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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO INSTITUTO DE BIOCIÊNCIAS DEPARTAMENTO DE BOTÂNICA E ECOLOGIA PÓS-GRADUAÇÃO EM MICROBIOLOGIA EMANUELLE PEREIRA DO NASCIMENTO CEPAS PRODUTORAS DE CARBAPENEMASE: ANÁLISE DA EFICÁCIA DE NOVO TESTE RÁPIDO PARA SUA IDENTIFICAÇÃO. CUIABÁ 2016

CEPAS PRODUTORAS DE CARBAPENEMASE: ANÁLISE DA … Pereir… · laboratórios clínicos (MARTINO, 2015). Dessa forma, métodos alternativos que possam trazer bons resultados, se tratando

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  • UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

    INSTITUTO DE BIOCIÊNCIAS

    DEPARTAMENTO DE BOTÂNICA E ECOLOGIA

    PÓS-GRADUAÇÃO EM MICROBIOLOGIA

    EMANUELLE PEREIRA DO NASCIMENTO

    CEPAS PRODUTORAS DE CARBAPENEMASE: ANÁLISE DA EFICÁCIA DE

    NOVO TESTE RÁPIDO PARA SUA IDENTIFICAÇÃO.

    CUIABÁ

    2016

  • EMANUELLE PEREIRA DO NASCIMENTO

    CEPAS PRODUTORAS DE CARBAPENEMASE: ANÁLISE DA EFICÁCIA DE

    NOVO TESTE RÁPIDO PARA SUA IDENTIFICAÇÃO.

    Projeto de pesquisa apresentado ao Departamento de Botânica e Ecologia do Instituto de Biociências da Universidade Federal de Mato Grosso, como requisito parcial para obtenção do Grau de Especialista em Microbiologia.

    Orientadora: Prof.ª Dra. Inês Stranieri Coorientadora: Prof.ª Dra. Aline Gehlen Dall Bello

    CUIABÁ

    2016

  • DEDICATÓRIA

    Dedico esse trabalho a Deus que

    sempre me abençoou e me deu força e

    aos meus pais que são as pessoas mais

    importantes da minha vida.

  • AGRADECIMENTOS

    Agradeço a Deus pela sabedoria, saúde e força para superar as adversidades.

    A Universidade Federal de Mato Grosso, o qual possibilitou, junto ao corpo docente,

    um extenso conhecimento para trabalhar com qualidade, confiança e ética.

    A empresa PROBAC, pela disponibilização dos testes para a pesquisa, o qual foi

    essencial para o seu desenvolvimento.

    Ao Hospital Santa Rosa representado pelo Dr. Cervantes, Santa Rosa Lab

    representado pela Diretora Mara Nasrala e em especial a Gerente Técnica Gabrieli

    Carlotto Moura, pela disponibilização dos dados para realização da pesquisa, além

    da dedicação, incentivo e amizade que proporcionou durante esse período, o qual foi

    de extrema importância para realização da pesquisa.

    A orientadora Prof.ª Dra. Inês Stranieri, por todo ensinamento dedicado nesses

    últimos anos e pelo incentivo à pesquisa.

    A Co-orientadora Prof.ª Dra. Aline Gehlen Dall Bello, que me mostrou que além do

    conhecimento e a dedicação, a integridade e a generosidade nos leva ao sucesso.

    A Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH), representada pela Dra.

    Zamara Brandão, Auriane Rodrigues Técnica de Enfermagem da CCIH e a toda

    equipe do Setor de Microbiologia do Santa Rosa Lab pela parceria.

    Aos familiares e amigos pelo o amor e apoio incondicional.

    E a todos que fizeram parte direta e indiretamente dessa conquista.

  • EPÍGRAFE

    “A razão é o passo, o aumento da

    ciência o caminho e o benefício da

    humanidade o fim.”

