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124 ISBN 978-85-89943-23-9 REPRESENTAÇÕES SOBRE A DEFICIÊNCIA INTELECTUAL EM PESQUISAS CIENTÍFICAS STRICTO SENSU NO BRASIL Raclene Ataide de Faria ( IFG) [email protected] Kamila Evelyn Martins Marques (Bolsista PIBIC IFG) [email protected] Gérlia Santos Soares (Voluntária PIBIC IFG) [email protected] RESUMO Esta pesquisa intenta traçar um panorama geográfico, cronológico e conceitual das representações sobre a deficiência intelectual em pesquisas científicas stricto-sensu realizadas em universidades federais brasileiras, entre os anos de 2013-2015, nas áreas disciplinares do Direito, Educação, Medicina, Psicologia e Sociologia. É uma pesquisa exploratória. O referencial teórico é composto, dentre outros, por Meireles (2014) e Pessotti (2012). A revisão bibliográfica evidencia a maior notoriedade da pessoa com deficiência intelectual nos últimos vinte anos. A coleta de dados revelou que: há importante disparidade na quantidade de universidades federais e de programas de pós-graduação, abrangidos nessa pesquisa, por estado e região; elevada concentração de pesquisas sobre a DI por área disciplinar e por localização no país; a ausência de pesquisas sobre a DI na área do Direito e na região Norte do país; significativa consonância entre as áreas na definição da deficiência e nas representações sobre a deficiência intelectual. Palavras-chave: deficiência intelectual; pesquisas científicas stricto sensu; representações.

CIENTÍFICAS STRICTO SENSU - Anais do UP4 5_Formacao Docente_pag 124.pdf · Paulo e uma, em Minas Gerais. Quatro, na região Nordeste, todas do Estado do Maranhão. Cinco, na região

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ISBN 978-85-89943-23-9

REPRESENTAÇÕES SOBRE A DEFICIÊNCIA INTELECTUAL EM PESQUISAS CIENTÍFICAS STRICTO SENSU NO BRASIL

Raclene Ataide de Faria ( IFG)

[email protected] 

Kamila Evelyn Martins Marques (Bolsista PIBIC IFG)

[email protected] 

Gérlia Santos Soares (Voluntária PIBIC IFG)

[email protected]

RESUMO

Esta pesquisa intenta traçar um panorama geográfico, cronológico e conceitual das representações sobre a deficiência intelectual em pesquisas científicas stricto-sensu realizadas em universidades federais brasileiras, entre os anos de 2013-2015, nas áreas disciplinares do Direito, Educação, Medicina, Psicologia e Sociologia. É uma pesquisa exploratória. O referencial teórico é composto, dentre outros, por Meireles (2014) e Pessotti (2012). A revisão bibliográfica evidencia a maior notoriedade da pessoa com deficiência intelectual nos últimos vinte anos. A coleta de dados revelou que: há importante disparidade na quantidade de universidades federais e de programas de pós-graduação, abrangidos nessa pesquisa, por estado e região; elevada concentração de pesquisas sobre a DI por área disciplinar e por localização no país; a ausência de pesquisas sobre a DI na área do Direito e na região Norte do país; significativa consonância entre as áreas na definição da deficiência e nas representações sobre a deficiência intelectual.

Palavras-chave: deficiência intelectual; pesquisas científicas stricto sensu; representações.

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1.INTRODUÇÃO

A partir da última década do século XX, a condição social da pessoa com deficiência

intelectual tem sido geradora de amplos debates advindos da ampliação de sua notoriedade

social e da sua inserção, cada vez mais ampla, em diversos espaços sociais. A nomenclatura

deficiência intelectual é recente. Ela foi adotada, no início do século XXI, em substituição ao

termo deficiência mental.

Historicamente, vários termos foram utilizados para denominar a pessoa com

deficiência intelectual. Dentre os quais há imbecil, débil mental, retardado, idiota, cretino, e

excepcional (PESSOTTI, 2012; MEIRELES, 2014).

