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CLIPPING DE NOTÍCIAS 12.08.2008 (Compilado para uso Exclusivo dos integrantes do Escritório) ÍNDICE DE ASSUNTO - Concorrentes - Administrativo - Advogados - Agronegócios - Ambiental - Aviação - Bancário - China - Civil - Comércio Exterior - Concorrência - Constitucional - Consumidor - Diversos - Energia, Petróleo e Gás - Imobiliário - Judiciário - Marítimo - Mineração - Penal - Processual - Propriedade Intelectual - Seguro - Societário - Telecomunicação - Trabalhista e Previdenciário - Tributário CONCORRENTES. Cofins - Base de cálculo leva empresas e governo a confronto direto: Recurso de empresa e ação do governo discutem constitucionalidade da inclusão do ICMS na base de cálculo da Cofins, desde 2006. Barbosa Mussnich. (DCI) Página 1 de 238

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CLIPPING DE NOTÍCIAS12.08.2008

(Compilado para uso Exclusivo dos integrantes do Escritório)

ÍNDICE DE ASSUNTO

- Concorrentes - Administrativo

- Advogados - Agronegócios

- Ambiental - Aviação

- Bancário - China

- Civil - Comércio Exterior

- Concorrência - Constitucional

- Consumidor - Diversos

- Energia, Petróleo e Gás - Imobiliário

- Judiciário - Marítimo

- Mineração - Penal

- Processual - Propriedade Intelectual

- Seguro - Societário

- Telecomunicação - Trabalhista e Previdenciário

- Tributário

CONCORRENTES.

Cofins - Base de cálculo leva empresas e governo a confronto direto: Recurso de empresa e ação do governo discutem constitucionalidade da inclusão do ICMS na base de cálculo da Cofins, desde 2006. Barbosa Mussnich. (DCI)

Palavra Chave: A Recente evolução e as novas tendências das fusões e aquisições no Brasil. Campos Mello. (JC)

Tendência: novas condições fazem parte da contratação de executivos. (Migalhas)

Novo sócio - Atento ao crescimento da importância da Propriedade Intelectual para seus clientes, o escritório Siqueira Castro Advogados admitiu Rodrigo Affonso de Ouro Preto Santos, especialista no

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tema, como sócio-coordenador da área de Propriedade Industrial e Intelectual do escritório nas sedes de São Paulo e Rio de Janeiro.Nota na íntegra. (Migalhas – 11.08.2008) http://www.migalhas.com.br/mig_hoje.aspx

Créditos de carbono - Nesta terça-feira (12/8) os advogados Fernando Tabet e Ricardo Landi, do escritório Mattos Filho, Veiga Filho, Marrey Jr. e Quiroga Advogados realizam palestra, das 15h10 às 16h20, na 6ª edição da conferência sobre crédito de carbono da IBC (International Business Communications). Tabet aborda contratos de compra de créditos de carbono e Landi a tributação dos créditos de carbono.Nota na íntegra. (Última Instância – 12.08.2008) http://ultimainstancia.uol.com.br/notas/

Serviços Jurídicos - Bancas focam mercado da corrupção: Cresce nas empresas preocupação com suborno de funcionários públicos. Barbosa Mussnich, Demarest & Almeida, TozziniFreire. (Valor)

ADMINISTRATIVO.

Senado - Papel reciclado poderá ter preferência em licitações - A Comissão de Meio Ambiente do Senado reúne-se hoje para examinar projeto que altera a Lei de Licitações estabelecendo que nas compras governamentais se dê preferência a papel reciclado. De autoria do senador Paulo Paim (PT-RS), o PL tem voto favorável do relator, Flávio Arns (PT-PR) e contempla materiais de expediente, não se aplicando a livros, periódicos e similares. Nota na íntegra. (DCI - 12.08.2008 p. A-6 Política)

Competição em concessão e parceria: Sempre existirá a alternativa de partilhar estudos. Isso, contudo, impõe alguns desafios ao sigilo. (DCI)

Transportes - Trem expresso desperta atenção de empresas: Representantes de concessionárias como CCR e OHL conheceram o projeto, enquanto profissionais do setor discutiram sua viabilidade. (DCI)

Infra-estrutura - Setor privado teme demanda fraca por trem para Cumbica: Projeção de pasageiros apresentada pelo governo de SP não convence em audiência pública. (Valor)

Definidos mais 1.608 km de rodovias para licitação. (Valor)

ADVOGADOS.

Procuradoria do Estado: Reflexos e Dilemas. (Carta Forense)

Falta de emancipação: Falta de autonomia enfraquece a Advocacia Pública. (Conjur)

Prerrogativas da advocacia: O que muda com a lei que restringe busca em escritórios. (Conjur)

Don’t meddle with monolines: Monoline insures do not need any more regulation, argue in-house and private practice lawyer. (IFLR)

Dia do Advogado - Britto destaca o direito de defesa. (JC)

Incompreensão do papel da advocacia marca comemorações do Dia do Advogado. (UI)

Serviços Jurídicos - Bancas focam mercado da corrupção: Cresce nas empresas preocupação com suborno de funcionários públicos. (Valor)

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Os efeitos da internet na evolução do direito. (Valor)

AGRONEGÓCIOS.

Grãos - Aquecimento global fará produção de café migrar para Região Sul. (DCI)

Sustentabilidade - Restrição ambiental gera novas polêmicas. (DCI)

Escoamento - Produtor poderá exportar soja pelo porto de Itaguaí em 2009: com envio pelo centro-Norte do país, sojicultor pode ganhar até R$ 2 por saca (GM)

Produção - Agricultura está engessada, diz ministro. (Valor)

AMBIENTAL.

Eike, criminoso ambiental. (Carta Capital)

Direito Urbanístico: Desafios do Direito Urbanístico no Brasil. (Carta Forense)

Sustentabilidade - Restrição ambiental gera novas polêmicas. (DCI)

Biodiversidade - Saem regras mais flexíveis para pesquisa em reservas. (Estado)

Energia - Sai a licença para Santo Antônio: Documento contém 40 exigências ao consórcio Madeira Energia, liderado por Furnas e Odebrecht. (Estado)

Governo libera início de obra da 1ª usina do rio Madeira: Construção da hidrelétrica de Santo Antônio deve começar neste mês, prevê Ibama. (Folha)

Angra 3: comissão ignora exigência do Ibama: Para dar a licença de construção da usina, Cnen não prevê depósito definitivo para lixo atômico. Minc critica decisão. (Globo)

Créditos de carbono - Nesta terça-feira (12/8) os advogados Fernando Tabet e Ricardo Landi, do escritório Mattos Filho, Veiga Filho, Marrey Jr. e Quiroga Advogados realizam palestra, das 15h10 às 16h20, na 6ª edição da conferência sobre crédito de carbono da IBC (International Business Communications). Tabet aborda contratos de compra de créditos de carbono e Landi a tributação dos créditos de carbono.Nota na íntegra. (Última Instância – 12.08.2008) http://ultimainstancia.uol.com.br/notas/

Meio Ambiente - Dejeto animal poderia gerar até 2,4% da energia nos EUA: No Brasil, potencial estimado é de 300 a 500 MW/ano. (Valor)

Energia - Chantagem atômica: A retomada das obras de Angra 3 esbarra em exigências exageradas do Ibama e na inércia de estatais e ministérios. (Veja)

AVIAÇÃO.

Aviação - Viracopos é alternativa federal para aeroporto próximo a São Paulo. (DCI)

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Aviação - CEF muda critério de preços para obras em aeroportos: Alteração foi definida para tentar acabar com a queda-de-braço entre TCU e Infraero; auditoria aponta superfaturamento de R$ 3 bilhões. (Estado)

Depoimento - Audiência pública debate venda da Varig. (GM)

Varig-VarigLog - Piloto vai ao Senado acusar fundo americano: Matlin Patterson teria apoio no Executivo e Judiciário. (JB)

Aviação - Capital privado para tirar terminal do vermelho. (JB)

Aeroporto – Cabral defende a privatização do Galeão: De acordo com o governador, o presidente Lula se mostrou sensível à proposta debatida por ambos na viagem a Pequim. (JC)

Cabral insiste na privatização de aeroporto. (Monitor)

Mercado de Aviação - Socorro à Alitalia pode vir de fora: Berlusconi: aliança será internacional e não a venda proposta pelo governo anterior. (Monitor)

Aviação - American Airlines terá vôos para o Nordeste e BH: Revisão do acordo entre Brasil e EUA, permite expansão. (Valor)

BANCÁRIO.

Brazilian Securities vende CRI pulverizado ao FGTS. (Valor)

Crédito negado - A juíza Luziene Medeiros do Nascimento Barbosa Lima, da 5ª Vara Cível de Belo Horizonte, negou tutela pretendida por um advogado que requereu cheque especial e cartão de crédito a um banco e não teve seus pedidos atendidos. Para a magistrada, as instituições financeiras não estão obrigadas a entregar valores a quem lhes pede. O advogado que propôs a ação alegou que é correntista do banco desde 1981 e que seus pedidos foram negados, sem justificativa, causando-lhe vexame e humilhação. Além da concessão da tutela para o fornecimento do cheque especial e do cartão de crédito, ele requereu indenização por danos morais. Nota na Íntegra (Valor Econômico 12.08.2008 p. E1 Legislação & Tributos)

CHINA.

Produção industrial chinesa deve ultrapassar a dos EUA já em 2009. (Valor)

Pequim 2008 - Gasto publicitário na China vai continuar alto após a Olimpíada. (Valor)

CIVIL.

Direito Civil: Revisão Judicial dos Contratos. (Carta Forense)

COMÉRCIO EXTERIOR.

Relações Bilaterais - Para ministro, empresários devem investir mais na África: Fiesp defende que África deveria aproveitar o clima para produzir etanol, para consolidar o produto como uma commodity de interesse mundial. (DCI)

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Lamy tenta convencer Índia a rever posição e retomar Doha - O diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), Pascal Lamy, vai hoje à Índia para tentar convencer o governo a rever suas posições na Rodada de Doha e permitir a retomada do processo. Ontem, em Genebra, o mediador das negociações agrícolas da Rodada de Doha, Crawford Falconer, sugeriu em um documento enviado a todas os governos que o processo não seja abandonado e que os diplomatas "tirem a poeira de cima e voltem a trabalhar" o mais rápido possível. "Não se pode mais esperar por uma intervenção divina do Olimpo", disse ao tentar encorajar a retomada das negociações.Nota na Íntegra (DCI 12.08.2008 p. A10 Internacional)

Nova estratégia comercial externa: A obrigação de o Mercosul negociar como única voz deve ser reexaminada. (Estado)

Conjuntura - Commodities devem reduzir saldo, diz OMC: Mais da metade da alta registrada nas exportações brasileiras ocorreu graças aos preços. (Estado)

Comércio Bilateral - Chile quer aproveitar atividade aquecida e vender mais ao Brasil: Semana do Chile em SP acontece entre os dias 20 e 30 de agosto na Fiesp. (GM)

Obstáculos no Mercosul: O fracasso da Rodada Doha e o adiamento para os próximos dois ou três anos da liberalização do comércio agrícola e industrial, da redução dos subsídios e da maior transparência nas regras que regulam o intercâmbio global não significa nenhum desastre para o Brasil. (Globo)

Empresas brasileiras seguem governo e ampliam os investimentos na Áfica. (Valor)

A bolha da Rodada Doha: Para o empresário e negociador externo, o agronegócio teria muito mais a ganhar se cuidasse das mazelas internas e parasse de se iludir com soluções externas mágicas. (Veja)

CONCORRÊNCIA.

Concorrênciaa - Combate a cartel vira modelo para o Chile. (DCI)

Cade deve seguir sem presidente até o fim do mês: Governo define estratégia para resistência no Senado. (Folha)

Concorência - Brasil é reconhecido por enfrentar cartéis: País é o mais avançado na América do Sul e se equipara a países como Espanha e Portugal. (GM)

CONSTITUCIONAL.

Direito Constitucional: Súmula Vinculante nº 10. (Carta Forense)

CONSUMIDOR.

Royal Holiday é condenado a retirar cláusula abusiva de seu contrato. (TJ RJ)

DIVERSOS.

Plenário pode votar PEC que muda tramitação de MPs. (Câmara)

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ENERGIA, PETRÓLEO E GÁS.

O futuro do petróleo em discussão. (Brasil Energia)

De volta aos bons tempos: Pré-sal e monitoramento de reservatórios deverão puxar o mercado de sísmica, apesar das incertezas que rondam as novas rodadas da ANP. (Brasil Energia)

Por um mercado competitivo de gás. (Brasil Energia)

Momento delicado - Está por um fio a negociação entre a OGX e a Queiroz Galvão para o afretamento da sonda Alaskan Star. As duas empresas assinaram memorando de entendimentos no início de julho, mas o negócio parece estar fazendo água. Comenta-se que a Petrobras estaria fazendo certa pressão sobre a prestadora de serviço para tentar melar a operação.Nota na íntegra - (Brasil Energia 333 – Ago./2008 p.21)http://www.brasilenergia.com.br/brasilenergia/?secao=mat_especial&id_materia=14340

Transparência zero em energia: Em janeiro, o risco de decretar um racionamento ultrapassou os 22%, nível altíssimo para os padrões aceitáveis, de 5%. (DCI)

Energia - Cesp insiste na renovação de usinas. (DCI)

Energia - Tribunal acompanhará discussão sobre Itaipu. (DCI)

BNDES aprova crédito para a Brasil Bioenergia - O BNDES aprovou financiamento no valor de R$ 128 milhões para a Brasil Bioenergia S.A. (BBE). Os recursos serão utilizados na implantação de uma unidade integrada para extração de óleo vegetal e produção de biodiesel em Nova Andradina, no Mato Grosso do Sul. O montante corresponde a 80% do investimento total, que será da ordem de R$ 160 milhões. Os recursos do BNDES são provenientes da linha de financiamento para projetos de infra-estrutura na área de energia renovável.Nota na Íntegra (DCI 12.08.2008 p. A4 Política Econômica)

"Precisamos nos livrar do petróleo”: Pesquisador americano diz que podemos resolver a crise energética sem abrir mão do conforto. (Época)

Energia e Combustíveis - Área de refino da Petrobrás perde R$ 615 milhões: Alta da cotação internacional do petróleo e falta de reajustes internos prejudicam desempenho. (Estado)

Petróleo - Em disputa, a riqueza do pré-sal: Congresso debate distribuição de recursos do petróleo, que devem aumentar após descobertas. (Estado)

Energia - Sai a licença para Santo Antônio: Documento contém 40 exigências ao consórcio Madeira Energia, liderado por Furnas e Odebrecht. (Estado)

Energia - Minc vê 4 pontos positivos em Jirau: Aumento da área a ser inundada será o efeito negativo da mudança de local para construção da usina. (Estado)

Aparelho submarino: Governo Lula se vale da desinformação a que submete a sociedade e trama criar estatal para gerir campos de petróleo. (Folha)

Messias, o profeta nuclear: Com Angra 3, a situação do lixo radioativo deve se agravar. Não há, em lugar nenhum do mundo, solução definitiva para tal problema. (Folha)

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Analistas e senadores atacam criação de uma nova estatal: Especialistas discordam de visão de que não há risco na exploração do pré-sal. (Folha)

Governo libera início de obra da 1ª usina do rio Madeira: Construção da hidrelétrica de Santo Antônio deve começar neste mês, prevê Ibama. (Folha)

Leilão de biomassa tem baixa adesão de usinas: Após receber oferta de 7.800 MW, pregão negociará apenas 1.100 MW. (Folha)

Gás boliviano - Morales volta a ameaçar empresas petrolíferas: O presidente da Bolívia, Evo Morales, ameaçou buscar novos operadores para os megacampos de gás natural em seu país se as empresas estrangeiras que os exploram não investirem nos locais. “Há empresas que possuem megacampos para explorações e que não investem; então o governo boliviano tem a obrigação de buscar outros recursos”, ressaltou em conferência com a imprensa o presidente, um dia após ter sido ratificado em seu cargo em um referendo popular. Os megacampos de gás natural bolivianos, que abastecem em sua maioria consumidores na Argentina e no Brasil, são explorados pela Petrobras, a espanhola Repsol-YPF, a francesa Total e a britânica BG .Nota na Íntegra (Gazeta Mercantil 12.08.2008 p. A3 Gazeta Global)

Angra 3: comissão ignora exigência do Ibama: Para dar a licença de construção da usina, Cnen não prevê depósito definitivo para lixo atômico. Minc critica decisão. (Globo)

Pré-sal: nova regra pode afetar resultado: Modelo para exploração teria impacto no valor de mercado da Petrobras. (Globo)

Battle for pipelines: EU must be stronger. (IFLR)

Uma nova estatal no ar : o petróleo é nosso. (Migalhas)

A briga pelos royaltties. (Migalhas)

Ecuador Govt. Reaches Contract Deal with Petrobras. (TB Petroleum – Newsletter)

Petrobras signs agreement with ExxonMobil for the acquisition in Chile. (TB Petroleum – Newsletter)

New oil accumulation discovered in the pre-salt layer in the Santos Basin. (TB Petroleum – Newsletter)

Energia - Odebrecht e Suez elevam tom das acusações: Multinacional acusa empreiteira de ter usado informações sigilosas em documento. (Valor)

Energia - Celesc investe em nova subestação em Florianópolis. (Valor)

Energia - Leilão de bagaço de cana negociará meia usina de Jirau: Governo esperava adesão maior, mas preço e prazo curto de entrega desmotivaram alguns usineiros. (Valor)

Distribuidoras querem tornar-se sócias de usinas. (Valor)

Meio Ambiente - Dejeto animal poderia gerar até 2,4% da energia nos EUA: No Brasil, potencial estimado é de 300 a 500 MW/ano. (Valor)

Energia - Chantagem atômica: A retomada das obras de Angra 3 esbarra em exigências exageradas do Ibama e na inércia de estatais e ministérios. (Veja)

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IMOBILIÁRIO.

Direito Imobiliário: Suspensão do Contrato de Trabalho. (Carta Forense)

JUDICIÁRIO.

Opinião - Preconceitos aristocráticos: Não existe Poder Judiciário sem haver Ministério Público ou advocacia. (JB)

Processo Ágil - Padronização da numeração das ações: CNJ espera que até o final do ano todos os tribunais do País tenham que aplicar novas regras, que visam a facilitar o processo eletrônico. (JC)

Feriado forense suspende expediente na Secretaria do STF na próxima segunda (11). (STF)

Manutenção da rede indisponibiliza acompanhamento processual neste sábado - O sistema de acompanhamento processual do sítio do Superior Tribunal de Justiça (STJ) estará indisponível neste sábado, dia 9, entre 17h e 20h. Segundo a Secretaria de Tecnologia da Informação, a indisponibilidade ocorre em virtude da realização de serviços de manutenção preventiva do serviço de banco de dados.Nota na íntegra. (STJ – 08.08.2008)http://www.stj.gov.br/portal_stj/publicacao/engine.wsp?tmp.area=398&tmp.texto=88653

TJDFT implanta novo sistema de acompanhamento processual. (TJDFT)

TJDFT suspende expediente na segunda-feira, dia 11. (TJDFT)

Com o feriado na segunda-feira, julgamentos do TST passam para a terça-feira. (TST)

Dados sobre juízes - O presidente eleito do Superior Tribunal de Justiça (STJ) e corregedor nacional de Justiça, ministro Cesar Asfor Rocha, anunciou que, nos próximos dias, o sistema "Justiça Aberta" começará a coletar informações sobre a produtividade dos desembargadores dos tribunais de Justiça. O Justiça Aberta é um sistema criado em setembro do ano passado pela Corregedoria Nacional de Justiça para levantar a realidade do Judiciário. Ao assumir o cargo de corregedor nacional, em junho de 2007, o ministro Cesar Rocha verificou que não havia dados confiáveis sobre o Poder Judiciário. Não se sabia o número exato de juízes, quantos processos julgados, em andamento e também não havia informações sobre o funcionamento dos cartórios. Nota na Íntegra (Valor Econômico 12.08.2008 p. E1 Legislação & Tributos)

Novo júri popular - Os tribunais do júri de Brasília, Ceilândia, Planaltina, Samambaia e Taguatinga são os primeiros, do Distrito Federal, a realizar julgamentos sob a égide da Lei nº 11.689, de 9 de junho de 2008, que altera os ritos do júri popular. Com a nova legislação, há uma mudança na ordem das pessoas ouvidas, assim como na formação do júri. A idade mínima para participar como jurado cai de 21 para 18 anos e serão sorteados 25 jurados, e não mais 21, mas o quórum permanece o mesmo, 15 sorteados e sete escolhidos. Pela nova lei, os processos dificilmente poderão ser desmembrados. O que significa que quando existirem dois ou mais réus em um processo, eles serão julgados juntos. Há também uma simplificação dos quesitos a serem apreciados pelos jurados. Os atenuantes e agravantes, por exemplo, não serão mais apreciados pelos jurados e sim pelo juiz. Já o julgamento não poderá ser adiado se o acusado solto tiver sido intimado e não comparecer à audiência. O julgamento poderá ser realizado sem a presença do réu. Nota na Íntegra (Valor Econômico 12.08.2008 p. E1 Legislação & Tributos)

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Mudança nos juizados - O Projeto de Lei nº 3.633, de 2008, de autoria do deputado Bernardo Ariston (PMDB-RJ), desobriga as partes de comparecerem a audiências nos juizados especiais, permitindo que elas sejam representadas por advogados. Segundo o parlamentar, quando há ação no juizado especial o autor escolhe o foro em que terá andamento. Assim, em alguns casos o réu tem de arcar com passagens superiores ao valor da causa. Se a proposta for aprovada, segundo ele, bastará à parte constituir advogado com poderes especiais para conciliar. O projeto será analisado em caráter conclusivo pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados. Nota na Íntegra (Valor Econômico 12.08.2008 p. E1 Legislação & Tributos)

MARÍTIMO.

Minuta de decreto que cria portos privados está pronta. (DCI)

Porto – Serra fará licitação de túnel em Santos. (GM)

Estaleiro de Pernambuco ganhará novas encomendas. (Monitor)

Portos - Brito indica secretário para dirigir CAP. (Valor)

MINERAÇÃO.

Siderurgia- Setor vive consolidação. (Brasil Mineral)

Cobre – Vale tem interesse na Caraíba Metais. (Brasil Mineral)

Vale fecha acordo nas Filipinas. (Brasil Mineral)

CBPM lança 16 editais de licitação. (Brasil Mineral)

ArcelorMittal compra mineradora no Brasil - A ArcelorMittal anunciou ontem a compra de 49% da Mineração Pirâmide Participações (MPP), de Corumbá (MS). A MPP produz cerca de 500 mil toneladas ao ano de minério de ferro. A ArcelorMittal fará investimentos para ampliar a extração de ferro e tem o projeto de explorar manganês na região. Também serão feitos investimentos em logística para escoar a produção local, que deve passar a atender - além das siderúrgicas brasileiras - a demanda da Argentina. A negociação começou há 60 dias, e o acordo ainda está sujeito a aprovação das autoridades brasileiras. Nota na Íntegra (Estado de São Paulo 12.08.2008 p. B15 Economia)

Pólo siderúrgico injetará US$ 7,5 bi no Pará: Só a Vale, segundo fontes, investirá cerca de US$5 bilhões em vários projetos na região. (Globo)

O que uma universidade tem a ganhar com a mineração ecologicamente correta. (Newsletter – Amanhã)

PENAL.

Justiça - TJ adota audiência única e reduz processo de 3 meses para 30 minutos: Juiz tem apoio de defesa e promotoria para simplificar julgamento de homicídio, mesmo com falta de testemunhas (Estado)

PROCESSUAL.

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Processo Civil: Cabe ação rescisória no âmbito dos Juizados Especiais Federais? (Carta Forense)

PROPRIEDADE INTELECTUAL.

Artigos com personagens da Disney dão salto. (DCI)

Rudge troca de logo e planeja loja em Brasília. (Globo)

Trade Dress: identidade visual sob proteção da propriedade intelectual. (UI)

SEGURO.

Seguro-saúde também deve ser saudável: A ANS limita os reajustes a índices abaixo dos custos médico s. (GM)

Seguros - Mudança climática traz negócios ao setor: Apólice para garantir que a meta de emissão de CO2 será cumprida é um novo nicho. (GM)

SOCIETÁRIO.

Cláusulas Arbitrais Patológicas nos Contratos de Comércio Internacional. (Carta Forense)

Fundos - Comissão autoriza a gestão compartilhada. (DCI)

Lupatech anuncia compra da Iqara por R$ 19,8 milhões - Luxxon, empresa detida pela Lupatech (50%) e Axxon Group (50%) , anunciou, ontem, a aquisição da Iqara, prestadora de serviços de compressão de gás natural e manutenção de compressores para uso veicular no Brasil, por R$ 19,8 milhões. De acordo com o diretor Financeiro e de Relações com Investidores da Lupatech, Thiago Alonso , a aquisição de 100% da Iqara aumentará o grau de sinergia da empresa, já que elas são complementares. "Além de vender compressores, a gente vai conseguir oferecer outra alternativa aos nossos clientes, por meio de contratos de locação", afirma Alonso. "Nós aumentaremos os serviços prestados" , diz.Nota na Íntegra (DCI 12.08.2008 p. A7 Indústria)

Depoimento - Audiência pública debate venda da Varig. (GM)

Demonstrações Contábeis - Processo de adesão ao IFRS está adiantado no grupo Bric: Brasil e Rússia fixaram para 2010 o prazo para as companhias adotarem padrão. (GM)

Capital Aberto - Rodízio de auditoria não cria valor (GM)

Don’t meddle with monolines: Monoline insures do not need any more regulation, argue in-house and private practice lawyer. (IFLR)

Varig-VarigLog - Piloto vai ao Senado acusar fundo americano: Matlin Patterson teria apoio no Executivo e Judiciário. (JB)

Palavra Chave: A Recente evolução e as novas tendências das fusões e aquisições no Brasil. (JC)

O que mudará no exercício da profissão de analista de mercado - Propostas só até o dia 25: CVM deixa da fazer o registro, tarefa que caberá às entidades da categoria. (Monitor)

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A afirmação do Novo Mercado: Os direitos dos minoritários e a maior transparência são benéficos ao mercado. (Valor)

Agenda lotada na contabilidade: Norma da CVM sobre ativos intangíveis voltará para consulta pública ainda em agosto, sem prever mudança para ágio. (Valor)

TELECOMUNICAÇÃO.

Telecomunicações - Telefônica testa TV em três dimensões: Serviço será oferecido a clientes que possuem conexão de fibras ópticas. (Estado)

Anatel prepara a venda de novas licenças de TV paga: Últimas licitações aconteceram há oito anos; agência credita demora ao TCU. (Folha)

Velocidade – Brasil Telecom: super banda larga. (JC)

Serviços - TV paga busca ampliar oferta de produtos: Para atrair público, operadoras investem em pacotes multimídia e avaliam projetos como tecnologia 3D. (Valor)

Brasil Telecom - A Brasil Telecom implementa até o fim deste ano uma rede de fibras ópticas para oferecer internet em velocidades até cinco vezes maiores que as viabilizadas hoje por sua rede de cobre, opção também conhecida como "super banda larga", informou a Reuters. A companhia segue iniciativa adotada pela Telefônica, que desde o fim do ano passado levou a fibra óptica - antes restrita ao mercado empresarial - para as residências em alguns bairros nobres da capital paulista. Nota na Íntegra (Valor Econômico 12.08.2008 p. B1-B9 Empresas)

TRABALHISTA E PREVIDENCIÁRIO.

Previdenciário: A Aposentadoria Especial. (Carta Forense)

Direito Social: Base de cálculo do adicional de insalubridade. (Carta Forense)

Súmula 27 do TRT: concessão parcial de intervalo gera direito a uma hora extra diária. (TRT MG)

TRT defere indenização por dano moral a gerente de banco seqüestrado (12/08/2008). (TRT MG)

Obrigação de reparar dano por acidente de trabalho só existe quando demonstrado nexo de causalidade. (TRT RS)

União também será afetada por rigor em Previdência. (Valor)

TRIBUTÁRIO.

Guerra fiscal: distorção local, prejuízo global. (Brasil Mineral)

Direito Tributário: Decadência e prescrição tributárias. (Carta Forense)

Regularidade fiscal: É inconstitucional discriminar empresas devedoras. (Conjur)

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Cofins - Base de cálculo leva empresas e governo a confronto direto: Recurso de empresa e ação do governo discutem constitucionalidade da inclusão do ICMS na base de cálculo da Cofins, desde 2006. (DCI)

Congresso - Audiência debate acordo de sigilo tributário com os EUA - Brasília - A Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ) da Câmara promove amanhã audiência pública para discutir o Projeto de Decreto Legislativo nº 413/07, que ratifica acordo entre Brasil e Estados Unidos sobre sigilo tributário. Com a entrada em vigor das normas previstas no acordo, as informações poderão ser utilizadas inclusive para investigações de natureza criminal. Os parlamentares querem esclarecer o alcance do acordo e avaliar as vantagens desse tipo de intercâmbio para o País. A Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ) da Câmara promove amanhã audiência pública para discutir o Projeto que ratifica acordo entre Brasil e Estados Unidos sobre sigilo tributário.Nota na íntegra. (DCI - 12.08.2008 p. A-6 Política)

Cofins de inadimplência é tema de 'repercussão’. (Valor)

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ÍNTEGRA DAS NOTÍCIAS

ADMINISTRATIVO

Competição em concessão e parceria: Sempre existirá a alternativa de partilhar estudos. Isso, contudo, impõe alguns desafios ao sigilo

(DCI 12.08.2008 p. A2 Opinião)

Recentemente lemos na imprensa declaração de administrador público manifestando satisfação por processo licitatório, relativo a concessão, ao qual haviam acorrido cerca de sessenta interessados.

Refletindo sobre o assunto e à luz da experiência internacional, tal satisfação pode ser ilusória. Processos de concessão e parceria público-privada (PPP) são, em geral, processos que envolvem complexos e multidisciplinares estudos. Sob risco de obviedade, lembramos que são necessários estudos de demanda, anteprojetos ou projetos executivos de engenharia, avaliação econômica, viabilidade financeira, mitigação de riscos, seguros etc.

Tais estudos não se fazem sem custos.

Custos que podem variar, mas -via de regra- são de centenas de milhares ou milhões de reais, conforme a dimensão do empreendimento pretendido.

A realidade é que o apetite para gastos prévios de cada competidor depende da percepção que tem da possibilidade de ganhar o futuro contrato.

Lembremos que em processos de concessão os potenciais parceiros não são ressarcidos de seus gastos.

Mesmo no caso das PPPs, legalmente, apenas as contribuições validadas pela poder concedente podem ser ressarcidas. Mesmo assim, muitos processos não prevêem dispositivo de ressarcimento.

Se determinado competidor conclui que suas chances de ganhar são pequenas, provavelmente abandonará a oportunidade, em função dos gastos previsíveis, ou produzirá proposta com menos apuro.

Nos dois casos, perde-se competidor ou proposta séria.

Ainda mais: depois de gastar num processo sem sucesso, em quantos outros processos mais um empreendedor privado estará disposto a colocar recursos?

A resposta pode variar.

Se este empreendedor já conta com caso anterior de sucesso, possivelmente continuará interessado em futuras oportunidades.

Se só conta com seu insucesso, então será muito seletivo antes de engajar-se em novo caso. Não é preciso teorizar.

Coloque-se o leitor no papel empresarial: neste setor, é incomum que uma equipe tenha uma terceira chance.

O que acontece se o contratado é uma empresa que estudou precariamente o projeto? Provavelmente problemas para a empresa, mas também para a meta pública pretendida. O poder concedente vê-se refém do dilema: recomeçar o processo com perda de recursos, tempo e principalmente dos benefícios públicos, ou aceitar as pretensões extemporâneas do contratado que falhou ?

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Ainda sobre a complexidade das propostas, fica a pergunta: é bom para o País que empresas gastem milhões de reais em propostas que não se realizam ?

Do ponto de vista do emprego imediato dos projetistas, talvez.

Do ponto de vista da maximização do benefício social do trabalho, não.

Melhor seria alocar horas em atividades que gerassem realizações.

Sempre existirá a alternativa de que empresas partilhem estudos. Esta alternativa, contudo, impõe desafios ao sigilo entre competidores.

Não estamos aqui defendendo a baixa competitividade em concessões e parceria público-privada.

Competidores sérios igualmente se afastarão, caso percebam que existe direcionamento do edital, especialmente nos casos em que o poder concedente é também cliente das empresas do mercado envolvido.

É claro que competidores que se sintam prejudicados podem recorrer administrativa e judicialmente.

Nem sempre, porém, estarão dispostos ao atrito com grande cliente atual ou futuro, ou dispostos aos gastos e tempos envolvidos em ação judicial.

Não existe número determinístico. Cada caso é um caso. É preciso, contudo, analisar as particularidades de cada situação para concluir quanto à adequação ou não do número de participantes.

Telmo Giolito Porto é professor, doutor pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, onde leciona.

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Transportes - Trem expresso desperta atenção de empresas: Representantes de concessionárias como CCR e OHL conheceram o projeto, enquanto profissionais do setor discutiram sua

viabilidade(DCI 12.08.2008 p. B1 Empresas & Negócios)

SÃO PAUL - Um grupo de mais de 130 empresas, entre construtoras, indústrias do setor de trens e concessionárias de rodovias, entre outras corporações, como, por exemplo, os bancos, disputaram ontem um lugar no auditório do Instituto de Engenharia de São Paulo para acompanhar uma audiência pública em que puderam apresentar seus primeiros questionamentos em relação à proposta de licitação apresentada pela Secretaria de Transportes Metropolitanos de São Paulo, para o Trem Expresso Aeroporto, que vai ligar o centro da capital paulista ao Aeroporto Internacional de Guarulhos. O fato é que, entre as dúvidas levantadas pelos executivos presentes, ficou claro que há ressalvas em relação à demanda real do trecho a ser disputado e à intenção dos empresários em dividir os riscos do projeto que envolverá, no mínimo, aporte de R$ 1,7 bilhão, com o poder concedente, no caso, o Governo do Estado, que deseja viabilizar o início das obras para no máximo, o primeiro trimestre de 2009.

"Nós temos interesse no projeto, mas, para atrair os investimentos de fora, tem de ficar claro no projeto, qual a sua viabilidade", comentou ao DCI, Masao Suzuki, diretor vice-presidente no Brasil da área de Infra-estrutura da companhia japonesa Mitsui.

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Suzuki explicou que um exemplo de rompimento de entrave para essa obra seria uma flexibilização por parte do Governo de São Paulo, no sentido de dividir os riscos com o consórcio vencedor, já que no trecho há competitividade com outros modais, fazendo com que a real demanda fosse observada a princípio, nos primeiros meses de concessão. A Mitsui não é a única empresa japonesa atenta ao Expresso Aeroporto: a Mitsubishi, também participou do encontro. Ambas também já manifestaram interesse no trem-bala que vai ligar São Paulo e o Rio de Janeiro.

Novo negócio

Também apareceram na audiência, denotando estar de olho em novos negócios, os representantes de concessionárias como OHL Brasil e Companhia de Concessões Rodoviárias (CCR), além da Acciona.

Recentemente, o DCI revelou que a CCR levantou a possibilidade de ingressar no negócio, durante reunião com investidores. A companhia já conquistou o direito de explorar a Linha 4 do Metrô de São Paulo. Um dos principais executivos da CCR, Arthur Piotto Filho, afirmou: "Queremos parceiros financeiros para novos projetos". Talvez o trem expresso seja uma oportunidade.

Atentos, executivos de grandes construtoras compareceram em peso à audiência. A reportagem levantou a presença de profissionais de empresas como Schahin, Queiroz Galvão, Encalso e Tecsul Engenharia.

O secretário dos Transportes Metropolitanos, José Luiz Portella, está otimista com o projeto, ao acreditar que os prazos devem ser cumpridos. "Até 2014 teremos duas ligações sobre trilhos ligando a capital aos principais aeroportos, e o edital deste primeiro pode sair dentro de um mês", comentou, acrescentando que percebeu a participação de diversas empresas estrangeiras durante a audiência pública.

Mesmo com o otimismo do governo, os profissionais ressaltaram o prazo apertado da obra. Ao passo que questões como a viabilidade da tarifa -o teto estimado pela Secretaria é de R$ 32 reais- tem de bater com a demanda e levar em consideração a competição com os demais modais e os custos operacionais, atendendo aos índices solicitados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Social (BNDES), para liberação de verba a fim de as empresas privadas investirem no setor.

Questões desse tipo fizeram parte das dúvidas de especialistas de instituições financeiras como o Banco Real e o Banco Espírito Santo, presentes na audiência.

Profissionais da Alston e da Siemens, declaradamente de olho no projeto, marcaram presença no evento. O governo vai responder oficialmente aos questionamentos apresentados durante a audiência pública.

O modelo apresentado para a licitação foi o de concessão onerosa, sem o pagamento de outorga (espécie de entrada), em que o vencedor receberá a garantia de explorar por 35 anos a linha, mas terá de assumir a construção outra ligando Guarulhos à região Engenheiro Goulart, com custos estimados em de R$ 300 milhões, e, ao final da obra, entregá-la à CPTM. Para o Expresso o valor de investimento previsto é de R$ 1, 4 bilhão. A ligação do aeroporto à capital deve ter cerca de 28 quilômetros, a serem percorridos em 20 minutos.

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Infra-estrutura - Setor privado teme demanda fraca por trem para Cumbica: Projeção de pasageiros apresentada pelo governo de SP não convence em audiência pública

(Valor Econômico 12.08.2008 p. A6 Brasil)

Samantha Maia, e São Paulo

O governo paulista ainda não conseguiu convencer os empresários da viabilidade econômico-financeira da concessão do Expresso Aeroporto, trem que ligará a estação da Luz, no centro da capital paulista, ao aeroporto de Guarulhos em 20 minutos, um investimento de R$ 1,7 bilhão. A perspectiva de demanda de 19 mil pessoas por dia, em 2011, até 42 mil após a construção do terceiro terminal no aeroporto não foi aceita pelas 200 pessoas que compareceram à audiência pública sobre o empreendimento ontem na capital paulista.

O público, formado por representantes de cerca de 130 companhias, entre elas construtoras, bancos e fabricantes de equipamentos, apresentou 52 questões focadas principalmente no risco de demanda. As perguntas serão respondidas em até cinco dias pelo Estado. Entre os maiores receios dos executivos está o da vinculação da projeção de usuários do trem à expansão do aeroporto de Guarulhos, hoje parada pelo Tribunal de Contas da União (TCU).

Também há preocupação sobre a possibilidade de o Expresso Aeroporto sofrer a concorrência futura do trem-bala, projeto que prevê a ligação dos Estados de São Paulo e Rio de Janeiro. A intenção de fazer com que o transporte de alta velocidade passe pelo aeroporto de Guarulhos já foi manifestada pelo governo federal, mas a modelagem financeira está sendo definida pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), com promessa de ser apresentada em outubro.

Outro questionamento levantado foi sobre a opção do governo paulista de fixar a tarifa-teto com base no preço presente do Airport Bus Service, da Empresa Metropolitana de Transporte Urbano (EMTU), ônibus que faz o trajeto do centro de São Paulo até o aeroporto por R$ 28. O argumento dos empresários é de que a tarifa máxima tem que ser escolhida de acordo com o custo do serviço, algo que segundo estudos iniciais do governo é de R$ 32.

O Banco Real assegurou em sua observação - encaminhada durante a audiência - que R$ 28 não são suficientes para cobrir os custos do empreendimento. Segundo o banco, o financiamento do projeto pode ficar comprometido caso o governo não melhore o perfil de risco, e sugeriu que a modelagem mais adequada poderia ser de Parceria Público-Privada (PPP), já que não há uma demanda comprovada de usuários.

O governo, porém, não só não pretende entrar com parte do investimento, como vinculou a concessão a um investimento de R$ 300 milhões na construção de uma linha de trem comum até Guarulhos, que deverá ser operada pelo Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM). O secretário paulista de Transportes Metropolitanos, José Luiz Portella, diz que o projeto é interessante para a iniciativa privada. "Estamos com o auditório lotado, entre os participantes existem empresas estrangeiras, acredito que há grande interesse no projeto." O edital deve sair em até 40 dias.

"Em 2014, teremos todos os aeroportos interligados por trilhos", diz Portella. Segundo o secretário, hoje está sendo licitada a modelagem de um projeto para a ligação da estação São Judas do Metrô ao aeroporto de Congonhas, um trajeto em elevado de pouco mais de 1 quilômetro, que demandará investimento de R$ 170 milhões. A intenção é ter um modelo definido até o fim de 2010. Para acesso ao aeroporto de Viracopos, em Campinas, Portella diz que é esperada a definição do governo federal em relação ao trem-bala. "Já pedimos que haja uma ligação com Viracopos", diz.

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Definidos mais 1.608 km de rodovias para licitação (Valor Econômico 12.08.2008 p. A6 Brasil)

Folhapress, de Brasília

O governo federal definiu mais três segmentos de rodovias federais que poderão ser objeto de concessão à iniciativa privada na próxima etapa do processo de privatização do setor. Entraram na lista de possíveis concessões os seguintes trechos: BR-101 no Espírito Santo, BR-101 na Bahia, e BR-470 em Santa Catarina. No total, são mais 1.608 quilômetros que poderão ser administrados por empresas privadas com cobrança de pedágio.

Os três novos trechos determinados pelo governo compõem a segunda fase da terceira etapa do processo de concessão. Na primeira fase, já há cinco trechos em estudo, que somam 2.066 quilômetros. Entre eles, três na BR-040, ligando Brasília a Belo Horizonte e Juiz de Fora, a BR-116 em Minas Gerais e a BR-381 de Belo Horizonte a Governador Valadares.

O Ministério dos Transportes autorizou a Estruturadora Brasileira de Projetos (EBP) a fazer estudos técnicos sobre os trechos. Caso eles se mostrem atrativos ao capital privado e haja decisão política do governo, poderão ser concedidos, por meio de licitação.

No Espírito Santo, poderá ser concedido todo o trecho da BR-101 que corta o Estado, com 458,4 quilômetros. Na Bahia, a privatização poderá ser feita no trecho de 790,7 quilômetros da BR-101 que vai da divisa com o Espírito Santo até o entroncamento com a BR-324, que faz a ligação com Salvador e com o interior do Estado. Em Santa Catarina, a concessão poderá ser feita no trecho de 358,9 quilômetros da BR-470, entre o município de Navegantes e a divisa com o Rio Grande do Sul.

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ADVOGADOS

Dia do Advogado - Britto destaca o direito de defesa(Jornal do Commercio 12.08.2008 p. B6 Direito & Justiça)

DA REDAÇÃO

"O direito de defesa está assegurado no Brasil", afirmou ontem o presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Cezar Britto, na sessão plenária da entidade, em comemoração ao Dia do Advogado. Na ocasião, Britto destacou aos conselheiros federais, presidentes de Secionais da entidade e advogados a importância da edição da Lei 11.767/08, sancionada na última semana. A lei condiciona busca e apreensão em escritório de advogado a mandado específico.

Em discurso, Britto enfatizou a luta da entidade, de diversos juristas, advogados e apoiadores da categoria no Congresso Nacional em prol da aprovação dessa lei. Segundo Britto, a luta foi no sentido de garantir intacto o direito de defesa no Brasil, direito que, disse, não pode ser bisbilhotado e nem vilipendiado por quem é encarregado da acusação. "Em um Estado Democrático de Direito pressupõe-se

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a igualdade, no mínimo, entre Estado e cidadão. Em um Estado Democrático de Direito, se dúvida existir entre o cidadão e o Estado deve prevalecer o cidadão".

Apesar de enaltecer a aprovação da nova lei e de afirmar que, a partir dela, o Brasil "passa a respirar", Cezar Britto destacou que a batalha não está terminada. Para ele, é mais fácil mudar a lei do que mudar a mente dos autoritários. "Nós mudamos, em 1988, para uma Constituição cidadã e imaginávamos que tudo estaria resolvido porque a Carta Maior assim disciplinava. Vinte anos depois, ainda estamos aqui a discutir o direito de defesa ali expressamente assegurado".

Britto acrescentou que não basta aos defensores do direito de defesa que se possa dispor de nova lei. "Essa lei tem que ser carregada no coração de todo advogado, sentida, vivida, debatida, porque é apenas uma etapa que agora começa", afirmou.

IMPORTÂNCIA. Todo cidadão tem direito de ser defendido por um advogado. Assegurada pela Constituição Federal, a prerrogativa mostra a importância da profissão para o exercício da cidadania. Elo entre a sociedade e Poder Judiciário, o advogado é essencial para o pleno funcionamento da Justiça, seja para defender de acusações ou lutar pela garantia de direitos.

Os advogados comemoraram ontem, também, os 20 anos da Constituição Federal de 1988, marco da retomada da democracia do País. O Conselho Nacional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) chega, em 2008, aos 78 anos.. Todo esse tempo foi marcado por forte atuação é um dos fatores que contribuem para a advocacia despertar o interesse de um número cada vez maior de jovens. Atualmente, segundo a OAB, já são, em todo o País, 610.457 advogados.

FELICITAÇÕES. O presidente da OAB-RJ, Wadih Damous, enviou carta aos advogados do Estado, felicitando-os pela passagem do Dia dos Advogados. Na carta, Damous destaca que "nossa profissão tem sido, por vezes, alvo de incompreensões por parte dos que confundem a defesa dos direitos de cidadania e das prerrogativas da advocacia com a busca da impunidade e de privilégios descabidos".

Acrescenta o presidente: "Nada mais falso. Combater essas concepções equivocadas é tarefa não só dos advogados e da OAB, mas também de cada cidadão que compreende a importância do Estado de Direito. À frente da Seccional do Estado do Rio de Janeiro, temos nos esforçado para demonstrar o papel absolutamente essencial dos advogados na construção de um regime democrático - o que é, aliás, registrado em nossa Constituição. Acredito que temos tido significativo êxito nessa tarefa".

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Serviços Jurídicos - Bancas focam mercado da corrupção: Cresce nas empresas preocupação com suborno de funcionários públicos

(Valor Econômico 12.08.2008 p. E1 Legislação & Tributos)

Cristine Prestes, De São Paulo

Na manhã da terça-feira passada, a advogada Isabel Franco, sócia do escritório Demarest & Almeida Advogados, recebeu um telefonema de um alto executivo de uma empresa brasileira de grande porte do Rio de Janeiro que atua no segmento de maquinário pesado. O objetivo era questioná-la sobre a licitude da intenção da companhia em financiar a ida de um congressista brasileiro à Olimpíada de Pequim. A

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dúvida do executivo causa estranheza no país do "jeitinho" - o relatório da organização não-governamental Transparência Internacional, que mede o índice de percepção da corrupção, colocou, em 2007, o Brasil ao lado de países como Gana, Romênia e Senegal. Mas a formulação de questões como essas a advogados se torna comum no Brasil - e o principal motivo é, curiosamente, uma legislação americana.

Escritórios de advocacia brasileiros que trabalham na área de direito empresarial estão sendo procurados para orientar clientes - empresas nacionais e multinacionais - preocupados em conhecer as normas anticorrupção que podem, em algum momento, vir a atingir seus negócios. É o caso da lei dos Estados Unidos chamada Foreign Corrupt Practice Act (FCPA), que estabelece sanções penais e cíveis a representantes de empresas que corromperem funcionários públicos estrangeiros, sejam eles das matrizes ou de suas subsidiárias (veja quadro ao lado). A legislação americana foi criada em 1977, após o escândalo de Watergate, e seguida por diplomas legais semelhantes em vários países do mundo. Em 1997, os países membros da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) assinaram a Convenção sobre o Combate à Corrupção de Funcionários Públicos Estrangeiros em Transações Comerciais Internacionais, da qual o Brasil também é signatário.

Apesar de não serem novas, essas leis começam, agora, a provocar a reação de empresas do mundo todo - inclusive do Brasil. E sobram motivos para isso. De acordo com um levantamento feito pelo escritório de advocacia americano Miller & Chevalier, o número de processos abertos contra empresas batem recordes nos Estados Unidos. Em 2006, a Securities and Exchange Commission (SEC) - a CVM americana - e o United States Department of Justice (DOJ) - Ministério Público - abriram um total de 15 investigações contra companhias com base na FCPA. No ano passado esse número saltou para 38 e apenas de janeiro a junho deste ano foram abertos 16 procedimentos. Em outros países não é diferente. A Alemanha, que há dez anos permitia que o pagamento de propinas fosse deduzido do imposto de renda, investiga hoje uma de suas maiores empresas - a Siemens -, acusada de corromper funcionários públicos em vários países, inclusive no Brasil e nos Estados Unidos. A empresa descobriu 1,3 bilhão de euros em transações suspeitas entre 2000 e 2006. O caso que envolve a francesa Alstom é outro exemplo: documentos encontrados na Suíça indicam que a companhia pode ter atuado de forma irregular em licitações na Ásia e na América Latina entre 1995 e 2003.

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No caso do Brasil, há um motivo a mais que traz à tona o tema corrupção entre os empresários: o país, desde 2006, vive um recorde de fusões e aquisições decorrentes, em boa parte, do aumento do interesse de empresas estrangeiras nos ativos brasileiros. E, na chamada "due dilligence", auditoria realizada pela parte compradora na empresa que está à venda onde são levantados seus passivos, muitas vezes são encontradas práticas ilícitas que podem comprometer a imagem das empresas e, conseqüentemente, o negócio em andamento.

A situação surgiu recentemente, durante o processo de compra de uma empresa nacional do setor de serviços por uma americana que atua no mesmo segmento. O negócio, agora em fase de conclusão, desenrolou-se durante o último ano e, em um determinado momento, surgiu a hipótese de que algumas condutas da brasileira pudessem submeter a americana, no futuro, às sanções previstas na FCPA. A suspeita era a de que funcionários da empresa pudessem ter pago propina a funcionários públicos municipais que fiscalizam obras no Brasil e surgiu durante o processo de due dilligence, a partir de denúncias de trabalhadores. A dúvida, segundo o advogado Antenor Madruga, sócio do escritório Barbosa, Müssnich e Aragão Advogados que comanda a área de recuperação de ativos da banca e que assessorou a empresa no caso, era se ela deveria reportar o caso às autoridades americanas. Após oito meses de investigação dentro da companhia brasileira, não foram encontrados indícios de prática de corrupção - mas ainda assim a americana decidiu por informar as autoridades dos EUA as medidas que estavam sendo tomadas para evitar a prática no futuro.

O mesmo aconteceu no início do ano passado, quando uma multinacional americana descobriu, durante o processo de compra de uma empresa brasileira, que esta havia sido citada no relatório do escândalo do "oil for food" (petróleo em troca de alimentos), programa da Organização das Nações Unidas (ONU) que funcionou de 1997 a 2003, pelo qual o Iraque vendia seu petróleo e a receita era destinada à compra de alimentos. Segundo investigações dos serviços de inteligência americanos, o país teria recebido mais de US$ 200 milhões em propinas de gente interessada em comprar petróleo. A citação do nome da empresa no relatório foi descoberta durante o processo de due dilligence - e apenas após a brasileira ter comprovado que havia sido envolvida no escândalo erroneamente e um parecer ter esclarecido que, ainda que ela estivesse envolvida, à época não estava sujeita às regras do FCPA, a compra foi concluída.

Nem sempre, no entanto, tudo corre bem e as empresas saem ilesas das due dilligences - que envolvem buscas em tribunais de contas, casas legislativas, comissões parlamentares de inquérito (CPIs), entrevistas com diretores e funcionários para levantar indícios de práticas ilícitas e da contratação de empresas de investigação para buscar sinais exteriores de riqueza tanto de executivos quanto do baixo escalão. A advogada Isabel Franco, especialista em legislação anticorrupção, conta que, no ano passado, assessorou uma multinacional do setor de informática que se preparava para comprar uma empresa de pequeno porte do mesmo ramo, de capital 100% nacional. Mas, quando tomou conhecimento da situação da empresa, desistiu do negócio. Nas entrevistas com os funcionários feitas durante a due dilligence, conta Isabel, ficou-se com a impressão de que "todo mundo 'dava jeitinho' em tudo".

Desistências como essa começam a surgir no país diante do aquecimento das fusões e aquisições e do potencial atrativo dos ativos brasileiros - ainda que, nesses casos, a empresa compradora não herde o passivo penal da adquirida, pois esta não estava sujeita às regras da FCPA. Isso ocorre, em parte, por uma questão cultural - algumas empresas estrangeiras já abandonaram definitivamente práticas ilícitas diante do FCPA com a adoção de rígidos códigos de ética e programas de compliance. E, em parte, porque muitas vezes a irradiante lucratividade das empresas alvo das aquisições esconde um esquema gigantesco de práticas ilegais - como o pagamento de propinas a funcionários de governos e fraudes em licitações. Sem isso, a margem de lucro se torna pouco atrativa.

Foi o que ocorreu há dois anos com uma multinacional americana que atua na área de maquinário de rodovias e de infra-estrutura e que negociava a compra de uma brasileira do mesmo ramo. Durante a due dilligence, descobriu-se que boa parte do faturamento da lucrativa empresa nacional vinha de licitações - e, curiosamente, ela vencia todas. De outro lado, foram identificadas saídas de caixa

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estranhíssimas. Comissões provavelmente pagas ilegalmente a funcionários públicos estavam disfarçadas de "taxas de consultoria", e das quais não havia contratos. "A empresa era a imagem do sucesso, mas chegamos à conclusão que, sem ilegalidades, a empresa não teria o mesmo lucro", conta Isabel Franco, que assessorou a multinacional na due dilligence. "O argumento de que a FCPA não se aplica aqui não importa, pois as empresas americanas, cada vez que interagem com outras, fazem uma investigação das empresas que estão sendo adquiridas ou com as quais fecham contratos de fornecimento", diz. Além disso, segundo Isabel, nos contratos de promessa de compra as empresas já incluem uma cláusula que estabelece que, caso se descubra, na due dilligence, práticas que infringem as regras da FCPA, a compradora pode rescindir o contrato.

O Demarest já possui mais de uma dúzia de clientes na área, a maioria em busca de consultoria e, no TozziniFreire, que também possui um departamento de compliance para orientar empresas a respeito das normas anticorrupção e na elaboração de códigos de ética, surgem dúvidas de todo tipo. "Já fui consultada sobre a possibilidade de a empresa dar uma geladeira de presente a um fiscal de tributos", diz a advogada Shin Kim, sócia do TozziniFreire na área de compliance. Segundo ela, a maioria das consultas que recebe é de clientes que querem saber o que fazer diante de situações que surgem. "Há uma crescente conscientização sobre isso", diz.

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Os efeitos da internet na evolução do direito (Valor Econômico 12.08.2008 p. E2 Legislação & Tributos)

José Roberto de Castro Neves

Em um passado recente, se um advogado, um juiz, um estudante de direito ou mesmo um jurista desejasse fazer uma pesquisa técnica, se dirigia aos livros, à doutrina. Abria uma obra e, de forma paciente e obstinada, procurava o tema de seu interesse. Buscava um índice ou enfrentava uma a uma as folhas do livro até encontrar a matéria perseguida. Era bem mais difícil se socorrer da jurisprudência. Embora houvesse repertórios de julgados - revistas que colhiam julgamentos ocorridos pelo país -, sua busca era uma tarefa árdua. O interessado era obrigado a ler pilhas de revistas, passando pelos assuntos mais díspares e torcer para esbarrar com um tema semelhante ao que procurava. Encontrar precisamente o que se buscava - um acórdão que servisse perfeitamente de paradigma ao caso pesquisado - era um bilhete premiado, raro e decorrente de muita sorte.

Isso mudou. E a culpa é da internet. Hoje, o juiz, o advogado, o estudante e possivelmente o jurista, ao se depararem com uma questão jurídica, se socorrem da internet. Basta acessar o site de um dos tribunais do país, digitar o tema desejado, para - Alas! - receber, num átimo de segundo, o resultado da pesquisa. A resposta vem imediatamente, em um piscar de olhos. O internauta obtém de pronto a manifestação de um tribunal acerca da questão submetida, bastando, apenas, digitar uma palavra-chave, como "exclusão dos sócios" ou "cláusula de inalienabilidade". "É possível excluir os sócios em tal situação...", afirmou o Superior Tribunal de Justiça (STJ). "Não se admite a venda de imóvel gravado com a cláusula de inalienabilidade...", decidiu o tribunal do Paraná etc., etc.

O livro de doutrina, que servia como a fonte primária de pesquisa jurídica, foi colocado em segundo plano. De outro lado - porém analisando o mesmo fenômeno -, as decisões judiciais, cuja publicidade nos nossos dias é muito maior, ganharam novos status: funcionam hoje como a grande orientadora da interpretação do direito.

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Enquanto num passado não tão distante, a opinião de Caio Mario e Orlando Gomes era conhecida pelos "homens do direito", na atualidade, os mesmos aplicadores da lei estão muito mais familiarizados com as orientações do STJ ou do Supremo Tribunal Federal (STF). Jamais houve um meio tão fácil e potente de transferir informação como a internet. Diferentemente do que ocorre com a doutrina, as decisões proferidas pelos diversos tribunais do país invadem os computadores pessoais, por meio de informativos, cuja simplicidade de consulta é imbatível, se comparada ao tempo que se destinará a encontrar a mesma questão em um livro. Até mesmo uma pessoa sem formação jurídica pode acessar a internet para colher esses dados, o que não ocorria tempos atrás. A sociedade vai acostumando-se - em um processo algo letárgico - com as comodidades do mundo virtual.

A primeira conseqüência desse fenômeno já se apontou: a jurisprudência é, nos dias atuais, a fonte primária de pesquisa. Isso se constata até mesmo das decisões judiciais, que, com muita freqüência, citam precedentes, de forma, por vezes, tautológica. O segundo fenômeno a se reconhecer consiste na perda de importância da doutrina, que já não desfruta do mesmo apreço de outrora. Afinal, é bem mais complicado - e até mais caro - encontrar a resposta na doutrina. A pesquisa nos livros requer mais tempo, dedicação e, principalmente, mais conhecimento da matéria.

Será essa mudança positiva? Quem deve estar na vanguarda do pensamento jurídico: a doutrina ou a jurisprudência? Ou, ainda: deve haver uma predominância da doutrina em relação à jurisprudência, ou vice-versa? Seria esse um embate irreconciliável da teoria contra a prática?

Há certas coisas na vida sobre as quais não adianta reclamar. Seria perda de tempo. Melhor aceitar. A facilidade da pesquisa de jurisprudência trouxe uma pequena revolução na análise das matérias jurídicas. Eis um fato. Cumpre aos magistrados se conscientizarem do fenômeno para, ao julgar, guardarem atenção à circunstância de que sua decisão será replicada em milhares (talvez milhões) de computadores, formando a convicção de aplicadores do direito e servindo de orientação a muitas outras manifestações judiciais.

Pode-se dizer, portanto, que, com a repercussão que lhe dá a internet, uma decisão judicial se projeta, para influenciar muitas outras. Aumenta, portanto, a responsabilidade social dos magistrados. Já se falou muito nos juízes legisladores, mas o prodígio do advento tecnológico tornou os magistrados "doutrinadores". Cabe a eles se aprimorar para os desafios, cada vez maiores, que a sociedade lhes impõe. Essa adequada preparação passa, necessariamente, pelo conhecimento da doutrina.

Embora a doutrina já não detenha o monopólio da orientação jurídica, será difícil imaginar o desenvolvimento do direito sem a contribuição dela. Portanto, a doutrina - as pessoas que analisam o fenômeno jurídico e publicam seus estudos - também tem uma nova missão: aprofundar-se, reinventar-se, destacar-se pela criatividade (quiçá, até mesmo, criar meios de se tornar mais acessível). Uma dessas alterações já se sente: os livros de doutrina, hoje, citam a jurisprudência constantemente, ora para confirmar suas posições, ora para criticar certa orientação. Com isso, aproxima-se a prática à teoria. Tudo culpa da internet.

José Roberto de Castro Neves é sócio do escritório Ferro, Castro Neves, Daltro & Gomide Advogados, professor de direito civil da Pontifícia Universidade Católica (PUC) do Rio de Janeiro, doutor em direito civil pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e mestre em direito pela Universidade de Cambridge, na Inglaterra

Este artigo reflete as opiniões do autor, e não do jornal Valor Econômico. O jornal não se responsabiliza e nem pode ser responsabilizado pelas informações acima ou por prejuízos de qualquer natureza em decorrência do uso dessas informações

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Falta de emancipação: Falta de autonomia enfraquece a Advocacia Pública(Conjur – 12.08.2008)

por Thiago Luís Sombra e Carlos Odon Lopes da RochaApós quase 20 anos de promulgação da Constituição Federal, a Advocacia Pública, composta por membros da Advocacia-Geral da União e das Procuradorias dos Estados, Distrito Federal e Municípios, primordial defensora do interesse e patrimônio públicos, ainda não detém as autonomias administrativa, financeira e funcional imprescindíveis ao pleno desempenho de suas atribuições.

Embora inserida no texto constitucional no capítulo concernente às Funções Essenciais à Justiça, ao lado da Defensoria Pública e Ministério Público, e, portanto, voltada ao pleno desenvolvimento da atividade jurisdicional, a Advocacia Pública permanece sob o jugo da imagem de vinculação e subordinação ao Presidente da República, aos Governadores e aos Prefeitos.

A rigor, tal situação não é condizente com o intuito do Constituinte, na medida em que a atuação da Advocacia Pública foi disciplinada em local diverso daquele destinado ao próprio Poder Executivo. Enquanto instituição de Estado, seu compromisso constitucional perpassa pelas diretrizes dos princípios da moralidade administrativa, legalidade e impessoalidade, o que revela a significativa incongruência da subsistência da concepção de Advocacia de Governantes, e não da Administração Pública.

Dentre as inúmeras e relevantes competências constitucionais conferidas aos advogados públicos, destacam-se a representação judicial e extrajudicial dos entes federados – em especial a arrecadação de tributos –, a proteção do patrimônio ambiental, cultural, social e artístico, bem como a observância da probidade administrativa.

Além de atuar como instrumento viabilizador de todas as políticas públicas (transportes, saneamento básico, segurança, saúde, educação etc), sob o ponto de vista jurídico, a Advocacia Pública ainda resguarda a legalidade e constitucionalidade dos atos administrativos por meio da consultoria jurídica.

Acima de quaisquer interesses governamentais momentâneos, a Advocacia-Geral da União e as Procuradorias dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, atuam como órgãos públicos essenciais à manutenção do próprio Estado Democrático de Direito e à consecução dos ideais de igualdade e justiça material.

Nesse sentido, o Senador Bernardo Cabral, ao ensejo da tramitação da Reforma do Judiciário, reconheceu em seu parecer que “o atrelamento da Advocacia Pública ao Executivo, quase que às raias da dependência e da subserviência, transforma os advogados do Estado em defensores do detentor do poder no Estado, e é sempre bom lembrar que o bem público é indisponível, assim como também deveria ser a sua defesa”.

A perspectiva de uma Advocacia de Estado, cuja essência ampara-se na proteção da res publica, deve preponderar sobre a idéia de uma fugaz e efêmera submissão aos anseios governamentais. A inexistência de autonomia tão-somente enfraquece a Advocacia Pública e, por conseguinte, afeta em demasia a tutela do patrimônio público da sociedade brasileira.

Ciente de tais particularidades, o deputado federal Flávio Dino (PC do B/MA) apresentou a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 82/07, que visa acrescentar à Constituição Federal, dentre outros, o artigo 132-A, o qual assegura as autonomias funcional, administrativa e financeira, assim como o poder de iniciativa de suas políticas remuneratórias e das propostas orçamentárias anuais. Em sua justificativa, o parlamentar afirma que a sistemática da Constituição da República prega o paralelismo de atributos entre as instituições públicas de Estado, sobretudo entre aquelas consideradas essenciais à realização do bem comum.

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No atual quadro de amadurecimento político e democrático, a aprovação da PEC 82/07 representará para a Advocacia Pública nacional mais do que sua emancipação; conferir-lhe-á meios de atuar com maior vigor em defesa do interesse público. E, mesmo diante da infundada resistência a uma Advocacia de Estado, é sempre oportuno lembrar que a “excelência de uma idéia é medida pela oposição que ela provoca” (Hegel).

http://www.conjur.com.br/static/text/68876,1

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Prerrogativas da advocacia: O que muda com a lei que restringe busca em escritórios(Conjur – 12.08.2008)

por Sérgio Niemeyer

Antes(redação primitiva)

Depois(nova redação)

Art. 7º São direitos do advogado: Art. 7º São direitos do advogado:II - ter respeitada, em nome da liberdade de defesa e do sigilo profissional, a inviolabilidade de seu escritório ou local de trabalho, de seus arquivos e dados, de sua correspondência e de suas comunicações, inclusive telefônicas ou afins, salvo caso de busca ou apreensão determinada por magistrado e acompanhada de representante da OAB;

II - a inviolabilidade de seu escritório ou local de trabalho, bem como de seus instrumentos de trabalho, de sua correspondência escrita, eletrônica, telefônica e telemática, desde que relativas ao exercício da advocacia;

Sem correspondente § 6º Presentes indícios de autoria e materialidade da prática de crime por parte de advogado, a autoridade judiciária competente poderá decretar a quebra da inviolabilidade de que trata o inciso II do caput deste artigo, em decisão motivada, expedindo mandado de busca e apreensão, específico e pormenorizado, a ser cumprido na presença de representante da OAB, sendo, em qualquer hipótese, vedada a utilização dos documentos, das mídias e dos objetos pertencentes a clientes do advogado averiguado, bem como dos demais instrumentos de trabalho que contenham informações sobre clientes.

Sem correspondente § 7º A ressalva constante do § 6º deste artigo não se estende a clientes do advogado averiguado que estejam sendo formalmente investigados como seus partícipes ou co-autores pela prática do

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mesmo crime que deu causa à quebra da inviolabilidade.

O regime anterior1. O texto anterior continha um reforço pleonástico para enfatizar o respeito que devia ser deferido à atividade advocatícia, representado pela expressão “em nome da liberdade de defesa e do sigilo profissional”. O novo texto eliminou esse reforço. O direito à inviolabilidade exprime-se de modo simples.

2. A inviolabilidade de que cuidava o dispositivo protetivo abrangia, consoante a dicção original, escritório ou local de trabalho do advogado, seus arquivos e dados, sua correspondência e suas comunicações, inclusive telefônicas ou afins. Tratava-se de enunciado claro, preciso, que não dava lugar para tergiversações ou dúvidas, embora nunca haja sido respeitado pelos juízes das diversas instâncias do País, justamente os que são incumbidos de assegurar o respeito à lei, aprestaram-se em forjar interpretações intelectualmente desonestas para burlá-la no que concernia à proteção dessa prerrogativa dos advogados. Inúmeros são os casos a comprovar essa capitis deminutio.

Escritório é o local físico onde o advogado exerce sua atividade profissional. Entre as várias acepções do vocábulo, “escritório” é empregado no texto legal como casa em que os advogados, escrivães, tabeliães, comerciantes ou quaisquer oficiais públicos, recebem os seus clientes ou as pessoas que necessitam dos seus serviços, ou os procuram para alguma transação, de acordo com a definição haurida em diversos dicionários da língua portuguesa, com destaque para o Dicionário Caldas Aulete, Dicionário Aurélio e Dicionário Houaiss. Em reforço desse entendimento está a locução seguinte, que estende o direito à inviolabilidade ao local de trabalho do advogado. Isso significa duas coisas: primeiro, indica qual a acepção da palavra “escritório” utilizou o legislador; segunda, onde quer que o advogado exerça sua profissão, esse lugar goza da proteção de inviolabilidade.

