clifford geertz - do ponto de vista dos nativos a natureza do entendimento antropológico

Embed Size (px)

Citation preview

1 1 /, ironias sobre a Prnleira Grande Guerra, ouculturasasiaticasmaisricas,comoasda ChlOaeda .Indla, mas mesmo assim um papel real , que ainda flaO .e e foi e sua moda, bastante poderoso. E tambem mSlstlc qu ,'"dl que,por isso,0etnografodeBali,como0e Austenentreoutrascois as,lemcomoobjetvolflvesugar aquilo 0professor Trilling, naquele seu sinuoso einterrompido ensaio, charnou de um dos ffilstenS tantes da vida cultural humana:como que ascriaoes de outras povas padern sec tao proximas a seus criadores, c,ao mesmo tempo,etao profundamente, UIna parte de nos. 84 Capitulo3 "Do.ponto de vista dos nativos"; a natureza do entendimento antropol6gico 1 Haalgunsanas,umpequenoescndaloiccompeuna antropologia: urna de Suas figuras ancestrais falou a verdade em publico.Como cabe aUmancestral,de 0fezposruma-mente,por decisaodesuaviuvaenaodeleproprio.Este deslizefoi0bastanteparaquealgunsconselVadoresem nossomcio elevassenlavoz cclamassem que a viuva,tam-bmantroploga,haviatraido 0cla,divulgado seus segre-dos,profanadoUmidoloedecepcionadoseuscom-panheiros.Umcasatipico de "0que que ascrianas vao pensac?" e isto sem indagar-se aque os leigos iram pensac... o damoe nao diminuiu COrn todo este cerimonial de esfrega delllaospois,infeIizmente,0tex[omalditoja tinhasido publicado.0querealmenteaconteceufoique,maisOu menoscoma JamesWatson,que,emTheDoubleHelix, confessou coma a biofisica funcionava na pctica;-'Bronislaw Malinowski,cm A Diary in the Strict Sense of the Term,fez cort! que os relatos oficiais sobre os mtodos de trabalhc dos antroplogos parecessem bastante inverossimeis. 0mito do pesquisador de campo semicamaleiio, que se adapta perfei-,tamenteaoambienteexoticoque0rodeia,ummilagre iambulanteemempatia,tato,pacinciaecosmopolitismo, :foi, de um golpe, demolido por aquele que tinha sido, talvez, Umdos maiores responsveis pela Sua cciao. o debateque seoriginoucomado diirio conceotcou-se,naturalmente,nosdetalhesnao essenciais, e, Como era de se esperar, ignorou a questao mais importan-te que 0livro continha. ' Grande parte do choque parece ter 85 Il ., 1! j 1 ! i ! 1 i sida conseqncia da ruera descoberta que Malinowskinao i era,paraexpressalodeumaformaddicadalumsujeito muito simpatico.Dizia coisas bastantedesagradaveissobre osnativoscornquernvivia,eusavapalavrasigualmente desagradaveisparaexpressarestescomentarios.Passava grande parte do seu tempo de sejando estar em outro lugar. Eprojetavaumainlagemdetotalintolerncia,talvezUOla dasmaioresintolernciasdo mundo,(ProjetavatanlbIna imagelndeumhomemqueseconsagraraaumavocao estran haapontodeseautosacrificarporda,Illasisso notavasemenas.)Corntudoisso,baixou-se0nvcldo debate, concentrando-o no carater - ou na falta de carater-de Malinowski,eignorando a questao profunda es.'WMil}a: 0livro havia levantado, isto ;,se no ., graas a algum tipa de sensibilidade extraordinarialaurna capacidade quase sobrenatural de pensar, sentir eperceber 111undocomoumnativo(urnapalavra,que,devologo ' dizer,useiaqui"nosentidoestritodatenno")coma i:" possivel que antropologoscheguernaconhecer amaneira ',1 UOl nativo pensa, sente e percebe 0nlundo? A questo que 0diario introduz, corn urna seriedade que talvez 50 um / etnografodaativapossaapreciartotalmente,naouma 1questaotica.(Aidealizaaomoraldepesquisadoresde campo , cm si fileSl11a,puro sentimentalismo, quando nao urna fonna de autoparabenizar-se ou uma pretenso exage 1rada.) A questao epistemol6gica. Se que vamos insistir-/e, na r:ninhadevemos insistir - que necessario que antrop610gos vejam 0mundo do ponto de vista dos nativos, ondeficaremosquandonaopudermosmaisarrogar-nos algumaforma.unicamentenossadeproximidadepsicol6-igica,ou algum tipo de identificaao transcultural corn nos-/ sossujeitos?0queacontececorn0verstehenquando einfhlen desaparece?, ' Alias,este problema geral vern sendo terna de inumeros debates na antropologia nos ultimos dez ou quinze anos; a voz de Malinowski,do tumulo, simplesmente dramatizou a questo,tornando-a umdilemahumanoquepas souaser 86 .' maisimportante que0fi'1 {. _pro ISSJona.Durante estesanosas doproblemaforamvariadas:descrioesq' ue saDVIS tas"de dentro" ._versus asque sao vistas"de fora" descnoes "na primeira pessoa"'ou "'"versus aquelas "na terceira pessoa; teanasfenomeno16gicas" ver"'us"b"'." " ""J.0Jctivistasou cognttlvasversus "comporlamentais'"etal ..' '"vez filaiSComu-mente,ana Ises"micas"versus analises"ticas"estasulf-masresuItandodeUd"- ...,'1 ._maIStlnaoltngUlsticaentreas cIasStficaoesfonmicasoufon ' t'd elcasosSOnsdeacordo COOlsuas funoes internas na linguagemsend'c-.l',0que a ,one-tlcacaSSlfica de acordo C0l11suas propriedades acusticas ditas. A forma mais simples edireta de colocar aquestaoc,talvez,v-lanosterrnosdeumad'._ fonnuld1Istmao aape apsicanalistaHeinzKohutpara seu'.' usaentre 0qu'1hpropno ,eeecamou de conceitos da "expe... 1- '."d". .nenCla-IlJfOXUnaeaexpenencla-distante". Umconceitode"eXRS!rincia_nrxima"'. 1_.- --. -_..t-" _ ._e,maisoume-nas, aque,e que algum -unl paciente, Um sujeito, em nosso casaumIIlformante- usarianaturaltnenteesenlesforo a.quiloqueseussemelhantesvem,sentem, pensam,Ifllaglnametc.equede proprio entenderia facil-mente,seOutros0Utilizassemda. - ". ,rnesmarnanelra.Um conceuo deexpenenCla-distante""1.. dl'e aque e que especlahstas equa quer" tlpo - unl analista,Um pesquisador,Umetn-grafo,ouateumpadreouumideologista _utilizampara seus obJetlvos c: entificos, filosoficos ou praticos 1\mor.eum conceito de experincia-proxima- "catexia um ohJeto" de experincia-distante_ social" e talvezparaamaioriadospovosdomundo"rel- __"' cert"',Iglao(e amenteSlstema religioso")so de e". d' """ _xpenencla_Istante' casta. enIrvana" so de experincia-pr6xima, pelopara hmdus ebudistas. Obviamente,trata-sedeumaquesta-od-.- egraunaode Oposlaoextrema-"medo""."' "