Cada um desses termos tem o diferencial de expressar a relação entre o contexto

histórico-social, e as representações sobre a pessoa cujo desempenho cognitivo se mostrava

abaixo da média. Moura (2009, p.45) ilumina essa questão ao apresentar:

Que cada nomenclatura expõe um aspecto, projeta uma face, forma, conforma e/ou deforma de um jeito. É quando os diversos olhares ocasionam as múltiplas conotações, denotações e terminologias definidoras daqueles que “desviam”, ou “subvertem” a ordem normal da genética, seja pela anatomia, seja pela fisiologia, fugindo portanto ao padrão social dominante.

A teoria das representações sociais se refere a um amplo campo de estudos

transdisciplinares das ciências humanas, e agrega pensadoras/es de várias vertentes

epistemológicas. Tal como as representações sociais, a DI14 está situada em uma área de

intersecção disciplinar que inclui e requer diálogos transdisciplinares.

As primeiras tentativas de explicação da deficiência, com parâmetros científicos,

originaram-se na Modernidade. Elas resultaram em várias pesquisas sobre as pessoas com DI,

com caráter não teológico, porém, algumas delas, ainda marcadas pela superstição. O século

XX apresenta características paradoxais porque nele houve a floração e a difusão da

pedagogia para as pessoas com DI, por outro, é “[...] o mais extremado na propagação

alarmista do perigo social que o deficiente representa” (ibid p. 189). O que faz com que

alguns de seus escritos sejam classificados como acientíficos ou anticientíficos,

especialmente, por defender práticas de eugenia e de esterilização compulsória (PESSOTTI,

2012).

As melhorias mais significativas no conhecimento, no tratamento e no respeito à pessoa

com deficiência intelectual são conquistas bem recentes.

                                                            14 Deficiência Intelectual.

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2.OBJETIVO

Realizar um mapeamento das pesquisas científicas stricto sensu produzidas nas

universidades federais brasileiras, nas áreas disciplinares do Direito, Educação, Medicina,

Psicologia e Sociologia, entre os anos de 2013 e 2015, sobre a pessoa com deficiência

intelectual, a fim de conhecer quais representações sobre a deficiência intelectual estão sendo

construídas, de modo a fazer um panorama geográfico e conceitual das representações

encontradas, identificando as consonâncias e dissonâncias disciplinares e transdisciplinares

das representações encontradas.

3.METODOLOGIA

Constitui-se como uma pesquisa exploratória, baseada em pesquisa bibliográfica, e na

busca de teses e dissertações para a catalogação das pesquisas científicas stricto sensu. Como

afirma Gil (2002), a pesquisa exploratória é aquela na qual se objetiva conhecer ou explorar

um assunto pouco conhecido. Nela há a organização de informações resultantes de sondagens,

da tentativa de conhecer um pouco mais assuntos pouco conhecidos, isto é, construindo uma

visão geral do objeto pesquisado.

Os procedimentos se basearam em: catalogar as universidades federais brasileiras;

realizar busca de pós-graduação stricto sensu nas áreas do Direito, Educação, Medicina,

Psicologia e Sociologia; busca de teses e dissertações defendidas entre os anos de 2013-2015;

seleção, leitura e identificação das representações sobre a deficiência intelectual; comparação

e síntese das representações.

4.APRESENTAÇÃO DOS DADOS

4.1 - Panorama Geográfico

As informações que compõem essa seção apresentam dados parciais da pesquisa

realizada nos meses de junho a setembro de 2015, e com desenvolvimento, inicialmente

previsto, para o triênio 2015-2017.

Neste período havia no Brasil (BRASIL, S/D; 2015; UNIVERSIDADES, 2016)

sessenta e duas universidades federais. Destas, cinco – 8% - localizavam-se na região Centro-

Oeste, dez – 16,1% - na região Norte, onze – 17,7% - na região Sul, dezessete – 27,4% - na

região Nordeste e dezenove - 30,6% - na região Sudeste.

Há notória discrepância na distribuição das universidades federais no país, e ela se torna

mais evidente se observada a distribuição por unidade da federação. Das vinte e sete unidades

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da federação treze, 48,1% do total, possuem somente uma universidade federal. Seis, 22,2%,

possuem três universidades federais. Cinco Estados, 18,5%, possuem duas universidades

federais. Um Estado, 3,7% possui quatro universidades federais enquanto que o Estado de

Minas Gerais, sozinho, 3,7%, possui onze universidades federais. Veja o Mapa 115.