3. Sendo inviolável o escritório ou o lugar onde o advogado exerce seu mister, pode parecer à primeira vista que estendê-la aos seus arquivos e dados, sua correspondência e suas comunicações, inclusive a telefônica e afim constitui redundância, a qual só se explicaria pelo anelo de conferir maior veemência à proteção legal, pois estando os arquivos e os dados no escritório ou no local de trabalho do advogado, já gozariam da proteção conferida a estes. Todavia, estamos que não é assim. Na verdade, a proteção de arquivos e dados preceituada com destaque assegura a inviolabilidade, por exemplo, da pasta do advogado, onde transporta consigo arquivos, fichas, papéis, dados relativos à causa que patrocina, ao cliente etc.

Outrossim, conquanto não conste expressamente do texto legal, essa proteção segue os arquivos e os dados onde quer que estejam, de modo que, se o advogado contratar serviço de guarda de arquivos e dados, inclusive os mais modernos, como a locação de memória virtual mantida por empresa que presta tais serviços, tudo em local diverso do escritório ou onde trabalhe o advogado, os arquivos e dados continuam protegidos sob o manto da inviolabilidade.

4. Já a proteção contra a violação de correspondência não passa de mera repetição, pois o sigilo da correspondência, não só do advogado, mas de todo e qualquer indivíduo goza de proteção absoluta, deferida no inc. XII, do art. 5º da Constituição Federal. Essa proteção, como tenho sustentado (vide artigo “Cartas Tecnológicas: a Constituição protege a correspondência, não o invólucro, publicado In: http://conjur.estadao.com.br/static/text/46047,1), estende-se a sua versão moderna: o correio eletrônico, vulgarmente referido pelo anglicismo “e-mail”, que outra coisa não é, senão uma carta eletrônica. Aliás, a expressão e-mail significa “eletronic mail”, cuja tradução ao pé da letra fornece “correio eletrônico”. Não pode haver nada mais eloqüente do que isso para fixar a compreensão de que se trata de genuína correspondência, e por essa razão deve gozar da mesma proteção com foros de absolutidade deferida pela Constituição Federal à correspondência.

Nada obstante, a inserção da palavra “correspondência” no texto legal pode ser fonte de antinomia, caso seja mal-interpretada, principalmente quando se socorre de argumentos intelectualmente desonestos

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para deixar de lado a interpretação sistemática a fim de vulnerar as garantias da advocacia. Tornarei a esse ponto mais adiante.

5. Não é apenas a comunicação telefônica do advogado no exercício da profissão que está protegida contra a devassa. Ainda de acordo com o texto anterior do inciso II do artigo 7º do EAOB, também a comunicação por meio afim à telefônica reveste-se da mesma couraça. Com essa providência — o emprego da palavra “afim” — o legislador insere no domínio da proteção todo tipo de comunicação equiparável à telefônica, não só os já existentes ao tempo da edição da lei como também aqueles ainda desconhecidos naquele momento e revelados pela tecnologia moderna posteriormente. Para ficarem sob o resguardo da proteção legal do sigilo, basta que sejam assimiláveis à comunicação telefônica.

6. O dispositivo é omisso quanto à comunicação por telegrama e por telex. O primeiro insere-se na mesma categoria da correspondência, segundo preceitua o inciso XII do artigo 5º da Constituição Federal. Goza da proteção de inviolabilidade por aplicação imediata da citada norma constitucional, conforme estabelece o § 1º do artigo 5º da Carta da República. O segundo, ou seja, o telex, por sua vez, é uma espécie de telegrama, por isso que a ele aplica-se tudo que for aplicável ao telegrama. Isso significa que está sob o mesmo regime jurídico, portanto, goza de proteção absoluta de inviolabilidade.

7. Neste passo, é escusado esclarecer que essa proteção constitucional visa à preservação do sigilo precípua e exclusivamente em face do Estado, representado por todos os seus entes e poderes, bem como de terceiros que não sejam os destinatários da correspondência ou do telegrama ou do telex.

8. O inciso II, conforme a redação primitiva, excepciona a regra protetiva com o seguinte enunciado na parte final: “salvo caso de busca ou apreensão determinada por magistrado e acompanhada de representante da OAB”.

Cumpre destacar que a ressalva harmoniza-se e deve ser lida sempre em conjunto com o disposto no § 2º do artigo 243 do Código de Processo Penal, segundo o qual “Não será permitida a apreensão de documento em poder do defensor do acusado, salvo quando constituir elemento do corpo de delito.”

Corpo de delito é expressão técnica utilizada no Direito Penal para identificar a evidência capaz de comprovar o fato criminoso imputável. Numa palavra, é a prova da existência ou da materialidade do crime. Nada diz, a não ser por puro acidente, sobre a autoria. Assim, o preceito contido no § 2º do artigo 243 do CPP conduz à ilação de que a apreensão de documentos em poder do defensor somente poderá ocorrer quando disser respeito à prova da materialidade, e jamais quando concernir à autoria, a menos que a prova desta seja imanente à do corpo de delito ou de elemento deste. Há uma razão lógica nisso: só tem sentido falar em autoria de um crime existente. O corpo de delito, portanto, constitui um “prius” em relação à própria investigação da autoria do crime. Primeiro deve-se ter a certeza da ocorrência deste para, só então, partir para a investigação do agente que o praticou. Se o documento em poder do defensor consistir de elemento do corpo de delito e, concomitantemente, de prova da autoria, a apreensão afigura-se, a meu aviso, legitimada pelo que dispõe o § 2º do artigo 243 do CPP, salvo melhor juízo.

A apreensão só pode ser feita por meio da busca. Esta estava expressamente autorizada em escritório de advogado pela parte final do inciso II do artigo 7º do EAOAB, desde que passada por ordem judicial. Assim, a busca em escritório ou local de trabalho de advogado não podia emanar de qualquer outra autoridade, mas somente de juiz. Nesse particular, a regra derrogou o inciso III do artigo 243 do CPP quando o local da busca fosse o escritório ou onde o advogado exerce sua profissão.

9. Requisito essencial para busca e apreensão em escritório ou local de trabalho, bem como para a quebra do sigilo de dados e das comunicações telefônicas do advogado é a ordem judicial. Esta, de acordo com o inciso IX do artigo 93 da Constituição Federal deve sempre conter a adequada fundamentação. Tão importante é a necessidade de o juiz apresentar os fundamentos da ordem de busca e apreensão que o artigo 243, inciso II, do CPP, preordena ainda que os motivos justificadores e os fins colimados pela medida sejam transcritos no corpo do mandado, visando com isso dar ao sujeito

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passivo plena ciência das bases ensejadoras da truculência contra ele ordenada, o que demonstra uma preocupação do legislador (já em 1941, pois o CPP é de 03/10/1941) em não permitir que a ordem possa ser imotivada ou determinada arbitrariamente.

Não obstante, as cortes do País nunca respeitaram essa disposição legal com a plenitude que deveriam. São freqüentes, se não comuns, os mandados de busca e apreensão orientados por uma motivação genérica, vaga, imprecisa e sem a reprodução dos motivos que a ensejaram, fato que apenas comprova o modo arbitrário com que os magistrados vêm aplicando a regra legal de longa data, desrespeitando sistematicamente a letra da lei. Aliás, neste passo, cumpre uma observação: é surpreendente como nenhum juiz aceita a imposição de limites para o exercício da atividade jurisdicional, mesmo que tais lindes sejam estabelecidos pela lei; e irritam-se, beirando a iracúndia, quando algum advogado os lembra de que também a atividade por eles exercida não está livre de peias, mas deve respeitar os limites impostos pelo ordenamento jurídico. Nenhum juiz pode tudo. E aquele que pensar diversamente não está vocacionado para o mister.

10. Torno agora ao ponto deixado em aberto linhas atrás. A leitura isolada do inciso II do artigo 7º do EAOAB, conforme a redação primitiva, induz o entendimento de que por ordem judicial tanto a correspondência quanto os dados e as comunicações telefônicas e afins poderiam ser devassados. Se fosse assim, o sigilo profissional seria mais fraco do que o sigilo deferido pela Constituição Federal a todo indivíduo, e isso constitui um absurdo, pois o sigilo profissional agrega-se ao sigilo ordinariamente conferido a todos, pois se trata de um sigilo qualificado pelo exercício da profissão, por isso que deve ser guarnecido de todos os predicados do sigilo ordinário mais um “plus” a reforçar a proteção.

Por essa razão, a exceção aberta na parte final do inciso II do artigo 7º do EAOAB devia ser lida sempre em conjunto, não só com o § 2º do artigo 243 do CPP, mas também com as disposições constitucionais atinentes à matéria, notadamente o inciso XII do artigo 5º da Constituição.

Isso significa que a correspondência do advogado, assim como a de todo indivíduo, e os telegramas e telex são absolutamente indevassáveis. Demais disso, não bastaria ordem judicial para a devassa das comunicações telefônicas e afins, porquanto a Constituição exige mais que isso para que se possa quebrar a salvaguarda ordinária nela prevista. Havia mister de lei disciplinadora, como reza a parte final do inciso XII do artigo 5º da Constituição. Essa lei veio a lume em 1996. É a atual e polêmica Lei 9.296, que além da ordem judicial elenca outros requisitos para a quebra de sigilo das comunicações telefônicas.

Destarte, a ordem judicial para a busca e apreensão em escritório de advogado, segundo o regime anterior, não podia ter por objeto as correspondência nem os telegramas ou telex do advogado. Tampouco podia ocorrer a quebra do seu sigilo de comunicações telefônicas ou do cliente quando em conversa com o advogado em consulta, para receber orientação deste quanto à defesa daquele. Somente quando houvesse razoáveis indícios de autoria delitiva por parte do advogado é que suas comunicações telefônicas poderiam ser devassadas.

Contudo, não era isso que vinha ocorrendo. O respeito aos preceitos legais fora simplesmente jogado no lixo por diversas autoridades judiciais, que sem nenhum pudor emitiam ordens de busca e apreensão ao arrepio de todas as disposições legais cujo destinatário é exclusivamente a autoridade judicial, como se estivessem esses juízes acima da lei.

O novo regime11. A Lei 11.767, de 7 de agosto de 2008, alterou a redação do inciso II e acrescentou os parágrafos 6º e 7º ao artigo 7º do EAOAB.12. Entre as alterações mais visíveis que se verificam na redação do inciso II está a supressão do pleonasmo reforçativo que mencionei linhas atrás, quando da análise desse mesmo dispositivo sob o regime anterior, e a da ressalva no final do dispositivo, que abria ao juiz a possibilidade de decretar a quebra da inviolabilidade do escritório ou do local de trabalho do advogado, por meio de ordem, proferida no exercício da judicatura e fundamentada, conforme a prescrição constitucional.

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13. Há outras, porém, que se me afiguram mais importantes. Além do escritório ou local de trabalho como um todo, a inviolabilidade assegurada aos advogados abrange também seus instrumentos de trabalho, como são seus computadores de mesa ou portáteis, suas agendas, inclusive eletrônicas, seus arquivos, os dados que armazena sob qualquer forma e tudo mais que lhe sirva de supedâneo ao exercício da profissão.14. Quanto à correspondência, parece-me que andou mal o legislador, pois não poderia legislar preterindo o preceito constitucional que defere a todos uma proteção absoluta contra a devassa da correspondência e das comunicações por telegrama ou telex. Não importa a causa ou o motivo da correspondência, se destinada ao indivíduo cuja profissão é a advocacia ou ao advogado; tratando-se de correspondência, seja ela sob que forma for, escrita, eletrônica, ou qualquer outra, resta albergada pelo manto protetivo constitucional.

A tese segundo a qual, aberta a correspondência, perde ela a proteção para tornar-se um documento como outro qualquer não merece prosperar, pois incide em contradictio in terminis. O elaborador dessa tese esqueceu-se de fixar o domínio do que se chama “correspondência”. Como a lei não define o que seja correspondência para os efeitos legais, e como a lei se comunica em vernáculo para vincular a todos, colocando-nos sob seus mandamentos, o sentido semântico da palavra correspondência deve ser aquele de fácil apreensão pelo vulgo, qual seja, o sentido lexical. Nessa senda, a palavra “correspondência” significa a troca de cartas, bilhetes ou telegramas (cf. Dicionário Aurélio); intercâmbio de mensagens, cartas etc. entre pessoas, ou, conjunto de cartas, mensagens, telegramas etc. expedidas ou recebidas (cf. Dicionário Houaiss); troca de cartas ou telegramas entre duas pessoas, que estão em relação de amizade ou de negócios; o conjunto das cartas e telegramas que se recebem ou que se expedem; relações epistolares ou telegráficas com alguém; bilhete de correspondência (cf. Dicionário Caldas Aulete).

Correspondência, portanto, é o ato de comunicação remota, a troca de mensagens à distância entre duas ou mais pessoas por um meio que possibilite o envio e o recebimento de mensagens sem haver interação direta ou em tempo real dos sujeitos envolvidos, de modo que o tempo de emissão seja diverso do de recebimento e não ocorre na presença, física ou virtual dos agentes que se comunicam. A inviolabilidade é, portanto, do conteúdo, não do invólucro que o contém. Pensar que a proteção dirige-se somente ao envelope é abordar a questão com antolhos, com uma visão míope sobre o objeto de análise. Novamente, remeto o leitor ao artigo de minha autoria intitulado “Cartas Tecnológicas: a Constituição protege a correspondência, não o invólucro, publicado In: http://conjur.estadao.com.br/static/text/46047,1.

O erro do legislador infraconstitucional assenta em colocar a correspondência, qualquer que seja a forma como se manifesta, ao lado das comunicações telefônicas, sem distingui-las em categorias diferentes como faz a Constituição Federal, pois somente estas últimas podem ser objeto da quebra de sigilo.

15. De acordo com a interpretação que faço da lei, inserida no contexto maior do sistema jurídico brasileiro, o documento constitutivo de corpo de delito ou de elemento deste não está sob o abrigo da proteção constitucional, ainda que enviado ao advogado por meio de carta ou outra forma. A razão é simples: não se trata de correspondência propriamente dita. Correspondência, na acepção empregada pela Constituição Federal é o ato de comunicação remota entre duas ou mais pessoas. O que se protege é o conteúdo, a mensagem transmitida. Ora, um documento que represente a evidência de um fato criminoso não constitui mensagem entre o cliente e o advogado, mas simples remessa por via postal ou por núncio ou qualquer outra forma. Não é, nem pode ser, por essa razão, considerado como correspondência ou objeto de correspondência.

16. O erro do legislador nessa parte da alteração será fonte de muitos mal-entendidos e pode, caso a mens legis não seja bem apreendida, gerar arbitrariedades ainda mais pungentes do que aquelas que vinham sendo cometidas sob o regime anterior. Só o tempo dirá se estou certou ou não.

17. A inviolabilidade é a regra. Disso não pode haver dúvida. O § 6º, no entanto, excepciona-a para admitir a devassa, desde que a ordem emane de autoridade judiciária e seja motivada. Com efeito, o § 6º

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é expresso e reza que a autoridade judiciária competente poderá decretar a quebra da inviolabilidade de que trata o inciso II do caput do artigo 7º mediante em decisão motivada, desde que estejam presentes indícios de materialidade e autoria por parte do advogado.

Três conclusões refulgem hialinas: 1º) a ordem de quebra do sigilo profissional ou de busca e apreensão em escritório ou local de trabalho do advogado não pode emanar de autoridade policial, mas somente de autoridade judiciária; 2º) a validade da ordem está subordinada ao atendimento dos requisitos previstos no § 6º, quais sejam: a) deve haver indícios de materialidade e autoria por parte do advogado, o que significa que este deve estar formalmente indiciado como investigado; b) a decisão deve ser motivada; c) é de mister que a ordem de busca e apreensão seja específica, isto é, indique e individualize os objetos que são alvo da diligência, sendo defeso ao juiz expedir ordem genérica; d) o mandado deve obedecer ao disposto no artigo 243 do CPP; 3º) a lei não admite ordem judicial de busca e apreensão em escritório ou local de trabalho do advogado quando este não seja parte no crime investigado.

Destarte, a ordem de busca e apreensão não poderá jamais ser determinada por autoridade outra que não a judiciária. Trata-se de expresso comando legal. Desse modo, à autoridade policial é defeso mandar expedir ou praticar busca e apreensão desprovida de autorização judicial. O regime jurídico aí não sofreu alteração.A decisão judicial que ordenar a busca e apreensão em escritório ou local de trabalho de advogado deverá ser sempre motivada. Essa motivação decorre do dever de o juiz fundamentar todas as suas decisões, consoante lhe preceitua o artigo 93, inciso IX, da Constituição Federal. No caso sob comento é de mister que a motivação demonstre em que consistem os indícios de materialidade e autoria e como estão representados no processo em que é proferida. Não basta, como é vezo no Judiciário brasileiro, que o juiz apenas mencione ou afirme estarem presentes os indícios de materialidade e autoria, nem que faça referência às folhas dos autos onde tais indícios encontram-se descritos. Deve descrevê-los pormenorizadamente. A razão é simples: a motivação deve ser reproduzida no mandado para atender ao disposto no inciso II do artigo 243 do Código de Processo Penal, e serve ao propósito de demonstrar ao sujeito contra o qual a ordem foi expedida, id est, o advogado que terá seu sigilo profissional quebrado, as razões em que o magistrado justifica a ordem, apresentando o fato delitivo e sua capitulação legal; quais os indícios que fazem crer em sua ocorrência, bem como aqueles por que se acredita na possibilidade de a autoria ser do advogado investigado. A não ser assim, o mandado será nulo e a prova por ele obtida estará fulminada de ilicitude.De outro giro, diversamente do que têm proclamado algumas vozes, surpreendentemente provindas de magistrados, membros do Ministério Público e das polícias, cumpre esclarecer que o texto legal não admite a medida de busca e apreensão para a coleta de prova contra o cliente do advogado, se este último não estiver sob investigação.

A razão deflui da interpretação sistemática, que conjuga a leitura do caput com o § 6º e o § 7º, do artigo 7º do EAOAB. De um lado, o caput estabelece a regra da inviolabilidade. De outro, o § 6º abre exceção a tal regramento na hipótese única de haver indícios de materialidade e autoria por parte do advogado no crime investigado. Isso implica a necessidade de o advogado estar formalmente sob investigação como partícipe, autor ou co-autor do crime. O mesmo § 6º veda a busca e apreensão de documentos, mídias e objetos em poder do advogado averiguado, mas que pertençam a seus clientes, bem como dos demais instrumentos de trabalho do causídico que contenham informações sobre seus clientes. Essa medida visa à preservação do sigilo profissional, objeto da lei: é essa a mens legis, e de acordo com o artigo 5º da Lei de Introdução ao Código Civil, os fins sociais da norma não podem ser descurados no lavor de interpretá-la.

Essa couraça protetiva deferida ao sigilo profissional, que em última análise resguarda a confiança que permeia relação cliente-advogado, é afastada pelo § 7º, na hipótese nele elencada. Estabelece esse dispositivo legal que se o cliente estiver sendo formalmente investigado pelo mesmo crime por que é averiguado o advogado, aí sim, nessa hipótese, e somente nela, a medida de busca e apreensão poderá ser estendida para recolher no escritório do advogado os documentos, mídias e objetos pertencentes ao cliente, bem como os demais instrumentos de trabalho do advogado que contenham informações sobre o cliente investigado, e somente sobre ele.

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Não vinga, pois, o argumento que, segundo alguns, a lei não vedou outras motivações para a busca e apreensão em escritório ou local de trabalho do advogado. Pensar assim é pensar por via oblíqua para tornar a alteração da lei letra morta, sem nenhuma eficácia, menoscabando a motivação mesma da inovação. Numa palavra, é revogar a lei e ignorar que sua interpretação deve ser levada a efeito de acordo com as prescrições do artigo 5º da LICC, bem como por meio de interpretação sistemática e lógica. Basta uma simples redução por absurdo para concluir que não pode haver outra interpretação, sob pena de ter de considerar que as palavras empregadas pelo legislador constituem um desperdício.Qual a razão de ser da inviolabilidade? Resposta: exatamente a proteção da atividade advocatícia, cuja relação com o cliente afirma-se sobre as sapatas da fidúcia, sem a qual o cliente jamais confiaria ao causídico a guarda e o conhecimento de que podem até mesmo ser interpretados em seu desfavor. O só fato de o cliente estar sob investigação não autoriza a expedição de ordem de busca e apreensão em escritório ou local de trabalho do defensor, sob pena de restar aniquilada a regra do sigilo profissional e sua inviolabilidade. Noutras palavras, a ratio essendi do sigilo profissional e de sua inviolabilidade é a proteção contra devassa dos instrumentos de trabalho do advogado que contenham informações sobre seus clientes que estejam sob investigação, bem como de documentos, mídias, dados e outros objetos pertencentes a seus clientes e que lhe foram confiados por no âmbito da relação cliente-advogado. A lei somente admite, por coerência lógica, a quebra desse sigilo quando a atividade advocatícia é desempenhada para praticar o crime, o que torna o advogado partícipe ou autor ou co-autor. Fora dessa hipótese não há como superar o sigilo e sua inviolabilidade.

18. Tanto na decisão quanto no mandado deverá constar, ainda, especificada e pormenorizadamente, os objetos que são alvo da busca e apreensão, sendo defeso ao juiz determinar a medida sobre bens genericamente considerados, sob pena de a ordem não passar de pura arbitrariedade e por isso padecer do vício de nulidade.

19. Além dessas restrições, o mandado deverá ser cumprido na presença de um representante da Ordem dos Advogados do Brasil. A ausência deste torna o ato nulo pelno jure.

20. Providência saudável e de importância capital, é a ressalva feita na parte final do § 6º. O alvo da medida são objetos que vinculem o advogado investigado na prática de crime para cuja materialidade e autoria do próprio advogado já haja indícios, pois sem estes a providência está vedada. Isso significa que não se pode, a pretexto de prova acidental, obtida na execução de busca e apreensão determinada contra o advogado, vulnerar seus clientes, salvo se se tratar de cliente que já esteja sendo formalmente investigado pelo mesmo fato (§ 7º).

Com isso resguarda-se o lavor e a função exercida pelo advogado. Mesmo que algum cliente seu tenha participado do fato criminoso, se ainda não está sendo formalmente investigado, isto é, se essa participação não é conhecida das autoridades, os documentos capazes de demonstrar seu envolvimento e que estejam em poder do advogado não poderão ser apreendidos nem utilizados contra ele. Somente depois de indiciado é que isso poderá ocorrer.

Tal proteção deve ser bem compreendida, pois não visa livrar o cliente da insurgência do Estado-acusador, mas resguardar o múnus público da atividade advocatícia, que funciona como promontório da defesa do indivíduo em face do Estado e, portanto, da sociedade, nas causas criminais. Assim, não se pode admitir que o Estado obtenha a prova que precisa para imputar a alguém a prática de um fato delitivo a partir do conhecimento obtido primacialmente com a violação das trincheiras da defesa. Ou já detém conhecimento da participação do cliente no mesmo fato que envolve o advogado, ou será como se nunca tivesse sabido de nada a respeito daquele.

21. À guisa de conclusão, a Lei 11.767 traz algumas mudanças importantes, algum avanço capaz de evitar ou minimizar as projeções funestas de um Estado policial que vinha sendo fomentado por algumas autoridades judiciais com o apoio de membros do Ministério Público e das próprias autoridades policiais. A lei põe um freio nisso e restabelece, ao menos assim se espera, a ordem das coisas. Mas pode também representar, sob alguns aspectos, um retrocesso, uma involução, mormente no que concerne à

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questão das correspondências, caso, como já disse algures, não seja interpretada com parcimônia e boa técnica.

http://www.conjur.com.br/static/text/68880,2

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Incompreensão do papel da advocacia marca comemorações do Dia do Advogado(Última Instância – 12.08.2008)

A sanção da lei que regulamenta a inviolabilidade dos escritórios de advocacia e a reação ao uso de algemas em operações policiais são classificadas por muitos como defesa de privilégios, e não de prerrogativas, por parte dos advogados. Somam-se a isso os baixos índices de aprovação no Exame da Ordem, as críticas à atuação da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) e a constante confusão que se faz na sociedade entre advogado e cliente.

São esses alguns dos elementos que compõem o contexto do advogado hoje, na data em que se comemora o Dia do Advogado. A questão é, portanto, se há o que comemorar neste dia 11 de agosto?

Última Instância consultou alguns advogados para responder a essa questão e saber se a advocacia está em xeque no Brasil. Além disso, traçou alguns panoramas históricos da profissão, marcado por casos de influência decisiva no contexto nacional e curiosidades como o dia da “pindura”. O resultado é uma série especial sobre o Dia do Advogado, este profissional tão caro à busca por justiça, identificado por vezes com as causas que defende, e que colhe críticas que parecem revelar, cada vez mais, uma incompreensão de seu papel.

PrincípiosNo dia em que se relembra a origem da advocacia, é importante resgatar quais os princípios que pautam a profissão. “O papel do advogado é o de garantir a democracia, desde as questões políticas até a legalidade, o respeito aos direitos do cidadão, do contraditório e da ampla defesa”, afirma Marcelo Sodré, do Idec (Instituto de Defesa do Consumidor) e especializado também em direito ambiental.

Responsável pela defesa do casal acusado pela morte da menina Isabella Nardoni, o que o deixa no centro das polêmicas sobre a profissão, o advogado e professor Marco Polo Levorin sofre hoje os efeitos nocivos da confusão entre o papel da defesa e os clientes. Para ele, a advocacia “representa a fiscalização das garantias constitucionais no processo e exerce papel de protetor dos direitos fundamentais”.

A advogada e professora Laurady Figueiredo lembra que “a advocacia e a OAB sempre estiveram presentes em momentos históricos do país, sendo, inclusive, uma profissão constitucionalizada, que tem importância fundamental na garantia ao acesso à Justiça”.

Além de ter tido papel essencial na oposição ao regime militar e na luta pela redemocratização do país, a classe dos advogados tem um papel de militância atual. “A advocacia cumpre, a par de seu papel de defesa de direitos das pessoas, o de guerreira da liberdade e da iluminação em tempos históricos de escuridão, e o de crítica do exercício do poder estatal em tempos de democracia como os de hoje”, diz o advogado e constitucionalista Pedro Estevam Serrano.

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“Há um pouco a ser comemorado. A geração anterior viveu um período em que defender alguém era uma aventura que punha a própria vida em risco. Hoje, já podemos, pelo menos, ter um mínimo de prerrogativas na defesa dos clientes”, diz Laércio José Loureiro dos Santos.

Função socialA profissão é qualificada como um serviço público e exerce função social, conforme determina o artigo 2º, parágrafo 1º, do Estatuto da OAB. Além de garantir as prerrogativas, esta lei prevê sanções nas esferas criminal e administrativa, com possibilidade de exclusão dos quadros da OAB para os advogados que não se portarem de acordo com a ética ou que contribuírem com condutas criminosas de seus clientes.

O Projeto de Lei 36/06 que regulamenta a inviolabilidade dos escritórios de advocacia foi sancionado na quinta-feira passada (7/8) pelo presidente da República em exercício, José Alencar, com veto de três parágrafos. A lei altera dispositivo do Estatuto da OAB e garante maior proteção ao sigilo das informações nos locais de trabalho de advogados.

A discussão sobre a inviolabilidade dos escritórios passa pela questão de quais são os direitos e as garantias do advogado. “O profissional conta apenas com suas prerrogativas para defender os direitos das pessoas. O que se protege com a lei não é a pessoa do advogado, já que, quando ele cometer crime, a própria legislação prevê a não incidência da prerrogativa, mas a defesa do cidadão”, diz Serrano.

Para Laurady Figueiredo, é relevante ressaltar que a inviolabilidade não é absoluta. Na hipótese de indícios suficientes de autoria e materialidade de crime por parte de advogado, a autoridade competente poderá decretar a quebra da prerrogativa.

A maior parte das investigações, hoje, é eletrônica e depende de provas que estão em computadores. O advogado Renato Opice Blum, especialista em direito eletrônico, afirma que “se torna cada vez mais essencial que seja sigiloso e confidencial o trabalho do advogado”. “Existe uma série de processos que tem conteúdo eletrônico a ser investigado. Não raramente essas mensagens eletrônicas e caminhos de sites acabam vazando em processos sigilosos”, afirma.

Laércio dos Santos considera que a inviolabilidade é importante em razão do que ele considera ser um exagero na atuação de setores da polícia e até mesmo de alguns setores restritos do Ministério Público. “Muitas vezes as ações da polícia acabam sendo uma espécie de big brother ao vivo, onde os telespectadores é que escolhem o final”, diz Santos.

A discussão a respeito da inviolabilidade gera outro debate, sobre a relação do profissional com o cliente. Em muitas ocasiões, a sociedade confunde a defesa e o acusado, por não compreender que aceitar uma causa não significa, necessariamente, concordar com a prática criminosa supostamente cometida pelo réu da ação.

Sigilo profissionalO sigilo profissional é um direito e um dever de todos os advogados. Ele está previsto no artigo 7º, XIX, do Estatuto da Advocacia, e nos artigos 25, 26 e 27 do Código de Ética. Algumas das decorrências desta previsão legal são a possibilidade de o profissional recusar depor como testemunha sobre algo que conheceu em razão do exercício do direito, o uso de informações sigilosas em benefício de quem defende e ainda a oportunidade de revelar o que sabe se for afrontado pelo cliente e quando houver grave ameaça ao direito à vida ou à honra.

Os advogados sustentam, com isso, que o sigilo é um pressuposto relevante para a manutenção dos direitos do indivíduo na sociedade. “A preservação das informações recebidas dos clientes é fundamental para o desenvolvimento da defesa e para a garantia do Estado Democrático de Direito”, afirma Laurady Figueiredo.

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É possível traçar um paralelo entre o sigilo profissional da advocacia e do jornalismo. O inciso XIV do artigo 5º da Constituição Federal assegura a todos o acesso à informação e o resguardo do sigilo da fonte, quando necessário ao exercício profissional. Essa prerrogativa dos jornalistas determina que os mesmos não são obrigados a revelar as suas fontes de informação, sem possibilidade de sanção direta ou indireta por isso.

O sigilo da fonte também não objetiva primeiramente a proteção do jornalista, mas a garantia de uma sociedade com acesso à informação. Trata-se de uma prerrogativa profissional que busca defender direitos coletivos, um bem público. Assim como o direito de defesa é garantido pelas prerrogativas dos advogados, uma imprensa livre é defendida com o sigilo da fonte. Esses dois elementos são essenciais para o Estado de Direito.

Discute-se, porém, se as garantias ao exercício da advocacia não acobertariam práticas criminosas e não protegeriam profissionais que participam dessas condutas. “A fronteira entre exercício da profissão, em especial na sua modalidade consultiva, e a co-autoria de delitos pelo advogado, percorre uma fronteira por vezes difícil de discernir”, afirma Serrano.

Alguns casos como os de profissionais que prestavam serviços ilegais para a criminalidade organizada, a exemplo da facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital), ou de advogados usados para levar celulares e outros objetos proibidos para dentro dos presídios, reforçam a idéia de que existe uma cumplicidade criminosa com o cliente. “O mais importante na profissão do advogado é a ética. Defender o cliente é o objetivo, mas sempre nos limites da ética profissional”, diz a advogada Miriam Tavares.

Renato Opice Blum e Laurady Figueiredo lembram que são excepcionais, nos quadros da OAB, os advogados que se envolvem na prática criminosa e que, portanto, não se pode privar o bom profissional de seus direitos em razão de uma minoria que se difere da classe como um todo.

Advogado e clienteA confusão entre advogado e cliente é ainda mais freqüente quando há casos de grande repercussão, como os de Suzane von Richthofen ou da menina Isabella Nardoni. Nestas ocasiões, a opinião pública volta-se contra o profissional responsável pela defesa dos acusados.

Alguns crimes provocam reações mais intensas na população, por serem contrários ao que se espera da conduta social de um cidadão. Essa repercussão ainda pode ser intensificada pela imprensa, que acaba por explorar os detalhes dos crimes cometidos.

“Onde há a catarse de emoções menores do humano, não há justiça. Justiça só pode haver no distanciamento racional do julgador, o que é humanamente impossível nos momentos de jurisdição como espetáculo, a exemplo do que vemos hoje. Nesses momentos, se algum julgador ou jurado ousa inocentar o réu, será linchado. Se o investigador exercita o dever da dúvida racional, será linchado também”, afirma Serrano.

Na perspectiva do advogado de defesa, o ordenamento jurídico oferece estratégias processuais que dizem respeito ao devido processo legal e isso não se confunde com o fato de o acusado ter ou não praticado o crime. O profissional que aceitou a causa pode não concordar , no seu juízo de valor, com a prática do crime de seu cliente, mas tem a obrigação legal de garantir ao réu um julgamento justo.

O exercício regular da advocacia é técnico. A defesa se vale do que está disposto nas leis para procurar a melhor defesa possível para o acusado. Isso não significa que será possível o livramento da condenação, mas o mais importante é respeitar o direito de defesa, que deve ser garantido para aquele acusado ou qualquer outro cidadão. Trata-se do respeito a um princípio básico do Estado de direito.

http://ultimainstancia.uol.com.br/noticia/54622.shtml

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Procuradoria do Estado: Reflexos e Dilemas(Carta Forense – Ago./2008 p.44)

José Procópio da Silva de Souza Dias. Procurador do Estado de São Paulo. Professor do Federal Concursos. Presidente do Sindiproesp . [email protected] Tribunais Superiores brasileiros festejam iniciativas legislativas que tornarão, segundo os otimistas, viável uma mais pronta entrega da tutela jurisdicional. Falamos, por exemplo, dos institutos da súmula vinculante e da repercussão geral, que, em síntese, permitem, decidida uma matéria pelo C. STF, esta decisão transcenda aos demais jurisdicionados em idêntica situação.

Um dos motivos para adoção destes tipos de solução pelo legislador, é a alegada "praxe" recursal da advocacia pública dos diferentes níveis. Por outras palavras, o principal acionador da esfera recursal é o próprio Estado, muitas vezes procrastinando a entrega ao cidadão de algo que lhe é devido, sob o argumento da indisponibilidade do interesse público, o que redundaria no dever de recorrer até o final.

Conforme o Deputado Maurício Rands, quando da apresentação de seu voto no PL-6636/2006 no âmbito da Câmara dos Deputados:

"No Brasil, a divergência jurisprudencial, combinada com a riqueza do sistema recursal vigente e a postura intransigente da Fazenda Pública, tem ensejado o assoberbamento dos tribunais superiores, instados, mediante dezenas de milhares de causas repetitivas, a uniformizar entendimentos de todos os tribunais do País, no que se convencionou chamar de crise da justiça"

Analisando o aspecto ético do exercício da advocacia pública e o dever de recorrer, cumpre alinhavar algumas premissas:

1) não é de se confundir o interesse público primário e o interesse do fluxo de caixa do governante de plantão. Consagrada lição de CELSO ANTÔNIO BANDEIRA DE MELLO : o interesse público, nada mais é do que uma forma, um aspecto, uma função qualificada do interesse das partes. O interesse público é uma dimensão, uma determinada expressão dos direitos individuais, vista sob um prisma coletivo. Não é de se confundir também o interesse público primário com o secundário. O interesse primário engloba a Administração Pública no real e genuíno exercício do seu ofício, como ente imparcial, enquanto que os interesses secundários são decorrência do desempenho das suas atividades de gestão, desta feita como certa parcialidade, muita vez não objetivando fins tão nobres, mas, isto sim, a própria sobrevivência ou higidez dos cofres públicos, ainda que isto potencialize afronta à lei.

2) o Estado tem direito à mais esmerada defesa.De fato, os princípios constitucionais que norteiam a administração pública, notadamente a legalidade, a moralidade e a eficiência orientam para, em havendo, ainda que remota, potencialidade de êxito pela via recursal, esta deve ser exercida.

3) mera postergação da entrega da prestação jurisdicional, pela interposição de recurso sem condições de êxito não é ética, seja do ponto de vista da busca do interesse público, seja da moralidade administrativa

Há governos que ficaram notórios pela "caça aos marajás", pelo ajuste fiscal a qualquer preço, atropelando direitos dos servidores, ou poupadores, por exemplo. O sacrifício dos mais consagrados

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princípios jurídicos, como o da irredutibilidade de vencimentos, o confisco da poupança das pessoas, a não recomposição inflacionária, todas estas posturas geraram uma litigiosidade que comprometeu as gerações e as gestões vindouras. Basta ver que o Estado de São Paulo ainda está quitando os precatórios alimentares de 1998. Urge a criação de um instrumento que possa antever o "risco judicial" inerente a determinado tipo de gestão pública e o "provisione" nos orçamentos, mostrando à sociedade de que tipo de gestor se trata e sinalizando a real saúde das contas públicas.

De toda forma, a advocacia pública não pode compactuar com uma postura meramente procrastinatória, por dificuldades de caixa que via de regra derivam da execução orçamentária não responsável, pagando por isto os credores do Erário.

4) Para uma advocacia pública ética e independente das conveniências do governante, é fundamental a autonomia e a eleição do chefe da instituição, com mandato, tal como no Parquet.

A Constituição do Estado de São Paulo alberga um apenas aparente paradoxo. Diz no seu art. 98, que a Procuradoria Geral do Estado é instituição vinculada diretamente ao Governador, sendo orientada pelos princípios da legalidade e da indisponibilidade do interesse público Pensamos não haver confundir vinculação com subordinação técnica.

O problema surge quando estes dois componentes se entrechocam, como quando convém ao gestor que se recorra. Recorrer sabendo de antemão do resultado negativo? O componente hierárquico pode permitir que se imponha ao advogado público recorrer, só para procrastinar?

Enquanto não houver autonomia orçamentária dos diferentes órgãos da advocacia pública e enquanto o advogado geral da União e os procuradores gerais dos Estados e Municípios forem demissíveis pelos políticos, será muito pequeno o espaço para as necessárias "dispensas" de recurso em matérias já pacificadas. Afinal, mais convém ao governante realizar obra visível ou pagar desde logo o que é devido? O que será que gera mais dividendos políticos?

Estamos com Derly Barreto e Silva Filho para quem a autonomia funcional do advogado público "há de ser entendida como a prerrogativa que assegura aos advogados públicos o exercício da função pública de consultoria e representação dos entes políticos independente de subordinação hierárquica (seja a outro Poder, seja aos próprios chefes ou órgãos colegiados da Advocacia Pública) ou de qualquer outro expediente (como manipulação de remuneração) que tencione interferir, dificultar ou impedir o seu poder-dever de oficiar de acordo com a sua consciência e a sua missão de velar e defender os interesses públicos primários, sem receio de "desagradar" quem quer que seja, Chefes de Poderes Executivos, Ministros, Secretários, Advogado Geral da União, Procuradores Gerais de Estados, órgãos colegiados das Procuraturas (v.g., conselhos), chefia mediatas ou imediatas, magistrados ou parlamentares".

Mas não basta a autonomia funcional, se dá mais trabalho elaborar um pedido de dispensa de recurso do que fazer o próprio recurso... Já há algumas orientações normativas no âmbito da PGE/SP para a dispensa da interposição de recursos, como na hipótese de complementação de precatórios parcelados na forma do art. 33, do ADCT, em face da adoção da Tabela do Tribunal de Justiça e da dispensa de citação da Fazenda Pública, para os fins do artigo 730, do CPC. Iniciativas que tais ainda são poucas, mas poderiam ter prevenido o caos nos Tribunais, sem necessidade de decisões "vinculantes".

A AUTONOMIA INSTITUCIONAL - com Orçamento próprio, Eleição do Chefe da Instituição por lista e Mandato, tal como já é o no MP e na Defensoria Pública - esta sim, é fundamental para avançarmos. Quem sabe, daqui a alguns anos, não possamos falar também de uma advocacia pública REPUBLICANA, com quadros suficientes, forte e ESTIMULADA até para processar os maus gestores e reintegrar ao patrimônio público o quanto for desviado,

AGU : Obrigatoriedade da defesa do ato administrativo x Tutela do interesse público

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Fabrício Castagna Lunardi é Advogado da União. Especialista em Direito Civil pela Universidade Federal de Santa Maria E Professor Universitário.

De recente criação, a Advocacia-Geral da União teve um vultoso crescimento nos últimos anos, atuando de forma percuciente na consultoria jurídica e defesa judicial dos entes públicos federais. Atualmente, os principais óbices ao advogado público federal, para uma competente defesa do interesse público, são as amarras legislativas impostas ao desempenho da sua função.

Como primeiro passo rumo a um recrudescimento da instituição, deve haver um desapego à idéia de que a advocacia pública defende um governo ou uma ideologia, pois deve estar voltada tão-somente para a defesa do interesse público primário, para a proteção dos bens públicos e do cidadão. Assim, devem-se tomar medidas para que as Consultorias Jurídicas sejam desvinculadas dos Órgãos, Secretarias e Ministérios, garantindo-se ao advogado público prerrogativas de atuar com mais poderes dentro da esfera administrativa. Imagine-se o caso de um procedimento licitatório maculado por um ato administrativo claramente nulo, que vem a ser impugnado e suspenso por uma ordem judicial. Nesse caso, defender o ato administrativo inválido implica um enorme prejuízo para o ente público, pois este permanecerá sem o bem ou serviço buscado com a licitação e, ao mesmo tempo, movimentará toda a estrutura da procuradoria que a defende e a do Judiciário que com os seus recursos públicos mantém. Por conseguinte, garantir ao advogado público poderes de decisão no âmbito administrativo proporcionaria economizar tempo, recursos públicos, suprir as necessidades da administração e, ainda, desabarrotar o Poder Judiciário, que está estupefato com processos que seriam facilmente resolvíveis no âmbito administrativo.

Do ponto de vista do contencioso judicial, deve-se garantir que o procurador público tenha maior autonomia para aferir se é melhor defender uma tese com pouca probabilidade de sucesso ou abster-se de apresentá-la e economizar para o erário juros, correção monetária, honorários advocatícios, material humano e logístico das Procuradorias e do próprio Judiciário. Sob esse enfoque, observa-se que a solução para o problema da Justiça não está somente na reforma da legislação processual, senão - e principalmente - na alteração da cultura da litigiosidade, que vê na decisão judicial de última instância a melhor alternativa, eternizando os processos judiciais. Nem sempre sustentar a tese jurídica até as últimas instâncias é defender o ente público, pois a defesa do ato administrativo pode implicar, em última análise, um prejuízo econômico para tal ente.

Atualmente, o advogado público, no âmbito federal, está constantemente diante de um impasse normativo: a norma dos arts. 1º e 4º da Lei n. 9.469/97 impõe que prossigam na defesa e recorram mesmo que se trate de teses manifestamente improcedentes, à medida que tais dispositivos apenas permitem eventual desistência de ação ou não interposição de recurso quando o valor da demanda for inferior a mil reais ou haja súmula do Advogado-Geral da União nesse sentido; de outro lado, o art. 14, inc. III, e o art. 17, inc. IV e VII, do Código de Processo Civil impõem que os advogados não se utilizem de expedientes infundados e protelatórios no processo, sob pena de imposição de multa de 1% do valor da causa e indenização da parte adversa dos prejuízos que sofreu (art. 18 do CPC). Nesse contexto, como a multa do referida não lhe atinge diretamente (senão apenas o ente público), geralmente opta o advogado público por recorrer ou contestar uma demanda flagrantemente procedente com o único desiderato de não sofrer punição administrativa pela AGU. No entanto, acaba abarrotando o Judiciário, aumentando ainda mais o problema da avalanche de processos que o assola.

Portanto, o novo paradigma de advocacia pública requer maior autonomia técnica, não para dar guarida a convicções pessoais do procurador, mas para que patrocine os interesses do ente público com base em teses defensáveis, com probabilidade de acolhida em juízo. O novo modelo de processo não admite mais que sejam defendidas teses já superadas por completo pela doutrina e pela jurisprudência. Hodiernamente, deve-se tratar a advocacia pública com novos olhos, proporcionando-se que, por alteração da legislação atual, seus integrantes tenham maior capacidade decisória, dentro de uma discricionariedade regrada, a fim de que possam primar pela defesa dos bens públicos e dos cidadãos, oportunizando que decidam sobre a melhor alternativa para a Administração, atuando de forma a zelar pela constitucionalidade e legalidade dos atos administrativos, evitando desperdício de dinheiro público,

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de material logístico e humano das procuradorias, desabarrotando o Poder Judiciário. Somente assim se proporcionará que a advocacia pública cumpra o seu verdadeiro mister constitucional de defender o real interesse público.

Advocacia Pública nos Municípios: Controle da Legalidade versus Defesa Judicial da Fazenda PúblicaPaulo Roberto Soares MendonçaProcurador do Município do Rio de Janeiro, Doutor em Direito pela UERJ, Professor Adjunto de Teoria do Direito e História do Direito da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO), Universidade Candido Mendes e Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ) e autor das obras A argumentação nas decisões judiciais e A tópica e o Supremo Tribunal Federal, publicadas pela Editora Renovar. E-mail: [email protected]

Diferentemente do que ocorre em outras carreiras da Advocacia Pública, sobretudo na esfera federal, no âmbito dos municípios brasileiros normalmente inexiste uma atividade de consultoria e assessoramento jurídico especializada, em separado da atuação judicial. Em regra, procuradores integrantes da mesma carreira, quando ela existe, ao mesmo tempo fornecem orientação jurídica e exercem o controle da legalidade dos atos administrativos, em matérias como licitações e contratos administrativos, além de outras previstas em lei. Por vezes, tal situação ocasiona claro conflito de interesses entre a atividade consultiva da Procuradoria do Município e a sua atuação forense, sobretudo quando as orientações jurídicas não são seguidas pelo poder público e tal atitude culmina no ajuizamento de demandas judiciais, muitas das vezes fundadas nas teses desenvolvidas pelo próprio Órgão Jurídico do município. Diante de tal situação, o Procurador se vê em um sério dilema, entre defender incondicionalmente o ato administrativo judicialmente questionado ou ser fiel à diretriz jurídica traçada pela instituição da qual faz parte. É bem verdade que o administrador público nem sempre está vinculado às manifestações do Órgão Jurídico e assume as conseqüências políticas e jurídicas das decisões tomadas contrariamente ao que prescreve a lei. Todavia, nas Procuradorias organizadas em carreira, como normalmente acontece nas capitais brasileiras, tal circunstância não é tranqüilizadora para os Procuradores, pois os agentes políticos são passageiros, mas a Instituição permanece, em muitos casos tendo que atuar durante anos em um contencioso precário, que poderia ter sido evitado, caso a sua atividade de orientação jurídica tivesse sido respeitada na época própria.

O dilema anteriormente mencionado tende a ser até mais grave em pequenos e médios municípios, nos quais a estrutura das Procuradorias é mais singela, normalmente com um número reduzido de Procuradores, que acabam acumulando a atividade consultiva e a judicial.

É possível pensar em alguns instrumentos preventivos, que se de todo modo não evitam uma eventual colisão de interesses entre o Órgão Jurídico do município e a atividade da Administração, ao menos contribuem para evitar situações-limite, em que se mostra totalmente impossível a sua harmonização. Uma primeira medida recomendável consiste em destacar alguns Procuradores do quadro para atuação apenas em consultoria e assessoramento, para que não se deparem futuramente com ações judiciais nas quais sejam discutidas questões jurídicas sobre as quais se pronunciaram anteriormente, de forma contrária à postura ao final adotada pelo Município. Em realidade, esta é uma medida paliativa, porque a manifestação jurídica de um Procurador necessariamente não converge com a orientação firmada pela sua Instituição, por meio do Procurador-Geral, que pode ao final ter sido aquela adotada pela Administração municipal. A fim de prevenir esta outra circunstância, uma segunda medida bastante salutar é que o Procurador-Geral do Município seja integrante da carreira da Advocacia Pública, permitindo que tenha uma certa independência em relação a questões políticas momentâneas. Esta é uma conseqüência óbvia da desejável profissionalização da Administração Pública, que exige que os integrantes dos órgãos de controle da Administração sejam integrados por profissionais de carreira sem envolvimento político com o governante do momento.

Além das medidas acima mencionadas, no contexto do Estado Democrático de Direito, o próprio Advogado Público deve ter consciência da dimensão de sua função institucional. Na advocacia pública

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deve o profissional se pautar pela lealdade para com o contribuinte, exercendo o controle da legalidade administrativa, mesmo quando na atuação contenciosa. Ao se deparar com uma pretensão judicial na qual vislumbre presente uma flagrante ilegalidade contra o autor, o Procurador Municipal deve suscitar uma manifestação consultiva de sua Instituição, a fim de que seja revisto o ato administrativo questionado e reconhecido o pedido, caso confirmado o entendimento inicial do Procurador. E nem se cogite neste caso do óbice imposto pelo princípio da indisponibilidade do interesse público, se efetivamente constatada a ilegalidade da postura administrativa adotada, da qual inclusive deve ser comunicada o Órgão municipal responsável, a fim de que reveja o ato praticado.

É inequívoco que nestas poucas linhas é difícil analisar com clareza os diversos aspectos da questão ética na advocacia pública municipal, mas o convite da Carta Forense para dividir com a comunidade jurídica algumas inquietações e o orgulho de há quase treze anos fazer parte de uma instituição que não é formada por "advogados do Prefeito" e sim da municipalidade foi recebido por mim com grande satisfação e espero que o fortalecimento das instituições da Advocacia Pública permita uma melhoria da imagem da Fazenda Pública no Brasil, permitindo uma democratização das relações entre o Estado-Administração e o cidadão.

http://www.cartaforense.com.br/Edicao.aspx?id=31Retornar ao índice de assunto

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AGRONEGÓCIOS

Grãos - Aquecimento global fará produção de café migrar para Região Sul(DCI 12.08.2008 p. B3 Agronegócios)

SÃO PAULO - O aquecimento global poderá mudar drasticamente a geografia da produção agrícola no País. No Sudeste, a principal commodity a sentir os efeitos do clima será o café, que terá poucas condições de sobrevivência nessa região. Até 2020, o prejuízo da cultura por razões decorrentes à efeitos climáticos será de pelo menos R$ 882 milhões e a queda da área apta ao plantio de 9,48%.

A conclusão faz parte do estudo "Aquecimento Global e Cenários Futuros da Agricultura Brasileira", trabalho feito conjuntamente pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Universidade de Campinas (Unicamp) e Centro de Pesquisas Meteorológicas e Climáticas Aplicadas à Agricultura (Cepagri).

Atualmente, a produção brasileira de café está concentrada no Sudeste. Entretanto o levantamento prevê que a cultura não resistirá na maior parte da região, já que a tendência é ela ser atingida ou por deficiência hídrica ou por excesso térmico.

De acordo com o estudo, os Estados de Minas Gerais e São Paulo deverão perder condições de plantio em boa parte da área hoje cultivada. "A região da Alta Mogiana, em São Paulo, vai resistir bem, porque está localizada numa região mais alta, mas em Minas a produção irá afunilar bastante", avalia Eduardo Delgado Assad, pesquisador da Embrapa Informática Agropecuária. Por outro lado, regiões onde hoje é produzido o café do tipo robusta (conilon) será possível produzir a variedade arábica, comercializada internacionalmente.

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Com a mudança climática e a impossibilidade do cultivo no Sudeste a produção deverá migrar para a Região Sul do País. "Em 20 anos já começa a ter uma produção no Sul. Será possível cultivar café até na Argentina", diz Assad.

No entanto, culturas importantes como a soja deverão desocupar áreas no Sul. O principal produto agrícola exportado pelo País terá uma retração de área apta ao plantio da ordem de 24% em 2020 e a Região Sul é a que deve sofrer os maiores impactos.

De forma geral o estudo revela que as mudanças previstas para o clima no País deverão beneficiar as culturas energéticas em detrimento da produção de alimentos. Das culturas avaliadas, a cana-de-açúcar será a mais favorecida e poderá ampliar sua área cultivada que hoje é de 6 milhões de hectares para 17 milhões de hectares em 2020. Segundo o pesquisador, a Região Sul que hoje apresenta restrições ao cultivo da cana poderá se tornar área de lavouras potenciais dentro dos próximos 10 anos.

O aquecimento global poderá mudar drasticamente a geografia da produção agrícola no País. No Sudeste, a principal cultura a sentir os efeitos do clima será a do café. Até 2020, o prejuízo da cultura por razões climáticas será de pelo menos R$ 882 milhões e a queda da área apta ao plantio, de 9,48%. Segundo estudo da Embrapa, Minas Gerais e São Paulo deverão perder condições de plantio em boa parte da área cultivada. A região da Mogiana (SP), porém, vai resistir e manter posição de destaque, porque está em terras altas.

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Sustentabilidade - Restrição ambiental gera novas polêmicas(DCI 12.08.2008 p. B3 Agronegócios)

SÃO PAULO - Mesmo com o tema sustentabilidade, lideranças do agronegócio brasileiro não disfarçaram a insatisfação contra o Decreto 6.514, que estabelece punições para infrações contra o meio ambiente. Durante a sétima edição do Congresso Brasileiro de Agribusiness, João de Almeida Sampaio Filho, secretário da Agricultura e Abastecimento do estado de São Paulo chegou a afirmar que as regras seriam "incumpríveis".

O secretário disse que o próprio Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) não tem condições de dar o suporte necessário para que agricultores regularizem suas áreas. Por causa disso, não há como o governo exigir a regularização, afirmou o secretário.

Em entrevista coletiva, o ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, reconheceu que a norma, publicada em junho, é difícil de ser cumprida e disse que está negociando com o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, mudanças no texto. "Temos uma agenda de encontro com o ministro [Minc]", disse Stephanes, que espera fechar a questão dentro de, no máximo, um mês. O presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária da Câmara de Deputados, Valdir Collato (PMDB-SC), afirmou que o decreto vai inviabilizar o agronegócio nacional. "A regra pune toda a cadeia produtiva: quem produz, quem transporta, quem armazena, quem vende, todo mundo", afirmou o deputado.

Outra preocupação da cadeia agroindustrial é o volume de áreas destinadas à preservação ambiental, ocupação indígena e quilombolas que hoje chega a 326 milhões de hectares. Lideranças do setor já estão engajadas em viabilizar áreas agricultáveis na Amazônia Legal.

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Produção - Agricultura está engessada, diz ministro (Valor Econômico 12.08.2008 p. B14 Agronegócios)

De São Paulo

O Ministério da Agricultura pretende apresentar um estudo que mostra que o "engessamento" da área de produção agrícola do país é, na verdade, maior do que a que se costuma informar. "Não tenho medo da extinção da floresta, mas da extinção da área agricultável do Brasil", disse o ministro Reinhold Stephanes.

Segundo ele, cerca de 70% do território brasileiro tem algum impedimento para a atividade agropecuária, seja pela presença de reservas indígenas, áreas de quilombolas, assentamentos ou algum outro9 impedimento legal. Dados da Associação Brasileira de Agribusiness (Abag) apresentados ontem, no primeiro dia do Congresso Brasileiro de Agribusiness, informam que a criação de reservas florestais, indígenas e o estabelecimento de áreas de assentamentos impedem a presença da atividade agropecuária em 39% do território nacional.

"O café de Minas Gerais, a uva do Rio Grande do Sul e as frutas em Santa Catarina não poderiam ser cultivadas onde estão hoje se a lei fosse cumprida integralmente", disse Stephanes "As culturas estão em áreas com declive, onde teoricamente não poderiam ser usadas para o plantio".

A lista de impedimentos foi citada na esteira das críticas feitas por participantes do congresso ao Decreto 6514, publicado em julho, que alterou a Lei de Crimes Ambientais. Um dos artigos do decreto exige a criação, em 120 dias, de reserva legal de 20% da área total das propriedades. A pena para o não-cumprimento da exigência será de R$ 50 a R$ 500 por hectare.

Stephanes disse ter criado uma agenda de discussões com o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, para tratar de 12 temas, o que deverá incluir a revisão dos pontos mais polêmicos do decreto. "O Decreto 6514 inviabiliza o agronegócio brasileiro", disse o deputado Valdir Colatto (PMDB/SC), presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária.

"Um decreto com 157 artigos não pode ser inteiramente ruim. Há pontos positivos nele, mas alguns têm que ser revistos. A averbação de 20% das áreas de plantio é um ponto insano", disse o secretário de Agricultura de São Paulo, João Sampaio.

Apenas no Estado, segundo o secretário, essa restrição extra impediria a produção em 3,5 milhões de hectares. "Isso acabaria com bilhões de reais em receitas e com milhares de empregos", disse. Essa área, afirma o secretário, equivale a grande parte da ocupada pela cana-de-açúcar no Estado. A cana ocupa entre 4,5 milhões e 4,8 milhões de hectares no Estado, afirma Sampaio.

Carlo Lovatelli, presidente da Abag, abriu o congresso criticando duramente esse nível de preservação, lembrando que o país usa apenas 5% do território do país para alcançar suas safras recordes. Para Stephanes, não é preciso derrubar árvores para aumentar a área de plantio, que pode inclusive dobrar de tamanho. "Temos 200 milhões de hectares como área de pastagem e 50 milhões de área de agricultura. Todos sabemos que podemos disponibilizar 50 milhões da área de pastagem para outros fins", disse o ministro.

Segundo ele, cerca de 30 milhões a 40 milhões de hectares da área de pastagem estaria degradada ou semi-abandonada.

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(PC e Bianca Ribeiro, do Valor Online)

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Escoamento - Produtor poderá exportar soja pelo porto de Itaguaí em 2009: com envio pelo centro-Norte do país, sojicultor pode ganhar até R$ 2 por saca

(Gazeta Mercantil - 12.08.2008 p. C10 Agronegócio)

O produtor de soja brasileiro do Centro-Norte do País poderá ganhar até R$ 2 por saca (60 quilos) no ano que vem com a exportação do produto pelo Porto de Itaqui (MA) Atualmente, com o envio pelos

portos do Centro-Sul o sojicultor de Mato Grosso, por exemplo, perde até 25% no preço em relação ao paranaense. O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) garante que o escoamento da próxima safra das regiões Centro-Oeste e Norte será por Itaqui, que passará a ter uma capacidade de 6 milhões de toneladas de grãos, o triplo da atual. Neste ano, das 17,9 milhões de toneladas da oleaginosa embarcadas até o último dia 1º, 52,4% (9,4 milhões de toneladas) saíram pelos portos de Santos (SP) e Paranaguá (PR) que, apesar de estarem a 2 mil quilômetros de distância do Centro-Oeste, ainda são as vias de escoamento mais usadas por essa região. Em 2007, esses dois portos movimentaram 41,9% do total embarcado.

"Há anos se discute a importância de investimentos para dar condições de embarque de grãos aos portos localizados no Norte e Nordeste. Mas, nada é feito, e a safra continua descendo até o Sudeste de caminhão e depois subindo de navio até os mercados finais", indigna-se Sérgio Mendes, diretor da Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec). Segundo cálculos da entidade, o valor médio de transporte da tonelada de grãos no Brasil na safra que está sendo escoada é de US$ 89, cerca de 50% maior que os US$ 59 médios do ciclo anterior. Por conta dessa dificuldade, um produtor do Norte de Mato Grosso recebe cerca de 25% menos pela saca de soja que um agricultor no Paraná. Ainda, a falta de um modal de transporte mais eficiente para essa região também faz com que os insumos, como adubos, cheguem mais caros. O adubo em Sorriso custa, por exemplo, 5,4% mais que em Cascavel (PR), de acordo com levantamento do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Universidade de São Paulo (Cepea/USP). Saída por Itaqui Biramar Nunes de Lima, diretor de Departamento de Infra-estrutura e Logística do Agronegócio do Mapa, explica que vários projetos de logística estão sendo implantados com recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e da iniciativa privada, sendo que alguns vão beneficiar a produção agrícola já na próxima safra. O mais importante deles é a ampliação da capacidade de embarque de grão no porto de Itaqui para 6 milhões de toneladas, ante as 1,8 milhão existentes hoje. "O setor privado está investindo R$ 120 milhões nos terminais de grãos e, o setor público, mais R$ 120 milhões nos berços de atracação de navios". assegura Lima.

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A alternativa, de acordo com Lima, é viável para escoamento de grãos do Noroeste de Mato Grosso, Sul do Pará, Sul do Maranhão e do Piauí, parte do Oeste da Bahia e Tocantins, na região conhecida como Pedro Afonso. "A distância dessa região até o porto de Itaqui é, pelo menos, 1 mil quilômetros menor do que até Paranaguá. Isso vai significar um aumento no preço da soja nessas localidades de R$ 1 a R$ 2 por saca", calcula Lima. De Mato Grosso, já saem 400 mil toneladas de soja por esse corredor de exportação ao Norte. O grão sai de caminhão pela BR-158, passa por Caseara, na divisa de Tocantins com o Pará e segue até Redenção. Entra por Conceição do Araguaia e entra na BR-153 em Colinas até encontrar a ferrovia da Vale do Rio Doce, em Carajás. A carga é embarcada na ferrovia, de onde segue até o porto de Itaqui, em São Luís. "No ano que vem a ferrovia vai chegar em Colinas, e o caminho de rodovia será encurtado", avisa o representante do Mapa. Nesse trajeto há ainda um trecho sem asfalto de 400 quilômetros, entre o município de Ribeirão Cascalheira (MT) e a divisa com o Pará, que devem ser pavimentados para uso para escoamento da safra do ano que vem, segundo Lima. "Temos previstas restaurações de outros trechos para dar melhor condições de tráfego até Itaqui que, até 2012 estará embarcando 12 milhões de toneladas de grãos", prevê. (Fabiana Batista)

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AMBIENTAL

Biodiversidade - Saem regras mais flexíveis para pesquisa em reservas (Estado de São Paulo 12.08.2008 p. A16 Vida&)

Herton Escobar

O Ministério do Meio Ambiente flexibilizou as regras para a realização de pesquisa científica em unidades de conservação (UCs) federais. Segundo uma portaria publicada ontem no Diário Oficial da União, as autorizações para estudo e coleta de material biológico nessas áreas poderão ser emitidas pelas próprias universidades ou outras instituições de pesquisa, desde que assinem um termo de “co-responsabilidade” com o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).

A portaria altera a estrutura do Sistema de Autorização e Informação em Biodiversidade (Sisbio), que passa a ser gerenciado integralmente pelo ICMBio - instituto criado há um ano para administrar as unidades de conservação, depois que o Ibama foi dividido em dois.

A dificuldade para obter autorizações é uma reclamação antiga dos cientistas que estudam a biodiversidade. O Sisbio, criado em março de 2007, melhorou a situação, mas ainda é alvo de críticas com relação à demora e aos critérios de autorização.

Pelas novas regras, o ICMBio poderá autorizar instituições de pesquisa reconhecidas - como universidades - a emitir licenças para seus pesquisadores diretamente, apenas informando ao instituto aquilo que foi autorizado. “É uma sinalização clara de que o pesquisador é um parceiro, e não um suspeito de biopirataria, como vinha sendo tratado até algum tempo atrás”, disse ao Estado o presidente do ICMBio, Rômulo Mello.

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Apesar das boas intenções, a bióloga Rute Andrade, do Instituto Butantã, é cética quanto aos efeitos da portaria. “Não torço contra, mas temos razões mais do que suficientes para ficar com dois pés atrás”, disse.

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Energia - Sai a licença para Santo Antônio: Documento contém 40 exigências ao consórcio Madeira Energia, liderado por Furnas e Odebrecht

(Estado de São Paulo 12.08.2008 p. B6 Economia)

Leonardo Goy

O consórcio Madeira Energia, responsável pela construção da hidrelétrica de Santo Antônio, no Rio Madeira, terá de investir R$ 30 milhões no saneamento ambiental em Porto Velho, vizinha da usina. Essa é uma das 40 exigências que constam da licença de instalação da hidrelétrica, cuja liberação foi anunciada ontem pelo presidente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama), Roberto Messias, e pelo ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc.

Com a emissão do documento, que deverá ser formalizado até amanhã, o consórcio, liderado por Furnas e Odebrecht, poderá iniciar a obra. A licença exigirá do empreendedor a “adoção” de duas reservas ecológicas: o Parque de Mapinguari (AM) e a Estação Ecológica Jaru (RO). Também será exigido que o consórcio arque com os custos da demarcação e monitoramento de duas terras indígenas, Karicuna e Karitiana. Será preciso ainda investir R$ 6 milhões na compra de equipamentos para os bombeiros e para o Batalhão Florestal de Rondônia.

O ministro criticou o atraso do consórcio na apresentação de documentos. “A licença saiu o mais rápido possível, apesar do atraso dos empreendedores.” Minc disse que documentos importantes foram entregues ao Ibama e à Agência Nacional de Águas, responsável pela outorga do uso da água, só nas últimas semanas. “Não é razoável trabalhar dessa maneira. Vamos estabelecer um prazo de dois meses entre a entrega do último documento e a emissão da licença.”

A usina de Santo Antônio terá capacidade para gerar 3.150 megawatts. O investimento na obra é estimado em R$ 10 bilhões. O consórcio já anunciou que pretende antecipar de dezembro de 2012 para maio desse mesmo ano o início da geração de energia na usina.

TAXA DE COMPENSAÇÃO

Minc disse que o governo deverá concluir na próxima semana a definição da fórmula de cálculo das taxas financeiras de compensação ambiental que serão pagas por empreendedores responsáveis por projetos de grande impacto no meio ambiente. Segundo ele, falta apenas embutir na fórmula o efeito do risco potencial de agressão ambiental de uma obra.

O ministro lembrou que uma decisão recente do Supremo Tribunal Federal (STF) proibiu o Ibama de cobrar a compensação ambiental mínima de 0,5% do valor total do empreendimento. O STF, porém, não acabou com a cobrança em si. Por isso, o ministério iniciou estudos para definir uma fórmula capaz de estabelecer uma gradação para a taxa.

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Governo libera início de obra da 1ª usina do rio Madeira: Construção da hidrelétrica de Santo Antônio deve começar neste mês, prevê Ibama

(Folha de São Paulo 12.08.2008 p. B6 Dinheiro)

Como exigência ambiental, consórcio responsável pelo projeto terá de adotar dois parques nacionais e assumir custos de saneamento em RO

MARTA SALOMONDA SUCURSAL DE BRASÍLIA

As obras da hidrelétrica de Santo Antônio -a primeira do complexo do rio Madeira, em Rondônia- começam antes do final do mês, segundo estimativa feita ontem a partir da emissão da licença de instalação pelo Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis).Segundo previsão do consórcio Madeira Energia, responsável pela construção e pela operação da usina, 2 das 44 turbinas de Santo Antônio devem começar a operar em maio de 2012, sete meses antes da data prevista. A hidrelétrica tem potência de 3.150 MW, mais do que o dobro da potência da usina nuclear de Angra 3, e marca a retomada do projeto de construção de grandes usinas na Amazônia.Além do detalhamento de algumas condições impostas à obra já na ocasião da licença prévia, como a construção de canais destinados a garantir a reprodução dos peixes e a apresentação de projeto de uma eclusa, o ministro Carlos Minc (Meio Ambiente) anunciou que os empreendedores terão de adotar dois parques nacionais (Mapinguari e Jaú), assumir custos do saneamento ambiental de Porto Velho e do monitoramento de duas reservas indígenas e comprar equipamentos para o combate a incêndios.O custo dessas medidas ainda não foi calculado pelo consórcio responsável pela obra. De acordo com Minc, esse custo poderá alcançar R$ 100 milhões, ou cerca de 1% do valor estimado da usina.

