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UNIVERSIDADE DE CRUZ ALTA UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU EM ATENÇÃO INTEGRAL À SAÚDE DOR E ESTRESSE DE RECÉM-NASCIDOS SUBMETIDOS A PUNÇÃO VENOSA EM TERAPIA INTENSIVA. DISSERTAÇÃO DE MESTRADO CIBELE THOMÉ DA CRUZ IJUÍ-RS, Brasil 2016

CIBELE THOMÉ DA CRUZ · 2018. 4. 20. · Unidades de Tratamento Intensivo (UTI) têm por objetivo prestar atendimento a pacientes graves, de risco e que requerem assistência médica

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UNIVERSIDADE DE CRUZ ALTA UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO

ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU EM ATENÇÃO INTEGRAL À SAÚDE

DOR E ESTRESSE DE RECÉM-NASCIDOS SUBMETIDOS A PUNÇÃO VENOSA EM TERAPIA INTENSIVA.

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

CIBELE THOMÉ DA CRUZ

IJUÍ-RS, Brasil

2016

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DOR E ESTRESSE DE RECÉM-NASCIDOS SUBMETIDOS A

PUNÇÃO VENOSA EM TERAPIA INTENSIVA

Por

CIBELE THOMÉ DA CRUZ

Dissertação de mestrado apresentado ao

Programa de Pós-Graduação em Atenção

Integral à Saúde, da Universidade de Cruz

Alta (UNICRUZ, RS), em associação

ampla à Universidade Regional do

Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul

(UNIJUI, RS), como requisito para

obtenção do título de Mestre no Mestrado

em Atenção Integral à Saúde.

Orientadora: Prof ª. Dr ª. ENIVA MILADI FERNANDES STUMM

IJUÍ-RS, Brasil

2016

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Catalogação na Publicação

Aline Morales dos Santos Theobald CRB10/1879

C957d Cruz, Cibele Thomé da.

Dor e estresse de recém-nascidos submetidos a punção venosa em terapia intensiva / Cibele Thomé da Cruz. – Ijuí, 2016.

89 f.: il. ; 30 cm.

Dissertação (mestrado) – Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (Campus Ijuí). Atenção Integral à Saúde.

Orientadora: Eniva Miladi Fernandes Stumm.

1. Enfermagem. 2. Recém-nascido prematuro. 3. Mediação da dor. 4. Unidades de terapia intensiva. 5. Estresse fisiológico. I. Stumm, Eniva Miladi Fernandes. III. Título.

CDU: 616-053.2

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Dedicatória

A Deus e Àqueles que eu amo e que estiveram comigo durante

esta caminhada,

Àqueles que compreenderam a minha ausência e me acolheram

com um sorriso no rosto, com um abraço apertado,

Àqueles que sonharam comigo, que acreditaram em mim e

me ensinaram uma importante lição:

tudo tem seu tempo, o amor é o melhor caminho, é preciso ser

paciente!

Aos meus pais Vilmar Thomé da Cruz (in memoria) e Geni

Thomé da Cruz,

ao meu amor Elinilton Bolzan.

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Agradecimentos

A Deus,

por estar sempre comigo, guiando meu caminho, fonte de sabedoria e

sensibilidade.

Aos meus pais, Vilmar e Geni,

que me ensinaram valores e princípios essências diante da vida,

humildade, honestidade, lealdade, sinceridade e dedicação.

Aos meus irmãos Jolmar e Simone, e sobrinhos Felipe, João

Pedro e Helena,

pelo carinho e apoio.

Ao meu amor Elinilton,

pelo companheirismo, incentivo, paciência e AMOR, por ter me

ensinado a ser mais paciente.

À minha orientadora Profª Dra Eniva Miladi Fernandes

Stumm, por ter me acolhido desde a graduação, és muito mais que

uma orientadora. Obrigada pelas orientações, conversas, conselhos,

amizade, incentivo e energia. És um grande exemplo pessoal e

profissional!

Aos colegas da Turma de Mestrado e Professores

do Programa de Pós-Graduação em Atenção Integral à Saúde da

Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul e

da Universidade de Cruz Alta pelos momentos de aprendizado e troca

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de experiências.

Ao Hospital de Caridade de Ijuí /RS,

pelo apoio manifestado na ocasião da ciência da realização da

pesquisa.

À Equipe UTI Neonatal, por acolher esse sonho que se torna

realidade, por entenderem que avaliar a dor e reduzir ela, é

cuidado importante ao neonato.

Aos colegas Enfermeiros,

pela acolhida, amizade, disponibilidade e palavras de estímulo nos

momentos desafiadores.

As amigas de coração,

pelo incentivo e palavras de carinho.

Aos recém-nascidos, por serem minha fonte inspiradora, por me

ensinarem o quanto grandioso é lutar pela vida, mesmo diante dos

obstáculos, que um sorriso sincero e um simples toque tornam o dia

mais iluminado.

Enfim,

a todos os que fizeram parte dessa etapa de minha vida pessoal e

profissional e que, de alguma forma, contribuíram para concretizá-

la.

Com carinho, agradeço!

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Dissertação de Mestrado

Programa de Pós-Graduação em Atenção Integral a Saúde

Universidade de Cruz Alta e Universidade Regional do Noroeste do

Estado do Rio Grande do Sul

DOR E ESTRESSE DE RECÉM-NASCIDOS SUBMETIDOS A PUNÇÃO VENOSA

EM TERAPIA INTENSIVA

AUTORA: CIBELE THOMÉ DA CRUZ

ORIENTADORA: PROFª DRª ENIVA MILADI FERNANDES STUMM LOCAL E DATA DA DEFESA: Ijuí, 21 de dezembro de 2016.

RESUMO

Este estudo objetivou avaliar e comparar dor e níveis de cortisol livre em recém-nascidos prematuros submetidos à punção venosa, assistidos em uma Unidade de Terapia Intensiva Neonatal. Trata-se de uma pesquisa transversal, analítica, descritiva e exploratória. Os dados foram coletados por meio de Formulário de identificação e sociodemográfico, Escala Neonatal

Infant Pain Scale e amostras de diurese dos 32 recém-nascidos (RNs) participantes da pesquisa. A coleta de dados ocorreu no período de fevereiro a outubro de 2016, análise dos dados com estatística descritiva envolvendo as medidas de posição (Limite inferior, (Limite superior, quartil 1, Mediana, quartil 3 e média) e de dispersão (desvio padrão e range), correlação de Spearman, correlação de Pearson, teste de t-Student, com uso do software Statistical Package for the Social Sciences. Dos 32 RNs participantes da pesquisa, 46,8% (15) eram do sexo feminino e 53,1% (17) do sexo masculino. Quanto a idade gestacional, 3 (20%) do sexo feminino e 8 (47,1%) do sexo masculino foram classificados com prematuridade limítrofe, enquanto, 8 (53,3%) e 5 (29,4%) respectivamente, prematuridade moderada e 4 (26,7%) e 4 (23,5%) com prematuridade extrema. Quando submetidos a punção venosa os RNs prematuros apresentaram dor moderada e forte na realização do procedimento. Os níveis de cortisol, apresentaram-se alterados, inclusive nos RNs sob efeito de sedação e em ventilação mecânica. Evidencia-se que o estresse dos recém-nascidos prematuros foi desencadeado pelo procedimento doloroso. A partir disso, cabe à equipe multiprofissional que atua no cuidado aos recém-nascidos prematuros, em especial enfermeiros, o planejamento e implementação de estratégias para reduzir e prevenir a ocorrência de dor, de forma sistematizada, a partir da estruturação de protocolos assistenciais de gestão da dor. Palavras-chave: Recém-nascido prematuro; Enfermagem; Medição da dor; Unidades de

terapia intensiva; Estresse fisiológico.

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Masters Dissertation

Postgraduate Program in Comprehensive Health Care

University of Cruz Alta and Regional University of the Northwest of the State of Rio Grande

do Sul

PAIN AND STRESS OF NEWBORNS SUBMITTED TO VENOUS PUNCTUATION

IN INTENSIVE THERAPY

AUTHOR: CIBELE THOMÉ DA CRUZ

ORIENTADORA: PROFª DRª ENIVA MILADI FERNANDES STUMM

PLACE AND DATE OF THE DEFENSE: Ijuí, December 21, 2016.

ABSTRACT

This study aimed to evaluate and compare pain and free cortisol levels in premature newborns submitted to venipuncture, assisted in a Neonatal Intensive Care Unit. It is a transversal, analytical, descriptive and exploratory research. Data were collected through the Identification and Sociodemographic Form, the Infant Pain Scale Neonatal Scale and the diuresis samples of the 32 newborns (RNs) participating in the study. Data collection was performed from February to October 2016, data analysis with descriptive statistics involving position measurements (Lower limit, Upper limit, quartile 1, Median, quartile 3 and average) and dispersion (standard deviation and Range), Spearman's correlation, Pearson's correlation, Student's t-test, using the Statistical Package for Social Sciences software. Of the 32 RNs participating in the research, 46.8% (15) were female and 53.1 As for gestational age, 3 (20%) of the female sex and 8 (47.1%) of the male sex were classified as having borderline prematurity, whereas, 8 (53.3%) and 5 ( 29.4%), moderate prematurity and 4 (26.7%) and 4 (23.5%), respectively, with extreme prematurity. When the venous puncture was performed, premature newborns presented moderate and severe pain in the procedure. Cortisol, were altered, including in neonates under sedation and in mechanical ventilation. It was observed that the stress of premature newborns was triggered by the painful procedure. Based on this, it is the responsibility of the multiprofessional team that works to care for premature newborns, especially nurses, the planning and implementation of strategies to reduce and prevent the occurrence of pain, in a systematized way, from the structuring of management assistance protocols Of pain. Keywords: Premature newborn; Nursing; Pain measurement; Intensive care units;

Physiological stress.

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LISTA DE TABELAS E FIGURAS

Artigo 1

Tabela 1. Distribuição dos artigos de acordo com o periódico de publicação. Ijuí, 2016......................14

Artigo 2

Figura 1. Caracterização dos estudos selecionados por autores/ano/referência, tipo de estudo/amostra/instrumento, objetivos e principais resultados...............................................................37 Artigo 3

Tabela 1: Características clínicas dos recém-nascidos submetidos a punção venosa em UTIN de um hospital geral do noroeste do RS de mar-out/2016.................................................................................43

Tabela 2: Analise da dor na punção segundo o sexo dos recém-nascidos de um hospital geral do noroeste do RS no 1º Sem/2016............................................................................................................................44

Tabela 3: Medidas descritivas do apgar no 1º minuto de vida e no 5º minuto dos recém-nascidos submetidos a punção venosa de um hospital geral do noroeste do RS no 1º Sem/2016................................................................................................................................................44 Figura 1: Medidas descritivas do apgar no 1º minuto(A) de vida e no 5º minuto(B) dos bebes recém-nascidos...................................................................................................................................................45 Figura 2 : Grafico de Dispersão e correlação de Spearman entre o apgar de 10 min com o de 50 min de vida. ........................................................................................................................................................45

Tabela 4: Correlação de Pearson entre apgar, idade gestacional e peso dos recém-nascidos de um hospital geral do noroeste do RS de mar-out/2016...............................................................................................46 Tabela 5: Avaliação da intensidade da dor conforme os níveis de cortisol dos recém-nascidos em UTIN de um hospital geral do noroeste do RS de mar-out/2016.......................................................... ............46

Artigo 4 Tabela 1: Analise da dor segundo as variáveis dos recém-nascidos em UTIN de um hospital geral no noroeste do RS de mar-out/2016.............................................................................................................57 Tabela 2: Analise do Cortisol segundo as variáveis dos recém-nascidos em UTIN de um hospital geral do noroeste do RS de mar-out/2016........................................................................................................58

Tabela 3: Estatística descritiva e teste t-Student do cortisol segundo as variavéis dos recém-nascidos de um hospital geral do noroeste do de mar-out/2016..................................................................................59 Figura 1: Medidas de posição do cortisol segundo as variáveis sexo, sedação, ventilação, corticoide, tipo de punção e número de tentativas. Recém-nascidos de um hospital geral do noroeste do RS de mar-out/2016..................................................................................................................................................60 Tabela 4: Estatística descritiva e teste t-Student do cortisol segundo as variáveis dos recém-nascidos de um hospital geral do noroeste do RS no 1º Sem/2016........................................................61

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LISTA DE ABREVIATURAS

UTI - Unidade de Tratamento Intensivo;

UTIN – Unidade de Tratamento Intensivo Neonatal;

OMS – Organização Mundial de Saúde;

SINASC – Sistema de Informação sobre Nascidos Vivos;

RN – Recém-nascido;

RNPT – Recém-nascido Pré-termo;

UTINs – Unidades de Tratamento Intensivo Neonatal;

BIIP – Escala de Indicadores Comportamentais de Dor;

FC – Frequência Cardíaca;

PIIP – Escala de Perfil da Dor do Prematuro;

NIPS – Escala de Avaliação da dor neonatal;

NFCS – Neonatal Facial Coding System;

N-PASS- Escala de Dor Neonatal, Agitação e Sedação;

CPAP- Pressão Positiva Contínua nas Vias Aéreas;

PICC- Cateter Central de Inserção Periférica.

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SUMÁRIO/ÍNDICE

1. INTRODUÇÃO ....................................................................................................5

2. OBJETIVOS..........................................................................................................9

2.1 Objetivos gerais.....................................................................................................9

2.2 Objetivos especifícos...........................................................................................9

3. MANUSCRITO I Dor de recém-nascidos em terapia intensiva, revisão integrativa

da literatura .........................................................................................................10

4. MANUSCRITO II: Estresse em recém-nascidos assistidos em terapia intensiva,

revisãointegrativa.................................................................................................28

5. MANUSCRITO III: Avaliação da dor e estresse do recém-nascido prematuro

submetido a punção venosa.................................................................................39

6. MANUSCRITO IV: Analise da dor e do cortisol livre de recém-nascidos em

terapia intensiva com procedimentos terapêuticos...............................................53

7. CONCLUSÃO.....................................................................................................67

REFERENCIAS BILIOGRAFICAS DA INTRODUÇÃO......................................69

ANEXOS..................................................................................................................71

APENDICES............................................................................................................77

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1. INTRODUÇÃO

Unidades de Tratamento Intensivo (UTI) têm por objetivo prestar atendimento a

pacientes graves, de risco e que requerem assistência médica e de enfermagem

ininterruptas por profissionais especializados e equipamentos adequados (BRASIL,

1998). No que se refere, especificamente, à Unidade de Terapia Intensiva Neonatal

(UTIN), ela se constitui em um serviço de internação responsável pelo cuidado integral

ao recém-nascido (RN) grave ou potencialmente grave, com estruturas assistenciais em

condições técnicas adequadas de assistência especializada, inclui instalações físicas,

equipamentos e profissionais (Portaria Nº 930, de 10 de maio de 2012).

Conforme a Organização Mundial de Saúde (OMS), a cada ano, cerca de 15

milhões de bebês nascem prematuros no mundo. O Brasil aparece na 10ª posição em

números absolutos, com 279,3 mil partos de prematuros por ano. Quando se leva em

consideração a taxa de nascimentos prematuros para cada 100 nascimentos, o País tem

9,2% de prematuros. Dados do Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (SINASC)

do Ministério da Saúde mostram que o percentual de nascidos vivos prematuros em 2010

foi de 7,1%, o que corresponde a 204.299 nascidos vivos de mães com menos de 37

semanas de gestação (BRASIL,2012).

A OMS (1961) classifica RN como a criança que acabou de nascer, até o 28° dia

de nascimento. Os RNs a termo são crianças nascidas no período que compreende da 37°

à 41° semana e 6 dias de gestação. Recém-nascidos pré-termo (RNPT) são aqueles que

possuem idade gestacional inferior a 37 semanas e baixo peso, menor que 2.500 g

constituem um grupo de risco devido à maior probabilidade de morbimortalidade. A

prematuridade pode ser classificada em: pré-termo limítrofe, com idade gestacional de 35

a 36 semanas, pré-termo moderado, com idade gestacional de 31 a 34 semanas e pré-

termo extremo, com idade gestacional ≤ 30 semanas (VIEIRA E LINHARES, 2011).

Paixão et al (2011) buscaram apreender a percepção da equipe de enfermagem a

respeito da dor do recém-nascido. Eles constataram que o RN é capaz de sentir estímulos

dolorosos e que a equipe de enfermagem percebe a dor neles, na maioria das vezes,

através do choro. No entanto, a expressão facial e o ato do neonato de retrair-se também

foram percebidos como parâmetros de avaliação da dor. Destaca-se que não foi relatada

nenhuma medida ou utilização de escala para mensuração de dor, o que torna evidente a

dificuldade de mensurar e avaliar a dor em RN, um obstáculo no tratamento adequado da

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dor em terapia intensiva. Além disso, a falta de escalas ou medidas para mensuração de

dor em RN demonstrou déficit de conhecimento desses dispositivos pela enfermagem

aliada a necessidade de preparar os profissionais de enfermagem para avaliar

sistematicamente a dor com o uso de instrumentos validados.

A dor é uma experiência sensorial e emocional desagradável, associada a uma

lesão real ou potencial dos tecidos ou descrita em função dessas lesões (IASP,2008).

Nesse sentido, Nascimento e Kreling (2010) dizem que não existe uma relação exclusiva

entre dor e lesão tecidual, desse modo, os aspectos sensitivos, emocionais e culturais

fazem com que a percepção da dor seja uma experiência subjetiva e pessoal. Ainda,

relatam que o aprendizado sobre dor e analgesia nas instituições de ensino de enfermagem

ocorre de forma inconstante e reduzida, o que torna necessário a implantação de um

programa de manejo da dor, que qualifique a assistência e a formação dos futuros

profissionais, além de proporcionar ao paciente um cuidado humanizado.

Silva et al (2011) ao desenvolverem uma pesquisa referente a dor na criança

internada e a percepção dela pela equipe de enfermagem, demonstram que a avaliação da

dor na criança é um desafio para os profissionais de saúde, implicando em conhecimento

científico aliado à avaliação adequada e registros no prontuário da criança. Este requer

manejo para alívio da dor, não necessariamente farmacológico. Entretanto, se evidencia

na pesquisa a inexistência de instrumento de avaliação da dor, essencial para o

direcionamento da assistência de enfermagem. Diante disso, os autores enfatizam a

necessidade de estudos sobre a temática, que abordem o tratamento, avaliação,

treinamento contínuo da equipe de enfermagem com vistas a garantir uma assistência

humanizada e integral aos RNPT em terapia intensiva.

A punção venosa é um procedimento essencial e realizado frequentemente na

assistência ao RN em UTIN (PACHECO, SILVA, LIOI, & RODRIGUES, 2012). Esta é

uma das práticas mais difíceis e rotineiras no neonato, que desencadeiam dor moderada e

forte (CRUZ et al; 2015). Desse modo, a agilidade do profissional de enfermagem no

momento da punção venosa, a organização, preparo do material e preocupação com o

número de tentativas de punções no RNPT são medidas que otimizam o procedimento e

que podem reduzir a dor no neonato.

