19

Trovadorismo ao Barroco

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Trovadorismo ao Barroco
Page 2: Trovadorismo ao Barroco

O Trovadorismo, considerado o primeiro movimento literário em Língua Portuguesa, estendeu-se pela Idade Média (séc. XII a séc. XIV), momento em que Portugal vivia um processo de formação nacional. Nesse momento, ainda, vigorava o feudalismo, em que os grandes proprietários exerciam poderes em suas próprias terras independentemente dos poderes do rei.

A produção poética desse movimento literário era uma combinação de texto e música, por isso, é chamada de cantiga (poesia cantada). Num primeiro momento, as cantigas eram apenas cantadas, mas, mais tarde, passaram a ser registradas por escrito, em compilações chamadas Cancioneiros.

A cantiga reconhecidamente mais antiga, produzida por volta de 1200, é “A ribeirinha”, de Paio Soares de Taveirós. Nela, o eu lírico apresenta uma relação de vassalagem com a mulher amada, já que esta lhe é inatingível.

“E vós, filha de Don PaaiMoniz, e bem vos semelha

Dhaver eu por vós guarvaia,Pois eu, mia senhor, dalfaiaNunca de vós houve nem hei

Valia dua correa.”

E vós, filha de Dom Paai Moniz, pareceis querer que eu vos cubra,Pois eu, minha senhora, com manto vos presenteareiE nunca houve, nem haverá para vósPresentes que não sejam valiosos

Page 3: Trovadorismo ao Barroco

Desde que seguissem as ordens do senhor feudal e pagassem a ele os tributos exigidos, os aldeões poderiam cultivar para subsistência. Assim, era o senhor feudal quem detinha o maior poder, e não o rei, apesar do título.

Page 4: Trovadorismo ao Barroco

Exemplos de igrejas europeias com arquitetura e vitrais em estilo gótico.

Page 5: Trovadorismo ao Barroco

O Trovadorismo manifestou-se tanto na poesia quanto na prosa.

Poesia líricaCantiga de amor – eu lírico masculino, sofredor por amar uma mulher

hierarquicamente superior que rejeita suas cantigas. Cantiga de amigo – eu lírico feminino, lamenta as saudades deixadas pelo amigo

(namorado) ausente. (No final deste slide há um link para que você veja como as cantigas fazem parte da cultura portuguesa até hoje, com canções típicas chamadas de Fado.)

Poesia satíricaCantiga de escárnio – crítica indireta a algo ou a alguém, cheia de trocadilhos e

jogos de sentido.Cantiga de maldizer – a crítica é feita diretamente; o nome da “vítima” era

mencionado em meio a uma linguagem vulgar e cheia de palavrões.

Prosa (permaneceram durante o Humanismo, com valor historiográfico. Fernão Lopes foi o maior expoente português.)

Novelas de cavalaria – aventuras e feitos de um povo.Cronicões – exaltações aos reis, baseadas em fatos históricos.Livros de linhagem – biografias de famílias importantes.Hagiografias – histórias dos santos.(Vale lembrar que tais obras mesclam dados históricos com passagens romanceadas pelos autores. Além disso, sua produção

perdura concomitantemente ao Humanismo.)

http://www.youtube.com/watch?v=QiZTuvYIgsshttp://www.letrasdemusica.com.br/a/amalia-rodrigues/amantes-separados.html

Page 6: Trovadorismo ao Barroco

O Humanismo foi uma época de transição entre a Idade Média e o Renascimento. Como o próprio nome já diz, o ser humano passou a ser valorizado – antropocentrismo.

Foi nessa época que se consolidou a burguesia como classe social. Os burgueses não eram servos, e sim pessoas que ganharam dinheiro trabalhando. Não faziam parte da nobreza, portanto.

Com o aparecimento dessa classe social, foram ganhando dimensão os espaços urbanos (mercantilismo, industrialização embrionária e manufatura) e muitos homens que moravam no campo se mudaram para morar nessas cidades – oportunidade de melhora de vida. Como consequência, o regime feudal de servidão enfraqueceu e desapareceu, voltando o poder absolutista com toda força.

O “status” econômico passou a ser muito valorizado, muito mais do que o título de nobreza, ao contrário da era medieval. E foi nesse contexto que a burguesia se destacou: patrocinava produção de conhecimentos e exercia poder junto ao monarca.

