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e-book.brEDITORA UNIVERSITÁRIA
DO L IV RO DIGITAL
O TROVADORISMO
Parte IV: Cantigasde Escárnio e Maldizer
Cid SeixaS
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GALAICO-PORTUGUÊS
Os livros eletrônicosda coleção E-Poket,conforme o título jáindica, têm como ca-racterística o tamanhoreduzido, similar àspequenas coleções debolso. No caso presen-te, o formato e-poketfoi desenvolvido paraser lido, com todo con-forto visual, em celu-lares e outros equipa-mentos de telas comtamanho diminuto.
O TrovadorismoGalaico-Português, li-vro originalmente pu-blicado no ano de1997, em brochura im-pressa, e agora dispo-nibilizado em mídiadigital, é dividido emcinco partes para seadequar ao formatobreve dos demais li-vros da coleção E-Poket.
4O TROVADORISMOGALAICO-PORTUGUÊS
Endereços deste e-book:issuu.com/e-book.br/docs/trovadorismo4
e-book.uefs.br/trovadorismolinguagens.ufba.br/trovadorismo
Copyright 1997 © by Cid Seixas
Rua Dr. Alberto Pondé, 147/103CEP 40 296 250 — Salvador, Bahia, BRASIL
E-mail: [email protected]
Fonte: Gatineau 12Formato: 100 x 170 mmNúmero de páginas: 90
Salvador, 2019
e-book.br
O TrovadorismoGalaico-Português
Cid Seixas
Parte 1V:Cantigas de Escárnio
e Maldizer
Com Apuração dos Textosem Língua Arcaica
Editora Uviversitária do Livro D igital
cid seixas
6 coleção e-poket
Coleçãoe-poket
O TROVADORISMOGALAICO-PORTUGUÊS
Volume 1:Crítica e Apuração de Textos
Volume 2:Cantigas de Amor
Volume 3:Cantigas de Amigo
Volume 4:Cantigas de Escárnio e Maldizer
Volume 5:Outras Cantigas Trovadorescas
CONSELHO EDITORIAL:Cid Seixas (UFBA | UEFS)
Ester Ma de Figueiredo Souza (UESB)
Gabriel Evangelista (UEFS)
Marcio Ricardo Coelho Muniz (UFBA)
Rita Aparecida Coelho (UNEB)
Tércia Valverde (UEFS)
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SUMÁRIO
CANTIGAS DE ESCÁRNIOE MALDIZER
Escarnho a ua dona fea ...................... 11Visita de Anojar ....................................... 12Escarnho a ua Abadesa ..................... 13A morte de Roy Queymado ............ 15A un Frade Arreytado .......................... 17Preedas a ua Abadesa ........................ 19Maldizer a Luzia Sanches ................. 21Maldizer Sobre si Mesmo .................. 23A camela e o bodalho ........................ 24
NOTAS DE LEITURADAS CANTIGAS SATÍRICAS
Leitura e interpretação .................... 27Escarnho a ua dona fea ...................... 31
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Visita de Anojar .................................... 33Escarnho a ua Abadesa ................... 35A morte de Roy Queymado ............ 37A un Frade Arreytado .......................... 40Preedas a ua Abadesa ........................ 42Maldizer a Luzia Sanches ................. 44Maldizer Sobre si Mesmo .................. 46A camela e o bodalho ........................ 48
GLOSSÁRIO DE TERMOSGALAICO-PORTUGUESES ........... 51
REFERÊNCIAS E BIBLIOGRAFIANÃO REFERENCIADA .................... 57
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Cant igasde Escárnioe Mardizer
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A vos, Dona abadesa,de mi, Don Fernand’ Esguyo,estas loas vus envio,por que sey que sodes essadona que as merecedes:quatro caralhos franceses,e dous a a prioresa.
Poys sodes amiga mha,nõ quer’ a custa catar,querovus ja esto dar,ca nõ tenho al tan aginha:quatro caralhos de mesa,que me deu ua burguesa,dous e dous ena bainha.
Predasa ua abadesa
Fernando Esguyo
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Ay, dona fea, fostesvus queyxarque vus nuca louvey en meu trobar;mays ora quero fazer hun cantaren que vus loarey toda via;e vedes como vus quero loar:dona fea, velha e sandia.
Ay, dona fea, se Deus mi pardõ,poys avedes atã grã coraçõque vus eu loe, en esta razõvus quero ja loar toda via;e vedes qual seraa a loaçõ:dona fea, velha e sandia.
Dona fea, nunca vus eu loeyen meu trobar, pero muyto trobey;mays ora ja hun bõ cantar farey,en que vus loarey toda via;e direyvus como vus loarey:dona fea, velha e sandia.
Escarnho a u a dona fea
D. Joan Garcia de Guylhade
cid seixas
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U noutro dia seve Dõ Foã,a mi começou gram noj’ a crecerde muytas cousas que lh’ oi dizer.Diss’ el: “Hirm’ ey, ca ja sse deytaram.”E dix’ eu: “Boa ventura ajadesporque vus hides e me leyxades.”
E muyt’ effadado do seu parllarsevi grã peça, se mi valha Deus,e tosquyavã estes olhos meus;e quand’ el disse: “Hirme quer’eu deytar.”E dix’ eu: “Boa ventura ajadesporque vus hides e me leyxades.”
El seve muyt’ e diss’ e porfiou,e a mì creceu grã nojo por en;e nõ soub’ el se x’ era mal, se ben,e quand’ el disse: “Ja me deytar vou”e dixilhe eu: “Boa ventura ajadesporque vus hides e me leyxades.”
Visita de anojar
D. Denis
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Abadessa, oi dizer,que erades muy sabedorde todo ben; e, por amorde Deus, queredevus doerde mi, que ogano casey,que ben vus juro que nõ seymays que hun asno de foder.
Ca me fazen en sabedorde vos que avedes bon sende ffoder e de todo ben;enssinademe mays, senhor,como foda, ca o nõ sey,nen padre ne madre nõ eyque m’ enssin’, e ffiqu’ hi pastor.
E ss’ eu enssinado voude vos, senhor, deste mesterde ffoder e ffoder souberper vos, que me Deus aparou,
Escarnho a u a Abadessa
Affonso Eanes de Coton
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cada que per ffoder, direyPater Noster e enmentareya alma de quen m’ ensinou.
E per hi podedes gaar,mha senhor, o reyno de Deus:per enssinar os pobres sseusmays ca por outro jajuar,e per enssinar a molhercoytada, que a vos vier,senhor, que nõ souber ambrar.