No RNPT os estímulos dolorosos agudos desencadeiam uma resposta ao estresse

que inclui modificação a nível cardiovascular, respiratório, imunológico, hormonal e

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comportamental, entre outros. Essas respostas fisiológicas são acompanhadas por uma

reação endócrino-metabólica de estresse, com liberação de hormônios, tais como

adrenalina, noradrenalina e cortisol, pode resultar em hiperglicemia, catabolismo proteico

lipídico e interferir no equilíbrio homeostático que já é precário no RNPT (SANTOS et

al; 2012).

A avaliação da concentração salivar de cortisol é um método preciso para indicar

estresse neonatal (CABRAL et al; 2012). O uso de glicocorticóides no pré-natal, tais

como betametasona, interfere na resposta ao estresse devido à supressão da glândula

adrenal. RNs com peso entre 1.500 e 2.500 g mostraram reação mais intensa ao estresse,

ao apresentarem média de cortisol salivar de 6,650.0 ± 2,660.0 ng / dl. Os autores afirmam

que a reação intensa dos RNs ao estresse é prejudicial para vários sistemas fisiológicos,

funcionais e estruturais a curto e longo período de tempo.

Karpe et al (2013) avaliaram o estresse relacionado à dor de recém-nascidos em

ventilação mecânica, com base em flutuações de condutância da pele, quando submetidos

a aspiração de secreções e coleta de sangue para gasometria arterial. A medição da

condutividade da pele como uma ferramenta para mensurar a dor e desconforto durante

procedimentos invasivos nos cuidados intensivos neonatal mostra que, apesar da

utilização de sedação e analgesia, RNs sentem dor e desconforto quando submetidos a

procedimentos terapêuticos e diagnósticos.

Diante do exposto, a dor e o estresse podem desenvolver alterações

neurocomportamentais a curto e longo prazo, relacionados a exposição a procedimentos

dolorosos, assim questiona-se: Qual a intensidade da dor do RN prematuro em UTI

Neonatal, durante e após punção venosa e quais os níveis de cortisol livre após o

respectivo procedimento?

O interesse em responder essa questão deve-se à atuação da autora como

enfermeira em uma UTIN de um hospital filantrópico. Ressalta-se que quando Técnica

de Enfermagem na referida unidade, me inquietava com a avalição da dor no RN. Desse

modo desenvolvi durante a graduação de Enfermagem, um projeto de pesquisa com vistas

a implantação e avaliação da dor dos RNs na referida unidade. Sequencialmente, na pós-

graduação latu sensu em Enfermagem em Terapia Intensiva, avaliei a dor dos RNs

quando submetidos a procedimentos dolorosos, e destes, a punção venosa foi o que mais

desencadeou dor no RN. Nesse sentido busca-se com a pesquisa atual avaliar a dor e o

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estresse dos RNs submetidos a punção venosa, como forma de educação continuada e

permanente por meio da atenção integral a saúde.

Considera-se que essa pesquisa agrega conhecimentos, e pode qualificar a

assistência de enfermagem a RNs em terapia intensiva, a partir da avaliação da dor, dos

níveis de cortisol livre, aliado a comparação entre dor e estresse. Os resultados podem se

constituir em subsidio para reflexões, discussões e ações da equipe que atua em terapia

intensiva com vistas a qualificar a assistência, inclusive com benefícios aos RNs em

termos de recuperação, prevenção de complicações a curto e longo prazo, redução do

período de internação e implementação de estratégias não-farmacológicas para o alívio

da dor e do estresse.

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2. OBJETIVOS

2.1 Objetivo geral

Avaliar e comparar a dor e os níveis de cortisol livre em RNPT submetidos à punção

venosa, assistidos em uma UTIN.

2.2 Objetivos específicos

- Caracterizar os RNPT com variáveis de identificação, sociodemográficas e clínicas;

- Avaliar a dor de RNs com a aplicação da escala NIPS (Neonatal Infant Pain Scale)

durante e após a realização de punção venosa periférica e punção venosa para passagem

de cateter central de inserção periférica;

- Mensurar os níveis de cortisol livre na diurese dos RNs após a punção venosa;

- Correlacionar dor e níveis de cortisol livre nos RNs pesquisados com as seguintes

variavéis: idade gestacional, sexo, peso, local de punção venosa e número de tentativas

de punção, uso de corticoide no pré-natal.

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3. MANUSCRITO I - Dor de recém-nascidos em terapia intensiva, revisão

integrativa da literatura. Submetido à Revista Eletrônica de Enfermagem

Dor de recém-nascidos em terapia intensiva, revisão integrativa da literatura

Cibele Thomé da Cruz, Enfermeira, Especialista em Enfermagem em Terapia Intensiva,

Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Atenção Integral à Saúde/UNIJUÍ,

Associação Hospital de Caridade de Ijuí/RS. Ijuí (RS), Brasil. Email:

[email protected]

Eniva Miladi Fernandes Stumm, Enfermeira. Doutora em Ciências – Enfermagem pela

Universidade Federal de São Paulo. Docente do Departamento de Ciências da Vida da

Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul. Ijuí-RS-Brasil.

E.mail: [email protected].

Resumo Avaliar a dor de recém-nascidos é um desafio para os profissionais de saúde que atuam em Terapia Intensiva Neonatal. Objetivou-se analisar produção científica referente à dor de recém-nascidos em terapia intensiva, no período de janeiro de 2002 a julho de 2016. Revisão integrativa da literatura, com busca em base de dados Lilacs e Medline. Selecionados 33 artigos de acordo com a temática. Dos quais emergiram três categorias: I- A Equipe de Enfermagem no cuidado ao RN com dor em terapia intensiva; II- Avaliação e tratamento da dor do RN em UTIN e III- Intervenção educacional sobre avaliação e manejo da dor do RN em UTIN. Existem lacunas a serem supridas, no que se refere a dor do RN em terapia intensiva aliado a estratégias de manejo. Assim, o enfermeiro precisa instrumentalizar a equipe com conhecimento sobre dor, escala de avaliação aliado a criação e implementação de protocolos para avaliação, prevenção e tratamento. Descritores: Recém-nascido prematuro; Enfermagem; Medição da dor; Unidades de terapia intensiva; estresse fisiológico.

Abstract Assessing newborn pain is a challenge for health professionals working in Neonatal Intensive Care. The objective of this study was to analyze the scientific production of pain in newborns in intensive care, from January 2002 to July 2016. Integrative literature review, with a search in the Lilacs and Medline database. Selected 33 articles according to the theme. From which emerged three categories: I- The Nursing Team in the care of the NB with pain in intensive care; II- Evaluation and treatment of NB pain in NICU and III- Educational intervention on evaluation and management of NB pain in NICU. There

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are gaps to be dealt with regarding the pain of the NB in intensive care combined with management strategies. Thus, the nurse needs to instrumentalize the team with knowledge about pain, assessment scale allied to the creation and implementation of protocols for evaluation, prevention and treatment.

Keywords: Premature newborn; Nursing; Pain measurement; Intensive care units;

Physiological stress.

Introdução

As Unidades de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN), são serviços de internação

responsáveis pelo cuidado integral ao recém-nascido, com estruturas assistenciais em

condições técnicas adequadas à assistência especializada, com instalações físicas,

equipamentos e recursos humanos (1).

Conforme a Organização Mundial de Saúde (OMS), a cada ano, cerca de 15

milhões de bebês nascem prematuros no mundo. O Brasil aparece na 10ª posição, com

279,3 mil partos de prematuros por ano. Dados do Sistema de Informações sobre

Nascidos Vivos (SINASC) do Ministério da Saúde mostram que o percentual de nascidos

vivos prematuros em 2010 foi de 7,1%, o que corresponde a 204.299 nascidos vivos de

mães com menos de 37 semanas de gestação (2).

A OMS(3) classifica recém-nascido (RN) como a criança que acabou de nascer, até

o 28° dia de nascimento. Os RNs a termo são crianças nascidas no período que

compreende da 37° à 41° semana e 6 dias de gestação. Recém-nascidos pré-termo

(RNPT) são aqueles que possuem idade gestacional inferior a 37 semanas e baixo peso,

menor que 2.500g constituem um grupo de risco devido à maior probabilidade de

morbimortalidade. A prematuridade pode ser classificada em: pré-termo limítrofe, idade

gestacional de 35 a 36 semanas, moderado, idade gestacional de 31 a 34 semanas e

extremo, idade gestacional ≤ 30 semanas (4).

No RNPT os estímulos dolorosos agudos desencadeiam resposta ao estresse que

inclui modificação a nível cardiovascular, respiratório, imunológico, hormonal e

comportamental, entre outros. Essas respostas fisiológicas são acompanhadas de reação

endócrino-metabólica de estresse, com liberação de hormônios, adrenalina, noradrenalina

e cortisol, que podem resultar em hiperglicemia, catabolismo proteico lipídico e interferir

no equilíbrio homeostático do RNPT (5).

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12

A dor é uma experiência sensorial e emocional desagradável, associada a uma

lesão real ou potencial dos tecidos ou descrita em função dessas lesões (6). Nesse sentido,

não existe uma relação exclusiva entre dor e lesão tecidual, aspectos sensitivos,

emocionais e culturais integram a percepção da dor como experiência subjetiva e pessoal.

O aprendizado sobre dor e analgesia nas instituições de ensino de enfermagem ocorre de

forma inconstante e reduzida, o que torna necessário a implantação de um programa de

manejo da dor, que qualifique a assistência e a formação de futuros profissionais, aliado

ao cuidado humanizado (7).

Com base nessas considerações, busca-se, responder a seguinte questão: O que

tem sido publicado em periódicos sobre avaliação da dor de RNs, nos últimos 14 anos?

Com vistas a responder à questão, estabeleceu-se o seguinte objetivo: analisar artigos

científicos publicados em periódicos nacionais e internacionais referentes a avaliação da

dor em neonatos em terapia intensiva, no período de 2002 a julho de 2016.

Metodologia

Trata-se de uma revisão integrativa da literatura, a qual inclui a análise de

pesquisas relevantes que proporcionam suporte para a tomada de decisão e a melhoria da

prática clínica. Além disso, possibilita síntese do conhecimento de um determinado

assunto e aponta lacunas do conhecimento que precisam ser preenchidas com a realização

de novos estudos (8).

A construção da pesquisa compreendeu quatro etapas. Na primeira etapa, após a

opção pelo tema, estabeleceu-se a questão de pesquisa: O que tem sido publicado em

periódicos sobre avaliação da dor de RNs, nos últimos 14 anos? A segunda etapa

compreendeu a definição das bases de dados a serem buscados os artigos, estabelecido os

critérios de seleção. Na terceira etapa foi realizada a leitura dos resumos dos artigos

encontrados para definir os selecionados para análise. A quarta etapa consistiu na leitura

dos artigos na íntegra, análise e discussão, seguida da apresentação da revisão.

Para responder à questão de pesquisa e alcançar o objetivo proposto, foram

elencados os critérios de seleção: artigos disponibilizados na íntegra online, em português

e em inglês, ter como participantes RN em UTIN, publicados no período de 2002 a julho

de 2016. Para a busca dos artigos foram utilizados os descritores: ("DOR”) or "medição

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13

da dor" and ("recém-nascido") or "NEONATO" and "UNIDADE DE TERAPIA

INTENSIVA NEONATAL"

A opção pelo período de pesquisa ocorreu pelo fato de que no Brasil, em 2002,

foi instituída Portaria Nº 19, de 03 de janeiro de 2002, que define, o Programa Nacional

de Assistência à Dor e Cuidados Paliativos.

A coleta de dados foi realizada nas bases de dados Literatura Científica da

América Latina e Caribe (Lilacs) e National Library of Medicine (Medline/Pubmed). Na

Lilacs foram encontrados 32 artigos, na Medline/Pubmed 217, um total de 249 artigos.

Após leitura dos resumos obtidos na Lilacs, foram selecionados 23 artigos. A

partir dos critérios de seleção e exclusão, integraram a análise 13. Dos 217 artigos

disponibilizados pela Medline/ Pubmed, selecionou-se 65, destes 20 atenderam os

critérios elencados. Assim, 33 artigos compuseram a análise.

A análise dos resultados foi realizada em torno de três pólos cronológicos: pré-

análise, exploração do material, tratamento e interpretação dos resultados (9).

Resultados

Os artigos analisados foram oriundos de 24 periódicos, com maior percentual

Advances in Neonatal Care (8,82%), seguido de Revista Cuidado é Fundamental, Jornal

de Pediatria, Revista de Enfermagem Anna Nerry, Revista Brasileira de Enfermagem,

Ciência, Cuidado e Saúde, Acta Paediatr, Clin. J Dor, com 5,88%, conforme Tabela 1.

Em relação ao período de publicação, com delimitação temporal a partir de 2002,

observa-se que elas ocorreram gradativamente, por se perceber a relevância do tema,

2003,2006, 2007, 2011, 2016 um, 2009, 2010 quatro, 2008, 2012, 2013 e 2014 cinco,

destacam-se como os anos de maior número de publicações.

Evidencia-se nos estudos de 2014, três deles no Brasil, um na Coreia e outro nos

Estados Unidos, barreiras relacionada à adequada avaliação e tratamento da dor do RN,

embora a dor seja reconhecida. Enfatizam a importância de intervenções educativas para

os profissionais que atuam na assistência de RNs.

Nos estudos de 2013 e 2012 é demonstrado a preocupação com avaliação da dor,

como quinto sinal vital, sugerem diretrizes para o manejo da dor, como modo de gestão

eficaz. Iniciam-se ações de sedação e analgesia na realização de procedimentos invasivos,

com o intuito de prevenir lesões neuropsicomotoras, a longo prazo.

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14

Os demais artigos mostram o quanto a dor requer avaliação e tratamento, que

incluem medidas não-farmacológicas e farmacológicas. No entanto essas medidas ainda

não são efetivamente aplicadas. O uso de indicadores para avaliação da dor deve incluir

parâmetros fisiológicos e comportamentais e a punção venosa é vista como o

procedimento que mais causa dor.

Quanto aos delineamentos metodológicos, 12 são estudos qualitativos, 18

quantitativos e 3 quali-quantitativos. Esse resultado revela a diversidade de abordagens

metodológicas utilizadas e a importância de considerar de modos diferentes a temática,

com intuito de contemplá-la, e conduzir a novos percursos e indagações.

Tabela 1. Distribuição dos artigos de acordo com o periódico de publicação. Ijuí, 2016.

Ordem Periódico F %

1 Rev. pesqui. cuid. fundam. (Online) 2 5,88

2 J. pediatr. (Rio J.) 1 2,94

3 Esc. Anna Nery Rev. Enferm; 2 5,88

4 Rev. enferm. UERJ; 1 2,94

5 Rev. bras. Enferm 2 5,88

6 Cogitare enferm 1 2,94

7 Rev. RENE 1 2,94

8 Ciênc. cuid. Saúde 2 5,88

9 Rev. med. (São Paulo) 1 2,94

10 Online braz. j. nurs. (Online); 1 2,94

11 Asian Nurs Res (Korean Soc Nurs Sci); 1 2,94

12 Adv Neonatal 3 8,82

13 Acta Paediatr 2 5,88

14 Pediatria 1 2,94

15 Paediatr Anaesth 1 2,94

16 J Paediatr Saúde da Criança 1 2,94

17 Clin J dor 2 5,88

18 Ann Neurol 1 2,94

19

20

21

22

23

24

Dor Pract

Eur J Dor

Scand J Sci Caring

Dev Psychobiol

Swiss Med Wkly

JAMA

1

1

1

1

2

1

2,94

2,94

2,94

2,94

5,88

2,94

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15

Total 33 100

Discussão

O RN é capaz de sentir estímulos dolorosos, a equipe de enfermagem percebe a

dor neles, na maioria das vezes, através do choro. No entanto, a expressão facial e o ato

do neonato de retrair-se também foram percebidos como parâmetros de avaliação da dor (10). Os autores destacam que não foi relatada nenhuma medida ou utilização de escala

para mensuração de dor, o que torna evidente a dificuldade de mensurar e avaliar a dor

em RN, um obstáculo no tratamento adequado da dor em terapia intensiva. Além disso,

a falta de escalas para mensuração de dor demonstrou déficit de conhecimento desses

dispositivos pela enfermagem aliada a necessidade de preparar os profissionais para

avaliar a dor com o uso de instrumentos validados.

A partir da leitura, exploração e análise do material obtido nos artigos

selecionados, emergiram três categorias.

Categoria 1- Equipe de Enfermagem no cuidado ao RN com dor em terapia

intensiva

O enfermeiro que atua em UTIN, necessita atentar para a percepção da dor,

manifestada pelo RN, pois durante a hospitalização, eles são submetidos a procedimentos

dolorosos. Nesse sentido, pesquisa com 10 enfermeiros em uma UTIN, no Rio de Janeiro,

identificou a impossibilidade de verbalização como a maior dificuldade dos enfermeiros

para identificar e avaliar a dor (11). Os autores reconhecem a importância da avaliação da

dor e enfatizam as políticas de humanização da assistência para manejo da dor nos

neonatos. Sugerem ainda a implantação de escalas para avaliação da dor e protocolos

específicos para controle e alivio da dor.

Desse modo, estudo com 16 profissionais de enfermagem em UTIN evidenciou

barreiras para o tratamento da dor. Dentre elas, a não padronização de escala e ausência

de protocolos, embora os profissionais demonstrassem preocupação com a dor do neonato (12). Outro estudo com 25 profissionais de enfermagem, de um hospital em dezembro de

2008 e janeiro de 2009 sobre a percepção da dor e o RN de alto risco, demonstrou que

eles reconhecem a dor do RN, que a punção venosa é o procedimento que mais causa dor

e utilizam medidas farmacológicas e não-farmacológicas para o alívio da dor (13). Os

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16

autores mencionam que a equipe reconhece a necessidade de implantação de protocolo e

avaliação e tratamento da dor.

Pode-se colacionar os resultados de pesquisa anteriormente citada com os de um

estudo em UTIN em Santa Catarina, com 11 profissionais de enfermagem. Eles

igualmente demonstraram dificuldade na avaliação da dor, inclusive associaram a dor do

RN a intervenções e procedimentos técnicos da equipe, ignoraram parâmetros

comportamentais e fisiológicos. No que se refere a medidas de controle da dor, os

profissionais citam o toque e administração de analgésicos (14). Considera-se que essas

posturas da enfermagem decorrem do déficit de conhecimento sobre dor do RN.

Outra investigação com 9 enfermeiros e 33 técnicos de enfermagem de uma UTIN

e Unidade de Cuidado Intermediário, avaliaram a dor de RNPT com escala de avaliação

da dor e outros parâmetros fisiológicos e comportamentais não contemplados na mesma

(15). Eles constaram que os procedimentos que mais ocasionam dor foram: punção venosa,

manipulação excessiva, teste de glicemia capilar periférica, coleta de sangue, sondagem,

aspiração, ruídos/luminosidade, fisioterapia e curativos. As intervenções para controle da

dor consistiram em sucção não-nutritiva, sucção não nutritiva e medicação prescrita, mãe

canguru, sacarose, enrolamento, posicionamento, diminuição de ruídos e luminosidade,

pegar no colo e medicação.

