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Doação e transplante de órgãos e tecidos Clotilde Druck Garcia • Japão Dröse Pereira • Valter Duro Garcia Doação e transplante de órgãos e tecidos Clotilde Druck Garcia Japão Dröse Pereira Valter Duro Garcia Clotilde Druck Garcia, Japão Dröse Pereira e Valter Duro Garcia assinam como coordenadores/editores de Doação e Transplante de Órgãos e Tecidos, uma edição primorosa a respeito de todo o universo das doações e transplantes desde o primeiro registro. Esse assunto traz, frequentemente, um ar de magia, muitas vezes até de superstição e temores. Já foi assunto da mitolo- gia, como também de algumas lendas e temas de filmes e de muita literatura. O leitor pode fazer uma viagem instrutiva pela história dos transplantes, seus precursores, todas as técnicas já utilizadas, fracassos e os sucessos dos dias atuais. Este livro contempla textos instrutivos a respeito da teoria da doação e do transplante, como os aspectos educativos, psi- cológicos, jurídicos, emocionais e religiosos, antes de abordar cada tipo de transplante propriamente dito, não deixando de discutir a realidade dos transplantes no Brasil e o futuro. Material destinado a profissionais da saúde habilitados a prescrever ou dispensar medicamentos. 504735 - LIVRO GUIA DE TRANSPLANTES 2015 – Outubro 2015 20448 Livro Doacao de orgaos_CAPA.indd 1 29/09/2015 15:51:29

Clotilde Druck Garcia, Japão Dröse Pereira e Valter Duro ... · Santo Pascual Vitola, Elizete Keitel, Gabriel Ricardo Loesch Siebiger e Lucas Elias Lise Simoneti transplante de

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  • Doao e transplante de rgos e tecidos

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    Clotilde Druck Garcia, Japo Drse Pereira e Valter Duro Garcia assinam como coordenadores/editores de Doao e Transplante de rgos e Tecidos, uma edio primorosa a respeito de todo o universo das doaes e transplantes desde o primeiro registro.

    Esse assunto traz, frequentemente, um ar de magia, muitas vezes at de superstio e temores. J foi assunto da mitolo-gia, como tambm de algumas lendas e temas de filmes e de muita literatura.

    O leitor pode fazer uma viagem instrutiva pela histria dos transplantes, seus precursores, todas as tcnicas j utilizadas, fracassos e os sucessos dos dias atuais.

    Este livro contempla textos instrutivos a respeito da teoria da doao e do transplante, como os aspectos educativos, psi-colgicos, jurdicos, emocionais e religiosos, antes de abordar cada tipo de transplante propriamente dito, no deixando de discutir a realidade dos transplantes no Brasil e o futuro.

    Material destinado a profissionais da sade habilitados a prescrever ou dispensar medicamentos.

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  • Doao e transplante de rgos e tecidosCopyright 2015 Clotilde Druck Garcia, Japo Drse Pereira e Valter Duro Garcia

    Proibida a reproduo total ou parcial desta obra, por qualquer meio ou sistema, sem prvio consentimento dos editores.

    Todos os direitos desta edio esto reservados a Segmento Farma Editores Ltda.

    Dados Internacionais de Catalogao na Publicao (CIP)

    G216d GARCIA, Clotilde Druck (org.)

    Doao e transplante de rgos e tecidos / Organizadores Clotilde Druck Garcia, Japo Drse Pereira, Valter Duro Garcia. So Paulo : Segmento Farma, 2015.

    560 pp.

    ISBN 978-85-7900-090-4 Incluirefernciasbibliogrficas

    1. Transplante de rgos, tecidos etc. I. Pereira, Japo Drse (org.). II. Garcia, Valter Duro (org.). III. Ttulo.

    CDD 617.95

    ndice para catlogo sistemtico

    1. Transplantes: rgos : Tecidos 617.95

    Impresso no Brasil2015

    Rua Anseriz, 27, Campo Belo 04618-050 So Paulo, SP. Fone: 11 3093-3300www.segmentofarma.com.br [email protected]

    Diretor-geral: Idelcio D. Patricio Diretor executivo: Jorge Rangel Gerente editorial: Cristiane Mezzari Capa: Anastase Kyriakos Designer: Andrea T. H. Furushima Revisora: Glair Picolo Coimbra Produtor grfico: Fabio Rangel Cd. da publicao: 20448.09.2015

    O contedo desta obra de inteira responsabilidade de seu(s) autor(es). Este livro foi escrito por professores, colaboradores e alunos da Disciplina Doao e Transplante de rgos e Tecidos da Universidade Federal de Cincias da Sade de Porto Alegre (UFCSPA). Produzido por Segmento Farma Editores Ltda., em setembro de 2015.

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  • Sumrio

    Histria dos transplantes ........................................................................................1Valter Duro Garcia, Santo Pascual Vitola e Japo Drse Pereira

    recomendaes de nomenclatura no processo de doao e transplante ...........23Valter Duro Garcia e Gabriel Sartori Pacini

    Educao em doao e transplante.......................................................................31Clotilde Druck Garcia, Maristela Bohlke, Denise Marques Mota, Japo Drse Pereira, Bruna Brasil Dal Pupo, Jade Lazzeron Bertoglio e Matheus Henrique Gomes Zanon

    Liga de transplantes HDVS ....................................................................................37Clotilde Druck Garcia, Valter Duro Garcia, Jos Jesus Peixoto Camargo, Camilla Machado do Valle Pereira, Larissa Vargas Cruz e Marina Cornelli Girotto

    Situao atual dos transplantes no Brasil.............................................................43Valter Duro Garcia, Aline Werenicz, Giovana Onzi, Paula Bracco Andreghetto e Ronan Pereira

    importncia do processo doao-transplante ......................................................61Valter Duro Garcia, Adriane Peres Barboza, Gabriela Dallagnese, Isabel Cristina Wiener Stensmann, Juliane Ioppi, Lara Ruschel Trsel e Lgia Carolina Facin

    morte enceflica ....................................................................................................79Valter Duro Garcia, Srgio Roberto Haussen, Amanda Acauan de Aquino, Gabriel Sartori Pacini e Lucas Matteus Silva de Mello

    manuteno do potencial doador em morte enceflica ........................................99Valter Duro Garcia, Fernanda Paiva Bonow, Diogo Bolsson de Moraes Rocha e Letcia Thas Nogueira

    manuteno do potencial doador em morte circulatria ....................................113Valter Duro Garcia, Fernanda Paiva Bonow, Diogo Bolsson de Moraes Rocha e Letcia Thas Nogueira

    Avaliao do doador vivo .....................................................................................121Alexandre Augusto Messias, Alexandre Losekann, Fernanda Martinho Soares e Isabel Cristina Feltes

    Entrevista familiar................................................................................................135Adriane Peres Barboza, Bruna Rudolfo Faraco e Camila Pereira Zuconi

