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CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO CEARÁ FACULDADE CEARENSE NAYARA RIBEIRO MATOS GRISALHOS COM ATITUDE GRUPO DE CONVIVÊNCIA ALEGRIA DE VIVER DO CENTRO COMUNITÁRIO LUÍZA TÁVORA FORTALEZA 2013

CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO CEARÁ FACULDADE … COM... · Assistente Social Especialista em Serviço Social, Trabalho e Ética profissional - UECE . Dedico esta monografia a minha

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CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO CEARÁ

FACULDADE CEARENSE

NAYARA RIBEIRO MATOS

GRISALHOS COM ATITUDE – GRUPO DE CONVIVÊNCIA ALEGRIA DE VIVER

DO CENTRO COMUNITÁRIO LUÍZA TÁVORA

FORTALEZA

2013

NAYARA RIBEIRO MATOS

GRISALHOS COM ATITUDE – GRUPO DE CONVIVÊNCIA ALEGRIA DE VIVER

DO CENTRO COMUNITÁRIO LUÍZA TÁVORA

FORTALEZA

2013

NAYARA RIBEIRO MATOS

GRISALHOS COM ATITUDE – GRUPO DE CONVIVÊNCIA ALEGRIA DE VIVER

DO CENTRO COMUNITÁRIO LUÍZA TÁVORA

Monografia submetida à aprovação do Curso de

Bacharelado em Serviço Social da Faculdade

Cearense – FaC, como requisito parcial para

obtenção de título de Bacharel em Serviço Social.

Orientadora: Profª. Ms. Valney Rocha Maciel

FORTALEZA

2013

NAYARA RIBEIRO MATOS

GRISALHOS COM ATITUDE – GRUPO DE CONVIVÊNCIA ALEGRIA DE VIVER DO

CENTRO COMUNITÁRIO LUÍZA TÁVORA

Estudo monográfico apresentado como requisito

parcial para a obtenção do título de Bacharel em

Serviço Social da Faculdade Cearense – FAC,

tendo sido aprovada pela banca examinadora

composta pelos professores.

Aprovado: __/__/____.

BANCA EXAMINADORA

_________________________________________________

Profª Ms. Valney Rocha Maciel (Orientadora) - FaC

Assistente Social e Mestre em Políticas Públicas

_________________________________________________

Profª Ms.Walter Barbosa Lacerda Filho

Faculdade Cearense – FAC

_________________________________________________

Profª Esp. Elainne Cristiane Andrade Ferreira

Assistente Social Especialista em Serviço Social, Trabalho e Ética profissional - UECE

Dedico esta monografia a minha mãe que tanto

se dedicou a mim, meu exemplo de força,

coragem e luta. É em teus passos que vou me

espelhar, desejando alcançar a tua grandeza.

Amo-te minha rainha!

AGRADECIMENTOS

Primeiramente a Deus pai todo poderoso que me permitiu chegar até aqui. Por ter atendido

minhas orações e ter me proporcionado a superação de todos os obstáculos para alcançar essa

vitória. Agradeço por seu infinito amor e por todas as graças que ainda serão alcançadas.

Agradeço a minha rainha, minha mãe Eliene Ribeiro minha fiel amiga, incentivadora,

companheira com quem partilhei e partilho todas as minhas angustias, sejam elas de ordem

acadêmica ou pessoal. Não tenho palavras para dizer o quanto sou grata por toda sua

dedicação e amor a mim. Sem você eu não teria chegado até aqui. Te amo infinitamente.

Ao meu amor Gleidson Silva por todo apoio e companheirismo, por compreender minhas

ausências e sempre me incentivar, por sua torcida e incentivo constante. Meu amor sou grata

por todo auxilio que tu me deste durante todos esses anos de faculdade e por todos os anos de

felicidade que me proporcionou até hoje. Amo-te!

Ao meu pai Osias Matos e meu irmão Osias Júnior que a sua maneira acreditaram e

torceram por mim no decorrer dessa trajetória, amo vocês.

Ao meu irmão mais velho Victor Hugo por seu apoio e preocupação constante durante minha

caminhada, por seu incentivo e por acreditar em mim. Um amigo com quem dividi os

momentos de angustia e aflição da faculdade. A você dedico um carinho enorme meu querido.

Te amo.

Aos meus avós maternos Maria Edite e José Cardoso que foram fonte de inspiração para

este trabalho, por nossa afinidade e amizade. Pelas grandiosas e valiosas lições que me

ensinaram no decorrer da minha vida. Amo vocês.

A minha grande e querida amiga Álida Jeffesiany com quem dividi os momentos de aflição e

alegria, com quem partilho minhas angustias e conquistas pessoais. Pela amizade e

companheirismo, por acreditar no meu potencial sempre, às vezes mais do que eu mesma,

pelo incentivo e pelas palavras às vezes mais firmes, no entanto necessárias para que a minha

caminhada seguisse em frente. Você é uma pessoa muito especial, te amo.

A minha querida orientadora Valney Rocha Maciel por sua dedicaçãoe compromisso com

este trabalho, por sua contribuição e por acreditar em mim.

A todos os professores que por mim passaram no decorrer do curso, por sua valiosa

contribuição para minha formação profissional.

As minhas primas (os), tias (os), madrinhas, padrinho, em fim aos meus familiares que

acreditaram e me incentivaram sempre, em especial a minha prima Katiucia Vieira com

quem mais partilhei os momentos de faculdade.

Ao meu amigo Osmar Rebouças por se interessar sobre minha vida acadêmica e por

acreditar em mim, pela amizade a carinho. Por todo o auxilio que me prestou quando minha

saúde esteve mais frágil. Levarei sua amizade por toda minha vida.

A minha amiga Eneida Santana por se interessarpela minha vida acadêmica e por acreditar

em mim. Minha querida amiga de berço.

As minhas queridas e amadas amigas de faculdade, Bruna Suellen (minha fiel escudeira),

Izabel Cristina (amiga pra tudo), Mayara Valetim (corajosa e destemida), Camila Oliveira

(somos tão parecidas), Fracievelin Lima (companheira de estágio) e Denise Amanda

(seriedade e inteligência) com quem partilhei todos os momentos de aflição e alegria, por

todos os trabalhos que fizemos juntas, por todos os belos momentos vividos juntas, pela

amizade construída e pelo afeto que dedicamos uma a outra, vou levá-las por toda a vida,

acredito em vocês e no nosso êxito profissional.

A coordenadora Cecília Costa do Centro Comunitário Luíza Távora e a minha supervisora de

campo Iracy por serem tão solicitas no momento da minha pesquisa e terem me acolhido tão

bem no momento do meu estágio.

Quando a velhice chegar, aceita-a, ama-a. Ela

é abundante em prazeres se souberes amá-la.

Os anos que vão gradualmente declinando

estão entre os mais doces da vida de um

homem, Mesmo quando tenhas alcançado o

limite extremo dos aos, estes ainda reservam

prazeres.

Sêneca

RESUMO

A longevidade é um fenômeno mundial e isso se deve ao avanço da medicina e a queda da

fecundidade, associada há outros fatores, como melhora na qualidade de vida e alimentação. É

um tema que tem levantado muitas questões a serem discutidas. O processo de

envelhecimento acarreta muitas mudanças, psicológicas, sociais e fisiológicas, neste momento

de redescoberta do papel social do idoso aparecem os grupos de convivência que são

mecanismo de promoção da dignidade e valorização, fazendo um resgate do convívio social

do idoso, viabilizando a promoção do fortalecimento de vínculos familiares e comunitários. A

pergunta de partida dessa pesquisa é Como o público de idosos do Centro Comunitário Luíza

Távora avalia o grupo de convivência para o fortalecimento de vínculos com a família e a

comunidade? São os objetivos que norteiam essa pesquisa: os motivos que levaram os idosos

a participar do grupo de convivência; Investigar como os sujeitos se apropriam das atividades

e que significados atribuem às mesmas; Identificar posicionamentos diante da família e da

comunidade após o início da participação no grupo. São sujeitos dessa pesquisa idosos

participante do grupo Alegria de Viver do Centro Comunitário Luiza Távora, no Pirambu,

com pelos menos cinco anos de grupo com idade entre 65 e 85 anos, que sejam alfabetizados.

Essa pesquisa é documental, de campo e bibliográfica. Este estudo faz uso da pesquisa

qualitativa e utiliza-se de dados quantitativos. Para coleta de dados foi utilizado a aplicação de

questionário e entrevistas semi-estruturadas, para a analise do discurso o método escolhido foi

à dialética. Nesta pesquisa observou-se que o grupo de convivência promove melhoria na

qualidade de vida dos idosos, e tem despertado novos convívios sociais, criando e

fortalecendo vínculos.

Palavras-chave: Envelhecimento. Família. Velhice. Fortalecimento de Vínculos.

ABSTRACT

The longevity is a worldwide phenomenon and this is due to the advancement of medicine

and the drop in fertility, there are other associated factors, such as improvement in the quality

of life and nutrition. Is a theme that has raised many issues to be discussed. The aging process

brings many changes, psychological, physiological and social, in this moment of rediscovery

of the social role of the elderly appear coexistence groups that are promoting mechanism of

dignity and value, making a rescue of social conviviality of the elderly, enabling the

promotion of strengthening family and community links. The question of departure of this

research is How the audience of elderly community center LuízaTávora evaluates the

interaction group for the strengthening of links with the family and the community? Are the

goals that guide this research: the reasons that led elderly people to participate in the living

group; Investigate how the subject of appropriate activities and that meanings attributed to

them; Identify positions on the family and the community after the start of the group. Are

subject of this research group seniors Joie de vivre Luiza Community Center Távora, in the

Pirambu, with at least five years of group aged between 65 and 85 years old, who are literate.

This research is documentary, bibliographic and field. This study makes use of qualitative

research and quantitative data used. For data collection was used for the application of a

questionnaire and semi-structured interviews, to the analysis of the discourse the method

chosen was to dialectic. In this study it was observed that the living group promotes

improvement in the quality of life of the elderly, and has aroused new social gatherings,

creating and strengthening bonds.

Keywords: Aging. Family. old age. Strengthening of ties.

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

APDM-CE - Associação para o Desenvolvimento dos Municípios do Estado do Ceará

BPC – Benefício de prestação Continuada

C.C – Centro Comunitário

IBGE- Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.

IPECE- Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará

OMS – Organização Mundial da Saúde

PNAD - Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios

PNI – Política Nacional do Idoso

STDS – Secretário do Trabalho e Desenvolvimento Social

LISTA DE TABELAS

TABELA 1 Participação relativa percentual da população por grupos de idade na população

total...........................................................................................................................................20

TABELA 2 População de idosos por faixa de idade, Brasil, Nordeste e Ceará – 1998 e

2008...........................................................................................................................................27

TABELA 3 Perfil dos Sujeitos da Pesquisa..............................................................................45

LISTA DE GRÁFICOS

GRÁFICO 1 Evolução da população de idosos- Brasil, Nordeste e Ceará - 1998 e

2008...........................................................................................................................................25

GRÁFICO 2 Ranking dos 10 estados brasileiros com maior população de idosos em

2008...........................................................................................................................................25

GRÁFICO 3 População de idosos por gênero: Brasil, Nordeste e Ceará 1998 e

2008...........................................................................................................................................26

GRÁFICO 4 Ranking brasileiro da proporção de idosos em 2008..........................................27

GRÁFICO 5 Localização do idoso: Brasil, Nordeste e Ceará, 1998 e 2008..........................28

GRÁFICO 6 Taxa de analfabetismo da população idosa: Brasil, Nordeste e Ceará, 1998 e

2008...........................................................................................................................................29

GRÁFICO 7 Taxa de analfabetismo funcional entre idosos....................................................29

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... ….15

2 ASPECTOS GERAIS SOBRE O ENVELHECIMENTO ....................................... .…19

2.1 A QUESTÃO DO IDOSO NO BRASIL ................................................................... ….19

2.2 IDOSO E ENVELHECIMENTO NO CEARÁ ........................................................ ….23

3 O IDOSO E A FAMÍLIA E AS LEGISLAÇÕES DE PROTEÇÃO AO IDOSO NO

BRASIL ......................................................................................................................... ….31

3.1 O IDOSO E A FAMÍLIA ........................................................................................ ….31

3.2 AS LEGISLAÇÕES DE PROTEÇÃO AO IDOSO NO BRASIL ............................. ….34

4 GRISALHOS COM ATITUDE : A PESQUISA DE CAMPO E AS ANÁLISES...........40

4.1 O MÉTODO ........................................................................................................... ….40

4.2 O CENÁRIO DA PESQUISA..........................................................................….............43

4.3 O PERFIL DOS SUJETITOS ................................................................................... ….45

4.4 O GRUPO DE CONVIVÊNCIA ALEGRIA DE VIVER: AS ANÁLISES DA PESQUISA

....................................................................................................................................... ….47

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................................... ….57

REFERÊNCIAS ................................................................................................... ….60

APÊNDICE.... ....................................................................................................... ….63

ANEXO.... ............................................................................................................. ….69

15

1 INTRODUÇÃO

A longevidade é um fenômeno mundial e isso se deve ao avanço da medicina e a

queda da fecundidade, associada há outros fatores, como melhora na qualidade de vida e

alimentação de acordo com estudos do Menezes et al (2007).

É um tema que tem levantado muitas questões a serem discutidas e revistas em nossa

sociedade. A situação da pessoa idosa no Brasil revela a necessidade de discussões mais

aprofundadas sobre as relações do idoso na família e na sociedade. Desse modo com o intuito

de suscitar a melhoria da qualidade de vida, a viabilização da efetivação de direitos dessa

população, bem como garantir o espaço da pessoa idosa em nossa sociedade. A discussão dos

aspectos inerentes à terceira idade são um primeiro passo para a construção de uma sociedade

mais digna para a pessoa idosa.

O processo de envelhecimento acarreta muitas mudanças, psicológicas, sociais e

fisiológicas, na qual o papel desempenhado pelo idoso em nossa sociedade tem grande

relevância, devendo ser destacado a aposentadoria, momento este em que o indivíduo deixa de

ser produtor de riquezas e passa a receber uma renda permanente até a sua morte. A partir

desse momento deve-se observar a transformação social vivida pelo idoso, devendo este

adaptar-se a uma nova condição (MENDES, et al, 2005).

Neste momento de redescoberta do papel social do idoso aparecem os grupos de

convivência que são mecanismo de promoção da dignidade e valorização, fazendo um resgate

do convívio social do idoso, viabilizando a promoção do fortalecimento de vínculos familiares

e da sociedade. Dentro desta perspectiva de atuação destaca-se que o dispositivo é essencial se

analisar os resultados obtidos através dessa atuação. É relevante entender a percepção do

idoso participante desse grupo de convivência a respeito do fortalecimento dos vínculos

familiares e comunitários, observando e analisando se este mecanismo tem de fato promovido

à terceira idade o que propõem em sua essência.

