51
RODRIGO ANDRÉ PEREIRA ANGREVES CICLOLAZER EM CURITIBA Monografia apresentada como requisito parcial para conclusão do Curso de Bacharelado em Educação Física, Setor de Ciências Biológicas, da Universidade Federal do Paraná. CURITIBA 2013

CICLOLAZER EM CURITIBA - ciclovida.ufpr.br · CICLOLAZER EM CURITIBA Monografia apresentada como requisito parcial para conclusão do Curso de Bacharelado em Educação Física, Setor

  • Upload
    hadiep

  • View
    215

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

RODRIGO ANDRÉ PEREIRA ANGREVES

CICLOLAZER EM CURITIBA

Monografia apresentada como requisito parcial para conclusão do Curso de Bacharelado em Educação Física, Setor de Ciências Biológicas, da Universidade Federal do Paraná.

CURITIBA

2013

2

RODRIGO ANDRÉ PEREIRA ANGREVES

CICLOLAZER EM CURITIBA

Monografia apresentada como requisito parcial para conclusão do Curso de Bacharelado em Educação Física, Setor de Ciências Biológicas, da Universidade Federal do Paraná.

Orientador: Professor Dr. Sergio Roberto Abrahão

CURITIBA

2013

3

DEDICATÓRIA

Dedico essa monografia aos ciclistas curitibanos, que hoje em dia sofrem pela

falta de educação de quem está de automóvel. Também aos ciclos-ativistas que

lutam incansavelmente pelos direitos que qualquer cidadão ciclista tem de usufruir

esse meio de transporte. Ao pessoal da SMELJ, que me deu a oportunidade de

cooperar com um assunto inovador na cidade de Curitiba.

Dedico também a minha falecida avó, Maria das Neves Angreves, que

sempre me incentivou aos estudos e sempre sonhou em estar na minha formatura.

Tenho certeza que aonde é quer que esteja sempre esteve ao meu lado.

4

AGRADECIMENTOS

Agradeço aos meus pais, Geni e Ademar, pelo incentivo ao estudo, pelas

lições, pelo apoio que me foi dado durante esses quatro anos e pela vida inteira,

pelo exemplo de pessoas que ambos sempre foram e irão ser, pela base que

sempre me deram, com certeza sem vocês nada disso estaria acontecendo.

Agradeço a minha namorada, Jéssica, por estar do meu lado sempre, desde

quando começou essa minha trajetória na faculdade, nos momentos difíceis sempre

me colocando pra cima, me ajudando em tudo que eu precisei, ter você ao meu lado

com certeza foi essencial para a conclusão de mais uma etapa, e esse trabalho foi

facilitado graças a você amor.

Agradeço também a parte da minha família que reside em Santa Catarina, por

sempre estar me apoiando e passar a confiança para que cada dia eu ficasse mais

empolgado com o curso e com a minha profissão.

Agradeço aos meus amigos André e Mayara que desde o ensino médio me

apoiaram e me ajudaram a lutar por uma universidade, e que sempre se dispuseram

da amizade, aos colegas que viraram irmãos durante a graduação, principalmente

Julio, Guilherme, Ericsson, Eduardo, Guilherme e Felipe, Edson e Tiago.

Agradeço aos profissionais com quem tive a oportunidade de trocar

experiências, aos professores que sempre passavam seu conhecimento com

sabedoria.

Agradeço á um dos grandes homens que conheci na UFPR, José Carlos

Assunção Belotto, que me deu a oportunidade nesses quatro anos de graduação de

fazer projeto de extensão no seu laboratório e no seu projeto Ciclovida, e poder

observar e ajudar o seu trabalho.

Agradeço especialmente ao meu orientador Professor Doutor Sergio Abrahão,

que sempre estava do meu lado para dúvidas, sempre auxiliando.

5

O único lugar onde o sucesso vem antes do trabalho é no dicionário.

Albert Einstein

6

RESUMO

A pesquisa vai ser abordada em torno do Ciclolazer na cidade de Curitiba, que é realizada pela SMELJ (Secretaria Municipal de Esportes e Lazer e Juventude). Este projeto consiste em uma utilização de alguma área pública aonde existe um tráfego grande de veículos automotores, para ter uma conversão para a área de lazer, recreação e educação para o trânsito. No nosso mundo atual a vida é cada vez mais corrida, e a necessidade de todos usarem veículos automotores aumentou assustadoramente, pois além de todas essas razões á facilidade de ter um carro, por exemplo, por ser grande e qualquer um pode adquirir. Esse é apenas um dos motivos para mostrar que a bicicleta é uma saída viável para o estresse diário no trânsito, aumentando a qualidade de vida, pois com o uso da bicicleta diariamente a pessoa além de estar se locomovendo está praticando uma atividade física para se manter bem de saúde.

Palavras Chave: Bicicleta, Ciclolazer, Trânsito.

7

ABSTRACT

The research will be addressed around the Cycle-leisure in the city of Curitiba, which is held by SMELJ (Municipal Sports and Leisure and Youth). This project consists of a use of a public area where there is a large traffic of motor vehicles to have a conversion to area recreation and traffic education. In today's world life is increasingly race, and the need for everyone to use motor vehicles has increased dramatically, because besides all these reasons the ease of having a car, for example, is very large, and anyone can purchase. This is just one of the reasons to show that cycling is a viable outlet for daily stress in traffic, increase quality of life, since using the bike daily in addition to being the person moving around is practicing a physical activity to keep good health.

Keywords: Bicycle, Ciclolazer, transit.

8

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

FIGURA 1 .................................................................................................................... 12

FIGURA 2 .................................................................................................................... 13

FIGURA 3 .................................................................................................................... 15

FIGURA 4 .................................................................................................................... 16

FIGURA 5 .................................................................................................................... 17

FIGURA 6 .................................................................................................................... 18

FIGURA 7 .................................................................................................................... 20

FIGURA 8 .................................................................................................................... 21

FIGURA 9 .................................................................................................................... 23

FIGURA 10 .................................................................................................................. 24

FIGURA 11 .................................................................................................................. 26

FIGURA 12 .................................................................................................................. 28

FIGURA 13 .................................................................................................................. 31

FIGURA 14 .................................................................................................................. 35

FIGURA 15 .................................................................................................................. 38

FIGURA 16................................................................................................................... 39

FIGURA 17 .................................................................................................................. 41

FIGURA 18 .................................................................................................................. 42

FIGURA 19 .................................................................................................................. 43

FIGURA 20................................................................................................................... 44

FIGURA 21................................................................................................................... 45

FIGURA 22................................................................................................................... 46

9

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 10

2 A BICICLETA ......................................................................................................... 12

2.1 COMO TUDO COMEÇOU. ................................................................................. 13

2.2 A BICICLETA PERANTE O MUNDO ................................................................. 23

2.3 BICICLETAS NO BRASIL ................................................................................. 28

2.4 ESPORTE E BICICLETA ................................................................................... 33

3 BICICLETAS EM CURITIBA ................................................................................ 37

3.1 CURITIBA: REDE CICLOVIÁRIA ...................................................................... 40

3.1.2 CICLOFAIXA ................................................................................................... 42

4 CICLOLAZER ....................................................................................................... 44

CONCLUSÃO ........................................................................................................... 47

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 49

10

1 INTRODUÇÃO

Segundo RECHIA (2003, p.) Curitiba desenvolveu sua forma identitária a

partir do planejamento urbano valorizando a preservação da natureza e a

constituição de espaços públicos de lazer. Tais espaços oportunizam ainda uma

aproximação cotidiana entre sujeito e natureza, pelas experiências no âmbito do

lazer e da cultura. Ou seja, nossa cidade deu exemplo para o Brasil e para o mundo

em questão da mobilidade urbana, pois com propostas que visavam e ainda visam à

preservação da natureza, se tornou um modelo.

A cidade moderna pode ser compreendida como um espaço denso, dotado

de diversificadas funções, por meio das quais se estabelecem múltiplas práticas

sociais, fundamentais para a construção da identidade e do exercício da cidadania

(RECHIA, 2003).

No mundo globalizado de hoje em dia, se pode perceber o tamanho da frota

de veículos em qualquer cidade do mundo, especificamente nas do Brasil. Como já é

repassado para as pessoas desde o ensino fundamental, os veículos automotores

podem ter suas facilidades de rapidez, por exemplo, porém com o tamanho da frota

que se tem nas cidades hoje em dia, ficamos presos no trânsito, pela alta

quantidade de veículos, principalmente nos horários de “Rush”. Em vários estudos, e

na prática mostram que a bicicleta é um meio muito viável para a sociedade em que

vivemos hoje em dia.

