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TRATAMENTO DA CERVICOBRAQUIALGIA ATRAVÉS DA TÉCNICA DE MOBILIZAÇÃO NEURAL
TREATMENT OF CERVICOBRAQUIALGIA THROUGH TECHNICAL OF NEURAL
MOBILIZATION
PRZYVARA, Letícia W.1; REZENDE, Mario José de2.
1
1Acadêmica do curso de Fisioterapia da Faculdade Assis Gurgacz. E-mail: [email protected]; 2Mestre em Engenharia Biomédica pela UNIVAP em São Jose dos Campos/SP, Graduação em Fisioterapia pela FUNEC/FISA em Santa Fé so Sul/SP, docente da UNIOESTE e da Faculdade Assis Gurgacz (FAG) e orientador deste trabalho. [email protected] Instituição: Faculdade Assis Gurgacz – FAG. Endereço para correspondência: Av. Rio Grande do Sul, 963 – Planalto / PR.
4
RESUMO
Frente à grande incidência de cervicobraquilagia (12 a 34% da população) e às conseqüências que esta pode gerar ao indivíduo, buscou-se saber se a técnica de mobilização neural é eficaz para os pacientes com cervicobraquialgia, recuperando a função mecânica quanto fisiológica do sistema nervoso. Realizou-se um estudo duplo-cego, do tipo qualiquantitativo, tipo causa efeito, de corte longitudinal. A amostra foi composta por 10 pacientes, selecionados a partir dos critérios de inclusão e exclusão, onde primeiramente fez-se uma avaliação inicial, seguida pela aplicação da técnica de mobilização neural do nervo mediano e radial, durante dez minutos cada, no membro superior sintomático. Teve-se como parâmetros de melhora a evolução do quadro álgico, analisada através da Escala Visual Análoga da dor, e evolução das amplitudes de movimento (ADM) da coluna cervical, mensuradas através do inclinômetro cervical CROM, e do membro superior sintomático, mensurado através do inclinômetro digital Baseline. Após a coleta dos dados foi realizado teste t-student para comparação de médias dependente do nível de 5% de probabilidade. Notou-se melhora significativa em todas as ADM’s mensuradas, onde o maior ganho de ADM da coluna cervical foi no movimento de rotação (83%), e adução (30%) para o membro superior, bem como melhora significativa do quadro álgico presente. Conclui-se então que a mobilização neural é eficaz para a redução do quadro doloroso e evolução das ADM’s tanto da coluna cervical quanto do membro superior sintomático, dentro da amostra delimitada. PALAVRAS-CHAVE: Cervicobraquialgia, Mobilização Neural, Amplitude de movimento.
ABSTRACT
Forefront at the ample incidence as of cervicobraquilagia (12 the one 34% from the population ) and to the than it is to this one can bring forth to the chap , he picked - in case that knowledge in case that the technique as of mobilization neural is effective for the patients along cervicobraquialgia , recovering the function mechanics quantum fisiológica from the nervous system. Attained - in case that um I study double - stock blind , of type qualiquantitativo , guy he causes effect , as of hack longitudinal. The merchandise he went built up from By 10 patients , selected from the of the criteria as of encapsulation and exclusion , where first of all has made - in case that an evaluation he initiates , he follows pela application from the know-how as of mobilization neural from the nerve median and radial , When ten minutes each , at the upper limb symptomatic. He had - in case that as a control information as of he improves the development from the blackboard álgico , evaluated via the He climbs Visual Akin from the ache , and development of the amplitudes as of bandwagon ADM ) from the column cervical mensuradas via the inclinômetro cervical CROM , and from the upper limb symptomatic mensurado via the inclinômetro digital Baseline. After the one vest of data he went paid-up test t student for comparison as of averages dependent from the class as of Apr 5 % likelihood. He noted - in case that he improves significativa at every the ADM’s mensuradas , where the biggest gained as of ADM from the column cervical he went at the bandwagon as of rotation (83%), and adução (30%) for its upper limb , as well as he improves significativa from the blackboard álgico actual. Completes - in case that then than it is to the mobilizing neural is effective for the abatement from the blackboard achy and development of the ADM’s so much from the column cervical quantum from the upper limb symptomatic , within doors from the merchandise delimited. KEYWORDS: Cervicobrachialgia, Neural Mobilization, Ampleness as of bandwagon