Através desses grupos a finalidade seria a promoção da qualidade de vida, resgatando

o convívio social para os que estavam à sua margem da sociedade. Por partilharem

experiências e vivências com outros iguais produzir-se-ia assim, uma ponte para a integração

com os familiares e a comunidade onde estão inseridos.

16

Diante desses discursos debruçamo-nos em problematizar: Como o público de idosos

do Centro Comunitário Luíza Távora avalia o grupo de convivência para o fortalecimento de

vínculos com a família e a comunidade? Tendo esta como nossa pergunta de partida para a

elaboração desta pesquisa.

Desse modo objetivamos:

a) Conhecer os motivos que levaram os idosos a participar do grupo de convivência;

b) Conhecer o perfil dos sujeitos participantes do grupo de convivência;

c) Identificar posicionamentos diante da família e da comunidade após o início da

participação no grupo.

O interesse pela temática desta pesquisa surgiu pela relevância deste tema na

sociedade atual, na qual surgem diversos questionamentos acerca da velhice e do

envelhecimento e neste sentido os grupos de convivência vem sendo destacados como um

importante mecanismo de atuação para essa população. Se tal mecanismo é destacado por sua

atuação e seus êxitos, surge então a uma inquietação no sentido de estuda-lós e entende-lós.

A afinidade que tenho com meus avós também me aproximou dessa temática, tem uma

velhice ativa e buscam manter-se sempre em movimento, almejando dinamicidade a suas

vidas. Eles são minha fonte de inspiração, pois buscam em sua velhice o despertar para novos

convívios e realizações.

No momento da disciplina de estágio supervisionado estagiei no Centro Comunitário

Luiza Távora, no Pirambu, no qual possui um trabalho voltado para a população idosa com o

grupo de convivência Alegria de Viver, apesar de nesse momento não ter trabalhado com o

grupo foi despertado o interesse em olhar para aquele trabalho, para, além disso, entender a

dinâmica do grupo e o trabalho realizado pela unidade, bem como compreender a percepção

daquele grupo.

O presente estudo embasou-se em três tipos de pesquisa, sejam estas: a pesquisa

bibliográfica; pesquisa documental e pesquisa de campo. Foi bibliográfica, pois se

desenvolveu “a partir de material já elaborado, constituído principalmente de livros e artigos

científicos [...]” (GIL, 2002, p. 44). Teve caráter documental, pois se fez uso de materiais

17

que não receberam um tratamento minucioso, ou que ainda podem ser modificados de acordo

com os objetivos da pesquisa, como diz Gil (2002). E foi de campo, pois, como explicita

Oliveira (apud GIL, 2002) consistiu na observação dos fatos tal como ocorrem na coleta de

dados e no registro de variáveis para análises futuras.

Para a realização deste estudo, optamos pela aproximação com o método dialético,

compreendendo que o mesmo nos favorece uma aproximação com a dinamicidade e o

movimento do real, permitindo uma reflexão em que diversos elementos dialogam entre si,

numa perspectiva de totalidade. Conforme Pedro Demo, a dialética seria a “metodologia

específica das ciências sociais, porque vê na história não somente o fluxo das coisas, mas

igualmente a principal origem explicativa” (DEMO, 1987, p. 21).

A pesquisa caracterizou-se como sendo qualitativa posto que “responde a questões

muito particulares. Ela se preocupa, nas ciências sociais, com um nível de realidade que não

pode ser quantificado, ou seja, ela trabalha com o universo de significados, motivos,

aspirações, crenças, valores e atitudes” (MINAYO, 1995, p. 21-22). Trabalhando também com

dados quantitativos para o enriquecimento desta pesquisa.

Para atingir os objetivos desta pesquisa utilizamos como instrumentos de coleta de

dados o questionário, a fim de obter respostas mais rápidas e entrevista semi-estruturada

possibilitando ao entrevistado maior liberdade de expressão.

Os sujeitos da pesquisa para a aplicação dos questionários foram por acessibilidade os

idosos participantes dos grupos de convivência residentes no entorno do Centro Comunitário

Luíza Távora, no Pirambu, com pelo menos cinco anos de participação no grupo, com idade

entre 65 e 85 anos. Para a realização da entrevistas semi-estruturadas tivemos como foram

por acessibilidade os idosos participantes dos grupos de convivência com pelo menos cinco

anos de participação, com idade entre 66 e 75 anos e alfabetizados.

As categorias trabalhadas nesse estudo foram envelhecimento, velhice, família e foram

levados em consideração os vínculos familiares e comunitários. Tendo como base para este

estudo os trabalho dos respectivos autores: Brito (2005), Caldas (2003), Camarano (2003)

entre outros, tendo este trabalho se utilizado de diversos artigos, teses e monografias, além de

outras fontes de consulta.

18

O primeiro capítulo denominado Aspectos gerais sobre o envelhecimento apresenta a

questão do idoso no Brasil, tratando o convívio social e como a sociedade enxerga a pessoa

idosa, também discute acerca da qualidade de vida e a dignidade dessa população. Também

aborda o Idoso e envelhecimento no Ceará em que trata aspectos socioeconômicos desse

segmento populacional, traçando o perfil do idoso no Ceará.

O segundo capítulo intitulado O Idoso e a família e as legislações de proteção ao

idoso no Brasil aborda as legislações vigentes no Brasil voltado para esse segmento da

população, assim como a relação idoso e família, definindo a relevância do papel

desempenhado pela família para um envelhecimento saudável.

O terceiro capítulo com o título Grisalhos com atitude – a pesquisa de campo e as

análises, neste momento são apreciadas as falas dos sujeitos da pesquisa, a análise do

discurso, o tipo de pesquisa e os instrumentos de coleta de dados, o cenário e o método e

ainda apresenta o perfil dos sujeitos da pesquisa. E, o último capítulo intitulado

Considerações Finais é dedicado às reflexões conclusivas do trabalho e outros aspectos

considerados importante para a realização do estudo em lide.

19

2 ASPECTOS GERAIS SOBRE O ENVELHECIMENTO

2.1 A QUESTÃO DO IDOSO NO BRASIL

A população idosa vem crescendo muito em nosso país, consequentemente em nosso

estado e cidade, no caso Fortaleza/CE. É um tema que tem levantado muitas questões a serem

discutidas e revistas assim como assina-la Mendes et al (2005). Faz-se necessário, portanto, se

voltar o olhar para a terceira idade, tendo em vista compreender as necessidades e anseios

deste grupo que é extremamente importante e que a cada dia vez crescendo cada vez mais.

Segundo Mendes et al (2005) vários aspectos são relevantes para se considerar acerca

desse aumento da população idosa, tais como a baixa na fecundidade, no qual estudos

apontam que quanto maior a escolaridade menor a taxa de fecundidade entre as mulheres, ou

seja, as mulheres com menor escolaridade e de baixa renda tem mais filhos. Destaca-se

também o avanço na medicina, que proporciona maior longevidade as pessoas, desde o

avanço da tecnologia até o desenvolvimento de novos medicamentos, vacinas, tratamentos

que permitem a prevenção ou a cura e melhoramento na qualidade de vida. Conforme

apresentado na pesquisa do IBGE que salienta que

As taxas de crescimento correspondentes às crianças de 0 a 14 anos já mostram que

este segmento vem diminuindo em valor absoluto desde o período 1990 – 2000. Em contrapartida, as correspondentes ao contingente de 65 anos ou mais, embora

oscilem, são as mais elevadas, podendo superar os 4% ao ano entre 2025 e 2030. Em

2008, enquanto as crianças de 0 a 14 anos correspondem a 26,47% da população

total, o contingente com 65 anos ou mais representa 6,53%. Em 2050, a situação

muda e o primeiro grupo representará 13,15%, ao passo que a população idosa

ultrapassará os 22,71% da população total. (IBGE, 2012, [não peginado]).

Ao analisarmos os dados apresentamos acima podemos observar a queda no número

da faixa etária de 0 a 14 anos e o aumento da população de 65 anos ou mais. A população

idosa tem tido um grande aumento e estima-se que até 2050 ela será ainda maior,

ultrapassando os 22,71% da população total. É necessário se pensar nessa parcela da

população já que está predominará em nosso país devendo ser pensado todos os aspectos

inerentes a estes. A tabela abaixo ilustra a estimativa de vida da população brasileira desde a

década de 1980 a 2050:

20

Tabela 1 - Participação relativa percentual da população por grupos de idade na população total

Fonte: IBGE (2008)

Segundos dados apontados pelos estudos do IBGE exposto na tabela acima a

população idosa com 65 anos ou mais em 1980 chegava apenas a 4,01% da população total,

em 2050 estima-se que essa parcela da população chegue a 22,71%, porcentagem maior que a

faixa etária de 0 a 14 anos que será de 13,15%, assim a população de idosos cresce mais que a

de crianças. Com esse aumento no número de idosos é necessário que se pense em meios de

garantir a essa população qualidade de vida, educação, lazer, saúde e bem-estar, na qual seja

garantido a estes direitos já obtidos.

A tabela 1 expõe ainda o aumento expressivo da população de 75 anos ou mais,

em 1980 não passavam de 1,20%, já em 2050 chegarão a 10,53%, esses dados alarmam para

se pensar se temos meios de garantir a essa população uma vida digna na velhice, qual o papel

exercido pelo idoso em nosso país e sociedade, e que mecanismos estão sendo criados para se

amparar essa faixa etária, ou seja, enxergar e entender a velhice como uma expressão da

questão social.

Há ainda a questão da feminização da velhice, a questão de gênero deve ser levada em

consideração para se traçar o perfil da população idosa no Brasil. Com base na análise de

Brito (2006) e em Camarano (2003) o processo de feminização da população idosa vem como

consequência da sobre mortalidade masculina, as razões de sexo vêm diminuindo

paulatinamente no Brasil. Em 1980, para cada grupo de 100 mulheres, havia 98,7 homens. Em

21

2000, já se observam 97 homens para cada 100 mulheres e, em 2050, espera-se que a razão de

sexo da população fique por volta de 94%. Dessa forma, verificam-se elevações no excedente

feminino na população total que, em 2000, era de 2,5 milhões de mulheres e, em 2050, poderá

atingir quase 7 milhões. A uma grande diferença no número de mulheres e homens idosos,

essa peculiaridade deve ser levada em consideração e obter relevância também nas discussões

desse segmento da população.

A autora supracitada com base em Camarano (2003) aponta essa discrepância devido

às transformações ocorridas na família e na sociedade ao longo das décadas, responsáveis

pelas melhorias da qualidade de vida feminina e na ampliação de seus papéis sociais,

ocasionando assim um novo arranjo na estrutura famíliar, já que a mulher sai das atividades

domésticas, as quais lhes eram comuns, abrindo espaço para que outras pessoas possam

exercer essas atividades também. E vem ingressando no mercado de trabalho.

A visão do que é ser idoso em nosso país ainda é considerada estereotipada, isso

porque tende o envelhecimento a um processo degenerativo, sem levar em conta os aspectos

emocionais, psicológicos, sociais, entre outros segundo Reis e Ceolim (2007). O idoso é visto

como dependente e improdutivo já que não está mais inserido no mercado de trabalho,

desvalorizando essa parcela da população. Portanto, podemos considerar que essa concepção

da velhice acarreta inúmeros problemas já que gera uma exclusão. Para que haja uma melhor

compreensão da dimensão da velhice requer que se leve em consideração os ângulo

emocional, psicológico, fisiológico, social e econômico que correspondem a esse momento

geracional. Diversos autores assinalam a necessidade de nos debruçarmos sobre as

dificuldades e necessidades da terceira idade. Somente dessa forma a valorizaremos e se

efetivará os direitos sociais inerentes a esse público.

De acordo com Mendes et al (2005) o modelo capitalista fez com que a velhice passa-

se a ocupar um lugar marginalizado na existência humana, na medida em que a

individualidade já teria seus potenciais evolutivos e perderia então seu valor social. Desse

modo não tem mais a possibilidade de produção de riqueza, a velhice perderia o valor

simbólico. O capitalismo apresenta sua lógica do consumismo, bem como a produção de

riquezas, o sujeito que não se encaixa nesses padrões fica a margem da sociedade, já que para

o sistema este se torna um ser inoperante. Desse modo, corroboramos com Mendes et al

(2005) quando este assevera que

22

Os termos “status” e “papel” são considerados como definidores da posição social e

do modo geral de interação entre os indivíduos. A cada “status” pessoal têm-se

papéis que, somados, definem a posição individual da pessoa, ou seja, a soma dos

direitos e obrigações que representam o seu comportamento social (MENDES et al,

2005, p. 424).

Mendes et al (2005) afirmam que o processo de envelhecimento acarreta muitas

mudanças, psicológicas, sociais e fisiológicas, na qual o papel desempenhado pelo idoso em

nossa sociedade tem grande relevância, devendo ser destacado a aposentadoria, momento este

em que o indivíduo deixa de ser produtor de riquezas e passa a receber uma renda permanente

até a sua morte, neste momento deve-se observar a transformação social vivida pelo idoso,

devendo este adaptar-se a uma nova condição. O sistema capitalista tem suas regras e facetas,

neste momento de transição do idoso muitas vezes pode acarretar uma crise no indivíduo, já

que este não possui o seu antigo papel na sociedade, perdendo sua identidade e posição social.

Este momento muitas vezes pode levar o idoso a exclusão e isolamento, já que este perder seu

significado social.

Os idosos deveriam desfrutar de sua aposentadoria de forma digna, sem haver uma

desvalorização de seu papel e de sua trajetória de vida. De acordo com os autores citados

acima há a necessidade de se construir espaços para que essa população possa continuar ativa,

ambientes em que possam executar um papel de relevância, garantindo dignidade, autonomia

e valorização. É importante que essa parcela da população encontre seu espaço, para uma

velhice saudável, garantindo uma longevidade com qualidade de vida.

O indivíduo idoso perde a posição de comando e decisão que estava acostumado a

exercer e as relações entre pais e filhos modificam-se. Consequentemente as pessoas

idosas tornam-se cada vez mais dependentes e uma reversão de papéis estabelece-se.

Os filhos geralmente passam a ter responsabilidade pelos pais, mas muitas vezes,

quando manifestam a vontade de conversar, percebem que os filhos não têm tempo

de escutar as suas preocupações MENDES et al, 2005, p. 425).

A família passa por uma nova estruturação familiar, o idoso perde o “poder de

comando” na família e os filhos se tornam responsáveis pelos pais, o idoso passa a ser

dependente destes. A família passa a ter que se adaptar a essa nova condição inserida no

cotidiano, onde estes têm que lidar com o trabalho, filhos, casa e com a pessoa idosa, essa

nova relação que surge possui seus conflitos, tais como a adaptação dos novos papéis e

funções, assim como a sua representação. A família deve propiciar ao idoso uma atmosfera

harmoniosa, propiciando o desenvolvimento do mesmo, onde todos possuem papel relevante,

devendo ser respeitado à vontade e as limitações da terceira idade.

