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Universidade Federal de Juiz de Fora Instituto de Artes e Design Thaís Cabral Arte e História IV Cildo de Meireles Cildo de Meireles nasceu na cidade do Rio de Janeiro e passou sua infância nas cidades de Goiânia, Belém do Pará e Brasília, sendo que nesta ultima teve contato com as obras de Félix Alejandro, pintor peruano que lhe influencia a dedicar-se ao desenho. Ao regressar ao Rio, cursa por um curto espaço de tempo a Escola de Belas Artes, e passa a freqüentar com certa frequência o ateliê de gravura do MAM. Nestae contexto passa a dedica-se prioritariamente a produção conceitual, criticando os meios, os suportes e as linguagens artísticas tradicionais. Como professor do ateliê do MAM, em 1969, funda em conjunto com Guilherme Vaz e Frederico Morais uma unidade experimental do museu, da qual passa a ser diretor.

Cildo Meireles

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Análise e contextualização das obras de Cildo Meireles

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Universidade Federal de Juiz de Fora Instituto de Artes e Design

Thas Cabral Arte e Histria IV

Cildo de Meireles

Cildo de Meireles nasceu na cidade do Rio de Janeiro e passou sua infncia nas cidades de Goinia, Belm do Par e Braslia, sendo que nesta ultima teve contato com as obras de Flix Alejandro, pintor peruano que lhe influencia a dedicar-se ao desenho. Ao regressar ao Rio, cursa por um curto espao de tempo a Escola de Belas Artes, e passa a freqentar com certa frequncia o ateli de gravura do MAM. Nestae contexto passa a dedica-se prioritariamente a produo conceitual, criticando os meios, os suportes e as linguagens artsticas tradicionais. Como professor do ateli do MAM, em 1969, funda em conjunto com Guilherme Vaz e Frederico Morais uma unidade experimental do museu, da qual passa a ser diretor.Desde o fim da dcada de 1960, Cildo tem sido referencia singular na arte contempornea, com obras carregadas com a linguagem internacional da arte conceitual, mas havendo sempre uma ligao e um dilogo com neconcretismo brasileiro, cujos principais nomes so Lygia Clark e Hlio Oiticica. A arte contempornea exige a reflexo sobre a questo do espao. A relao entre obra e ambiente tem sido discutida nos tempos atuais, como nunca antes havia ocorrido, podendo se configurar como uma pea-chave na produo artstica praticada em nossos dias. Segundo Lorenzo Mamm, o espao estabelece com a obra, alm de uma relao de mera contingncia, uma dinmica de interferncia mtua: ao mesmo tempo em que um trabalho altera e enche o ambiente em que est inserido e seus sentidos, o ambiente tambm pode interferir na proposta e nos significados da obra. Segundo, Cildo Meireles, seu trabalho s assume um carter declaradamente poltico em 1969, sendo seus precedentes preocupados, sobretudo com questes formais. O episdio ocorrido na Pr-Bienal de Paris, realizada no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro estimulou esse engajamento. O evento contaria com a participao do artista, porm trs horas antes de sua abertura, foi fechada pelo Departamento de Ordem Poltica e Social DOPS. Esse episdio, dentro do momento conturbado que o Brasil vivia , estimulou Cildo a tratar de questes de ordem cunho poltico e social em alguns de seus trabalhos, buscando sempre conciliar uma possvel leitura poltica com preocupaes de ordem de linguagem, estruturais, formais.Em 1967, produziu Desvio para o Vermelho, trabalho pioneiro no campo da instalao, composto com diversos suportes, tcnicas e materiais, quase sempre se referindo a questes amplas, de natureza poltica e social. Sendo assim, esta obra um de seus trabalhos mais complexos e ambiciosos. Aps ter sido concebido em 1967, foi montado em diferentesverses desde 1984 e exibido em Inhotim em carter permanente desde 2006. A instalao cria uma espcie de cenrio inusitado no qual o espectador pode. composta por trs salas contguas: Impregnao, Desvio para o vermelho: Entorno, e Desvio. O primeiro deles (Impregnao) composto por uma exaustiva coleo monocromtica de mveis, objetos e obras de arte em diferentes tons de vermelho, reunidos de maneira plausvel mas improvvel. Os ambientes seguintes, EntornoeDesvio, so menores e que trabalham de maneira mais condensada as questes propostas no primeiro espao. Nestes espaos tm lugar o que o artista chama de explicaes anedticas para o mesmo fenmeno da primeira sala, em que a cor satura a matria, se transformando em matria. Os simbolismos e metforas recorrentes na obra, vo desde a violncia do sangue at conotaes ideolgicas. A inteno do artista oferecer uma seqncia de impactos sensoriais epsicolgicos ao espectador: uma srie de falsas lgicas que nos devolvem