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Londrina 2015
PROGRAMA DE PS-GRADUAO STRICTO SENSU MESTRADO EM CINCIAS DA REABILITAO
CLAUDIANE PEDRO RODRIGUES
Anlise da capacidade funcional em indivduos com dor
lombar crnica
CLAUDIANE PEDRO RODRIGUES
Cidade ano
Londrina
2015
Anlise da capacidade funcional em indivduos com dor
lombar crnica
Dissertao apresentada ao Programa de
Ps-Graduao em Cincias da Reabilitao
(Programa Associado entre Universidade
Estadual de Londrina - UEL e Universidade
Norte do Paran - UNOPAR), como requisito
parcial obteno do ttulo de Mestre em
Cincias da Reabilitao.
Orientadora: Profa. Dra. Karen Barros Parron Fernandes
Co-orientador: Prof. Dr. Rubens Alexandre da Silva Jnior
CLAUDIANE PEDRO RODRIGUES
Anlise da capacidade funcional em indivduos com dor lombar crnica
Dissertao apresentada UNOPAR, no Mestrado em Cincias da
Reabilitao, rea de concentrao em Avaliao e Interveno em
Reabilitao como requisito parcial para a obteno do ttulo de Mestre
conferida pela Banca Examinadora formada pelos professores:
_________________________________________ Profa. Dra. Karen Barros Parron Fernandes
Universidade Norte do Paran
_________________________________________ Prof. Dr. Rodrigo Antonio Carvalho Andraus
Universidade Norte do Paran
_________________________________________ Prof. Dr. Denilson de Castro Teixeira
Universidade Estadual de Londrina
Londrina, 25 de Maio de 2015.
DEDICATRIA
Dedico este trabalho aos meus pais (in
memorian) que devem estar orgulhosos
pela minha conquista, ao meu grande
amor e amigo, Leonardo Trindade
Fernandez e minha amada irm
Cleonice Pedro Rodrigues, sempre
presentes em todas as etapas,
incentivando e apoiando nos momentos
felizes e difceis, contribuindo assim
para a realizao deste meu sonho.
AGRADECIMENTOS
Agradeo primeiramente ao Pai eterno, toda honra e toda glria
a ti senhor, Senhor Jesus, lavo as mos para mostrar que estou inocente.
Com os que te adoram, ando em volta do Teu altar cantando um hino de
gratido e falando de Tuas obras maravilhosas (Salmo 26:7).
Para a concretizao desse sonho s posso agradecer a vrias
pessoas que me ajudaram nessa jornada.
Primeiramente, quero expressar minha gratido Profa. Dra.
Karen Barros Parron Fernandes, por me proporcionar esta grande
oportunidade, recebendo-me sempre com muito carinho. Obrigada pelo apoio e
por enriquecer o meu estudo, por compreender minha rotina de trabalho e por
me ensinar que dificuldades devem ser encaradas com otimismo e bom humor.
Aprendi o quanto vida fica mais leve assim! A tranquilidade de suas palavras
sempre alivia a minha constante ansiedade. A voc o meu respeito e a minha
admirao!
Agradeo tambm ao Prof. Dr. Rubens Alexandre da Silva
Junior, que me acolheu de braos abertos no LAFUP, sempre com uma palavra
amiga e um conselho sbio. Obrigada pela confiana em mim depositada.
Quero agradecer tambm as minhas amadas amigas Heloisa
Freiria Tsukamoto e Dbora Rafaelli Carvalho, pela amizade verdadeira. Por
toda a dedicao que tiveram comigo neste perodo. Pra vocs dedico minha
eterna gratido e amizade mais sincera. A amizade desenvolve a felicidade e
reduz o sofrimento, duplicando a nossa alegria e dividindo a nossa dor
(Joseph Addison)
Agradeo minha famlia por todo o incentivo e apoio recebidos
durante a minha jornada acadmica. Agradeo com muito amor, minha irm
Cleonice. No h como explicar o amor que sinto por voc! Voc meu porto
seguro, minha f, minha vida. Agradeo a DEUS por ter voc. No pela
fora nem pelo teu poder que tu triunfars, mas pelo meu esprito, diz o
Senhor todo-poderoso (Zacarias 4,6).
Meus mais sinceros agradecimentos a minha nova famlia de
Ja, por todo apoio, incentivo e orgulho. Vibraram comigo na aprovao e com
http://pensador.uol.com.br/autor/joseph_addison/
certeza agora esto felizes pela conquista, dedico a vocs este passo to
importante. Obrigada por tudo meus queridos.
Leonardo Trindade Fernandez, meu amor, obrigada por todo o
incentivo, apoio, carinho e companheirismo nessa jornada. Desculpa pelas
exploses por stress, pelos desabafos e pela falta de animo s vezes, mas
finalmente acabou. Que venha o doutorado agora (to imaginando a sua cara...
Vai comear tudo de novo).
Obrigada meus queridos amigos por toda a fora: Roberto
Kashimoto, Cristhiane Yonamine, Michele Damasceno, Milene Leivas Vieira,
Fabola Dinardi, Aline Souza Freitas, Juleimar Amorim, Las Vidotto, Priscila
Daniele O. Perrucini, Leandro Sturion, Elessandra Rodrigues, Ligia Iida, Andr
Wilson Gil, Ana Lcia Boselli, Ana Carolina Polano Vivan, Clsia Mara Carreira,
Sarah Meirelles Flix, Cristiane Travensolo, Leonardo e Patrcia Fritzen,
Silvana Cardoso, Robinson Rodrigues Gomes, Marly Bilibio, Ftima Freitas,
Josiane Moreira, Kleber Machado, Mnica Marcelo, Tcito Graminha Campois,
Emerson Lemes. Realmente, um prazer imenso fazer parte da vida de vocs,
meus queridos e amados amigos. Pode ser que um dia nos afastemos... Mas,
se formos amigos de verdade, A amizade nos reaproximar (Albert Einstein).
Como no agradecer em especial ao meu mais que amigo,
meu irmo Luiz Antonio Alves, por todo o incentivo e fora. Voc sempre est
presente em todos os momentos bons ou ruins da minha vida.
Aos meus companheiros de coletas, Cadu, Thais, Mariana,
Mariane, obrigada queridos! Sem a ajuda de vocs nada disso seria possvel.
Obrigada meus amados alunos da UniFil pela torcida. Vocs
so demais.
Felicidade a certeza de que a nossa vida no est se passando inutilmente (rico Verssimo).
Deus abenoe a todos vocs!!!!
Viva como se fosse morrer amanh.
Aprenda como se fosse viver para
sempre
(Mahatma Gandhi)
RODRIGUES, CLAUDIANE PEDRO Anlise da capacidade funcional em indivduos com dor lombar crnica. 2015. 75 fls. Dissertao (Mestrado em Cincias da Reabilitao) Universidade Norte do Paran, Londrina, 2015.