No caso de Curitiba, temos o transporte coletivo como referência para várias

outras cidades; com seus expressos articulados e bi-articulados, as linhas de ônibus

se completam unindo toda a cidade. A promoção da mobilidade sustentável requer

ênfase no transporte público coletivo e nos meios não motorizados e não no

transporte individual, o que significa, ao mesmo tempo, a adoção de uma política

publica com orientação de inclusão social, de racionalidade de investimentos

públicos e de redução de congestionamentos, poluição e acidentes (JOUKOSKI,

2013).

A inclusão da bicicleta como modal de transporte regular nos deslocamentos

urbanos deve ser abordada considerando o novo conceito de Mobilidade Urbana

Sustentável, e também por representar a redução do custo da mobilidade para as

11

pessoas (BELOTTO, 2009). Porém a implantação da bicicleta como meio de

transporte na cidade de Curitiba é um processo longo e demorado pois além de tudo

é preciso se criar uma nova cultura na cidade para que esta idéia seja implantada e

ser executada com sucesso.

A bicicleta também é uma forma de economizar renda, pois o seu usuário

estará economizando com a passagem de transporte coletivo ou com o combustível,

manutenção e estacionamento. Ainda quem usa a bicicleta como meio de transporte,

além de colaborar com a sua própria saúde, colabora com o meio ambiente, pois

não estará poluindo. Com isso estará ajudando a promover a saúde do restante da

população, além de ocupar menos espaço urbano e colaborar para a diminuição dos

congestionamentos (JOUKOUSKI, 2013).

Pelas informações adquiridas, surgiu o interesse desta temática, pois desde

o começo do ano de 2010 este pesquisador se envolveu muito na cultura da bicicleta

na cidade de Curitiba. Este envolvimento ocorreu através do projeto Ciclovida, que

tem como seu coordenador José Carlos Assunção Belotto um dos pioneiros ativistas

da bicicleta na cidade e no estado. Este projeto tem como principal objetivo mostrar

para a comunidade acadêmica da UFPR e também para pessoas fora dela, que a

bicicleta pode ser sim uma boa solução para quem quer fugir dos

congestionamentos diários, economizar no transporte público e claro ajudar a não

poluir o planeta, pois é uma forma de se locomover totalmente limpa.

12

2 BICICLETA

Veículo de duas rodas movido à propulsão humana que com o passar dos

anos, esse veículo deixou de ser um simples meio de transporte passando a serem

modalidades esportivas em que são divididas em várias modalidades.

Com o passar dos anos ela teve muitas evoluções, como por exemplo: Pneus

com câmaras de ar, amortecedores dianteiro e traseiro; bancos (selin) antômicos, e

muito mais. Isso tudo sem contar que sua "ergonometria", teve grande evolução, e

ainda hoje é fonte de pesquisas e muito indicada como prática regular de esporte.

A invenção da bicicleta como meio de locomoção é algo muito difícil de

precisar no tempo. Vários autores defendem que a bicicleta surgiu pela mão do

conde francês Mede de Sivrac, outros consideram que a sua criação é posterior

aquela data.

No entanto existem registros de que os antigos egípcios já conheciam aquele

meio de locomoção, ou pelo menos já idealizavam nos seus hieróglifos a figura de

um veículo de duas rodas com uma barra sobreposta.

FIGURA 1 FONTE: http://www.bnbike.com.br/images/p002_1_05.png

13

FIGURA 2 FONTE: Escola da Bicicleta (2013)

2.1 COMO TUDO COMEÇOU

O primeiro projeto conhecido de uma bicicleta é um desenho de Leonardo da

Vinci sem data, mas de aproximadamente 1490, o qual só foi descoberto em 1966

por monges italianos. Os princípios básicos de uma bicicleta estão lá: duas rodas,

sistema de direção e propulsão por corrente, além de um selim. Mas o

posicionamento do eixo de direção faz com a bicicleta dobre no meio, o que teria

feito que qualquer um tivesse muita dificuldade em manter o equilíbrio.

O alemão Barão Karl Von Drais, engenheiro agrônomo e florestal pode ser

considerado de fato o inventor da bicicleta moderna. Em 1817 instalou em um

celerífero um sistema de direção que permitia fazer curvas e com isto manter o

equilíbrio da bicicleta quando em movimento. Além do mais a “draisiana” tinha um

rudimentar sistema de freio e um ajuste de altura de selim para facilitar o seu uso por

pessoas de diversas estaturas. A possibilidade de sentar-se num selim parecido a

uma sela de cavalo e apoiar os pés no chão, permitia ao condutor o controle da

situação. O princípio para movimentá-la era bastante simples: sentado no selim da

14

draisiana com os pés apoiado no chão bastava sair andando ou correndo até que se

chegasse ao equilíbrio. A novidade foi patenteada em 12 de janeiro de 1818. A partir

daí o Barão Von Drais passa a viajar pela Europa fazendo contatos para mostrar o

seu produto, mas suas qualidades de vendedor eram ruins e ele acabou

ridicularizado e falido.

Na última década do século dezenove começa o declínio dos biciclos de roda

grande e o fortalecimento das bicicletas de segurança, que no fundo é a bicicleta

que se conhece hoje. Sua configuração com duas rodas do mesmo tamanho e o

ciclista pedalando entre elas resolve definitivamente o grave problema de equilíbrio

que existe nos biciclos de roda grande. Tudo isto faz a bicicleta ser um modo de

transporte simples, eficiente, mais seguro, confortável e barato que o biciclo,

transformando-a em um transporte de massa. A bicicleta é levada a todas as partes

do mundo com aceitação que varia de local para local, mas no geral se populariza.

Segundo Joukoski (2013), é interessante pensar que a idéia de uma bicicleta

pode ter surgido por meio de um brinquedo, e acompanhado o homem ao longo de

sua história, mesmo que não tenha provas documentadas dessa influência na

construção do que hoje denominamos bicicleta. Belotto (2009), diz que antes mesmo

de Da Vinci já existiam brinquedos de duas rodas. Há referências em pinturas feitas

em vasos,murais e relevos. Talvez houvesse a transmissão de alguma cultura falada

sobre veículos de duas rodas e é muito possível que alguns desses brinquedos

tenham existido de fato, mas não há uma documentação sequer e não deve ser

influenciado as idéias e projetos exteriores.

A história da bicicleta começa de fato com a criação de um brinquedo, o "celerífero", realizado pelo Conde de Sivrac. Construído todo em madeira, constituído por duas rodas alinhadas, uma atrás da outra, unidas por uma viga onde se podia sentar. A máquina não tinha um sistema de direção, só uma barra transversal fixa à viga que servia para apoiar as mãos. A brincadeira consistia em empurrar ou deixar correr numa descida para pegar velocidade e assim tentar manter-se equilibrado de maneira muito precária por alguns metros. Pelos desenhos existentes sabe-se que era muito pesada e rígida, e com o piso irregular das ruas e estradas de terra devia pular e socar o passageiro. Como não tinha freio e sistema de direção quem a experimentou descobriu o "prazer" do medo de um tombo ou colisão eminente e praticamente inevitável. ( )

Essas primeiras formas de apropriação da bicicleta eram rudimentares,

perigosas e tinham como base o equilíbrio do indivíduo que brincava, pois o

15

equipamento não contribuía muito para a ação pois não possuía comandos de

direção. Dessa maneira tornava o movimento e o exercício com o novo modal

dificultado, pois exige o mínimo de equilíbrio para que se execute essa ação.

FIGURA 3 FONTE: BELOTTO (2009)

Um dos maiores inventos depois da roda, sem dúvida, foi à bicicleta. Em

antiguidade ela antecedeu aos motores a vapor e a explosão, além de ser

considerada o “primeiro veículo mecânico” para o transporte individual. De

construção bastante simples (duas rodas fixas no mesmo plano) mediante traves

cavilhadas – duas para cada roda. Para movimentá-la, seu condutor, sentado sobre

o quadro, dava passadas à esquerda e à direita até obter a velocidade desejada

para o seu deslocamento.