    Alocao de rgos e tecidos .............................................................................149Valter Duro Garcia e Bruna Rudolfo Faraco

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  • IV

    Doao e transplante de rgos e tecidos

    Sistema Nacional de transplantes .......................................................................167Valter Duro Garcia, Fernanda Paiva Bonow, Cntia Melgao, Ana Flvia Zerbin Mazzia, Camila Pereira Zuconi, Mickaela Fischer Silva, Milene Campanholo Picasso e Paola Bell Felix de Oliveira

    A sociedade e o transplante ................................................................................187Maria Lucia Kruel Elbern, Carlos Andrs Acosta Casas, Gabriela dos Santos Marinho e Matheus Henrique Gomes Zanon

    religio e transplantes ........................................................................................197Valter Duro Garcia, Japo Drse Pereira, Bruna Maria Batista Bittencourt, Felipe Cesar de Almeida Claudino, Jessica Rodrigues Lopes, Lucas Vilela de Oliveira Junior, Mait Bravosi da Rosa e Mariana Gruber Pagel

    Avaliao imunolgica pr-transplante ...............................................................207Jorge Milton Neumann, Jamile Abud, Letcia Thas Nogueira e Yuri Thom Machado Strey

    imunossupressores em transplante de rgos ..................................................227Elizete Keitel, Auri Ferreira dos Santos, Cynthia Keitel da Silva, Aline Pizzato Saldanha de Souza, Bruna Brasil Dal Pupo e Larissa Vargas Cruz

    Banco de olhos e transplante de crnea ............................................................241talo Mundialino Marcon, Alexandre Seminoti Marcon, Gabriela dos Santos Marinho e Paula Perusato Pereira

    transplante e banco de pele ................................................................................255Eduardo Mainieri Chem, Carolina Franke Markarian e Elisa Vasconcellos Soares Prignon

    transplante de medula ssea ..............................................................................265Srgio Roithmann, Bibiana de Souza Boger, Henrique Gomes Selbach Pereira, Leonardo Juvenardi Dalmina, Rebeca Kollar Vieira da Silva, Vinicius Campos Ferreira e Yuri Thom Machado Strey

    transplante de rim ...............................................................................................275Elizete Keitel, Joo Carlos Goldani, Santo Pascual Vitola, Ana Jlia Fonseca Carneiro Monteiro, Ana Wayhs Tech e Paula Perusato Pereira

    Evoluo clnica do transplante renal ..................................................................287Rosana Mussoi Bruno, Gisele Meinerz, Isadora Ely e Tain Ramos Athayde

    transplante simultneo rim-pncreas .................................................................325Santo Pascual Vitola, Elizete Keitel, Gabriel Ricardo Loesch Siebiger e Lucas Elias Lise Simoneti

    transplante de rim em crianas ..........................................................................339Clotilde Druck Garcia, Santo Pascual Vitola, Viviane de Barros Bittencourt, Roberta Weisheimer Rohde, Brbara Maldotti Dalla Corte, Larissa Mie Takeda e Tatiane Mayumi Yonamine

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  • V

    Sumrio

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    transplante de fgado ..........................................................................................357Ajacio Bandeira de Mello Brando, Antnio Nocchi Kalil, Thiago Beduschi, Rodrigo Vianna, Arthur Rodrigo Ronconi Holand, Daniel Andreoli Gomes e Giovana Mussi Cabral Rovieri

    transplante de fgado em crianas .....................................................................385Antnio Nocchi Kalil, Cristina Helena Targa Ferreira, Melina Utz Melere, Marilia Rosso Ceza, Cintia Steinhaus, Eduardo Montagner Dias, Felipe Cesar de Almeida Claudino, Yuri Thom Machado Strey e Gustavo de Carvalho Santos

    transplante de pulmo .......................................................................................403Jos Jesus Peixoto Camargo, Sadi Marcelo Schio, Spencer Marcantonio Camargo, Aline Pizzato Saldanha de Souza, Fernanda Altmann Oliveira, Gilcilene Matos Lima e Gustavo Diehl Zieminizak

    transplante de corao ......................................................................................431Jos Dario Frota Filho, Fernando Antonio Lucchese, Brbara Maldotti Dalla Corte, Bruno Grund Frota e Vinicius Campos Ferreira

    transplante de corao em crianas ..................................................................447Aline Medeiros Botta, Aldemir Jos da Silva Nogueira, Adriana Sayuri Matsudo Nakamatsu, Fernanda Ferla Guilhermano e Rodrigo dos Santos Falco

    transplante de intestino e multivisceral .............................................................465Antnio Nocchi Kalil, Thiago Beduschi e Rodrigo Vianna

    o papel da equipe multidisciplinar no ps-transplante ......................................473Elizete Keitel, Bruna Doleys Cardoso, Helen Kris Zanetti, Larissa Sgaria Pacheco, Ronivan Luis Dal-Pr e Maria Lcia de Moraes Machado

    tica e transplantes .............................................................................................487Valter Duro Garcia, Mario Abbud Filho e Rebeca Kollar Vieira da Silva

    comrcio de rgos e a Declarao de istambul ...............................................507Valter Duro Garcia, Mario Abbud Filho e Rebeca Kollar Vieira da Silva

    os transplantes na viso dos pacientes ..............................................................517Clotilde Druck Garcia, Camila Pereira Zuconi, Diego Rahde Fialho e Fernanda Altmann Oliveira

    o futuro dos transplantes ....................................................................................527Clotilde Druck Garcia, Valter Duro Garcia, Camilla Machado do Valle Pereira, Ana Wahys Tech, Jade Lazzeron Bertoglio e Marina Cornelli Girotto

    o problema da doao no Brasil .........................................................................535Francisco Neto de Assis

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  • prEfcio

    Decorridas vrias dcadas, o transplante de rgos deixou de ser visto como um procedimento meio delirante e surrealista para ser considerado uma forma de terapia segura e generosa aos pacientes e economicamente interessante para os rgos pagadores da sade.

    No bastasse devolver para a vida til em sociedade os indivduos tratados no passado como irrecuperveis, ainda dispensa em grande parte o custeio das terapias de suporte como hemodilise, oxigenoterapia contnua, e internaes fre-quentes de milhares de pacientes, vitimados por doenas degenerativas terminais.

    Este Doao e Transplante de rgos e Tecidos representa a contribuio cientfi-ca de um hospital e de uma Faculdade de Medicina que, conscientes da importn-cia do tema, decidiram levar para fora de seus limites geogrficos o aprendizado acumulado em muitos anos de experincia clnica bem-sucedida.

    A Santa Casa de Porto Alegre, desde os anos 1950, se revelou vocacionada para o transplante de rgos, liderando a corrida pioneira em nosso estado e acumu-lando alguns trofus de reconhecimento internacional, como no transplante rim + pncreas e o transplante de pulmo, tendo sediado o primeiro transplante pul-monar do pas em 1989 e o primeiro transplante bilobar de pulmo com doadores vivos feito fora dos Estados Unidos, dez anos depois.

