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CETCC- CENTRO DE ESTUDOS EM TERAPIA COGNITIVO- COMPORTAMENTAL DENISE PERONDINI DOS SANTOS COLABORAÇÕES DA TERAPIA COGNITIVA COMPORTAMENTAL NO TRATAMENTO DA OBESIDADE UMA REVISÃO BIBLIOGRAFICA São Paulo 2019

CETCC- CENTRO DE ESTUDOS EM TERAPIA COGNITIVO- … · solução de problemas atuais e a transformação de pensamentos e comportamentos disfuncionais (inadequados e/ou inúteis)

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CETCC- CENTRO DE ESTUDOS EM TERAPIA COGNITIVO-

COMPORTAMENTAL

DENISE PERONDINI DOS SANTOS

COLABORAÇÕES DA TERAPIA COGNITIVA

COMPORTAMENTAL NO TRATAMENTO DA OBESIDADE –

UMA REVISÃO BIBLIOGRAFICA

São Paulo

2019

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DENISE PERONDINI DOS SANTOS

COLABORAÇÕES DA TERAPIA COGNITIVA

COMPORTAMENTAL NO TRATAMENTO DA OBESIDADE –

UMA REVISÃO BIBLIOGRAFICA

Trabalho de conclusão de curso Lato Sensu

Área de concentração: Terapia Cognitivo-Comportamental

Orientadora: Profa. Dra. Renata Trigueirinho Alarcon

Coorientadora: Profa. Msc. Eliana Melcher Martins

São Paulo

2019

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Fica autorizada a reprodução e divulgação deste trabalho, desde que citada a fonte.

Santos, Denise Perondini COLABORAÇÕES DA TERAPIA COGNITIVA COMPORTAMENTAL NO TRATAMENTO DA OBESIDADE – UMA REVISÃO BIBLIOGRAFICA Denise Perondini dos Santos, Renata Trigueirinho Alarcon, Eliana Melcher Martins – São Paulo, 2019. 34 f. + CD-ROM Trabalho de conclusão de curso (especialização) - Centro de Estudos em Terapia Cognitivo-Comportamental (CETCC). Orientadora: Profª. Drª. Renata Trigueirinho Alarcon Coorientadora: Profª. Msc. Eliana Melcher Martins 1 TCC, 2. Obesidade. I. Perondini, Denise dos Santos. II. Alarcon, Renata Trigueirinho. III. Martins, Eliana Melcher.

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Denise Perondini dos Santos

COLABORAÇÕES DA TERAPIA COGNITIVA COMPORTAMENTAL NO

TRATAMENTO DA OBESIDADE – UMA REVISÃO BIBLIOGRAFICA

Monografia apresentada ao Centro de Estudos em

Terapia Cognitivo-Comportamental como parte das

exigências para obtenção do título de Especialista

em Terapia Cognitivo-Comportamental

BANCA EXAMINADORA

Parecer: ____________________________________________________________

Prof. _____________________________________________________

Parecer: ____________________________________________________________

Prof. _____________________________________________________

São Paulo, ___ de ___________ de _____

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho, em especial com muito orgulho e carinho

a meus pais por tudo que fizeram por mim, pelo apoio que

sempre me deram e força para seguir com meus estudos.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço em primeiro lugar a Deus, pela sabedoria, força e amparo para superar

todos os momentos difíceis que eu me deparei ao longo desta jornada.

Agradeço a minha família, pois sem eles não chegaria até aqui. Em especial a minha

mãe e minha tia Célia pela força, incentivo, paciência e apoio emocional durante

minha formação pessoal e profissional.

Agradeço à equipe docente do CETCC pelo conhecimento transmitido ao longo dos

últimos dois anos e à orientadora, profª. drª. Renata, pelo auxilio para a realização e

conclusão do presente trabalho.

Agradeço a minha amiga Raimunda Matos por todo tempo que estivemos juntas

onde compartilhamos inúmeras experiências, aprendizados e pelo suporte nos

momentos bons e difíceis.

Agradeço pelas novas amizades conquistadas durante esse curso, que me deram

apoio e orientações quando necessário.

Enfim agradeço a todos que contribuíram direta e indiretamente para a realização

deste trabalho.

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RESUMO

Considerada uma epidemia mundial, a obesidade é um problema de saúde pública.

Indivíduos acometidos pela obesidade correm sérios riscos de desenvolverem

comorbidades, além de associar-se a vários estressores. A Terapia Cognitiva

Comportamental (TCC) vem se apresentando como uma abordagem eficiente no

combate à obesidade associada com outras intervenções, como o acompanhamento

nutricional e a prática de atividade física. Possibilita a modificação do corpo obeso e

do estilo de vida dos indivíduos através da reestruturação cognitiva, na qual se

aprende a alterar os pensamentos disfuncionais, adquirindo comportamentos e

emoções que geram o bem estar do individuo. As intervenções utilizadas no

tratamento com base na TCC oferecem, por longo prazo, a manutenção dos

objetivos conquistados. Caracterizado um tratamento de breve duração, composto

por sessões estruturadas e necessidade de participação ativa e colaborativa do

paciente durante todo o processo, principalmente na identificação e modificação de

seus comportamentos e sentimentos que o condicionam a obesidade. O objetivo

deste estudo foi realizar um levantamento de informações e analise a partir de

bases de dados bibliográficos que contemplem artigos científicos que descrevem o

tratamento da obesidade focado na Terapia Cognitiva Comportamental. Pretendeu-

se observar os principais sintomas exibidos do quadro clínico, como fatores de risco

e consequências. Os dados obtidos demonstram o enriquecimento significativo na

autoestima, autoconfiança, redução da ansiedade e compulsão alimentar, melhor

desempenho nas relações interpessoais, melhora dos hábitos alimentares e na

diminuição do peso corporal.

Palavras-chave: Terapia Cognitiva Comportamental; Obesidade; Emagrecimento;

Tratamento da Obesidade.

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ABSTRACT

Considered a global epidemic, obesity is a public health problem. Individuals affected

by obesity are at serious risk of developing comorbidities, in addition to being

associated with several stressors. Behavioral Cognitive Therapy (CBT) has been

presented as an efficient approach in the fight against obesity associated with other

interventions, such as nutritional monitoring and physical activity practice. It allows

the modification of the obese body and the lifestyle of the individuals through the

cognitive restructuring, in which one learns to alter the dysfunctional thoughts,

acquiring behaviors and emotions that generate the well-being of the individual.

Interventions used in CBT treatment offer long-term maintenance of the goals

achieved. It is characterized by a short duration treatment, composed of structured

sessions and the need for active and collaborative participation of the patient

throughout the process, mainly in the identification and modification of their behaviors

and feelings that condition obesity. The objective of this study was to carry out a

survey of information and analyze from bibliographic databases that contemplate

scientific articles describing the treatment of obesity focused on Behavioral Cognitive

Therapy. It was intended to observe the main symptoms shown in the clinical picture,

such as risk factors and consequences. The data obtained demonstrate significant

enrichment in self-esteem, self-confidence, reduction of anxiety and binge eating,

better performance in interpersonal relationships, improvement of eating habits and

decrease in body weight.

