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UNIVERSIDADE CASTELO BRANCO CENTRO DE CINCIAS BIOLGICAS CURSO DE MEDICINA VETERINRIA

CINOMOSE

Carlos Eduardo Lopes Honorato

Rio de Janeiro, out. 2006

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CARLOS EDUARDO LOPES HONORATO Aluno do Curso de Especializao em Clnica de Pequenos Animais da UCB CURSO DE VETERINRIA

CINOMOSE

Trabalho monogrfico de concluso do curso de Especializao em Clnica de Pequenos Animais da UCB. Orientador: Alexandre Martini de Brum

Rio de Janeiro, out. 2006

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INTRODUO

A cinomose uma doena viral multissistmica e altamente contagiosa, que produz severa doena em ces e outros candeos, principalmente em filhotes, e com letalidade inferior apenas a raiva (BIAZZINO et al., 2002; SHERDING, 2003; GUEDES et at., 2004; BRANDO, 2005), mas podendo acometer tambm idosos ou adultos que no tenham sido vacinados (AMARAL, 2005). molstia viral de maior prevalncia em ces. H apenas alguns ces isolados que no foram expostos ou infectados com o vrus. (SWANGO, 1997). Sua natureza contagiosa j era reconhecida desde meados do sculo XIX, porm, foi Carr quem aps uma srie de estudos considerou a cinomose como enfermidade causada por vrus (SILVA e ZANINI, 2005). A forma clnica da cinomose foi descrita primeiramente por Jenner em 1809, em seu trabalho sobre vacinao contra a varola humana. A partir de 1930, a enfermidade passou a ser perfeitamente conhecida em suas formas clnicas e etiolgicas (SILVA e ZANINI, 2005).

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REVISO DE LITERATURA

O

vrus

da

cinomose

um

mobilivrus

da

Famlia

Paramyxoviridae, que se relaciona intimamente, tanto antigenicamente quanto biofisicamente ao vrus do sarampo dos humanos e ao vrus da peste bovino, havendo reao cruzada entre os membros. Esta reao cruzada ocorre devido a ribonucleoprotena e aos antgenos do envelope (SWANGO, 1997; SHERDING, 2003; BRANDO, 2005; SILVA e ZANINI, 2005). O vrus da cinomose um RNA vrus de simetria helicoidal e invlucro lipoprotico, medindo ao redor de 100 a 130 nm (SILVA e ZANINI, 2005). um vrus sensvel ao ter, luz solar, solventes lipdicos, calor, dessecamento, detergentes e desinfetantes (SWANGO, 1997; AMARAL, 2005; BRANDO, 2005; SILVA e ZANINI, 2005). instvel em pH inferior a 4,5 e inativado pelo calor em 1 hora a 55C, ou em 30 minutos a 60C (SILVA e ZANINI, 2005). Aps a retirada dos animais enfermos dos canis em locais de clima quente, o vrus no sobrevive por muito tempo (SILVA e ZANINI, 2005) e alm disso, procedimentos rotineiros de limpeza e desinfeco so eficazes na destruio de superfcies duras o objetos inanimados (SWANGO, 1997).

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O vrus persiste vivel por mais tempo em ambiente seco e frio: resiste por vrias semanas em temperaturas entre 0 e 4C, e estvel por muitos meses, anos ou at mais que sete anos se estiver liofilizado ou congelado a temperaturas ultra frias (-76C) (SWANGO, 1997; AMARAL, 2005; BRANDO, 2005; SILVA e ZANINI, 2005). Existem vrias cepas do vrus da cinomose, todas elas so antigenicamente semelhantes e sorologicamente indistinguveis (KORNEGAY, 1992; SILVA e ZANINI, 2005), mas, sua virulncia e preferncia tecidual so variveis (KORNEGAY, 1992). Algumas cepas so levemente virulentas, causando comumente infeco inaparente, enquanto outras causam enfermidade aguda e altamente mortal, com ou sem encefalite aguda aps uma enfermidade mediana, ou aps a recuperao da enfermidade aguda (SWANGO, 1997; SILVA e ZANINI, 2005). Um aspecto comum entre as cepas virulentas o efeito imunossupressor que causam animais. Todas as cepas acarretam maior ou menor efeito imonussupressor nos ces, que varia de acordo com fatores como a idade do animal, a virulncia da amostra, estado de nutrio do animal entre outros (SWANGO, 1997; SILVA e ZANINI, 2005). Segundo Sherding (2003), a cinomose uma doena enzotica de distribuio mundial. Acomete ces de todas as idades (SHERDING, 2003; FILETTI e FILETTI, 2005), mas a incidncia mais alta em filhotes no