A distribuição dos cursos de pós-graduação stricto sensu em universidades federais nas

áreas pretendidas era de setenta e quatro – 31% - na área de Educação; sessenta e quatro –

26,7% - em Medicina; trinta e oito – 15,9% - de Psicologia; trinta e sete – 15,5% - em

Sociologia; e vinte e seis – 10,9% - em Direito.

As rubricas dos PPGs16 acima designadas incluem uma diversidade notória de

nomenclaturas. Alguns têm enfoques específicos, contudo, foi respeitada a vinculação à área

pesquisada. A distribuição dos Programas de Pós-Graduação, por área, no país, evidencia

uma não proporcionalidade em sua distribuição.

Em Direito, por exemplo, a maior concentração dos programas está na região Sudeste,

com oito programas, sucedido pela região Nordeste, com sete, a região Sul com seis, a região

Centro-Oeste com três e a região Norte com dois programas. Observe o mapa 2.

                                                            15 Todos os mapas constantes neste trabalho são produção própria das autoras. 16 Programas de Pós-graduação.

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A área da Educação é a que contém o maior volume de programas. No total são

setenta e quatro, dos quais vinte e cinco estão na região Sudeste, quatorze na região Centro-

Oeste, treze na região Nordeste, onze nas regiões Norte e Sul cada. Veja o mapa 3.

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Na área de Medicina, dos sessenta e quatro programas de pós-graduação, a maioria

está na região Sudeste, vinte; quinze na região Nordeste; doze na região Centro-Oeste; onze

na região Sul e seis na região Norte. Observe o mapa 4.

Na área da Psicologia, do total de trinta e oito programas, a maior concentração está na

região Sudeste com doze programas; na região Nordeste, dez; as regiões Centro-Oeste e Sul

com seis,cada, e a região Norte com quatro. Observe o mapa 5.

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Na área da Sociologia, do total de trinta e sete PPGs, treze estão na região Nordeste,

dez na região Sudeste, seis na região Norte, cinco na região Sul e três na região Centro-Oeste.

Veja o mapa 6.

A concentração dos PPGs de todas as áreas pesquisadas é maior nos Estados do que nas

Regiões. Contudo, em relação ao país, a Região Norte tem a menor quantidade de PPGs e a

Região Sudeste a maior quantidade.

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Nas Regiões, alguns Estados se destacaram pela maior concentração de PPGs. São eles:

na Região Norte – Pará e na Região Sul – Rio Grande do Sul.

Há Estados que se destacaram por serem o que menos têm PPGs, como o Estado de

Mato Grosso, na Região Centro-Oeste, e os Estados de Ceará e Piauí, na região Nordeste.

4.2 – As Pesquisas

Na busca das teses e dissertações, foram encontradas vinte e quatro pesquisas, destas,

dezoito, na área da Educação; três, em Psicologia; duas, em Ciências da Saúde (Medicina);

uma, em Sociologia e nenhuma na área do Direito. Destas, oito foram defendidas em 2013;

quatorze, em 2014 e duas, em 2015. Há dissertações e teses sobre a DI defendidas em 2015 e,

que em função da data da coleta de dados, não aparecem nessa contagem.

A busca das dissertações e teses foi realizada, principalmente, na Biblioteca Digital

Brasileira de Teses e Dissertações (BDTD). A intenção de pesquisar nas páginas eletrônicas

de cada Programa de Pós-Graduação foi frustrada porque, no período da coleta de dados,

diversas páginas apresentaram problemas para o acesso. Observou-se a existência de

pesquisas sobre a DI realizadas em áreas, anos e instituições não contempladas nessa

pesquisa.

A produção de pesquisas com essa temática apresentou considerável variação nas

Regiões e nos Estados brasileiros. Foram doze na região Sudeste, das quais onze, em São

Paulo e uma, em Minas Gerais. Quatro, na região Nordeste, todas do Estado do Maranhão.

Cinco, na região Centro-Oeste, sendo quatro do Distrito Federal e uma de Goiás. Três, da

região Sul, das quais duas de Santa Catarina e uma do Rio Grande do Sul. Da região Norte

nenhuma pesquisa foi encontrada.

Os dados acima indicam que a temática da deficiência intelectual tem sido mais

pesquisada na área da Educação, e a Região Sudeste está na dianteira, representada

maciçamente pelo Programa de Pós-Graduação em Educação Especial da Universidade

Federal de São Carlos. Observe o mapa 7.