    Thomas Hobbes

  • RESUMO

    INTRODUÇÃO: Segundo a organização Mundial de Saúde (OMS), infecções

    associadas aos cuidados de saúde com microrganismos resistentes são uma das

    principais causas de morte, dentre as doenças infecciosas. O número de infeções de

    Klebsiella pneumoniae produtora de carbapenemase (KPC) no Brasil, está

    aumentando, além do impacto clínico, podem causar um fardo econômico enorme

    em países em desenvolvimento. O padrão-ouro para a detecção de carbapenemase

    é a Reação em Cadeia da Polimerase (PCR), porém essas técnicas moleculares são

    geralmente caras, trabalhosas, demoradas e não são facilmente disponíveis em

    laboratórios clínicos, dessa forma, métodos alternativos que possam trazer bons

    resultados podem ser importantes aliados para um laboratório de microbiologia

    clínica que não dispõe desta tecnologia. OBJETIVO: Analisar a eficácia do teste

    rápido Carbapenembac®, para identificação de cepas produtoras de carbapenemase

    isoladas de espécimes clínicos no laboratório microbiológico de rotina.

    METODOLOGIA: Foram incluídos nesse estudo um total de 50 amostras clínicas

    não duplicados, com isolados de Klebsiella pneumoniae resistentes aos

    carbapenêmicos, os quais foram coletados no período de Novembro de 2015 à

    Junho de 2016 do Laboratório Santa Rosa, localizado no Hospital Santa Rosa,

    Cuiabá – MT. A susceptibilidade antimicrobiana foi realizada automaticamente

    através do Sistema PhoenixTM 100 da Becton Dickinson utilizando como

    interpretação o CLSI. A detecção pelo teste rápido carbapenembac foi realizada de

    acordo com as instruções do fabricante. A Detecção do gene blaKPC por métodos

    moleculares (qPCR) foi realizado pela Universidade Federal de Ciências da Saúde

    de Porto Alegre – UFCSPA, a fim de comparar o teste com um padrão ouro.

    RESULTADOS E DISCUSSÕES: A detecção de KPC pelo teste rápido foi positiva

    em 47/50 isolados. Os resultados do qPCR foram positivos em todas as amostras.

    O valor preditivo positivo foi de 94%, o valor preditivo negativo de 62,5%, a

    sensibilidade de 94% e a especificidade de 100%. CONCLUSÃO: 3/50 isolados

    testados apresentaram resultados negativos para produção de carbapenemase no

    teste rápido, sendo positivos no padrão ouro. Poucas amostras negativas para KPC

    foram testadas, por isso a especificidade pode ter sido superestimada (100 %).

    Comparando os resultados obtidos pelo teste rápido e o padrão ouro, os testes

  • apresentaram alta sensibilidade (94%) sendo um ótimo teste de triagem em rotina

    laboratorial.

    PALAVRAS-CHAVE: Carbapenembac. KPC. qPCR. Teste rápido.

  • ABSTRACT

    INTRODUCTION: according to the World Health Organization (WHO), healthcare-

    associated infections with resistant organisms are one of the leading causes of death

    among infectious diseases. The number of infections of Klebsiella pneumoniae

    carbapenemase (KPC) in Brazil, it is increasing, in addition to the clinical impact, can

    cause a huge economic burden on developing countries. The gold standard for

    detection of carbapenemase is the polymerase chain reaction (PCR), however these

    molecular techniques are generally expensive, laborious, time consuming and are

    not easily available in clinical laboratories, in this way, alternative approaches that

    can bring good results can be important allies for a clinical microbiology laboratory

    that has not this technology. OBJECTIVE: Analyze the effectiveness of the

    Carbapenembac® rapid test for identification of carbapenemase producing strains

    isolated from clinical specimens in the microbiological laboratory routine. METHODS:

    were included in this study a total of 50 samples non-duplicated, with clinical isolates

    of Klebsiella pneumoniae resistant to carbapenêmicos, which were collected in the

    period from November to June 2015 to 2016 the laboratory Santa Rosa in Santa

    Rosa Hospital, Cuiabá-MT. Antimicrobial susceptibility was performed automatically

    through the system 100 PhoenixTM of Becton Dickinson using interpretation the

    CLSI. The detection by the carbapenembac rapid test was performed according to

    the manufacturer's instructions. Detection of the gene blaKPC by molecular methods

    (qPCR) was conducted Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre-

    UFCSPA in order to compare the test with the gold standard. RESULTS AND

    DISCUSSIONS: the KPC detection for quick test was positive for 47/50. The results

    of the qPCR were positive in all samples. The positive predictive value was 94%, the

    negative predictive value of 62.5%, 94% sensitivity and 100% specificity.