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cavinados expostos ao vrus aps a perda da imunidade materna, que ocorre entre 2 e 6 meses de idade (SWANGO, 1997; SHERDING, 2003). No h predileo por poca do ano, raa ou sexo (AMARAL, 2005). Afeta principalmente os ces domsticos, mas tambm muitos outros carnvoros silvestres como: Famlia Canidae (raposas, dingos, coiotes, lobos e chacais), Famlia Mustelidae (fures, viso. Doninhas, martas, cangambs, texugos e lontras), Famlia Procyonidae (guaxinins, jupars e quatis), Famlia felidae (guepardos, lees, onas-pintadas, maracajs e jaguatiricas), e ainda ursos, pandas, ienas e mangustos (SHERDING, 2003). A cinomose no zoonose (FILETTI e FILETTI, 2005). A morbilidade da doena varia de 25% a 75% e a relao letalidade/casos chega frequentemente de 50-90% dependendo da cepa do vrus. Apenas a raiva tem porcentagem de letalidade em ces mais elevada que a cinomose (SWANGO, 1997). O vrus transmitido principalmente por aerossis ou gotculas infectantes provenientes do organismo de animais infectados (SWANGO, 1997), atravs de contato direto ou ar contaminado. O animal doente espirra e contamina o ambiente e os animais que estejam por perto, o vrus pode ser carregado por ele at um animal sadio 9AMARAL, 2005; BRANDO, 2005). A maior oportunidade para alastramento ocorre onde ces so mantidos e grupos, como por exemplo, em lojas de animais de estimao, canis, abrigos de animais e colnias de pesquisa

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(SHERDING, 2003). O contgio pode ocorrer por via respiratria ou digestiva, por contato ou atravs de fmites, gua e alimentos contaminados por secrees de ces doentes (AMARAL, 2005). Segundo Swango (1997), o perodo de incubao varia de 14 a 18 dias. A via de ingresso mais comum a via respiratria entretanto, o vrus pode penetrar pela via digestiva ou conjuntiva (SILVA e ZANINI, 2005). No 1 dia a exposio aergena leva a uma infeco dos macrfagos teciduais do trato respiratrio superior (SHERDING, 2003; SILVA e ZANINI, 2005) e das tonsilas (SILVA e ZANINI, 2005). Entre o 2 e 3 dia, o vrus faz viremia e encontrado nas clulas mononucleares do sangue. Entre o 3 e o 6, o vrus se replica no sistema linfide de todo o organismo, como medula ssea, timo, bao, linfonodos mesentricos, placas de Peyer, clulas mononucleares ao redor dos vasos e brnquios dos pulmes (SILVA e ZANINI, 2005). Entre o 2 e 6 dia, ocorre o 1 pico febril (SHERDING, 2003; SILVA e ZANINI, 2005), e entre o 4 e o 6 dia ocorre um incio de linfopenia causada por danos virais nos linfcitos T e B. Entre o 6 e o 9 dia, o vrus se dissemia para os tecidos epiteliais (epiteliotropismo) nervoso central (SNC) (neurotropismo) (SHERDING, 2003). Nos animais que no demonstram anticorpos, a partir do 9 dia, h invaso das clulas epiteliais pelo vrus. Nestas clulas ocorre replicao

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viral e da, ocorre o 2 pico febril e aparecem os sintomas e sinais clnicos (SILVA e ZANINI, 2005). Se estes anticorpos estiverem com ttulo igual ou maior que 10 USN (Unidade Soro Neutralizantes), o animal se recupera e no h invaso das clulas epiteliais, o que demonstra que a produo destes anticorpos fator que influencia na disseminao ou desaparecimento do vrus nos tecidos linfides e epiteliais (SILVA e ZANINI, 2005). Mas se o vrus alcanarem pequenas quantidades as clulas epiteliais antes que o nvel de anticorpos esteja alto, estes vrus podem resistir nestas clulas, a menos que as mesma sejam destrudas. Essa permanncia explicaria a encefalite tardia (onde o vrus est restrito a neurnios) e o hard pad disease (onde o vrus est restrito aos coxins plantares). A forma hard pad disease e encefalite tardia geralmente so progressivas e s sero detectadas no mnimo de 3 a 6 mese depois da infeco aguda, podendo surgir at anos aps a fase clnica (SILVA e ZANINI, 2005). Entre o 9 e o 14 dia aps a infeco, que ser decidido o curso da doena, e o resultado subseqente ser varivel de acordo com a resposta imune do hospedeiro que pode incluir recuperao, doena clnica multissistmica severa ou localizao no SNC. Se a resposta imune for rpida e efetiva, a infeco ser subclnica com recuperao completa e eliminao do vrus sem enfermidade clnica (por volta do 14 dia aps a infeco) (SHERDING, 2003).

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Estima-se que mais de 50% das infeces por cinomose sejam subclnicas. Se a resposta imune falhar, do 9 ao 14 dia, ocorrer uma disseminao rpida do vrus para os tecidos epiteliais tais como gastrintestinal e pulmonar, e para o SNC, resultando em sinais multissistmicos, um segundo pico de febre e uma taxa de letalidade alta (SHERDING, 2003). Mas se a resposta imune for lenta ou parcial, no ocorrero sinais multissistmicos, mas a localizao no SNC poder resultar em encefalomielite crnica com retardo do aparecimento dos sinais neurolgicos (SHERDING, 2003). No SNC, se resposta imune for inadequada, os linfcitos infectados cruzam a barreira hematoenceflica ou penetram no LRC. Assim que tenha penetrado no SNC, o vrus deixa os linfcitos e penetra na glia da substncia branca. Na glia o vrus replica-se por meio de algum mecanismo desconhecido, produzindo desmielinizao (FENNER, 1997). Alguns ces sobrevivem infeco inicial e em seguida formam imunidade parcial. Estes ces esto sob risco de leses subseqentes ao SNC, em decorrncia de leses imunopatolgicas substncia branca e de inflamao secundaria (FENNER, 1997). Assim, parece que ces com infeco pelo vrus da cinomose, podem sofrer leses ao SNC diretamente induzidas pelo vrus, ou leses indiretas mais tardias, em decorrncia do desenvolvimento da imunidade (FENNER, 1997).