Key words: Behavioral Cognitive Therapy; Obesity; Weight loss; Treatment of

Obesity.

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Índice de Massa Corporal ..................................................................15

Tabela 2 – Comorbidades da Obesidade ............................................................16

Tabela 3 – Técnicas da Terapia Cognitiva Comportamental ...............................20

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SIGLAS

IMC – Índice de Massa Corporal

RPD – Registro dos Pensamentos Disfuncionais

TCC – Terapia Cognitiva Comportamental

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 8

2 OBJETIVO ........ ......................................................................................................12

3 METODOLOGIA ........ .............................................................................................13

4 RESULTADOS .......................................................................................................14

4.1 Obesidade ...............................................................................................13

4.2 Terapia Cognitiva Comportamental ......................................................18

4.3 Terapia Cognitiva Comportamental no Tratamento da Obesidade ...21

5 DISCUSSÃO .............................................................................................................. 26

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ....................................................................................... 29

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...... ....................................................................30

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1 INTRODUÇÃO

Atualmente vivemos em um tempo de muitas incertezas e angústias. A

sociedade denominada pós-moderna, se encontra submersa numa busca frenética

pelo que é ideal, mas esta idealização nem sempre é possível, gerando um

sentimento de descontentamento. As pessoas vivem insatisfeitas com quase tudo, e

especialmente, com o corpo. O descontentamento com o corpo está quase sempre

relacionado ao peso, levando a pessoa a construir uma imagem negativa de si.

Pensando nesta forma de existir da sociedade contemporânea, Rosa e

Campos (2008, p. 975) afirmam:

Em nossa sociedade, a relação da pessoa com seu corpo ganhou uma importância nunca antes vista. Muito mais que a expressão de um modo de vida, o corpo agora é a própria pessoa, é a expressão psíquica do sujeito. Nesse sentido, há uma mudança no estatuto do corpo. O corpo ganhou em importância, mas, também, tornou-se mais vulnerável, mais ameaçado, seja pela discriminação sofrida, seja pelo sofrimento advindo da relação dos sujeitos com seus corpos, sentidos como inadequados.

Trata-se então de uma organização social consumista e materialista vivendo

uma inversão de valores tal que leva seus integrantes a “priorizarem a forma em

detrimento de sua subjetividade” (Ximenes, 2009, p. 96). Com base nesta

insatisfação geral das pessoas com o próprio corpo, nos propomos a revisar e

discutir os pressupostos referentes a um dos problemas de maior prevalência na

população mundial: a obesidade.

Entende-se que para obtenção de uma qualidade de vida, é crucial se ter

saúde física e mental, elementos essenciais no desenvolvimento do individuo.

Quando o assunto obesidade é discutido, nota-se que é dada maior prevalência ao

dano estético que ela causa no individuo, desconsiderando os danos à saúde física

e mental. A maioria dos obesos tem dificuldade em diminuir o peso corporal, para

isso é exigido que haja uma mudança de hábito, sendo essencial trabalhar os seus

aspectos emocionais para que a mudança seja alcançada.

A obesidade pode ser considera atualmente como uma epidemia do século

XXI, alcançando todos os níveis sociais e gênero. As populações modernas

consomem cada vez mais alimentos industrializados que, na sua maioria, são

considerados com alto teor de açucares, sódio, gorduras consequentemente

energeticamente densos, resultando na ingestão de calorias consumidas

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diariamente superior ao da necessidade individual. O desequilíbrio provém, em

parte, pelas mudanças do padrão alimentar aliada à reduzida atividade física, tanto

no período laboral como no lazer (BRASIL, 2017).

Trata-se de uma doença crônica, corresponde ao acúmulo anormal ou

excessivo de gordura sob a forma de tecido adiposo, de forma que possa resultar

em prejuízos à saúde. Sua causa envolve diversos fatores, entre eles os sociais,

culturais, ambientais, comportamentais, psicológicos, genéticos e metabólicos

(BRASIL, 2004). No seu desenvolvimento e na sua manutenção ocorre a interação

de fatores genéticos, associados ou não a um ambiente facilitador, como por

exemplo, maus hábitos alimentares e sedentarismo. A prevenção e o tratamento da

obesidade demandam medidas complexas, uma ação combinada entre os diversos

setores da sociedade que cooperem para que indivíduos e coletividades possam

adotar modos de vida saudáveis (BRASIL, 2004). Devido ser uma doença de causa

multifatorial, se faz necessária uma boa avaliação e a interação de uma equipe

multiprofissional para obtenção de um tratamento adequado.

A obesidade pode ser acarretada por causas exógenas a qual corresponde

aos fatores externos de origem ambiental e comportamental, correspondendo 95%

dos casos; e a endógena que envolve os fatores internos do organismo, como os

componentes genéticos, psicológicos, endócrinos e metabólicos (BOTERO, 2001,

apud SOUZA, 2006).

Consideram-se os indivíduos como obesos ou com sobrepeso, conforme

Wannmacher (2006), através do cálculo do Índice de Massa Corporal (IMC), que

divide o peso em quilogramas pelo quadrado da altura em metros (kg/ m²). Segundo

o autor, um IMC igual ou maior que 25 kg/m² configura sobrepeso, enquanto um IMC

igual ou superior a 30 kg/m² indica obesidade.

A condição de obeso pode ocasionar problemas psicológicos e emocionais,

respetivamente a uma condição clínica e educacional modificada (VASQUES et

al.,2004). A obesidade está agregada a vários estressores interpessoais e ao

rebaixamento da autoestima, as doenças cardiovasculares, diabetes, alguns tipos de

câncer, hipertensão arterial, problemas respiratórios, distúrbios do aparelho

locomotor e dislipidemias (DUCHESNE, 2001 apud NEUFELD et al, 2012).

Conforme Beck (2013), no final dos anos 60 e inicio dos anos 70, Aaron Beck

professor assistente de psiquiatria e psicanalista atuante, deu inicio a uma

transformação na área da saúde mental, ele defendia que para as teorias para

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serem consideradas verdadeiras na comunidade médica, necessitavam de

demonstração de validação empírica. Realizou diversos experimentos para

comprovar a validação, através dos resultados das experiências, se interessou na

busca de maiores explicações sobre a depressão. Notou que as cognições

negativas e distorcidas eram particularidades presentes na depressão. Testar a

veracidade dos pensamentos do paciente depressivo foi seu objetivo como forma de

tratamento em curto prazo. Surge a terapia cognitiva comportamental (TCC), refere-

se a uma psicoterapia estruturada, breve, direcionada para o presente, voltada para

solução de problemas atuais e a transformação de pensamentos e comportamentos

disfuncionais (inadequados e/ou inúteis).