    CONCLUSION: 3/50 tested isolates showed negative results for carbapenemase

    production in the rapid test, being positive in the gold standard. Few negative

    samples for KPC were tested, so the specificity may have been overestimated

    (100%). Comparing the results obtained by the rapid test and the gold standard, the

    tests showed high sensitivity (94%) being a good screening test in laboratory routine.

    Keywords: Carbapenembac. KPC. qPCR. Quick test.

  • LISTA DE TABELAS

    Tabela 1. Dados clínicos e laboratoriais dos isolados.

    Tabela 2. Resultados dos isolados testados.

    Tabela 3. Resultado comparativo entre qPCR blaKPC e o teste rápido

    Carbapenembac.

  • LISTA DE SIGLAS

    ESBLs: β-lactamases de espectro estendido

    IMP: Imipenemase

    VIM: Verona Imipenemase

    NDM: New Delhi metallo-beta-lactamase

    KPC: Klebsiella pneumoniae carbapenemase

    OMS: Organização Mundial de Saúde.

    CCIH: Comissão de Controle de Infecção Hospitalar.

    CLSI: Clinical and Laboratory Standards Institute

    qPCR: reação em cadeia da polimerase em tempo real.

    DNA: Ácido desoxirribonucleico

    RNA: Ácido ribonucleico

    AN: Amicacina

    AMC: Amoxacilina/clavulanato

    FEP: Cefepime

    CAZ: Ceftazidima

    CRO: Ceftriaxona

    CXM: Cefotaxima

    CIP: Ciprofloxacina

    CL: Colistina

    ETP: Ertapenem

    GM: Gentamicina

    IPM: Imipenem

    LVX: Levofloxacina

    MEM: Meropenem

    TZP: Piperacilina/ tazobactam

    SXT: Trimetropim/ sulfametoxazol

  • SUMÁRIO

    1. INTRODUÇÃO ................................................................................................... 11

    2. JUSTIFICATIVA ................................................................................................. 12

    3. OBJETIVO .......................................................................................................... 13

    3.1. OBJETIVO GERAL ...................................................................................... 13

    3.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS ........................................................................ 13

    4. HIPÓTESE .......................................................................................................... 13

    5. METODOLOGIA ................................................................................................. 14

    6. RESULTADOS E DISCUSSÕES ....................................................................... 16

    7. CONCLUSÃO ..................................................................................................... 19

    8. REFERÊNCIAS .................................................................................................. 20

  • 11

    1. INTRODUÇÃO

    A resistência microbiana traz consigo várias adversidades relacionadas à

    falha terapêutica, levando ao aumento da morbidade e mortalidade de pacientes,

    além do custo do tratamento por conta da prorrogação do tempo de internação e

    gastos com outros antimicrobianos (HAWKEY,2009).

    Com o surgimento das β-lactamases de espectro estendido (ESBLs), mais

    frequentes em enterobactérias, especialmente Klebsiella pneumoniae e Escherichia

    coli, que causam resistência às penicilinas, cefalosporinas de amplo espectro e

    monobactâmicos (ANVISA,2016), aumentou-se a frequência de utilização de

    carbapenêmicos para tratamento de infecções por bactérias da família

    Enterobactereaceae. Além da pressão seletiva criada pelo uso dos carbapenêmicos,

    têm sido observados índices crescentes de resistência a estas drogas (TAVARES,

    2014), as enterobactérias resistentes a carbapenens tem sido reportada

    mundialmente como consequência da facilidade de adquirir os genes

    carbapenemases (NORDMANN, 2011). É provável que a circulação de gene

    carbapenemase procede de duas direções: fontes ambientais fornecendo material

    genético como fonte destas enzimas, por exemplo, a carbapenemase SFC-1 de

    classe A foi descrita em um isolado ambiental de Serratia fonticola. Cepas clínicas

    podem dispersar estes genes tanto dentro do ambiente hospitalar como no ambiente

    circulante (QUEENAN, 2007).