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Roy Queymado morreu cõ amoren seus cãtares, par Sancta Maria,por hunha dona que grã ben queria,e, por se meter por mays trobador,por que lh’ ela nõ quys o ben fazer,fezess’ el en seus cantares morrer,mays resurgiu depoys ao tercer dia!
Esto fez el por hua ssa senhorque quer grã ben, e mays vus en diria:por que cuyda que faz hi maestria,enos cantares que fez ha ssaborde morrer y e des y d’ ar viver;esto faz el que x’ o pode fazer,mays outr’ ome per re non o faria.
E non ha ja de ssa morte pavor,senõ ssa morte mays la temeria,mays sabe ben, per ssa sabedoria,que viveraa, des quando morto for,
A morte de Roy Queymado
Pero Garcia Burgalez
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e fazess’ en sseu cantar morte prender,des y ar vive: vedes que poderque lhi Deus deu, mays que nõcuydaria.
E, sse mi Deus a mim desse poder,qual oj’ el ha, poys morrer, de viver,ja mays morte nunca temeria.
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A un frade dizen escaralhado,e faz creud’ a quen lho vay dizer,ca, poys el sabe arreytar de foder,cuyd’ eu que gaj’ he de piss’ arreytado;e poys emprenha estas cõ que jaze ffaz ffilhos e ffilhas assaz,ante lhe digu’ eu ben encaralhado.
Escaralhado nunca eu diria,mays que traje ant’ o caralho arreyte,a o que tantas molheres de leyteten, ca lha parirõ tres en un dia,e outras muytas prenhadas que ten,e atal frade cuyd’ eu que muy benencaralhado per esto seria.
Escaralhado nõ pode sero que tantos filhos fez en Marinhae que en ora outra pastorinha
A un frade arreytado
Fernando Esguyo
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prenhe, que ora quer encaecer,e outras muytas molheres que fode;e atal frade ben cuyd’ eu que podeencaralhado per esto ser.
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A vos, Dona abadesa,de mi, Don Fernand’ Esguyo,estas loas vus envio,por que sey que sodes essadona que as merecedes:quatro caralhos franceses,e dous a a prioresa.
Poys sodes amiga mha,nõ quer’ a custa catar,querovus ja esto dar,ca nõ tenho al tan aginha:quatro caralhos de mesa,que me deu ua burguesa,dous e dous ena bainha.
Muy be vus semelharã,ca sequer levã cordõesde senhos pares de colhões;
Predas a u a abadesa
Fernando Esguyo
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agora volos daran:quatro caralhos asnaes,emanguados en coraes,cõ que colhedes o paan.
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Luzia Sanches, jazedes en gran falhacomigo, que non fodo mays nemigalhadua vez; e, poys fodo, se Deus mi valha,fiqu’ end’ afrontado ben por tecer dia.Par Deus, Luzia Sanches, Dona Luzia,se eu fodervus podesse, fodervusia.
Vejovus jazer migo muyt’ agravada,Luzia Sanches, por que non fodo nada;mays, se eu vos per i ouvesse pagada,poys eu foder non posso, peervusia.Par Deus, Luzia Sanches, Dona Luzia,se eu foder-vus podesse, fodervusia.
Deumi o Demo esta pissuça cativa,que ja non pode sol cospir a saivae, de pran, semelha mays morta ca viva,e, se lh’ ardess’ a casa, non s’ ergeria.Par Deus, Luzia Sanches, Dona Luzia,se eu fodervus podesse, fodervusia.
Mal-Dizer a Luzia Sanches
D. Joan Soares Cõelho
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Deytaron-vus comigo os meus pecados;cuydades de min preytos tan desguysados,cuydades dos colhões, que tragu’ inchados,ca o son con foder e con maloutia.Par Deus, Luzia Saanchez, Dona Luzia,se eu fodervus podesse, fodervusia.
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De Martin Moxa posfaçan as gentese dizenlhe por mal que he casado;non lho dizen senon os maldizentes,ca o vej’ eu assaz om’ ordinhadoe moy gran capa de coro trager;e os que lhe mal buscan por foder,non lhe vaan jajuar o seu pecado.
E posfaça del a gente sandiae non no fazen senon con maiça,ca o vej’ eu no coro cada diavestiir capa e sobrepeliça;e moyto fala el moy melhordiz: se por foder ele he pecadornon an eles i a fazer justiça.
Mal-Dizer Sobre si Mesmo
Martin Moxa
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Natura das animalhasque son dua semelhançahe farezen criança,mays des que son fodimalhas.Vej’ ora estranho talhoqual nunca cuydey que visse:que emprenhass’ e parissea camela do bodalho.
As que son dua naturajuntan-s’ a certas sazonse fazen sas criaçons;mays vejo ja criaturaond’ eu non cuydey vela;
Esta cantiga foy feyta a ua dona quechamavan Moor Martiinz, por
sobrenome Camela, e a un omen que avianome Joan Mariz, por sobrenomeBodalho, e era tabelion en Braga
~
A camela e o bodalhoD. Pedro, Conde de Barcelos
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e poren me maravilhode bodalho fazer filho,per natura, na camela.
As que son, per natureza,corpos dua parecençajuntans’ e fazen nacença:esto he da dereyteza.Mays non coydey en mha vidaque camela se juntassecon bodalh’ e emprenhasse,demays ser d’ el parida.
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Quanto à música dos trovadores, ainfluência é menos conhecida, porquemesmo as cantigas de Martin Codax— que são as únicas em cujo manus-crito aparecem as partituras — nãotiveram a notação descodificada pelosmusicólogos.
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NOTAS DE LEITURAdas Cantigas Satíricas
O gosto popular privilegiou as canti-gas de escárnio e maldizer como formado homem simples levar a vida comhumor e também de se vingar dos po-derosos, através do riso e da sátira. Nãoé por acaso que os poucos trovadoresde origem menos nobre concentram suaprodução neste gênero de cantigas, tam-bém praticado pelos ricos senhores dealta linhagem. Os religiosos, padres emadres, são os objetos preferidos damofa e do riso mais deslavado e por-nográfico provocado pelo maldizer dascantigas satíricas, o que pode ser inter-
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pretado como uma marca do fosso exis-tente entre o clero e o povo.
Na hierarquia medieval, o alto cleroe a nobreza constituíam quase que umamesma classe, ou uma espécie de qua-se casta, uma vez que ambos eram nas-cidos de famílias fidalgas e estavamdestinados a constituir o imutável pata-mar de honra da sociedade feudal. Jáo baixo clero era formado por nobresmenos destacados ou até mesmos porvilões de talento e esperteza suficientespara galgar este importante degrau davida social da Idade Média.