5
INTRODUÇÃO
Emergem da coluna cervical pelos forames intervertebrais, oito pares de nervos espinhais,
os quais contêm fibras sensoriais, motoras e simpáticas. Os componentes sensórios do nervo que
fornecem sensibilidade para a região cutânea da extremidade superior são chamados de
dermátomos. As raízes motoras que inervam os músculos da extremidade superior são chamadas
de miótomos1. Segundo Cailliet1, todas as raízes cervicais referem-se à extremidade superior,
estejam elas na medula cervical, nos forames cervicais, no plexo braquial ou nas raízes nervosas
em sua passagem pela extremidade superior. A sensibilidade e a função motora de todos os
miótomos e dermátomos das extremidades superiores são normais quando não há nem um
comprometimento da raiz nervosa.
Responsável pela inervação de todo o membro superior, o plexo braquial está formado
pelas raízes anteriores da quinta vértebra cervical até a primeira vértebra torácica2,3,4.
O sistema nervoso é composto por axônios, mielina e as células de Schwann, o que
confere ao mesmo a excitabilidade e condutibilidade. Sendo responsável pelo suporte e proteção
dos tecidos de condução tem-se a neuroglia, as meninges e o perineuro5. Assim, estes dois tecidos
agem em conjunto, garantindo boa funcionalidade do sistema nervos6. As células de Schwann
ainda fornecem proteção, suportando forças de tensão e compressão, o que se dá através do
endoneuro, do perineuro (o qual mantém boa integridade do nervo sob tensão) e do epineuro (que
mantém os fascículos unidos e permite mobilidade ao nervo)6.
Segundo Butler6 e Marinzeck7 o sistema nervoso possui propriedades elásticas, podendo
se encurtar ou alongar em resposta a movimentos dos segmentos corporais. O sistema nervoso
central e periférico é considerado como único e contínuo, sendo que este sistema apresenta-se em
três dimensões, que são a continuidade mecânica, podendo ser vista através da transmissão das
6
forças e movimentos gerados pelos envoltórios conjuntivos presentes nas células nervosas; a
continuidade elétrica, sendo mantida pelos neurônios e assim podendo ser transmitida de um
ponto do corpo até o outro; e a continuidade química, mantida pelos neurotransmissores centrais
e periféricos, contando também com o fluxo axoplasmático, o qual tem como função garantir que
substâncias nutritivas do sistema nervoso estão sendo conduzidas dentro do axônio6,7,8.
Assim, o funcionamento adequado do sistema nervoso depende de sua integridade. Uma
vez o sistema nervoso sendo lesado, isto leva à deformações mecânicas das fibras nervosas e
isquemia local, ocorrendo então diminuição do fluxo axoplasmático, e consequentemente
alteração da função nervosa, gerando má condução elétrica, e provocando distúrbios sensoriais
(dor, parestesias), motores (fraqueza), e autonômicas (vasomotoras)3,9,10. Alterações do fluxo
axoplasmático geram disfunções tróficas e inflamação dos tecidos inervados por este7.
Cervicobraquialgia é a presença da dor cervical que se irradia à uma das extremidades
superiores através do território correspondente a uma raiz nervosa cervical baixa, podendo então
gerar alterações na condução elétrica e alterações do fluxo axoplasmático11,12. Frequentemente, o
quadro clínico das cervicobraquialgias é unilateral, sendo que a dor inicia-se na região cervical
baixa e irradia-se para o membro superior, com topografia radicular usualmente associada a
parestesias de um ou mais dedos13.
