Menezes today the restoration of the

building is scheduled, including its facade and film room, discovering new ways to

use the space as the theater stage found behind the main screen of the cinema, and

aims to meet our expectations of better use of historical and cultural now

underutilized.

Keywords:Tourism; Heritage; Culture; Cine São Luiz; Preservation.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

FIGURA 01: Edifício São Luiz: um dos principais marcos arquitetônicos da Praça do

Ferreira. A direita o edifício Sul América .................................................................37

FIGURA 02: Vista nordeste do Edifício Cine São Luiz com um desenho

aerodinâmico e uma volumetria em forma de L ......................................................40

FIGURA 03: Planta do 13º pavimento do Edifício São Luiz, evidenciando a planta

livre possibilitada pela estrutura em concreto armado ............................................54

FIGURA 04: Planta de coberta do Edifício São Luiz ...............................................54

FIGURA 05: Corte longitudinal, sentido norte-sul, do Edifício São Luiz, sem a

representação da sala cinematográfica ...................................................................54

FIGURA 06: Corte transversal, sentido leste-oeste, do Edifício São Luiz, sem a

representação da sala cinematográfica ...................................................................55

FIGURA 07: Planta do 6º pavimento do Edifício São Luiz, inteiramente tomado por

salas de maiores dimensões e que marca uma transição para o agenciamento

espacial dos pavimentos seguintes .........................................................................55

FIGURA 08: Planta do 7º pavimento do Edifício São Luiz, a partir do qual se

conforma uma ocupação “U” e periférica das salas ................................................55

FIGURA 09: Planta do 8º ao 11º pavimentos do Edifício São Luiz. Enquanto a caixa

de circulação vertical não se localiza de forma equidistante em relação a todas as

salas, os blocos de sanitários coletivos já se dispõe de modo mais central ...........56

FIGURA 10: Planta do 12º pavimento do Edifício São Luiz. O vazio central possibilita

uma melhor iluminação e ventilação das salas e circulações .................................56

FIGURA 11: Plantas parciais do térreo, 2º, 3º, 4º e 5º pavimento do Edifício São Luiz

................................................................................................................................56

FIGURA 12: Fachada leste do Edifício São Luiz. O coroamento da edificação,

originalmente escalonado, sofreu uma intervenção posterior, sendo complementado

................................................................................................................................57

FIGURA 13: Fachada sul do Edifício São Luiz, a qual abriga, no térreo, o acesso a

torre vertical .............................................................................................................57

FIGURA 14: Vista nordeste do Edifício São Luiz, a partir da Praça do Ferreira. Na

torre predomina a sua massa edificada, ritimada pelas prumadas das esquadrias

................................................................................................................................57

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FIGURA 15: Cine São Luiz no dia de sua inauguração com o filme Anastácia ......58

FIGURA 16 E 17: Hall de entrada Cine São Luiz ....................................................58

FIGURA 18: As famosas poltronas vermelhas, hoje em estado de abandono,

esperam a muito tempo por uma reforma ...............................................................59

FIGURA 19: Letreiro utilizado na fachada do Cinema para informação dos filmes em

cartaz ......................................................................................................................59

FIGURA 20: Período de declínio do Cine São Luiz ................................................59

FIGURA 21: Matéria do Jornal O Povo, em 23 de Dezembro de 2010 sobre acordo

da Compra do Cine São Luiz pela SECULT............................................................60

FIGURA 22: Documento de aquisição do Cine São Luiz em Fortaleza pela

Secretaria de Cultura ..............................................................................................60

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 01: Faixa Etária dos homens .....................................................................46

Gráfico 02: Faixa Etária das mulheres ...................................................................46

Gráfico 03: Escolaridade ........................................................................................47

Gráfico 04: Ocupação dos entrevistados ...............................................................47

Gráfico 05: Cine São Luiz ......................................................................................48

Gráfico 06: Estrutura das salas de cinema ............................................................48

Gráfico 07: O Cine São Luiz pode voltar a funcionar? ...........................................49

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

COPAHC - Coordenadoria de Patrimônio Histórico e Cultural

DERT CE - Departamento de Edificações, Rodovias e Transportes do Ceará

FECOMÉRCIO - Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado do

Ceará

IMOPEC - Instituto da Memória do Povo Cearense

IUOTO - International Union of Official Travel

MTUR - Ministério do Turismo

OMT - Organização Mundial de Turismo

ONU - Organização das Nações Unidas

SECULT - Secretaria da Cultura

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................15

2 TURISMO E CULTURA .......................................................................................17

2.1 Turismo e História .............................................................................................17

2.2 Turismo Cultural ................................................................................................23

2.3 Patrimônio Histórico e Cultural no Ceará .........................................................26

2.4 Turismo Cultural no Ceará ................................................................................31

3 O CINE SÃO LUIZ E SEU LEGADO ...................................................................32

3.1 A arquitetura Art Déco .......................................................................................35

3.2 Identidade e Histórico do Cine São Luiz............................................................37

3.3 Estrutura e Funcionamento do Cine hoje ..........................................................41

4 Metodologia Aplicada .......................................................................................43

4.1 Análise dos dados .............................................................................................45

4.2 Análise das pesquisas .......................................................................................46

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................50

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................52

ANEXOS .................................................................................................................54

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1 INTRODUÇÃO

O turismo sempre esteve presente na história da humanidade, é um

fenômeno que cresce a cada dia e que é compreendido como uma atividade

indispensável no mundo de hoje. Traz vários benefícios para o local onde está

inserido e para os que desfrutam de seus prazeres, melhora as condições de vida,

gera empregos e ensina sobre a importância de preservar a cultura dos povos. É

dividido em vários segmentos que envolvem vários setores, sendo assim de grande

importância para a economia.

De acordo com Dias (2005), o hábito de viajar é muito antigo, a

humanidade sempre se deslocou sendo impulsionada por vários interesses, como a

busca de alimento para a sobrevivência com as famílias nômades e a busca de

conhecimento através dos costumes de outros povos.

Para Ignara (2003), o turismo é um produto elaborado com matérias-

primas da natureza, recursos naturais, ou cultura imaterial e simbólica, recursos

culturais, somando a outros equipamentos como a prestação de serviços, seja na

hospedagem, alimentação, transportes, etc.

O turismo e a cultura sempre andaram juntos, existe uma grande

variedade de aspectos que podem ser explorados a respeito de um povo, como seus

costumes, sua arte, seus hábitos e crenças, e isto é de grande valia para a

preservação de sua identidade.

O patrimônio cultural agrupa bens materiais e imateriais, que trazem uma

diversidade de ofertas para o turismo cultural. Dias (2006) define o patrimônio

cultural como o conjunto de bens materiais e não materiais que foram legados pelos

nossos antepassados e que tem a perspectiva de transmitir para as gerações

futuras, novos conteúdos e de novos significados.

Este trabalho apresenta-se com o tema Cine São Luiz, Resgate da

memória e cultura do povo cearense, tendo como objetivo mostrar a importância do

patrimônio cultural que está diretamente relacionado com a história e tem um marco

importante para a cidade de Fortaleza, identificando seu valor turístico e cultural

perante a sociedade atual; analisando a trajetória do Cine São Luiz e sua

importância para o patrimônio cultural e turístico do estado do Ceará.

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O trabalho está dividido em quatro capítulos, sendo o primeiro capítulo

uma breve apresentação sobre turismo e cultura: turismo e história, turismo cultural,

patrimônio histórico e cultural no Ceará e turismo cultural no Ceará, mostrando suas

origens e definições.

O segundo capítulo relata sobre o Cine São Luiz e seu legado, sua

arquitetura no estilo Art Déco, identidade e histórico, estrutura e funcionamento nos

dias atuais, demonstrando sua funcionalidade e prestígio no decorrer do tempo,

justificando sua nobre existência no centro da cidade de Fortaleza como espaço

cultural tombado.

O terceiro capítulo expõe a metodologia escolhida, o estudo de caso

sendo aplicado com um questionário feito com os frequentadores do entorno da

Praça do Ferreira, onde se localiza o Cine São Luiz, também foram realizadas

pesquisas bibliográficas com diversos tipos de materiais. Serão apresentadas a

análise dos dados e análise da pesquisa.

O quarto e último capítulo são as últimas considerações a cerca do Cine

São Luiz e a apresentação dos objetivos alcançados. A justificativa para que o

mesmo seja exaltado como potencial turístico para Fortaleza. Com o estudo de caso

foi analisado o conhecimento das pessoas acerca do Cine São Luiz, ao final do

trabalho os gráficos mostram os resultados da pesquisa realizada e algumas

imagens representam o nosso objeto de estudo. Inicia-se agora o primeiro capítulo.

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2 TURISMO E CULTURA

O turismo surgiu da necessidade humana de deslocar-se e buscar

conhecimento, engloba várias áreas de estudo como a geografia, história, economia,

sociologia, entre outras. Sempre houveram os deslocamentos por vários motivos e

com o surgimento de novas tecnologias estes se tornaram cada vez mais

estruturados. O turismo é um fenômeno que envolve vários setores como as

agências de viagens, os transportes, a gastronomia e a hospedagem. Atividade que

gera lucratividade e vários benefícios para a cidade e sua comunidade local.

Serão expostos vários tipos de turismo, incluindo o turismo cultural que

será o nosso objeto de estudo, definições de patrimônio histórico e cultural, suas

subdivisões, informações sobre tombamento e caraterísticas de conscientização e

conservação dos equipamentos arquitetônicos.

2.1 Turismo e História

Desde a antiguidade havia os deslocamentos humanos por vários

motivos, como a sobrevivência através da caça e da germinação de sementes que

serviam como alimento. Beni (1997) relata que após um período em que o homem

começou a domesticar os animais e aprendeu a cultivar novas plantas, não havia

mais a necessidade de deslocar-se para sobreviver.

Na antiga Grécia as pessoas viajavam por diversos motivos sendo eles

religiosos, esportivos ou por necessidade de conhecimento. “Assim, iam os gregos

visitar o oráculo de Delfos em grande número e se deslocavam periodicamente para

Olímpia para participar dos Jogos Olímpicos ou assistir a eles, ou viajavam para

outras terras para satisfazer a curiosidade de conhecer outros lugares, como é o

caso de Homero, que os descreve em seu livro Odisséia” (Dias 2005, p. 11).

Os romanos viajavam longas distâncias exclusivamente para conhecer

grandes templos. “Foram eles que desenvolveram grande capacidade de viagens a

longa distância. Chegavam a viajar cerca de 150 km por dia fazendo a troca

periódica dos cavalos que puxavam suas carroças. Ao longo das vias de circulação

eram montados pontos de trocas de animais, o que permitia vencer grandes

distâncias em tempos relativamente curtos” (Ignara2003, p. 3).

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Beni (1997) fala que mesmo em meio a essas descobertas, o homem

nunca deixou de se locomover por vários outros motivos. Em Roma os

deslocamentos eram feitos por motivo de saúde, descanso e lazer. Ao passar dos

anos os desbravadores foram descobrindo com as grandes navegações, novas

terras, povos, e educação para os filhos, com os meios de transporte foi se tornando

cada vez melhor o acesso a outras terras, assim os deslocamentos começaram a

ser frequentes.

Ignara (2003) aponta que no fim do império romano as viagens foram

sofrendo decréscimo. Foram acontecendo assaltos com grupos organizados de

bandidos e as viagens se tornaram grande aventura pelo perigo que representavam.