A honra maior que um bem sucedi-do vilão poderia aspirar era prepararum filho para os estudos eclesiásticos.Mas este fascínio pela difícil ascensãotambém era ambivalentemente dividi-do com o despeito manifestado nas sá-tiras mais deslavadas.
Neste quadro, as cantigas de escár-nio e maldizer constituem outra face das
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cantigas de amor. Enquanto a damanobre e de alta linhagem era galante-mente cantada por esta forma lírica detornar possível um amor difícil, a pobremulher comum, a vilã, era ironizada oucriticada na cantiga satírica. Se a mu-lher nobre era objeto de toda atençãoe de toda ternura, a mulher pobre so-fria a dupla humilhação do lugar sociale do desrespeito à sua condição demulher.
Este quadro, aliás, não é muito dis-tante do atual quadro social da vidabrasileira. Nas classes cultas dos nossosdias a mulher tem um lugar idêntico aodo homem, com as mesmas chancesprofissionais e a vantagem de mereceras atenções que eram destinadas àsantigas damas. Já a mulher do povo édiscriminada profissionalmente, acumu-la o trabalho doméstico e o profissio-nal e continua sendo tratada como asantigas vilãs.
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Mas não se imagine que as cantigasde escárnio e maldizer são apenas umtópico curioso ou popularesco no âm-bito da poética medieval. O uso da ima-ginação criadora e da sátira irreverenteestá a serviço de uma autoavaliaçãosocial. Através deste gênero de compo-sição toda a sociedade procede a umaavaliação dos seus valores e sistemas,avaliação esta que se mostra mais efi-caz porque disfarça os seus propósitos.
Em outras palavras: o senso comumda época via na sátira apenas uma for-ma cáustica de divertimento, não per-cebendo que, ao rir do outro, o ho-mem ria de si mesmo, do seu contexto,da sua ética.
A lira maldizente reavalia o mundode modo jocoso e irresponsável. Poristo mesmo, vai mais fundo aos víciosescondidos do próprio sujeito, alcan-çando os fios que tecem o véu da cul-tura. Ao despir suas vítimas da falsa
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moral ostentada, a sátira maldizente le-vanta o véu que torna difuso o olharda sociedade sobre si mesma.
Através deste gênero de composiçãoos séculos posteriores puderam contem-plar e compreender melhor os momen-tos mais significativos, ou o breve cla-rão de esplendor da cultura galaico-portuguesa.
1 Cantiga de escarnhoa u a dona fea
D. Joan Garcia de Guylhade é des-tacado por D. Carolina Michaëlis deVasconcelos como um trovador quemerece lugar especial entre os autoresdos cancioneiros. Natural de uma dasprovíncias da Galícia, foi membro dapequena nobreza, o que não o impe-dia de ter a serviço, no seu castelo, vá-rios jograis que se incumbiam de can-tar suas composições nas cortes.
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Esta cantiga de refrão de Joan de
Guylhade exemplifica a maneira de setratar uma mulher bem diversa daque-
la que vimos nas cantigas de amor. Co-meça dizendo que uma dama foi se
queixar de nunca ter sido louvada nas
suas trovas. Com ironia, ele respondeque vai louvar a pobre dama. Mal sabe
ela o tipo de agressão que virá da bocado trovador:
— Ai, dona feia, foste queixar de
que nunca vos louvei em meu trovar,mas agora quero fazer um cantar em
que vos louvarei toda vida. Vede comovos quero louvar: dona feia, velha e
maluca.Imaginamos então que este cantar
irônico é dirigido a uma mulher sim-
ples, pois se fosse dirigida a uma mu-lher de alta linhagem provocaria, no
mínimo, um embate entre o trovador ealgum familiar ou admirador da dama.
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2 Visita de anojar
Se el-Rei D. Denis faz uma cantigade escárnio, ou mesmo de maldizer, elese porta como um gentil-homem, nãodescendo aos termos que teremos opor-tunidades de conhecer em outras canti-gas satíricas. Apesar de aborrecido (gran
nojo) com a visita incômoda e insisten-te, seu cantar não descamba para omaldizer despudorado.
— Quando outro dia aqui esteveDom Fulano, fiquei enjoado (a mi co-meçou gran noj’ a crescer) do tanto queele falou, de muitas coisas de lhe ouvidizer. Depois de falar, falar e falar ele,por fim, disse: Vou-me embora, porquetodos aqui já dormiram.
O anfitrião diz para si mesmo:— Vá com Deus e me deixe em paz.
— Mas o visitante, destes que conhece-mos bem, não tem o menor senso críti-co e continua falando, apesar dos olhos
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do dono da casa estarem se fechando(tosquiavan estes olhos meus). O visi-tante continuava falando sem se preo-cupar em saber se a sua conversa esta-va agradando ou não (non soub’ el se
x’ era mal).Uma dificuldade que todos nós en-
contramos é como classificar algumascantigas: De escárnio? De maldizer? Emmuitos casos, um fio tênue separaambas as expressões. Se considerarmosque a cantiga de escárnio é sempre irô-nica, enganosa, fingindo dizer uma coisapara dizer outra, teremos um tipo decritério. Mas o manual de arte poéticaque foi encontrado como parte do Can-cioneiro da Vaticana acrescenta que ascantigas de maldizer revelam o nomeda pessoa criticada, enquanto as de es-cárnio ocultam tal nome, para que acrítica seja menos direta e ofensiva. As-sim, um outro dado complicador seacrescenta à dificuldade
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D. Denis tem o cuidado de não re-velar o nome do nobre que costumavafalar pelos cotovelos. Estamos, por issodiante de uma cantiga de escárnio?Creio que a natureza da crítica, se dire-ta ou indireta deve se somar ao dadoanterior, ou ainda a maior ou menorveemência do dizer. Como este texto émenos ferino e menos grosseiro do queoutros, ele pode ser considerado de es-cárnio.
3 Cantiga de escarnhoa u a abadessa
Vejamos que mesmo o critério dagrosseria entra em crise e não nos per-mite uma decisão segura, quanto à clas-sificação. Esta cantiga, pornográfica edirigida a uma religiosa superior, é con-siderada de escárnio pelo tom altamenteirônico da sua crítica.
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O autor é o segrel Afonso Eanes deCoton, jogral boêmio e maldito, conhe-cido pelo tom das suas cantigas. Teriapercorrido várias cortes e castelos, mor-rendo assassinado depois de uma dassuas incursões regadas a vinho, por ta-bernas e outros locais frequentados pelagente simples. Segundo maldizer de D.Afonso X, ele teria sido morto por Peroda Ponte, o que não se sabe ser verda-deiro ou se tratar apenas de uma dasmuitas formas com que o ReiCastelhano externava seu desprezo esua antipatia a Pero da Ponte.