Frente às conseqüências que as disfunções neurais provindas da cervicobraquialgia podem
gerar ao indivíduo, busca-se recuperar a função mecânica quanto fisiológica do sistema nervoso,
restaurando comprimento e mobilidade do mesmo, e as disfunções em estruturas músculo-
esqueléticas que recebem sua inervação, e segundo Marinzeck7 e Santos14 isto é possível através
da técnica de mobilização neural, a qual trata-se de movimentos passivos impostos ao tecido
neural. Segundo Butler6, a mobilização do sistema nervoso é aplicada para sinais e sintomas cujas
origens podem ter comprometimento biomecânico ou uma reação inflamatória.
7
São diversas as formas de aplicação da mobilização neural, podendo esta ser dividida em
mobilização direta onde os nervos periféricos e/ou medula são colocados em tensão e
movimentos oscilatórios e/ou movimentos brevemente mantidos que são aplicados a eles através
das articulações que compõem o trajeto do trato neural. A mobilização indireta onde os nervos
periféricos e/ou medula são colocados em tensão e movimentos oscilatórios que são aplicados às
estruturas adjacentes ao tecido neural comprometido. A mobilização tensionante é quando
mobiliza-se aumentando e diminuindo a tensão no trato neural. E a mobilização deslizante, onde
mobiliza-se deslizando o trato neural sem aumento de tensão7.
A técnica de mobilização neural apresenta algumas contra-indicações absolutas, dentre
elas tumores, lesões do sistema nervoso central, lesões medulares ou da cauda eqüina, problemas
agudos com recente agravamento dos sinais neurológicos. Dentre as contra indicações relativas,
tem-se a presença de vertigens, problemas circulatórios, presença de patologias associadas,
deteriorização rápida de um problema, situações de irritabilidade importante6.
Tendo em vista a complexidade do sistema nervoso e sua capacidade de adaptação,
buscou-se através deste estudo verificar a viabilidade do uso da técnica de mobilização neural na
cervicobraquialgia de origem cervical, sendo que este foi analisado através da evolução das
variáveis propostas, como mensuração das amplitudes de movimento da coluna cervical e do
membro superior sintomático, bem como pela quantidade de dor presente antes e após o
tratamento proposto.
8
METODOLOGIA
A presente pesquisa foi encaminhada ao COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA COM
SERES HUMANOS da Faculdade Assis Gurgacz (FAG), da cidade de Cascavel - PR em
08/04/2008 e aprovada pelo mesmo em 30/04/2008.
Foi realizado um estudo duplo-cego, sendo que este caracteriza-se por ser uma pesquisa
do tipo qualiquantitativa, tipo causa efeito, de corte longitudinal. A amostra foi composta por dez
pacientes portadores de cervicobraquialgia, sendo sete mulheres e três homens, os quais foram
selecionados de forma aleatória a partir de critérios de inclusão, sendo eles: pacientes que
apresentassem os sinais clínicos da cervicobraquialgia de origem cervical, que segundo Cyriax10
são, fraqueza dos músculos inervados pela raiz comprometida, diminuição ou ausência dos
reflexos tendinosos, dor e/ou parestesia distal no final do dermátomo, que apresentassem
limitação da amplitude de movimento da coluna cervical e do membro superior sintomátio, que
se encontravam na fila de espera de atendimentos da Clínica de Fisioterapia da FAG, pacientes
que não estavam recebendo qualquer outro tipo de tratamento, mesmo medicamentoso, durante o
tempo de participação na pesquisa; que tinham entre 40 e 60 anos, independente de raça e sexo;
que tiveram disponibilidade de tempo e que aceitaram assinar o termo de consentimento livre e
esclarecido. Seriam excluídos pacientes portadores de patologias associadas que poderiam vir a
interferir no tratamento proposto; pacientes que sofressem agudização do quadro; pacientes
portadores de qualquer contra-indicação da técnica utilizada.