A base da terapia cognitiva comportamental fundamenta-se que não são os

eventos que afetam o que as pessoas sentem e fazem, mas a interpretação que elas

fazem da situação. Portanto a TCC procura auxiliar na identificação de pensamentos

disfuncionais e a corrigi-los e/ou contestá-los para que se tornem funcionais

(adequados, adaptativos e/ou uteis), propiciando a pessoa a se comportar de modo

mais adaptativo ao seu ambiente e a se sentir melhor. A psicoterapia é

fundamentada em uma conceituação, ou compreensão, de cada paciente (suas

crenças específicas e padrões de comportamento). O psicoterapeuta busca

promover de diversas formas uma mudança cognitiva, modificação no pensamento e

no sistema de crenças do paciente, para obter uma mudança emocional e

comportamental duradoura (BECK, 2013).

A terapia cognitiva comportamental beneficia pacientes com diferentes níveis

de educação e renda, diversas culturas e idades. É empregada atualmente em

cuidados primários e outras especializações da saúde, escolas, programas

vocacionais e prisões, entre outros contextos (BECK, 2013).

A TCC foi utilizada no tratamento de diversos transtornos psiquiátricos, como:

ansiedade, fobias e queixas somáticas (BECK, RUSH, SHAW & EMERY, 1997).

A TCC transforma as cresças disfuncionais dos indivíduos obesos a respeito

da alimentação e dietas através da reestruturação cognitiva, substituindo-as por

crenças mais funcionais (BECK, 2013). Com o favorecimento através da TCC de

mudanças no estilo de vida em relação aos hábitos alimentares e atividade física, a

TCC é o tratamento baseado de escolha para a obesidade segundo Deluchi et al.

(2013). Sendo assim a TCC tem sido recomendada no tratamento da obesidade.

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Assim, esse trabalho objetiva verificar como a TCC pode ser utilizada no tratamento

da obesidade.

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2 OBJETIVO

Esse trabalho teve como objetivo reunir e analisar artigos científicos em

Bases de dados que discutem a obesidade com foco de tratamento na Terapia

cognitiva comportamental.

Objetivo específico

- Investigar, por meio da revisão bibliográfica, a eficácia da terapia cognitiva

comportamental no tratamento da obesidade.

- Apontar os sintomas clínicos e psicológicos que são mais decorrentes no

individuo obeso.

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3 METODOLOGIA

O trabalho será composto por pesquisa bibliográfica, realizada nas bases de

dados Scielo, pepsic, bvs, google acadêmico, também de literatura de referência

sobre o assunto. Sendo pesquisada a combinação das seguintes expressões:

Terapia Cognitiva, Obesidade, Emagrecimento e Tratamento da Obesidade.

Critérios de inclusão: todos os textos, livros, artigos nacionais, na língua

portuguesa, que tragam em seu conteúdo aspectos relacionados ao tema obesidade

e TCC.

Critério de exclusão: todos os textos, livros, artigos, que não estivessem

relacionados ao tema, fossem escritos em língua diferente do português, além dos

livros e artigos que não são reconhecidos cientificamente.

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4 RESULTADOS

4.1 Obesidade

Considerada uma doença crônica de progressão gradual, a obesidade

promove diversos problemas orgânicos e psíquicos no individuo que a possui e, com

ela, podem ser desencadeadas diversas comorbidades, reduzindo a expectativa de

vida dos seus portadores. O excesso do tecido adiposo caracteriza a doença,

ocasionando riscos para a saúde decorrente as alterações metabólicas, portanto o

tratamento se faz necessário. Ocorre quando a energia consumida é maior que seu

gasto. A fisiopatologia da obesidade é desconhecida, supõe que os motivos que

levam a obesidade são: comer em excesso, redução na queima de calorias,

facilidade na produção de gordura e redução na oxidação das gorduras. Estudos

apontam que fatores biológicos e psicológicos podem ocasionar vulnerabilidade à

obesidade, como: menopausa, gestação e menarca, situações de luto, violência,

conflitos nas relações e utilização de alguns medicamentos e álcool (XIMENES,

2009). Doença complexa, não transmissível, de causas multifatoriais, tais como

fatores comportamentais, psicológicos, fisiológicos, nutricionais, ambientais e sociais

agregados à interação com uma possível predisposição (SANTOS, 2003).

De acordo com Halpern (1999) indivíduos obesos surgiram desde a época

paleolítica, há mais de 25.000 anos atrás. Porém não era considerada uma epidemia

como na atualidade. O número de obesos cresce no mundo todo, sua prevalência

está presente nos países desenvolvidos e nos emergentes. Conforme Ximenes

(2009), no Brasil a taxa de sobrepeso superou a de desnutrição, portanto trata-se

um problema de saúde pública. É imprescindível um trabalho governamental e social

com foco na sua prevenção e tratamento para combatê-la (REIS, 2010). De acordo

com a Agência Brasil (2018), 18,9 % dos brasileiros são obesos e 54% tem

sobrepesos. A obesidade está presente em todas as classes sociais que tenham

acesso à comida.

Os novos hábitos trazidos com o surgimento da industrialização alimentícia, a

propaganda de alimentos calóricos, estilo de vida sedentário e a facilidade para

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adquirir alimentos a qualquer momento, podem ser considerados os responsáveis

pela propagação da doença (XIMENES, 2009).

Bernardi, Cichelero e Vitolo (2005) afirmam que aspectos sociais contribuem

significativamente para a compreensão da dinâmica da obesidade. O padrão de

beleza estético atual é a magreza, corpos esculturais, sendo assim, os que não

correspondem aos padrões são rejeitados e sofrem preconceitos.

Consequentemente há um incentivo pela busca do corpo “perfeito”, busca-se muitas

vezes o corpo imposto através de qualquer custo, acarretando na pessoa um conflito

entre corpo e mente. Sabe-se que picos de emoções desagradáveis nos obesos,

provoca o descontrole alimentar, ou seja, significa que para aliviar os sintomas

desagradáveis recorre-se a ao excesso de alimento, que é reconhecido por estes

como sua maior fonte de prazer. Já as relações sociais em decorrência do

preconceito, discriminação sofrido na maioria das vezes, se tornam aversivas,

provocando o empobrecimento da mesma e o isolamento. O obeso é visto pela

maior parcela da sociedade como responsável pela sua doença, o qual não tem

controle sob si mesmo (REIS, 2010).

Sobre classificação dos indivíduos como obesos ou com sobrepeso, se utiliza

o cálculo do Índice de Massa Corporal (IMC), que divide o peso em quilogramas pelo

quadrado da altura em metros (kg/ m²). Um IMC igual ou maior que 25 kg/m²

configura sobrepeso, enquanto um IMC igual ou superior a 30 kg/m² indica

obesidade. Segundo Ximenes (2009), o IMC é utilizado para avaliar o risco de

morbimortalidade em decorrência da obesidade. A tabela abaixo demonstra os

valores do IMC e suas classificações.