Vamos então à paráfrase da cantiga:— Abadessa, ouvi dizer que a se-
nhora era sabedora de todo prazer. Poramor de Deus, tenha pena de mim quecasei este ano. Juro que sou como umburro nas artes conjugais.
— Até me fizeram saber que a se-nhora tem bom senso na hora de fazeramor e que é muito boa nisso. Ensinai-
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me, senhora, porque não tive nem painem mãe que me ensinassem esta for-ma de amor e fiquei sem experiêncianenhuma.
— Se eu aprender com a senhora, aquem Deus me proporcionou este bem,cada vez que fizer amor direi um PaiNosso e recomendarei a alma de quemme ensinou.
— E por isso — por ensinar certascoisas que sabe fazer melhor do querezar — a senhora pode ganhar o rei-no de céu; por ensinar aos pobres algomais do que jejuar. E por ensinar tam-bém a alguma mulher apaixonada quelhe procure para aprender a amar.
4 A morte de Roy Queymado
Esta cantiga de Pero Garcia Burgalezrevela uma das muitas faces do autor,que comparece nos cancioneiros com
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cerca de cinquenta composições, o queatesta a sua produtividade e o seu pres-tígio. Segundo as informações de D.Carolina Michaëlis de Vasconcelos, esteé o trovador galaico-português que nosdeixou mais cantigas, com exceção dosreis trovadores e de Joan Garcia deGuylhade. Burgalez foi um dos trova-dores que viveu os meados do séculoXIII, em torno da corte de D. Afonso X,sendo do mesmo grupo de Pero daPonte e Joan Baveca.
Já vimos como Roy Queymado falade morrer de amor nos seus cantares,sendo por isso motivo da galhofa dealguns contemporâneos. Apesar de omorrer de amor ser um clichê poéticocomum às cantigas amorosas, Roy Quei-mado foi alvo da bem humorada cen-sura dirigida a todos os trovadoreshiperbólicos. Pero Garcia Burgalez, nes-ta cantiga, escarnece com o morredorcontumaz.
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— Minha Nossa Senhora! Roy Quei-mado morreu, nas suas cantigas, peloamor de uma dama que não quis nadacom ele (por que lh’ ela nõ quis o befazer = porque a ele ela não quis “fazero bem”). Ele se fez morrer nas cantigas,mas ressurgiu depois do terceiro dia.
Observe-se que nos dois primeirosversos (Roy Queymado morreu cõ amor/ en seus cãtares, par Sancta Maria), aexpressão “par Sancta Maria”, usadacom o sentido de uma interjeição (ve-jam-se, como exemplos: “ave Maria!”,“virgem!”, “por deus!”), reforça a ironiado mal-dizer e busca uma contextuali-zação para o arremate altamente irôni-co da estrofe, onde o trovador ressurgeao terceiro dia, realizando um prodígioreservado apenas à divindade cristã.
— Ele mostra muito talento(maestria) em fazer isto nas suas canti-gas e desde então torna a viver. Isto sóele pode fazer; nenhum outro homemfaria tal coisa.
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— Por isso já não tem pavor da mor-te e sabe que viverá depois de morto.Vejam que poder Deus lhe deu. SeDeus também me desse tal poder demorrer e tornar a viver, igual ao quehoje ele tem (qual oj’ el ha) eu jamaistemeria a morte.
5 A un frade arreytado
Nesta cantiga de maldizer deFernand’ Esguyo os religiosos voltam àtona. Se na cantiga de Affonso Eanesde Coton a abadessa foi a personagem,nesta, o objeto da maledicência é umfrade que se dizia impotente para, des-ta forma, esconder suas aventuras.
Seu autor, Fernand’ Esguyo, foi “sol-dado e jogral obscuro”, segundo pala-vras de D. Carolina, no segundo volu-me da sua edição crítica do Cancionei-ro da Ajuda; nascido em Santiago de
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Compostela, no século XIV, sendo dageração dos últimos trovadores dos can-cioneiros. Seu nome aparece também,não se sabe se por ironia, antecedidodo título nobiliárquico Dom, motivopelo qual José Joaquim Nunes julgapossível ele ter pertencido à pequenanobreza.
— Dizem que um frade é impoten-te, e quem diz isso faz os outros acredi-tarem. Porque ele sabe muito bem fa-zer sexo, creio que o gajo tempotência(cuid’ eu que gaj’ é de piss’arreytado) ou tem o membro estimula-do, porque emprenha as mulheres comquem deita (con que jaz) e faz filhos efilhas muito bem. Digo que ele é bempotente.
— Impotente nunca diria, mas queele traz o membro viril (arreyte) e temtantas mulheres amamentando que, sóem um dia, três destas mulheres tive-ram filhos dele.
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— Impotente não pode ser quem feztantos filhos em Marinha e agora temoutra pastorinha grávida, embora quei-ra passar por velho (quer encaecer); etem muitas outras mulheres com quemtem relações. Penso (cuid’ eu) que talfrade, por tudo isso, deve ser muitoviril.
Convém observar que a expressãoarreytado é muito usada ainda hoje naBahia, nas formas arretado e retado,tanto no sentido de alguém com muitamasculinidade quanto no sentido depessoa ágil e firme. Tal sentido de fir-meza sempre esteve ligado à sexuali-dade, muito embora, por extensão, te-nha se generalizado.
6 Pre das a u a abadesa
Mas Fernand’ Esguyo não se con-tentou em dizer mal apenas dos frades;
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as freiras também foram vítimas do seu
maldizer. No caso uma superiora, a aba-
dessa.
Segundo informa Rodrigues Lapa, nasua edição crítica das Cantigas d’
escarnho e mal dizer, a composição gira
em torno de uma peça em uso na Ida-
de Média, de origem francesa, o conso-
lo, para serviço das mulheres que não
podiam achegar-se aos homens.
— À senhora, Dona Abadessa, de
mim, D. Fernand’ Esguyo, estas sauda-
ções envio, porque sei que é merece-dora de quatro consolos, dos que as
francesas usam em lugar de homens;
sendo dois destes consolos para a frei-
ra vice-superiora.
— Como a senhora é minha amiga,não procuro ver quanto custa o pre-
sente, porque não tenho outro presen-
te tão imediatamente disponível
(aginha), mando quatro membros de
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mesa que uma burguesa me deu, doisa dois na sua bainha.