Uma investigação verificou o conhecimento de 15 enfermeiros sobre a dor no RN,

condutas frente ao RN com dor e de que maneira eles avaliam a dor do RN, em uma UTIN

de Maceió (16). Os enfermeiros reconhecem a dor, a avaliam a partir de alterações

fisiológicas e comportamentais, e somente um afirma usar escala multidimensional.

Diante da dor realizam intervenções farmacológicas e não farmacológicas.

Investigação internacional com 257 enfermeiros que cuidam de RNPT, de cinco

hospitais universitários evidenciou falta de conhecimento na avaliação da dor em

prematuros, de 28 a 32 semanas. Os enfermeiros reconhecem a dor, porém há lacunas

importantes referentes a identificação da dor expressada pelo neonato (17). Outro estudo

com 141 enfermeiros da Coréia, de cinco UTIN, vem ao encontro por evidenciar que os

enfermeiros subestimam medidas de alívio da dor, embora reconheçam a dor do RN. Os

autores afirmam que mesmo diante de procedimentos de dor intensa, medidas

farmacológicas e não farmacológicas, raramente foram executadas. Essas somente foram

aplicadas em RNs submetidos a inserção de cateter central e drenagem de tórax (18).

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17

O RN de alto risco em UTIN é exposto a procedimentos dolorosos, e eventos

repetidos e prolongados, estão relacionados à deficiência de desenvolvimento do cérebro

e anomalias comportamentais (18). Portanto, cabe aos enfermeiros o uso de medidas

farmacológicas e não farmacológicas, no intuito de prevenir e reduzir a dor neonatal.

Nesse interim destaca-se a implantação de protocolos de avaliação e tratamento da dor

para equipe que atua em UTIN. Resultados que vem de encontro dessas pesquisas, é um

estudo na Califórnia, com 237 enfermeiros neonatais, 81% deles relataram o uso de

ferramentas de avaliação da dor, 83% se sentiram confiantes para o uso de medidas

farmacológicas, e 79% não farmacológicas (19). O autor pontua que a gestão de dor foi

correlacionada com treinamento, ferramentas de avaliação da dor adequadas, a partir de

protocolos.

No que tange a avaliação da dor do RN em terapia intensiva decorrente de

procedimentos técnicos, estudo com 12 enfermeiros descreveu o cuidado ao RNPT frente

à punção venosa (20). Eles utilizaram sucção, glicose, analgesia, posicionamento,

contenção, organização, aconchego e manuseio cuidadoso do RN. Os autores enfatizam

a necessidade dessas ações serem documentadas em protocolos assistenciais.

Pesquisa com 24 RNs durante punção arterial, um grupo recebeu chupeta com

glicose 25%, dois minutos antes do procedimento e outra água destilada (21). Evidenciado

que o uso da glicose deixou o RN mais tranquilo e organizado durante o procedimento.

Os autores afirmam que as alterações fisiológicas variaram entre os grupos, enquanto que

as comportamentais foram relacionadas a intensidade da dor durante os procedimentos.

Outra pesquisa com 52 RN descreveu 1549 procedimentos dolorosos. Medidas de

alívio foram tomadas em 56,7% destes (22). Os procedimentos mais recorrentes foram

punção venosa (41,4%) e coleta de sangue (21,1%). Para tanto, utilizaram analgésicos em

cerca da metade dos casos, dipirona e o fentanil, e não foram citadas medidas não

medicamentosas. Essa conduta demonstra fragilidade da equipe, pois as medidas não

farmacológicas contribuem para prevenir e aliviar a dor.

A avaliação da dor de 108 RN internados em uma UTIN na China durante

procedimentos, 62 a termo e 46 prematuros, com a Escala Codificação Facial Neonatal,

mostrou que a maioria dos procedimentos dolorosos foram realizadas nos primeiros 3

dias (23). Prematuros de 28 a 29 semanas, vivenciaram mais dor do que os com 30 semanas

ou mais. Entre os procedimentos dolorosos, aspiração traqueal foi a mais realizada em

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18

RNPT, e cateterismo venoso foi o mais comum em RN a termo. As intubações traqueais

e punção venosa em femoral foram avaliadas como as mais dolorosas. Os autores

pontuam que em nenhum dos procedimentos dolorosos foi utilizada analgesia. Esses

resultados demonstram a necessidade de mudança de prática clínica, em especial

referentes ao manejo da dor dos RNs em terapia intensiva, diante do impacto da dor a

longo prazo nos mesmos.

Os RNPT são expostos a procedimentos dolorosos em UTIN, durante um período

de rápido desenvolvimento cerebral. Nesse sentido, estudo examinou relações entre a dor

de procedimentos e desenvolvimento inicial do cérebro em 86 RNPT extremos com idade

gestacional de 24-32 semanas (24). Os RNs foram acompanhados com exames de imagem

com 32,1 semanas e com 40 semanas. Os autores concluíram que, maior exposição da dor

neonatal processual está associada com redução da substância branca e massa cinzenta e

que pode repercutir em dano no desenvolvimento cerebral dos neonatos.

Estudo suíço com 120 RN ventilados e avaliados quanto a presença de dor em

procedimentos, durante 14 dias. Ocorreram 38626 procedimentos, média de 22,9

procedimentos por paciente, 75,6% dolorosos (25). O mais frequente foi manipulação das

cânulas nasais do CPAP. A avaliação da dor ocorreu de quatro a sete vezes por dia, 99,2%

dos pacientes receberam medidas não farmacológicas e farmacológicas de dor e 70,8%

receberam glicose como analgesia preventiva para dor.

A dor associada a procedimentos de rotina na UTIN é inadequadamente

controlada (26). Pesquisa realizada entre os 431 profissionais de saúde neonatal, avaliou a

dor de cada procedimento de rotina com uma escala visual analógica de 10 pontos. Os

enfermeiros classificaram 19 dos 27 procedimentos significativamente mais doloroso do

que os médicos. Dos 27 listados, 70% foram classificados como dolorosos e 44% muito

dolorosos. Os autores consideram que esta diferença de avaliação deva ser explorada por

seu impacto na tomada de decisão na gestão da dor do RN em UTIN.

Com base nos artigos, evidencia-se em lacunas importantes a serem supridas, em

especial, referentes a dor e os danos que ela pode causar, aliado a estratégias de manejo.

Enquanto Equipe de Enfermagem no cuidado ao RN com dor, é necessário

instrumentalizar a equipe com conhecimento cientifico sobre dor, uso de escala validadas

aliado a criação e implementação de protocolos para avaliação, prevenção e tratamento

da mesma, com vistas a qualificar a assistência.

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19

Categoria 2- Avaliação e tratamento da dor do RN em UTIN.

Os profissionais de saúde envolvidos no cuidado ao neonato, além de avaliar a

dor, cabe a eles a gestão da mesma. Nesse âmbito é importante que ocorra o tratamento

adequado da mesma, aliado a estratégias de prevenção da dor.

Estudo com 5 enfermeiros e 5 técnicos de enfermagem analisou os parâmetros de

avaliação da dor no prematuro e as intervenções de alivio da mesma (27). Os autores

identificaram como parâmetros indicativos de dor, o choro e expressão facial. Os

profissionais relataram utilizar medidas não farmacológicas, no entanto de forma não

sistematizada. Nesse aspecto, evidencia-se a necessidade de ação educacional para

transmitir conhecimentos a equipe, e introduzir a avaliação da dor e a utilização de

escalas, de forma sistematizada.

Outra investigação com 24 profissionais de saúde em UTIN mostrou que 100%

dos participantes relataram que o RN sente dor, 83,3% reconheceram a dor como sinal

vital; 58,4% não conheciam escalas de avaliação da dor; 70,8% não as utilizavam. Além

disso, os profissionais elencaram sinais fisiológicos e comportamentais como sugestivos

de dor (28).

Outra investigação com 36 profissionais de um hospital escola de Maringá-

Paraná, os autores reafirmam a necessidade de preparo da equipe para avaliação da dor

do RN em Terapia Intensiva, Semi-intensiva e estratégias para redução da mesma (29). Os

profissionais, reconheceram a dor no RN, mas sem o uso de escala. Isso demonstra a

dificuldade na determinação da intensidade da dor e manejo da mesma. Os autores

pontuam que a equipe utilizava medidas para alivio da dor, como sucção não nutritiva

após o estímulo doloroso e método canguru cerca de 10 a 15 minutos antes do mesmo.

No que se refere a medidas não farmacológicas para tratamento e prevenção da dor, 27

enfermeiros e 16 médicos de uma UTIN de São Paulo, revelaram que a utilização das

mesmas em sua prática diária era restrita (30).

Estudo documental com equipe multiprofissional de uma UTIN em Hospital

Infantil, no Kansas buscou melhorar a documentação da avaliação da dor na admissão,

rotina, e reavaliação da dor após um escore de dor elevado, e na discussão de dor, nas

rondas multidisciplinares (31). Para tanto, os autores revisaram os registros de prontuários

durante seis meses. Sequencialmente, promoveram ações educacionais com a referida

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20

equipe para o uso da Escala de Dor Neonatal, Agitação e Sedação (N-PASS), durante dois

anos. Após esse período, reavaliaram os registros de dor e identificaram que a

documentação dos escores de dor melhorou, de 60% a 100% e manteve-se em 99% após

a implementação do N-PASS. O registro da pontuação de dor pela enfermagem melhorou

de 55% para mais de 90% após a intervenção, resultado que demonstra a importância da

educação das equipes.

No Japão, 61 enfermeiros e 54 neonatologistas descreveram o manejo da dor

neonatal em 3 UTIN (32). Eles constataram que mais de 65 e 61% respectivamente, não

usavam escalas de dor, e cerca de 63% não possuíam protocolos para os profissionais de

saúde sobre métodos para implementação de alívio da dor para procedimentos

diagnósticos e terapêuticos dolorosos. Apenas 17% dos enfermeiros e 24% dos

neonatologistas consideraram que enfermeiros e médicos atuavam no tratamento da dor

e menos de 20% tinham protocolos na unidade para tratamento da dor neonatal. Esse

resultado diverge de investigação em 30 UTIN da Itália, na qual 10 UTIN utilizam

ferramentas para avaliação da dor de RN em procedimentos invasivos, 60% utilizam a

Escala NIPS, 20 unidades possuíam diretrizes de gestão da dor (33). No que tange as

medidas de alívio da dor, 69% delas utilizavam chupeta e 58% chupeta com solução de

glicose.

No Canadá, 114 RNs (alto risco 35, moderado 25 e baixo 35), assistidos em 3

UTIN, foram avaliados para descrever o risco de comprometimento neurológico (34). Eles

afirmam que a avaliação do procedimento invasivo influenciou na gestão da dor,

conforme afirmativa dos 147 profissionais de saúde, quando os RNs foram submetidos a

254 procedimentos. Os bebes de alto risco receberam intervenções comportamentais e

23,4% receberam intervenções farmacológicas nos procedimentos. Assim, evidencia-se

que os profissionais utilizaram indicadores multidimensionais para avaliar a dor, e

intervenções não farmacológicas.

Outro estudo com 38 RNPT de muito baixo peso, no Hospital Infantil Hermann,

no Texas submetidos a punção venosa em radial para coleta de sangue e/ou punção de

calcâneo foram avaliados quanto a variabilidade cardíaca em resposta ao estímulo

doloroso (35). Eles constataram alteração na variabilidade da frequência cardíaca durante

os procedimentos. Aliado a evidência de que uma resposta baixa da frequência melhorou

com o avançar da idade gestacional corrigida.

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21

Em Paris, 430 RN, foram acompanhados durante 14 dias de internação, com

objetivo de relatar dados epidemiológicos sobre a dor neonatal. Eles tinham em média 30

semanas de idade gestacional e foram submetidos a 60969 procedimentos de primeira

tentativa, desses 42413 dolorosos e 18556 estressantes, 11546 tentativas suplementares,

dessas 10366 dolorosas e 1180 estressantes (36). Em 42413 procedimentos, 2,1%

receberam medidas farmacológicas, 18,2% não farmacológico e farmacológico, 79,2 %

sem analgesia especifica e 34,2% analgesia concomitante com outras infusões. Desse

modo, a grande maioria dos procedimentos dolorosos e estressantes dos RNs não recebeu

analgesia.

Na Colômbia, 79 RN nascidos com idade gestacional entre 24 e 32 semanas foram

avaliados com 32 semanas de idade corrigida, durante a coleta de sangue em um dia e no

outro durante a coleta de sangue precedida da troca de fralda (37). As medidas de avaliação

da dor avaliadas com a Escala de indicadores comportamentais (BIIP) foram maiores

quando a troca de fralda precedeu a coleta de sangue.

A análise dos artigos dessa categoria mostra que a avaliação da dor do RN em

UTIN requer o preparo da equipe como primeira etapa, este entendido como aporte de

conhecimento cientifico sobre dor para somente após instituir o uso de escala validada

para mensuração da dor, protocolos de tratamento e prevenção da dor.

Entende-se que a dor é o quinto sinal vital, portanto, requer avaliação com os

demais sinais vitais. E para isso os profissionais de saúde necessitam realizar a mesma,

em especial, durante procedimentos dolorosos, com o objetivo de planejar estratégias de

prevenção e tratamento adequado da dor.

Categoria 3- Intervenção educacional sobre avaliação e manejo da dor do RN em

UTIN

A avaliação da dor de RNs em terapia intensiva é merecedora de ações integradas

da equipe e requerem ampliação de conhecimentos sobre dor de maneira a promover

efetividade da gestão da dor.

Nesse interim estudo de intervenção, em três fases, na UTIN em um hospital no

Recife/Pernambuco, buscou conhecer a percepção de uma equipe sobre a avaliação e

manejo dor antes e após intervenção educativa (38). Na 1ª fase identificou-se a percepção

dos profissionais sobre o manejo da dor; na 2ª fase, intervenção educativa com Grupo

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Operativo, definidas estratégias para avaliação e manejo da dor; na 3ª fase, reaplicado o

questionário inicial, que avaliou a percepção dos profissionais acerca do tema, após a

intervenção. Os autores afirmam que após participação dos profissionais no Grupo

Operativo, referiram a utilização das escalas para avaliação da dor estabelecidas no

protocolo adotado no serviço após a intervenção, com frequência de 94,4%; 79,6% deles

apresentaram mudança na avaliação e manejo da dor e foi introduzida a figura do “fiscal

da dor”, profissional com compromisso de lembrar a equipe do cumprimento do

protocolo.

Outra investigação na Aústria, referente a implantação da Escala Neonatal Pain,

Agitation, and Sedation Scale (N-PASS), por uma equipe multidisciplinar, em 2 UTINs.

Para avaliar dor e sedação em pacientes a partir da idade gestacional de 23 semanas (39).

Afirma que implementação da escala, resultou em maior consumo de opiáceos e aumento

de intervenções farmacológicas, satisfação pessoal da equipe, sem afetar tempo de

ventilação mecânica, de permanência de cuidados intensivos, resultados adversos e

contribuição significativa para gestão da dor.

A Itália possui diretrizes nacionais sobre controle e prevenção da dor de

procedimentos. Durante 5 anos foram documentadas as práticas hospitalares de controle

da dor para analgesia nas UTINs (40). Para tanto os autores utilizaram questionário em 118

UTIN, destas 103 devolveram devidamente preenchido. A maioria (85,4%) conhecia as

diretrizes. E uma ou mais intervenções não farmacológicas, foram usadas rotineiramente

por 64,1% das UTIN para picadas de calcanhar e punção venosa, 56,0% para inserção

percutânea de cateteres centrais, 69,7% para CPAP nasal, e 62,4% avaliação

oftalmológica para o rastreio de retinopatia da prematuridade. Quanto a medicação para

dor, foi rotineiramente administrada em 34,3% UTIN para intubação traqueal, 46,6% para

ventilação mecânica, 12,9% para aspiração traqueal, 71,4% para inserção de dreno de

tórax, 33,0% para punção lombar, e 64,0% para a dor pós-operatória. A dor foi

rotineiramente monitorizada em apenas 22,7% das unidades durante a ventilação

mecânica, 12,1% para CPAP nasal, e 21,8% no pós-operatório. Tais resultados

demonstram que nas UTIN italianas ocorre analgesia e sedação dos bebes para

procedimentos invasivos, em conformidade com as diretrizes nacionais. No entanto, os

autores afirmam que a adesão das práticas de controle da dor como rotina é abaixo do

ideal.

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23

Na Austrália foi realizado um levantamento das práticas de avaliação da dor de

procedimentos, através de um inquérito para determinar a utilização de aleitamento

materno e sacarose na prática clínica sob orientação de Guidiline de avaliação da dor (41).

Foram aplicados em 196 (91%) dos 215 hospitais elegíveis. Havia Guidiline de gestão da

dor neonatal em 76 (39%) dos hospitais, variação no seu uso entre os estados e utilização

maior em unidades de terapia intensiva. Os autores pontuam que a conscientização da

amamentação para a dor processual foi relatada por 90% dos 196 entrevistados, enquanto

78% informaram utilizar. Em relação ao uso da sacarose, ocorreu menos que o

aleitamento materno em 79%, 53% relatou o uso de sacarose. Após a implantação dos

Guidilines, em 2004, ocorreu aumento da conscientização e do uso de sacarose e

amamentação para a dor processual na Austrália, mas ainda se tem muito a avançar na

gestão da dor processual, conforme os autores.

Na Califórnia 90 enfermeiros descreveram as barreiras na gestão da dor do RN

otimizada. Menos da metade sentiu que a dor do RN é bem gerida na UTIN (42). Os

participantes identificaram barreiras quanto a resistência da equipe médica na avaliação

da dor, falta de protocolos de gestão da dor com base em evidências científicas, formação

inadequada da equipe e medo da administração de opiáceos, devido aos riscos de

depressão respiratória. Os autores se reportam à lacuna de conhecimento quanto ao

tratamento da dor do RN.

Na Suécia foram investigadas 22 UTIN quanto a aplicação de diretrizes nacionais

para prevenção e tratamento da dor em RN (43). Os autores encaminharam para as unidades

uma lista de procedimentos potencialmente dolorosos, compilados a partir das diretrizes

nacionais de dor neonatal. As unidades foram questionadas se usariam medidas

farmacológicos e /ou não farmacológicas, e em cada caso para especificar o tratamento.

88% das unidades possuía diretrizes para manejo da dor, 59% atualizadas nos últimos 2

anos e todas relataram utilizar tratamento, farmacológico, não farmacológico, ou ambos.

A partir dos resultados dos artigos pode-se afirmar que os profissionais de saúde

da Suécia realizam uma adequada gestão da dor dos RN. Nas investigações realizadas nos

demais países, evidenciam-se lacunas de conhecimento referentes a avaliação e ao manejo

da dor. Nesse sentido, destaca-se a importância de ações educacionais, conforme

mencionado nas demais categorias, e que vem ao encontro dos resultados de

investigações nos diferentes países.

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24

Considerações finais

A análise dos artigos científicos mostra que, existem lacunas referentes a

avaliação da dor de RN em terapia intensiva e dos danos dela oriundos e estratégias de

manejo da dor. Esses resultados remetem a instrumentalização da equipe

multiprofissional, com embasamento cientifico sobre dor, uso de escala validada aliados

a criação e implementação de protocolos para avaliação, prevenção e tratamento da

mesma.