Iniciando na Idade Média, as Cruzadas eram as exceções pois eram organizadas

para a visitação de centros religiosos na Europa e para libertar Jerusalém do

domínio dos árabes. Sendo talvez essas viagens as desbravadoras para o turismo

em grupos, iniciando também as técnicas de acampamento e campismo.

No final da Idade Média as viagens foram se propagando. “Criaram-se

extensas vias de circulação de comerciantes ao longo do território europeu,

primórdios das autoestradas hoje existentes. No entroncamento dessas vias

surgiram as grandes feiras de trocas de mercadorias. Tratava-se, pois, do início das

feiras que atualmente provocam grande fluxo de turismo no mundo todo” (Ignara

2003 p. 4).

De acordo com Beni (1997) surge no século XVIII um novo tipo de

viajante que acompanha as transformações econômicas e culturais na Europa do

Iluminismo e da grande Revolução Industrial. O fenômeno que surgiu era de grande

parte inglesa, a nação que liderava o mundo no comércio e nos métodos industriais

e agrícolas de produção. Grupos se beneficiavam gerando riqueza para o próprio

país o que fazia aumentar gradativamente o dinheiro, poder e as viagens

constantes.

O Grand Tour1 se constituía em jornadas que duravam de um ou até mais

de três anos, os jovens ricos eram acompanhados por instrutores que possuíam

vasto conhecimento sobre os locais visitados, estes jovens buscavam conhecimento

1Saiba mais sobre o Grand Tour no livro Análise Estrutural do Turismo de Mário Beni (1997) e

no artigo de Valéria Salgueiro “O Grand Tour”.

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de uma ou mais línguas. Essas viagens tornaram-se essenciais na educação de

todo inglês de posse.

Beni (1997) relata que a nobreza era quem mais contribuía com essas

viagens, mas com a ascenção de uma nova classe social, a burguesia, e a

decadência da nobreza o Grand Tour passou a incorporar elementos plebeus com

recursos financeiros suficientes para a realização das mesmas viagens. A medida

que o século findava o turismo foi se expandindo e alcançando os que tinha menos

condições, eram feitas viagens curtas optando por viajar até os Países Baixos. Os

maiores motivos de viagem nessa época se davam pelos avanços da

industrialização e grandes feiras eram realizadas para os interessados na ciência e

nas novas técnicas que eram utilizadas.

Foi no início do século XIX que surgiram as palavras turismo e turista.

Segundo Dias (2005, p. 6), foram encontradas as seguintes definições sobre os

termos no dicionário Inglês The Shorter Oxford EnglishDictionary, publicado nos

anos de 1810 e 1811.

Turismo: a teoria e a prática de viajar, por prazer. Turista: pessoa que faz uma ou mais excursões, especialmente alguém que faz isso por recreação. Alguém que viaja por prazer ou cultura, visitando vários lugares por seus objetivos de interesse, paisagem etc.

Ignara (2003) descreve que o turismo foi crescendo ao longo dos anos e

novas definições foram surgindo para dar suporte às mudanças que foram

acontecendo. O turismo foi se constituindo cada vez mais um fenômeno de massa e

implicando na economia. Na Roma de 1963 foi realizado um Congresso sobre

Viagens Internacionais e Turismo, pela ONU juntamente com a União Internacional

das Organizações Oficiais de Viagens, tendo objetivo de estabelecer definições que

facilitassem o trabalho estatístico em diversas nações.

Neste Congresso foram denominados que seriam turistas os visitantes

temporários que permanecessem pelo menos de 24 horas no país visitado cujo

objetivo fosse lazer ou família, negócios ou missão. E seriam considerados

excursionistas os visitantes temporários que permanecessem menos de 24 horas no

país visitado e não pernoitassem.

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A Organização Mundial do Turismo, OMT2 é a principal organização

internacional do turismo. Surgiu no Congresso Internacional de Associações Oficiais

de Tráfego Turístico que aconteceu em 1925 na Holanda. Seu nome passou a ser

União Internacional de Organizações Oficiais de Viagens, IUOTO do inglês

(International Union Official Travel) e foi transferida para Genebra, na Suíça. Em

1974, foi transformada em um órgão intergovernamental, e em 2003, tornou-se uma

agência especializada das Nações Unidas, passando a se chamar OMT.

De acordo com o artigo 3º do parágrafo 1º do Estatuto da Organização

Mundial do Turismo3 de 1970:

O objetivo principal da Organização é o de promover e desenvolver o turismo com vista a contribuir para a expansão econômica, a compreensão internacional, a paz, a prosperidade, bem como para o respeito universal e a observância dos direitos e liberdades humanas fundamentais, sem distinção de raça, sexo, língua ou religião.

Segundo a OMT o turismo é descrito como:

Atividades realizadas por pessoas durante viagens e estadias em lugares distintos de seu entorno habitual, por um período de tempo inferior a um ano, com finalidade de lazer, negócios e outros motivos não relacionados com o exercício de alguma atividade remunerada no lugar visitado.

Conforme Dias (2005), existem três tipos básicos de turismo: o turismo

interno (ou doméstico); o turismo receptivo e o turismo emissor (ou emissivo). O

turismo interno é aquele realizado pelos visitantes que viajam dentro de seu próprio

país. Por exemplo, as viagens realizadas para a visita de parentes no interior. O

turismo receptivo é realizado pelos visitantes que não são residentes no país, na

região, ou localidade. Um exemplo seria no Brasil as visitas dos argentinos. O

turismo emissor é o turismo realizado pelos residentes para fora do país, da região,

ou localidade. Exemplo deste seria a ida de brasileiros a Miami.

Destes três tipos básicos derivam outras categorias: o turismo interior, o

turismo nacional e o turismo internacional. O turismo interior é a combinação do

turismo doméstico (interno) com o turismo receptivo. É realizado tanto pelos

residentes, quanto pelos não residentes, num determinado país. O turismo nacional

2 Informações retiradas do site: http://clubedoturismologo.blogspot.com.br/2012/05/omt-organizacao-mundial-do-turismo.html 3Estatuto da Organização Mundial do Turismo disponível em:

http://www.direitoshumanos.usp.br/index.php/Turismo/estatuto-da-organizacao-mundial-de-turismo.html

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é a soma do turismo doméstico com o turismo emissor. É o movimento de visitantes

residentes tanto dentro como fora do país. O turismo internacional é o movimento de

visitantes dentre os diferentes países.

Por meio da Carta do Turismo Cultural4 a OMT estabeleceu que “turismo

denominado cultural é originado pelo desejo de visitar e conhecer as diversas

manifestações dos patrimônios natura, histórico-monumental e cultural das

diferentes regiões e países”.

Relacionando os termos de turismo e viagem, Beni (1997) fala que esses

termos são definidos de várias formas e possuem várias conotações em diversos

lugares. Seja por necessidade, lazer ou outro objetivo, os mesmos são sempre visto

de forma conjunta, não se faz turismo sem viajar. Entretanto, o viajante nem sempre

viaja a turismo, seja a um deslocamento em um transporte público dentro do seu

espaço habitual ou ainda a lugares não habituais como fazem os imigrantes.

Portanto, alguns países definem distâncias mínimas para que os deslocamentos

sejam considerados como turismo. O viajante se enquadra como uma pessoa que

se desloca de um ponto a outro seja temporariamente ou permanentemente

independendo do motivo pelo qual este se deslocou.

Para as primeiras viagens existiu um estudioso em destaque, Thomas

Cook5, que organizou a primeira viagem em larga escala a turismo utilizando as vias

férreas e oferecendo vários serviços. Foi também o pioneiro nas atividades de

agenciamento, produzindo pacotes turísticos e utilizando marketing para atrair seus

clientes, revolucionando e motivando os demais da época para trabalhar com o

Turismo.

Dias (2005) constata que Cook estabeleceu um sistema de cupons que

eram utilizados nos transportes, hotéis e restaurantes, considerados como os

antecedentes dos cheques de viagens que seriam criados mais tarde. A Suíça

tornou-se popular como destino turístico de inverno em 1863 através do trabalho da

empresa de Cook, que em 1872 realizou uma volta ao mundo.

4Carta do Turismo Cultural disponível em: http://www.turismo.gov.br/turismo/home.html 5O primeiro agente de viagens conhecido no mundo inteiro, mais relatos sobre esse grande

pioneiro do Turismo em: blog.thomascook.com

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Já no Brasil a história do turismo começa a partir do descobrimento do

país. “Documentos históricos mostram que navegadores espanhóis, franceses,

holandeses e ingleses exploraram as costas brasileiras” (Dias 2003, p. 6).

Ignara (2003, p. 6):

Com a instalação das capitanias hereditárias e do Governo-Geral, criou-se um turismo de negócios entre metrópole e a colônia e também a necessidade das viagens de intercâmbio cultural, pois os filhos das classes mais abastardas eram mandados a Portugal para estudar.

Um marco foi importante em nossa história “que está relacionada à

famosa expedição de Von Humboldt, naturalista alemão que empreendeu longa

viagem por grande parte do território brasileiro pesquisando a flora” (Ignara 2005, p.

7).

Ignara (2005, p. 7) afirma que:

No início do século XIX a Corte Portuguesa transfere-se para o Brasil e com isso há um grande desenvolvimento urbano, notadamente no Rio de Janeiro. Cresce a demanda por hospedagem na cidade em razão da visita de diplomatas e comerciantes, iniciando-se, assim a hotelaria brasileira.

No século XIX a evolução dos transportes propiciou um grande avanço

para o turismo, notadamente para a cidade do Rio de Janeiro, “existiam cerca de

200 estabelecimentos, entre hotéis, hospedarias e restaurantes. Em 1885, é

inaugurado o trem para subir ao Corcovado, que existe no local até hoje. Trata-se do

primeiro atrativo turístico a receber uma infraestrutura. Em 1908, é inaugurado o

Hotel Avenida, no Rio de Janeiro, com 220 quartos, o maior do Brasil, marcando o

início da hotelaria moderno do País” (Ignara 2003, p. 7).

A partir dos grandes benefícios relacionados a turismo e Lazer, o turismo

foi tomando forma e se segmentando para atender a diversos públicos. Lohmann e

Netto(2008) relata que as empresas adotaram a segmentação do mercado para a

especialização e otimização dos recursos existentes entre a demanda e a oferta.

Com a segmentação os viajantes podiam conhecer os lugares desejados

de acordo com seus gostos e desejos. O turismo cultural era um segmento muito

procurado por estudantes e apreciadores de cultura e conhecimento.

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2.2 Turismo Cultural

Em relação à cultura, Laraia (2001) diz que esta é de grande importância

para a identidade de um povo, carrega consigo a história, os segredos e verdades

que caracterizam e distingue um povo dos demais. Possui elementos significantes

para a vivência da comunidade e dos turistas que absorvem conhecimento.

De acordo com Laraia (1986, p. 45):

O homem é o resultado do meio cultural em que foi socializado. Ele é umherdeiro de um longo processo acumulativo, que reflete o conhecimento e a experiência adquiridas pelas numerosas gerações que o antecederam. Amanipulação adequada e criativa desse patrimônio cultural permite asinovações e as invenções.

