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Revista de Políticas Públicas ISSN: 0104-8740 [email protected] Universidade Federal do Maranhão Brasil Tatsch, Ana Lúcia; dos Reis A. Botelho, Marisa ANÁLlSE DAS pOLíTICAS DE APOIO A ARRANJOS PRODUTIVOS LOCAIS NOS ESTADOS DO CENTRO-SUL DO BRASIL Revista de Políticas Públicas, vol. 17, núm. 1, enero-junio, 2013, pp. 15-26 Universidade Federal do Maranhão São Luís, Maranhão, Brasil Disponível em: http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=321131081002 Como citar este artigo Número completo Mais artigos Home da revista no Redalyc Sistema de Informação Científica Rede de Revistas Científicas da América Latina, Caribe , Espanha e Portugal Projeto acadêmico sem fins lucrativos desenvolvido no âmbito da iniciativa Acesso Aberto

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Revista de Políticas Públicas

ISSN: 0104-8740

[email protected]

Universidade Federal do Maranhão

Brasil

Tatsch, Ana Lúcia; dos Reis A. Botelho, Marisa

ANÁLlSE DAS pOLíTICAS DE APOIO A ARRANJOS PRODUTIVOS LOCAIS NOS ESTADOS DO

CENTRO-SUL DO BRASIL

Revista de Políticas Públicas, vol. 17, núm. 1, enero-junio, 2013, pp. 15-26

Universidade Federal do Maranhão

São Luís, Maranhão, Brasil

Disponível em: http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=321131081002

Como citar este artigo

Número completo

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Sistema de Informação Científica

Rede de Revistas Científicas da América Latina, Caribe , Espanha e Portugal

Projeto acadêmico sem fins lucrativos desenvolvido no âmbito da iniciativa Acesso Aberto

ANÁLlSE DAS pOLíTICAS DE APOIO A ARRANJOS PRODUTIVOS LOCAIS NOSESTADOS DO CENTRO-SUL DO BRASIL

Ana Lúcia TatschUniversidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS)/Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)

Marisa dos Reis A. BotelhoUniversidade Federal de Ubertándia (UFU)/Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)

ANÁLlSE DAS POlÍTICAS DE APOIO A ARRANJOS PRODUTIVOS LOCAIS NOS ESTADOS DO CENTRO·SUL DOBRASILResumo: Entre o final dos anos 1990 e o início dos anos 2000, a partir de caminhos próprios ou 50b influencia das políticasem nível federal, os estados brasileiros dáo início as suas políticas de apoio a APLs. A análise de como estas políticasforam implementadas nos estados do Centro-Sul do Brasil é o objetivo principal deste artigo que, analisa, também,os critérios nortead ores da selecáo dos arranjos focalizados pelas políticas, assim como o escapo, institucionalidade einstrumentos mobilizados para levar a cabo o apoio aos APLs. Ressalta que as principais tipologias para os APLs, cujofoco sao os objetivos de política, constituem-se em referencial analítico para avaliar como vem se desenvolvendo oprocesso de implementacáo dessas políticas em alguns estados brasileiros. A avaliacáo empreendida neste trabalho traz,como conclusáo principal, uma significativa diversidade nas políticas estaduais de apoio aAPLs.Palavras-chave: Arranjos produtivos locais, políticas públicas,

ANALYSIS OF SUPPORT LOCAL ARRANGEMENTS PRODUCTIVE POLlCIES ON CENTRAL·SOUTH STATES INBRAZILAbstract: Between the late 1990s and early 2000s, from their own paths or under the influence of central governmentpolicies, the Brazilian states initiate their policies to support clusters. The analysis of how these policies were implementedin the states of South-Central Brazil is the main purpose of this paper which also analyzes the guiding criteria of theselection 01locused c1usters by the policies, as well as the scope, institutionalities and deployed instruments to carryout the support lor clusters. The main typologies 01 c1usters, whose locus is on policy objectives, conslitute the analylicalframework to assess how the policies to support clusters have been developed in some Brazilian states. The assessmentundertaken in this work underscores, as main conclusion, a significant diversity in state policies to support clustersKey words: c1usters, public policies

Recebido em: 2210812012, Aprovado em: 1410512013

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16 Ana Lúcía Tatsch e MafÍsa dos Reís A. Bote/ha

2 TIPOLOGIAS PARA APLS COM FOCO EMOBJETIVOS DE pOLínCA: uma revisáo daliteratura.

dasdo

desenvolvimentocansequentemente,

aumentar o grau de cooperacá o ecoordenacáo nas atividades dos agentesdo aglomerado;fomentar oempresas e,aglomerado;

ii)

[...] selecionar os casos que seraoobjeto de lntervenc áo de acordo como programa de governo e com asdiretrizes estratégicas de atuacáo dasinstitulcóes governamentaiscomfoco noapelo ao desenvolvimento de arranjosprodutívos. A intervencáo, desta forma,de modo algum deve ser voluntaríosae desprovida de parámetros que abalizem (COSTA, 2007 , p. 238).

este artigo pretende contribuir com o ava nce doconhecimento sobre como essas políticas vérnsendo implementadas em estados da regiao Centro­Sul do país.

Para cumprir o objetivo proposto, o art igoestrutura-se em duas sec óes, além da lntroducáoe Conclusáo, A Se<;:80 2 apresenta as principaistipo logias para APLs , cujo foco sao os objetivosde política. Á luz dos elementos colocados poressas tipologias, a secao 3 analísa o processo deirnplernentacáo das políticas de apoio a APLs nosestados da reqiáo Centro-Suldo Brasil, com destaquepara a diversidade de situacóes encontradas.

A literatura nacional tem tratado do temada dimensá o local como fator determinante dacapacidade inovativa e, portanto, dos arranjosprodut ivos locais como uma alternativa relevante dedesenvolvimento económico. Esse reconhecimentotem contribuído para que as políticas, focandoconjuntos de atores , suas art lculacóes e seusterritórios estejam também na pauta de váriostrabalhos académicos.

Esta secáo visa entáo, a partir de rev isáobibliográfica, apresentar objetivos de políticavoltada para arranjos produtivos locais presentesna visáo de diversos autores brasileíros. Pretende­se, assim, discutir Iínhas de íntervencáo e diretrizesestratégicas de atuacao que permitam enquad rar osAPLs a serem selecionados e apoiados.