    A liderana continental inquestionvel fez com que a inaugurao, em 2001, do Hospital Dom Vicente Scherer, primeiro Centro de Transplantes da Amrica Latina, fosse vista com a naturalidade que simboliza respeito e reconhecimento.

    A velocidade da pesquisa e o turbilho de informaes novas que caracterizam uma especialidade efervescente retiram de qualquer livro a pretenso de ser de-finitivo, e com este, por ser srio e bem-intencionado, no poderia ser diferente.

    Resumidamente podemos afirmar que o Doao e Transplante de rgos e Tecidos pretende mostrar as vrias etapas do transplante, baseado no conhe-cimento acumulado por grupos com incontestvel experincia em suas reas especficas. A descrio das dificuldades e erros representa a contribuio de uma pliade de especialistas que nunca se intimidou diante das dificuldades que caracterizam o exerccio da alta complexidade em um pas com uma sade pblica carente e, em muitas reas, desacreditada.

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  • VIII

    Doao e transplante de rgos e tecidos

    Quem trabalha com transplante aprende de maneira definitiva que no h nenhuma atividade que agregue tanta qualificao ao hospital que se prope ao desafio, nem nenhum exerccio profissional que coloque o mdico em contato to direto e permanente com o sofrimento, a proximidade da morte, a esperana, a generosidade e a superao.

    H uma expectativa velada de que, ao terminar de ler este livro, as geraes mais jovens se sintam melhores como pessoas e, de alguma maneira, seduzidas a descobrir o que signifi-ca o fascnio dessa maravilhosa profisso exercida no limite do possvel.

    Jos J. Camargo Diretor mdico do Centro de Transplante da Santa Casa de

    Porto Alegre, RS. Professor de Cirurgia Torcica da Universidade Federal de Cincias da Sade de Porto Alegre

    (UFCSPA). Diretor do Programa de Transplante Pulmonar da Santa Casa de Porto Alegre, RS. Membro titular da

    Academia Nacional de Medicina (ANM).

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  • AutorES

    Adriana Sayuri Matsudo NakamatsuAcadmica de Medicina na Fundao Universidade Federal de Cincias da Sade de Porto Alegre UFCSPA.

    Adriane Peres BarbozaGraduao em Servio Social pela Pontifcia Universidade Catlica do Rio Grande do Sul PUCRS (1990). Especializao em MBA em Gesto Empresarial pelo Instituto Brasileiro de Gesto de Negcios (2010). Atualmente Supervisora do Servio Social e Membro Efetivo da Comisso Intra-Hospitalar de Doao de rgos e Tecidos para Transplante CIHDOTT, na Irmandade Santa Casa de Misericrdia de Porto Alegre ISCMPA.

    Ajacio Bandeira de Mello Brando Graduao em Medicina pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul UFRGS. Residncia Mdica em Gastroenterologia e Hepatologia e Mestrado em Hepatologia pela Universidade Federal de Cincias da Sade de Porto Alegre UFCSPA e Doutorado em Cincias Mdicas pela UFRGS. Estgio de aperfeioamento durante 12 meses em Hepatologia no Hospital Clnic, da Universidade de Barcelona, Espanha. Foi Professor-Associado do Departamento de Clnica Mdica e Coordenador do Curso de Medicina da UFCSPA. Atualmente Coordenador do Programa de Ps-Graduao: Hepatologia da UFCSPA. Na rea clnica, foi um dos Fundadores e atual Clnico do Grupo de Transplante Heptico da Irmandade da Santa Casa de Misericrdia de Porto Alegre ISCMPA.

    Aldemir Jos da Silva NogueiraGraduao em Medicina pela Fundao Faculdade Federal de Cincias Mdicas de Porto Alegre FFFCMPA (1979). Residncia Mdica em Cirurgia Geral com especializao em Cirurgia Peditrica. Residncia em Cirurgia Cardiovascular com enfoque em Tratamento Cirrgico de Cardiopatias Congnitas.

    Alexandre Augusto MessiasGraduao em Medicina pela Fundao Faculdade Federal de Cincias Mdicas de Porto Alegre UFCSPA (1980). Atualmente Integrante do Corpo Clnico da Irmandade Santa Casa de Misericrdia de Porto Alegre ISCMPA, Mdico Assistente da Unidade de Transplante de Rim e de Pncreas da ISCMPA. Mdico Perito do Instituto Nacional do Seguro Social INSS.

    Alexandre LosekannGraduao pela Fundao Universidade Federal de Cincias da Sade de Porto Alegre UFCSPA (1982). Residncia Mdica em Nefrologia pela UFCSPA na Irmandade Santa Casa de Misericrdia de Porto Alegre ISCMPA. Doutor em Hepatologia pelo Programa de Ps- -Graduao em Hepatologia na UFCSPA. Mestre em Clnica Mdica (Nefrologia) pelo Programa de Ps-Graduao em Clnica Mdica da Faculdade de Medicina na Pontifcia Universidade Catlica do Rio Grande do Sul PUCRS. Realizou Estgio de Especializao no Institute National de La Sant et Recherche Medical (1990), Servio de Hemodilise do Hpital Necker, Paris, Frana (1988-1989). Atualmente professor adjunto do Departamento de Medicina

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  • X

    Doao e transplante de rgos e tecidos

    Interna da Faculdade de Medicina FAMED/PUCRS. Coordenador do Internato em Medicina Interna da FAMED PUCRS. Mdico Nefrologista do Servio de Nefrologia do Complexo Hospitalar Santa Casa de Porto Alegre. Superintendente do Instituto de Pesquisa com Clulas-Tronco IPCT do Rio Grande do Sul.

    Alexandre Seminoti MarconDoutor em Oftalmologia pela Universidade de So Paulo USP. Atualmente Coordenador do Curso de Especializao em Oftalmologia da Irmandade Santa Casa de Misericrdia de Porto Alegre ISCMPA e Chefe do Servio de Oftalmologia da ISCMPA.

    Aline Medeiros BottaGraduao em Medicina pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul UFRGS (1993). Mestrado em Cincias da Sade: Cardiologia e Cincias Cardiovasculares pela UFRGS (2002). Residncia Mdica pelo Hospital de Clnicas de Porto Alegre HCPA (1997).

    Aline Pizzato Saldanha de SouzaAcadmica de Medicina na Fundao Universidade Federal de Cincias da Sade de Porto Alegre UFCSPA.

    Aline Werenicz Biomdica formada na Fundao Universidade Federal de Cincias da Sade de Porto Alegre UFCSPA.

    Amanda Acauan de AquinoAcadmica de Medicina na Fundao Universidade Federal de Cincias da Sade de Porto Alegre UFCSPA.

