Circuito Empresarial Artigo João Paulo

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  • 7/21/2019 Circuito Empresarial Artigo Joo Paulo

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    Circuito empresarial

    Joo PauloPublicao:03/09/2011 04:00

    Futura sede do Centro Cultural Banco do Brasil na Praa da iberdade: a arte no pode !icardo lado de !ora

    O Circuito Cultural da Praa da Liberdade foi definido em 2003 como um dosprojetosestruturadores do Plano Plurianual de Ao Governamental de Minas Gerais !m 200"#ele foi apresentado como o maior conjunto inte$rado de cultura do %rasil !m 20&0#com a inau$urao da Cidade Administrativa e a transfer'ncia das secretarias e (r$os

    p)blicos para o comple*o do %airro +erra ,erde# o circuito passa a ser de fato oprincipal in-uilino dos pr.dios neocl/ssicos da praa O conceito do Circuito Culturalda Praa da Liberdade inte$ra e-uipamentos culturais j/ e*istentes com outros -ueseriam criados a partir do planejamento inte$rado# em parceria com a iniciativa privadaO melor dos mundos poss1veis +( no papel

    O conjunto se tornou uma $rande vitrine de empresas# com mais compromissos com omaretin$ -ue com a criao cultural O pr(prio nome das instituies criadas carre$aas empresas parceiras# -ue $anaram em /rea nobre espao para e*por suas marcas e# o-ue . mais $rave# sua concepo de cultura 4udo com a cancela do poder p)blico +oeles5 !spao 46M# Museu das Minas e do Metal !%7# Centro de Arte Popular Cemi$#Centro Cultural %anco do %rasil 8CC%%9# Museu do :omem %rasileiro ;undaop)blico?e >mineiro?

    @ claro -ue numa sociedade de mercado o uso de recursos privados em nome dointeresse p)blico . al$o -ue deve ser buscado e incentivado Mas no . o -ue parece

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    ocorrer no circuito ! a ra=o . uma certa concepo de cultura -ue re$e o projeto dose-uipamentos empresariais :/ desde museus -ue se li$am or$anicamente ao ne$(ciodo patrocinador 8como o de Minas e do Metal# da mineradora !%79 at. outros servindode endereo para produes patrocinadas pela pol1tica cultural da pr(pria instituio#

    por meio de leis de incentivo 8CC%%9

    Al.m disso# / no modelo das instituies -ue passam a ocupar os pr.dios p)blicos umaviso de cultura -ue se e*pressa como acabada# constru1da# pronta# cabendo ao p)blico arelao de recepo# mesmo passando pelo /libi da interatividade O -ue se observa nosmuseus em funcionamento e nos projetos j/ divul$ados . a inflao de t(tens#computadores# v1deos# sucedneos do real Cultura empacotada em tecnolo$ia A maissens1vel e t/til das artes# o artesanato# por e*emplo# vira a ima$em de uma sombra

    Como no ouve consulta B populao# aos artistas e aos especialistas na /rea# ficaramde fora v/rias possibilidades de composio de um aut'ntico centro cultural !m

    primeiro lu$ar# o car/ter formativo da cultura foi submetido B l($ica do produto 8e ainda

    por cima sem a aura definida por alter %enjamin9# sem -ue fossem pensadospro$ramas de educao e formao de artistas e consumidores de arte !m se$undolu$ar# dei*aram de ser criadas estruturas de produo -ue permitissem a ocupaocriativa dos espaos pelo rico movimento cultural da cidade# -ue poderia ter nos novosespaos culturais oficinas bem apareladas 8$r/ficas# fornos e prensas9# est)dios 8som ev1deo9 e e-uipamentos de ponta para finali=ao de obras produ=idas pela criatividadeda metr(pole

    !m terceiro lu$ar# a concepo de e*ibio de produtos# sem democrati=ao dosprocessos de curadoria# tende a concentrar esteticamente os v/rios espaos de acordocom as diretri=es emanadas pelo mercado e pela m1dia# especiali=ada ou no Por fim#

    perdeDse o car/ter dinmico da cultura em nome de valores en-uadrados em projetose*positivos marcados por interesses corporativos e de mercado

    O circuito padece ainda do princ1pio -uestion/vel de concentrao de e-uipamentosnuma re$io j/ servida de opes culturais# optando pela l($ica da concentrao 8elitistae redundante# pela re$io escolida9 em ve= de apostar na re$ionali=ao e distribuioe-uitativa -ue se$uissem a l($ica de investir mais onde a car'ncia . mais e*pressiva Acultura# por seu potencial transformador# . instrumento de distribuio de -ualidade devida# desde -ue trate desi$ualmente os desi$uais O Circuito Cultural da Praa daLiberdade vai na contramo desse princ1pio5 trata privile$iadamente os privile$iados

    A criao de um centro cultural costuma ser consenso Afinal# -uem no -uer cultura#educao e entretenimento por pertoE Fo entanto# no e*iste apenas um modelo deimplantao e nem todo centro cultural cumpre realmente suas funes A Praa daLiberdade vai se conformando como ajuntamento de projetos em lu$ar de um circuitoA bai*a ocupao e reconecimento do p)blico mostra -ue as pessoas ainda no oincorporam em suas vidas A praa no $anou em vitalidade 8-ue de resto no

    precisava# j/ -ue era bastante viva9 nem em diversidade de p)blico e produo criativa

    @ preciso ainda destacar o sentido p)blico do projeto Fo se trata apenas de tirarfuncion/rios p)blicos# reformar e servir ao p)blico o card/pio de cada patrocinador A

    l($ica precisa ser p)blica# a diretri= de cada e-uipamento precisa ser inte$rada com apol1tica para o setor A re$ulao# nesse momento# . tarefa to importante como se

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    coubesse ao pr(prio estado $erir seu patrimnio Causa preocupao# por e*emplo# -ueal$uns museus venam servindo para desfiles de moda e tenam suas salas alu$adas

    para eventos !les no pa$am alu$uel# mas cobram

    +e o estado se or$ula de ter em mos o maior projeto cultural do %rasil# -ue mostre sua

    marca# apresente suas prioridades# condu=a seus rumos +em isso# o nome no .parceria# mas displic'ncia

    Cultura . um ser vivo O circuito da Praa da Liberdade precisa recuperar sua vitalidadepara afirmar seu destino cultural As marcas de sucesso -ue nomeiam seus museus eespaos no podem se sobrepor ao destino ao -ual devem servir Com marcas demais earte de menos# o circuito . mais empresarial -ue cultural Para a cidade# um maune$(cio