O turismo cultural segundo Laraia (2001), possui uma grande variedade

de aspectos que podem ser explorados pelos visitantes e valorizam o cotidiano

produzindo belas manifestações que podem ser observadas e estudadas e

acrescenta muito em atratividade para os turistas. Com o turismo cultural há a

presença de economia e pessoas que trabalham e se especializam para a recepção

de visitantes com manifestações típicas do local. Estes locais tornam-se referência e

já esperam por visitantes nos períodos em que as festas acontecem, exemplo disso

são as festas típicas do Bumba-meu-boi e demais reisados no estado do Ceará.

Ignara (2005, p.11) fala a respeito da cultura relacionada ao Turismo que:

Os canais pelos quais uma localidade turística se apresenta são os fatores culturais: artesanato, folclore, religião, gastronomia típica, arquitetura histórica, arquitetura contemporânea etc.

Segundo Marcos Conceituais,MTUR (2010, p.15):

O turismo cultural compreende as atividades turísticas relacionadas à vivência do conjunto de elementos significativos do patrimônio histórico e cultural e dos eventos culturais, valorizando e promovendo os bens materiais e imateriais da cultura.

Laraia (2001) esclarece que sendo assim a cultura é bastante valorizada

de forma que se torna fundamental para na qualidade do produto turístico,

relacionando história, danças, artes, gastronomia, esculturas e arquitetura

constituindo museus e formando conceitos dos lugares visitados. Os turistas

costumam visitar lugares procurando conhecer seus principais atrativos, sejam

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culturais, naturais, históricos e sociais. A partir desse ponto o turista se introduz na

cultural local e torna-se expectador do que a localidade tem a oferecer.

Ignara (2005) destaca que existe um conceito chamado life-seeing

tourism (turismo vivencial), que procura um maior contato dos visitantes com os

moradores locais, sendo hóspedes nas casas dos nativos e podendo participar do

cotidiano dessas pessoas.

A relação entre o turismo e a cultura de acordo com o MTUR, se origina

no Grand Tour Europeu, quando os aristocratas e a burguesia viajavam para

contemplar monumentos, ruínas e obras de arte gregas e romanas. Vindo destes

tempos antigos à atualidade, a cultura vem sendo uma das principais razões de

viagem, sendo que os povos são buscadores de cultura. O fluxo turístico no caso

deste segmento cultural, não depende de condições climáticas como o turismo de

sol e praia, possibilitando assim que estas atividades sejam realizadas durante o ano

todo. O turista cultural valoriza a cultura e sua particularidade, o mesmo busca se

relacionar com a comunidade e identificar os saberes e atrativos locais.

Marcos Conceituais, MTUR (2010, p. 14) fala a respeito de cultura:

Desde os primórdios até a atualidade, a cultura continua a ser uma das principais motivações das viagens em todo o mundo e durante muito tempo as destinações eram exclusivamente os grandes conjuntos arquitetônicos,, os museus e os lugares que abrigavam os tesouros materiais de culturas passadas.

O patrimônio histórico e cultural é de grande valia para nossos estudos,

da mesma forma o patrimônio natural. Destaca-se no livro de Funari (2005) que no

Turismo o patrimônio histórico e cultural pode atuar como um grande aliado para

trazer as informações necessárias e ser um grande equipamento de visitação do

público. De acordo com Ignara (2003), na medida em que há o interesse turístico o

patrimônio se torna mais preservado e torna-se viável economicamente conservá-

los, sendo assim o turismo é um grande interventor na preservação do patrimônio e

provocando a concentração de turistas e de serviços turísticos ao seu entorno.

O conceito cultural em si possui várias propriedades, nos fala a respeito

de conhecimento, crença, arte, leis e costumes, moral, raças, hábitos e demais

possibilidades que marcam fortemente um povo, traz realização e torna o homem

membro de uma sociedade.

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Tylor (1871) fala sobre a cultura como um objeto de estudo para

compreender a humanidade, estudou pelo ponto de vista antropológico e formulou

leis pelo processo cultural e a evolução. O homem nada mais é do que o resultado

do meio em que foi exposto, ao meio em que viver, ao qual foi socializado.

Marcos Conceituais, MTUR (2010, p.16) fala que:

O Turismo Cultural implica em experiências positivas do visitante com o patrimônio histórico e cultural e determinados eventos culturais, de modo a favorecer a percepção de seus sentidos e contribuir para sua preservação. Vivenciar significa sentir, captar a essência, e isso se concretiza em duas formas de relação do turista com a cultura ou algum aspecto cultural: a primeira refere-se àsformas de interação para conhecer, interpretar, compreender e valorizar aquiloque é o objeto da visita; a segunda corresponde às atividades que propiciam experiências participativas, contemplativas e de entretenimento, que ocorremem função do atrativo motivador da visita.

Conforme MTUR (2006), sobre patrimônio cultural é explanado que o

mesmo se caracteriza por seu caráter intangível e dinâmico, os usos, as

representações e expressões, bem como rituais e danças e demais atividades estão

sujeitas a mudanças impostas pelo cotidiano do homem que evolui constantemente.

Sendo por esta razão que cada vez mais existe a busca pela promoção e

interpretação do patrimônio para que o mesmo não perca seu valor. É indispensável

para essa segmentação do turismo o envolvimento das áreas de turismo e cultura

estabelecendo parcerias com antropólogos, historiadores, educadores, profissionais

do turismo e demais estudiosos a fim de promover a cultura.

Marcos Conceituais, MTUR (2010, p.16) define patrimônio histórico e

cultural:

Patrimônio histórico e cultural os bens de natureza material e imaterial que expressam ou revelam a memória e a identidade das populaçõese comunidades. São bens culturais de valor histórico, artístico, científico, simbólico, passíveis de se tornarem atrações turísticas: arquivos, edificações, conjuntos urbanísticos, sítios arqueológicos, ruínas, museus e outros espaços destinados à apresentação ou contemplação de bens materiais e imateriais,manifestações como música, gastronomia, artes visuais e cênicas, festas ecelebrações. Os eventos culturais englobam as manifestações temporárias, enquadradas ou não na definição de patrimônio, incluindo-se nessa categoria os eventos gastronômicos, religiosos, musicais, de dança, de teatro, de cinema,exposições de arte, de artesanato e outros.

No Ceará podem ser encontrados patrimônios históricos e culturais que

dão significado a vários eventos culturais e carregam consigo a história de um povo.

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2.3 Patrimônio Histórico E Cultural no Ceará

Marco construtivo na paisagem urbana de Fortaleza, o Cine São Luiz é

um equipamento de extrema importância e significado para a história de nossa

cidade. Tem como palco principal a Praça do Ferreira, no coração da cidade,

equipamento cultural que cria elos, dinamizando encontros culturais e possibilitando

a criação de ações estratégicas para a Secretaria da Cultura.

É destacado pela exuberância da arquitetura e por possuir elementos

significantes de uma época de pioneirismo audiovisual no Brasil, especialmente em

Fortaleza, Recife e Rio de Janeiro. Grande patrimônio histórico-cultural de suma

importância arquitetônica.

Barretto (2000, p. 9) descreve que a palavra patrimônio possui vários

significados. O mais comum é:

Conjunto de bens que uma pessoa ou uma entidade possuem. Transportado a um determinado território, o patrimônio passa a ser o conjunto de bens que estão dentro de seus limites de competência administrativa. Assim, patrimônio nacional, por exemplo, é um conjunto de bens que pertencem a determinado país. Independentemente do corte territorial, que implica a delimitação do patrimônio dentro de fronteiras geopolíticas, há outros cortes pelos quais o patrimônio pode ser analisado.

Conforme Gonçalves apud Barretto (2000, p. 26):

Assim como a identidade de um indivíduo ou de uma família pode ser definida pela posse de objetos que foram herdados e que permanecem na família por várias gerações, também a identidade de uma nação pode ser definida pelos seus monumentos- aquele conjunto de bens culturais associados ao passado nacional. Esses bens constituem um tipo especial de propriedade: a eles se atribui a capacidade de evocar o passado e, deste modo, estabelecer uma ligação entre passado, presente e futuro.

O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional - IPHAN apud

Lohmann e Netto (2008, p. 11) define patrimônio cultural segundo a orientação da

UNESCO:

O patrimônio cultural não se restringe a imóveis oficiais isolados, igrejas ou palácios, mas, na sua concepção contemporânea, se estende a imóveis particulares, trechos urbanos e até ambientes naturais de importância paisagística, passando por imagens, mobiliário, utensílios e outros bens móveis. Por esse motivo, é possível realizar uma das mais importantes distinções que se pode fazer com relação ao patrimônio cultural, pois sendo ele diferente das outras modalidades da cultura restritas apenas ao mercado cultural, apresenta interfaces significativasimportantes segmentos da economia, ampliando exponencialmente o potencial de investimentos.

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Segundo Funari e Pinsky (2005), o patrimônio é a forma de pensar em

nossa herança cultural, significa algo construído para ser uma representação do

passado histórico e cultural de uma sociedade, sendo nomeado como um conjunto

de bens culturais de uma nação. É possível pensar também que a construção do

patrimônio cultural é um ato que depende das concepções de cada época, e saber

por que e para quem preservar, envolvendo assim a várias pessoas como os

próprios cidadãos, diversos setores e o poder público.

O patrimônio cultural até a primeira metade deste século “foi sinônimo de

obras monumentais, obras de arte consagradas, propriedades de grande luxo,

associadas às classes dominantes, pertencentes à sociedade política ou civil”

(Barretto 2000, p. 8).

O patrimônio pode ser classificado em duas grandes divisões: natureza e

cultura. “Patrimônio natural são as riquezas que estão no solo e subsolo, tanto as

florestas quanto as jazidas. Quanto ao patrimônio cultural, esse conceito vem sendo

ampliado à medida que se revisa o conceito de cultura” (Barretto 2000, p. 9).

Funari e Pinsky (2005, p. 12) a respeito de cultura e patrimônio

acrescentam que:

Além de servir ao conhecimento do passado, os remanescentes materiais de cultura são testemunhos de experiências vividas, coletiva ou individualmente, e permitem aos homens lembrar e ampliar o sentido de pertencer a um mesmo espaço, de partilhar uma mesma cultura e desenvolver a percepção de um conjunto de elementos comuns, que fornecem o sentido de grupo e compõem a identidade coletiva.

Segundo Barretto (2000, p. 15) preservar e conservar o patrimônio

significa muito:

Preservar significa proteger, resguardar, evitar que alguma coisa seja atingida por alguma outra que lhe possa ocasionar dano. Conservar significa manter, guardar para que haja uma permanência no tempo. Desde que guardar é diferente de resguardar, preservar o patrimônio implica mantê-lo estático e intocado, ao passo que conservar implica integrá-lo no dinamismo do processo cultural.

Afirmam ainda Funari e Pinsky (2005) que a forma de pensar nossa

herança cultural como um lugar de memória, vai de encontro à prática de

preservação do patrimônio que se estabeleceu no país na década de 1930 e, até

certo ponto, ao próprio rumo assumido pelas atividades de turismo no Brasil.

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Dias (2006, p. 16) aborda sobre cultura turística que:

Remete à participação das pessoas na busca de melhores condições para tornar essa atividade possível como foram de gerar benefícios à comunidade. Pode-se considerar a cultura turística como parte da cultura mais geral da sociedade, orientada ao conhecimento e à valorização dessa atividade, que busca a satisfação do visitante e a obtenção de mais benefícios para as comunidades receptoras.