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O vrus da cinomose causa imunossupresso por danos linfides disseminados, prejuzo na imunidade mediada por linfcitos T e B, linfopenia circulante e atrofia tmica (SHERDING, 2003), sendo a multiplicao viral durante o perodo de incubao fator importante na determinao do desfecho da infeco pelo vrus da cinomose (SWANGO, 1997). As leses macroscpicas durante a fase aguda incluem conjuntivite, rinite, e faringite catarrais ou purulentas, broncopneumonia catarropurulenta e enterite catarral, principalmente no intestino grosso. O bao pode estar aumentado de volume, e frequentemente congesto e o fgado muitas vezes congesto. Ocorrem leses microscpicas nas mucosas afetadas e pulmes, onde encontra-se infiltrao leucocitria predominantemente neutrfilica com presena em maior ou menor nmero, linfcitos e macrfagos. Nos pulmes, h formaes iniciais que se apresentam como clulas gigantes (SILVA e ZANINI, 2005). Os sinais clnicos so multissistmicos e extremamente variveis (SHERDING, 2003). Tanto a sintomatologia quanto a durao, gravidade e letalidade da doena iro depender de alguns fatores tais como: estado imunolgico do animal, virulncia da cepa do vrus da cinomose, idade do hospedeiro, rgos afetados pelo vrus (SHERDING, 2003; SILVA e ZANINI, 2005).

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Os sinais clnicos tpicos, comumente ocorrem apenas em ces imunossuprimidos pelo vrus da cinomose. Os ces que vencem a guerra contar o vrus desenvolvem imunidade e superam a infeco sem que surjam sinais de cinomose (SWANGO, 1997). A multiplicao viral no tecido linfide, leva a um estado de imunossupresso que predispe ao aparecimento de infeces bacterianas secundrias cinomose contribuindo para o aumento da mortalidade (SWANGO, 1997). Os sinais clnicos podem ou no seguir uma cronologia porm, a cinomose geralmente uma doena aguda e febril (SILVA e ZANINI, 2005). Aps a exposio e infeco o vrus da cinomose causar a doena que se manifesta inicialmente com um 1 pico febril (SWANGO, 1997; SILVA e ZANINI, 2005) e leucopenia temporria, sem que hajam sinais ntidos de cinomose (SWANGO, 1997). Ento a temperatura retorna ao normal por um perodo de sete a quatorze dias, aps o qual ocorre um 2 pico febril (febre de at 41C) (AMARAL, 2005) acompanhado, nos ces com cinomose aguda por: conjuntivite e rinite, vmitos, diarria, tosse, anorexia, desidratao, perda de peso acompanhada de debilitao (AMARAL, 2005; BRANDO, 2005; SILVA e ZANINI, 2005), hiperqueratose do focinho e coxin plantar (FILETTI e FILETTI, 2005; SHERDING, 2005).e dermatite pustular abdominal (SHERDING, 2003).

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Ocorre pneumonia, gastrite e enterite devido a uma inflamao destes tecidos pela ao do vrus (SILVA e ZANINI, 2005), que se agravam devido a infeco bacteriana secundrias, vindo a complicar a doena num estgio mais avanado com o aparecimento de leses mais graves, alm de corrimento nasal e ocular purulentos onde comumente encontrada a Bordetella bronchiseptica (SWANGO, 1997; SILVA e ZANINI, 2005). A migrao do vrus para o sistema nervoso central pode causar leses desmielinizantes e encefalite (BRANDO, 2005). Podem surgir sinais de encefalite aguda com manifestaes variadas, sendo os sinais mais comuns observados em casos de complicaes nervosas da cinomose aguda: mioclonias, convulses do tipo mastigao de chiclete, ataxia, deambulao em crculos, hiperestesia, vocalizao e respostas de medo (SWANGO, 1997; SILVA e ZANINI; 2005). Os sinais no SNC tendem a ser progressivos e podem ocorrer durante aps ou na ausncia de enfermidade multissistmica (SHERDING, 2003). Podem apresentar-se tardiamente, semanas ou meses aps a recuperao da infeco inaparente, ou aps a recuperao da cinomose aguda (SWANGO, 1997). Estes sinais neurolgicos tambm podem vir simultaneamente com os sinais multissistmicos, e ainda, em alguns ces, o envolvimento do SNC pode ocorrer como nica manifestao aparente da infeco (SHERDING, 2003).