Tabela 1 – Índice de Massa Corporal

IMC CLASSIFICAÇÃO

20 a 24,9 Normal

25 a 29,9 Sobrepeso

30 a 34,9 Obesidade – Grau I

35 a 39,9 Obesidade – Grau Il

≥ 40 Obesidade – Grau Ill

Fonte: Ximenes (2009) – adaptado

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Os riscos de morbidade e mortalidade são maiores conforme o aumento de

peso e podem ser precursores para demais doenças. A tabela a seguir ilustra alguns

exemplos das possíveis comorbidades:

Tabela 2: Comorbidades da Obesidade

Patologias / Condições Clínicas

Apneia do sono

Acidente vascular cerebral ou Derrame cerebral

Fertilidade reduzida em homens e mulheres

Hipertensão arterial ou “pressão alta”

Diabetes melito

Dislipidemias

Doenças cardiovasculares

Cálculo biliar

Aterosclerose

Vários tipos de câncer, ex: o de mama, útero,

próstata e intestino

Doenças pulmonares

Problemas ortopédicos

Gota

Fonte: Recine e Radaelli (2002) – adaptado

Conforme Recine e Radaelli (2002) os danos trazidos para o individuo obeso

são inúmeros, abrange desde distúrbios não fatais, porém prejudiciais à qualidade

de vida, podendo levá-lo a morte precoce.

De acordo com Reis (2010) para o tratamento da obesidade existem diversas

intervenções, é de suma importância que sejam aplicadas adequadamente de

acordo com cada paciente, é diferenciada de acordo a gravidade da doença. Recine

e Radelli (2002) apontam que algumas recomendações são aplicadas para a maioria

dos pacientes tais como: reeducação alimentar, atividade física, a colaboração da

família nos novos hábitos alimentares. Em alguns casos mais graves é indicado uso

da farmacoterapia e/ou a cirurgia bariátrica. De modo geral o tratamento da

obesidade implica nas mudanças dos hábitos alimentares, comportamentais e estilo

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de vida. Segundo Ximenes (2009) ao ser observado baixa autoestima e sintomas

depressivos associados à obesidade, é sugerido o acompanhamento psicológico

como parte do plano de tratamento.

Tratar o obeso é auxiliá-lo a alcançar um peso saudável, que corresponde ao

adequado para que ele possa realizar as atividades (internas e externas) do

organismo, reduzindo ou anulando as complicações associadas ao excesso de peso

(RECINE; RADAELLI, 2002). Outros objetivos mensuráveis atrelados à perda de

peso são importantes, como: modificação da aparência física, autoconfiança e

respeito e melhora na saúde consequentemente mais disposição física (REIS,2010).

Estudos mostram que muitos médicos, e até mesmo outros profissionais de saúde como nutricionistas, consideram a obesidade um problema comportamental e vêm os obesos como pessoas preguiçosas, estranhas e malparecidas levando a uma atitude negativa e discriminatória para com o doente. O controle de peso é difícil por isso a crítica deve ser evitada (REIS, 2010, p. 14).

Quanto aos aspectos psicológicos, defende-se que desde a infância é feita a

correlação dos eventos frustrantes com a comida, em situações em que a mãe ou

responsável pela criança oferece alimento a cada manifestação de insatisfação e

desconforto apresentado (XIMENES, 2009). O consumo exagerado de alimentos por

obesos pode estar associado ao desejo de suprir lacunas emocionais que podem ter

sido originadas por diversos fatores, como problemas familiares, no trabalho, sociais

e emocionais (OLIVEIRA e FONSECA, 2006). Ximenses (2009) defende que a

hipótese pode ser analisada ao observar a ocorrência do surgimento da obesidade

com os momentos de crises e/ou conflitos. O paciente busca, muitas vezes, o alívio

do desconforto emocional na comida. Para Bernardi, Cichelero e Vitolo (2005) a

maioria dos das pessoas obesas resolvem e/ou compensam seus problemas que

possivelmente desconhecem, através do excesso de ingestão de alimentos.

Segundo Vasques (2004), os problemas emocionais podem ser advindos ou

não da obesidade, em alguns casos eles aparecem antes do inicio da doença. O

paciente exibe um padrão emocional e psicológico retro alimentador da condição

obeso. Conforme Ximenes (2009) como estratégias para lidar com os problemas, os

obesos ficam reclusos a ter que enfrentar a realidade e, geralmente, recorrem a

comida para suprir as carências das outras esferas da vida. Esta dinâmica favorece

a depressão, que consequentemente retroalimenta o ciclo entre comida e

depressão. De acordo com os autores Recine e Radaelli (2002) dentre as

psicopatologias, as mais frequentes nos pacientes são a depressão e ansiedade.

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Os estudos de Lima e Oliveira (2016) apontam que a manutenção da

condição obesa, envolvem diversas variáveis psicológicas, trazendo ao individuo

sofrimento psíquico tais como: preocupação, culpa, raiva, ansiedade, estresse de

origem psicossociais, danos na autoestima e autoimagem. Com a baixa autoestima

são gerados prejuízos na vida sexual, devido a dificuldade em se sentir atraente

para o sexo, consequentemente evita a aproximação intima com outra pessoa. Além

do contato intimo, a vontade de sair para socializar, dançar e de viver são

consideravelmente reduzidas nos pacientes obesos que acabam se anulando

subjetivamente (RIBEIRO, 2008 apud LIMA e OLIVEIRA, 2016).

Rabelo e Leal (2007), através de estudos sobre a personalidade das mulheres

obesas, em especifico as portuguesas, mostrou que elas apresentam baixa

tolerância a frustração, sentimento de serem inadequadas, dominância nas relações

sociais, fome emocional e comportamento altruísta. Comparado com a população

normativa percebe-se diferenças consideráveis quanto à impulsividade, ideias,

valores, assertividade, fantasia, sentimentos, deliberação e competência.

Lima e Oliveira (2016) afirmam que por não conseguirem corresponder aos

padrões de beleza exigidos pela sociedade, as pessoas obesas se sentem

inferiores, desanimadas e frustradas.

4.2. Terapia Cognitiva Comportamental

Conforme Beck (2013) a Terapia Cognitiva é uma teoria breve a curto prazo :

foca os problemas e é finalizada quando eles terminam. Inicialmente foca na

redução de sintoma. Abordagem estruturada, as sessões são seguem um através de

um plano. É diretiva: orientada em problema e direcionada a um foco. Trabalha com

presente, se aconteceu no passado, observa como isto afeta o presente. Tem prazo

limitado, encerra-se quando os problemas forem resolvidos e as metas alcançadas.