JirauAinda hoje, o consórcio Energia Sustentável do Brasil, que ganhou o leilão para construir e operar a segunda hidrelétrica do rio Madeira, assina o contrato para fornecimento de energia por 30 anos, em solenidade no Palácio do Planalto. A mudança no projeto original da usina de Jirau, que ameaça levar o empreendimento a uma disputa judicial, ainda será objeto de análise pelo Ibama e por duas agências reguladoras."É um processo delicado", avaliou José Machado, presidente da ANA (Agência Nacional de Águas). Minc acenou que o Ibama apresentará conclusões "em pouco tempo" e reiterou que há quatro aspectos positivos, como a redução do volume de escavação, e um aspecto negativo: o aumento em 10,7 km2 da área inundada. "Mas isso pode significar quatro galinhas e um boi", observou em seguida o presidente do instituto, Roberto Messias.Durante a entrevista de ontem, Minc se queixou do atraso de empreendedores em apresentar documentos exigidos pelo licenciamento: "Não é razoável atrasar dessa maneira; o ônus recai sempre sobre o governo. Deixo um aviso aos empreendedores: daqui para a frente, tudo será diferente".Ao seu lado, o presidente da ANA informou que a outorga para a usina de Santo Antônio não saiu antes porque a Aneel só formalizou o pedido no mês passado.A ANA também teve de esperar uma manifestação do Ministério dos Transportes de que o governo não tem planos de construir uma eclusa no rio Madeira no trecho próximo a Porto Velho. A área destinada à construção da eclusa será ocupada nos próximos anos pelo canteiro de obras da hidrelétrica. Atualmente, esse trecho do rio não é navegável.

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Angra 3: comissão ignora exigência do Ibama: Para dar a licença de construção da usina, Cnen não prevê depósito definitivo para lixo atômico. Minc critica decisão

(O Globo 12.08.2008 p. 19 Economia)

Bruno Villas Bôas

A Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen) vai desconsiderar na licença de construção de Angra 3 - que deve ser concedida até o fim deste mês - a exigência do Ibama de uma nova solução para depósito do lixo atômico de alta radioatividade. O órgão regulador e fiscalizador da atividade nuclear autorizará a estatal Eletronuclear, responsável pelas obras e operação de Angra 3, a construir o chamado depósito inicial de rejeitos atômicos (basicamente combustível já utilizado na geração de energia elétrica). O depósito é uma espécie de piscina instalada dentro do prédio auxiliar do reator nuclear, atualmente usado para armazenar o lixo de Angra 2.

A solução foi criticada pelo ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc. Para ele, essa destinação do lixo nuclear não é razoável e, sem outra solução, a licença de operação de Angra 3 não será concedida pelo Ibama. As exigências vêm sendo consideradas, no entanto, uma ingerência nas atribuições da Cnen.

O presidente da Cnen, Odair Dias Gonçalves, afirma que a licença de construção - que tem foco na segurança do empreendimento - a ser concedida à Eletronuclear não exigirá a solução definitiva que quer o Ibama simplesmente porque a questão não faz parte das atribuições da empresa estatal. Segundo ele, o Ibama provocou um mal-entendido ao cobrar do empreendedor, e não da agência reguladora do setor, uma nova forma de depositar o lixo radioativo.

Constituição prevê que Cnen deve buscar solução

De acordo com Gonçalves, a atribuição e a responsabilidade da comissão sobre os chamados depósitos finais de rejeitos nucleares está prevista a Constituição. Por isso, o Ibama não poderia ter exigido que a Eletronuclear encontrasse uma solução definitiva para o lixo nuclear e tampouco a licença de construção pode exigir isso da companhia estatal.

- Não posso fazer para eles (Eletronuclear) uma exigência que deveria ter sido feita para mim - afirma Gonçalves, para quem a exigência do Ibama foi "desnecessária".

A Cnen pretendem discutir com o Ibama uma forma de flexibilizar a exigência de "solução definitiva", o que, de acordo com Gonçalves, ainda não existiria em nenhum país do mundo. Segundo ele, o que existe é uma técnica pela qual os rejeitos de alta radioatividade são confinados de forma tratada por mais de 500 anos, o que não representaria perigo para a sociedade. Seria o chamado depósito final, ainda não existente no Brasil.

- Estamos conversando com a Eletronuclear e com o Ibama para encontrar uma solução para a questão - acrescenta Gonçalves.

O assessor da presidência da Eletronuclear, Leonam dos Santos Guimarães, afirma que a estatal também entende que cabe à Cnen dar uma solução definitiva para os rejeitos. Ele acrescenta, no entanto, que a Eletronuclear está contribuindo para os estudos de uma nova forma de armazenamento.

A usina nuclear de Angra 3 terá capacidade para gerar 1.350 megawatts (MW) e exigirá investimentos da ordem de R$7,3 bilhões. O início de operação está previsto para meados de 2014.

Comissão quer garantias sobre eventual tremor de terra

Gonçalves diz que a licença de construção irá incorporar poucas novas exigências em comparação à licença de Angra 2, devido às semelhanças entre os dois empreendimentos. Entre as poucas alterações,

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a Cnen incorporou o tremor de terra de 5,2 graus na escala Richter que assustou moradores de quatro estados brasileiros, inclusive do Rio de Janeiro, em abril deste ano.

- A Eletronuclear terá de demonstrar que um tremor do gênero não afeta a estrutura da usina, mas isso não altera em nada o cronograma das obras - explicou Gonçalves.

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SÃO PAULO - Mesmo com o tema sustentabilidade, lideranças do agronegócio brasileiro não disfarçaram a insatisfação contra o Decreto 6.514, que estabelece punições para infrações contra o meio ambiente. Durante a sétima edição do Congresso Brasileiro de Agribusiness, João de Almeida Sampaio Filho, secretário da Agricultura e Abastecimento do estado de São Paulo chegou a afirmar que as regras seriam "incumpríveis".

O secretário disse que o próprio Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) não tem condições de dar o suporte necessário para que agricultores regularizem suas áreas. Por causa disso, não há como o governo exigir a regularização, afirmou o secretário.

Em entrevista coletiva, o ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, reconheceu que a norma, publicada em junho, é difícil de ser cumprida e disse que está negociando com o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, mudanças no texto. "Temos uma agenda de encontro com o ministro [Minc]", disse Stephanes, que espera fechar a questão dentro de, no máximo, um mês. O presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária da Câmara de Deputados, Valdir Collato (PMDB-SC), afirmou que o decreto vai inviabilizar o agronegócio nacional. "A regra pune toda a cadeia produtiva: quem produz, quem transporta, quem armazena, quem vende, todo mundo", afirmou o deputado.

Outra preocupação da cadeia agroindustrial é o volume de áreas destinadas à preservação ambiental, ocupação indígena e quilombolas que hoje chega a 326 milhões de hectares. Lideranças do setor já estão engajadas em viabilizar áreas agricultáveis na Amazônia Legal.

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Meio Ambiente - Dejeto animal poderia gerar até 2,4% da energia nos EUA: No Brasil, potencial estimado é de 300 a 500 MW/ano

(Valor Econômico 12.08.2008 p. B13 Agronegócios)

Bettina Barros, de São Paulo

Bovinos, suínos e aves poderiam representar até 2,4% da geração de energia elétrica nos EUA se seus dejetos fossem "levados a sério" pelo governo americano. Isso é o que diz um estudo inédito desenvolvido por pesquisadores do Texas, que calcularam o potencial de conversão em eletricidade dos gases liberados pelos dejetos desses animais. No Brasil, as estimativas de potencial energético com a suinocultura também são pequenas.

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Do ponto de vista ambiental, os pesquisadores também apontaram ganhos. Se os gases desses animais fossem convertidos em energia, o setor elétrico deixaria de jogar na atmosfera 4% dos gases de efeito estufa a ele atribuídos, responsáveis pelo aquecimento do planeta. "A produção de biogás a partir de dejetos animais tem o benefício menos controverso de reutilização de uma fonte existente de emissões de gases e o potencial de melhorar o meio ambiente", diz o paper, intitulado "Cow Power: The Energy and Emissions Benefits of Converting Manure to Biogas" ("O poder das vacas: os benefícios energéticos e das emissões da conversão de dejetos em biogás").

Publicado pelos pesquisadores Amanda D. Cuellar, do Departamento de Engenharia Química, e Michael Webber, do Centro Internacional para Política Energética e Ambiental, da Universidade do Texas, em Austin, o estudo é o primeiro que quantifica esse novo potencial de energia limpa no país.

Segundo o documento, o rebanho bovino, suíno e de aves produz somente nos Estados Unidos mais de 1 bilhão de toneladas de dejetos anualmente. A maior parte é coletada em tanques ou simplesmente deixada ao ar livre para decomposição, em processos que

liberam gás metano e, em menor parte, óxido nitroso, ambos extremamente nocivos ao ambiente.

Hoje, países como o Brasil e o México já capturam através de dutos os gases liberados nas granjas, que então são queimados e convertidos em dióxido de carbono, o CO2. O fato de o CO2 ser menos nocivo que o metano ou o óxido nitroso faz com que essas granjas estejam aptas a aderir ao chamado Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) do Protocolo de Kyoto. Por esse mecanismo, países em desenvolvimento podem vender créditos aos países desenvolvidos. Por convenção, cada tonelada de CO2 equivale a um crédito de carbono no mercado internacional.

A geração de energia é geralmente uma segunda etapa e ainda engatinha em muitos países. No Brasil, a Sadia realiza estudos de viabilidade técnica para gerar energia elétrica para seus produtores integrados no fim de 2009.

De acordo com José Domingos Miguez, secretário-executivo da Comissão Interministerial de Mudança Global do Clima - a autoridade máxima do assunto no país -, o potencial estimado de geração elétrica no Brasil de dejetos animais seria pequeno. Em um cálculo rápido, ele estima algo entre 300 a 500 MW/ano, dependendo da eficiência e considerando-se um estoque de 35 milhões de suínos no país. "Aqui só os suínos poderiam gerar energia, já que o nosso gado é criado solto e nos Estados Unidos é confinado", ressalta.

Os Estados Unidos não desenvolvem ainda esses projetos porque não ratificaram o Protocolo de Kyoto. Mas o estudo do Texas aponta as vantagens - energéticas e ambientas - da conversão.

A agricultura como um todo emitiu 536 milhões de toneladas de gases-estufa em 2005 nos EUA, cerca de 7% das emissões totais do país neste ano, segundo a Agência de Proteção Ambiental (EPA, em inglês). Desse volume, 50,8 milhões de toneladas de CO2 foram resultado dos dejetos animais.

Os pesquisadores do Texas compararam o potencial energético do carvão, amplamente usado nos EUA, e dos animais. Os Estados Unidos consomem 3,8 trilhões de kWh por ano. Pelos cálculos dos pesquisadores, o biogás animal poderia chegar a 108,8 bilhões de kWh, praticamente 2,9% do consumo total. A representação de cada espécie, segundo os autores, seria da seguinte forma: gado de corte geraria 10,5 bilhões de kWh; gado de leite, 10,8 bilhões de kWh; suínos, 14,5 bilhões de kWh; aves, 14,7 bilhões de kWh; e outros rebanhos 58,2 milhões de kWh.

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As emissões dos EUA de gases-estufa atingiram 7,08 bilhões de toneladas em 2006, segundo dados do Departamento de Energia.

Ler mais no www.iop.org

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Eike, criminoso ambiental(Carta Capital n. 508 - 13.08.2008 p. 26)

Seria mais fácil a vida dos fiscais do Ibama, em Corumbá, caso fosse preciso tomar cuidado somente com os problemas naturais do meio ambiente. Mas, por obrigação contratual, além das ameaças constantes dos carvoeiros que usam o trabalho escravo para queimar o Pantanal, eles estão encarregados, também, de investigar o uso de carvão ilegal na siderúrgica MMX, do megamilionário Eike Batista, recordista de multas por crimes ambientais em Mato Grosso do Sul.

De dezembro a julho deste ano, a siderúrgica foi autuada em 29, 4 milhões de reais pelo uso de carvão produzido ilegalmente, muitas vezes com madeira nativa do Pantanal. O dinheiro é uma ninharia para Eike. O dano é imenso para o meio ambiente. O trabalho dos fiscais, que já era ruim, piorou a partir de março. Eles agora enfrentam a oposição declarada de David Lourenço, superintendente do Ibama no estado.

David está no cargo por indicação do senador petista Delcídio Amaral. De acordo com o TSE, Delcídio recebeu doação de 400 mil reais de Eike para custear uma fracassada campanha para o governo estadual, em 2006. Agora, para escapar do “fogo amigo”, ateado pelo superintendente David, os fiscais que investigam a MMX passaram a tratar diretamente com a direção do Ibama, em Brasília.

http://www.cartacapital.com.br/app/coluna.jsp?a=2&a2=5&i=1742

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Energia - Chantagem atômica: A retomada das obras de Angra 3 esbarra em exigências exageradas do Ibama e na inércia de estatais e ministérios

(Veja - ed. 2073 - 13.08.2008 p. 138-139)

Marcelo Bortoloti

A construção da usina nuclear Angra 3 sofre, há mais de trinta anos, de paralisia crônica. O projeto, dos anos 70, começou a andar em 1984, e as obras foram interrompidas dois anos depois, durante o governo de José Sarney. Só no mandato de Fernando Henrique Cardoso se voltou a falar no assunto. Finalmente, em junho do ano passado, o Conselho Nacional de Política Energética – composto de sete ministros, além de representantes da sociedade civil – decidiu tirar do papel a unidade, capaz de gerar 1

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400 megawatts de energia (suficiente para suprir um terço do consumo do estado do Rio de Janeiro). Um ano depois, nada indica que o projeto vá mesmo andar. VEJA procurou cada um dos setores do governo envolvidos no assunto para conferir o que já foi feito. Descobriu-se um fosso entre o discurso oficial, que promete o início das obras para breve, e a realidade.O Ministério do Meio Ambiente, o crítico mais feroz da energia nuclear, comprometeu-se a apressar o licenciamento ambiental. De fato o fez, o que é um avanço em relação à inércia do passado. Mas o Ibama, órgão subordinado ao ministério, apresentou uma lista de exigências excessiva para liberar a obra, como a promoção de ações educativas para o fim da pesca de arrasto na região (veja o quadro). O Ministério de Minas e Energia nem sequer definiu o modelo de venda dessa energia, e a Eletrobrás, a quem cabe buscar financiamento com empresas estrangeiras e com o BNDES, também não se mexeu, sob o argumento de que depende das definições do governo. A Eletronuclear, que deveria negociar uma atualização de orçamento com a construtora Andrade Gutierrez, contratada para realizar a obra em 1983, não tomou providências. Ainda assim, o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, insiste que as obras começam em setembro. A impressão que se tem é que o ministro está falando sozinho. O Ibama, que recebeu em 2005 a solicitação de licença prévia, só a concluiu há três semanas. Nela,

impôs sessenta exigências para conceder a licença de construção. Segundo a Eletronuclear, é impossível dar conta de todas elas e iniciar as obras antes de fevereiro de 2009, o que significa um atraso de pelo menos um ano em relação ao cronograma estabelecido na reunião de 2007. Uma análise mais detalhada da lista demonstra o absurdo. A licença prévia é um documento técnico. No caso de uma usina nuclear, envolve estudos complexos e requer conhecimentos científicos. Mas, além das exigências que já encontrou prontas, o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, acrescentou,

de próprio punho, quatro itens à pauta. Entre eles, que se dê destinação final ao lixo atômico. Parece uma condição cabível. No entanto, nem mesmo os Estados Unidos, donos de 104 usinas nucleares, conseguiram isso. O que se tem são soluções provisórias até que se viabilize economicamente a tecnologia para o reaproveitamento dos rejeitos de urânio. No caso do Brasil, ainda há um complicador, como lembra o presidente da Comissão Nacional de Energia Nuclear, Odair Dias Gonçalves. "Não podemos construir um depósito final sem saber quantas usinas nucleares serão instaladas no país nos próximos anos", diz. Pela lei, a Eletronuclear já destinaria 1,1% do valor da obra – 80 milhões de reais – para compensações ambientais. Não é pouco. Por que, então, acrescer à lista de ações obrigatórias para reduzir o impacto ambiental da obra itens como a adoção do Parque da Bocaina? O Brasil precisa urgentemente de novas fontes de energia. No início deste ano, por muito pouco não foi preciso recorrer a um programa de racionamento, como ocorreu em 2001. O perigo imediato passou. Isso não significa que o problema tenha acabado. Para crescer a taxas de 5% nos próximos anos, o país terá de dobrar sua oferta de energia até 2030. O Plano Nacional de Energia prevê que, até lá, será necessário duplicar a participação da energia nuclear na matriz elétrica brasileira. Sem Angra 3, isso é impossível. Falsas promessas e exigências descabidas podem dar algum brilho momentâneo a paladinos da defesa ambiental. Mas não acendem lâmpadas nem movem indústrias.  

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Direito Urbanístico: Desafios do Direito Urbanístico no Brasil(Carta Forense – Ago./2008 p.42)

Com base na distribuição de competências consagrada pela Constituição de 1988, o Direito Urbanístico Brasileiro delega ao poder público municipal atribuições que de longe ultrapassam o papel tradicionalmente reconhecido ao Planejamento Urbano, que se reduzia a mera técnica de ordenação físico-territorial das cidades. É o ente municipal, através do Plano Diretor, que detém a responsabilidade de estabelecer concretamente critérios e condições, bem como adotar instrumentos, para garantir a função social da propriedade nas cidades. À União compete estabelecer as diretrizes gerais da política urbana bem como indicar normas gerais a serem atendidas pelos demais entes da federação nesta matéria. O Estatuto da Cidade cumpriu o papel de regulamentar o capítulo da Política Urbana da Constituição Federal estabelecendo normas gerais para balizar a política urbana a ser desenvolvida pelos municípios. Aparentemente, observa-se um fortalecimento do Direito Urbanístico Brasileiro no atual momento histórico, especialmente em função do término do prazo de cinco anos estabelecido pelo Estatuto da Cidade para que as cidades com mais de vinte mil habitantes e/ou integrantes de regiões metropolitanas elaborassem seus planos diretores. O dispositivo legal gerou inúmeras campanhas de apoio do poder público à elaboração de planos diretores e conseqüentemente, um forte incremento das discussões sobre Planejamento Urbano em cidades de todo o país . Além de terem autonomia para regulamentar os instrumentos do Estatuto da Cidade em seus territórios através dos Planos Diretores (desde que não contrariem as normas gerais do Estatuto da Cidade), os municípios tem ainda a possibilidade de elaborar instrumentos jurídicos e urbanísticos que contemplem suas necessidades e especificidades. As iniciativas municipais, todavia, ainda são bastante tímidas se consideramos o conjunto das cidades brasileiras. Neste aspecto é preciso maior ousadia dos gestores da política urbana, pois a nova ordem jurídico-urbanística tem princípios e diretrizes claramente inovadores, que somente através da implementação de instrumentos adequados a cada realidade municipal terão efetividade.

Em que pese o fortalecimento do Direito Urbanístico nas cidades em função dos planos diretores, a União ainda está devendo ao país a revisão de uma série de leis importantes para a Política Urbana, pois o Estatuto da Cidade não dá conta de uma série de temas cruciais para o desenvolvimento urbano, como é o caso, por exemplo, do parcelamento do solo urbano. A lei federal de parcelamento do solo urbano, lei 6.766/79, propôs um modelo para o parcelamento do solo no país que já dava mostras de seu esgotamento menos de dez anos depois, já à época da Assembléia Nacional Constituinte. Regras rígidas, padrões que não dialogam com a produção social e cultural do habitat pelos pobres, criminalização das atividades de produção da cidade que destoam destes mesmos parâmetros legais inadequados, somados a lacunas e omissões sobre uma série de temas importantes (como o estabelecimento de regras para a aprovação de condomínios fechados) foram ingredientes poderosos para o rápido esgotamento do modelo proposto pela 6766/79.

O desastre urbanístico se completou na esfera municipal, com uma gestão ineficiente, omissa e espectadora da urbanização de uma cidade que se produz desigualmente. O lado avesso da aplicação da lei 6766/79 pode ser visto em um rápido passeio por qualquer cidade brasileira, pois em todas elas parte do território é vítima da aprovação de projetos de parcelamento que se tornarão rapidamente irregulares; parte se produz pela ação popular, sem protocolo de qualquer projeto na municipalidade, por famílias que se amontoam onde conseguem para poder morar em casas que jamais receberam "habite-se"; e ainda uma parte produzida de acordo com a lei, esta cercada por arame farpado e vigiada por seguranças particulares, na qual vive a elite econômica da cidade e parte das assustadas classes médias brasileiras.

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Já tramita no Congresso Nacional um projeto de lei modificando a lei 6.766/79, em boa medida incorporando os princípios e diretrizes da Política Urbana estabelecidos pelo Estatuto da Cidade e se ocupando de lacunas históricas, como a regularização de loteamentos irregulares e clandestinos e o licenciamento de condomínios urbanísticos . A complexidade dos temas tratados pela lei, bem como o vulto dos interesses em jogo na aprovação dessa normativa estão tornando o processo de tramitação bastante lento, com inúmeros avanços e recuos, sucessivos substitutivos, lobbies poderosos e disputas permanentes. A aprovação de um projeto de lei fiel às diretrizes do Estatuto da Cidade é crucial para que os entes municipais possam executar a política urbana com maior instrumental e segurança jurídica, balizados pelas diretrizes da lei federal de Desenvolvimento Urbano e reequilibrando a distribuição de responsabilidades e competências entre os entes federativos. Nesse cenário, é preciso reconhecer que a demora na revisão da lei 6.766/79, não é exceção quando se fala em aprovação e aplicação de leis e instrumentos jurídicos e urbanísticos ligados ao cumprimento da função social da cidade e da propriedade em nosso país: o próprio Estatuto da Cidade levou 11 anos em sua tramitação no Congresso Nacional. É que garantir efeitos jurídicos ao princípio da função social da propriedade contrasta com a estrutura fundiária que o país mantém intocada no campo há séculos, em uma escandalosa concentração de terra rural nas mãos de poucos proprietários que apresenta números assustadores e contribui para a miséria e a violência no campo .

O poder político dos proprietários, de diferentes formas manifestado, demonstra a força jurídica que ainda detém o direito individual de propriedade no Brasil, sugerindo que há, como pano de fundo para o desenvolvimento de políticas, projetos e instrumentos urbanísticos, uma disputa em curso no país. O sentido desta "queda de braço" diz respeito ao conteúdo e ao alcance da ordem jurídico-urbanística emergente, calcada no reconhecimento do princípio da função social da propriedade como fundante da política urbana, em claro contraponto a uma velha ordem jurídica ainda nucleada por um antigo estatuto garantido ao direito individual de propriedade.

A naturalização da concentração da terra no Brasil rural, contribui para o fortalecimento de um imaginário social em que o proprietário tem plenos poderes e dever algum para com a sociedade. Essa visão distorcida do direito de propriedade, interpretado como desprovido de seu maior dever que é a observância da função social e ambiental da propriedade, é mecanicamente transposta do campo para a cidade, fazendo com que além dos proprietários urbanos, uma boa parte da sociedade (ainda que não proprietária!) e até mesmo técnicos municipais vejam com desconfiança os novos instrumentos jurídicos e urbanísticos oriundos do Estatuto da Cidade. Esse obstáculo cultural parece ter uma importância simbólica importante na explicação da dificuldade do Brasil avançar mais rapidamente no desenvolvimento e, sobretudo, na garantia de efetividade dos seus instrumentos urbanísticos.

Historicamente, os proprietários urbanos brasileiros gozaram de muita liberdade no exercício do seu direito, limitando-se a observar umas poucas limitações administrativas, especialmente durante a vigência do Código Civil de 1916. Em que pese a promulgação do Decreto lei 58 ser de 1937, é apenas com a promulgação da lei 6766/79, que o país conheceu um regramento mais completo a respeito do parcelamento do solo urbano. A imensa crônica de irregularidades e desrespeito à lei, de norte a sul do país, todavia, só reforça a interpretação de que a postura arrogante dos proprietários de terra prevaleceu ao longo da história, infelizmente contando, muitas vezes, com a conivência do poder público. As inúmeras ocupações existentes nas cidades brasileiras e que tem hoje direito à regularização fundiária segundo o Estatuto da Cidade, também nada mais são do que testemunhos territoriais de que antes da promulgação da Constituição Federal os proprietários urbanos brasileiros tanto podiam fazer o que bem entendessem que não faziam nada, abandonavam a terra de forma desidiosa e desinteressada. Andou bem o constituinte ao reduzir o prazo da usucapião, nas cidades, para apenas cinco anos de posse continuada, portanto, e ainda mais o legislador do Estatuto da Cidade, que admitiu a usucapião coletiva.

É evidente que mudar as regras de um jogo que há séculos tem as mesmas regras, não é movimento simples, enfrenta poderosas resistências e depende de muitos fatores. Entendo que para garantir a efetividade dos novos instrumentos trazidos ou formulados no marco legal do Estatuto da Cidade, é

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crucial que os municípios incrementem sua capacidade de gestão do uso do solo e assumam de forma proativa o papel de gestor que a nova ordem jurídico-urbanística brasileira lhes reservou.

O modelo de planejamento urbano que é meramente homologador de iniciativas privadas (muitas vezes contrárias ao interesse coletivo), não encontra mais respaldo legal e está eivado de inconstitucionalidade no Brasil contemporâneo. A política urbana brasileira tem que ser executada segundo as diretrizes do Estatuto da Cidade por comando constitucional inscrito no artigo 182, caput. As diretrizes da política urbana inscritas no artigo 2º do Estatuto da Cidade, por sua vez, trataram de empoderar o ente municipal para agir enfrentando os tradicionais direitos inerentes ao domínio quando estes estiverem sendo exercidos abusivamente: seja retendo especulativamente o solo urbano, abandonando a terra, privatizando a valorização decorrente do investimento público ou ainda ignorando os desígnios estabelecidos democraticamente pela normativa urbanística.

O desafio presente, portanto, para o jovem Direito Urbanístico brasileiro, tem duas principais vertentes. Em primeiro lugar, proceder à atualização da regulação do parcelamento do solo urbano no país dada sua inadequação diante das diretrizes do Estatuto da Cidade e, em segundo lugar, monitorar a efetividade dos novos instrumentos jurídicos e urbanísticos que garantem a função social da cidade e da propriedade no Brasil, movimento que só se verificará com a ativa participação dos beneficiários dos novos direitos difusos e com uma gestão da política urbana mais corajosa e à altura da historicidade do momento presente.

http://www.cartaforense.com.br/Materia.aspx?id=2125

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AVIAÇÃO

Aviação - CEF muda critério de preços para obras em aeroportos: Alteração foi definida para tentar acabar com a queda-de-braço entre TCU e Infraero; auditoria aponta superfaturamento de

R$ 3 bilhões (Estado de São Paulo 12.08.2008 p. C4 Cidades)

Tânia Monteiro, Rosa Costa e Pedro Dantas

Um dia depois de o Estado revelar a queda-de-braço entre o Tribunal de Contas da União (TCU) e a Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária (Infraero), por causa dos custos das obras em nove dos principais aeroportos do País, o ministro da Defesa, Nelson Jobim, confirmou que a Caixa Econômica Federal (CEF) já montou uma tabela com parâmetros especiais para definir o valor da construção civil pesada para serviços aeroportuários. A tabela de custos especiais da CEF está agora sendo analisada por órgãos do governo (como o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, o IBGE) e universidades (como a USP e a Unicamp).

“O TCU não pode comparar a construção de rodovias com a de pistas que recebem aviões de grande porte. As obras são diferentes, os valores são diferentes e os critérios de comparação têm de ser diferentes”, disse Jobim, fazendo coro com as reclamações da Infraero expostas na reportagem do Estado publicada na edição de ontem. Auditoria do TCU em nove aeroportos, que estão com as obras

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paradas ou quase parando, calculou que há um superfaturamento em torno de R$ 3 bilhões nos contratos.

OUTUBRO

“Espero que esse trabalho de análise da tabela da CEF com os preços de obras aeroportuárias termine em outubro. E as obras continuem a partir daí sem problemas”, disse Jobim. O TCU também confirmou ao Estado a existência da nova tabela da Caixa.

“A Infraero é presa por ter e por não ter cachorro. Se colocamos um preço alto, o TCU nos acusa de sobrepreço. Se colocamos um preço baixo, as empresas não se interessam por concorrer pela licitação e alegam que não é possível realizar a obra por aquele valor”, disse ontem no Rio o presidente da Infraero, Sérgio Gaudenzi.

De acordo com ele, outra solução seria o TCU adotar como referência os preços praticados nos países vizinhos. Gaudenzi, que classificou a fiscalização do TCU como “percalço”, disse que o temor pelo embargo de obras e licitações faz muitas vezes a estatal praticar preços nas concorrências que não atraem empresas.

Em carta enviada ao Estado, a Casa Civil disse ontem que “não recebeu nenhuma orientação e/ou determinação do TCU” no sentido de “estudar um novo mecanismo oficial de medição específica para as obras aeroportuárias”. E acrescentou: “Não é verdade que, ‘quase seis meses depois nada foi apresentado pelo Executivo’.” Era o que o TCU havia informado ao Estado.

A Casa Civil disse que “as providências para a criação desse sistema começaram em maio de 2007, com a assinatura de convênio pela Infraero com a CEF para desenvolver um instrumento próprio de medição de custos para obras aeroportuárias.”

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Cabral insiste na privatização de aeroporto(Monitor Mercantil 12.08.2008 p. 1 Capa)

O governador do Rio de Janeiro, Sergio Cabral, continua em campanha aberta pela privatização do Aeroporto Internacional Tom Jobim, do Rio. Ontem, ele reforçou o pedido ao presidente da Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária (Infraero), Sergio Gaudenzi, alegando que a situação atual do aeroporto, com a necessidade de várias reformas, pode comprometer a candidatura da cidade às Olimpíadas de 2016.Cabral estima que sejam necessários investimentos de mais de R$ 500 milhões para adequar o aeroporto às exigências dos Jogos Olímpicos. Ele destacou a necessidade de se reformar os dois terminais e implantar normas de segurança internacionais e anti-terroristas.

A privatização, de acordo com o governador, faria com que o próprio governo federal, atual responsável pelo aeroporto, tivesse receita.

Em audiência pública na Assembléia Legislativa do Rio (Alerj), o governador ressaltou ainda que grandes aeroportos internacionais já são administrados pela iniciativa privada, como os de Londres (Inglaterra), Frankfurt (Alemanha), Lima (Peru) e Quito (Equador).

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Mercado de Aviação - Socorro à Alitalia pode vir de fora: Berlusconi: aliança será internacional e não a venda proposta pelo governo anterior

(Monitor Mercantil 12.08.2008 p. 3 Financeiro)

Uma "grande empresa estrangeira" está negociando a formação de uma aliança com a Alitalia, informou o primeiro-ministro italiano, Silvio Berlusconi. Segundo ele, a aliança será de nível internacional, exatamente o oposto da já cogitada hipótese de uma venda para o grupo franco-holandês Air France-KLM (negociação desejada pelo governo anterior, mas não apoiada pelo premier). Berlusconi afirmou já ter plano industrial, investidores e o capital necessário para o novo empreendimento. Mesmo assim, será necessário o corte de alguns funcionários.

Desmentindo boatos de que estaria enfrentando uma crise financeira, a Air One, outra companhia italiana, já afirmou estar interessada em participar do esforço de recuperação da Alitalia, comunicou seu presidente Carlo Toto. Ele citou que o nível de endividamento da Air One é perfeitamente "saudável", causado principalmente pelos investimentos em novos aviões em sua frota.

WebJet lidera a impontualidade

A WebJet foi a companhia aérea brasileira que mais prejudicou seus passageiros por causa da falta de pontualidade de seus vôos, com 31,5% deles registrando atrasos de mais de meia hora em julho. Outra companhia que apresentou resultado negativo foi a Varig, subsidiária da Gol, que registrou 15,9% de atrasos no mesmo mês, segundo dados divulgados pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).

O melhor desempenho obtido foi o da OceanAir, com 13,2%, resultado significativo visto que em dez meses a empresa registrou o pior desempenho em atrasos entre todas as companhias aéreas brasileiras, atingindo 56,2% em julho de 2007.

De acordo com a Anac, 15,4% dos vôos do país foram afetados por atrasos no mês passado, mas a perspectiva é de as quedas nos atrasos continuem durante a segunda metade deste ano. Para a agência, a redução dos índices de atraso das companhias é conseqüência das mudanças promovidas pelas próprias empresas.

Rynair pode cancelar reservas

A Rynair pode cancelar reservas de vôos feitas pela Internet quando essas tiverem sido realizadas por um site não oficial da empresa, comunicou a Comissão Européia. O processo de identificação dessas reservas começou nesta segunda-feira, e a companhia aérea irlandesa de baixo custo deve cancelar milhares de vôos nos próximos dias.

Essa medida pode afetar vôos programados até para março de 2009. A Rynair garante que o valor das passagens será integralmente devolvido aos compradores e operadores, que depois devem reembolsá-las aos clientes.

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Varig-VarigLog - Piloto vai ao Senado acusar fundo americano: Matlin Patterson teria apoio no Executivo e Judiciário

(Jornal do Brasil 12.08.2008 p. A12 País)

Paulo Marcio Vaz

O caso Varig/Variglog volta à pauta do Senado amanhã, quando o comandante Élnio Borges Malheiros, presidente da Associação dos Pilotos da Varig (Apvar), vai ser ouvido durante audiência pública na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CREDN). O novo depoimento de Malheiros – em 9 de julho, ele falou sobre o assunto na Comissão de Serviços de Infra-Estrutura (CI) – atende a um requerimento do senador Flexa Ribeiro (PSDB-PA). O objetivo, segundo o parlamentar, é "esclarecer denúncia sobre suposto favorecimento, pela Casa Civil da Presidência da República, ao fundo americano de investimentos Matlin Patterson, durante o processo de compra da Varig pela Variglog".

"Em decorrência de novos fatos sobre a transação que envolveu a compra e venda da Varig e Varilog, o comandante Élnio Borges certamente tem informações que irão complementar os esclarecimentos que já prestou perante a Comissão de Serviços de Infra-Estrutura", afirma Flexa Ribeiro, na justificativa do requerimento.

Localizado em Bruxelas, na Bélgica, o comandante Malheiros falou por telefone com a reportagem do Jornal do Brasil. Ele não quis adiantar o conteúdo do depoimento de amanhã, mas ressaltou que está se preparando para falar sobre a suposta influência do fundo Matlin Patterson em ações do Judiciário e do Executivo.

– Os fatos novos dizem respeito a assuntos que demonstram o exercício de força feito pela Matlin Patterson e de como ela consegue influenciar os poderes Judiciário e Executivo – adiantou.

Malheiros chega ao Brasil nesta quarta e segue amanhã para Brasília. O comandante classificou seu depoimento no Senado como uma "apresentação".

– É um conjunto que estamos preparando para poder apresentar no Senado. Mas não tenho como adiantar o conteúdo – insistiu.

Em 9 de julho, em seu depoimento na CI, o comandante classificou de "fraude" a negociação feita em 2006. Na época, a Variglog era controlada pelo fundo de investimentos americano Matlin Patterson junto aos sócios brasileiros Marco Antonio Audi, Marcos Haftel e Luis Eduardo Gallo, da empresa Volo do Brasil. Segundo Malheiros, os sócios da Volo seriam, na verdade, testas de ferro da Matlin Patterson. A legislação brasileira proíbe que grupos estrangeiros controlem mais de 20% de empresas aéreas nacionais.

Novos diretores

Em 1º de abril, por decisão do juiz auxiliar José Paulo Camargo Magano, da 17ª Vara Cível de São Paulo, os sócios brasileiros foram afastados da direção da Variglog por "gestão temerária". Foi dado um prazo para a Matlin Patterson apresentar os nomes de novos diretores brasileiros, visando atender à legislação. As pessoas apresentadas são a chinesa naturalizada Chan Lup (51% das ações) e o americano, também naturalizado, Marcussen Miller (29%).

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Denúncias sobre uma suposta atuação da Casa Civil na ação que resultou na venda da antiga Varig para a Variglog foram confirmadas pela ex-diretora da Agência Nacional de Aviação (Anac), Denise Abreu, que também prestou depoimento na Comissão de Infra-estrutura do Senado. Denise disse que foi pressionada pela ministra Dilma Roussef para beneficiar o Matlin Patterson na operação de compra da Varig. O advogado Roberto Teixeira, compadre do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, também foi acusado, por Audi, de ter praticado tráfico de influência ao usar o nome de Lula para "abrir portas".

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Aviação - Capital privado para tirar terminal do vermelho(Jornal do Brasil 12.08.2008 p. A17 Economia)

Devido à boa relação entre o governo estadual e o federal, o governador Sérgio Cabral acredita em uma definição rápida do presidente Lula sobre a forma de gestão do Aeroporto Internacional Tom Jobim. Na reunião, representantes dos governos estadual e federal e de companhias áreas apresentaram sugestões de gestões privada, concessionária e mista.

Para Cabral, a melhor solução seria o governo estadual ter o controle administrativo do Tom Jobim para abrir licitação para a iniciativa privada. Segundo o governador, dois grupos internacionais mostraram interesse em arrendar o aeroporto.

– Vamos nos concentrar no que é fundamental e olhar para modelos internacionais. Vários grandes aeroportos como o de Londres, Frankfurt, Lima, Quito são concessionados. Não tem nada de ideológico nisso – apela para o presidente da Infraero, Sergio Gaudenzi. – Não se perde soberania nacional com a concessão à iniciativa privada. Soberania é controle aéreo e outras medidas, não gestão de aeroportos.

Para o secretário de Estado de Transportes, Julio Lopes, o modelo de gestão proposto, caso a mudança seja imediata, não irá interferir na liberação dos recursos para a reforma e ampliação do Galeão.

– Um processo de concessão não atrapalhará em nada a liberação dos recursos, que são imprescindíveis. Temos vários exemplos de aeroportos do exterior que passaram pelo processo e tiveram sucesso – afirma o secretário. – O Tom Jobim era um importante contribuinte no conjunto do governo, mas hoje pode ser considerado um tomador de recursos.

Julio Lopes lembra que dados da secretaria, com base em números apresentados pela Infraero, mostra que nos últimos cinco anos o lucro líquido do Galeão é decrescente em relação ao número de passageiros. Enquanto o Tom Jobim apresentou um lucro líquido de R$ 30 milhões e R$ 14 milhões em 2003 e 2004, respectivamente, fechou 2007 com saldo negativo de R$ 196 mil.

Capital aberto

Especialistas apontam que as alternativas de gestão apresentadas pelos governantes podem transformar o Tom Jobim em um aeroporto rentável. A participação da iniciativa privada pode atrair novas companhias e gerar novas linhas aéreas.

– A forma como o aeroporto é administrado funciona como atrativo para novas empresas. Nos últimos anos, o Galeão perdeu companhias para outros aeroportos por causa da falta de estrutura – lembra o advogado que estuda modelos de privatização de aeroportos, Fernando Osório.

Para ele, abrir o capital da Infraero seria uma solução para resolver os problemas aeroportuários do país.

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– Sociedades economicamente mistas têm interesse de prestar um bom serviço, porque apresentam contas ao acionistas – opina.

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Aviação - Viracopos é alternativa federal para aeroporto próximo a São Paulo(DCI 12.08.2008 p. B2 Serviços)

BRASÍLIA SÃO PAULO - Embora o Ministério da Defesa diga que o governo federal "não desistiu" da construção de um novo aeroporto na região metropolitana de São Paulo, já existe no Planalto um foco para os investimentos alternativos a Cumbica, em Guarulhos, e Congonhas. Segundo informações de Brasília, o "plano B" seria o Aeroporto de Viracopos, em Campinas. Ou seja, a meta de procurar "a melhor localização para um aeroporto que fique a menos de 100 km de Congonhas" é mantida, mas, mesmo assim, a Empresa Brasileira de Infra-estrutura Aeroportuária (Infraero) quer dotar Viracopos de uma segunda pista até o fim de 2009. O objetivo é que até 2030 Campinas tenha "o maior aeroporto da América do Sul", movimentando 60 milhões de passageiros por ano.

Outra alternativa que também está sendo cobrada da Infraero é a conclusão do Terminal 2 de passageiros do Aeroporto Internacional Tom Jobim (Galeão), no Rio de Janeiro, além de fazer a modernização do Terminal 1, onde já foram investidos cerca de R$ 70 milhões. Os investimentos no Galeão devem chegar a R$ 400 milhões.

Além disso, ontem, o governador do Rio de Janeiro, Sergio Cabral, pediu a Infraero, a privatização do Galeão. Segundo ele, se as reformas no aeroporto não forem feitas, a candidatura da cidade a sede das Olimpíadas de 2016 poderá estar comprometida. Sérgio Gaudenzi, presidente da Infraero disse que o prazo de conclusão das obras é de três anos e meio, independentemente do Rio de Janeiro ser ou não a sede dos Jogos Olímpicos.

Concorrência

A chegada da Azul Linhas Aéreas, prevista para janeiro de 2009, já está mobilizando as concorrentes. Na semana passada, as aéreas TAM e Gol entraram junto à Anac com pedidos de autorização de vôo para rotas de interesse da nova companhia de David Neeleman.

As duas líderes querem voar do Rio de Janeiro para Vitória, Brasília e Belo Horizonte e, também, de Belo Horizonte para Congonhas. Esses vôos estão proibidos pelo antigo Departamento de Aviação Civil (DAC), antecessor da Anac, que limitou o Santos Dumont à operação de ponte aérea e aviação regional.

Outra pequena, mas que está longe de incomodar as líderes é a WebJet, considerada a companhia aérea brasileira que mais prejudicou seus passageiros, com atrasos de mais de 30 minutos em julho. Segundo a Anac, 31,5% dos vôos da empresa atrasaram mais de meia hora.

Alitalia

O primeiro-ministro italiano, Silvio Berlusconi, disse estar negociando com uma "grande empresa estrangeira" uma aliança com a Alitalia. A estratégia resolveria os problemas de liquidez da aérea.

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Depoimento - Audiência pública debate venda da Varig (Gazeta Mercantil 12.08.2008 p. A7 Direito Corporativo)

Paulo Marcio Vaz

O caso Varig/Variglog volta à pauta do Senado amanhã, quando o comandante Élnio Borges Malheiros, presidente da Associação dos Pilotos da Varig (Apvar), vai ser ouvido durante audiência pública na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE). O novo depoimento de Malheiros - em 9 de julho, ele falou sobre o assunto na Comissão de Serviços de Infra-Estrutura (CI) - atende a um requerimento do senador Flexa Ribeiro. O objetivo, segundo o parlamentar, é "esclarecer denúncia sobre suposto favorecimento, pela Casa Civil da Presidência da República, ao fundo americano de investimentos Matlin Patterson, durante o processo de compra da Varig pela Variglog".

"Em decorrência de novos fatos sobre a transação que envolveu a compra e venda da Varig e Varilog, o comandante Élnio Borges certamente tem informações que irão complementar os esclarecimentos que já prestou perante a Comissão de Serviços de Infra-Estrutura", afirma Flexa Ribeiro, na justificativa do requerimento.

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Aviação - American Airlines terá vôos para o Nordeste e BH: Revisão do acordo entre Brasil e EUA, permite expansão

(Valor Econômico 12.08.2008 p. B4 Empresas)

Roberta Campassi, de São Paulo

A turbulência no mercado aéreo dos Estados Unidos não impediu a American Airlines de investir em novos vôos para o Brasil. A companhia cria, em novembro, dois vôos regulares diretos entre Miami, no sudeste do território americano, e o Nordeste brasileiro e entre Miami e Belo Horizonte.

A American, a maior companhia aérea mundial, foi a primeira empresa entre suas concorrentes americanas a anunciar vôos para outras capitais brasileiras além de São Paulo e Rio de Janeiro, os dois mercados mais tradicionais para vôos ao exterior. A expansão, que era planejada há mais de um ano, só foi possível depois que Brasil e EUA ampliaram o acordo que rege as operações aéreas entre os dois países, em junho deste ano. O número de vôos semanais permitido a partir de cada país passou de 105 para 154, sendo que a expansão será em três fases: 21 novas freqüências neste ano; 14 em 2009 e 14 em 2010. As empresas americanas já utilizavam todos os vôos, enquanto do lado brasileiro são utilizados 42, apenas pela TAM, única brasileira com vôos de longa distância ao exterior.

Segundo Dilson Verçosa Jr., diretor comercial da American Airlines no Brasil, a companhia terá um vôo diário na rota Miami - Salvador - Recife - Miami. A operação entre Miami e Belo Horizonte será feita três vezes por semana. Essas dez freqüências semanais foram autorizadas para a American pelo Departamento de Transporte americano (DOT) no fim de semana, dentro do total de 21 previstas na primeira fase da ampliação. As 11 freqüências restantes do lado americano devem ser distribuídas para outras empresas dos EUA.

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Procurado, o DOT não informou se e quais outras companhias pediram autorização para ter novos vôos ao Brasil. As rivais da American no país, United Airlines e Continental, informaram que não terão novos vôos por enquanto. A Delta Airlines , que também compete com a American no Brasil, não deu informação, mas já disse, há alguns meses, que estudava dez cidades brasileiras para novas operações.

A expansão no Brasil ocorre num momento em que as companhias americanas fazem cortes em suas malhas, frotas e funcionários, principalmente dentro dos Estados Unidos, para tentar reduzir os estragos provocados pelo aumento recorde nos preços do combustível e uma economia em desaceleração. "Apesar de estar eliminando 10% da malha nos Estados Unidos, as operações internacionais da American vão bem", afirma Verçosa. "Os vôos no Brasil são lucrativos, a economia está madura e o país ganhou importância no cenário mundial." O executivo não fornece os resultados financeiros da American no país, mas afirma a média de ocupação dos vôos neste ano está em 85%.

O movimento da American marca também a importância que outras cidades do país vêm ganhando dentro do mapa da aviação. A companhia portuguesa TAP foi uma das primeiras a explorar novos mercados, como o Nordeste, Brasília e Belo Horizonte, com vôos diretos para a Europa. A TAM, nas últimas semanas, também anunciou ligações entre o Nordeste e Brasília para Buenos Aires.

Com os vôos ao Nordeste, a American vai concorrer mais diretamente com a TAM. Apesar de operar quase todos os vôos para os EUA a partir de São Paulo ou Rio, a empresa tem um vôo por semana entre Salvador e Miami e mais um vôo diário entre a cidade americana e Manaus.

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BANCÁRIO

Brazilian Securities vende CRI pulverizado ao FGTS (Valor Econômico 12.08.2008 p. C3 Finanças)

Fernando Travaglini, De São Paulo

O mercado de securitização imobiliária, visto como a próxima fonte de recursos para o crédito à habitação, começa a andar de forma mais acelerada. A Brazilian Securities concluiu a venda para o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) de um Certificado de Recebíveis Imobiliários (CRI) de R$ 50 milhões lastreado em créditos residenciais pulverizados do Banco Real.

"Essa é a primeira vez que o fundo compra CRI com lastro em operação residencial pulverizada", afirma George Verras, diretor da Brazilian Securities. A operação é composta por 41 quotas seniores (90% do total) e quatro juniores (10%), com prazo médio de 180 meses e taxa de 6,59% ao ano mais a variação da Taxa Referencial (TR).

Os papeis foram estruturados com operações de créditos residenciais originados pelo Banco Real e adquiridas pela Brazilian Securities. São 879 contratos, com saldo médio de R$ 51,9 mil e parcela financiada ("loan-to-value") de 58%, todos com alienação fiduciária e garantia por meio de Cédula de Crédito Imobiliária.

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O processo, desde a compra dos créditos até a aprovação pela Comissão de Valores Mobiliários, tomou cerca de 120 dias. "Por ser uma operação pulverizada, precisamos consultar 300 cartórios em todo Brasil". Durante esse período, a Securities se valeu de uma linha de empréstimo do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).

A emissão de CRI é a grande aposta para que os bancos ampliem a concessão de empréstimos para a compra da casa própria. Hoje, as principais fontes de recursos são a caderneta de poupança e o próprio FGTS. Com o forte crescimento do crédito, no entanto, a partir do próximo ano os bancos já irão sentir a necessidade de outras fontes, estima Verras.

Como forma de desenvolver esse mercado, o FGTS, por meio da Caixa Econômica Federal, gestora do fundo, tem como uma de suas metas alocar recursos para a aquisição de CRI lastreados em créditos habitacionais, além de fornecer recursos para operações de financiamento da casa própria para o público de baixa renda

A Brazilian Securities estima que até o fim do ano, o mercado irá colocar no mercado cerca de R$ 4 bilhões em CRI. Até o momento, foram lançados R$ 2,3 bilhões. "Esperamos terminar o ano com R$ 1,2 bilhão em emissões, sendo 30% pulverizados". Ao longo do ano passado, a companhia lançou R$ 700 milhões.

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CIVIL

Direito Civil: Revisão Judicial dos Contratos(Carta Forense – Ago./2008 p.50)

Anderson Schreiber

Advogado. Professor de Direito Civil da PUC-Rio. Doutor em Direito Privado Comparado pela Università degli studi del Molise (Itália). Mestre em Direito Civil pela UERJ. Autor pela Editora Renovar Código Civil de 2002 representou um voto de confiança no Poder Judiciário. Embora padeça de um apego excessivo ao texto de 1916, inovando bem menos do que seria de se esperar,[1] a nova codificação traz preciosas cláusulas gerais, que autorizam o intérprete a perseguir, na aplicação do diploma, o avanço que a sua literalidade não garantiu. Quando, por exemplo, faz incidir a responsabilidade objetiva sobre atividades de risco (art. 927, p.u.), o Código atribui ao magistrado uma margem de atuação que, antes, vinha reservada com exclusividade ao legislador.[2] Esta transferência da discricionariedade legislativa para a discricionariedade judicial reflete o amadurecimento do próprio Poder Legislativo, convencido, enfim, da sua incapacidade para dar conta de todos os problemas gerados pelas aceleradas transformações na tecnologia e nos costumes. Assumindo, no cenário contemporâneo, um papel mais centrado sobre a fiscalização do Executivo que sobre a regulação de condutas, o Legislativo, especialmente no âmbito das relações privadas, vem conferir ao Poder Judiciário, por meio das cláusulas gerais, uma esfera mais ampla de ação, fundada sempre na lei, porém mais flexível que a decorrente da técnica legislativa regulamentar. Há, contudo, quem assista à transformação com desconfiança, exprimindo o temor de que a intervenção judicial no domínio econômico resulte em intolerável insegurança, já que construída caso a caso, sem parâmetros previamente conhecidos por todos.

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É no centro deste debate que repousa o problema da revisão judicial dos contratos. Não se pode conceber maior interferência na autonomia privada que a alteração das cláusulas de um contrato por força de ordem judicial. Nem mesmo a extinção do vínculo se mostra tão drástica, já que apenas faz as partes retornarem ao estado anterior à contratação, sem submetê-las a condições que não pactuaram livremente. Por configurar intensa intromissão no ajuste entre particulares, a revisão judicial foi evitada pelas codificações européias dos séculos XVIII e XIX, inspiradas no liberalismo jurídico. Não faltam, todavia, exemplos históricos de sua adoção, sendo certo que já o Código de Hammurabi autorizava o devedor a "modificar sua tábua de contrato", deixando de pagar juros ao seu credor quando fosse a colheita frustrada por tempestades ou escassez de água.

No Brasil, o Código Civil de 1916 não tratou da revisão judicial dos contratos. A doutrina tradicional, fiel ao liberalismo, opunha-se à sua aplicação. A jurisprudência passou, todavia, a admiti-la, especialmente a partir dos anos 50, sob o influxo de teorias revisionistas européias, aludindo ora ao fato imprevisível, ora à alteração da base do negócio.[3] Os tribunais passaram a invocar, com crescente desenvoltura, a cláusula rebus sic stantibus, capaz de temperar, desde tempos imemoriais, o rigor da obrigatoriedade dos pactos (pacta sunt servanda).[4] A consagração normativa da revisão judicial só veio, entretanto, em 1990, com o Código de Defesa do Consumidor, cujo art. 6º, inciso V, instituiu como direito do consumidor "a modificação das cláusulas contratuais que estabeleçam prestações desproporcionais ou sua revisão em razão de fatos supervenientes que as tornem excessivamente onerosas".

O Código Civil de 2002, mais comedido que o CDC, ocupou-se do desequilíbrio contratual em dois momentos diversos. O desequilíbrio originário (contemporâneo à formação do contrato) foi contemplado entre os defeitos dos negócios jurídicos, por meio da lesão (art. 157) e do estado de perigo (art. 156). O resultado aí não consiste na revisão do ajuste, mas na sua anulação, com o retorno das partes ao estado anterior. Do desequilíbrio superveniente das prestações tratou o Código em seus arts. 478 a 480, sob o título "Da resolução por onerosidade excessiva". Ao contrário do que sugere o rótulo, encontra-se aí uma hipótese, ao menos, de revisão judicial, insculpida no art. 480 que autoriza o contratante a "pleitear que a sua prestação seja reduzida, ou alterado o modo de executá-la, a fim de evitar a onerosidade excessiva". A norma, contudo, só tem aplicação aos contratos unilaterais.

Aos contratos bilaterais - que correspondem à imensa maioria dos ajustes celebrados na prática comercial e civil - o Código reservou, no art. 478, o remédio da resolução contratual, ou seja, da extinção do vínculo. A resolução, todavia, se afigura muitas vezes indesejável. Tome-se o exemplo do transportador que se vê compelido, por um fato superveniente e imprevisível, como a interdição de uma rodovia ou o desabamento de uma ponte, a percorrer caminho mais longo para entregar certo bem à contraparte do contrato de transporte. O cumprimento do pacto não se terá tornado impossível - hipótese que implicaria no desfazimento do vínculo por caso fortuito ou força maior -, mas não há dúvida de que se caracteriza aí a onerosidade excessiva. Tem, entretanto, o transportador interesse em pleitear a resolução? Não. De um lado, já terá efetuado os investimentos necessários àquele contrato, alocando tempo e pessoal para o seu cumprimento. De outro, sabe-se que, no difícil cotidiano dos negócios, o transportador não tem a intenção de perder seu cliente, mas, antes, de cativá-lo. Seu propósito seria, em tais circunstâncias, o reequilíbrio da avença, jamais sua extinção.

Atenta a tais dificuldades e ao princípio da conservação dos negócios, a melhor doutrina tem se esforçado por encontrar, no tecido normativo do Código Civil, autorização para a aplicação da revisão judicial dos contratos. Com alguma criatividade, tem-se pretendido identificá-la no art. 479, segundo o qual "a resolução pode ser evitada oferecendo-se o réu a modificar eqüitativamente as condições do contrato".[5] Difícil, porém, enxergar no dispositivo algo mais que uma faculdade atribuída ao réu, não já ao autor, que permaneceria privado da possibilidade de pleitear, diretamente, a revisão. Melhor saída encontra-se no art. 317, que, ao tratar do pagamento, afirma: "Quando por motivos imprevisíveis, sobrevier desproporção manifesta entre o valor da prestação devida e o montante de sua execução, poderá o juiz corrigi-lo, a pedido da parte, de modo que assegure, quanto possível, o valor real da prestação." Embora à época da elaboração do projeto de Código Civil a norma tivesse como alvo prioritário o efeito deletério da inflação que aplacava a economia brasileira, sua redação permite

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interpretação extensiva a atribuir ao magistrado autêntico poder de "corrigir" (rever) as prestações, de modo a assegurar, "quanto possível", o seu "valor real".

Na análise comparativa entre a resolução contratual do art. 478 e a revisão judicial do art. 317, dois aspectos vêm exigir redobrada atenção. Primeiro, a menção ao "valor da prestação" no art. 317 não pode servir de pretexto para que a revisão judicial se limite à dimensão quantitativa (preço ou remuneração). Se é verdade que, em inúmeros contratos, o reequilíbrio das prestações se alcança mais facilmente pela modificação do seu valor monetário ou - como no conhecido exemplo dos contratos de leasing indexados ao dólar - do seu índice de atualização, também é certo que, em outras espécies contratuais, como a empreitada ou o transporte, a alteração de prazos e meios de execução permite a restauração do equilíbrio com menor agressão à vontade originária das partes. E não se pode negar que tal expediente se encontra abarcado pela idéia de correção do valor das prestações, o qual resulta, em última análise, da conjunção de fatores diversos (tempo, modo, qualidade da prestação) que vão além do mero aspecto quantitativo.

A segunda observação diz respeito ao requisito da "extrema vantagem" para o outro contratante, previsto no art. 478. O art. 317 não faz semelhante exigência, e nem poderia: situa-se na parte do Código Civil que disciplina as obrigações isoladamente, ao contrário do que ocorre, a partir do Título V (Contratos), onde a correlação entre as prestações passa a ser relevante aos olhos da lei. Em que pesem as dificuldades em torno da "extrema vantagem", parece inegável que exigir sua presença para a resolução e dispensá-la para a revisão judicial seria incoerente, já que é justamente na revisão que o benefício alheio assume maior relevância para se alcançar o reequilíbrio. Sem embargo de sua importância sistemática, a questão vem sendo contornada por uma deliberada desatenção ao requisito da "extrema vantagem",[6] orientação ainda carecedora, contudo, de fundamentação mais sólida.

De qualquer modo, não resta dúvida de que a revisão judicial dos contratos encontra, com alguma boa vontade, base normativa no Código Civil, permitindo que o magistrado acolha a preservação dos contratos sempre que as circunstâncias o autorizarem. Respeitados os parâmetros aportados pela lei e pela doutrina, a revisão judicial promete trazer imenso benefício no campo contratual, seja ao contratante que suporta ônus excessivo por fato imprevisível, seja à prática negocial brasileira, que seguramente se favorecerá de um ambiente mais cooperativo e menos afeto a soluções drásticas como a resolução do vínculo contratual.

--------------------------------------------------------------------------------[1] Sobre a falta de ousadia do legislador de 2002 e seu descompasso com a Constituição de 1988, confira-se Gustavo Tepedino, O Novo Código Civil: duro golpe na recente experiência constitucional brasileira, in RTDC - Revista Trimestral de Direito Civil, ano 2, vol. 7, Rio de Janeiro: Padma, 2001. [2] Seja consentido remeter a Anderson Schreiber, Novos Paradigmas da Responsabilidade Civil, São Paulo: Atlas, 2007, pp. 21-26.[3] J. M. Othon Sidou, A Revisão Judicial dos Contratos, Rio de Janeiro: Forense, 2ª ed., pp. 26-43.[4] Ver, entre outros, STF, Recurso Extraordinário 19.848/SP, 1951, Rel. Min. Lafayette de Andrada.[5] Neste sentido, o Enunciado 367 da IV Jornada de Direito Civil: "Art. 479. Em observância ao princípio da conservação do contrato, nas ações que tenham por objeto a resolução do pacto por excessiva onerosidade, pode o juiz modificá-lo equitativamente, desde que ouvida a parte autora, respeitada a sua vontade e observado o contraditório."[6] Confira-se o Enunciado 365 da IV Jornada de Direito Civil: "A extrema vantagem do art. 478 deve ser interpretada como elemento acidental da alteração de circunstâncias, que comporta a incidência da resolução ou revisão do negócio por onerosidade excessiva, independentemente de sua demonstração plena."

http://www.cartaforense.com.br/Materia.aspx?id=2123

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COMÉRCIO EXTERIOR

Nova estratégia comercial externa: A obrigação de o Mercosul negociar como única voz deve ser reexaminada

(Estado de São Paulo 12.08.2008 p. A2 Espaço Aberto)

Rubens Barbosa

O fracasso da Rodada Doha e o adiamento para os próximos dois ou três anos da liberalização do comércio agrícola e industrial, da redução dos subsídios e da maior transparência nas regras que regulam o intercâmbio global não significam nenhum desastre para o Brasil. Caso o acordo tivesse sido fechado, os resultados, segundo foi noticiado, seriam reduzidos, em razão das muitas exceções na área agrícola e das restrições (cotas) sobre muitos produtos de nosso interesse, e não imediatos, porque o Congresso americano dificilmente ratificaria o acordo que incluiria níveis de subsídios significativamente abaixo do que fora aprovado na Lei Agrícola.

Não ficou claro se a abertura industrial maior em troca de um melhor acesso para produtos agrícolas seria equilibrada, já que o nível de ambição brasileira foi sendo reduzido a fim de permitir a conclusão da rodada. Sem acordo, a delegação não teve de retornar com o ônus de ter respaldado proposta que restringia acesso de produtos agrícolas aos mercados chinês e indiano e que determinava a obrigação de negociar dois acordos setoriais na área industrial.

Ao ceder rápido, no dizer do negociador argentino, e se colocar ao lado dos países desenvolvidos - e, portanto, contra o G-20 e a Argentina -, o Brasil ficou bem na foto, o que poderia credenciar o País para o cargo de diretor-geral da OMC.

A mudança de posição foi acertada. “Atendeu ao interesse nacional”, disse o ministro Celso Amorim, parecendo reconhecer que a prioridade da rodada, a defesa das posições do G-20 e da unidade do Mercosul foram equivocadas e contrárias ao nosso maior e melhor interesse.

A forte expansão do comércio exterior brasileiro nesse período, em decorrência, sobretudo, do crescimento da economia mundial, em especial nos EUA e na China, e do alto preço dos produtos primários, fez com que governo e setor privado não se dessem conta do erro de não perseguir acordos regionais e bilaterais, em paralelo às negociações multilaterais.

A politização das negociações comerciais e a prioridade atribuída aos países em desenvolvimento (Sul-Sul) relegaram a segundo plano os países desenvolvidos maiores e mais dinâmicos. Nenhum acordo comercial significativo foi assinado.

Dentro desse contexto, caberia reexaminar a estratégia, dos últimos seis anos, de dar prioridade unicamente à negociação multilateral “para concentrar em coisas que dão resultados”.

Nessa redefinição, dever-se-ia incluir a melhoria da competitividade, por meio da aprovação de reformas que reduzam o custo Brasil sobre a produção nacional, a necessidade de despolitização das decisões comerciais e a conveniência do reexame de algumas das regras do Mercosul.

Para levar adiante essa política, sem novos impasses, a obrigação dos países membros do Mercosul de negociar com terceiros países com uma única voz deveria ser reexaminada. Enquanto isso não ocorrer, dificilmente será possível enfrentar o desafio de levar adiante negociações bilaterais entre o Mercosul e outros países extra-região. Essa mudança permitirá o desbloqueio da agenda externa do grupo e, a médio prazo, com a convergência das tarifas negociadas por todos os países, fortalecerá o Mercosul pelo revigoramento da Tarifa Externa Comum.

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Dentre as alternativas possíveis, a nova estratégia deveria focalizar, no tocante aos acordos individuais do Brasil, a abertura de negociações bilaterais com países da região (Brasil/América do Sul) a fim de ampliar reciprocamente, pelo menos nos níveis acordados na Rodada Doha, as preferências negociadas no âmbito da Aladi. Nosso objetivo deveria ser o de finalizar um acordo de livre comércio com o México e equalizar as tarifas concedidas pelos países membros da Aladi nos acordos de livre comércio com os EUA (México, Chile, Peru e Colômbia).

Impõe-se uma nova política de promoção comercial com relação aos países desenvolvidos, em especial os EUA, o principal mercado para os produtos brasileiros e o maior e mais dinâmico mercado global, sem prejuízo da prioridade do atual governo para as relações com os países em desenvolvimento (Sul-Sul). Na impossibilidade de os EUA aceitarem negociar um acordo bilateral, sem regras relacionadas ao comércio, como quer o Brasil, poderia ser ampliada a facilitação do comércio e poderiam ser examinados alguns acordos setoriais de interesse dos dois países.

A anunciada decisão do governo de dar prioridade aos acordos bilaterais no âmbito do Mercosul, para ser bem-sucedida, terá de superar dificuldades pela diferença de atitudes dentro do bloco: ofensiva do Brasil e defensiva da Argentina. Essa situação tornou inviável a conclusão dos entendimentos com a União Européia em 2004 e, mais recentemente, com os países do Golfo. Seria de nosso interesse estender o número de produtos existentes no acordo com os países andinos (Mercosul/CAN) com vista à formação de uma área de livre comércio na América do Sul e a abertura de negociações com países extrazona de mercados significativos, como a União Européia e alguns países asiáticos, como a Coréia.

Caberia ao Congresso proceder a uma análise técnica, e não política, sobre a oportunidade e a conveniência do ingresso da Venezuela, antes de completar as negociações previstas no Protocolo de Adesão.

Nesse contexto, não pode ser adiado o fortalecimento da Camex, o órgão governamental competente para coordenar o trabalho de definição de uma nova estratégia de negociação comercial.

O Brasil tem interesses próprios a defender. O setor privado espera poder participar como parceiro e influir nas discussões com o governo para reavaliar a atual política comercial externa a fim de definir o curso de ações para os próximos anos num mundo em transformação, complexo e altamente competitivo.

Rubens Barbosa, consultor de negócios, foi ex-embaixador do Brasil em Londres e Washington

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Conjuntura - Commodities devem reduzir saldo, diz OMC: Mais da metade da alta registrada nas exportações brasileiras ocorreu graças aos preços

(Estado de São Paulo 12.08.2008 p. B9 Economia)

Jamil Chade

A queda nos preços das commodities pode obrigar o Brasil a rever sua estratégia para manter um superávit na balança comercial. Dados coletados pela Organização Mundial do Comércio (OMC) sugerem que a queda nos preços dos bens agrícolas pode reduzir “de forma substancial” o superávit

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brasileiro. Para deixar a situação dos exportadores brasileiros mais difícil, a Europa acaba de anunciar que sua safra pode bater recordes em 2008, o que deve fazer com que os preços caiam mais.

“O que estamos vivendo é uma correção nos preços das commodities, que estavam altos”, explicou Michael Finger, chefe da Divisão de Estatísticas da OMC. “Com a alta de preços, muitos consumidores deixaram de comprar nos volumes que estavam acostumados, principalmente nos países ricos, onde a desaceleração da economia é clara. O resultado é que o mercado se auto-regulou e os preços voltaram a cair.”

Segundo a OMC, mais da metade da alta nas exportações nacionais nos últimos meses ocorreu graças aos preços e não ao volume exportado. O mesmo já havia ocorrido em 2007. No ano passado, as exportações do País cresceram 17% em valor, com US$ 161 bilhões. Em volume, porém, a alta foi só de 6,9%.

De janeiro a abril, a alta nos preços das commodities salvou as exportações brasileiras e permitiu que o País tivesse uma taxa de crescimento acima dos índices da China, pela primeira vez em décadas. Em janeiro, as exportações subiram 20,9%, ante 26,4% em fevereiro. Na China, a alta foi de 21% nos dois primeiros meses.

Mesmo com essa expansão, o superávit já vinha caindo diante do crescimento das importações, uma das maiores entre as principais economias do mundo nos últimos seis meses.

Agora, sem o fator preço, o cenário promete ser bem diferente. “A expansão das exportações brasileiras pode não ocorrer nas mesmas taxas. O pico nos preços das commodities pode ter passado”, disse Finger.

SAFRA

A retomada da boa safra na Europa também deve atrapalhar as exportações brasileiras. “Os produtores, incentivados pelos preços, plantaram mais e as perspectivas de safra na Europa são muito boas neste ano.”

Segundo a União Européia, a safra de alimentos neste ano será 16% superior à de 2007. No ano passado, o clima pouco propício foi um dos motivos que levaram à alta nos preços. Em comparação à média da década, a alta prevista é de 9%.