Considera-se que esses resultados podem se constituir em indicadores

importantes, por possibilitarem ao enfermeiro implementar estratégias de prevenção e de

tratamento adequado da dor. Nesse sentido, destaca-se a importância de ações de

educação permanente em saúde, com vistas a ampliar a qualidade da assistência aos RNs.

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4. MANUSCRITO II Estresse em recém-nascidos assistidos em terapia intensiva,

revisão integrativa - Submetido à Revista Brasileira de Saúde Materno Infantil

Estresse em recém-nascidos assistidos em terapia intensiva, revisão integrativa

Stress in newborns assisted in intensive care, integrative review

Resumo Objetivo: analisar produção científica em periódicos nacionais e internacionais referente ao estresse de recém-nascidos em terapia intensiva, período de 2002 a julho de 2016. Métodos: estudo de revisão integrativa, com busca nas bases de dados Lilacs e Medline, selecionados 6 publicações que atenderam aos critérios de inclusão. Resultados: 2 publicações com nível 2 e 4 com nível 4. Diante disso, considera-se que tais estudos apresentam fortes evidências para a aplicação clínica. Discussão: emergiram duas categorias analíticas, avaliação do estresse de RN em terapia intensiva e mensuração dos níveis de cortisol. Conclusões: existe relação entre a dor e o estresse dos neonatos submetidos a procedimentos invasivos. Assim, requer da equipe o uso de estratégias de manejo da dor, com o objetivo de reduzi-la e consequentemente, o estresse vivenciado na UTI. Descritores: estresse fisiológico, recém-nascido, neonato, unidade de terapia intensiva neonatal Abstract Objective: to analyze scientific production in national and international journals referring to the stress of newborns in intensive care, from 2002 to July 2016. Methods: integrative review study, with search in Lilacs and Medline databases, selected 6 publications that Met the inclusion criteria. Results: 2 publications with level 2 and 4 with level 4. Therefore, these studies are considered to present strong evidence for clinical application. Discussion: two analytical categories emerged, evaluation of neonatal stress in intensive care and measurement of cortisol levels. Conclusions: there is a relationship between pain and stress in neonates undergoing invasive procedures. Thus, the team requires the use of pain management strategies, in order to reduce it and, consequently, the stress experienced in the ICU. Keywords: physiological stress, newborn, neonate, unit Neonatal intensive care. Introdução

No recém-nascido prematuro (RNPT) os estímulos dolorosos agudos

desencadeiam uma resposta ao estresse que inclui modificação a nível cardiovascular,

respiratório, imunológico, hormonal e comportamental, entre outros. Essas respostas

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fisiológicas são acompanhadas por uma reação endócrino-metabólica de estresse, com

liberação de hormônios, tais como adrenalina, noradrenalina e cortisol. Isso pode resultar

em hiperglicemia, catabolismo proteico lipídico e interferir no equilíbrio homeostático

que já é frágil no RNPT (1).

A avaliação da concentração salivar de cortisol é um método preciso para indicar

estresse neonatal (2). O uso de glicocorticóides no pré-natal, tais como a betametasona,

interfere na resposta ao estresse devido à supressão da glândula adrenal. Crianças com

peso entre 1.500 e 2.500 g mostraram reação mais intensa ao estresse e média de cortisol

salivar de 6,650.0 ± 2,660.0ng / dl. Os autores afirmam que a reação intensa dos recém-

nascidos (RNs) ao estresse é prejudicial para vários sistemas fisiológicos, funcionais e

estruturais a curto e longo período de tempo.

Estudo avaliou o estresse relacionado à dor de recém-nascidos em ventilação

mecânica, com base em flutuações de condutância da pele, quando submetidos a

aspiração de secreções e coleta de sangue para gasometria arterial (3). A medição da

condutividade da pele como uma ferramenta para mensurar a dor e desconforto durante

procedimentos invasivos nos cuidados intensivos neonatal mostrou que, apesar da

utilização de sedação e analgesia, RNs sentiram dor e desconforto quando submetidos a

procedimentos terapêuticos e diagnósticos.

Com base nessas considerações, busca-se, com o presente estudo, responder a

seguinte questão: Quais as produções cientificas realizadas sobre estresse em recém-

nascidos, nos últimos 14 anos? Com vistas a responder à questão, estabeleceu-se o

seguinte objetivo: analisar artigos científicos publicados em periódicos nacionais e

internacionais referentes ao estresse de RNs em terapia intensiva, no período de 2002 a

julho de 2016.

Métodos

Trata-se de uma revisão integrativa da literatura, a qual inclui a análise de

pesquisas relevantes que proporcionam suporte para a tomada de decisão e a melhoria da

prática clínica (4). Além disso, os autores pontuam que possibilita a síntese do estado do

conhecimento de um determinado assunto, e aponta lacunas a serem preenchidas com

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novos estudos. Este método, para os autores permite a síntese de múltiplos estudos

publicados e possibilita conclusões gerais a respeito de uma particular área de estudo.

A pesquisa compreendeu quatro etapas. Inicialmente, a primeira etapa

compreendeu a opção pelo tema, seguida da questão de pesquisa: Quais as produções

cientificas realizadas sobre estresse em recém-nascidos, nos últimos 14 anos? A segunda

etapa consistiu na definição das bases de dados a serem buscados os artigos, critérios de

inclusão, de exclusão e a busca de artigos. A terceira etapa compreendeu leitura dos

resumos dos artigos encontrados para definir os selecionados para análise. A quarta etapa

e última, consistiu na leitura dos artigos na íntegra, análise e discussão, seguida de

apresentação da revisão.

Para responder a questão de pesquisa e alcançar o objetivo proposto, foram

elencados os seguintes critérios de inclusão: artigos disponibilizados na íntegra online,

em português, espanhol e inglês, ter como participantes da pesquisa recém-nascidos em

unidade de terapia intensiva neonatal, publicados no período de 2002 a julho de 2016.

Para a busca dos artigos foram utilizados os descritores: "estresse fisiológico” and

("recém-nascido") or "neonato" and "unidades de terapia intensiva neonatal" or

"enfermeiro".

A coleta de dados foi realizada nas bases de dados Literatura Científica da

América Latina e Caribe (Lilacs) e National Library of Medicine (Medline/Pubmed). Na

Lilacs não foram encontrados artigos, na Medline/Pubmed foram encontrados 49 artigos.

Após avaliação dos 49 resumos dos artigos disponibilizados pela Medline/

Pubmed, selecionou-se 13 resumos, destes, 6 artigos atenderam os critérios elencados e

integraram a análise.

Para possibilitar a coleta, análise dos dados e a compreensão dos resultados

contidos nos artigos, foi estruturada uma tabela com as seguintes informações: base de

dados, periódico, ano de publicação, título do artigo, autores, metodologia (tipo de estudo,

local, população, instrumentos de coleta de dados), objetivos, resultados, conclusões ou

considerações finais.

A análise dos resultados foi realizada em torno de três pólos cronológicos: pré-

análise, exploração do material, tratamento e interpretação dos resultados (5).

Após leitura dos artigos selecionadas na íntegra, organizou-se a análise das

temáticas, para melhor descrever e classificar os resultados, com base nas evidencias

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cientificas sobre o tema estudado. Para tanto utilizou-se a pratica baseada em evidências (4).

Quanto aos níveis de evidencia optou-se por classificar os artigos com base na

hierarquia de sete níveis, nível 1, as evidências são provenientes de revisão sistemática

ou metanálise de ensaios clínicos randomizados controlados ou oriundas de diretrizes

clínicas baseadas em revisões sistemáticas de ensaios clínicos randomizados controlados;

nível 2, evidências derivadas de pelo menos um ensaio clínico randomizado controlado

bem delineado; nível 3, evidências obtidas de ensaios clínicos bem delineados sem

randomização; nível 4, evidências provenientes de estudos de coorte ou de caso-controle

bem delineados; nível 5, evidências originárias de revisão sistemática de estudos

descritivos ou qualitativos; nível 6, evidências derivadas de um único estudo descritivo

ou qualitativo; nível 7, evidências oriundas de opinião de autoridades e/ou relatório de

comitês de especialistas (6).

Resultados

Os artigos selecionados e analisados foram oriundos de 6 periódicos

internacionais, Anaesthesiology Intensive Therapy, J Obstet Gynecol Neonatal Nurs,

Early Hum Dev, Infant Behav Dev, Pain, Pediatrics.

Em relação ao período de publicação, com delimitação temporal a partir de 2002,

observa-se uma publicação em 2004, 2005, 2008 e 2009 e duas em 2013. Quanto aos

delineamentos metodológicos utilizados na construção dos estudos analisados, são estudo

quantitativos.

As 6 publicações (100%) apresentaram nível de evidência, 2 com nível 2 e 4 com

nível 4. Diante disso, considera-se que tais estudos apresentam fortes evidências para a

aplicação clínica. Para melhor ilustrar e favorecer a compreensão é apresentada a Figura

1.

Discussão

A partir da leitura, exploração e análise do material obtido nos artigos

selecionados, emergiram duas categorias analíticas, descritas e analisadas a seguir.

Categoria 1- Avaliação do estresse de RN em terapia intensiva

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Nas unidades de terapia intensiva neonatal, os RNs estão expostos ao estresse e à

dor relacionados a procedimentos dolorosos repetidos. Estudo com 32 neonatos,

intubados em ventilação mecânica, com peso médio de 2495g, submetidos a sedação e

analgesia com fentanila e midazolan, avaliou o estresse causado pela dor dos neonatos

quando submetidos a aspiração endotraqueal e coleta de sangue para gasometria, através

da flutuação de condutância da pele (3). Os autores mostraram que durante a ventilação

mecânica ocorrem 0, 20 oscilações por segundo de condutância da pele. Quando

submetidos a aspiração endotraqueal, o número de oscilações aumentou para 0,33, e

durante a punção para coleta de gasometria para 0,35, o que indica dor. Concluíram que

a medição da condutividade da pele é eficaz para medir a dor durante procedimentos

invasivos, pois, mesmo com sedação e analgesia, os neonatos sentiram dor.

Embora generalizadas, as experiências de estresse, são menos prováveis do que as

dolorosas em RNPT, assim a pesquisa objetivou quantificar a gravidade dos estressores

comuns para os prematuros com o intuito de fornecer uma ferramenta para avaliar o

estresse infantil acumulado (7). Para tal, 17 médicos e 130 enfermeiras que trabalham em

UTIN classificaram a severidade do estresse percebido de 44 eventos agudos, dentre eles,

acesso venoso periférico, acesso arterial periférico, acesso venoso central, ventilação,

nutrição, procedimentos médicos, cirurgia, radiologia e outros e 24 condições de vida

crônicas, como o recebimento de oxigênio intranasal e infecção, para prematuros com

idade gestacional de 28 semanas, 28-32 semanas e a partir de 32 semanas. Conforme os

autores, médicos e enfermeiros perceberam que quase todos os eventos eram estressantes

para os bebês em algum grau e tornam-se igualmente estressante ao longo das idades.

Desse modo, foi desenvolvida a Escala Neonatal de Estresse Infantil.

Investigação com o objetivo de analisar longitudinalmente a idade gestacional e

as diferenças de desenvolvimento nas habilidades auto-reguladoras de prematuros em

resposta a um estresse doloroso, e ainda fazer uma associação entre respostas

comportamentais e cardiovasculares. Participaram 49 prematuros com idade de 28-31 e

32-34 semanas de idade gestacional ao nascimento. Ambos os grupos de idade

gestacional apresentaram alterações comportamentais e cardiovasculares de estresse ao

serem submetidos a punção de calcanhar (8). No entanto, os prematuros extremos são

menos capazes de regular fisiologicamente suas respostas a um estressor doloroso do que

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os bebês com prematuridade moderada um padrão que permanece consistente nas

primeiras semanas após o nascimento.

Este estudo também forneceu evidências de que as associações entre as respostas

comportamentais e fisiológicas à dor diferem com base na idade gestacional de

nascimento, sugerindo que os indivíduos prematuros extremos podem ser menos eficazes

na regulação de suas respostas fisiológicas aos estressores, mesmo que exibam sinais

comportamentais de auto-suavização. Conforme os autores, eles podem continuar a ser

vulneráveis às consequências da dor e reatividade crônica, mesmo que não manifestem

comportamentos que sinalizam sobrecarga. Em síntese, esses resultados sugerem que os

recém-nascidos prematuros extremos são mais vulneráveis ao estresse do que os recém-

nascidos moderados. A partir dessas evidencias, os autores se reportam a futuros

programas de cuidados de desenvolvimento e avaliações de experiências e risco de

prematuros que se beneficiariam da consideração simultânea de respostas

comportamentais e fisiológicas.

A análise dos artigos estudados permite evidenciar o quanto a dor está presente

nos RNs em terapia intensiva e contribui para o desencadeamento do estresse e os efeitos

dele decorrentes. Assim, destaca-se a importância da avaliação e manejo da dor dos RNs

em terapia intensiva neonatal para reduzir os níveis de estresse vivenciados, com vistas a

prevenção de danos a curto e longo prazo.

Categoria 2- Mensuração dos níveis de cortisol salivar de RN em UTIN

Uma amostra de conveniência de 10 recém-nascidos com menos de 37 semanas

de gestação ao nascer, sem uso de sedação foram submetidos a aspiração traqueal com

cuidado de rotina e com cuidado de quatro mãos. No início do procedimento de aspiração

o neonato recebeu o cuidado com as quatro mãos, com o objetivo de ajuda-lo a acalmar-

se, 2 minutos antes ele recebeu hiper-oxigenação, a pesquisadora permaneceu 10 minutos

com o neonato após o procedimento, até ele conseguir acalmar-se e estabilizar a saturação

de oxigênio (SpO2) e frequência cardíaca (FC). O cuidado com quatro mãos

proporcionou retorno mais rápido a FC de base e aumento significativo da SpO2 desde o

início do procedimento (9).

Foram avaliados os níveis de cortisol salivar 30 minutos antes da aspiração

endotraqueal e 30 minutos após a aspiração, e em ambas os resultados foram elevados,

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independente do cuidado de rotina ou do cuidado de quatro mãos. Quando as crianças

receberam cuidados com quatro mãos demonstraram menor estresse e defesa, mais auto

regulação. Os autores indicam que não obtiveram resultados significativos devido a

amostra ser pequena.

Pesquisa com o objetivo de avaliar as relações entre a exposição da dor do RN

prematuro, número de procedimentos, o estresse e a reação dolorosa desencadeadas, em

87 prematuros com 32 semanas de idade gestacional pós-concepção. Foram excluídos

lactentes que receberam analgesia ou sedação nas 72hs antes do estudo, ou dexametasona

pós-natal (10). Os pesquisadores realizaram analise de cortisol plasmático e usaram a

Escala Neonatal Facial Coding System (NFCS). Neonatos nascidos com menos de 28

semanas de idade gestacional apresentaram maior exposição cumulativa à dor em

procedimento doloroso relacionada à menor resposta do cortisol ao estresse e menor

reatividade facial. Desse modo, exposição cumulativa ao estresse na UTIN, em conjunto

com fatores fisiológicos extremos de imaturidade, parece alterar o eixo hipotálamo-

hipófise-adrenal (HPA) e reatividade comportamental em lactentes humanos. A

associação mais específica ocorreu com redução da resposta ao cortisol, principal

hormônio do estresse em humanos. Os autores afirmam ser necessária investigação mais

aprofundada sobre as dissociações nos resultados dos sistemas HPA, autonômico e

comportamental, bem como se os efeitos persistem mais tarde na infância.

Pesquisa com analise de cortisol salivar aos 8 meses de idade corrigida de

prematuros extremos, menores de 28 semanas e prematuros com idade gestacional muito

baixa, de 29-32 semanas e termos (11). Participaram 66 lactentes, 54 prematuros e 22 a

termo. O cortisol salivar foi mensurado antes (basal) e 20 minutos após a introdução de

novos brinquedos. Os níveis de cortisol foi significativamente maior em prematuros

extremos, em comparação com prematuros de muito baixa idade gestacional e a termo.

Esse resultado, segundo os autores, está associado à exposição à um maior número de

procedimentos invasivos.

A análise dos artigos mostra a relação da dor dos RNs em terapia intensiva

submetidos a procedimentos invasivos com níveis de estresse, demonstrada pelos níveis

elevados cortisol plasmático e salivar. Nesse sentido, considera-se importante o uso de

estratégias pela equipe que cuida dos neonatos, em especial, enfermeiros, com o intuito

de acolhe-los e principalmente de reduzir a dor e o estresse, vivenciados por eles na UTI.

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Conclusões

A análise dos artigos elencados mostra que existe relação entre a dor e o estresse

dos neonatos assistidos em terapia intensiva, submetidos a procedimentos invasivos.

Quanto as evidências, constatou-se que todos apresentaram nível de evidência, 2 com

nível 2 e 4 com nível 4. Diante disso, avalia-se que tais estudos apresentam fortes

evidências para a aplicação clínica. E isso demonstra a importância para a qualidade da

assistência aos RNs em terapia intensiva, desde que os profissionais envolvidos reflitam

e assumam o compromisso de qualificar a assistência.

Quanto ao manejo da dor, um dos estudos analisados comprova a eficácia do uso

das quatro mãos para acalmar e aconchegar o neonato, durante procedimentos invasivos,

o que contribuiu para redução da dor e do estresse. Nesse sentido, cabe à equipe que cuida,

em especial, ao enfermeiro, o uso de estratégias de manejo da dor, com o objetivo de

reduzi-la e consequentemente, o estresse vivenciado por eles na UTI.

Referências

1. SANTOS, Luciano Marques; PEREIRA ,Monick Piton; SANTOS, Leandro Feliciano Nery dos; SANTANA, Rosana Castelo Branco de. Avaliação da dor no recém-nascido prematuro em Unidade de Terapia Intensiva. Rev Bras Enferm, Brasilia 2012 jan-fev; 65(1): 27-33.

2. CABRAL, Débora Macedo; ANTONINI, Sonir Roberto Rauber; CUSTÓDIO, Rodrigo José Carlos Eduardo Martinelli Jr.; SILVA, Carlos Antonio Bruno da. Measurement of Salivary Cortisol as a Marker of Stress in Newborns in a Neonatal Intensive Care Unit. Horm Res Paediatr 2013;79:373–378

3. KARPE, Jacek; MISIOŁEK, Aleksandra; DASZKIEWICZ, Andrzej;

MISIOŁEK, Hanna. Objective assessment of pain-related stress in mechanically ventilated newborns based on skin conductance fluctuations. Anaesthesiol Intensive Ther 2013, vol. 45, no 3, 134–138

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5. Bardin L. Análise de conteúdo. São Paulo: Edições 70; 2011. 6. Melnyk BM, Fineout-Overholt E. Evidencebased practice in nursing &

healthcare: a guide to best practice. 2nd ed. Philadelphia: Wolters Kluwer Healths; 2011.

7. Newnham CA, Inder TE, Milgrom J. Measuring preterm cumulative stressors within the NICU: The neonatal infant stressor scale. Early Human Development 85 (2009) 549–555.

8. Thompson RL, Townsend EL, Gunnar MR, Georgieff MK, Guiang SF, Ciffuentes RF, et al. Developmental Changes in the Responses of Preterm Infants to a Painful

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Stressor. Infant Behav Dev. 2008 December ; 31(4): 614623. doi:10.1016/j.infbeh.2008.07.004.