Observe-se ainda que a palavra bai-nha, deriva do latim vagina, termo ini-cialmente usado para designar o “invó-lucro para guardar a espada”.
— Muito bem assentarão na senho-ra, porque pelo menos levam cordõesdos respectivos pares de testículos. Ago-ra darei à senhora quatro membros gran-des, como de um jumento, emoldura-dos em enfeites.
7 Mal-dizer a Luzia Sanches
Bastante sonora é esta cantiga deJoan Soares Cõelho, com versos de onzesílabas e rimas em aaabbb, na qual elefinge se desculpar de uma mulher, pornão ter condições físicas de ter relaçõescom ela. Na verdade, esta é uma falsadesculpa, visando dizer mal de Dona
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Luzia Sanches, pelo fato dela querermais do que uma relação por dia. Porisso ela ainda é lembrada sete séculosdepois...
O autor, D. Joan Soares Cõelho éhomem da mais alta nobreza portugue-sa, sendo influente tanto na cortecastelhana de D. Afonso quanto na deD. Denis.
Passemos à cantiga:— Luzia Sanches, você sente uma
grande falta quando deita comigo, por-que não posso ter mais do que umarelação de cada vez e, mesmo assim,fico cansado por três dias.
— Vejo você ficar muito ofendidaao deitar comigo, porque não consigomais nada; gostaria de satisfazê-la, masnão posso, e se tentasse terminaria bu-fando (peervusia = peidar-vos-ia).
— O demônio me deu esta coisamurcha e prisioneira (pissuça cativa)que já nem pode cuspir a saliva. Pare-
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ce mais morta do que viva; mesmo se a
casa pegasse fogo não conseguiria se
levantar.
— Meus pecados vieram se deitarcomigo; e você quer o que não posso,
pois tenho as bolas inchadas de tanto
jogar e de doença ruim (maloutia).
8 Mal-dizer sobre si mesmo
O autor desta cantiga é Martim Moxa,
trovador que, segundo D. CarolinaMichaëlis de Vasconcelos, viveu no iní-
cio do século XIII. Pelas indicações
trazidas nos seus próprios textos, ele
deve ter sido clérigo, e se tornou famo-
so especialmente pelos seus sirvantesesde elevação moral, apesar de ter prati-
cado outros gêneros, inclusive, a canti-
ga de maldizer pornográfica, segundo
o exemplo aqui apresentado.
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Nesta cantiga de maldizer, bastanteinsólita, porque a lira maldizente do tro-vador se volta contra si mesmo, reco-nhecendo suas aventuras, e não contraoutra pessoa, o clérigo Martim Moxa,ao assumir seus atos, aproveita para sejustificar e se afirmar um bom religioso,apesar de prevaricar...
— As pessoas ridicularizam (posfa-çan as getes) Martin Moxa, acusando-ode ser casado; mas são os maldizentesque assim falam, porque eu o vejocomo um homem (om’ ) ordenado reli-gioso (ordinhado), usando os trajeshabitualmente usados pelos sacerdotes(e moy gran capa de coro trager). Aque-les que o acusam por desfrutar os pra-zeres da carne não vão jejuar por elepara obter o perdão dos seus pecados.
— Que fale mal a gente desajustada(sandia, louca), que o faz por malícia,porque eu o vejo todo dia no coro daigreja vestindo batina e sobrepeliz. É
cid seixas
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um bom pregador, que fala muito bem
quando diz: se é pecador por ceder aos
desejos, não queiram as próprias pes-
soas fazer justiça sobre este assunto, ounão vão eles aí para fazer justiça (non
an eles i a fazer justiça).
9 A camela e o bodalho
D. Pedro, O Conde de Barcelos, o
último dos trovadores de que temos
notícias, comparece neste seleção com
uma cantiga de escárnio dirigida a umadama chamada Moor Martiinz Camela
e a um homem chamado Joan Mariz
Bodalho. Ele aproveita a insólita signi-
ficação do nome do casal — camela e
porco — para escarnecer da situação.Diz que o natural dos animais sexu-
almente capazes (fodimalhas) é procri-
arem entre si, com os semelhantes (que
son du)a semelhança), por isso nunca
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pensou em ver uma camela parir o fi-lho de um porco (bodalho).
— Aquelas que são da mesma espé-cie juntam-se em certas estações e re-produzem-se; mas já vejo agora estra-nho feito (Vej’ ora estranho talho), coi-sas que não imaginava, e me maravi-lho do porco fazer filho na camela.
— Aquelas espécies que são, pornatureza, semelhantes de corpos (du)aparecença), juntam-se e procriam: istoé o natural, o que é direito (da derei-teza); mas não imaginei em minha vidaque uma camela se juntasse com umporco e emprenhasse, quanto mais quetivesse filho dele.