No primeiro atendimento fez-se a coleta dos dados pessoais, e em seguida os pacientes
foram submetidos a uma avaliação inicial realizada pelo pesquisador responsável para
confirmação dos sinais clínicos da cervicobraquialgia de origem cervical. Foram realizados testes
ortopédicos específicos para confirmação do diagnóstico, como o Teste de Valsalva; o Teste de
9
Spurling; o Teste de Distração; e o Teste de compressão e compressão foraminal máxima, todos
descritos por Cipriano15. Avaliou-se também a força muscular nos músculos inervados pelas
raízes comprometidas, a qual foi testada através do Teste de força muscular adotada pela
Academia Americana de cirurgiões Ortopédicos, o qual gradua-se a força de 5 a 0, descrita em
Cipriano15; avaliou-se diminuição ou ausência dos reflexos tendinosos , os quais foram testados
através do martelo de reflexo onde realizou-se a percussão sobre o tendão dos músculos
inervados por C6 e C7 e analisou-se o reflexo, e parestesia distal no final do dermátomo a qual
foi testada por um pincel, onde o mesmo foi passado sobre a pele do paciente e analisou-se o grau
de sensibilidade sobre o respectivo dermátomo está normal, diminuído ou ausente. Realizou-se
também o teste de tensão neural do nervo mediano e radial, o qual é realizado igualmente ao
tratamento dos mesmos, descrito abaixo. A quantidade de dor presente e o nível da amplitude do
movimento da coluna cervical e do membro superior sintomático foram verificados durante todos
os atendimentos realizados, antes e após o tratamento proposto, para que se pudesse verificar a
evolução destes. Em seguida, durante os dez atendimentos, os pacientes foram submetidos ao
tratamento de mobilização neural do nervo mediano e radial no membro acometido do nervo
mediano (ULNT1) e para o nervo radial (ULNT 2), o qual foi realizado pelo colaborador do
trabalho, totalizando dez atendimentos, realizados em média 2 vezes por semana, sendo 10
minutos de mobilização do nervo mediano e 10 minutos de mobilização do nervo radial.
Para a realização da mobilização neural do nervo mediano (ULNT 1) o paciente
permaneceu em decúbito dorsal, fisioterapeuta do lado acometido. O fisioterapeuta ficou de
frente para o paciente, com uma das mãos envolvendo a mão do paciente assegurando controle
para baixo do polegar e dedos. Exerceu-se uma força constante de depressão sobre a cintura
escapular durante o movimento. Em seguida foi realizada uma abdução do braço do paciente de
aproximadamente 110°, seguida da supinação do antebraço e extensão do punho e dedos. O
10
ombro foi rodado lateralmente e o cotovelo foi estendido. Em seguida instruiu-se ao paciente que
mantivesse olhando para cima e levasse a orelha até o ombro oposto ao lado acometido. Nesta
posição realizou-se movimentos de flexão e extensão do punho e dedos lentos e rítmicos durante
10 minutos.
Para a realização da mobilização neural do nervo radial (ULNT 2) o paciente permaneceu
em decúbito dorsal, deitado em diagonal na maca deixando sua escápula do lado acometido livre;
fisioterapeuta permaneceu do lado acometido ao lado da cabeça do paciente. Com uma das mãos
a fisioterapeuta segurou o cotovelo do paciente e a outra segurou o punho. Com a coxa o
fisioterapeuta realizou a depressão da cintura escapular, abduziu o braço aproximadamente 10° e
estendeu o cotovelo do paciente. Em seguida o ombro e todo o braço foram medialmente
rotacionados. Com a mão que estava segurando o punho o fisioterapeuta realizou flexão e
extensão do mesmo juntamente com os dedos de forma lenta e rítmica, durante 10 minutos.