RESUMO Introduo: A incidncia de lombalgia, principalmente relacionada com sobrecarga na coluna lombar vem crescendo na populao brasileira, desencadeando limitaes funcionais, especialmente em idosos. Objetivo: Avaliar a funcionalidade de idosos e jovens com dor lombar crnica. Metodologia: Foram avaliados 83 indivduos, sendo 42 idosos (Grupo Controle: 22 e Grupo Dor Lombar: 20) e 41 jovens (Grupo Controle: 20 e Grupo Dor Lombar: 21). Para avaliao da capacidade funcional, foram utilizados os seguintes testes: teste Timed up and Go (TUG), o teste sentar e levantar de uma cadeira 5 vezes (Five Times Sit-to-Stand - FTSTS), o teste da caminhada dos seis minutos (TC6min) e, por fim, o teste de sentar e levantar do solo (TSL). Resultados: Em relao capacidade funcional dos jovens no houve diferena entre os grupos para os parmetros analisados (Teste t independente, p>0,05). Contudo, quando a analise ajustada para a covaravel IMC, o grupo dor lombar apresentou maior score (pior desempenho) no teste TSL Levantar (ANCOVA, p=0,004). No grupo de idosos, foi observado pior desempenho no grupo dor lombar no teste TSL levantar (p=0,001). Novamente, aps o ajuste pela varivel IMC, observou-se diferena estatstica nas condies de sentar e levantar do teste TSL, assim como no TC6min (ANCOVA, p
RODRIGUES, CLAUDIANE PEDRO Analysis of functional capacity in patients with chronic low back pain. 2015. 75 fls. Dissertao (Mestrado em Cincias da Reabilitao) Universidade Norte do Paran, Londrina, 2015.
ABSTRACT
Introduction: Low back pain is increasing in Brazilian population, mainly related to a lumbar spine overload evoking physical limitations, especially in elderly. Objective: This study aimed to analyze functional status of elder and adults individuals with low back pain. Methods: 83 individuals were recruited for this study, being 42 elderly (22 from low back pain group and 20 from the control group) and 41 adults (22 from low back pain group and 20 from the control group). In order to assess the functional capacity, the following tests were used: Timed up and Go test (TUG), Five Times Sit-to-Stand (FTSTS), six-minutes walking test (6MWT) as well as time to sit and stand from the floor (TSS). Results: Concerning physical status of adults, no differences were observed between the groups (Student t test, p>0.05). On the other hand, when statistical analysis was adjusted by the body mass index (BMI) as a covariate, low back pain group showed a higher score at the TSS (ANCOVA, p< 0.004). Moreover, it was observed a worse physical capacity in both elderly groups at the TSS test (p=0.001). Additionally, when the BMI is adjusted, the low back pain group showed a worse performance at the TSS as well as TC6 (ANCOVA, p
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 Dados Antropomtricos da populao do estudo....................... 30
Tabela 2 Caracterizao sobre a presena de comorbidades e consumo
de medicamentos na populao do estudo ....................................................
30
Tabela 3 Resultados da capacidade funcional em indivduos jovens......... 32
Tabela 4 Resultados da capacidade funcional em indivduos idosos......... 32
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
AINE Antiinflamatrio no hormonal
AINHs Antiinflamatrio no hormonal
ATS American Thoracic Society
DP Desvio Padro
DPOC Doena Pulmonar Obstrutiva Crnica
FTSST Five Time Sit-to-Stand Test
IASP Associao Internacional de Estudos da Dor
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica
IMC ndice de massa corprea
KG Kilograma
KGF Kilograma Fora
M Metros
OMS Organizao Mundial de Sade
SPSS Statistical Package for Social Sciences
TC6min Teste da Caminhada dos Seis Minutos
TENS Neuroestimulao Eltrica Transcutnea
TSL Teste do Sentar e Levantar do Solo
TUG Timed Up and Go
UNOPAR Universidade Norte do Paran
SUMRIO
1 INTRODUO .................................................................................... 10
2 REVISO DE LITERATURA - CONTEXTUALIZAO..................... 14
2.1 ENVELHECIMENTO .......................................................................... 14
2.2 PRINCIPAIS ALTERAES BIOLOGICAS DECORRENTES DO
PROCESSO DO ENVELHECIMENTO.................................................
15
2.3 DOR LOMBAR CRNICA.................................................................. 16
2.4 CAPACIDADE FUNCIONAL .................................................................. 17
2.5 TRATAMENTO DA DOR LOMBAR CRNICA ................................... 19
3 ARTIGO ............................................................................................. 21
3.1 ARTIGO ORIGINAL ........................................................................ 22
4 CONCLUSO GERAL ......................................................................... 43
REFERNCIAS .................................................................................... 44
APNDICES ........................................................................................ 57
APNDICE A Ficha de identificao do participante da pesquisa.. 58
APNDICE B Termo de Consentimento Livre Esclarecido
(TCLE)....................................................................................................
60
APNDICE C Teste do sentar e Levantar do solo (TSL)....................
APNDICE D - Teste Five Times Sit-to-Stand ( FTSTS)...................
APNDICE E - Timed Up and Go (TUG).............................................
APNDICE F Teste da Caminhada dos Seis Minutos (TC6min)....
63
64
65
66
ANEXOS ..............................................................................................
67
ANEXO A Parecer de aprovao do Comit de tica da Unopar 68
ANEXO B - Instrues para os autores............................................... 70
10
1 INTRODUO
A proporo de pessoas idosas tem aumentado
significativamente em todo o mundo. Em 1950, os idosos representavam cerca
de 204 milhes no mundo e a expectativa para 2050 que atinja valores
superiores a dois bilhes, o que corresponde a quase 25% da populao total
do planeta (IBGE, 2012). Desta forma, nos prximos 20 anos a populao
idosa ultrapasse os 30 milhes, representando assim 13% da populao,
favorecendo ao Brasil o sexto lugar dentre os pases com maior nmero de
pessoas idosas (MINAYO, 2012).
O processo do envelhecimento complexo e multifatorial.
Influenciado por fatores genticos e no genticos (CINNAMN, 2011) que
causam alteraes na manuteno da capacidade funcional (VERAS, 2007),
alm de causar alteraes nas funes cognitiva, fsico e social, alm de
alteraes morfolgicas e fisiolgicas em diversos sistemas, como: sistema
musculoesqueltico e neurolgico (SINGH, 2011).
Dentre as alteraes musculoesquelticas mais marcantes
causadas pelo envelhecimento destacam-se a sarcopenia, que uma
diminuio da massa e volume muscular, reduo da fora muscular, em
decorrncia do sedentarismo (SINGH, 2011; GONALVES, et al., 2010),
fatores que contribuem para o aumento de incapacidades fsicas, ocasionando
instabilidade postural em diferentes situaes da vida diria (CARVALHO;
COUTINHO, 2002).
De uma forma geral os idosos apresentam mais problemas
crnicos de sade em relao ao restante da populao (VERAS, 2007), com
uma maior incidncia de doenas crnicas degenerativas, sendo a dor
musculoesqueltica crnica, em especial na regio lombar, uma das queixas
mais comuns em indivduos acima de 60 anos (DELLAROZA; PIMENTA;
MATSUO, 2007; PANAZZOLO; TRELHA; DELLAROZA, et al., 2007; LIMA;
BARROS; CSAR, et al., 2009; SANTOS; BURTI; LOPES, et al., 2010) ,
ocasionando a limitao funcional e maior dependncia fsica (IBGE, 2010;
DELITTO et al., 2012; BRESSLER; KEYES; ROCHON, et al., 1999; LIMA-
COSTA; FILHO; MATOS, 2007; SCHMIDT; DUNCAN; SILVA et al., 2011).
A dor pode ser determinada como uma experincia subjetiva, uma
sensao desagradvel, sensitiva e emocional (CELICH; GALO, 2009) ser
11
limitante, e gerar risco de estresse emocional afetando regies do corpo e a
capacidade funcional, principalmente dos idosos (SILVEIRA; PASQUALOTTI;
COLUSSI, 2012).
Desta forma a avaliao da capacidade funcional pode fornecer
informaes importantes em termos de diagnstico clnico-funcional em
indivduos com lombalgia. Diferentes testes se destacam para avaliar
componentes motores, de resistncia e fora muscular e aerbica, flexibilidade,
coordenao, agilidade e equilbrio dinmico (VIRTUOSO; GUERRA, 2011).