Seu inventor, o Conde francês JH De Civrac, em 1791, deu-lhe o nome

de “Celerífero”. Este invento era rude, composto por uma trave de madeira

prolongada por uma cabeça de animal e colocada sobre duas rodas, também de

madeira, uma atrás da outra, com direção fixa. A arrancada era dada com os pés

firmes no chão os quais o impulsionavam com a ajuda de alguém que empurrasse,

pois não tinha tração na roda como as de hoje. O Modo de mover-se era simples,

pois era apenas correr a grandes passadas e com isso se chegava a uma

16

velocidade média de 8 ou 9 km/h. Não devia ser nada cômodo, pois os impactos

sofridos pelo celerífero abalavam diretamente o motorista por falta de um

amortecimento.

FIGURA 4 FONTE: Escola da Bicicleta

Em 1817 instalou em um celerífero um sistema de direção que permitia fazer curvas e com isto manter o equilíbrio da bicicleta quando em movimento. Além do mais a “draisiana” vinha com um rudimentar sistema de freio e um ajuste de altura do selim para facilitar o seu uso por pessoas de diversas estaturas. A possibilidade de sentar-se num selim parecido a uma sela de cavalo e apoiar os pés no chão, de direcionar a máquina e manter o equilíbrio por longos trechos, e ainda frear, permitia ao condutor o controle da situação e uma sensação conforto e segurança. O princípio para movimentá-la era bastante simples: sentado no selim da draisiana com os pés apoiados no chão bastava sair andando ou correndo até que se chegasse ao equilíbrio. A partir daí o condutor levantava os pés até que fosse necessário mais impulso para manter a velocidade e o equilíbrio. No plano, conforme a situação do piso, era possível ir mais rápido do que a pé. Nas descidas a velocidade era quase impensável para a época. ( )

A partir desse momento podemos observar e dar um grande destaque a

importância que o movimento corporal e o equilíbrio do corpo humano para que o

indivíduo conseguisse manter-se em cima da bicicleta, sendo assim inferimos que

as habilidades motoras eram desenvolvidas de forma lúdica, livre de regras, de

17

exercícios específicos, além disso, essa natureza lúdica faz do homem capaz de

aprender por meio de uma simples brincadeira.

FIGURA 5 FONTE: Escola da Bicicleta

Pierre Michaux, um carroceiro da cidade de Brunel, França, recebeu em sua

oficina uma draisiana para reparos, depois de pronta colocou seu filho para usá-la e

este a achou muito cansativa. Michaux, então, passou a pensar em algum sistema

de propulsão que fosse ligado diretamente a roda dianteira e fizesse o deslocar da

máquina mais fácil. Acabou redesenhando todo projeto original da draisiana, criando

um quadro de ferro e um sistema de propulsão por alavanca e pedais na roda

dianteira. Estava criado o que viria a ser chamado de “velocípede”. Michaux teve a

esperteza de dar um de seus velocípedes para o filho de Napoleão e isto abriu as

portas comerciais para o seu produto.

Pierre Lallement, ferreiro e carroceiro francês, afirmava ter inventado a

mesma máquina antes de Michaux. Ele acaba se mudando para os Estados Unidos,

aonde veio fabricar seus velocípedes, com patente requerida em 1866, mas seus

negócios não foram bem e acabou falido. Hoje se sabe que houve bicicletas e

velocípedes com pedais anteriores às de Michaux ou Lallement, como um modelo

feito por Philipp Moritz Fiher em 1853. Durante a revolução industrial rapidamente os

veículos movidos a propulsão humana ganharam espaço e atenção do público,

acabando por aparecer com destaque nas grandes exposições da época. Já na

exposição de Paris em 1868 fica muito clara a importância que biciclos, bicicletas,

triciclos, sociáveis e outras variantes tomariam no mercado francês e logo em toda a

Europa. Neste mesmo ano foi levado para a Inglaterra um biciclo Michaux.

18

James Starley, um apaixonado por máquinas e responsável pelo

desenvolvimento das máquinas de costura fabricadas pela Coventry, decidiu

repensar este biciclo e acabou criando um modelo completamente diferente. Tinha

construção em aço, com roda raiada, pneus em borracha maciça e um sistema de

freios inovador. Sua grande roda dianteira, de 50 polegadas ou aproximadamente

1,25 cm, fazia dela a máquina de propulsão humana mais rápida até então

fabricada.

Como os pedais são fixos no eixo da roda, quanto maior o diâmetro da roda

maior é à distância percorrida em cada giro desta, portanto, maior a velocidade em

cada pedalada. As rodas, a partir de então, seriam fabricados com medidas que

atendiam ao comprimento da perna do ciclista. O modelo foi patenteado em 1970

quando Starley deixa a Coventry e funda a marca Ariel, que coloca seus biciclos a

venda por oito libras em 1871, preço que poucos podiam pagar.

FIGURA 6 FONTE: Escola da Bicicleta

A Revolução industrial começa de fato no século XVIII, mas foi o século XIX

um momento muito especial na história da humanidade, com uma impressionante

19

revolução de idéias, conceitos, inúmeras realizações e transformações sociais. As

grandes capitais do mundo passaram a realizar grandes exposições que mostravam

o que de mais moderno havia. Foram construídos magníficos locais de exposição

que algumas vezes permaneciam em pé somente durante o tempo de abertura do

evento. Para se ter idéia do tamanho e importância destes eventos basta dizer que a

Torre Eiffel nasceu para fazer parte da Exposição Universal de 1889 e que depois do

encerramento do evento deveria ter sido desmontada. O monumental pavilhão da

exposição foi demolido e a Torre Eiffel foi mantida e se tornou marco da

humanidade.

Rapidamente os veículos movidos à propulsão humana ganharam espaço e

atenção do público, acabando por aparecer com destaque nas grandes exposições.

A criatividade de então não tinha limites e muito dos mecanismos, peças

engenhocas que usamos hoje nasceram nesta época, muitas delas voltadas para

veículos movidos à propulsão humana.

Já na exposição de Paris de 1868 fica muito claro a importância que biciclos,

bicicletas, triciclos, sociáveis e outras variantes tomaria no mercado francês e logo

em seguida em toda Europa. Neste mesmo ano foi levado para a Inglaterra um

biciclo Michaux. James Starley, um apaixonado por máquinas e responsável pelo

desenvolvimento das máquinas de costura fabricadas pela Coventry, decidiu

repensar este biciclo e acabou criando um modelo completamente diferente. Tinha

construção em aço, com roda raiada, pneus em borracha maciça e um sistema de

freios inovador. Sua grande roda dianteira, de 50 polegadas ou aproximadamente

1,25 cm, fazia dela a máquina de propulsão humana mais rápida até então

fabricada. Como os pedais são fixos ao eixo da roda, quanto maior o diâmetro da

roda maior é a distância percorrida em cada giro desta, portanto maior a velocidade

alcançada em cada pedalada. As rodas a partir de então seriam fabricadas com

medidas que atendiam ao comprimento da perna do ciclista. O modelo foi

patenteado em 1870 quando Starley deixa a Coventry e funda a marca Ariel, que

coloca seus biciclos a venda por 8 libras em 1871, um preço que poucos podiam

pagar.

20

FIGURA 7 FONTE: Escola da Bicicleta

No site A Escola da Bicicleta (2012), conta o momento em que se introduz a

bicicleta como um meio importante para as pessoas. Por ser importante e já se

tornando essencial para a locomoção, foi questionada a segurança. Passadas

décadas do surgimento dos veículos de duas rodas e propulsão humana a imagem

Deixada pelos biciclos na maioria da população era de insegurança. Na última

Década do século XIX começa o declínio dos biciclos de roda grande e o

fortalecimento das bicicletas de segurança. O problema com os biciclos é sua

insegurança. Seu condutor pedala sentado praticamente sobre o eixo da roda

dianteira e quando esta, por dificuldade de ultrapassar qualquer obstáculo maior,

perde velocidade bruscamente arremessa o ciclista para frente e para o chão. Como

a altura do selim era alta o tombo geralmente tinha consequências sérias.

A questão da insegurança só foi resolvida com a introdução do que é

chamada de "bicicleta de segurança", que no fundo é a bicicleta que conhecemos

hoje. Sua configuração com duas rodas do mesmo tamanho e ciclista pedalando

entre elas resolve também definitivamente o grave problema de equilíbrio existente

21

nos biciclos de roda grande. Ter um comportamento previsível e relativamente

seguro para o condutor.