9. Cone S, Pickler RH, Grap MJ, McGrath J, Wiley PM. Endotracheal Suctioning in Preterm Infants Using Four-Handed versus Routine Care. J Obstet Gynecol Neonatal Nurs. 2013 ; 42(1): 92–104. doi:10.1111/1552-6909.12004.

10. Grunau RE, Holsti L, Haley DW, Oberlander T, Weinberg J, Solimano A, Whitfield MF, Fitzgerald C, Yu W. Neonatal procedural pain exposure predicts lower cortisol and behavioral reactivity in preterm infants in the NICU. Pain. 2005 February ; 113(3): 293–300

11. Grunau, Weinberg, Whitfield, 2004. Neonatal Procedural Pain and Preterm Infant Cortisol Response to Novelty at 8 Months. Pediatrics. 2004 July ; 114(1): e77–

e84.

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Autores/Ano Tipo de estudo/ amostra/ nível de evidencia

Objetivos Resultados

Karpe J, Misiolek A, Daszkiewicz, Misiolek H. 2013

Estudo de Coorte. N= 32 neonatos Nível 4

O objetivo deste estudo foi uma avaliação objetiva da dor de intensidade do estresse ao realizar procedimentos selecionados em neonatos na unidade de terapia intensiva

Foram obtidas 0,20 oscilações por segundo durante a ventilação mecânica; durante a sucção, o número de oscilações aumentou para 0,33. Os valores médios obtidos nos casos de sucção e punção diferiram significativamente dos obtidos na ventilação mecânica (P <0,001) e não diferiram entre si (P = 0,558). A proporção de oscilação ≥ 0,33

s-1 foi a mais baixa durante a ventilação e foi significativamente diferente (P <0,001) dos valores obtidos na sucção e punção da ponta do fnger. Não houve diferenças significativas entre esses valores

Newnham CA, Inder TE, Milgron J, 2009

Estudo de Coorte. N= 17 médicos, 130 enfermeiras Nível 4

Objetivou-se quantificar a gravidade dos fatores de estresse comuns para os prematuros com vistas a fornecer uma ferramenta para gerenciar o suposto estresse infantil acumulado.

Os médicos e as enfermeiras perceberam que quase todos os itens eram estressantes para os bebês até certo ponto e eram igualmente estressantes em todas as idades. O grau de estresse experimentado pelos próprios clínicos foi geralmente baixo e moderadamente correlacionado com presumido estresse infantil para os mesmos itens. O suposto estresse infantil estava inversamente relacionado com a idade clínica.

Thompson RL, Townsend EL, Gunnar MR, Georgieff MK, Guiang SF, Ciffuentes RF, Lussky RC, Davis EP, 2008

Estudo de Coorte. N= 49 prematuros Nível 4

O objetivo desta investigação foi analisar longitudinalmente a idade gestacional e o desenvolvimento de uma diferença nas habilidades de auto-regulação de lactentes pré-termo em resposta a um estressor doloroso, bem como associações entre as respostas comportamentais e cardiovasculares.

As respostas comportamentais e cardiovasculares a uma amostra de sangue de punção do calcanhar foram comparadas entre os bebês de 28-31 e 32-34 semanas de idade gestacional ao nascimento. Ambos os grupos de idade gestacional apresentaram indicações comportamentais e cardiovasculares de estresse em resposta à extração de sangue. Entretanto, ambos logo após o nascimento e várias semanas mais tarde, os bebês nascidos em idades gestacionais mais jovens (28-31 semanas) eram mais fisiologicamente reativos.

Cone S, Pickler RH, Grap MJ, Mcgrath J, Wiley PM, 2013

Estudo Clinico Randomizado N= 10 lactentes Nível 2

Avaliar o efeito do cuidado com quatro mãos sobre os fatores fisiológicos e respostas comportamentais e recuperação da sucção endotraqueal versus aspiração endotraqueal rotineira.

Não foram observadas diferenças quando comparados os dados da frequência cardíaca de base ou da saturação de oxigénio (SpO2) com os obtidos durante e após a sucção durante a condição de cuidados de rotina. Na condição de cuidado com quatro mãos, a SpO2 média aumentou de pré-observação 95,49 para durante a saturação de observação 97,75 (p = 0,001). Os níveis de cortisol salivar não diferiram entre os grupos. Nenhuma diferença significativa no estado de comportamento foi observada entre as duas condições. Mais comportamentos de estresse e defesa ocorreram quando as crianças receberam cuidados rotineiros em vez de cuidar com quatro mãos (p = 0,001) e mais

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comportamentos de auto-regulação foram exibidos por crianças durante (p = 0,019) e após sucção (p = 0,016) ) quando receberam cuidados com quatro mãos.

Grunau RE, Holsti L, Haley DW, Oberlander T, Weinberg J et al. 2005

Estudo Clinico Randomizado N= 87 prematuros Nível 2

O objetivo deste estudo é examinar as relações entre a exposição do pré-termo a dor (número de procedimentos de quebra de pele) e o estresse e a reatividade dolorosa após em recém-nascidos pré-termo na UTIN.

Os resultados foram respostas infantis a dois estressores diferentes estudados em dias separados em um delineamento cruzado randomizado de medidas repetidas: (1) cortisol plasmático ao estresse de uma série fixa de procedimentos de enfermagem; (2) comportamental (Neonatal Facial Coding System, NFCS) e reatividade cardíaca à dor de coleta de sangue. Entre os bebês nascidos com ≤ 28 semanas de idade gestacional (GA),

mas não com 29-32 semanas de GA, a maior exposição cumulativa à dor no procedimento neonatal foi relacionada à menor resposta ao estresse e à menor reatividade facial (mas não autonômica) PCA, independente da gravidade precoce da doença e da exposição à morfina desde o nascimento.

Grunau RE, Weinberg J, Whitfield MF, 2004

Estudo de Coorte. N= 72 lactentes (54 prematuros e 22 a termo) Nível 4

Os sistemas de estresse podem ser alterados a longo prazo em recém-nascidos prematuros por várias razões, incluindo a exposição precoce à dor de procedimento em cuidados intensivos neonatais.

O cortisol salivar foi significativamente maior nos lactentes extremos aos 8 meses, em comparação com os grupos idade gestacional extrema e termo antes e após a introdução da novidade visual. Nascidos de termo e lactentes de baixa idade gestacional mostraram uma ligeira diminuição no cortisol ao brincar com brinquedos novos, enquanto que o grupo idade gestacional extrema apresentou níveis basais e sustentados de cortisol mais elevados. Após o controle da gravidade da doença precoce e da duração do oxigênio suplementar, maiores níveis de cortisol basal em prematuros com 8 meses de idade gestacional corrigida foram associados com maior número de procedimentos de quebra de pele neonatal. Em contraste, as respostas de cortisol à novidade foram preditas igualmente bem pela dor neonatal ou idade gestacional ao nascimento. Nenhuma relação entre a dose de morfina e a resposta ao cortisol foi demonstrada nestes lactentes.

Figura 1. Caracterização dos estudos selecionados por autores/ano/referência, tipo de estudo/amostra/instrumento, objetivos e principais resultados.

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5. MANUSCRITO III AVALIAÇÃO DA DOR E ESTRESSE DO RECÉM-

NASCIDO PREMATURO SUBMETIDO A PUNÇÃO VENOSA

Resumo Objetivo: avaliar a dor e o estresse de recém-nascidos submetidos a punção venosa em uma Unidade de Terapia Intensiva Neonatal. Métodos: pesquisa quantitativa, descritiva, transversal, realizada com 32 recém-nascidos prematuros submetidos a punção venosa, que foram avaliados quanto a dor pela Escala NIPS e estresse com a mensuração de cortisol urinário, quando submetido ao referido procedimento. Resultados: 46,8% (15) dos prematuros do sexo feminino e 53,1% (17) do sexo masculino, 67,1% (11) com prematuridade limítrofe, 82,7 (13) prematuridade moderada e 26,7% (4) e 23,5% (4) prematuridade extrema. Apresentaram dor moderada e forte na realização do procedimento e os níveis de cortisol aumentaram. Discussão: recém-nascidos prematuros são expostos a procedimentos dolorosos e eventos repetitivos e prolongados, que podem estar relacionados a alterações de desenvolvimento neurocomportamental. Conclusões: evidencia-se estresse nos recém-nascidos prematuros submetidos a punção venosa, avaliada como dolorosa. A partir disso, a equipe multiprofissional, precisa planejar e implementar estratégias para reduzir e prevenir a ocorrência de dor. Descritores: Recém-nascido prematuro; Enfermagem; Medição da dor; Unidades de terapia intensiva; Estresse fisiológico. Abstract Objective: to evaluate the pain and stress of newborns submitted to venipuncture in a Neonatal Intensive Care Unit. Methods: a quantitative, descriptive, cross-sectional study was carried out on 32 premature newborns submitted to venipuncture, who were evaluated for pain on the NIPS scale and stress on urinary cortisol measurement when submitted to this procedure. Results: 46.8% (15) of preterm females and 53.1% (17) males, 67.1% (11) with borderline prematurity, 82.7 (13) moderate prematurity and 26.7% (4) and 23.5% (4) extreme prematurity. They presented moderate and strong pain in the accomplishment of the procedure and the cortisol levels increased. Discussion: Premature newborns are exposed to painful procedures and repetitive and prolonged events, which may be related to changes in neurobehavioral development. Conclusions: stress in premature newborns submitted to venous puncture, assessed as painful. From this, the multiprofessional team needs to plan and implement strategies to reduce and prevent the occurrence of pain. Keywords: Premature newborn; Nursing; Pain measurement; Intensive care units; Physiological stress.

Introdução

A doença, em si, pode se constituir em uma ameaça à vida dos recém-nascidos

(RNs) e contribuir para o desencadeamento da dor, estresse e efeitos deles decorrentes. A

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dor é uma experiência sensorial e emocional desagradável, relacionada a uma lesão real

ou potencial dos tecidos ou descrita em função dessas lesões (1). Nesse sentido, não existe

uma relação exclusiva entre dor e lesão tecidual, aspectos sensitivos, emocionais e

culturais integram a percepção da dor como experiência subjetiva e pessoal(2).

O estresse é definido como qualquer evento que demande do ambiente externo

ou interno, que taxe ou exceda a capacidade de adaptação de um indivíduo ou sistema

social (3). As alterações orgânicas ligadas ao estresse, compreendem uma etapa biológica

e uma fase na qual participam algumas funções cognitivas, emocionais e

comportamentais que podem influenciar na intensidade de tais alterações (4).

No recém-nascido pré-termo (RNPT) as terminações nervosas sensoriais diferem

sensivelmente a estímulos dolorosos. Algumas áreas do corpo possuem mais terminações

nervosas sensoriais livres sensíveis a estímulos dolorosos. A pele, paredes arteriais,

articulações e o periósteo tem um suprimento abundante de terminações nervosas, no

entanto outros órgãos como cérebro e alvéolos pulmonares não possuem. Quando um

tecido sofre agressão as células liberam prostaglandinas, que causam maior

permeabilidade capilar, atraem células que desempenham a fagocitose, aumentam a

sensibilidade dos nociceptores, que hipersensibilizados transformam em dor todo tipo de

impulso, mesmo que mínimo.

A informação dolorosa aumenta a atividade do sistema nervoso autônomo, a

síntese de catecolaminas e hormônios. A liberação intensa e prolongada dessas

substâncias produz alterações, tais como: taquicardia, vasoconstrição periférica, aumento

do débito cardíaco e pressão arterial, taquipnéia, retenção hídrica, hiperglicemia,

alterações na coagulação e redução da resposta imune. O estímulo do sistema nervoso

simpático reduz o tônus intestinal, retarda o esvaziamento gástrico, predispõe à

ocorrência de náusea e vômito, aumenta o tônus do esfíncter vesical e pode levar à

retenção urinária (5).

O RNPT é exposto a estresse intenso ou persistente, por meio de estimulação

luminosa e sonora, procedimentos invasivos e dolorosos, manipulação frequente,

múltiplas medicações, enfermidades crônicas e agudas. Além desses, ocorre a separação

materna, aliada a restrições aos contatos físicos prazerosos pele a pele e de amamentação,

durante o período de desenvolvimento rápido do cérebro, e no momento em que o cérebro

é particularmente vulnerável, onde várias áreas críticas são afetadas, especialmente os

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processos de crescimento, a migração celular, sinaptogênese, mielinização e organização

cerebral (6,7,8)

O RN é capaz de sentir estímulos dolorosos e a equipe de enfermagem percebe a

dor, na maioria das vezes, manifestada por choro. No entanto, a expressão facial e o ato

do neonato de retrair-se também são percebidos como parâmetros de avaliação da dor (9).

Os autores destacam que não foi relatada nenhuma medida ou utilização de escala para

mensuração de dor, o que torna evidente a dificuldade de mensurar e avaliar a dor em

RN, obstáculo no tratamento adequado da dor em terapia intensiva. Além disso, a falta

de escalas para mensuração de dor demonstrou déficit de conhecimento desses

dispositivos pela enfermagem aliada a necessidade de preparar os profissionais para

avaliar a dor, com o uso de instrumentos validados.

No RNPT os estímulos dolorosos agudos desencadeiam resposta ao estresse que

incluem modificação em nível cardiovascular, respiratório, imunológico, hormonal e

comportamental, entre outros. Essas respostas fisiológicas são acompanhadas de reação

endócrino-metabólica de estresse, com liberação de hormônios, adrenalina, noradrenalina

e cortisol, que podem resultar em hiperglicemia, catabolismo proteico lipídico e interferir

no equilíbrio homeostático do RNPT (10).

A punção venosa é um procedimento essencial e realizado frequentemente na

assistência ao RN em UTIN (11). É uma das práticas mais difíceis e rotineiras no neonato,

que desencadeia dor moderada e forte (12). Desse modo, a agilidade do profissional de

enfermagem no momento da punção venosa, organização, preparo do material e

preocupação com o número de tentativas de punções no recém-nascido prematuro são

medidas que podem contribuir para a redução da dor no neonato.

A partir dessas considerações, busca-se com esta pesquisa avaliar a dor e o estresse

de recém-nascidos submetidos a punção venosa em uma Unidade de Terapia Intensiva

Neonatal.

Métodos

Trata-se de uma pesquisa quantitativa, descritiva, transversal, realizada em uma

Unidade de Terapia Intensiva Neonatal, de uma Instituição hospitalar filantrópica, porte

IV, do noroeste do Estado do Rio Grande do Sul. A referida unidade disponibiliza 08

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leitos neonatais SUS. A equipe compreende nove médicos pediatras, um enfermeiro

coordenador, seis enfermeiros assistenciais, vinte e oito técnicos de enfermagem, quatro

fisioterapeutas e uma escriturária. Dispõe de um escala para avaliação da dor dos RNs

como 5ºsinal vital e protocolo com medidas não-farmacológicas para alívio da dor.

Participaram do estudo 32 RNs prematuros que internaram na referida unidade no

período de março a outubro de 2016 e que atenderam aos critérios de inclusão elencados:

ser prematuro, não ter sido submetido a outro procedimento doloroso, 1 hora antes da

punção venosa e o responsável assinar o TCLE em duas vias.

Foram respeitados os preceitos éticos que rege pesquisa com pessoas (Resolução

Conselho Nacional de Saúde - CNS 466/12). O estudo foi aprovado por Comitê de Ética

e Pesquisa, em dezembro de 2015, CAAE nº 50914015.8.0000.5350, Parecer

Consubstanciado nº 1.354.128.

A coleta dos dados ocorreu por meio de um protocolo de pesquisa composto por:

Formulário com dados de identificação, sociodemográficos e clínicos dos Recém-

nascidos, Escala Neonatal Infant Pain Scale (NIPS), utilizada pela primeira vez em

1997(13) e amostras de diurese para análise do cortisol dos RNs.

O respectivo formulário compreende as seguintes variavéis: idade gestacional,

sexo, tipo de parto, apgar, peso de nascimento, motivo da internação na UTIN, acesso

venoso, ventilação assistida; sondagens, uso de sedativos, uso de corticoide no pré-natal.

Ressalta-se que esses dados foram coletados diretamente dos prontuários dos neonatos

participantes da pesquisa.

A Escala NIPS refere-se à avaliação da dor dos RNs pesquisados, tomando por

base os seguintes parâmetros comportamentais e fisiológicos: expressão facial, choro,

respiração, braços, pernas e estado de consciência, é utilizada para avaliação da dor em

neonatos a termo e prematuros (14).

As amostras de diurese dos RNs participantes da pesquisa foram obtidas por meio

de coletor de diurese ou diretamente da sonda vesical, após serem ao submetidos ao

procedimento de punção venosa para acesso periférico ou para passagem de cateter de

PICC. Foi coletada amostra da primeira diurese após a exposição do RN ao referido

procedimento. As amostras de urina obtidas foram mantidas, sem conservante, em

refrigerador, temperatura entre 2º e 8º C, e posteriormente encaminhadas ao Laboratório

de Análises Clínicas, para análise dos níveis de cortisol livre, com a utilização do método

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de Quimioluminescência, como valor de referência para crianças 2 a 27 ug/24 horas(15)

Foram excluídos da pesquisa os RNs nos quais as amostras de diurese coletadas foram

insuficientes para análise do cortisol.

A análise dos dados foi realizada com estatística descritiva envolveu as medidas

de posição(Limite inferior, (Limite superior, quartil 1, Mediana, quartil 3 e média) e de

dispersão (desvio padrão e range), correlação de Spearman, correlação de Pearson e o

uso do software SPSS 17.0.

Resultados

Dos 32 RNs participantes da pesquisa, 46,8% (15) eram do sexo feminino e 53,1%

(17) do sexo masculino. Quanto a idade gestacional, 20% (3) do sexo feminino e 47,1%

(8) do sexo masculino foram classificados com prematuridade limítrofe, enquanto, 53,3

(8) e 29,4% (5) respectivamente, prematuridade moderada e 26,7% (4) e 23,5% (4) com

prematuridade extrema.

Sequencialmente na Tabela1 são apresentadas as características dos participantes

da pesquisa submetidos a punção venosa. Quanto ao tipo de parto, constata-se prevalência

de cesárea 86,7% (13) nos RNs do sexo feminino e 70,6% (12) no masculino. Em relação

ao escore de apgar no 1º minuto de vida, verifica-se que os RNs do sexo feminino

apresentaram escore de 4 a 7 pontos 60% (9), no sexo masculino de 8 a 10 pontos 52,9%

(9). No 5º minuto de vida os RNs do sexo feminino tiveram maior escore entre 8 a 10

pontos 80% (12) e o mesmo ocorreu com os demais RNs 82% (12).

Tabela 1: Características clínicas dos recém-nascidos submetidos a punção venosa em UTIN de um hospital geral do noroeste do RS de mar-out/2016.