Todavia os testes funcionais com melhor representatividade para a
populao idosa e com melhores propriedades psicomtricas e utilizados na
literatura so: o teste do sentar e levantar do solo (TSL) (ARAJO, 1999; LIRA;
ARAJO, 2000), o Timed Up and Go (TUG) (PODSIADLO; RICHARDSON,
1991), o teste de caminhada dos seis minutos (TC6min) (OZALEVLI; OZDEN;
ITIL, et al., 2007; CASAS; VILAR; RABINOVICH, 2005; DOURADO; TANNI;
VALE, et al., 2006) e o teste do sentar e levantar da cadeira (Five Times Sit-to-
Stand Test (FTSST)) (WHITNEY; WRISLEY; MARCHETTI et al., 2005). So
testes que destacam-se pela praticidade na sua realizao e aplicabilidade,
sendo de baixa complexidade, alm de no requererem equipamentos de alto
custo.
A avaliao da capacidade funcional descrita na literatura em diversas
populaes. Puhan, (2013) e Jones, (2014), avaliaram a capacidade funcional
em indivduos com DPOC por meio do TC6min e do o teste do sentar e
levantar da cadeira (FTSST) e desta forma, concluram que estes testes so
capazes de avaliar a capacidade funcional e assim ser responsivos em
programas de reabilitao pulmonar. Homann et al., (2011) relataram a
eficincia do teste TC6min em discriminar a funcionalidade de mulheres com
fibromialgia, por meio da reduo na distncia percorrida durante o teste no
grupo patolgico. Champagne et al., (2012), avaliaram o equilbrio e a
capacidade funcional em mulheres com dor lombar crnica em relao a vrios
fatores, como rigidez na regio lombar, irradiao para regio de glteos e dor
na regio lombar e perceberam que a condio da dor afetou estes indivduos
em relao ao risco de quedas principalmente em idosas.
A incidncia de lombalgia, principalmente relacionada com sobrecarga
na coluna lombar vem crescendo entre a populao brasileira. Esta condio
12
gera transtornos fsicos e prejuzos de ordem econmica, causando
absentesmo e diminuio na funcionalidade e na produtividade de indivduos
ativos no mercado de trabalho, em todas as faixas etrias. Acredita-se que
novas propostas de interveno e avaliao da capacidade funcional possam
colaborar para que profissionais da rea da sade possam desenvolver
programas preventivos e de interveno os quais auxiliaro na ampliao da
expectativa e qualidade de vida durante o processo de envelhecimento.
Embora existam diferentes estudos com aplicao de testes funcionais,
pouco ainda so abordados na populao de indivduos com dor lombar
crnica. Portanto, o principal objetivo deste estudo foi avaliar a funcionalidade
de indivduos com dor lombar crnica por meio de testes funcionais, no intuito
de averiguar quais deles so mais sensveis na discriminao da
funcionalidade desta populao.
13
OBJETIVOS
Geral
Avaliar a funcionalidade de indivduos idosos e jovens com dor lombar
crnica.
Especficos
Verificar e comparar a capacidade funcional entre indivduos jovens com
e sem dor lombar crnica.
Analisar e comparar a capacidade funcional entre indivduos idosos com
e sem dor lombar crnica.
Correlacionar ocorrncia de multimorbidades com a funcionalidade de
indivduos com dor lombar crnica.
14
2 REVISO DE LITERATURA CONTEXTUALIZAO
2.1 ENVELHECIMENTO
O envelhecimento populacional um fenmeno mundial. Em 2050, a
expectativa de vida nos pases desenvolvidos ser de 87,5 anos para homens
e 92,5 para mulheres. J nos pases em desenvolvimento, ser de 82 anos
para homens e 86 para mulheres, ou seja, 21 anos a mais do que hoje (IBGE,
2010).
Na cidade de Londrina Paran, os dados do IBGE mostram que em
1970 a populao de idosos com mais de 60 anos era 4,18%, j em 2010 os
dados apontam para 10,79%, desta forma constata-se que a cidade se
posiciona acima da mdia nacional (LONDRINA, 2015).
Segundo a Organizao Mundial de Sade (OMS) considerado idoso
o individuo a partir dos 65 anos em pases desenvolvidos e 60 anos, nos
pases em desenvolvimento (OMS, 2012). No Brasil, a poltica nacional do
idoso (Lei n. 8.842, Art. 2) entende como idosa a pessoa maior de 60 anos de
idade.
O nmero de idosos tende a aumentar em escala mundial. Esse fator
se d pela reduo na taxa de fecundidade, pelo fato de nos dias atuais a
mulher ter menos filhos, sem falar nas baixas taxas de mortalidade infantil ou
prematuridade, aumentando a sobrevida devido nutrio adequada,
saneamento bsico e uso adequado de vacinas e antibiticos (IBGE, 2012).
Estima-se que indivduos com mais de 60 anos em 2050 atingiro a
cifra de 64 milhes, valor esse superior a indivduos menores que 14 anos.
Esse acelerado processo de envelhecimento populacional, e os recentes
aumentos na expectativa de vida tm chamado a ateno sobre as condies
de sade durante esses anos adicionais de vida e sobre a incidncia futura de
morbidade, morbidade mltipla, incapacidade funcional e mortalidade entre
idosos (PINNELLI; SABATELLO, 1993; PARAHYBA; SIMES, 2006) e mesmo
em condies crnicas estes idosos ainda podem viver mais. A incapacidade
funcional o fator desencadeador no crescimento das doenas crnicas
(ALVES, 2007). Para 2050, as projees mostram que este nmero ir
ultrapassar os 259,8 milhes somando uma parcela de 18% da populao total
levando o Brasil a ocupar a sexta populao idosa mundial (PELEGRIN, 2008).
15
Estudos apontam que aproximadamente 80% dos idosos apresentaram
problemas de sade que poder predispor ao desenvolvimento de dor crnica,
podendo ter repercusses diretas na qualidade de vida e associaes com
quadros de depresso, incapacidade e mortalidade (DELLAROZZA; PIMENTA;
MATSU0, 2007; BEISSNER; HENDERSON; PAPALEONTIOUL, et al., 2009).
2.2 PRINCIPAIS ALTERAES BIOLGICAS DECORRENTES DO PROCESSO DO
ENVELHECIMENTO
O processo do envelhecimento vem acompanhado pelo crescimento das
doenas e das alteraes orgnicas, em destaque para as doenas crnico-
degenerativas. Essas alteraes ocasionam disfunes em vrios rgos e
funes na vida do idoso, em especial os distrbios da marcha e da
mobilidade.
O ato de locomover-se envolve vrios mecanismos reguladores e
efetores, dependentes do funcionamento ntegro dos sistemas neurolgico,
musculoesqueltico e cardiovascular (SIGGEIRSDOTTIR, 2002; MACIEL,
2005).
Com a degradao dessas estruturas causadas pelo processo do
envelhecimento, os distrbios da marcha e da mobilidade tornam-se mais
evidente o que leva a limitaes na execuo das atividades de vida diria. As
alteraes mais evidentes so a diminuio da velocidade e comprimento do
passo, perda do balano normal e diminuio das rotaes plvica e escapular
(VEA, et al., 1999).
Silva, et al. (2013) e Rice, et al. (2009) relatam que o processo do
envelhecimento apresenta alteraes morfolgicas e fisiolgicas como:
hipotrofia muscular progressiva, fraqueza funcional, descalcificao ssea,
aumento da espessura da parede dos vasos, aumento do nvel de gordura
corporal total e diminuio da capacidade de coordenao.
Estudos apontam que ocorre uma reduo na fora muscular em torno
de 15% a cada dcada partir dos 50 anos de idade, podendo cegar a
aproximadamente 30% aps os 70 anos (SILVA, et al., 2006; PERINI, NICOLA,
OLIVEIRA, 2009).