Nesta direcáo, o trabalho de Costa (2007)prop6e uma taxonomia de aqlomeracóes produtivasa partir do objetivo da intervencáo. Para esse autor, aclassit icacáo dos aglomerados permite enquadrá-Ioscom base em problemát icas capazes de forneceremIinhas gerais de intervencáo. Ass im, afirma que oEstado pode

Costa (2007) sugere os seguintes objet ivos depolítica:

i)

A partir do final dos anos 1990, cornees aganhar importancia nas políticas públicas o temadas aqlorneracóes de empresas, mais comumentedenominados no Brasil arranjos produtivoslocais (APLs) . Sob a influencia de vários estudosacad émicos, alguns órqáos de governo, assim comogovernos municipais elou estaduais, def inem acóesde apoio aos APLs . Em um primeiro momento,foram acóes isoladas e concebid as ad hoc, tantopela diversidade de situacóes existentes nasaqtorneracóes, como pela ausencia de um eixocondutor das acóes. Ademais , foram desenvolvidasem um ambiente macroeconómico muito restritivopara as atividades produtivas em geral. Nesteambiente, estas acóes apresentaram resultadosmuito desiguais, mas foram importantes na difusáode inforrnac óes e conhecimentos desta temática,ensejando um importante processo de aprendizadoinstitucional.

Com a definicáo da Polít ica Industrial,Tecnológica e de Com ércio Exterior em 2003, oGoverno Federal altera a sítuacáo vigente emrelacáo ao reconhecimento da importancia de ac óesde apoio ao setor produtivo e, no que respeitaaos APLs, reconhece seu status e dá início ainstituclonalizacao da polít ica. Com este objetivo,foi criado em 2004 um grupo de trabalho , o GTP­APL' , no ámbito do Minístério do Desenvolvímento,Indústria e Comércio Exterior (MDIC) , que coordenaas ac óes de entidades públicas e privadas egovernos estaduais envolvidos com a temática dasaglomeragOes (BRAS IL, 2004). O objetivo inicialda criacáo deste grupo foi o de articular e integraras acoes que, desde alguns anos, estavam sendoinstitu ídas para as aq lorneracóes por distintos órpáosde governo e entidades privadas. Outros Ministérios ,como o da Ciencia e Tecnologia (MCT), lntepracao(MI) e Minas e Energia (MME), engajaram-se nestatemática e também empreendem acóes voltadas aoapo io aAPLs.

Entre o final dos anos 1990 e o início dosanos 2000 , a partir de camínhos próprios ou sobinfluencia das políticas em nível federal , os estadosbrasileiros dáo início as suas políticas de apoioa APLs. A análise de como estas políticas foramimplementadas nos estados do Centro-Su l do Brasilé o objetivo principal deste artigo. Sao analísadosos critérios norteadores da selecáo dos arranjosfocalizados pelas politicas , assim como o escopo ,institucionalidade e instrumentos mobilizado s paralevar a cabo o apoio aos APLs.

Em funcáo do curto período de tempode irnplernentacáo das políticas, assim comode dificuldades metodológicas intrínsecas aosprocessos de avatiacáo, é ainda escassa a literaturadedicada a an átise da avaliacáo das políticaspara APLs no Brasil. Ao realizar um estorco desintetizar resultados de pesquisas recentes,

1 INTRODUC;:AO

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ANÁL/SE DAS POLíTICAS DE APOIO A ARRANJOS PRODUTlVOS LOCAIS NOS ESTADOS DO CENTRO-SUL DO BRASIL 17

iii) fomentar o desenvolvimento local eregional;

iv) fomentar a exportacao e a colocacáodos produtos do aglomerado em novosmercados;

v) fomentar o desenvolvimento tecnológico;vi) promover o treinamento técnico da

rnao de obra e quadro administrativo,fomentar o desenvolvimento tecnológico,e melhorar a qualidade dos produtos edos processos produtivos;

vii) melhorar a qualidade do produto e dosprocessos produtivos;

viii) melhorar a qualiticacáo da máo deobra e quadro administrativo, melhoraro processo produtivo, e aumentar aqualidade do produto;

ix) aumentar o nivel de tormalízacao dasempresas;

x) aumentar o nivel de torrnalízacao da máode obra; e

xi) aumentar o índice de sobrevlvéncia dasempresas.

Nessa proposta, a forrnulacáo da taxonomíacalca-se no objetivo de intervencáo a partir de umatipíñcacao das aqlorneracóes. Para essa tipiñcacáo,o autor considera vários aspectos, como: o graude ccoperacáo entre os produtores; a estruturainterna do aglomerado; as características dasempresas; o papel do setor público; o principalmercado atendido; a qualidade do produto; aimportancia para a economía local ou regional; ograu de institucionalidade; o grau de tecnologia doproduto ou processo; a identidade sociocultural;a qualificacáo da máo de obra; a qualificacáo doquadro administrativo; a presenca de instituicóes depesquisa; o nivel de informalidade das empresas; oíndice de sobrevlvéncia das empresas, dentre outras(COSTA, 2007, P 228-229).

Ainda com relacáo á típíñcacáo dosarranjos, outros trabalhos que também discutemas dirnensóes principais dos APLs podem sermencionados. Brillo (2000), por exemplo, assinalaque a "estrutura" interna das aqlorneracóes envolveuma séríe de elementos, tais como: o padráo deespecializacáo setorial das mesmas; o tamanhorelativo de seus membros participantes; asarticulacóes interindustriais subjacentes; os padreesde concorréncia que prevalecem nos mercadosrespectivos e as vantagens competitivas que podemser geradas a partir da estruturacáo desses arranjos(BRITTO, 2000).

Cassiolato e Szapiro (2003), por sua vez,destacam tres dimensóes principais para auxiliar naclassificacáo dos arranjos: o grau de territorialidade,a forma de qovernanca e o mercado de destinoda producáo do arranjo . Quanto á qovernanca,pode se dar através de formas hierárquicas ouem forma de redes. Com relacáo ao destino da

producáo local, pode ser o mercado local/regional,regional/nacional, ou ainda nacional/internacional.E, finalmente, quanto ao grau de territorialidade dasatividades produtivas e inovativas, ísto é, quanto aoenraizamento local das capacítacoes necessárias asatividades inovativas, essa territorialidade pode seralta, média ou baixa.

Já Suzigan e outros (2004) descrevemquatro tipos de arranjos, que sao: (1) vetor dedesenvolvimentolocal; (2)núcleo dedesenvolvimentosetorial-regional; (3) vetor avancado: e (4) embriáode arranjo produtivo.