Características Feminino N (%)

Masculino N (%)

Total

Idade Gestacional

Prematuridade limítrofe 35 a 36 semanas 3(20,0) 8(47,1) 11(34,4) Prematuridade moderada 30 a 34 semanas

8(53,3) 5(29,4) 13(40,6)

Prematuridade extrema inferior a 30 semanas

4(26,7) 4(23,5) 8(25,0)

Tipo de Parto Vaginal 2(13,3) 5(29,4) 7(21,9) Cesárea 13 (86,7) 12(70,6) 25(78,1) Apgar 1 min de vida

0 a 3 pontos - 1(5,9) 1(3,1) 4 a 7 pontos 9(60,0) 7(41,2) 16(50,0) 8 a 10 pontos 6(40,) 9(52,9) 15(46, 9) 4 a 7 pontos 3(20,0) 3(17,6) 6(18,8)

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Apgar 5 min de vida

8 a 10 pontos 12(80,) 14(82,) 26(81,3)

Peso Pequeno para idade gestacional <2500g 15(100) 14(82,4) 29(90,6) Adequado para idade gestacional >

2500g a <ou =4000g - 3(17,6) 3()9,4

Total 15(100) 17(100) 32(100)

Ainda em relação aos dados contidos na Tabela 1, verifica-se que a maioria dos

RNs de ambos os sexos foram classificados como pequenos para idade gestacional.

Na Tabela 2 foram analisadas a dor na punção de acordo com o sexo do RNPT, o

sexo masculino apresentou maior percentual de dor moderada, enquanto o feminino maior

percentual de dor forte.

Tabela 2: Analise da dor na punção segundo o sexo dos recém-nascidos de um hospital geral do noroeste do RS no 1º Sem/2016.

Avaliação da dor na punção Total

N (%) Sexo

Sem dor N (%)

Dor fraca

N (%)

Dor moderada

N(%)

Dor forte N (%)

Feminino - 1(3,1) 6(18,8) 8(25,0) 15(46,9)

Masculino 1(3,1) - 11(34,4) 5(15,6) 17(53,1)

Não 1(3,1) 1(3,1) 17(53,1) 13(40,6) 32(100)

Sequencialmente na tabela 3 são explicitadas as medidas descritivas do apgar no

1º e 5º minuto dos RNPT participantes da pesquisa. Nesta se evidencia que a média,

desvio padrão, mediana e quartil 3 do apgar no 1º minuto foi menor do que no 5º minuto.

Para verificar diferença entre as medias observa-se com o teste t-student, que ocorreu

diferença significativa.

Tabela 3: Medidas descritivas do apgar no 1º minuto de vida e no 5º minuto dos recém-

nascidos submetidos a punção venosa em UTIN de um hospital geral do noroeste do RS de mar-out/2016.

Apgar N Media

Desvio padrão Li Ls Quartil 1 Mediana Quartil 3

Teste t p valor

1min de vida 32 7,00 1,626 1 9 6,00 7,00 8,00 0,000

5min de vida 32 8,06 1,162 4 9 8,00 8,00 9,00 0,000

Li= Limite inferior; Ls=Limite superior Teste t-student p< 0,01 significativo

Os resultados desse estudo apresentados na tabela 2 são representados graficamente na Figura 1.

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A B

Figura 1: Medidas descritivas do apgar no 1º minuto(A) de vida e no 5º minuto(B) dos bebes recém-nascidos

A Figura 2 evidencia relação entre o apgar no 1º e no 5º minuto de vida, em ambos os sexos.

Correlação de Spearman significativa p=0,001

Figura 2 : Grafico de Dispersão e correlação de Spearman entre o apgar de 10 min com o de 50 min de vida.

No que se refere a Tabela 4 verifica-se correlação significativa entre a idade gestacional e o peso de nascimento.

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Tabela 4: Correlação de Pearson entre apgar, idade gestacional e peso dos recém-nascidos de um hospital geral do noroeste do RS de mar-out/2016.

Idade em semanas

r (p-valor)

Peso

r (p-valor)

Apgar nos 1min 0,119 (0,518) 0,224 (0,217)

Apgar nos 5min 0,080 (0,662) 0,086 (0,639)

Idade - 0,768** (0,000)

**Correlação significativa para p< 0.01

Finalizando a apresentação dos dados, na tabela 5, é apresentada avaliação da

intensidade da dor conforme os níveis de cortisol livre dos RNs participantes da pesquisa,

submetidos a punção venosa. Nesta se verifica que eles apresentaram dor moderada e

forte na realização do procedimento e que os níveis de cortisol aumentaram.

Tabela 5: Avaliação da intensidade da dor conforme os níveis de cortisol dos recém-nascidos em UTIN de um hospital geral do noroeste do RS de mar-out/2016.

Avaliação Dor

Cortisol Total

Categorias 2 a 27 N (%)

Maior que 27 N (%)

Punção Sem dor - 1(4,3) 1(3,1) Dor fraca - 1(4,3) 1(3,1) Dor moderada 7(77,8) 10(43,5) 17(53,1)

Dor forte 2(22,2) 11(47,8) 13(40,6) Pós punção Sem dor 5(55,6) 19(82,6) 24(75,0)

Dor fraca 2(22,2) 2(8,7) 4(12,5) Dor moderada - 2(8,7) 2(6,3) Dor forte 2(22,2) - 2(6,3)

Total 9(100) 23(100) 32(100)

Discussão

A saúde materno-infantil no Brasil, e no mundo, merece atenção em razão do

aumento de nascimentos de recém-nascidos pré-termo (16). A necessidade de ampliação

de estudos que abordem a prematuridade deve-se à elevação da incidência de

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morbiletalidade neonatal, aliada aos custos das internações e sequelas

neuropsicocomportamentais nos RNs.

O RN de alto risco é exposto a procedimentos dolorosos e eventos repetitivos e

prolongados, relacionados à alterações de desenvolvimento do cérebro e anomalias

comportamentais(17). Nesse sentido, torna-se relevante tratar adequadamente a dor e criar

estratégias de prevenção da mesma no RNPT submetido a procedimentos dolorosos, por

meio de protocolos assistenciais (18).

No que se refere ao sexo dos RNs participantes da pesquisa, mais da metade 53,1%

(17) é do sexo masculino e apresentaram dor moderada 11 (34,4%) e 5 (15,6%) dor forte

na punção venosa. Enquanto os RNs do sexo feminino apresentaram dor moderada 6

(18,8%) e forte 8 (25%). Nesse contexto, uma revisão integrativa analisou seis estudos

que investigaram as respostas clínicas à dor durante a fase neonatal e as diferenças de

sexo. Na maioria das investigações não ocorreu diferenças significativas entre os

mesmos. No entanto, dois estudos encontraram diferenças entre sexo feminino e

masculino de RNPT, em que os meninos apresentaram mais respostas de dor do que as

meninas (19)

Ainda, os resultados da pesquisa são semelhantes ao encontrado em estudo em

uma UTIN de Fortaleza/Ceará, no qual os autores caracterizaram os participantes e 50%

dos RNs eram do sexo masculino, 80,8% pequenos para a idade gestacional e 92,3% pré-

termos (20). O baixo peso é um fator que influencia na morbimortalidade e na ocorrência

de complicações clínicas durante a internação do RN em UTIN, o qual fica exposto a

inúmeros procedimentos dolorosos, diariamente. Nesse contexto, o estresse do manuseio

para realização de procedimentos aumenta a demanda metabólica e a necessidade de

oxigênio, com respostas fisiológicas e comportamentais, que podem repercutir no

desenvolvimento neuropsicocomportamental do RN.16

No que se refere ao tipo de parto, em outro estudo também foi evidenciado maior

ocorrência de nascimentos prematuros por cesárea (21,22). O aumento das taxas de

prematuridade entre os RNs se contrapõe aos avanços na sobrevida dos mesmos, por

conta das melhorias na atenção neonatal (23). Os autores pontuam que intervenções

médicas, tais como a cirurgia de cesariana, contribuem para o aumento do nascimento de

pré-termos. Além disso, se reportam a evidências de que a elevada ocorrência desse tipo

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de parto pode ser responsável pelo aumento das taxas de prematuridade, e que essas

interferem nos avanços referentes à sobrevida de RNs de baixo peso.

Em relação ao apgar, no 1º minuto de vida dos participantes da pesquisa, a maioria

possui apgar menor que 7, já no 5º minuto, a maioria dos bebês de sexo masculino e

feminino obtiveram escore acima de 8. Resultado semelhante foi descrito em investigação

a qual mostrou que 82,5% neonatos tiveram escore de Apgar no 1º minuto de vida abaixo

de 7 pontos e no 5º minuto esse percentual diminuiu para 65% (24).

No que tange a avaliação da dor, evidencia-se que a maioria deles apresentaram

dor moderada e forte quando submetidos a punção venosa. Após o termino do

procedimento, exatamente 30 minutos os RNs foram reavaliados e a maioria não

apresentou dor (24), alguns (4) apresentaram dor fraca. Desse modo, resultado de estudo

com 25 profissionais de enfermagem, de um hospital, em dezembro de 2008 e janeiro de

2009 sobre percepção da dor em RNs de alto risco, demonstrou que eles reconhecem a

dor do RN, que a punção venosa é o procedimento que mais causa dor e utilizam medidas

farmacológicas e não-farmacológicas para o alívio da dor, de modo empírico (25).

Outra investigação com 9 enfermeiros e 33 técnicos de enfermagem de uma UTIN

e Unidade de Cuidado Intermédiario (26), constatou que os procedimentos que mais

ocasionaram dor foram: punção venosa, manipulação excessiva, teste de glicemia capilar

periférica, coleta de sangue, sondagem, aspiração, ruídos/luminosidade, fisioterapia e

curativos. As intervenções para controle da dor utilizadas consistiram em sucção não-

nutritiva, mãe canguru, sacarose, enrolamento, posicionamento, diminuição de ruídos e

luminosidade, pegar no colo e medicação prescrita.

Diante disso, pesquisa com 52 neonatos descreveu 1549 procedimentos dolorosos (27). Os mais recorrentes foram punção venosa (41,4%) e coleta de sangue (21,1%). Para

tanto, utilizaram analgésicos em 84,6% dos RNs, dipirona e fentanil. Os autores não

mencionaram o uso de medidas não medicamentosas. Essa conduta demonstra fragilidade

da equipe, pois as estas contribuem para prevenir e aliviar a dor.

Em relação aos níveis de cortisol apresentados pelos RNs participantes da

pesquisa, evidencia-se a maioria (91,3%) que teve dor moderada e forte apresentou

alteração nos níveis de cortisol e o mesmo ocorreu com os RNs que tiveram dor fraca

(4,3%) ou não apresentaram dor (4,3). Em Paris, 430 RN, foram acompanhados durante

14 dias de internação, com o objetivo de relatar dados epidemiológicos sobre dor

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neonatal. Eles tinham em média 30 semanas de idade gestacional e foram submetidos a

60969 procedimentos de primeira tentativa, desses 42413 dolorosos e 18556 estressantes,

11546 tentativas suplementares, dessas 10366 dolorosas e 1180 estressantes (28). Em

42413 procedimentos, 2,1% receberam medidas farmacológicas, 18,2% não

farmacológicas e farmacológicas, 79,2 % sem analgesia especifica e 34,2% com analgesia

concomitante com outras infusões. Desse modo, a grande maioria dos procedimentos

dolorosos e estressantes dos RNs não recebeu analgesia.

Nesse interim, pesquisa avaliou as relações entre exposição da dor do RN

prematuro, número de procedimentos, estresse e reação dolorosa desencadeadas, em 87

prematuros com 32 semanas de idade gestacional pós-concepção. Foram excluídos

lactentes que receberam analgesia ou sedação nas 72hs antes do estudo, ou dexametasona

pós-natal (29). Os pesquisadores realizaram análise de cortisol plasmático e usaram a

Escala Neonatal Facial Coding System (NFCS). RNs com menos de 28 semanas de idade

gestacional apresentaram maior exposição cumulativa à dor em procedimento doloroso

relacionada à menor resposta do cortisol ao estresse e menor reatividade facial. Desse

modo, exposição cumulativa ao estresse na UTIN, em conjunto com fatores fisiológicos

extremos de imaturidade, parecem alterar o eixo hipotálamo-hipófise-adrenal e a

reatividade comportamental em lactentes humanos. A associação mais específica ocorreu

com redução da resposta ao cortisol, principal hormônio do estresse em humanos. Os

autores afirmam ser necessária investigações mais aprofundada sobre as dissociações nos

resultados dos sistemas HPA, autonômico e comportamental e efeitos que persistem mais

tarde na infância.

Ainda, em relação a essa modalidade de pesquisa, estudo analisou cortisol salivar

aos 8 meses de idade corrigida de prematuros extremos, menores de 28 semanas e

prematuros com idade gestacional muito baixa, de 29-32 semanas e termos (30).

Participaram 66 prematuros extremos, 54 prematuros e 22 a termo. O cortisol salivar foi

mensurado antes (basal) e 20 minutos após a introdução de novos brinquedos. Os níveis

de cortisol foram significativamente maiores em prematuros extremos, em comparação

com prematuros de muito baixa idade gestacional e a termo. Esse resultado, segundo os

autores, está associado à exposição dos RNs a um maior número de procedimentos

invasivos.

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Conclusão

Os RNs prematuros, de ambos os sexos, apresentaram dor moderada e forte ao

serem submetidos a punção venosa. Quanto aos níveis de cortisol livre na diurese, esses

apresentaram-se aumentados na grande maioria deles.

Nesse sentido, evidencia-se que o estresse dos RNPT internados UTIN foi

desencadeado pelo procedimento técnico de punção venosa, avaliado como doloroso. A

partir disso, cabe à equipe multiprofissional que atua no cuidado aos RNPT, em especial

enfermeiros, o planejamento e implementação de estratégias para reduzir e prevenir a

ocorrência de dor, de forma sistematizada, a partir da estruturação de protocolos

assistenciais de gestão da dor.

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6. MANUSCRITO IV

ANALISE DA DOR E DO CORTISOL LIVRE DE RECEM-NASCIDOS EM TERAPIA INTENSIVA COM PROCEDIMENTOS TERAPEUTICOS

Resumo Objetivo: é relacionar a dor e o cortisol livre de recém-nascidos prematuros, com procedimentos terapêuticos instituídos em terapia intensiva. Métodos: pesquisa quantitativa, descritiva, transversal, realizada com 32 recém-nascidos prematuros submetidos a punção venosa, que foram avaliados quanto a dor e estresse relacionado a ventilação assistida; sedativos, corticoide no pré-natal, tipo de punção venosa, local e número de tentativas. Resultados: recém-nascidos prematuros submetidos a ventilação invasiva, apresentaram predomínio de dor moderada 12 (37,5%) e aumento de cortisol em 14 (43,8%) deles. Os membros superiores, receberam o maior número de punção (68,8%) e apresentaram igualmente dor moderada e forte, 10 (31,3%) respectivamente e em 17 (53,1) ocorreu aumento do nível de cortisol. Mais da metade ocorreu para passagem de cateter central de inserção periférica, de modo que 10 (43,8) tiveram dor moderada. Discussão: os resultados da investigação, sugerem que a exposição dos recém-nascidos a procedimentos invasivos é estressante, especialmente quando repetido várias vezes. Conclusões: a punção venosa repetida associada a procedimentos terapêuticos intensificou a dor e alterou o cortisol, o que implica em estresse ao recém-nascido prematuro. Nesse sentido, considera-se importante discussões e mudanças de condutas referentes a implementação de protocolos assistenciais de gestão da dor. Descritores: Recém-nascido prematuro; Enfermagem; Medição da dor; Unidades de terapia intensiva; Estresse fisiológico. Abstract Objective: to relate pain and cortisol free of preterm newborns with therapeutic procedures instituted in intensive care. Methods: a quantitative, descriptive, cross-sectional study was carried out on 32 premature newborns submitted to venipuncture, who were evaluated for pain and stress related to assisted ventilation; Sedatives, prenatal corticoid, type of venipuncture, site and number of attempts. Results: preterm newborns undergoing invasive ventilation had a predominance of moderate pain 12 (37.5%) and cortisol increase in 14 (43.8%) of them. The upper limbs received the highest puncture number (68.8%) and also presented moderate and strong pain, 10 (31.3%) respectively and 17 (53.1) increased cortisol levels. More than half occurred for central peripheral insertion catheter passage, so that 10 (43.8) had moderate pain. Discussion: Research findings suggest that exposure of newborns to invasive procedures is stressful, especially when repeated several times. Conclusions: Repeated venous puncture associated with therapeutic procedures intensified pain and altered cortisol, which implies stress in premature newborns. In this sense, it is considered important discussions and changes of conduct regarding the implementation of assistance protocols for pain management.

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Keywords: Premature newborn; Nursing; Pain measurement; Intensive care units; Physiological stress. Introdução

O recém-nascido (RN) de alto risco em Unidade de Terapia Intensiva Neonatal

(UTIN) é exposto a procedimentos dolorosos, eventos repetidos, prolongados,

relacionados à deficiência de desenvolvimento do cérebro e anomalias comportamentais (1). Portanto, cabe aos enfermeiros o uso de medidas farmacológicas e não farmacológicas,

no intuito de prevenir e reduzir a dor neonatal.

Investigação internacional com 257 enfermeiros que cuidam de recém-nascidos

pré-termos (RNPT), de cinco hospitais universitários evidenciou falta de conhecimento

na avaliação da dor em prematuros, de 28 a 32 semanas. Os enfermeiros reconhecem a

dor, porém há lacunas importantes referentes a identificação da dor expressada pelo

neonato (2). Outro estudo com 141 enfermeiros da Coréia, de cinco UTIN, vem ao

encontro por evidenciar que os enfermeiros subestimam medidas de alívio da dor, embora

reconheçam a dor do RN. Os autores afirmam que mesmo diante de procedimentos de

dor intensa, medidas farmacológicas e não farmacológicas, raramente foram executadas.

Essas somente foram aplicadas em RNs submetidos a inserção de cateter central e

drenagem de tórax (3).

Pesquisa quantificou a gravidade dos estressores comuns para os prematuros com

o intuito de fornecer uma ferramenta para avaliar o estresse infantil (4). Para tal, 17

médicos e 130 enfermeiras que trabalham em UTIN classificaram a severidade do estresse

percebido de 44 eventos agudos, dentre eles, acesso venoso periférico, acesso arterial

periférico, acesso venoso central, ventilação, nutrição, procedimentos médicos, cirurgia,

radiologia e outros, 24 condições de vida crônicas, como o recebimento de oxigênio

intranasal e infecção, para prematuros com idade gestacional de 28 semanas, 28-32

semanas e a partir de 32 semanas. Conforme os autores, médicos e enfermeiros

perceberam que quase todos os eventos são estressantes para os bebês em algum grau e

tornam-se igualmente estressante ao longo das idades. Desse modo, foi desenvolvida a

Escala Neonatal de Estresse Infantil.

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Nesse interim destaca-se a implantação de protocolos de avaliação e tratamento

da dor para equipe que atua em UTIN, resultado que vem ao encontro dessas pesquisas.

Uma investigação na Califórnia, com 237 enfermeiros neonatais, 81% deles relataram o

uso de ferramentas de avaliação da dor, 83% se sentiram confiantes para o uso de medidas

farmacológicas, e 79% não farmacológicas (5). Os autores pontuam que a gestão de dor

foi correlacionada com treinamento, ferramentas de avaliação da dor adequadas, a partir

de protocolos assistenciais.