FIGURA 8

FONTE:Escola da Bicicleta

O outro ponto importante para seu sucesso é a simplificação dos processos

de produção, portanto diminuição de preço final. As rodas de uma bicicleta de

segurança são ambas do mesmo tamanho. Fabricar e montar uma roda é sempre

um processo trabalhoso e demorado e a padronização de tamanho facilita muito não

só na produção da roda em si, mas em todo o processo de construção porque

uniformiza também o tamanho dos tubos usados para garfo e quadro.

Tudo isto transforma a bicicleta em um modo de transporte simples, eficiente, mais

seguro, confortável e barato que o biciclo. O transforma em um transporte de massa.

A bicicleta é levada a todas as partes do mundo com aceitação que varia de local

para local, mas no geral se populariza (Escola da Bicicleta, 2012).

A questão do conforto ainda era pendente. Com a diminuição do diâmetro

das rodas a sensibilidade da bicicleta para irregularidades e buracos aumentou, e

junto o desconforto do ciclista. Tentou-se de tudo para melhorar o conforto, de

sistemas de molas no selim, rodas com dois aros concêntricos e molas, garfos com

suspensão e até mesmo quadros completamente articulados. Mas é em 1888 que

um inglês, John Boyd Dunlop patenteou o pneu com câmara de ar. Primeiro fora

22

testadas em competições com total sucesso, para depois ser colocadas a venda.

Pouco depois, em 1891, Edouard Michelin, Francês, aparece nas competições com

seus pneus sem câmara de ar. O domínio na tecnologia na transmissão por corrente

também fez grande diferença porque esta cria um efeito elástico que diminui trancos

nos pés e joelhos do ciclista. A bicicleta passaria a ser mais suave de

conduzir. Todos estes melhoramentos tecnológicos derrubaram em parte a visão de

dificuldade de condução, insegurança e incomodo que foi formado nos tempos do

biciclo e das primeiras bicicletas, o que fez com as novas bicicletas se

popularizassem.

Os veículos de duas rodas não demoraram nada a chegar ao Oriente.

Pouquíssimo tempo depois do surgimento da Draisiana já havia algumas rodando no

Japão. Existem várias referências em desenhos e gravuras. É sabido que

colonizadores e missionários levaram a novidade também para a China e muito

provavelmente Índia. Desde o primeiro contato com os veículos movidos a propulsão

humana de duas ou mais rodas os japoneses sempre lhes deram muita importância.

Logo estavam fabricando seus próprios modelos e o interessante é que eram

praticamente miniaturas dos europeus, simplesmente para atender a estatura média

japonesa, que é bem menor que a de franceses ou ingleses.

Mesmo antes do fim do século XIX já fabricavam bicicletas com excelente

qualidade. Em 1892 Eisuke Miyata, um fabricante de armas inicia a produção de

bicicletas e a partir daí o Japão entrará no mercado mundial de bicicletas, peças e

assessórios primeiro fabricando produtos mais simples e alguns de qualidade

duvidosa. Depois das guerras, principalmente da Segunda Guerra Mundial,

passaram a usar sucata reciclada como material, e acabaram criando modelos

interessantes, principalmente em alumínio aeronáutico.

A partir de 1970 passaria a alcançar um excelente nível de precisão e

durabilidade e seus produtos se transformariam em referência de qualidade. Se a

princípio os produtos eram cópias dos europeus e americanos, com o tempo vão

ganhando vida e tecnologia próprias. Dois grandes fabricantes viram referência,

primeiro a Suntour e depois a Shimano que a partir do final da década de 80

passaria a dominar completamente o mercado mundial de peças de qualidade,

chegando a ser responsável por 95% do comercializado.

23

FIGURA 9 FONTE: Escola da Bicicleta

2.2 A BICICLETA PERANTE O MUNDO

JOUKOSKI (2013) diz que ao longo da evolução das cidades em diversos

países do mundo, a bicicleta sempre esteve presente. Muitas cidades apresentam

uma forte cultura do uso da bicicleta em sua história, seja como mobilidade urbana

ou como lazer. Essa cultura se espalha por diversas culturas européias, que tem

implementado nas políticas de planejamento urbano e construção de ciclofaixas,

ciclovias, faixas compartilhadas.

Copenhagen, nos últimos 40 anos, foi sendo fechada aos automóveis e a

infra-estrutura de apoio aos ciclistas foi ampliada, sendo9 assim o uso da bicicleta

representa a soma da vontade política e da cultura ciclística centenária, valorizando

a opinião e a necessidade dos usuários no planejamento urbano. Já em Amsterdã,

na década de 70, uma forte campanha de incentivo ao uso da bicicleta foi realizada

na tentativa de soluções alternativas para o trânsito, e hoje metade da população

24

usa a bicicleta todos os dias através da rede cicloviária que cobre toda a cidade e

proporciona um deslocamento seguro.

Figura 10 FONTE: www.euvoudebike.com

Em uma conclusão muito bem formatada, Belotto (2009) diz que a Holanda,

atualmente, é o país no qual mais se usa bicicleta no mundo, além de uma infra

estrutura pensada no deslocamento diário do ciclista, existe uma forte cultura voltada

para a bicicleta. Diante de realidades totalmente diferentes em questões de

prioridade e necessidade, nos deparamos com a África, continente pobre, no qual a

bicicleta tem sua importância devido ao auxílio na busca por alimentos,

medicamentos, água, trabalho, etc.

Seguindo no caminho inverso em relação ao uso da bicicleta na cidade,

podemos citar a China, que tem mostrado um número decrescente de ciclistas. A

China historicamente é a potência das bicicletas, com um terço da frota mundial,

aproximadamente 650 milhões de bicicletas.

Londres conta com vários programas dedicados às bicicletas e a sua

promoção como meio efetivo de transporte. Desde 2003, na área central da cidade,

cobra-se pedágio urbano. O tráfego de bicicletas aumentou em 15%. Os acidentes

envolvendo ciclistas diminuíram em 8% e o comércio de triciclos de carga a pedal

25

triplicou. No verão de 2005, em virtude dos atentados terroristas também houve um

significante aumento o uso da bicicleta.

Em Paris, a legislação também é severa e um ciclista sem luzes, buzina ou

freios em más condições podem ser multados. A cidade conta com ciclovias e as

faixas seletivas para ônibus são para uso compartilhado com bicicletas. Aos

domingos e feriados, muitas ruas ao longo do Rio Sena ficam destinadas ao uso

exclusivo de pedestres, ciclistas e patinadores. A bicicleta já faz parte do turismo em

Paris. Enormes grupos de turistas podem ser vistos pedalando pela cidade e durante

a primavera a oferta deste serviço é enorme. Existe um plano ambicioso em estudo

que deve ser posto em prática, brevemente, chamado Plan Climat pour Paris. A idéia

é banir veículos mais poluentes das áreas centrais e criar soluções que facilitem os

espaços para pedestres e veículos à propulsão humana.

Em Estocolmo, Suécia, o uso da bicicleta cresceu 300% nos últimos cinco

anos, resultado da implantação de vias específicas acompanhadas de campanhas

de conscientização sobre os benefícios individuais, coletivos e para o meio

ambiente. Recentemente o pedágio urbano foi testado e aprovado em referendo

popular diminuindo o número de carros no centro em 25%.

Medidas assim também aparecem no sul da Europa. Madri acaba de lançar o

novo Plano Diretor da Mobilidade do Ciclista na Cidade. É um modelo de gestão

bem traçado e abrangente concebido para solucionar diferentes casos com

melhorias físicas, mudanças na legislação e programas de promoção. Está prevista

também a integração com o transporte público, além de bicicletas públicas para

aluguel ou gratuitas nas estações de trem e metrô. O empréstimo de bicicletas

ganha força em toda Espanha. Por necessidade o Japão adotou a bicicleta como

componente essencial de transporte. Limitações geográficas, alta densidade

demográfica e ausência de petróleo formam um ambiente propício para as pequenas

e eficientes bicicletas. De acordo com pesquisa realizada pelo Japan Guide, trens

são o mais popular meio de transporte no país. Para os estudantes a bicicleta fica

com a segunda colocação com 18% das viagens, com os trabalhadores elas caem

para terceira colocação com 9%, perdendo também para os carros particulares que

têm seu uso, apesar de crescente, desencorajado por um planejamento urbano que

adota medidas de moderação do tráfego, além de custos e taxas elevados.