A partir da lógica de desenvolvimento dosAPLs, em um dos extremos térn-se os "ernbrióesde APLs", que se caracterizam por ainda seremincipientes tanto em termos da importáncia queapresentam para o local quanto para o setorprodutivo ao qual pertencem, e em outro os"núcleos de desenvolvimento setorial-regional".Em termos de políticas de intervencáo para essesdois extremos, Suzigan, Furtado e Garcia (2007)mencionam que para os ernbrióes a política deveincluir acóes com foco na tuncao de cornercializacáo(ex.: pesquisas de mercado) e capacidade deproducao. As prime iras devem servir para ajudar asempresas a identificarem nichos de mercado quepossam ser explorados por atividades promocionaiscoordenadas, visto que essa parece ser uma formaadequada de evitar a expansáo nao organizadada capacidade de producáo e, assirn, o aumentoda producáo acompanhado de reducáo de precoe qualidade. As acóes também devem incluirmedidas que oferecarn condicóes para a aquisicáode capacidades produtivas para que as empresastenham condicóes tecnológicas de atingir osmercados-alvo escolhidos.

Para os APLs denominados de "núcleos dedesenvolvimento setorial-regional', acóes políticasadequadas devem ser aquelas que objetivamreduzir ou eliminar a dependencia de canais devenda e estimular o desenvolvimento de produtos,de marcas, de registro de patentes, design ecertificacóes de qualidade. Ainda, sao fundamentaisas acóes voltadas para a educacáo e treinamentotécnico.

Como os APLs classificados como "vetoresde desenvolvimento local" constituem sistemas quejá superaram o estágio ernbrionário, as políticasdeveriam ajudá-los a: desenvolver capacidadestécnicas superiores (P&D, marcas próprias, design,patentes, certiticacóes da qualidade), e identificarmais facilmente novas oportunidades.

Já os sistemas do tipo vetores avancadossao sistemas inseridos em estruturas económicasdiversificadas e integradas. Pollticas para essesvetores deveriam buscar mobilizaros próprios recursoslocais avancados que constituem o tecido económicocircundante e que diferenciam esses vetores dosoutros tipos de sistemas locaís de producáo.

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De todo modo, qual seja a denorninacáoempregada, ao examinar-se os diferentes casosestudos pela Rede Sist ao langa de vários anos,observa-se que há nitidamente APLs em estágiosde estruturacáo distintos. Arranjos com a mesmaespecializacáo setorial, mas localizados emdiferentes reqióes apresentam caracteristicassingulares. Isto é, ao pensar-se em politicas paraarranjos deve-se levar em conta suas trajetóriasevolutivas, já que tais estágios, sejam emergentes,sejam de consolidacáo, implicam em acóes distintase especificas.

Quando se analisa ainda a natureza do objetoe as necessidades especificas dos APLs, Scatolin(2009) observa que a literatura tem agrupado aspollticas públicas em APLs em trés grandes direcóes:

• Politicas de engajamento dos atoresque envolvem desde pollticas voltadasá conscientizacáo e aproxírnacaodos diferentes atores, até politicas dernobilizacáo destes atores e o suportea qovernanca local. Procuram aindafomentar a maior cocperacáo dos agentespara o sucesso dos APLs.

• O segundo conjunto de pollticas públicasse refere as politicas de prestacáo deservicos coletivos, que visam reduzir custose ampliar a competitividade sistémica,como a construcáo de espaco coletivopara facilitar o acesso aos mercados pelosAPLs, pollticas para reduzir custos decompra de insumas, ou mesmo politicaspara qualificar a máo de obra local.

• A terceira direcáo envolve politicas deP&D que em acóes conjuntas ou mesmoindividuais procuram reforcar a capacidadede aprendizado e ínovacao do APL.

Também levando em canta a natureza doobjeto, para Campos (2009), a forrnulacáo da politicavoltada aos arranjos produtivos locais deveria levarem canta o papel estratégico que esse objeto dapolltica - o APL - possa ter. Assim, para esse autor,

[...] náo se trata de criar ou náoAPLs, mas de após um diagnósticoregional, no qual está logicamenteconsiderado a dirnensáo produtiva,identificar como as aglomerac;:6es alipresentes podem ser instrumentos depolítica para os objetivos artículadosdo desenvolvímento produtívo com odesenvolvímento regíonal do local emquestáo. (CAMPOS, 2009, p. 54-55).

Em outras palavras, a política de apoio aosAPLs deve considerá-Ios instrumentos que articule mas estratégias de desenvolvimento regional eprodutivo-tecnológico, assim como as priorizacóese os programas específicos para cada APL devemser orientados pela funcáo que o APL possa ter no

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espago de sua localizacáo, como instrumento daestratégia de política definida. Consideradas essaspremissas, Campos (2009) propóe um elenco deestratégias, conforme se vé abaixo.

i) APLs para estímulo a reqióes deprimidas;ii) APLs para desenvolvimento de seto res

absorvedores de máo de obra;iii) APLs para desenvolvimento competitivo

de setores exportadores;iv) APLs para desenvolvimento tecnológico

de setores intensivos em conhecimento;v) APLs para estímulos a servicos geradores

de renda local;vi) APLs para cornplernentacáo de cadeias

produtivas regionais.

Nessa proposta, os arranjos podem serpensados como instrumentos para atingir uma sériede objetivos. Lago, para cada objetivo estratégicopoder-se-ia pensar num conjunto de acóes dentrodos eixos que hoje já balizam a atuacao dos órqáosdo GTP - APL, que sao: acesso a mercados;capacidade produtiva; financiamento e investimento;formacáo e capacítacáo: governanga e cooperacáo:e ínovacáo e tecnologia.

Assim, no caso de APLs voltados parao desenvolvimento competitivo de setoresexportadores, por exemplo, poder-se-ia desenvolveralgumas acóes específicas dentro de cada eixo.No eixo ínovacáo e tecnologia, poder-se-ia focarna infraestrutura de servicos de certíñcacao enorrnatlzacao, no desenvolvimento de marca própriae em design; no eixo governanga e cooperacáo,fomentar a criacáo de consórcios de exportacáo:no eixo financia mento e investimento, em linhasde crédito para exportacáo: e no eixo formacáoe capacitacáo, promover o fortalecimento decapacitacóes inovadoras.

Embora interessante, tal proposta pode trazerdificuldades para o enquadramento dos arranjos jáque um mesmo APL poderia ser classificado, porexemplo, como instrumento para o desenvolvimentocompetitivo de setores exportadores e também comoinstrumento para o desenvolvimento de setoresintensivos em rnáo de obra, como é a realidadede muitos dos arranjos calcados em segmentosindustriais tradicionais. Tal questáo poderia serresolvida via tomada de decisáo da instituicáoapoiadora, isto é, ainda que o mesmo APL possaser objeto de mais de uma estratégia, haveria umaopcáo por um objetivo de intervencáo quando daselecáo deste arranjo para apoio . O que nao significaque em um momento subsequente esse mesmo APLpossa ser alvo de outra estratégia, nao excludente.