No caso do trigo, a safra deve ser 10,4% maior que a de 2007. Em comparação às dos últimos cinco anos, a alta é de 6,1%. A produção de milho será 20,1% maior neste ano ante 2007. “O resultado desse novo cenário pode ser uma queda substancial no superávit brasileiro”, prevê Finger.

Representando apenas 1,2% do comércio mundial, o Brasil precisaria se concentrar em garantir uma maior competitividade de seus setores produtivos para não depender os preços dos produtos de base.

“A bonança nos preços das commodities não duraria mesmo para sempre”, disse Finger. O alerta se refere principalmente aos impactos do real valorizado para as exportações dos produtos fora do setor agrícola. Para a OMC, o Brasil precisa adotar medidas para garantir maior competitividade a seus produtos, para compensar o câmbio desfavorável.

O País ocupa a posição 23 no ranking dos maiores exportadores do mundo, atrás de países relativamente pequenos como Áustria, Suécia e Suíça.

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Obstáculos no Mercosul: O fracasso da Rodada Doha e o adiamento para os próximos dois ou três anos da liberalização do comércio agrícola e industrial, da redução dos subsídios e da maior transparência nas regras que regulam o intercâmbio global não significam nenhum desastre para

o Brasil. (O Globo 12.08.2008 p. 7 Opinião)

O fracasso da Rodada Doha e o adiamento para os próximos dois ou três anos da liberalização do comércio agrícola e industrial, da redução dos subsídios e da maior transparência nas regras que regulam o intercâmbio global não significam nenhum desastre para o Brasil.

Caso o acordo tivesse sido fechado, os resultados, segundo foi noticiado, seriam reduzidos e não imediatos.

Não ficou claro se a abertura industrial maior em troca de um melhor acesso para produtos agrícolas seria equilibrada, já que o nível de ambição brasileira foi sendo reduzido a fim de permitir a conclusão da rodada. Sem acordo, a delegação não teve de retornar com o ônus de ter respaldado proposta que restringia acesso de produtos agrícolas ao mercado chinês e indiano, e que determinava a obrigação de negociar dois acordos setoriais na área industrial.

Ao ceder rápido, no dizer do negociador argentino, e se colocar ao lado dos países desenvolvidos, e, portanto, contra o G-20 e a Argentina, o Brasil ficou bem na foto, o que poderia credenciar o país para o cargo de diretor-geral da OMC.

A mudança de posição foi acertada. "Atendeu ao interesse nacional", disse o ministro Celso Amorim, parecendo reconhecer que a prioridade da Rodada, a defesa das posições do G-20 e da unidade do Mercosul foram equivocadas e contrárias ao nosso maior e melhor interesse.

A politização das negociações comerciais e a prioridade atribuída aos países em desenvolvimento (Sul-Sul), relegaram para um segundo plano os países desenvolvidos maiores e mais dinâmicos. Nenhum acordo comercial significativo foi assinado.

Dentro desse contexto, caberia reexaminar a estratégia de priorizar as negociações multilaterais "para concentrar em coisas que dão resultados".

Para levar adiante essa política, sem novos impasses, a obrigação dos países membros do Mercosul de negociar com terceiros países com uma única voz deveria ser reexaminada. Enquanto isso não ocorrer, dificilmente será possível enfrentar o desafio de levar adiante negociações bilaterais entre o Mercosul e outros países extra-região.

Dentre as alternativas possíveis, a nova estratégia deveria focalizar, no tocante aos acordos individuais do Brasil, a abertura de negociações bilaterais com países da região (Brasil/América do Sul) a fim de ampliar reciprocamente, pelo menos nos níveis acordados na Rodada Doha, as preferências negociadas no âmbito da Aladi. Nosso objetivo deveria ser o de finalizar um acordo de livre comércio com o México e equalizar as tarifas concedidas pelos países membros da Aladi nos acordos de livre-comércio com os EUA (México, Chile, Peru e Colômbia).

Impõe-se uma nova política de promoção comercial com relação aos países desenvolvidos, em especial os EUA. Na impossibilidade de os EUA aceitarem negociar um acordo bilateral, sem regras relacionadas ao comércio, como quer o Brasil, poderia ser ampliada a facilitação do comércio e examinados alguns acordos setoriais de interesse dos dois países.

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A anunciada decisão do governo de dar prioridade aos acordos bilaterais no âmbito do Mercosul, para ser bem-sucedida, terá de superar a diferença de atitude dentro do bloco: ofensiva do Brasil e defensiva da Argentina. Essa situação tornou inviável a conclusão dos entendimentos com a União Européia em 2004 e mais recentemente com os países do Golfo. Seria de nosso interesse estender o número de produtos existentes no acordo com os países andinos (Mercosul/CAN) com vistas à formação de uma área de livre-comércio na América do Sul e a abertura de negociações com países extrazona de mercados significativos, como a União Européia e alguns países asiáticos, como a Coréia.

Caberia ao Congresso proceder a uma análise técnica e não política sobre a oportunidade e a conveniência do ingresso da Venezuela, antes de completar as negociações previstas no Protocolo de Adesão.

Nesse contexto, não pode ser adiado o fortalecimento da Camex, o órgão governamental competente para coordenar o trabalho de definição de uma nova estratégia de negociação comercial.

O Brasil tem interesses próprios a defender. O setor privado espera poder participar como parceiro e influir nas discussões com o governo para reavaliar a atual política comercial externa a fim de definir o curso de ações para os próximos anos num mundo em transformação, complexo e altamente competitivo.

RUBENS BARBOSA é presidente do Conselho de Comércio Exterior da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).

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Relações Bilaterais - Para ministro, empresários devem investir mais na África: Fiesp defende que África deveria aproveitar o clima para produzir etanol, para consolidar o produto como uma

commodity de interesse mundial(DCI 12.08.2008 p. A4 Política Econômica)

SÃO PAULO - O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Miguel Jorge, afirmou que o crescimento da África, previsto pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) em 6,3% em 2008 e 6,4% em 2009, abre uma infinidade de oportunidades de negócios a empresas brasileiras na região. "O governo tem dado uma grande importância à África. Quero uma larga parceria comercial nos mais diferentes setores, entre eles o etanol", salienta.

O argumento foi defendido ontem em reunião com 25 embaixadores africanos na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). Trata-se do "Africa's Day", encontro dedicado à discussão de infra-estrutura, energia e alimentos.

A embaixadora da África do Sul no Brasil, Lindiwe Zulu, disse que o continente vive hoje um "processo de renascimento", onde as empresas que apostarem nos países da região terão sucesso em seus empreendimentos.

Aproveitando esse momento, empresas brasileiras como a Odebrecht, Andrade Gutierrez e Camargo Corrêa estão apostando na região e executando projetos de grande porte como estradas, ferrovias,

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saneamento, portos e aeroportos. Segundo Roberto Dias, diretor de relações institucionais da Odebrecht, a empresa que quiser investir na região precisa ter uma visão de parceria a longo prazo. "É importante ter um pensamento de 50 anos", acredita. Já Flávio Henrique Drummond Mattos, diretor da Camargo Corrêa, é importante uma busca para desbravar todos os países da região. "A África experimenta um crescimento fabuloso. O empresário não pode se limitar à Angola, porque todos apresentam um avanço sustentável com grande futuro de continuar essa expansão", salienta.

Para Kalil Cury Filho, diretor da Camargo Corrêa, as afinidades culturais são elementos que chamam a atenção. "É visível a quantidade de oportunidades, mas nossa capacidade de ganhar mercado está limitada pela falta de mão de obra qualificada", lamenta o executivo.

Desafio

Na ocasião, o diretor titular do Departamento de Relações Internacionais e Comércio Exterior da Fiesp, Roberto Giannetti da Fonseca, desafiou os diplomatas presentes a realizar um árduo investimento em etanol e biocombustíveis. Segundo ele, após o ciclo do carvão e do petróleo, o momento é todo direcionado a essa modalidade de energia. "Os preços do petróleo reduzem a capacidade de importação de alimentos em países em desenvolvimento. Temos disponíveis o clima, a tecnologia e a força de trabalho para transformarmos o mundo", afirma o interlocutor.

O especialista também ataca os países exportadores de petróleo, afirmando que muitos são responsáveis por uma difamação da tecnologia brasileira. "Fiquem atentos, existe uma campanha da União Européia contra o etanol porque seu desejo é continuar exportando petróleo para os emergentes", argumentou. Giannetti disse ainda que um ponto a favor seria a África produzir em larga escala o etanol como alternativa de renda para a população. "Sugiro que a África estimule a importação de veículos na região apenas com a tecnologia flex fuel para gerar demanda pelo produto. O continente pode contribuir e muito para firmar o etanol como uma commodity mundial", destaca. Conforme Fonseca, em 2025 o Brasil já será capaz de produzir cerca de 200 bilhões de litros de etanol apenas produzido pela cana-de-açúcar.

Giannetti também destaca que o aumento populacional obriga um incremento significativo na produção de alimentos, fato que, inclusive, gera novas oportunidades. "O alto preço das commodities nos preocupa pela inflação, mas também remunera mais a produtividade dos países agrícolas", conclui o diretor.

Comentando também a produção de alimentos, Silvio Crestana, presidente da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), destaca a cooperação agrícola para a produção de alimentos nos países africanos. "O desafio é viabilizar a agricultura nos trópicos. Desenvolver a agricultura na África será a última fronteira", informa, acrescentando que a Embrapa já possui uma unidade no continente oferecendo consultoria .

Ao avaliar as trocas comerciais entre o Brasil e o continente africano, nota-se um déficit brasileiro de quase US$ 3 bilhões. No ano passado, o País exportou US$ 8,5 bilhões e importou mais de US$ 11 bilhões. Entre os produtos brasileiros exportados estão: açúcares, gasolina, carne bovina, miúdos de frango. Já as importações são basicamente de óleos brutos de petróleo e naftas petroquímicas. Recentemente, a Agência de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex) definiu os países que serão o foco do comércio exterior brasileiro nos próximos dois anos. Representando o continente africano estão Angola, Egito e África do Sul.

Conforme estimativa de analistas, o Brasil tem condições de aumentar em 50% o volume de exportações para o continente, somando aproximadamente US$ 13 bilhões em 2010.

O ministro do Desenvolvimento, Miguel Jorge, defendeu mais investimentos de empresas brasileiras nos países africanos, especialmente no etanol, com vistas a tornar o produto uma commodity.

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Comércio Bilateral - Chile quer aproveitar atividade aquecida e vender mais ao Brasil: Semana do Chile em SP acontece entre os dias 20 e 30 de agosto na Fiesp

(Gazeta Mercantil 12.08.2008 p. A4 Nacional)

Simone Cavalcanti

De olho no contínuo aquecimento da demanda interna brasileira, o Chile quer garantir o seu filão. Pretende elevar as exportações para o vizinho e, de quebra, tentar levar empresários brasileiros a se instalar lá. Segundo Ricardo Moyano Monreal, diretor comercial da Pró-Chile -instituição homóloga à brasileira Apex -, a intenção é fazer com que a corrente comércio entre os dois países alcance a marca dos US$ 10 bilhões em 2010. Estimativa plausível uma vez que nos últimos anos os negócios entre os países vêm crescendo. De acordo com dados do Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, em 2000, o volume de transações era de US$ 2,21 bilhões. Cresceu para US$ US$ 3,95 bilhões em 2004. Já no ano passado, a corrente comercial chegou a US$ 7,73 bilhões. E entre janeiro e julho deste ano, a US$ 5 bilhões.

Para apresentar seus produtos e convidar à compra a Pró-Chile e o governo chileno por meio do seu Ministério de Relações Exteriores realizam, entre os dias 20 e 30 de agosto, a Semana do Chile em São Paulo. Será a primeira vez em que o país vizinho faz esse tipo de iniciativa no Brasil, seu sétimo destino de exportações. A parte gastronômica será realizada no Hotel Intercontinental e a econômica na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). A semana chilena foi criada há três anos e ocorreu em diversos países. Monreal dá idéia da expansão: a semana do Chile, que ocorreu ano passado no México, levou 54 empresas chilenas aquele país. Agora, no Brasil, serão 84 participantes. Desse total, além de empresários ligados à gastronomia (produtores de vinho, salmão e azeite de oliva), também virão os ligados às áreas de engenharia, infra-estrutura e mineração. O interesse aumentou principalmente diante do aquecimento da demanda doméstica, que, com maior renda e mais importações, passa a procurar o melhor custo-benefício. "O Brasil é um mercado que tem de ser bem

conhecido e trabalhado com qualidade e preço competitivo", afirma Monreal.

Plataforma exportadora

O diretor da Pró-Chile disse que também há interesse em atrair empresas brasileiras para fazer do Chile uma plataforma de exportação. Monreal apresenta claras vantagens: como o país tem acordo comercial com a China, é possível importar de lá máquinas e bens de capital de forma geral sem qualquer tarifa de importação. Além disso, garante, a carga de impostos sobre a produção é de 19% sem qualquer tarifa para vendas externas.

Ganho em escala

O Chile calca o crescimento econômico em exportações. Vende produtos para 54 países que correspondem a 75% do PIB mundial. "Temos como política seguir fazendo acordos para aumentar bem

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mais as exportações. Com apenas 17 milhões de habitantes, não é possível ficar voltado só ao consumo interno", diz o executivo. Assim como outras economias, o país também sofreu nos últimos anos com a desvalorização do dólar frente a sua moeda, o peso. Porém, lembra Monreal, em vez de voltar-se para o mercado interno onde não há espaço para todos, os empresários aumentaram a produção e exportaram ainda mais para compensar as perdas cambiais com ganho de escala.

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A bolha da Rodada Doha: Para o empresário e negociador externo, o agronegócio teria muito mais a ganhar se cuidasse das mazelas internas e parasse de se iludir com soluções externas

mágicas(Veja - ed. 2073 - 13.08.2008 p. 17-21)

Entrevista: Pedro de Camargo Neto

Giuliano Guandalini

O governo brasileiro quebrou a cara com o fracasso das negociações da Rodada Doha, da Organização Mundial do Comércio (OMC). E não apenas por ter negligenciado acordos bilaterais na esperança de que os países ricos diminuíssem de uma só vez os subsídios bilionários. O principal problema foi ter relegado a um segundo plano a solução de mazelas internas bem mais determinantes para o desenvolvimento do agronegócio. Essa avaliação é do empresário e negociador externo Pedro de Camargo Neto, que participou do lançamento da Rodada Doha, na capital do Catar, no fim de 2001. "Nos últimos cinco anos, Doha passou a ser vista como uma espécie de remédio mágico contra as doenças endêmicas da agricultura brasileira. Esse simplismo prestou-se a esconder deficiências internas muito piores que os efeitos do protecionismo de países ricos", diz Camargo Neto. "Se resolvesse as suas fragilidades domésticas, como a vigilância sanitária deficiente, o país ganharia muito mais do que estava posto na mesa em Doha." Camargo Neto foi secretário de produção e comercialização do Ministério da Agricultura (2001-2002). Aos 59 anos, ele hoje preside a Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína (Abipecs).O que significa o fracasso de Doha? Não é nenhuma tragédia. No Brasil, houve uma glamourização do tema. Doha ganhou uma importância desproporcional ao seu alcance. Durante as negociações, a culpa pelas mazelas agrícolas brasileiras foi convenientemente depositada sobre o protecionismo dos países ricos. Nos últimos cinco anos, Doha foi vista como uma espécie de remédio mágico contra as doenças endêmicas do agronegócio. Esse simplismo prestou-se a esconder deficiências internas muito piores que os efeitos do protecionismo de países ricos.Que deficiências são essas? Acima de tudo, o controle sanitário frágil e a infra-estrutura deficiente. Veja o exemplo da carne suína. Durante as conversas na sede da OMC, em Genebra, na Suíça, a União Européia oferecia uma cota de 200 000 toneladas ao ano, o que representa 1% do consumo europeu. O Brasil ganharia aproximadamente metade dessa cota, ou 100 000 toneladas do volume oferecido. Se erradicasse de vez a febre aftosa, o país poderia elevar em 1 milhão de toneladas suas vendas de carne de porco – o equivalente a dez vezes o ganho potencial com Doha. Por culpa única e exclusiva do Brasil, hoje não podemos vender um único quilo de carne suína para grandes mercados consumidores como Japão, Coréia do Sul e México. Em relação às carnes bovinas é o mesmo cenário. Prometemos aos europeus rastrear os animais, mas montamos um sistema sem nenhuma credibilidade. Nossas

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"Se conseguisse erradicar de vez a febre aftosa, o Brasil poderia elevar em1 milhão de toneladas suas vendas de carne de porco – o equivalente a dez vezes o ganho potencial que teria em Doha"

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exportações de frutas também são pífias, mais uma vez por motivos sanitários. O sucesso futuro de nossa agricultura não dependerá exclusivamente de negociações comerciais complexas e intricadas, como as da Rodada Doha. Ele ocorrerá com a solução de problemas criados por nós mesmos. Curiosamente, ninguém trata desses aspectos.Doha, então, não tinha importância? Não quero aqui reduzir a relevância de um eventual acordo. Em Doha, os exportadores de carne bovina, suína e de aves certamente teriam a chance de aumentar a presença no protegido mercado europeu. Havia também a perspectiva de conquistarmos cotas para a venda de etanol na União Européia, além de solucionarmos de vez disputas antigas, como a que abrimos contra os subsídios americanos aos produtores de algodão. Sob esse aspecto, o Brasil e o resto do mundo em desenvolvimento certamente perderam. Mas é preciso pôr fim ao cinismo. Impomos a nós mesmos a maior parte das barreiras.Como o senhor analisa a atuação do chanceler Celso Amorim e dos demais negociadores do país? Houve um erro claro de estratégia da delegação brasileira nas conversas de Genebra. Saímos enfraquecidos desse episódio. Ao ter assumido a liderança do G20, grupo de países em desenvolvimento criado há cinco anos, o Brasil teria de arcar com o ônus dessa posição. Um verdadeiro líder deve consultar os parceiros e até convencê-los a recuar, se for o caso. O Brasil, no entanto, se antecipou e aprovou a proposta de acordo apresentada pelo diretor-geral da OMC, Pascal Lamy, mesmo sabendo da discordância de alguns de seus aliados no G20. Como resultado, a proposta foi simultaneamente aprovada pelo Brasil e rejeitada pela Índia. Isso diante de todos os negociadores. O que isso significa? Que a diplomacia brasileira apostou todas as suas fichas no G20 e em Doha. E falhou duplamente. Mas o Brasil não acertou ao se distanciar da intransigência da Índia, da China e da Argentina? Em tese, sim, pois a economia brasileira, cada vez mais diversificada, merece uma representação menos maniqueísta. O país já não cabe na cômoda posição de vítima. Fico com a impressão, no entanto, de que o distanciamento brasileiro retratou mais uma ânsia de fechar logo um acordo, qualquer acordo, mesmo que tímido, do que um amadurecimento. Na pressa, o chanceler Amorim talvez tenha aprovado um texto que deixava os americanos numa situação extremamente confortável. Lamy propunha a mesma redução de subsídios que a negociadora americana, Susan Schwab, oferecera um dia antes. Em um acordo em que se exige o consenso de 153 nações, é necessário que todos estejam igualmente infelizes. Pelo texto de Lamy, os americanos estavam bastante satisfeitos. Assim seria difícil convencer os aliados do Brasil no G20. Falhou Lamy. Falhou mais ainda o Brasil, que ficou esperando que Doha nos alçasse ao Primeiro Mundo.As conversas em Genebra acabaram marcadas por duas declarações inoportunas do chanceler Celso Amorim. Ele comparou a retórica dos negociadores americanos à do ministro da Propaganda nazista, Joseph Goebbels. Disse ainda esperar que não seja necessário um "novo 11 de Setembro" para que as negociações sejam retomadas. Qual foi o impacto dessas gafes? Não imagino que essas afirmações tenham influído nas conversas da rodada de maneira determinante. Mas com certeza não fizeram bem à imagem do chanceler brasileiro. O corpo técnico do Itamaraty é competente. O grande erro foi ter misturado objetivos políticos a negociações comerciais. A rodada da OMC deveria ter como prioridade a liberdade econômica, e não servir de palco a interesses políticos.Embora o Brasil não tenha fechado nenhum acordo comercial significativo, as exportações do agronegócio triplicaram nos últimos cinco anos. A que se deve esse salto? O setor passou por transformações profundas em seu sistema produtivo a partir de 1990, com a abertura comercial e a eliminação de políticas cartoriais absurdas. No caso do açúcar, o aumento nas vendas externas só veio com o fim do Instituto do Açúcar e do Álcool (IAA), que tinha o monopólio das exportações até 1990. São Paulo, a região mais eficiente do mundo na produção de álcool e açúcar, não podia exportar. Era uma situação esdrúxula, supostamente destinada a promover o desenvolvimento do Nordeste. Quando essa barreira caiu, o Brasil tornou-se uma potência no setor. Também foi positivo o progresso no controle da sanidade animal, apesar de não termos ainda nos livrado da febre aftosa. Em 1994, registraram-se mais de 2 000 focos dessa doença. Agora os casos são cada vez mais raros e isolados. Os avanços são inegáveis, mas há muito a percorrer. Como superar os atuais obstáculos que emperram o aumento das exportações do agronegócio? O setor privado cresceu muito, e rapidamente. Todo o aparato institucional e regulatório ficou obsoleto. Temos governo demais onde não é preciso e pouco governo onde ele se mostra necessário. Para promover as alterações urgentes, têm faltado visão e liderança. Estamos sempre correndo atrás do prejuízo e sem

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"O sistema brasileiro de fiscalização dos animais é uma caricatura do que não se deve fazer. Diante dessa incompetência, fica difícil condenar o embargo europeu à carne brasileira"

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tempo de olhar o futuro. Além disso, prometemos sempre o que não podemos cumprir – um defeito fatal em se tratando de comércio internacional. O atual sistema de fiscalização dos animais, o Serviço Brasileiro de Rastreabilidade da Cadeia Produtiva de Bovinos e Bubalinos (Sisbov), administrado pelo Ministério da Agricultura, é uma caricatura do que não se deve fazer. O sistema não conta com credibilidade. Há 10 000 fazendas cadastradas e, pelas regras vigentes, todas deveriam ser fiscalizadas pelo menos uma vez ao ano. Isso nunca ocorre. Diante de tamanha incompetência, fica difícil condenar o embargo da União Européia à importação de carne brasileira.O agronegócio costuma se queixar do câmbio. Mas, curiosamente, o aumento das exportações ocorreu entre 2003 e 2007, quando houve uma forte desvalorização do dólar... Não há como negar que a cotação cambial desfavorável reduz a rentabilidade dos agricultores. Mas isso foi, em parte, compensado pelo forte aumento da demanda dos países emergentes. A China, a Rússia e o Oriente Médio vêm crescendo a um ritmo acelerado. A população desses países passou a consumir mais alimentos, e o Brasil estava preparado para tornar-se um fornecedor de peso. Houve também, obviamente, ganhos na produtividade. Com a mesma área plantada conseguimos hoje colher 60% mais soja do que em 1990. Há duas décadas, produzíamos 4 600 litros de etanol por hectare, e agora o volume alcança 6 700 litros – um avanço de quase 50%. Graças a esses ganhos, resultado de uma pesquisa tecnológica de décadas, os produtores nacionais conseguem contornar dificuldades como o câmbio desfavorável, a infra-estrutura precária e também os subsídios dos países ricos.Existe uma crítica recorrente segundo a qual as exportações do país dependem cada vez mais de produtos básicos, dotados de baixo valor agregado. O senhor concorda? É uma tremenda bobagem. Agricultura não é extrativismo. Não existe um processo industrial que crie tanto valor quanto a fotossíntese, que, graças a muita tecnologia, transforma energia solar, água e mão-de-obra em alimento. Até a década de 70, o cerrado era tido como uma terra improdutiva. Só foi possível conquistar essa fronteira agrícola com o desenvolvimento científico de novas variedades de soja. Todos os ganhos de produtividade obtidos pelo agronegócio só foram possíveis pelo investimento maciço em pesquisa. E quais são as perspectivas nessa área? Precisamos de uma nova onda de ousadia e criatividade na pesquisa científica. Vivemos atualmente dos investimentos realizados no passado. Os avanços recentes em biotecnologia têm sido morosos. O país corre o risco de ficar para trás na produção de etanol a partir da celulose. A pesquisa nesse campo tem atraído investimentos bilionários nos Estados Unidos e na Europa, e o Brasil, pioneiro no uso do etanol em automóveis, corre o risco de ter de pagar royalties para importar tecnologia. Se a agricultura brasileira avançou tanto, por que ainda depende do crédito favorecido do governo? O agronegócio depende cada vez menos do financiamento oficial. Hoje, boa parte do crédito aos produtores é oferecida pelas empresas de exportação. Quem depende do crédito oficial é a agricultura familiar. No que diz respeito à chamada dívida agrícola, um assunto correlato, existe um passivo histórico que não foi devidamente enfrentado. Planos econômicos do passado manipularam o sistema de indexação, descolando o ativo do passivo do agricultor. Um problema semelhante ocorreu com o sistema financeiro da habitação. O desequilíbrio foi empurrado para a frente ano após ano, sem que se alcançasse uma solução definitiva. Criou-se a cultura de postergar esse acerto. Espero que, desta vez, se chegue a uma solução final.

http://veja.abril.com.br/130808/entrevista.shtml

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CONCORRÊNCIA

Cade deve seguir sem presidente até o fim do mês: Governo define estratégia para resistência no Senado

(Folha de São Paulo 12.08.2008 p. B8 Dinheiro)

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JULIANNA SOFIAADRIANO CEOLINDA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A presidência do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) deverá permanecer vaga, pelo menos, até o final do mês.Para reduzir as resistências no Senado ao nome do indicado para o cargo, o atual procurador-geral do conselho, Arthur Badin, a nova estratégia do governo é promover uma dupla sabatina no próximo dia 26.No Cade, a expectativa inicial era que os questionamentos a Badin fossem feitos hoje pelos senadores. Ontem, o presidente da CAE (Comissão de Assuntos Econômicos), senador Aloizio Mercadante (PT-SP), disse que vai marcar, para a última semana de agosto, uma reunião conjunta para sabatinar Badin e o economista César Mattos -indicado pelo Palácio do Planalto para ocupar a última vaga em aberto no conselho."Vou marcar para a última semana de agosto, quando haverá sessões do plenário. Vai ser apenas uma reunião. Queremos realizar a sabatina pela manhã para que o plenário aprove os nomes no período da tarde", afirmou.A expectativa é que, ao retirar Badin do isolamento, o procurador-geral corra menos riscos de ser acuado pelos senadores.

Sabatina conjuntaO governo já tinha planejado uma sabatina conjunta para facilitar a aprovação dos nomes de seus candidatos para o conselho.No início do mês passado, a previsão era que Badin e três indicados para o Cade (Vinícius Carvalho, Carlos Ragazzo e Olavo Chinaglia) fossem questionados pelos senadores na mesma sessão da CAE.Por conta da resistência ao nome do procurador-geral e em uma manobra da oposição, Badin foi destacado do grupo e sua sabatina foi adiada para depois do recesso parlamentar. Diante da situação, o governo passou a considerar que o adiamento permitiria esfriar a temperatura no Senado e criar condições políticas para a aprovação do indicado.Nesse período, foi cogitada a retirada do nome de Badin para a presidência da autarquia. Ele passaria a ser indicado para uma vaga de conselheiro, e a presidência passaria para as mãos de um nome de maior consenso. O ministro da Justiça, Tarso Genro, no entanto, manteve o nome do procurador-geral.

FuncionamentoDepois de voltar a ter quórum para funcionamento na semana, o conselho ficou novamente sem o número mínimo exigido para a contagem de prazos e realização de julgamentos. Na sexta-feira, dois conselheiros em segundo mandato deixaram o Cade -Luiz Carlos Prado e Ricardo Cueva.O quórum mínimo é de cinco conselheiros. Atualmente, apenas três estão em exercício de mandato. Já estão prontos para assumir seus postos Ragazzo e Chinaglia -filho do presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP). No entanto, os nomes dos indicados não haviam sido publicados no "Diário Oficial" da União até ontem.

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Concorrênciaa - Combate a cartel vira modelo para o Chile(DCI 12.08.2008 p. B11 Legislação)

BRASÍLIA - A Secretaria de Direito Econômico (SDE), do Ministério da Justiça, capacitou nos últimos meses mais de 50 agentes da Fiscalía Nacional Económica (FNE) do Chile para o enfrentamento efetivo aos cartéis. A FNE tem a função equivalente ao do Departamento de Proteção e Defesa Econômica (DPDE) no que diz respeito ao combate a essa prática ilícita no país sul-americano.

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O curso "Política de Clemencia y Aplicación de Técnicas Duras de Investigación para Acuerdos Colusivos y Carteles" foi ministrado pela diretora do DPDE, Ana Paula Martinez.. Segundo Ana Paula, "o convite do Chile é uma prova do reconhecimento de que o Programa Brasileiro de Combate a cartéis é bem sucedido, servindo de modelo para outras jurisdições".

A assistência técnica prestada pela SDE ao órgão chileno de defesa econômica teve início em 2007, quando a Secretaria discutiu com o Congresso daquele país a importância do Programa de Leniência e de poderes para realizar operações de busca e apreensão de documentos para o combate efetivo aos cartéis.

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Concorência - Brasil é reconhecido por enfrentar cartéis: País é o mais avançado na América do Sul e se equipara a países como Espanha e Portugal

(Gazeta Mercantil 12.08.2008 p. A7 Direito Corporativo)

Gilmara Santos

A política brasileira de combate ao crime de formação de cartel tem surtido efeito e ganhou reconhecimento mundial. A última edição da Global Competition Review, publicação inglesa especializada na área de defesa da concorrência, equipara o Brasil a países como Espanha, Portugal, Suécia e Noruega, quando o assunto é combate à formação de cartel. "Na América do Sul, somos o país mais avançado em relação à defesa da concorrência e de medidas para evitar crimes como formação de cartel", garante a advogada Juliana Oliveira Domingues, do escritório L.O.Baptista Advogados. Ela conta

que outros países a América Latina nem fazem estatísticas sobre o tema. "Somos mais desenvolvidos, em relação à defesa da concorrência, que países como Rússia, China e Índia", complementa a advogada. "Estamos muito bem posicionados e há um reconhecimento internacional de que estamos evoluindo a passos largos", concorda o advogado Guilherme Ribas, do escritório Felsberg Advogados. Para Ribas, essa evolução começou quando Gesner de Oliveira foi presidente do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). "O órgão começou a ter uma cara e os

empresários passaram a perceber que tinham que comunicar seus negócios ao Cade", explica o advogado. Ele cita como segundo passo a atuação do ex-secretário de Direito Econômico, Daniel Goldberg. "Foi nessa ocasião que tivemos o primeiro acordo de leniência e a primeira busca e apreensão. A partir daí, passamos a ser encarados como um país que leva a sério a lei antitruste", comenta Ribas. Juliana lembra que o primeiro acordo de leniência foi assinado em 2003. O objetivo do programa é celebrar acordos com pessoas físicas e jurídicas, em troca de colaboração na investigação da prática de cartel denunciada, com a extinção total ou parcial das penalidades administrativas.

Cooperação técnica

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A advogada conta ainda que também em 2003, entrou em vigor um acordo de cooperação técnica entre autoridades de defesa da concorrência do Brasil e dos Estados Unidos. "Esse acordo foi assinado em outubro de 1999, mas permaneceu desde então sob análise do Congresso Nacional para aprovação", diz a advogada. Ela lembra que os Estados Unidos e o Brasil possuem um acordo formal de cooperação em investigações de cartéis a divisão antitruste do norte-americana e a brasileira trabalharam em conjunto com a na investigação do suposto cartel das lisinas (ainda em investigação no Brasil). "Nos Estados Unidos, essas empresas foram processadas e consideradas culpadas pela fixação de preços e divisão de mercado. O resultado foi a punição de cinco empresas e a imposição de multas extremamente altas. Na Europa também houve a condenação por fixação de preços e divisão do mercado", comenta a advogada. "Outro caso interessante de cooperação no Brasil ocorreu durante a investigação do cartel internacional de vitaminas", comenta Juliana. Ela conta que a maior parte das informações recebidas de órgãos estrangeiros foram enviadas pelo Canadá. "Embora os dois países ainda não tenham firmado um acordo de cooperação, eles nos mandaram informações importantes", comenta a advogada. "E em 2007 houve condenação desse cartel pelo Cade", diz Juliana.

Treinamento do Chile

O reconhecimento internacional da evolução do direito antitruste brasileiro pode ser percebida também com um recente treinamento feito pela Secretaria de Direito Econômico (SDE) a órgão semelhante do Chile. "A SDE capacitou entre os dias 31 de julho e 1º de agosto os agentes da Fiscalía Nacional Económica (FNE) do Chile para o enfrentamento aos cartéis", diz a advogada. "A FNE tem a função equivalente ao do Departamento de Proteção e Defesa Econômica (DPDE)", explica Juliana. A advogada conta que a assistência técnica prestada pela SDE ao órgão chileno de defesa econômica teve início em 2007, quando a SDE discutiu com o Congresso daquele país a importância do programa de leniência e de poderes para realizar operações de busca e apreensão de documentos para o combate efetivo aos cartéis. "Foi firmado um acordo e no mês passado a SDE esteve naquele país", conta Juliana.

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CONCORRENTES

Cofins - Base de cálculo leva empresas e governo a confronto direto: Recurso de empresa e ação do governo discutem constitucionalidade da inclusão do ICMS na base de cálculo da Cofins,

desde 2006(DCI 12.08.2008 p. B11 Legislação)

SÃO PAULO - O Supremo Tribunal Federal (STF) retoma, amanhã, a discussão sobre a inclusão ou não do ICMS na base de cálculo da Cofins. O julgamento vem se arrastando há anos e colocou empresas e governo, novamente, em lados opostos. De um, o recurso extraordinário que pede o fim da inclusão do tributo sobre o cálculo da contribuição social. Do outro, uma ação de constitucionalidade movida pela Presidência da República que pretende, ao ser aprovada, anular o recurso.

O Recurso Extraordinário 240.785 chegou ao STF em 1999, movido pela empresa Auto Americano, questionando a inclusão do ICMS na base de cálculo da Cofins. Após muitas idas e vindas, em 2006, quando o placar marcava 6 a 1 pela procedência do recurso, o então (apenas) ministro Gilmar Mendes pediu vista e interrompeu o julgamento por praticamente dois anos.

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Nesse período, aproveitando-se de sua prerrogativa e da nova composição do plenário do Supremo, a Presidência da República entrou com uma Ação Declaratória de Constitucionalidade (ADC 18) para que, uma vez declarada procedente, anule todos os recursos semelhantes ao da Auto Americano, distribuidora de peças de São Paulo, que inspirou diversas ações judiciais em curso na primeira instância.

Nesta quarta-feira, com a composição do plenário diferente dos idos de 2006 e com Gilmar Mendes na presidência, o Supremo deverá, conforme já decidido anteriormente, dar prioridade à discussão sobre a ADC.

José Carlos Mota Vergueiro, do escritório Velloza, Girotto e Lindenbojm Advogados Associados, acredita que o Supremo possa a chegar a um entendimento que não signifique vitória ou derrota total para as partes envolvidas. "Uma vez caracterizada a repercussão geral, o que é o caso, e que dará origem a uma súmula vinculante, a decisão deverá buscar amenizar o impacto tanto para as empresas como para o governo", explica.

Esse impacto é o principal argumento do governo para deter o recurso. De acordo com dados divulgados pelo advogado-geral da União, José Antonio Dias Toffoli, a arrecadação federal poderá sofrer um rombo anual de R$ 12 bilhões. Além disso, as ações pedindo a restituição dos valores pagos poderiam gerar um prejuízo de R$ 60 bilhões. Seria uma derrota tão significativa quanto foi a extinção da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF), no fim do ano passado.

Do outro lado do ringue, as Confederações Nacionais da Indústria (CNI), do Comércio (CNC) e do Transporte (CNT) contestam o argumento utilizando os próprios dados oficiais de quebra sucessiva de recorde de arrecadação fiscal.

Vergueiro acredita que a questão poderá ser decidida nos mesmos moldes da discussão sobre o prazo de cobrança das dívidas com o INSS. "Provavelmente, o STF deverá tender para propor o fim da inclusão do ICMS na base de cálculo a partir de agora. Por outro lado, para fins retroativos, apenas as empresas que já pediram a restituição judicialmente é que terão o pedido aceito. Aquelas que não acionaram a Justiça, perdem o direito de fazê-lo", supõe o advogado.

Apesar de ser considerada uma vitória parcial do governo, o julgamento da ADC poderá ter um final inesperado. "Acredito que o Supremo tenda a favorecer os contribuintes, mantendo os votos já determinados, inclusive por ministros que já não compõem mais o plenário do Supremo", afirma Vergueiro.

Oito ministros já entenderam que a Ação Direta de Constitucionalidade deve ser analisada e apenas o ministro Marco Aurélio se manifestou pelo arquivamento da ação, antes de pedir vista do processo.

Segundo o advogado Maurício Faro, do Barbosa, Müssnich & Aragão (BM&A), a decisão de priorizar a ação do Governo não foi favorável aos contribuintes. "A ação em curso já tinha maioria a favor da empresa e nesta Ação Declaratória não sabemos como será, já que o ministro Sepúlveda Pertence se aposentou e o voto de Menezes Direito, que entrou no seu lugar, ainda não foi apresentado. Além disso, sabemos que há uma grande pressão política para que o argumento seja rejeitado"

O tributarista Celso Meira Junior, da Martinelli Advocacia Empresarial, ficou surpreso com a tendência em aceitar a análise da Ação Declaratória. "Mais uma vez a União utiliza-se de manobras processuais ao vislumbrar uma derrota", declarou.

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Palavra Chave: A Recente evolução e as novas tendências das fusões e aquisições no Brasil(Jornal do Commercio 12.08.2008 p. B6 Direito & Justiça)

As fusões e aquisições desempenham papel fundamental no crescimento das empresas, porque nem sempre é possível que cresçam organicamente. A partir de meados dos anos 90, mais precisamente com as privatizações, que foram um grande processo de aquisição de controle de empresas estatais, surgiram vários novos aspectos das fusões e aquisições, como a maior incidência do controle compartilhado, ou seja, um grupo de acionistas controladores ao invés de apenas um.

O período pós-privatização foi marcado por um período de consolidação. Fusões e aquisições dentro de um mesmo grupo econômico são muito mais fáceis, na medida em que o acionista controlador comum dirige o processo e os padrões de comportamento são os mesmos. A preocupação maior nos processos de reorganização societária dentro do mesmo grupo econômico é não se causar qualquer prejuízo aos acionistas minoritários. Para tanto, a fixação da relação de substituição, ou seja, de quantas ações os acionistas minoritários da incorporada receberão em troca das ações a serem emitidas pela incorporadora, é de crucial importância.

O momento atual promete mais mudanças para a área de fusões e aquisições. O sistema societário brasileiro foi calcado na existência de um ou mais acionistas controladores identificados. Contudo, com a pulverização do capital, ou seja, com o advento de empresas com a maior parte do capital votante no mercado, passa a existir uma verdadeira separação entre propriedade e gestão, porquanto tais empresas passam a ter controle gerencial, ou seja, os diretores e conselheiros passam a ter autonomia funcional em relação aos detentores do capital das companhias abertas. Assim, os conflitos jurídicos deixam de ser apenas entre acionistas controladores e minoritários e passam a ser também entre, de um lado, os acionistas e, de outro, os administradores. Da mesma forma, passa a existir um "mercado de controle", ou seja, passa a ser possível adquirir o controle de uma companhia aberta, mesmo que seus atuais acionistas controladores e administradores não o desejem. Trata-se das "ofertas públicas de aquisição hostis".

Essas ofertas públicas de aquisição no mercado tornam-se um instrumento adicional de proteção dos acionistas minoritários, na medida em que uma empresa provavelmente se tornará alvo de uma oferta pública de aquisição hostil se ela não estiver sendo gerida eficientemente. Um novo controlador utilizará os ativos da empresa adquirida de forma mais eficiente, o que beneficiará todos os acionistas da empresa adquirida.Outro aspecto importante é que, com os mercados em alta, há uma propensão maior às operações de fusões e aquisições, porque, normalmente, as empresas adquirentes tendem a utilizar ações de sua emissão (que estão valorizadas) como meio de pagamento pelas empresas adquiridas. Por isso é que mercados em baixa costumam causar a diminuição do número de operações de fusões e aquisições.

Além das ofertas públicas de aquisição hostis, uma nova tendência serão as operações de incorporação ou reorganizações entre sociedades de grupos econômicos distintos. Tal circunstância tornará o processo de fusões e reorganizações mais complexo, pois haverá uma verdadeira negociação entre as empresas ou grupos envolvidos na reorganização societária. Nessas operações, a relação de substituição continuará a ser a "pedra de toque" e as preocupações não se cingem apenas à proteção ou preservação dos acionistas minoritários, mas também dos grupos controladores distintos das sociedades envolvidas na reorganização societária. O § 3° do art. 226 da Lei das S/A, introduzido pela Lei 11.638/07, já espelha esta nova realidade. Todas essas tendências tornarão a área de fusões e aquisições ainda mais emocionante.

Laercio Pellegrino Filho - Do escritório Campos Mello, Pontes, Vinci & Schiller Advogados

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Serviços Jurídicos - Bancas focam mercado da corrupção: Cresce nas empresas preocupação com suborno de funcionários públicos

(Valor Econômico 12.08.2008 p. E1 Legislação & Tributos)

Cristine Prestes, De São Paulo

Na manhã da terça-feira passada, a advogada Isabel Franco, sócia do escritório Demarest & Almeida Advogados, recebeu um telefonema de um alto executivo de uma empresa brasileira de grande porte do Rio de Janeiro que atua no segmento de maquinário pesado. O objetivo era questioná-la sobre a licitude da intenção da companhia em financiar a ida de um congressista brasileiro à Olimpíada de Pequim. A dúvida do executivo causa estranheza no país do "jeitinho" - o relatório da organização não-governamental Transparência Internacional, que mede o índice de percepção da corrupção, colocou, em 2007, o Brasil ao lado de países como Gana, Romênia e Senegal. Mas a formulação de questões como essas a advogados se torna comum no Brasil - e o principal motivo é, curiosamente, uma legislação americana.

Escritórios de advocacia brasileiros que trabalham na área de direito empresarial estão sendo procurados para orientar clientes - empresas nacionais e multinacionais - preocupados em conhecer as normas anticorrupção que podem, em algum momento, vir a atingir seus negócios. É o caso da lei dos Estados Unidos chamada Foreign Corrupt Practice Act (FCPA), que estabelece sanções penais e cíveis a representantes de empresas que corromperem funcionários públicos estrangeiros, sejam eles das matrizes ou de suas subsidiárias (veja quadro ao lado). A legislação americana foi criada em 1977, após o escândalo de Watergate, e seguida por diplomas legais semelhantes em vários países do mundo. Em 1997, os países membros da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) assinaram a Convenção sobre o Combate à Corrupção de Funcionários Públicos Estrangeiros em Transações Comerciais Internacionais, da qual o Brasil também é signatário.

Apesar de não serem novas, essas leis começam, agora, a provocar a reação de empresas do mundo todo - inclusive do Brasil. E sobram motivos para isso. De acordo com um levantamento feito pelo escritório de advocacia americano Miller & Chevalier, o número de processos abertos contra empresas batem recordes nos Estados Unidos. Em 2006, a Securities and Exchange Commission (SEC) - a CVM americana - e o United States Department of Justice (DOJ) - Ministério Público - abriram um total de 15 investigações contra companhias com base na FCPA. No ano passado esse número saltou para 38 e apenas de janeiro a junho deste ano foram abertos 16 procedimentos. Em outros países não é diferente. A Alemanha, que há dez anos permitia que o pagamento de propinas fosse deduzido do imposto de renda, investiga hoje uma de suas maiores empresas - a Siemens -, acusada de corromper funcionários públicos em vários países, inclusive no Brasil e nos Estados Unidos. A empresa descobriu 1,3 bilhão de euros em transações suspeitas entre 2000 e 2006. O caso que envolve a francesa Alstom é outro exemplo: documentos encontrados na Suíça indicam que a companhia pode ter atuado de forma irregular em licitações na Ásia e na América Latina entre 1995 e 2003.

No caso do Brasil, há um motivo a mais que traz à tona o tema corrupção entre os empresários: o país, desde 2006, vive um recorde de fusões e aquisições decorrentes, em boa parte, do aumento do interesse de empresas estrangeiras nos ativos brasileiros. E, na chamada "due dilligence", auditoria realizada pela parte compradora na empresa que está à venda onde são levantados seus passivos, muitas vezes são encontradas práticas ilícitas que podem comprometer a imagem das empresas e, conseqüentemente, o negócio em andamento.

A situação surgiu recentemente, durante o processo de compra de uma empresa nacional do setor de serviços por uma americana que atua no mesmo segmento. O negócio, agora em fase de conclusão,

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desenrolou-se durante o último ano e, em um determinado momento, surgiu a hipótese de que algumas condutas da brasileira pudessem submeter a americana, no futuro, às sanções previstas na FCPA. A suspeita era a de que funcionários da empresa pudessem ter pago propina a funcionários públicos municipais que fiscalizam obras no Brasil e surgiu durante o processo de due dilligence, a partir de denúncias de trabalhadores. A dúvida, segundo o advogado Antenor Madruga, sócio do escritório Barbosa, Müssnich e Aragão Advogados que comanda a área de recuperação de ativos da banca e que assessorou a empresa no caso, era se ela deveria reportar o caso às autoridades americanas. Após oito meses de investigação dentro da companhia brasileira, não foram encontrados indícios de prática de corrupção - mas ainda assim a americana decidiu por informar as autoridades dos EUA as medidas que estavam sendo tomadas para evitar a prática no futuro.

O mesmo aconteceu no início do ano passado, quando uma multinacional americana descobriu, durante o processo de compra de uma empresa brasileira, que esta havia sido citada no relatório do escândalo do "oil for food" (petróleo em troca de alimentos), programa da Organização das Nações Unidas (ONU) que funcionou de 1997 a 2003, pelo qual o Iraque vendia seu petróleo e a receita era destinada à compra de alimentos. Segundo investigações dos serviços de inteligência americanos, o país teria recebido mais de US$ 200 milhões em propinas de gente interessada em comprar petróleo. A citação do nome da empresa no relatório foi descoberta durante o processo de due dilligence - e apenas após a brasileira ter comprovado que havia sido envolvida no escândalo erroneamente e um parecer ter esclarecido que, ainda que ela estivesse envolvida, à época não estava sujeita às regras do FCPA, a compra foi concluída.

Nem sempre, no entanto, tudo corre bem e as empresas saem ilesas das due dilligences - que envolvem buscas em tribunais de contas, casas legislativas, comissões parlamentares de inquérito (CPIs), entrevistas com diretores e funcionários para levantar indícios de práticas ilícitas e da contratação de empresas de investigação para buscar sinais exteriores de riqueza tanto de executivos quanto do baixo escalão. A advogada Isabel Franco, especialista em legislação anticorrupção, conta que, no ano passado, assessorou uma multinacional do setor de informática que se preparava para comprar uma empresa de pequeno porte do mesmo ramo, de capital 100% nacional. Mas, quando tomou conhecimento da situação da empresa, desistiu do negócio. Nas entrevistas com os funcionários feitas durante a due dilligence, conta Isabel, ficou-se com a impressão de que "todo mundo 'dava jeitinho' em tudo".

Desistências como essa começam a surgir no país diante do aquecimento das fusões e aquisições e do potencial atrativo dos ativos brasileiros - ainda que, nesses casos, a empresa compradora não herde o passivo penal da adquirida, pois esta não estava sujeita às regras da FCPA. Isso ocorre, em parte, por uma questão cultural - algumas empresas estrangeiras já abandonaram definitivamente práticas ilícitas diante do FCPA com a adoção de rígidos códigos de ética e programas de compliance. E, em parte, porque muitas vezes a irradiante lucratividade das empresas alvo das aquisições esconde um esquema gigantesco de práticas ilegais - como o pagamento de propinas a funcionários de governos e fraudes em licitações. Sem isso, a margem de lucro se torna pouco atrativa.

Foi o que ocorreu há dois anos com uma multinacional americana que atua na área de maquinário de rodovias e de infra-estrutura e que negociava a compra de uma brasileira do mesmo ramo. Durante a due dilligence, descobriu-se que boa parte do faturamento da lucrativa empresa nacional vinha de licitações - e, curiosamente, ela vencia todas. De outro lado, foram identificadas saídas de caixa estranhíssimas. Comissões provavelmente pagas ilegalmente a funcionários públicos estavam disfarçadas de "taxas de consultoria", e das quais não havia contratos. "A empresa era a imagem do sucesso, mas chegamos à conclusão que, sem ilegalidades, a empresa não teria o mesmo lucro", conta Isabel Franco, que assessorou a multinacional na due dilligence. "O argumento de que a FCPA não se aplica aqui não importa, pois as empresas americanas, cada vez que interagem com outras, fazem uma investigação das empresas que estão sendo adquiridas ou com as quais fecham contratos de fornecimento", diz. Além disso, segundo Isabel, nos contratos de promessa de compra as empresas já incluem uma cláusula que estabelece que, caso se descubra, na due dilligence, práticas que infringem as regras da FCPA, a compradora pode rescindir o contrato.

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O Demarest já possui mais de uma dúzia de clientes na área, a maioria em busca de consultoria e, no TozziniFreire, que também possui um departamento de compliance para orientar empresas a respeito das normas anticorrupção e na elaboração de códigos de ética, surgem dúvidas de todo tipo. "Já fui consultada sobre a possibilidade de a empresa dar uma geladeira de presente a um fiscal de tributos", diz a advogada Shin Kim, sócia do TozziniFreire na área de compliance. Segundo ela, a maioria das consultas que recebe é de clientes que querem saber o que fazer diante de situações que surgem. "Há uma crescente conscientização sobre isso", diz.

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Tendência: novas condições fazem parte da contratação de executivos(Migalhas – 12.08.2008)

Atualmente, a contratação de executivos, especialmente do alto escalão, não se limita apenas à negociação de valores de salário e de bônus. O ingresso desses profissionais na empresa envolve a elaboração de um contrato em que constam diversas cláusulas e condições, explica o doutor em Direito do Trabalho e sócio do escritório Machado, Meyer, Sendacz e Opice Advogados, Sólon Cunha. "A crescente preocupação com a imagem corporativa e com os resultados de médio a longo prazo, junto ao acirramento da concorrência, levaram as empresas a desenvolver mecanismos não apenas de incentivo para esses profissionais, mas de retenção e de responsabilidade", explica o advogado.

Em geral, a seleção e as primeiras conversas ficam a cargo de Head Hunters, do RH ou mesmo dos acionistas, no caso da contratação de presidentes. Nessa primeira etapa, já são discutidos o salário e as condições gerais do trabalho (funções). "Após isso, é que entra o advogado, para elaboração do contrato e definição de outros detalhes", afirma Sólon. Entre as cláusulas mais usuais atualmente estão a inclusão de um seguro de responsabilidade civil do executivo (D&O), definição de bônus (seja em dinheiro, ações, stock options e outros) com base na performance global da empresa (ibitda) ou na valorização das ações, condições de sigilo, prazos de 3 a 5 anos com renovações periódicas e regras que impedem a migração para a concorrência. "Passou o tempo em que os executivos conseguiam resultados excepcionais em um curto espaço de tempo, deixando os reflexos indesejáveis para o próximo gestor. As empresas buscam resultado sim, mas sólido, continuado e de longo prazo", afirma Sólon.

Além de presidentes, esse procedimento de contratação está sendo muito utilizado na contratação de diretores financeiros, comerciais e de relações com investidores (RI). "O grande número de IPOs no Brasil aumentou a demanda por profissionais de RI. Um contrato negociado em bases sólidas facilita a atração e a retenção desses profissionais", salienta o advogado.

http://www.migalhas.com.br/mostra_noticia.aspx?cod=66693

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CONSTITUCIONAL

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Direito Constitucional: Súmula Vinculante nº 10(Carta Forense – Ago./2008 p.17)

Aprovada em sessão plenária do STF de 18 de junho de 2008, e publicada no DJ do dia 27 seguinte, a súmula vinculante n. 10 determina que "viola a cláusula de reserva de plenário (CB, artigo 97) a decisão de órgão fracionário de tribunal que, embora não declare expressamente a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do Poder Público, afasta sua incidência, no todo ou em parte.". O mencionado art. 97 determina que: "Somente pelo voto da maioria absoluta de seus membros ou dos membros do respectivo órgão especial poderão os tribunais declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do Poder Público.".

Da comparação dos textos resulta a sua compatibilidade. É plenamente adequada a idéia inerente à nova súmula. Ou seja, o art. 97 da Constituição, conhecido como cláusula constitucional de reserva de plenário, exige que a declaração da inconstitucionalidade ocorra, nos tribunais, por meio da maioria absoluta ou dos seus membros (do tribunal) ou da maioria absoluta dos membros do órgão especial (existente este em todos os tribunais com mais de 25 julgadores, cf. art. 93, inc. XI, da CB). Logo, nos tribunais, como declara a súmula, não pode o órgão fracionário afastar uma lei ou parte dela, sob o fundamento de inconstitucionalidade, ainda que não declarado abertamente, sem que o órgão especial tenha previamente analisado a questão.

No Direito brasileiro, portanto, a regra é a de que o órgão especial do Tribunal analisará necessariamente (e previamente) as questões constitucionais apresentadas em processos judiciais em curso nos órgãos fracionários do respectivo Tribunal (câmaras, turmas, seções, etc.). Estes órgãos fracionários devem, quando se deparam com a possível inconstitucionalidade de uma lei pertinente ao caso concreto em julgamento, suspender o processo e remeter a questão constitucional para deliberação pelo órgão especial (procedimento regulamentado pelo CPC e pelos regimentos internos). É o que se denomina, tecnicamente, de incidente de inconstitucionalidade (o único caso de incidente de inconstitucionalidade que existe no ordenamento jurídico brasileiro). As características deste incidente são: i) atuação de ofício pelo órgão julgador; ii) remessa de um questão preliminar necessária (de ordem constitucional) para outro órgão deliberar; iii) subordinação do órgão julgador original (fracionário) à decisão adotada pelo órgão ao qual se remeteu a questão. Advirta-se, porém, que a decisão final do caso concreto é, sempre, do órgão fracionário. O que o órgão especial há de fazer, pois, é deter-se na solução do tema constitucional, e apenas dele, sem qualquer decisão a algum caso concreto em curso no tribunal. Em outras palavras, o órgão especial delibera em termos abstratos, no sentido de que apenas se ocupa com a constitucionalidade ou inconstitucionalidade da lei ou ato normativo impugnado, num primeiro momento, pelo órgão fracionário. É este que: i) decide se a questão constitucional é necessariamente uma preliminar para solucionar o caso concreto; ii) decide o caso concreto em si, a partir da decisão sobre constitucionalidade exarada pelo órgão especial. Não há, portanto, que se falar em exceção à cláusula constitucional do juiz natural nem à proibição de tribunais de exceção. Trata-se, apenas, de um incidente quanto à constitucionalidade de algum ato normativo. A súmula, assim compreendida, praticamente nada inova, apenas reiterando a imperatividade do art. 97 da Constituição.

Mas a súmula parece ir além. Nela está contida uma idéia também já consolidada no STF, no sentido de que entre declaração de inconstitucionalidade e não-aplicação de norma, considerada incompatível com a Constituição, não há diferença alguma. Ou seja, também no controle de constitucionalidade difuso-concreto há declaração de inconstitucionalidade, embora circunscrita para o caso concreto. Não se trata de uma mera não-aplicação de lei inconstitucional, como alguns autores chegaram a sustentar. Tanto no controle abstrato como no controle concreto existe a declaração de inconstitucionalidade, com a diferença evidente dos efeitos gerais no primeiro modelo de controle e dos efeitos restritos no segundo. A não-aplicação de lei por inconstitucionalidade, em um caso concreto, equivale à declaração de inconstitucionalidade (para o caso concreto). A distinção, portanto, é sibilina e não deve prosperar. Em termos práticos, não se admite que o órgão fracionário argumente que apenas procederá à não-aplicação da lei, sem declarar sua inconstitucionalidade, para fins de subtrair-se à incidência do art. 97 da CB.

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Contudo, há alguns problemas no teor da súmula em apreço, que teriam merecido uma atenção maior em sua redação: i) o órgão fracionário pode afastar a incidência, no todo ou em parte, de determinada lei ou ato normativo, por motivos outros que não a inconstitucionalidade (não pertinência ao caso concreto, falta de vigência da lei, etc.), caso em que não incide o art. 97, apesar da literalidade da Súmula sugerir o oposto; ii) o CPC (art. 481, parágrafo único) permite que, uma vez já decidida a inconstitucionalidade pelo plenário do respectivo Tribunal ou do STF, o órgão fracionário não tenha de reiterar eternamente o incidente em todos demais casos concretos com questão constitucional idêntica, bastando aplicar a decisão já consolidada anteriormente (na sua literalidade, a súmula parece colidir com esse comando). Vale, aqui, uma leitura menos literal da súmula, impedindo que a mesma se transforme em um retrocesso ao nosso modelo de controle de constitucionalidade.

Registre-se, por fim, que Súmula n. 10 em nada altera o controle de constitucionalidade desempenhado pelos magistrados de primeira instância. Também não se aplica quando o órgão fracionário de tribunal entender pela constitucionalidade da lei objeto de discussão no processo e, pois, aplicá-la ao caso concreto.

http://www.cartaforense.com.br/Materia.aspx?id=2134

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CONSUMIDOR

Royal Holiday é condenado a retirar cláusula abusiva de seu contrato(TJ/RJ – 12.08.2008)

A Royal Holiday Brasil Negócios Turísticos foi condenada, em ação coletiva de consumo proposta pelo Ministério Público do Rio, a informar aos consumidores as reais características dos serviços oferecidos, sob pena de multa diária de R$ 20.000,00. De acordo com o MP, a empresa possui como objeto a prestação de serviços de lazer, consistente em programa de férias ou crédito de férias, e promove coquetéis, expondo supostas vantagens, ocasião em que os consumidores assinam um contrato de compra e venda de programa de férias, sem ler suas cláusulas contratuais, que na verdade não condizem com as prometidas vantagens da afiliação ao sistema.

A juíza Fernanda Galizza do Amaral, da 4ª Vara Empresarial do Rio declarou ainda a nulidade da cláusula 6ª do contrato da empresa, que prevê a retenção do percentual de 35% do valor pago a título de multa compensatória em caso de rescisão do negócio jurídico. "Ocorre que a empresa ré retém valores, sem que fosse prestado qualquer serviço. Tanto a referida cláusula é abusiva, que a própria empresa informa que já retirou tal previsão de retenção de seu contrato de adesão", escreveu a juíza na sentença.

Outra determinação da juíza é que a Royal Holiday se abstenha de reter valores pagos pelos consumidores, caso solicitem o desfazimento do vínculo contratual, sob pena de multa de R$ 20.000,00 por ocorrência. "Não pode a empresa ré se abster de proceder na devolução integral do que foi pago, eis que a abusividade de sua conduta quando da contratação é vício que admite a recomposição do status quo ante. Deve-se evitar que o consumidor seja freqüentemente induzido a erro, atraído por propagandas que somente colocam em destaque benesses, que não correspondem com a realidade, principalmente com relação aos preços", concluiu a juíza Fernanda Galiza do Amaral.

http://srv85.tj.rj.gov.br/publicador/exibirnoticia.do?acao=exibirnoticia&ultimasNoticias=9721

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DIVERSOS

Plenário pode votar PEC que muda tramitação de MPs(Câmara – 08.08.2008)

A Proposta de Emenda à Constituição que muda o rito de tramitação das medidas provisórias (PEC 511/06) é o destaque da pauta do Plenário para a segunda semana de agosto. O presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia, marcou sessões do Plenário de terça (12) a quinta-feira (14).

Antes de votar a PEC, porém, os deputados terão de votar a Medida Provisória 434/08 e os projetos de lei 1650/07 e 3452/08, que trancam os trabalhos.

Aprovada em abril deste ano por uma comissão especial, a PEC 511/06, do Senado, acaba com o trancamento da pauta do Plenário pelas medidas provisórias, mantém o prazo máximo de validade em 120 dias e remete a análise da admissibilidade das medidas às comissões de Constituição e Justiça de cada Casa (Câmara e Senado).

De acordo com o substitutivo do deputado Leonardo Picciani (PMDB-RJ), o relator do mérito da MP terá cinco dias para se manifestar. Depois desse prazo, ela ganha regime de urgência e a pauta do Plenário poderá ser invertida apenas com o quorum de maioria absoluta.

CréditosOs pontos mais polêmicos, entretanto, são quanto aos créditos orçamentários e à possibilidade de o presidente da República retirar a MP dentro de 15 dias de sua edição.

O texto permite a abertura de crédito suplementar ou extraordinário caso um projeto de lei de igual teor não tenha a votação concluída pelo Congresso Nacional depois de 75 dias de seu envio pelo Poder Executivo. A faculdade de o presidente da República retirar de pauta a MP compensa o fim da possibilidade de uso de uma medida provisória para revogar outra.

Outras matérias prioritárias poderão ser incluídas na pauta depois da reunião de líderes marcada para a próxima terça-feira (12) pela manhã.

AbinA estruturação do plano de carreiras e cargos da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) é o primeiro item pautado. A MP 434/08 transforma a remuneração do pessoal da área fim em subsídio e cria 440 cargos a serem providos por concurso público.

Os atuais cargos de analista de informação e assistente de informação passam a ser denominados, respectivamente, oficial de inteligência (nível superior) e agente de inteligência (nível intermediário). Os oficiais receberão, retroativamente a 1º de abril de 2008, subsídio de R$ 7.411,78 no início de carreira e R$ 10.277,57 no final. Em 1º de outubro deste ano, os novos valores são de R$ 9.713,13 (início) e R$ 13.468,76 (final).

Políticas sociaisCom urgência constitucional vencida, trancam os trabalhos os projetos de lei 3452/08 e 1650/07, ambos do Poder Executivo.

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O primeiro cria a carreira de Desenvolvimento de Política Sociais, a ser composta por 2,4 mil cargos efetivos de analista técnico com a função de executar atividades de assistência técnica em projetos e programas de áreas como saúde, previdência, emprego e renda, segurança pública e segurança alimentar.

O objetivo é melhorar a execução dos projetos sociais da União, aferindo os resultados e analisando dados para apoiar e subsidiar as atividades de controle e auditoria, além de colaborar na definição de estratégias.

O PL 1650/07 prevê incidência das mesmas alíquotas do Imposto de Renda da Pessoa Física (IRPF) para os ganhos de transportador autônomo residente no Paraguai quando ele prestar serviços a operadora brasileira de transporte rodoviário internacional de carga.

O Plenário deve analisar uma emenda do Senado que corrige no texto a referência às tabelas do IRPF aprovadas pela Lei 11.482/07, com reajustes fixados até 2010. O texto aprovado pela Câmara fazia referência apenas a valores de 2007.

http://www2.camara.gov.br/internet/homeagencia/materias.html?pk=125490

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ENERGIA, PETRÓLEO E GÁS

Energia e Combustíveis - Área de refino da Petrobrás perde R$ 615 milhões: Alta da cotação internacional do petróleo e falta de reajustes internos prejudicam desempenho

(Estado de São Paulo 12.08.2008 p. B3 Economia)

Nicola Pamplona

A disparada do preço do petróleo no mercado internacional causou perdas na área de refino da Petrobrás. No primeiro semestre, o prejuízo foi de R$ 615 milhões, ante R$ 4,409 bilhões de lucro no mesmo período de 2007. Esse desempenho é fruto, principalmente, de um primeiro trimestre sem reajustes no preço dos combustíveis, quando o prejuízo chegou a R$ 566 milhões. No segundo trimestre, após os aumentos nos preços da gasolina e do diesel, as perdas caíram para R$ 49 milhões.

“A redução do resultado da área de abastecimento decorreu da elevação dos custos de aquisição e transferência de petróleo e de importação de derivados, refletindo o comportamento das cotações internacionais”, informou a empresa, em relatório para o mercado financeiro. O cenário tende a melhorar com a queda nas cotações internacionais do petróleo.

Segundo a Petrobrás, a cesta de combustíveis vendidos pela empresa custa hoje US$ 109 por barril, enquanto o petróleo fechou ontem nos US$ 113 por barril. Mantida a queda dos preços internacionais, que chegaram a superar os US$ 140, a tendência é que a defasagem seja eliminada em breve.

A área de abastecimento da companhia sofreu também com o crescimento do consumo interno de óleo diesel, que o Brasil importa por falta de capacidade de refino. Segundo o diretor-financeiro da

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companhia, Almir Barbassa, a empresa foi obrigada a importar mais petróleo leve para misturar ao pesado petróleo nacional e produzir mais diesel. No primeiro semestre, o petróleo leve custava, em média US$ 13 por barril mais caro que o petróleo nacional.

O índice de utilização de petróleo nacional caiu de 79% para 77% entre o primeiro e o segundo trimestres de 2008. “Por razões econômicas, a área de abastecimento preferiu importar óleo leve do que diesel”, explicou Barbassa. Segundo dados da Agência Nacional do Petróleo (ANP), as vendas de óleo diesel cresceram cerca de 10% no primeiro semestre. Para a Petrobrás, o movimento reflete o crescimento da atividade econômica.

A empresa espera reduzir a necessidade de importações de petróleo leve à medida que comecem a entrar em operação os campos da região do pré-sal, com petróleo de boa qualidade, que produz maior quantidade de óleo diesel. Além disso, investe em modernização das refinarias existentes e na construção de novas unidades para transformar petróleo pesado em combustíveis nobres, como diesel e querosene de aviação.

A disparada do petróleo, por outro lado, beneficiou os negócios da área de exploração e produção da companhia, que teve lucro de R$ 20,987 bilhões no semestre, um crescimento de 83% em relação ao mesmo período do ano anterior.

BALANÇO

R$ 615 milhões foi o prejuízo da área de refino da Petrobrás no primeiro semestre

R$ 4,409 bilhões foi o lucro obtido pela estatal na área de refino no primeiro semestre do ano passado

US$ 109 é o custo da cesta de combustíveis vendida pela Petrobrás

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Petróleo - Em disputa, a riqueza do pré-sal: Congresso debate distribuição de recursos do petróleo, que devem aumentar após descobertas

(Estado de São Paulo 12.08.2008 p. B3 Economia)

Nicola Pamplona

Dos 23 países detentores das maiores reservas de petróleo do mundo, apenas seis - incluindo o Brasil - não têm fundos para aplicar os recursos em políticas de desenvolvimento e bem-estar social. O tema entrou na pauta das discussões sobre o novo modelo do setor de petróleo, que mobiliza Executivo, Legislativo e mercado e ganhou importância com a chegada ao debate de importantes lideranças políticas, como os senadores Tasso Jereissati, Cristovam Buarque e Aloizio Mercadante.

O debate sobre o pré-sal está aberto em duas frentes: como ficarão os contratos de concessão e como será distribuída a riqueza gerada pela indústria petrolífera. Enquanto o primeiro é elaborado por uma comissão interministerial criada para esse fim, o segundo já mobiliza o Congresso há algum tempo e ganha novas propostas. Existem hoje pelo menos 50 projetos de lei tratando de distribuição de royalties e participações especiais sobre a produção de petróleo.