cid seixas
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GLOSSÁRIO
— A —
Aa – àAbadessa – superiora de ordem religiosa,
feminino de abadeAfeiçom – afeiçãoAfrontado – cansado, insultado, ofendidoAgastada – enfadada, irritadaAginha – depressa, rapidamenteAgrauvo – agravo, aborrecimento, ofensaAgravada – ofendidaAja – haja, do verbo haverAjade – haja, tenhaAl – outra coisa, nadaAlbergado – abrigado, hospedadoAlfaya = alfaia – alfaia, vestimenta de uso
doméstico, enfeiteAlhur – alhures, noutra parte
cid seixas
52 coleção e-poket
Ambrar – fornicar, manter relações sexuaisAmeyvus – amei-vusAmigo – namorado, amadoAmtre = antre – entreAn – têmAnt’ – antesAntolhança – cobiçaAparou – proporcionouAque – tantoAquel – aqueleAquesta – estaAqueste – este, istoAquisto – conquistoAr – igualmente, outra vez, de novo,
tambémArar – trabalhar a terra com o arado, semearArdess’ = ardesse – queimasseArreyte – viril, duro, com apetite sexualArreytado – retado, estimulado sexualmenteAtã = atan – tãoAscondudo – oculto, escondidoAsinha – depressa, rapidamenteAsnaes – de asno, muito grandeAsperança – esperançaAssanhar – provocar a sanha, a raiva, tonar-se
agitadoAssaz – bastante, suficienteAssenso – assentimento, consentimento
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Assi – assimAta – prende, submeteAtal – tal, atéAtan – tãoAtãto – tantoAtenden – esperam, acontecem, tornamAvelanas – avelãs, frutos da avelaneiraAver – haverAverrey – haverei; chegar a um acordoAve – imperativo do verbo aver > haver.Avedes = havedes – haveisAvelaneyra – avelaneira ou aveleira, pé de
avelãAven – advem, sucede, aconteceAver – haver, ter
— B —
Bainha (do latim: vagina) – invólocro, dobraBanhar – nadar, tomar banhoBeldad – beleza, muito belaBenino, bonino – benignoBever – beberBodalho – porcoBõ = boo, bõo – bomBrav’ = bravo – corajoso, enfurecido
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— C —
Ca – do que, pois, porqueCalarm’ – calar-meCalat’ – cala-teCam – cãoCaralhos – pênisCativ’ = cativo – infeliz, desgraçado,
prisioneiroCevada – comida para a criação (isto é: para
animais ou vassalos e vilões)Chufar – dizer chufa, zombar, troçar, mentir,
enganarCitola – cítola, instrumento medieval dos
jograis, tipo alaúde, de quatro ou cincocordas
Citolar – tocar cítolaCitolon – designação depreciativa de cítola,
cítola ruimCo – comCõ – comCoid’ = coydo – cuidar, imaginar, estar a
serviço do amorCoidado = coydado – preocupação, aflição,
zelo amoroso, opiniãoCoidar = coydar – meditar, imaginarCoita = coyta – sofrimento amoroso, cuidado,
trabalho para servir à pessoa amada
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Coitedes = coytedes – forma do verbo coitar,importuneis, perseguis, afligis
Colhedes – forma do presente do indicativodo verbo colher
Colhões – testículosColor – corCome – como; comigoComunal – de boas maneiras, lhano, sociávelConhocert’ – conhecer-teConhoscome – conheço-me, sei do meu valorContrayro – contrárioCõprida – cheia, plenaCoraçam – coraçãoCoraçon – coraçãoCoraes – punhos de rendaCoro – dependência da igreja, onde são
cantadas as oraçõesCorrea – tira de couro (lat. Corrigia), correia,
cinto, coisa de pouco valorCorreger – corrigirCõsigu’ = cõsiguo – consigoCousa – nada; coisaCousecer – repreender, examinar, censurarCoyd’ = coydo – cuidar, imaginar, estar a
serviço do amorCoydado = cuidado – preocupação, aflição,
zelo amoroso, opiniãoCoydar – meditar, imaginar
cid seixas
56 coleção e-poket
Coyta = coita – sofrimento amoroso, cuidado,trabalho para servir à pessoa amada
Coytado = coitado – amante que sofre asconsequências do amor não correspondido
Coytedes = coitedes – forma do verbo coitar,importuneis, perseguis, afligis
Creud’ = creudo – acreditado, verdadeiroCrido – acreditadoCuyd’ = cuydo, coydo – cuido, imaginoCuydade – imaginar, refletir, cuidarCuydado = coydado, cuidado –preocupação,
aflição, zelo amoroso, opiniãoCuydey – imaginei
— D —
Dadeas – dade-as, daiD’aqueste – daqueleDalgo – de algoDamandar – perguntar, procurar, pedirDam’ – da-meDemãdey – forma do verbo demandar,
perguntar, procurar, pedirDan = dão – forma do indicativo presente do
verbo darDantre – antes de, antesDaver – de haverDeantar – cumprir com pontualidade,
progredir
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Delgado – fino, esbelto, eleganteDemanda – litígio, procura, reclamaçãoDemandey = demandei – procurei,
pergunteiDemo – demônio, diaboDes – desdeDes i – além disso, desde entãoDesamar – deixar de amar, odiarDesamperado – desamparadoDesasperar – desesperarDesatinar – endoidecer, desvairarDesaventura – desventuraDesdezidores – maldizentes, que falam malDesfazimento – ato de desfazerDesforço – vingança, desforraDesguysado = desguisado – inconveniente,
fora de propósitoDesloar – desfazer, mal-dizer, o contrário de
loar, ou de louvarDestorvou – forma do verbo destorvar,
incomodar, criar estorvoDeulhi – deu-lheDina – dignaDireyvus – direi-vusDis – disseDixelh’ – dixe-lhe, disse-lheDõa – de umaDoas – presentes, doações
cid seixas
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Doo – dorDordenar – de ordenarDormio – durmoDrudo = drut – amanteDu a = duma – de umaDultança – dúvida
— E —
Ei = ey – hei, tenho (do pres. Do indic. Doverbo aver = haver)
Eeffadado – enfadado, com enfado, tédio,mal estar
El – eleEmanguado – providoEmde – disso, por isso, nemEmprenha – engravidaEn, e – em, isso, daí, por isso, ainda que,
emboraEncaecer – passar por velhoEncaralhado – viril, possuidor de dotes
sexuaisEnd’ = ende – por isso, dissoEndoado – ferido (de amor), magoadoEnfadado – aborrecidoEnmentarey – futuro do verbo enmentar,
relembrarei, mencionarei, farei referênciaEno – em o, no
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Enssinademe – ensinai-meEntenças – fazes tençonEnvio – forma do verbo enviar, mandarEr – também, o mesmo que arErades – forma do imperfeito do verbo seerErgeria – ergueria, levantaria, endireitariaErgas = erguas – a não ser, senão, excetoEscaralhado – impotenteEscarnecia – zombavaEsquyv’ = esquivo – desdenhoso, que trata
malEst = é – é, forma do presente do verbo seerEst’ = esto – istoEstar – lugar de hóspedesEstonces – entãoEstorvar – por obstáculos, impedir, incomodarEt = e – e (do latim et), usada principalmente