26

Carros são de longe o meio de transporte mais comum nos Estados Unidos:

71% dos trabalhadores e metade dos estudantes se locomovem em automóveis,

apenas 1% das viagens é feita em bicicletas e o número de crianças indo à escola

pedalando tem caído drasticamente. Mais de cem milhões de americanos possuem

uma bicicleta. Com tantas delas circulando e um enorme consumo anual, o potencial

para crescimento de seu uso como meio de transporte diário é bem grande. Durante

a crise do petróleo na década de 1970, a venda de bicicletas cresceu de forma

extraordinária. Recentemente registrou-se um índice de crescimento similar,

aproximadamente 30% (ANTP, 2007).

Figura 11 FONTE:www.ideiasgreen.com.br

A promoção e o uso de bicicletas entre os norte-americanos estão muito

abaixo dos níveis europeus. No entanto, em 2006, a Liga de Ciclistas da América

nomeou 58 cidades como Comunidades Amigas da Bicicleta (cidades que implantam

ações pró-bicicleta), com alguns exemplos surpreendentes como Portugal e

Berkeley, que mostram um início de mudanças nos costumes do país que mais

depende do carro no mundo.

Na Cidade do México, o governador do Distrito Federal anunciou

recentemente que um impulso ao uso de bicicletas será prioridade em seu governo.

Foi anunciada uma série de projetos e programas para incentivar seu uso. Está

sendo traçado o Plano para Mobilidade por Bicicletas, cuja meta é que 0,7% de

viagens saltem para 2% em três anos e para 5% até 2012. Para promover uma

mudança de hábitos o exemplo partirá do próprio governo. A partir de abril de 2007,

27

em toda primeira segunda-feira do mês, todos os funcionários do governo deverão

chegar ao trabalho pedalando a fim de demonstrar a importância do uso de

bicicletas. Incentivos fiscais estão sendo estudados para as empresas que

estimularem seus funcionários a pedalarem para o trabalho. Reuniões com o metrô

têm o objetivo de ampliar o horário em que as bicicletas são aceitas nos trens, bem

como a oferta de bicicletários nas estações. Esta mudança de comportamento e

hábitos por um transporte alternativo é necessária e conta com a participação de

grupos da sociedade civil como o bicitekas. Não há como prosseguir na mesma

trajetória dos últimos anos, com um acréscimo anual de 200 mil veículos por ano às

ruas, o que aumenta cada vez mais o tempo dos deslocamentos (ANTP, 2007).

Em Bogotá, grandes mudanças foram implantadas no panorama da cidade no

início deste século pelo então prefeito Enrique Peñalosa. Onde havia avenidas foram

construídas ciclovias, calçadões, espaços públicos e corredores de ônibus

integrados às ciclovias por bicicletários. Tem uma malha cicloviária de mais de 330

km, utilizadas em 300 mil viagens ao dia. Nos dias de semana 40% dos carros são

proibidos de circular e uma vez por ano são totalmente proibidos durante o horário

comercial. Estas medidas transformaram Bogotá em um símbolo de que soluções

deste tipo podem ser adotadas por países em desenvolvimento com sucesso. Para

Peñalosa, 20% a 30% da importância de uma ciclovia está na segurança que ela

oferece ao ciclista e 70% a 80% pela igualdade social e respeito pela dignidade

humana que ela representa.

O Brasil segue o caminho mundial. Várias cidades já pensam a bicicleta como

veículo de transporte: Aracajú, Rio de Janeiro e Florianópolis são alguns importantes

exemplos nacionais da mobilidade por bicicleta. Estão implantando infra-estrutura

cicloviária planejada e já mostram ao resto do país resultados positivos. No dia 22 de

setembro de 2004, foi lançado o Programa Brasileiro de Mobilidade por Bicicleta –

Bicicleta Brasil, para promover um planejamento cicloviário que garanta

acessibilidade universal e minimize conflitos. Brasília conta, desde 2006, com o

Programa Cicloviário do Distrito Federal. São metas ambiciosas para promoção da

bicicleta na Capital Federal, lendariamente conhecida como “projetada para carros”.

Recentemente foi oficializada a criação do “Plano Cicloviário da Cidade de São

Paulo” e as bicicletas já estão sendo aceitas nos trens e metrôs aos sábados,

domingos e feriados.

28

Ao contrário do que as outras cidades brasileiras, Curitiba está atrasada em

relação à inclusão da bicicleta para seus habitantes. Há algumas décadas é taxada

como “Cidade Modelo” ou “Cidade Européia do Brasil” por sempre inovar nos seus

transportes públicos, e manter ações a favor do meio ambiente sempre atualizada,

Curitiba se esqueceu das bicicletas por muito tempo enquanto os automóveis

invadiam. Em 2013 com novas propostas, novos representantes, já surgiram várias

idéias e inovações para que a cidade volte a ganhar fama mundial, mais agora a

favor da bicicleta.

FIGURA 12 FONTE: www.gazetadopovo.com.br

2.3 BICICLETAS NO BRASIL

Segundo Souza, S.J. (2012), as primeiras bicicletas e biciclos chegaram ao

Brasil logo depois de inventados na Europa. Alguns enricados do eixo Rio de

Janeiro/São Paulo, assíduos frequentadores de Londres e Paris, certamente ficaram

curiosos com a novidade e adquiriram os biciclos que, poucos anos depois, foram

superados tecnologicamente pelas bicicletas. Estas sim ganharam pleno

reconhecimento enquanto veículo, no final do século 19, com a inclusão do ciclismo

29

na primeira Olimpíada da Era Moderna, realizada na cidade de Atenas, Grécia, em

1896.

No mês de junho desse mesmo ano foi inaugurado em São Paulo/SP o

Velódromo Paulista. O historiador Valter Fernandes Bustos, diretor do Museu da

Bicicleta de Joinville/SC e um dos poucos estudiosos da história da bicicleta no País,

conta que esse velódromo foi construído a pedido de Veridiana Valéria da Silva

Prado em sua chácara da Rua da Consolação, nas imediações da atual Praça

Roosevelt.

O Velódromo Paulista, baseado nas características e dimensões do

Velódrome Bufallo, de Paris, foi projetado e construído pelo arquiteto Tomaz

Gaudêncio Bezzi, famoso autor do projeto do Museu Paulista da USP, popularmente

conhecido como Museu do Ipiranga.

Segundo Valter Bustos, os primeiros biciclos começaram a chegar ao último

quarto do século 19 por intermédio das famílias mais abastadas de São Paulo. O

registro mais antigo que encontrou em suas pesquisas é o de Pradinho, Antônio da

Silva Prado Júnior, neto de Veridiana e apaixonado pelo ciclismo europeu,

principalmente da França, de onde trouxe seu primeiro biciclo e depois suas

bicicletas de competição. A avó, impressionada com a dedicação de Pradinho,

incentivou o esporte e contratou a construção daquele que foi primeiro velódromo da

América do Sul.

Na mesma, época existia na Praça da República, também em São Paulo, um

“Circo de Velocípedes”, que dava aulas de bicicletas e as alugava para os que já

sabiam utilizar o veículo. Nesse período, diz Valter Bustos, as bicicletas eram muito

caras e raras no País.

A popularização da bicicleta, em razão do fator custo, demorou muito para

acontecer. O veículo começou a fazer sucesso com a organização da primeira

edição da prova “Nove de Julho”, em 1933. Entretanto, as facilidades de sua

aquisição apareceram efetivamente depois da Segunda Guerra Mundial, a partir de

1950, período no qual a bicicleta se tornou um veículo acessível ao trabalhador e o

ciclismo esportivo ganhou certo destaque.

São poucos os trabalhos sobre a introdução e a difusão da bicicleta no Brasil.

O trabalho mais abrangente é do historiador Valter Bustos, que publicou o resultado

30

de suas pesquisas em 40 edições da revista Bicisport, no período de 1994/1996. Ele

concluiu que uma série de dificuldades criou obstáculos à implantação de um parque

industrial brasileiro voltado à produção de bicicletas nas primeiras décadas do século

20. Somente nos últimos anos de 1940 surgiriam as bases de uma indústria que se

deslancharia na década de 1950. Até então, pequenos empresários como a Família

Scattone, Miguel Chiara, Casa Luiz Caloi, Dimas & Felix Pneus e Artefatos Condor

importavam bicicletas, componentes e acessórios. Esses mesmos empresários

desenvolveram condições para produzir modelos de quadros e paralamas utilizados

em montagens próprias, alcançando excelente qualidade.