    Ana Flvia Zerbin MazziaAcadmica de Medicina na Fundao Universidade Federal de Cincias da Sade de Porto Alegre UFCSPA.

    Ana Jlia Fonseca Carneiro Monteiro Acadmica de Medicina na Pontifcia Universidade Catlica do Rio Grande do Sul PUCRS.

    Ana Wahys TechAcadmica de Medicina na Fundao Universidade Federal de Cincias da Sade de Porto Alegre UFCSPA.

    Antnio Nocchi Kalil Graduao em Medicina pela Universidade Federal de Cincias da Sade de Porto Alegre UFCSPA, Mestrado em Medicina: Cincias Mdicas pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul UFRGS, Doutorado em Medicina pela UFRGS e Diploma Universitrio de Cirurgia Hepatobiliar e Transplante Heptico pela Faculdade de Medicina Paris-Sud/Universit de Paris XI. Atualmente Chefe do Servio de Cirurgia Oncolgica da Irmandade Santa Casa de Misericrdia de Porto Alegre ISCMPA, Professor-Associado de Cirurgia da UFCSPA e Coordenador Cirrgico do Programa de Transplante Heptico Infantil da ISCMPA.

    Arthur Rodrigo Ronconi HolandMdico formado na Fundao Universidade Federal de Cincias da Sade de Porto Alegre UFCSPA. Atualmente Mdico-Residente em Cirurgia Geral no Hospital Nossa Senhora da Conceio HNSC.

    Auri Ferreira dos SantosGraduao em Medicina pela Universidade Federal de Santa Maria UFSM (1991) e Doutorado em Clnica Mdica (Nefrologia) pela Pontifcia Universidade Catlica do Rio Grande do Sul PUCRS (2002). Atualmente Professor da Universidade Federal de Cincias da Sade de Porto Alegre UFCSPA no Departamento de Clnica Mdica (Nefrologia).

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  • XI

    Autores

    Brbara Maldotti Dalla CorteAcadmica de Medicina na Fundao Universidade Federal de Cincias da Sade de Porto Alegre UFCSPA.

    Bibiana de Souza BogerAcadmica de Medicina na Fundao Universidade Federal de Cincias da Sade de Porto Alegre UFCSPA.

    Bruna Brasil Dal PupoAcadmica de Medicina na Fundao Universidade Federal de Cincias da Sade de Porto Alegre UFCSPA.

    Bruna Doleys CardosoGraduao em Farmcia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul UFRGS. Ps-Graduada em Farmcia Hospitalar e Ateno Farmacutica no Instituto de Administrao Hospitalar e Cincias da Sade IAHCS. Atualmente Farmacutica do Grupo de Transplante Renal da Irmandade Santa Casa de Misericrdia de Porto Alegre ISCMPA.

    Bruna Maria Batista BittencourtAcadmica de Medicina na Fundao Universidade Federal de Cincias da Sade de Porto Alegre UFCSPA.

    Bruna Rudolfo FaracoAcadmica de Medicina na Fundao Universidade Federal de Cincias da Sade de Porto Alegre UFCSPA.

    Bruno Grund FrotaAcadmico de Medicina na Pontifcia Universidade Catlica do Rio Grande do Sul PUCRS.

    Camila Pereira ZuconiAcadmica de Medicina na Fundao Universidade Federal de Cincias da Sade de Porto Alegre UFCSPA.

    Camilla Machado do Valle PereiraAcadmica de Medicina na Fundao Universidade Federal de Cincias da Sade de Porto Alegre UFCSPA.

    Carlos Andrs Acosta CasasAcadmico de Medicina na Fundao Universidade Federal de Cincias da Sade de Porto Alegre UFCSPA.

    Carolina Franke MarkarianGraduao em Biomedicina pela Fundao Universidade Federal de Cincias da Sade de Porto Alegre UFCSPA (2008). Atuou como Biomdica no Banco de Tecidos Humanos Dr. Roberto Corra Chem da Irmandade Santa Casa de Misericrdia de Porto Alegre ISCMPA (2008-2013).

    Cntia MelgaoGraduao em Psicologia pela Universidade Paulista Braslia-DF. Licenciada em Filosofia e Sociologia pela Universidade Paulista Braslia-DF. Ps-Graduada em Psicologia Hospitalar pela Universidade de So Paulo USP. Ps-Graduada em Coordenao de Doao e Trans plantes de rgos MASTER ALIANZA en Donacin y Trasplante de rganos, Tejidos y Clulas Organizacin Nacional de Transplantes Espanha. Atualmente Assessora Tcnica da Coordenao Geral do Sistema Nacional de Transplantes CGSNT/Ministrio da Sade MS. Coordenadora de pesquisa do processo de doao de rgos e tecidos para transplante pelo Centro de Estudos e Pesquisa em Sade Coletiva da Universidade do Estado do Rio de Janeiro CEPESC/UERJ.

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  • XII

    Doao e transplante de rgos e tecidos

    Cintia Steinhaus

    Graduao em Medicina pela Universidade Federal do Rio Grande FURG (2001). Residncia Mdica na Fundao da Universidade Federal do Rio Grande FURG (2003). Especializao em Gastroenterologia Peditrica na Fundao Universidade Federal de Cincias da Sade de Porto Alegre UFCSPA. Atualmente Mdica Pediatra na Irmandade Santa Casa de Misericrdia de Porto Alegre ISCMPA, do Hospital So Lucas da Pontifcia Universidade Catlica do Rio Grande do Sul HSL/PUCRS e do Hospital Nossa Senhora das Graas HNSG.

    Clotilde Druck Garcia

    Graduao em Medicina pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul UFRGS (1977). Mestrado em Medicina (Nefrologia) pela UFRGS (1985) e Doutorado em Medicina: Cincias Mdicas pela UFRGS (1997). Atualmente Professora Doutora de Nefrologia da Fundao Universidade Federal em Cincias da Sade de Porto Alegre UFCSPA, Coordenadora da Disciplina Doao de rgos e Transplante da UFCSPA, Membro do Comit sobre Educao da Sociedade Internacional de Transplante TTS e da Associao Brasileira de Transplante de rgos ABTO, Chefe do Servio de Nefrologia Peditrica do Hospital da Criana Santo Antnio Irmandade Santa Casa de Misericrdia de Porto Alegre ISCMPA.

    Cristina Helena Targa Ferreira

    Graduao em Medicina pela Universidade Federal de Pelotas UFPel (1982). Mestrado em Hepatologia pela Fundao Universidade Federal de Cincias da Sade de Porto Alegre UFSCPA. Doutorado em Medicina (Gastroenterologia) pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul UFRGS (2002). Atualmente Professora da Universidade Federal de Cincias da Sade de Porto Alegre UFCSPA no Departamento de Pediatria.