16
A perda de fora muscular marcada por mecanismos fisiolgicos de
origem multifatorial que surgem partir do prejuzo de ativao neural,
diminuio da capacidade de gerar fora intrnseca do msculo e perda de
massa muscular, alm da diminuio da sntese protica e infiltrao de
adipcitos nas fibras musculares, o que gera uma vulnerabilidade fisiologia
relacionada sade (MANINI, CLARK, 2012; CRUZ et al., 2010).
A sarcopenia o fenmeno marcado pelo declino da fora muscular com
avano da idade (BAPTISTA, VAZ, 2009; CRUZ et al., 2010; LOJUDICE, et al.,
2010) e capaz de realizar modificaes na arquitetura muscular, desta forma
correlaciona-se com o declnio funcional e incapacidade, sendo considerada
uma das variveis utilizadas para definio da sndrome da fragilidade,
condio altamente prevalente entre os idosos, ocasionando um maior risco
para quedas, fraturas, diminuio da capacidade em realizar as atividades
dirias, dependncia, hospitalizao recorrente e morte ( RIZZOLI, et al., 2013;
FIELDING, 2011).
2.3 DOR LOMBAR CRNICA
A ocorrncia de dor frequente devido aos novos hbitos de vida,
conseqncia do homem moderno e do aumento da expectativa de vida
(TEIXEIRA; FIGUEIR, 2001). considerada a segunda causa de assistncia
mdica e corresponde a 80% das consultas em profissionais da rea da sade
(BROSSEAU; CASIMIRO; ROBINSON, et al, 2002), comprometendo a
qualidade de vida, e causando perdas materiais e sociais assim como
limitaes para o bom desempenho das atividades fsicas, profissionais e
sociais (BUSSE; BHANDARI; KULKANI, 2002).
considerada pela Associao Internacional de Estudos da Dor (IASP)
como uma experincia desagradvel, sensitiva e emocional, associada ou no
leses dos tecidos e relacionada com a memria individual, expectativas de
vida e emoes de cada individuo. Apresenta-se de forma subjetiva,
envolvendo mecanismos fsicos, psquicos e culturais (PEDROSO; CELICH,
2006; CELICH; GALON, 2009), podendo ser de forma aguda ou crnica
(CELICH; GALON, 2009).
Zavarize, Wechsler, Lima, et al., (2014) relatam que a lombalgia
17
caracterizada por uma sndrome incapacitante de dor, que se prolonga aps o
terceiro ms a contar desde o primeiro episdio de dor aguda com instalao
de forma gradativa e incapacitante, tendo seu inicio de forma imprecisa com
perodos de melhora e piora do quadro, podendo apresentar um conjunto de
manifestaes dolorosas que acometem a regio da coluna lombar,
lombosacral ou sacroilaca (ADAMS; BOGDUK; BURTON, et al., 2002). Na
maioria dos casos, surge de forma sbita matinal, tendo durao mdia de trs
a quatro dias, caracterizando a incapacidade funcional lombar (PAZ, et al.,
2012). Entre as causas mais comuns de queixas relatadas pelos indivduos
destaca-se a sobrecarga nas atividades laborais, movimentao excessiva,
fatores psicolgicos, inatividade fsica, falta de flexibilidade, fraqueza muscular,
obesidade e fumo (OCARINO; GONALVES; VAZ, et al., 2009). Sem deixar de
lado as condies como doenas inflamatrias, degenerativas, neoplsicas,
defeitos congnitos, debilidade muscular, predisposio reumtica e sinais de
degenerao da coluna e dos discos intervertebrais (FERREIRA, 2010).
Segundo dados da organizao mundial de Sade (OMS), cerca de 80%
dos adultos sofrero pelo menos uma crise aguda de dor nas costas durante
sua vida, sendo que 90% dessas pessoas apresentaram mais que um episodio
de dor lombar (OMS 2003; MIROVSKY, GROBER, BLANKSTEIN et al., 2006).
Trata-se de um problema de sade presente tanto em pases desenvolvidos
como em desenvolvimento com uma prevalncia entre a populao adulta de
10,2 a 16,3% (FREBURGER; HOLMES; AGANS,et al., 2009) nos idosos
necessita de diagnostico e avaliao na tentativa de minimizar a morbidade e
melhorar as condies de qualidade de vida desses indivduos (ANDRADE;
PEREIRA; SOUSA, 2006). Desta forma exerce um grande impacto negativo no
que diz respeito qualidade de vida, ms condies de sade em geral,
distrbios psicolgicos e de sono, incapacidade e fadiga (KOVACS; MURIEL;
MEDINA, et al., 2005).
2.4 CAPACIDADE FUNCIONAL
O envelhecimento um processo fisiolgico e a manuteno da
capacidade funcional no idoso pode ser afetada por diversos fatores (VERAS,
2002), assim como a aptido fsica diminui favorecendo o aumento do
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/?term=Freburger%20JK%5BAuthor%5D&cauthor=true&cauthor_uid=19204216http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/?term=Holmes%20GM%5BAuthor%5D&cauthor=true&cauthor_uid=19204216http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/?term=Agans%20RP%5BAuthor%5D&cauthor=true&cauthor_uid=19204216
18
sedentarismo (GONALVES, et al., 2010). A Capacidade Funcional determina
o quanto um sujeito capaz em realizar atividades corriqueiras, sendo
essencial para traar um diagnostico e estimar a elaborao de programas
direcionados manuteno e desenvolvimento de autonomia e independncia
funcional (VIRTUOSO; GUERRA, 2011).
Limitaes na capacidade de realizar atividades dirias trazem agravos
na qualidade de vida e independncia na vida dos indivduos. A mobilidade
um importante indicador de funcionalidade, envolvendo atividades simples
como deslocamento, subir e descer escadas e caminhadas, qualquer
acometimento do sistema locomotor, como perda de fora e potencia muscular
compromete as atividades dirias (FOLDVARI et al., 2000; GURALNIK; FRIED;
SALIVE, 2000; MISZKO et al., 2003).
Desta forma faz-se necessrio o uso de instrumentos que avaliem tal
funo, como os testes motores, os quais so componentes de aptido
funcional relacionados a sade e a tarefas do dia a dia do individuo, estes
abrangem a resistncia de fora muscular e aerbica, flexibilidade,
coordenao, agilidade e equilbrio dinmico (VIRTUOSO; GUERRA, 2011).
Dentre os testes mais utilizados na literatura destaca-se o teste do sentar e
levantar do solo (TSL), que um procedimento simples com o objetivo
primordial em avaliar a destreza na execuo de aes de sentar e levantar do
solo, atribuindo scores diferentes para cada tarefa (ARAJO, 1999; LIRA;
ARAJO, 2000).
O Timed Up and Go (TUG), avalia tarefas motoras essenciais para uma
vida independente, tais como: autocontrole postural e de equilbrio, tanto para
sentar-se como para erguer-se, caminhar uma pequena distncia e mudar a
direo da caminhada (PODSIADLO; RICHARDSON, 1991). O teste descrito
em outras populaes que no indivduos com dor lombar crnica e tem
mostrado boa correlao com a avaliao do desempenho fsico, Jones; Kon;
Canavan, et al.,(2013) em seu estudo utilizaram o teste para avaliar a
capacidade de exerccio e forca muscular de membros inferiores em pacientes
com DPOC, e afirmam que quanto pior o desempenho no teste pior a
capacidade ao exerccio e os indivduos apresentam fraqueza muscular, em
especial do msculo quadrceps.