    Essa resistência é observada a partir da produção de carbapenemase, sendo

    o principal mecanismo que confere resistência a essa classe de antibióticos em

    bactérias da família Enterobacteriaceae.

    Carbapenemases são membros da classe molecular A, B, D e β-lactamase.

    Na classe B estão as metalobetalactamases, sendo os tipos IMP, VIM e NDM as

    mais frequentemente detectadas em enterobactérias; na classe D as OXA-

    carbapenemases, sendo a mais frequente em enterobactérias a OXA-48; e as

    carbapenemases de classe A que inclui membros das famílias das PME, IMI, NMC,

    GES, e KPC (ANVISA, 2013; QUEENAN; BUSH, 2007). Dentro da classe A, as

    carbapenemases KPC são as mais prevalentes, encontradas principalmente em

    plasmídeos em Klebsiella pneumoniae (QUEENAN; BUSH, 2007) e de acordo com

    TAVARES (2014), é uma das mais importantes do ponto de vista epidemiológico,

  • 12

    pois apresentou rápida disseminação mundial, após seu primeiro relato, em 1996,

    que ocorreu na Carolina do Norte (EUA), durante a execução de um projeto de

    vigilância epidemiológica (YIGIT et al., 2001).

    No Brasil, a enzima KPC foi relatada inicialmente em K. pneumoniae no

    estado do Recife, em 2006, mas atualmente já se encontra disseminada pelo país,

    onde sua incidência tem aumentado significativamente (TAVARES, 2014).

    Segundo a organização Mundial de Saúde (OMS), em todos os países, as

    infecções associadas aos cuidados de saúde com microrganismos resistentes são

    uma das principais causas de morte, dentre as doenças infecciosas (WHO, 2016).

    Portanto, há necessidade de uma identificação correta dessas cepas resistentes,

    para proporcionar um tratamento adequado ao paciente.

    2. JUSTIFICATIVA

    Klebsiella pneumoniae produtora de carbapenemase (KPC) podem causar

    infecções graves, principalmente em pacientes hospitalizados, devido a poucas

    opções terapêuticas, corroborando para o aumento da mortalidade. Causando um

    fardo econômico enorme à saúde pública. Além disso, KPC pode ser um desafio de

    detectar em laboratórios clínicos (ZÚÑIGA, et. al, 2015). O padrão-ouro para a

    detecção de carbapenemase é a Reação em Cadeia da Polimerase (PCR), porque

    os métodos fenotípicos têm baixa especificidade. Além disso, técnicas moleculares

    são geralmente caras, trabalhosas, demoradas e não são facilmente disponíveis em

    laboratórios clínicos (MARTINO, 2015).

    Dessa forma, métodos alternativos que possam trazer bons resultados, se

    tratando de precisão, rapidez e custo acessível, podem ser importantes aliados para

    um laboratório de microbiologia clínica que não tem a possibilidade de investir em

    uma detecção através do PCR e assim ajudar a Comissão de Controle de Infecção

    Hospitalar (CCIH) a desenvolver um bom trabalho na unidade de saúde.

    O novo teste rápido Carbapenembac®, propõe a identificação rápida de

    bactérias produtoras de carbapenemases. Suas fitas possuem em sua composição

    carbapenêmicos numa concentração ideal para que as enzimas produzidas pelas

  • 13

    KPCs provoquem a hidrólise destes compostos. A leitura é feita a partir do produto

    dessa hidrólise.

    3. OBJETIVO

    3.1. OBJETIVO GERAL

    Analisar a eficácia do teste rápido Carbapenembac®, para identificação de

    cepas produtoras de carbapenemase.

    3.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS

    ● Analisar sua acurácia;

    ● Identificar se o teste rápido é viável para exames microbiológicos de rotina.