Em abril de 1948, a Monark e a Caloi, que antes também importavam marcas

européias de boa qualidade, iniciaram suas atividades comerciais e industriais. A

fabricação e comercialização de bicicletas no Brasil conheceram um verdadeiro

boom e, além das grandes marcas Monark e Caloi, apareceram fabricantes de

menor porte como a Role, Patavium, Pimont, Cacique, Göricke, Hélbia, Gallo,

Coringa, Regina, Erpe, Mercswiss, Tamoio, Celta, Vicory, Adaga, NB, Vulcão,

Bérgamo, Everest, Apolo, Bekstar, Bluebird, Scatt, Rondina, Wolf, Royal, Marathon,

Luxor, Centrum, Rivera e várias outras marcas. As bicicletas nacionais possuíam

nível de qualidade necessário para enfrentar a concorrência das importadas

provenientes da Inglaterra, Itália, França, Suécia e Alemanha, as quais podiam ser

compradas nos magazines Mesbla, Cássio Muniz, Lojas Pirani, Mappin e

Eletroradiobrás, na época.

31

FIGURA13 FONTE: Escola da Bicicleta

Muitas cidades brasileiras vêm apresentando crescente uso da bicicleta como

meio de transporte para o trabalho e para o estudo, além das atividades de lazer.

Entretanto, tais usos necessitam de tratamentos adequados, além de exigirem

32

políticas públicas específicas, diante do papel que a bicicleta desempenha nos

deslocamentos urbanos de milhões de pessoas.

A inclusão da bicicleta como modal de transporte regular nos deslocamentos

urbanos deve ser abordada considerando o novo conceito de Mobilidade Urbana

Sustentável, e também por representar a redução do custo da mobilidade para as

pessoas. Sua integração aos modos coletivos de transporte deve ser buscada

principalmente junto aos sistemas de grande capacidade.

A inserção da bicicleta nos atuais sistemas de transportes deve ser buscada

daqui em diante respeitando o conceito de Mobilidade Urbana para construção de

cidades sustentáveis. Dentro desta nova ótica, os novos sistemas devem incorporar

a construção de ciclovias e ciclofaixas, principalmente nas áreas de expansão

urbana. Torna-se necessária também na ampliação do provimento de infra-estrutura,

a inclusão do moderno conceito de vias cicláveis, que são vias de tráfego

compartilhado adaptadas para o uso seguro da bicicleta

Ao desenvolver o Programa Brasileiro de Mobilidade por Bicicleta, a SeMob

(Secretaria Nacional de Transporte e da Mobilidade Urbana) procura estimular os

Governos Municipais, Estaduais e do Distrito Federal, a desenvolver e aprimorar

ações que favoreçam o uso mais seguro da bicicleta como modo de transporte

(Coleção Bicicleta Brasil, 2007).

Objetivos do Programa Brasileiro de Mobilidade por Bicicleta:

• inserir e ampliar o transporte por bicicleta na matriz de deslocamentos

urbanos;

• promover sua integração aos sistemas de transportes coletivos, visando

reduzir o custo de deslocamento, principalmente da população de menor renda;

• estimular os governos municipais a implantar sistemas cicloviários e um

conjunto de ações que garantam a segurança de ciclistas nos deslocamentos

urbanos;

• difundir o conceito de mobilidade urbana sustentável, estimulando os meios

não motorizados de transporte, inserindo-os no desenho urbano.

Ações Previstas:

1. capacitação de gestores públicos para a elaboração e implantação de

sistemas cicloviários;

33

2. integração da bicicleta no planejamento de sistemas de transportes e

equipamentos públicos;

3. estímulo à integração das ações das três esferas de Governo;

4. sensibilização da sociedade para a efetivação do Programa;

5. estímulo ao desenvolvimento tecnológico;

6. fomento à implementação de infra-estrutura para o uso da bicicleta.

Instrumentos de Implementação:

1. publicação de material informativo e de capacitação;

2. realização de cursos e seminários nacionais e internacionais;

3. edição de normas e diretrizes;

4. realização e fomento de pesquisas;

5. implantação de banco de dados;

6. fomento à implementação de Programas Municipais de Mobilidade por

Bicicleta;

7. criação de novas fontes de financiamento;

8. divulgação das Boas Políticas.

2.4 ESPORTE E BICICLETA

Não podemos dizer fielmente aonde surgiu as primeiras modalidades

esportivas no Brasil relacionado a bicicleta, porém alguns autores como Duarte,

Orlando (2007) dizem que na capital de SP, foi onde surgiram os primeiros atletas e

o primeiro velódromo brasileiro. O Velódromo Paulista, como era chamado, sediou a

primeira prova oficial de ciclismo no Brasil, da qual participaram um pouco menos de

40 atletas.

Apesar de já possuir bicicletas no ano de 1896, o Brasil não esteve presente

nos primeiros Jogos Olímpicos da Era Moderna, em Atenas, na Grécia. Porém,

neste período, já funcionavam nas cidades de Porto Alegre (RS) e São Paulo (SP)

ativas sociedades de ciclistas. Estas entidades dirigiam competições que reuniam a

cada ano um número cada vez mais expressivo de competidores.

34

Em 1904, o Brasil teve o seu primeiro representante em uma competição

internacional neste esporte. Este atleta se chamava Antônio Prado Junior e

participou do Campeonato Mundial de Velódromo, realizado em São Paulo,

conquistando um honroso sexto lugar.

Em 1925 surgia a Federação Paulista de Ciclismo que promoveu diversas

competições com vários clubes de prestígios da cidade de São Paulo. Em 1935,

surgia no Rio Grande do Sul e Federação Gaúcha de Ciclismo e Motociclismo. Neste

mesmo ano, foi realizado em São Paulo, a prova 9 de julho, que contou a

participação de 536 ciclistas e teve a presença de 50 mil espectadores.

Em 1936, o Brasil estreava no ciclismo nos Jogos Olímpicos de Berlim, na

Alemanha, com os atletas Ricardo Magnani, Dertônio Ferrer e Hermógenes Netto. O

esporte se mantinha ativo no país no decorrer dos anos, porém, foi na década de

1950, que o ciclismo cresceu. O atleta Cláudio Rosa, foi um dos ciclistas cujas

atuações marcaram esta época.

Em 1960, o atleta Anésio Argenton foi aos Jogos Olímpicos de Roma, na

Itália, ficando em sexto lugar na modalidade de corrida de quilômetros contra relógio.

Outros brasileiros também obtiveram boas participações nestas olimpíadas. Antônio

Alba e Hernner Simões celebraram vitórias importantes que tiveram a participação

direta no crescimento do número de competições realizadas no Brasil, bem como, o

aumento do interesse das pessoas pela prática do ciclismo.

Apesar dos anos de conquistas, nos Jogos Olímpicos de Roma, em 1960, o

ciclismo brasileiro ficaria ausente das Olimpíadas por vários anos. Retornou às

competições somente em 1972, nos Jogos de Munique, na Alemanha. Quatro anos

mais tarde, nos Jogos de Montreal, no Canadá, o país ficaria de fora novamente por

não conseguir classificação para as competições. Retornaria às Olimpíadas, em

1980, nos Jogos de Moscou, na Rússia, da qual, desde então, participou de todas as

edições seguintes dos Jogos Olímpicos.

35

FIGURA 14 FONTE: Chegada da bike no Brasil

Segundo Souza, J.S. (2012) a bicicleta foi considerado um esporte a partir do

dia em que foi inserido a mountain bike. A mountain bike brasileira surgiu no Rio de

Janeiro. Foram os cariocas que importaram bicicletas e formaram grupos de amigos

para pedalar em percursos através de trilhas, estradinhas e velhas fazendas. Quem

não tinha acesso a uma importada improvisava adaptações nas bicicletas nacionais

como a Monark Ranger ou nas velhas e robustas Phillips.

O primeiro campeonato no Brasil foi organizado por Marcos Ripper e

realizado em três etapas em Paraíba do Sul/RJ. Em São Paulo, a introdução

do novo esporte se deu com o Cruiser das Montanhas Caloi, organizado por

Renata Falzoni, em Campos do Jordão/SP. A partir daí, ela desenvolveu um

esforço de difusão do esporte que fez a modalidade mountain bike estourar no

Brasil inteiro.

Outra promoção de Renata Falzoni foram os passeios noturnos pelas

ruas da capital paulista. Ela começou com pedaladas solitárias e logo ganhou

36

a companhia de um grupo de amigos. Em 1989, esses passeios informais

deram origem ao Night Biker e, em seguida, surgiu o Night Biker’s Club do

Brasil, com a finalidade e promover passeios noturnos, fomentar o mountain

bike e difundir conceitos relativos à educação e segurança do ciclista.