A avaliao da capacidade ao exerccio submximo por meio do teste de
19
caminhada de seis minutos (TC6min) (OZALEVLI; OZDEN; ITIL, et al., 2007;
CASAS; VILAR; RABINOVICH, 2005; DOURADO; TANNI; VALE, et al.,
2006), uma opo de fcil realizao e aplicao na prtica clnica, baixa
complexidade, alm de no requererem equipamentos de alto custo,(CASAS;
VILAR; RABINOVICH, 2005, LEUNG; CHAN; SYKES, et al., 2006).
Para mensurar a fora dos membros inferiores, equilbrio e risco de
quedas o teste do sentar e levantar da cadeira (Five Times Sit-to- Stand Test
(FTSST)), tem sua importncia para quantificar a capacidade funcional de
pessoas com distrbios do equilbrio de realizar movimentos de transio como
levantar-se de uma cadeira ou de uma cama (WHITNEY; WRISLEY;
MARCHETTI, et al., 2005).
2. 5 TRATAMENTO DA DOR LOMBAR CRNICA
Existem tratamentos farmacolgicos e no farmacolgicos propostos
para a dor lombar crnica (LAST; HULBERT, 2009), porm a terapia
medicamentosa destaca-se como sendo uma das primeiras opes de
tratamento. O tratamento medicamentoso centrado no controle sintomtico
da dor afim de promover a recuperao funcional (MILLER, 2012; WADDELL,
1998). Dentre os medicamentos mais utilizados para dor lombar crnica,
destacam-se o uso de antiinflamatrios no hormonais (AINHs), por terem
efeitos analgsicos e antiinflamatrios (MALANGA; NADLER, 1999;
WADDELL, 1998), frmacos da classe dos opiides e benzodiazepnicos no
so recomendados em casos de lombalgia crnica, pelo risco de dependncia
qumica, dentro os efeitos adversos destaca-se como principal a sonolncia
(INNES; CROSKERRY; WORTHINGTON, 1998; TAN, 1998), j os
antidepressivos tricclicos so uma opo nesta patologia, mesmo quando no
associadas depresso (TAN, 1998).
Dentre as formas de tratamento no farmacolgicas, destacamos a
massagem (LAST; HULBERT, 2009), por trazer benefcios para diminuio de
dor e aumento do bem-estar (FURLAN; IMAMURA; DRYDEN, et al., 2009;
CHOU; QASEEM; SNOW, et al, 2007). Alm disso, a prtica regular de
exerccios fsicos, sobretudo os resistidos como a musculao, tem se
mostrado comprovados na preveno e reabilitao da dor lombar (COSTA;
20
PALMA, 2005). Brazil, et al., (2004) relata que exerccios de fortalecimento da
musculatura paravertebral e exerccios aerbicos so comprovadamente
eficazes no tratamento da dor lombar crnica. Na reabilitao conta-se com
uma variedade de condutas, dentre elas destacam-se os meios fsicos, como
frio e calor, porm estes no atuam sobre as causas da histria natural das
sndromes dolorosas lombares, atuando meramente como coadjuvante no
tratamento (BORENSTEIN, 1996),algumas tcnicas apesar de muito utilizadas
na pratica clinica, ainda trazem muitas controvrsias sobre sua eficcia como a
neuroestimulao eltrica transcutnea (TENS) e a acupuntura (DEYO;
WALSH; MARTIN, 1990; MALANGA; NADLER, 1999).
Existem vrias evidncias na literatura sobre abordagens ativas para o
tratamento, tais como fortalecimento abdominal e da musculatura das costas,
assim como exerccios aerbicos, a fim de reduzir a dor e melhorar a
capacidade funcional (VAN; MALMIVAARA; ROSMIN, 2000; HAYDEN; VAN;
MALMIVAARA; KOES, 2005). Smeets, Wittink, Hidding,et al., (2006) referem
que o descondicionamento um fator que contribui para a intolerncia ao
exerccio fsico e a incapacidade em pacientes com dor lombar crnica, em
seu estudo observou que o VO2 mximo quando avaliado em indivduos com
lombalgia tende a ser menor em comparao com indivduos saudveis,
ocasionando uma baixa aptido fsica.
Shnayderman; Katz-Leurer, (2013) avaliou indivduos sedentrios de 18
a 65 anos em comparao eficcia de um programa aerbio e um programa
de fortalecimento em indivduos com lombalgia crnica durante seis semanas e
verificou que ambos os grupos melhoraram, porm um programa aerbico de
intensidade moderada apresenta uma melhor capacidade e desempenho
funcional quando avaliados pelo TC6min, a velocidade da marcha em
indivduos com lombalgia inferior quando comparada a indivduos pareados
pela idade, fato este que corrobora com Lamonth,(2006) que refere que
indivduos com dor lombar crnica caminham menos em decorrncia da
intensidade da dor, incapacidade e o medo. Reconhece tal fato devido a uma
instabilidade da coluna vertebral em devido a hipotonia dos msculos do
tronco.
21
3 ARTIGO
Anlise da capacidade funcional em indivduos com dor lombar crnica
Analysis of functional capacity in individuals with and without chronic low
back pain
Claudiane Pedro Rodrigues (1), Rubens Alexandre da Silva Jnior (2), Elias Nasrala Neto(3), Rodrigo Antnio Carvalho Andraus(4), Karen Barros Parron Fernandes (2).
(1) Discente, Programa de Mestrado Associado da Universidade Estadual de Londrina/Universidade Norte do Paran, UEL/UNOPAR em Cincias da Reabilitao, Londrina, Paran, Brasil. (2) Professor Titular do Programa de Mestrado Associado UEL/UNOPAR em Cincias da Reabilitao, Londrina, Paran, Brasil. (3) Professor Assistente, Universidade de Cuiab, Cuiab, Mato Grosso, Brasil. (4) Professor Colaborador, Programa de Mestrado Associado UEL/UNOPAR em Cincias da Reabilitao, Londrina, Paran, Brasil. Autor responsvel: Karen Barros Parron Fernandes - Centro de Pesquisa em Cincias da Sade - Avenida Marselha 591, Jardim Piza. CEP: 86041-140 - Londrina, PR Brasil. Telefone: (43) 3371-9848. E-mail: [email protected] Conflito de interesse: no h.