História e arte atraem a muitos turistas, assim os museus estão cheios de

apreciadores buscando obter informações e preencher os olhos com o acervo

oferecido. Com a utilização de forma inteligente do acervo cultural e destaque no

turismo, este pode ser de grande valor para os visitantes e constituir em uma grande

motivação para viagem.

Sobre cultura imaterial Ignara (2003, p. 12) sintetiza:

A cultura imaterial refere-se a todos os valores, atitudes, crenças, normas e outros aspectos da cultura presentes nas mentes e nos corações de um grupo específico de pessoas. Esses elementos são importantes para fornecer a singularidade de cada cultura ... A paisagem cultural corresponde a uma intersecção entre os patrimônios cultural e natural; constitui-se na marca da humanidade sobre a terra.

Funari e Pinsky (2005) reforçam que a preocupação com o patrimônio é

essencial para as expectativas de um turismo promissor. A preservação da cultura

brasileira traz o crescimento do nacionalismo, a ampliação das cidades e a

valorização em massa do país.

De acordo com DIAS (2006, p 14) o patrimônio cultural está dividido entre

bens materiais (tangíveis) e bens imateriais (intangíveis) sendo constituído da

seguinte forma:

O patrimônio cultural material ou tangível está constituído por: construções antigas, ferramentas, objetos pessoais, vestimentas, museus, cidades históricas, patrimônio arqueológico e paleontológico, jardins, edifícios militares e religiosos, cerâmicas, escultura, monumentos, documentos, instrumentos musicais e outros objetos que representam a capacidade de adaptação do ser humano ao seu ambiente e a forma de organização da vida social, política e cultural. O patrimônio cultural não material ou intangível é formado por todos aqueles conhecimentos transmitidos, como as tradições orais, a língua, a música, as danças, o teatro, os costumes, as festas, as crenças, o conhecimento, os ofícios e técnicas antigas, a medicina tradicional, a herança histórica, entre outros.

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Funari e Pinsky (2005, p. 16, 17) relatam que:

A construção do patrimônio cultural é um ato que depende das concepções que cada época tem a respeito do que, para quem e por que preservar. A preservação resulta, por isso, da negociação possível entre os diversos setores sociais, envolvendo cidadãos e poder público. (...) Assim, acreditamos que preservar o patrimônio cultural – objetos, documentos escritos, imagens, traçados urbanos, áreas naturais, paisagens o edificações – é garantia que a sociedade tenha maiores oportunidades de perceber a si própria.

No patrimônio cultural material se enquadra o Cine São Luiz, por sua

edificação e elementos arquitetônicos com grande valor cultural e histórico, que é o

nosso objeto de estudo e será explanado no próximo capítulo.

O reconhecimento público do valor do patrimônio se faz presente na

expressão “tombamento”, seja de forma arqueológica, etnológica, paisagística,

histórica e de artes aplicadas. Funari e Pinsky (2005, p.20) definem tombamento

como:

Principal instrumento jurídico até hoje aplicado para impedir a destruição de bens culturais, não implica a perda de propriedade do bem; a responsabilidade de sua conservação continua sendo do proprietário que é impedido de demoli-lo, de descaracterizá-lo ou, quando se trata de um objeto de arte, de retirá-lo dos limites do território nacional, sem prévia aprovação do órgão competente.

De acordo com o MTUR (2006, p.17) sobre o tombamento:

O tombamento configura-se um ato administrativo realizado pelo Poder Público com o objetivo de preservar, por intermédio da aplicação de legislação específica, bens de valor histórico, cultural, arquitetônico, ambiental e também de valor afetivo para a população, impedindo que venham a ser destruídos ou descaracterizados. Podem ser tombados bens pertencentes à União, aos estados, Distrito Federal e municípios, bem como as pessoas físicas ou jurídicas de direito privado. Nesse último, o tombamento pode se dar de forma voluntária ou compulsória caso o proprietário se recuse a anuir à inscrição do bem. O tombamento pode ser solicitado por qualquer cidadão ou instituição pública.

O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, IPHAN6 fala sobre

o processo de tombamento que “após avaliação técnica preliminar, o patrimônio é

submetido à deliberação das unidades técnicas responsáveis pela proteção aos

bens culturais brasileiros. Caso seja aprovada a intenção de proteger um

6Maiores informações no portal do IPHAN: http://portal.iphan.gov.br/portal/montar

PaginaSecao.do?id=12576&retorno=paginaIphan

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determinado bem, seja natural ou cultural, é expedida uma notificação ao seu

proprietário. Essa notificação significa que o bem já se encontra sob proteção legal,

até que seja tomada a decisão final, depois de o processo ser devidamente

instruído, ter a aprovação do tombamento pelo Conselho Consultivo do Patrimônio

Cultural e a homologação ministerial publicada no Diário Oficial. O processo

finalmente termina com a inscrição no livro do Tombo e a comunicação formal do

tombamento aos proprietários”.

Segundo o MTUR, destaca-se que o tombamento pode ser feito pela

União, por meio do IPHAN; pelo governo do estado, pelo Instituto do Patrimônio

Histórico e Artístico do Estado ou outro órgão que seja similar; e pelas

administrações municipais.

Barretto (2000) salienta que o tombamento de prédios de valor histórico

pressupõe apenas que eles não poderão ser alterados em sua aparência externa.

Segundo pesquisas do IPHAN7, são altos os custos de manutenção das

antigas construções e poucos são os incentivos do poder público para tal finalidade,

a sociedade tão pouco se mobiliza para preservar edificações históricas e poucas

são as propostas para a revitalização dos prédios por conta da grande especulação

imobiliária.

Sobre o tombamento do Cine São Luiz, o jornal O Povo Online relata que

o patrimônio foi tombado pelo Governo do Estado do Ceará por meio do decreto de

nº 21.309, em 13 de março de 1991 e sob a tutela da Secretaria da Cultura

(SECULT), na Coordenadoria de Patrimônio Histórico e Cultural (COPAHC).

O Theatro hoje pertence à família Severiano Ribeiro, a compra foi feita

por meio da SECULT, e o valor foi aproximadamente R$ 2,2 milhões, por conta do

tombamento, o bem está acima de valorizações monetárias, porque agrega valores

imensuráveis. O Cine é um bem muito valioso para o Ceará, pois contribui no

fortalecimento de nossa cultura, acrescenta com a valorizaçãode nossa identidade e

atraindo os cidadãos ao espaço público. É o que o nosso turismo no Ceará precisa

hoje, para que não perdure somente a idéia de que o atrativo de nossa terra é o sol

e mar, mas nossa cultura cearense, rica em belezas.

7Pesquisas encontradas no portal do IPHAN: http://portal.iphan.gov.br/portal/montar

PaginaSecao.do?id=12576&retorno=paginaIphan

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2.4 Turismo Cultural no Ceará

Logo após a escravatura houve uma efervescência intelectual no Ceará, a

historiografia cearense marcou grande presença. Souza (2004) relata que foram

fundadas as revistas A Quinzena, Clube, Revista do Instituto, Revista

Contemporânea, Ceará e A Avenida. A fundação da Padaria Espiritual, extravagante

sociedade de letras, em 1892, com a participação, entre outros de Adolfo Caminha,

Lívio Barreto e Rodolfo Teófilo, coroa todo o processo. Porém a Academia Cearense

foi a associação de mais destaque à época, vindo a tornar-se, mais adiante,

Academia Cearense de Letras.

Ponte (2009, p. 16) narra que:

A capital do Ceará consolida-se como polo econômico-social hegemônico da região na segunda metade do século XIX, a partir da grande exportação de algodão para o mercado externo (décadas de 1860 e 1870). As melhorias que se seguiram em seu porto, a implantação da estrada de ferro Fortaleza-Baturité (1873) e a multiplicação de firmas estrangeiras concorreram para esse inédito crescimento comercial e para a constituição da cidade enquanto mercado de trabalho urbano.

Daí em diante a paisagem urbana foi se modificando, ganhando seus

primeiros sobrados, casas, mansões e palacetes, imponentes prédios públicos,

calçamento nas vias principais, extensa rede de iluminação e gás carbônico. “Lojas

e cafés com nomes franceses, armazéns, oficinas e novos estabelecimentos

comerciais ocuparam espaço nas ruas em volta da Praça do Ferreira, deslocando as

residências para vias mais afastadas” Ponte (2009, p. 17).

Segundo Souza (2004), a cidade expandia-se visivelmente, mas corria o

risco de fazê-lo de forma desordenada. Para disciplinar seu crescimento espacial, o

engenheiro-arquiteto Adolfo Herbster foi contratado de Pernambuco pelo governo do

Ceará, e em 1875, elaborava a “Planta Topográfica de Fortaleza e Subúrbios”.

Souza (2004, p. 166) descreve:

Atualizando o sistema de traçado urbano na forma de xadrez esboçado por Silva Paulet para a cidade em 1818, o plano urbanístico de Herbster estendia o alinhamento das ruas até os subúrbios. O plano incluiu ainda a abertura de três avenidas (as atuais avenidas do Imperador, Duque de Caxias e D. Manoel) circundando o perímetro central. Objetivando facilitar o tráfego urbano, tais avenidas ainda hoje concorrem para o desafogamento do trânsito congestionado do centro da cidade.

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3 O CINE SÃO LUIZ E SEU LEGADO

Nas primeiras décadas do século XX, o conjunto de reformas se

intensificou na capital cearense. Afirma Ponte (2009) que o advento da república e

logo a seguir a chegada do novo século reforçaram ainda mais os anseios por

alinhar o Brasil à modernidade. Os centros urbanos, lugares de transformação

histórica, tornaram-se alvos centrais desse revigoramento da vontade civilizatória

das grandes elites republicanas.

Segundo Farias (2011), em boa parte do mundo, o período entre o final

do século XIX e o início do século XX, ficou conhecido como Belle Époque, ou seja,

bela época em francês, mostrando não só o domínio econômico e político, mas

também cultural da Europa sobre o mundo.

Farias (2011, p. 118) fala que:

Era comum ver pessoas usando chapéus, luvas, bengalas, cartolas, roupas pesadas e luxuosas, tudo conforme a moda europeia, debaixo do sol escaldante de Fortaleza! A intenção daquelas pessoas era tornar clara sua boa situação econômica e se mostrar como pessoas “modernas, civilizadas e de bom goto”.

Souza (2004) fala que tão logo o século começou e já foram remodeladas

as três principais praças: Praça do Ferreira, Marquês do Herval Praça (José de

Alencar, hoje) e Praça da Sé. Os logradouros ganharam vistosos jardins, estátuas

clássicas, chafarizes e vasos importados. Os jardins eram como pequenas réplicas

do Passeio Público, em seus três principais centros haviam essas ilhas paradisíacas

e seguras, assim os citadinos mais distintos podiam se sentir como se estivessem

em Paris, enquanto assistiam ao espetáculo do movimento urbano.