Cassiolato, Lastres e Szapiro (2000) quandoanalisam a questáo de políticas para aqlorneracóesprodutivas, também apresentam os objetivos que asiniciativasque visam a transforrnacáo de aqlorneracóesprodutivas em sistemas locais de producáo devem ter.Esses sao: (1) revolucionar e estimular o ambiente

ANÁL/SE DAS POLíTICAS DE APOIO A ARRANJOS PRODUTlVOS LOCAIS NOS ESTADOS DO CENTRO-SUL DO BRASIL 19

local, por melo de acóes voltadas, por exemplo, para aeducacáo, aprendizado e capactacao, para a cifusáode inforrnacóes criticas, articulacao com universidadese centros de pesquisa; (2) superar gargalos e alcancareconomias de escala coletivas; (3) obter economíasextemas; e (4) fortalecer a sinergia entre os diversosatores do aglomerado.

Enfim, para encerrar essa secáo, caberessaltar especialmente deis pontos. O prirneiro éque a partir do que foi apresentado verifica-se quehá diversas perspectivas de enxergar a polltica,o que implica um elenco diverso de alternativas epossibilidades para classificar os arranjos a partir deobjetivos de intervencáo. Nao há assirn, sem dúvida,uma fórmula única.

O segundo ponto é que tal variedade éresultado de uma agenda intelectual particulare nao idéntica que parte de "óculos" diferentes.Logo, deve ser vista com cautela já que pode serreducionista de uma realidade complexa. Por outrolado, pode ser de tal forma ampla , que tudo cabe.Nesse sentido, nas propostas apresentadas pode­se, por exemplo, identificar objetivos como aumentaro nivel de torrnalízacao das empresas e aumentar oIndice de sobrevivéncia das empresas que de taogenéricos aplicam-se a tudo, e pouco se vinculamaos aspectos-chave do conceito de sistema earranjos produtivos e inovadores locais; o que reduza possibilidade de aproveitar as vantagens desseenfoque.

Deve-se entáo ter atencáo as tipologiasgenéricas, poís as realidades estaduais e locaispossuem especificidades que devem ser levadasem conta. A seguir, busca-se trazer para o debate aexperiencia de irnplernentacáo de politicas de apoioa arranjos a partir da análise dos casos da reqiáo sul.

3 EXPERIENCIAS ESTADUAIS DE APOIO AAPLSNA REGIAO CENTRO-SUL DO BRASIL

A forma como a política para APLs tem sidoimplementada nos estados brasileiros é bastantedistinta, do ponto de vista (i) do periodo em que asacóes comegaram a ser implementadas e comotiveram continuidade (ou nao) ao longo do tempo;(ii) dos procedimentos e conceitos que orientarama selecáo dos arranjos a serem apoiados; e (iii)dos instrumentos de política mobilizados para aetetívacáo da polltica.

Com base em um amplo projeto de pesquisasobre este tema', esta secáo dedica-se a análisedos itens elencados acirna, de modo a se ter umaavaliacáo de como se desenvolve a politica paraAPLs no Brasil á luz das tipologias analisadas nasecáo anterior. A ressalva, em relacáo aos estadosanalisados, é a de que nao se pretende abordarexaustivamente os temas acima apontados em cadaum dos estados da reqiáo Centro-Su!. Conformejá indicado, estudos específicos sobre as políticasem cada um destes estados já foram realizados.

A íntencao aquí é de analisar estes estudos á luzdas tipologias anteriormente apresentadas, demodo a se ter uma avaliacáo de como vém sendoimplementadas as políticas para APLs no Brasil.

3.1 Procedimentos e conceitos orientadores daselecáo dos arranjos apelados

As diferencas apontadas em relacáo aomomento da irnplernentacáo das politicas paraAPLs também aparecem quando se consideram oconceito de APL que orientou a selecáo dos arranjosa serem apoiados em cada estado.

Observa-se, a partir da leitura dos dados daTabela 1, que há grandes diferencas em termos denúmero de arranjos apelados em cada estado. Osnúmeros sao multo dispares e, ademais, verifica­se que em estados com estruturas produtivas maisdiversificadas e complexas, como Sao Paulo, MinasGerais, Rio Grande do Sul e Paraná, o número deAPLs apelados é relativamente menor frente aosdemais estados.

Conforme as análises estaduais apontam,diferentes conceitos de APL orientaram a selecáodos arranjos, embora nem sempre esteja claro nosdocumentos oficiais quais os criterios orientadoresda selecáo. Há casos, como o de Minas Geraise o do Paraná, que mapeamentos a partir derigorosos crítéríos estatisticos foram elaborados einfluenciaram, em maior (caso do Paraná) ou emmenor grau (em Minas Gerais), a escolha dos APLsatualmente apelados. No caso destes dois estados,sao excluidos das politicas os arranjos produtivosque se formam a partir de redes de fornecimento emtorno a uma grande empresa. Mesmo considerando­se este ponto em comum entre os dois estados,verifica-se que no caso do Paraná a opcáo explicitafoi a de considerar o conceito de Sistemas Locais deProducáo que se traduz em "vetor de desenvolvimentolocal", da tipologia de Suzigan e outros (2004). Comisso, sao selecionados apenas os arranjos maisbem estruturados e que apresentam vlnculos decooperacáo e aprendizagem (Scatolin et al, 2010).

Tabela 1 - Arranjos produtivos Iocais apoiados porestado

No. de APLsAPLs/Estado

Apolaaos 'l'OO0 total de

Rio Grande do Sul 33 7,75%Santa Catarina 69 16,20%Paraná 22 5,16%Sao Paulo 27 6,34%Minas Gerais 34 7,98%Rio de Janeiro 69 16,20%Espirito Santo 18 4,23%Goiás 59 13,85%Mato Grosso do Sul 95 22,30%Total 426 100,00%

Ponte: Campos e out-os (2010, p. 44).

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Já no estado de Minas Gerais, a selecáo dos APLsapoiados parece obedecer a critérios mais difusos,podendo identificar-se arranjos com característicasmuito distintas em termos de estruturacáo e graude desenvolvimento. No que respeita ás tipo logiasdiscutidas na secáo anterior, encontram-se noestado de Minas Gerais os quatro tipos de arranjosidentificados em Suzigan e outros (2004), ademaisde identificar-se todos os objetivos de políticasapresentados por Campos (2009), a saber, estímuloa regi6es deprimidas, a setores absorvedores de máode obra, a setores exportadores, a setores intensivosem conhecimento, servicos geradores de renda locale a complementacáo de cadeias produtivas regionais(BOTELHO et al, 2010). Conforme já apontado, emaíguns arranjos estes objetivos superp6em-se.