Os dois temas deveriam ser debatidos em paralelo, dizem especialistas do setor. O mercado teme que uma discussão sobre distribuição dos royalties atrase a definição de um novo marco regulatório para o setor, postergando novas concessões na região do pré-sal.

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A distribuição das receitas do petróleo é tema polêmico e tende a provocar uma grande disputa pelos recursos - que, no ano passado, somaram R$ 15 bilhões e tendem a crescer vertiginosamente com a produção no pré-sal. Hoje a distribuição beneficia municípios e Estados produtores, além dos ministérios de Minas e Energia, Meio Ambiente, Defesa e Ciência e Tecnologia. No caso de Estados e municípios, são grandes as críticas sobre a concentração de renda e mau uso dos recursos.

Começam, portanto, a surgir propostas de criação de fundos para usar os recursos para o desenvolvimento do País. Uma delas, dos senadores Tasso Jereissati (PSDB) e Cristovam Buarque (PDT), propõe a criação do Fundo Nacional do Petróleo para Formação de Poupança e Desenvolvimento da Educação Básica (Funped), que enfrentaria os problemas da dívida pública brasileira e da educação.

Já o senador Aloizio Mercadante (PT) quer a criação de um fundo soberano, que tenha como objetivo investir em alternativas econômicas à indústria do petróleo. “Temos de saber usar essa riqueza com inteligência, para evitar o risco de doença holandesa”, diz ele, referindo-se a um fenômeno comum em países exportadores de recursos naturais: os grandes volumes de recursos provocam valorização cambial que retira competitividade da indústria.

Atualmente, os fundos soberanos com recursos do petróleo somam mais de US$ 2,3 trilhões, segundo dados da Sovereign Wealth Funds Institute. As aplicações variam de acordo com a saúde econômica do país.

“Temos uma tradição ruim em relação a fundos, porque geralmente os recursos ficam retidos no Tesouro”, diz o consultor Adriano Pires, do Centro Brasileiro de Infra-Estrutura (CBIE). “A lei já prevê a destinação de parte dos royalties a educação e pesquisa, mas fica tudo contingenciado. Nos últimos anos, apenas 15% são liberados”, concorda o consultor John Forman, ex-diretor da Agência Nacional do Petróleo (ANP).

O volume de recursos disponíveis a um eventual fundo, porém, só será estimado depois que a comissão interministerial definir o novo marco regulatório do setor, no qual se espera um aumento da participação governamental. Em sua primeira reunião, na semana passada, a comissão apenas avaliou modelos já existentes e decidiu que uma proposta só surgirá em dezembro.

Atualmente, o Brasil utiliza o modelo de concessão, segundo o qual o governo cede às petroleiras o direito de produzir e vender o petróleo que encontram no subsolo. Para isso, se comprometem a pagar royalties, participações especiais, impostos e outras taxas específicas, que garantem ao governo, segundo especialistas, de 60% a 70% da receita do setor.

A força motriz do desejo de mudança no modelo é a ampliação desse porcentual. Mas é consenso no mercado que o governo pretende também ter maior controle sobre as reservas do pré-sal, que, segundo consultorias especializadas, podem chegar a 70 bilhões de barris. Para isso, uma ala governista tende a propor um modelo de partilha da produção, no qual uma estatal é responsável por negociar parcerias com petroleiras, dividindo o investimento e os volumes produzidos.

Já no modelo de prestação de serviços, que vem ganhando força em regimes considerados mais à esquerda, uma estatal contrata petroleiras para operar os campos de petróleo, pagando uma taxa. Esse sistema enfrenta grande resistência das empresas do setor. “Somos operadores, não prestadores de serviço”, disse na sexta o diretor internacional da Petrobrás, Jorge Zelada, reclamando do processo de mudança contratual no Equador, que quer adotar a prestação de serviços.

Uma alternativa bem vista por quase todos os entrevistados é o modelo norueguês, que tem contratos de concessão com petroleiras, mas mantém uma empresa 100% estatal,com direito a participações acionárias no projeto que desejar. Por esse raciocínio, o Brasil poderia criar uma empresa com a prerrogativa de ser sócia das companhias privadas nas áreas do pré-sal, bancando investimentos mas ficando com parcela da produção equivalente à fatia acionária.

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Energia - Sai a licença para Santo Antônio: Documento contém 40 exigências ao consórcio Madeira Energia, liderado por Furnas e Odebrecht

(Estado de São Paulo 12.08.2008 p. B6 Economia)

Leonardo Goy

O consórcio Madeira Energia, responsável pela construção da hidrelétrica de Santo Antônio, no Rio Madeira, terá de investir R$ 30 milhões no saneamento ambiental em Porto Velho, vizinha da usina. Essa é uma das 40 exigências que constam da licença de instalação da hidrelétrica, cuja liberação foi anunciada ontem pelo presidente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama), Roberto Messias, e pelo ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc.

Com a emissão do documento, que deverá ser formalizado até amanhã, o consórcio, liderado por Furnas e Odebrecht, poderá iniciar a obra. A licença exigirá do empreendedor a “adoção” de duas reservas ecológicas: o Parque de Mapinguari (AM) e a Estação Ecológica Jaru (RO). Também será exigido que o consórcio arque com os custos da demarcação e monitoramento de duas terras indígenas, Karicuna e Karitiana. Será preciso ainda investir R$ 6 milhões na compra de equipamentos para os bombeiros e para o Batalhão Florestal de Rondônia.

O ministro criticou o atraso do consórcio na apresentação de documentos. “A licença saiu o mais rápido possível, apesar do atraso dos empreendedores.” Minc disse que documentos importantes foram entregues ao Ibama e à Agência Nacional de Águas, responsável pela outorga do uso da água, só nas últimas semanas. “Não é razoável trabalhar dessa maneira. Vamos estabelecer um prazo de dois meses entre a entrega do último documento e a emissão da licença.”

A usina de Santo Antônio terá capacidade para gerar 3.150 megawatts. O investimento na obra é estimado em R$ 10 bilhões. O consórcio já anunciou que pretende antecipar de dezembro de 2012 para maio desse mesmo ano o início da geração de energia na usina.

TAXA DE COMPENSAÇÃO

Minc disse que o governo deverá concluir na próxima semana a definição da fórmula de cálculo das taxas financeiras de compensação ambiental que serão pagas por empreendedores responsáveis por projetos de grande impacto no meio ambiente. Segundo ele, falta apenas embutir na fórmula o efeito do risco potencial de agressão ambiental de uma obra.

O ministro lembrou que uma decisão recente do Supremo Tribunal Federal (STF) proibiu o Ibama de cobrar a compensação ambiental mínima de 0,5% do valor total do empreendimento. O STF, porém, não acabou com a cobrança em si. Por isso, o ministério iniciou estudos para definir uma fórmula capaz de estabelecer uma gradação para a taxa.

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Energia - Minc vê 4 pontos positivos em Jirau: Aumento da área a ser inundada será o efeito negativo da mudança de local para construção da usina

(Estado de São Paulo 12.08.2008 p. B7 Economia)

Leonardo Goy

Um dia antes de o consórcio liderado pela Suez Energia assinar o contrato de concessão da usina hidrelétrica de Jirau, no Rio Madeira (RO), o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, disse que a proposta do grupo de deslocar a construção da usina para um ponto situado a nove quilômetros do lugar previsto no edital tem pelo menos quatro impactos ambientais positivos e um negativo. A constatação é dos técnicos do Ministério do Meio Ambiente e do Ibama que analisam a proposta apresentada pelo consórcio Energia Sustentável do Brasil (Enersus), vencedor do leilão.

O presidente do Ibama, Roberto Messias, explicou, no entanto, que o fato de haver quatro pontos positivos e um negativo não significa que o placar está a favor da mudança do local. Para ele, é fundamental saber o tamanho do impacto negativo. “É como uma pessoa dizer que comeu um boi, e outra dizer que comeu três galinhas. Quem comeu apenas um boi comeu mais”, comparou.

Os pontos positivos são: melhores condições de combate à malária na região, melhor administração dos sedimentos do rio, redução do volume de rocha a ser escavado e melhor preservação das espécies de peixes. Já o efeito negativo será o aumento da área a ser inundada: “Nossas equipes estão no terreno, querendo saber o que há nessa área adicional a ser alagada: se há muita ou pouca população, se há espécies (flora e fauna) de alto valor.” O governo marcou para hoje, às 11h, no Palácio do Planalto, a solenidade de assinatura do contrato de concessão de Jirau. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, participam do evento.

A assinatura do contrato formaliza o resultado do leilão. Não significa, no entanto, a aprovação do governo à mudança do local da usina. Isto ainda precisa passar pela aprovação da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e pelo Ibama. Se o deslocamento for rejeitado, o grupo terá de encontrar outro lugar ou construir a usina no ponto previsto no edital.

Minc afirmou que a resposta virá “em breve”. O presidente do consórcio Energia Sustentável do Brasil, Victor Paranhos, considera pequena a área adicional a ser alagada, de 10,7 quilômetros quadrados. A redução na escavação de rochas, por outro lado, seria significativa: 13 km² de rochas menos.

A proposta é criticada pelo grupo liderado pela Construtora Odebrecht, que venceu a licitação de Santo Antônio, outra usina do complexo do rio Madeira. O grupo se disse disposto a levar o caso à Justiça, o que fez o governo ameaçar até cancelar os leilões e entregar as obras para a Eletrobras.

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Aparelho submarino: Governo Lula se vale da desinformação a que submete a sociedade e trama criar estatal para gerir campos de petróleo

(Folha de São Paulo 12.08.2008 p. A2 Opinião)

O GOVERNO Lula já decidiu, informou no domingo esta Folha, que não transformará a nova província petrolífera do pré-sal num monopólio da Petrobras. A notícia representa alívio na melhor das hipóteses parcial para quem teme um retrocesso na regulação do setor, sob o pretexto de lidar com as promissoras perspectivas abertas pelos campos ultraprofundos.

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De fato, desde os primeiros rumores acerca da descoberta, a estatal lançou-se numa campanha para recuperar o direito exclusivo de exploração, quebrado por emenda à Carta em 1995. Nessa batalha de gabinetes, abusou-se da disseminação interessada de boatos -sempre no sentido de sustentar um clima ufanista, como se a economia do Brasil estivesse diante de um acontecimento revolucionário.Ainda que as expectativas mais exuberantes de reservas petrolíferas fossem materializadas, seria um equívoco devolver o monopólio à Petrobras. A alteração diminuiria o potencial de investimento nos campos, cuja exploração requer altíssimo aporte de capital. Daí a dúvida, ainda não respondida, sobre se será rentável, e a partir de que cotação do petróleo -que aliás está em queda-, retirar o combustível de poços tão profundos.A Petrobras, embora controlada pela União, é uma empresa aberta, com 60% do capital em mãos de outros acionistas, no Brasil e no exterior. Se a intenção é privilegiar, na partilha dos recursos das novas jazidas, a sociedade brasileira -titular das riquezas do subsolo-, conceder monopólio a uma empresa com tantos sócios privados não seria o melhor caminho.O governo Lula assimilou esse último argumento, mas apenas como pretexto para defender a criação de uma nova estatal no país, 100% da União. Tal empresa deteria os direitos exclusivos de exploração no pré-sal e contrataria outras companhias, a Petrobras entre elas, como meras prestadoras de serviço.A artimanha retórica não esconde que a intenção do lulismo é mesmo produzir uma reviravolta no modelo atual -baseado em concessões, distribuídas por disputas públicas das quais pode participar qualquer empresa. O projeto de retorno ao estatismo emana do conúbio, sob Lula, entre forças empenhadas em desbravar fronteiras para o aparelhamento do Estado e ideólogos nostálgicos da tutela econômica à moda Vargas ou Geisel.O curioso é que defensores da novíssima estatal se valem do exemplo da PDVSA, a petroleira venezuelana, para refutar a hipótese de entregar o monopólio do pré-sal à Petrobras. A estatal brasileira tenderia, dizem, a ficar tão poderosa quanto a da Venezuela, que se tornou um Estado dentro do Estado. Mas, ao propugnarem por uma estatal puro-sangue e monopolista no Brasil, é justamente o modelo perverso da PDVSA que perseguem.O debate sobre a normatização do pré-sal precisa emergir das profundezas. Enquanto ideólogos, burocratas e mercadores de sinecuras fazem acertos em surdina no governo federal, a sociedade convive com a desinformação de que pode ser vítima.

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Messias, o profeta nuclear: Com Angra 3, a situação do lixo radioativo deve se agravar. Não há, em lugar nenhum do mundo, solução definitiva para tal problema

(Folha de São Paulo 12.08.2008 p. A3 Opinião)

REBECA LERER

O MINISTRO do Meio Ambiente, Carlos Minc, bem que tentou minimizar o custo político da emissão da licença para a usina nuclear Angra 3, alegando que a decisão do governo Lula já fora tomada quando ele assumiu o cargo em abril. Minc lembrou seu passado ambientalista, se declarou contra a energia nuclear e colocou Angra 3 na conta da sua antecessora Marina Silva para tentar escapar da contradição.Tamanho esforço, porém, acabou inutilizado quando Roberto Messias, presidente do Ibama, em artigo publicado nesta seção no dia 5/8 ("Licenciar Angra 3: por quê?"), defendeu abertamente a sustentabilidade e a necessidade da geração nuclear no Brasil, tornando-se o novo porta-voz da indústria atômica -papel que não cabe à autoridade máxima do licenciamento ambiental brasileiro.O estudo de impacto ambiental (EIA-Rima) apresentado pela Eletronuclear tem várias lacunas e falhas, que foram apontadas pelo Ministério Público Federal em recomendação encaminhada ao Ibama após o ciclo de audiências públicas do processo de licenciamento de Angra 3 realizadas em março de 2008.

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Em vez de exigir a correção do EIA-Rima, o Ibama transformou as perguntas sem resposta em condicionantes listadas na licença prévia, sem nenhuma garantia de que elas serão cumpridas antes do início das obras de Angra 3.Na licença prévia de Angra 3, chamou a atenção da mídia a condicionante 2.18, que dispõe sobre o destino final dos rejeitos radioativos de alta atividade, principal passivo ambiental da operação de uma usina nuclear.Angra 1 e 2 geram por ano 13.775 metros cúbicos de rejeitos radioativos, e essa montanha de lixo nuclear vem sendo provisoriamente estocada dentro das próprias usinas. Com a construção de Angra 3, a situação deve se agravar.Não existe, em nenhum lugar do mundo, solução definitiva para o lixo radioativo e, portanto, a definição sobre os parâmetros e a localização de depósitos para tais resíduos é complexa, demorada e de altíssimo custo político e econômico. É impossível resolver a questão até 1º/9, como deseja o ministro Edison Lobão (Minas e Energia), ou mesmo no prazo de 120 dias estipulado na licença prévia.A reação do setor nuclear, em especial da Cnen (Comissão Nacional de Energia Nuclear), foi dizer que não é competência do Ibama ou mesmo da Eletronuclear encaminhar a questão do lixo radioativo.Tudo indica que essa condicionante não será cumprida, tratando-se apenas de verniz de responsabilidade para amenizar as críticas à emissão da licença.Licenças com condicionantes em aberto chegam a ser corriqueiras no Brasil, especialmente no caso de instalações nucleares. Um exemplo é a mina de urânio de Caetité (Bahia), operada pela estatal INB (Indústrias Nucleares do Brasil). Licenciada em 2002, até hoje a mina funciona com condicionantes em aberto relacionadas a monitoramento de impactos na saúde e na água.Em seu artigo, Roberto Messias assusta ao relativizar os riscos de acidentes no complexo nuclear de Angra dos Reis. A tecnologia nuclear é reconhecidamente perigosa e não são necessários novos acidentes como Chernobyl para reiterar esse fato.Em julho, na França, país que detém amplo parque atômico, foram constatados dois vazamentos de urânio, levantando dúvidas sobre a segurança nuclear daquele país. O artigo de Messias desinforma a sociedade ao levar a crer que ter eletricidade em casa depende da energia nuclear, que hoje responde por menos de 3% da matriz energética brasileira e não chegará a 4% mesmo com Angra 3 em pleno funcionamento.Vale lembrar ainda que a usina nuclear não é relevante em um cenário de "apagão" em 2010-2011, como temem os setores produtivos nacionais, já que Angra 3 só entrará em operação em 2014.O Brasil tem recursos renováveis como vento, sol e biomassa em abundância e pode garantir seu desenvolvimento sustentável e manter o crescimento econômico a partir de uma matriz estruturada em torno das fontes limpas e renováveis e de medidas de eficiência energética.Essa opção, porém, parece não interessar ao governo federal. O presidente Lula e os ministros do PAC devem estar satisfeitos, já que, finalmente, encontraram um presidente para o Ibama que não precisa ser classificado como "entrave" aos planos conservadores e insustentáveis do setor elétrico brasileiro, porque abre mão de defender a legislação ambiental e o princípio da precaução.O Messias chegou e trouxe más notícias, mas o pior certamente ainda está por vir. Resta saber como o ministro Carlos Minc vai se justificar daqui em diante.

REBECA LERER , 31, é jornalista e coordenadora da campanha de Energia do Greenpeace Brasil.

Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo. [email protected]

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Analistas e senadores atacam criação de uma nova estatal: Especialistas discordam de visão de que não há risco na exploração do pré-sal

(Folha de São Paulo 12.08.2008 p. B3 Dinheiro)

Senador Mercadante defende idéia e diz que nova empresa petroleira seria um escritório com não mais do que 16 funcionários

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A criação de uma nova empresa 100% estatal para gerenciar a exploração de petróleo na área do pré-sal foi criticada por especialistas.Conforme a Folha publicou no domingo, a proposta da nova empresa é a que conta com mais simpatia dentro do governo federal. A premissa do governo para mudar o sistema é que o risco exploratório no pré-sal é baixo. Os especialistas discordam."Criar uma nova empresa é trazer para o Estado os riscos da exploração", afirma o professor Saul Suslick, diretor do Cepetro (Centro de Estudos do Petróleo) da Unicamp. "Ninguém na indústria do petróleo assegura que o risco de exploração é baixo", disse. "É uma visão anacrônica de que o Estado tem que ser o principal gestor dos recursos no subsolo. Hoje o modelo já assegura que os recursos são do Estado", afirmou.Na avaliação de Suslick, o modelo atual já permite que o Estado aumente a quantidade de recursos auferidos com a exploração do petróleo, o que poderia ser feito por meio da elevação de taxas já pagas pelos investidores: bônus, royalties e participação especial."Para o investidor, isso é mudar a regra com o jogo em andamento", avalia Giuseppe Bacoccoli, pesquisador da Coppe/UFRJ. "A lei atual já permite muita coisa. Dizer que a exploração é sem risco é brincadeira. Pode-se dizer que aumentou o prêmio, mas o risco continua", afirmou.Para o consultor David Zylbersztajn, da DZ Negócios com Energia, o Estado não precisa ficar com o óleo extraído. "O país não precisa acumular óleo, e sim recursos para usar em outras áreas", disse Zylbersztajn, que comandou a ANP (Agência Nacional do Petróleo) no governo Fernando Henrique Cardoso.

CongressoO presidente da CAE (Comissão de Assuntos Econômicos) do Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP), defendeu a proposta governista de criar uma nova empresa estatal de petróleo para cuidar do pré-sal. "Eu defendo esse debate. Seria uma espécie de escritório de representação com não mais que 16 pessoas", disse. "Nós precisamos de um novo marco regulatório para o setor", disse o senador petista.Integrante da Comissão de Infra-Estrutura, o senador Sérgio Guerra (PSDB-PE) criticou a possibilidade de criação de uma nova empresa brasileira de petróleo. "A Petrobras tem de continuar no centro das decisões", afirmou o tucano.O líder do PSB no Senado, Renato Casagrande (ES), afirmou que "o debate sobre o assunto ainda é muito novo". "No entanto, se o governo quiser mudar o marco regulatório, certamente terá de criar uma empresa para fazer gestão do pré-sal", disse. "Mas é preciso discutir assunto de forma profunda. E o Congresso deve fazer isso neste segundo semestre", disse ele.Como o tucano Sérgio Guerra, o senador Demóstenes Torres (DEM-GO) discorda, à primeira vista, da criação de uma nova empresa de petróleo. "Isso preciso ser muito bem justificado para não parecer um cano nos investidores da Petrobras", disse. "Posso até mudar de opinião, mas a impressão que eu tenho é que a proposta é mais xenofóbica que qualquer outra coisa", completou.O senador Heráclito Fortes (DEM-PI) disse estar "com um pé atrás" sobre essa proposta de nova estatal. "Para isso, ainda não está claro. É preciso debater mais o assunto", afirmou o senador.

(HUMBERTO MEDIDA E ADRIANO CEOLIN)

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Governo libera início de obra da 1ª usina do rio Madeira: Construção da hidrelétrica de Santo Antônio deve começar neste mês, prevê Ibama

(Folha de São Paulo 12.08.2008 p. B6 Dinheiro)

Como exigência ambiental, consórcio responsável pelo projeto terá de adotar dois parques nacionais e assumir custos de saneamento em RO

MARTA SALOMONDA SUCURSAL DE BRASÍLIA

As obras da hidrelétrica de Santo Antônio -a primeira do complexo do rio Madeira, em Rondônia- começam antes do final do mês, segundo estimativa feita ontem a partir da emissão da licença de instalação pelo Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis).Segundo previsão do consórcio Madeira Energia, responsável pela construção e pela operação da usina, 2 das 44 turbinas de Santo Antônio devem começar a operar em maio de 2012, sete meses antes da data prevista. A hidrelétrica tem potência de 3.150 MW, mais do que o dobro da potência da usina nuclear de Angra 3, e marca a retomada do projeto de construção de grandes usinas na Amazônia.Além do detalhamento de algumas condições impostas à obra já na ocasião da licença prévia, como a construção de canais destinados a garantir a reprodução dos peixes e a apresentação de projeto de uma eclusa, o ministro Carlos Minc (Meio Ambiente) anunciou que os empreendedores terão de adotar dois parques nacionais (Mapinguari e Jaú), assumir custos do saneamento ambiental de Porto Velho e do monitoramento de duas reservas indígenas e comprar equipamentos para o combate a incêndios.O custo dessas medidas ainda não foi calculado pelo consórcio responsável pela obra. De acordo com Minc, esse custo poderá alcançar R$ 100 milhões, ou cerca de 1% do valor estimado da usina.

JirauAinda hoje, o consórcio Energia Sustentável do Brasil, que ganhou o leilão para construir e operar a segunda hidrelétrica do rio Madeira, assina o contrato para fornecimento de energia por 30 anos, em solenidade no Palácio do Planalto. A mudança no projeto original da usina de Jirau, que ameaça levar o empreendimento a uma disputa judicial, ainda será objeto de análise pelo Ibama e por duas agências reguladoras."É um processo delicado", avaliou José Machado, presidente da ANA (Agência Nacional de Águas). Minc acenou que o Ibama apresentará conclusões "em pouco tempo" e reiterou que há quatro aspectos positivos, como a redução do volume de escavação, e um aspecto negativo: o aumento em 10,7 km2 da área inundada. "Mas isso pode significar quatro galinhas e um boi", observou em seguida o presidente do instituto, Roberto Messias.Durante a entrevista de ontem, Minc se queixou do atraso de empreendedores em apresentar documentos exigidos pelo licenciamento: "Não é razoável atrasar dessa maneira; o ônus recai sempre sobre o governo. Deixo um aviso aos empreendedores: daqui para a frente, tudo será diferente".Ao seu lado, o presidente da ANA informou que a outorga para a usina de Santo Antônio não saiu antes porque a Aneel só formalizou o pedido no mês passado.A ANA também teve de esperar uma manifestação do Ministério dos Transportes de que o governo não tem planos de construir uma eclusa no rio Madeira no trecho próximo a Porto Velho. A área destinada à construção da eclusa será ocupada nos próximos anos pelo canteiro de obras da hidrelétrica. Atualmente, esse trecho do rio não é navegável.

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Leilão de biomassa tem baixa adesão de usinas: Após receber oferta de 7.800 MW, pregão negociará apenas 1.100 MW

(Folha de São Paulo 12.08.2008 p. B10 Agrofolha)

Usineiros dizem que preço inicial oferecido por energia não é compensador; para EPE, governo foi ao limite das ofertas nas negociações

CRISTIANE BARBIERIDA REPORTAGEM LOCAL

Considerado um marco para o setor de energia, o primeiro leilão de energia de biomassa para reserva, previsto para acontecer depois de amanhã, terá proporções muito menores do que as esperadas.O volume de energia firme (que recebe o nome de garantia física no jargão da área) colocado para negociação é de cerca de 1.100 MW (megawatts), produzidos por 44 usinas em todo o Brasil. O governo, no entanto, tinha habilitado na semana anterior 96 usinas que garantiam 2.100 MW de energia produzida por bagaço e palha de cana-de-açúcar, capim-elefante e rejeitos avícolas. Porém, apenas 44 fizeram o depósito para participar do pregão.Em fevereiro, 118 usinas ofereceram 7.800 MW durante a inscrição de interessados em fazer parte do leilão.Esse volume de energia é superior ao que será gerado pelas usinas de Santo Antônio e Jirau, no rio Madeira."A Cosan poderia ter colocado três vezes mais energia para ser leiloada", diz Pedro Mizutani, vice-presidente do grupo Cosan. "Mas o preço inicial não é atraente a todas as usinas. Como os investimentos são altos e há multas a serem pagas em caso de não-cumprimento da entrega, muita gente preferiu não se arriscar."Segundo a Unica, que representa o setor em São Paulo, os usineiros esperavam incentivos maiores, nos moldes do Pro-Álcool. "Como energia não é o negócio principal das usinas, qualquer obstáculo afasta o investidor", diz Onório Kitayama, responsável pela área de bioeletricidade na Unica. "Os custos dos projetos praticamente dobraram pela alta do aço e deixaram de ser compensadores, a não ser para "greenfields" [projetos iniciais]."

Matriz energéticaA energia de reserva por biomassa, entretanto, é considerada estratégica para a diversificação da matriz energética do país. Entre outros motivos, porque o período da safra de cana ocorre exatamente na época da seca dos reservatórios das usinas hidrelétricas na região Sudeste. Além disso, biomassa é mais barata e menos poluente do que a energia gerada por outras termelétricas.Segundo a EPE (Empresa de Pesquisa Energética), a expectativa é que, no longo prazo, as usinas de biomassa produzam de 7.000 a 9.000 MW, o equivalente a 1,5 Madeira."Todo leilão é assim mesmo: mais empresas se inscrevem e um número menor deposita as garantias", afirma Maurício Tomalsquim, presidente da EPE. "Temos um bom número de participantes para um primeiro leilão."De acordo com Tomalsquim, o governo foi até o limite das negociações com os usineiros e não quer que a população pague pelos investimentos na melhoria das usinas privadas."Estamos levando redes de transmissão e estações coletoras até as usinas, criamos uma via rápida para licenças ambientais e possibilitamos o fornecimento escalonado", diz Tomalsquim. "Porém, se tivermos de pagar muito caro, as vantagens desse tipo de energia não compensarão."O governo espera aumento gradativo na oferta, já que, segundo a EPE, o fornecimento é compensador também para as usinas. "Como o contrato é de 15 anos, a venda de energia acaba sendo um hedge [proteção] contra oscilações no preço internacional dos combustíveis", afirma Tomalsquim.A Cosan, por exemplo, estima que a venda de energia poderá representar de 15% a 20% de seu faturamento total e vir a fazer parte de seu negócio principal. Maior produtora de álcool do país, a empresa foi a que colocou maior volume de energia em oferta no leilão, num total de 360 MW firmes.

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Apesar de reconhecer os esforços do governo para retirar os entraves à realização do leilão, os usineiros ressaltam ainda que a produção de energia concorre com a produção de álcool de segunda geração, que usará o bagaço da cana e com a importação do bagaço por usinas européias, que têm programas de incentivo à biomassa.

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Angra 3: comissão ignora exigência do Ibama: Para dar a licença de construção da usina, Cnen não prevê depósito definitivo para lixo atômico. Minc critica decisão

(O Globo 12.08.2008 p. 19 Economia)

Bruno Villas Bôas

A Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen) vai desconsiderar na licença de construção de Angra 3 - que deve ser concedida até o fim deste mês - a exigência do Ibama de uma nova solução para depósito do lixo atômico de alta radioatividade. O órgão regulador e fiscalizador da atividade nuclear autorizará a estatal Eletronuclear, responsável pelas obras e operação de Angra 3, a construir o chamado depósito inicial de rejeitos atômicos (basicamente combustível já utilizado na geração de energia elétrica). O depósito é uma espécie de piscina instalada dentro do prédio auxiliar do reator nuclear, atualmente usado para armazenar o lixo de Angra 2.

A solução foi criticada pelo ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc. Para ele, essa destinação do lixo nuclear não é razoável e, sem outra solução, a licença de operação de Angra 3 não será concedida pelo Ibama. As exigências vêm sendo consideradas, no entanto, uma ingerência nas atribuições da Cnen.

O presidente da Cnen, Odair Dias Gonçalves, afirma que a licença de construção - que tem foco na segurança do empreendimento - a ser concedida à Eletronuclear não exigirá a solução definitiva que quer o Ibama simplesmente porque a questão não faz parte das atribuições da empresa estatal. Segundo ele, o Ibama provocou um mal-entendido ao cobrar do empreendedor, e não da agência reguladora do setor, uma nova forma de depositar o lixo radioativo.

Constituição prevê que Cnen deve buscar solução

De acordo com Gonçalves, a atribuição e a responsabilidade da comissão sobre os chamados depósitos finais de rejeitos nucleares está prevista a Constituição. Por isso, o Ibama não poderia ter exigido que a Eletronuclear encontrasse uma solução definitiva para o lixo nuclear e tampouco a licença de construção pode exigir isso da companhia estatal.

- Não posso fazer para eles (Eletronuclear) uma exigência que deveria ter sido feita para mim - afirma Gonçalves, para quem a exigência do Ibama foi "desnecessária".

A Cnen pretendem discutir com o Ibama uma forma de flexibilizar a exigência de "solução definitiva", o que, de acordo com Gonçalves, ainda não existiria em nenhum país do mundo. Segundo ele, o que existe é uma técnica pela qual os rejeitos de alta radioatividade são confinados de forma tratada por mais de 500 anos, o que não representaria perigo para a sociedade. Seria o chamado depósito final, ainda não existente no Brasil.

- Estamos conversando com a Eletronuclear e com o Ibama para encontrar uma solução para a questão - acrescenta Gonçalves.

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O assessor da presidência da Eletronuclear, Leonam dos Santos Guimarães, afirma que a estatal também entende que cabe à Cnen dar uma solução definitiva para os rejeitos. Ele acrescenta, no entanto, que a Eletronuclear está contribuindo para os estudos de uma nova forma de armazenamento.

A usina nuclear de Angra 3 terá capacidade para gerar 1.350 megawatts (MW) e exigirá investimentos da ordem de R$7,3 bilhões. O início de operação está previsto para meados de 2014.

Comissão quer garantias sobre eventual tremor de terra

Gonçalves diz que a licença de construção irá incorporar poucas novas exigências em comparação à licença de Angra 2, devido às semelhanças entre os dois empreendimentos. Entre as poucas alterações, a Cnen incorporou o tremor de terra de 5,2 graus na escala Richter que assustou moradores de quatro estados brasileiros, inclusive do Rio de Janeiro, em abril deste ano.

- A Eletronuclear terá de demonstrar que um tremor do gênero não afeta a estrutura da usina, mas isso não altera em nada o cronograma das obras - explicou Gonçalves.

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Pré-sal: nova regra pode afetar resultado: Modelo para exploração teria impacto no valor de

mercado da Petrobras (O Globo 12.08.2008 p. 18 Economia)

Gustavo Paul

Os bons resultados da Petrobras podem ser alterados nos próximos meses, caso o governo mude a forma de exploração do petróleo no Brasil, alertam especialistas. A preocupação reside em torno da indefinição governamental sobre o modelo a ser adotado para exploração dos megacampos do pré-sal, que pode passar das atuais concessões para as "partilhas de produção". Por este modelo, o preferido de uma ala expressiva do governo, a União fica com todo o petróleo explorado por empresas que são contratadas e pagas com uma parcela da produção.

Neste caso, a Petrobras perderia o direito de incorporar a seu patrimônio o petróleo explorado nos megacampos nos quais ganhasse concessões, como hoje. Isso significaria um baque nas expectativas de desempenho da empresa, com impacto em seu valor de mercado. É o que já vem ocorrendo, de acordo com Felipe Cunha, analista de petróleo da Brascan. Segundo ele, o valor de mercado da Petrobras vem caindo mais rapidamente do que a cotação da Bovespa.

Outra proposta é a criação de uma estatal para coordenar a exploração deste óleo, encampada pelo ministro de Minas e Energia, Edison Lobão. Até o fim de setembro, o governo promete entregar a proposta do novo formato regulatório do setor, com a perspectiva de exploração dos megacampos. Uma comissão formada por vários ministérios está discutindo os detalhes das propostas, consideradas segredo de Estado.

Para Jean Paul Prates, especialista e secretário de Energia do Rio Grande do Norte, não seria preciso mudar as regras do setor para garantir maior receita para o governo com o pré-sal, como defende a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff. Para receber mais recursos bastaria alterar por decreto os percentuais destinados ao poder público pelas concessionárias:

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- O jogo do petróleo é arriscar, arriscar e arriscar, e um dia se ganha na loteria, como no pré-sal. A Petrobras investiu tempo e recursos nesses campos e perder o direito de explorá-los seria como tirar o doce de uma criança. O mercado está apreensivo e isso pode resultar em menos investimentos.

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Transparência zero em energia: Em janeiro, o risco de decretar um racionamento ultrapassou os 22%, nível altíssimo para os padrões aceitáveis, de 5%

(DCI 12.08.2008 p. A2 Opinião)

Os brasileiros acabam de assumir mais de R$ 1 bilhão nas suas contas de eletricidade por uma decisão governamental baseada no argumento de que "isto é muito pouco em vista da segurança que traz". Preocupam, além da falta de transparência, o abandono dos critérios técnicos desenvolvidos ao longo de décadas e, principalmente, o sinal de "carta branca" para futuras ações arbitrárias que envolvem problemas estruturais que deveriam ser resolvidos, e não politizados.

Em 23 de janeiro, o risco de decretar um racionamento de energia -já em 2008- ultrapassou 22%, nível altíssimo para os padrões aceitáveis, de 5%. Este diagnóstico foi feito na 4ª edição do Programa Energia Transparente. Como se poderia esperar, publicamente os representantes governamentais rechaçaram fortemente esta conclusão, argumentando que havia "alarmismo". Mas, a portas fechadas, as ações do governo contradisseram o discurso: adotou-se uma atitude alarmista sem informar a sociedade, que aliás foi quem pagou a conta deste "Projeto Transparência Zero". O Setor Elétrico Brasileiro atende a 97% da população e é muito complexo. Para operá-lo de forma a otimizar custos e aumentar a segurança de abastecimento, existe o Operador Nacional do Sistema (ONS). Este órgão sempre funcionou com base em modelos computacionais bem conhecidos e que seguiam uma lógica econômica batizada de "ordem de mérito", que estabelece que usinas mais baratas devem funcionar antes das mais caras. Mas como a situação dos reservatórios hidroelétricos ao final de dezembro de 2007 apontava elevado risco de racionamento (o que geraria altíssimo custo político), o governo literalmente sepultou décadas de procedimentos técnicos e passou a operar fora das regras históricas do ONS, desrespeitando a lógica econômica. Para fazê-lo, o governo promulgou no dia 20 de dezembro a Resolução nº 8 do CNPE. Esta resolução autorizava que "extraordinariamente" a operação fosse feita fora da "ordem de mérito" acima explicada, por uma decisão do Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE), grupo formado por representantes do Ministério de Minas e Energia, agências reguladoras, de energia elétrica e petróleo, e órgãos setoriais como EPE, CCEE e ONS. Ou seja, passou a ser possível que usinas mais caras fossem operadas antes de usinas mais baratas. O documento também definia que o custo adicional desta operação seria pago (surpresa!) pelos consumidores via encargo embutido na conta de luz. Mas a mesma resolução rezava que a decisão deveria ser respaldada em estudo do ONS -estudo que não foi divulgado. A conseqüência foi que, a custo de R$ 1 bilhão, as caríssimas usinas movidas a óleo diesel e óleo combustível foram operadas como nunca antes na história deste país. Para referência do leitor, térmicas a óleo diesel custam R$ 560 por MWh, enquanto hidroelétricas e térmicas a gás natural operam a R$ 120 e R$ 150 por MWh, respectivamente. Como resultado dessa ação e da forte retomada das chuvas após a segunda quinzena de janeiro, os reservatórios hidroelétricos foram poupados e o risco de racionamento em 2008 foi afastado. Em primeiro lugar, comemore-se o fato de que não tivemos racionamento em 2008. O racionamento de 2001 destruiu bilhões de reais para nossa economia, sacrificou os cidadãos e pôs o setor elétrico em crise. Não queremos repetir esta experiência. Mas, aprendidas as lições de 2001, o argumento recorrente de que o custo deste "bilhãozinho" é muito menor que o custo de um racionamento não pode mais ser aceito passivamente pela sociedade. O mundo inteiro sabe que qualquer custo é menor do que o da falta de energia. Este raciocínio dá espaço para qualquer ação, por mais ineficiente que ela seja. Afinal, para que um "Planejador Central" se a saída diante de crises é queimar óleo? Não havia alternativa mais barata para evitar o racionamento em 2008?

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Era necessário operar tantas térmicas ineficientes, por tanto tempo? Com base em quais critérios tudo isso foi decidido? Assusta pensar que talvez estejamos caminhando para um setor com decisões discricionárias, com a gradual transformação do CMSE num "ONS do B".

A situação de alto risco de racionamento em janeiro é explicada pelo déficit estrutural entre a oferta e a demanda de energia, déficit este negado pelo governo. Caso as vazões de junho a dezembro de 2007 se repitam em 2008, os reservatórios hidroelétricos chegarão a 42% de sua capacidade em dezembro de 2008, nível inferior aos 44% de dezembro de 2007. Continuaremos monitorando a real situação de oferta de energia e acompanhando as decisões e ações do governo para que o consumidor pare de arcar com a ineficiência e os custos das decisões de gabinetes. O Projeto Transparência Zero precisa ser interrompido.

Claudio J. D. Sales é presidente do Instituto Acende Brasil, etidade que promove a transparência e a sustentabilidade no setor elétrico brasileiro

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Energia - Cesp insiste na renovação de usinas(DCI 12.08.2008 p. A8 Indústria)

SÃO PAULO - A Companhia Energética de São Paulo (Cesp) e o governador de São Paulo, José Serra, pediram ontem ao ministro das Minas e Energia o reconhecimento de que a extinção das concessões de Ilha Solteira e de Jupiá só acontecerão em 2024. Segundo fato relevante divulgado ontem, o ofício encaminhado na última quarta-feira solicita que o governo federal garanta que o fim do contrato de concessão 03/2004 Aneel-Cesp será no dia 12 de novembro de 2024, 20 anos após a data em que a estatal assinou o contrato com o Poder Concedente.

As usinas de Ilha Solteira e Jupiá estão entre as hidroelétricas que terão vencimento de concessão em 2015, sendo revertidas em favor da União. A polêmica quanto ao fim do prazo da concessão foi determinante para a paralisação do processo de privatização da Cesp, em março deste ano. Nenhuma das empresas interessadas na aquisição da Cesp compareceu ao leilão sob o argumento de que o fim da concessão das usinas e a indefinição do governo sobre a renovação tornava o investimento muito inseguro.

Copel

A Copel, do Paraná, está investindo R$ 4 milhões para melhorar a qualidade de atendimento da região de Maringá, por meio da energização da linha de transmissão que interligará as subestações Sarandi e Novo Horizonte.

Com 13 quilômetros de extensão, a linha opera em tensão de 138 kV e ampliará a disponibilidade de energia elétrica de cerca de 40 mil unidades consumidoras. Segundo a Copel, a linha servirá de opção para manobras operacionais em eventualidades ou casos de necessidade de manutenção.

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Energia - Tribunal acompanhará discussão sobre Itaipu(DCI 12.08.2008 p. B11 Legislação)

BRASÍLIA - O Tribunal de Contas da União (TCU) informou que vai acompanhar as negociações que tratam de possíveis alterações no Tratado de Itaipu, referente à comercialização da energia da usina.

Apesar de o TCU ter concluído pela normalidade do acordo entre Brasil e Paraguai, a avaliação do processo mostra que houve variação significativa nos preços de Itaipu nos últimos anos. Além disso, de acordo com o tribunal, o Brasil comprou desnecessariamente a energia que não foi utilizada pelo Paraguai, o que, na avaliação do TCU, gerou perdas significativas para o País por um período aproximado de 10 anos.

Nesse sentido, o processo aponta possibilidade de redução de US$ 8,3 bilhões na dívida da usina com a retirada da correção monetária da dívida da usina pela inflação norte-americana do cálculo do reajuste das tarifas. Essa redução - que corresponderá a US$ 4,15 bilhões para cada país - será compensada com o aumento na tarifa da energia comercializada no Brasil, já a partir deste ano.

Estadas

O Tribunal de Contas da União (TCU) condenou o ex-diretor geral do extinto Departamento Nacional de Estradas de Rodagem (DNER), Maurício Hasenclever Borges, e três construtoras a pagar R$ 14 milhões. Auditoria constatou superfaturamento de serviços na obra de duplicação da rodovia BR-101, em Santa Catarina.

Segundo a apuração, as empresas executoras da obra, Cesbe Engenharia e Empreendimentos e a Emtuco Serviços e Participações, aumentaram o custo do empreendimento sem apresentar nenhuma justificativa. Os preços foram superiores aos de mercado e aos adotados pelo Sistema de Custos Rodoviários 2. A construtora supervisora da obra, Esteio Engenharia e Aerolevantamentos, não teria informado a irregularidade.

O relatório informa que o sobrepreço decorre da utilização do fator de 1,40 m³ de material de jazida para a execução do aterro, quando o máximo admissível é 1,15 m³. "O extinto DNER utilizou uma composição existente com alterações indevidas, notadamente por terem incluído um fator multiplicador sem comprovação técnica. Tal conduta resultou na cobrança de preços superiores aos de mercado para os serviços executados", disse o relator do processo, ministro Valmir Campelo.

O ex-diretor e as três empresas envolvidas também deverão pagar multas individuais de R$ 300 mil ao Tesouro Nacional no prazo de 15 dias.

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Energia - Odebrecht e Suez elevam tom das acusações: Multinacional acusa empreiteira de ter usado informações sigilosas em documento

(Valor Econômico 12.08.2008 p. B1-B9 Empresas)

Daniel Rittner, de Brasília

Com acusações mútuas, esquentou ainda mais a briga envolvendo os dois consórcios que disputaram o leilão da usina de Jirau, no rio Madeira. O grupo liderado por Odebrecht e Furnas entregou ao Ibama e à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) um relatório de 111 páginas em que contesta, ponto por ponto, os supostos ganhos econômicos e ambientais com a mudança de local da barragem da hidrelétrica. No relatório, o grupo diz que os fornecedores de equipamentos não têm como atender o cronograma do consórcio adversário, que prometeu antecipar em 14 meses a entrada em operação da usina, e faz um alerta ao governo: "fica demonstrado que existem grandes chances de haver um atraso de um a dois anos no início da geração".

A elaboração do relatório provocou indignação do Energia Sustentável do Brasil (Enersus), o consórcio capitaneado pela multinacional Suez Energy e pela Camargo Corrêa, que pretende alterar em pelo menos nove quilômetros o local da usina e assinará hoje o contrato de concessão da hidrelétrica, em cerimônia no Palácio do Planalto. O presidente do Enersus, Victor Paranhos, levantou a suspeita de que a Odebrecht está fazendo "espionagem industrial" contra o consórcio. Só isso explica, segundo ele, a presença de informações exclusivas do Enersus no relatório preparado por Odebrecht e Furnas.

Para o executivo, a Suez e seus sócios provavelmente foram vítimas de interceptação de mensagens eletrônicas ou escutas telefônicas clandestinas. "Eu não falo mais em celular. Também estamos comprando um aparelho de criptografia de e-mails. Eles estão praticando espionagem industrial. Isso é gravíssimo", disse ao Valor o presidente do Enersus.

De acordo com Paranhos, existem indícios de que a Odebrecht e Furnas tiveram acesso indevido a informações sigilosas do Enersus. No relatório enviado à Aneel e ao Ibama, a presença de dois documentos evidencia a prática de espionagem, segundo o executivo: um cronograma detalhado de obras formulado pela Camargo Corrêa e a proposta comercial de entrega de turbinas e equipamentos feita pela fabricante chinesa Dongfang à Suez.

Procurada, a Odebrecht não quis comentar as declarações de Paranhos nem o conteúdo do relatório, embora tenha confirmado o envio do documento aos órgãos federais. A construtora, junto com Furnas, alega que o prazo de execução das obras "não é factível". Uma das contestações é quanto à viabilidade de antecipar a entrada em operação da hidrelétrica, de janeiro de 2013 para dezembro de 2011. A Odebrecht cita o fato de que, para manter esse cronograma e concluir a motorização da usina em 14 meses, o Enersus precisará receber três turbinas por mês. "Os principais fornecedores mundiais (VA Tech, Voith e Alstom) estão comprometidos com o fornecimento para a UHE Santo Antônio e não possuem capacidade instalada para atendimento ao cronograma da ESBR. Outros fornecedores, a

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exemplo da Dongfang, em sua proposta apresentada, demonstra não ser capaz de atender o cronograma divulgado pela ESBR", afirma o relatório.

Odebrecht e Furnas contestam frontalmente a tese de que a mudança de local da usina diminuirá os impactos ambientais das obras. É o primeiro documento técnico protocolado no Ibama a defender essa argumentação. Paralelamente, o governo de Rondônia e a prefeitura de Porto Velho pedem a realização de audiências públicas para discutir o novo projeto de engenharia para a usina de Jirau. O primeiro pedido, datado de 30 de julho, partiu do prefeito Roberto Sobrinho (PT). No dia 4 de agosto, foi o secretário estadual de Meio Ambiente, Cletho Muniz de Brito, quem protocolou no Ibama um ofício solicitando novas audiências em pelo menos quatro localidades: Porto Velho, Jaci-Paraná, Mutum-Paraná e Abunã. No ofício, ele diz que o processo de licenciamento "parece estar sendo relevado" e que "a população de Rondônia precisa ser ouvida novamente". A secretaria comandada por Brito multou em R$ 600 mil, no fim de junho, a empresa Fundsolo Fundações, contratada pelo Enersus, por realizar serviços de sondagens geotécnicas sem autorização ambiental, próximos ao Caldeirão do Inferno, o local escolhido pelo consórcio para a usina.

Paranhos minimizou as contestações feitas por Odebrecht e Furnas no relatório encaminhado ao Ibama e à Aneel, mas demonstrou preocupação com os pedidos de audiências. O executivo disse que elas são "desnecessárias" e admitiu um atraso nas obras se forem marcadas. Para não perder a "janela hidrológica" e aproveitar o período de estiagem na Amazônia, ele explicou que o consórcio tem até o fim de setembro para colocar a ensecadeira (equipamento responsável pelo desvio do rio) no local da futura barragem. Se não fizer isso, o procedimento fica para o início da próxima seca - certamente depois de abril do ano que vem.

Segundo o presidente do Enersus, esse atraso compromete o início da geração de energia para abril de 2012. Questionado se isso complica o arranjo econômico-financeiro do consórcio para viabilizar a tarifa vencedora de R$ 71,40 por MWh, Paranhos reconheceu o problema, mas acrescentou que um atraso desse tamanho ainda "está dentro das nossas contingências". O executivo esclareceu que não pensa em aceitar o local original proposto por Odebrecht e Furnas para a construção de Jirau. Segundo ele, essa é a "última hipótese", para o caso de rejeição do novo projeto de engenharia. "Aquilo (o projeto original) é uma brincadeira, não tem nenhuma viabilidade."

Por meio de fotos de satélites, o relatório do Jirau Energia sustenta que a mudança do eixo da barragem feita pelo Enersus chega a 12,5 quilômetros - e não nove, como tem divulgado o consórcio da Suez. O dossiê usa fotos aéreas para mostrar que existem 23 casas que serão afetadas pelo novo local do reservatório.

Segundo o documento, a área alagada total será 27 quilômetros quadrados maior do que a prevista inicialmente e "em região de mata nativa". O relatório argumenta ainda que há maior risco de depósito de sedimentos no leito do rio porque o projeto do Enersus é para um trecho do rio mais largo, o que faz diminuir a velocidade do Madeira e elevar o acúmulo de materiais. A Odebrecht e Furnas rejeitam ainda que haverá qualquer tipo de ganho do novo projeto no risco de contaminação por mercúrio.

Por fim, o relatório contesta a economia a ser feita pelo Enersus com o menor volume de escavações de rocha no projeto alternativo de Caldeirão do Inferno. Desde a vitória no leilão da Aneel, em maio, a Suez tem dito que escavará 43 milhões de toneladas a menos de rochas - volume equivalente a 72 estádios do Maracanã cheios até o topo. Para a Odebrecht e Furnas, haverá necessidade de fazer outras escavações adicionais para preencher aterros - de zonas mortas, ensecadeiras e da barragem -, de forma que a economia gerada em um primeiro momento é perdida depois.

Paranhos rebateu as avaliações do consórcio adversário. "É um crime o que eles estão fazendo, distorcendo pontos que não têm a mínima lógica", disse. "Eles é que devem explicar por que, ao longo de um ano e meio, apregoaram uma tarifa de R$ 120 para Jirau. Se não houvesse concorrência, se não tivéssemos investido em engenharia e estudado essa alternativa, os consumidores estariam pagando a tarifa de R$ 85 (lance dado pelo Jirau Energia no leilão da Aneel)."

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Energia - Celesc investe em nova subestação em Florianópolis (Valor Econômico 12.08.2008 p. B9 Empresas)

Vanessa Jurgenfeld, de Florianópolis

A Centrais Elétricas de Santa Catarina (Celesc) fechou ontem o contrato que dá início à construção de uma nova subestação para atender ao centro de Florianópolis, que há meses estava no limite de sua capacidade para atendimento da demanda por energia.

Os investimentos de R$ 26 milhões vão aumentar em 30% a energia disponível em toda a porção insular da capital catarinense e permitir atender o volume previsto de consumo de energia nos próximos 20 anos, na estimativa da empresa.

Segundo o presidente interino da Celesc, Eduardo Sitônio, a potência instalada hoje desta região de Florianópolis é de 285 MVA. A nova subestação adiciona mais 80 MVA.

Além disso, ela vai permitir a criação de um anel elétrico, ligando a subestação que atende a região central à outra subestação, localizada no bairro Trindade, que, por sua vez, se conecta com as demais subestações da cidade. Com isso, a estatal pode "manobrar" carga de energia para uma área, quando necessário, dando mais confiabilidade ao sistema.

O centro de Florianópolis é uma das áreas mais críticas em energia, uma vez que vive um ciclo de expansão imobiliária. Há seis anos, a empresa tentava a construção de uma nova subestação na Rua Ângelo Laporta, mas teve dificuldades por conta dos protestos da comunidade local, incomodada com os ruídos e risco de segurança.

A solução encontrada pela empresa foi o uso de parte do terreno da residência oficial do governador, na Avenida Beira-Mar Norte, que em 25 dias deve entrar em obra. A nova subestação será blindada e vai levar 15 meses para ser construída. Ela contará com dois transformadores de 40 MVA e 12 alimentadores de 13,8 KV para escoamento da energia para o centro e regiões vizinhas. A obra vai ser feita pelo consórcio Siemens-Grantel, vencedor da licitação pelo menor preço.

Para conectar a nova subestação ao sistema elétrico existente, serão construídas duas linhas de transmissão subterrâneas, cujo processo licitatório ainda está em fase final de licitação.

Segundo Eduardo Sitônio, os R$ 26 milhões destinados à nova subestação estão dentro do programado pela empresa no orçamento para o ano, que contemplava cerca de R$ 250 milhões em investimentos.

O presidente da Celesc comentou que a estatal já possui todas as licenças ambientais para instalação da subestação. "Essa obra é inadiável, ainda mais se queremos ser sede de jogos da Copa de 2014", disse ele, em referência a um pleito do governo do Estado.

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Energia - Leilão de bagaço de cana negociará meia usina de Jirau: Governo esperava adesão maior, mas preço e prazo curto de entrega desmotivaram alguns usineiros

(Valor Econômico 12.08.2008 p. B10 Empresas)

Mônica Scaramuzzo e Josette Goulart, de São Paulo

O primeiro leilão de energia voltado exclusivamente para os projetos de co-geração de energia a partir da biomassa poderá colocar no sistema um volume extra equivalente a meia usina de Jirau entre 2009 e 2010. O chamado leilão de reserva será realizado na quinta-feira, na Câmara de Comercialização de Energia Elétrica. Ao todo, 44 empresas deram garantias para a geração de cerca de 1.160 MW médios. Desse total, 39 companhias são produtoras de açúcar e álcool que produzem energia a partir do bagaço da cana-de-açúcar.

O governo e o mercado esperavam uma adesão maior de usinas sucroalcooleiras. Isso porque 96 empresas se habilitaram para participar do leilão, que foi adiado três vezes só este ano. No entanto, mais da metade desistiu no meio do caminho. São vários os motivos. Um deles é o preço de R$ 157 MW/h, considerado baixo por muitos usineiros. Outro aspecto importante é o curto prazo para a entrega de energia. Quase não houve oferta para 2009 e a maior parte se habilitou para produzir energia a partir de 2010, quando boa parte dos novos projetos de usinas entra em operação. Muitos dos que desistiram do leilão de energia de reserva se habilitaram para outro leilão, o de A-3, que tem entrega prevista para 2011.

Mesmo com essas desistências, os números mostram que o potencial da geração de energia a partir da biomassa é grande. No país, são 400 usinas sucroalcooleiras em operação, todas auto-suficientes em energia a partir do bagaço. Há cerca de 210 projetos de co-geração em implantação que podem colocar no sistema 13.200 MW até 2012, segundo Onório Kitayama, especialista em bioenergia da União da Indústria da Cana-de-Açúcar (Unica). Para 2008, as usinas têm um excedente de 790 MW para ser comercializado, e poderá chegar a 8.900 MW nos próximos quatro anos, sem considerar o potencial do uso da palha da cana.

Entre esses 210 projetos estão incluídas usinas já em operação e que estão investindo em novas caldeiras para elevar seu potencial de co-geração e novas unidades em construção. Os aportes totais em co-geração podem chegar a R$ 4,4 bilhões, caso nenhum projeto seja engavetado no meio do caminho.

Muitas usinas do setor argumentam que não há incentivos suficientes do governo federal para que os projetos a partir da biomassa deslanchem no país. Pedro Mizutani, vice-presidente geral do grupo Cosan, diz que os preços oferecidos no leilão não cobrem os investimentos feitos pelas usinas.

Mizutani compara os projetos de co-geração ao Proálcool, programa criado em 1975 pelo governo, e que deu incentivo ao uso do álcool combustível no país. "Naquela época, o governo teve que dar incentivos para que o programa fosse adiante, uma vez que o custo para produzir álcool era alto e não-competitivo. Mas hoje está provado que o governo apostou em programa bem-sucedido."

A Cosan já investiu R$ 1 bilhão em co-geração em suas usinas e poderá triplicar esses aportes nos próximos anos. "O governo tem que estimular a produção para ter mais oferta e o preço cair depois", afirma Mizutani. O grupo tem sete usinas habilitadas para participar desse leilão, mas isso não quer dizer que todas vão vender energia na quinta-feira.

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Adriano Pires, diretor do Centro Brasileiro de Infra-Estrutura (CBIE), reforça a importância do bagaço na matriz energética do país e diz que o governo já começa a dar incentivos para que esses programas de biomassa cresçam.

Apesar da reclamação do setor, os preços da energia fixados nesse leilão ficaram em R$ 157 MW/h, o melhor preço registrado desde o ano passado. O superintendente da comercializadora Delta Energia, Mateus Aranha Andrade, diz que o preço é atrativo para alguns projetos e não cobre o custo em outros. Para a Energias do Brasil, por exemplo, é um preço muito atrativo. Esse valor de R$ 157 está em um patamar melhor do que mostraram estudos feitos pela empresa, que tem um projeto de usina em Mato Grosso do Sul para gerar energia a partir do bagaço. Segundo o vice-presidente de novos negócios da Energias do Brasil, Miguel Setas, a empresa só não participará deste leilão porque o projeto só ficará pronto em 2011. "Estamos plantando cana ainda."

Para o presidente da EPE, Maurício Tolmasquim, o alegado problema de preço se deve ao fato de que algumas usinas não estão dividindo os custos entre a produção de energia e a do açúcar/álcool. Ou seja, os grupos sucroalcooleiros querem descontar todo o custo de compras de novas caldeiras exclusivamente no fluxo de caixa da produção de energia. Tolmasquim observa que foram dadas várias condições especiais aos usineiros para participarem desse leilão e é preciso ter um equilíbrio no preço porque todos os consumidores de energia é que vão pagar a conta.

Diferentemente dos outros leilões de energia nova em que as distribuidoras compram a energia para revender, nesse não haverá compradores. Todos os consumidores pagarão a conta. Ou seja, terão suas tarifas reajustadas em função de ter uma energia extra assegurada no sistema. É uma espécie de garantia.

Onório Kitayama, da Unica, argumenta que os custos dos projetos de co-geração dobraram nos últimos dois anos, acima da inflação do país no mesmo período. "As usinas ponderam se vale a pena vender no leilão ou no mercado livre", afirma.

Entre as condições especiais dada nesse leilão, está o fato de a energia negociada não ser obrigatoriamente proveniente de um novo projeto. Apenas a modernização é suficiente. Além disso, os usineiros poderão vender a energia no mercado livre e não terão que garantir a entrega durante todo o ano, já que a safra da cana dura apenas seis meses.

Para driblar esse problema e participar de outros leilões, como o de A-3, é que a Energias do Brasil pretende gerar energia a partir da queima da palha. O grupo sucroalcooleiro Equipav, com usinas em São Paulo, e projetos no Centro-Oeste, já começa também a colocar em testes a queima da palha para co-geração. O potencial da palha pode acrescentar em mais de 50% o potencial de co-geração no país.

As usinas reconhecem que o governo está dando maior atenção aos projetos de co-geração e atenderam algumas reivindicações do setor. Em projetos em construção em Goiás e Mato Grosso do Sul, onde há novos projetos de usinas em andamento, o governo está aplicando o conceito de subestação coletora para promover a conexão de usinas dessas unidades, segundo Kitayama. Em regiões paulistas, onde o acesso à rede de transmissão de energia é mais difícil, o governo vai elaborar estudos de conexão que prevê o escoamento da energia.

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Distribuidoras querem tornar-se sócias de usinas (Valor Econômico 12.08.2008 p. B10 Empresas)

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De São Paulo

A participação dos produtos derivados da cana já supera a energia hidráulica na composição das fontes primárias de energia usadas no país, segundo levantamento da Empresa de Pesquisa Energética (EPE). O bagaço está atrás dos produtos derivados de petróleo, ocupando a segunda posição entre as matéria-primas mais utilizadas, e à frente das grandes usinas hidrelétricas. Com esse destaque no ranking, muitas distribuidoras e comercializadoras de energia já consideram fazer fortes investimentos em energia a partir da biomassa.

No fim do mês passado, a Tractebel aprovou em assembléia de acionistas um investimento de R$ 120 milhões na geração de energia a partir da biomassa. Também em julho, a Copel retomou o programa de parcerias para térmicas a partir da biomassa e anunciou que poderá investir R$ 260 milhões nesses projetos. A Energias do Brasil iniciou a construção de uma usina no Mato Grosso do Sul, que deverá entrar em operação a partir de 2011. Além disso, a empresa está de olho em parcerias com usinas em operação, afirma o vice-presidente de novos negócios da empresa, Miguel Setas.

A grande procura por parte desse novo tipo de investidor em co-geração a partir do bagaço deverá acelerar os projetos. Especialistas ouvidos pelo Valor acreditam que a bioletricidade tem potencial para tornar-se o segundo produto mais rentável para as usinas. Hoje, o álcool é a principal receita das usinas, seguido pelo açúcar.

A Copel abriu um processo de chamada pública em que as usinas de açúcar e álcool têm até o dia 18 de agosto para se habilitar no programa de parcerias da empresa. A idéia é viabilizar a instalação de até 120 MW de potência nas usinas processadoras de cana no Paraná. Entre as condições impostas pela empresa está sua participação com pelo menos 51% das ações até o máximo de 60% na unidade produtora. O projeto em que busca parceiros para geração de energia a partir do bagaço da cana começou em abril, mas foi suspenso porque os interessados mostraram dificuldades em apresentar toda a documentação exigida. O programa foi retomado em julho.

Já a Tractebel não quis comentar sobre a aprovação do investimento de R$ 120 milhões que será feito em parceria com uma empresa chamada Gama Participações, por respeitar contrato de confidencialidade. A empresa também estaria com uma parceria para participar do leilão de energia de reserva, que acontece na quinta-feira, mas esse é um assunto do qual a companhia também não comenta até que o leilão se concretize.

Diversas usinas de açúcar e álcool já foram procuradas pelas distribuidoras. A Cosan foi uma delas. "Muitos grupos nos procuraram, mas ainda não fechamos parceria", afirma Pedro Mizutani, vice-presidente da Cosan. A Cosan não descarta parceiras futuras. Outras usinas procuradas pelas distribuidoras afirmam que os novos investidores querem ter participação majoritária nesses projetos. Mas boa parte das usinas quer manter o controle. (JG e MS)

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Meio Ambiente - Dejeto animal poderia gerar até 2,4% da energia nos EUA: No Brasil, potencial estimado é de 300 a 500 MW/ano

(Valor Econômico 12.08.2008 p. B13 Agronegócios)

Bettina Barros, de São Paulo

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Bovinos, suínos e aves poderiam representar até 2,4% da geração de energia elétrica nos EUA se seus dejetos fossem "levados a sério" pelo governo americano. Isso é o que diz um estudo inédito desenvolvido por pesquisadores do Texas, que calcularam o potencial de conversão em eletricidade dos gases liberados pelos dejetos desses animais. No Brasil, as estimativas de potencial energético com a suinocultura também são pequenas.

Do ponto de vista ambiental, os pesquisadores também apontaram ganhos. Se os gases desses animais fossem convertidos em energia, o setor elétrico deixaria de jogar na atmosfera 4% dos gases de efeito estufa a ele atribuídos, responsáveis pelo aquecimento do planeta. "A produção de biogás a partir de dejetos animais tem o benefício menos controverso de reutilização de uma fonte existente de emissões de gases e o potencial de melhorar o meio ambiente", diz o paper, intitulado "Cow Power: The Energy and Emissions Benefits of Converting Manure to Biogas" ("O poder das vacas: os benefícios energéticos e das emissões da conversão de dejetos em biogás").

Publicado pelos pesquisadores Amanda D. Cuellar, do Departamento de Engenharia Química, e Michael Webber, do Centro Internacional para Política Energética e Ambiental, da Universidade do Texas, em Austin, o estudo é o primeiro que quantifica esse novo potencial de energia limpa no país.

Segundo o documento, o rebanho bovino, suíno e de aves produz somente nos Estados Unidos mais de 1 bilhão de toneladas de dejetos anualmente. A maior parte é coletada em tanques ou simplesmente deixada ao ar livre para decomposição, em processos que

liberam gás metano e, em menor parte, óxido nitroso, ambos extremamente nocivos ao ambiente.

Hoje, países como o Brasil e o México já capturam através de dutos os gases liberados nas granjas, que então são queimados e convertidos em dióxido de carbono, o CO2. O fato de o CO2 ser menos nocivo que o metano ou o óxido nitroso faz com que essas granjas estejam aptas a aderir ao chamado Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) do Protocolo de Kyoto. Por esse mecanismo, países em desenvolvimento podem vender créditos aos países desenvolvidos. Por convenção, cada tonelada de CO2 equivale a um crédito de carbono no mercado internacional.

A geração de energia é geralmente uma segunda etapa e ainda engatinha em muitos países. No Brasil, a Sadia realiza estudos de viabilidade técnica para gerar energia elétrica para seus produtores integrados no fim de 2009.

De acordo com José Domingos Miguez, secretário-executivo da Comissão Interministerial de Mudança Global do Clima - a autoridade máxima do assunto no país -, o potencial estimado de geração elétrica no Brasil de dejetos animais seria pequeno. Em um cálculo rápido, ele estima algo entre 300 a 500 MW/ano, dependendo da eficiência e considerando-se um estoque de 35 milhões de suínos no país. "Aqui só os suínos poderiam gerar energia, já que o nosso gado é criado solto e nos Estados Unidos é confinado", ressalta.

Os Estados Unidos não desenvolvem ainda esses projetos porque não ratificaram o Protocolo de Kyoto. Mas o estudo do Texas aponta as vantagens - energéticas e ambientas - da conversão.

A agricultura como um todo emitiu 536 milhões de toneladas de gases-estufa em 2005 nos EUA, cerca de 7% das emissões totais do país neste ano, segundo a Agência de Proteção Ambiental (EPA, em inglês). Desse volume, 50,8 milhões de toneladas de CO2 foram resultado dos dejetos animais.

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Os pesquisadores do Texas compararam o potencial energético do carvão, amplamente usado nos EUA, e dos animais. Os Estados Unidos consomem 3,8 trilhões de kWh por ano. Pelos cálculos dos pesquisadores, o biogás animal poderia chegar a 108,8 bilhões de kWh, praticamente 2,9% do consumo total. A representação de cada espécie, segundo os autores, seria da seguinte forma: gado de corte geraria 10,5 bilhões de kWh; gado de leite, 10,8 bilhões de kWh; suínos, 14,5 bilhões de kWh; aves, 14,7 bilhões de kWh; e outros rebanhos 58,2 milhões de kWh.

As emissões dos EUA de gases-estufa atingiram 7,08 bilhões de toneladas em 2006, segundo dados do Departamento de Energia.

Ler mais no www.iop.org

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Uma nova estatal no ar : o petróleo é nosso(Migalhas – 12.08.2008)

Tudo indica que a decisão já está tomada nas altas esferas da República em Brasília : nascerá uma nova empresa estatal puro sangue para administrar decantada "mina de ouro" de petróleo do Brasil na camada de pré-sal. Só faltam mesmo definir o modelo de negócios e o modelo de exploração dos futuros campos. A Petrobrás e suas sócias ficarão apenas com as áreas já licitadas e nas quais elas já estão trabalhando e já fizeram descobertas.

O governo quer ficar com o máximo dos recursos que esses campos gerarem. Pretende aplicá-los especialmente nas áreas de educação e de ciência e tecnologia. A Petrobrás, embora controlada pelo governo, tem acionistas privados e parte de seus lucros não voltam, portanto, aos cofres públicos segundo a interpretação oficial. Uma riqueza nacional deve ser integralmente apropriada pelos brasileiros, é a lógica que justifica as mudanças. Uma reportagem na Folha de S.Paulo de domingo dá outro argumento: com o dinheiro do pré-sal, a Petrobrás, já quase um Estado dentro do Estado, ficaria poderosa demais, incontrolável.