    4. HIPÓTESE

    Apresenta alta sensibilidade e especificidade para detecção de cepas

    produtoras de carbapenemases com bom custo-benefício para implantação na rotina

    de laboratórios clínicos.

  • 14

    5. METODOLOGIA

    Isolados clínicos

    Foram incluídos nesse estudo um total de 50 isolados não duplicados de

    Klebsiella pneumoniae resistentes aos carbapenêmicos (Imipenem, Meropenem e

    Ertapenem). Os isolados foram coletados no período de Novembro de 2015 à Junho

    de 2016, hospitalizados no Hospital Santa Rosa, em Home Care e em unidades de

    atendimento do Laboratório Santa Rosa, localizado no Hospital Santa Rosa, Cuiabá

    – MT.

    Os dados clínicos foram fornecidos pela Comissão de Controle de Infecção

    Hospitalar (CCIH) do Hospital Santa Rosa. Os dados das outras unidades de saúde

    e de pacientes de Home Care, não foram fornecidos.

    Os microrganismos foram isolados de múltiplas infecções, incluído urina (n=

    24), swab retal (n=8), sangue (n=5), aspirado traqueal (n= 7), ponta de cateter (n=2),

    líquido biliar (n=1), líquido peritoneal (n=1), secreção de ferida operatória (n=1) e

    secreção de gastrostomia (n=1).

    Como controle negativo foram incluídos 5 teste com cepa de Escherichia coli

    ATCC 25922.

    Determinação da suscetibilidade antimicrobiana

    A susceptibilidade antimicrobiana foi realizada automaticamente e

    interpretada de acordo com as recomendações do CLSI (Clinical and Laboratory

    Standards Institute). Todas as cepas foram identificadas como possíveis produtoras

    de carbapenemases através do Sistema PhoenixTM 100 da Becton Dickinson -

    Estados Unidos, utilizando o PHOENIX PAINEL BD NMIC/ID 94.

    Detecção de KPC através do teste rápido carbapenembac

    A detecção da carbapenemase KPC foi realizada a partir de repiques no meio

    de cultivo ágar sangue com culturas incubadas por 24 horas. A preparação do

    inóculo foi feita a partir de uma suspensão equivalente a turvação de 10 na escala

    de McFarland num tubo com solução seletiva que compõe o Kit Carbapenembac®.

    Inoculou-se 150 µL da suspensão na fita, a qual foi encubada entre 35º e 37º C por 1

    hora dentro de uma placa de petri tampada.

  • 15

    Retirou-se a placa com as fitas da estufa e após a adição de 200µL da

    Solução de Iodo Especial que confere uma cor roxa à fita, a placa foi tampada e

    armazenada em temperatura ambiente.

    O diagnóstico de cepa carbapenemase positiva pode ser feito de 15 a 20

    minutos, onde nas bordas das fitas aparecerá inicialmente uma cor amarela

    esbranquiçada, o que indica hidrólise dos carbapenêmicos presentes na fita. A

    hidrólise será evidenciada até sumir quase totalmente a cor roxa, ficando apenas a

    amarela. Esse tempo pode variar de 15 a 60 minutos após a adição da solução de

    Iodo Especial.

    As fitas embebidas com cepas negativas permanecem de cor roxa podendo

    apresentar leve cor branca nas bordas, dessa forma, a cada 10 testes com as cepas

    selecionadas, realizamos 1 controle negativo com cepa Escherichia coli ATCC

    25922.

    Detecção do gene blaKPC por métodos moleculares

    A fim de comparar os resultados obtidos pelo teste rápido Carbapenembac®

    com um teste molecular padrão ouro, todos os 50 isolados, foram enviados para

    Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre – UFCSPA, onde

    investigou-se os genes responsáveis pela produção de carbapenemase através da

    reação em cadeia da polimerase em tempo real (qPCR).