Á semeíhanc;a de Minas Gerais, no caso doRio Grande do Suí, também objetivos muito distintosestao por trás da selecáo dos APLs atualmenteapoiados no estado. Segundo Tatsch, Ruffoni eBatisti (2009), na primeira fase da política de apoioa APLs (1998-2002), hauve uma maior reflexáo paraselecáo dos arranjos a serem objeto da poííticapública, quando o processo de identificacáo baseou­se principaímente no conhecimento empírico deespeciaíistas envoívidos com a poíítica sobre aestrutura produtiva das regi6es gaúchas. Assim,ao invés de metodologias calcadas em quocienteslocacionais, os conhecimentos, tácito e codificado,do histórico das regi6es gaúchas foram o principalelemento para orientar a identificacáo dos arranjos.Já nas fases subsequentes (2003-2006 e 2007­2010), o processo de selecáo é balizado pordemandas sociais e press6es poííticas e menospor estudos sistematizados sobre a sítuacaosocioeconórnica gaúcha.

Os casos analisados mostram quediferentes critérios orientaram a selecáo deAPLs a serem apciados nos estados brasileiros.A íiteratura internacionaí destaca tres formasprincipais para a selecáo de arranjos, a saber: osmapeamentos realizados com critérios estatísticos eeconométricos, a identificacáo por governos locaise a autoidentificacáo, especialmente presentes emchamadas públicas para financia mento ou outrasformas de apoio (ORGANIZATION FOR ECONOMICCOOPERATION AND DEVELOPMENT, 2007).

Á excecáo do estado do Paran á, ande aidentificacáo ocorreu com base, sobretudo, em ummapeamento eíaborado com critérios estatísticos,nos demais estados do centro-suí do país mescíam­se estes trés critérios, as vezes em momentosdistintos do tempo, conforme acorrido no estado doRio Grande do Suí.

Sobre a terceira forma indicada acima, a daautoidentificacáo, verifica-se a sua ocorréncia noBrasil quando da inclusáo da temática de APLs naspoííticas púbíicas estaduais e federais na primeirametade dos anos 2000. Como um conjunto deinstrumentos de poíítica, passou a orientar-se para

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o apoio as aqlorneracóes de empresas, diversasestruturas económicas e regi6es apresentaram-secomo APLs, levando a avalíacao de que estavamsenda "criados" de modo artificial. Se, de um lado,isso pode ter acorrido em aíguns casos, de outrolado, a possibiíidade de inserir-se nas poííticaspúbíicas íevou os agentes de varías regi6es aempreenderem planos de desenvoívimento conjuntoe a ganhar visibilidade política, o que contribuiupara o ressurgimento de poííticas de corte regionaíno Brasil, que vinham senda relegadas a segundoplano pelo "modelo liberalizante" dos anos 1990.

A anáíise da diversidade nos critérios deselecáo de APLs para apoio nos estados brasileirospode ser compíementada com as lnforrnacóes daTabeía 2.

A anáíise destes dados e de documentosespecíficos das pesquisas estaduais indica que aselecáo das aqlomeracóes apoiadas por poííticasé condicionada pelo conceita que orienta a política,taí como discutido anteriormente, e pelas estruturasprodutivas estaduais.

No caso dos estados mais industrializados(Sao Pauío, Minas Gerais, Paran á, Rio Grande doSuí e Rio de Janeiro), a éntase da poíítica recainos arranjos industriais. Considerando-se queestes estados apresentam um número pequeno dearranjos apoiados, frente a outros estados e a suaestrutura mais diversificada e complexa, pode-seinferir que a política para arranjos produtivos poderiaabarcar um conjunto muito maior de estruturas doque o atualmente realizado. Ademais, deve-seter em canta que estes estados, além de contarcom um grau mais avancado de industrializacáo,contam também com um setor agroindustriaí e deservicos igualmente diversificado e complexo. Estasconsideracóes levam a conclusáo de que a políticapara arranjos nestes estados nao se integra, de fato,as suas poííticas de desenvoívimento produtivo'.A "visáo" por trás da escoíha dos arranjos tendea priviíegiar o setor industriaí e, dentro dele, oraarranjos mais estruturados e com maior visibiíidadepolítica, ora arranjos que se apresentam como aprincipal opcáo para aíavancar o crescimento deregi6es mais atrasadas e com baixo níveí de renda.

A importancia da estrutura produtiva naselecáo dos arranjos fica clara quando se analisamos estados menos industrializados. Nestes, emespecial em Mato Grosso, Santa Catarina e Goiás,há um conjunto significativo de APLs de baseagroindustrial e, no Espírito Santo, os APLs no setorde servícos apresentam-se com grande releváncia(um terco do totaí de arranjos apoiados)".

A principal conclusáo a ser extraída destasintorrnacóes é que a política para APLs seguiucaminhos muito distintos nos estados brasiíeiros. Naose encontra, dentre os vários estados anaíisados,nenhuma uniformidade quanto aos critérios para aselecáo de arranjos e, tampouco, "vis6es"/conceitosmais homogéneos do que sejam estas estruturas.

ANÁL/SE DAS POLíTICAS DE APOIO A ARRANJOS PRODUTlVOS LOCAIS NOS ESTADOS DO CENTRO-SUL DO BRASIL 21

Tabela 2 - Distribuicáo dos arranjos produtivos locais por estado e por atividade económica

Agrolndústrla lndústria (1) servícos CcmércloAtividade No. % do total do No. % do total do No. % do total No. % do total do

económica/estado estado estado do estado estado Total

Río Grande do Sul 8 2424% 22 6667% 3 909 O 000% 33Santa Catarina 24 3478% 28 4058% 14 2029 3 435% 69Paraná O 000% 17 7727% 5 2273 O 000% 22Sao Paulc 1 370% 26 9630% O 000 O 000% 27Minas Gerals 4 1176% 28 8235% 2 588 O 000% 34Río de Janelro 15 2174% 40 5797% 13 1884 1 145% 69Espfritc Santo 1 556% 9 5000% 2 11 11 6 3333% 18Golas 19 3220% 27 4576% 12 2034 1 169% 59Mato Grosso do Sul 68 7158% 18 1895% 4 421 5 526% 95Total 140 3286% 215 5047% 55 1291 16 376% 426

Fonte. Campos e outros (2010, p. 45).(1) Neste conjunto de APLs estáo agrupados os arranjos relacionados as atividades da indústria de transtcrmacéc e da indústria da extracéc mineral.