    Cynthia Keitel da Silva

    Graduao em Medicina pela Fundao Universidade Federal de Cincias da Sade de Porto Alegre UFSCPA (2003-2008). Residncia em Clnica Mdica pela UFCSPA (2009-2012) e Nefrologia pelo Programa de Residncia Mdica da UFCSPA (2013-2014). Atualmente Mdica Integrante dos Servios de Nefrologia e de Transplante de Rim e Pncreas da Irmandade Santa Casa de Misericrdia de Porto Alegre ISCMPA e Mestranda em Patologia na UFCSPA.

    Daniel Andreoli Gomes

    Acadmico de Medicina na Fundao Universidade Federal de Cincias da Sade de Porto Alegre UFCSPA.

    Denise Marques Mota

    Mdica pela Faculdade de Medicina pela Universidade Federal de Pelotas UFPel (1983). Pediatra, Nefrologista Peditrica, Neonatologista e Intensivista Neonatal. Mestre e Doutora em Epidemiologia pela UFPel (2008). Atualmente Professora Adjunta de Pediatria da UFPel, Vice-Diretora da Faculdade de Medicina, Membro da Asociacin Latinoamericana de Nefrologia Peditrica ALANEPE e da Associao Internacional de Nefrologia Peditrica IPNA, Sociedade Brasileira de Pediatria, Secretria do Comit de Nefrologia Peditrica e Representante do Escritrio Regional Sul da Sociedade de Pediatria do Rio Grande do Sul (SPRS).

    Diego Rahde Fialho

    Acadmico de Medicina na Fundao Universidade Federal de Cincias da Sade de Porto Alegre UFCSPA.

    Diogo Bolsson de Moraes Rocha

    Acadmico de Medicina na Fundao Universidade Federal de Cincias da Sade de Porto Alegre UFCSPA.

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  • XIII

    Autores

    Eduardo Mainieri Chem Graduao em Medicina pela Fundao Universidade Federal de Cincias da Sade de Porto Alegre UFCSPA (1994), Residncia Mdica em Cirurgia Geral pela Irmandade da Santa Casa de Misericrdia de Porto Alegre ISCMPA (1995-1996), Residncia Mdica em Cirurgia Plstica e Microcirurgia Reconstrutiva pela ISCMPA (1997-1999), Mestrado em Medicina Cirurgia Plstica Reconstrutiva e Microcirurgia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul UFRGS (2003). Atualmente Diretor do Banco de Tecidos Humanos Dr. Roberto Corra Chem da ISCMPA, Membro Titular em Cirurgia Plstica e Presidente da Sociedade de Cirurgia Plstica Regional RS. Tesoureiro da Sociedade de Queimaduras Regional RS.

    Eduardo Montagner DiasGraduao em Medicina pela Universidade Federal de Cincias da Sade de Porto Alegre UFCSPA. Residncia Mdica em Pediatria e em Gastroenterologia Peditrica no Hospital de Clnicas de Porto Alegre HCPA. Ttulo de Especialista em Pediatria e em Gastroenterologia Peditrica pela Sociedade Brasileira de Pediatria. Curso de Endoscopia Peditrica no HCPA. Atualmente Mdico do Servio de Gastroenterologia Peditrica do Hospital da Criana Santo Antnio Irmandade Santa Casa de Misericrdia de Porto Alegre ISCMPA.

    Elisa Vasconcellos Soares PrignonGraduao em Biomedicina pela Fundao Universidade Federal de Cincias Mdicas de Porto Alegre UFCSPA (2007) e Mestrado em Cincias da Sade pela UFCSPA. Atuou como Biomdica do Banco de Pele da Irmandade Santa Casa de Misericrdia de Porto Alegre ISCMPA (2008-2013).

    Elizete KeitelGraduao em Medicina pela Universidade Federal de Santa Maria UFSM (1987). Mestrado em Medicina (Nefrologia) pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul UFRGS (1994) e Doutorado em Medicina: Clnica Mdica pela UFRGS (2000). Doutorado Sanduche na Universidade de Oxford. Atualmente Integrante do Corpo Clnico da Irmandade Santa Casa de Misericrdia de Porto Alegre ISCMPA, Professora Adjunta da Fundao Universidade Federal de Cincias da Sade Porto Alegre UFCSPA, Departamento de Clnica Mdica Nefrologia. Integrante do Curso de Ps-Graduao em Patologia da UFCSPA.

    Felipe Cesar de Almeida ClaudinoAcadmico de Medicina na Fundao Universidade Federal de Cincias da Sade de Porto Alegre UFCSPA.

    Fernanda Altmann OliveiraAcadmica de Medicina na Fundao Universidade Federal de Cincias da Sade de Porto Alegre UFCSPA.

    Fernanda Ferla GuilhermanoAcadmica de Medicina na Fundao Universidade Federal de Cincias da Sade de Porto Alegre UFCSPA.

    Fernanda Martinho SoaresAcadmica de Medicina na Fundao Universidade Federal de Cincias da Sade de Porto Alegre UFCSPA.

    Fernanda Paiva BonowGraduao em Medicina pela Fundao Universidade Federal de Cincias Mdicas de Porto Alegre UFCSPA (1997) e Nutrio pelo Centro Universitrio Metodista IPA (2009). Residncia Mdica em Pediatria Geral no Hospital de Clnicas de Porto Alegre HCPA (1998-99), Residncia em Intensivismo Peditrico no Hospital da Criana Santo Antnio HCSA (2000) e Mestrado em Medicina/Pediatria e Sade da Criana pela Pontifcia Universidade Catlica do Rio Grande do Sul PUCRS (2004). Atualmente Coordenadora da Organizao de Procura de rgos da Irmandade Santa Casa de Misericrdia de Porto Alegre ISCMPA.

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  • XIV

    Doao e transplante de rgos e tecidos

    Fernando Antonio Lucchese

    Graduao em Medicina pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul UFRGS (1970), tendo feito sua Especializao em Cirurgia Cardiovascular no Instituto de Cardiologia do RGS e posteriormente na Universidade do Alabama em Birmingham. Atualmente Diretor Mdico do Hospital So Francisco de Cardiologia e Transplantes da Irmandade Santa Casa de Misericrdia de Porto Alegre ISCMPA e Chefe do Grupo de Transplante Cardaco do Hospital Dom Vicente Scherer tambm da ISCMPA.

    Francisco Neto de Assis

    Professor Universitrio Aposentado e Idealizador e Dirigente da Aliana Brasileira pela Doao de rgos e Tecidos ADOTE.

    Gabriel Ricardo Loesch Siebiger

    Acadmico de Medicina na Fundao Universidade Federal de Cincias da Sade de Porto Alegre UFCSPA.

    Gabriela Dallagnese

    Graduao em Medicina pela Fundao Universidade Federal de Cincias da Sade de Porto Alegre UFCSPA.