Souza (2004, p. 185) aborda sobre o fim da vigência da belle époque:

A remodelação da Praça do Ferreira, procedida pela gestão municipal do prefeito Godofredo Maciel em 1925, operou uma verdadeira cirurgia plástica naquele espaço: além de implantar salva-vidas e alamedas laterais para facilitar o trânsito, exigiu a demolição dos quatro cafés afrancesados e do jardim 7 de Setembro, por ocuparem quase toda praça, deixando-a mais aberta ao fluxo de pedestres. Os únicos meros toques de embelezamento permitidos foram a instalação de retilíneos e estreitos canteiros de flores nas extremidades da praça e um coreto aberto em seu centro. A demolição dos cafés e do jardim da Praça do Ferreira simboliza assim o fim da vigência da belle époque em Fortaleza.

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Farias (2011) relata sobre a Praça do Ferreira que era bastante

frequentada. Ali ficava o estacionamento dos bondes e era o local onde o boticário

Ferreira (Antônio Rodrigues Ferreira) promovia um animado carnaval popular

chamando a atenção de todos para a sua farmácia. O boticário Ferreira foi várias

vezes prefeito de Fortaleza e o nome da praça foi dado em homenagem a ele.

Conforme Souza (2004), surgiram em Fortaleza novas formas de lazer,

como o espaço social dos clubes e as telas dos cinemas. Até a década de vinte, a

vida social se restringia às festas dançantes residenciais, aos filmes exibidos no

Majestic e no Moderno, aos domingos e feriados à noite, e as retretas realizadas no

Passeio Público que atraíam aos interessados.

Silva (2007, p.11) fala que:

Antes da década de 1920, o cinema na capital cearense, no que concerne aos espaços de exibição cinematográfica, era uma atividade comercial realizada por exibidores (caso de Victor Dimaio, Henrique Mesiano, Júlio Pinto e Severiano Ribeiro) que disputavam o mercado exibidor local. A concorrência imposta por Luiz Severiano Ribeiro, no entanto, minou progressivamente os demais exibidores. O êxito de Luiz Severiano Ribeiro foi tamanho que antes do término da década de 1920 ele já estava atuando no mercado exibidor cinematográfico da então capital federal, a cidade do Rio de Janeiro.

Segundo Silva (2007), no início o cinema era um lazer barato, um

divertimento popular, sendo os filmes exibidos em locais como circos, feiras e sendo

parte de um espetáculo de variedades. Seu público era composto por pessoas

pobres, iletradas e do sexo masculino. Posteriormente, com a sua maior autonomia

e crescimento, a exibição cinematográfica deixa de ser uma atividade de exibidores

ambulantes para se fixar em salas.

Souza (2004, p. 199) retrata a respeito da empresa Severiano Ribeiro:

A empresa Severiano Ribeiro controlava a maioria dos cinemas existentes. Pouco a pouco, os seus concorrentes, inclusive os dos bairros, conhecidos como “poeiras”, foram sendo eliminados pelo poder de expansão daquele grupo. A empresa Jango mantinha os cinemas Rex, Odeon e Santos Dumont. O Cine Diogo, construído pelo proprietário que teria o seu nome perpetuado, fora considerado o mais luxuoso da cidade e também foi adquirido pelo grupo Severiano Ribeiro. Antes do Diogo, o Majestic fora a atração dos que procuravam diversão. O Moderno também era bastante frequentado.

Segundo Costa (1995), no início os filmes foram exibidos como

curiosidades ou peças de entreato nos intervalos de apresentações ao vivo em

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circos, feiras ou carroças. Essa forma de difusão permaneceria viva em zonas

suburbanas ou rurais. O preço cobrado pelo ingresso não podia funcionar como

mecanismo de seleção do público, pois era ainda muito baixo e coincidia de ser o

mesmo dos vaudevilles. Em 1897, seria inaugurada a primeira sala fixa

cinematográfica no Brasil. Tal inauguração ocorreu no Rio de Janeiro, sendo essa

inicialmente por Salão de Novidades e posteriormente sendo chamada de Salão de

Paris no Rio, propriedade de Paschoal Segreto e Cunha Sales.

Sobre o estabelecimento da prática de exibição cinematográfica em salas

Silva (2007, p. 11), expõe que:

Passou a ser exigido do público novas condutas durante as exibições, pois antes tais exibições eram feitas ao ar livre. Tal situação era nova, uma vez que a sala de cinema era um espaço novo e que exigia novas condutas por parte dos frequentadores. Com o advento da sala de cinema os frequentadores deveriam assistir aos filmes com uma postura diferente, pois a concentração de pessoas em uma sala fechada não permitia o ato de fumar, de falar alto, de cuspir no chão ou até mesmo o uso do chapéu por parte das frequentadoras. Além disso, a sala estava tornando-se um espaço elitizado, com a criação de filmes segundo novos parâmetros estéticos e formais e a construção de salas em prédios luxuosos para atender uma clientela abastada.

Souza (2004) narra que a esperança de modernização dos cinemas de

Fortaleza reservava-se à inauguração do São Luiz, cujo edifício fora iniciado desde a

década de quarenta. A demora no andamento da obra repercutia nas discussões da

Câmara Municipal, de onde requerimentos partiam solicitando que houvesse

aceleração nas obras. A construção fora iniciada, mas o prédio inacabado era tido

como algo que afeiava a Praça do Ferreira.

Souza (2004, p. 202) descreve:

Em 1957, o cone São Luiz ainda estava em construção e muitas pessoas incluíam nos seus roteiros ao centro da cidade a visita ao comentado prédio, em fase de acabamento. A decoração deslumbrava a todos, pois a pintura em alto relevo embelezava o interior da sala de projeção, que dispunha de tapetes e lustres, além de algumas paredes e pias de mármore. A longa escadaria da sala de espera, ostentando os corrimões de bronze, dispunha de refrigeração e alto-falantes com sistema estereofônico. Daí a classificação bairrista “do maior cinema da América do Sul”.

O Cine São Luiz adotou as linhas estéticas do Art Déco em sua

arquitetura seguindo uma tendência muito forte da época, mesclando uma apego à

tradição do luxo europeu com salas espaçosas e com toques de requinte.

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3.1 A arquitetura Art Déco

Segundo Fulvia e Leimer (2008) o Art Déco é a abreviação do nome da

famosa ÉxpositionInternacionaledés Artes Décoratifs et IndustrielsModernes de

1925, em Paris. Essa exposição marcou o fim das influências tradicionais e

principiou a união entre arte e indústria. Além de uma data histórica, representou

também todo um estado de espírito: assim como as AnnéesFolles sucederam à

Belle Époque, o Art Déco sucedeu ao Art-Nouveau em suas linhas mais austeras,

retilíneas e despojadas, expressas principalmente por Mackintosh , na Inglaterra e

Hoffman na Austrália, na primeira década do século.

Fulvia e Leimer (2008, p. 15) falam que:

É importante frisar que nem toda a arte decorativa dos anos 20 e 30 é ArtDéco, este foi um estilo mais tipicamente francês, mas não se confinou à França. Destacam-se, na Alemanha, no DeutscherWerkbund, e na Áustria, no WiennerWekstante. Naquela época, estas manifestações passaram praticamente despercebidas, tendo sido “redescobertas” apenas há poucos anos atrás.

O Anuário da Arquitetura Cearense (2007, p. 9) descreve:

O termo ArtDecò é habitualmente associado às manifestações no campo das artes decorativas e da arquitetura que se produzem a partir da segunda metade da década de 1920, marcadas pela utilização de estruturas geometrizadas, de forte influência cubista, a consagração desta tendência ocorreu com a Grande Exposição Internacional de Artes Decorativas e Industriais Modernas, que acontece em Paris entre Abril e Outubro de 1925. A exposição apresenta uma mostragem geral da produção de artesãos, artistas e decoradores, distribuídos em pavilhões de várias procedências, mesclando tendências de toda sorte. O ArtDecò foi um novo estilo de designer requintado e elegante, que se popularizou como forma de estilizar os contornos, geometrizando superficialmente as figuras representadas em objetos de decoração de interiores como vasos, tapetes, mobiliário, luminária, vitrais etc. A estilização de figuras e a utilização de motivos geométricos, também foram introduzidos nas artes gráficas, na propaganda, no designer de jóias, estamparias, arranjos florais e na moda.

Segundo o Anuário de Arquitetura Cearense (2007), nos anos anteriores

à Primeira Guerra Mundial já se iniciara uma difusão dos movimentos de vanguarda

pelas artes decorativas. A maior influência do ArtDecò foi o cubismo, entretanto

outras vanguardas históricas contribuíram com intensidade variada para o designer

dos anos 1920.

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“O fauvismo (pelas cores intensas), o futurismo (pelas linhas

aerodinâmicas dos carros, aviões e trens, pelas cores metálicas das máquinas, pelo

ritmo sincopado nas representações da velocidade, símbolo máximo da era

moderna), bem como as diversas correntes abstratas” Anuário da Arquitetura

Cearense (2007, p. 9). O Art Déco absorveu o desejo de eliminar a hierarquia

existente entre belas artes e artes aplicadas reafirmando a importância do artista-

artesão no designer e na produção.

De acordo com o Anuário de Arquitetura Cearense (2007) o ArtDecò no

Brasil encorpou referências a motivos indígenas e amazonenses, introduzidos e

popularizados por artistas que retornaram ao país depois de estadias na Europa ao

longo dos anos 1920, principalmente pelos membros da família Graz-Gomide, John

Graz, sua mulher Regina Gomide Graz, e o irmão desta, Antônio Gomide.

Com uma maior acessibilidade8 deste estilo às camadas populares, o Art

Déco se dissemina mais e passa a integrar o dia-a-dia das pessoas, seja na esfera

da propaganda, nos utensílios de casa, nos acessórios femininos no universo da

moda fashion, nos móveis, entre outros. O Art Déco se espalhou por todo o

continente europeu e pela América do Norte, se insinuando pela esfera da música,

do cinema, da arquitetura, entre outros setores culturais.

Borges (2006, p. 96) fala que:

Em consonância com a tendência nacional, foi sobretudo através do ArtDecò que se apresentaram então as primeiras iniciativas de atualização da arquitetura local a esses preceitos, emergindo assim obras marcadas pela geometrização de seus elementos construtivos e decorativos, pela adoção de novas técnicas e materiais, por uma nova escala urbana e por uma maior preocupação com as questões de ordem econômica e racional.

Castro (1997) relata que as novidades chegavam à cidade por intermédio

das escassas revistas profissionais publicadas na época, assim os fortalezenses

obtinham informações sobre o que ocorria de modernização nas demais cidades.

“E foi somente no fim da década de 1950, mais precisamente em 1958,

que a edificação mais emblemática de todo processo de mudança e modernização

dos parâmetros arquitetônicos e da paisagem urbana, foi inaugurado o Cine São

Luiz” (Borges 2006, p. 179).

8Informações sobre a acessibilidade do ArtDecò disponíveis no site:

http://www.infoescola.com/movimentos-artisticos/art-deco/

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3.2 Identidade e Histórico do Cine São Luiz

Figura 01:

Edifício São Luiz: um dos

principais marcos

arquitetônicos da Praça

do Ferreira. À direita o

edifício Sul América.

Fonte: Museu da Imagem

e do Som de Fortaleza.

Supõe-se no artigo de Susie Barreto da Silva9 que para conhecer a

história da construção da cultura de outros povos, deve-se primeiro conhecer a

história da própria cultura, saber como se deu a construção da mesma, e como foi

seu processo de evolução e desenvolvimento. Só assim pode-se conhecer e

entender outras culturas. Após conhecer a própria cultura, o indivíduo compreende a

importância de mantê-la viva na memória, protege-la, valorizá-la, preservando nossa

história, o que somos, nosso crescimento, desenvolvimento, nossas características,

nossa identidade.