A principal conclusáo a ser extra ida destasintorrnacóes é que a polltica para APLs seguiucaminhos muito distintos nos estados brasileiros. Naose encontra, dentre os vários estados analisados,nenhuma uniformidade quanto aos critérios para aselecáo de arranjos e, tampouco, "visees"Iconceitosmais homogéneos do que sejam estas estruturas.De um lado, a nao uniformidade/homogeneidadetem o papel benéfico de trazer a tona a diversidadede estruturas que podem ser consideradas sobesse referencial teórico/conceituaL Conformeestudo recente elaborado pela OECO (2007) háuma significativa diversidade na aplícacáo dasdenominadas ctusiers poiicies. O documento indicaque a forma como cada pals aplica esta pollticarelaciona-se estreitamente com os objetivos maisgerais da politica voltada ao setor produtivo e com a"visáo" que se adota para os ctusiers".

The challenge lar policy makers allhe national level is lhus lo designprogrammes lhal accommodale lhebroad range 01 c1uslers lypes or lhallocus on lhose c1uslers lhal can helpachieve specified objective. The concept01 c1uslers may be used in advancedand lagging regions, lar SME-based ormulti-firm size systems, to serve newand malure industries, lo largel exislingconcentrations or to generate new ones ,The common assumplion is lhal someadvanlages can be derived in eachsitualion Irom lhe process01 inleraclionand collaboralion are presenl, albeil indifferenl degrees in each lype 01 place.(ORGANIZATION FOR ECONOMICCOOPERATION ANO OEVELOPMENT,2007, p. 37).

Poroutro lado, pode-se destacar,comoaspectonegativo da nao uniformidade/homogeneidade comque as pollticas para APLs térn sido implementadas,o fato de na maior parte dos estados a selecáonao abarcar todas as estruturas que poderiam serconsideradas, apresentando-se como restritiva:

(i) do ponto devista setorial- nos estados quetendem a privilegiar os setores industriais

(Sao Paulo, Minas Gerais, Paraná, RioGrande do Sul e Rio de Janeiro);

(ii) do ponto de vista regional - especialmentenos estados que privilegia m os arranjosmaiores e melhor estruturados, tendoa polltica para APLs o viés de reforcardesigualdades regionais (Paraná);

(iii) do ponto de vista do tipo de arranjocontemplado - caracteristico de estadosque excluem da polltica arranjosformados por redes de fornecimentoem torno de uma grande empresa, porexemplo (Paraná e Minas Gerais).

3.2 Escapo, institucionalidade e instrumentos dapolítica de apoio a APLs

A significativa diversidade verificada nosmétodos de selecáo de APLs apoiados nos estadosdo Centro-Sul do pa ís também se apresentaquando da análise do escopo, institucionalidade edos principais instrumentos mobilizados para levara cabo as politicas estaduais de apoio a arranjosprodutivos.

Em termos de escopo e institucionalidade,pode-se dizer que duas situacóes principais seapresentam: (i) estados que articularam ou quetentam articular as pollticas para APLs as suaspoliticas mais gerais de desenvolvimento produtivo;(ii) estados cuja politica parece, em organismosespeclficos, sem um eixo condutor dado pela pollticagovernamentaL

No primeiro caso, destaca-se o estadodo Rio Grande do Sul como estado pioneiro nairnplernentacáo de acóes voltadas aos APLs porparte da Secretaria do Desenvolvimento e dosAssuntos Internacionais (SEDAl) no periodo de 1999a 2002, antecedendo, portanto, as politicas de cunhofederal' Conforme Tatsch, Ruffoni e Batisti (2009),um conjunto de acóes comecou a ser empreendidonestes anos, com destaque para a articulacáocom a polltica estadual de ínovacao, que culminoucom a criacáo, em 2002, dos Centros Gestores delnovacáo, que buscavam difundir tecnologias dentrodo ambiente produtivo local.

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A despeito do caráter pioneiro, a politicagaúcha de apelo a APLs perde importancia nos anossubsequentes, o que aponta para um problemaque se reproduz em vários estados, a saber, odas rnudancas institucionais que ocorrem quandoda alternancia de partidos políticos no poder. Esteaspecto das políticas para APLs remete a fragilidadedo quadro institucional de apoio ao desenvolvimentoprodutivo no Brasil?

Também no caso do estado do Paraná, apolítica estadual de apoio a APLs sofre um recuo.Scatolin e outros (2010) mostram que a Rede APLs,instituicáo formada pela Secretaria de Planejamento,pelo SEBRAE-PR e pela Federacáo das Indústriasdo Paraná (FIEP), com o propósito de coordenara política estadual de APLs, sofreu um processode esvaziamento no periodo posterior ao dasarticulacóes levadas a cabo para a sua torrnacáo econsclidacáo.

A descontinuidade na apíicacáo da politicapara APLs nos estados brasileiros tambémocorreu, embora com caracteristicas distintas dasapresentadas no Rio Grande dos Sul, no estado deGoiás. O motivo determinante da descontinuidade foiuma rnudanca administrativa que, ao ser discutidae posteriormente implementada, desarticulouorganismos e pessoal que já tinham adquiridoexpertise na política de apelo a APLs (CASTRO;ESTEVAM,2010).

Portanto, mesmo em estados em que apolítica de apoio a APLs esteve mais articulada coma política de desenvolvimento produtivo, verifica m-seprocessos de descontinuidade em sua aplicacáo. Ocumprimento dos objetivos inicialmente delineadospela politica torna-se, assirn, de dificil consecucáoe, no mais das vezes, o caminho seguido é o doesvaziamento da política, com concentracao dosinstrumentos de apoio em poucos arranjos e éntaseem acóes mais convencionais, como politicas decorte setorial.

Politicas descontinuadas e éntase dasacóes em estruturas já consolidadas impedemque se alcancem os objetivos primordiais de umapolítica de apoio a APLs, resumida na proposta deCassiolato, Lastres e Szapiro (2000). Estas devemmirar a mudanca das estruturas Iocais em dírecáoa arnpliacáo dos mecanismos de aprendizado ecapacitacáo, á superacáo de gargalos e alcancede economías de escala coletivas e á obtencáo/fortalecimento de economías externas e sinergiaentre os diversos atores do aglomerado, acóes cujoprazo de rnaturacáo tende a ser longo.

Outra sítuacao verificada em algunsestados brasileiros é a da política de apoio a APLsnao se articular com as politicas estaduais dedesenvolvimento produtivo, sendo levada a cabo porinstituicóes de apoío, como SEBRAE, por exemplo.