    A extração do DNA das amostras e controle positivo (suspensão em água

    livre de DNA e RNA) foi realizada com o kit comercial Pathogen RNA/DNA MagMax®

    no equipamento MagMaxTM Express, conforme a seguinte padronização: (1) preparo

    da placa com a solução "Bead mix", amostra, isopropanol, soluções de lavagem e

    tampão eluente, (2) adicionado 50µl da suspensão contendo a amostra, equivalente

    a turvação de 10 na escala de McFarland, (3) inserção da placa no equipamento e

    posterior programação do mesmo (protocolo 4462359). Após esse processo, os

    ácidos nucleicos foram quantificados no equipamento Nanodrop®, diluídos a uma

    concentração de 10ng/µl e armazenados a -20°C.

    A qPCR foi realizada no equipamento Applied Biosystems® 7500 Real Time

    PCR Systems. Utilizou-se os primers com as sequencias forward (5’-

    TTGTTGATTGGCTAAAGGG-3’) e reverse (5’- CCATACACTCCGCAGGTT-3’)

    padronizado por Wang et. al. O amplicon foi de 106 pares de base. O volume total

    da reação foi de 25 μl, contendo 15 μl de SYBR® Green PCR Master Mix (Applied

    Biosystems), 0.2 μM de cada primer, 7,6 μl de água estéril livre de RNA e DNA e 2 μl

  • 16

    DNA template (amostra extraída). A amplificação por RT-PCR realizada utilizando:

    ciclo inicial de 5 minutos a 95°C, seguido por 40 ciclos de 15 segundos a 95°C, 15

    segundos a 55°C e 30 segundos a 72°C. As amostras positivas apresentaram a

    curva de melting igual ao controle positivo utilizado (ATCC BAA-1705).

    6. RESULTADOS E DISCUSSÕES

    Os isolados clínicos testados procederam de pacientes hospitalizados no

    Hospital Santa Rosa (38/50), internos de outras unidades (5/50) e de Home Care

    (7/50). A faixa de idade foi de 1 mês à 90 anos, 31/50 do gênero masculino e 19/50

    do gênero feminino.

    Dentre as doenças de base e condições associadas (Tabela 1), destaca-se

    Diabetes Mellitus 13,3% (6/45), Neoplasias 11,1% (5/45), Vírus da imunodeficiência

    Humana – HIV 2,2 % (1/45), Insuficiência renal 11,1% (5/45), Traumatismo 8,8%

    (4/45) e Acidente Vascular cerebral 8,8% (4/45).

    Para os pacientes hospitalizados o tratamento variou entre os casos. Em 81,6

    % (31/38) foi utilizado associação de antibióticos, destacando-se o uso de

    Carbapenêmicos e Polimixina B. Já no uso de terapia isolada 18,4 % (7/38), utilizou-

    se Meropenem, Amicacina, Ertapenem e Ciprofloxacina. Evoluindo para alta

    hospitalar 52,6% (20/38), óbito 44,7% (17/38).

    Tabela 1. Dados clínicos e laboratoriais dos isolados. Amostras KPC (50)

    Genero M/F 31/19

    Idade Média 64,3

    Colonização 16% (8/50)

    Condições associadas

    Imunocomprometido

    HIV 2,2 % (1/45)

    Neoplasia 11,1% (5/45)

    Diabete mellitus 13,3% (6/45)

    Imunocompetente

    Insuficiencia renal 11,1% (5/45)

    Insuficiencia hepática 2,2 % (1/45)

    Insuficiencia respiratória 4,4% (2/45)

  • 17

    Peritonite 4,4% (2/45)

    Traumatismo 8,8% (4/45)

    Acidente vascular cerebral 8,8% (4/45)

    Trombose 2,2 % (1/45)

    Hiperplasia de próstata 2,2 % (1/45)

    Tratamento*

    Polimixina B + Carbapenêmicos 16,1 % (5/31)

    Polimixina B + Carbapenêmicos + Amicacina 3,2% (1/31)

    Carbapênemicos + Amicacina 3,2% (1/31)

    Polimixina B + Amicacina 6,4% (2/31)

    Linezolida + Meropenem 6,4% (2/31)

    Amicacina 6,4% (2/31)

    Carbapenêmico 3,2% (1/31)

    Meropenem + Teicoplanina + Amicacina 9,6% (3/31)

    Ciprofloxacina 3,2% (1/31)