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Os

ces

sobreviventes

podem

ter

seqelas

neurolgicas

permanentes, envolvendo espasmo dos flexores e disfunes visuais e olfatrias (SWANGO, 1997). A magnitude do envolvimento neurolgico tem grande influncia no prognstico da cinomose canina (KORNEGAY, 1992). O curso neurolgico varivel e depende da cepa viral e do estado imunolgico do animal infectado. Algumas cepas so muito mais neurotrpicas que outras (KORNEGAY, 1992). Os sinais clnicos da encefalite sub-aguda aos da aguda, sendo mais caracterstico a mioclonia dos reflexos, mas qualquer dos sinais nervosos relacionados anteriormente de podero surgir (SWNGO, 1997). Os ces que apresentam sinais neurolgicos de surgimento tardio, em geral, possuem imunidade contra o vrus da cinomose, e que sugere que o vrus pode ter escapado eliminao pela resposta imune em decorrncia dos efeitos da barreira hematoenceflica (SWANGO, 1997; SILVA e ZANINI, 2005). Existem duas formas de encefalite crnica em ces maduros, que so a encefalite cinomsica e a encefalite do co idoso: - A encefalite cinomsica crnica, lentamente progressiva e pode ter curso clnico de mais de 1 ano. Comumente, ocorre em ces com 4 a 8 anos de idade. Como sinais clnicos observa-se incoordenao, debilidade dos membros plvicos, respostas uni ou bilatrias deficientes s aes de

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ameaas, inclinao da cabea, nistagmo, paralisia facial e tremores de cabea no acompanhados de miclonia. Convulses generalizadas e mudanas de personalidade no so caractersticas desta molstia (SWANGO, 1997). - A encefalite do co idoso, um distrbio progressivo e de rara ocorrncia que geralmente afeta ces com mais de 6 anos de idade, tendo como sinais clnicos deficincia visual e resposta bilateral deficiente s aes de ameaa. medida que a molstia progride, ocorre depresso mental, andar em crculos compulsivamente, comprimir a cabea contra objetos, mudanas de personalidade (SWANGO, 1997). Segundo Sherding (2003) pode ocorrer hipoplasia do esmalte dentrio se o animal adquirir a doena antes dos dentes permanentes nascerem. Esta hipoplasia decorrente da leso direta do vrus da cinomose camada ameloblstica dos dentes em desenvolvimento, e visto como irregularidades na superfcie dos dentes (SWANGO, 1997). SHERDING (2003), ainda cita outros sinais como miocardiopatia viral no caso de infeces neonatais (com menos de sete dias de idade) e osteoclerose metafisria dos ossos longos em alguns casos de infeco de ces de raa grande em crescimento. O diagnstico presuntivo da cinomose, pode se basear em sinais clnicos tpicos da doena.

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Na sua forma aguda ou sub-aguda, em geral, podemos considerar a histria e os sinais clnicos sugestivos. A combinao de febre, sinais respiratrios (rinite, tosse, pneumonia), corrimentos oculonasais mucopurulentos, diarria, hiperqueratose dos coxins plantares e sinais neurolgicos, so altamente sugestivos de cinomose, especialmente em ces jovens no vacinados, ou em ces adultos com histrico de vacinao inadequada (SWANGO, 1997; SILVA e ZANINI, 2005). Podemos encontrar tambm irregularidades na superfcie dos dentes, resultantes de uma hipoplasia do esmalte dentrio (SWANGO , 1997; SILVA e ZANINI, 2005). A linfopenia (comeando com o pico inicial de febre) SHERDING, 2003), tambm um achado consistente para auxiliar no diagnstico clinico nos casos de cinomose aguda (SWANGO, 1997; SHERDING, 2003; GUEDES et al, 2004; SILVA e ZANINI, 2005). Trombocitopenia pode estar presente no incio do curso da molstia (SWANGO, 1997). O diagnstico definitivo pode ser dado por: teste ELISA (enzyme linked immunosorbent assay), imunofluorescncia (exame de anticorpos fluorescentes) e RT-PCR (reao em cadeia da polimerase com transcrio reversa), mas estes so pouco utilizados em virtude do custo alto (GUEDES et al, 2004).

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As tcnicas de RT-PCR e imunofluorescncia detectam partculas virais presentes em tecidos epiteliais coletadas da conjuntiva ou outras membranas mucosas, ou em esfregaos sanguneos e de clulas provenientes da papa de leuccitos, pois o vrus da cinomose infecta linfcitos e trombcitos (SILVA e ZANINI, 2005; SWANGO, 1997). Estas clulas podem ser coletadas com raspagem suave da membrana mucosa usando a extremidade romba de cabo de bisturi esterilizado ou outro instrumento rombo adequado, colocando o material em uma lmina, evitando esfregar ou riscar o material, o que poderia causar a ruptura das clulas (SWANGO, 1997). A interpretao do teste de anticorpos fluorescentes, baseia-se na deteco do antgeno do vrus da cinomose, apenas no interior das clulas epiteliais intactas. O xito do teste de anticorpos fluorescentes, traduzido pela deteco de clulas positivas para o vrus da cinomose, positivo durante os primeiros dias da fase aguda da doena, mas deve ser interpretado juntamente com os sinais clnicos sugestivos. O teste negativo nos casos de encefalite cinomsica sub-aguda de surgimento tardio ou crnico (SWANGO, 1997; SILVA e ZANINI, 2005) porque nesta fase da doena o vrus no est mais presente nos tecidos das mucosas do animal (KORNEGAY, 1982). Levando isso em considerao, conclui-se, que um resultado do teste de

imunofluorescncia para vrus da cinomose negativo, no elimina totalmente a possibilidade do diagnstico de cinomose.