A prevenção da dor em neonatos necessita ser um objetivo da equipe

multiprofissional que trabalha com recém-nascidos, não somente pela ética, mas porque

as repetidas exposições dolorosas têm potencial consequências deletérias. A equipe

necessita saber que os RNPT que apresentam maior risco de comprometimento no

desenvolvimento neurológico, são os mais expostos a inúmeros procedimentos na

UTIN(6). Embora ainda haja lacunas no conhecimento da maneira mais eficaz de prevenir

e aliviar a dor em recém-nascidos, cabe a cada instituição de cuidados aos neonatos

implementar programa de prevenção da dor. Este deve incluir estratégias para reduzir o

número de procedimentos dolorosos, uso de escala para avaliação da dor e manejo

adequado, que inclui a avaliação rotineira da dor, terapias não farmacológicas e

farmacológicas para a prevenção da mesma.

Diante dessas considerações o objetivo deste artigo é relacionar a dor e o cortisol

livre de recém-nascidos prematuros, com procedimentos terapêuticos instituídos em

terapia intensiva.

Método

Pesquisa de abordagem quantitativa, descritiva, transversal, realizada em uma

Unidade de Terapia Intensiva Neonatal de uma Instituição hospitalar filantrópica, porte

IV, do noroeste do Estado do Rio Grande do Sul. A referida unidade disponibiliza 08

leitos neonatais SUS, com uma equipe multiprofissional, composta por médicos

pediatras, enfermeiros, técnicos de enfermagem, fisioterapeutas e fonoaudióloga.

Participaram do estudo 32 RNs prematuros que internaram na referida unidade no

período de março a outubro de 2016 e que atenderam aos critérios de inclusão elencados:

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ser prematuro, não ter sido submetido a outro procedimento doloroso 1 hora antes da

punção venosa e o responsável assinar o TCLE em duas vias.

Foram respeitados todos os preceitos éticos que regem uma pesquisa com pessoas

(Resolução Conselho Nacional de Saúde - CNS 466/12). O estudo foi aprovado por

Comitê de Ética e Pesquisa, em dezembro de 2015, CAAE nº 50914015.8.0000.5350,

Parecer Consubstanciado nº 1.354.128.

A coleta dos dados ocorreu por meio de um protocolo de pesquisa composto por:

Formulário com dados de identificação, sociodemográficos e clínicos dos Recém-

nascidos, obtidos diretamente dos prontuários dos RNs. O respectivo formulário

comtempla as variáveis: ventilação assistida; sedativos, corticoide no pré-natal, tipo de

punção venosa, local e número de tentativas. A avaliação da dor foi realizada com a

Escala NIPS - Neonatal Infant Pain Scale, e o cortisol, com amostras de diurese dos RNs.

As amostras de diurese dos RNs participantes da pesquisa foram obtidas por meio

de coletor de diurese ou diretamente da sonda vesical, após serem submetidos a punção

venosa para acesso periférico ou para inserção de cateter de PICC. A primeira amostra de

diurese foi obtida após a exposição do RN ao referido procedimento. As amostras de urina

foram mantidas sem conservante, em refrigerador, à temperatura entre 2º e 8º C, e

posteriormente encaminhadas ao Laboratório de Análises Clínicas e para análise por

eletroquimioluminescência. Foram excluídos da pesquisa 11 RNs nos quais as amostras

de diurese coletadas foram insuficientes para análise do cortisol.

A análise dos dados foi realizada com estatística descritiva, envolveu as medidas

de posição(Limite inferior, (Limite superior, quartil 1, Mediana, quartil 3 e média) e de

dispersão (desvio padrão e range), e teste t-Student, com o uso do software SPSS 17.0.

Resultados

A Tabela 1 evidencia que mesmo os RNPT sedados apresentaram algum tipo de

dor, resultado igualmente identificado nos RNPT que não receberam sedação.

No que tange a ventilação invasiva, que rotineiramente os RNPT são submetidos,

evidenciou-se predomínio de dor moderada 12 (37,5%). Nos RNs em CPAP a intensidade

de dor moderada e forte igualou-se 3 (9,4%) e em nos neonatos em campânula tiveram

dor forte 5 (15,6%). Em relação ao uso de corticoide no pré-natal, mais da metade não

recebeu, e apresentaram prevalência de dor moderada 8 (25%) e dor forte 9 (28,1%).

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Tabela 1: Analise da dor segundo as variáveis dos recém-nascidos em UTIN de um hospital geral no noroeste do RS de mar-out/2016 Variáveis Avaliação da dor na punção

Total N (%)

Categorias

Sem dor N (%)

Dor fraca N (%)

Dor moderada

N(%)

Dor forte N (%)

Sedação

Sim, fentanila e midazolan 1(3,1) 1(3,1) 10(31,3) 1(3,1) 13(40,6) Sim, fentanila - - - 3(9,4) 3(9,4) Não - - 7(21,9) 9(28,1) 16(50,0)

Ventilação Ventilação invasiva 1(3,1) 1(3,1) 12(37,5) 4(12,5) 18(56,3) Cpap nasal - - 3(9,4) 3(9,4) 6(18,8) Campânula - - 1(3,1) 5(15,6) 6(18,8) Ar ambiente - - 1(3,1) 1(3,1) 2(6,3) Corticoide Sim - 1(3,1) 9(28,1) 4(12,5) 14(43,8)

Não 1(3,1) - 8(25,0) 9(28,1) 18(56,3) Local de punção

Região cefálica - - 1(3,1) - 1(3,1) Membros superiores 1(3,1) 1(3,1) 10(31,3) 10(31,3) 22(68,8) Membros inferiores - - 4(12,5) 1(3,1) 5(15,6) Região cefálica, mmss e mmii - - - 2(6,3) 2(6,3) mmss e mmii - - 2(6,3) - 2(6,3)

Tipo de Punção

Passagem de picc 1(3,1) - 10(31,3) 7(21,9) 18(56,3) Acesso venoso periférico - 1(3,1) 7(21,9) 6(18,8) 14(43,8)

Número de tentativas

Uma 1(3,1) 1(3,1) 4(12,5) 3(9,4) 9(28,1) Duas - - 4(12,5) 3(9,4) 7(21,9) Três - - 3(9,4) 2(6,3) 5(15,6)

Quatro - - 3(9,4) 2(6,3) 5(15,6) Seis - - 3(9,4) 1(3,1) 4(12,5) Oito - - - 1(3,1) 1(3,1) Nove - - - 1(3,1) 1(3,1)

Total 1(3,1) 1(3,1) 17(53,1) 13(40,6) 32(100)

Quanto ao local de punção, nos membros superiores, os RNs (68,8%) receberam

o maior número de punção e apresentaram igualmente dor moderada e forte, 10 (31,3%)

respectivamente. Em relação a finalidade da punção, mais da metade ocorreu para

passagem de cateter central de inserção periférica, de modo que 10 (43,8) tiveram dor

moderada. Ainda em relação a punção venosa, quanto ao número de tentativas, os RNs

submetidos a uma única punção venosa, igualmente, apresentaram dor moderada 4 (12,5)

e dor forte 3 (9,4).

Sequencialmente a Tabela 2 evidencia que mesmo os RNPT sedados com

fentanila e midazolan apresentaram alteração nos níveis de cortisol (31,3 %), resultado

igualmente identificado nos RNPT que não receberam sedativo. Os que receberam

somente fentanila (9,4%) apresentaram alterações nos níveis de cortisol livre na diurese.

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No que tange a ventilação invasiva, que rotineiramente os RNPT são submetidos,

evidenciou-se aumento de cortisol em 14 (43,8%) deles. Nos RNs em CPAP 4 (12,5%) e

em campânula 3(9,4) , ocorreu alteração nos níveis de cortisol. Em relação ao uso de

corticoide no pré-natal, mais da metade não recebeu. Dos que receberam 8 (25%)

apresentaram alteração nos níveis de cortisol.

Tabela 2: Analise do Cortisol segundo as variáveis dos recém-nascidos em UTIN de um hospital geral do noroeste do RS de mar-out/2016.

Variáveis Cortisol Total

Categorias 2 a 27 N (%)

Maior que 27 N (%)

Sedação

Sim, fentanila e midazolan 3(9,4) 10(31,3) 13(40,6)

Sim, fentanila - 3(9,4) 3(9,4)

Não 6(18,8) 10(31,3) 16(50,0) Ventilação Ventilação invasiva 4(12,5) 14(43,8) 18(56,3) Cpap nasal 2(6,3) 4(12,5) 6(18,8) Campânula 3(9,4) 3(9,4) 6(18,8) Ar ambiente - 2(6,3) 2(6,3)

Corticoide Sim 6(18,8) 8(25,0) 14(43,8) Não 3(9,4) 15(46,9) 18(56,3)

Local de punção

Região cefálica - 1(3,1) 1(3,1) Membros superiores 5(15,6) 17(53,1) 22(68,8) Membros inferiores 2(6,3) 3(9,4) 5(15,6) Região cefálica, mmss e mmii - 2(6,3) 2(6,3) mmss e mmii 2(6,3) - 2(6,3)

Tipo de Punção

Passagem de picc 4(12,5) 14(43,8) 18(56,3) Acesso venoso periférico 5(15,6) 9(28,1) 14(43,8)

Número de tentativas

Uma 1(3,1) 8(25,0) 9(28,1) Duas 4(12,5) 3(9,4) 7(21,9)

Três 2(6,3) 3(9,4) 5(15,6) Quatro 1(3,1) 4(12,5) 5(15,6) Seis 1(3,1) 3(9,4) 4(12,5) Oito - 1(3,1) 1(3,1) Nove - 1(3,1) 1(3,1)

Total 9(28,1) 23 32(100)

Quanto ao local de punção, os membros superiores dos RNs (68,8%) receberam

o maior número de punção. Desses, em 17 (53,1) ocorreu aumento do nível de cortisol.

Em relação a finalidade da punção, mais da metade ocorreu para passagem de cateter

central de inserção periférica, de modo que em 14 (43,8) ocorreu elevação nos níveis de

cortisol livre. Ainda em relação a punção venosa, quanto ao número de tentativas, os RNs

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submetidos a uma única punção venosa, igualmente, apresentaram alteração no nível de

cortisol 8 (25%).

Tabela 3: Estatística descritiva e teste t-Student do cortisol segundo as variavéis dos recém-nascidos de um hospital geral do noroeste do de mar-out/2016.

Variáveis Categorias

Cortisol

N Li Ls Range Media

na Media

Desvio padrão

p-valor

Sexo Feminino 15 3,04 557,1 554,06 52,60 124,93 157,24 0,380

Masculino 17 16,94 598,0 581,06 45,20 78,77 135,92

Sedação Sim 16 3,04 598,0 594,96 52,50 121,43 182,17 0,424

Não 16 6,51 373,0 366,49 37,80 79,39 98,91

Ventilação Invasiva 18 3,04 598,0 594,96 49,25 110,89 173,85 0,632

Não invasiva 14 6,51 373,0 366,49 45,60 86,92 103,91

Corticoide Sim 14 3,04 598,0 594,96 32,60 110,86 198,86 0,727

Não 18 6,51 373,0 366,49 52,90 92,28 91,36

Tipo de punção

Passagem de picc 18 3,04 598,0 594,96 52,90 142,11 182,33 0,044*

Acesso venoso periférico

14 3,76 169,5 165,74 41,65

46,79 41,14

Número de tentativas

Uma 9 25,30 169,5 144,20 41,20 54,07 44,16 0,267

Mais de uma 23 3,04 598,0 594,96 53,20 118,54 167,36

*Existe diferença significativa para p<0,05; Li=limite inferior; Ls=limite superior

Na Tabela 3 apresentam-se as medidas descritivas do cortisol segundo algumas

variáveis, onde observa-se em cada uma delas que o limite inferior (Li) e o limite inferior

(LS) tem uma amplitude grande (range). Também, observa-se um desvio padrão amplo

em relação à média, verifica-se que existe diferença significativa somente entre as médias

dos níveis de cortisol com variável “tipo de punção”. Na Figura 1, apresentam-se

graficamente as medidas de posição (Li, Ls, quartil 1, mediana e quartil 3), onde

identifica-se quatro casos de outliers, em que os valores dos níveis de cortisol

apresentaram-se muito elevados, esses RNPT são considerados os que mais se

estressaram. No entanto, para melhor compreender as relações, optou-se por excluir esses

quatro valores extremos de cortisol, que são: 598; 557,1; 373 e 224,1. Os resultados são

apresentados na Tabela 4, mostrando que existe diferença significativa no valor do

cortisol na variável “corticoide*

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Figura 1: Medidas de posição do cortisol segundo as variáveis sexo, sedação, ventilação, corticoide, tipo de punção e número de tentativas. Recém-nascidos de um hospital geral do

noroeste do RS de mar-out/2016.

Sexo

MasculinoFeminino

Co

rtis

ol

600,00

500,00

400,00

300,00

200,00

100,00

0,00

Sedação

NãoSim

Co

rtis

ol

600,00

500,00

400,00

300,00

200,00

100,00

0,00

Ventilação

Não invasivaInvasiva

Co

rtis

ol

600,00

500,00

400,00

300,00

200,00

100,00

0,00

Corticóide

nãosim

Co

rtis

ol

600,00

500,00

400,00

300,00

200,00

100,00

0,00

Tipo de punção

Para acesso venoso periféricoPara passagem de picc

Co

rtis

ol

600,00

500,00

400,00

300,00

200,00

100,00

0,00

Número de tentativas

Mais de umaUma

Co

rtis

ol

600,00

500,00

400,00

300,00

200,00

100,00

0,00

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Tabela 4: Estatística descritiva e teste t-Student do cortisol segundo as variáveis dos recém-nascidos de um hospital geral do noroeste do RS no 1º Sem/2016.

Variáveis Categorias

Cortisol

N Li Ls Range Media

na Media

Desvio padrão

p-valor

Sexo Feminino 12 3,04 169,5 166,46 43,25 59,97 58,28 0,406

Masculino 16 16,94 119,0 102,06 43,20 46,32 24,67

Sedação Sim 14 3,04 154,4 151,36 49,25 56,23 40,59 0,616

Não 14 6,51 169,5 162,99 32,60 48,08 44,63

Ventilação Invasiva 16 3,04 154,4 151,36 45,95 52,56 39,14 0,956

Não invasiva 12 6,51 169,5 162,99 37,80 51,65 47,47

Corticoide Sim 12 3,04 71,10 68,06 27,90 33,07 21,39 0,022

Não 16 6,51 169,5 162,99 51,45 66,50 48,368

Tipo de punção

Passagem de picc 14 3,04 154,4 151,36 43,95 57,55 43,82 0,509

Acesso venoso periférico

14 3,76 169,5 165,74 41,65

46,79 41,14

Número de tentativas

Uma 9 25,30 169,5 144,20 41,20 54,07 44,16 0,873

Mais de uma 19 3,04 154,4 151,36 46,70 51,28 42,25

Retirados os casos de otlier do cortisol (598; 557,1 ; 373; 224,1)

*Existe diferença significativa para p<0,05

Discussão

Os efeitos a longo prazo da dor neonatal não tratada incluem desfechos

neurológicos adversos, resposta aumentada à dor, aumento da somatização, dentre outras

alterações neuropsicomportamentais. Nesse sentido, as terapias farmacológicas devem

ser usadas em conjunto com intervenções não-farmacológicas (7). No entanto, os autores

percebem que não se tem certeza sobre como tratar RNs que necessitem de ventilação

assistida ou os procedimentos dolorosos mais comuns, tais como, punção de calcanhar,

aspiração traqueal, intubação. Eles se reportam a necessidade de mais estudos voltados a

temática.

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Estudo analisou a analgesia controlada por pais e enfermeiros com infusão

contínua de opióides, para controle da dor neonatal, quando os escores da mesma

indicassem dor moderada e intensa. Vinte lactentes tratados com morfina na analgesia

controlada foram retrospectivamente comparados com 13 lactentes tratados com fentanil,

opióide infundido continuamente, em um hospital pediátrico Midwestern nos Estados

Unidos. Os resultados do estudo sugerem que analgesia controlada pode ser uma

alternativa viável e eficaz contra a infusão continua de opióide no tratamento da dor pós-

operatória em neonatos e proporciona cuidado individualizado, com menos sedação (8).

Nesse interim, pesquisa analisou a associação dos escores de avaliação da dor

obtidos através da prática de reavaliação, conforme a Joint Commission (JC), com

eventos dolorosos e uso de analgésicos em 196 prematuros em ventilação mecânica. Em

geral, 2% das pontuações sugeriram a presença de dor, 0,1% dos escores de dor foram

associados à analgesia. Os recém-nascidos ventilados que foram expostos a múltiplos

procedimentos em um único dia, não demonstraram elevação de pontuação de dor, apesar

de frequentes analgésicos preventivos ou contínuos(9). Os autores concluíram que os

escores de avaliação da dor obtidos por meio de reavaliações foram pouco

correlacionados com procedimentos ou condições associadas à dor. As baixas pontuações

de dor através de reavaliação, podem não se correlacionar com baixa exposição à dor.

Embora ocorra supervisão do JC, os resultados deste estudo sugerem que a documentação

de reavaliação da dor pode não facilitar diretamente o manejo eficaz da dor em UTIN.

Pesquisas adicionais são necessárias para explorar escalas, reavaliar dor na UTIN, para

identificar as melhores práticas e facilitar a gestão da experiência de dor acumulada em

prematuros.

No que tange ao uso de corticoide no pré-natal, o mesmo é indicado à gestante em

trabalho de parto, de 23 a 34 semanas de idade gestacional. Estudo avaliou 463 gestantes

e seus 514 recém-nascidos(10). No que se refere aos neonatos, apresentaram melhores

escores de Apgar no 1” e 5” minutos, menor necessidade de intervenção na sala de parto

e menor SNAPPE II (Pontuação para Fisiologia Aguda Neonatal com Extensão Perinatal-

II) para previsão de Mortalidade e Morbidade em UTIN, nasceram em melhores

condições clínicas, maior peso e idade gestacional. Eles utilizaram

menos surfactante exógeno, e os RNs permaneceram menor tempo em ventilação

mecânica e oxigenoterapia.

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No entanto, esteve associado ao aumento de sepse neonatal, pois, os neonatos

cujas mães receberam corticosteróide antenatal apresentaram maior incidência de

hemoculturas positivas e maior uso de antibióticos, e enterocolite necrosante. Como as

características iniciais dos RNs eram diferentes, foi feita a regressão logística para depurar

quais fatores estariam associados ao risco de infecção, sumarizado como presença de

hemocultura positiva. Evidenciou-se que permaneceram o uso antenatal de

corticosteróide, o peso ao nascer, a ventilação mecânica e a necessidade de oxigênio com

36 semanas como significantes. Desse modo, somente a variável peso ao nascer se

apresentou como fator protetor. No entanto ressalta-se que o uso de ventilação mecânica

e de oxigênio com 36 semanas é associado à infecção tardia, e remete a fatores

relacionados aos cuidados na UTIN. As investigações sobre o tratamento antenatal e o

risco de infecção são conflitantes.