O Ceará é um rico celeiro de manifestações culturais que vão do litoral do

sertão às serras. A memória cultural10 é concebida como patrimônio material,

imaterial e natural cuja preservação consiste, acima de tudo, o desenvolvimento da

memória e identidade dos povos, visto que o patrimônio se constitui um referencial

físico, simbólico e afetivo que enlaça gerações, transmitindo aos mais novos a

experiência e o modo de vida daqueles que os antecederam.

Borges (2006) fala que iniciada a construção em 1939, as obras em lenta

progressão e paulatinamente despontando no céu, fizeram parte do cenário urbano

por quase duas décadas, tornando-se uma verdadeira incógnita a sua conclusão ou

9Susie Barreto da Silva mestre e doutora em ciências da educação possui um artigo com

o tema: A importância das raízes culturais para a identidade cultural do indivíduo, disponível na página: http://meuartigo.brasilescola.com/artes/a-importancia-das-raizes-culturais-para-identidade-.htm.

10Informações retiradas do site do IMOPEC – Instituto da Memória do Povo Cearense,

maiores informações podem ser encontradas em: http://www.imopec.org.br/?q=node/4

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não. A edificação localizava-se a Rua Major Facundo, 510, na Praça do Ferreira,

ponto principal da cidade, sendo que era impossível ignorá-la e não manter

nenhuma expectativa em relação a sua construção inacabada. Sendo esta a

promessa de que sería um dos mais modernos e luxuosos cinemas do Brasil.

Acerca da Praça do Ferreira Barroso11 poetiza (2001, p. 26):

Donzela provinciana, desfilaste nas alamedas avoengas do Passeio Público, ouvindo valsas de Strauss e flertando com dândis matutos. Depois conheceste os barulhentos literatos da Praça do Ferreira, cheios de bom humor e irreverência. Ao abrigo da Coluna da Hora, aprendeste a democracia dos desocupados. Por um momento, esqueceste teu passado tapuia e te acreditaste metropolitana, funcionária pública, balzaquiana melindrosa. Mas foi tudo provisório como os cenários de uma operata, rápido e fugaz como uma cena de cinema mudo. Veio a poesia moderna, os filmes falados e a coca-cola. O mundo invadiu-nos a sala. Todas as paisagens tornaram-se passageiras, todos os símbolos perecíveis e a vida feita de matéria precária.

O Cine São Luiz, “Inaugurado a 26 de Março de 1958, com a exibição do

filme Anastácia, em um grande evento social marcado pela presença das mais altas

autoridades de Fortaleza e dos vultos proeminentes da política, sociedade e do

comércio” (Borges 2006, p. 180).

De acordo com matéria12 do Diário do Nordeste eram exigidos que os

homens usassem paletó e as mulheres espontaneamente se vestiam como se

fossem para um grande acontecimento social com vestidos e jóias de qualidade.

Todos deviam estar muito bem vestidos para poder frequentar o lugar. Após o

festival de inauguração, o Cine São Luiz passou a fazer três lançamentos por

semana, com cinco sessões nos dias úteis e sete aos domingos. Os lançamentos

eram às segundas, quartas e sextas-feiras. Nos domingos, havia uma concorrida

pré-estréia em duas matinais. Só os grandes sucessos de bilheteria demoravam

uma semana ou mais em exibição.

11Texto retirado do site http://www.digitalmundomiraira.com .br/Patrimonio/CearaCulturaContextos/Diversificado/Ceara%20-%20Uma%20cultura%20mestica.pdf que possui trechos do livro “ Ceará Uma cultura Mestiça de BARROSO, Oswaldo (2001). 12

Matéria de José Augusto Lopes em comemoração aos 50 anos do Cine São Luiz, disponível no site do Diário do Nordeste: http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=523285

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Durante o seu primeiro mês de existência relatos13 informam que:

O São Luiz exibiu um festival com lançamentos diários das mais importantes produções cinematográficas em cartaz na época. Multidões se aglomeravam na Praça do Ferreira, em imensas filas que faziam a volta do quarteirão e chegavam a encontrar-se na Rua Barão do Rio Branco.

“Em uma única oportunidade, o imponente cinema conseguiu reunir

novamente as grandes platéias de sua fase áurea: foi quando da exibição do

fenômeno “Titanic”, com Leonardo DiCaprio, que conseguiu lotar os 1.300 lugares

durante semanas seguidas. Nem mesmo o Cine-Ceará, agora Festival Íbero-

Americano de Cinema, tem conseguido preencher todos os lugares da imensa sala

como nos primeiros anos de sua realização” (Matéria de José Augusto Lopes, Diário

do Nordeste, 2008).

Em relação à arquitetura relatos14 informam:

O edifício possui um hall, cujas escadarias têm piso e revestimento em mármore Carrara, além de três grandes lustres de cristal importados da antiga Tchecoslováquia. A edificação passou por algumas modificações para acompanhar as inovações tecnológicas, como a implantação de equipamento de som mais moderno.

Borges (2006, p. 181) descreve:

Com estrutura em concreto armado, o edifíco de 13 pavimentos - com térreo incluso - oferecia uma clara leitura tripartida em base, corpo e coroamento. Em sua face leste, abrindo-se para a Praça do Ferreira, encontravam-se as duas bilheterias, ninchos para a divulgação dos cartazes e os acessos ao foyer. O acesso à torre se dava pela fachada Sul, através de uma rua de pedestre que liga a Praça à rua Barão do Rio Branco.

Benedito (1999, p. 27) relata sobre o Cine São Luiz:

Projeto: Humberto da Justa Menescal. Estilo: ArtDecò. Inauguração: em 26 de março de 1958 e passou a ser o mais moderno da cidade. No local funcionou: A livraria Oliveira, de Joaquim Oliveira, ponto de palestras das pessoas mais cultas da cidade; Livraria de Hermínio Barroso; o Restaurante de Efren Gondim e Loja de Moda Amadeu, de Amadeu Carvalho Rocha. Proprietário: Grupo Luiz Severiano Ribeiro.

13Mais relatos sobre a inauguração do Cine São Luiz disponíveis em: http://fortalezanobre.blogspot.com.br/2010/06/cine-sao-luiz_07.html. 14Informações sobre edificação e arquitetura do edifício no Blog Fortaleza Nobre da escritora

Leila Nobre: http://fortalezanobre.blogspot.com.br/2010/06/cine-sao-luiz_07.html.

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Descrição minuciosa sobre as instalações e demais informações sobre o

Cine São Luiz segundo o Jornal O Povo do ano de 1958:

Quatro portas de ferro no frontispício, onde se acham as duas bilheterias;quatro portas de um lado e duas do outro. Por qualquer dessas penetra-se no seu recinto suntuoso. O hall para a plateia e para o balcão, com suas escadarias, tem o piso e o revestimento de mármore Carrara. Três grandes lustres de cristal, na parte interior, e cinco menores na sala que levam para o balcão emprestam ao ambiente aspecto ainda mais imponente. Em frente a um espelho de proporções, vê-se uma bela fotografia de Fortaleza, que ali ficará provisoriamente, pois o lugar é reservado para uma maquete em alto relevo, representando o vaqueiro. Ao ingressar na sala de projeção, não há como esconder a admiração pelo aprimoramento do serviço realizado e a obra de arte que é a decoração. 1.400 poltronas, da firma Brafor, de São Paulo, estão alinhadas de tal maneira de que qualquer uma delas se tem uma boa visão da tela de 14 metros para cinemascope. Tapetes cobrem toda a área destinada a movimentação da assistência. O teto e as paredes laterais estão decoradasem gesso. Osório Ferreira executou inicialmente o trabalho concluído por Marcelino Guido Budini, de descendência italiana. A pintura esteve a cargo de Schaffer&Harvath. O palco, que é de larga amplitude, tem adaptação para teatro, atendendo a todos os requisitos, dentro da técnica mais moderna. A Simplex forneceu a aparelhagem de projeção e som magnético estereofônico de alta fidelidade e quatro fabras.

Borges (2006, p. 182) observa:

As elevações norte e sul conformavam-se inusitadamente sob a forma de um L, remetendo a um desenho aerodinâmico, do tipo streamline, tal qual uma nau a ponto de partir de seu ancoradouro. Seu coroamento definia-se por um perfil recortado, no qual despontavam três volumes, nas fachadas norte, leste e sul, enquanto as pilastras arrematavam-se de forma escalonada. Em seu agenciamento espacial, os pavimentos tinham ocupações diferentes.

Figura 02:

Vista nordeste do edifício

São Luiz com um

desenho aerodinâmico e

uma volumetria em forma

de L.

Fonte:Arquivo Nirez

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3.3 Estrutura e Funcionamento do Cine hoje

Segundo matéria do Diário do Nordeste(2008):

Com a crescente popularidade da televisão e, sobretudo, após o surgimento de vários centros comerciais e de lazer nos bairros de Fortaleza, a luxuosa sala exibidora da Praça do Ferreira iniciou seu processo de decadência, dando sequência ao lamentável fechamento e demolição do Cine Moderno e à tragédia cultural representada pelo incêndio que consumiu, para sempre, o belo Majestic-Palace. O primeiro passo indicativo dessa mudança foi a abolição da exigência do uso de paletó, com o objetivo de atingir uma faixa mais popular de espectadores. Também deixaram de ser promovidos os clássicos festivais de aniversário com superproduções inéditas, que tanto sucesso obtinham, todos os anos, no final do mês de Março.

Segundo Borges (2006), atualmente os pavimentos destinados às salas

comerciais encontram-se fechados, muitos refletindo, internamente, um completo

estado de abandono e intervenções foram feitas nas fachadas, como a

complementação do coroamento escalonado.

Borges (2006, p. 182):

Em 1991, através do decreto nº 21.309 de 13 de março, o Cine São Luiz ficou sobre a proteção do Tombo Estadual, segundo a lei nº 9.109 de 30 de julho de 1968, o que não impediu, em 2005, o quase fechamento do cinema. Uma parceria entre o Grupo Severiano Ribeiro e o FECOMÉRCIO o transformou em Centro Cultural SESC/Luiz Severiano Ribeiro, garantindo a sobrevivência da sala cinematográfica.

Quando os shoppings centers começaram a expandir e oferecer salas

aconchegantes de cinema que se uniam a uma grande variedade de ofertas de lojas

e maior segurança, o Cine São Luiz começou a perder seu público fiel, e foi sendo

deixado para trás de pouco a pouco. A grande variedade de serviços como

lanchonetes e lojas foi um grande atrativo para as pessoas, assim conquistando a

muitos que antes possuíam apenas um lugar para assistir seus filmes.

De acordo com Otávio Menezes, historiador e coordenador daCOPAHC -

Coordenadoria de Patrimônio Histórico e Cultural, que hoje são os responsáveis pelo

prédio São Luiz, o hall de entrada, o cinema e a fachada são tombados, mas o

edifício São Luiz é particular. Hoje no edifício funcionam a própria COPAHC e

diversas outras salas comerciais. Desde o ano de 2006 o cinema não funciona, é

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aberto apenas para fotos de catálogo de lojas quando solicitado ou em outras

ocasiões especiais.