23

Segundo Mendes et al (2005) o seio familiar proporciona ao idoso um ambiente de

desenvolvimento mais seguro, já que este está em meio a entes queridos, a relação sadia entre

os integrantes favorece o idoso para sua auto-afirmação. Este processo de reestruturação se dá

de maneiras diferentes, a famílias mais zelosas que podem tornar o idoso um dependente,

tirando a autonomia do mesmo, assim como existem famílias que não tem um convívio

harmonioso, sendo assim um ambiente desfavorável para a pessoa idosa e para a sua

adaptação para essa nova condição.

A situação da pessoa idosa no Brasil revela a necessidade de discussões mais

aprofundadas sobre as relações do idoso na família e na sociedade, no intuito que essas

discussões tragam a melhoria da qualidade de vida, a viabilização da efetivação de direitos

dessa população, bem como garantir o espaço da pessoa idosa em nossa sociedade. A

discussão dos aspectos inerentes a terceira idade são um primeiro passo para a construção de

uma sociedade mais digna para a pessoa idosa.

2.2 IDOSO E ENVELHECIMENTO NO CEARÁ

O fenômeno do envelhecimento é algo comum aos países desenvolvidos e em

desenvolvimento. O Brasil vem apresentando números crescentes da população idosa, essas

estatísticas levantam muitos questionamentos acerca desta parcela da população. O Ceará bem

como a cidade de Fortaleza também apresentam números crescentes dessa população com

base no avanço da medicina e a queda da fecundidade, associada há outros fatores, como

melhora na qualidade de vida e alimentação. (MENEZES, et al, 2007).

De acordo com Fraiman, (199- apud BRAVO 1991, p. 15) o envelhecimento é um

processo de transformação biofisiológica e psicossocial, isto é, é inerente a qualquer ser

humano. Embora saibamos que os avanços científicos buscam retardar o envelhecimento, ou

melhor, prolongar a juventude, não se sabe muito sobre este processo de envelhecimento,

diferentemente do senso comum que compreende o velho como aquele que tem muitos anos

de idade e experiência acumulada, que o diferencia dos demais.

De acordo com Netto (2000 apud BRAVO 2002) entre o individuo adulto e o idoso, o

limite de idade é de 60 anos para países em desenvolvimento e 65 anos para nações

24

desenvolvidas, sendo estes parâmetros de medição critérios utilizados pela maioria das

instituições que visam dar aos idosos atenção à saúde psicológica, social e física. A idade

psicológica para esse autor é a relação entre a idade cronológica e as capacidades de memória,

aprendizagem e percepção. Este tipo de idade relaciona o senso de subjetividade da idade de

um sujeito em comparações com outros indivíduos, tendo como parâmetro a presença de

marcadores biológicos, sociais e psicológicos do envelhecimento. Portanto, a idade social é a

capacidade que um indivíduo tem de se adequar a certos papéis e comportamentos referentes

a um dado contexto histórico da sociedade.

O processo de envelhecimento é comum a todo ser humano, um momento de

transformações fisiológicas, sociais, biológicas, psicológicas, na qual há uma redefinição de

papéis e reestruturação familiar. Envelhecer está para além das limitações físicas, é um

momento em que indivíduo passa a ter uma nova colocação na família e na sociedade, há uma

readequação de vida. Assim como Fraiman e Netto colocam o envelhecimento não é apenas

experiência acumulada, há uma relação entre outros fatores relevantes há a este processo.

O jornal Diário do Nordeste apresentou o percentual de pessoas idosas no Estado do

Ceará com base no censo de 2010, A população de idosos com 60 anos ou mais no Ceará

aumentou 61% em dez anos. Isso porque os dados do Censo 2010 confirmam que esse

contingente etário está em 1,063 milhão de pessoas. Enquanto em 2000 esse valor

correspondia a exatos 658,9 mil. Ainda sobre a porcentagem dessa parcela da população no

estado O Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará - IPECE apresenta mais um

estudo de grupo populacional retratando desta vez os idosos, segundo os estudos da PNAD

(Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) de 2008, existem 914.514 idosos no Ceará o

que representa 10,8% da população residente do Estado. O gráfico abaixo faz a ilustração do

crescimento desse segmento da população.

25

GRÁFICO 1 Evolução da população de idosos- Brasil, Nordeste e Ceará - 1998 e 2008.

Fonte: PNAD (1998-2008)

Afunilando estes dados com base Menezes et al (2012) a cidade de Fortaleza

possui 2.141.402 habitantes e, destes, 160.231 (7,5%) são indivíduos com 60 anos ou mais.

De acordo com dados dos Censos Demográficos realizados nos anos de 1980 e 2000,

constata-se que o crescimento da população idosa de Fortaleza em 20 anos foi expressivo, em

relação à população total, visto que, enquanto houve aumento de 63% na população total,

houve aumento de 130% na população idosa (60 anos e mais).

Com base nos dados levantados se percebe o expressivo aumento no processo de

envelhecimento da população do país, do Estado do Ceará e de Fortaleza na qual houve maior

aumento da população idosa do que em comparação com população total.

GRÁFICO 2 – Ranking dos 10 estados com maior população de idosos em 2008

Fonte: PNAD (2008)

26

O gráfico nos fornece a informação de que em 2008 segundo pesquisa realizada

pelo O Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará – IPECE apresentada em 2011,

que o Ceará ocupava o 7º lugar no ranking de estados com o maior número de população

idosa no país com 919.514 mil.

Fazendo um comparativo do Estado do Ceará com relação ao Brasil os dois

apresentam a feminização do processo de envelhecimento de acordo com pesquisa realizada

pela Associação para o Desenvolvimento dos Municípios do Estado do Ceará (APDM-CE)

que traçou um diagnóstico sobre a situação dos idosos nos municípios do Estado, 67% da

população de idosos do Estado é formada por mulheres e 33% por homens, dados exposto no

portal do Cariri Notícia (2011), o mesmo aponta que esta disparidade deve-se por que as

mulheres tendem a ser mais produtivas, a se preocupar mais com a saúde e se envolver com

grupos de convivência. A pesquisa foi realizada 45 municípios do Ceará. O gráfico exprimi

esses dados levantados com relação a feminização da terceira idade.

GRÁFICO 3 – População de idosos por gêner: Brasil, Nordeste e Ceará 1998 e 2008

Fonte: PNAD (1998-2008)

O gráfico em abaixo torna possível analisarmos que com relação a proporção de

idosos por estados Brasileiros o Ceará ocupa a 10º posição com 10,85% dessa população,

sendo os três primeiros mais populosos com esse segmento o Rio de Janeiro 14,86%, seguido

do Rio Grande do Sul 13,47% e de São Paulo 11,95%. O Ceará passa então a fazer parte do

grupo de Estados com mais de 10% da população composta por idosos, seguido dos estados

27

do Rio Grande do Norte, Bahia e Pernambuco todos da região Nordestes.

GRÁFICO 4 – Ranking brasileiro da proporção de idosos em 2008

Fonte: PNAD (2008)

Baseando-se na tabela abaixo podemos analisar que o maior número de idosos no

Ceará se encontra na faixa etária dos 60 aos 65 anos com 293.909 milhões em 2008, faixa

etária essa que predomina no Nordeste assim como no Brasil. Comparado os dados

apresentados de 1998 e 2008 percebe-se um expressivo aumento dessa parcela da população

na faixa etária de 81 anos ou mais idade, sendo em 1998 de apenas 68.245 passando a ter

134.433 em 2008. Este aumento tem base entre outros no avanço da tecnologia, assim como

no avanço da medicina prolongando a vida e propiciando a longevidade.

TABELA 2 – População de idosos por faixa de idade, brasil, nordeste e ceará – 1998 e 2008

Fonte: PNAD (1998-2008)

A população de idosos 1998 no Ceará se localizava em sua grande maioria nos centros

Urbanos, bem como no Brasil e na região Nordeste, em 2008 a maior parte dessa população

28

continua se concentrando nos centros urbanos, porém com um aumento no número dessa

população com 83,4%. Comparando os números de 1998 e 2008 no Brasil, Nordeste e Ceará,

o estado do Ceará apresenta maior diminuição de idosos na região rural, havendo assim uma

maior migração destes para os centros Urbanos assim como o gráfico abaixo apresenta.

GRÁFICO 5 - Localização do idoso: Brasil, Nordeste e Ceará, 1998 e 2008

Fonte: PNAD (1998-2008)

Segundo a pesquisa realizada pelo IPECE já citada anteriormente considerado a

escolaridade da terceira idade no Estado do Ceará, mais especificamente dados no que se

refere às taxas de analfabetismo no estado, tendo como base o conceito de que analfabetos são

aqueles incapazes de ler e escrever um idioma no idioma conhecido. Comparando os dados

apresentado no gráfico abaixo dos anos de 1998 e 2008 equiparando o Nordeste ao Ceará as

taxas de analfabetismo no Ceará eram de 49,23% menores que a da região Nordeste com

57,92% sendo estes números bem superiores aos do país, uma condição expressiva da questão

social na Região e no Estado. Em 2008 há uma redução nos números, e o Estado passa a ter

taxas pouco menores que as 1998, condição essa que não apresentou mudanças expressivas.

29

GRÁFICO 6 – Taxa de analfabetismo da população idosa: Brasil, Nordeste e Ceará, 1998 e 2008

Fonte: PNAD (1998-2008)

Ainda segundo a referida pesquisa considerando o analfabetismo funcional no Ceará,

sendo embasado no conceito de que é considerada analfabeta funcional a pessoa que é incapaz

de utilizar a leitura e a escrita para continuar a aprender, os números do Nordeste e do Ceará

são bem superiores ao do Brasil. Em 1998 o percentual do Estado era inferior ao Nordeste,

seguindo assim no ano de 2008 com uma pequena baixa nos índices, numero esse quase

inexpressivo diante da realidade, o Brasil apresenta uma redução bem mais expressiva que a

do estado do Ceará, no qual os números são alarmantes.

GRÁFICO 7 – Taxa de analfabetismo funcional entre idosos

Fonte: PNAD (1998-2008)

Analisando os dados apresentados podemos observar traçado o perfil do idoso no

30

Ceará, o Estado ainda tem muito a melhor na educação para garantir a informação e a

formação da população como um todo. As taxas de analfabetismo tiveram alterações mínimas,

sendo está um meio primordial para garantir a cidadania do indivíduo. Garantir a pessoa idosa

tanto nos centros urbanos como nas localidades rurais condições para uma longevidade

saudável e que priorize a garantia dos direitos da terceira idade, buscando a valorização do

mesmo.

31

3 O IDOSO E A FAMÍLIA E AS LEGISLAÇÕES

3.1 O IDOSO E A FAMÍLIA

A família é definida comumente por um conjunto de pessoas que se encontram unido

por laços de parentesco. Estes laços podem ser de dois tipos: vínculos por afinidade, como o

casal e consanguíneos como a filiação entre pais e filhos, no em tanto a família também

apresenta definições mais amplas. Desse modo ressaltamos que

A família como expressão máxima da vida privada é lugar da intimidade, construção

de sentidos e expressão de sentimentos, onde se exterioriza o sofrimento psíquico

que a vida de todos nós põe e repõe. É percebida como nicho afetivo e de relações

necessárias à socialização dos indivíduos, que assim desenvolvem o sentido de

pertença a um campo relacional iniciador de relações includentes na própria vida em

sociedade. É um campo de mediação imprescindível (CARVALHO 2000 apud

BRAVO, 2005, p. 271).

A família é onde se inicia a socialização, onde se começa a estabelecer as primeiras

relações, é a partir daí que o indivíduo cria bases para se relacionar em sociedade. Carvalho

(2000) define família como espaço de troca, de construção de valores morais, éticos e

expressão de sentidos e sentimentos, é onde o indivíduo começa sua formação.

O IBGE conceitua como Família como sendo o conjunto de pessoas ligadas por laços

de parentesco, dependência doméstica ou normas de convivência, residente na mesma unidade

domiciliar, ou pessoa que mora só em uma unidade domiciliar.

Com definições mais atuais a família é conceituada não apenas com base nos laços

consanguíneos e de parentesco, mas nas relações de afeto e cuidado. De acordo com Santana

et al (2013) baseada na analise de Szymanski (2000 apud BRAVO, 2002) entende-se por

família como sendo “uma associação de pessoas que escolhe conviver por razões afetivas e

assume um compromisso de cuidado mútuo e, se houver, com crianças e adolescentes”, não

sendo levado em conta a existência de laços consangüíneos ou parentesco. Já Kaloustian

(1999 apud BRAVO, 2005) “retrata que a família é o espaço da garantia da proteção integral e

da sobrevivência, independente do arranjo familiar em que se baseie”. Os autores

compreendem a família como um espaço na qual as relações se estabelecem além dos laços

consanguíneos, onde o afeto também é fator determinante para isso. É um espaço de cuidado,

proteção.

32

A família de acordo com Santana et al (2013) se baseava no poder patriarcal até o

início do século XXI, logo a autoridade do pai era exercida com supremacia, e quanto à

questão de gênero, cabia às mulheres as prendas domésticas, a educação dos filhos, a casa. O

gênero masculino era o centro do poder e símbolo da absoluta autoridade, inspirado no

sistema europeu de império. O pai detinha o poder de decidir, em todas as esferas, sobre os

interesses da instituição “família”. A família possuía uma hierarquia, na qual o pai era o centro

do poder, e mãe estigmatizada por sua condição feminina tinha a responsabilidade da casa e

dos filhos, sendo está responsabilizada pelos atos dos mesmos.

Ainda segundo os referidos autores citados acima em um primeiro momento a família

é vista como um grupo de pessoa subordinada a um chefe, o provedor, historicamente um

homem, ao decorrer dos anos e das transformações sociais sofre modificações em sua

estrutura na qual a cooperação e a democracia passam a ser elementos fundamentais nessa

nova relação estabelecida. As mudanças agregam participação de seus componentes na sua

estrutura, não mas como subordinados ao poder econômico do “chefe” e sim como membros

que pertencem aquele espaço de convivência, cuja opinião é levada em consideração, os

membros passam a ter voz e lugar nessa instituição estabelecida.

A família apresenta duas realidades e o idoso transita por essas duas, criado num

ambiente no qual a concepção de que o respeito provém da autoridade, e, num segundo

momento, precisa abrir o espaço de discussão com os seus filhos, em um terceiro momento,

enfrenta o idoso a circunstância de vir a educar os netos e respeitá-los como pessoas com

quem convivem segundo Santana et al (2013). O idoso tem a difícil tarefa de lidar com essas

realidades distintas, compreendendo que a relação de autoridade já não mais existe, havendo

hoje uma relação de integração entre os membros que constituem uma família. Tal relação é

denominada de relações intergeracionais assim como coloca o artigo do referido autor

supracitado.