Page 7: Trovadorismo ao Barroco

As Grandes Navegações trouxeram ao homem confiança de sua capacidade e vontade de conhecer e descobrir várias coisas.

Assim, a religião começou a enfraquecer e o teocentrismo deu lugar ao antropocentrismo, ou seja, o homem e seus saberes passaram a ser o centro de tudo e não mais Deus e seus dogmas.

Mas não podemos nos enganar achando que o homem abandonou a religião: ele só não deixou que os princípios nos quais a Igreja acreditava o impedisse de fazer descobertas nos campos da matemática, da astronomia, da cartografia...

Os artistas começaram a dar mais valor às emoções humanas.

Gil Vicente , maior expoente do Humanismo lusitano, e rei D. Manuel, famoso pela grande prosperidade portuguesa durante seu governo – expansão ultramarítima, comércio de especiarias...

Page 8: Trovadorismo ao Barroco

Gil Vicente, considerado o precursor do teatro português moderno, é o maior expoente do Humanismo ibérico, apesar de também ter escrito em espanhol.

Suas peças, de cunho moralizante – sacro e satíricas, tratam de críticas às mazelas da sociedade e das instituições falidas dos sécs. XV e XVI. Seu ideal eram as igrejas e a nobreza medievais. Para ele, o homem estava se tornando cada vez mais corrupto e ambicioso.

Para fazer suas críticas, Gil Vicente se apropriava do humor, da linguagem figurada e dos personagens tipificados. Assim, os alvos não se reconheciam e, ao contrário, se entretinham e colocavam o autor como um membro cativo da Corte.

Gil Vicente acabou se tornando um protegido da rainha D. Leonor, esposa de D. Manuel, por ter escrito e encenado uma peça em homenagem ao herdeiro do trono, D. João III.

Ainda assim, a peça de maior prestígio do autor é O auto da barca do inferno, uma verdadeira condenação aos pecados capitais e ao distanciamento dos valores medievais.

Page 9: Trovadorismo ao Barroco

Impulsionado pelos ideais humanistas, o racionalismo nunca esteve tão forte. O homem se encontrava em pleno crescimento científico (a ilustrar: Copérnico afirmou que o Sol é o centro do Universo; Galileu afirmou que a Terra é redonda), cultural, histórico e econômico.

Devido a tais descobertas, a Igreja e seus dogmas passaram a ser questionados. Os mistérios (caos) do mundo poderiam ser decifrados pelo próprio homem, sem necessidade da Igreja para intermediar os seus saberes.

Por isso, o homem resolveu buscar no racionalismo clássico (Antiguidade greco-romana) modelos e ideais de equilíbrio entre si próprio e o mundo que o cerca. Nesse momento, acreditava-se que foi nas civilizações greco-romanas a ocorrência dos maiores avanços de até então. Acontecia, então, o Renascimento intelectual.

Assim, a busca pelo modelo da Antiguidade clássica não era para mera imitação, mas sim superação. Daí vem o nome Classicismo.

Page 10: Trovadorismo ao Barroco

Em Portugal, o movimento teve início com a fundação da Universidade de Lisboa, em 1534. Contudo, o desenvolvimento cultural e científico estava condicionado aos interesses da Corte (entretenimento para ócios ilustrados). Isso porque eram os nobres e os burgueses que patrocinavam a descoberta de novos saberes.

Em se tratando de produção literária, teve início com a vinda de Sá de Miranda da Itália, trazendo consigo a “medida nova”. Essa “medida nova”, entre outros, trazia o soneto decassílabo, uma estrutura poética rigorosa com 14 versos, sendo dois quartetos e dois tercetos.

Essa estrutura rigorosa era um modo de organizar o caos tanto no que diz respeito à forma, quanto ao conteúdo de um poema. Isso porque havia uma simetria, além da riqueza de comparações e metáforas que remetiam à cultura greco-romana.

Além disso, os antigos Homero, grego autor da Ilíada e da Odisseia, e Virgílio, latino autor da Eneida, eram alvos de imitação tanto no que diz respeito à estrutura poética quanto aos jogos linguísticos.

Page 11: Trovadorismo ao Barroco

Veja um poema de Camões, considerado o maior expoente do Classicismo em Portugal.