antes de vogalEy = ei – hei, tenho (forma do presente do
indicativo do verbo aver = haver)
— F —
Fal – faltaFalha = falha – falta, erro, pecado, enganoFazm’ – faz-meFea – feiaFee = fé – crença
cid seixas
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Fezess’ – fez-seFilha = filha – filha, nascida deFin – fina, bela
Fì = fin – fim, términoFodimalhas – sexualmente aptoFremosa – formosaFremusura – formosuraFrol – florFrolida – floridaFuge – foge
— G —
Gaar = gãar – ganharGaj’ = gajo – velhaco, malandro
Gajé – garboGalardam = galardão – glória, prémio,
recompensa de serviços importantes
Garvaya = garvaia – vestuário da corte, peçade luxo, ver guarvaya
Genta – gentil
Getes = gentes – pessoasGrado – voluntariamente, agradecido, de boa
vontade
Grã = gram, gran – grandeGraue = grave – pesado, penoso, difícilGuarda = garda – proíbe; interdição
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Guarvaya = garvaya – garvaia, vestuário dacorte, peça de luxo
Guysa – guisa, jeito, modo, maneira
— H —
Ham – forma do presente do indicativo doverbo haver
He = e – é (est>e>é)Hi – aíHida – idaHirm’ = hir-me – ir-meHirme = hir-me – ir-meHu – onde, quandoHu ua – uma
— I —
I – aí, nisso, lá, entãoIguar – metrificar, trovar, comporIrmana – irmã
— J —
Ja – jáJaju ar – jejuar, fazer jejum, abster-se de
comer
cid seixas
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Jaz – descansa, está deitado ou quietoJazedes – forma do verbo jazer, estais,
permaneceisJograr – jogral, tocador e cantador de trovas
medievaisJuizo – juízo, opinião, descriçãoJuntans’ = juntan-se – juntam-se, unem-se,
acasalam-seJuntasse – forma do verbo iuntar, juntar, unir,
acasalarJurado – feito jura, apalavrado
— L —
Lay = lai – antiga canção lírica ou épicaLazeyro = lazeiro – forma do verbo lazerar,
sofro, penoLeon = leão – um dos antigos reinos ibéricos,
depois unido a castelaLer – praiaLevadelo = levade-lo – seguiste oLevado – embravecido, levantado,
encapelado, altoLevãtey = levãtei – levanteiLeyxar – deixarLho – loLo – oLoaçã = loaçan, loaçom – louvação, elogio
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Loar – louvarLogar – lugarLograr – conseguir, alcançarLogu’ – agoraLoor – louvorLouçaã, louçana – bela, formosaLouv’en(o) – louvem-o
— M —
M’ = me – me, a mimMa – minhaMadr’ = madre – mãeMãdades = mandades – forma do verbo
mandar, mandais, ordenaisMãdo = mando – forma do verbo mandarMaestria – talentoMaíça – malíciaMais – mas; maisMaldizetes – maldizentes, detratores, que
falam malMaloutia – doença venéreaMandado – recado, notíciaManho – estou, permaneç, vivoMansa – meigaMao = mal – ruím (do latim malu) mal diaMaridada – que tem marido, casadaMays – mas, porém
cid seixas
64 coleção e-poket
Mea – meiaMenagem – homenagemMengou – faltouMentr’ = mentre – enquantoMerçe – mercê, compaixão, graçaMester – ofício; atividadeMetesm’ – metes-meMha = mia, mya – minhaMi – mim; meMigo – comigoMilhor – melhorMinguar – faltarMirar – olharMister – urgência, precisãoMoesteyro – mosteiroMofar – zombar, fazer troçaMolher – mulherMoor = mor – maiorMoy = muy – muitoMoyro = moiro – morroMoyto = muyto – muitoMu i = mui – muitoMu y = mu yt’, mu yto – muito
— N —
Nam – nãoNamorada – enamorada, comprometida,
apaixonada
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Natura – natural, conforme a naturezaNe = nen – nemNemigalha = nemygalha – nada, coisa
algumaNenhuu = nenhu – nenhumNõ = non – nãoNoj’ = noio, nojo – aborrecimentoNu ca = nunca – jamaisNulha – nenhuma
— O —
Ogano – este anoOi – ouviOj’ = oj’, oje – hojeOm’, ome, omen – homemOme – homemOnd’ – ondeOra – agoraOrdinhado – ordenado, membro de uma
ordem religiosa, padreOus’ = ouso – forma do verbo ousar, atrevo,
arriscoOuve – houveOuver – houverOuvesse – houvesse, tivesse
cid seixas
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— P —
Paan = pan – pãoPaços – côrte, solarPagada – contente, satisfeitaPan – pãoPanos – trajes, hábitos, vestesPao – pau, varaPar – porParavoa – palavraPardom – perdãoPariron – pariramParelha = parelha – parParlar – conversar, falarParteria – separariaPastor – jovem, virgem, sem experiênciaPeça – tempoPee – péPeer – traquejar, expelir gasesPeervusia – peer-vos-iaPego – pélago, a parte mais funda do marPeleja – contenda, disputaPelhejar – pelejar, batalhar na guarra, ou travar
uma tençon na arte de trovarPemdemça – penitênciaPeor – piorPer – por; muitoPera – para
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Pero – mas, ainda que, emboraPesar – incômodoPeyor = peior – piorPino = pinho – árvore, plantaPique – espécie de lança antigaPiss’ arreitado – órgão masculino rijo, em
ereçãoPissuça – penisPoer – por (verbo)Pois – depois, depois que, desde que,
porquePolo – peloPont’ – imediatamente, na horaPorfiou – teimouPos – depois, após, prometeuPose-o – pô-loPosfaçan – ridicularizam, troçamPran – valorPrasmo – censura, crítica; medoPregu teyos – perguntei-osPregu tou – perguntouPrenhada = prenhada – paridaPrenhe – prenha, grávidaPrendi – tomar, receber recompensaPrestador – cuidadorPrez – preço, mérito, valor, dignidade, apreçoPrioressa – superiora de um convento,
abadessa
cid seixas
68 coleção e-poket
Privado – favorito, indivíduo queacompanhava o rei
Proençal – provençalProl – proveito; a favorProuguesse – prazerProuve – ordenou, muniu, coubePuinha – ponhaPunhey = punhei – forma do perfeito do
indicativo de punhar ou punhar, decidi,procurei, esforcei-me
— Q —
Queredevus – quereis-vosQueyxarvosedes = queixar-vos-edes – vós
vos queixareisQueyxarvusedes – queixar-vos-edesQuytar = quitar – livrar, tirar, afastar, deixar,
esquecerQuytastesme = quitastes-me – pagaste-
me,deixaste-meQuyso = quiso – quis
— R —
Razõ = razon, rezam – razãoRe = ren, rem – (do latim, res) alguém,
alguma coisa, algo
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Regrado – religioso que obedece a uma
regra ou a um juramento, ordenado, que
recebeu ordens eclesiásticas
Ren – algo (ver re)Retraya – retrate, descreva
Rog’ – rogue
Rogia – murmurava em segredo
Romeus – romeiros, peregrinos
Rosetta – rosinha, pequena rosa
— S —
Sa – sua
Saa – sua
Saaide – saiam
Sab’ – sabe