A punção venosa é um procedimento doloroso realizado frequentemente em UTI

N. Estudo analisou a eficácia de aconchegar o neonato prematuro para realizar a punção

venosa. Tratou-se de um estudo com dois grupos: controle e tratamento, composto por 42

RN, 21 no grupo controle e 21 no tratamento. Ao serem submetidos a punção venosa

tiveram a dor avaliada com a escala Perfil de Dor do Prematuro Infantil. No grupo

tratamento, os RNs foram aconchegados antes da punção, e a dor foi significativamente

mais baixa (11).

No que tange ao cortisol, hormônio que avalia o estresse, uma revisão da literatura

integrativa que analisou 16 artigos, mostrou que o exame de retinopatia e a punção de

calcanhar provocaram aumento no nível de cortisol salivar (12). No entanto, medidas com

música, posição prono, e o uso do mesmo berço entre os gêmeos, reduziu o nível de

cortisol salivar. As dificuldades relatadas referem-se a baixa taxa de amostragem de saliva

bem-sucedida, e por não usaram grupos de controle.

RNs prematuros, especialmente, os de 24-32 semanas, sofrem repetidos

procedimentos dolorosos durante um período de desenvolvimento rápido do cérebro e

programação de sistemas de estresse. Eles possuem circuitos nociceptivos para perceber

a dor, no entanto, seus sistemas sensoriais são imaturos (13). Um desequilíbrio de

processos excitatórios versus inibitórios leva a uma maior sinalização nociceptiva no

sistema nervoso central, conforme os autores. Eles pontuam que células específicas no

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sistema nervoso central de RNPT são particularmente vulneráveis a excitoxicidade,

estresse oxidativo e inflamação.

Desse modo, maior exposição ao estresse relacionado com a dor neonatal tem sido

associada a microestrutura cerebral alterada, níveis de hormônio do estresse e alterações

no desenvolvimento cognitivo, motor e comportamental. Portanto, é importante que o

estresse relacionado à dor em recém-nascidos prematuros seja identificado com precisão,

adequadamente gerenciado e que as estratégias de manejo da dor sejam avaliadas

efetivadas para efeitos protetores a curto e longo prazos (13).

Investigação examinou longitudinalmente a idade gestacional e as diferenças de

desenvolvimento nas habilidades auto-reguladoras de lactentes pré-termo em resposta a

um estressor doloroso, bem como associações entre as respostas comportamentais e

cardiovasculares (14). Participaram 49 prematuros saudáveis, suas respostas

comportamentais e cardiovasculares para uma amostra de sangue de punção de calcanhar

foram comparadas entre crianças de 28-31 e 32-34 semanas de idade gestacional ao

nascimento. Ambos os grupos apresentaram indicações comportamentais e

cardiovasculares de estresse em resposta à extração de sangue. Entretanto, os bebês

nascidos em idades gestacionais mais extrema (28-31 semanas) eram mais

fisiologicamente reativos. Nesse sentido, discute-se a maior vulnerabilidade ao estresse

dos prematuros de 28-31 anos em relação aos 32-34 semanas de gestação e as implicações

desse desenvolvimento subsequente, o que evidencia uma lacuna importante de

conhecimento.

O estresse no início da vida pode alterar a função do eixo hipotalâmico da glândula

supra-renal (HPA) (15). Diferenças nos níveis de cortisol foram encontradas em RN

prematuros expostos a estresse processual durante os cuidados intensivos neonatais, em

comparação com RN a termo, mas apenas alguns estudos investigaram se a alteração do

eixo HPA persiste com o crescimento da criança. Além disso, há uma lacuna de

conhecimento sobre o que pode contribuir para estas alterações no cortisol. Nesse

contexto, estudo de coorte prospectivo examinou os perfis de cortisol salivar em resposta

ao estresse da avaliação cognitiva, bem como o ritmo diurno do cortisol, em crianças (n

= 129) nascidas em diferentes níveis de prematuridade (24-32 semanas de gestação),

termo (38-41 semanas de gestação) e aos 7 anos de idade.

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Os autores demonstraram que os perfis de cortisol foram semelhantes nos RNPT,

embora os pré-termos apresentaram cortisol mais alto na hora de dormir em comparação

com crianças a termo. Importante, no grupo pré-termo, maior estresse relacionado à dor

neonatal processual foi associado a níveis maiores de cortisol no dia de estudo (p = 0,044)

e menor cortisol diurno em casa (p = 0,023), com efeitos observados principalmente em

meninos. Além disso, déficit de atenção, negatividade, e os problemas

neuropsicocomportamentais estavam associados à resposta ao cortisol na avaliação

cognitiva em RNPT.

Os resultados da investigação ora analisados, sugerem que dor e estresse contribui

para alteração da função do eixo HPA até a idade escolar em crianças pré-termo, e que o

sexo pode ser um fator importante. A exposição pós-natal precoce a procedimentos

invasivos é estressante, especialmente quando repetido várias vezes ao dia durante um

período de imaturidade.

Conclusão

A dor neonatal processual desencadeia o estresse, em um período de rápido

desenvolvimento cerebral e contribui para alterações neurocomportamentais a curto e

longo prazo. O estresse foi verificado a partir da mensuração dos níveis de cortisol livre

na urina, dos RNPT participantes da pesquisa e que estavam sob efeito de sedação e em

ventilação mecânica. O procedimento de punção venosa repetido intensificou a dor e

alterou o cortisol, os membros superiores apresentaram-se mais sensíveis a reações de dor

do que os membros inferiores.

Avalia-se que os resultados dessa pesquisa são importantes e deve se constituir

em objetos de discussões e mudanças de posturas manifestada implementação de

protocolos assistenciais de gestão da dor.

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11. Lopez O, Subramanian P, Rahmat N, Theam LC, Chinna K, Rosli R. The effect of facilitated tucking on procedural pain control among premature babies. Journal of Clinical Nursing, doi: 10.1111/jocn.12657

12. Morelius E, He HG, Shorey S. Salivary Cortisol Reactivity in Preterm Infants in Neonatal Intensive Care: An Integrative Review. Int. J. Environ. Res. Public

Health 2016, 13, 337; doi:10.3390/ijerph13030337 13. Vinall J, Grunau RE. Impact of repeated procedural pain-related stress in infants

born very preterm. Pediatr Res. 2014 May ; 75(5): 584–587. doi:10.1038/pr.2014.16.

14. Thompson RL, Townsend EL, Gunnar MR, Georgieff MK, Guiang SF, Ciffuentes RF, et al. Developmental Changes in the Responses of Preterm Infants to a Painful Stressor. Infant Behav Dev. 2008 December ; 31(4): 614623. doi:10.1016/j.infbeh.2008.07.004.

15. Brummelte S, Chau CM, Cepeda IL, Degenhardt A, Weinberg J, Synnes AR et al. Cortisol levels in former preterm children at school age are predicted by neonatal procedural pain-related stress. Psychoneuroendocrinology. 2015 January ; 0: 151–163. doi:10.1016/j.psyneuen.2014.09.018

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7. CONCLUSÃO

A construção desse trabalho tornou possível avaliar dor e estresse de RNPT

assistidos em uma Unidade de Terapia Intensiva Neonatal. Inicialmente as duas revisões

integrativas de literatura uma sobre dor e outra sobre estresse, foram fundamentais para

aprimoramento, compreensão, construção e fundamentação de conhecimento relacionado

as temáticas. Contribuíram também para a construção dos artigos que emergiram dos

dados oriundos da presente pesquisa.

A análise dos artigos científicos mostra que existem lacunas referentes a avaliação

da dor de RNs em terapia intensiva, relação entre dor e estresse dos RNs assistidos em

terapia intensiva, submetidos a procedimentos invasivos. Esses resultados remetem a

necessidade de instrumentalização da equipe multiprofissional, com embasamento

cientifico sobre dor e estresse e suas consequências a curto e longo prazo em RNPT,

aliados a criação e implementação de protocolos para avaliação, prevenção e tratamento

dos mesmos, complementados por ações de educação permanente em saúde. Nesse

sentido, cabe à equipe multiprofissional, especialmente, ao enfermeiro, o uso de

estratégias de manejo da dor, para reduzi-la e no que se refere ao estresse, igualmente

mover ações para reduzi-lo prevenir danos à saúde dos RNs.

A dor neonatal processual contribui para o estresse, em um período de rápido

desenvolvimento cerebral, o que contribui para alterações neurocomportamentais a curto

e longo prazo, resultado esse comprovado pela análise laboratorial de cortisol livre

presente na diurese dos RNPT. O procedimento de punção venosa repetido intensificou a

dor e alterou o cortisol, os membros superiores apresentaram-se mais sensíveis a reações

de dor do que os membros inferiores.

Os resultados da presente pesquisa podem ser utilizados por profissionais de saúde

que atuam em Terapia Intensiva Neonatal no sentido de instigá-los a discussões e

reflexões sobre a temática e direcioná-los para criação e implementação de protocolos

assistenciais de gestão da dor, com vistas a qualificar a assistência ao neonato e reduzir

as alterações neuropsicocomportamentais da dor e do estresse a curto e longo prazo. São

importantes também no sentido de instigar profissionais e estudantes para realização de

mais investigações e evidencias cientificas envolvendo essa temática.

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Uma limitação desse estudo refere-se a lacuna da falta de evidências cientificas

em âmbito nacional sobre dor e estresse de RNPT. Além dessa, as referências

internacionais não abordam a avaliação do estresse a partir de análise de cortisol em

amostra de diurese e sim em amostras salivares.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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BRASIL. Ministério da Saúde. 2012. Disponível em:

<http://portalsaude.saude.gov.br/index.php/cidadao/principal/agenciasaude/noticias-anteriores-agencia-saude/1793-rede-cegonha-busca-reduzir-indice-de prematuros> Acesso em: 20 mai. 2015

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PACHECO, Sandra Teixeira de Araújo; SILVA, Akla Martins da; LIOI, Aline; RODRIGUES, Thayse Apolinário Ferreira. O cuidado pelo enfermeiro ao recém-nascido prematuro frente à punção venosa. Rev. enferm. UERJ. v.20, n.3, p. 306-311.

CRUZ; Cibele Thomé da; STÜBE, Mariléia; BENETTI, Eliane Raquel Rieth; GOMES, Joseila Sonego; KIRCHNER, Rosane Maria; STUMM Eniva Miladi Fernandes. EVALUATION OF PAIN IN NEWBORNS HOSPITALIZED TO A NEONATAL INTENSIVE CARE UNIT. Português/Inglês Rev enferm UFPE on line., Recife, 9(7):8504-11 , jul., 201 5.

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ANEXOS

Anexo A

Escala para Avaliação de dor – NIPS Neonatal Infant Pain Scale

Parâmetro 0 ponto 1 ponto 2 pontos

Expressão facial Relaxada Contraída –

Choro Ausente “Resmungos” Vigoroso

Respiração Relaxada Diferente do basal –

Braços Relaxados Flexão ou extensão –

Pernas Relaxadas Flexão ou extensão –

Estado de alerta Dormindo ou calmo Desconfortável –

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ANEXO B - Carta de Aprovação da Direção da Associação Hospital de Caridade de

Ijuí

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Anexo C - Aprovação do Comitê de Ética e Pesquisa da Universidade Regional do

Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul

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APENDICES

APENDICE A - CARACTERIZAÇÃO SOCIODEMOGRÁFICA, CLÍNICA E

AVALIAÇÃO DA DOR DOS RÉCEM-NASCIDOS, PARTICIPANTES DA

PESQUISA, SUBMETIDOS À PUNÇÃO VENOSA.

1. Nome: (iniciais somente):

2. Sexo: ( ) Masculino ( )Feminino

3. Idade gestacional:

4. Tipo de parto:

5. Apgar:

6. Peso de Nascimento:

7. Peso Atual:

8. Motivo/Diagnóstico da Internação:

9. Acesso venoso: ( ) periférico ( ) central – (PICC) ( ) outro Qual?_______

10. Ventilação assistida:

11. Sondagens: ( ) orogástrica ( ) vesical de demora

12. Sedativo: ( ) sim ( ) não

Quais:

13. Uso de corticoide no pré-natal: ( ) sim ( ) não

Quais:

14. Avaliação da dor durante a punção venosa:_________

15. Avaliação da dor após punção venosa (30min após):___________

16. Local/região da punção venosa:

17. Núm.de tentativas de punção:

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APENDICE B - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Prezado (a) Senhor (a)

Estamos desenvolvendo uma pesquisa cujo título é “DOR E ESTRESSE DE RÉCEM-NASCIDOS SUBMETIDOS A PUNÇÃO VENOSA EM TERAPIA INTENSIVA.”. Este trabalho é fruto do Projeto de Dissertação de Mestrado Programa De Pós-Graduação Strictu Senso Mestração Em Atenção Integral, desenvolvido pela Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul – Unijuí e pela Universidade De Cruz Alta – Unicruz. Este é um convite para seu filho(a) participar desta pesquisa e cabe ao Senhor (a) decidir se ele (a) poderá participar. Se estiver interessado em participar, vai assinar este termo de assentimento. Se você decidir que seu filho(a) participe desta pesquisa, você deve rubricar (fazer uma assinatura abreviada) em todas as páginas e assinar a última para mostrar que concorda que ele(a) participe da pesquisa . Você e os pesquisadores deverão rubricar e assinar as duas vias deste documento e você ficará com uma via. A outra via ficará com o pesquisador responsável por um período de cinco anos e após será incinerada.

A pesquisa tem como objetivo geral: Avaliar, comparar a dor e os níveis de cortisol em recém-nascidos prematuros assistidos em uma Unidade de Terapia Intensiva Neonatal quando submetidos à punção venosa.

Considera-se que realizar essa pesquisa é importante no sentido de agregar conhecimentos, com o intuito de qualificar a assistência de enfermagem a recém-nascidos em terapia intensiva, a partir do uso de uma escala de avaliação da dor, bem como dos níveis de estresse, e comparação entre a dor e o estresse. Os resultados obtidos podem ser importantes e servir de subsidio para reflexões e discussões em terapia intensiva com vistas a qualificar a assistência, inclusive beneficiando os recém-nascidos em termos de recuperação, prevenção de complicações e possivelmente contribuir na redução do período de internação, com base nas inúmeras consequências da dor e do estresse no organismo.

A pesquisa caracteriza-se como um estudo descritivo, com delineamento transversal e abordagem quantitativa. Participarão da pesquisa todos os recém-nascidos pré-termos, internados na UTINP, no período de coleta de dados, mais especificamente nos meses de janeiro de 2016 a junho de 2016. Pretende-se utilizar como instrumentos de coleta de dados os seguintes: dados de identificação e sociodemográficos das crianças, obtidos diretamente dos prontuários das crianças. Para tanto, foi emitido o Termo de Sigilo dos Pesquisadores e a Escala NIPS - Neonatal Infant Pain Scale. Os dados que se pretende obter das crianças pesquisadas são os seguintes: idade gestacional, sexo, tipo de parto, peso ao nascer, motivo/diagnóstico da internação na UTIN, acesso venoso, ventilação assistida; sondagens, uso de sedativos, uso de corticoide no pré-natal.

A Escala NIPS refere-se à avaliação da dor das crianças pesquisadas, tomando por base os seguintes parâmetros comportamentais e fisiológicos: expressão facial, choro, respiração, braços, pernas e estado de consciência. Esses parâmentros serão somente observados nos récem-nascidos e lactentes, pela pesquisadora e demais membros da equipe.

Os riscos que os RN participantes da pesquisa poderão sofrer quanto ao uso da Escala, os mesmos estão relacionados a possíveis erros na própria aplicação. Com o intuito de reduzi-los a pesquisadora realizara um treinamento com as bolsistas de iniciação cientifica, para esclarecimentos com acompanhamento.

Quanto à coleta de diurese para analise de cortisol, os riscos estão relacionados à identificação incorreta dos sacos coletores. Com vistas a minimizar esse risco, as bolsistas de iniciação cientifica serão previamente esclarecidas pela pesquisadora sobre o cuidado na identificação correta dos bebês nos coletores de diurese, antes e depois do procedimento de punção venosa.

No que tange aos benefícios aos participantes da pesquisa, considera-se importante pontuar que os pais serão previamente esclarecidos quanto a não existência de benefícios diretos pelo fato deles permitirem que os bebês participem da pesquisa. Considera-se que os benefícios

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da pesquisa estão centrados na conscientização e sensibilização de profissionais que atuam em terapia intensiva neonatal no que tange a avaliação e tratamento da dor e do estresse, com vistas a implementação de medidas não farmacológicas e farmacológicas, para o alivio dos mesmos, ciente de que tanto a dor quanto o estresse ela interfere no desenvolvimento neuropsicomotor dos bebês.

Ressalta-se que os dados de identificação e sociodemográficos dos recém–nascidos e lactentes, bem como dados referentes à aplicação da Escala NIPS e os resultados de analise de adrenalina e cortisol na diurese, serão guardados pela pesquisadora por um período de cinco anos e após incinerados pela mesma. Nós pesquisadores garantimos que o anonimato de seu (sua) filho (a) está assegurado e as informações obtidas serão utilizadas apenas para fins científicos vinculados a este projeto de pesquisa; podendo você ter acesso as suas informações e realizar qualquer modificação no seu conteúdo, se julgar necessário. Seu (sua) filho (a) tem liberdade para recusar-se a participar da pesquisa, ou desistir dela a qualquer momento sem que haja constrangimento, podendo você solicitar que as informações sejam desconsideradas no estudo.

Está garantido que seu (sua) filho (a) não terá nenhum tipo de despesa financeira durante o desenvolvimento da pesquisa, como também, não será disponibilizada nenhuma compensação financeira. Eu, Cibele Thomé da Cruz, bem como minha orientadora Eniva Miladi Fernandes Stumm assumimos toda e qualquer responsabilidade no decorrer da investigação e garantimos que as informações somente serão utilizadas para esta pesquisa, podendo os resultados virem a ser publicados. Se houver dúvidas quanto à participação de seu (sua) filho (a) poderá pedir esclarecimento a qualquer um de nós, nos endereços e telefones abaixo: Pesquisadoras: Professora Doutoranda Eniva Stumm - UNIJUI -Campus Universitário. Ijuí/RS. Fone: 3332-0460 e celular (55) 9971-7239. Estudante de Enfermagem Cibele Thomé da Cruz: UNIJUÌ -Campus Universitário. Ijuí/RS. Fone: (55) 9191-8128. Ou ao Comitê de Ética em Pesquisa da UNIJUI - Rua do Comércio, 3.000 - Prédio da Biblioteca - Caixa Postal 560 - Bairro Universitário - Ijuí/RS CEP 98700-000. Fone/fax (55) 3332-0301, e-mail: [email protected]. O presente documento foi assinado em duas vias de igual teor, ficando uma com o pai ou responsável e outra com o pesquisador responsável. Eu, _________________________________________, CPF_____________________, ciente das informações recebidas concordo que meu (minha) filho (a) em participar da pesquisa, autorizando-os a utilizar as informações por ele (a) concedidas e/ou os resultados alcançados. ___________________________ _________________________ Eniva Miladi Fernandes Stumm Cibele Thomé da Cruz CPF-30809991004 CPF 004975910-81 ________________________ Responsável pela criança CPF

Ijuí,_____de_______________de 2016.

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APENDICE C – TERMO DE SIGILO DOS PESQUISADORES

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