Acredita que a medida que trabalha a causa, reduz o sintoma. Trata uma

diversidade de sintomas psiquiátricos. É baseada na racionalidade teórica

subjacente: afeto, comportamentos determinados pela percepção. O sentimento não

é resultado do acontecimento, mas sim da interpretação que a pessoa teve do

acontecimento A base da teoria defende que humor e comportamento são derivados

do nosso pensamento. Conforme Rangé (2011), os princípios da terapia cognitiva

fundada por Beck, parte da ideia de que não são os eventos que influenciam na

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maneira que o individuo se sente e se comporta, mas sim a interpretação que ele faz

a respeito. Nota-se que um mesmo evento provoca reações diversas em pessoas

diferentes e, até mesmo, pode-se obter reações diferenciadas de uma situação por

uma única pessoa de acordo com o momento de sua vida. A teoria auxilia a pensar

e agir de forma mais realística /adaptativa ao contexto, consequentemente os

problemas e sintomas são reduzidos. Educativa, ensina o paciente a ser seu próprio

terapeuta, prevenir recaída, não ficando dependente do terapeuta. Explica distorção

e todo o método utilizado, sobre o transtorno e os processos cognitivos (BECK,

2013).

Segundo Duchesne e Almeida (2002), a Terapia Cognitiva Comportamental

(TCC) corresponde a uma intervenção objetiva e voltada para metas, com foco nos

elementos cognitivos, emocionais e comportamentais no tratamento dos transtornos

psiquiátricos.

O sofrimento psicológico altera a percepção realista do individuo em relação a

si mesmo, do mundo, das pessoas e sobre o futuro, ocorrem distorções em seu

pensamento podendo trazer com uma visão mais negativa nas suas interpretações.

As crenças intermediárias e centrais são consideradas as responsáveis pelos

pensamentos disfuncionais do individuo (RANGÉ, 2011).

A TCC entende que as crenças que estão presentes no indivíduo são as

responsáveis por que cada pessoa tenha pensamentos característicos,

consequentemente, respostas emocionais e comportamentais também

características para a mesma situação. As crenças centrais surgem na infância dos

indivíduos por meio das experiências vividas. São formas de cognição mais

profundas que o indivíduo pode ter, por serem vistas como verdades absolutas e

generalistas, suas modificações tornam-se muito difíceis (BECK, 2013).

Knapp (2004) afirma que existem três tipos de crenças disfuncionais, são

elas: crença de desamparo corresponde a ser impotente, frágil, vulnerável, carente,

desamparado, necessitado; crença de desamor, sobre ser indesejável incapaz de

ser gostado, incapaz de ser amado, sem atrativos, imperfeito, rejeitado,

abandonado, sozinho e crença de desvalor que significa ser incapaz, incompetente,

inadequado, ineficiente, falho, defeituoso, enganador, fracassado, sem valor.

O trabalho com a TCC é iniciado através da identificação dos pensamentos

disfuncionais pelo indivíduo com o apoio do psicólogo cognitivo-comportamental.

Consequentemente é realizado o trabalho para a correção de tais pensamentos,

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questionando-os e trazendo pensamentos mais adaptativos. A técnica da

psicoeducação e registro de pensamentos disfuncionais são utilizados para ensinar

o paciente a identificar suas crenças, observando o que está distorcido da realidade

e propiciando o adoecimento, facilitando o processo de prevenção de recaída e

modificação dos pensamentos e comportamentos.

A tabela a seguir descreve a constituição da composição e principais técnicas

da Terapia Cognitiva Comportamental.

Tabela 3: Técnicas da Terapia Cognitiva Comportamental

Principais Técnicas

Registro de pensamentos disfuncionais (RPD): método para identificar

os pensamentos automáticos.

Identificação de pensamentos e emoções disfuncionais: O paciente

monitora e identifica os pensamentos e emoções negativas que lhe

ocorrem espontaneamente e lhe aparecem plausíveis.

Exame das evidências: Uma forma efetiva de modificação dos

Pensamentos Automáticos, ensina o paciente a pesar as evidências

disponíveis pró e contra seu pensamento e a buscar interpretações

alternativas, adaptativas, racionais e mais adequadas às evidências.

Análise de custo-benefício (vantagens e desvantagens): Pelo balanço

das vantagens e desvantagens, os pacientes podem revisar seus

pensamentos e comportamentos e atingir uma abordagem mais

balanceada para lidar com seus problemas.

Educação sobre o transtorno: A psicoeducação deve ocorrer com

qualquer aspecto importante na vida do paciente, cuja informações

insuficientes ou distorcidas devem ser corrigidas. Folhetos explicativos

e artigos de revistas, e mesmo páginas da internet com informações

científicas sérias, podem ser utilizados.

Imaginário: Para muitos pacientes, imaginar-se, em um futuro próximo,

livres de seus distúrbios pode ajudar no exame e na modificação de

pensamentos atuais e no planejamento da solução de problemas e de

planos de enfrentamento.

Seta descendente: Quando identificado o pensamento automático com

forte carga emocional, o processo de desvendar camadas de cognições

mais fundas para chegar nas crenças.

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Cartões-lembrete: Sugere-se escrever em um cartão a idéia principal

que norteia a mudança de pressupostos e regras que o paciente busca

promover.

Solução de problemas: A dupla terapêutica está sempre engajada na

resolução dos problemas do paciente, desde a elaboração inicial de

uma lista de problemas, cujas soluções serão as metas do tratamento.

Questionamento Socrático: Por meio de simples questionamentos –

perguntas com as respostas abertas, como era o método de ensino do

filósofo Sócrates, o terapeuta vai orientando o paciente de forma que

ele entenda seu problema, explore possíveis soluções e desenvolva um

plano para lidar com as dificuldades.

Fonte: Knapp (2004) – adaptado

4.3 Terapia Cognitiva Comportamental no Tratamento da Obesidade

Pode-se mencionar que a TCC consegue pressupor que o sistema de crenças

dos indivíduos exerce importante papel nos desenvolvimentos dos seus sentimentos

e dos comportamentos. Os obesos costumam apresentar algumas crenças que são

disfuncionais e distorcidas sobre si e seu peso, corpo, alimentação e valores

pessoais significativos para realizar as manutenções da doença. É válido mencionar

que uma das crenças distorcidas frequente apresentada pelos pacientes obesos é

equacionar valores pessoais aos pesos e formatos corporais, acabando por ignorar

ou não valorizar os parâmetros existentes. Para estes pacientes, a magreza está

associada às competências, superioridades e sucessos, associando-se à

autoestima. Enxergam-se mal sucedidos e infelizes em decorrência da obesidade.