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Os testes tipo ELISA, detectam anticorpos anti-cinomose, sendo teis para os animais no vacinados ou que j tenham tido declnio dos ttulos maternos (BRANDO, 2005). A linfopenia (comeando com o pico inicial de febre) (SHERDING, 2003) um achado consistente (KORNEGAY, 1992; SWANGO, 1997; GUEDES et al, 2004; BRANDO, 2005). Posteriormente, ocorre uma leucocitose neutroflica em decorrncia de complicaes acterianas

secundarias (SHERDING, 2003; GUEDES et al, 2004). A trombocitopenia um achado freqente, embora o mecanismo responsvel pela trombocitopenia associado a infeces virais na veterinria ainda seja pouco conhecido (GUEDES et al, 2004). Anemia observada em ces neonatos infectados

experimentalmente e pode ser atribuda ao aumento da destruio ou pela diminuio de sua produo (GUEDES et al, 2004). A linfopenia absoluta causada por depleo dos tecidos linfides e dependente da amostra viral ser mais ou menos imunossupressora e ocorre principalmente em ces muitos jovens (SILVA e ZANINI, 2005). No lquor pode haver um aumento de protenas que evidencia uma encefalite crnica causada pelo vrus da cinomose (SILVA e ZANINI, 2005), porm, apenas nos animais com sinais neurolgicos que este achado consistente para auxiliar no diagnstico da cinomose (GAMA et al, 2005). Achados de nveis de protenas normais no lquor, no descartam a

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possibilidade doena (SHERDING, 2003). O aumento dessas protenas no verificado em ces vacinados contra cinomose nem nos que tenham tido cinomose sistmica sem encefalite (SILVA e ZANINI, 2005). As incluses descritas por Lentz em 1907, em ncleos de outros ces que morreram de cinomose, podem ser corados pelo mtodo de Seller, no qual apresentam colorao acidfila, e so denominadas incluses de Lentz (SILVA e ZANINI, 2005). Estas incluses no tm a mesma freqncia nos diversos rgos, e nestes rgos no tm variaes individuais muito grandes (SILVA e ZANINI, 2005). Ocasionalmente, podem ser encontradas no citoplasma de clulas do sangue perifrico, principalmente em linfcitos. Sua presena corresponde replicao viral em tecidos linfides (BOUNOUS e HOSKINS, 1992), e representam o efeito citoptico do vrus sobre a clulas (SILVA e ZANINI, 2005) podendo desaparecer antes que quaisquer sintomas da doena estejam evidentes (BOUNOUS e HOSKINS, 1992). Tanto nos cultivos celulares, quanto em membrana coriolantide e em diversos rgos, geralmente ou alongados, elipsoidais e bastonetiformes, homogneas, quase sempre no citoplasma da clula, mas podendo tambm ser encontradas em ncleos celulares (SILVA e ZANINI, 2005). A visualizao da incluso de Lentz em hemceas ou leuccitos, confere ao diagnstico um carter definitivo, embora sua visualizao em

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leuccitos e/ou hemceas, seja mais freqente durante a fase virmica da infeco (GUEDES et al, 2004). Ento, pode ocorrer de o co ter a doena e no encontrarmos a incluso de Lentz em suas clulas sanguneas, portanto, a ausncia da incluso de Lentz no interior destas clulas, no quer dizer necessariamente que ele no tenha cinomose. Da mesma forma no podemos dar o diagnstico como positivo, baseado somente na presena de incluses citoplasmticas tpicas. Devemos associar ao achado das incluses de Lentz, os sinais clnicos sugestivos da afeco, pois, estas incluses tm sido encontradas em bexiga de ces normais (SILVA e ZANINI, 2005). Na radiografia torcica, inicialmente vemos pneumonia intersticial, e posteriormente, observamos um padro alveolar e consolidao lobar em caso de broncopneumonia bacteriana secundria (SHERDING, 2003). O diagnstico diferencial da cinomose no to fcil assi. muito comum, clnicos fecharem o diagnstico baseado apenas nos sinais clnicos, idade do animal e histrico de vacinao. O diagnstico da cinomose deve ser rpido, mas no

inconseqente, pois outras doenas podem causar sintomatologia similar cinomose, e o clnico no perceber, oferecendo ao animal o tratamento para cinomose, deixando assim que a verdadeira causa evolua livremente, o que resultar no bito do animal.