O movimento é apontado como fator importante na consolidação no

País do cicloativismo, conhecido na língua inglesa como bicycle advocacy, e

que consiste em atividades de defesa dos direitos dos ciclistas no uso da via

pública, visando melhorar as condições para pedalar e popularizar o uso da

bicicleta como veículo.

No mesmo ano de 1989, o mountain bike ganhou impulso com a

realização do primeiro campeonato, a Copa Halls-Schick, cuja segunda prova

contou com mais de 200 participantes. Na etapa final chegou a ter número

superior a 400 ciclistas.

37

3 BICICLETAS EM CURITIBA

Curitiba ainda não vive uma situação de caos no trânsito, mas tem um quadro

crítico. A frota cresce 6% ao ano, três vezes mais que o crescimento da população.

Hoje são 1,1 milhão de automóveis enquanto que as vias somam 4,7 mil

quilômetros, ocupando 23% do território do município, não podendo aumentar de

forma significativa já que o espaço urbano se encontra ocupado quase por inteiro.

As bicicletas enfrentam dificuldades nas grandes cidades como o trânsito

agressivo e a ausência de faixas específicas para passagem delas. Enquanto

ciclovias se tornam propostas pouco cumpridas em orçamentos municipais, há

também a visão de política pública que não compreende o transporte como uma

alternativa, mas como lazer. Isso acontece em Curitiba onde a faixa vermelha

destinada para bicicletas parte de lugar algum para nenhum lugar e só pode ser

utilizada aos domingos como forma de passeio.

Segundo dados da prefeitura, a malha ciclo viária atual da cidade de Curitiba

tem cerca de 120km de ciclovias. É uma das maiores redes ciclo viárias do Brasil e

sua implantação se iniciou no ano de 1977, na Avenida Victor Ferreira do Amaral.

A partir da década de 80, começou a ser construída parte da malha em que se

ligam os parques de Curitiba uns aos outros. Foram construídos 35 km que

ligavam o Parque da Barreirinha á Cidade Industrial de Curitiba. Em meados de 92

foi inaugurado um traçado de 40 km unindo o bairro da Barreirinha ao do

Boqueirão, (NORTE-SUL), estavam ligados para que houvesse o uso da bicicleta

como um meio de transporte e uma idéia de instalação de uma nova cultura foi

iniciada.

Segundo Joukoski (2013), o período de 13 anos entre 1997 e 2010 foi um

espaço de tempo fundamental para o aumento, construção, recuperação de

ciclovias. Porém o que é questionado é que nessa mais de uma década não foram

feitas muitas ações para expandir melhor esta idéia de que o uso da bicicleta pode

sim melhorar a vida de cada um, como a dos outros também

38

FIGURA 15 FONTE: IPPUC

39

FIGURA 16 FONTE: CURITIBA 2010

40

3.1 CURITIBA: REDE CICLOVIÁRIA

Dados do Site da Prefeitura Municipal de Curitiba apontam que o Plano

Diretor Cicloviário apresenta uma proposta de estímulo ao uso da bicicleta não

somente como lazer ou prática esportiva, mais como um meio alternativo de

transporte. Sendo uma das prioridades da prefeitura dentro do Programa de

Mobilidade e Acessibilidade.

Pelo pensamento de JOUKOSKI, (2013) para criar projetos para uma cidade

do tamanho de Curitiba, por exemplo, é necessário visualizar a diferença entre

ciclovias, ciclofaixas e calçadas compartilhadas. Para a construção de ciclovias, é

preciso entender que para criar uma via apropriada é necessário tirar espaço de

alguém ou alguma coisa, seja dos automóveis ou até mesmo dos pedestres, o que

faz com que o processo de implementação seja problemático. Por esse e por outros

motivos que Curitiba enfrenta esses conflitos devido à prioridade de ruas para carros

e não para as pessoas e nem para os ciclistas.

Belotto (2009) diz que nas cidades, em especial as de países do Terceiro

Mundo, há forte presença de aspectos de desordem, sendo comuns e muito visíveis

as desigualdades sociais que se traduzem em arranjos desordenados de habitações

e aglomerações urbanas. Os espaços veículos motorizados e pessoas que realizam

seus deslocamentos a pé ou de bicicleta.

As vantagens que a bicicleta pode trazer para o trânsito das cidades passam

pelas mudanças de modelo de planejamento urbano, que até hoje, na grande

maioria das cidades do planeta levou em consideração o transporte público e

principalmente as vias para veículos particulares. Mas, atualmente, quando se fala

em mobilidade urbana (que é a facilidade de deslocamento das pessoas e bens na

área da cidade), a ordem é priorizar equipamentos para pedestres e ciclistas

pensando no impacto ambiental de qualquer ação.

41

FIGURA 17 FONTE: www.thisbigcity.net/pt-br/category/transporte-pt/bicicletas-pt/

Belotto (2009) ainda questiona que Não adianta tentar resolver os

congestionamentos construindo viadutos abrindo e alargando ruas, porque é um

trabalho que não tem fim. Em pouco tempo haverá mais carros e novamente

necessidade de ampliação de infra-estrutura viária. Segundo o Professor de

Planejamento e Operações de Sistema de Transportes da USP (Universidade de São

Paulo) Antonio Nélson Rodrigues da Silva: os maiores problemas de trânsito das

grandes cidades brasileiras foram causados justamente porque se investiu, durante

muito tempo, em infra-estrutura para veículos particulares. “O poder público precisa

parar de facilitar a vida de quem anda de carro e dar mais facilidade para quem anda a

pé, bicicleta ou de transporte público”.

A grande vantagem da bicicleta para o trânsito urbano, é que ocupa muito

menos espaço sendo capaz, em uma faixa de circulação durante uma hora,

transportar 14.000 mil pessoas, enquanto o carro no mesmo período consegue

transportar apenas 2.000 pessoas. Também para estacionar acomodam-se até 10

bicicletas, numa área equivalente a uma vaga de automóvel, podendo-se chegar a

mais de 20, com sistemas que utilizam mais de um nível.

42

3.1.2 Ciclofaixa

Ciclofaixa é quando há apenas uma faixa pintada no chão, sem separação física

de qualquer tipo (inclusive cones ou cavaletes). Pode haver “olhos de gato” ou no

máximo os tachões tipo “tartaruga”, como os que separam as faixas de ônibus.

Indicada para vias onde o trânsito motorizado é menos veloz, e muito mais barata que

ciclovia, pois utiliza a estrutura viária existente (Cruz, W, 2011).

Em Curitiba temos o exemplo da ciclofaixa da Avenida Marechal Floriano

Peixoto, uma das principais avenidas da cidade, que liga o bairro do Boqueirão até o

centro da cidade. Esta apresenta um grave erro que fere as leis de trânsito, a distância

que entre o ciclista que está na ciclofaixa e o motorista que está no carro é de menos

de 1,5m. A segurança dos ciclistas fica muito comprometida, pois os ônibus,

principalmente, passam bem perto do espaço destinado para eles trafegarem.

FIGURA 18 FONTE: http://www.gazetadopovo.com.br/blogs/ir-e-vir-de-bike/motorista-que-jogou-

onibus-contra-ciclistas-sera-chamado-para-dar-explicacoes/

43

Outro exemplo que não devemos seguir novamente é o da ciclofaixa feita no

centro de Curitiba. A estrutura desde o início foi projetada erroneamente, com a faixa

propriamente dita do lado esquerdo da via, o que vai totalmente contra o que diz o

CTB (Código de Trânsito Brasileiro), que os ciclistas têm que trafegar do lado direito

da via e os motoristas de veículos motorizados respeitarem uma distância de 1,5 m

entre o veículo e o ciclista. Outro problema que foi relatado pelos usuários é que a

Ciclofaixa no centro da cidade não era para locomoção, e sim para uma espécie de

passeio, já que ela era em um formato pouco usual na qual os ciclistas andavam em

círculo sem um destino determinado. Além de tudo isso ela funcionava apenas no

domingos, das 8h da manhã até as 16h, durante o meio da semana e no sábado os

carros e principalmente os ônibus circulam por cima do espaço reservado para os

ciclistas, desta forma, se eles podiam fazer isso no meio da semana e no sábado,

com certeza não iriam respeitar os ciclistas no domingo. No dia da inauguração da

ciclo faixa central houve bastante gente que aderiu a idéia, porém da metade pro fim

os ciclo ativistas fizeram protestos, principalmente pela engenharia toda errada, e

circulavam pela faixa da direita, obedecendo as leis de trânsito.