De forma menos radical, o governo está também no setor de minérios. Há sugestões e discussões internas para mudar também a regras de concessão nesta área.

http://www.migalhas.com.br/mostra_noticia.aspx?cod=66693

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A briga pelos royaltties(Migalhas – 12.08.2008)

Na esteira da mudança na política de petróleo, de grande amplitude, Brasília pretende alterar também a forma de distribuição dos royalties que são pagos pela Petrobrás e outras companhias aos Estados e municípios pela exploração das jazidas petrolíferas em seus territórios e áreas marítimas. Um amontoado de reais que vai hoje apenas para os cofres dos Estados e prefeituras onde há petróleo. A

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proposta é dividir a bolada com todos, de forma a contribuir para reduzir as desigualdades regionais e de renda no país. Os governadores e prefeitos beneficiados já estão com as baterias aquecidas. Mas essa é uma batalha perdida : eles são minoria e perderão fácil o embate no Congresso. A proposta de redistribuição dos ganhos do petróleo poderá ser apresentada e votada antes mesmo da criação da nova estatal.

http://www.migalhas.com.br/mostra_noticia.aspx?cod=66693

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Ecuador Govt. Reaches Contract Deal with Petrobras(TB Petroleum - Newsletter - 11.08.2008)

The government of Ecuador and Petroleo Brasileiro SA (PBR) have reached a deal that will allow Petrobras to maintain its contracts in the Andean country, Mining and Oil Minister Galo Chiriboga and company officials said Thursday.

"We have reached an agreement that is good for both the state and the company," Chiriboga said in an interview with Dow Jones Newswires.

The agreement was reached after meetings between Ecuadorean government officials, including President Rafael Correa, and high-level Petrobras officials.

Chiriboga said later at a press conference that Petrobras had agreed to change its participation contracts to service contracts.

He said details of the new arrangement would be worked out by a negotiating team made up of officials from both Petrobras and state-owned Petroecuador.

The arrangement will be for Block 18 and the unified oil field Palo Azul, which together produce some 32,000 barrels a day of oil.

The deal doesn't cover Block 31, which the government is studying how to manage as it's located in a national park.

A high-level Petrobras executive said at the press conference that it's in the company's interest to arrive at a deal for the new contract as soon as possible.

The executive said there are hopes that the negotiations can start next week.

In October, the Correa administration increased the state's take of windfall oil profits to 99% from 50%.

Oil companies said the measures make operating in Ecuador unprofitable and several companies filed for arbitration at the World Bank's International Center for Settlement of Investment Disputes, or ICSID, and with other organizations.

The government has offered to reduce the tax on oil windfall profits from 99% to 70% temporarily for one year.

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The offer, however, depends on the companies withdrawing arbitration claims at the ICSID or other organizations, increasing investment and output levels, and increasing the production that the companies give to the state.

After that, the companies would have to change their participation contracts for service contracts.

Under the current participation contracts, the state receives a percentage of profits from oil production.

Under the new service provider contracts, companies would be paid a production fee and reimbursed for investment costs, although all of the recovered crude oil will belong to the state.

On July 18, Petrobras informed the Solicitor General's Office and state oil company Petroecuador that it would file a suit at the London Court of International Arbitration if it wasn't able to reach an agreement with the state.

http://www.tbpetroleum.com.br/news/see/id/13140/titulo/ecuador-govt-reaches-contract-deal-with-petrobras

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Petrobras signs agreement with ExxonMobil for the acquisition in Chile(TB Petroleum - Newsletter - 11.08.2008)

Petrobras announces that it signed an agreement for the purchase of ExxonMobil’s stakes in Esso Chile Petrolera and in other associated Chilean companies. The director of Petrobras’ International Area, Jorge Luiz Zelada, will give a press conference today, August 8, at 11:30 AM, to discuss the Company’s international performance.

The agreement covers the fuels business in the retail, industrial and aviation markets:

Approximately 230 service stations, including 109 in which Petrobras will have a real estate interest; about half of the total service stations include convenience stores.

Fuel distribution and sales at 11 airports;

Six fuel distribution terminals, four of which self-owned and two joint ventures.

22% equity interest in the Sociedad Nacional de Oleoductos, and 33.3% in the Sociedad de Inversiones de Aviación.

Sales volumes, in 2007, of approximately 74,000, 40,000 and 20,000 m³/month in the retail, industrial, and aviation segments, respectively.

Market share of 16% and 14% for retail and industrial segments, respectively.

Change in control is expected to occur in the second quarter of 2009, with the payment of approximately $400 million.

ExxonMobil's Chemical, Lubes and Specialties businesses in Chile are excluded from this agreement.

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With the acquisition of these distribution and logistics companies, Petrobras ensures high-quality services to consumers, accumulating the excellence in customer service and the technical qualifications of Esso Chile’s 1,320-strong local workforce.

The deal reinforces Petrobras’ image abroad, particularly in Chile, to where we exported, in 2007, crude oil, LPG, natural gas, petrochemicals, and lubricants, totalizing nearly $1.5 billion. The main derivatives supplier and the only refiner in the country is the state-owned corporation ENAP, with whom Petrobras has strong relationship.

This acquisition consolidates the Company’s presence in the fuel distribution segment in Latin America, where, over and beyond in Brazil, it already operates in Argentina, Colombia, Paraguay and Uruguay, with a network of nearly 1,000 service stations. Petrobras is an integrated energy company and a global leader in deepwater oil exploration and production, present in 27 countries, in four continents (the Americas, Africa, Asia and Europe).

The agreement is aligned with Petrobras’ Strategic Planning, which calls for ive expansion in profitable businesses in priority regions, such as Latin America. The Company’s integrated growth and profitability are in agreement with its socially responsible performance in business management, contributing to sustainable growth in the countries where it has operations.

http://www.tbpetroleum.com.br/news/see/id/13141/titulo/petrobras-signs-agreement-with-exxonmobil-for-the-acquisition-in-chile-

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New oil accumulation discovered in the pre-salt layer in the Santos Basin(TB Petroleum - Newsletter - 11.08.2008)

The consortium formed by Petrobras (65% - Operator), the BG Group (25%), and Galp Energia (10%), to explore block BM-S-11, in ultradeep Santos Basin waters, proved the existence of yet another light oil field, with specific gravity around 30o API, in the pre-salt reservoirs.

Block BM-S-11 is composed of two exploratory areas. The first well, the 1-BRSA-369A-RJS (1-RJS-628A), was drilled in the larger one, informally called Tupi. That discovery was announced on July 11 2006, and its Assessment Plan was approved by the NPA and is currently in execution (map).

The new discovery well, called 1-BRSA-618-RJS (1-RJS-656) and informally know as Iara, is located in the smaller area of the original block approximately 230 km off the coast of the city of Rio de Janeiro, and 2,230 meters from the water line. The well is still being drilled in search of deeper prospects.

The discovery was proved by a light oil sampling collected via a cable test carried out in reservoirs at a depth of 5,600 m. It was communicated to the National Petroleum Association (NPA) today.

After well completion, the Consortium will proceed with the activities and make the investments that are required to verify both field dimensions and oil reservoir characteristics by forwarding an Assessment Plan to the NPA, as provided for in the Concession Agreement.

http://www.tbpetroleum.com.br/news/see/id/13132/titulo/new-oil-accumulation-discovered-in-the-pre-salt-layer-in-the-santos-basin

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"Precisamos nos livrar do petróleo”: Pesquisador americano diz que podemos resolver a crise energética sem abrir mão do conforto

(Época n. 534 - 11.08.2008 p. 82-84)

Juliana Arini

O instituto onde Amory Lovins trabalha com sua equipe está num vale rochoso a 2.000 metros de altitude. No inverno, a temperatura cai para 40 graus negativos. Mesmo assim, os prédios com paredes de pedra do instituto usam apenas duas lareiras. As janelas captam o calor do sol. É suficiente para cultivar abacaxis e bananeiras. É ali que Lovins, um dos pesquisadores mais respeitados na área de energia, desenvolve soluções para combater as mudanças climáticas, provocadas pela queima de combustíveis fósseis. “Problemas complexos têm soluções simples, como as energias renováveis”, diz em entrevista a ÉPOCA.

ENTREVISTA - AMORY LOVINS

QUEM É Presidente e cientista-chefe do Instituto das Montanhas Rochosas. Foi um dos primeiros cientistas a defender a eficiência e as energias renováveis como solução para a crise energética mundial, em 1975. É consultor de empresas como Wal-Mart, Shell, Xerox e Mitsubishi

O QUE FEZEstudou Física Experimental na Universidade Harvard, nos EUA. Trabalhou na Universidade de Oxford, na Inglaterra. Foi um dos principais colaboradores da organização não-governamental Amigos da Terra e responsável pelos primeiros estudos sobre eficiência energética da instituição

ÉPOCA – É verdade que o senhor foi convidado por Barack Obama para ser secretário de Energia dos Estados Unidos? Amory Lovins – Não. Tudo sobre o futuro presidente tem de ser comentado com cuidado, independentemente de quem vai vencer as eleições. Mas, na verdade, quem começou essa conversa foi o presidente anterior (Bill Clinton). O problema é que o Departamento de Energia dos EUA está ligado ao Departamento de Guerra (antigo nome do Departamento de Defesa). São eles que fazem as bombas atômicas a partir do lixo das usinas nucleares. Eu não quero me envolver com a questão da segurança. Só aceitaria trabalhar num departamento civil focado apenas na geração de energia. E esse foi o fim da minha conversa na época. Mas não acredito que seria uma boa idéia a dele (risos).

ÉPOCA – O que o senhor recomendaria ao futuro presidente dos EUA? Lovins – Diria para ele voltar sua atenção para uma política de eficiência energética e mudar nossa forma de gerar energia o mais rápido possível. Precisamos nos livrar do petróleo, mesmo porque o barril já custa US$ 100. Também devemos reduzir a dependência de energia nuclear, que não é uma boa opção para resolver os problemas com o clima. A saída é investir em energia renovável. Devemos seguir o que as empresas já estão fazendo. É o que eu batizei de Caminho Suave para a Energia.

ÉPOCA – Que caminho é esse? Lovins – É uma abordagem que desenvolvi na década de 70, quando houve a primeira grande crise mundial do petróleo. O problema da energia começa na forma como ela é gerada. Na verdade, as pessoas não querem queimar petróleo ou carvão. O que elas desejam é ter uma cerveja gelada, a casa aquecida no inverno e refrigerada no verão. O importante para elas é o conforto da energia. Aí eu me

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perguntei qual é o mínimo de energia necessário para gerar esse conforto. E quanto eu posso reduzir no desperdício e nos impactos ambientais. Esse é o Caminho Suave para a Energia. Ele se baseia em múltiplas fontes renováveis, como a biomassa, a eólica e a energia geotérmica. O Caminho Duro, em contraste, seria a geração de energia centralizada em um só modelo, com fontes como petróleo, carvão ou nuclear, que geram problemas de resíduos. E com carros de baixa eficiência e movidos a gasolina e diesel.

ÉPOCA – Esse Caminho Suave é viável? Lovins – Claro. O primeiro passo é investir em eficiência. Projetar um carro que consuma menos é mais fácil que criar um novo combustível. Depois, é preciso desenvolver novas tecnologias. A experiência brasileira foi um exemplo de que isso é possível para o mundo todo. Vocês são líderes no uso dos biocombustíveis e agora com os carros flex. Foi o país que teve uma saída criativa para a primeira crise mundial do petróleo. A eficiência também traz benefícios na matriz energética brasileira. Isso foi bem intenso em 1999 (o ano do medo do apagão), quando aumentaram os programas de eficiência energética no Brasil. Mas vocês ainda podem melhorar muito. Os chuveiros elétricos sobrecarregam o sistema nos horários de pico. Se mudassem para aquecimento solar ou aquecedores a gás, isso liberaria energia de quase uma Itaipu. Essa é a lógica da eficiência energética. Usar menos, gerar de forma limpa e depender menos de uma fonte exclusiva.

ÉPOCA – Existem países que já seguem esse caminho? Lovins – A Alemanha está investindo em uma matriz energética variada, com uso de energia solar, eólica e biomassa, e, principalmente, na eficiência do sistema todo. Há vilas, como Dardesheim, que estão perto de gerar 100% do que consomem com fontes renováveis. Há projetos parecidos nos EUA também. O problema é que existe uma forte campanha para desacreditar a eficiência dessas fontes. Esse lobby é feito com força pela indústria nuclear.

ÉPOCA – Como o senhor vê a energia nuclear? Lovins – É uma das gerações mais caras do mundo. Se você retirar os subsídios embutidos, ela não se sustenta. Pode ajudar a reduzir a dependência de carvão. Mas a longo prazo esbarraria na viabilidade econômica. O mercado global já sabe disso e está indo para direções diferentes. As novas plantas de usinas nucleares vão custar de duas a quatro vezes mais do que foi divulgado há dois anos. As usinas antigas também são um problema para a segurança dos países. Sem os subsídios, as fontes como a eólica têm um retorno maior que a energia nuclear. Existe uma ilusão sobre a solução nuclear. Mas esse renascimento nuclear de que ouvimos falar não está acontecendo.

ÉPOCA – Mas a China divulgou um grande investimento em usinas nucleares. Lovins – Eles anunciaram isso em 2006. Mas, no ano seguinte, investiram sete vezes mais em energias renováveis. Isso também aconteceu nos EUA e na Espanha. No ano passado, eles investiram mais em energia eólica que em nuclear. Em 2007, o investimento mundial em fontes renováveis, excluindo as grandes hidrelétricas, foi de US$ 71 bilhões. No mesmo ano, o investimento de capital privado em nuclear foi zero. O gasto com nuclear foi todo feito com dinheiro público.

“O renascimento nuclear de que ouvimos falar não está acontecendo” ÉPOCA – Os biocombustíveis são vilões ou aliados nesse Caminho Suave para a Energia? Lovins – Eles podem ser os dois. Se você opta por fazer a geração sem responsabilidade social ou ambiental, os biocombustíveis são um problema. Existem muitas fontes de geração, como o milho na América ou a cana-de-açúcar do Brasil. A palma (dendê) da Indonésia é mais produtiva que a cana-de-açúcar. Mas também só é sustentável se sua plantação não exigir desmatamento. A Indonésia tem tido sucesso na restauração de florestas com essa cultura. É um bom caminho para geração de energia.

ÉPOCA – No caso dos EUA, o uso de grãos para biocombustíveis é acusado de fazer o preço da comida subir. Isso é sustentável? Lovins – Isso já está mudando. O aumento no preço da comida aconteceu porque os produtores ignoraram que usar o milho e a soja para fazer o etanol afetaria as áreas usadas para plantação de

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alimentos. Não foi uma boa escolha. Mas, hoje, a nova direção é desenvolver a produção a partir de outras matérias-primas que não afetem as áreas usadas para alimentos. O etanol extraído a partir da madeira já está em processo avançado de pesquisas. Também estão estudando o uso de grãos não-comestíveis. Plantas de crescimento rápido e que não afetem a área de produção de alimentos. Mas isso é só parte da história. O outro lado é buscar soluções para gastarmos menos.

ÉPOCA – Como usar menos energia sem desligar o ar-condicionado? Lovins – As pessoas vão continuar querendo energia para tornar a vida mais confortável. Mas um exemplo de mudança é o que conseguimos fazer no Instituto das Montanhas Rochosas. Apenas com mexidas no projeto conseguimos manter uma temperatura interna do prédio bem agradável, enquanto lá fora pode estar abaixo de zero. Temos até bananeiras e outras plantas tropicais. Se eu fosse construir minha casa hoje, ela, além de ser auto-suficiente, poderia gerar energia para fora. Acredito que os grandes problemas da humanidade com o clima e a energia podem ser resolvidos com soluções simples, a partir de pesquisa e uso de energia eficiente.

http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EMI9971-15295-2,00-PRECISAMOS+NOS+LIVRAR+DO+PETROLEO.html

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Energia - Chantagem atômica: A retomada das obras de Angra 3 esbarra em exigências exageradas do Ibama e na inércia de estatais e ministérios

(Veja - ed. 2073 - 13.08.2008 p. 138-139)

Marcelo Bortoloti

A construção da usina nuclear Angra 3 sofre, há mais de trinta anos, de paralisia crônica. O projeto, dos anos 70, começou a andar em 1984, e as obras foram interrompidas dois anos depois, durante o governo de José Sarney. Só no mandato de Fernando Henrique Cardoso se voltou a falar no assunto. Finalmente, em junho do ano passado, o Conselho Nacional de Política Energética – composto de sete ministros, além de representantes da sociedade civil – decidiu tirar do papel a unidade, capaz de gerar 1 400 megawatts de energia (suficiente para suprir um terço do consumo do estado do Rio de Janeiro). Um ano depois, nada indica que o projeto vá mesmo andar. VEJA procurou cada um dos setores do governo envolvidos no assunto para conferir o que já foi feito. Descobriu-se um fosso entre o discurso oficial, que promete o início das obras para breve, e a realidade.O Ministério do Meio Ambiente, o crítico mais feroz da energia nuclear, comprometeu-se a apressar o licenciamento ambiental. De fato o fez, o que é um avanço em relação à inércia do passado. Mas o Ibama, órgão subordinado ao ministério, apresentou uma lista de exigências excessiva para liberar a obra, como a promoção de ações educativas para o fim da pesca de arrasto na região (veja o quadro). O Ministério de Minas e Energia nem sequer definiu o modelo de venda dessa energia, e a Eletrobrás, a quem cabe buscar financiamento com empresas estrangeiras e com o BNDES, também não se mexeu, sob o argumento de que depende das definições do governo. A Eletronuclear, que deveria negociar uma atualização de orçamento com a construtora Andrade Gutierrez, contratada para realizar a obra em 1983, não tomou providências. Ainda assim, o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, insiste que as obras começam em setembro. A impressão que se tem é que o ministro está falando sozinho.

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O Ibama, que recebeu em 2005 a solicitação de licença prévia, só a concluiu há três semanas. Nela, impôs sessenta exigências para conceder a licença de construção. Segundo a Eletronuclear, é impossível dar conta de todas elas e iniciar as obras antes de fevereiro de 2009, o que significa um atraso de pelo menos um ano em relação ao cronograma estabelecido na reunião de 2007. Uma análise mais detalhada da lista demonstra o absurdo. A licença prévia é um documento técnico. No caso de uma usina nuclear, envolve estudos complexos e requer conhecimentos científicos. Mas, além das exigências que já encontrou prontas, o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, acrescentou,

de próprio punho, quatro itens à pauta. Entre eles, que se dê destinação final ao lixo atômico. Parece uma condição cabível. No entanto, nem mesmo os Estados Unidos, donos de 104 usinas nucleares, conseguiram isso. O que se tem são soluções provisórias até que se viabilize economicamente a tecnologia para o reaproveitamento dos rejeitos de urânio. No caso do Brasil, ainda há um complicador, como lembra o presidente da Comissão Nacional de Energia Nuclear, Odair Dias Gonçalves. "Não podemos construir um depósito final sem saber quantas usinas nucleares serão instaladas no país nos próximos anos", diz. Pela lei, a Eletronuclear já destinaria 1,1% do valor da obra – 80 milhões de reais – para compensações ambientais. Não é pouco. Por que, então, acrescer à lista de ações obrigatórias para reduzir o impacto ambiental da obra itens como a adoção do Parque da Bocaina? O Brasil precisa urgentemente de novas fontes de energia. No início deste ano, por muito pouco não foi preciso recorrer a um programa de racionamento, como ocorreu em 2001. O perigo imediato passou. Isso não significa que o problema tenha acabado. Para crescer a taxas de 5% nos próximos anos, o país terá de dobrar sua oferta de energia até 2030. O Plano Nacional de Energia prevê que, até lá, será necessário duplicar a participação da energia nuclear na matriz elétrica brasileira. Sem Angra 3, isso é impossível. Falsas promessas e exigências descabidas podem dar algum brilho momentâneo a paladinos da defesa ambiental. Mas não acendem lâmpadas nem movem indústrias.

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O futuro do petróleo em discussão(Brasil Energia 333 – Ago./2008 p.10)

No congresso mundial em Madri, países consumidores choram a conta alta do barril, mas ninguém duvida de que o petróleo ainda vai reinar por muitos anos. Celso Knoedt No diversificado programa da 19ª edição do Congresso Mundial de Petróleo (WPC), que reuniu em Madri, no início de julho, 35 ministros, 500 CEOs e uma seleta platéia de 4,3 mil especialistas de países produtores e consumidores, três temas se destacaram em meio à discussão de negócios e desenvolvimento tecnológico comuns em eventos internacionais desta natureza. Neste ano, a escalada do preço do barril, o futuro da oferta diante do

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contínuo aumento da demanda e a meta de redução de 50% das emissões de CO2 pela indústria foram questões que mereceram maior atenção entre os 500 jornalistas presentes ao evento.

Coube ao ministro espanhol de Indústria, Turismo e Comércio, Miguel Sebastian, trazer a público a dimensão com que a alta dos preços afeta os países importadores. A Espanha, disse ele, teve de arcar com € 15 bilhões a mais em suas importações em 2007 por conta da variação do preço do barril, que começou o ano cotado a US$ 56 e terminou a US$ 90. A cifra gasta representa 1,5% do PIB do país ibérico. E o pior: com os preços não dando mostras de arrefecimento, tudo indica que este ano os espanhóis irão dobrar o dispêndio indesejado.

Outros países da OCDE, cuja produção própria é insignificante ou nenhuma, estão em situação pior. A cada dia, a França consome 1,9 milhão de barris; a Alemanha, 2,4 milhões de b/d; a Itália, 1,8 milhão de b/d; a Coréia do Sul, 2,3 milhões de b/d; e o Japão, 5 milhões de b/d. No último ano o Reino Unido deixou de ser auto-suficiente para suprir um consumo de 1,7 milhão de b/d, com a produção declinante do Mar do Norte. Mesmo os diminutos Bélgica e Luxemburgo, com consumo de 840 mil barris diários, e a Austrália - consumo de 930 mil b/d versus produção de 560 mil b/d - estão sendo fortemente afetados pela alta dos preços. Nada comparável, é bem verdade, com os 13,8 milhões de barris que diariamente os EUA importam, para complementar o consumo não atendido pela produção própria, de 6,9 milhões de b/d.

Entre os países fora da OCDE, os "beberrões" são a China, com consumo de 7,8 milhões de b/d, para uma produção de 3,7 milhões de b/d, e a Índia, que consome 2,7 milhões de b/d e produz apenas 970 mil barris diários.

Não há economia que resista por muito tempo bancando volumes como esses com o barril a US$ 140. Até os chineses, que subsidiam o petróleo para manter o ritmo de desenvolvimento, já demonstram querer entrar na linha, com ajustes acima da inflação. Como disse o presidente da China National Offshore Oil Corporation (CNOOC), Fu Chengyu, os subsídios são justificáveis em uma economia em desenvolvimento, mas não podem ser mantidos por muito tempo.

Para explicar o porquê da alta do barril - a mais longa e persistente dos últimos 100 anos - não houve consenso. Alguns representantes dos países consumidores acusaram os produtores de manipular os preços, mas foram "torpedeados" - obviamente, dentro do que permitia a etiqueta. O presidente da conferência da Opep e ministro argelino de Energia, Chakib Khelil, foi contundente ao rebater a alegada manipulação, lembrando que boa parte da pressão altista decorre da performance do dólar ladeira abaixo, também fruto de manipulação.

Vai faltar petróleo? Também não houve consenso quanto ao futuro da demanda e da oferta, mas isso não era de se esperar no atual contexto. Os produtores, interessados nas cotações altas, tendem a acenar com um cenário de escassez futura, embora sem unanimidade quanto a isso, ao passo que quem paga a conta costuma desmistificar a previsão pessimista, acreditando em alternativas ao consumo dos fósseis.

O CEO da Total, Christophe de Margerie, por exemplo, surpreendeu o plenário do WPC ao prognosticar que a produção mundial irá crescer pouco menos de 12% e atingir um platô de 95 milhões de b/d em 2020, cerca de 25 milhões de b/d a menos do que as estimativas correntes. De Margerie acha que atingir este patamar já é um grande desafio, pois implica desenvolver até lá uma produção nova de 50 milhões de b/d. Ou seja, praticamente 60% de tudo o que se produz no mundo hoje.

Já a Chevron contestava a previsão da petroleira franco-belga, ao exibir anúncios institucionais na área do evento projetando um crescimento de 40% na produção até 120 milhões de b/d em 2030. E outro norte-americano, o CEO da ExxonMobil, Rex Tillerson, também colocou De Margerie à prova. Para ele, a reposição da produção não se deverá exclusivamente à entrada de novos campos, mas sim a um intensivo trabalho de recuperação de áreas maduras, através do desenvolvimento de tecnologias que se viabilizarão com o preço do barril no nível em que está.

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Na verdade, os números históricos não corroboram nem a previsão pessimista da Total, nem a otimista de Chevron e ExxonMobil. O economista Christof Ruhl, vice-presidente da BP e responsável pela elaboração da Statistical Review of World Energy, publicada todos os anos, fez uma apresentação bastante concorrida, na qual mostrou que o consumo mundial de petróleo cresceu 1 milhão de b/d em 2007 - 1,1%, contra a média de 1,4% de crescimento verificada nos últimos dez anos. Isso se deveu, entre outros fatores, ao segundo ano de queda consecutiva do consumo entre os países da OCDE, que respondem por 58% do consumo mundial.

O mundo consumiu no ano passado 85,2 milhões de b/d, contra 73,6 milhões em 1997. Já a produção evoluiu de 72,2 milhões de b/d para 81,5 milhões de b/d no mesmo período.

O efeito Kyoto O terceiro tema inovador nas discussões foi o comprometimento da indústria de petróleo com as metas de controle e redução do aquecimento global. O secretário executivo da United Nations Framework Convention on Climate Change (UNFCCC), Yvo de Boer, lembrando que os fósseis são os maiores contribuintes para o efeito estufa, apelou para um maior engajamento da indústria de petróleo em relação à meta de redução de 50% nas emissões de CO2 estabelecida para 2050, que toma como base o ano 2000. "Não se trata de uma luta contra a indústria de óleo, mas uma luta contra as emissões", frisou De Boer, preocupado com o fato de que o novo patamar de preços do petróleo termine por estimular a produção de óleos não-convencionais mais poluidores e o raspa-tacho das refinarias.

O acesso à energia é um elemento chave para o desenvolvimento e a erradicação da pobreza, mas, paradoxalmente, o aquecimento causado pela geração e o uso de certas fontes energéticas poderá causar mais pobreza e redução no ritmo de crescimento econômico das nações, disse De Boer. Hoje, segundo ele, a concentração de CO2 na atmosfera é de 384 ppm, contra 278 ppm do que chamou de "níveis pré-industriais", devendo esse nível ultrapassar os 550 ppm por um longo período, considerando os cenários futuros de oferta e demanda de energia. "De acordo com os relatórios de 2007 do Painel Intergovernamental sobre Alterações Climáticas (IPCC), este nível de concentração corresponderá a uma elevação de 3º a 4º C na temperatura do planeta, com conseqüências devastadoras, como o aumento do nível do mar e a escassez de água para milhões de pessoas", alertou.

O diretor da Agência Internacional de Energia (AIE), Neil Hirst, concorda que os preços altos do petróleo vão estimular a produção de óleos não-convencionais mais poluidores. Mas, em contrapartida, facilitarão a entrada de produtos alternativos mais limpos no mercado que se tornarão viáveis economicamente justamente pelo preço alto do barril.

Por sua vez, o presidente da International Emissions Trade Association (IETA), Henry Dewent, mostrou que a indústria, de um modo geral, está aderindo aos mecanismos carbon free, tendo apresentado significativo avanço em 2007 em relação a 2006. No ano passado, as transações de 3 bilhões de t com créditos de carbono registrados aumentaram em todas as praças de negociações, inclusive nos EUA, não signatário do Protocolo de Kyoto.

WPC O World Petroleum Council, que organiza o WPC, é uma entidade privada com sede em Londres e que reúne cerca de 60 países responsáveis por mais de 90% do comércio global de petróleo. O Congresso de Madri, formalmente aberto pelo rei Juan Carlos I, contou com 260 companhias participantes e 14,5 mil visitantes à exposição que ocupou 15 mil m². O próximo congresso será em Doha, no Qatar, em 2011.

OCDE A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) foi criada em 1960, por 20 países que se reconheciam comprometidos com a democracia e o livre mercado: Alemanha, Áustria, Bélgica, Canadá, Dinamarca, Espanha, EUA, França, Grécia, Holanda, Islândia, Irlanda, Itália, Japão, Noruega, Portugal, Reino Unido, Suécia, Suíça e Turquia. Posteriormente, outros dez países se juntaram

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à organização: Austrália, Coréia do Sul, Finlândia, Hungria, Luxemburgo, México, Nova Zelândia, Polônia, República Tcheca e Eslováquia.

UNFCC Convenção da ONU sobre mudanças climáticas, a UNFCCC entrou em vigor em março de 1994 e hoje conta com a adesão de 192 países. Ela estabelece um ambiente para orientar e fixar metas para os esforços intergovernamentais de prevenção das alterações climáticas e seus efeitos, partindo do pressuposto de que o clima do planeta é comum a todos os seus habitantes. O mais conhecido de seus documentos é o Protocolo de Kyoto, de 1997, pelo qual 37 países industrializados e a União Européia se comprometeram formalmente em reduzir em 5% suas emissões até 2012, tomando como base os níveis de 1990.

http://www.brasilenergia.com.br/brasilenergia/index.php?secao=mat_especial&id_materia=14335&uid=1218491277

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De volta aos bons tempos: Pré-sal e monitoramento de reservatórios deverão puxar o mercado de sísmica, apesar das incertezas que rondam as novas rodadas da ANP.

(Brasil Energia – Ago./2008 p.28)

Ricardo Vigliano

A atividade sísmica no Brasil está em alta. Apesar da indefinição sobre o futuro dos leilões de áreas exploratórias, não faltam motivos para apostar em um cenário repleto de oportunidades. A demanda será acentuada no desenvolvimento de novos campos - principalmente os do pré-sal - e no monitoramento de áreas já em produção, que requerem sísmicas com maior precisão, do tipo 3D e 4D.

A maior demanda para 3D deverá vir mesmo da Bacia de Santos, onde há pouco entrelaçamento das linhas levantadas até o momento. Somente no cluster do pré-sal, os sete blocos - BM-S- 8,9,10,11,21,22 e 24 - deverão passar por nova campanha para localização e definição da geometria dos poços. O levantamento vai permitir que Petrobras e ExxonMobil, operadoras dessas áreas, vizualizem as rochas com maior concentração de petróleo e gás.

Ainda no pré-sal, existem de 15 mil km² a 20 mil km² de áreas, ao sul e a nordeste do cluster, que receberão campanhas 3D. A expectativa do mercado é que essas áreas, que se estendem de Santa Catarina ao Espírito Santo, movimentem uma cifra da ordem de US$ 300 milhões em contratos sísmicos nessa fase. Espera-se que os trabalhos comecem em 2010, com poços entrando em produção em 2012.

Pelas contas do IAGC, haverão de quatro a seis embarcações de grande porte, entre 12 a 14 cabos, realizando levantamentos sísmicos 3D entre 2009 e 2012. "Um cenário visto apenas em 2000 no boom da abertura do setor", comemora o presidente da entidade, Cosme Peruzzolo.

A propósito, os preparativos para a nova rodada de sísmica já começaram, com o pedido de licença da Petrobras ao Ibama para o levantamento de dados em Tupi, Tambaú, Uruguá, Carapiá e Pirapitanga, todos na Bacia de Santos. Outras empresas, como a petroleira OGX e a prestadora PGS, também já entraram com pedidos para operações na Bacia.

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Na verdade o incremento na sísmica deve começar a partir de outubro, com levantamentos 3D mais focados em reservatório. A demanda está associada à necessidade das empresas que arremataram blocos na 9ª rodada da ANP (como a OGX) de buscar um imageamento de maior resolução do comportamento das acumulações.

Todas essas previsões são um alívio para um mercado que experimentou retração nos últimos dois anos, em função do histórico dos últimos três leilões da agência - a interrupção da rodada em 2006, o atraso em 2007 e a ausência de sinais de leilão este ano. A descontinuidade gerou uma quebra de planejamento das empresas sísmicas que dedicam boa parte das operações ao levantamento de dados multiclientes (especulativos). "Acredito que esse mercado encolheu para a metade", calcula o diretor da WesternGeco, Mario Kieling.

Futuro em 4D A sísmica 4D para monitoramento da produção é outra frente promissora de contratos. O principal alvo

desse mercado é a Bacia de Campos, onde já existe um volume consistente de dados 3D. O levantamento 4D, que prevê a repetição da sísmica 3D em um intervalo regular de tempo, fornece dados sobre escoamento de óleo, gás e água em um reservatório. Essas informações podem subsidiar estratégias para aumentar a taxa de recuperação dos reservatórios.

Embora relativamente novo no Brasil - o primeiro serviço foi contratado pela Petrobras há dois anos -, o mercado 4D no país tem futuro garantido. Além da possibilidade de monitorar a produção atual de petróleo, é provável que alguns campos do pré-sal possam demandar 4D já em 2014 e 2015. Nada de mais, se o mercado mundial não estivesse superaquecido, o que cria especulações de que dificilmente haverá embarcações disponíveis para atender toda a demanda do Brasil. Resultado: a restrição poderia abrir a oportunidade para a construção do primeiro navio sísmico nacional.

Mais sofisticada que a 3D, a sísmica 4D também envolve cifras duas vezes maiores. Entre as razões para isso está a maior resolução do dado levantado. Enquanto a sísmica 3D é feita em celas de 12,5 m x 25 m, a 4D prevê celas de 12,5 m x 12,5 m, resultando em tiros mais próximos e conseqüentemente em maior número. Só um contrato da Petrobras vencido pela PGS este ano custará US$ 200 milhões. E pelo menos outras duas campanhas deverão ser licitadas pela petroleira até o fim de 2008.

http://www.brasilenergia.com.br/brasilenergia/?secao=mat_especial&id_materia=14342

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Por um mercado competitivo de gás(Brasil Energia 333 – Ago./2008 p.22)

Alexandre Gaspari e Fernanda Pontual

Com a experiência de quem foi diretor de Comercialização de Gás Natural na Repsol YPF do Brasil, Marco Tavares, diretor da Gas Energy, não se contém em suas críticas ao desenho traçado para o mercado brasileiro do energético. Segundo ele, a Lei do Gás, do jeito que está, só trará resultados daqui a 30 anos. Além disso, ele questiona o planejamento energético brasileiro, que impede a operação das termelétricas na base, mas admite a compra de GNL no mercado spot a preços exorbitantes. O GNL, aliás, é o caminho, na opinião de Tavares, para o país. Ele acredita que o Brasil pode ser tornar um exportador do energético - isso, claro, se o pré-sal for tudo o que dizem. Mas o Brasil terá de investir pesado em terminais de liquefação por toda a costa. Isso decretaria o fim da era dos grandes gasodutos,

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até mesmo para o abastecimento interno. "É muito interessante ter vários terminais de GNL ao longo da costa brasileira. O custo de instalação será mais baixo e assim seria possível atender os estados", explica ele.

Porque o gás nacional é tão caro? Por causa do dólar, porque a indústria está muito aquecida e não se consegue contratar equipamentos no prazo, pelo conteúdo nacional, entre outros pontos. Em Camisea, em que os primeiros 200 km do gasoduto ficam em plena selva, o custo do metro/pol foi de US$ 65. Já Coari-Manaus está custando US$ 130 por metro/pol. A parte norte do Gasene está custando mais de US$ 80. Na hora em que se vai discutir logística, locação e questões geográficas, são fatores muito importantes. Hoje o gás boliviano é 30% mais barato do que o nosso.

Financeiramente seria mais viável instalar vários terminais de GNL? Se for confirmado o potencial do pré-sal, com certeza. Estamos falando de 100 milhões de m³/dia a mais. E não haverá mercado para tudo isso no Brasil.

Com o GNL, acaba a era dos grandes gasodutos? Sim, principalmente porque o Brasil vai ter de exportar gás. O GNL dá essa flexibilidade. O comprador pode escolher de quem comprar, e o vendedor, para quem vender.

Há uma discussão sobre a instalação do terceiro terminal de GNL no país. Onde seria melhor: Rio Grande do Sul ou Santa Catarina? Um não inviabiliza o outro. É muito interessante ter vários terminais de GNL ao longo da costa brasileira. O custo de instalação será mais baixo e assim seria possível atender os estados.

Então o pré-sal vai tornar o Brasil um exportador de gás? Vamos precisar exportar. O que há em nosso mercado industrial hoje, além de gás natural? Temos 30 milhões de m³/dia de GLP e mais 25 milhões de m³/d de óleo combustível. Teríamos volume para substituir tudo isso, mas é impossível, porque dependeríamos ainda da construção de gasodutos. Logo, a âncora para viabilizar essa produção são as térmicas. E as térmicas, no modelo brasileiro, atuam de acordo com o regime hidrológico, fora da base. Ou seja, não há condições de sustentar esse volume de produção se não houver exportação.

As térmicas, então, não viabilizam o gás do pré-sal? Não se pode construir uma infra-estrutura para funcionar 30% do tempo. Não se atenta para a quantidade de líquidos associados à produção de gás, que chega a 15% do volume total produzido. Esses líquidos costumam ser mais rentáveis. Sem garantia para um consumo firme de gás pode-se produzir o energético, retirar os líquidos e reinjetá-lo, como ocorre em Camisea, que ainda não tem planta de liquefação pronta.

A solução seriam as térmicas operando na base? Ou um esquema de exportação bem-montado. Temos uma facilidade se o volume realmente for de 100 milhões de m³/d. Se fossem 15 milhões de m³/d seria muito complicado, porque aproveitar isso nas térmicas, no atual modelo, não funciona. Curioso é que não se aceita a operação das térmicas a gás na base a 40%, mas isso é aceito para térmicas a carvão. Vivemos uma fase em que a demanda cresceu e os nossos reservatórios hídricos são pequenos. Então, de qualquer jeito, as térmicas vão ter de operar mais na base, e isso não está sendo reconhecido.

O Plano Nacional de Energia (PNE) não considera essa possibilidade. Não. O plano prevê um cenário em que a oferta atenderá a toda a demanda. Mas será que o volume dos reservatórios vai aumentar para atender a toda essa demanda?

A biomassa não cobriria isso?

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A biomassa é complementar à hídrica. Hoje o reservatório enche e esvazia no mesmo ano devido ao crescimento da demanda, e é praticamente impossível sair do papel uma hidrelétrica com grande reservatório. Cada vez mais as térmicas têm de entrar complementando esse sistema. Isso não significa que elas vão operar 18%. Elas vão operar 30%, 40% e 50%, o ano inteiro.

A operação parcial das térmicas, então, é um símbolo da falta de planejamento energético? Não apenas isso. Ela evita também preços melhores para o gás. No mundo inteiro é assim. Um produtor de gás que faz um contrato de longo prazo oferece condição de preço mais adequada. É por isso que existem os mercados spot e de longo prazo.

Isso influencia a expansão do aproveitamento do gás? Sim, porque não há um planejamento de longo prazo do setor de gás casado com o setor de energia elétrica. Não conseguimos estabelecer uma relação entre esses dois mundos, que se convergem. O IBP já tomou algumas iniciativas, alguns produtores também. O ONS está tentando. Para planejar isso, porém, o ideal seria estabelecer uma organização para os dois setores. Não pode haver os 70% do take or pay do passado, mas também não pode ser totalmente flexível. Isso não faz sentido para um produtor de gás. O modelo flexível é válido para grandes mercados, não para um mercado que ainda está sendo criado. Isso depende de despacho, volume e aproveitamento.

Voltando ao pré-sal, novamente o que vem dominando a discussão são as reservas de petróleo, com o gás em segundo plano.

Ele é um subproduto. Perto do negócio petróleo, a rentabilidade do gás é bem menor. Mas a quantidade de gás é muito grande.

O Brasil pode também perder a chance de se tornar um exportador de gás por causa dessas dúvidas sobre como explorar o pré-sal?

É uma boa discussão. Boa parte dessas reservas são de agentes privados. Como eles vão comercializar esse gás? É muito difícil, porque a Petrobras domina o setor. E a Lei do Gás não discute isso. No meu modelo utópico do mercado de gás competitivo isso não poderia acontecer: a Petrobras ter 90% do mercado e ainda comprar de terceiros. A proibição de comprar gás de terceiros já foi implantada em vários países. Isso obriga quem tem gás a ofertá-lo no mercado, o que cria um mercado dinâmico, porque ele será obrigado a investir. Nosso modelo é muito confortável. Sempre uso o modelo que a Argentina implementou há alguns anos. A estatal argentina foi proibida de comprar gás de terceiros; todos os contratos vencidos não poderiam ser renovados; o produtor não poderia ter empresas de transporte; a participação em distribuidoras era limitada. Criou-se um mecanismo de competição. Não acredito em regulação sem quebra da estrutura inicial da indústria. Muitas empresas brasileiras estão trocando o gás por outras fontes porque não têm certeza de abastecimento, além de os preços serem determinados pela Petrobras. A Petrobras planeja mais dois aumentos dos preços do gás ainda este ano. Isso causa uma incerteza muito grande.

Mas a Argentina hoje está completamente diferente.

Houve uma ruptura em toda a indústria de gás. Hoje o gás residencial na Argentina custa US$ 0,50/MMBTU. O gás para indústria custa US$ 3/MMBTU. A Argentina importa gás da Bolívia por US$ 8/MMBTU, importa GNL a US$ 16/MMBTU e vende o gás por esses preços. Resultado: o setor energético acumula dívidas enormes, e ninguém mais faz novos investimentos.

O sr. acredita na promessa de normalização do mercado a partir de 2010? A dúvida é: será que o mercado brasileiro de gás é do tamanho do planejamento da Petrobras? Ou o tamanho do planejamento da Petrobras determina o tamanho do mercado brasileiro? Garanto que é a segunda opção. Vivemos em uma situação à qual as empresas terão de se ajustar. Em 2010, a situação estará mais equilibrada por causa do GNL e de investimentos do Plangás entrando em operação. Mas

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será que isso demonstra a taxa de crescimento adequada do setor? Não. Ele crescerá muito menos do que pode.

E há o racionamento econômico no preço do gás também. Sim. Hoje o gás boliviano é mais barato. Qual é a transparência dessa política de preço? Nenhuma!

Há quem diga que usar gás para gerar energia é um absurdo. Essa crítica ainda é forte? Em um país em que o setor de gás está crescendo, a âncora são as térmicas. Para o Brasil se tornar um grande produtor de gás, será preciso criar uma estratégia de longo prazo. O termo de compromisso entre Petrobras e Aneel para acionamento das térmicas da petroleira são um reconhecimento do governo de que o balanço de energia não está fechado. O movimento é: quando há muita água, há muito gás e não se quer usar. Quando não há água, também não há gás, porque ele já foi vendido. É uma falta de planejamento dessa estrutura. Precisamos diversificar as fontes de energia elétrica, e não vamos resolver o problema com eólica, solar, PCH e biomassa. Podemos ter janelas para incluir essas alternativas, mas o Brasil precisa de um modelo do uso de todo esse volume de gás.

O que o sr. acha das atuais discussões envolvendo a Lei do Gás? O que me preocupa é que não se está valorizando a principal questão, que é como criar um mercado competitivo de gás. Na discussão atual, cada lado da moeda tem sua parcela de razão. Quero importar GNL e vou montar toda a infra-estrutura, por que vou pagar margem para a distribuidora? Tenho um terminal meu, que será usado para abastecer uma térmica, por que vou pagar para a distribuidora? Do ponto de vista constitucional é monopólio dos estados a distribuição de gás canalizado. Mas do ponto de vista econômico faz sentido remunerar uma distribuidora por um risco que ela não correu e ainda ganhou demanda que não estava esperando? As distribuidoras justificam que precisam cobrar dos grandes para poder universalizar o serviço, o que é bem razoável, mas dentro de um plano de crescimento industrial, de rede. Para resolver isso é preciso mexer na Constituição, e por essa razão é uma discussão muito grande. O que vai acontecer é que o cenário vai ficando do jeito que está. A Lei do Gás não vai resolver o principal problema. Ela está sendo criada para dar condições competitivas ao mercado, e do jeito que está saindo não mexe em nada disso. Só vai entrar em vigor efetivamente daqui a 30 anos, quando novos gasodutos saírem. Do jeito que está, a lei não trará nenhuma diferença. Apenas cristaliza o que está acontecendo. Para que fazê-la? Para garantir o monopólio que a Petrobras já tem?

Na América Latina, quem mais cria condições de investimentos em gás? O Peru. Além de ter regras estáveis, agências reguladoras com mais de 15 anos, sistema tarifário transparente e livre acesso para a venda de gás, o país tem tido bons resultados na exploração. A prospectividade do Peru é altíssima. E isso vai aumentar, porque já houve novas rodadas de licitação e novos investimentos. O Peru superará a Bolívia em 2009 em reservas provadas de gás. Houve desmobilização do upstream na Bolívia. As empresas desmobilizaram equipamentos, pessoas, toda a estrutura, e estão indo para onde estão os investimentos. Mesmo se ocorresse hoje uma mudança na Lei dos Hidrocarburos na Bolívia, a reestruturação do setor levaria mais de 15 meses, e mais quatro anos para os resultados dos investimentos. Isso preocupa, porque hoje recebemos 30 milhões de m³ diários de lá.

Existe a ameaça de a Bolívia travar o volume que manda para o Brasil para enviá-lo à Argentina? Hoje a Argentina não pode receber mais de 7 milhões de m³/d da Bolívia porque não há infra-estrutura, apesar de haver demanda. A Bolívia tem um contrato de 7 milhões de m³/d com a Argentina e manda 2 milhões de m³/d, pagando multa por não enviar o restante. Assim, o risco do Brasil é de 5 milhões de m³/d. Mas, para mim, o grande risco é o consumo interno de gás da Bolívia, que está sendo estimulado pelo governo. A produção boliviana hoje é de 40 milhões de m³/d, dos quais 2 milhões de m³/d vão para a Argentina e 31 milhões de m³/d para o Brasil. Os 7 milhões de m³/d restantes são consumidos internamente. Se esse consumo aumentar, não há gás suficiente para todos.

Qual a maior multa contratual pela não-entrega de gás: a do Brasil ou a da Argentina?

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A da Argentina. Na verdade, é um tema maltrabalhado pelos três países. Com a situação atual dos reservatórios, o Brasil poderia negociar com a Bolívia uma redução do despacho e a entrega de gás para a Argentina no período de inverno. O Brasil poderia arbitrar um pouco essa negociação, já que estamos diminuindo a produção de gás do Espírito Santo e mantendo o volume da Bolívia.

Seria possível o Brasil fazer isso? Não constantemente, mas durante períodos mais frios. Não adianta o Brasil exportar energia elétrica para ajudar a Argentina para não diminuir um pouco o volume de gás que recebe da Bolívia. Gás no norte da Argentina é muito diferente de energia elétrica jogada no sistema de Buenos Aires.

Traria um ganho político, inclusive. Acredito que a negociação é o melhor caminho. Já conversei com a Petrobras sobre isso e já citei isso na Argentina. Negociar não vai causar um caos no Brasil. O despacho térmico brasileiro é de 10 milhões de m³/d de gás. Já chegamos a despachar 19 milhões de m³/d de gás térmico. Não é ceder gás todos os dias, mas nos momentos mais frios. Com 72 horas de antecedência se consegue prever períodos críticos de inverno.

O gás está acompanhando o preço do petróleo? Qual é a tendência? Nos EUA o preço do gás está muito ligado ao preço do carvão e do óleo combustível para a área de energia. Lá, durante algum tempo, o preço do petróleo vai subir e o do gás vai ficar parado, porque ele compete com o carvão. Nos mercados europeu e japonês, porém, o preço do gás continua ligado ao do petróleo, ou seja, com tendência de preço ascendente.

Como está o preço na comparação com o óleo combustível? O gás natural tem seguido o óleo combustível, embora ainda mantenha uma diferença a mais que tem a ver com seus custos, maiores que os do óleo. A tendência no Brasil é seguir esse modelo. Mas aqui o óleo é muito mais caro porque não há competição e o preço não é transparente.

A previsão do Plangás é atingir uma oferta de 45 milhões de m³/d até o fim de 2008. Chegaremos lá? Não, mas nesse momento não é um grande risco. O maior risco será para a Petrobras e para o próprio setor elétrico. Por que não abrir o mercado e deixar mais gás entrar no país? Para a energia ser mais competitiva temos de criar novas regras, porém nem a Lei do Gás nem o governo estão fazendo um planejamento. Todos estão comemorando as descobertas e conquistas da Petrobras. Tudo fica nas mãos dela, e ainda vai ficar assim durante um bom tempo. A Petrobras poderia preparar um mercado, mas não faz isso. Quem está aqui é parceiro dela, vende gás para ela e está todo mundo contente. O planejamento energético do país é o planejamento da Petrobras. Mas o que está sendo feito é bom para o Brasil ou para a Petrobras? Ela é uma empresa de muita inteligência competitiva que não precisa de todo esse apoio. Para o Brasil não seria melhor um pouco mais de competição? Se pelo menos tivéssemos uma "Petrogás" para competir com a Petrobras e seu óleo combustível, já haveria disputa entre dois combustíveis. E seria melhor para a sociedade.

http://www.brasilenergia.com.br/brasilenergia/?secao=mat_especial&id_materia=14341

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IMOBILIÁRIO

Direito Imobiliário: Suspensão do Contrato de Trabalho(Carta Forense – Ago./2008 p.54)

POSSIBILIDADE DE AÇÃO DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE EM FACE DO ZELADOR DE CONDOMÍNIO EDILÍCIO

O zelador é peça de fundamental importância para o dia-a-dia dos condomínios residenciais e comerciais. É o braço direito do síndico e geralmente conhece como ninguém todas as instalações operacionais do edifício, tais como bombas d´água, centrais de emergência, quadros de força, portões, interfones e elevadores. Para o bom exercício do trabalho e considerando a natureza peculiar do labor em condomínios, os zeladores acabam por residir no local de trabalho, em moradia especialmente projetada para ser "a casa do zelador". Para síndicos e moradores, confortável saber que o zelador de confiança está pertinho para eventual emergência.

Mas e quando o zelador sofre acidente de trabalho ou é acometido por doença, com longo período de afastamento - Pode continuar morando no apartamento funcional ?

Eis um tema extremamente delicado, que merece ser encarado de frente, pois durante o afastamento, o contrato de trabalho está suspenso e o funcionário efetivamente não está trabalhando para o condomínio. A situação se agrava por conta da omissão das convenções coletivas e do posicionamento paternalista dos sindicatos dos empregados. O cerne da questão reside no fato do imóvel destinado a moradia do zelador configurar ferramenta essencial para o exercício do trabalho

Não temo afirmar que o apartamento destinado ao zelador configura ferramenta essencial para o bom exercício do trabalho e não pode, sob hipótese alguma, servir de simples moradia para funcionário afastado por longo período, sob pena de benefício de um, em detrimento de toda coletividade. Diante do afastamento do zelador, caracterizada a suspensão do contrato de trabalho, pode o síndico notificar o funcionário a desocupar o imóvel funcional, no prazo previsto na convenção coletiva, sob pena de ação de reintegração de posse, de competência da Justiça do Trabalho. Neste sentido:

PROC. TRT/SP Nº 01145.2004.402.02.00-4, Juíza Relatora Maria Aparecida Pellegrina

EMENTA - ACIDENTE DE TRABALHO - AVISO PRÉVIO - SUSPENSÃO DO CONTRATO DE TRABALHO. AÇÃO DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE - IMÓVEL OCUPADO PELO ZELADOR DE CONDOMÍNIO RESIDENCIAL.

A ocorrência de acidente no curso do aviso prévio trabalhado desobriga o empregador ao fornecimento da moradia utilizada para o desempenho da função de zelador pois, durante o período de suspensão do contrato de trabalho, não há prestação de serviços.

Cuida-se de ação de reintegração de posse movida pelo Condomínio Edifício M.D. em face de J.D.F.B., a fim de que seja desocupado imóvel cedido ao zelador para moradia em razão do contrato de trabalho. O réu foi demitido e, no curso do aviso prévio, sofreu acidente de trabalho, razão pela qual encontra-se afastado pelo INSS desde 13 de maio de 2003, sem previsão de alta médica para que o condomínio proceda à rescisão do contrato. Em 24 de maio de 2004, o condomínio notificou o réu para desocupar o imóvel e foi por ele contra-notificado, alegando ter direito à moradia, independentemente do afastamento previdenciário, porquanto é parte integrante de seu contrato de trabalho. O autor, com a inicial, cita precedentes desta C. Corte sobre a competência da Justiça do Trabalho para apreciar a ação; a natureza jurídica da moradia fornecida a zelador; a garantia de emprego no contrato de trabalho por

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prazo determinado; e a possibilidade de demissão em razão de fatos ocorridos no curso do aviso prévio. A defesa sustentou, em síntese, que o direito de residir no imóvel é assegurado por acordo coletivo da categoria, até que se opere a dispensa. Alega que o Contrato de Trabalho está suspenso por força do afastamento involuntário do réu.

Por conseguinte, é de se concluir que o afastamento do empregado, causado por acidente do trabalho, mesmo o ocorrido no aviso-prévio trabalhado, enquadra-se como suspensão do contrato de trabalho. Segundo expressa previsão legal (art. 467 da CLT c/c art. 20 e seguintes da Lei 8.213/91), esse período de afastamento não é remunerado pelo empregador. Também não haverá prestação de serviço pelo empregado.

Assim, não há que se cogitar de manutenção da moradia, que é fornecida para o desempenho do trabalho.

Nesse sentido ainda: "Entendo que a Justiça do Trabalho é competente para analisar o caso dos autos, pois o imóvel foi concedido na condição de requisito para a prestação de serviços no edifício. Não se trata de algo pelo trabalho, mas para o desempenho do trabalho. Na inicial não há menção a contrato de locação para se aplicar o inciso II do artigo 47 da lei nº 8.245/91. O que se discute é uma condição para o desempenho do trabalho, que era residir no imóvel de propriedade do condomínio" (Proc. TRT/SP nº 00878.2003.009.02.00-2, Rel. Juiz Sérgio Pinto Martins).

Maurício Godinho Delgado, em sua obra Curso de Direito do Trabalho, 4 ed, LTR, 2005 ensina: "Como se vê, as duas principais cláusulas e obrigações do contrato empregatício ficam sustadas, isto é, a prestação laborativa (cuja sustação desfavorece o empregador) e o pagamento de salário (cuja sustação desfavorece o obreiro) - o que se ajusta, mais uma vez, à figura suspensiva. Contudo, embora se esteja diante de uma suspensão, a lei atenua os efeitos drásticos da figura suspensiva neste caso enfocado, principalmente pela sensibilidade social envolvida e pelo tipo de causa do afastamento: trata-se de causa vinculada ao próprio risco empresarial, que se abateu infortunisticamente sobre o obreiro (acidente ou doença profissional). Ora, mais o trabalhador do que o empregador (que deveria, afinal, responder por parte dos efeitos, em face do risco assumido no contrato). Nessa linha, a lei atenuou as repercussões da figura suspensiva, mantendo alguns poucos e limitados efeitos contratuais em favor do obreiro

http://www.cartaforense.com.br/Materia.aspx?id=2121

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JUDICIÁRIO

Opinião - Preconceitos aristocráticos: Não existe Poder Judiciário sem haver Ministério Público ou advocacia

(Jornal do Brasil 12.08.2008 p. A9 Opinião)

Em 1988 foi promulgada a atual Constituição. Cuida, seu Título IV, do Poder Judiciário e das funções essenciais à administração de Justiça (Ministério Público e advocacia). Durante os debates em

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audiências públicas de que participei, sempre expus minha convicção de que as três funções têm igual relevância. Não há Poder Judiciário sem Ministério Público e advocacia. Não há Ministério Público sem Poder Judiciário e advocacia. Não há advocacia sem Ministério Público e Poder Judiciário.

Mostrei a muitos dos parlamentares que o bem maior de um estado democrático de direito é o direito de defesa, inexistente nas ditaduras. E o direito de defesa é fundamentalmente exercido pelo advogado.

Em um dos seminários brasilienses, logo após a promulgação da Lei Maior, presidi uma mesa em que estavam presentes o Deputado Eduardo Magalhães e os Senadores Roberto Campos e Elcio Álvares. Na ocasião, Roberto Campos atacou a Constituinte por ter ofertado à advocacia tratamento diferenciado relativamente a outras funções públicas. Retruquei que a de parlamentar merecera 26 artigos, a de magistrado, 34 e a dos membros do "parquet", seis artigos. Aos advogados apenas três, dos quais dois, à advocacia pública. E lembrei-lhe que, se qualquer parlamentar ou membro do Poder Judiciário tiver que se defender em juízo, necessitará de um advogado. Com bom humor, Roberto disse-me: "Ives, esqueça o que eu disse".

É que, na verdade, não há função mais ou menos importante, em se tratando de administração da Justiça.

Como velho advogado (que, quando convidado a compor a lista tríplice para a 2ª instância – ao tempo em que os convites eram feitos pelos tribunais – recusei-o, por reconhecer que a advocacia é minha vocação), vejo com muita tristeza, certos preconceitos aristocráticos que magistrados e membros do "parquet" têm manifestado em relação ao exercício da advocacia e à inviolabilidade de sua atuação, inclusive no que concerne ao sigilo profissional. Reza, o artigo 133, da Constituição Federal, que: "O advogado é indispensável à administração da justiça, sendo inviolável por seus atos e manifestações no exercício da profissão, nos limites da lei". É difícil interpretar o vocábulo INVIOLÁVEL como sinônimo de "violável" – visto que se trata de conceitos antagônicos – para permitir que escritórios de advocacia sejam invadidos e toda a documentação de clientes, "investigados" ou "não investigados", ser desventrada para os olhos, muitas vezes, apenas curiosos, de policiais, membros do MP ou do Judiciário.

Mais do que isto, nas manifestações de alguns magistrados ou de alguns membros do Ministério Público e das polícias, quando não de associações de classe, percebe-se que o espírito de 88, que levou o constituinte a falar em "família forense indispensável à democracia", está se transformando numa "sociedade de inimigos", em que alguns se consideram em condição superior, como se houvesse hierarquia entre as funções encarregadas da administração da Justiça.

Creio que os integrantes mais experientes das três instituições têm que principiar um trabalho real de restauração do espírito de 88, em que se pretendeu criar um ambiente jurídico democrático, a fim de que as três instituições auxiliassem o desenvolvimento no país, e não a uma relação alicerçada no ódio e no preconceito, exteriorizados em dimensões cinematográficas.

Mais do que nunca, os cabelos brancos devem reorientar os cabelos pretos de jovens que, embora brilhantes, demasiadamente inebriados por suas prerrogativas, perderam o real senti-do de suas próprias funções, assim como das prerrogativas dos demais.

Ives Gandra Martins - professor de direito e escritor

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Processo Ágil - Padronização da numeração das ações: CNJ espera que até o final do ano todos os tribunais do País tenham que aplicar novas regras, que visam a facilitar o processo eletrônico

(Jornal do Commercio 12.08.2008 p. B6 Direito & Justiça)

GISELLE SOUZADO JORNAL DO COMMERCIO

Deverá ser publicada até o fim deste ano a resolução do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) com as regras para a implantação da numeração padronizada dos processos de todo o Judiciário brasileiro. Essa é a expectativa do juiz auxiliar da presidência do órgão e coordenador do projeto, Rubens Curado. De acordo com Curado, o grupo que estuda o tema já apresentou algumas medidas para essa unificação, principalmente em relação aos processos em curso nos tribunais. "Não será um trabalho de longo prazo. Imaginamos que a conclusão seja rápida", disse.

Segundo o magistrado, a padronização visa a possibilitar o processo eletrônico e a melhor comunicação entre os sistemas das diversas cortes do País - metas essas fixadas na Resolução nº 12, de fevereiro de 2006. O ato prevê uma série de medidas para que esses objetivos sejam alcançados, entre elas a unificação da classificação processual, da linguagem jurídica e das fases do processo. Em relação à numeração, Curado explica que a revisão do sistema é importante porque cada tribunal segue um modelo diferente. E pior: numera diversas vezes um mesmo processo.

"Na prática, em alguns tribunais, a parte recebe um número na primeira instância. Na segunda, outro. E isso ocorre até chegar ao Supremo Tribunal Federal. Às vezes, o processo pode receber até quatro números diferentes. Isso, sem falar nos incidentes do processo, como os de impugnação da causa, habilitação de falência ou de falsidade, que podem gerar outra numeração", afirmou Curado, destacando que tantas identificações acabam por confundir o jurisdicionado, que "fica perdido ao tentar localizar a ação".

Curado lembrou que apenas a Justiça Federal e a do Trabalho seguem um padrão. "Hoje os critérios são fixados pelo próprio tribunal", disse, referindo-se ao Judiciário dos estados, militar e eleitoral, que não têm regra alguma. Um dos objetivos do projeto é a implantação de um modelo único, que permita a parte acessar do Tribunal de Justiça do Amazonas, por exemplo, ação em curso na corte estadual do Rio Grande do Sul. "Que ela possa localizar o processo ou pelo menos ser redirecionado para o site do tribunal gaúcho", disse o magistrado.

Uma das idéias para viabilizar esse projeto é que os números sejam combinados de forma e permitir a identificação do tribunal e a região ou Estado de origem. Falta, porém, acordo quanto ao alcance do novo modelo. "A questão é: o que vamos fazer como todos os processos já em curso no Brasil? É preciso haver uma regra de transição. Existem algumas propostas no sentido de não migrá-los para a nova numeração ou ainda de se criar para eles um número paralelo, até porque a parte já conhece o número antigo. Assim o processo tramitaria até o final com os dois números", disse Curado, ressaltando que ambas as sugestões estão sendo estudadas e serão instituídas com a anuência das cortes.

"Nosso objetivo principal é mostrar que o Conselho quer entrar em consenso com todos os tribunais. Queremos construir com eles, não queremos impor. A proposta (de padronização, apresentada em junho deste ano, a representantes de diversos tribunais) foi muito bem aceita, pois muitos já estavam pensando em uma forma de padronizar. Dessa reunião, extraímos um subgrupo para traçar as linhas gerais do projeto. E já há uma proposta em discussão. Não chegamos a um consenso ainda, mas estamos adiantados. Tenho expectativa de que o projeto (regulamentando o tema) saia até o final desse ano. Sendo aprovado, o Conselho deverá editar uma resolução regulamentando isso" disse o juiz auxiliar da presidente do CNJ, ressaltando que a proposta do órgão visará "facilitar para o jurisdicionado".

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TJDFT implanta novo sistema de acompanhamento processual(TJDFT – 12.08.2008)

A partir desta semana, o TJDFT disponibiliza a nova versão do “Sistema Push”, um serviço gratuito de acompanhamento automático, via e-mail, de andamentos processuais para os advogados, partes e interessados. Para utilizar o sistema, os usuários devem se cadastrar no site do TJDFT no link "Sistema Push", e toda vez que houver um novo andamento no processo cadastrado, irão receber e-mail's informativos.

O sistema desenvolvido pela Secretaria de Tecnologia da Informação do TJDFT visa facilitar ainda mais o acesso as informações processuais. Entre as novidades do novo sistema estão: um cadastro único por CPF ou CNPJ, registro de senha para acesso, maior segurança, e a possibilidade de reenvio dos e-mails enviados, para o caso de não recebimento.

Foram implantados vários recursos para permitir uma alta disponibilidade, rapidez e confiabilidade nos dados fornecidos pelo sistema. As alterações visaram também reduzir a manutenção, a ocorrência de eventuais falhas, e o prazo de atendimento para correção destas.

Confira abaixo as principais mudanças:

1. O novo sistema permite ao usuário visualizar as mensagens recebidas nos últimos 10 dias e avisa se as mensagens foram entregues ou não. Em caso negativo, o sistema informa os possíveis motivos de não ter sido capaz de entregar a mensagem: caixa cheia, endereço desabilitado, etc.

2. Após visualizar as últimas mensagens enviadas, cada usuário poderá solicitar o reenvio das mensagens que ele não recebeu por algum motivo.

3. Através de um ponto único os usuários serão capazes de se cadastrar para receber mensagens de primeira e segunda instância e, quando for o caso de funcionário do TJDFT, receber movimentações de Processos Administrativos - PA’s.

4. Com a nova forma de cadastramento dos usuários, não serão mais enviados e-mails para endereços inexistentes ou inválidos, o que trará uma economia de recursos computacionais ao TJDFT.

5. Outra forma de evitar o desperdício de recursos será a verificação de usuários em “quarentena”. Toda vez que um e-mail é enviado para um usuário e retorna por algum motivo, o usuário para o qual foi enviada a mensagem entra em status de “quarentena”. Neste status, não poderá receber nenhuma mensagem por um período de 48 horas. Após este período voltará a receber mensagens normalmente desde que tenha resolvido os problemas com o seu endereço de e-mail. Caso o problema persista, o usuário entrará novamente em status de quarentena. O usuário também poderá remover seu status de quarentena através do próprio sistema.

6. Depois que o usuário sair do status de quarentena, poderá solicitar o reenvio das mensagens sem ter que entrar em contato com atendimento do TJDFT.

http://tjdf11.tjdft.jus.br/novo_site_acs/acs_not_selecionada.jsp?id=10006

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TJDFT suspende expediente na segunda-feira, dia 11(TJDFT – 08.08.2008)

No dia 11 de agosto, segunda-feira, data em que se comemora a instituição dos cursos jurídicos no Brasil, não haverá expediente no TJDFT. A suspensão das atividades forenses, bem como dos prazos processuais, está regulamentada no artigo 60, §§ 2º e 3º, da Lei 11.697/2008, que trata da Organização Judiciária do DF.

Segundo a Portaria Conjunta N. 27/2008, do TJDFT, publicada no Diário da Justiça eletrônico no dia 04/08/08, a medida se estende também aos Ofícios Extrajudiciais do DF.

http://www.tjdft.jus.br/imprensa/acs.htm

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Com o feriado na segunda-feira, julgamentos do TST passam para a terça-feira(TST – 08.08.2008)

Em conseqüência do feriado da segunda-feira (11 de agosto, criação do primeiro curso jurídico do País e feriado, de acordo com o artigo 62, inciso IV, da Lei nº 5.010/1966), os julgamentos da Subseção I Especializada em Dissídios Individuais (SDI-1) do Tribunal Superior do Trabalho serão realizados na terça-feira, dia 12, a partir das 9h.

No TST, haverá a solenidade de entrega das medalhas da Ordem do Mérito Judiciário do Trabalho, que se inicia às 17 horas.

http://ext02.tst.gov.br/pls/no01/no_noticias.Exibe_Noticia?p_cod_noticia=8601&p_cod_area_noticia=ASCS

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Feriado forense suspende expediente na Secretaria do STF na próxima segunda (11)(STF – 08.08.2008)

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Na próxima segunda-feira (11) não haverá expediente na Secretaria do Supremo Tribunal Federal (STF). O feriado está previsto na Lei 5.010/66 (artigo 62, iniciso IV), que trata da organização da Justiça Federal.

Conforme a Portaria 294/STF, de 1º de agosto de 2008, os prazos que se iniciam ou completam na segunda-feira ficam automaticamente prorrogados para o dia seguinte (12).