22
RESUMO Introduo: A incidncia de lombalgia, principalmente relacionada com sobrecarga na coluna lombar vem crescendo na populao brasileira, desencadeando limitaes funcionais, especialmente em idosos. Objetivo: Avaliar a funcionalidade de idosos e jovens com dor lombar crnica. Metodologia: Foram avaliados 83 indivduos, sendo 42 idosos (Grupo Controle: 22 e Grupo Dor Lombar: 20) e 41 jovens (Grupo Controle: 20 e Grupo Dor Lombar: 21). Para avaliao da capacidade funcional, foram utilizados os seguintes testes: teste Timed up and Go (TUG), o teste sentar e levantar de uma cadeira 5 vezes (Five Times Sit-to-Stand - FTSTS), o teste da caminhada dos seis minutos (TC6min) e, por fim, o teste de sentar e levantar do solo (TSL). Resultados: Em relao capacidade funcional dos jovens no houve diferena entre os grupos para os parmetros analisados (Teste t independente, p>0,05). Contudo, quando a analise ajustada para a covaravel IMC, o grupo dor lombar apresentou maior score (pior desempenho) no teste TSL Levantar (ANCOVA, p=0,004). No grupo de idosos, foi observado pior desempenho no grupo dor lombar no teste TSL levantar (p=0,001). Novamente, aps o ajuste pela varivel IMC, observou-se diferena estatstica nas condies de sentar e levantar do teste TSL, assim como no TC6min (ANCOVA, p
23
ABSTRACT
Introduction: Low back pain is increasing in Brazilian population, mainly related to a lumbar spine overload evoking physical limitations, especially in elderly. Objective: This study aimed to analyze functional status of elder and adults individuals with low back pain. Methods: 83 individuals were recruited for this study, being 42 elderly (22 from low back pain group and 20 from the control group) and 41 adults (22 from low back pain group and 20 from the control group). In order to assess the functional capacity, the following tests were used: Timed up and Go test (TUG), Five Times Sit-to-Stand (FTSTS), six-minutes walking test (6MWT) as well as time to sit and stand from the floor (TSS). Results: Concerning physical status of adults, no differences were observed between the groups (Student t test, p>0.05). On the other hand, when statistical analysis was adjusted by the body mass index (BMI) as a covariate, low back pain group showed a higher score at the TSS (ANCOVA, p< 0.004). Moreover, it was observed a worse physical capacity in both elderly groups at the TSS test (p=0.001). Additionally, when the BMI is adjusted, the low back pain group showed a worse performance at the TSS as well as TC6 (ANCOVA, p
24
Introduo Semelhante a vrios pases em desenvolvimento, o Brasil apresenta
uma mudana demogrfica mais evidente nas ltimas dcadas (1). O processo
do envelhecimento na populao brasileira est acontecendo de forma rpida
desde o inicio da dcada de 60 (2). De acordo com dados do Instituto Brasileiro
de geografia e Estatstica (IBGE) (3), observa-se no Brasil um aumento da
populao com idade igual ou superior a 65 anos, estimando-se que em 2025 a
populao de idosos possa alcanar a margem de 15% de toda a populao (4),
tal fato atribui-se em decorrncia da cronicidade das doenas (5), as quais
levam a um aumento nas incapacidades fsicas, como o declnio na sade,
diminuio de fora, reduo da resistncia muscular, flexibilidade e
locomoo, alm de deteriorao do controle motor, ocasionando instabilidade
postural em diferentes situaes da vida diria (6).
A incidncia de doenas crnicas degenerativas, sendo a dor
musculoesqueltica crnica, em especial na regio lombar, uma das queixas
mais comuns em indivduos acima de 60 anos (7-11), levando a limitao
funcional e maior dependncia fsica (3, 12,13).
Estima-se que a prevalncia de dor lombar no mundo varia entre
12% a 33% e no Brasil em torno de 63% da populao. Nos idosos esses
valores atingem 57,7% (14,15), acarretando em consequncias socioeconmicas,
as quais requerem melhores mtodos de diagnstico e tratamento,
especialmente em relao avaliao da incapacidade fsica, por gerar um
grande impacto financeiro (16), alm de causar absentesmo e diminuio na
funcionalidade e na produtividade naqueles que continuam ainda no mercado
de trabalho, em todas as faixas etrias (17).
Para avaliao da capacidade funcional destacam-se alguns testes,
dentre eles: Teste do sentar e levantar do solo (TSL) (18,19), o Timed Up and Go
(TUG)(20), o teste de caminhada de seis minutos (TC6min)(21-24) e o teste do
sentar e levantar da cadeira (Five Times Sit-to- Stand Test (FTSST)) (25). Tais
testes destacam-se pela praticidade na sua realizao e aplicao na pratica
clinica, baixa complexidade, alm de no requererem equipamentos de alto
custo.
A avaliao da capacidade funcional descrita na literatura em
diversas populaes. Puhan (26) e Jones, (27) avaliaram a capacidade funcional
25
em indivduos com DPOC por meio do TC6min e do o teste do sentar e
levantar da cadeira (FTSST) e desta forma, concluram que estes testes so
capazes de avaliar a capacidade funcional e assim ser responsivos em
programas de reabilitao pulmonar. Homann et al, (28) relataram a eficincia do
teste TC6min em discriminar a funcionalidade de mulheres com fibromialgia por
meio da reduo na distncia percorrida durante o teste no grupo patolgico.
Champagne et al, (29), avaliaram o equilbrio e a capacidade funcional em
mulheres com dor lombar crnica em relao a vrios fatores, como rigidez na
regio lombar, irradiao para regio de glteos e dor na regio lombar e
perceberam que a condio da dor afetou estes indivduos em relao ao risco
de quedas principalmente em idosas.
Embora existam diferentes estudos com aplicao de testes
funcionais, pouco ainda so abordados na populao de indivduos com dor
lombar crnica.
Diante da elevada prevalncia e inabilidade funcional presente nas
diversas faixas etrias, decorrentes da dor lombar crnica, acredita-se que
novas propostas de avaliao da capacidade funcional possam colaborar para
que profissionais da rea da sade possam desenvolver programas
preventivos e de interveno, desta forma promovendo uma melhora da
expectativa e qualidade de vida durante o processo de envelhecimento. A
avaliao da capacidade funcional pode fornecer informaes importantes na
populao com presena de dor lombar, para isso, faz-se necessrio o uso de
instrumentos que avaliem a funo motora, a resistncia de fora muscular e
aerbica, flexibilidade, coordenao, agilidade e equilbrio dinmico, atividades
estas que visam garantir a integridade musculoesqueltica dos indivduos, em
especial da populao idosa, promovendo a diminuio do risco de quedas e
incapacidade funcional recuperando os indivduos de condies crnicas.
Portanto, o objetivo deste estudo avaliar a funcionalidade de
indivduos idosos e jovens com dor lombar crnica, assim como identificar
quais testes so os mais discriminativos para anlise da condio funcional
destes sujeitos.
26
Mtodos
Procedimentos ticos
O presente estudo faz parte de um projeto de pesquisa multicntrico
(UNOPAR/UNIC), o qual foi aprovado pelo Comit de tica da UNIC (CEP, n
273.376). Todos os participantes assinaram um Termo de Consentimento Livre
e Esclarecido previamente realizao dos testes.
Delineamento e Populao de Estudo
O estudo foi caracterizado como estudo observacional, transversal,
descritivo e com abordagem quantitativa.
Para clculo da amostra foi realizado programa Bioestat 5.0, utilizando
como parmetros os dados obtidos a partir do estudo de Champagne et al.(29),
considerando o intervalo de confiana de 95%, nvel alfa de 5% e poder do
teste de 80%, desta forma foi determinado que a amostra mnima para testar a
hiptese nula que no h diferena entre as propriedades sensrio-motoras de
indivduos com e sem dor lombar crnica seria de 16 indivduos para cada
grupo. Considerando possveis perdas, foi recrutada uma amostra 20%
superior (20 indivduos em cada grupo).
Foram avaliados 83 indivduos de ambos os gneros na comunidade
local de Londrina (PR). Sendo, 41 do grupo jovens e 42 do grupo idosos. Os
participantes constituram quatro grupos para anlise: 1) adultos jovens
saudveis (G1 n= 20); 2) adultos jovens com dor lombar crnica (G2 n=21); 3)
idosos saudveis (G3 n= 22); 4) idosos com dor lombar crnica (G4 n=20). A
dor lombar crnica foi delimitada na forma de auto-relato e foi definida como de
origem mecnica, desconhecida e persistente por um perodo maior que 03
meses. Foram utilizados os dados do limiar de dor presso para confirmar a
presena de lombalgia.
Os critrios de elegibilidade da amostra para os grupos patolgicos
foram: presena de dor lombar com ou sem irradiao limitada aos joelhos
mensurada por meio da avaliao do limiar de dor presso utilizando o
equipamento algmetro da marca EGM Systems; presena de dor crnica
definida como dor cotidiana ou quase cotidiana durante os ltimos trs meses;
dor lombar de origem mecnica (muscular ou estruturas passivas)
27
desconhecida; no participar de programas de reabilitao, tais como
fisioterapia convencional, pilates e Reeducao postural global.