Durante todos os dez atendimentos verificou-se no início e no final do tratamento a
quantidade de dor presente através da Escala Visual Análoga de dor (EVA), onde os pacientes
assinalaram a quantidade de dor presente de 0 a 10, correspondendo 0 sem dor e 10 o máximo de
dor. Verificou-se também a amplitude de movimento ativo da coluna cervical através do
inclinômetro cervical CROM (Cervical Range Of Motion) nos movimentos de flexão, extensão,
rotação e inclinação lateral, o qual se dá através de três inclinômetros (2 gravitacionais e 1
magnético) fixados em uma haste colocada como óculos no rosto do paciente. Assim, o mesmo
permaneceu sentado, com os pés apoiados no chão, tornozelos, joelhos e quadris a 90° de flexão,
sem calçado. Orientou-se que o paciente realizasse a movimentação ativa em sua maior
amplitude, sendo que o fisioterapeuta evitava compensações, estabilizando então os ombros do
paciente. Comandos verbais como “encoste o queixo no peito” para flexão, “olhe para o teto”
para extensão, “olhe para o lado apenas com a cabeça” para rotações, e “encoste sua orelha no
11
seu ombro sem elevá-lo” para inclinação lateral, foram utilizados para melhor entendimento dos
movimentos a serem realizados.
Inclinometria cervical. Fonte: Do autor.
Para avaliação das amplitudes de movimento do membro superior sintomático, fez-se a
utilização do Inclinômetro digital marca Baseline. Para mensuração destas amplitudes o paciente
permaneceu sentado para impedir grandes compensações, e então fez-se a colocação do
inclinômentro sobre o braço do paciente, sendo solicitado que o mesmo elevasse o braço
anteriormente (flexão), lateralmente (abdução), que estendesse o braço para trás sem inclinar
anteriormente o tronco (extensão), e então a adução horizontal, demonstrada pela fisioterapeuta,
sem realizar a rotação de todo o tronco.
Inclinômetria membro superior. Fonte: Do autor
12
A coleta dos dados deu-se nas dependências da Clínica de Fisioterapia da Faculdade Assis
Gurgacz (FAG), onde todos os pacientes foram avaliados e tratados de maneira igual. Os
resultados obtidos na mensuração das amplitudes de movimento tanto da coluna cervical como do
membro superior sintomático, e o nível de dor presente durante cada atendimento foram
tabulados após cada sessão, para que ao término da coleta dos dados os mesmos pudessem ser
comparados. Após a coleta dos dados, os mesmos foram tabulados no programa Microsoft Excel
2003 e em seguida foi realizado teste t-student para comparação de médias dependente do nível
de 5% de probabilidade.
RESULTADOS
A amostra foi composta por 10 pacientes, sendo sete do sexo feminino (70%) e três do sexo
masculino (30%), com idade média de 49,5 anos. Todos os pacientes selecionados para a amostra
foram inclusos na pesquisa, não ocorrendo desistências ou exclusão pelos pesquisadores.
Na tabela 1 pode-se observar que através da mobilização neural do nervo mediano e radial
teve-se aumento significativo das amplitudes de movimento da coluna cervical, ao nível de 5%,
entre o início e o final do tratamento. Nos movimento rotacional e de inclinação lateral da coluna
cervical foram realizados as médias bilaterais para melhor tabulação dos dados.
TABELA 1: Comparação das amplitudes de movimento antes e após o tratamento da mobilização neural (coluna cervical)
Rotação Inclinação Flexão Extensão Antes Depois Antes Depois Antes Depois Antes Depois
Média 33,0 60,4 25,1 41,8 56,9 75,5 39,5 62,9 Desvio padrão 6,5 2,1 6,3 1,4 3,0 3,4 4,7 3,0
p-valor 0,00* 0,00* 0,00* 0,00*
13
0
5
10
15
20
25
30
35
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45
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Pacientes
Incl
inaç
ão (g
raus
)
Antes Depois
0
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70
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Pacientes
Rot
ação
(gra
us)
Antes Depois
0
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20
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40
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Pacientes
Flex
ão (g
raus
)
Antes Depois
0
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20
30
40
50
60
70
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1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Pacientes
Exte
nsão
(gra
us)
Antes Depois
GRÁFICO 1: Grau das amplitudes de movimento da coluna cervical
A tabela 2 mostra a comparação, entre o início e o final do tratamento, das amplitudes de
movimento do membro superior sintomático, notando-se diferença significativa ao nível de 5%
entre a primeira e a décima avaliação.