A data comemora a fundação dos cursos jurídicos no Brasil, à época de Dom Pedro I. Em 1827, o imperador inaugurou, em Olinda e em São Paulo, as duas primeiras escolas de direito brasileiras. Nessa data, se comemora, também, o Dia do Advogado.

http://www.stf.gov.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=94355

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MARÍTIMO

Estaleiro de Pernambuco ganhará novas encomendas(Monitor Mercantil 12.08.2008 p. 3 Conjuntura Econômica)

Aos poucos, a Transpetro começa a resolver o imbróglio em que se involveu. A estatal, mesmo após ter feito um "ranking" de estaleiros, resolveu destinar nove navios ao estaleiro Rio Naval, localizado nas instalações da antiga Ishibrás, no Rio de Janeiro. O contrato, no valor de US$ 866 milhões, foi assinado em abril de 2007, com a presença do presidente Lula. Ocorre que faltavam ao Rio Naval algumas condições. O dique do antigo Ishibrás é o melhor do país - sem qualquer comparação com qualquer outra unidade existente - mas peca pela falta de área, pois, com a crise do setor, terrenos ao redor do superdique foram cedidos a outros projetos.Os maiores navios já construídos no país - Tijuca e Docefjord - lá foram construídos, mas hoje faltam guindastes, área de movimentação de peças e locais para processamento de aço. A Transpetro teve de engolir demora de mais de um ano com essa operação, mas está decidida a recuperar o tempo perdido. Anuncia-se que cinco navios devem ser destinados ao estaleiro Atlântico Sul, em Suape (PE). Quanto aos quatro restantes, seriam feitos no Estado do Rio de Janeiro, possivelmente nos estaleiros Eisa ou Mauá, da Sinergy, de German Eframovich.

Achou-se um meio termo, pois seria grande derrota política para o governador Sérgio Cabral se os nove navios saíssem do Rio. Cabral tentou manter todos os nove navios no Rio, mas sem sucesso. O estaleiro Brasfels, de Angra dos Reis, no sul fluminense, foi convocado às pressas, mas respondeu que, em vez de navios, prefere se concentrar em obras de plataformas. Essas operações têm valor sempre acima de US$ 1 bilhão e são pagas diretamente pela Petrobras. Quanto à idéia do secretário de Desenvolvimento do Rio, Júlio Bueno, de criar um estaleiro próximo ao porto de Itaguaí, especialistas do setor acham o projeto inviável. É muito difícil montar um estaleiro da noite para o dia e o caso do Atlântico Sul é tido como exceção, difícil ou quase impossível de se repetir.

Com capital das gigantes Camargo Corrêa e Queiróz Galvão, além dos sócios privados da PJMR, o Atlântico Sul conta com apoio direto do Governo de Pernambuco e do BNDES. Mesmo com o dique ainda em construção, o estaleiro está lotado para os próximos anos. A unidade deverá processar 160 mil toneladas de aço por ano. A área ocupada é de 180 hectares. Além do contrato com a Transpetro, para construção de dez navios petroleiros do tipo Suezmax no valor de US$ 1,2 bilhão, a empresa construirá dois petroleiros para a Noroil Embarcações, no valor de US$ 424 milhões, e o casco da plataforma P-55,

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para a Petrobras, no valor de US$ 392,6 milhões. E seu dique ainda está em construção. Imagine-se quando ficar pronto.

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Minuta de decreto que cria portos privados está pronta(DCI 12.08.2008 p. A4 Política Econômica)

Guarujá - O ministro da Secretaria Especial de Portos (SEP), Pedro Brito, disse ontem no Guarujá, na Baixada Santista, que a minuta do decreto que trata de portos privativos está pronta e com a aprovação política do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. "Apesar da grande expectativa, não há nenhuma novidade maravilhosa porque estamos seguindo o que a lei determina e o decreto não pode mudar a lei (8.630/93)." De acordo com o ministro, quem determina a localização dos novos portos é o governo federal, considerando logística, infra-estrutura e demanda. Brito afirmou que o decreto possibilitará a apresentação de projetos de portos por qualquer empresário, desde que se faça licitação pública.

"Não haverá possibilidade de se ter essa estrutura sem licitação. Nessa nova sistemática, estamos querendo viabilizar empreendimentos que antes se discutia se era para carga própria ou se era para carga de terceiros", afirmou. "O que faz sentido é discutir onde o Brasil precisa de portos". Segundo o ministro, o decreto fixará um prazo de 180 dias para que a Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antac) defina um plano estratégico de novos portos privativos no País.

Brito participou ontem do Santos Export - Fórum Nacional para a Expansão do Porto de Santos. Na sua apresentação, ele avaliou o trabalho da secretaria desde sua criação e apresentou uma dezena de metas para o setor portuário nos próximos anos. Entre os desafios, estão a licitação e a implantação do projeto que pretende dobrar a movimentação de cargas em Santos.

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Portos - Brito indica secretário para dirigir CAP (Valor Econômico 12.08.2008 p. B10 Empresas)

José Rodrigues, para o Valor, de Santos

A presidência do Conselho de Autoridade Portuária (CAP) do porto de Santos será ocupada por um representante da prefeitura local, o atual secretário de assuntos portuários e marítimos, Sérgio Paulo Perrucci de Aquino. A nomeação de Aquino, pelo ministro de portos, Pedro Brito, marca uma histórica mudança na liderança do colegiado que coordena e homologa as principais diretrizes do porto, entre elas a aprovação de seu plano de desenvolvimento e zoneamento e a tarifa portuária. Cabe ao presidente do CAP o voto de desempate nas votações, além de um voto no bloco do poder público, no caso federal. Esse bloco tem, ainda, representantes do Estado de São Paulo e dos municípios de Santos, Guarujá e Cubatão, os três com direito a um voto. O novo presidente, que tomará posse no dia 19, representava as cidades no colegiado.

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Com a ascensão de Aquino, a prefeitura de Santos passará a contar com dois representantes no CAP, fato também inédito. Em sua vaga, no âmbito dos municípios no CAP, entrará o arquiteto Bechara Abdalla Pestana Neves, secretário de planejamento de Santos.

O novo formato para a direção do conselho atende, em parte, antigas aspirações da comunidade regional de participar mais diretamente da política portuária, historicamente centralizada em Brasília. Desde que foi formado, em 1993, o CAP teve seus presidentes nomeados pelo Ministério dos Transportes, entre os quais capitães-de-portos da Marinha. O atual presidente, Celso Damião Quintanilha, no cargo há cinco anos, é superintendente de portos da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq).

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MINERAÇÃO

Pólo siderúrgico injetará US$ 7,5 bi no Pará: Só a Vale, segundo fontes, investirá cerca de US$5 bilhões em vários projetos na região

(O Globo 12.08.2008 p. 19 Economia)

Henrique Gomes Batista

Tradicional produtor de minérios, o Pará vai se tornar, em poucos anos, um importante pólo siderúrgico, com investimentos que podem chegar a US$7,5 bilhões. O primeiro passo nessa direção será dado na quinta-feira, quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva visita a região de Barcarena e participa do anúncio de um bilionário pacote da Vale para o Pará, incluindo uma siderúrgica em Marabá, no Sul do estado. A empresa não adianta os detalhes, mas fontes dizem que os investimentos serão de US$5 bilhões.

A Vale não estará sozinha. A americana Nucor Steel deve anunciar em breve investimentos de US$2 bilhões em outra siderúrgica, também em Marabá. A empreitada seria em parceria com a brasileira Cosipar, que não confirma o negócio oficialmente, apesar de admitir que está planejando investimentos fortes na região, em parceria com grupos estrangeiros.

Além disso, começou a funcionar em maio a Sinobrás, siderúrgica que o Grupo Aço Cearense está construindo no local, a um custo de aproximadamente US$500 milhões. O grupo espera produzir 300 mil toneladas de aço por ano, a partir de 2009.

Para muitos, a siderurgia é a panacéia de Marabá, hoje com cerca de 200 mil habitantes. A região sempre foi extrativista ou ligada à produção primária de bens. Desde que o município foi criado, há 95 anos, viveu as fases da borracha, da castanha, do diamante, do ouro - Serra Pelada fica em suas cercanias - e da extração de ferro. Atualmente, o gado domina a economia local, porém sem dinamismo.

- Essa é a única chance de crescimento sustentável de Marabá - disse Gilberto Leite, presidente da Associação Comercial e Industrial de Marabá, referindo-se aos projetos metalúrgicos.

Moradores apostam na redução da violência

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Embora toda a confiança esteja depositada na siderúrgica da Vale - que, segundo fontes, se chamará Aços Laminados do Pará e será construída com financiamento do BNDES -, a realidade da cidade também será fortemente alterada pela conclusão da eclusa de Tucuruí, no Rio Tocantins, segundo Leite.

Acredita-se que a prosperidade diminuirá a violência local, ainda alta e forjada nos períodos de luta pelo ouro e pela terra. Na região de Marabá foi registrado o maior conflito da história fundiária recente do país, o Massacre de Eldorado dos Carajás, onde 19 trabalhadores sem terra foram mortos em 1996.

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O que uma universidade tem a ganhar com a mineração ecologicamente correta(Newsletter Amanhã – 12.08.2008)

A indústria do carvão, quem diria, está se mexendo para sair da lista negra das grandes poluidoras. Fernando Zancan, presidente da Associação Brasileira de Carvão Mineral (ABCM) diz que é forte o movimento pró-sustentabilidade na cadeia carbonífera. “As tecnologias já existem e estão sendo aplicadas”, garante ele. Ao mesmo tempo, algumas empresas começam a vislumbrar oportunidades na onda da mineração ecologicamente correta. Uma dela é o Centro Universitário Unilasalle, de Canoas (RS), que acaba de lançar um programa de pós-graduação voltado às questões ambientais do setor. A partir de março de 2009, a instituição ministrará um curso de mestrado cujo título é “Avaliação de Impactos Ambientais em Mineração”.

O professor Sydney Sabedot, coordenador de pós-graduação stricto sensu e pesquisa da Unilasalle, alega que um dos diferenciais do curso é o fato de dar ênfase à questão dos impactos ambientais da mineração. “Os outros cursos relacionados ao setor não têm esse enfoque”, garante. A idéia da Unilasalle surgiu a partir de duas demandas. A primeira, baseada na ausência de cursos com esta temática específica. A segunda, pela força do setor na Região Sul, especialmente no Rio Grande do Sul, que detém as maiores reservas de carvão do Brasil, com 28 bilhões de toneladas. Santa Catarina e Paraná respondem por outras 3,4 bilhões de toneladas.

Zancan, da ABCM, conta que a indústria está investindo constantemente para reduzir os impactos ambientais. Prova disso, segundo ele, é o fato de que a grande maioria das empresas já está certificada conforme as normas internacionais de produção limpa – tais como a ISO 14001. “À medida que as organizações e as pessoas conhecem mais o assunto, o diálogo se torna mais fácil”, explica o presidente da ABCM. Para ele, a qualificação profissional é fundamental para que se discutam novas técnicas e ações no setor. (Grasiela Duarte)

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PENAL

Justiça - TJ adota audiência única e reduz processo de 3 meses para 30 minutos: Juiz tem apoio de defesa e promotoria para simplificar julgamento de homicídio, mesmo com falta de

testemunhas(Estado de São Paulo - 12.08.2008 p.. C-1 Cidades)

Laura Diniz

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O juiz Thiago Elias Massad, do 1º Tribunal do Júri de São Paulo, saiu do Fórum Criminal da Barra Funda, ontem, com a sensação de dever cumprido - pouco comum a quem está acostumado à lentidão

da Justiça. Com a entrada em vigor da Lei 11.689, que reformulou o funcionamento do Tribunal do Júri, Massad ouviu os argumentos da acusação e da defesa de um réu acusado de homicídio, decidiu mandá-lo a júri popular, ditou a sentença à escrevente e deixou tudo pronto para marcar o plenário. Em pouco mais de meia hora, ele deu ao processo um andamento que, até a semana passada, demoraria cerca de três meses. Depois, fez exatamente a mesma coisa com

outro caso.

“A lei é boa com quem tem bom senso”, avaliou Massad. Segundo ele, o novo esquema de audiência unificada - em que o juiz ouve, no mesmo dia, o réu e as testemunhas e depois decide se o acusado deve ou não ser levado a júri - funcionou porque ele contou com a colaboração do promotor Roberto Tardelli, do defensor público Adenor Ferreira da Silva e da advogada Renata Flório.

Na primeira audiência do dia, as testemunhas faltaram, mas Tardelli e Silva concordaram em dispensá-las, para ouvi-las em plenário, uma vez que essa fase processual anterior ao julgamento, chamada de instrução, serve apenas para o magistrado decidir se há indícios de que o réu tenha cometido o crime. Como já havia os indícios, eles concordaram que as testemunhas poderiam ser ouvidas só diante dos jurados.

Em seguida, fizeram oralmente, em cerca de 20 minutos, as alegações finais do caso. Antes da lei, as alegações eram feitas em papel e demoravam cerca de dois meses para ficarem prontas e à disposição do juiz, tamanha é a demora do trânsito dos papéis de um cartório a outro. Após os debates, Massad ditou a sentença de pronúncia (que mandou o réu a júri) à escrevente e o réu saiu da sala já avisado da decisão. Esse procedimento, antes, poderia levar quase um mês.

Como o réu havia confessado o homicídio, Silva conversou com o cliente na hora e já abriu mão do direito de recorrer da sentença de pronúncia, deixando o caso pronto para julgamento. Além dos dois casos de Massad, uma juíza conseguiu pronunciar um réu e outro juiz só não pôde fazê-lo porque espera um laudo pericial.

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“Tô besta, foi tudo no gogó”, disse, satisfeito, o promotor. “Se a lei vingar, os casos podem demorar uns quatro meses para serem julgados no caso de réus presos e uns seis para os soltos”, comemorou. “É bom ser prático. A lei vai fazer deslanchar os casos tecnicamente menos complexos”, avaliou o defensor.

Renata, que participou da segunda audiência do dia de Massad, com Tardelli, considerou o procedimento cansativo, mas válido por acelerar o andamento do processo. “É interessante concentrar tudo num ato. Só é preciso ter claro que a celeridade não atropele o direito de defesa”, ponderou a advogada.

O juiz destacou que, no novo formato, todos terão de chegar mais preparados à audiência porque a decisão sobre a pronúncia será tomada no mesmo momento. Ou seja, os promotores e os advogados não terão mais vários dias para ler o processo e escrever seus argumentos. “A nova regra só não será benéfica para quem tiver interesse em protelar o andamento do processo, como em muitos casos de réus soltos”, afirmou o promotor.

OPINIÕESOs especialistas ouvidos pelo Estado concordaram que a lei fará a diferença em relação aos crimes de menor complexidade técnica, mas tem de ser vista com cautela nos casos mais complicados. “Em processos mais simples, que são cerca de 60% do total, haverá mais agilidade. Mas será complicado fazer uma audiência única, por exemplo, num caso com vários réus e, conseqüentemente, muitas testemunhas”, disse o juiz Camilo Almeida, do 4º Tribunal do Júri.

Por lei, é preciso ouvir os envolvidos sempre numa mesma ordem: réu, acusação e defesa. Se uma testemunha de acusação faltar, não poderá ser ouvida nenhuma de defesa, mesmo que esteja no Fórum. Caso isso aconteça, a pessoa que faltou e todas aquelas chamadas em favor do réu terão de ser intimadas novamente, o que costuma demorar. “A questão é que, com a audiência única, não haverá mais possibilidade de ‘encaixar’ o que faltou na pauta. Terá de ir para o fim da fila”, o que poderá causar uma demora ainda maior que nos dias de hoje, explicou Massad.

O juiz, que costumava marcar seis ou sete audiências por dia, terá de marcar uma ou duas, dependendo do número de pessoas a serem ouvidas - ou seja, o caso tem grandes chances de sair resolvido, mas, caso não saia, poderá levar ainda mais tempo para chegar ao fim, na etapa anterior ao julgamento.

“Em processos muito longos, será difícil para advogados e promotores fazerem as alegações orais logo após ouvir as testemunhas , assim como não será fácil para o juiz ditar a sentença de pronúncia na hora, porque há muita informação envolvida”, disse Silva. Segundo o defensor, com o tempo, se deve criar a cultura de usar documentos por escrito, como era antes, nos casos mais complicados, para não prejudicar a qualidade dos trabalhos.

A legislação, no entanto, ainda não está sendo aplicada integralmente porque as pautas cumpridas atualmente pelos magistrados foram marcadas há cerca de três meses. Ou seja, as audiências estão picadas. “Daqui para a frente, todas as audiências que estão sendo marcadas já serão únicas. Nos meus ofícios, eu já aviso a todos, incluindo advogados, para virem preparados para os novos procedimentos”, contou a juíza Juliana Guelfi, do 1º Tribunal do Júri. Mudança também facilitou votação de jurados Laura Diniz

As mudanças no Tribunal do Júri chegaram ontem também às salas secretas, onde os jurados votam o destino dos réus. A nova lei simplificou perguntas tão técnicas e tão complicadas que, habitualmente, confundiam os jurados e os induzia a erro, dando margem a uma infinidade de anulações de julgamento. “Facilitou a compreensão dos jurados”, avaliou o juiz Luiz Toloza Neto, do 3.º Tribunal do Júri da capital, que presidiu um júri ontem. Segundo ele, a mudança não foi tão sensível ontem porque o caso era simples, mas, num processo em que se alegue legítima defesa, o juiz poderá perguntar apenas se os

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jurados absolvem o réu, em vez de fazer sete perguntas técnicas. “Já cheguei a fazer 20 quesitos para um crime de um só réu. Hoje, não passariam de dez.” Nova lei limita prazos para decisão do caso Isabella

As mudanças no Tribunal do Júri também vão afetar o julgamento da morte da menina Isabella Nardoni, de 5 anos. Ela foi jogada do 6º andar do Edifício London, na Vila Isolina Mazzei, no dia 29 de março, e os principais suspeitos são o pai, Alexandre Nardoni, e a madrasta, Anna Carolina Jatobá. Isso ocorre porque a sanção presidencial ocorreu antes da fase de pronúncia - quando o juiz Maurício Fossen decide se os réus vão ou não a júri. Uma equipe de peritos do Instituto de Criminalística (IC) retornou, ontem à tarde, ao Residencial London para tirar novas fotos do local e rebater o parecer elaborado a pedido da defesa.

Faltam ainda audiências com duas testemunhas de defesa, os peritos contratados pela família Nardoni - George Sanguinetti e Delma Gama -, que estão sendo ouvidos, por meio de cartas precatórias enviadas para Alagoas e Bahia. Em Maceió, a coleta de informações foi parada por um tremor que obrigou a saída de todos que estavam no Fórum local.

Depois disso, estará encerrada a fase de instrução do processo e caberá à Promotoria e à defesa fazerem as considerações finais ao magistrado. Nesse momento é que ocorrerá a inovação: o limite para o casal ir a júri popular passa a ser de seis meses (antes era ilimitado), segundo a lei sancionada em junho.

LIMITESOs julgamentos terão prazo reduzido porque o texto aprovado permite a transferência da cidade que será sede do júri, no caso de a demora ultrapassar seis meses por excesso de trabalho. Se o prazo não for respeitado por outro motivo que não o excesso de trabalho, o réu ainda tem o direito de solicitar a realização imediata de seu julgamento.

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PROCESSUAL

Processo Civil: Cabe ação rescisória no âmbito dos Juizados Especiais Federais?(Carta Forense – Ago./2008 p.08)

Tendo recentemente participado de ciclo de palestras promovido pelo Egrégio Tribunal Regional Federal da Terceira (3ª) Região, dedicado ao exame e debate acerca de diferentes questões relacionadas à ação rescisória, fui ali indagado acerca do cabimento da ação rescisória contra decisões proferidas no âmbito dos Juizados Especiais Federais. Desde então, sem embargo do arremedo de resposta positiva dado na oportunidade à assistência e, em particular, à ilustre e culta Magistrada que me dirigiu a indagação, tenho refletido sobre o tema e tomo a liberdade de compartilhar essas reflexões com os leitores deste conceituado periódico.

É sabido que, no sistema da Lei 9099/95, há expressa vedação constante do art. 59, taxativo ao estatuir que "Não se admitirá ação rescisória nas causas sujeitas ao procedimento instituído por esta lei". As disposições do citado Diploma, como igualmente sabido, aplicam-se aos Juizados Especiais Federais, no que não conflitarem com as disposições da Lei 10259/01. Essa última, em relação àquela outra, guarda

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relação de especialidade. Daí porque, não havendo previsão expressa dessa segunda que contrarie a regra geral, a resposta que se poderia dar à indagação que intitula este trabalho deveria ser negativa.

Contudo, como acima mencionado, já na ocasião em que, tomado de surpresa, fui indagado, propendia à resposta positiva. Agora, essa solução ainda mais se afigura correta para mim.

Primeiro, convém reafirmar posição que precedentemente sustentei inclusive em âmbito doutrinário: se lei ordinária exclui o cabimento da ação rescisória em determinada situação, disposição legal dessa ordem não se afigura, só por isso, inconstitucional. Não obstante a ação rescisória certamente tenha respaldo na garantia da ação (CF, art. 5º, inciso XXXV), e embora reconhecendo que a Constituição preveja a ação rescisória dentre as causas de competência originária dos tribunais, isso não parece suficiente para impedir que o Legislador ordinário considere as hipóteses nas quais é conveniente sobrepor à garantia da ação os valores da estabilidade e da segurança, que estão à base da coisa julgada material. Ademais, não há que se cogitar de inconstitucionalidade uma vez que a lei não obsta o julgamento do mérito, mas impede um novo julgamento do mérito, que teria lugar se cabível e se procedente a ação rescisória.

Por isso, sustentamos que, vedada a ação rescisória, nenhuma outra via processual - com nome ou rótulo diverso, mas com idênticos fundamentos e pedido - pode lhe fazer as vezes. Nem mesmo é de se admitir o mandado de segurança que, nesse particular, não escapa ao contexto da garantia da ação que, reitere-se, cede diante do trânsito em julgado e da legítima opção legislativa. A solução é, sem dúvida dura, mas é aquela que sempre nos pareceu a mais adequada, diante do eterno dilema que se põe ao Legislador processual, que busca a edição de soluções justas, de um lado, e de soluções estáveis, de outro.

Não será demasiado lembrar que restrições ao cabimento da ação rescisória não são exclusividade do sistema dos Juizados Especiais. No âmbito do controle abstrato e concentrado de constitucionalidade há vedação expressa e na seara do processo eleitoral o instituto é consideravelmente limitado.

Em contrapartida, também dissemos no passado, e agora reafirmamos, que a edição de sentença eivada de algum dos vícios do art. 485 do CPC, quando não autorizada a ação rescisória (e então pensávamos especificamente na restrição da Lei 9099/95), há que abrir as portas para a eventual responsabilização civil do Estado (ou de outrem), a depender das circunstâncias do caso, da natureza do vício e de suas repercussões, patrimoniais ou morais. Além disso, mesmo quando a ação rescisória seja expressamente excluída pelo ordenamento, não se pode descartar o eventual cabimento de ação declaratória de inexistência, se a sentença padecer de vício dessa natureza que, como cediço, dispensa a propositura de ação rescisória, na medida em que o que é juridicamente inexistente não comporta desconstituição. A inexistência - em suas relativamente escassas hipóteses - é objeto de mera declaração (que, por seu turno, não se confunde com a chamada ação anulatória prevista pelo art. 486 do CPC).

Mas, a razão fundamental que leva à crença de que a ação rescisória não deve ser excluída do sistema dos Juizados Especiais Federais reside na constatação de que a vedação ao cabimento daquele remédio é disposição que, se não diverge de regra explícita da citada Lei 10259/01, conflita com sua essência e razão de ser. Com efeito, ao ser editada, a Lei 9099/95, dentre outras, assentava-se na idéia de que ficavam excluídas da competência dos Juizados Civis as causas de natureza fiscal e "de interesse da Fazenda Pública" (art. 3º, parágrafo 2º). Naquele contexto, fazia sentido que, suposto ser inevitável o conflito, a opção por decisões céleres prevalecesse, em última análise, sobre a opção por decisões justas.

Contudo, aos Juizados Federais compete precisamente processar, conciliar e julgar causas de competência da Justiça Federal até o valor de sessenta salários mínimos, bem como executar as suas sentenças; competência que, substancialmente, é ditada pela presença dos interesses - diretos ou indiretos - da União em juízo. Assim, ainda que o rol das exclusões constantes do parágrafo 1º do art. 3º da Lei 10259/01 sejam consideravelmente amplas, os Juizados Federais foram criados para exercer uma competência que, em substância, abarca à Fazenda Pública. As decisões ali proferidas destinam-se a

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produzir efeitos na órbita de pessoas jurídicas de direito público ou, quando menos, que envolvem interesse público.

Sendo assim, não faz sentido e não pode prevalecer a exclusão da ação rescisória porque, constatados vícios da gravidade daqueles arrolados pelo art. 485 do CPC, vícios esses que comprometam ou que possam comprometer o interesse público (não apenas o dito secundário, mas também, ainda que indiretamente, o interesse público primário), a opção pela celeridade há que ceder espaço à busca, certo que limitada, por decisões justas. Essa solução nos parece mais adequada e preferível àquela consistente em, não havendo possibilidade de se propor ação rescisória, admitir-se, a pretexto da defesa do interesse público, eventual desconsideração da coisa julgada fora dos domínios da ação rescisória - que, não custa lembrar, tem hipóteses definidas, está sujeita a prazo decadencial determinado e se concretiza mediante o emprego de regras processuais bem claras e definidas, que limitam o exercício do poder estatal.

Naturalmente, cabível que seja a ação rescisória nos âmbitos dos Juizados, ela continua a se caracterizar por ser excepcional. E, naturalmente, não é porque o interesse público é sua justificativa que, eventualmente, ela não possa caber também em favor do adversário da Fazenda Pública.

http://www.cartaforense.com.br/Materia.aspx?id=2139

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PROPRIEDADE INTELECTUAL

Artigos com personagens da Disney dão salto(DCI 12.08.2008 p. B12 Comércio)

As marcas licenciadas no Brasil contam atualmente com cerca de 900 empresas e 550 licenças disponíveis distribuídas entre 80 agências especializadas, das quais 40 fazem parte da Associação Brasileira de Licenciamento (Abral).

Segundo a entidade, artigos com marcas licenciadas costumam vender até 20% a mais que itens sem vínculo com personagens de renome, também na área de papelaria e bazar.

Para a Abral, em 2007 a previsão de faturamento do segmento era R$ 3 bilhões, ou seja, 11% de crescimento sobre 2006. Para 2008, a entidade prevê faturamento de R$ 3,2 bilhões, com royalties variando de 6 a 14%.

Disney

Semana passada, para impulsionar as vendas de itens e licenças com personagens da Disney, aconteceu a ExpoDisney 2008, no ITM Expo Centro de Convenções, em São Paulo. Lá se reuniram empresas licenciadas dos produtos da The Walt Disney Company (Brasil) e os compradores, entre eles a Cromus Soluções para Embalagens, que disponibiliza caixas display com folhas/rolinhos de papel com estampas sortidas da linha Disney. A empresa exporta para Argentina, Paraguai, Uruguai, México, Peru.

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Trade Dress: identidade visual sob proteção da propriedade intelectual(Última Instância – 12.08.2008)

Deborah Portilho

O que uma Ferrari, a embalagem do fermento Royal e o telhado do restaurante Pizza Hut têm em comum – além da cor vermelha? Os três têm um trade dress distintivo.

No Brasil não existe uma definição legal para trade dress, mas os doutrinadores e o Judiciário costumam traduzi-lo como “conjunto-imagem” ou “vestimenta do produto”.

Entretanto, existe outra expressão, que pertence à área do design e da comunicação, a qual, no nosso entender, não é tão restritiva, é mais facilmente compreendida e define perfeitamente o conceito em questão. Trata-se da “identidade visual”.

De acordo com Gilberto Strunk, mestre em design pela Escola de Comunicação da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) e autor do livro “Como criar identidades visuais para marcas de sucesso”, “a identidade visual é o conjunto de elementos gráficos que irão formalizar a personalidade visual de um nome, idéia, produto ou serviço. Esses elementos agem mais ou menos como as roupas e as formas de as pessoas se comportarem.”

Como esta definição serve “como uma luva”, nada impede que a expressão identidade visual seja adotada pela área do direito como a tradução de trade dress.

Mas o que tem a ver o direito com a identidade visual dos produtos e serviços? Bem, se essa identidade visual for distintiva, ela pode contar com a proteção do Instituto da Repressão à Concorrência Desleal e/ou do direito marcário, de modo a impedir que terceiros não autorizados adotem identidades visuais iguais ou semelhantes para seus produtos ou serviços.

E o que seria um trade dress ou uma identidade visual distintiva? A distintividade determina a individualidade de um produto ou serviço, permite sua imediata identificação pelo consumidor e distingui-o dos de seus concorrentes. Para saber se um trade dress é de fato distintivo, verifique se o consumidor consegue identificá-lo, mesmo sem a presença da marca (nome ou logo).

Como exemplo de características e de identidades visuais distintivas, podemos citar: as formas da garrafa da Coca-Cola, da embalagem do Toblerone e do blister da Neosaldina; a forma do sabonete Dove; o detalhe no topo das canetas Mont Blanc; as cores do frasco do Leite de Rosas e do comprimido do Viagra; os grafismos das marcas Coca-Cola e Disney; o conjunto formado pela cor e grafismos das embalagens da Maisena e do sabonete Phebo, dentre muitos outros. Enfim, qualquer característica, seja ela uma cor ou esquema de cores, design, forma, textura, grafismos, ou ainda um conjunto formado por essas ou outras características que individualizem a aparência física de um produto ou serviço pode ser protegida. Entretanto, uma característica funcional, i.e., aquela que não é puramente ornamental e que, caso seja modificada, deixa de exercer a função para a qual foi criada, não pode ser considerada trade dress para fins de proteção.

Também não pode reivindicar proteção contra imitações ou cópias de concorrentes aquele produto ou serviço, geralmente líder de mercado, que originalmente possuía um trade dress distintivo, mas que, por

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descuido ou desinformação do titular, deixou de ser exclusivo e passou a ser a identidade visual da categoria.

Para que isso não ocorra, é preciso que as empresas tomem medidas efetivas contra todo e qualquer uso indevido ou imitação do trade dress de seus produtos ou serviços. Dependendo do caso, a medida pode ser o envio de uma notificação extrajudicial ou a propositura de uma ação judicial.

Como a nossa legislação não contempla proteção para a figura do trade dress, ela se dá no âmbito da concorrência desleal, cuja repressão está prevista no artigo 2º, V, da Lei da Propriedade Industrial (Lei 9.279/96). O interessante é que não é necessário que efetivamente ocorra confusão entre os produtos, ou com relação à sua origem; basta apenas que haja risco de confusão para que a concorrência desleal fique caracterizada.

Também não é necessário que o trade dress esteja registrado como marca para demandar proteção. Entretanto, a proteção será certamente maior e efetiva se existir um registro marcário.

Portanto, proteja o trade dress de seus produtos e serviços, se possível, registrando-o como marca e com reivindicação de cores; mantenha uma unidade na forma, cor ou cores, de modo que a identificação possa ser imediata e não gere dúvidas na mente do consumidor; e, principalmente, combata todo e qualquer uso indevido do seu trade dress. Desta forma você não só estará impedindo a diluição de seu trade dress, como estará prevenindo que os consumidores levem gatos “vestidos” de lebre.

http://ultimainstancia.uol.com.br/artigos/ler_noticia.php?idNoticia=54625

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SEGURO

Seguro-saúde também deve ser saudável: A ANS limita os reajustes a índices abaixo dos custos médicos

(Gazeta Mercantil 12.08.2008 p. A3 Opinião)

- Um dos princípios fundamentais em qualquer contrato de longo prazo é o equilíbrio na relação jurídica e econômica que se estabelece entre as partes. No caso de apólices de seguro-saúde individual, tal princípio ganha especial importância, na medida em que, de acordo com a atual regulamentação, é vedado o seu cancelamento pela companhia seguradora, salvo nos casos de inadimplência ou fraude comprovada. Tecnicamente falando, o que determina a necessidade de reajustes das apólices individuais de seguro-saúde é a Variação dos Custos Médico-Hospitalares (VCMH), um índice apresentado anualmente à Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) pelas principais operadoras do setor com base na variação dos custos médios anuais per capita de seis itens de despesas: (a) consultas; (b) exames; (c) terapias; (d) internações; (e) atendimentos ambulatoriais; e (f) outras despesas assistenciais. Além dos aumentos de custos dos materiais e dos serviços prestados, o índice também considera o aumento das freqüências de utilização dos itens de despesas, ou seja, o aumento per capita da quantidade de exames, consultas, sessões de fisioterapia, visitas a ambulatórios, procedimentos cirúrgicos, etc.

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O equilíbrio da relação contratual seria restabelecido caso a tais custos correspondesse um reajuste de igual magnitude. No entanto, uma queixa que se ouve com freqüência, todas as vezes que o reajuste anual dos planos individuais é anunciado pelas companhias seguradoras, é a de que "o aumento dos planos de saúde é superior à inflação geral". Isto é fato no Brasil e no mundo, independentemente de se tratar de sistemas de saúde público, privado ou misto. É fato também que, mesmo superiores à inflação geral, os índices de reajuste autorizados pelo órgão regulador (ANS) têm sido inferiores à evolução dos custos médico-hospitalares registrados pelas operadoras. Nos últimos anos, em que pese os esforços de gestão de custos das operadoras, tal alta tem sido motivada pelos aumentos de custos verificados nos materiais médicos e medicamentos, que chegam a representar 35% das contas hospitalares das operadoras de saúde. Além disto, tem-se que levar em conta o aumento de diárias e taxas hospitalares, honorários médicos e introdução de novas tecnologias de tratamentos. Para se ter uma idéia, enquanto a inflação, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), calculado pela Fundação IBGE, foi de 6,06% nos últimos 12 meses terminados em junho, neste mesmo período, a menor Variação dos Custos Médicos-Hospitalares entre as seguradoras foi de 9,9%. No entanto, o percentual máximo de reajuste permitido pela ANS para o ciclo de reajustes que se inicia em julho de 2008 foi de 5,48% para os seguros novos (pós-1999) e 7,12% para os anteriores àquele ano. Em outras palavras, a ANS, assim como tem feito anualmente desde 2002, limitou os reajustes dos seguros individuais a índices bem inferiores ao necessário para restabelecimento do equilíbrio contratual. O fortalecimento da indústria brasileira de operadores de planos privados de assistência à saúde pressupõe o amadurecimento do ambiente regulatório e do respeito às premissas técnicas inerentes à relação jurídica estabelecida entre operadoras do ramo e seus beneficiários em todas as regiões do País. Apesar de tais reajustes terem "gosto amargo", é imprescindível que se trate o problema de forma pragmática e consciente, sob pena de deixar para governos e gerações futuras a difícil tarefa de recuperar o equilíbrio atuarial calculado pelos especialistas e desenvolver o mercado de seguros e planos de saúde. A solução do problema deve necessariamente incluir a racionalização da utilização, redução dos desperdícios, critérios rigorosos na incorporação de novas tecnologias, co-participação dos consumidores nos custos, revisão dos sistemas de remuneração dos prestadores, prestigiando aqueles que agregam valor para o paciente, incentivo à prevenção, de modo a poder oferecer melhor qualidade de vida, entre outros. Não faz parte da solução do problema, a limitação dos reajustes em níveis inferiores aos dos índices adequados para essa atividade.

João Alceu Amoroso Lima é vice-presidente da Federação Nacional de Saúde Suplementar.

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Seguros - Mudança climática traz negócios ao setor: Apólice para garantir que a meta de emissão de CO2 será cumprida é um novo nicho

(Gazeta Mercantil 12.08.2008 p. B2 Finanças)

Denise Bueno

Todo risco tem um preço. Quando o preço não justifica a compra, se busca investidores dispostos a apostar na desgraça. Sinteticamente, é assim que a indústria de seguros tem desenvolvido produtos para atender à demanda criada com as incertezas trazidas pelo mundo moderno, como as mudanças climáticas. Este é o pano de fundo que será apresentado no seminário "Mudanças Climáticas e Seguro", promovido pela Escola Nacional de Seguros (Funenseg), nesta terça-feira, no Rio de Janeiro.

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Os danos causados por eventos da natureza têm aumentado em grande proporção, potencializando a insegurança de segurados e seguradores. "Há investidor para tudo. O que as seguradoras não suportam, passam para investidores com apetite por riscos. Se o pior acontecer, perdem. Se não acontecer, ganham", diz Gustavo Cunha Mello, professor da Funenseg e sócio Correcta Seguros, palestrante do evento. Segundo ele, a indústria de seguros conta hoje basicamente três efeitos. Primeiro, diz o executivo, é a evolução das despesas com catástrofes naturais. Apesar das discussões sobre a causa do aumento de eventos como terremotos, tufões, inundações serem causados pelo aquecimento global ou não, o fato é que a incidência dessas catástrofes aumentou muito. De 1970 a 2007, o volume de indenização cresceu a uma taxa de 12% ao ano em termos nominais e 7% em real, diz Mello, citando um estudo da Swiss Re. 2005 trouxe perdas recordes, com cinco furacões nos Estados Unidos. Eles causaram US$ 230 bilhões em perdas para a economia, sendo que US$ 83 bilhões foram indenizados pelas seguradoras em danos materiais, pessoais e paralisação das empresas. "Mas em 2007, boa parte dos custos é com alagamento, furacão, tempestades tropicais e o incêndio na Califórnia, eventos onde se torna clara as conseqüências da mudança no clima", diz. Segundo Mello, o segundo impacto das mudanças climáticas ao setor vem da regulamentação ambiental mais rígida na Europa para tentar minimizar os danos causados ao ambiente. Primeiro foi o Protocolo de Kyoto, ratificado há 11 anos. Ele determina que os países que o assinaram têm de minimizar suas emissões em 5,2% entre 2008 e 2012. A nova legislação européia, em vigor desde abril de 2007, determina em 8%. O protocolo de Kyoto criou o certificado de crédito de carbono - um título emitido por um órgão da Organização das Nações Unidas (ONU) por uma empresa que evita lançar gases no ar e que pode ser vendido para uma que polui muito e não atingiu a meta estabelecida pelo acordo. Só em 2007 o crédito de carbono movimentou US$ 67 bilhões, segundo dados do Banco Mundial. Já a lei européia criou títulos de permissão de poluir, ao contrário do crédito de carbono, conhecidos como "allowance", que devem movimentar neste ano € 45 bilhões. Assim, as empresas tem três alternativas: reduzir a emissão, comprar crédito de carbono ou "allowance". "Se a empresa estourar o limite e o governo não der novos limites, a fábrica pode ser fechada. E isso impacta a indústria de seguro, pois ela terá de indenizar o prejuízo causado pela paralisação", explica Mello. Um mercado novo para as seguradoras é na área de seguro garantia, uma vez que a empresa terá de cumprir o acordo para reduzir a emissão, seja comprando um crédito de carbono, seja protegendo uma área. "Aqui temos outro seguro: o de proteger essa área de plantio", diz. Caso a aconteça uma queimada ou a empresa não cumpra o contrato, em vez de ser punido com a paralisação, ter de comprar mais crédito de carbono ou mais títulos de permissão de poluir, pode comprar um seguro de garantia. "É um mercado que pode vir a ser atuante aqui também", diz. O terceiro aspecto abordado por Mello é a responsabilidade civil. O seguro ambiental, explica, deverá crescer no Brasil com a abertura do resseguro. Este seguro não cobre multas, cujos valores determinados pela justiça têm sido cada dia mais elevados. Cobre despesas com a limpeza e reparação do dano causado, além de proteger o patrimônio de diretores processados por poluir o ambiente. Hoje praticamente a Unibanco AIG é quem opera com este produto. "Mas empresas como Zurich e XL operam mundialmente e com a abertura do resseguro é possível comprar no exterior uma cobertura que não se encontra no País pelo preço e condições competitivas", diz Mello. O mercado internacional está num bom momento. "Antes só quem era poluidor queria fazer o seguro. Agora, com o avanço da legislação ambiental, principalmente na Europa, todas as empresas buscam proteção para minimizar perdas que possam vir a ter diante de uma lei com penalidades mais rigorosa", acrescenta o professor. Com o aumento da demanda pelo seguro ambiental, novas seguradoras passaram a se interessar por danos ambientais e a concorrência ajuda a reduzir o preço para o consumidor. Arbitragem no seguro A Funenseg promove em parceria com a Susep no dias 13 (no Rio) e 14 (em São Paulo) um encontro sobre arbitragem no seguro e no resseguro. "O uso da arbitragem no seguro e resseguro ainda está muito restrito às empresas do setor, que já vêm utilizando esta ferramenta há bastante tempo", avalia Moacyr Lamha, procurador-geral da autarquia.

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SOCIETÁRIO

O que mudará no exercício da profissão de analista de mercado - Propostas só até o dia 25: CVM deixa da fazer o registro, tarefa que caberá às entidades da categoria

(Monitor Mercantil 12.08.2008 p. 1 Financeiro)

Os participantes do mercado financeiro têm até o próximo dia 25 para se manifestar sobre a minuta de Instrução da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) que trata da atividade de analista. A Apimec (Associação dos Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais) Nacional ainda não deu o parecer sobre o documento, que irá substituir a Instrução CVM nº 388, de 2003. Segundo o presidente Álvaro Bandeira, a reunião com a CVM deve ocorrer nos próximos dias, que não quis adiantar quais serão os pontos debatidos.

A minuta muda a autorização para o exercício da profissão de analista. A CVM deixa de registrar os analistas de valores mobiliários, cabendo exclusivamente às entidades responsáveis o credenciamento de profissionais, a partir do atendimento dos requisitos necessários, e o controle cadastral. De acordo com a Comissão, a medida reduz a burocracia e os custos atualmente inerentes ao exercício da atividade de analista, sem afetar em nada a sua capacidade de supervisionar os profissionais.

Auto-regulação

Com a alteração, associação dos analistas (Apimec), ganha força, já que caberá à entidade a responsabilidade pelos registros dos profissionais. Há o aumento da auto-regulação, na medida em que a CVM passará a fiscalizar os participantes do mercado, primordialmente, por meio da entidade auto-reguladora.

A Apimec não só atuará como credenciadora dos analistas de valores mobiliários, mas passará a ter uma série de novas obrigações, decorrentes desse novo modelo. "Se a proposta trazida pela minuta for mantida após recebidos os comentários da audiência pública, os analistas passarão a interagir exclusivamente com a entidade credenciadora. Por fim, a CVM entende que a inexistência de registro na autarquia não afeta seu poder de regular e supervisionar o exercício da atividade de analista de valores mobiliários em caráter profissional, pois ele deriva da lei", explica o documento.

Mudanças positivas

A presidente da Apimec São Paulo, Lucy Souza, acredita que as mudanças serão positivas para o mercado à medida que reforça a responsabilidade das entidades. "É desafiador, mas a CVM vai viabilizar o cumprimento da responsabilidade com o repasse da taxa de registro para a profissionalização", observa. Para Lucy, quem deve estar mais preocupado com a questão são os responsáveis pela equipe de análise das corretoras na hora de avaliar um relatório. "Acredito que a minuta é positiva, pois amplia a transparência e reduz o conflito de interesses em relação a uma ação. Os gestores estarão mais preocupados com essa questão", ressalta.

Mais adequado

Segundo a avaliação da presidente da Apimec SP, o modelo proposto é o mais adequado para o mercado brasileiro. "No mercado profissionalizado, o corretor deve se adaptar. Devemos zelar transparência. Não é qualquer um que deve sair recomendando ações", diz.

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Lucy ressalta que a tendência também é de uma maior simplificação para que o analista consiga obter a certificação. Esta era uma demanda das instituições financeiras que, com a obrigação da certificação, foram prejudicadas pela falta de profissionais disponíveis no mercado.

De acordo com a minuta, como o processo de credenciamento e registro, bem como a preparação e a aprovação no exame técnico são razoavelmente demorados e, assim, a exigência de registro profissional acabou por representar um gargalo que limita excessivamente o número de pessoas habilitadas a exercer a função de analista.

Níveis diferentes

Para resolver esse problema, a minuta de 15 de agosto de 2007 propunha a criação de níveis diferentes de registro de analistas, permitindo assim que profissionais ingressassem gradativamente no mercado de trabalho. Esses níveis viabilizariam a entrada de jovens profissionais, chamados de juniores e plenos, no mercado, ainda que sem a certificação completa necessária ao pleno registro, por um período limitado de tempo, sob a supervisão de um analista plenamente credenciado e registrado, ao qual a minuta chamava de sênior.

Essa classificação foi abandonada por uma série de razões. Primeiramente, porque propõe que não haja mais registro de analistas na CVM, assim não há que se falar em níveis diferentes de registro.

A minuta atual exige que todo relatório de análise seja assinado por um analista credenciado, mas faculta a existência de co-autores não credenciados, ao mesmo tempo em que permite que até 30% dos membros da equipe de análise sejam profissionais não credenciados. "De qualquer forma, não se abre mão da certificação", observa Lucy.

O objetivo desses dois comandos é permitir que jovens profissionais em processo de formação possam ser treinados e participar das atividades de análise, desde que supervisionados por profissionais credenciados que se responsabilizem pelo conteúdo dos relatórios elaborados.

"A CVM acredita que a estrutura proposta pela minuta contribui para desfazer o gargalo existente no mercado, ao mesmo tempo em que assegura que a atividade de análise seja exercida com observância dos códigos de conduta profissional, por profissionais qualificados ou em processo de qualificação, desde que supervisionados por profissionais qualificados", explicita o documento.

Comissão garante que não há problemas para jornalistas

Sobre a legislação específica para jornalistas, a presidente da Apimec afirma que não há problema de censura. "A CVM recomenda que os analistas sejam identificados como certificados e que haja uma advertência mesmo que enxuta", explica. A minuta de agosto de 2007 propunha duas medidas em relação às atividades exercidas por jornalistas.

Primeiro, tal minuta sugeria a inserção de um dispositivo, nos moldes encontrados no art. 2º da Diretiva 2003/125/CE da Comunidade Européia, que dava aos jornalistas de mídia especializada, cuja atividade implica a divulgação de opiniões ou recomendações gerais sobre tendências de mercado, uma ressalva explícita de não estarem exercendo atividade de análise regulada pela CVM.

A minuta de 2007 também propunha certas cautelas a serem tomadas pelos jornalistas quando suas atividades envolvessem avaliações sobre valores mobiliários específicos, com o objetivo de assegurar que as análises produzidas ou divulgadas pelos jornalistas estivessem sujeitas a normas de conduta profissional.

Referidas propostas não foram consideradas necessárias ou convenientes por nenhum setor do mercado. De um lado, os analistas, por meio de sua entidade representativa, argumentaram que não há

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justificativa para o tratamento privilegiado dos jornalistas, se estes exercerem atividades típicas de analistas. De outro lado, os jornalistas não viram vantagens no tratamento diferenciado proposto pela minuta de 2007. Tendo em vista as opiniões acima, a CVM decidiu que a minuta não estabeleceria tratamento diferenciado para qualquer profissional.

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Varig-VarigLog - Piloto vai ao Senado acusar fundo americano: Matlin Patterson teria apoio no Executivo e Judiciário

(Jornal do Brasil 12.08.2008 p. A12 País)

Paulo Marcio Vaz

O caso Varig/Variglog volta à pauta do Senado amanhã, quando o comandante Élnio Borges Malheiros, presidente da Associação dos Pilotos da Varig (Apvar), vai ser ouvido durante audiência pública na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CREDN). O novo depoimento de Malheiros – em 9 de julho, ele falou sobre o assunto na Comissão de Serviços de Infra-Estrutura (CI) – atende a um requerimento do senador Flexa Ribeiro (PSDB-PA). O objetivo, segundo o parlamentar, é "esclarecer denúncia sobre suposto favorecimento, pela Casa Civil da Presidência da República, ao fundo americano de investimentos Matlin Patterson, durante o processo de compra da Varig pela Variglog".

"Em decorrência de novos fatos sobre a transação que envolveu a compra e venda da Varig e Varilog, o comandante Élnio Borges certamente tem informações que irão complementar os esclarecimentos que já prestou perante a Comissão de Serviços de Infra-Estrutura", afirma Flexa Ribeiro, na justificativa do requerimento.

Localizado em Bruxelas, na Bélgica, o comandante Malheiros falou por telefone com a reportagem do Jornal do Brasil. Ele não quis adiantar o conteúdo do depoimento de amanhã, mas ressaltou que está se preparando para falar sobre a suposta influência do fundo Matlin Patterson em ações do Judiciário e do Executivo.

– Os fatos novos dizem respeito a assuntos que demonstram o exercício de força feito pela Matlin Patterson e de como ela consegue influenciar os poderes Judiciário e Executivo – adiantou.

Malheiros chega ao Brasil nesta quarta e segue amanhã para Brasília. O comandante classificou seu depoimento no Senado como uma "apresentação".

– É um conjunto que estamos preparando para poder apresentar no Senado. Mas não tenho como adiantar o conteúdo – insistiu.

Em 9 de julho, em seu depoimento na CI, o comandante classificou de "fraude" a negociação feita em 2006. Na época, a Variglog era controlada pelo fundo de investimentos americano Matlin Patterson junto aos sócios brasileiros Marco Antonio Audi, Marcos Haftel e Luis Eduardo Gallo, da empresa Volo do Brasil. Segundo Malheiros, os sócios da Volo seriam, na verdade, testas de ferro da Matlin Patterson. A legislação brasileira proíbe que grupos estrangeiros controlem mais de 20% de empresas aéreas nacionais.

Novos diretores

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Em 1º de abril, por decisão do juiz auxiliar José Paulo Camargo Magano, da 17ª Vara Cível de São Paulo, os sócios brasileiros foram afastados da direção da Variglog por "gestão temerária". Foi dado um prazo para a Matlin Patterson apresentar os nomes de novos diretores brasileiros, visando atender à legislação. As pessoas apresentadas são a chinesa naturalizada Chan Lup (51% das ações) e o americano, também naturalizado, Marcussen Miller (29%).

Denúncias sobre uma suposta atuação da Casa Civil na ação que resultou na venda da antiga Varig para a Variglog foram confirmadas pela ex-diretora da Agência Nacional de Aviação (Anac), Denise Abreu, que também prestou depoimento na Comissão de Infra-estrutura do Senado. Denise disse que foi pressionada pela ministra Dilma Roussef para beneficiar o Matlin Patterson na operação de compra da Varig. O advogado Roberto Teixeira, compadre do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, também foi acusado, por Audi, de ter praticado tráfico de influência ao usar o nome de Lula para "abrir portas".

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Fundos - Comissão autoriza a gestão compartilhada(DCI 12.08.2008 p. A12 Finanças)

SÃO PAULO - A superintendência da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) liberou, na semana passada, a gestão compartilhada de fundos de investimento. Considerada o item que mais deve gerar impacto no mercado em uma circular que apresentou 13 determinações, a permissão foi concedida após 15 solicitações feitas nos últimos três meses.

"A queda da taxa de juro proporcionou a criação de fundos multimercados que investem em diferentes ativos, como derivativos, companhias privadas e até títulos no exterior. Então, o gestor precisa abarcar uma gama cada vez maior de conhecimento", explicou o gerente da superintendência de Relações com Investidores da entidade, Francisco José Bastos Santos. "Havia uma interpretação de que era vedada a gestão compartilhada, mas a superintendência entendeu que ela é permitida", disse, explicando que, sendo assim, um mesmo fundo pode ter um gestor de renda fixa, um outro de renda variável, e assim por diante.

Outra determinação destacada pelo executivo é a proibição de garantia de rentabilidade mínima da aplicação se nada houver que permita essa promessa. "De certa maneira, os fundos de capital garantido estabelecem um mínimo de rentabilidade através de operações com seguros", disse. Segundo o executivo, esse tipo de garantia pode ser dado, desde que informados quais os riscos que o cotista corre (se a empresa de seguro não conseguir pagar a indenização, no caso de uma queda do mercado, por exemplo). Contudo, se não houver qualquer outro embasamento concreto para a promessa de rentabilidade, a remuneração não poderá ser garantida.

O objetivo da publicação da circular, dirigida aos administradores de fundos de investimento, é esclarecer dúvidas em relação à forma mais adequada cumprimento da Instrução nº 409.

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Depoimento - Audiência pública debate venda da Varig (Gazeta Mercantil 12.08.2008 p. A7 Direito Corporativo)

Paulo Marcio Vaz

O caso Varig/Variglog volta à pauta do Senado amanhã, quando o comandante Élnio Borges Malheiros, presidente da Associação dos Pilotos da Varig (Apvar), vai ser ouvido durante audiência pública na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE). O novo depoimento de Malheiros - em 9 de julho, ele falou sobre o assunto na Comissão de Serviços de Infra-Estrutura (CI) - atende a um requerimento do senador Flexa Ribeiro. O objetivo, segundo o parlamentar, é "esclarecer denúncia sobre suposto favorecimento, pela Casa Civil da Presidência da República, ao fundo americano de investimentos Matlin Patterson, durante o processo de compra da Varig pela Variglog".

"Em decorrência de novos fatos sobre a transação que envolveu a compra e venda da Varig e Varilog, o comandante Élnio Borges certamente tem informações que irão complementar os esclarecimentos que já prestou perante a Comissão de Serviços de Infra-Estrutura", afirma Flexa Ribeiro, na justificativa do requerimento.

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Demonstrações Contábeis - Processo de adesão ao IFRS está adiantado no grupo Bric: Brasil e Rússia fixaram para 2010 o prazo para as companhias adotarem padrão

(Gazeta Mercantil 12.08.2008 p. B4 Governança Corporativa)

Os processos de implantação do padrão contábil internacional, o Internantional Finance Reporting Standard (IFRS) para a apresentação de demonstrações contábeis das empresas, estão adiantados nos países emergentes do grupo Bric ( Brasil, Rússia, Índia e China). No Brasil, o IFRS já está sendo implantado pelas companhias abertas, que a partir deste ano deverão cumprir a lei 11638, que estabelece uma convergência com o padrão internacional. A partir de 2010 todas as companhias abertas estão obrigadas a divulgar seus balanços em IFRS. Na Rússia, o prazo de adoção do IFRS é semelhante ao do Brasil, na Índia deverá estar concluído até 2011 e na China as normas contábeis estão em processo de revisão para ficarem consistentes com o IFRS, conforme pesquisa feita pela empresa de consultoria e auditoria Ernst & Young. A implantação do novo padrão contábil também está adiantada em outros regiões. Na América Latina, o IFRS é seguido pelas companhias uruguaias desde 2004 e foi adotado pelo Perú. O Equador tem transição confirmada a partir de 2009 e na Colômbia em 2010. Na Argentina, o prazo é 2011 e no Chile há prazos diferenciados por setor: capital aberto de grande porte 2009, bancos em 20120 e demais companhias em 2012. Na Turquia, as companhias abertas já tem a opção de adotar o IFRS. Na Austrália e na Nova Zelândia estão em vigor normas consideradas equivalentes ao IFRS. Em Hong Kong é mandatório para as empresas multinacionais; em Israel é mandatório para todas as empresas exceto bancos. O Japão e o Canadá tem transição confirmada a partir de 2011. Nos Estados Unidos, onde vigora o US GAAP - um rigoroso padrão contábil de uso obrigatório para todas as companhias que atuam no mercado de capitais americano - a adoção do IFRS ainda está em discussão. Os EUA discutem porque usar o IFRS se o padrão americano sempre foi considerado o melhor do mundo. Outro problema que aflige os reguladores americanos é qual o melhor padrão contábil quando se enfrenta uma crise de bancos, como a do subprime. Na avaliação de Paul Sutcliffe, sócio da Ernst & Young, o IFRS permite mais interpretação e sua utilização seria melhor para o investidor nestes tempos de turbulência. Ele não espera mudanças na contabilidade americana este ano por tratar-se de um ano de eleições presidenciais. O consultor

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acredita, porém, que a adoção do IFRs os EUA já não é mais uma questão de "se", mas de quando a mudança virá. A própria internacionalização das companhias vai forçar uma convergência para um mesmo padrão contábil ao redor do mundo. No início deste mês, a comissão de valores americana, Securities Exchange Commission (SEC), organizou uma mesa redonda para discutir as diferenças entre o IFRS e o US GAAP. O objetivo foi avaliar em que pontos um e outro permitem que as demonstrações contábeis sejam mais transparentes para o investidor. Um dos pontos discutidos foi o reconhecimento de receitas. Alguns participante do encontro argumentaram que as normas do IFRS permitem distorções na receita de companhias de setores como exemplo, petróleo e gás, devido à volatilidade dos preços dos commodities nas atuais condições do mercado. Representantes dos investidores, por sua vez, defenderam que o efeito desta volatilidade sobre os preços pode ser facilmente incluída nas análises de companhias que adotam o IFRS já que a maior parte das empresas utiliza a mesma metodologia para avaliação do valor do estoque. No US GAAP é necessário um esforço adicional para computar esta volatilidade. Segundo o consultor da Ernst Young, a principal mensagem do encontro foi que apesar de algumas dificuldades que surgiram em relação a certas normas do IFRS, há uma demanda por parte das empresas americanas para adoção do padrão internacional, principalmente por parte de empresas cujas principais concorrentes são européias, onde vigora o IFRS, como é o caso da indústria farmacêutica, avalia Sutcliffe.

(Lucia Rebouças)

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Palavra Chave: A Recente evolução e as novas tendências das fusões e aquisições no Brasil(Jornal do Commercio 12.08.2008 p. B6 Direito & Justiça)

As fusões e aquisições desempenham papel fundamental no crescimento das empresas, porque nem sempre é possível que cresçam organicamente. A partir de meados dos anos 90, mais precisamente com as privatizações, que foram um grande processo de aquisição de controle de empresas estatais, surgiram vários novos aspectos das fusões e aquisições, como a maior incidência do controle compartilhado, ou seja, um grupo de acionistas controladores ao invés de apenas um.

O período pós-privatização foi marcado por um período de consolidação. Fusões e aquisições dentro de um mesmo grupo econômico são muito mais fáceis, na medida em que o acionista controlador comum dirige o processo e os padrões de comportamento são os mesmos. A preocupação maior nos processos de reorganização societária dentro do mesmo grupo econômico é não se causar qualquer prejuízo aos acionistas minoritários. Para tanto, a fixação da relação de substituição, ou seja, de quantas ações os acionistas minoritários da incorporada receberão em troca das ações a serem emitidas pela incorporadora, é de crucial importância.

O momento atual promete mais mudanças para a área de fusões e aquisições. O sistema societário brasileiro foi calcado na existência de um ou mais acionistas controladores identificados. Contudo, com a pulverização do capital, ou seja, com o advento de empresas com a maior parte do capital votante no mercado, passa a existir uma verdadeira separação entre propriedade e gestão, porquanto tais empresas passam a ter controle gerencial, ou seja, os diretores e conselheiros passam a ter autonomia funcional em relação aos detentores do capital das companhias abertas. Assim, os conflitos jurídicos deixam de ser apenas entre acionistas controladores e minoritários e passam a ser também entre, de um lado, os acionistas e, de outro, os administradores. Da mesma forma, passa a existir um "mercado de controle", ou seja, passa a ser possível adquirir o controle de uma companhia aberta, mesmo que seus

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atuais acionistas controladores e administradores não o desejem. Trata-se das "ofertas públicas de aquisição hostis".

Essas ofertas públicas de aquisição no mercado tornam-se um instrumento adicional de proteção dos acionistas minoritários, na medida em que uma empresa provavelmente se tornará alvo de uma oferta pública de aquisição hostil se ela não estiver sendo gerida eficientemente. Um novo controlador utilizará os ativos da empresa adquirida de forma mais eficiente, o que beneficiará todos os acionistas da empresa adquirida.Outro aspecto importante é que, com os mercados em alta, há uma propensão maior às operações de fusões e aquisições, porque, normalmente, as empresas adquirentes tendem a utilizar ações de sua emissão (que estão valorizadas) como meio de pagamento pelas empresas adquiridas. Por isso é que mercados em baixa costumam causar a diminuição do número de operações de fusões e aquisições.

Além das ofertas públicas de aquisição hostis, uma nova tendência serão as operações de incorporação ou reorganizações entre sociedades de grupos econômicos distintos. Tal circunstância tornará o processo de fusões e reorganizações mais complexo, pois haverá uma verdadeira negociação entre as empresas ou grupos envolvidos na reorganização societária. Nessas operações, a relação de substituição continuará a ser a "pedra de toque" e as preocupações não se cingem apenas à proteção ou preservação dos acionistas minoritários, mas também dos grupos controladores distintos das sociedades envolvidas na reorganização societária. O § 3° do art. 226 da Lei das S/A, introduzido pela Lei 11.638/07, já espelha esta nova realidade. Todas essas tendências tornarão a área de fusões e aquisições ainda mais emocionante.

Laercio Pellegrino Filho - Do escritório Campos Mello, Pontes, Vinci & Schiller Advogados

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A afirmação do Novo Mercado: Os direitos dos minoritários e a maior transparência são benéficos ao mercado

(Valor Econômico 12.08.2008 p. A12 Opinião)

Por Roberto Teixeira da Costa

Num concorrido almoço realizado no último dia 25 de julho, a BM&F Bovespa celebrou a adesão de 100 empresas ao chamado Novo Mercado. Lançado em dezembro de 2000, constitui-se num esforço coletivo de diferentes segmentos do mercado, sob a liderança da Bovespa e com o apoio integral da CVM.

À época, ouviam-se vozes defendendo que a mão do governo se fizesse presente no mercado, tornando compulsória a conversão de ações preferenciais sem direito a voto em ações ordinárias. Argumentavam que a existência de dois tipos de acionistas criava uma situação de desequilibro na relação da governança, ficando os preferencialistas marginalizados do processo de transferência de controle.

O grupo de trabalho, criado pela Bovespa, concluiu que investidores e empresas compreendiam as vantagens da adoção de regras mais rígidas de governança. A adoção de tais regras com o devido tempo iria valorizar as ações que fossem negociadas nesse segmento, aumentando sua liquidez e inibindo, assim, a transferência da negociação através dos ADRs para o mercado americano, que vinha acontecendo na década dos anos 1990.

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Houve também a compreensão de que os direitos dos minoritários por um lado, e a maior transparência para as empresas, certamente seria benéfico ao mercado. As condições básicas então definidas foram: 1) um segmento onde somente podem ser emitidas ações com direito a voto; 2) os acionistas teriam o mesmo direito dos controladores na eventualidade de venda da companhia; 3) transparência nas demonstrações financeiras e na prestação de contas; 4) pelo menos 20% de conselheiros independentes; 5) um "float" mínimo para garantir liquidez; 6) usar a Câmara de Arbitragem especialmente criada para os eventuais casos de litígio.

Compreensivelmente, houve um certo descrédito se o Novo Mercado, que levou algum tempo para decolar, funcionaria efetivamente como pólo de atração.

Em 2002, só duas empresas abriram o caminho, do Novo Mercado por mais de dois anos: a Companhia de Concessões Rodoviárias (CCR) e a Sabesp.

A partir de 2004, depois de alguns anos de um mercado fraco, iniciou-se uma transformação. Os fatores macroeconômicos favoreceram as ações e a Bovespa, com seus segmentos especiais de governança, estava pronta para o grande salto.

O IPO, ou Oferta Pública de Ações, da Natura, do setor de cosméticos, foi um marco importante. Seguindo a Natura, em 2004 mais quatro companhias entraram no Novo Mercado. Em 2005, outras 11; em 2006, mais 26; em 2007, um ano especial, mais 48 companhias. Em 2008, chegamos à centésima adesão com o IPO da OGX, empresa do ramo do petróleo, no mês passado; e à 101ª, há alguns dias, com a migração para o Novo Mercado da Estácio, do setor da educação.

Houve certo oportunismo na entrada de novas empresas no mercado, que abriram capital sem fazer a preparação necessária

As 101 empresas tinham um valor de mercado de R$ 445 bilhões, quase 19% da capitalização total da Bovespa. Nas ofertas públicas, elas captaram um total de R$ 96,5 bilhões e trouxeram para o mercado dezenas de milhares de novos investidores individuais.

Para concluir, valeria a pena lembrar que esse período de entressafra que estamos vivendo, devido às condições perversas que vêm afetando os mercados internacionais, particularmente as instituições financeiras, poderia ser aproveitado para uma reflexão para aperfeiçoamentos do Novo Mercado, para que esse selo de qualidade não seja depreciado.

Existe a consciência, entre diferentes protagonistas, de que houve um certo grau de oportunismo na entrada de novas empresas no mercado, particularmente em 2007. A demanda superaquecida estimulou a presença de companhias que foram ao mercado e que não fizeram o necessário trabalho de preparação para abrir o capital. Estimuladas pela euforia, não quiseram perder a oportunidade, fazendo, inclusive, emissões de capital acima de suas necessidades projetadas. Provavelmente, aceitaram as regras do Novo Mercado sem se dar conta exatamente do compromisso que estavam assumindo.

Por seu lado, muitos investidores, principalmente pessoas físicas, não se detiveram numa análise mais profunda do que estavam comprando e não analisaram com a necessária atenção as informações disponíveis, o que nos leva a crer que deveríamos pensar em algumas publicações mais acessíveis e compreensíveis para análise das emissões.

Também deve haver a preocupação de como atrair companhias com capital aberto cotadas em Bolsa, para fazer o "upgrade" para o Novo Mercado.

Existem fases na evolução do mercado em que situações como essas acontecem. Em períodos subseqüentes de calmaria e de transição, as lições e eventuais desvios de rota devem ser analisados. É essa a oportunidade que temos à nossa frente. Nunca é demais lembrar que precisamos ter a

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concordância de dois terços dos aderentes do Novo Mercado para que as condições sejam alteradas. O que, evidentemente, não será um exercício fácil, porém será necessário.

Gostaria de enfatizar que as autoridades e dos auto-reguladores têm papel limitado na defesa do mercado e de seus investidores. É fundamental que, em momentos de euforia, os intermediários financeiros mais próximos aos aplicadores esclareçam os riscos assumidos e colaborem na compreensão do que é uma aplicação em títulos de renda variável. O mercado deve ter em seus intermediários a maior defesa como guardiões de sua integridade.

Roberto Teixeira da Costa economista, foi o primeiro presidente da Comissão de Valores Mobiliários (CVM). É sócio-fundador da Prospectiva Consultoria Brasileira de Assuntos Internacionais e ex-presidente do Conselho de Empresários da América Latina.

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Agenda lotada na contabilidade: Norma da CVM sobre ativos intangíveis voltará para consulta pública ainda em agosto, sem prever mudança para ágio

(Valor Econômico 12.08.2008 p. D1 Eu& Investimentos)

Por Graziella Valenti, de São Paulo

Quem achou o primeiro semestre agitado para as discussões contábeis vai se assustar ainda mais com o segundo. Para cumprir com o cronograma de emissão de normas estabelecido para este ano, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e o Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC) vão inundar os próximos meses com consultas públicas e normas que atendam à nova lei contábil. Pelo menos nove assuntos deverão ser regulados ainda neste ano.

Além dos novos temas, o mercado vai encarar repetições. Ainda neste mês, a CVM vai devolver para a consulta pública a regra que discute ativos intangíveis, como o registro de marcas e patentes. A diferença é que agora a norma não tratará mais de ágio.

"Grande parte das sugestões pedia que não fosse feita ainda nenhuma adaptação sobre o ágio", contou José Carlos Bezerra, diretor interino de normas contábeis da Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

O ágio é o prêmio pago em aquisições sobre o valor contábil de bens e companhias. Trata-se de uma das questões mais delicadas quando o assunto é a nova legislação contábil. A aprovação da Lei 11.638 no apagar das luzes de 2007 deixou pouco tempo para a CVM regular o novo ambiente. Ficou faltando também um entendimento da Receita Federal sobre as alterações das regras e seu impacto fiscal. A previsão é que não haja efeito tributário, mas ainda falta o pronunciamento do Fisco garantindo esse entendimento. A nova legislação coloca o Brasil definitivamente na rota da convergência aos padrões contábeis internacionais, o IFRS. As normas domésticas que detalham como aplicar a diretriz dada pela lei, a serem emitidas pela CVM, serão inspiradas nos princípios internacionais.