sempre a um mesmo ponto de partida. A cor vermelha, segundo o artista, um padro utilizado em fsica pra saber a distncia de sistemas, galxias, enfim, corpos celestes em geral. Por ter o comprimento de onda maior, o vermelho o que menos se desvia quando voc decompe, e isso a fsica usa pra medir distncias, basicamente. O que acontece so desvios de desvios, assim como a primeira sala, que uma coleo de colees. Colees de coisas dentro da geladeira, coisas na escrivaninha, coleo de roupas no guarda-roupa, copos, talheres, livros. A ideia do ttulo veio depois. J estava pronta, precisava de um titulo, e eu me lembrei dessa expresso da fsica. Eu j tinha decidido usar o vermelho. A pensei que desvio pro vermelho de certa maneira, compacta (Entrevista para Revista carbono, 2013) Desvio para o vermelho (os objetos contidos na imagem esto na cor vermelha, no visvel pela precariedade da impresso) Inseres em circuitos ideolgicos 1970A obra Inseres em circuitos ideolgicosconsiste na retirada de objetos de um sistema de circulao, interferir sobre eles e ento inseri-los, novamente no sistema. A idia consiste em gravar nas garrafas retornveis de coca-cola informaes,opinies crticas, e por fim devolv-las circulao.O artista juntou garrafas retornveis vazias de coca-cola, marca esta que smbolo do capitalismo americano de consumo. Nas garrafas, com mesma tinta branca utilizada para marcar informaes normais do rtulo, confeccionou estampas com mensagens de cunho poltico. Nas garrafas vazias, as mensagens passavam quase despercebidas, sendo fcil a reintroduziu das garrafas em seu circuito. Sendo assim, elas voltaram para a fbrica, onde foram lavadas e preenchidas novamente. Cheias com o refrigerante de cor escura, a mensagem torna-se visvel em contraste com o fundo preto proporcionado pelo lquido. O consumidor que ter acesso a uma dessas garrafas poder ler seu contedo, beber seu lquido e devolver o casco, este ser novamente encaminhado ao fabricante, reenchido e assim segue a rotatividade do produto, chegando a mo de vrios consumidores.Cildo escreveu nas garrafas a frase Yankees, go home!. E depois as reinseriu em sua circulao.A palavra Yankees est diretamente relacionada com os Estados Unidos, pois remetida aos habitantes da Nova Inglaterra, localizada ao nordeste do pas.O contexto de produo da obra era a ditadura militar, a qual era no mnimo vista com tolerncia pelo governo americano. Sendo assim, produzir arte numa garrafa de coca-cola era algo pertinente e cheio de significado naquele momento.Entre 1983 e 1989, o artista trabalha na obra Atravs, uma das obras que Cildo, lida com questes como nossa maneira de perceber o espao e o mundo, atravs de jogos formais com materiais cotidianos. A instalao trata-se de uma coleo de materiais e objetos utilizados comumente para criar barreiras, com os mais diferentes tipos de usos, foras e cargas psicolgicas. Entre elas: cortina de chuveiro, grades de priso, incluindo materiais de origem domstica, industrial, institucional. So organizados em pares seguindo um rigor geomtrico na posio sobre um cho de vidro estilhaado, o que proporciona ao visitante, diferentes nveis de transparncia para os olhos, que visto de certa distancia permite penetrar a estrutura.A inteno da obra que haja interao do corpo com a estrutura, levando a descoberta e abandono de novas barreiras. O seu formato de labirinto estimula a experincia sensorial de descoberta, seus obstculos aludem s barreiras da vida e ao nosso desejo de super-las, expresso na transparncia das mesmas.

Atravs 1983 - 1989

Especificamente durante a dcada de 80, Cildo Meireles deixou de aderir a proposta de revitalizao da pintura, que era algo que grande nmero de artistas da gerao 80 estavam a fazer. Ele se empenhou na produo conceitual de mltiplas linguagens e suportes empregados. Com o acumulo de estilos e idias que dcadas lhe proporcionaram, incorpora em seu repertrio citaes irnicas sobre a tradio da arte que domina nos anos 80. Deste modo, promovendo assim amplas possibilidades de expresso sobre a escultura desmobilizada de preceitos formais.A intensa e magnfica produo de Cildo Meireles, ainda em andamento, ampliou de forma relevante seu campo criativo apos inserir diversos elementos como: instalao, objeto e tecnologia. Cildo Meireles deixa ntido seu descomprometimento com o mercado de arte e sua mxima dedicao interao do publico, sendo assim, seu trabalho est inserido na simbologia mxima da relao aberta entre linguagem e interao.

Referncias Bibliogrficas: http://revistacarbono.com/artigos/04carbono-entrevista-cildo-meireles/http://mariantonia.prceu.usp.br/?q=exposicao/cildo-meireleshttp://www.mercadoarte.com.br/artigos/artistas/cildo-meireles/cildo-meireles/