“As relações intergeracionais constituem um sistema complexo, pois são influenciadas

pelo mundo social e discutidas dentro do mundo familiar, que acabam transformando a forma

de pensar e de agir” (CAMINHAS et al, 2013). O ser humano está em constante movimento,

ou seja, em constante transformação, está inserido na família e convive em sociedade, são

recebidas de forma constantes influências no modo de agir e pensar, e essas relações de

gerações diferentes tendem a ter um grau mais complexo pela divergência de valores e

33

conceitos que sofrem mudanças com o decorrer dos anos.

Ainda discutindo esse fenômeno da intergeracionalidade com essa convivência de

gerações a relação entre o idoso e os netos passa a ter um novo viés, ao invés da relação de

autoridade passa-se ter uma relação de cumplicidade, uma “relação de aliança” (SOUZA,

2005).

“A família é um espaço de convivência e aprendizagem, das quais a autonomia e a

cooperação colaboram para esse redimensionamento dos papéis, além de outros espaços

sociais.” (VIRGINIA; BRITTES; MARIA, 2006). A família é a base para que o idoso se

adéque a sua nova condição e para que possa lidar com as novas relações estabelecidas, no

qual o idoso junto à família buscar estabelecer um novo papel social.

Na configuração da família brasileira “o idoso e a idosa, muitas vezes, assumem

papéis de provedores ou contribuintes sob a perspectiva econômica, contudo permitem que os

outros entes familiares integrem a família de forma mais participativa e democrática.”

(VIRGINIA; BRITTES; MARIA, 2006). De acordo com Caldas (2003) estudos sobre

transferências intergeracionais têm mostrado que, entre as famílias mais pobres, os idosos

contribuem com o seu rendimento da aposentadoria para o orçamento domiciliar, sendo essa

contribuição importante nas estratégias de sobrevivência do grupo doméstico baseado em

dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA).

Caldas (2003) mostra que de acordo com o PNAD (IBGE, 1996), mais de 85% dos

idosos no Brasil vivem em domicílios onde existe a presença de parentes e somente uma

pequena parte desses idosos (11,6%) vive sozinha ou com pessoas sem nenhum laço de

parentesco. Com base nesses dados levantados podemos observar que no Brasil a maior parte

das pessoas idosas está inserida no convívio familiar, sendo algum integrante da família

cuidador ou responsável pela pessoa idosa. Em sua minoria pessoas sem laços sanguíneos

assumem esse papel.

A família é a principal fonte de cuidados para o idoso, mas por causa da modernização

as relações familiares estão mudando. Normalmente as pessoas idosas não recebem os

cuidados adequados que esperam da família, principalmente porque os familiares têm de

trabalhar e cuidar de suas próprias necessidades (NERI, 1990 apud BRAVO, 1993). Hernandis

(2002 apud BRAVO , 2005) aponta a família como sendo fonte de apoio e ajuda de maior

importância, sobretudo para aqueles idosos com alguma dependência. Ressalta ainda que a

família, os amigos e vizinhos são elementos importantes no cuidado das pessoas idosas. O

34

cônjuge é o elemento preferido pela pessoa idosa, na ausência deste, ai sim, busca-se auxilio

nos filhos ou filhas, ou mesmo em outros membros da família, ou ainda em amigos.

A família como principal fonte de cuidados da pessoa idosa apresenta necessidade para

desempenhar esta função, essas necessidade são apontadas por Caldas (2000) e Harvis e

Rabins (1989) que vão desde os aspectos materiais até os emocionais, passando pela

necessidade de informações. Não é meramente receber o dever de cuidar do idoso mais ter

condições para realizar tal tarefa. São necessárias condições financeiras para este fim,

condições dignas de vida, os autores acima apontam questões de moradia, transporte e acesso

a serviços de saúde como parte integrante dessa situação. Outros aspectos inerentes a isto

estão à necessidade de informações a família para que haja condições de realizar o cuidado do

idoso e até mesmo a adaptação do ambiente. Dentro deste viés Caldas (2003) evidência o

suporte emocional, uma rede de cuidados que ligue a família aos serviços de apoio e meios

que garantam qualidade de vida aos cuidadores principais.

É importante compreender a relação família-idoso quando esta exerce a função de

cuidadora deste. Não é apenas receber a tarefa ou o dever de cuidar da pessoa idosa, é ter as

condições necessárias para prover este cuidado. O bem-estar e as condições dignas de vida

desse segmento populacional devem ser de responsabilidade não apenas da família, a

sociedade e o governo são parte integrante desta responsabilidade. A constituição da república

federativa do Brasil estabelece no Art.230. A família, a sociedade e o Estado têm o dever de

amparar as pessoas idosas, assegurando sua participação na comunidade, defendendo sua

dignidade e bem-estar e garantindo-lhes o direito a vida. É direito do idoso, assim como da

família receber por parte do governo auxilio no amparo a terceira idade.

3.2 AS LEGISLAÇÕES DE PROTEÇÃO AO IDOSO NO BRASIL

Segundo a organização Mundial de Saúde (OMS), o Brasil tem 18 milhões de pessoas

com mais de 60 anos, representando 10% da população, a expectativa é que em 2025 sejam

mais de 30 milhões. O fenômeno do envelhecimento populacional tem ganhado grande espaço

nas discussões políticas e sociais e através dessas vem se conquistando avanços no que diz

respeito à terceira idade. Com o envelhecimento populacional se faz necessário criarem-se leis

que garantam a essa parcela da população condições de vida digna.

35

Falar de direitos da pessoa idosa é indispensável citar a Constituição Federal de 1988,

na qual foi a primeira a estabelecer de forma clara, direitos a pessoa idosa. Tratar do direito do

idoso é tratar de uma longevidade com dignidade, respeito, proteção e inserção social.

Para Braga (2005, p. 108), a Constituição Federal de 1988 desencadeou um debate,

que contou com a participação de aposentados empenhados na luta por suas reivindicações.

Houve então a organização da população idosa, reunidos para reivindicar seus direitos,

movimento esse que teve grande espaço de divulgação nos meios de comunicação, ganhando

assim força e visibilidade social.

Mais do que reconhecimento formal e obrigação do Estado para com os cidadãos da

terceira idade, que contribuíram para seu crescimento e desenvolvimento, o absoluto

respeito aos direitos humanos fundamentais dos idosos, tanto em seu aspecto

individual como comunitário, espiritual e social, relaciona-se diretamente com a

previsão constitucional de consagração da dignidade da pessoa humana. O

reconhecimento àqueles que construíram com amor, trabalho e esperança a história

de nosso país tem efeito multiplicador de cidadania, ensinando às novas gerações a

importância de respeito permanente aos direitos fundamentais, desde o nascimento até a terceira idade. (MORAES, 2007, p. 805)

A Constituição Federal estabeleceu de forma clara e precisa a cidadania da pessoa

idosa e respeito aos seus direitos. Ela estabelece que a pessoa idosa deva ser respeitada tanto

como sujeito coletivo como individual. As leis criadas veem estabelecer meios legais que

garantam a eles o que lhes és devido.

A Constituição garante aos economicamente frágeis, artigo 201, isentando-os do

imposto sobre a renda percebida, bem como dando a ele o direito ao seguro social, ou

aposentadoria, variando as idades, se homem ou mulher, se trabalhador urbano ou trabalhador

rural (CIELO; VAZ 2010).

O idoso que não integre o seguro social, a Constituição assegura a prestação de

assistência social à velhice, artigos 203, 5, e 204. Devendo essa proteção ser garantida com os

recursos orçamentários da previdência social. Garante também um salário mínimo mensal ao

idoso que comprove não possuir meios de prover a própria manutenção ou de tê-la provida

por sua família, sendo este o benefício de prestação continuada - (BPC).

A lei instaurada pelo texto da Constituição estabelece no seu Art.230 que a família, a

sociedade e o Estado têm o dever de amparar as pessoas idosas, sendo este um dever em

conjunto, no qual as responsabilidades devem ser de todos.

36

Com base em Cielo e Vaz (2010) a Política Nacional do Idoso – PNI (Lei Federal nº

8.842, de 4 de janeiro de 1994, regulamentada pelo Decreto Federal nº 1.948, de 3 de julho de

1996) foi criada por reivindicações feitas pela sociedade, sendo resultado de inúmeros debates

e consultas ocorridas nos Estados e Municípios, nos quais participaram idosos em plena

atividade, aposentados, educadores, profissionais da área de gerontologia e geriatria e várias

entidades representativas desse seguimento, que elaboraram um documento que se

transformou no texto base da lei. A PNI foi uma requisição por parte da sociedade, que sentiu

a necessidade de uma política voltada para esse segmento populacional que tem tido uma

grande crescente, assim havendo o anseio de que estes estivessem amparados.

De acordo com os autores já citados acima o capítulo 3º, parágrafo único, da referida

lei determina que os Ministérios das áreas de saúde, educação, trabalho, previdência social,

cultura, esporte e lazer devem elaborar proposta orçamentária, no âmbito de suas

competências, visando o financiamento de programas nacionais compatíveis com a Política

Nacional do Idoso. Infelizmente muitas vezes projetos são implantados sem qualquer

articulação pelos órgãos competentes a essas tarefas, sendo os idosos prejudicados.

A Política Nacional do Idoso tem como princípios: (a) direito à cidadania – a

família, a sociedade e o Estado têm o dever de assegurar ao idoso todos os direitos

da cidadania; (b) garantia da participação do idoso na comunidade; (c) defesa da

dignidade; (d) direito ao bem-estar; (e) direito à vida; (f) dar conhecimento e informação a todos de que o processo de envelhecimento diz respeito à sociedade

em geral. Constituem diretrizes da Política Nacional do Idoso a: (a) viabilização de

formas alternativas de participação, ocupação e convívio do idoso, que

proporcionem sua integração às demais gerações; (b) participação do idoso, através

de suas organizações representativas, na formulação, implementação e avaliação das

políticas, planos, programas e projetos a serem desenvolvidos; (c) priorização do

atendimento ao idoso através de suas próprias famílias, em detrimento do

atendimento asilar, à exceção dos idosos que não possuam condições que garantam

sua própria sobrevivência; (d) descentralização político-administrativa; (e)

capacitação e reciclagem dos recursos humanos nas áreas de geriatria e gerontologia

e na prestação de serviços; (f) implementação de sistema de informações que

permita a divulgação da política, dos serviços oferecidos, dos planos, programas e projetos em cada nível de governo; (g) estabelecimento de mecanismos que

favoreçam a divulgação de informações de caráter educativo sobre os aspectos

biopsicossociais do envelhecimento; (h) priorização do atendimento ao idoso em

órgãos públicos e privados prestadores de serviços, quando desabrigados e sem

família; (i) apoio a estudos e pesquisas sobre as questões relativas ao

envelhecimento. (PNI, 1994).

Segundo o Ministério Público a PNI em suas diretrizes prioriza o atendimento do

idoso em órgãos públicos e privados prestadores de serviços. O idoso passar ser atendimento

de prioridade no que diz respeito a serviços prestados, porém infelizmente está lei ainda é

desrespeita em alguns espaços. A referida lei resguarda também o idoso no que diz respeito à

37

situação de desabrigado e sem família, ele deve receber do Estado assistência asilar condigna

(art. 4º, VIII).

O poder público passar a ter deveres em diversas áreas para com a terceira idade com

a implementação da PNI. Tais como:

a) na promoção e na assistência social, há previsão de ações no sentido de atender as

necessidades básicas do idoso, estimulando-se a criação de centros de convivência,

centros de cuidados noturnos, casas-lares, oficinas de trabalho, atendimentos

domiciliares, além da capacitação de recursos para atendimento do idoso (art. 10, I);

b) na área de saúde, o idoso deve ter toda assistência preventiva, protetiva e de

recuperação por meio do Sistema Único de Saúde; deve ser incluída a geriatria como

especialidade clínica, para efeito de concursos públicos federais, estaduais, do

Distrito Federal e municipais (art. 10, II);

c) na área da educação prevêm-se: a adequação dos curriculos escolares com

conteúdos voltados para o processo de envelhecimento, de forma a eliminar

preconceitos; a inserção da Gerontologia e da Geriatria como disciplinas curriculares

no cursos superiores; a criação de programas de ensino destinado aos idosos; o apoio

à criação de universidade aberta para a terceira idade;

d) na área do trabalho e da previdência: impedir a discriminação do idoso, no setor

público e privado; programas de preparação para a aposentadoria com antecedência

mínima de dois anos antes do afastamento; atendimento prioritário nos benefícios previdenciários;

e) habitação e urbanismo: facilitar o acesso à moradia para o idoso e diminuir as

barreiras arquitetônicas;

f) na área da justiça: promoção jurídica do idoso, coibindo abusos e lesões a seus

direitos;

g) na área da cultura, esporte e lazer: iniciativas para a integração do idoso e, com

este objetivo, a redução de preços dos eventos culturais, esportivos e de lazer.

A Política Nacional do Idoso veio como forma de consolidação dos direitos já

assegurados pela Constituição. Com base em Sousa (2004, p. 124) a referida lei veio

“apresentando formas de concretização de instrumento legal capaz de coibir a violação desses

direitos e promover a proteção integral do idoso em situação de risco social”. Essa lei passar a

ser como uma norma de atuação do governo e da sociedade no que se refere a pessoa idosa.

Após seis anos de espera, no dia 1° de outubro de 2003 o Estatuto do Idoso foi

aprovado pelo Senado Federal e sancionado pelo Presidente da República, foi criado com o

38

objetivo de garantir dignidade ao idoso. Ele é o resultado da junção dos Projetos de Lei n°

3.561, de 1997; n° 183, de 1999; n° 942, de 1999; n° 2.420, de 2000; n° 2.241; n° 2.426, de

2000; n° 2.427, de 2000; e o de n° 2.638, de 2000. O Estatuto veio como continuidade ao

movimento de universalização da cidadania de acordo com Cielo e Vaz (2010). O Estatuto

vem com intuito de garantir que os anseios e necessidades da pessoa idosa sejam atendidos,

assim como garantir a dignidade dos mesmos.

O Estatuto do Idoso é um instrumento que proporciona auto-estima e fortalecimento

a uma classe de brasileiros que precisa assumir uma identidade social. Ou seja, o

idoso brasileiro precisa aparecer! Precisa se inserir na sociedade e, assim, passar a

ser respeitado como indivíduo, cidadão e participe da estrutura politicamente ativa.

(BRAGA, 2005, p. 186).

Braga (2005) destaca a importância de o idoso assumir uma identidade social, de se

fazer visto pela sociedade e pelo governo, sendo assim respeitado, o indivíduo da terceira

idade deve buscar estar inserido na sociedade e participando desta de forma ativa.