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Quando o tema é ágio as companhias abertas tremem. De acordo com levantamento do Valor com base em dados da Economática, as empresas têm um estoque de R$ 35,5 bilhões de ágio. A amortização desse saldo tem efeito de despesa no balanço, o que gera economia fiscal às empresas por reduzir o lucro tributável. Numa conta simples, é o mesmo que dizer que as companhias têm economias fiscais da ordem de R$ 12 bilhões esperando para serem aproveitadas pelos próximos 10 anos. Pela nova legislação, a demonstração de resultado que for levada ao investidor não mais poderá ter essa amortização - mesmo que a Receita permita a continuidade dessa prática. Assim, não há interesse de se mexer nessa conta sem clareza sobre o entendimento do Fisco.

Na minuta sobre ativos intangíveis que esteve em consulta até 26 de maio, a CVM já começava a entrar no tema do ágio. A programação inicial da autarquia previa que uma parte das normas para esse item do balanço fizesse parte do pronunciamento sobre intangíveis e outra, do documento sobre fusões e aquisições (combinação de negócios). Agora, segundo explicou Bezerra, o debate poderá ser feito de uma única vez, para ficar mais simples às empresas.

Bezerra garante, porém, que a nova consulta pública para os intangíveis não comprometerá o restante das normas. E, apesar dessa mudança, a norma para ágio deve sair ainda neste ano, para aplicação em 2009.

Francisco Papellás Filho, presidente do Instituto dos Auditores Independentes do Brasil (Ibracon), disse que a decisão é positiva. Ele explicou que, ao separar as normas de intangíveis e de ágio, os pronunciamentos brasileiros ficarão mais próximos dos internacionais nos

quais se espelham.

Nelson Carvalho, presidente do Conselho Consultivo de Normas do Iasb, órgão internacional responsável pela elaboração do IFRS, acredita que o processo de retomada da consulta pública é saudável. "É assim mesmo que tem que ser. É muito saudável. No Iasb, acontece com muita freqüência " disse, lembrando que há temas que são levados ao público até três vezes.

Para as companhias, é um alívio não ter que pensar nesse tema neste ano. Com a retirada do ágio da minuta sobre ativos intangíveis, o pronunciamento se concentrará no detalhamento técnico das novidades inseridas pela lei - como o registro do valor da marca, em casos de aquisições. Há ainda explicações sobre como contabilizar patentes e até sistemas de tecnologia desenvolvidos internamente.

Os demais temas que serão normatizados ainda neste ano são os mais essenciais para aplicação das diretrizes estabelecidas pela Lei 11.638. "Não tem opção de não fazer", comentou Papellás. Segundo ele, que também participa do CPC, o comitê já tem praticamente prontos os próximos cinco pronunciamentos.

Embora haja poucas normas emitidas, os participantes do processo acreditam que ainda não há porque falar em atraso na divulgação das regras. Bezerra, da CVM, explica que a previsão divulgada no primeiro semestre considerava o desenvolvimento da minuta e não a emissão da norma. Pelo cronograma da época, até agosto, boa parte dos temas já deveriam estar prontos para serem levados ao público. A idéia é que tanto a consulta quanto a emissão das normas previstas ocorram neste ano.

Embora a emissão da regra seja vital para os contadores produzirem os novos balanços, o foco de maior ansiedade continua sobre a Receita Federal. Todos aguardam um posicionamento sobre a garantia da neutralidade fiscal. Para os agentes envolvidos, a mudança da diretoria do órgão, com a saída de Jorge Rachid, não deve afetar a diretriz dos trabalhos. Ainda assim, a notícia adicionou um pouco de

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apreensão sobre o cenário, já recheado mais de dúvidas do que de respostas. Procurada, a Receita Federal não comentou o cronograma de sua análise do novo ambiente contábil brasileiro.

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Capital Aberto - Rodízio de auditoria não cria valor(Gazeta Mercantil - 12.08.2008 p. B3 Gazeta Investe)

Adoção do rodízio de auditores não altera a percepção que investidores têm da empresa não contribuindo para sua valorização no mercado. A constatação faz parte do estudo realizado pela consultoria Hirashima & Associados. "Se o rodízio fosse avaliado positivamente pelo mercado, seria razoável esperar que as ações das empresas que rodam seus auditores tivessem performance superior, o que não se observou na amostra que analisamos", afirma o coordenador do estudo e sócio da Hirashima, Guillermo Braunbeck. O estudo avaliou 26 empresas que, em outubro de 2006 tinham seus balanços auditados por grandes empresas internacionais e que estão listadas nos níveis diferenciados de governança corporativa ( Nível 1, 2 e Novo Mercado), da Bovespa. O resultado da pesquisa também demonstrou que o rodízio pode não ser o melhor mecanismo para fomentar a qualidade das demonstrações financeiras em empresas que voluntariamente aderem a níveis diferenciados de governança. Segundo o consultor, "as evidências sugerem que a auto-regulação, derivada dos modelos de gestão e governança, atua de forma suficiente sobre a administração das empresas e freia decisões extremas que possam prejudicar a leitura das demonstrações financeiras por seus interessados". Na percepção dos investidores o rodízio não constituiu um instrumento essencial para atestar a boa governança corporativa e nem representou diferencial na captação de recursos no mercado de capitais", diz. Além disso, a experiência e literatura internacionais relativas aos auditores mostram que a capacidade de detecção de erros nas demonstrações financeiras depende também do conhecimento acerca da estratégia, gestão, processos e riscos de seu cliente, o que o rodízio pode reduzir. acrescenta. O rodízio foi determinado pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM), em 1999, para evitar problemas decorrentes de uma relação estreita e duradoura entre uma empresa e a mesma equipe de auditores. Pela determinação da CVM, uma empresa não pode continuar com os mesmos auditores por mais de cinco anos consecutivos. Sobre o relatório de avaliação da efetividade da rotatividade dos auditores independentes, elaborado pela PUC-RJ a pedido da CVM, Braunbeck aponta que os próprios pesquisadores da PUC-RJ concluíram que os custos decorrentes do rodízio são substanciais e sinalizam para a adoção de outros mecanismos de monitoramento dos auditores.

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Cláusulas Arbitrais Patológicas nos Contratos de Comércio Internacional(Carta Forense – Ago./2008 p.22)

Em tempos de mundo globalizado e de crescente complexidade dos negócios realizados entre partes de diferentes países que, conseqüentemente, pertencem a diversos ordenamentos jurídicos, a arbitragem comercial internacional posiciona-se como a mais efetiva ferramenta de resolução de conflitos nascidos desse tipo de operação.

No Brasil, do ponto de vista jurídico, um aspecto contribuiu para o incremento da imagem do país como importante player no comércio internacional. Trata-se da recepção da Convenção de Nova Iorque sobre

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o Reconhecimento e Execução de Sentenças Arbitrais Estrangeiras, através do Decreto 4.311, de 23/07/02.

Tal evento representou um avanço para as relações comerciais travadas entre partes estrangeiras e brasileiras. A partir da perspectiva de que tal Convenção, redigida em 1958 e que hoje conta com mais de 140 países signatários, busca a criação de legislação uniforme acerca dos procedimentos de reconhecimento e execução das sentenças arbitrais estrangeiras, estabelece parâmetros para a validade das mesmas e reitera a força executória da convenção arbitral, sua internalização gera maior segurança às empresas estrangeiras que negociam com partes brasileiras, e vice versa.

Frente a esse cenário de desenvolvimento e ao aumento da procura pela arbitragem internacional por partes brasileiras, faz-se necessário um exame mais apurado do instrumento essencial para o instituto: a convenção arbitral, mais especificamente a cláusula arbitral inserida nos contratos de comércio internacional.

É através desse instrumento que as partes conferirão ao Tribunal Arbitral, ao procedimento arbitral e, finalmente, à sentença arbitral, legitimidade e eficácia. A contrario sensu, a invalidade e ineficácia da convenção impedirão a propositura da arbitragem ou, dependendo do caso, levarão à nulidade da sentença arbitral. Em ambos os casos as partes experimentarão prejuízo: seja pela necessidade de se buscar o Judiciário local para a solução do conflito surgido daquela relação jurídica ou pela perda de tempo e recurso financeiro gastos no procedimento arbitral.

À cláusula arbitral cingida por algum vício que lhe macule a validade ou eficácia dá-se o nome de cláusula patológica (do grego pathos - doença, sofrimento e logia - estudo).

Desta feita, traçaremos neste artigo um breve estudo de algumas das causas que levam à patologia de uma dada cláusula arbitral. Ressalte-se que, devido ao seu caráter internacional, com o objetivo de informar os profissionais que lidam diuturnamente com contratos internacionais, este estudo será feito a partir do que preconiza a Convenção de Nova Iorque. Assim, trataremos da patologia da cláusula relativa à sua forma e materialidade.

No que tange à sua forma, não somente de acordo com a Convenção de Nova Iorque (Artigo II, 2), mas também sob a guarida do parágrafo 1o do Art.4o da Lei 9.307/96, a cláusula deverá ser sempre escrita, inserida no corpo do contrato ou "em documento apartado que a ele se refira". Note-se, contudo, que a Convenção traz, expressamente, um leque maior de opções que incluem a possibilidade da convenção arbitral vir externada através da troca de cartas e telegramas. É interessante observar que em alguns países, como a Suécia, excepcionalmente, a forma escrita da convenção arbitral não é determinada em sua lei doméstica de arbitragem e cabe à parte que alegar a cláusula a seu favor provar sua existência, apesar da dificuldade de geração desse tipo de elemento probatório. Assim, independentemente do país de origem da parte com a qual se contrata, é essencial que a cláusula arbitral tenha a forma escrita e expresse claramente o desejo das partes em buscar a arbitragem como meio de solução para os possíveis conflitos nascidos daquele contrato.

Ademais, é recomendável a observância de dois outros pontos na estruturação de uma cláusula arbitral: a determinação expressa da arbitragem como o único meio a ser utilizado para resolver qualquer futura contenda e a indicação de determinada instituição arbitral, se assim desejarem as partes, disposição conhecida pela doutrina brasileira como "cláusula cheia". Caso as partes optem por não indicar uma instituição arbitral, a arbitragem será ad hoc, ou seja, não será administrada nem seguirá os regulamentos de uma dada instituição.

Dessa forma, considera-se patológica a cláusula que indique simultaneamente a arbitragem e o Poder Judiciário local como meios válidos para solução de conflitos. Com efeito, é internacionalmente aceito o veto de acesso ao Judiciário frente à presença de convenção arbitral válida. O escopo de tal vedação seria evitar que aquele contra quem a cláusula arbitral é executada busque o Judiciário local para solucionar a contenda, por exemplo, como medida procrastinatória. Todavia, é interessante atentar para

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o fato de ser cada vez mais comum a presença de cláusulas arbitrais que remetam as partes, em um primeiro momento, à conciliação, antes de se dar início ao procedimento arbitral. Tais cláusulas são válidas e não obrigam as partes a alcançarem a conciliação, mas a se manifestarem positiva ou negativamente frente a essa possibilidade de solução do conflito apresentado.

Quanto ao segundo ponto, é importante observar se a cláusula indica ou não determinada instituição arbitral para administrar o procedimento e, em caso positivo, se a referida instituição é idônea. Esta indicação é de interesse vital às partes, pois todo o procedimento arbitral será organizado a partir do regulamento desta instituição. Caso o regulamento ou a administração apresente falhas, estas poderão servir de base para futuras ações de nulidade da sentença. Os altos custos apresentados pelas maiores e melhores instituições do mundo têm direcionado as pequenas e médias empresas a instituições de menor porte e, conseqüentemente, com menos experiência. Como exemplo, podemos citar o caso de um cliente brasileiro que assinou cláusula arbitral indicando instituição no exterior que não existia. Finalmente, caso a cláusula não contemple uma instituição arbitral, é interessante a inclusão do Regulamento Modelo da Comissão das Nações Unidas para o Direito Comercial Internacional (UNCITRAL) como instrumento para a instituição e administração da arbitragem. Desta forma, reduzem-se as possibilidades de serem criadas discussões judiciais preliminares acerca do procedimento arbitral em si, vez que esse regulamento é bastante completo quanto as questões procedimentais.

No que toca à materialidade, ou arbitrabilidade do objeto do conflito, a tendência mundial, em termos gerais, é aceitar a arbitragem nos conflitos de interesses que envolvam direitos patrimoniais disponíveis, nos moldes do art. 1o da Lei 9.307/96. Assim, falha a arbitrabilidade, patológica e inexeqüível será a cláusula. Nesses termos, a Convenção de Nova Iorque prevê em seu Artigo II, 1, a negatória do estado signatário em executar cláusula arbitral cujo objeto, naquele país, não seja passível de arbitragem e, em seu Artigo VI, 2, a, autoriza a mesma recusa na fase do reconhecimento e execução de sentença arbitral que verse sobre objeto não arbitrável, de acordo com a lei do país onde se busca a execução. Dessa forma, há que se atentar se a relação jurídica objeto da cláusula arbitral é passível desse tipo de solução de conflito não somente a partir do ordenamento jurídico do local de realização da arbitragem, mas, também, do país onde se buscará a execução da sentença arbitral, situação essa bastante comum em arbitragens internacionais.

Enfim, as considerações neste artigo não têm o alvitre de exaurir tema amplo e de vastas discussões. Objetiva, no entanto, oferecer àqueles que participam direta ou indiretamente de operações de comércio exterior ferramenta de orientação para a solução de problemas práticos.

Referências bibliográficas.

BORN, Gary. International Commercial Arbitration in The United States, Commentary & Materials. Transnational Publishers; Kluwer Law International. (1994).HEUMAN, Lars. Arbitration Law of Sweden: Practice and Procedure. Ed. Juris Publishing Inc. (2003).

http://www.cartaforense.com.br/Materia.aspx?id=2132

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TELECOMUNICAÇÃO

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Telecomunicações - Telefônica testa TV em três dimensões: Serviço será oferecido a clientes que possuem conexão de fibras ópticas

(Estado de São Paulo 12.08.2008 p. B15 Economia)

Renato Cruz

A Telefônica planeja testar em São Paulo, ainda este ano, um sistema de TV em três dimensões (3D), que não precisa de óculos especiais. “Com sorte, começaremos os testes no Brasil antes da Espanha”, disse Raúl Ortega del Río, diretor da Telefónica Investigación y Desarrollo, empresa de pesquisa da operadora. Em parceria com a TVA, de quem é acionista, a operadora vai oferecer o serviço via IPTV (vídeo via internet direto no televisor) para os clientes da região dos Jardins, em São Paulo, que possuem conexão de fibras ópticas. Na Espanha, onde também haverá um piloto, o IPTV da empresa se chama Imagenio.

Mais informações

A Telefônica demonstrou a TV 3D durante o evento ABTA 2008, em São Paulo, com um aparelho da Philips. Para assistir os programas tridimensionais, o espectador precisa de um televisor especial. O modelo de 42” da Philips sai por 18 mil no Brasil, incluindo impostos e frete. “Hoje, a tecnologia é mais voltada para aplicações corporativas”, disse Renato Secco, gerente da Philips. “Em três ou quatro anos, deve se tornar mais acessível ao consumidor.”

Apesar de o aparelho estar disponível comercialmente há pouco mais de um ano, ainda não existe no mundo serviço de TV em três dimensões voltado ao cliente residencial. A Deutsche Telekom fez demonstrações em Hannover, na Alemanha, no ano passado. A Philips aposta, por enquanto, no uso do televisor 3D para exibir propaganda em lugares públicos, como shopping centers e hotéis, e em aplicações para setores como educação e farmacêutico.

O aparelho acaba com a necessidade dos velhos óculos de lentes verde e vermelha. A tela projeta imagens um pouco diferentes para o olho esquerdo e o olho direito, para criar a ilusão da tridimensionalidade. A TV usa pequenas lentes sobre os pontos vermelhos, verdes ou azuis, que formam a imagem. Essas lentes fazem com que sejam mostradas imagens tridimensionais para nove ângulos diferentes de visão. Quando o espectador fica entre dois ângulos, ele acaba vendo imagens duplicadas, como os “fantasmas” que aparecem na televisão analógica. Resolver o problema é fácil: é só se mover um pouco para o lado, para receber as imagens certas para o efeito 3D.

A tecnologia funciona com filmes produzidos em 3D e jogos de computador. Os vídeos bidimensionais podem ser adaptados com um sistema chamado Bluebox. A Philips tem televisores 3D de 20 e 42 polegadas, além de um telão de 132 polegadas. Até o fim do ano, serão lançados mais dois modelos: de 22 e 52 polegadas. Não existe padrão de mercado para a TV 3D. Ou seja, um serviço que tem como base o televisor da Philips não funcionaria com equipamentos de outros fabricantes.

O conteúdo 3D se tornou uma grande aposta da indústria. Segundo a rede de cinemas Cinemark, os filmes em 3D permanecem mais tempo em cartaz. Neste ano, foram exibidos três títulos em 3D - A Lenda de Beowulf, Hannah Montana e Viagem ao Centro da Terra - e mais dois devem entrar em cartaz. Para 2009, estão previstos nove títulos.

A televisão 3D serve de argumento para a TVA e a Telefônica de que a entrada das concessionárias locais no mercado de TV por assinatura traz inovações e serviços diferenciados para os usuários, na briga com a Net e a Embratel. “A Telefônica e seus parceiros já têm mais de 600 mil clientes de TV por assinatura”, disse Leila Loria, diretora-geral da TVA. A Telefônica planeja investir R$ 123 milhões este ano para ampliar sua rede de fibras ópticas e atender clientes residenciais em bairros de São Paulo e no interior.

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Anatel prepara a venda de novas licenças de TV paga: Últimas licitações aconteceram há oito anos; agência credita demora ao TCU

(Folha de São Paulo 12.08.2008 p. B11 Dinheiro)

Oferta é reivindicada pelo mercado, que passa por forte processo de fusão e de concentração, acirrada pela entrada das teles no setor

ELVIRA LOBATOEM SÃO PAULO

A Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) prepara o lançamento de novos editais para a venda de concessões de TV paga. A oferta de licenças é reivindicada pelo mercado, que passa por forte processo de fusão e de concentração de empresas, acirrada pela entrada das teles no setor. A última licitação para licenças aconteceu há oito anos.Os preparativos para os novos editais foram confirmados pelo superintendente de Comunicação de Massa da Anatel, Ara Minassian, no congresso anual da ABTA (Associação Brasileira de Televisão por Assinatura). O planejamento do lançamentos dos editais, de acordo com ele, será submetido à aprovação do conselho diretor da agência até o final deste mês.Grandes aquisições aconteceram nos últimos anos no setor, e o processo continua. A Net admite interesse na compra da TV Cidade, que tem operações em Recife, Paulista, Olinda e Jaboatão (Pernambuco); em Juiz de Fora (MG); em Cuiabá e Várzea Grande (MT); em Niterói, São Gonçalo e Volta Redonda (RJ); em Gravataí (RS); em Aracaju (SE); e em Salvador e Feira de Santana (BA). A TV Cidade tem 80 mil assinantes de TV a cabo e 40 mil assinantes de banda larga.A Sky, empresa de TV paga com transmissão direta por satélite, com 1,7 milhão de assinantes, acertou a compra da TV Filme, no final de março, mas a concretização do negócio depende de aprovação da Anatel. Outra aquisição em exame na Anatel é a da operadora paulista Big TV pela Net, acertada no final do ano entre as partes.A TV Filme tem 40 mil assinantes e usa sistema de transmissão por freqüência de rádio (chamado MMDS). O presidente da Sky Brasil, Luiz Eduardo Baptista, disse que a TV Filme servirá um projeto piloto mundial da Sky para a oferta de acesso à internet por banda larga sem fio (tecnologia WiMax).

ConcentraçãoO processo de concentração na TV paga começou a partir de 2004, com a entrada do grupo mexicano Telmex na Net Serviços, maior empresa de TV a cabo do país. A Net, assim como a TVA, do grupo Abril, vinha de uma longa crise financeira.Em 2006, a Telefônica acertou a compra de parte da TVA (grupo Abril), e a Oi/Telemar revidou comprando a empresa mineira de cabo Way TV. Naquele mesmo ano, a Net incorporou a Vivax, que era a segunda maior empresa de TV a cabo.A avaliação dos executivos é que as empresas médias acabarão absorvidas ou pela Net ou pelas teles. O entendimento é que apenas as pequenas empresas, situadas em cidades menores, sobrevirão como operações independentes.O empresário mineiro Elos Nolli, sócio da Minas Cabo Telecomunicações, confirma a tendência de absorção das empresas médias pelos grandes. "Se tivermos uma boa proposta, vamos avaliá-la."

Licitações

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Segundo Ara Minassian, superintendente da Anatel, a demora no lançamento de novos editais deveu-se ao questionamento do TCU (Tribunal de Contas da União) sobre os critérios para a definição do preço mínimo das licenças.Em 2003, segundo ele, a Anatel fez uma licitação para a venda de concessões que foi questionada pelo TCU, em razão do grande percentual de ágio ofertado pelos concorrentes. A agência refez seus critérios fixos para definição dos preços mínimos, o que exigiu uma consulta pública em 2006.Minassian disse que os novos leilões seguirão as regras estabelecidas pela Lei da TV a Cabo, como a obrigatoriedade de maioria de capital nacional. As companhias telefônicas, segundo disse, poderão comprar licenças nas localidades em que não haja outro interessado, como previsto na lei.A Câmara dos Deputados discute um projeto de lei (PL 29) para eliminar as barreiras de entrada das teles no mercado de TV paga. Segundo Minassian, a agência não vai aguardar o término das discussões no

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Serviços - TV paga busca ampliar oferta de produtos: Para atrair público, operadoras investem em pacotes multimídia e avaliam projetos como tecnologia 3D

(Valor Econômico 12.08.2008 p. B2 Empresas)

Talita Moreira, de São Paulo

O mercado de televisão por assinatura nunca passou por um momento tão promissor no Brasil, com aumentos consistentes na base de clientes de TV e, principalmente, banda larga. Apesar disso, a adesão desses serviços na população continua baixa e desafia as empresas do setor a buscar alternativas para atrair novos consumidores.

Mesmo entre os brasileiros mais ricos, o avanço da TV paga enfrenta resistência. Segundo levantamento da empresa de pesquisas PTS, dos 15 milhões de domicílios das classes A e B no Brasil, 10,6 milhões deles não assinam pacotes de televisão, destacou o diretor-geral do instituto, Otavio Jardanovski. Ele apresentou os números ontem, durante congresso realizado pela Associação Brasileira de Televisão por Assinatura (ABTA).

Ainda assim, o topo da pirâmide representa 93,5% dos espectadores de televisão paga. A classe C, que passou a ser cobiçada pelas operadoras, contribui com 5% das assinaturas.

"Aumentar o número de assinantes não é simples. É preciso gerar valor nesse negócio, que requer que todo mês a pessoa tome a decisão de continuar pagando pelo serviço", afirmou o presidente da Net, José Félix.

Segundo a PTS, o país deve fechar este ano com 6,1 milhões de assinantes e alcançar 10,1 milhões em 2013. Se atingido, esse número representará 15% da população brasileira - na vizinha Argentina, a adesão já é de 60%.

Se as restrições orçamentárias dos brasileiros eram apontadas, até recentemente, como razão para justificar a limitada disseminação dos serviços de TV paga, a falta de conteúdos atrativos é, agora, vista como um grande obstáculo a ser vencido.

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"Grande parte da população das classes A e B não tem TV por assinatura porque não há uma programação suficientemente atraente", observou Jardanovski, da PTS.

É consenso entre os executivos das principais operadoras que o assinante de hoje não quer só televisão. Quer também banda larga para acessar os conteúdos multimídia - especialmente vídeos - que trafegam pela internet.

Nos últimos anos, as operadoras de TV foram buscar nas empresas de telefonia o suporte financeiro para reforçar investimentos e crescer. Foi assim com a Net, que passou a ter a Embratel como acionista, e com a TVA, que vendeu parte de seus ativos para a Telefónica. As teles, por sua vez, tinham interesse em entrar no setor para ampliar seu leque de serviços.

Capitalizadas, as prestadoras de TV agora buscam modelos de negócios que contemplem a demanda por conteúdos multimídia. A TVA aposta na parceria com a Telefónica para oferecer mais tecnologia. Nos próximos meses, a operadora testará, entre outros produtos, a televisão em 3D desenvolvida pelo grupo espanhol. Oferecer vídeos no celular é outro projeto da companhia. "Isso significa mais investimentos", afirmou a presidente da TVA, Leila Lória.

O presidente da Sky, Luiz Eduardo Baptista, defendeu o estabelecimento de parcerias comerciais para que as operadoras possam entregar o acesso e os conteúdos desejados pelos consumidores. A empresa tem acordos com Oi, Brasil Telecom e TIM para a distribuição de seus pacotes. "Parcerias são cada vez mais importantes. Não há dinheiro suficiente para bancar toda essa inovação tecnológica", ponderou.

Fazer aquisições é outra estratégia das empresas do setor. A Sky aguarda o aval da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) para concluir a compra da Itsa, que atua em 12 cidades. Com essa empresa, que tem rede no padrão MMDS (microondas), a Sky poderá oferecer a seus clientes o acesso à banda larga - algo que hoje, por restrições tecnológicas, a operadora de satélite não consegue fazer.

Félix, da Net, também destacou que a empresa tem analisado possíveis aquisições. A operadora estaria mantendo negociações com os controladores da TV Cidade. "Para crescer e se tornar um grande jogador, é preciso pensar em novas geografias", disse. Segundo ele, a consolidação entre as empresas do setor vai continuar acontecendo porque "muitos prestadores estão mal e, se não fizerem isso, vão quebrar".

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TRABALHISTA E PREVIDENCIÁRIO

União também será afetada por rigor em Previdência (Valor Econômico 12.08.2008 p. A5 Brasil)

Mônica Izaguirre, de Brasília

A portaria ministerial que exigirá mais rigor na apuração dos déficits previdenciários dos regimes próprios do setor público valerá inclusive para a União. A informação é de Helmut Schwarzer, titular da Secretaria de Políticas de Previdência Social do Ministério da Previdência (SPS). No seu entendimento, não faria sentido o governo federal impor aos Estados e municípios regras que ele próprio não pretendesse seguir.

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Entre as mudanças previstas na portaria, que deve sair em setembro, está a obrigatoriedade de adoção de uma tábua biométrica mais atual para estimar a expectativa de vida dos servidores públicos e de um regime de capitalização (acumulação de reservas) pelo menos para os funcionários mais recentes. Atualmente, a União não dispõe de uma reserva específica para pagar seus inativos. As aposentadorias e pensões já concedidas são pagas com a receita das contribuições (patronais e do empregado) relativas a todos os servidores, inclusive dos atuais ativos. Quando essa receita é insuficiente, o que sempre acontece, o Tesouro Nacional completa com recursos de outras fontes (tributos basicamente).

Mesmo considerando o fluxo futuro de contribuições, a adoção imediata de um regime de capitalização exigiria da União um desembolso de R$ 425,05 bilhões só para formar as reservas necessárias ao equilíbrio do regime previdenciário de seus servidores civis. Essa foi a cifra informada ao Congresso no envio do projeto da Lei de Diretrizes Orçamentárias de 2009, já aprovada. Sozinho, portanto, o regime previdenciário dos servidores civis da União tem um déficit atuarial equivalente à soma dos regimes de quase todos os Estados.

A portaria em discussão exige dos entes federados um plano de amortização do déficit em, no máximo, 35 anos. Conforme Schwarzer, no caso da União, o governo federal vai usar outra possibilidade também prevista na portaria: a formação de um fundo de capitalização só para servidores novos. Os antigos ficarão num fundo financeiro, cujo déficit será coberto pelo Tesouro na medida do necessário.

A segregação "entre massa velha e massa nova" de servidores, diz ele, depende de um projeto de lei federal ainda a ser encaminhado ao Congresso. O secretário acredita que o projeto será apresentado este ano. A intenção é colocar no fundo previdenciário (de capitalização) somente servidores que entrarem depois de reformulado o regime atual e de criado um regime complementar, para o pagamento de aposentadorias superiores ao benefício-teto do Instituto Nacional de Seguro Social (INSS), hoje cerca de R$ 3 mil.

O projeto que cria o fundo de previdência complementar dos servidores civis federais já está tramitando. Falta o projeto que reformula o regime atual. Uma vez reformulado, o regime próprio só cobrirá, no caso dos novos servidores, benefícios até o valor do teto do INSS. Por isso foi proposto também um regime complementar, para o qual as contribuições da União serão limitadas a 7,5%. Para o regime básico a contribuição patronal deverá ficar em 22%, tanto para o fundo financeiro quanto para o fundo previdenciário, que será em regime de capitalização.

A falta de um regime de capitalização (de não-acumulação da receita de contribuições no passado) não é o único motivo que gerou déficit nos regimes previdenciários do setor público. Houve também insuficiência no recolhimento de contribuições. Em 1988, a Constituição transformou em estatutários servidores que até então sequer contribuíam para o regime da União, lembra Schwarzer. Além disso, a alíquota de 11% hoje cobrada dos servidores só começou a ser aplicada pela União em 1993. E no caso dos Estados e municípios, acrescenta o secretário, a obrigatoriedade de cobrança de um mínimo de 11% só veio em 1998.

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Súmula 27 do TRT: concessão parcial de intervalo gera direito a uma hora extra diária(TRT/MG – 12.08.2008)

A 5ª Turma do TRT-MG, aplicando a Súmula 27 deste Tribunal, negou provimento ao recurso de uma empresa, condenada ao pagamento integral do intervalo para refeição e descanso ao reclamante, que exercia a função de motorista e tinha direito a pausa mínima uma hora, já que a sua jornada diária era superior a seis horas.

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Ao contestar a ação, a reclamada alegou que o empregado, na função de motorista, realizava serviço externo, não sujeito à fiscalização. Afirmou, ainda, que as horas extras prestadas pelo reclamante foram devidamente pagas ou compensadas. A desembargadora relatora do recurso, Lucilde D’Ajuda Lyra de Almeida, explica que o fato de o reclamante prestar serviço externo não torna impossível a fiscalização do horário, cabendo à reclamada produzir a prova de que o intervalo era efetivamente gozado, o que não foi feito.

A relatora citou a Súmula 27 do TRT-MG, pela qual a concessão parcial do intervalo intrajornada mínimo gera para o empregado o direito ao pagamento, como extra, da integralidade do período destinado ao repouso e alimentação, nos termos do parágrafo 4º do artigo 71 da CLT e da Orientação Jurisprudencial nº 307 da SBDI-I/TST. Nesse contexto, está descartado o argumento de que o reclamante faz jus apenas ao tempo não usufruído, uma vez que o §4º do artigo 71 da CLT determina que a não concessão do intervalo intrajornada implica na remuneração de todo o período com um acréscimo de 50% sobre o valor da hora normal de trabalho.

Com base nesses fundamentos, a Turma negou provimento ao recurso da reclamada, que deverá pagar, como extra, uma hora diária a título de intervalo intrajornada, acrescido do adicional de 50%, previsto nas normas coletivas.

(RO nº 01018-2007-025-03-00-3)

http://as1.trt3.jus.br/pls/noticias/no_noticias.Exibe_Noticia?p_cod_area_noticia=ACS&p_cod_noticia=1881

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TRT defere indenização por dano moral a gerente de banco seqüestrado (12/08/2008)(TRT/MG – 12.08.2008)

A 4ª Turma do TRT-MG, com base em voto da lavra do desembargador Luiz Otávio Linhares Renault, deferiu indenização por danos morais a um gerente de agência do Banco do Brasil, vítima de seqüestro, juntamente com sua família, ao chegar em casa, após o trabalho, tendo ficado toda a noite sob a mira dos bandidos, sofrendo ameaças de morte. E com um agravante: os reféns ficaram separados, de modo que um não sabia o que se passava com o outro. Pela manhã, o reclamante foi obrigado a conduzir os seqüestradores à agência onde trabalhava, tendo sua esposa permanecido no cativeiro, até que se consumasse o crime planejado.No entender do desembargador, embora o banco tenha disponibilizado todo o dinheiro exigido pelos assaltantes para a libertação do empregado e de sua família, é cabível ainda uma indenização para minorar os efeitos danosos causados ao obreiro e às demais pessoas vítimas do seqüestro. Para ele, não restam dúvidas de que o incidente danoso decorreu da relação de trabalho, já que o reclamante só sofreu o seqüestro porque exercia a função de gerente da agência bancária e tinha acesso facilitado às dependências onde ficava guardado o dinheiro. “Assim, ainda que o reclamado não tenha tido participação direta no sinistro, agiu com culpa, por menor que tenha sido o seu grau, mas que se intensifica a medida que se aplica a teoria do risco, como tal prevista no parágrafo único do artigo 927 do Código Civil, amplamente recepcionado pelo Direito do Trabalho, por força do princípio da norma mais benéfica” – pontua o relator.A culpa do banco decorre do fato de que, sabendo que as agências bancárias são alvo constante de assaltos, o empregador deveria oferecer mais segurança a certos empregados, como os gerentes, que possuem livre acesso ao cofre da agência e costumam deter informações sigilosas do Banco. “Garantir a

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segurança, a integridade física e mental do empregado, é obrigação do empregador, constituindo-se até cláusula contratual implícita, pois se ele se cerca do cuidado de manter o cofre onde é depositado o dinheiro fechado sob sete chaves, e pesada guarda, deveria também se preocupar um pouco com a segurança dos trabalhadores, que vêm a cada dia sendo mais e mais alvo de criminosos” – destaca, observando que, embora a segurança pública seja dever do Estado, o artigo 144 da CF/88 atribui tal responsabilidade a todos, devendo-se atentar para a obrigação do empregador de assumir os riscos do negócio e proporcionar segurança no trabalho, nos termos dos artigos 154 e seguintes da CLT, que devem ser interpretadas em seu sentido mais amplo. “Impõe-se uma re-leitura da legislação, levando-se em consideração o meio ambiente de trabalho nos sentidos estrito e amplo, a fim de alcançar espaços e situações para além do ambiente físico da prestação de serviços, visando com isso ampliar a proteção sobre a segurança física e psíquica do trabalhador sob os múltiplos aspectos” - esclarece.No caso, a obrigação do banco de garantir a integridade física e psíquica dos seus empregados durante a prestação de serviços foi tomada numa acepção mais ampla do que a estabelecida no art. 21, IV, d, da Lei 8.213/91, considerando que o evento se deu na casa do reclamante, mas em função do seu cargo de gerente bancário. “Não é tolerável que o direito à cidadania, à dignidade, à integridade física e mental, à segurança do trabalhador, seja agredido de forma tão violenta, sem que se impute responsabilidade a quem explora a atividade econômica e não diligenciou nenhuma medida para reduzir os riscos a esse tipo de violência” – finaliza, dando provimento ao recurso do reclamante para deferir a ele uma indenização por dano moral no valor de R$ 142.000,00.Vale conferir um trecho da antológica ementa do acórdão.

(RO nº 00285-2007-045-03-00-8)

http://as1.trt3.jus.br/pls/noticias/no_noticias.Exibe_Noticia?p_cod_area_noticia=ACS&p_cod_noticia=1880

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Obrigação de reparar dano por acidente de trabalho só existe quando demonstrado nexo de causalidade

(TRT/RS – 12.08.2008)

A obrigação de compensar somente pode existir quando demonstrado o nexo de causalidade entre o dano e o comportamento do agente.Com base nesse entendimento, os Desembargadores que integram a 4ª Turma do Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região (TRT-RS) negaram provimento ao recurso interposto por trabalhador que perdeu a visão do olho direito ao operar máquina motoniveladora. O trabalhador buscava indenização do Município de Santa Cruz do Sul por danos material, estético e moral, bem como assistência médica psiquiátrica em razão do acidente de trabalho. No antigo Código Civil Brasileiro, a caracterização do dano estava ligada somente à ação culposa ou dolosa do agente, sendo exceção os casos de responsabilidade sem culpa. Já o novo Código Civil prevê a possibilidade de reparação do dano, independentemente de culpa, nos termos do parágrafo único do art. 927. Ou seja: “nos casos previstos em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem”.No caso em questão, a lesão à integridade física do autor foi considerada incontroversa. No entanto, os Desembargadores mantiveram a o entendimento do Juízo de primeiro grau no sentido de culpa exclusiva da vítima. Segundo o relator do processo no TRT-RS, Desembargador Ricardo Tavares Gehling, “não há elementos para respaldar as alegações de descumprimento das normas de segurança pelo empregador”. Quando o processo estava sob jurisdição estadual, o perito do Departamento Médico Legal conclui não ser necessário o uso de óculos de proteção para operar máquina motoniveladora. Além

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disso, o próprio trabalhador lesionado informou ao perito médico a existência de vidro dianteiro no veículo. “A existência de vidro protetor dianteiro na motoniveladora era suficiente em termos de proteção do empregado-condutor, mormente considerando a velocidade reduzida do deslocamento, fato público e notório, não havendo necessidade de uso de óculos de proteção”, observa o relator. “Tenho por efetivamente caracterizado o fato da vítima e, também, a inexistência de culpa do empregador uma vez que o autor tinha plena ciência das medidas necessárias à execução das tarefas profissionais contratadas.” Assim, “trata-se de fato exclusivo da vítima, causa excludente de nexo de causalidade.” (RO 00238-2006-732-04-00-9)

http://www.trt4.jus.br/portal/portal/trt4/comunicacao/infonoticia/InfoNoticiaWindow?cod=51350&action=2&destaque=false

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Previdenciário: A Aposentadoria Especial(Carta Forense – Ago./2008 p.16)

Dentre os muitos institutos controversos debatidos pelos operadores do Direito Previdenciário, a Aposentadoria Especial representa, talvez, um dos mais tormentosos, em especial devido às numerosas alterações legislativas a que esteve sujeito nos últimos anos. A profusão de indefinições que reina no trato do assunto torna proveitosa, neste espaço, uma breve resenha acerca deste benefício previdenciário.

A Aposentadoria Especial encontra-se atualmente regulamentada nos artigos 57 e 58 da Lei nº. 8.213/91 (Lei Básica da Previdência Social), com inúmeros outros dispositivos a ela atinentes espalhados pela legislação ordinária e infraordinária. Não obstante seu tratamento devesse ser objeto de Lei Complementar, por força do artigo 201, § 1º, da Constituição Federal, a Emenda Constitucional nº. 20/98, que introduziu a menção do benefício em sede constitucional, expressamente prevê, em seu artigo 15, a manutenção da vigência dos dispositivos da Lei nº. 8.213/91, até que se ultimasse a edição do diploma legislativo adequado.

Trata-se de um benefício especial, autônomo, que não guarda relação de continência com nenhuma outra modalidade de aposentadoria. Não se confunde, assim, como querem autores da lavra do eminente Wladimir Novaes Martinez (Martinez, W. N. Comentários à Lei Básica da Previdência Social, Tomo II, 7ª ed., LTr, São Paulo, 2006, p. 374), com a Aposentadoria por Tempo de Contribuição.

A Aposentadoria Especial é modalidade de benefício concedido nas hipóteses de trabalhos nocivos, em que o segurado se encontra sujeito a agentes químicos, físicos ou biológicos que ofendam sua integridade física ou sua saúde. Dependendo da natureza da nocividade do ofício do segurado, os tempos mínimos de contribuição variam entre 15 (quinze), 20 (vinte) ou 25 (vinte e cinco) anos. Neste ponto reside a primeira distinção entre Aposentadoria Especial e Aposentadoria por Tempo de Contribuição, eis que, nesta, o prazo de contribuição é, em regra, de 35 (trinta e cinco) anos para homens e 30 (trinta) anos para mulheres.

A exposição a agentes nocivos à saúde ou à integridade física do segurado, para fruição da Aposentadoria Especial, deve obedecer a algumas condições. Inicialmente, necessário se faz que a nocividade do trabalho não seja intermitente ou esporádica. Isso não significa que o trabalhador deva estar exposto aos agentes lesivos durante toda a jornada de trabalho, mas implica, sim, na necessidade de ele trabalhar diuturnamente nestas condições especiais. Ademais, é imprescindível que a exposição a

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ambiente pernicioso possa, de fato, redundar em prejuízos ao agente. Não mais se concebe, desde a promulgação da Lei nº. 9.032/95, a presunção absoluta dos danos a partir da constatação de pertencer o trabalhador a determinada categoria profissional. Necessário se faz, ao contrário, que o segurado comprove a nocividade das condições de trabalho a que estava subordinado. Não se que dizer com isso, no entanto, que a utilização eficaz dos equipamentos de segurança previstos em lei possa obstar a concessão de Aposentadoria Especial, haja vista que o correto fornecimento destes e a fiscalização de sua utilização, por parte do empregador, não resulta na extinção de toda a periculosidade imanente ao ofício.

A qualificação do tipo de trabalho desenvolvido pelo segurado, característica da Aposentadoria Especial, também afasta este benefício da Aposentadoria por Tempo de Contribuição, uma vez que esta última se aplica a qualquer pessoa, independente da atividade profissional exercida. A Aposentadoria Especial, assim, não se aplica a todos os segurados, mas apenas a alguns dos segurados obrigatórios - não se incluem dentre os beneficiários da Aposentadoria Especial os facultativos e os domésticos, por exemplo.

A Aposentadoria Especial, em tal diapasão, também se distingue da Aposentadoria por Invalidez, uma vez que a primeira tem caráter preventivo, ao passo que a segunda realiza uma tarefa reparadora. O aposentado especial pode exercer qualquer outra atividade que não o submeta ao ambiente insalubre a que se sujeitava (o desligamento do emprego nocivo à saúde ou à integridade física é condição para o pagamento do benefício), enquanto ao aposentado inválido não é lícito realizar mais nenhuma espécie de ofício, sob pena de cessação da aposentadoria.

Outro ponto merecedor de destaque e que aclara a natureza específica da Aposentadoria Especial tange à inaplicabilidade do fator previdenciário no cálculo dos benefícios. Ainda que este índice esteja em vias de extinção, conforme projeto de lei em trâmite avançado no Congresso Nacional, ainda hoje ele é aplicado ao cômputo das demais espécies de aposentadorias.

Por derradeiro, cumpre salientar ainda que a Aposentadoria Especial, por força de ser benefício exclusivamente destinado a segurados atuantes em ambientes prejudiciais à saúde e à integridade física, é custeada por meio de contribuição especial, ligada ao Seguro de Acidente de Trabalho, devida pelo empregador segundo alíquotas variáveis de 6% (seis por cento), 9% (nove por cento) ou 12% (doze por cento), incidentes sobre a remuneração do segurado e aplicáveis, respectivamente, aos casos em que os períodos mínimos de contribuição sejam de 25 (vinte e cinco), 20 (vinte) ou 15 (quinze) anos.

http://www.cartaforense.com.br/Materia.aspx?id=2135

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Direito Social: Base de cálculo do adicional de insalubridade(Carta Forense – Ago./2008 p.06)

A Orientação Jurisprudencial n.º 2 da SDI do TST mostrava que a base de cálculo do adicional de insalubridade, mesmo na vigência da Constituição de 1988, é o salário mínimo. A Súmula 228 do TST esclarecia que o adicional de insalubridade incide sobre o salário mínimo.

A Lei n.º 6.514, de 22 de dezembro de 1977, deu nova redação ao artigo 192 da CLT, prevendo o cálculo do adicional de insalubridade no porcentual de 10, 20 ou 40% sobre o salário mínimo, conforme o grau de insalubridade.

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Instituiu o Decreto-lei n.º 2.351, de 7 de agosto de 1987, o piso nacional de salários e o salário mínimo de referência. O primeiro foi criado como contraprestação mínima devida e paga diretamente pelo empregador, como tal definido na CLT"(art. 1.º) a todo empregado, sendo nula sua vinculação para qualquer fim (art. 3.º). O salário mínimo de referência exerceu a função de parâmetro anteriormente atribuída ao salário mínimo (§1.º do art. 2.º), servindo de base de cálculo para a obrigação legal (inciso II do art. 4.º) do pagamento do adicional de insalubridade.

Declara o inciso IV, do artigo 7.º do Estatuto Supremo que é "vedada a vinculação do salário mínimo para qualquer fim". Objetiva o constituinte que o salário mínimo não seja um indexador para reajustes de preços, de aluguéis, etc. A vinculação do salário mínimo é apenas para alimentação, moradia, saúde, vestuário, educação, lazer, higiene, transporte e previdência social. Não pode, portanto, haver a vinculação do salário mínimo para qualquer outro fim, dos previstos na própria Lei Ápice. Mesmo assim, permaneceu em vigor o Decreto-lei n.º 2.351/87, com o conceito de piso nacional de salários (que seria o salário mínimo previsto na Norma Ápice) e o salário mínimo de referência. O Decreto-lei n.º 2.351/87 nada mais foi do que um antecedente legislativo do inciso IV do artigo 7.º da Lex Fundamentalis, estando vedada a vinculação do salário mínimo para qualquer fim.

Somente os benefícios de prestação continuada é que ficaram vinculados ao salário mínimo, enquanto não implantado o novo plano de custeio e benefícios, na forma do artigo 58 do ADCT, assim como garantiu-se tal salário à pessoa portadora de deficiência e ao idoso que comprovem não possuir meios de prover a própria subsistência (art. 203, V, da Constituição).

Determinou o artigo 5.º da Lei n.º 7.789, de 3 de julho de 1989, que a partir da publicação daquela norma deixavam de existir o piso nacional de salários e o salário mínimo de referência, vigorando apenas o salário mínimo. Com isso, não se quer dizer que o cálculo do adicional de insalubridade voltou a ser feito com base no salário mínimo, em face da derrogação de parte do artigo 192 da CLT pelo Decreto-lei n.º 2.351/87 e pelo inciso IV, do artigo 7.º da Lei Magna.

Não se pode entender também que deixou de existir base de cálculo para o adicional de insalubridade, pois o obreiro que presta serviços em atividade insalubre deve receber um valor correspondente para tanto. O valor a ser pago a título de adicional de insalubridade a partir de julho de 1989 deve ser o mesmo que vinha sendo pago ao obreiro, ou que deveria ser-lhe pago com base no último salário mínimo de referência, inclusive para aquelas pessoas que iniciaram a prestação de serviços a partir de 4 de julho de 1989. Tal valor será pago até setembro de 1989, porque a Lei n.º 7.843 somente entrou em vigor em outubro de 1989, conforme veremos adiante. Por uma questão de eqüidade (art. 8.º da CLT), entendo que deva ser pago o adicional de insalubridade sobre o valor que vinha sendo pago ao obreiro, ou que deveria ser-lhe pago, até o mês de setembro de 1989, sem qualquer correção, utilizando-se como cálculo o último salário mínimo de referência, à falta de outro critério.

Em 31 de julho de 1989 foi editada a Medida Provisória n.º 75, esclarecendo que os valores expressos em quantidade de salários mínimos de referência seriam calculados na base do Bônus do Tesouro Nacional (BTN), na proporcionalidade de 40 BTN's para cada salário mínimo de referência (art. 2.º). A referida medida provisória não foi convertida em lei, não produzindo quaisquer efeitos, nem o Congresso Nacional disciplinou as relações jurídicas dela decorrentes (parágrafo único do artigo 62 da Constituição).

A Medida Provisória n.º 83, de 31 de agosto de 1989, em seu artigo 2.º, repetiu o mesmo texto da Medida Provisória n.º 75/89. Da mesma forma que a Medida Provisória n.º 75, a Medida Provisória n.º 83 não foi convertida em lei, nem foram disciplinadas as relações jurídicas dela decorrentes.

Passou o artigo 2.º da Lei n.º 7.843, de 18 de outubro de 1989, a prever que cada salário mínimo de referência representaria 40 BTN's, que é o cálculo a ser adotado para o adicional de insalubridade a partir de outubro de 1989.

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Com a extinção do BTN e a criação da taxa referencial pela Lei n.º 8.177/91, o BTN deve ser atualizado até 1.º de fevereiro de 1991 (no valor de 126,8621) e depois corrigido pela TR mensalmente. Dessa forma, os 40 BTN's continuarão a servir de base de cálculo para o adicional de insalubridade, sendo corrigidos mensalmente pela taxa referencial.

O STF baixou a Súmula Vinculante nº 4, que estabelece: "Salvo os casos previstos na Constituição Federal, o salário mínimo não pode ser usado como indexador de base de cálculo de vantagem de servidor público ou de empregado, nem ser substituído por decisão judicial". Essa regra também tem de ser observada em relação ao adicional de insalubridade, que não pode ser calculado sobre o salário mínimo, pois se refere a empregado. Logo, foi derrogado o artigo 192 da CLT.

Em razão da Súmula Vinculante n.º 4 do STF o TST mudou a redação da Súmula 228, cancelou a Súmula 17 e a Orientação Jurisprudencial n.º 02 da SBDI-1 e suprimiu a parte final da Orientação Jurisprudencial n. 47 da SBDI-1 do TST.

A redação da Súmula 228 ficou assim: "a partir de 9 de maio de 2008, data da publicação da Súmula Vinculante n.º 4 do Supremo Tribunal Federal, o adicional de insalubridade será calculado sobre o salário básico, salvo critério mais vantajoso fixado em instrumento coletivo".

A Orientação Jurisprudencial 47 da SBDI-1 do TST ficou com a seguinte redação: HORA EXTRA. ADICIONAL DE INSALUBRIDADE. BASE DE CÁLCULO. A base de cálculo da hora extra é o resultado da soma do salário contratual mais o adicional de insalubridade.

Observa-se que a Súmula 228 do TST não tem precedentes da SBDI-1, em decorrência da decisão do STF de entender que o adicional de insalubridade não pode ser calculado sobre o salário mínimo. A SBDI-2 do TST adotava por analogia a base de cálculo do adicional de periculosidade.

A data 9 de maio de 2008 é a que foi publicada a Súmula Vinculante n.º 4 do STF. O TST vai aplicar a nova orientação a partir da referida data, visando evitar insegurança jurídica para o empregador que vinha adotando a tese do TST do cálculo do adicional de insalubridade sobre o salário mínimo. As empresas poderiam ficar com passivo trabalhista em razão de cumprirem a orientação do TST.

O adicional de insalubridade passa a ser calculado sobre o salário básico. É a aplicação por analogia (art. 8.º da CLT) da determinação relativa ao adicional de periculosidade, que também é calculado sobre o salário básico, sem acréscimo de outros adicionais (art. 193 da CLT e S. 191 do TST). Não há omissão na legislação para se aplicar analogia, pois poderia ser observado o critério do artigo 2.º da Lei n.º 7.843.

A norma coletiva pode fixar outro critério de base de cálculo do adicional de insalubridade, desde que seja mais favorável ao empregado. Não poderá fixar base de cálculo de valor inferior ao salário básico, pois será pior para o trabalhador.

http://www.cartaforense.com.br/Materia.aspx?id=2140

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TRIBUTÁRIO

Cofins - Base de cálculo leva empresas e governo a confronto direto: Recurso de empresa e ação do governo discutem constitucionalidade da inclusão do ICMS na base de cálculo da Cofins,

desde 2006(DCI 12.08.2008 p. B11 Legislação)

SÃO PAULO - O Supremo Tribunal Federal (STF) retoma, amanhã, a discussão sobre a inclusão ou não do ICMS na base de cálculo da Cofins. O julgamento vem se arrastando há anos e colocou empresas e governo, novamente, em lados opostos. De um, o recurso extraordinário que pede o fim da inclusão do tributo sobre o cálculo da contribuição social. Do outro, uma ação de constitucionalidade movida pela Presidência da República que pretende, ao ser aprovada, anular o recurso.

O Recurso Extraordinário 240.785 chegou ao STF em 1999, movido pela empresa Auto Americano, questionando a inclusão do ICMS na base de cálculo da Cofins. Após muitas idas e vindas, em 2006, quando o placar marcava 6 a 1 pela procedência do recurso, o então (apenas) ministro Gilmar Mendes pediu vista e interrompeu o julgamento por praticamente dois anos.

Nesse período, aproveitando-se de sua prerrogativa e da nova composição do plenário do Supremo, a Presidência da República entrou com uma Ação Declaratória de Constitucionalidade (ADC 18) para que, uma vez declarada procedente, anule todos os recursos semelhantes ao da Auto Americano, distribuidora de peças de São Paulo, que inspirou diversas ações judiciais em curso na primeira instância.

Nesta quarta-feira, com a composição do plenário diferente dos idos de 2006 e com Gilmar Mendes na presidência, o Supremo deverá, conforme já decidido anteriormente, dar prioridade à discussão sobre a ADC.

José Carlos Mota Vergueiro, do escritório Velloza, Girotto e Lindenbojm Advogados Associados, acredita que o Supremo possa a chegar a um entendimento que não signifique vitória ou derrota total para as partes envolvidas. "Uma vez caracterizada a repercussão geral, o que é o caso, e que dará origem a uma súmula vinculante, a decisão deverá buscar amenizar o impacto tanto para as empresas como para o governo", explica.

Esse impacto é o principal argumento do governo para deter o recurso. De acordo com dados divulgados pelo advogado-geral da União, José Antonio Dias Toffoli, a arrecadação federal poderá sofrer um rombo anual de R$ 12 bilhões. Além disso, as ações pedindo a restituição dos valores pagos poderiam gerar um prejuízo de R$ 60 bilhões. Seria uma derrota tão significativa quanto foi a extinção da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF), no fim do ano passado.

Do outro lado do ringue, as Confederações Nacionais da Indústria (CNI), do Comércio (CNC) e do Transporte (CNT) contestam o argumento utilizando os próprios dados oficiais de quebra sucessiva de recorde de arrecadação fiscal.

Vergueiro acredita que a questão poderá ser decidida nos mesmos moldes da discussão sobre o prazo de cobrança das dívidas com o INSS. "Provavelmente, o STF deverá tender para propor o fim da inclusão do ICMS na base de cálculo a partir de agora. Por outro lado, para fins retroativos, apenas as empresas que já pediram a restituição judicialmente é que terão o pedido aceito. Aquelas que não acionaram a Justiça, perdem o direito de fazê-lo", supõe o advogado.

Apesar de ser considerada uma vitória parcial do governo, o julgamento da ADC poderá ter um final inesperado. "Acredito que o Supremo tenda a favorecer os contribuintes, mantendo os votos já determinados, inclusive por ministros que já não compõem mais o plenário do Supremo", afirma Vergueiro.

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Oito ministros já entenderam que a Ação Direta de Constitucionalidade deve ser analisada e apenas o ministro Marco Aurélio se manifestou pelo arquivamento da ação, antes de pedir vista do processo.

Segundo o advogado Maurício Faro, do Barbosa, Müssnich & Aragão (BM&A), a decisão de priorizar a ação do Governo não foi favorável aos contribuintes. "A ação em curso já tinha maioria a favor da empresa e nesta Ação Declaratória não sabemos como será, já que o ministro Sepúlveda Pertence se aposentou e o voto de Menezes Direito, que entrou no seu lugar, ainda não foi apresentado. Além disso, sabemos que há uma grande pressão política para que o argumento seja rejeitado"

O tributarista Celso Meira Junior, da Martinelli Advocacia Empresarial, ficou surpreso com a tendência em aceitar a análise da Ação Declaratória. "Mais uma vez a União utiliza-se de manobras processuais ao vislumbrar uma derrota", declarou.

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Cofins de inadimplência é tema de 'repercussão' (Valor Econômico 12.08.2008 p. E2 Legislação & Tributos)

Laura Ignacio, De São Paulo

Empresas de telefonia, televisão a cabo, energia e outros setores que costumam enfrentar altos índices de inadimplência poderão arcar com uma menor carga tributária em relação ao PIS e à Cofins. O Supremo Tribunal Federal (STF) vai julgar como caso de repercussão geral a constitucionalidade da inclusão da receita faturada, mas que não entrou no caixa da empresa, na base de cálculo de ambos tributos. A decisão que deu ao tema status de repercussão geral foi proferida em um recurso de uma rede de supermercados.

Segundo o advogado Rafael Pandolfo, do escritório Rafael Pandolfo Advogados Associados, que representa a rede de supermercados na ação, a decisão, se favorável às empresas, vai causar impacto àquelas que são tributadas pelo lucro real ou que são tributadas pelo lucro presumido com base no regime de competência. "Nesses casos há presunção de receita por emissão de fatura, mas o pagamento não ocorre", diz.

No recurso, Pandolfo argumentou com base em um artigo da Constituição Federal que impõe que o contribuinte deve pagar tributo sobre fato gerador que for ocorrer posteriormente, mas que deve ser assegurada a restituição desse tributo, caso não se realize o fato presumido. "Além disso, a legislação que regula o Imposto de Renda admite que valores considerados como receita que posteriormente não são pagos, e há como se provar o não recebimento, mesmo após cobrança, sejam registrados como despesa", alega o advogado.

Para o tributarista Paulo Sigaud, do escritório Felsberg Advogados, é inconcebível que uma empresa que não recebeu o valor da fatura emitida deva pagar tributo sobre essa receita. "No escritório temos decisões do Tribunal Regional Federal (TRF) da 3ª Região e da 5ª Região a favor de empresas. Mas nenhuma decisão havia chegado ao Supremo, muito menos como repercussão geral", afirma o advogado. Sigaud diz que a decisão será um relevante precedente para empresas que lidam diretamente com o consumidor final.

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Em uma decisão da desembargadora federal Maria do Carmo Cardoso, da oitava turma do TRF da 1ª região, ela declarou que os valores escriturados das vendas de serviços, sob o regime contábil de competência, apurados com base em presunção de receita, mas que não ingressaram nos cofres do contribuinte por inadimplência, "não configuram a hipótese legal, uma vez que não há receita auferida", de acordo com a legislação que regulamenta o PIS e a Cofins.

O Superior Tribunal de Justiça (STJ) também já julgou o tema. A corte foi contrária à exclusão da receita inadimplida da base de cálculo do PIS e da Cofins. Em um dos recursos julgados pelo tribunal, o ministro Luiz Fux, com base na Lei nº 9.718, de 1998, decidiu que não seria lícito o contribuinte repassar o ônus da inadimplência de um terceiro ao fisco. "Por isso, tão importante quanto a questão ter sido declarada de repercussão geral é o reconhecimento de que o tema em debate é de natureza constitucional", explica Pandolfo.

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Regularidade fiscal: É inconstitucional discriminar empresas devedoras(Conjur – 12.08.2008)

por Paulo Nadir Rosa de Moura

Muitos contribuintes não puderam aderir ao Simples Nacional porque a legislação veda o ingresso nesse regime às microempresas e às empresas de pequeno porte que possuam débitos sem exigibilidade suspensa. Ofende, todavia, à Constituição Federal de 1988 a exigência de regularidade fiscal para a adesão.

Isso porque a Constituição de 1988 tem por princípio de ordem econômica o tratamento favorecido para as empresas de pequeno porte constituídas sob as leis brasileiras e que tenham sua sede e administração no país. E mais, determina que a União, o Distrito Federal, os Estados e os municípios dispensem a tais empresas um tratamento jurídico diferenciado, visando a incentivá-las pela simplificação de suas obrigações tributárias ou pela eliminação ou redução destas por meio de lei.

Já no que tange ao Sistema Tributário Nacional, a Constituição diz caber à lei complementar o estabelecimento de normas gerais em matéria tributária, especialmente sobre definição de “tratamento diferenciado e favorecido” a essas empresas.

Não poderia, portanto, a Lei Complementar 123/06 — instituidora do Estatuto Nacional da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte e do Simples Nacional — ter afrontado a Constituição vigente ao criar esse impeditivo de adesão ao sistema que deve obrigatoriamente ser privilegiado.

A exigência é claramente inconstitucional, pois a Constituição não previu um tratamento tributário especial apenas às pequenas empresas sem débitos fiscais ou que tenham débitos com exigibilidade suspensa, numa das formas previstas no Código Tributário Nacional.

Ora, ao adotar esse desproporcional critério de discriminação, a LC 123/06 mostrou-se muito severa, porquanto é perfeitamente normal que as empresas possam passar por dificuldades financeiras e, em conseqüência, ficar inadimplentes com suas obrigações tributárias.

Com efeito, há de se considerar o Princípio da Proporcionalidade no exame desse dispositivo restritivo, uma vez que não se pode olvidar que a Constituição buscou justamente dar condições especiais de

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desenvolvimento às microempresas e empresas de pequeno porte, pois elas são fortes geradoras de emprego e renda, constituindo a base de sustentação da economia brasileira.

Da forma como foi editada a LC 123/06, as pequenas empresas devedoras ao fisco estão coagidas a regularizar seus débitos tributários, sob pena de terem de arcar com uma carga tributária mais pesada, dentro do regime geral a que os demais contribuintes estão sujeitos.

Vale lembrar ainda o fato de o fisco já dispor de uma força legal de coerção para a cobrança dos débitos dos contribuintes.

Enfim, a LC 123/06 infringe princípios de ordens econômica e tributária ao exigir a regularidade fiscal como condição para aderir ao Simples Nacional, mormente quando se pondera o meio utilizado por essa norma e o fim pretendido pela Constituição.

http://www.conjur.com.br/static/text/68879,1

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Direito Tributário: Decadência e prescrição tributárias(Carta Forense – Ago./2008 p.18)

Andrei Pitten Velloso

Juiz Federal na 4ª Região, Doutorando em Direitos e Garantias do Contribuinte pela Universidade de Salamanca (Espanha), Mestre em Direito Tributário pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS - e Professor de Direito Tributário na Escola Superior da Magistratura Federal do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina. Ex-Procurador da República. Membro do Comitato di Redazione da Rivista di Diritto Tributario (Giuffrè) e do Instituto de Estudos Tributários (IET). Autor da Editora Atlas. A Constituição Federal reserva à lei complementar "estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária" (art. 146, III), gênero no qual se inserem, sem dúvida alguma, as atinentes à decadência e à prescrição. Portanto, o constituinte não necessitaria referir-se diretamente a tais institutos a fim de reservar a sua regulação à lei complementar; no entanto, para acautelar-se contra possíveis interpretações divergentes, resolveu fazê-lo, dispondo expressamente na alínea b do art. 146, III, que, dentre as normas gerais em matéria tributária, estão inseridas aquelas concernentes à "prescrição e decadência" tributárias.

Pois bem, como expusemos alhures, "quanto à prescrição e à decadência, uma das principais tarefas da lei complementar é estabelecer os seus prazos, de modo a uniformizar a legislação tributária no País, simplificando-a. O Direito Tributário representaria um verdadeiro tormento para os contribuintes se fosse permitida a criação de prazos de decadência e prescrição diferenciados em cada um dos Estados e dos Municípios, visto que há mais de cinco mil entes federados"[1].

Ocorre que o legislador ordinário resolveu imiscuir-se em seara alheia, excepcionando o regramento estabelecido pelo Código Tributário Nacional (Lei 5.172/66), que foi editado quando ainda não havia a reserva em questão e teve suas normas gerais recepcionadas pela Constituição de 1988 com status de lei complementar. Noutras palavras, dispôs sobre matéria de lei complementar, em manifesta contrariedade à Lei Maior. Fê-lo ao editar os artigos 45 e 46 da Lei 8.212/91, que duplicaram, para as

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contribuições de seguridade social, os prazos estipulados nos arts. 173 e 174 do CTN. A inconstitucionalidade, que havíamos denunciado em mais de uma oportunidade[2], foi pronunciada pelo Plenário do STF no julgamento do RE 560.626, em decisão com efeitos parcialmente "modulados", para se obstar a restituição do indébito pelos contribuintes que haviam pago tributos caducos ou prescritos sem discuti-los[3].

Nesse precedente reconheceu-se, outrossim, que dita reserva plena de lei complementar já existia sob a égide da Constituição de 1969, mesmo que esta, ao tratar da matéria, não se referisse expressamente aos institutos da decadência e da prescrição, limitando-se a prescrever que a lei complementar, além de dispor sobre conflitos de competência e regular as limitações constitucionais ao poder de tributar, deveria estabelecer "normas gerais de direito tributário" (art. 18, §1º). Por tal razão, declarou-se a inconstitucionalidade do art. 5º, parágrafo único, do Decreto-Lei 1.569/77, que criava hipótese de suspensão da prescrição tributária, com respeito a créditos de "comprovada inexeqüibilidade e de reduzido valor".

Para cristalizar esse entendimento, o STF editou a Súmula Vinculante 8, redigida nestes termos: "São inconstitucionais o parágrafo único do artigo 5º do Decreto-lei 1.569/77 e os artigos 45 e 46 da Lei 8.212/91, que tratam de prescrição e decadência de crédito tributário".

As premissas que sustentaram a edição dessa súmula têm um significado que transcende os casos aos quais se aplica. Deveras, levam à inconstitucionalidade, por violação à reserva do art. 18, §1º, da CF/69, de relevantes preceitos da Lei de Execuções Fiscais (Lei 6.830/80), os quais determinaram que: a) a inscrição do débito em dívida ativa suspenderá o curso da prescrição até a distribuição da execução fiscal, limitada a suspensão a 180 dias (art. 2º, §3º); b) o despacho que ordena a citação interrompe a prescrição (art. 8, §2º), em contrariedade ao marco interruptivo consagrado pelo CTN, que consistia na efetivação da citação (art. 174, parágrafo único, I)[4]; c) não correrá prescrição quando o Juiz determinar a suspensão da execução, pelo prazo de um ano, por não se ter encontrado o devedor ou bens sobre os quais possa recair a penhora (art. 40, caput, da LEF).

Essa decisão aplica-se tanto às execuções fiscais a serem ajuizadas quanto àquelas em curso, tendo em vista que a limitação dos seus efeitos retroativos não alcança os créditos tributários inadimplidos, mas tão-somente aqueles já pagos. Desse modo, ainda que o STF, ao pronunciar a inconstitucionalidade dos dispositivos da LEF, proceda à "modulação" dos efeitos da sua decisão nos moldes da proferida no RE 560.626, haver-se-á de declarar a prescrição do crédito em inúmeras execuções fiscais. E, caso o Pretório Excelso admita a manifesta contrariedade de tal limitação à Lei Maior, terão direito à repetição do indébito todos os contribuintes que pagaram créditos já prescritos à luz da legítima regulação do Código Tributário Nacional - mesmo que, quando realizaram o pagamento, ainda não tivesse se operado a prescrição segundo a inconstitucional sistemática da LEF.

[1] A. VELLOSO. Constituição tributária interpretada. São Paulo: Atlas, 2007, p. 67.[2] Ibidem, p. 68; VELLOSO, Andrei Pitten; ROCHA, Daniel Machado da; BALTAZAR JÚNIOR, José Paulo. Comentários à Lei do Custeio da Seguridade Social. Porto Alegre, 2005, p. 300 ss.[3] STF, Pleno, RE 560.626, rel. Min. Gilmar Mendes, j. em 11 e 12.6.2008. Sobre a ilegitimidade constitucional dessa "modulação" de efeitos, vide este nosso artigo: A outorga de efeitos a leis tributárias inconstitucionais, Carta Forense, n. 62, julho de 2008, p. 20.[4] Entretanto, não se deve olvidar que, em 2005, o Código Tributário Nacional foi modificado legitimamente pela Lei Complementar 118/05, a qual estabeleceu como marco interruptivo da prescrição o despacho do juiz que ordenar a citação em execução fiscal.

http://www.cartaforense.com.br/Materia.aspx?id=2133

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