Esta situacáo pode ser verificada no estadode Santa Catarina, em que o conjunto das acóes serestringe a poucos órqáos que as executam e térn

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autonomía em relacáo ao governo do estado na suatorrnolacao. "lsso faz com que a política para APLsseja na pratica a utilizacáo desse instrumento para aexecucáo das acóes fins dos órqáos que as aplicame nao uma política de estado" (CAMPOS, 2009, pA9).

A autonomía de determinadas instituicóespara desenvolver acóes que térn como foco odesenvolvimento regional pode ser exemplificadacom a atuacao do Banco do Brasil no estado deMato Grosso do Sul. A denominada estratégiaDesenvolvimento Regional Sustentável (DRS) éa responsável por identificar um grande númerode municipios e reqióes deste estado, cujascaracteristicas socíoeconórnicas permitem aaplícacáo desta estratégia de acao do Banco'.

Assim, a sernelhanca do que ocorre em SantaCatarina, também em Mato Grosso do Sul, as politicasde apoio a APLs sao empreendidas por instituicóesde apoio, em especial o BB e o SEBRAE, que seorientam pelos seus objetivos institucionais, do quedecorre uma desartículacáo com a politica estadualde apoio a APLs e com a política de desenvolvimentoprodutivo (LE BOURLEGAT; OLlVEIRA, 2010).

Ainda neste grupo de estados pode-se citar aexperiencia recente de apoio a APLs do estado doRio de Janeiro que, ao concentrar os instrumentosde apoio em grandes projetos de investimento,trata a política para APLs como "compensatória",ou seja, voltada aos setores económicos e reqióesnao alcancados pelos grandes projetos (BRITTO;VARGAS; CARVALHO, 2010).

Em suma, seja nos casos em que a pollticade apelo a APLs se articulou, em algum momento,á política de desenvolvimento produtivo, sejanaque les em que este caráter nao foi almejado,em nenhum dos estados analisados nestetrabalho evidencia-se a construcáo de umainstitucionalidade condizente com os objetivosque se delineiam quando da definicáo das acóes.Todos os estudos estaduais analisados apontamdeficiencias na institucionalidade que se forjounos estados para a ímplernentacáo da política deapelo a APLs, mesmo quando a polltica seguiuuma lógica própria, nao sendo mero reflexo daspoliticas implementadas no ámbito federal após ainstalacáo do GTP-APL.

Embora sejam distintos os aspectos elencadosem cada um dos estados para substanciar asdeficiencias verificadas, há um ponto comum entretodos eles no que tange aos instrumentos acionadospara levar adiante a política de apoio a APLs, qualseja, a inadequacáo das fontes de financiamentoe os parcos recursos mobilizados no fomento aosarranjos selecionados como foco da polltica.

A inadequacáo das fontes de financiamentorefere-se, sobretudo, a ausencia de mecanismos queconsiderem o arranjo na sua unidade, ou seja, queabarque o coletivo de empresas e suas interacóes.A excessiva rigidez que caracteriza as operacóes dosistema bancário nacional torna os bancos avessos

ANÁL/SE DAS POLíTICAS DE APOIO A ARRANJOS PRODUTlVOS LOCAIS NOS ESTADOS DO CENTRO-SUL DO BRASIL 23

ao financia mento de empresas de pequeno porte eá irnplernentacáo de instrumentos financeiros paracoletivos de empresas.

Em vista desta rigidez, a polltica para APLsnos estados dispóe, principalmente, de recursosorcarnentários e de recursos oriundos de conveniosespeclficos que se estabelecem com organismos deapoio (SEBRAE, SENAI, e outros).

Em termos de recursos de maior montadirecionados ao apoio áAPLs, destaca-se o convenioque vários estados empreenderam com o BancoInteramericano de Desenvolvimento (BID) paraobter recursos de financia mento mais adequadosao apoio a coletivos de empresas. A partir de duasexperiencias iniciais ocorridas nos estados do Paráe Bahia, também os estados de Sao Paulo e MinasGerais empreenderam acordos financeiros junto aoBID para alavancar recursos mais vultosos para oapoio á APLs.

O que se coloca como restricáo a este tipo deapoio financeiro relaciona-se com o ocorrido comos estados que já firmaram convenio semelhantecom esta instituicáo. Sao problemas, dentre outros,decorrentes da selecáo dos arranjos a seremapoiados, onde somente os mais estruturadoscumprem os requisitos para a participacáo; daexclusáo de empresas menores, incapazes deoferecer as contrapartidas necessárias e de adequarsuas estruturas de modo a viabilizar a participacáono programa; da morosidade no encaminhamentodas acóes e Iiberacáo dos recursos; das opcóesestratégicas em termos de quais sao os principaisinvestimentos necessários".

As análises para os estados do Pará e Bahiadestacam como aspecto principal deste tipo deprograma a sua descontextualizacáo, decorrentedo uso de critérios e metodologias que se supóeadequados a distintos contextos e que, nos processosde implernentacáo, acabam por desarticular o tecidoprodutivo local e priorizar os agentes mais bemestruturados.

A opcáo por utilizar recursos oriundos do BIDpara a irnplernentacáo da polltica deAPLs reflete, emverdade, a escassez de fontes de financiamento naeconomia brasileira, fruto de um sistema financeiroque opera com pouca diversidade em termos deinstrumentos de financiamento.

4CONCLUSAO

A análise das politicas estaduais de apoio áAPLs nos estados da reqíao Centro-Sul do Brasilrevela uma grande diversidade de situacóes emrelacáo ao momento de irnplementacáo, aoscritérios que orientaram a selecáo dos arranjosapoiados, ao escopo e institucionalidade forjadospara o desenvolvimento das acóes e, por fim, aosinstrumentos de politica acionados.

A partir dos casos dos estados analisadosneste trabalho, verificou-se que os critérios adotados

para o mapeamento, selecáo e priorizacáo dosAPLs influenciam o número e o tipo de arranjosselecionados para apoio. Os casos analisadosmostram que a falta de uma definicáo clara deestratégias que orientem as acóes acaba fragilizandoe restringindo a oportunidade de se valer do objetoAPL para estimular o desenvolvimento económico esocial de forma ampla, abarcando os mais diferentessegmentos e os territórios com os mais diversosniveis de desenvolvimento.

Na maior parte das vezes, os critériosde selecáo empregados esta o relacionados aoimpacto (em termos do PIB, das exportacóes,do emprego) e á relevancia socioeconómicada atividade-chave do APL; á constltuícao e aoestágio de desenvolvimento do APL (considerandoa presenca de agentes, a qovernanca local, osvlnculos/interacoes entre as empresas e demaisatores); e á capacidade de resposta da aqlomeracáoou potencialidade de desenvolvimento. Em outraspalavras, dados os critérios atuais, os APLscom uma institucionalidade melhor organizada,envolvendo um número significativo deestabelecimentos, e que já contribuem de modoimportante para a eco nomia regional sao aquelescom mais chance de serem apoiados. Portanto,há uma tendencia a apoiar aqueles arranjos maisestruturados e dinámicos.