Destacando também o pensamento de Sousa (2004, p. 179) no sentido das garantias

obtidas através do Estatuto para o idoso no Brasil:

O Estatuto do Idoso, uma legislação contemporânea com o objetivo protetivo

assistencial quanto às pessoas com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos,

assegurou-lhes, com tutela legal ou por outros meios, todas as oportunidades e

facilidades, para preservação de sua saúde física e mental e seu aperfeiçoamento

moral, intelectual, espiritual e social, em condições de liberdade e dignidade. Sedimentando assim a obrigação da família, da comunidade, da sociedade e do

Poder Público de assegurar com absoluta prioridade a efetivação do direito à vida, à

saúde, à alimentação, à educação, à cultura, ao esporte, ao lazer, ao trabalho, à

cidadania, à liberdade, à dignidade, ao respeito e à convivência familiar e

comunitária. Com essa legislação, nenhum idoso será objeto de qualquer tipo de

negligência, discriminação, violência, crueldade ou opressão, e todo atentado aos

seus direitos, por ação ou omissão, será punido na formada lei.

Para Sousa (2004) o referido Estatuto vem como promoção de uma vida mais digna a

pessoa idosa, no qual o poder público, a sociedade e família devem zelar por esta dignidade e

pelos direitos dessa população. As diretrizes estabelecidas garantem aos beneficiários a

preservação do seu bem estar físico e mental, lhes garantido ainda o direito a educação, lazer,

cidadania, trabalho, liberdade, entre outros, sendo passivo de punição todo aquele que

desacate a lei.

Para Rulli Neto (2003, p. 42), o Estatuto do Idoso está firmemente calcado em tais

idéias, pois, além da proteção ativa do idoso, traz mecanismos de educação e conscientização

da sociedade. O autor destaca o envolvimento da sociedade para a efetivação do que está

39

estabelecido na referida lei, a sociedade tem papel de grande relevância.

Sousa (2004, p. 178) coloca que:

Com o envelhecimento populacional e a ascensão dos direitos humanos, os idosos estão obtendo a revalorização e o reconhecimento de seus direitos na atual

sociedade, mas, ainda que legislações de âmbito federal, estadual e municipal

estabeleçam atendimentos prioritários, ocorrem diuturnamente descumprimentos

impunes. Situar o idoso no seio da família, individualiza-lo como cidadão é,

portanto, imperioso para garantir todos os seus direitos previstos nos ordenamentos

jurídicos, os quais existem em função do homem e da sociedade.

O autor destaca que com o aumento da expectativa de vida da população os idosos

vêm obtendo o reconhecimento de seus direitos e consequentemente a sua revalorização, é de

suma importância que o poder público garanta o suporte necessário para que a pessoa idosa

esteja inserida no seio familiar e individualize-o como cidadão para a garantia dos seus

direitos.

Grandes avanços foram conquistados até aqui, através de lutas e manifestação em

favor da pessoa idosa, para que seus direitos fossem institucionalizados e efetivados, tais

como as referidas leis aqui citadas, A Constituição Federal de 1988, a Política Nacional do

idoso e o Estatuto do Idoso, que surgiram com o objetivo de dar condições para promover a

longevidade com qualidade de vida, além da promoção da dignidade, no em tanto muito ainda

fica a desejar, apesar dos avanços, muitos estão sendo lesados no não cumprimento destas

leis. É importante ressaltar o desconhecimento desses textos por parte da sociedade, fazendo

assim com que os direitos desse segmento populacional não sejam garantidos, é necessário

que os textos contidos nesses mecanismos sejam disseminados para toda a sociedade, assim

promovendo a efetivação dos direitos. De acordo com Cielo e Vaz (2010) é essencial a busca

por um continuo debate, no qual haja sempre reivindicação, somente assim com a participação

ativa da sociedade se conseguirá garantir uma “nova visão dobre o processo de

envelhecimento”.

40

4 GRISALHOS COM ATITUDE – A PESQUISA DE CAMPO E AS ANÁLISES

4.1 O MÉTODO

Para a realização desse estudo foi utilizado três tipos de pesquisa: pesquisa

bibliográfica, pesquisa documental e a pesquisa de campo. É bibliográfica, pois foi elaborada

desenvolvida com base em material já elaborado, constituído principalmente de livros e

artigos científicos como afirma Gil, o autor também evidência a principal vantagem desse tipo

de pesquisa que “reside no fato de permitir ao investigador a cobertura de uma gama de

fenômenos muito mais ampla do que aquela que poderia pesquisar diretamente” (GIL, 2002.

p, 44).

Lakatos e Marconi (2003) compreendem esse tipo pesquisa contendo oito fases para a

sua construção: escolha do tema; elaboração do plano de trabalho; identificação; localização;

compilação; fichamento; análise e interpretação; redação. O presente estudo comtemplou as

oitos fases durante um período de 12 meses, durante o ano de 2013.

Apresenta cunho documental segundo Gil (2002), pois se utiliza de materiais que

ainda não receberam nenhum tratamento analítico, ou mesmo podendo ainda ser reelaborados

de acordo com os objetos da pesquisa. O autor salienta que a pesquisa documental apresenta

fontes mais diversificadas e dispersas.

Há, de um lado, os documentos "de primeira mão", que não receberam nenhum

tratamento analítico. Nesta categoria estão os documentos conservados em arquivos

de órgãos públicos e instituições privadas, tais como associações científicas, igrejas,

sindicatos, partidos políticos etc. Incluem-se aqui inúmeros outros documentos como cartas pessoais, diários, fotografias, gravações, memorandos, regulamentos,

ofícios, boletins etc. De outro lado, há os documentos de segunda mão, que de

alguma forma já foram analisados, tais como: relatórios de pesquisa, relatórios de

empresas, tabelas estatísticas etc. (GIL, 2002. p, 46).

Segundo a fala do autor tal pesquisa faz uso de documentos que podem ou não ter

recebido algum tratamento analítico, desde que tais documentos possam agregar valor à

pesquisa. É também de campo, pois como afirma Lakatos e Marconi (2003. p. 186):

É aquela utilizada com o objetivo de conseguir informações e conhecimentos acerca

de um problema, para o qual se procura uma resposta, ou de uma hipótese, que se

queira comprovar, ou, ainda, descobrir novos fenômenos ou as relações entre eles.

Ainda de acordo com os atores citados nesse parágrafo essa pesquise consiste na

41

observação de fatos tal como são na coleta de dados e no registro de variáveis que apresentem

relevância para analisa-lo.

Segundo Gil (2002, p. 53) “o pesquisador realiza a maior parte do trabalho

pessoalmente, pois é enfatizada importância de o pesquisador ter tido ele mesmo uma

experiência direta com a situação de estudo”. O autor salienta a importância do pesquisador

com o campo, ir a loco o próprio pesquisador trás a oportunidade do mesmo poder mergulhar

na realidade apresentada a ele.

Está pesquisa tem natureza qualitativa na qual com base em Goldenbert (2009. p, 60)

na qual ela evidência o valor desta pesquisa “para estudar questões difíceis de quantificar,

como sentimentos, motivações, crenças e atitudes individuais”. A natureza qualitativa permite

que através da fala dos sujeitos possamos compreender tudo aquilo que não pode ser

quantificado, identificando suas opiniões e emoções.

Apesar do caráter qualitativo desse estudo foram utilizados dados quantitativos do

IBGE e outras fontes com o objetivo de engrandecer esse o mesmo, Goldenbert (2009) afirma

que esses dados devem ser visto como complementares e não como opostos.

O campo de realização dessa pesquisa foi o Centro Comunitário Luíza Távora,

localizado no bairro Pirambu. Tenho como universo da minha pesquisa o grupo de

convivência de idosos, nomeado Alegria de Viver e pertencente à unidade, sendo este o

projeto conviver da matriz institucional a STDS. Como amostra desse universo tenho os (as)

idosos (as) por acessibilidade que frequentem o grupo a pelo menos cinco anos com idade

igual ou superior a 65 anos, sendo posteriormente esse requisitos mais delimitados.

Para atingir os objetivos da minha pesquisa tenho como instrumentos de coleta de

dados questionários a fim de obter respostas mais rápidas, no qual segundo Lakatos e Marconi

(2003. p, 201) dizem ser um “instrumento de coleta de dados, constituído por uma série

ordenada de perguntas, que devem ser respondidas por escrito”. Também utilizei a entrevista

semi-estruturada possibilitando ao entrevistado maior liberdade de expressão, Lakatos e

Marconi (2003) afirmam ser um encontro entre duas pessoas onde uma tem interesse em obter

conhecimento sobre determinado assunto, o fazendo por meio de uma conversação de maneira

profissional. “É um procedimento utilizado na investigação social, para a coleta de dados ou

para ajudar no diagnóstico ou no tratamento de um problema social” (LAKATOS;

MARCONI, 2003. p, 195).

42

Os sujeitos da minha pesquisa para a aplicação dos questionários foram por

acessibilidade os idosos participantes dos grupos de convivência residentes no entorno do

Centro Comunitário Luíza Távora, no Pirambu, com pelo menos cinco anos de participação

no grupo, com idade entre 65 e 85 anos, no total foram feitas a aplicação de 15 questionários.

Para a realização das entrevistas semiestruturadas tive como foram por acessibilidade os

idosos participantes dos grupos de convivência com pelo menos cinco anos de participação,

com idade entre 66 e 75 anos e alfabetizados, foram executadas 4 entrevistas.

A coleta de dados bibliográficos e documental foi realizada de março a outubro de

2013, sendo esta interrompida por algumas vezes por motivos de ordem pessoal, já a pesquisa

de campo foi realizada no mês de novembro, em uma terça e quinta feira (dias que acontecem

as reuniões), das 8 às 13 horas, no C.C. Luíza Távora, local onde acontecem os encontros, foi

concedido um espaço no hall de entrada, bem como um birô e cadeiras.

Após os dados serem obtidos foram utilizadas a análise e interpretação dos mesmos,

sendo essas atividades distintas assim como assina-la Lakatos e Marconi (2003). A análise “é

a tentativa de evidenciar as relações existentes entre o fenômeno estudado e outros fatores”

(LAKATOS; MARCONI, 2003, p, 166). A interpretação “é a atividade intelectual que procura

dar um significado mais amplo às respostas, vinculando-as a outros conhecimentos”

(LAKATOS; MARCONI, 2003, p. 166).

Para a realização deste estudo, optei pela aproximação com o Método Dialético,

compreendendo que o mesmo nos favorece uma aproximação com a dinamicidade e o

movimento do real, permitindo uma reflexão em que diversos elementos dialogam entre si,

numa perspectiva de totalidade. Conforme Pedro Demo, a dialética seria a “metodologia

específica das ciências sociais, porque vê na história não somente o fluxo das coisas, mas

igualmente a principal origem explicativa (DEMO, 1987, p. 21).”

Foi também utilizado o método comparativo “considerando que o estudo das

semelhanças e diferenças entre diversos tipos de grupos, sociedades ou povos contribuindo

para uma melhor compreensão do comportamento humano” (LAKATOS; MARCONI, 2003,

p. 107), nesse momento é feita comparações com o intuito de verificar semelhanças e

divergências assim como dialogar sobre elas ainda segundo os autores citados acima.

43

4.2 O CENÁRIO DA PESQUISA

O cenário desse estudo localiza-se no bairro Pirambu, também nomeado por seus

moradores de Grande Pirambu, por abranger além do próprio Pirambu, outros bairros como

Nossa Senhora das Graças, Cristo Redentor, Colônia, Tirol, Barra do Ceará e parte da

Jacarecanga (BEZERRA, 2007).

Com base em Pinheiro (2006) o Pirambu foi um antigo refúgio para sertanejos em

época de seca, tendo relatos desta época na seca de 1932, o território ficou conhecido como

uma grande favela que ocupava todo o litoral oeste de Fortaleza. A partir de 1960 este cenário

começa a mudar, a população junto com o apoio do Partido Comunista Brasileiro e da Igreja

Católica representada pelo Padre Hélio Campos elaboram um plano de Recuperação do

Pirambu. No dia 01 de Janeiro de 1962 ocorreu a Marcha do Pirambu, cujo objetivo foi

reivindicar a desapropriação das terras obtidas com o Decreto Lei nº1058 de 25 de maio de

1962. Essa passeata teve grande representatividade na cidade e teve seu percurso até o centro

da cidade. Após a marcha e com o apoio de importantes políticos da época como Jõao Goulart

e Virgílio Távora as terras passam a pertencer à união devendo ser administradas pela igreja

Católica.

Segundo Aquiléa Bezerra (2007) em dias mais atuais o bairro conta com algumas

comunidades, como por exemplo, Favela do Sabão, Cacimba dos Pombos, Beco do Melão e

Beira do Mar, além de dois postos de saúde, 14 escolas estaduais e três municipais, uma

delegacia, um Aprender Brincando Crescer (ABC) do Estado, um posto da Polícia Militar,

além de associações vinculadas ou não à Federação do Movimento Comunitário (Femocopi) e

de dois centros sociais.

Ainda segundo a referida autora os principais problemas da população são: o déficit

habitacional, falta de saneamento básico, calçamentos e saneamento sanitário em geral. A

ociosidade, a falta de emprego e a fome determinam o aumento da marginalidade no bairro.

(BEZERRA, 2007).

Diante de todas as problemáticas, foi criado 1982, durante o governo de Virgílio

Távora, o Centro Comunitário Luiza Távora. A unidade tem como objetivo executar a política

de proteção social básica e especial, mantido pela STDS, atuando em ações que minimizam a

vulnerabilidade social e fortalecendo os vínculos sociais das famílias na região do Pirambu de

acordo com os documentos da própria instituição.

44

O centro sob a coordenação de Cecília Costa atende a comunidade do Grande Pirambu

e a população remanescente do antigo Centro Comunitário - C.C. das Goiabeiras, de acordo

com documentos do Plano de Ação (2011) da instituição a mesma conta com a realização de

projetos como Oficinas de Qualificação Profissional (08 oficinas e 01 curso de informática),

Oficinas Temáticas (famílias, drogas, sexualidade, meio ambiente, Higiene, violência, etc.),

Vale Transporte para Deficientes da Área Metropolitana, Assessoramento às organizações

Sociais/ Entidades Comunitárias e Projeto Conviver (com 130 idosos – 90 idosos do Pirambu

e 40 remanescentes do C.C. Goiabeiras).

De acordo com a STDS, órgão do Estado responsável pelo C.C. Luiza Távora os

Centros Comunitários são equipamentos sociais, de prestação de serviços à população de

baixa renda a partir de programas e projetos. Esse equipamento tem como público alvo

crianças, adolescentes, idosos, jovens e adultos como foco de intervenção a família.