    Gabriela dos Santos Marinho

    Acadmica de Medicina na Fundao Universidade Federal de Cincias da Sade de Porto Alegre UFCSPA.

    Gilcilene Matos Lima

    Acadmica de Medicina na Fundao Universidade Federal de Cincias da Sade de Porto Alegre UFCSPA.

    Giovana Mussi Cabral Rovieri

    Acadmica de Medicina na Fundao Universidade Federal de Cincias da Sade de Porto Alegre UFCSPA.

    Giovana Onzi

    Biomdica formada na Fundao Universidade Federal de Cincias da Sade de Porto Alegre UFCSPA.

    Gisele Meinerz

    Graduao em Medicina pela Universidade Federal de Santa Catarina UFSC (2001-2007). Residncia Mdica em Medicina Interna (2011), Nefrologia (2013) e Transplante Renal Adulto (2014) pela Fundao Universidade Federal de Cincias da Sade de Porto Alegre UFCSPA. Mestrado (2015) pelo Programa de Ps-Graduao em Patologia tambm pela UFCSPA. Atualmente Mdica Integrante dos Servios de Nefrologia e de Transplante de Rim e Pncreas da Irmandade Santa Casa de Misericrdia de Porto Alegre ISCMPA.

    Gustavo de Carvalho Santos

    Acadmico de Medicina na Fundao Universidade Federal de Cincias da Sade de Porto Alegre UFCSPA.

    Gustavo Diehl Zieminizak

    Acadmico de Medicina na Fundao Universidade Federal de Cincias da Sade de Porto Alegre UFCSPA.

    Helen Kris Zanetti

    Graduao em Farmcia na Universidade de Caxias do Sul UCS. Ps-Graduanda em Farmcia Hospitalar no Hospital Moinhos de Vento HMV. Atualmente Farmacutica do Grupo de Transplante Renal da Irmandade Santa Casa de Misericrdia de Porto Alegre ISCMPA.

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  • XV

    Autores

    Henrique Gomes Selbach Pereira

    Acadmico de Medicina na Fundao Universidade Federal de Cincias da Sade de Porto Alegre UFCSPA.

    Isabel Cristina Feltes

    Acadmica de Medicina na Fundao Universidade Federal de Cincias da Sade de Porto Alegre UFCSPA.

    Isabel Cristina Wiener Stensmann

    Acadmica de Medicina na Fundao Universidade Federal de Cincias da Sade de Porto Alegre UFCSPA.

    Isadora Ely

    Acadmica de Medicina na Fundao Universidade Federal de Cincias da Sade de Porto Alegre UFCSPA.

    talo Mundialino Marcon

    Graduao em Medicina pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul UFRGS (1966). Professor de Oftalmologia da Universidade Federal de Cincias da Sade de Porto Alegre UFCSPA. Mestre e Doutor em Oftalmologia pela Universidade Federal de So Paulo Unifesp. Livre-Docente em Oftalmologia da UFCSPA. Supervisor de Residncia Mdica em Oftalmologia da UFCSPA.

    Jade Lazzeron Bertoglio

    Acadmica de Medicina na Fundao Universidade Federal de Cincias da Sade de Porto Alegre UFCSPA.

    Jamile Abud

    Graduao em Cincias Biolgicas pela Universidade Luterana do Brasil ULBRA (2004). Mestre em Cincias Gastroenterolgicas pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul UFRGS (2009). MBA Auditoria em Sade pelo Instituto de Administrao Hospitalar e Cincias da Sade IAHCS (2012). Atualmente Biloga do Laboratrio de Imunologia de Transplantes do Hospital Dom Vicente Scherer Irmandade Santa Casa de Misericrdia de Porto Alegre ISCMPA e Doutoranda do Programa de Ps-graduao em Cincias Mdicas pela UFRGS.

    Japo Drse Pereira

    Graduao em Medicina pela Fundao Universidade Federal de Cincias da Sade de Porto Alegre UFCSPA. Mdico-Residente em Clnica Mdica pelo Hospital Ernesto Dornelles HED. Possui grande interesse em Doao e Transplantes de rgos participando de diversos projetos na rea.

    Jessica Rodrigues Lopes

    Acadmica de Medicina na Fundao Universidade Federal de Cincias da Sade de Porto Alegre UFCSPA.

    Joo Carlos Goldani

    Graduao em Medicina pela Fundao Universidade Federal de Cincias da Sade de Porto Alegre UFCSPA (1971). Atualmente Integrante do Corpo Clnico da Irmandade Santa Casa de Misericrdia de Porto Alegre ISCMPA, Mdico-Assistente da Unidade de Transplante de Rim e de Pncreas, Chefe do Servio de Nefrologia da Santa Casa e Professor Regente da Disciplina de Nefrologia da UFCSPA.

    Jorge Milton Neumann

    Residncia Mdica em Medicina Interna (1977) e Imunologia (1979-80) no Hospital de Clnicas de Porto Alegre HCPA. Atualmente Diretor da Unidade de Imunologia da Irmandade Santa Casa de Misericrdia de Porto Alegre ISCMPA.

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  • XVI

    Doao e transplante de rgos e tecidos

    Jos Dario Frota FilhoMestre em Cirurgia (Teraputica Cirrgica) pela Fundao Universidade Federal de Cincias da Sade de Porto Alegre UFCSPA. Membro Titular e Especialista da Sociedade Brasileira de Cirurgia Cardiovascular. Editor Associado da Revista Brasileira de Cirurgia Cardiovascular (SBCCV). Coordenador da Residncia Mdica e do Curso de Especializa o em Cirurgia Cardiovascular da Irmandade Santa Casa de Misericrdia de Porto Alegre ISCMPA.

    Jos Jesus Peixoto CamargoGraduao em Medicina pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul UFRGS (1970), optou pela Cirurgia Torcica e completou sua formao acadmica na Clnica Mayo, Estados Unidos. Pioneiro em Transplante de Pulmo na Amrica Latina, em 1989, tendo realizado cerca de 490 transplantes de pulmo at 2014, o que representa 60% da experincia brasileira. Foi autor do primeiro transplante de pulmo com doadores vivos fora dos Estados Unidos. Foi o idealizador e hoje dirige o Centro de Transplantes da Irmandade Santa Casa de Misericrdia Porto Alegre ISCMPA. Diretor de Cirurgia Torcica no Pavilho Pereira Filho e Diretor do Programa de Transplante Pulmonar da ISCMPA. Membro Titular da Academia Nacional de Medicina ANM.

    Juliane IoppiGraduao em Medicina pela Fundao Universidade Federal de Cincias da Sade de Porto Alegre UFCSPA. Atualmente Mdica-Residente em Ginecologia e Obstetrcia na Irmandade Santa Casa de Misericrdia de Porto Alegre ISCMPA.

    Lara Ruschel TrselGraduao em Medicina pela Fundao Universidade Federal de Cincias da Sade de Porto Alegre UFCSPA.