O mapeamento, a selecáo e a priorizacáo dosAPLs apoiados sao esforcos que fazem sentido, seinseridos numa estratégia maior de desenvolvimentode um estado, reqiao ou país. Portanto, a aderénciaá estratégia de governo deve ser levada em conta.Em outras palavras, é necessário identificar os APLsa serem apoiados, estudar suas caracteristicase diagnosticar seus gargalos, para entáo atuarsobre suas realidades; contudo, tal atuacáoprecisa ser pensada com base em uma estratégiamaior de intervencáo do Estado voltada para odesenvolvimento em sentido amplo.

Para se avancar na construcáo dessasestratégias, os elementos-chave do próprio conceitode sistemas e arranjos produtivos e inovativos locaisdevem ser postos em destaque. A aderéncia aoconceito é importante, pois só assim os objetivosseráo orientados prioritariamente para a criacáo­difusáo de conhecimento, para o estimulo a múltiplasformas de aprendizado e para a construcao decompetencias que potencializem e ampliem acompetitividade dos espacos locais (CASSIOLATO;LASTRES; SZPIRO, 2000).

Nesta direcáo, vale destacar que o termosistema/arranjo resgata a dímensáo local,enfatizando a questáo do aprendizado, da ínovacaoe do território. Logo, dimens6es como enraizamento,adensamento e aprendizado devem orientar aconstrucao da polltica de apoio á APLs. Sao essesatributos que se deve buscar estimular e, portanto,os objetivos da íntervencáo devem estar alinhadosa eles.

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Ao reconhecer-se o papel central dasinovacóes e dos processos de aprendizado que estáoem sua origem, bem como sua dimensáo territorial, apolítica deve ser pensada para todo tipo de arranjo,seja mais ou menos estruturado, cujo protagonismoseja do segmento manufatureiro, de servicos, decornércio ou vinculado a atividades culturais. Detodo modo, o que nao deve ser esquecido é que apolltica nao pode ser padronizada, devendo levarem conta as especificidades do local. Uma pollticadescontextualizada tem grande chance de serineficiente, como mostram os estudos que analisamas consequéncias da acocao dos financiamentosdo BID aos APLs de alguns estados brasileiros.Portanto, a diversidade dos diferentes territóriosdeve ser reconhecida.

Conformejá destacadoneste trabalho,as agüesestaduais com vistas á irnplernentacáo de políticasde apoio á APLs sao, no mais das vezes, muitorecentes. Os organismos de apoio ainda nao dispóernde estudos mais sistemáticos que empreendamavaliacóes das acóes efetivamente implementadas.Com isso, a literatura voltada á avalíacáode políticasem APLs ainda é muito escassa. Embora de maneiralimitada, o objetivo do presente trabalho foi o decontribuir para esta díscussáo.

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Notas

GrupodeTrabalho Permanente deArranjosProdutivosLocais, criado pela Portaria Interministerial no. 200,de 3 de agostode 2004 e, desde esta data, tem sidoreeditada (BRASIL, 2004).

Anáüse do Mapeamento e das Políticas paraArranjosProdutivos Locais no Sul, Sudeste e Centro-Oestedo Brasil, cuja síntese está publicada em Campos,Bltencourte Silva (2010).

Esteargumento seráretomado nasub-secác segulnte.

Estao ínseridos na política arranjos de distintasatividades como turismo, logística e software(VILLASCHI; FELIPE, 2010).

o documento da OECD (2007) destaca os conceltosmais comumente utilizados: distritos industriais,sistemas de producác. sistemas reqionais deinovacóes e redes de firmas. No caso brasileiro, aexpressso rnais difundida é a de arranjos produtivoslocais (APLs). Ressalte-se que o conteúdo conceituale normativo destas expressóes nem sempre saoequivalentes.

Em nivel federal, a prímeira acáo rnais articulada deapoio aAPLs foi instituída em 2004, com a criacáo doGrupo de Apoio aos Arranjos Produtivos Locais (GTP­APL), no ámbito do Ministério do Desenvolvimento,lndústria e Cornércio Exterior(MDIC).

Suzlgan e Furtado (2010) mostram essa fragllldadeno contextoda Implementa9ao de políticasindustriaisno Brasil no período recente.

Conferir dados da Tabela 2, que mostra que o estadode Mato Grossodo Sul é, dentre os analisados nestetrabalho, aquele que conta com o maior número deAPLs apoiados (95) e com o rnaior percentual dearranjos de orlgem aqroindustrial (68). A malar partedestes arranjos é apoiada pelo Banco do Brasil,através da estratéqia DRS.

Ver os trabalhasde Costae Andrade (2008)e FerrelraJr. et al (2008) para urna análíse da lmplernentacáodos programas com o BID no Pará e na Bahia,respectivamente. Ver também Cassiolato, Lastrese Stallivieri (2008), para urna análise da evolucaoinstitucional da política de apoio aAPLs no Brasil e dealqurnas experiencias estaduais.

Ana Lúcia TatschEconomistaDoutora em Economía pela Universidade Federal do Riode Janeiro.Protessora do Departamento de Economía e Relacóeslnternaclonais da Universídade Federal do rio Grandedo Sul (UFRGS) e Pesqulsadora Assoclada á Rede dePesquisa em Sistemas e Arranjos Produtivos e InovativosLocals (RedeSlst). E-mal!: analuclatatsch@gmal!:com

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Marisa dos Reis A. BotelhoEconomistaDoutora em Economla pela Universldade Estadual deCampinas.Protessora do Programa de Pós-qraduacso em Economlado Instituto de Economla da Universídade Federal deUberlándia (UFU) e Pesqulsadora assoclada a Rede dePesquisa em Sistemas e Arranjos Produtivos e InovativosLocals (RedeSlst) da Unlversldade Federal do Rlo deJaneiro (UFRJ)E-mail: [email protected]

Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)Av. Pauto Gama, 110 - Farroupüha. Porto Alegre - RloGrande do SulCEP: 90040-060

Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)Av. Pedro Calmen. 550 - Cldade Universitaria, Rio deJaneiroCEP: 21941-901

Universidade Federal de Ilbarlándia (UFU)Av. Joéo Naves de Ávlla 2121 - Campus Santa Mónica ­CX 593 - Uberlándia - MG - CEP 38408-100

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