    Daptomicina + Polimixina B 3,2% (1/31)

    Piperacilina/Tazobactam + Amicacina 3,2% (1/31)

    Teicoplanina + Amicacina + Polimixina B 3,2% (1/31)

    Meropenem + Tigeciclina + Amicacina + Polimixina B 3,2% (1/31)

    Meropenem + Gentamicina 3,2% (1/31)

    Moxifloxacino 3,2% (1/31)

    Teicoplanina + Polimixina B 3,2% (1/31)

    Cefepime + Teicoplanina + Fluconazol 3,2% (1/31)

    Piperacilina/Tazobactam + Teicoplanina + Meropenem

    3,2% (1/31)

    Ceftriaxona + Clindamicina 3,2% (1/31)

    Ceftriaxona + Ciprofloxacina 3,2% (1/31)

    Claritromicina + Amicacina + Polimixina B 3,2% (1/31)

    Evolução

    Alta hospitalar 40% (20/38)

    Óbito 34% (17/38)

    Não informado 2%(1/38)

    Amostras: Não foram fornecido dados clínicos dos pacientes de outras unidades de saúde (5/50) e Tratamento/ Evolução dos pacientes de Home Care (7/50). * Amostras provenientes de colonização não foram contabilizadas no tratamento.

    A maioria das estirpes de Klebsiella pneumoniae apresentaram o mesmo

    padrão de susceptibilidade (Figura 1), sendo 100% resistentes a

    AMOXACILINA/CLAVULANATO, CEFEPIME, CEFTAZIDIMA, CEFTRIAXONA,

    CEFOTAXIMA, ERTAPENEM, IMIPENEM e PIPERACILINA/TAZOBACTAM.

    Intermediários a AMICACINA 16% (8/50) e CIPROFLOXACINA 2% (1/50) e

    Sensíveis a AMICACINA 70% (35/50), CIPROFLOXACINA 2% (1/50), COLISTINA

    64% (32/50), GENTAMICINA 30% (15/50), LEVOFLOXACINA 2% (1/50),

    MEROPENEM 2% (1/50) e TRIMETROPIM/SULFAMETOXAZOL 16% (8/50).

  • 18

    Figura 1. Padrão de susceptibilidade antimicrobiana das estirpes de Klebsiella pneumoniae.

    AN = amicacina; AMC= amoxacilina/clavulanato; FEP= cefepime; CAZ= ceftazidima; CRO= ceftriaxona; CXM= cefotaxima; CIP= ciprofloxacina; CL= colistina; ETP= ertapenem; GM= gentamicina; IPM= imipenem; LVX= levofloxacina; MEM= meropenem; TZP= piperacilina/ tazobactam; SXT = trimetropim/ sulfametoxazol; R=resistente; S= sensível; I= intermediário.

    Todas os isolados foram testados por três metodologias, os resultados estão

    sintetizados na tabela 2. A detecção de carbapenemase KPC pelo teste rápido, foi

    positiva para 47/50 isolados, sua positividade (presença de bordas amarelas

    esbranquiçadas) foi evidenciada entre 15 e 20 minutos. Após 60 minutos os testes

    positivos já estavam totalmente brancos (Figura 2).

    Tabela 2. Resultados dos isolados testados. Isolados Clínicos Phoenix 100 Carbapenembac PCR real time

    Klebsiella pneumoniae (50) 50/50 positivo 47/50 positivo 50/50 positivo

    Escherichia coli ATCC 25922 (10) 5/5 negativo 5/5 negativo 5/5 negativo

    As fitas embebidas com cepas negativas de Escherichia coli ATCC 25922,

    permaneceram inalteradas, apresentando bordas esbranquiçadas após 60 minutos

    de teste. Da mesma forma se comportou os testes com as cepas 34, 35 e 48, sendo

    consideradas negativas.

  • 19

    Figura 2. Representação do teste rápido carbapenembac com isolados de Klebsiella pneumoniae positivos para carbapenemase KPC.

    C= controle negativo (Escherichia coli ATCC 25922); 40 = cepa positiva para KPC.