Conforme Barreto e Resende (2015), a avaliação psicológica corresponde à

primeira etapa do tratamento psicoterápico, com objetivo de investigar através de

questões diretas e indiretas, a existência de algum problema de ordem psicológica

no individuo. Importante conhecer em qual período da sua vida iniciou o ganho de

peso. Dentre os métodos de avaliação psicológica é possível utilizar: entrevistas

com o paciente, familiares e realizações de testes. É fundamental a existência de um

bom vínculo terapêutico para, assim, auxiliar o paciente a descobrir suas

potencialidades e fragilidades, desafiar suas crenças a respeito da vida e hábitos

alimentares resultando na melhoria da qualidade de vida. O psicólogo deve construir

intervenções que integrem as questões genéticas, sociais, clínicas, alimentares

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psicológicas existentes na realidade do paciente. A cooperação entre o terapeuta e

paciente é importante para, unidos, identificarem e planejarem estratégias para

superação dos problemas. As metas e objetivos precisam ser definidos claramente

de acordo com as questões trazidas pelo paciente.

Conforme Duchesne (2001), a TCC para o tratamento do paciente obeso

oferece estratégias eficazes, como por exemplo, auxilia na identificação dos fatores

responsáveis que provocam a doença, utiliza a auto monitoração para reduzir a

exposição do individuo aos ambientes facilitadores para a alimentação inadequada,

aplica-se a técnica do controle de estímulos, planejamento de alternativas de

comportamento e estruturação de estratégias que facilitem a adesão ao programa

de atividades físicas. Para Vasquez (2004) proporcionar estratégias de manejo dos

sintomas para que o indivíduo obtenha um amplo repertório funcional para lidar com

as exigências da vida, é o principal desafio da terapia cognitiva comportamental.

Diversas técnicas da abordagem como: imagens orientadas, estímulo ao auto

reforço, solução de problemas, reestruturação cognitiva, definição de metas e

prevenção de recaída, compõem procedimentos inter-relacionados, de base

cognitiva, incorporados a outros programas comportamentais, auxiliam na

modificação das crenças. O registro dos pensamentos disfuncionais (RPD) técnica

que tem como objetivo ensinar os pacientes a identificarem alguns pensamentos

disfuncionais que podem conter alguma distorção, incentiva-se que seja feita os

exames das evidências que confirmam ou desmentem os pensamentos distorcidos,

assim o transformando em funcional. A análise e correção dos pensamentos

disfuncionais são os principais instrumentos utilizados no tratamento

psicoterapêutico com objetivo de promover a modificação cognitiva e

comportamental do individuo (ABREU, 2003 apud VASQUES 2004).

Os processos das análises de crenças são realizados colaborativamente,

onde os terapeutas ativos ajudam as pacientes a treinarem habilidades que são

necessárias e de forma progressiva, incentivam os pacientes a comportarem-se

como ele próprio.

A TCC no tratamento do emagrecimento auxilia na modificação dos

pensamentos, os comportamentos alimentares são alterados e costuma ocorrer

assim, a perda de peso (BECK, 2011). Porém, existe a dificuldade de se manter na

dieta saudável que pode ser associada aos conflitos dos objetivos, que são o prazer

de poder comer e o controle do peso.

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É interessante mencionar que as pessoas que tem dificuldade para manter o

peso adequado costumam acreditar que não conseguem emagrecer pelo fato de

contarem com metabolismo mais lento. Segundo Beck (2011), a maioria destas

pessoas, não tem problema orgânico que pode evitar que os mesmos emagreçam,

porém, demonstram alguns padrões de pensamentos disfuncionais a esse respeito.

Quando estas pessoas aprendem a mudar como pensam sobre a alimentação,

costumam comer mais devagar, percebendo o que comem, apreciando a comida,

sem culpa, e conseguem persistir na dieta.

Principais técnicas e objetivo utilizados na TCC no Tratamento

Psicoterapêutico da Obesidade (BECK, 2013):

Auto monitoramento: A dupla terapêutica prescreve de forma clara o

comportamento, pensamento ou emoção que será monitorado, auxiliando a

identificar o que poderão trabalha em terapia.

Reestruturação Cognitiva: ensinar o pacientes a modificar, de forma ordenada,

pensamentos disfuncionais por pensamentos mais realistas e funcionais.

Registro dos pensamentos disfuncionais (RPD): método para identificar os

pensamentos automáticos, proporciona ao paciente a possibilidade de conhecer e

modificar os significados que atribuíram a eventos perturbadores, fornece estrutura

para o paciente buscar um pensamento adaptativo para alterar a resposta.

Lista de problemas e metas do tratamento: para que trabalhem colaborativamente

de forma efetiva, é necessário que terapeuta e paciente concordem em relação as

metas de tratamento. A lista de problemas deve ser a mais objetiva e clara

possível. Grandes problemas devem ser divididos em partes menores. Nos

objetivos, incluem listas cada um dos problemas que o paciente espera superar e

as mudanças positivas que quer fazer prosperar. Os problemas podem ser vistos

como desafios.

Controle de estímulos: paciente necessita entender os gatilhos que disparam o seu

comportamento indesejado. Logo então, desenvolvem estímulos mais objetivos ao

seu comportamento desejado.

Estímulo ao auto reforço: A dupla terapêutica prescreve atividades diárias que

tragam recompensas ao paciente.

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Solução de problemas: ensina o paciente, maneiras apropriadas de lidar com

situações da vida real. Objetivo é dirigir e adequar métodos e estratégias

estudados na terapia, através de modelagem de habilidades, em sua vida.

Prevenção de recaída: trabalha explicitamente na preparação do paciente para

possíveis problemas.

Luz e Oliveira (2013) evidenciam que o tratamento com a TCC, em conjunto

com uma equipe multidisciplinar composta por educador físico e nutricionista, tem

relevância na contribuição para o processo de emagrecimento, os resultados desse

processo traz resultado positivo apontado através de testes realizados nos

indivíduos obesos desde a infância, adolescência e em adultos.

O tratamento para a obesidade na TCC prioriza o emagrecimento e a

manutenção do peso em longo prazo, portanto aborda as possíveis influências ao

abandono para continuar no controle do peso, ou seja, as funções das técnicas

terapêuticas são dificultar que o ciclo da obesidade continue. Em suma, busca-se o

a reestruturação cognitiva dos comportamentos alimentares disfuncionais.

Conforme Cooper et al. (2009) através do protocolo de tratamento da

obesidade desenvolvido por eles, espera-se a perda entre 10% a 15% do peso

inicial, acontecendo numa intensidade de 0,5Kg a 1Kg por semana, ainda que

existam diferenças de pessoa para pessoa. White e Freeman (2003) sugerem um

plano de tratamento com base na TCC que segue o mesmo objetivo referente à

porcentagem da perda de peso de em média de 10% do peso inicial, e destacam a

melhoria nos aspectos físicos e psicológicos mediante ao emagrecimento.