    Larissa Mie TakedaAcadmica de Medicina na Fundao Universidade Federal de Cincias da Sade de Porto Alegre UFCSPA.

    Larissa Sgaria PachecoGraduao em Farmcia pela Universidade Luterana do Brasil ULBRA. Mestranda em Patologia na Fundao Universidade Federal de Cincias da Sade de Porto Alegre UFCSPA. Atualmente Farmacutica do Grupo de Transplante Renal da Irmandade Santa Casa de Misericrdia de Porto Alegre ISCMPA.

    Larissa Vargas CruzAcadmica de Medicina na Fundao Universidade Federal de Cincias da Sade de Porto Alegre UFCSPA.

    Leonardo Juvenardi DalminaAcadmico de Medicina na Fundao Universidade Federal de Cincias da Sade de Porto Alegre UFCSPA.

    Letcia Thas NogueiraAcadmica de Medicina na Fundao Universidade Federal de Cincias da Sade de Porto Alegre UFCSPA.

    Lgia Carolina FacinGraduao em Medicina pela Fundao Universidade Federal de Cincias da Sade de Porto Alegre UFCSPA.

    Lucas Matteus Silva de Mello

    Acadmico de Medicina na Fundao Universidade Federal de Cincias da Sade de Porto Alegre UFCSPA.

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  • XVII

    Autores

    Lucas Vilela de Oliveira JuniorAcadmico de Medicina na Fundao Universidade Federal de Cincias da Sade de Porto Alegre UFCSPA.

    Mait Bravosi da RosaAcadmica de Medicina na Fundao Universidade Federal de Cincias da Sade de Porto Alegre UFCSPA.

    Maria Lcia de Moraes MachadoGraduao em Psicologia pela Pontifcia Universidade Catlica do Rio Grande do Sul PUCRS (2003). Especialista em Psicologia Clnica pelo Conselho Federal de Psicologia CFP (2015). Psicloga do Hospital Dom Vicente Scherer do Complexo Hospitalar Irmandade Santa Casa de Misericrdia de Porto Alegre ISCMPA.

    Maria Lucia Kruel ElbernPsicloga com Formao em Psicanlise, com Especializao em Dinmica de Grupos, em Psicoterapia da Infncia e da Adolescncia, em Terapia Familiar, MBA em Gesto e Elaborao de Projetos Sociais na Universidade Federal do Rio Grande do Sul UFRGS. Na Psicanlise, Membro Fundador da Associao Psicanaltica Maiutica de Porto Alegre e Membro Fundador da Associao Psicanaltica de Porto Alegre APPOA. Desde 1999, passou a ser voluntria pela causa da Doao de rgos e Tecidos no RS, quando idealizou a entidade social VIAVIDA Pr-Doaes e Transplantes, onde Presidente Voluntria da Diretoria Executiva, liderando equipe de mais de 60 voluntrios. A VIAVIDA tem recebido vrias premiaes.

    Mariana Gruber PagelAcadmica de Medicina na Fundao Universidade Federal de Cincias da Sade de Porto Alegre UFCSPA.

    Marilia Rosso CezaGraduao em Medicina pela Universidade do Extremo Sul Catarinense UNESC (2008). Realizou Residncia Mdica em Pediatria e Gastroenterologia Peditrica no Hospital de Clnicas de Porto Alegre HCPA (2009-2012). Atualmente Gastropediatra no Hospital Criana Santo Antnio da Irmandade Santa Casa de Misericrdia de Porto Alegre ISCMPA e Pediatra no Hospital Materno Infantil Presidente Vargas HMIPV.

    Marina Cornelli GirottoAcadmica de Medicina na Fundao Universidade Federal de Cincias da Sade de Porto Alegre UFCSPA.

    Mario Abbud FilhoGraduao em Medicina pela Faculdade de Medicina de So Jos do Rio Preto Famerp (1975). Residncia Mdica em Clnica Mdica (Nefrologia) na Universidade do Estado do Rio de Janeiro UERJ (1976 1978). Mestre em Medicina na rea de Nefrologia (1980), Research Fellow em Medicina na Harvard Medical School, Boston, Estados Unidos (1983/84), Doutor em Cincias da Sade/Medicina pela Famerp (2006). Atualmente Professor Adjunto de Medicina na Famerp e Chefe da Disciplina de Nefrologia e do Centro de Transplantes Famerp da Fundao Faculdade Regional de Medicina do Hospital de Base FUNFARME/HB.

    Maristela BohlkeGraduao em Medicina pela Universidade Federal de Pelotas UFPel (1993). Mestrado em Clnica Mdica (Nefrologia) pela Pontifcia Universidade Catlica do Rio Grande do Sul PUCRS (1999) e Doutorado em Nefrologia pela Universidade Federal de So Paulo Unifesp (2008). Atualmente Professora Adjunta da Disciplina de Clnica Mdica/Nefrologia e do Programa de Ps-Graduao em Sade e Comportamento da Universidade Catlica de Pelotas UCPel.

    Matheus Henrique Gomes Zanon

    Acadmico de Medicina na Fundao Universidade Federal de Cincias da Sade de Porto Alegre UFCSPA.

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  • XVIII

    Doao e transplante de rgos e tecidos

    Melina Utz Melere

    Graduao em Medicina pela Universidade Luterana do Brasil ULBRA (2008). Residncia Mdica em Pediatra pela Pontifcia Universidade Catlica do Rio Grande do Sul PUCRS e Residncia Mdica em Gastroenterologia Peditrica pelo Hospital de Clnicas de Porto Alegre HCPA. Atualmente faz parte do Corpo Clnico do Servio de Gastropediatria do Hospital da Criana Santo Antnio da Irmandade Santa Casa de Misericrdia de Porto Alegre ISCMPA.

    Mickaela Fischer Silva

    Acadmica de Medicina na Fundao Universidade Federal de Cincias da Sade de Porto Alegre UFCSPA.

    Milene Campanholo Picasso

    Acadmica de Medicina na Fundao Universidade Federal de Cincias da Sade de Porto Alegre UFCSPA.

    Paola Bell Felix de Oliveira

    Acadmica de Medicina na Fundao Universidade Federal de Cincias da Sade de Porto Alegre UFCSPA.

    Paula Bracco Andreghetto

    Biomdica formada pela Fundao Universidade Federal de Cincias da Sade de Porto Alegre UFCSPA.

    Paula Perusato Pereira

    Acadmica de Medicina na Fundao Universidade Federal de Cincias da Sade de Porto Alegre UFCSPA.

    Rebeca Kollar Vieira da Silva

    Acadmica de Medicina na Fundao Universidade Federal de Cincias da Sade de Porto Alegre UFCSPA.