Com base nos documentos da unidade dentre as atividades realizadas no C.C Luíza

Távora este estudo tem como universo da pesquisa o Projeto Conviver designado para a

população idosa segundo a matriz institucional, a STDS. O grupo de convivência do C.C foi

intitulado como Alegria de Viver, possui duas reuniões semanais, dentre as dinâmicas

realizadas no grupo estão às palestras (Saúde, Cidadania, Direitos dos Idosos, atualidades),

feiras de cacareco, bingos e barracas de comidas típicas, pescarias (tem o objetivo de

arrecadas dinheiro para a realização de atividades para o próprio grupo, desenvolvendo assim

a autonomia do mesmo), comemoração das datas festivas, passeios (de lazer e culturais) e

grupo folclórico. Ainda falando a respeito das atividades, durante as reuniões acontecem os

momentos de acolhida, oração, alongamento e relaxamento, leitura de textos e reflexão,

dinâmicas para trabalhar os temas abordados e o momento do forró.

O projeto Conviver tem como objetivo contribuir para a inclusão e participação do

idoso na sociedade, fazendo com que estes acreditem no seu potencial desenvolvendo

atividades compatíveis com suas habilidades, condições físicas e psicológicas. E faz parte

ainda de seu objetivo fortalecer os vínculos familiares e comunitários, objetivo este comum

aos Centros Comunitários. A partir do objetivo do próprio projeto deu-se inicio a está

pesquisa, buscando avaliar como os idosos percebem o grupo para o fortalecimento desses

vínculos.

45

4.3 O PERFIL DOS SUJEITOS

Tendo como um dos objetivo da pesquisa traçar o perfil dos sujeitos participantes do

grupo de convivência Alegria de Viver do Centro Comunitário Luíza Távora este ponto

evidenciará o perfil socioeconômico dos mesmos. Com o intuito de preservar a identidade dos

sujeitos dessa pesquisa dei-lhes os nomes de flores: Jasmim, Lírio, Magnólia, Margarida,

Rosa branca, Tulipa, Violeta, Orquídea, Petúnia, Véu-de-noiva, Begónia, Camélia, Azaléa,

Dália, Rosa Vermelha, Narciso, Cravo, Girassol, Flor de Lótus.

Aqui estará evidenciado o perfil dos sujeitos participantes do questionário e também

daqueles que participaram da entrevista, assim contando com demonstração da totalidade dos

participantes deste estudo.

Tabela 3 - Perfil dos sujeitos da Pesquisa

Sexo %

Masculino 15,7%

Feminino 84,2

Faixa Etária %

65 anos 5,26%

66 a 70 15,7%

71 a 75 52,6%

76 a 80 21,5%

81 ou mais 5,26%

Estado Civil %

Viúva 47,3%

Casada 26,3%

Separado (a) 21%

Solteiro (a) 5,2%

União Estável 0%

Renda Familiar %

Inferior a 1 Salário Mínimo 0%

46

1 Salário Mínimo 36,8%

Mais de 1 Salário mínimo 0%

De 2 a 3 salários mínimos 63,1%

4 Salários Mínimos ou mais 0%

Reside só ou com alguém %

Sozinho 21%

Com alguém 57,89%

Grau de Escolaridade %

Nenhum 10,5%

Ler e escrever o próprio nome 42,10%

Ensino Fundamental Completo 0%

Ensino Fundamental Incompleto 47,36%

Ensino Médio Completo 0%

Ensino Médio Incompleto 0%

Pratica Atividades Físicas %

Sim 94,73%

Não 5,26%

Ao ver traçado o perfil dos idosos participantes do grupo de convivência podemos

observar no que se refere ao estado civil dos sujeitos da pesquisa a maior parte é viúva (o)

totalizando 47,3% onde apenas um desses é do sexo masculino, 26,3% casadas(os), 21%

separadas(os) e 5,2% solteira. Falando a respeito do sexo as mulheres dominam

representando 84,2 do total dos participantes, esses dados nos remetem ao que a autora

Ana Amélia Camarano nos expõe como o processo de feminização da velhice, que se devem

as transformações ocorridas na família e na sociedade ao longo das décadas, responsáveis

pelas melhorias da qualidade de vida feminina e na ampliação de seus papeis sociais.

Falando sobre renda do total de 19 sujeitos 63,1% possuem renda mensal entre 2 e 3

salários mínimos, 36,8% recebem apenas um salário mínimo (aposentadoria) em que deste e

1 recebe o benefício de prestação continuada (BPC). Vale ressaltar a importância da

contribuição do idoso para os gastos familiares, apenas uma dos idosos salientou que o seu

dinheiro é gasto apenas com ela, sendo outro integrante da família o responsável pelos gastos

47

da mesma, os demais informaram contribuir para as despesas da casa e este ser de suma

importância.

Na configuração da família brasileira “o idoso e a idosa, muitas vezes, assumem

papéis de provedores ou contribuintes sob a perspectiva econômica, contudo permitem que os

outros entes familiares integrem a família de forma mais participativa e democrática.”

(VIRGINIA; BRITTES; MARIA, 2006).

No tocante a questão da moradia quando perguntados com quem residem, dos 19

sujeitos 57,89% moram com alguém, dentre estes 11 moram com 4 a 5 pessoas sendo estes

pessoas da família e apenas 21% moram só.

Quanto a prática de atividades físicas a grande maioria afirmar praticar no total

94,73%, apenas 5,26% diz não praticar atividade física por questões de saúde.

Falando a respeito do grau de escolaridade dos sujeitos da pesquisa podemos asseverar

que dos 19 participantes desse estudo 47,36% possuem ensino fundamental incompleto,

42,10% sabem apenas ler e escrever o próprio nome e 10,5% são analfabetos. Com base nos

dados apresentados pela pesquisa do IPECE trabalhada no capítulo um desse trabalho e com

os números apresentados pelo mesmo à questão da educação no Ceará no que se refere aos

idosos não tem apresentado mudanças expressivas, a muito que melhorar nesse segmento.

4.4 O GRUPO DE CONVIVÊNCIA ALEGRIA DE VIVER – AS ANÁLISES DA

PESQUISA

Neste ponto se dá o momento crucial dessa pesquisa, na qual serão apresentadas as

falas dos sujeitos, suas opiniões e percepções fazendo analises com base nos autores que

contribuem com a temática.

O momento da entrevista e mesmo da aplicação do questionário propiciaram não só

um momento de conhecimento, mas de troca de valores agregados e até mesmo de bom-

humor.

Os sujeitos participantes dessa pesquisa ganharam nome de flores no intuito de suas

identidades serem preservadas, sendo os seus respectivos nomes (entrevistados): Azaléa,

48

Dália, Rosa Vermelha, Flor de Lótus; (questionário): Jasmim, Lírio, Magnólia, Margarida,

Rosa branca, Tulipa, Violeta, Orquídea, Petúnia, Véu-de-noiva, Begónia, Camélia, Narciso,

Cravo, Girassol.

Antes de iniciar com a fala é importante salientar a respeito da oralidade da pessoa

idosa, em nossa experiência de campo sentimos a necessidade de refazermos a mesma

pergunta algumas vezes, com o intuído da compreensão e da expansão da fala do entrevistado.

Por vezes o participante se limitou a falas monossilábicas, assim surgindo a necessidade da

pergunta ser refeita de outra maneira, buscando a ampliação da fala para que esta pudesse de

fato colaborar com a pesquisa.

No primeiro momento buscando compreender o que levou os sujeitos dessa pesquisa a

buscarem a participação no grupo de convivência, foi indagado a eles: (Entrevista) Quais

motivos lhe levaram a participar do grupo?

Foi o forró, animação e mais só que a gente fica amiga de todo mundo, fica

conhecida né, aqui eu tenho muita colega. (Azaléa)

Eu achei muito bacana isso aqui, eu depois que eu me aposentei, que sai, num

trabalhei mais, eu só vivo assim, tenho vários grupos, é cradastrada tudo, olha o

shopping Benfica, o SESC todo dia se eu quiser i pra lá tem o que eu fazer né, tem

aqui, tem o nossa praia lá no centro urbano, tem a Táta que é dia de sexta-feira, e

assim eu vou de manhã pra um e de tarde pra outro, mas isso é quando não tenho

médico, não tenho exame, num tenho outra coisa pra fazer né, quando num tem eu

freqüento essas coisas. (Rosa Vermelha)

Não foi porque, eu acho, dei conta que pra ficar dentro de casa, a gente que é idoso

não é mais pra ficar dentro de casa, é pra sair, então comecei participar dos grupos,

até hoje eu tô ... (Dália)

Pela as amizade né, pra num fica em casa sem nada por fazer, porque depois que a

gente se aposenta num tem mais nada mia fia e porque aqui é animado também.

(Flor de Lótus)

Nas falas dos idosos é possível observar que a procura pelo grupo foi no intuito de

preencher o tempo ocioso adquirido pela aposentadoria ou mesmo pela garantia do beneficio

de prestação continuada, esse sujeitos buscam ter novos papeis sociais. Além do

preenchimento do tempo eles relatam a busca por amizades, por criar vínculos sociais.

Os idosos com os quais foi aplicado o questionário seguem a mesma linha em relação

aos motivos da procura, o preenchimento do tempo, a busca por novos papéis e por motivos

de saúde.

Ai, é porque eu entrei numa depressão, ai uma colega minha, ai eu vim morar com

49

minha mãe, ai uma colega minha me trouxe pra cá, ai pronto desdesse dia fiquei boa,

esse tempo todim. (Magnólia)

Porque eu fico em casa, daí eu vou participar também, pelo meno é uma distração

né? pra mim é uma distração. (Margarida)

Eu queria mais novidade, mais gente, [..] pra mim animar. (Cravo)

De acordo com Barbosa, Lima e Macussi (2004/2005) o processo de envelhecimento

acarreta muitas mudanças psicológicas, sociais e fisiológicas, na qual o papel desempenhado

pelo idoso em nossa sociedade tem grande relevância, devendo ser destacado a aposentadoria,

momento este em que o indivíduo deixa de ser produtor de riquezas e passa a receber uma

renda permanente até a sua morte, neste momento deve-se observar a transformação social

vivida pelo idoso, devendo este adaptar-se a uma nova condição. Neste momento de transição

no qual o idoso não mais exerce o seu papel social habitualmente exercido anteriormente é

natural que o mesmo busque novos papeis almejando a reinserção no convívio social já que

esta nova condição lhe impõe emocional ou psicologicamente a sensação de exclusão.

Para Penha (2001) com base na percepção de Jacob Levy Moreno afirmam que :

A teoria do vínculo parte do pressuposto de que o homem se revela e se estrutura por

meio da ação, ou seja, do desempenho de papéis e do estabelecimento de vínculos

[...] Em nossa vida, são notórios os vínculos sociais, nos quais complementamos os

papéis sociais das pessoas, formando, por exemplo, os vínculos de patrão/empregado, irmãos, colegas de profissão. (PENHA, 2001, p. 3-4).

Compreendendo o que autora coloca é notória a existência de uma relação inerente

entre papeis sociais e a formação de vínculos, é da natureza humana se relacionar e necessitar

do outro como forma de complementaridade.

Já para Pino (2000, p. 61) vem reforçar essa ideia de que:

As formas humanas de organização social, em que a sociabilidade natural se

concretiza, são obras do homem e, como tal, obedecem a leis históricas que determinam as condições concretas de sua produção. E o caráter histórico dessa

produção que define o social humano. (PINO, 2000).

A partir da historicidade humana como produtor de papéis sociais é compreendido a

ação do idoso em buscar desempenhar novos papéis assim como criar e fortalecer vínculos de

amizade como citados pelos próprios. É inerente à natureza humana buscar essas relações,

salientando a importância dessa busca para o ser idoso como forma de reintegração na

sociedade que muitas vezes o rejeita e o exclui.

50

Os grupos de convivência têm sido citados como importantes mecanismos para essa

inserção social, garantindo ainda à terceira idade um resgate da sua autonomia outrora

perdida, trabalhando a valorização e a construção de uma nova mentalidade mais consciente

de seus direitos e deveres.

O reconhecimento de que o idoso participante dos Grupos de Convivência está

reinserido na sociedade e que esse exercício da prática social com compromisso de

saúde como bem-estar individual e coletivo poderá favorecer um envelhecimento

bem sucedido no qual o idoso adentra num cenário político, resgatando culturas e

papéis sociais que foram perdidos, garantindo-lhes maior autonomia, realização

pessoal que contribuem para a construção de uma nova mentalidade, além de possuir

um efeito terapêutico garantindo assim uma melhor percepção de suas condições de vida.

Buscando avaliar se este mecanismo tem de fato cumprido com que é proposto ao

idoso, foi-lhes direcionado o seguinte questionamento: Com a sua participação no grupo

sentiu melhorias no seu convívio Social?

A gente arruma muita amiga, fica conhecida, e tem passeio e tem tudo que a gente

deseja. (Azaléa).

Aff Maria eu adoro isso aqui, eu fico triste no dia que não posso vim. (Rosa

Vermelha).

De mais, aqui e no grupo torres de melo fiz mais amigo. (Dália).

Aff Maria menina, a amizade que eu tenho mais na minha vida, me dá até vontade

de chorar (uma pequena pausa pois o idoso chorou) foi aqui, foi bom pra mim. (Flor

de Lotus).

Segundo a fala dos idosos o grupo através de suas atividades propicia aos participantes

uma integração entre eles, é notória a satisfação dos mesmos em relação à construção de

amizades e o fortalecimento desse vínculo criado por intermédio do grupo e de suas

dinâmicas propostas a eles.

O grupo possui várias atividades no entanto é recorrente na fala dos idosos que

atividade mais apreciada por eles é o forró, pela animação, pelo movimento e descontração,

fazendo com eles interajam de maneira mais espontânea. Assim segue a fala dos sujeitos:

As atividade dechover, atividade, forró... e o que mais, passeio, umas dinâmica,

leitura, tinha exercício, mas gosto mais do forró mermo. (azaléa).

Dos grupo que eu vou né, o que eu mais gosto daqui é o forró, só vivo nos forró por

ai, eu não danço mais porque eu tenho muita dor, négócio de astrite, artrose, bico de

papagaio, agora bucite, e eu tenho labiritite, quando eu começo a roda, as vezes eu

51

me penero por ali com as menina, só, porque se me rodar eu to caindo, tonta, eu

gosto, mas num dá. (Rosa Vermelha).

Aqui, eu danço, quando a menina vinha fazia atividade física, agora ela num vem

mais e a gente também passea, faz leitura, essas coisa, mas sempre tem o forró

(risos). (Dália).

Ai a atividade, eu gosto muito de dançar, agora tem umas brincadeirinhas que a

gente faz pra animar, [...] tem leitura, passei. [... ]eu ganhei aqui até um presente, ai

eu dancei a Cecília ai disse: que rapaizinho pra dançar, ai ela escolheu 3 casal pra

dançar, eu me garanto, (risos) ai eu ganhei um pá de meia ... (Flor de Lotus).