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Das vinte e quatro teses e dissertações foram selecionadas doze. O critério adotado foi o

da maior proporcionalidade possível de universidades, áreas disciplinares e região. Dessas,

duas são de Ciências da Saúde, uma, de Sociologia, três são da área da Psicologia e seis, da

Educação. Por região, a relação é uma do Nordeste, três do Centro-oeste, cinco do Sudeste e

três do Sul.

As pesquisas científicas selecionadas se referem a uma variedade interessante de temas

que engloba: esterilização involuntária de mulheres; classes de comportamentos a serem

desenvolvidos por professoras/es; ensino de leitura com diferentes treinos discriminativos;

capacitação de cuidadores para o ensino de habilidades ocupacionais; auto-representação

como estudantes de escola regular; educação de jovens e adultos; microrrearranjos no

cromossomo X em meninos; sala de recursos multifuncionais e sala comum; participação em

bandas marciais de escolas regulares; relação afetiva entre professor/a e aluna/o; uso de jogos

de software educativo de matemática para a construção do conceito de número; prevalência,

etiologia e determinantes da deficiência intelectual em uma coorte de nascimentos.

4.3 - Representações

A primeira conclusão é que, na totalidade das pesquisas, a nomenclatura adotada para

intitular os trabalhos é deficiência intelectual.

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Em todas as áreas, a definição da DI se coaduna com a apresentada pela American

Association on Intellectual and Developmental Disabilities - AAIDD17 que a define como

sendo o conjunto de significativas limitações no funcionamento intelectual e no

comportamento adaptativo, abrangendo as habilidades sociais e as práticas cotidianas, com

ocorrência após os cinco anos e anterior aos dezoito anos de idade.

O funcionamento intelectual, denominado também como inteligência, se refere à

capacidade mental de aprendizagem, de resolução de problemas, de raciocínio, dentre outros.

O comportamento adaptativo é o conjunto das habilidades conceituais, sociais e práticas que

são aprendidas e desempenhadas pelas pessoas, em suas vidas diárias.

A compreensão de que a análise, a percepção e a problematização da deficiência

ultrapassam a esfera orgânica é, também, uma das convergências teóricas entre as pesquisas.

Segundo as mesmas, as dimensões social e ambiental devem ser consideradas em uma

perspectiva analítica multidimensional da DI.

Outra similitude reside na concepção de que a deficiência intelectual não se restringe às

características meramente orgânicas dos sujeitos. Embora essas características precisem ser

levadas em consideração, elas não explicam, exclusivamente, a deficiência, nem tampouco, as

limitações e as possibilidades desses sujeitos, no que diz respeito às oportunidades efetivas

ou às negadas de interação social, e à qualidade dessas interações.

Há convergências entre algumas áreas, dentre as quais:

As áreas de Educação, Psicologia e Sociologia expressaram a concepção social de que as pessoas com deficiência intelectual são infantilizadas, e que o processo social de infantilização dessas pessoas permanece ainda vigoroso. Assim, como a defesa categórica de que são pessoas capazes de aprender;

As áreas de Educação, Medicina e Sociologia enunciam que a DI é heterogênea, e não uma incompetência uniforme e generalizada do sujeito. O intelecto tem uma diversidade qualitativa;

As áreas da Psicologia e da Sociologia advogam que, nos processos de tomada de decisão sobre a pessoa com DI, a opinião da própria pessoa seja considerada e denunciam que, por vezes, as pessoas com DI são culpabilizadas por problemas, como os de aprendizagem e comportamentais, que não resultam apenas da deficiência, mas da inadequação das práticas sociais e institucionais em relação às suas necessidades, e das barreiras sociais à diversidade;

As áreas de Educação e Sociologia asseveram que a DI não pode ser definida por um único saber, que as pessoas com DI não devem viver de modo segregado, que o comportamento dessas pessoas, em essência, não difere do das pessoas ditas normais, e que seu comportamento não é fruto apenas da sua alteridade, mas ele advém, também, das relações que estabelece, e do contexto no qual está inserido;

                                                            17 Para maior detalhamento veja a página oficial da associação disponível em

https://aaidd.org/intellectual-disability/definition#.VuGm2VQrLIU.