No período em que o prédio esteve fechado, em algumas vezes foi aberto

para exposições e demais atividades, porém, não está sendo realizada uma

manutenção correta. Otávio Menezes, o responsável pelo prédio, nos informa

durante nossa conversa, que se hoje quiséssemos visitar os interiores do cinema, de

certa forma não poderíamos, porque o prédio está sem energia elétrica, e possuem

somente algumas trancas nas portas sem muita segurança, há um tempo também

não é feita a limpeza e grandes panos cobrem os móveis, o que nos mostra um

completo estado de abandono e de certa forma deteriorando o patrimônio físico.

No período em que o Cine São Luiz estava sendo mantido pelo SESC, o

mesmo tentava erguê-lo com programações diversas, exposições artísticas, cursos

de arte e pintura,etc, porém o alto custo de manutenção impediu que essas

atividades continuassem, pois as mesmas não traziam lucro algum e o prédio não

conseguia se manter com seus próprios espetáculos.

Então, a Secretaria de Cultura do Estado do Ceará, tomou a frente,

cuidará do que hoje aos nossos olhos está abandonado e propôs que o mesmo

voltasse a funcionar como antes, então estão previstas várias mudanças para que o

espaço volte a ser utilizado e que os custos sejam minimizados.

O historiador Otávio Menezes nos fala ainda que está prevista uma

reforma para o Cine São Luiz que está avaliada em 17 milhões e o edital será

lançado em 17 de Junho deste ano de 2013. Está prevista uma restauração na

fachada além de renovação das famosas poltronas vermelhas e da sala

cinematográfica no total. Depois de grande seleção será escolhida a empresa que

será responsável por essa restauração. Após vários estudos feitos para o projeto de

restauração do prédio, foi encontrado um palco atrás da tela principal que se

entende por ser maior que o palco do Teatro José de Alencar; tendo em vista que o

Cine São Luiz foi projetado como Cine Teatro e no decorrer de sua vida foi apenas

utilizado como cinema, cobrindo com a grande tela o palco teatral. Este projeto de

restauração visa que o mesmo volte a funcionar da forma como foi estruturado e que

volte a ser um marco para Fortaleza, oferecendo aulas de teatro e dança e contando

com incentivos da Prefeitura de Fortaleza para que o prédio consiga manter-

seestável financeiramente.

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4 Metodologia Aplicada

A metodologia escolhida para este trabalho foi o estudo de caso e de

campo. Foram feitos estudos documentais utilizando livros de autores consolidados

e conhecidos na área de Turismo e várias pesquisas em sites, buscando fatos

históricos sobre o objeto de estudo, por fim, foram feitas entrevistas com os

frequentadores da Praça do Ferreira e breve visita ao edifício São Luiz.

Segundo Gil (2002, p. 54), o estudo de caso nada mais é que:

Uma modalidade de pesquisa amplamente utilizada nas ciências biomédicas e sociais. Consiste no estudo profundo e exaustivo de um ou poucos objetos, de maneira que permita seu amplo e detalhado conhecimento, tarefa praticamente impossível mediante outros delineamentos já considerados.

Yin (2001, p. 19) aponta que o estudo de caso:

É apenas uma das muitas maneiras de se fazer pesquisa em ciências sociais. Experimentos, levantamentos, pesquisas históricas e análises de informações em arquivos (como em estudos de economia) são alguns exemplos de outras maneiras de se realizar pesquisa. Cada estratégia apresenta vantagens e desvantagens próprias, dependendo basicamente de três condições: a) o tipo de questão da pesquisa; b) o controle que o pesquisador possui sobre os eventos comportamentais efetivos; c) o foco em fenômenos históricos, em oposição a fenômenos contemporâneos.

“O estudo de caso conta com muitas das técnicas utilizadas pelas

pesquisas históricas, mas acrescenta duas fontes de evidências que usualmente

não são incluídas no repertório de um historiador: observação direta e série

sistemática de entrevistas” (Yin 2001, p. 27).

Gil (2002, p. 54) fala que a utilização do estudo de caso tem como

diferentes propósitos:

a) explorar situações da vida real cujos limites não estão claramente

definidos; b) preservaro caráter unitário do objeto estudado; c) descrever a situação do contexto em que está sendo feita determinada

investigação; d) formular hipóteses ou desenvolver teorias; e e) explicar as variáveis causas de determinado fenômeno em situações

muito complexas que não possibilitam a utilização de levantamentos e experimentos.

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Gil (2002, p. 17) define pesquisa como:

Procedimento racional e sistemático que tem como objetivo proporcionar respostas aos problemas que são propostos. A pesquisa é requerida quando não se dispõe de informação suficiente para responder ao problema, ou então quando a informação disponível se encontra em tal estado de desordem que não possa ser adequadamente relacionada ao problema. A pesquisa é desenvolvida mediante o concurso dos conhecimentos disponíveis e a utilização cuidadosa de métodos, técnicas e outros procedimentos científicos.

As estratégias utilizadas nesse trabalho foram: a pesquisa histórica

(quem, quando, como, por que) e o levantamento de dados (quem, onde, quantos).

Foi elaborado um questionário de 20 perguntas visando saber o grau de

conhecimento das pessoas acerca do Cine São Luiz, se as pessoas conhecem o

prédio, a estrutura interna e externa, história, se já frequentaram ou pelo menos já

fizeram alguma visita rápida às instalações do edifício.

Essa metodologia foi escolhida com o objetivo de ouvir os que os

frequentadores da Praça do Ferreira têm a dizer, saber da história dos que

presenciaram essa época em que o cinema era bem frequentado e conhecer as

ansiedades dos fortalezenses sobre o Cine, o que poderia ser feito para melhoria do

lugar e ideias para uma futura reabertura do espaço.

Muitas pessoas alegaram que os grandes shoppings centers, com sua

grande variedade e salas de cinema de última geração, desafogaram a quantidade

de pessoas que frequentavam o centro da cidade, e em contra partida os cinemas

existentes no centro foram perdendo sua popularidade e foram sendo deixados de

lado. Com tudo isso a violência passou a reinar, a noite quando todas as lojas estão

fechadas o centro se torna um lugar escuro, perigoso e sem nenhum fluxo de

pessoas. Com essa decaída, o Cine São Luiz sem frequentadores e por ser um

prédio antigo necessitando de cuidados, não teve como se manter.

Otávio Menezes, coordenador da COPAHC, fala que realmente somente

a Secretaria de Cultura pôde continuar sustentando o edifício com a ajuda do

governo, pois sua manutenção custa muito caro.

Neste próximo capítulo serão apresentados todos os resultados

adquiridos com a pesquisa feita com os frequentadores da Praça do Ferreira. Serão

utilizados gráficos como respostas às perguntas utilizadas no questionário.

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4.1 Análise dos dados

O instrumento de coleta de dados utilizado foi o questionário de pesquisa

e os sujeitos entrevistados foram os cidadãos fortalezenses. Foram entrevistados

um total de 39 pessoas, sendo 19 homens e 20 mulheres. Os mesmo estavam

presentes na Praça do Ferreira na tarde de sábado do dia 18 de Maio de 2013,

muitos estavam descansando em seu horário de almoço, outros estavam em seu

horário de trabalho como as donos das bancas de jornais e outras pessoas que

vendiam bilhetes de loteria, e também participaram outras pessoas que estavam

somente a passeio ou fazendo compras.

Como entrevistadora, fui muito bem acolhida e as pessoas se

envergonhavam quando não sabiam falar sobre o prédio que estávamos em frente,

alguns diziam que sempre passaram em frente, mas nunca paravam para olhar,

outros falaram que o prédio estava em completo abandono e que antes era muito

bonito de se ver. As senhoras de mais idade falavam do Cine São Luiz com muito

amor e diziam que quando um rapaz convidava uma moça para ir ao cinema era

porque realmente estava muito interessado nela e demonstrava respeito com o

convite, a ida ao cinema era como ir a um grande evento e os trajes deviam ser

muito requintados. Muitas pessoas também vindas dos interiores do Ceará falavam

que não conheciam o cinema, porque quando vieram a Fortaleza o mesmo já estava

desativado. Os donos das bancas de jornais em sua grande maioria prestaram

depoimento sobre a época de que em cada novo filme que entrava em cartaz na

cidade era como um grande acontecimento e que as filas da bilheteria faziam várias

voltas na praça.

Depois de serem entrevistadas diversas pessoas entre adultos e idosos,

conseguimos perceber que as pessoas que frequentam todo dia a Praça do Ferreira

desconhecem o Cine São Luiz e não fazem idéia da importância que o mesmo tem

para a cidade de Fortaleza. As entrevistas confirmaram que os ambientes culturais

são muito pouco frequentados e por falta de publicidade e demais outros fatores,

são a cada dia esquecidos e hoje possuem um quadro de abandono, no papel são

tombados e de responsabilidade do governo, porémna prática estão longe de serem

reconhecidos como patrimônio cultural de uma cidade.

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4.2 Análise das pesquisas

Serão apresentados nesse capítulo todos os resultados obtidos com a

pesquisa de campo feita no dia 18 de Maio de 2013, às 15h, no coração de

Fortaleza, o centro da Cidade.

De acordo com os gráficos abaixo, serão identificados os perfis dos

entrevistados da pesquisa. Os dois primeiros gráficos falam da divisão dos homens

e mulheres, seu grau de escolaridade e sua ocupação. A maioria dos homens e

mulheres entrevistados possui idade entre 21 a 30 anos e seu grau de escolaridade

varia entre o ensino médio completo e o ensino superior incompleto. A grande

maioria das pessoas entrevistadas incluindo homens e mulheres possuem outras

rendas, como empregadas domésticas e pessoas assalariadas.

Gráfico 01:

5% dos homenstem faixa etária até os 20 anos, 32% tem de 21 a 30 anos, 26% tem

31 a 40 anos, 21% tem 41 a 50 anos e 16% tem idade acima de 51 anos.

Gráfico 02:

10% das mulheres tem faixa etária até os 20 anos, 45% tem de 21 a 30 anos, 10%

tem 31 a 40 anos, 30% tem 41 a 50 anos e 5% tem idade acima de 51 anos.

Faixa Etária dos Homens

Até 20 anos

21 a 30 anos

31 a 40 anos

41 a 50 anos

Acima de 51 anos

Faixa Etária das Mulheres

Até 20 anos

21 a 30 anos

31 a 40 anos

41 a 50 anos

Acima de 51 anos

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Gráfico 03:

18% dos entrevistados não concluíram o ensino fundamental, 21% possuem o

ensino fundamental, 8% não concluíram o ensino médio, 23% possuem o ensino

médio, 23% tem o ensino superior incompleto e 8% concluíram o ensino superior.

Gráfico 04:

18% dos entrevistados são estudantes, 23% são autônomos, 18% são aposentados

e 41% possuem outras rendas.

Os gráficos a seguir falam do conhecimento das pessoas sobre o Cine

São Luiz. Das 39 pessoas entrevistadas, 23 pessoas já visitaram ou frequentaram o

Cine São Luiz e as 23 avaliaram a estrutura das salas como boa, não concordando

com a extinção das salas de cinema. De forma geral os entrevistados responderam

que a arquitetura do prédio é muito boa, mas o seu estado de conservação nos dias

de hoje está muito ruim.