Sabedes – sabeis
Sagaz – perspicaz, fino
Saíva = saiiva – saliva, secreção
Salido – particípio do verbo salir,
embravecido, saído fora do leito
Sam – são
San’ – são
Sandia – louca
cid seixas
70 coleção e-poket
Sanhudo – furioso, terrível, medonho, maluco;
que tem sanha, fúria
Sano – são
Saya = saia – vestimenta feminina (na idademédia, para sair ou receber estranhos, asmulheres usavam um manto sobre a saia)
Sazon – estação, ocasião, tempoSeiade – sejaSeed’ = seedo, sendo – forma do verbo seer,
sendoSeer – ser, estarSegrel – jogral e trovador que recebia
pagamento pela sua arteSemelha – parece, tem aspecto deSemelharã = semelharan – assentarão,
combinarão, parecerãoSen – juízo, sensoSenho – respectivoSenhor – senhoraSenheira = senlheira – sozinhaSenho = senho – respectivoSenhor = senhor – senhoraSenta – forma do verbo sentir, sintaSeve – forma passada do verbo ser, esteveSevi – passou-seSeym’ – sei-meSi – (pron., Sibi) siSi – (adv., Sic) assim
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‘si = assi – assimSim – siSirventês = sirvantês – cantiga que exprime
conceitos e idéiasSiso – sentidoSobejo – demasiado, sobraSobrelo – sobre eleSobrepeliça – sobrepeliz, veste de padre
rezar missaSodes – sois, do verbo serSoen – forma do verbo soer, costumamSofrudo = sofrido – que sofreSogeito – sujeitoSoiia = soía – forma do verbo soer,
costumavaSol = só – somente, porémSoldo – importância paga, vencimentoSoo = sõo, som, son – forma do verbo ser, souSospiro – suspiroSso – souSsy – sim
— T —
Tã – tãoTalho – feitio, talhamentoTam – tãoTan – tão
cid seixas
72 coleção e-poket
Tantamey = tant’ amei – tanto ameiTeer – ter (do latim tenere)Teest’ = tees-te – forma do presente do
indicativo do verbo teer, tens a tiTença, tençan – disputa, peleja, discussão
em versos (ver: tençon)Tenção – propósito, intençãoTençon – peleja, discussão em verso, disputa
entre trovadoresTercer – terceiroTerraa = terrá – teráTever = teuer – tiverTodolos – todos os (combinação do pronome
com o artigo, existe ainda todola)Tolheram – tiraramTorva – turvoTosquiavã = tosquiavan – pestanejavamTraje – forma do verbo traier ou trager, trazTralo – tra-lo, além de, atrás doTravo – entabulo, repreendo, sofro censuraTravar – censurar, acusarTravan – forma do indicativo presente do
verbo travar; censuram, acusamTreydes = treides – forma do verbo traer,
vindeTrobã = troban – forma do verbo trobare,
trovam, versejam, fazem trovasTrobar = trovar – cantar em trovasTrovou – inventou, censurou
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— U —
U – onde, quandoUn – umU u a – uma
— V —
Vã – vãoVaa – vaiVaan = vam – indicativo presente de ir, vãoVal – forma do presente do indicativo de
valerValha – acuda, venha em minha ajudaValia = valia – valor, merecimento,
importânciaVan – vãoVe = ven, uen – vem, indicativo presente do
verbo uiir, virVedes – vêVeend’ = vendo – forma do verbo ueer (lat.
Videre), vendoVeer – ver, vierVej’ = vejo – indicativo presente do verbo
ueer (lat. Videre), vejoVejan = vejan – vejamVejo = vejo – indicativo presente do verbo
ueer (lat. Videre), vejo
cid seixas
74 coleção e-poket
Vejote – vejo-teVel – ou, pelo menos, sequerVel – pelo menos, sequer, ouVela – vê-laVelido – belo, formoso, bem talhadoVelido, velida – belo, formosa, bem talhadoVen – vemVentura – destino, felicidade, sorteVeo – forma do verbo vir, veioVerdad’ = verdade – verdadeVeremo’ = veremos – futuro de veer (lat.
Videre), veremosVerraa = verrá – futuro de uiir>vir, viráVertudes – virtudesVestiir = vestiir – vestirVia – caminhada, jornadaVigo – importante cidade da galíciaVilão = vilão – servo, camponês nascido no
feudo do fidalgo, homem ou mulher dopovo
Viv’ = vivo – vivoVolo – vê-loVolos – vo-los, vós osVolos = vo-los – forma átona resultante da
contração de vus (vos) com o pronome los(eles)
Vontade – afeto, amorVos = vos – vós
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Vosc’ = vosco – convoscoVoss’ = vosso – vosso, por amor de vósVoo = vou – indicativo presente do verbo irVus – vos, pron. Oblíquo
— X —
X’ = xe, xi – se
— Y —
Y = i – aí, nisso, lá, então
cid seixas
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O gosto popular privilegiou ascantigas de escárnio e maldizercomo formasdo homem simples le-var a vida com humor e também dese vingar dos poderosos, atravésdo riso e da sátira.
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REFERÊNCIASe Bibliografia não referenciada
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cid seixas
78 coleção e-poket
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o trovadorismo | 4
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CANCIONEIRO PORTUGUEZ DAVATICANA (Edição crítica por Theo-philo Braga). Lisboa, Imprensa Nacio-nal, 1878 (Fotocópia do exemplar daBiblioteca Nacional de Lisboa).
CANCIONEIRO PORTUGUES DA BIBLI-OTECA VATICANA (Reprodução fac-similada com estudo de Luís FilipeLindley Cintra). Lisboa, Centro de Estu-dos Filológicos / Instituto de Alta Cul-tura, 1973.
CASTRO, Armando. As idéias económicasno Portugal medievo. Lisboa, Institutode Cultura Portuguesa, 1978 (Bibliote-ca Breve, Vol. 13).
CASTRO, Ivo. Uma nova edição da De-manda do Santo Graal. In PIEL, Joseph-Maria (Editor crítico): A Demanda doSanto Graal. Lisboa, Imprensa Nacio-nal-Casa da Moeda, s. d.
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Fonte: Gatineau 12Formato: 100 x 170 mmNúmero de páginas: 90
Salvador, 2019
Cid Seixas é profes-sor titular da Universi-dade Federal da Bahiae da Universidade Es-tadual de Feira deSantana. Publicou di-versos livros e cente-nas de artigos, tendoorientado teses dedourorado e disserta-ções de mestrado. An-tes de se dedicar aoensino, trabalhou co-mo jornalista, de ondevem sua declaradapreferência pelos tex-tos breves e de alcan-ce pelo leitor comum.
e-book.brEDITORA UNIVERSITÁRIA
DO L IV RO DIGITAL
O TROVADORISMO
GALAICO-PORTUGUÊS
Parte IV
Cantigas Satíricas
O TROVADORISMO
GALAICO-PORTUGUÊS
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O gosto popular privilegiou as canti-gas de escárnio e maldizer como formado homem simples levar a vida comhumor — e também de se vingar dospoderosos, através do riso e da sátira.