Em pesquisa realizada com pacientes com doença hepática gordurosa não

alcoólica, doença interligada ao sobrepeso e a obesidade, participaram de 13

sessões de TCC em grupo para alcançarem o aumento da atividade física e a

redução do peso, conquistaram resultados satisfatórios em parâmetros gerais e

específicos correspondente ao fígado. Os pacientes da pesquisa mantiveram em

média menos 5,6% do peso inicial, dados obtidos após dois anos de realização da

intervenção através de uma avaliação (MOSCATIELLO et al., 2011 apud LUZ;

OLIVEIRA, 2013). Outro estudo realizado com pacientes que se beneficiaram das

intervenções da TCC com foco no estilo de vida, conquistaram melhores resultados

comparados a pacientes que receberam apenas informativos através de folhetos e a

TCC mostrou-se tão eficaz na perda de peso e melhoria na auto eficiência quanto a

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intervenções dietéticas individualizadas (ASH et al., 2006 apud LUZ; OLIVEIRA,

2013).

Um estudo realizado comparou dois grupos de adolescentes, um grupo de

controle que permanecia na lista de espera e outro prestes a receber dez sessões

de intervenção cognitivo-comportamental seguidas de dez contatos telefónicos

semanalmente. Entende-se que a psicoterapia resulta a uma diminuição de peso, de

IMC e da circunferência da cintura, a redução do consumo de refrigerantes pode ter

contribuído de forma significativa para o sucesso da intervenção, porém não houve

mudanças significativas referente a atividade física (TSIROS et al., 2008 apud

PIMENTA et al., 2009).

Brennan et al. (2008 apud PIMENTA et al., 2009) confirmam que treze

sessões individuais de entrevista motivacional e TCC, acompanhadas de nove

sessões de manutenção, contribuíram no progresso da composição corporal, na

saúde cardiovascular, nos hábitos alimentares e de exercício físico e na dinâmica

familiar e psicossocial de adolescentes com sobrepeso de peso e obesidade.

Neufeld et al.(2012) fez o relato de dez grupos totalizando 50 participantes do

sexo feminino e com faixa etária entre 16 a 40 anos, composto por 40% obesas e

38% sobrepeso. Os grupos tiveram duração de três meses, constituído de doze

encontros, sendo seis de intervenção psicológica. Foi notável a significativa

evolução nas dificuldades interpessoais, na adequação social, à autoconfiança, aos

aspectos ansigenos, melhora no sentimento de bem estar das participantes e a

redução da compulsão alimentar e do peso.

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5 DISCUSSÃO

O estudo realizado aponta a relevância para um olhar cuidadoso para a

epidemia da obesidade na sociedade contemporânea que além das questões

médicas em torno da doença, representa características culturais, sociais da

atualidade. O crescimento do número de obesos não é somente da responsabilidade

dos indivíduos, mas sim da atual valorização pela sociedade, dos alimentos

considerados saborosos, fáceis e rápidos de serem feitos ou encontrados. É

crescente o acesso a tais alimentos, portanto é visto que a população carece da

mesma facilidade de encontro dos alimentos saudáveis.

Com base no trabalho apresentado, acredita-se que as estratégias utilizadas

pela TCC no tratamento da obesidade, desenvolvendo manuais padronizados que

facilitam as pesquisas de eficácia. De acordo com Beck (2013), as intervenções da

TCC modificam suas crenças disfuncionais através da reestruturação cognitiva,

alterando por crenças funcionais. Lima e Oliveira (2016) afirmam que para as

intervenções serem consideradas eficazes, é fundamental que elas trabalhem nas

crenças dos pacientes, na sua autoimagem e sentimentos. A TCC auxilia a

identificação dos pensamentos auto sabotadores e orienta o paciente a reagir de

maneira mais funcional e adaptativa às suas demandas.

Os resultados mostram que a TCC considera a relação terapêutica

fundamental para a obtenção da melhora dos pacientes obesos. O terapeuta

mantém uma atitude empática em relação às dificuldades e necessidades da

paciente e apresenta a terapia como um trabalho em equipe, no qual ambos terão

uma participação ativa na detecção de causas das dificuldades e na seleção das

estratégias utilizadas no tratamento.

O tratamento da obesidade é realizado em equipe multidisciplinar, sendo

necessária a associação de psicólogos a outros profissionais, tais como:

nutricionistas, médicos clínicos e psiquiatras. O envolvimento da família no

tratamento pode ajudar a criar uma estrutura de colaboração, facilitando mudanças.

Um dos aspectos mais importantes refere-se ao fator emocional, a maioria

considera sua vida diariamente estressada e refere-se a sentimentos e/ou situações

tais como: ansiedade, angústia, preocupação, solidão, tensão/estresse, raiva e

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tristeza como desencadeadores da vontade de comer. Estes dados sugerem a

participação de um componente significativo na aquisição e acumulação de peso, o

estado emocional. Os dados apontados sinalizam-se também concordantes com

achados da literatura, envolvendo a relação emoção e alimentação em pessoas

obesas. Sentimentos negativos podem fazer com que as pessoas comam sem estar

com fome. A ansiedade, a depressão, o tédio e a raiva como emoções que

desencadeiam um ciclo vicioso de tensão/comer/mais tensão/mais comer. A maioria

dos estudos acredita que os obesos tendem a ser mais emotivos que os magros e

são mais propensos a se voltar para a comida nas horas de tensão.

O aumento da obesidade está associado a uma diminuição do gasto

energético dos indivíduos, o que é resultado da urbanização e seu impacto sobre os

padrões de atividade física e alimentação, predomínio de ocupações que demandam

baixo gasto energético e diminuição da atividade física relacionada ao lazer.

A maioria das pessoas acredita que a perda de peso é uma questão de força

de vontade e consideram obesos fracos e desmotivados, visão esta reforçada pelas

revistas e produtos de dieta que prometem o emagrecimento fácil.

Estudo realizado por Lima e Oliveira (2016) com 10 pessoas de ambos os

sexos, pertencentes a um grupo aberto de acompanhamento para emagrecer, no

interior de Goiás, apresentou a baixa autoestima presente em 70% dos

entrevistados, ocasionada por preconceito familiar e excesso de peso; reconhecem

como ansiosos 80% dos participantes, proveniente de problemas pessoais e no

trabalho; o comer compulsivo mais a culpa pelo comportamento foram relatados por

50% dos participantes. Nota-se a relação entre os estressores psicossociais e a

doença da obesidade. No mesmo estudo em relação a saúde dos participantes, 02

(dois) possui triglicérides elevado, 03 (três) de diabetes mellitus, 01 (um) de

colesterol alterado, 05 (cinco) de hipertensão arterial e 03 (três) de depressão

previamente diagnosticada. Houve participantes que possuíam mais de uma das

doenças citadas e 30% não tinham de nenhuma doenças ou transtorno. Entende-se

que a obesidade pode provocar o adoecimento físico quanto psíquico, altera

negativamente a qualidade e expectativa de vida, aceitação social, resultando no

sofrimento e levando a pessoa à depressão.