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Ento, muito cuidado necessrio para se fechar o diagnstico definitivo da cinomose, que talvez, seja uma das doenas mais difceis de ser diagnosticada corretamente. O diagnstico diferencial da cinomose feito com: - Parainfluenza: a temperatura no costuma estar acima de 40C. Geralmente causa rinofaringite com exsudato nasal seroso ou seromucoso, e no pneumonia. Somente quando h infeco secundria por bactrias (ex: Bordetella bronchiseptica) que se desenvolve pneumonia, s vezes com tosse profunda correspondendo tosse dos canis. Na cinomose, tem pico febril acima de 40C, e comumente ocorre corrimento nasal e ocular, e a pneumonia precoce e sem tosse (SILVA e ZANINI, 2005). - Broncopneumonia vermintica: o exame microscpico de fezes comumente mostra inmeros ovos de Toxocara sp. e/ou estrongildeos (SILAVA e ZANINI, 2005). - Dipilidiose: pode causar diarrias, dor abdominal, apatia, ou o contrrio, irritabilidade, tremores, e at mioclonias. No encontramos explicao para os fenomoenos neurolgicos, mas eles podem se originar ou de toxinas ou por irritao da mucosa e leso pelos ganchos fixadores que causam enterite profunda e estado alrgico de forma que os plexos nervosos da sub-mucosa e mioentricos responderiam, dando sinais nervosos reflexos. Nesta verminose no ocorre hipertermia nem pneumonia e o animal pode ter prurido anal (SILVA e ZANINI, 2005).

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- Toxoplasmose: ocorre diarria (pouco comum), pneumonia, sinais nervosos como apatia e, mais raramente irritativos hiperestsicos com mioclonias e convulses. Na sua fase aguda e febril, difcil diferenci-la da cinomose. Em esfregaos de sangue, as vezes encontramos macrfagos com o protozorio (SILVA e ZANINI, 2005). O prognstico ruim para os casos avanados com graves leses entricas e pneumnicas, que podem causar a morte, e tambm para os casos onde j se instalaram os sinais nervosos, pois a fase nervosa comumente progressiva, rarssimas vezes estacionando, e sempre deixam seqelas que podem ser inabilitantes, quando eventualmente o animal escapa morte (SILVA e ZANINI, 2005), sendo justificvel a recomendao de eutansia no caso de pacientes com sinais neurolgicos progressivos, severos e incapacitantes (SHERDING, 2003). Ento, nunca devemos ser muito otimistas com o proprietrio, mesmo em casos mais leves de cinomose, pois a doena freqentemente progressiva, e apesar da terapia, alguns animais simularo uma recuperao, mas logo depois pioram ou desenvolvem uma doena neurolgica

incapacitante. No h medicamentos antivirais ou agentes quimioterpicos de valor prtico para o tratamento especfico da cinomose em ces (SWANGO, 1997; SILVA e ZANINI, 2005). O nico medicamento que temos que atua

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diretamente no vrus o soro hiperimune (com gama globulinas especficas), mas seu custo alto (SILVA e ZANINI, 2005). O tratamento de cinomose deve ser de suporte e sintomtico (SHERDING, 2003), visando melhorar a resistncia do animal, fortalecer o organismo e evitar/tratar as infeces secundrias, mas a sua recuperao e sobrevivncia depende mesmo do animal ter uma resposta imunolgica suficientemente boa para combater o vrus (AMARAL, 2005; FILETTI e FILETTI, 2005). Ento, o prognstico no bom em todos os casos de cinomose aguda, principalmente se estiverem presentes sinais neurolgicos, mas o controle das infeces secundrias e o tratamento auxiliar melhoram as chances de recuperao (SWANGO, 1997; SILVA e ZANINI, 2005). Antibiticos de amplo espectro (amoxilina-clavulanato, ampicilina, cefalosporinas) (SHERDING, 2003) so indicados para o controle das infeces bacterianas secundrias, e, lquidos, eletrlitos, vitaminas do complexo B e complementos nutricionais esto indicados para a terapia auxiliar (SWANGO, 1997; SILVA e ZANINI, 2005). Segundo Shering (2003), no caso de vmitos e diarria, administrar antiemticos, fazer restrio do consumo de alimentos e terapia suporte com fluidoterapia e medicao energtica (glicose e frutose).

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Para os ces que no apresentarem diarria e vmitos, devemos garantir o suporte nutricional e o consumo adequado de lquidos (SHERDING, 2003). Proporcionar cuidados grais de enfermagem com olhos e nariz mantidos limpos de corrimentos e umidificar as vias areas (SHERDING, 2003). A administrao da vacina de vrus vivo modificado para a cinomose por via intravenosa, foi tida como tendo valor teraputico, mas no existem dados provenientes de estudos controlados que apiem esta afirmativa (SWANGO, 1997; SILVA e ZANINI, 2005). Nos casos da forma neurolgica da cinomose, o tratamento quase sempre no se mostra compensador. O prognstico sombrio em termos de recuperao (SWANGO, 1997). Alguns clnicos utilizam esterides para o alvio da inflamao, entretanto, no h evidencias de que tal terapia seja bem sucedida (SWANGO, 1997). Alguns advogaram seu uso devido s significativas bases imunolgicas das leses no SNC. Todavia, este tratamento parece paradoxal, considerando os efeitos sabidamente imunossupressores do vrus da cinomose

(KORNEGAY, 1992). Mas resultados favorveis foram relatados por alguns pesquisadores, com terapia de breve durao (um a trs dias) com corticosterides (FENNER, 1997).