FIGURA 19 FONTE: www.gazetadopovo.com.br

44

4 CICLOLAZER EM CURITIBA

O CICLOLAZER CURITIBA é um conceito de utilização da área pública

destinada ao tráfego pesado de veículos, convertida em espaços de lazer,

recreação, e educação para o trânsito. Originou-se de uma demanda de

cicloativistas de Curitiba, insatisfeitos com as opções disponíveis para o lazer

ciclístico na cidade e preocupados com o desconhecimento e desrespeito dos

motoristas, ciclistas e pedestres com as leis de trânsito. Para tanto foi criado um

grupo de trabalho coordenado pela SMELJ (Secretaria Municipal de Esportes Lazer

e Juventude) e que envolvia vários outros órgãos para avaliar e decidir algum local

para se dar início ao projeto e finalmente sair do papel. O grupo selecionou a Rua

Cândido de Abreu, no Centro Cívico, ponto de beleza natural e arquitetônica da

cidade. A rua tem três das suas faixas de rolagem fechadas ao trânsito de veículos

motorizados, todos os domingos, das 08h ás 16h, unindo o passeio público a Pça

Nossa Senhora de Salete.

FIGURA 20 FONTE: www.curitiba.pr.gov.br

45

Para contemplar o objetivo educacional do CICLOLAZER, na Praça Nossa

Senhora de Salete são instaladas barracas com atividades de recreação e educação voltadas ao ciclismo, como escolinhas para ciclistas, mini circuitos, exposição de máquinas criadas a partir de bicicletas abandonadas, mini cursos, passeios guiados com bicicletas elétricas, entre outros, com alternância de atrações e inovações freqüentes.

A localização estratégica do CICLOLAZER possibilita uma pedalada tranqüila aos iniciantes e ao mesmo tempo liga duas partes da ciclovia, permitindo ao ciclista mais experiente uma longa pedalada no sentido de norte/sul da cidade.

FIGURA 21 FONTE: pedaleiro.com.br

46

FIGURA 22

FONTE: redeglobo.globo.com

47

4 CONCLUSÃO

A bicicleta foi considerada como coisa de pobre, que não tinha condições de

comprar um automóvel ou uma motocicleta, usava a bike como meio de transporte.

Esse conceito é muito preconceituoso, pois além de ser um meio totalmente limpo e

rápido de se locomover, com seu uso rotineiro, a bicicleta pode sim trazer benefícios

reais a saúde.

Participando em um projeto de extensão, tive a oportunidade de conviver

diariamente com ciclistas e ciclo ativistas da cidade de Curitiba onde é observado o

verdadeiro drama que vive os ciclistas na cidade, quando querem se locomover de

bicicleta. Apesar de ter o apelido de “Cidade-Modelo”, Curitiba nesse ponto pouco

evoluiu, pois a falta de educação no trânsito ainda é muito grande. Para quem anda

de carro os ciclistas são um incômodo, o que é um erro gigantesco porque o ciclista

faz parte do trânsito, talvez muito mais que isso, quem usa a bicicleta como meio de

transporte tira um carro das ruas.

Nossa cidade foi uma das pioneiras para uma revolução a favor da bicicleta

no final dos anos 90, porém desde lá não houve nenhum projeto, nenhuma ideai

para modernizar as ciclovias, construir novas. A cidade cresceu, a população

cresceu, mas a nossa rede cicloviária é a mesma do século passado, isso é um dos

grandes problemas para se circular de bicicleta na cidade, até em alguns pontos

foram destruídas ciclovias para construção de ruas para os carros, o que é

realmente um retrocesso.

As ruas estão super saturadas, no qual a média de mais carros por habitante

pertence á Curitiba. Graças a esse retrospecto ruim, nos últimos anos foram

sugeridos vários projetos para uma expansão e construção de novos meios para se

locomover de bicicleta por toda a cidade, já que a integração que ainda existe, é

feita para ligar apenas os parques e alguns pontos turísticos da cidade.

Depois de muito tempo esquecidas, nossos governantes viram que já está

totalmente saturada as avenidas e ruas para a circulação de automóveis. Em

horários de pico, em certos pontos da cidade as pessoas ficam paradas no trânsito

durante um bom tempo, muito mais do que esse mesmo trajeto levaria normalmente

48

com o trânsito acessível. A solução mais viável com certeza é a bicicleta, pois iria

desafogar o trânsito em horários de pico.

Com essa necessidade a prefeitura fez vários projetos para tentar inserir

novamente a cultura da bicicleta nos curitibanos. Desses vários projetos muito pouco

foi aproveitado, porém o que deu mais certo foi o projeto do CICLOLAZER DE

CURITIBA.

Com base nos dados e nas pesquisas aproveitadas, se conclui que a cidade

de Curitiba cresce muito rápido e a expansão de carros ocorre de maneira muito

acelerada. As políticas públicas para a inserção da bicicleta no meio social esta

acontecendo principalmente nessa nova gestão, que por nossa sorte está dando

muita prioridade para novas idéias em relação a isso. O CICLOLAZER de Curitiba,

como o nome diz foi voltado ao lazer dos curitibanos, porém de uma forma ou outra

a cultura está sendo instalada. Com o lazer implantando, com toda certeza fica mais

fácil passar a idéia de que a bicicleta pode sim ser um meio de transporte viável a

todos.

49

REFERÊNCIAS

BARRETO, C. L. G.; RIBAS, R. Mudança nos padrões de produção e consumo. 3 Série de Publicações Temáticas do CREA-PR. Paraná, 2009. BELOTTO, J. C. A. Programa Ciclovida. Trabalho de Monografia - UFPR/PROEC, 2008. Disponível em: <http://www.ciclovida.ufpr.br/wp-content/uploads/monografia_bicicleta.pdf>. Acesso em: 03/09/2013. BELOTTO, J. C. A. Relatório anual do programa Ciclovida 2009. Projeto de Pesquisa Ciclovida. Curitiba, 2010. BRASIL. Ministério das Cidades. Secretaria Nacional de Transporte e da Mobilidade Urbana. Coleção Bicicleta Brasil, Programa Brasileiro de Mobilidade por Bicicleta, Caderno de Referência para Elaboração de Plano de Mobilidade por Bicicleta nas Cidades. Brasília. BRASIL. Ministério das Cidades. Secretaria Nacional de Transporte e da Mobilidade Urbana. Plano de Mobilidade Construindo a Cidade Sustentável. Caderno de Referência para Elaboração de Plano de Mobilidade Urbana. BRASIL. Ministério dos Transportes. Empresa Brasileira de Planejamento de Transportes – GEIPOT. Planejamento Cicloviário: Diagnóstico nacional, Brasília Maio de 2001. CASSARA, A. C. Direito ambiental do clima e créditos de carbono. Curitiba: Juruá, 2009. CORRÊA, J. P. 20 anos de lições de trânsito no Brasil: desafios e conquistas do trânsito brasileiro de 1987 a 2007. Curitiba: Volvo, 2009. ESCOLA DE BICICLETA. Disponível em: <http://www.escoladebicicleta.com.br/> Acesso em 22/11/13. MIRANDA, A. Carta da União dos Ciclistas do Brasil ao Ministro das Cidades, 2009.

50

MOYSÉS, S. T.; KUSMA, S. Z.; KREMPEL, M. C. Ambientes saudáveis em Curitiba: Experiências de sucesso de ações intersetoriais de promoção da saúde e desenvolvimento. Curitiba, 2009. FONSECA, A. Brasil Subestima Bicicleta como Veículo de Transporte. Revista Abramcet news. Ano IV, ed. 17, Fev. 2008. São Paulo. FONSECA, A. A sustentável mobilidade do ser. Revista Abramcet news. Ano III, ed. 11, Ago. 2006, São Paulo. PROGRAMA BRASILEIRO DE MOBILIDADE POR BICICLETA – BICICLETA BRASIL. Caderno de referência para elaboração de Plano de Mobilidade por Bicicleta nas Cidades. Secretaria Nacional de Transporte e da Mobilidade Urbana, p. 232, Brasília, 2007. A Questão das Ciclovias e o Uso da bicicleta. Disponível em: <http://www.cefid.udesc.br/pedala/textos/uso_bicicleta.htm>. Acesso em: 13/11/2013.