TABELA 2: Comparação das amplitudes de movimento antes e após o tratamento da mobilização neural (membro superior)
Flexão Extensão Adução Abdução Antes Depois Antes Depois Antes Depois Antes Depois
Média 167,3 178,4 37,4 43,6 31,2 40,7 164,1 177,8 Desvio padrão 3,8 1,9 2,5 1,4 1,5 1,6 3,8 2,6
p-valor 0,00* 0,00* 0,00* 0,00*
14
145
150
155
160
165
170
175
180
185
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Pacientes
Flex
ão (g
raus
)
Antes Depois
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Pacientes
Exte
nsão
(gra
us)
Antes Depois
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Pacientes
Adu
ção
(gra
us)
Antes Depois
145
150
155
160
165
170
175
180
185
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Pacientes
Abd
ução
(gra
us)
Antes Depois
GRÁFICO 2: Grau das amplitudes de movimento do membro superior acometido
Em relação à dor presente no início e no final do tratamento, nota-se diferença
significativa, ao nível de 5%, entre a primeira e a décima avaliação, sendo que 100% do pacientes
chegaram ao décimo atendimento com 0 de dor na EVA.
TABELA 3: Comparação da escala EVA entre a 1ª avaliação e a 10ª avaliação Estatística Antes Depois Média 8,8 0,0 Desvio padrão 0,8 0,0 p-valor 0,00*
15
GRÁFICO 3: Média da quantidade de dor presente em cada atendimento antes e após a
mobilização neural
8,88,2
5,1
2,3
1,20,4
0,0 0,0 0,0 0,0
8,0
6,1
3,0
0,80,3 0,1
1° At. 2° At. 3° At. 4° At. 5° At. 6° At. 7° At. 8° At. 9° At. 10° At.
Esc
ala
méd
ia d
e do
r EV
A
antesapós
A tabela 4 apresenta a porcentagem média das variações das amplitudes de movimento da
coluna cervical e do membro superior sintomático, antes e após a mobilização neural, sendo que a
maior variação de amplitude de movimento da coluna cervical ocorreu no movimento de rotação,
e no membro superior no movimento de adução.
TABELA 4: Porcentagem média de variação entre antes e depois para as amplitudes de movimento ADM Porcentagem média de variação
Rotação 83% Inclinação 67% Flexão 33%
Coluna Cervical
Extensão 59% Flexão 7% Extensão 17% Adução 30%
Membro superior
Abdução 8%
16
DISCUSSÃO
As raízes nervosas são mais suscetíveis às lesões por não apresentarem capas de tecido
conjuntivo, ou quando apresentam, estas são muito frágeis6, o que justifica a grande incidência de
cervicobraquialgia (de 12 a 34% da população)16,17. No nosso estudo notou-se que disfunções
cervicais acometendo a extremidade superior apresentam maior incidência em mulheres, sendo a
amostra comporta por sete mulheres e três homens, o que também foi um achado condizente com
a pesquisa realizada por Alisson11 e Mellado5. Segundo Yoshinari e Bonfá13, a maioria dos casos
de dor da neuralgia cervicobraquial ocorre nos níveis de C6, C7 e C8, o que justifica a escolha da
mobilização neural do nervo medial e radial.