Amor é fogo que arde sem se ver;É ferida que dói e não se sente;

É um contentamento descontente;É dor que desatina sem doer;

É um não querer mais que bem querer;É solitário andar por entre a gente;É nunca contentar-se de contente;

É cuidar que se ganha em se perder;

É querer estar preso por vontade;É servir a quem vence, o vencedor;É ter com quem nos mata lealdade.

Mas como causar pode seu favorNos corações humanos amizade,

se tão contrário a si é o mesmo Amor?

Neste poema, Camões procurou conceituar a natureza contraditória do amor. Não é um tema novo, pois já na Antiguidade, o amor era visto como uma espécie de doença da razão. Aqui, o poeta buscou analisar o sentimento racionalmente, mas como o amor é um sentimento vago, acabou por concluir pela ineficácia de sua análise, desembocando no paradoxo do último verso. O sentir e o pensar são movimentos antagônicos: um deseja e o outro limita, e, como o poeta não podia separar aquilo que sentia daquilo que pensava, o resultado, na prática textual, só podia ser o acúmulo de contradições e paradoxos.

Para você conferir, seguem links com um clipe e a letra da música “Monte castelo”, da Legião Urbana. Na canção, Renato Russo se apropria dos versos de Camões para compor a letra.

http://www.youtube.com/watch?v=AKqLU7aMU7M

http://letras.terra.com.br/legiao-urbana/22490/

Page 12: Trovadorismo ao Barroco

Mas a produção camoniana não se restringia à lírica. O poeta ficou conhecido pela sua obra prima Os lusíadas, epopeia que conta os feitos do povo português (luso, daí o nome do poema).

O que não se pode perder de vista é que, sendo o povo português extremamente católico e, na época, pioneiro na expansão ultramarítima, é recorrente na produção artística local a ideia de que tal povo é escolhido por Deus, que é missão de tal povo espalhar a cultura e a ideologia portuguesa mundo afora, pois assim o caos que era o mundo seria organizado.

Dessa maneira, o poema narrativo de Camões “não foge à regra” e também exalta o povo português, desde a formação do reino de Portugal até o século XVI, em que o país se tornara potência hegemônica. A ilustrar, as estrofes I e III, do Canto I.

Page 13: Trovadorismo ao Barroco

Nas artes plásticas, a valorização das formas humanas e dos motivos greco-romanos se manifestou em esculturas e pinturas. Exemplos disso são as obras de Botticelli (Nascimento de Vênus), Michelangelo (Davi) e Da Vinci (O homem vitruviano).

Page 14: Trovadorismo ao Barroco

Devido ao seu linguajar conflituoso, rico em paradoxo e antíteses, por meio do qual as tensões entre homem e sentimento nunca são resolvidas, Camões é considerado um poeta de transição entre Classicismo e Barroco. Assim, é denominado por muitos como um poeta maneirista.

Se por um lado, Camões se apropria das estruturas formais rígidas da medida nova e se esmera na cópia de modelos clássicos como Homero e Virgílio, por outro a vã tentativa de racionalização sentimental e a não resolução dos conflitos oriundos dessa frustração o aproxima do Barroco. Isso é o Maneirismo.

Já o Barroco foi uma tendência artística que se desenvolveu primeiramente nas artes plásticas e depois se manifestou na literatura, no teatro e na música. O berço do barroco é a Itália do século XVII, porém se espalhou por outros países católicos, num contexto de Reforma Protestante e Contra-Reforma.

De certo modo o Barroco foi uma continuação natural do Renascimento, porque ambos os movimentos compartilharam de interesse pela Antiguidade clássica, embora interpretando-a diferentemente. Enquanto no Renascimento as qualidades de moderação, economia formal, equilíbrio e harmonia eram as mais buscadas, o tratamento barroco de temas idênticos mostrava maior dinamismo, contrastes mais fortes, maior dramaticidade, exuberância e uma tendência ao decorativo, além de manifestar uma tensão entre o gosto pela materialidade opulenta e as demandas de uma vida espiritual.

Page 15: Trovadorismo ao Barroco

Obras de Aleijadinho, um dos maiores expoentes das artes plásticas do Barroco brasileiro.

Page 16: Trovadorismo ao Barroco

Com relação ao contexto histórico, podemos afirmar que a intensidade do século XVI foi devastadora para Portugal. Isso porque o país se viu num status de potência hegemônica e pioneiro na expansão ultramarítima, mas, como as colônias não garantiram um rápido retorno financeiro, teve início uma fase de crise econômica.