Em resumo, observa-se que os pacientes obesos geralmente estão inseridos

em um contexto propício à acumulação de peso: padrão de comportamento

alimentar incorreto e desorganizado, falha no autocontrole desse comportamento,

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influência do estresse e de sentimentos negativos e ausência de apoio social e

familiar na perda de peso e consequentemente na manutenção. Assim, comprova-se

que a obesidade é uma condição complexa, na qual estão envolvidos múltiplos

fatores e o tratamento é difícil, uma vez que requer mudanças comportamentais e de

hábitos pelo resto da vida. Deluchi et al. (2013) apontam o favorecimento da TCC na

implantação de novos hábitos alimentares e saudáveis, conquistando a estabilização

na ingestão dos alimentos.

Ressalta-se a necessidade de implantação de programas governamentais

que atinjam as a sociedade para o tratamento desta doença. Campanhas para a

conscientização dos benefícios e importância de praticar hábitos alimentares

saudáveis, campanhas na mídia e oferecimento de tratamento e prevenção em

hospitais e postos de saúde.

Nota-se que a TCC é eficaz no tratamento da obesidade, porém dados

apresentados nesse trabalho são ainda iniciais, pois a amostra ainda é reduzida,

merecendo assim mais estudos, em busca de conclusões acerca da dificuldade em

perder e manter o peso e a importância do apoio social.

Diante da reestruturação cognitiva é possível alcançar maior adesão ao

tratamento e pensamentos funcionais e reais quanto ao plano de tratamento e

controle de peso. Através das técnicas utilizadas no processo psicoterapêutico sob a

abordagem TCC para pacientes obesos, aprendem-se estratégias de como lidar em

situações vulneráveis e a dominar-se não só a sua alimentação e o seu peso, mas

controlará melhor a sua vida também. A prioridade no tratamento psicoterapêutico é

o emagrecimento e sua manutenção, desenvolvimento de novos hábitos alimentares

e comportamentais e respostas cognitivas que promovam a regulação do peso com

eficácia.

Os prejuízos decorrentes da obesidade vista como doença crônica poderá ser

reduzida mediante ao recebimento de orientações e tratamentos adequados. A

eficácia no tratamento da obesidade é comprovada por pesquisas, a TCC é

reconhecida como meio estratégico fidedigno (DUCHESNE, 2001).

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6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Percebe-se a necessidade de se pensar sobre o tratamento do individuo

obeso, devido suas causas surgirem por meio de diversas possibilidades, a

subjetividade dos pacientes candidatos ao emagrecimento, devem ser consideradas

tanto como maneira de diagnosticar, intervir e cuidar do paciente.

Com a revisão da literatura cientifica realizada percebe-se que a maioria dos

estudos encontrados sobre o tema indica a TCC como tratamento efetivo para a

obesidade. Sua eficácia se deve ao fato de proporcionar ao paciente estratégias de

manejo dos fatores estressores em sua vida, ensinamento na identificação e

correção dos padrões alimentares e hábitos disfuncionais e a utilização de um plano

de prevenção a recaída, com objetivo de manter os resultados obtidos durante o

processo.

Diante da reestruturação cognitiva, comportamentais disfuncionais e afetivas

advindos da TCC para o tratamento da obesidade, entende-se que ela é uma

ferramenta admirável para promover o emagrecimento, relações sociais saudáveis e

aumento da autoestima, ou seja, melhora da qualidade de vida do sujeito.

Conclui-se por meio das referencias bibliográficas pesquisadas, que as

intervenções da TCC têm contribuído com êxito no tratamento da obesidade com

resultados na redução de peso e da obesidade.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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http://agenciabrasil.ebc.com.br/saude/noticia/2018-06/obesidade-atinge-quase-um-em-cada-cinco-brasileiros-mostra-pesquisa>. acesso em 9 dezembro de 20018. BARRETO, E.C.; RESENDE, E.C. Contribuições da Terapia Cognitivo Comportamental no Tratamento à Obesidade: Quando perder é ganhar. FDV. 2015. Disponível em http://site.fdv.br/wp-content/uploads/2017/03/05-Contribuic%CC%A7o%CC%83es-da-terapia-cognitivo-E%CC%81rika-Barreto-e-Eliete-Resende.pdf. BECK, A. T., Rush, A. J., Shaw, B. F. & Emery, G.Terapia cognitiva da depressão. (Trad. S. Costa). Porto Alegre: Artes Médicas. (1997). BECK, J. S. Pense magro por toda a vida. (Trad. M. Veronese). Porto Alegre: Artes Médicas. 2011. BECK, J.S. Terapia Cognitivo-Comportamental – Teoria e Prática. 2ª Edição. Porto Alegre: Artmed. 2013. BERNARDI, Fabiana; CICHELERO, Cristiane; VITOLO, Márcia Regina. Comportamento de restrição alimentar e obesidade. Rev. Nutr., Campinas , v. 18, n. 1, p. 85-93, Feb. 2005 . Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415-52732005000100008&lng=en&nrm=iso>. acesso em 15 março de 2019. BRASIL. (2004). Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Instituto Nacional de Câncer. Coordenação de Prevenção e Vigilância. Inquérito domiciliar sobre comportamentos de risco e morbidade referida de doenças e agravos não transmissíveis: Brasil, 15 capitais e Distrito Federal, 2002-2003. Rio de Janeiro: INCA. Disponível em <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/inquerito_domiciliar_agravos_nao_transmissiveis.pdf>. acesso em 9 de dezembro de 2018. BRASIL. (2017). Ministério da Saúde. Atenção Especializada e Hospitalar. Especialidades. Obesidade. Prevenção e Diagnóstico. Disponível em <http://portalms.saude.gov.br/atencao-especializada-e-hospitalar/especialidades/obesidade/prevencao-e-diagnostico>. acesso em 9 dezembro de 2018. Cooper, Z. Fairnburn, C. G. & Hawker, D. M. Terapia cognitivo-comportamental da obesidade: manual do terapeuta. (Trad. V. P. L. Sampaio). 1. ed. São Paulo. Ed.Roca. 2009.

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ANEXO

Termo de Responsabilidade Autoral

Eu Denise Perondini dos Santos, afirmo que o presente trabalho e suas

devidas partes são de minha autoria e que fui devidamente informado da

responsabilidade autoral sobre seu conteúdo.

Responsabilizo-me pela monografia apresentada como Trabalho de

Conclusão de Curso de Especialização em Terapia Cognitivo Comportamental, sob

o título “Colaborações da Terapia Cognitiva Comportamental no Tratamento da

Obesidade – Uma Revisão Bibliográfica”, isentando, mediante o presente termo, o

Centro de Estudos em Terapia Cognitivo-Comportamental (CETCC), meu orientador

e coorientador de quaisquer ônus consequentes de ações atentatórias à

"Propriedade Intelectual", por mim praticadas, assumindo, assim, as

responsabilidades civis e criminais decorrentes das ações realizadas para a

confecção da monografia.

São Paulo, __________de ___________________de______.

______________________________

DENISE PERONDINI DOS SANTOS