Os critrios de incluso do grupo Controle foram: no apresentar
nenhuma dor na coluna vertebral do tipo lombalgia ou lombociatalgia com
irradiao para os membros inferiores; no participar de programas de
atividade fsica superior a trs dias na semana de acordo com as
recomendaes do American College of Sports Medicine (30), apresentar bom
estado geral de sade; ser fisicamente independente e aceitar voluntariamente
a participar do estudo. Ter idade entre 18 e 50 anos para os jovens e igual ou
maior que 60 anos para os idosos.
Os critrios de excluso para todos os grupos foram: apresentar
qualquer tipo de doena neurolgica, cardiorrespiratria, metablica e/ou
ortopdica, reumtica com comprometimento osteomuscular; vestibulopatias e
crises labirnticas; problemas mentais, distrbios de ateno e fala; ter sofrido
algum tipo de cirurgia do aparelho locomotor; no ser voluntrio.
Procedimentos
Tal estudo foi realizado na Universidade Norte do Paran (UNOPAR)
no perodo de agosto a dezembro de 2014. As avaliaes foram compostas por
apenas um dia sempre no perodo vespertino. Inicialmente foram coletadas
informaes com relao aos dados scio-demograficos, bem como os dados
antropomtricos, como o peso e altura e calculados o ndice de massa
corprea (IMC).
Avaliao do Limiar de Dor Presso (LDP)
As medies dos LDPs dos indivduos sero realizadas com a
utilizao de um algmetro da marca EGM Systems. O aparelho apresenta
um mensurador de presso em kgf, com uma haste em uma das suas
extremidades com ponta circular plana de 1cm2, por meio da qual ser aplicada
uma presso constante e crescente (44), perpendicularmente aos pontos
anatmicos de presso, segundo metodologia descrita por Hirayama et al. (45).
28
Testes de capacidade funcional
Teste do sentar e Levantar do solo
O teste de sentar e levantar do solo caracterizado por avaliar a
mobilidade funcional do idoso. O teste consiste em o individuo levantar-se do
cho, usando o mnimo de apoio necessrio e sem se preocupar com a
velocidade dos movimentos, o escore total varia de zero a 10, sendo cinco
pontos para sentar-se e cinco pontos para levantar-se do cho. Subtraindo um
ponto para cada suporte usado, que podem ser as mos, o joelho ou a parte
lateral da perna, e diminuindo tambm meio ponto se houver perda de
equilbrio (31).
Five Times Sit-to- Stand Test (FTSST)
um teste fcil de administrar e vivel para avaliar a fora dos
membros inferiores, equilbrio e risco de quedas. Consiste em orientar o
paciente a cruzar os braos sobre o peito e sentar com as costas contra a
cadeira (altura de 43 cm, 47,5 cm de profundidade). O examinador fornece as
instrues a seguir de acordo com protocolo padronizado: "Eu quero que voc
levante-se e sente-se cinco vezes, mais rpido que puder, quando eu dizer
'Ok'". A contagem do tempo se inicia quando o examinador orientar: "V" e
finaliza quando as ndegas do sujeito toca a cadeira na quinta repetio (25).
Timed Up and Go test (TUG)
Avalia o risco de quedas. Partindo da posio sentada, analisa-se a
transferncia de sentado para em p, a estabilidade e as mudanas do curso
da marcha sem utilizar estratgias compensatrias. O avaliador solicita ao
indivduo que se levante de uma cadeira onde estava totalmente apoiado,
caminhe por trs metros, vire-se, retorne pelo mesmo percurso e sente-se
novamente na cadeira com as costas apoiadas, com o desempenho medido
atravs do tempo (em segundos) necessrio para a realizao do teste (20).
Teste da caminhada dos seis minutos (TC6min)
Segundo as recomendaes da American Thoracic Society (ATS) (32)
um teste auto-ritmado que avalia o nvel submximo de capacidade funcional
29
em uma pista de 30 metros, demarcadas por dois cones em cada extremidade.
Durante este teste anotado a distncia que o individuo consegue caminhar
to rapidamente sem correr em uma superfcie plana, firme e coberta, por um
perodo de seis minutos, sendo permitido parar ou descansar durante o teste
caso haja necessidade, porm o cronometro continua acionado (21, 22, 23).
A avaliao foi realizada num nico dia, sempre no perodo
vespertino, todos os testes foram aplicados duas vezes, com intervalo de
descanso de 1 minuto entre cada teste. A ordem de aplicao dos testes foi:
Teste do sentar e levantar do solo, em seguida Five Times Sit-to-Stand Test,
logo aps o Timed Up na Go e finalizando o teste da caminhada dos seis
minutos. Foi considerado o melhor valor entre os testes. Com exceo do
TC6min no qual o tempo estipulado segundo a ATS (32) 30 minutos de
intervalo.
Anlise dos dados
Os dados foram analisados de forma descritiva e analtica, atravs
dos programas Statistical Package for Social Sciences (SPSS) verso 18.0 Foi
estabelecido um intervalo de confiana de 95% e nvel de significncia de 5%
(P
30
jovem (Tabela 2).
Tabela 1 Caracterizao da populao de estudo.
JOVENS
Varivel Controle
Mdia DP
Dor lombar
Mdia DP
Teste t
independente (P)*
Idade (anos) 30,75 10,86 31,38 8,52 0,837
Peso (kg) 70,32 18,82 75,76 11,26 0,265
Altura (m) 1,67 0,73 1,66 0,85 0,679
IMC (Kg/m2)
Limiar de dor a presso (Kgf)
24,73 5,14
7,31 0,45
27,23 3,55
5,31 0,49
0,076
0,002*
IDOSOS
Idade (anos) 71,23 5,06 69,42 5,67 0,283
Peso (kg) 66,41 8,48 70,48 10,53 0,176
Altura (m) 1,56 0,57 1,56 0,75 0,732
IMC (Kg/m2)
Limiar de dor a presso (Kgf)
27,40 3,90
7,48 0,32
28,83 4,90
6,05 0,29
0,303
0,002*
P>0,05 *; DP= desvio padro; Kg= kilograma; m= metros; IMC= ndice de massa corporal;
Kgf=Kilograma fora.
31
Tabela 2 Caracterizao sobre consumo de medicamentos e presena de
multimorbidades e na populao de estudo.
JOVENS
Controle Dor Lombar
Varivel Categorias
Frequncia
Absoluta
(n)
Frequncia
Relativa
(%)
Categorias
Frequncia
Absoluta
(n)
Frequncia
Relativa
(%)
Gnero Feminino 14 46,67% Feminino 16 53,33%
Masculino 6 54,54% Masculino 5 45,46%
Consumo de
medicamentos 0 0 2 9,5%
Multimorbidades 0 0 0 0
IDOSOS
Controle Dor lombar
Varivel Categorias
Frequncia
Absoluta
(n)
Frequncia
Relativa
(%)
Categorias
Frequncia
Absoluta
(n)
Frequncia
Relativa
(%)
Gnero Feminino 18 48,65% Feminino 19 51,35%
Masculino 4 80% Masculino 1 20%
Consumo de
medicamentos 3 14,3% 13 61,9%
Multimorbidades 9 42,9% 15 71,4%
Em relao ao desempenho funcional dos indivduos jovens, foi possvel
observar que no houve diferena estatisticamente significante entre os grupos
(p>0,05). Porm, quando a anlise foi ajustada para a covarivel IMC nesta
mesma populao, o grupo com dor lombar crnica apresentou maior score no
teste TSL levantar (p>0,004), apontando para uma limitao funcional quanto a
mobilidade de se levantar do solo (Tabela 3).