Escolaridade

Fundamental Incompleto

Fundamental Completo

Médio Incompleto

Médio Completo

Superior Incompleto

Superior Completo

Ocupação dos entrevistados

Estudantes

Autônomos

Aposentados

Outros

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Gráfico 05:

27% dos entrevistados gostam de cinema, 29% conhece o Cine São Luiz, 25% não

conhecem a história do Cine São Luiz e 19% já visitou ou frequentou o Cine.

Gráfico 06:

Nenhuma das pessoas entrevistadas avaliaram a estrutura das salas de cinema

como ótima, 56% avaliaram as salas como boas, 21% avaliaram como uma estrutura

regular, 10% disseram que era ruim e 13% desconheciam a estrutura.

Os gráficos seguintes mostram que na opinião da grande maioria dos

entrevistados, o Cine São Luiz poderia voltar a funcionar e poderia ser um ótimo

ponto de encontro para os jovens, sua localização no centro da cidade é muito boa e

sua reabertura podería atrair um bom público caso houvesse segurança de

qualidade na Praça do Ferreira.

Cine São Luiz

Gostam de cinema

Conhecem o Cine São Luiz

Não conhecem a história do Cine São Luiz

Já visitaram ou frequentaram

Estrutura das salas de cinema

Ótima

Boa

Regular

Ruim

Não conheço

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Gráfico 07:

79% das pessoas esperam e gostariam que o Cine São Luiz voltasse a funcionar e

apenas 21% acredita que ela não pode voltar a funcionar.

De acordo com os resultados do questionário feitos com as pessoas que

frequentam o local onde o Cine São Luiz se encontra, foram percebidos vários

aspectos como o desejo do fortalezense em resgatar sua cultura e não perder sua

identidade, mas em contra partida, sabemos que nossa realidade é outra e que a

maioria das pessoas entrevistadas possuem um pequeno conhecimento sobre o

Cine São Luiz e de acordo com o passar dos anos este patrimônio histórico

facilmente seria esquecido. Muitos dos universitários entrevistados falaram que a

reabertura do Cine poderia ser muito bom para Fortaleza, mas o governo teria que

investir muito em conscientização de preservação do patrimônio público e

principalmente na segurança do local que hoje está precária.

Analisando os resultados da pesquisa e a entrevista feita com o

coordenador da COPAHC, os objetivos deste trabalhos estão de acordo com o que a

Secretaria da Cultura está preparando para o Cine São Luiz, para que este não seja

esquecido pela população e não se perca no tempo, hoje o prédio não é

reconhecido por muitos, mas seu valor histórico para Fortaleza é imensurável. A

reforma prevista para o Cine São Luiz já está no papel e com a volta das atividades

e grande promoção e publicidade o Cine poderá voltar a funcionar como Cine Teatro

e também poderá contribuir para a melhoria do centro da cidade.

O Cine São Luiz pode voltar a funcionar?

Sim

Não

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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O turismo envolve lugares desconhecidos e pessoas que buscam

conhecimento, acima de tudo é uma atividade que enriquece o espírito e faz bem a

quem a usufrui. O turismo cultural segundo alguns autores, ainda é uma atividade de

minorias, enquanto o sol e praia seguem como líderes, principalmente aqui no nosso

Ceará, a minoria que busca pelo turismo cultural busca vivenciar emoções nunca

sentidas antes, entrar em contato com um povo, uma cultura local, histórias e

recordações comoventes, estes adquirem experiências e vivências que jamais serão

esquecidas. O turismo tem esse poder de mudar a vida das pessoas, de fazer um

lugar pobre e esquecido tornar-se um atrativo turístico, de levar cultura aos

estudantes e fazer pessoas felizes com viagens inesquecíveis.

O turismo cultural necessita de vários fatores para ocorrer, pois diferente

de outros segmentos, por exemplo, o turismo de sol e praia como é conhecido, com

belezas naturais já existentes, o turismo cultural necessita de acervo e de bens

culturais que auxiliam para que o mesmo exista. Por isso é tão importante a

preservação do patrimônio cultural, a preservaçãoé um ensinamento que deve ser

passado a todos que se dizem cidadãos e sem o nosso apoio este turismo não

poderá continuar.

Barretto (2007) fala que o turismo cultural é todo o turismo no qual o

principal atrativo não é a natureza, mas um aspecto da cultura humana, podendo ser

a história, o artesanato, ou qualquer aspecto que abrange o conceito de cultura.

Dias (2006) fala que o patrimônio cultural serve como um referencial, um

símbolo utilizado para identificar um local, sendo estes símbolos selecionados para

fortalecer a identidade social, pois o patrimônio tem essa capacidade de fazer a

ligação do passado com o presente.

O Cine São Luiz foi considerado um dos melhores cinemas da época, sua

história e suas exuberantes instalações provam o quanto isto é verídico. Quando as

pessoas frequentavam o local, os homens iam com paletós e as mulheres com

vestidos impecáveis, isto nos remete a uma época em que Fortaleza se espelhava e

se comportava como se estivesse em París, era conhecida como a Belle Époque,

então vemos as belíssimas construções e o próprio desenho de nossa cidade

inspirado nesta época glamorosa.

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Com a pesquisa foi percebido que grande parte das pessoas que

frequentam a Praça do Ferreira e passam todo dia em frente ao prédio

desconhecem a existência do mesmo, pelo estado em que o prédio se encontra hoje

e pela inexistência de manutenção do lugar. Quem hoje passa em frente ao Cine

São Luiz vê somente um prédio antigo que precisa de uma boa reforma em sua

fachada, e nada mais, são as palavras dos entrevistados.

Ao longo do trabalho foram relatadas várias justificativas que exaltam o

Cine São Luiz e que provam que o mesmo é um grande potencial turístico para

Fortaleza. Os objetivos iniciais deste trabalho são a contribuição para a preservação

da memória e da representatividade patrimonial e histórica do Cine São Luiz e com

todo este apanhado documental visamos a preservação da instituição.

A edificação do Cine foi um grande marco nossa cidade, na época foi

muito esperada e a demora em sua construção criou grande expectativa e não se

falava em outra coisa na cidade. Não precisa ter muita idade para lembrar o quão

era linda a sala cinematográfica e o quanto o prédio enriquecia o centro da cidade. O

Cine São Luiz é responsável por boa parte da memória dos cearenses, sua

relevância histórica não pode ser esquecida pelo povo, cabe aos responsáveis

cultivar essa memória, apresentar à nova geração que desconhece esse patrimônio

e resgatar tudo o que já se foi perdido. É preciso o investimento na divulgação do

nosso acervo cultural, pois o Ceará possui muitas riquezas culturais, basta somente

apresenta-las ao mundo.

O aproveitamento do espaço Cine São Luiz poderia trazer grandes

benefícios para os cearenses, não só no que diz respeito à funcionalidade do prédio,

mas na preservação e na relevância que podemos dar ao que outrora foi de grande

valia para os nossos ancestrais.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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MARTINS, Paulo Henrique de Souza. Escravidão, abolição e pós-abolição no Ceará: sobre histórias, memórias e narrativas dos últimos escravos e seus descendentes no sertão cearense. Universidade Federal Fluminense, Niterói. Dissertação de Mestrado, 2012. MENESES, José Newton Coelho. História e Turismo Cultural. 1ª ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2006. PONTE, Sebastião Rogério. Fortaleza Belle Époque: reforma urbana e controle social 1860-1930. 4ª ed. Fortaleza: Edições Demócrito Rocha, 2009. SILVA. Márcio Inácio da. Nas telas da cidade: salas de cinema e vida urbana na Fortaleza dos anos de 1920. Universidade Federal do Ceará, Fortaleza. Dissertação de Mestrado, 2007. SILVA FILHO, Antônio Luiz Macedo. Na senda do moderno. Fortaleza, paisagem e técnica nos anos 40. SP: PUC, Dissertação de Mestrado, 2000. SOUZA, Simone de. Uma nova história do Ceará. 3ª ed. rev. e atual. Fortaleza: Edições Demócrito Rocha, 2004. YIN, Robert K. Estudo de caso: Planejamento e métodos/ Roberto K. Yin; trad. Daniel Grassi - 2ª ed. - Porto Alegre: Bookman, 2001.

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ANEXOS

a) Plantas do Edifício

Figura 03: Planta do 13º pavimento do Edifício

São Luiz, evidenciando a planta livre possibilitada

pela estrutura em concreto armado.

Fonte: DERT/CE.

Figura 04: Planta de coberta do Edifício São Luiz.

Fonte: DERT/CE.

Figura 05: Corte longitudinal, sentido norte-sul, do

Edifício São Luiz, sem a representação da sala

cinematográfica.

Fonte: DERT/CE.

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Figura 06: Corte transversal, sentido leste-oeste, do

Edifício São Luiz, sem a representação da sala

cinematográfica.

Fonte: DERT/CE.

Figura 07:Planta do 6º pavimento do Edifício São Luiz,

inteiramente tomado por salas de maiores dimensões e

que marca uma transição para o agenciamento espacial

dos pavimentos seguintes.

Fonte: DERT/CE.

Figura 08:Planta do 7º pavimento do Edifício São Luiz,

a partir do qual se conforma uma ocupação “U” e

periférica das salas.

Fonte: DERT/CE.

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Figura 09:Planta do 8º ao 11º pavimentos do Edifício

São Luiz. Enquanto a caixa de circulação vertical não

se localiza de forma equidistante em relação a todas

as salas, os blocos de sanitários coletivos já se dispõe

de modo mais central.

Fonte: DERT/CE.

Figura 10:Planta do 12º pavimento do Edifício São

Luiz. O vazio central possibilita uma melhor

iluminação e ventilação das salas e circulações.

Fonte: DERT/CE.

Figura 11:Plantas

parciais do térreo, 2º, 3º,

4º e 5º pavimento do

Edifício São Luiz.

Fonte: DERT/CE.

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Figura 12:Fachada leste do Edifício São Luiz. O coroamento

da edificação, originalmente escalonado, sofreu uma

intervenção posterior, sendo complementado.

Fonte: DERT/CE.

Figura 13:Fachada sul do Edifício São Luiz, a qual abriga,

no térreo, o acesso a torre vertical.

Fonte: DERT/CE.

Figura 14:Vista nordeste do Edifício São Luiz, a partir da

Praça do Ferreira. Na torre predomina a sua massa

edificada, ritimada pelas prumadas das esquadrias.

Fonte: Marília Santana Borges.

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b) Imagens e fotografias

Figura 15:Cine São Luiz no dia de sua inauguração com o filme Anastácia.

Fonte: Blog Fortaleza Nobre

Figura 16 e 17:Hall de entradaCine São Luiz.

Fonte: Blog Fortaleza Nobre

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Figura 18:As famosas poltronas vermelhas, hoje

em estado de abandono, esperam a muito tempo

por uma reforma.

Fonte: COPAHC

Figura 19: Letreiro utilizado na fachada do

Cinema para informação dos filmes em cartaz.

Fonte: COPAHC

Figura 20: Período de declínio do Cine São Luiz.

Fonte: Jornal Diário do Nordeste

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c) Documentos

Figura 21:Matéria do Jornal O Povo, em

23 de Dezembro de 2010 sobre acordo da

Compra do Cine São Luiz pela SECULT.

Fonte: COPAHC

Figura 22:Documento de aquisição do Cine São Luiz em Fortaleza pela Secretaria de Cultura.

Fonte: COPAHC

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d) Questionário de pesquisa

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