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Segundo Shering (2003), nos casos de ataques convulsivos, indicada a administrao de uma dose nica de dexametasona (1-2 mg/kg IV) contra o edema no SNC, e o uso de anticonvulsivantes, tais como fenobarbital e diazepam (SHERDING, 2003). Uma pequena porcentagem dos animais com sinais nervosos se recupera, mas estes animais geralmente apresentaro seqelas. Nos pacientes com mioclonias, em geral esta ser permanente. Se o paciente permanecer com convulses. Em alguns casos estas podero ser controladas. As outras deficincias nervosas podem melhorar com a resoluo da inflamao. Entretanto, em alguns animais a doena progride, independente do tratamento (FENNER, 1997), o que comum ocorrer. A acumputura uma terapia alternativa que tem sido utilizada para o tratamento de distrbios neurolgicos em ces. Geralmente, em casos de cinomose com conseqente paralisia de membros posteriores, o indicado a eutansia, mas uso da acumputura em pontos pr-estabelecidos nestes ces, apresentou resultados favorveis com um bom ndice de recuperao em relao aos animais no tratados com acumputura que participaram do experimento realizado pela Universidade federal do Pernambuco (LUNA, 1999). As vacinas de boa qualidade so o nico mtodo de proteo para o co (FILETTI e FILETTI, 2005), sendo que a mais usada a vacina

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contra o vrus da cinomose atenuada, que quase que 100% protetora (SHERDING, 2003). A proteo contra a infeco natural durante as primeiras semanas de vida, devida a imunidade passiva, adquirida pelo neonato atravs da amamentao. A maior parte de seus anticorpos maternos vm do colostro e so absorvidos nas primeiras poucas horas aps o nascimento (SHERDING, 2003). A os anticorpos maternos desaparecem gradualmente, mas protegem maior parte dos cezinhos at depois do desmame. Os anticorpos maternos caem abaixo dos nveis protetores em algum momento entre 8 e 14 semanas de idade (SHERDING, 2003). Este perodo de vida considerado um estagio crtico, pois um grande numero de ces exposto infeco, adoecendo e morrendo, ou se recuperando e se tornando imune. Esta imunidade adquirida aps a exposio ao vrus da cinomose de longa

durao, assim como a imunidade adquirida aps uma vacinao bem sucedida (BIAZZINO et al, 2002). Enquanto estiverem presentes, os anticorpos maternos interferem na resposta vacinao (SWANGO, 1997; BIAZZINO et al, 2002; SHERDING, 2003), pois o antgeno vacinal neutralizado pelos anticorpos maternos. Mas na ausncia de anticorpos maternos em ttulos detectveis, os animais respondem ao vrus vacinal com elevada sntese de anticorpos logo aps a primeira dose da vacina (BIAZZINO et al, 2002).

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Ento, torna-se necessrio vacinar os animais apenas quando o ttulo de anticorpos maternos cair suficientemente para que o animal se torne susceptvel ao antgeno vacinal, pois s assim, o animal responder com mxima resposta sorolgica ps-vacinal associada a uma proteo de longa durao. Nos animais em idade susceptvel, o ttulo de anticorpos se eleva rapidamente aps a aplicao da vacina, alcanando o mximo em 30 dias. A idade na qual o filhote se torna susceptvel ao vrus da cinomose, proporcional ao ttulo de anticorpos da me e da quantidade de colostro ingerido (BIAZZINO et al, 2002). Aproximadamente, 50% dos cezinhos so imunizveis para a cinomose por volta das 6 semanas de idade, cerca de 75% por volta das 9 semanas de idade e mais de 95% por volta das 13 semanas de idade. Devido a essa variao de idade, aplicada uma serie de doses de vacinas aos filhotes seguindo um esquema que maximiza a probabilidade de estimular a imunidade (SWANGO, 1997). Recomenda-se a vacinao dos filhotes a cada 2 semanas a partir de 6 a 4 semanas de idade (SWANGO, 1997; SHERDING, 2003), em intervalos de 3 a 4 semanas (BIAZZINO et al, 2002), para a maioria dos ces. Segundo Sherding (2003), ces que receberam colostro devem iniciar o esquema com a 1 dose entre 6 a 8 semanas de idade, 2 dose entre 10 e 12 semanas de idade e 3 dose entre 14 e 16 semanas de idade, ces que no receberam colostro devem utilizar o esquema de vacinao com a 1

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dose com 4 semanas de idade, 2 dose com 2 a 4 semanas aps a 1 dose e a 3 dose com 2 a 4 semanas aps a 2 dose e, ces com mais de 16 semanas que nunca receberam vacina devem fazer o esquema com 2 doses com intervalo de 2 a 4 semanas entre as doses. A recomendao que seja feita ainda, uma dose de reforo anual, pois a imunidade decorrente da vacinao contra a cinomose slida e prolongada, mas no dura necessariamente a vida toda (BIAZZINO et al< 2002; SHERDING, 2003), mas esta necessidade um pouco controvertida (BIAZZINO et al, 2002). Segundo um experimento realizado por Biazzino et al (2002), aps 2,5 meses, os anticorpos transferidos pela me foram eliminados quase que na totalidade, tornando os filhotes susceptveis infeco natural ou vacinal. Anticorpos neutralizantes estavam presentes em ttulos elevados em todos os participantes do experimento, 30 dias aps a aplicao da 1 dose da vacina atenuada. O ttulo mximo de anticorpos foi alcanado entre 3 a 9 meses aps a administrao da 3 dose da vacina. 12 meses aps a administrao da 3 dose da vacina, os nveis mdios de anticorpos foram semelhantes aos observados 1 ms aps a 1 dose da vacina, e 1 ms aps a 3 dose, no tendo havido diferena significativa entre estes ttulos. Este ttulo de anticorpos, medido aos 12 meses de idade, foi bem alto na maioria dos ces participantes, sugerindo que a vacinao anual poderia ser desnecessria, pois houve uma considervel variao na intensidade de resposta. Entretanto