No presente estudo não se levou em consideração as causas da cervicobraquialgia de
origem cervical, mas Guelfi18 relata que as causas das anormalidades do movimento do nervo
podem ser de origem mecânica, como protusões discais e osteófitos, química ou inflamatória, o
que gera fibrose e consequentemente, redução da elasticidade e do aumento de tensão. Em
relação aos sinais clínicos encontrados na cervicobraquialgia, Marinzeck7, Cyriax10 e Yoshinari e
Bonfá13 relatam que a redução da condução nervosa provoca distúrbios sensoriais, como a dor e
parestesias, distúrbios motores como a fraqueza muscular nos músculos inervados pela raiz
nervosa comprometida, diminuição ou ausência dos reflexos tendinosos e parestesia distal no
final do dermátomo, e distúrbios autonômicos, bem como disfunções tróficas e inflamação dos
tecidos inervados por este quando há comprometimento do fluxo axoplasmático, podendo ocorrer
então limitações da mobilidade do segmento acometido, onde em nosso estudo os distúrbios
sensoriais e motores foram achados freqüentes, pois os pacientes foram inclusos no trabalho
através destes.
17
Butler6 afirma que através da mobilização neural consegue-se garantir o funcionamento
adequado do sistema nervoso, pois esta técnica leva à manutenção do transporte axonal, o qual é
dependente do fluxo sangüíneo constante. O mesmo autor ainda afirma que vários estudos
buscam comprovar a influência da mobilização neural sobre o sistema nervoso, garantindo
melhora do fluxo sanguíneo, axoplasmático, com o objetivo de então devolver suas capacidades
fisiológicas e funcionais. Cita que os criadores do teste de tensão neural acreditam que os
movimentos corpóreos não só produzem aumento da tensão, mas também são capazes de mover o
nervo com relação a seus tecidos vizinhos. Através disso, o presente estudo teve como objetivo
verificar se a técnica de mobilização neural do nervo mediano e radial é efetiva no tratamento da
cervicobraquialgia de origem cervical, o que pode-se comprovar a partir dos resultados obtidos,
onde o nível de dor teve redução significativa, e as amplitudes de movimento tanto da coluna
cervical, quanto do membro superior sintomático sofreram aumento significativo. Segundo
Butler6, Marinzeck7 e Beleski8 isso só é possível devido ao sistema nervoso ser considerado como
único e contínuo, o que vem sendo considerado por Butler desde 1991. Marinzeck7 afirma que o
sistema nervoso contém propriedades elásticas capazes de se alongar e encurtar conforme as
tensões impostas a ele. Estudo como de Beleski8, comprova a presença de tensão neural nos testes
de tensão neural do nervo mediano e radial em pacientes com cervicobraquialgias, o que passa a
justificar a teoria criada pelos criadores da técnica de tensão neural.
No presente estudo notou-se efeito significativo em relação às amplitudes de movimento
tanto da coluna cervical como do membro superior sintomático após a mobilização neural do
nervo mediano e radial. Todas as amplitudes de movimento da coluna cervical encontraram-se
dentro da normalidade após o tratamento proposto, seguindo como referencia os valores
propostos por Kapandji19, sendo 100° a 110° para o movimento de flexão-extensão, 45° para
inclinação lateral, e 80° a 90° para rotações. Após a mobilização neural, todas as amplitudes de
18
movimento do membro superior sintomático também apresentaram-se dentro da normalidade,
sendo 180° para a flexão, 45 a 50° para extensão, 30 a 45° para a adução, e 180° para a abdução,
sendo valores de bases para Kapandji20 . Tendo em vista estes resultados, é importante ressaltar
que mesmo a amostra contendo um paciente que apresentava importante limitação das amplitudes
de movimento, sendo do sexo feminino, tendo 52 anos (paciente 5), pode-se obter resultados
significativos, chegando a alcançar os valor de normalidade de todas as amplitudes de
movimento, bem como todos os outros pacientes da amostra. Smaniotto et all21 propôs a técnica
de mobilização neural com o objetivo de avaliar o ganho na amplitude de movimento da flexão
do quadril, o qual obteve-se aumento significativo do mesmo, o que vai ao encontro com este
trabalho. Vasconcelos22 aplicou a técnica de mobilização neural em pacientes com
lombociatalgia, e observou melhora gradual das amplitudes de movimento, já para Boeing23 não
houve resultado significativo em relação a ganho de mobilidade da coluna lombar.