    A acurácia do teste rápido de KPC comparado ao padrão ouro foi calculada

    baseada na tabela 3. Os resultados do qPCR foram positivos em todas as amostras,

    conforme a tabela abaixo. O valor preditivo positivo foi de 94%, o valor preditivo

    negativo de 62,5%, a sensibilidade de 94% e a especificidade de 100%.

    Tabela 3. Resultado comparativo entre qPCR blaKPC e o teste rápido Carbapenembac®.

    Padrão-ouro PCRq

    Positivo Negativo

    Teste rápido Carbapenembac

    ®

    Positivo 47 0

    Negativo 3 5

    Sensibilidade de 94%; Especificidade de 100%.

    7. CONCLUSÃO

    Dos isolados testados 3/50 apresentaram resultados negativos para produção

    de carbapenemase, mas foram positivas no qPCR. Como poucas amostras

    negativas ou sem suspeita de KPC foram testadas, a especificidade do teste foi alta

    (100 %), podendo ter gerado uma especificidade aumentada em relação a realidade,

    dessa forma, sugere-se a realização de testes de qPCR e Cabapenembac com

    amostras sensíveis a carbapenens para cálculo de especificidade.

  • 20

    Comparando os resultados obtidos pelo teste rápido Carbapenembac com um

    teste molecular padrão ouro, os testes apresentaram alta sensibilidade (94%) sendo

    um ótimo teste de triagem em rotina laboratorial e apresentando um bom custo-

    benefício. Recomenda-se sempre utilizar um controle negativo juntamente com o

    teste a ser realizado, lembrando que um resultado negativo deve ser confirmado

    utilizando o padrão ouro.

    8. REFERÊNCIAS

    ANVISA – Agência Nacional de vigilância Sanitária. Resistencia microbiana:

    mecanismos e impacto clínico. Disponível em:

    http://www.anvisa.gov.br/servicosaude/controle/rede_rm/cursos/rm_controle/opas_w

    eb/modulo3/mec_permeabilidade.htm. Acesso em 24 de Abril de 2016.

    ANVISA, Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Nota técnica nº 01/2013 -

    Medidas de prevenção e controle de infecções por enterobactérias multiresistentes.

    Brasília, 2013.

    HAWKEY, P. M.; JONES, A. M. The changingepidemiologyofresistance. J

    AntimicrobChemother. 2009

    MARTINO, M. D. V.; KOGA, P. C. M.; PASTERNAK, J.; DOI, A. M.; CIOLA, C. S.;

    SILVA, C. B. da; MASSAIA, I. F. D. S.; SILVA, I. G. S. da; ARAUJO, M. R. E. de.

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    QUEENAN A. M.; BUSH, K. Carbapenemases: the versatile beta-lactamases.

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    Klebsiellapneumoniaeprodutoras de KPC isoladas em diferentes estados

    http://www.anvisa.gov.br/servicosaude/controle/rede_rm/cursos/rm_controle/opas_web/modulo3/mec_permeabilidade.htmhttp://www.anvisa.gov.br/servicosaude/controle/rede_rm/cursos/rm_controle/opas_web/modulo3/mec_permeabilidade.htm

  • 21

    brasileiros(Dissertação de Mestsrado) Instituto Oswaldo Cruz – Pós-Graduação em

    Biologia Celular e Molecular. Rio de Janeiro, 2014.

    WANG, L; GU, H; LU, X. A rapid low-cost real-time PCR for the detection of klebsiella

    pneumoniae carbapenemase genes. Annals of Clinical Microbiology and

    Antimicrobials. Department of Laboratory Medicine, Beijing Tongren Hospital, Capital

    Medical University, No1. Dongjiaominxiang Road, Dongcheng District, Beijing

    100730, China, 2012.

    WHO – World Health Organization.Public Health Importance of Antimicrobial

    Resistance.Disponível em: http://www.who.int/drugresistance/AMR_Importance/en/.

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    ZÚÑIGA, J.; CRUZ, G.; PÉREZ, C.The combined-disk boronic acid test as an

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    http://www.who.int/drugresistance/AMR_Importance/en/