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devemos considerar que, numa amostragem maior de ces possvel que haja um animal cuja resposta seja menor, necessitando portanto, de estmulos antignicos mais freqentes. Segundo Swango (1997), o ttulo de anticorpos protetores dentro de um ano aps a ultima vacinao em 1/3 dos ces. Vrios fatores interferem na qualidade e durao da resposta imune, como a amostra viral usada, a massa antignica ou o ttulo vacinal, o grau de atenuao do antgeno viral, a interferncia de anticorpos maternos ou pela utilizao de soros hiperimunes que contm anticorpos contra a cinomose. Existem tambm os fatores relacionados ao prprio hospedeiro, como a variao individual na capacidade de resposta a uma mesma vacina, o estado nutricional, parasitismo, os estados de imunodeficincia de causa gentica ou no, ou, fatores relacionados s condies ambientais, interferindo na aclimatao do animal em condies externas adversas (BIAZZINO et al, 2002). Ento, em funo da variao individual na resposta ao antgeno vacinal da cinomose, mesmo naqueles animais em que no h interferncia dos anticorpos maternais e considerando-se aqueles que, por diversos, no so capazes de produzir uma imunidade mais duradoura, recomenda-se a revacinao anual dos animais (BIAZZINO et al, 2002). Atualmente existe a vacina atenuada, a vacina contra sarampo monovalente atenuada, a sarampo-cinomose combinada (BIAZZINO et al,

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2002; SHERDING, 2003; SILVA e ZANINI, 2005) e a vacina recombinante vetorizada em bouba de canrio (SHERDING, 2003). A vacina atenuada, quase 100% protetora, e a mais usada e a que induz melhor imunidade (SHERDING, 2003). A vacina recombinante vetorizada em bouba de canrio, produzida pela Merial, tem um risco mnimo de causar a doena em animais muito jovens (menos que 3 a 4 semanas de vida), em ces severamente doentes, estressados ou imunocomprometidos, que podem ocasionalmente desenvolver uma encefalite induzida pela vacina 7 a 15 dias da vacinao contra o vrus da cinomose com a vacina atenuada, sendo portanto a mais indicada para estes ces (SHERDING, 2003). A vacina atenuada contra o sarampo, induz imunidade

heterotpica contra a cinomose. O vrus do sarampo no neutralizado por baixos nveis de anticorpos contra o vrus da cinomose, e estimula imunidade mediada por clulas e imunidade humoral contra cinomose em presena de imunidade maternal, que causaria interferncia na vacina atenuada. A imunidades estimulada pelo vrus do sarampo em ces jovens basicamente mediada por clulas, com a induo de baixos ttulos de anticorpos, proporcionando proteo temporria contra o vrus da cinomose. A vacina com o vrus do sarampo no recomendvel em ces com mais de 10 semanas de idade, e contra indicada em cadelas reprodutoras. Esta vacina, na sua forma isolada ou em combinao com a vacina da cinomose, est indicada apenas

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em cezinhos com 4 a 10 semanas de idade. E no a mesma vacina contra sarampo usada em seres humanos, e a de humanos no deve ser usada em ces (SWANGO, 1997). A vacina contra cinomose-sarampo combinada, pode ser usada na primovacinao de cezinhos que receberam colostro. No caso de ces com 6 a 10 semanas de vida, quando se administra a vacina contra cinomosesarampo combinada, a frao do sarampo pode superar a interferncia dos anticorpos maternos, se estes estiverem presentes, induzindo proteo parcial. Mas se os anticorpos maternos se encontrarem presentes em quantidades mnimas, a frao cinomose poder induzir imunidade completa (SHERDING, 2003). Em ces com menos de 3 a 4 semanas de idade, devido ao risco de encefalite ps-vacinal, no se recomenda o uso da vacina atenuada, sendo para eles, a melhor alternativa, o uso da vacina contra sarampo monovalente ou vacina recombinante vetorizada em bouba de canrio (SHERDING, 2003).

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CONCLUSO

A cinomose uma doena viral altamente contagiosa, que se dissemina principalmente atravs de aerossis, sendo o prognostico sempre ruim, pois possui um curso clnico varivel e freqentemente traioeiro, e no tem tratamento especfico (somente sintomtico e de suporte), dependendo grande parte da imunidade do animal e tendo nos casos mais graves freqentemente como resultado final a morte do animal. Em vista destes fatores, de grande importncia em imunizar seu animal contra essa doena altamente mortal.

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