Somado a isso, os impulsos megalomaníacos de Dom Sebastião (o mesmo a quem Camões dedicou Os lusíadas) fizeram com que o rei desaparecesse no norte da África. Tal situação fez com que Portugal se visse novamente sob domínio espanhol, pois subiu ao trono Filipe II, cujo feito foi a unificação da Ibéria.

A partir disso, criou-se a mentalidade do sebastianismo, que acreditava na volta do rei desaparecido e na consequente retomada da autonomia portuguesa. Um dos sebastianistas mais fervorosos era Padre Antônio Vieira.

A unificação da Península veio favorecer a luta conduzida pela Companhia de Jesus em nome da Contra-Reforma: o ensino passa a ser quase um monopólio dos jesuítas e a censura eclesiástica torna-se um obstáculo a qualquer avanço no campo científico-cultural. Enquanto a Europa conhecia um período de efervescência no campo científico, a Península Ibérica era um reduto da cultura medieval.

Page 17: Trovadorismo ao Barroco

Tristes sucessos, casos lastimosos,Desgraças nunca vistas, nem faladas.São, ó Bahia, vésperas choradasDe outros que estão por vir estranhos

Sentimo-nos confusos e teimososPois não damos remédios as já passadas,Nem prevemos tampouco as esperadasComo que estamos delas desejosos.

Levou-me o dinheiro, a má fortuna,Ficamos sem tostão, real nem branca,macutas, correão, nevelão, molhos:

Ninguém vê, ninguém fala, nem impugna,E é que quem o dinheiro nos arranca,Nos arrancam as mãos, a língua, os olhos.

Fazer pouco fruto da Deus no Mundo pode proceder de um de três princípios: ou da parte do pregador, ou da parte do ouvinte, ou da parte de Deus. Para uma alma se converter por meio de um sermão, há se haver três concursos: há de concorrer o pregador com a doutrina, persuadindo; há de concorrer o ouvinte com entendimento, percebendo; há de concorrer Deus com a graça, alumiando. Para um homem ver a si mesmo, são necessárias três coisas: olhos, espelho e luz. Se tem espelho e é cego, não se pode ver por falta de olhos; se tem espelho e olhos, e é noite, não se pode ver por falta de luz. Logo, há mister luz, há mister espelhos e há mister olhos.

Gregório de Matos – Boca do Inferno

Pe. Antônio Vieira – Sermão da sexagésima

Page 18: Trovadorismo ao Barroco

O Quinhentismo corresponde ao estilo literário que abrange todas as manifestações literárias produzidas no Brasil à época de seu descobrimento, durante o século XVI. A ilustrar:

A literatura informativa, também chamada de literatura dos viajantes ou dos cronistas, consiste em relatórios, documentos e cartas que se empenham em levantar a fauna, flora e habitantes da nova terra, com o objetivo principal de encontrar riquezas. Daí o fato de ser meramente descritiva e de pouco valor literário. A exaltação da terra exótica e exuberante seria sua principal característica, marcada pelo uso de adjetivos.

A Literatura Catequética ou Literatura Jesuítica foi consequência da Contra-Reforma. A principal preocupação dos jesuítas era o trabalho de catequese, objetivo que determinou toda a sua produção literária, tanto na poesia como no teatro. Além da poesia de devoção, os jesuítas cultivaram o teatro de caráter pedagógico, baseado também em trechos bíblicos, e as cartas que informavam aos superiores na Europa o andamento dos trabalhos na Colônia.

José de Anchieta se propôs ao estudo da língua tupi e guarani e é considerado o precursor do teatro no Brasil. Sua obra já apresenta traços barrocos.

Page 19: Trovadorismo ao Barroco

•http://www.algosobre.com.br•http://auladeliteraturaportuguesa.blogspot.com•http://www.brasilescola.com•http://www.coladaweb.com•http://educacao.uol.com.br•http://www.google.com.br•http://guiadoestudante.abril.com.br•http://www.klickeducacao.com.br•http://linguaeliteratura.kit.net•http://www.passeiweb.com•http://pre-vestibular.arteblog.com.br•http://profsimonepaulino.wordpress.com•http://pt.wikipedia.org•http://resumosdeliteratura.blogspot.com•http://www.suapesquisa.com•http://www.vestibular1.com.br