Neste estudo, notou-se maior variância da amplitude de movimento da coluna cervical na
rotação, seguida pela inclinação, extensão e por último a flexão. Já em estudo realizado por
Pereira24 notou-se maior ganho nos movimentos de flexão (2,3%) seguido de rotação (1,3%),
porém o mesmo relata que a paciente apresentava importante encurtamento muscular de
esternocleidomastóide. Em relação a variação da amplitude de movimento do membro superior
sintomático, a maior variação foi para a adução, seguida pela extensão, abdução e por último a
flexão.
A dor cervical, associada a irradiação ao membro superior pode ser devido a irritação das
raízes cervicais, diminuição do aporte vascular à estas raízes ou estreitamento cervical medular25.
Estudo realizado por Ogata e Naito26 comprovam que compressões induzidas de 30 mmHg
reduzem o fluxo sanguíneo intraneural em 73% do fluxo inicial, e pressões entre 50 – 70 mmHg
podem bloquear por completo o fluxo sanguíneo.
19
Em relação ao quadro álgico presente nos pacientes deste estudo, 100% dos pacientes
chegaram ao último atendimento sem dor (0 na EVA), dado estatisticamente significativo, sendo
que 50% dos pacientes chegaram a partir do sexto atendimento relatando não sentir mais dores,
podendo então observar que foi necessário, em média, 5 atendimentos para alívio total das dores
presente. A amostra deste estudo teve a presença de dois pacientes que apresentavam dor inicial
10 na EVA, sendo o máximo de dor, e através do tratamento proposto chegaram ao fim do estudo
relatando alívio total das dores (0 na EVA). Estudo como o de Guelfi18 mostra a influência da
mobilização neural sobre o quadro álgico em pacientes portadores de siringomiela, sendo que o
mesmo obteve resultados significativos quanto ao quadro álgico, o que vai de acordo com este
estudo. Já Pereira24 realizou um estudo comparando a manipulação cervical e o auto-tratamento
neural em pacientes com cervicobraquialgia, e obteve melhora da dor classificada pela EVA de
50% após o tratamento de manipulação cervical, e nenhuma diminuição após o auto-tratamento
neural, não sendo compatível aos resultados obtidos neste estudo, porém o autor relata que
obteve-se este resultado por falta de colaboração da paciente durante a realização do mesmo, pois
o procedimento deveria ser realizado em casa pela própria paciente. Vasconcelos22 e Boing23
utilizaram da técnica de mobilização neural para pacientes com lombociatalgia, e obtiveram
resultados significativos na redução do quadro doloroso.
Marinzeck7 justifica a redução do quadro álgico, relatando que a mobilização neural
procura restaurar o movimento e elasticidade ao sistema nervoso, o que promove o retorno as
suas funções normais. Portanto, a técnica parte do princípio que se houver um comprometimento
da mecânica/fisiologia do sistema nervoso (movimento, elasticidade, condução, fluxo
axoplasmático) isso pode resultar em outras disfunções no próprio Sistema Nervoso ou em
estruturas músculo-esqueléticas que recebem sua inervação. O restabelecimento de sua
biomecânica/fisiologia (neurodinâmica) adequada através do movimento e/ou tensão permite
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recuperar a função normal do Sistema Nervoso assim como das estruturas comprometidas. Esse
restabelecimento se dá através de movimentos oscilatórios e/ou brevemente mantidos
direcionados aos nervos periféricos e/ou medula.
CONCLUSÃO
Os resultados obtidos por este estudo condizem com os objetivos traçados, constatando-se
então, que a mobilização neural realizada no membro superior acometido (sintomático) é eficaz
para a redução do quadro doloroso e evolução das amplitudes de movimento tanto da coluna
cervical quanto do membro superior sintomático, dentro da amostra delimitada.
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