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Em uma das pesquisas da área da Educação, e em uma de Medicina, a deficiência, em um dos trechos em que ela é definida, é descrita como uma incapacidade ou um estado incompleto ou inibido do desenvolvimento do intelecto. Termos que diferem da definição supra-apresentada. Afirmar que a pessoa com DI tem limitações, mesmo que significativas, no funcionamento intelectual, tem caráter menos fatalista e limitante do que afirmar que a pessoa é incapaz ou cujo estado intelectual é incompleto. Perspectivas que destoam das concepções que, em nível internacional, estão se delineando.

Pelo exposto, observa-se que a área da Sociologia é a que mais converge com as demais

áreas, e a de Medicina, a que menos converge. A respeito das singularidades de perspectivas

das áreas destacam-se:

Em Educação, várias/os autoras/es afirmaram que a escola tem desempenhado o papel de rotuladora e patenteadora da DI, uma vez que as pessoas que não obtiveram êxito escolar ou apresentavam comportamentos considerados inadequados, por décadas no Brasil, foram classificadas como tendo DI;

Na área da Medicina é apresentada a relação entre a maior incidência da DI leve, de causa ambiental, em países mais pobres ou em classes sociais mais baixas, decorrente da precariedade de atendimento médico pré-natal, do estresse crônico provocado pelas precárias condições de vida que afeta o desempenho social, escolar, a saúde e o bem-estar das pessoas. As DIs de origem genética se manifestam em qualquer classe social;

Em Psicologia, há a afirmação de que a sociedade os exclui e os subjuga baseada na inadequação das técnicas de ensino, e não, na incapacidade da pessoa com DI em aprender os conhecimentos escolares, o cuidado e a autonomia. São, mais frequentemente, vítimas de violência, inclusive a sexual;

Na Sociologia a pesquisa teve foco na autorrepresentação e na fala dos próprios sujeitos. Nela, afirma-se que a lógica dos discursos e a coerência do pensamento da pessoa com DI é apreendida, se observada em seu conjunto, sem focar em suas incoerências e contradições, e que as pessoas com deficiência intelectual são pessoas plenas de direito.

De modo geral, as pesquisas defendem para as pessoas com DI a não segregação, uma

vez que consideram a sua capacidade de aprender, a importância das interações sociais e do

aprendizado escolar para o bom desenvolvimento de suas capacidades cognitivas, afetivas,

comunicativas, e o de autonomia, dentre outras, bem como o respeito à dignidade e à

autodeterminação.

Em relação à sociedade, advogam a necessidade de que aquela seja menos impeditiva

em relação ao desenvolvimento da pessoa com DI, menos preconceituosa e segregadora, que

respeite a diversidade, e que veja as pessoas com DI, a exemplo da definição e nomenclatura

atual, de modo mais dignificante.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Há significativa disparidade geográfica e quantitativa das universidades federais; dos

PPGs em Direito, Educação, Medicina, Psicologia e Sociologia e das pesquisas defendidas

entre 2013-2015 sobre a deficiência intelectual no país. As pesquisas estão concentradas em

poucas Unidades da Federação.

A temática da deficiência intelectual não tem sido geradora de pesquisas, nem na área

do Direito, nem na região Norte do país. A área da Educação e a Região Sudeste são as que

mais têm produzido pesquisas nessa temática. As áreas da Medicina, Psicologia e Sociologia

tem produções relevantes, porém em pequena proporção, tanto em quantidade total como em

relação à quantidade de PPGs de cada área.

Os temas pesquisados apresentam uma boa variedade, com significativas e prevalentes

consonâncias conceituais e de representações. O conjunto das representações evidencia que a

deficiência envolve as dimensões orgânica, social e ambiental. Contestam as práticas sociais

de exclusão, de menosprezo à pessoa com DI, do seu silenciamento social, do desprezo de

suas capacidades, e a falta de investimento social no seu desenvolvimento.

É fundamental que a área do Direito se sensibilize com essa temática e que amplie o

diálogo transdisciplinar sobre a pessoa e a deficiência intelectual em si. Considerando que

seus direitos são, muitas vezes, negados por meio de intervenções, decisões e categorizações

arbitrárias, muitas delas legitimadas pela via jurídica.

REFERÊNCIAS

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