No texto contido nos anais do 2º congresso Brasileiro de Extensão Universitária é

destacado

A importância atribuída aos Grupos de Convivência como espaço de interação social

permite trocas de experiências, conquista de respeito, liberdade e autonomia,

negligenciados pela vulnerabilidade do processo de envelhecimento, e ainda, pelas

ações na defesa dos direitos sociais, culturais, na reconstrução de uma nova

concepção para a velhice.

Tais grupos tem o propósito de promover a reconstrução da concepção da velhice,

trazendo para a sociedade um novo olhar diante dessa população, garantido seu espaço na

sociedade e na família, em que seus direitos não sejam violados e a sua autonomia seja

preservada. O idoso não deve ser tratado como dependente e incapaz e sim com respeito e ser

dotado de liberdade.

Os grupos de convivência nasceram com o objetivo de fortalecer vínculos familiares e

comunitários, sendo estes vínculos de suma importância para o ser humano no intuito de

perceber como o público que frequenta esses grupos avalia o rendimento do mesmo em

função do fortalecimento desses vínculos nasceu está pesquisa. Para compreender essa

avaliação foi perguntada aos sujeitos da pesquisa a seguinte indagação: Com sua participação

no grupo sentiu uma aproximação com sua família? Se sim, como?

Olha mulhé, amilhorou muito, a minha nora num gosta bem não né, mar eu nem ligo

pro que ela fala não, eu boto o pé na estrada de manhã só chego em casa de tarde,

porque daqui eu vou pro CSU né. Ai lá tem a reuniãozinha a gente fica por lá né, ai

tem a dona Silva as veze leva aquele sonzinho a gente se requebra por lá, ai tem a janta, depois a gente vai embora. (Azaléa)

Tudo por tudo, tudo é bom de mais, eu me conformo com ar dor, me conformo com

ar duença, me conformo ar dívida eu me conformo com tudo, assim num tenho do

que recrama, alivia a cabeça de todo mundo. (Rosa Vermelha)

O convívio com a família continua o mesmo, o mesmo. (Dália)

Graças a Deus, porque minha mulher deu muito em cima de mim, ai eu por cima,

por cima e Deus, rezei muito, que ela soltava muita piada, soltava muitas coisas em

cima de mim, e eu aguentando, aguentando, até que um dia Deus olhou pra mim e

disse assim, ela dexou de falar dos forró, só não posso é chegar no outro dia né que

52

também ai é de mais né. (risos) ave Maria você é doida.Melhorou. Meus filho papai

vá lá pro forró, dance, brinque. (Flor de lótus)

Neste momento a fala dos indivíduos em sua maioria relata melhorias no

relacionamento com a família, aponta ainda o incentivo por parte de membros da mesma para

a busca por novas vivências e motivações. Desse modo, destacamos a fala de Dália que afirma

manter o mesmo relacionamento com a família, para ela o grupo não agregou mudanças nessa

relação.

Voltando a falar a respeito de vínculos, conceituando o papel social, Moreno o define

como “uma experiência interpessoal que necessita, usualmente, de dois ou mais indivíduos

para ser realizada” (MORENO, 1974, p. 238). O âmbito onde se cria o primeiro vínculo é a

família que é um espaço onde se inicia a socialização, onde se começa a estabelecer as

primeiras relações, é a partir daí que o indivíduo cria bases para se relacionar em sociedade.

Sendo está um espaço de troca, de construção de valores morais, éticos e expressão de

sentidos e sentimentos, é onde o indivíduo começa sua formação. Conforme Carvalho vem

assinalando que

A família como expressão máxima da vida privada é lugar da intimidade, construção

de sentidos e expressão de sentimentos, onde se exterioriza o sofrimento psíquico

que a vida de todos nós põe e repõe. É percebida como nicho afetivo e de relações

necessárias à socialização dos indivíduos, que assim desenvolvem o sentido de

pertença a um campo relacional iniciador de relações includentes na própria vida em

sociedade. É um campo de mediação imprescindível. (CARVALHO, 2005, p. 271).

Com base nas análises de Carvalho (2005) percebemos a importância do vínculo com

a família, onde está possibilita um espaço de troca de experiências e compartilhamento de

sentimentos, este é um eixo primordial para o ser humano, condutor da socialização do

indivíduo. É notória a importância desse vínculo ser mantido durante toda a vida. A velhice

acarreta muitas transformações sociais e a família é um núcleo importante para as novas

adaptações.

Ainda falando sobre família questionamos quanto a participação da família em alguma

atividade do grupo, seja ela externa ou mesmo interna. Alguém da sua família participou de

alguma atividade no grupo com a senhora? Obtivemos as seguintes respostas:

Não, ninguém. (Dália)

Não, não... (Flor de Lótus)

Não, minha família veio não, puque minha nora tem o menino né, e meu fi trabaia

num vei não. (Azaléa)

53

... tem uma filha que as vezes eu levo pos passeio sabe é só ... (Rosa Vermelha)

No relato acima no tocante a participação da família nas atividades apenas Rosa

Vermelha disse haver um membro que participa de atividades externas, sendo estas os

passeios organizados pelos grupos. Já Azaléa justifica a ausência da família junto a alguma

atividade do grupo por motivos de trabalho ou por outras responsabilidades, isso é comum à

realidade dos idosos em nosso país. Neste sentido também foi questionado aos idosos do

questionário aplicado acerca da participação de algum ente da família, dos 15 que

participaram 7 afirmam que nenhum membro da família havia participado de alguma

atividade, 8 deles afirmam que já ouve a participação familiar, mas apenas em passeios. Os

demais justificam a ausência também por motivos de trabalho e/ou outra responsabilidade.

A família é a principal fonte de cuidados para o idoso, mas por causa da modernização

as relações estão mudando. Normalmente as pessoas idosas não recebem os cuidados

adequados que esperam da família porque os familiares têm de trabalhar e cuidar de suas

próprias necessidades (NERI, 1993).

No intuito de compreender o universo dos grupos de convivência e suas contribuições

para a vida da pessoa idosa, fez-se necessário indagar aos indivíduos no tocante à qualidade

de vida. A pergunta foi a seguinte: Com a sua participação no grupo você sentiu alguma

melhoria na sua qualidade de vida? Se sim, qual?

E muito, mar menina me sinto mais disposta. (Dália)

Ave Maria, melhorou, a alegria, a eu chegar lá nos cantos era assim triste, ai meu

Deus vou pra budega, vou não, quer saber duma coisa vou é me arrumar, tomei um

banho, ai minha mulher, vem cá, tu vai pra onde? Ai eu digo, eu vou andar por ai,

num já aposentei? Num recebi minha carteira? Tudo pra mim agora é de graça, vou

pra praça do ferreira conversar com meus amigos e ter amizade, ah você vai é

arranjar uma veas por ai, vou não meu amor, vou não. Venho pra cá que é bom de

mais. (Flor de Lótus)

Amilhorou mulher, eu só vivia doente era dor nas perna, nas costa, era triste em

casa, ai pronto depois que meu marido morreu fiquei triste em casa, mas agora eu

nem me lembro mais de nada, esqueci de tudo.(Azaléa)

Melhorou 100%, [...] fico boazinha quando tô aqui (risos). (Rosa vermelha)

Todos os entrevistados afirmam ter ganhado qualidade de vida com a participação no

grupo, mais disposição, animo e bem estar. Conforme pode ser vislumbrado abaixo:

Esses grupos proporcionam ao idoso a possibilidade de auto realização,

conquistando uma melhor qualidade de vida através do desenvolvimento de

expectativas positivas para o futuro. A partir desses grupos, os idosos passaram a

54

fazer parte de uma classe participativa onde cada componente é considerado uma

pessoa socialmente atuante de acordo com as suas limitações. Com esta nova visão,

deixa de existir aquele ser generalizado passivo simplesmente pelo fato de já ter

vivido muitas décadas. (SOARES; ELYDIANA. 2010).

Como diz Soares e Elydiana (2010) os grupos voltados para terceira idade trabalham

numa perspectiva de promover a autonomia dessa população, deixando para trás a imagem de

dependência e pré-conceito tida pela sociedade na qual percebem o idoso como incapaz. É

possível se resgatar a autonomia da pessoa idosa respeitando suas limitações e buscando

formas de viabilizar a atuação dos mesmos na sociedade, resgatando sua importância social,

disseminando essa cultura discriminatória e repassando uma imagem de autonomia, cidadania

e atuação social.

Compreendendo como os sujeitos dessa pesquisa percebem o grupo, e que significados

atribuem ao mesmo foi feito o seguinte questionamento: Como você percebe o grupo de

convivência para a terceira idade?

Bom, não tenho o que reclamar desse grupo. (Dália)

Eu acho aqui tudo aqui é bom, o que eu lhe falei né. (Flor de Lótus)

Eu acho maravilhoso, se não fosse estes grupos minha fia eu acho que não existia

essa velhiça no mundo não, esse pessoal velho no mundo, ta ai é tudo velho e é tudo

com as perna boa né, é de tanto brincarem, se diverti. (Azaléa)

Eu acho isso maravilhoso, aqui é muito legal, um negócio muito bem organizado.

(Rosa vermelha)

A maioria das falas foi sucinta e expressou o grupo como algo positivo em suas vidas,

sendo este algo bom ou maravilhoso para eles, no entanto, Azaléa em sua fala conseguiu

expressar a sua percepção de outra maneira, para ela os grupos de convivência tem papel

relevante em nossa sociedade para a contribuição de uma velhice mais ativa. Ela vê o grupo

como um mecanismo facilitador para a existência de uma velhice ainda participante

socialmente.

[..] é importante que o idoso ocupe o seu tempo livre com as mais diversas

atividades... seja nos centros de convivência, nos grupos de convivência, nas

associações de aposentados, associações filantrópicas, culturais, sociais, religiosas

etc, pois elas são um meio de integrá-lo na sociedade, que muitas vezes o rejeita de

mil maneiras no plano profissional, social e mesmo afetivo. (SCHONS & PALMA.

2000; p.162).

O autor aponta a necessidade do idoso se manter ativo para uma interação social, seja

ela através da cultura, de grupos de convivência ou outros meios que viabilizem o mesmo fim.

55

Os grupos de convivência veem ganhando grande destaque em nossa sociedade como

mecanismo provedor dessa interação social, mantendo o idoso inserido na sociedade,

compartilhando suas vivências e ampliando seus horizontes sociais.

Querendo complementar essa percepção do grupo, ampliando a fala dos sujeitos, com

o intuito de também avaliar se o grupo de fato trouxe benefícios à vida dos idosos lhes foi

questionado a cerca da percepção deles sobre a própria vida antes e depois da participação no

grupo.

Antes eu triste né, num tinha mais nada deu fazer em casa, amanhecia o dia botava o

feijão no fogo, ai ficava por ali lavando roupa, nada, ai até que o dia se passava,

agora não, agora é maravilhoso, eu ando por todo canto, até pra Tatá no mucuripe a

gente vai, é ota casona como aqui, tem mais que se aproveita, a gente tem mais que

andar e se diverti. (Azaléa)

Antes era uma coisa, e agora com os grupo que eu vivo pra um e pra outro, ah,

melhorou em 100%, o povo me acha mair nova, mair bonita, mar charmosa e ai eu

vou vivendo morta de feliz, ai como é que tu ta, eu tô linda e maravilhosa, eu lá vou

contar de dor e doença. (Rosa Vermelha)

Antes eu num queria nem cuidar de mim, hoje em dia eu cuido, fiquei vaidosa, e

antigamente eu nem vaidade eu tinha, agora eu cuido de mim, sou vaidosa, só quero

andar bem cheirosa, bem arrumadinha pra dançar com meus amigos, é nessa vida

que eu levo agora. (Dália)

Antes do grupo ... eu me animei mais porque eu já era aviciado na bebida eu achei

que o forró é muito mais melhor que a bebida, toda certeza e o cigarro, deixei

também, graças a Deus, vou grupo que me fez sai, Deus disse saia dessa bebida, saia

desse cigarro, vá dançar que é melhor, lá tem mais futuro, lá você arranja amizade e é melhor pra você. Quando eu me levanto, oh meu deus hoje é dia do meu forró, vou

já me arrumar. (Flor de Lotus)

Nesse ponto as falas foram um pouco mais amplas, os indivíduos afirmam que o grupo

trouxe sim melhoria na sua qualidade de vida, na autoestima assim como assinalam Rosa

vermelha e Dália, foram motivo para se buscar uma nova maneira de viver assim como aponta

Flor de Lotus quando fala a respeito da bebida e do cigarro, a sua entrada no grupo a fez optar

por outro estilo de vida, trazendo melhoria para a mesma. Os idosos afirmam ainda que o

grupo lhes propiciou uma velhice mais ativa com a construção de novos laços e a busca por

autonomia e independência pessoal.

Os grupos de convivência possuem papel social na promoção da reinserção na

sociedade e nas relações familiares buscando o fortalecimento desses vínculos por meio de

suas atividades e dinâmicas propostas. A partir desse questionamento essa pesquisa se fez

necessária, ressaltando aqui a percepção do idoso acerca dessa temática, no qual o mesmo

56

afirma os benefícios trazidos pelo grupo da terceira idade, formando novos vínculos sociais e

assim interagindo com a comunidade onde vive, bem como a busca constante pela vivência

familiar.

57

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O fenômeno do envelhecimento é algo inerente ao mundo e tem ganhado grandes

espaços de discussões na sociedade contemporânea. Junto a esse fenômeno é importante que

se leve em consideração as mudanças necessárias para garantir a essa população uma vida

digna e saudável.

Com o intuito de garantir à terceira idade o respeito e dignidade que lhes é devida

nascem então os mecanismos de defesa e garantia de direitos dessa população. A Constituição

Federal (1988) foi pioneira na regulamentação desses direitos, contendo em suas diretrizes o

tratamento de uma longevidade com dignidade, respeito, proteção e inserção social. Posterior

à Constituição (1988) foi a Política Nacional do Idoso (1994), criada por reivindicações feitas

pela sociedade, sendo resultado de inúmeros debates e consultas ocorridas nos Estados e

Municípios. Ela vem regulamentar novas leis no âmbito da habitação, lazer, cultura,

educação, convívio, entre outros. O mecanismo mais recente é o Estatuto do Idoso (2003),

além de relevante, representa um importante avanço na promoção da proteção e garantias de

direitos, ele vem garantir uma vida mais digna além de fortalecer a classe de idosos.

Grandes avanços foram conquistados até aqui, através de lutas e manifestação em

favor da pessoa idosa para que seus direitos fossem institucionalizados e efetivados, tais como

as referidas leis aqui citadas, no entanto, há muito que se fazer ainda, já que muitas vezes

esses direitos continuam a ser desrespeitados e sem punição.