32
Quando analisado os indivduos idosos com e sem dor lombar crnica,
com relao o desempenho funcional, foi observado novamente diferenas
apenas no TSL levantar (p=0,00). O grupo patolgico de idosos apresentou
limitao funcional em levantar-se do solo; o qual destaca-se a sensibilidade
deste teste na discriminao da funcionalidade em relao aos demais testes
empregados no estudo.
Quando ajustado pela covarivel IMC, o grupo de idosos com dor lombar
crnica tambm apresentou diferenas em relao ao grupo controle, em
ambas as condies: sentar e levantar durante o TSL, assim como para o
TC6min (ANCOVA, p < 0,05), podendo ser observado que o grupo de idosos
com dor apresentava uma reduo do desempenho funcional, conforme
apresentado na tabela 4.
Tabela 3 Resultados da Capacidade Funcional em indivduos jovens.
Varivel Controle
Mdia DP
Dor lombar
Mdia DP
Teste t
independente (P)*
ANCOVA (P)*
TSL (sentar) 4,30 0,85 4,42 0,50 0,55 0,169
TSL (levantar) 3,4 0,81 4, 0 1,11 0,87 0,004*
FTSTS 10,29 2,05 9,00 1,57 0,50 0,825
TUG 5,79 0,84 5,70 0,70 0,70 0,967
TC6min. 646,0 53,84 630,95 55,88 0,38 0,238
TSL= teste do sentar e levantar do solo; FTSTS; Five Times Sit-to- Stand Test TU;: Timed up and Go; TC6min; teste da caminhada dos seis minutos. P
33
Tabela 4 Resultados da Capacidade Funcional em indivduos idosos.
Varivel Controle
Mdia DP
Dor lombar
Mdia DP
Teste t
independente (P)*
ANCOVA
(P)*
TSL (sentar) 3,04 0,92 2,16 1,23 0,12 0,000*
TSL (levantar) 2,69 1,03 1,42 1,12 0,00* 0,000*
FTSTS 13,07 2,80 14,97 3,35 0,53 0,229
TUG 7,17 1,31 7,97 1,26 0,52 0,16
TC6min 523,09 85,91 468,66 82,53 0,43 0,001*
TSL= teste do sentar e levantar do solo; FTSTS; Five Times Sit-to- Stand Test TU;: Timed up and Go; TC6min; teste da caminhada dos seis minutos. P
34
Discusso
No presente estudo, quando investigado a relao da capacidade
funcional de indivduos com ou sem dor lombar, no se verificou diferena
entre os grupos controle e patolgico em indivduos jovens. Entretanto, idosos
com dor lombar crnica apresentam um pior desempenho nos testes funcionais
quando comparados aos idosos sem dor lombar.
Os estudos sobre o envelhecimento tem enfatizado a busca por
estratgias que possam amenizar as consequncias deletrias deste processo
de envelhecimento sobre a qualidade de vida dos indivduos. Veras (33) afirma
que o envelhecimento um processo fisiolgico e que a capacidade funcional
no idoso pode ser afetada por diversos fatores, uma vez que estes indivduos
apresentam mais problemas crnicos de sade em relao aos indivduos
jovens.
Embora idosos com dor lombar possam fazer uso de medicamentos de
ao central ou perifrica para controle da dor, nesta amostra, verificou-se que
a grande maioria no usava medicao de forma contnua para a dor. Estes
dados esto em concordncia com o estudo de Figueiredo (34) que relata que
os indivduos idosos com dor lombar utilizavam medicamentos somente no
momento da dor aguda. Contudo, Dellaroza (35) identificou uma grande
proporo de indivduos com dor lombar tratados com analgsicos ou anti-
inflamatrios.
Quando avaliamos a capacidade fsico-funcional dos indivduos com dor
lombar, verificou-se que a dor lombar no jovem no traz repercusses clnicas
significativas, exceto em casos de sobrepeso/obesidade de forma
concomitante.
Lira e Araujo (19) em seu estudo avaliaram o efeito agudo do incremento
35
no peso corporal sobre o desempenho em sentar e levantar do solo em adultos
jovens e ativos e perceberam que o sobrepeso influenciou negativamente na
execuo do teste e, desta forma, os autores concluem que indivduos ativos
com sobrepeso apresentam pior desempenho nas aes executadas (sentar e
levantar) o que vai de encontro com nosso estudo.
O presente estudo demonstrou que idosos com dor lombar crnica
apresentaram um pior desempenho funcional quando comparados aos idosos
sem dor lombar. Pode-se considerar que o processo do envelhecimento
associado postura inadequada e a sobrecarga excessiva na coluna vertebral
so fatores importantes para desencadear graves leses nos discos vertebrais,
alteraes mecnicas ou degenerativas (36). A presena de dor tem sido
descrita por alguns autores como sendo um fator limitante nos indivduos
idosos durante a realizao de atividades dirias (37). Quando se trata de
avaliao da capacidade funcional, destacamos a utilizao de alguns testes
funcionais, tais como o teste sentar e levantar do solo (TSL sentar e TSL
levantar) (18, 19), teste da caminhada dos seis minutos (TC6min) (21, 24) , Five
Times Sit-to-Stand (FTSTS)(25) e o Timed up and Go ( 20).
Em relao ao desempenho dos indivduos no teste sentar e levantar do
solo (TSL sentar e TSL levantar) e teste da caminhada dos seis minutos
(TC6min), os indivduos idosos de ambos os grupos tiveram um desempenho
muito pior em relao os jovens, estes dados esto em concordncia com um
estudo desenvolvido por Lee (38), que afirmam que indivduos com dor lombar
crnica tendem a andar mais lento no teste TC6min. Mascarenhas (39) avaliou a
percepo e a intensidade da dor e a capacidade funcional em indivduos
jovens e idosos com lombalgia crnica e percebeu que a queixa lgica na
regio lombar no foi vista como limitante em relao s atividades dirias,
36
principalmente nos indivduos jovens, fato este exposto por Bento (40), que
explica que a dor lombar crnica raramente incapacita totalmente um indivduo
para exercer atividades do dia a dia, entretanto pode afetar parcialmente e
temporariamente e, algumas vezes ser de forma recorrente, pelo fato do
indivduo estar economicamente ativo.
Camara (41) diz que a habilidade em levantar-se de uma cadeira ou
cama, ainda assim sendo considerada uma tarefa simples, acaba sendo
considerada uma ao complexa a qual pode estar relacionada a desordens de
origem musculoesquelticas e neuromotoras, as quais exigem muito de um
indivduo idoso.
Para Silva (42) tal fato se d pela exposio do corpo quando h uma
carga extra cuja estrutura osteo-msculo-articular obrigada a sustentar, desta
forma podendo acarretar alteraes no equilbrio biomecnico do corpo. Para
Shiri (43), a relao entre o peso corporal e a dor lombar, o autor percebeu que
o sobrepeso e a obesidade so fatores de risco potencialmente modificveis
para prevenir esta disfuno.
Os achados deste estudo colaboram fornecendo evidncias sobre a
melhor estratgia para realizao da avaliao funcional de idosos com dor
lombar crnica, a fim de reproduzir os testes funcionais na prtica clinica diria,
sendo o TSL o mais discriminativo para esta populao.
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7.
43
4. CONCLUSO GERAL
Os resultados do presente estudo mostraram que idosos com dor lombar
crnica apresentaram um pior desempenho funcional quando comparado aos
controles.
Considerando que a diminuio da capacidade funcional multifatorial,
sugere-se a utilizao de diferentes instrumentos de avaliao que possam ser
de fcil aplicabilidade, baixo custo e boa reprodutibilidade. Contudo, neste
estudo, pode-se observar que o teste do sentar e levantar do solo (TSL)
representou melhor poder discriminativo em relao avaliao funcional de
indivduos idosos e jovens.
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