O processo de envelhecimento está intrinsicamente ligado às transformações

biológicas, sociais, econômicas e psicológicas. Nesta fase da vida na qual acontece a

aposentadoria o idoso passa a ser estigmatizado, onde ele deixa de exercer o seu papel social

comumente exercido. É um momento de transição onde muitas vezes essa parcela da

população é excluída por serem considerados incapazes de produzir.

Na busca por novos papeis sociais ou mesmo preencher o tempo ocioso

ocasionado pela aposentadoria, e/ou por buscar criar e fortalecer vínculos os idoso tem

buscado os grupos de convivência, os quais têm sido citados como importantes mecanismos

para essa inserção social, garantindo ainda à terceira idade um resgate da autonomia outrora

perdida, trabalhando a valorização e a construção de uma nova mentalidade, tornando-os mais

58

consciente de seus direitos e deveres. Tais grupos tem o propósito de promover a reconstrução

da concepção da velhice, trazendo para a sociedade um novo olhar diante dessa população,

garantido seu espaço na sociedade e na família, lutando para que seus direitos não sejam

violados e sua autonomia seja preservada.

Esses grupos têm como um de seus objetivos o fortalecimento de vínculos familiares e

comunitários, sendo estes vínculos de suma importância para o ser humano. Com a finalidade

de perceber como o público que frequenta esses grupos avalia o rendimento do mesmo em

função do fortalecimento desses vínculos essa pesquisa foi elaborada e se desenvolveu

procurando avaliar esta percepção com os idosos participantes do grupo Alegria de Viver que

se reúne no Centro Comunitário Luíza Távora.

A partir dos estudos e com base em diversos autores, alguns documentos e da análise

das falas dos sujeitos foi possível analisar se este mecanismo tem de fato cumprido com o que

é proposto por sua atuação. Estes tem desempenhado papel relevante na vida dos idosos que o

integram, os mesmos afirmam melhorias na qualidade de vida com ganho de uma nova

autoestima, melhorias na saúde e uma percepção menos estigmatizada da velhice.

Por meio das atividades realizadas no grupo este busca realizar a interação dos seus

participantes de maneira espontânea, tornando-os mais ativos, respeitando suas limitações e

integrando-os ao convívio social e comunitário. De maneira geral os idosos avaliam o grupo

como algo positivo em suas vidas, que tem contribuído para o despertar de um

envelhecimento saudável, ativo e consciente em seus direitos e deveres. A partir deste é

possível romper com paradigmas estigmatizados e construir uma nova imagem do que seja

velhice. Este mecanismo produz novas relações, onde os idosos convivem entre si e através

deste convívio trocam experiências, valores e agregam novas vivências.

Os indivíduos avaliam a atuação do grupo de forma positiva ressaltando a grande

importância das dinâmicas ali desenvolvidas para as relações construídas a partir das mesmas,

dinâmicas estas que os entrevistados mencionam trazer grande significado para suas vidas. A

integração feita dentro do grupo lhes propicia a troca de experiência, agregando aos

participantes novos significados a suas vivências.

No que diz respeito ao fortalecimento dos vínculos com a família, através do discurso

dos sujeitos esse mecanismo apresenta deficiência, pois no grupo não existem atividades que

59

trabalhem diretamente com a família da pessoa idosa, não existem momentos onde haja essa

interação entre idoso e família. A participação da família ainda é mínima por diversos motivos

e responsabilidades.

É notório o benefício que esses grupos propiciam a esse segmento populacional

despertando-lhes um novo olhar sobre si e para novos convívios, no entanto é necessário que

haja uma constante aprimoração para que este possa alcançar os objetivos propostos em suas

diretrizes disciplinares e que possam cada vez mais contribuir para um envelhecimento com

dignidade e autonomia, tornando nossos idosos atuantes em nossa sociedade e ainda continuar

a fortalecer os vínculos tão necessários e importantes a vida humana.

O presente estudo através das falas dos sujeitos objetivou evidenciar a percepção dos

idosos participantes do grupo de convivência acerca do mesmo, no que diz respeito ao

fortalecimento de vínculos familiares e comunitários, revelando aquilo que consideram

positivo ou que tenha ficado evidente à necessidade de melhorias. Esta pesquisa não esgota

essa temática, pois o cotidiano apresenta sempre novos questionamentos, os quais devem

sempre ser levados em consideração. O estudo apresentou análises e reflexões sobre a

temática abordada, esperando que a partir deste surjam debates futuros ainda maiores.

60

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63

APÊNDICE

APÊNDICE A - QUESTIONÁRIO

Pesquisa de TCC: Grisalhos com atitude – Grupo de Convivência Alegria de Viver do Centro

Comunitário Luíza Távora

Pesquisador (a): Nayara Ribeiro Matos

QUESTIONÁRIO AOS IDOSOS DO GRUPO DE CONVIVÊNCIA ALEGRIA DE

VIVER DO CENTRO COMUNITÁRIO LUÍZA TÁVORA

Nome:_____________________________________________________

Sexo ( ) Feminino ( ) Masculino

Idade:

( ) 65 anos

( ) 66 à 70

( ) 71 à 75

( ) 76 à 80

( ) 81 ou mais

Estado Civil:

( ) Solteiro

( ) Casado

( ) Viúva

( ) União Estável

( ) Separado ou Divorciado

Renda Familiar:

( ) Inferior a 1 Salário Mínimo

64

( ) 1 Salário Mínimo

( ) Mais de 1 Salário mínimo

( ) De 2 a 3 salários mínimos

( ) 4 Salários Mínimos ou mais.

( ) Outra: ________________

Quantas pessoas moram com você atualmente:

( ) Nenhuma

( ) Uma ou Duas

( ) Três ou Quatro

( ) Cinco ou Seis

( ) Outro: _________________

Com quem você mora atualmente

( ) Sozinho

( ) Esposo/Companheiro

( ) Esposo/Companheiro e filhos

( ) Com netos

( ) Com filhos e netos

( ) Outro: _________________

Grau de escolaridade:

( ) Nenhum

( ) Ler e escrever o próprio nome

( ) Ensino Fundamental Completo

65

( ) Ensino Fundamental Incompleto

( ) Ensino Médio Completo

( ) Ensino Médio Incompleto

( ) Outro: _________________

Quais/Qual Atividade(s) você pratica atualmente no Grupo de Convivência:

( ) Nenhuma

( ) Exercícios Físicos

( ) Trabalhos manuais / Artesanato

( ) Atividades Culturais

( ) Atividades Sociais

( ) Outra: ________________

Trabalha:

( ) Sim

( ) Não

Especifique: ________________________________________________

Estuda:

( ) Sim

( ) Não

Especifique: ____________________________________________________

Alguém da sua família já participou de alguma atividade junto a você no grupo de

convivência? Se sim, especifique.

( ) sim

66

( )não

Quem: _________________________________________________________

Algum vizinho ou amigo já participou de alguma atividade do grupo de convivência junto

a você?

( ) sim

( ) não

Há quanto tempo faz parte do Grupo de Convivência Alegria de Viver?,

( ) 5 anos

( ) 6 anos

( ) 7 à 8 anos

( ) 9 à 10 anos

Outros: ----------------------------------------------------------------------

O que você acha das atividades realizadas no Grupo de Convivência?

O que a(o) motivou a participar do Grupo de Convivência Alegria de Viver?

O que é ser Idoso pra você?

67

APÊNDICE B - ENTREVISTA

Pesquisa de TCC: Grisalhos com atitude – Grupo de Convivência Alegria de Viver

Pesquisador(a): Nayara Ribeiro Matos.

ROTEIRO DE ENTREVISTA AOS IDOSOS DO GRUPO DE CONVIVÊNCIA DO

CENTRO COMUNITÁRIO LUÍZA TÁVORA

NOME:_________________________________________________________

ESCOLARIDADE:_____________ QUANTIDADE DE FILHOS:_______ ESTADO

CIVIL___________ IDADE:________

QUANTAS PESSOAS MORAM COM VOCÊ E QUEM SÃO?

PROVEDOR DA FAMÍLIA:_________________________________________

É APOSENTADO OU RECEBE BENEFÍCIO DO GOVERNO:____________

VALOR:____________

Por que meio você tomou conhecimento do grupo de convivência do Centro comunitário

Luíza Távora?

Quais motivos lhe levaram a participar do grupo?

Quais atividades você realiza ou participa dentro do grupo?

Você acredita que estas atividades tem contribuído para o despertar de novos convívios

sociais?

Com a sua participação no grupo sentiu melhorias no seu convívio social? Se sim, como?

Com a sua participação no grupo sentiu uma aproximação com a família? Se sim, como?

Com a sua participação no grupo você sentiu alguma melhoria na sua qualidade de vida?

Se sim, qual?

Como você percebe o grupo de convivência para a terceira idade?

68

Como você percebe a sua vida antes e depois do grupo de convivência?

Que contribuições o grupo trás para a sua vida das qual sem ele você não teria?

69

ANEXO

ANEXO A - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

(ENTREVISTA)

Convidamos o (a) Sr (a) para participar da Pesquisa Grisalhos com Atitude – Grupo

de Convivência Alegria de Viver do Centro Comunitário Luíza Távora, sob execução dos (as)

pesquisador(as) Valney Rocha Maciel e Nayara Ribeiro Matos, a qual pretende identificar

Compreender como o público de idosos do centro Comunitário Luíza Távora avalia a

importância do grupo de convivência para o fortalecimento de vínculos com a família e a

comunidade.

Sua participação é voluntária e se dará por meio de entrevista, que consiste em

respostas a perguntas apresentadas ao Sr(a). pelo pesquisador. A entrevista será realizada

Centro Comunitário Luíza Távora, com duração aproximada de 40min, no dia previamente

marcado, de acordo com a sua disponibilidade. Os depoimentos desta entrevista serão

gravados com seu consentimento.

Não há riscos decorrentes da sua participação e o Sr(a). possui a liberdade de retirar

sua permissão a qualquer momento, seja antes ou depois da coleta dos dados, independente do

motivo e sem nenhum prejuízo a sua pessoa e nem ao seu atendimento na Instituição.

Se o(a) Sr(a) aceitar participar, estará contribuindo para a coleta de dados científicos

com a finalidade de analisarmos a contribuição na melhoria do convívio social e familiar

dentro dos grupos de convivência.

Ressaltamos que tem o direito de ser mantido(a) atualizado(a) sobre os resultados

parciais da pesquisa. Esclarecemos que, ao concluir a pesquisa, você será comunicado dos

resultados finais.

Não há despesas pessoais para o(a) participante em qualquer fase do estudo. Também

não há compensação financeira relacionada à sua participação. Se existir qualquer despesa

adicional, ela será paga pelo orçamento da pesquisa.

Os pesquisadores assumem o compromisso de utilizar os dados somente para esta

pesquisa. Os resultados da pesquisa serão analisados e publicados, mas sua identidade não

70

será divulgada, sendo guardada em sigilo.

Em qualquer etapa do estudo, poderá contatar os pesquisadores para o esclarecimento

de dúvidas ou para retirar o consentimento de utilização dos dados coletados com a entrevista:

Valney Rocha Maciel e Nayara Ribeiro Matos,pelo fone: 88869841

Caso tenha alguma consideração ou dúvida sobre a ética da pesquisa também pode

entrar em contato com Centro Comunitário Luíza Távora, na Rua General Costa Matos, nº 8,

Pirambu.

Consentimento Pós–Informação

Eu,___________________________________________________________, fui informado

sobre o que o pesquisador quer fazer e porque precisa da minha colaboração, e entendi a

explicação. Por isso, eu concordo em participar do projeto, sabendo que não vou ganhar nada

e que posso sair quando quiser. Este documento é emitido em duas vias que serão ambas

assinadas por mim e pelo pesquisador, ficando uma via com cada um de nós.

________________________________________ Data: ___/ ____/ ____

Assinatura do Participante

__________________________________________

Assinatura do Pesquisador Responsável

71

ANEXO B - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

(QUESTIONÁRIO)

Convidamos o (a) Sr (a) para participar da Pesquisa Grisalhos com Atitude – Grupo

de Convivência Alegria de Viver do Centro Comunitário Luíza Távora, sob execução dos (as)

pesquisador(as) Valney Rocha Maciel e Nayara Ribeiro Matos, a qual pretende compreender

como o público de idosos do centro Comunitário Luíza Távora avalia o grupo de convivência

para o fortalecimento de vínculos com a família e a comunidade.

Sua participação é voluntária e se dará por meio de questionário, que consiste em

respostas a perguntas apresentadas ao Sr(a). pelo pesquisador. O questionário será aplicado no

Centro Comunitário Luíza Távora, com duração aproximada de 30min, no dia previamente

marcado, de acordo com a sua disponibilidade.

Não há riscos decorrentes da sua participação e o Sr(a). possui a liberdade de retirar

sua permissão a qualquer momento, seja antes ou depois da coleta dos dados, independente do

motivo e sem nenhum prejuízo a sua pessoa e nem ao seu atendimento na Instituição.

Se o(a) Sr(a) aceitar participar, estará contribuindo para a coleta de dados científicos

com a finalidade de analisarmos a contribuição na melhoria do convívio social e familiar

dentro dos grupos de convivência.

Ressaltamos que tem o direito de ser mantido(a) atualizado(a) sobre os resultados

parciais da pesquisa. Esclarecemos que, ao concluir a pesquisa, você será comunicado dos

resultados finais.

Não há despesas pessoais para o(a) participante em qualquer fase do estudo. Também

não há compensação financeira relacionada à sua participação. Se existir qualquer despesa

adicional, ela será paga pelo orçamento da pesquisa.

Os pesquisadores assumem o compromisso de utilizar os dados somente para esta

pesquisa. Os resultados da pesquisa serão analisados e publicados, mas sua identidade não

será divulgada, sendo guardada em sigilo.

Em qualquer etapa do estudo, poderá contatar os pesquisadores para o esclarecimento

de dúvidas ou para retirar o consentimento de utilização dos dados coletados com o

72

questionário: Valney Rocha Maciel e Nayara Ribeiro Matos ,pelo fone: 88869841

Caso tenha alguma consideração ou dúvida sobre a ética da pesquisa também pode

entrar em contato com Centro Comunitário Luíza Távora, na rua General Costa Matos, nº 8,

Pirambu.

Consentimento Pós–Informação

Eu,___________________________________________________________, fui informado

sobre o que o pesquisador quer fazer e porque precisa da minha colaboração, e entendi a

explicação. Por isso, eu concordo em participar do projeto, sabendo que não vou ganhar nada

e que posso sair quando quiser. Este documento é emitido em duas vias que serão ambas

assinadas por mim e pelo pesquisador, ficando uma via com cada um de nós.

________________________________________ Data: ___/ ____/ ____

Assinatura do Participante

__________________________________________

Assinatura do Pesquisador Responsável