    Roberta Weisheimer Rohde

    Graduao em Medicina pela Universidade Federal de Cincias da Sade de Porto Alegre UFCSPA (2005), Residncia Mdica em Pediatria (2006/2007), em Nefrologia Peditrica (2008), e em Transplante Renal Peditrico (2010/2011) no Hospital da Criana Santo Antnio da Irmandade Santa Casa de Misericrdia de Porto Alegre ISCMPA. Atualmente integra a Equipe de Nefrologia Peditrica da ISCMPA.

    Rodrigo dos Santos Falco

    Acadmico de Medicina na Fundao Universidade Federal de Cincias da Sade de Porto Alegre UFCSPA.

    Rodrigo Vianna

    Graduao em Medicina na Universidade Federal do Paran UFPR. Residncia de Cirurgia Geral e do Aparelho Digestivo no Hospital Nossa Senhora das Graas HNSG e Fellowship de Transplantes na Universidade de Miami. Atualmente Professor de Cirurgia na Universidade de Miami e Diretor do Miami Transplant Institute.

    Ronan Pereira

    Biomdico formado pela Fundao Universidade Federal de Cincias da Sade de Porto Alegre UFCSPA.

    Ronivan Luis Dal-Pr

    Graduao em Farmcia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul UFRGS. Atualmente Farmacutico do Grupo de Transplante Renal da Irmandade Santa Casa de Misericrdia de Porto Alegre ISCMPA.

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  • XIX

    Autores

    Rosana Mussoi Bruno.

    Graduao em Medicina pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul UFRGS (1983). Mestrado em Nefrologia pela UFRGS (1990) e Doutorado em Medicina pela UFRGS (1999). Professora Adjunta do Departamento de Clnica Mdica (Nefrologia) do Curso de Medicina da Fundao Universidade Federal de Cincias da Sade de Porto Alegre UFCSPA. Nefrologista do Corpo Clnico e do Servio de Transplante Renal da Irmandade Santa Casa de Misericrdia de Porto Alegre ISCMPA.

    Sadi Marcelo Schio

    Graduao em Medicina pela Universidade Federal de Cincias da Sade de Porto Alegre UFCSPA (1999), Residncia Mdica pelo Hospital de Clnicas de Porto Alegre HCPA (2001) e Residncia Mdica pela Fundao Universitria de Cardiologia FUC (2003). Atualmente Internista e Diretor Clnico do Programa de Transplante Pulmonar da Irmandade Santa Casa de Misericrdia de Porto Alegre ISCMPA.

    Santo Pascual Vitola

    Graduao em Medicina pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul UFRGS (1969). Residncia Mdica pela UFRGS (1971). Doutor em Cirurgia pelo Programa de Ps-Graduao em Cincias Cirrgicas da Faculdade de Medicina FAMED da UFRGS. Professor-Associado Aposentado do Departamento de Cirurgia da FAMED UFRGS. Cirurgio Lder da Equipe de Transplante Renal Peditrico da Irmandade Santa Casa de Misericrdia de Porto Alegre ISCMPA.

    Srgio Roberto Haussen

    Graduao em Medicina pela Universidade Federal de Cincias da Sade de Porto Alegre UFCSPA (1970). Especializao em Neurologia pelo Conselho Regional de Medicina do Rio Grande do Sul CREMERS (1984), Residncia Mdica pela University of Tennessee (1975) e Residncia Mdica pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul UFRGS (1971). Atualmente Professor Adjunto da UFRGS e Professor Titular da UFCSPA.

    Srgio Roithmann

    Graduao em Medicina pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul UFRGS (1983), Residncia em Clnica Mdica pelo Hospital de Clnicas de Porto Alegre HCPA, Especializao em Oncologia e Hematologia no Hpital Laennec Paris e Institut Gustave Roussy Villejuif, Mestrado em Bases Fondamentales de lOncogenese Universite de Paris XI (Paris-Sud) (1992). Atualmente Chefe do Servio de Oncologia da Associao Hospitalar Moinhos de Vento HMV e Professor da Fundao Universidade Federal de Cincias da Sade de Porto Alegre UFCSPA.

    Spencer Marcantonio Camargo

    Graduao em Medicina pela Universidade Federal de Cincias da Sade de Porto Alegre UFCSPA (1996) e Mestrado em Cincias Pneumolgicas pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul UFRGS (2005). Ttulo de Especialista em Cirurgia Torcica pela SBCT desde 2001. Coordenador do Departamento de Transplante Pulmonar da ABTO nos binios 2007-8, 2008-9, 2010-11, 2012-13. Atualmente trabalha na Irmandade Santa Casa de Misericrdia de Porto Alegre ISCMPA, onde atua como cirurgio torcico.

    Tain Ramos Athayde

    Acadmica de Medicina na Fundao Universidade Federal de Cincias da Sade de Porto Alegre UFCSPA.

    Tatiane Mayumi Yonamine

    Acadmica de Medicina na Fundao Universidade Federal de Cincias da Sade de Porto Alegre UFCSPA.

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  • XX

    Doao e transplante de rgos e tecidos

    Thiago BeduschiGraduao em Medicina pela Universidade Luterana do Brasil ULBRA (1997-2003). Residncia Mdica em Cirurgia Geral na mesma instituio (2004-2006). Especializao em Hepatologia do Transplante e Transplante de Fgado na Unidade de Fgado do Hospital Israelita Albert Einstein HIAE (2006-2008). Research Fellowship em Transplante de Intestino e Multivisceral (2008-2009), Clinical Fellowship em Abdominal Multi-Organ Transplant Surgery (2009-2011) e Advanced Clinical Fellowship em Transplante de Intestino e Multivisceral (2011-2012) pela Indiana University School of Medicine. Atualmente Professor-Assistente de Cirurgia da Universidade de Miami e Cirurgio da Diviso de Transplante de Fgado, Intestino e Multivisceral do Miami Transplant Institute.

    Valter Duro GarciaGraduao em Medicina pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul UFRGS (1975), Residncia em Medicina Interna pela UFRGS (1976-1977) e Residncia em Nefrologia pela Irmandade Santa Casa de Misericrdia de Porto Alegre (1978), Especializao em Nefrologia pelo Conselho Federal de Medicina (1984) e pela Sociedade Brasileira de Nefrologia (1983), Especializao em Coordenao de Transplante pela European Transplant Coordinators Organization (2001), Mestrado em Medicina (Nefrologia) pela UFRGS (1982), Mestrado em Organizacin y Gestin de Trasplantes pela Universitat de Barcelona (1995), Doutorado em Nefrologia pela Universidade de So Paulo USP (2000). Diretor da Unidade de Transplante Renal da Santa Casa de Porto Alegre, Presidente do Banco de rgos e Tecidos da FIERGS e Professor Colaborador da Disciplina Doao e Transplante de rgos da Universidade Federal de Cincias da Sade de Porto Alegre UFCSPA.

    Vinicius Campos FerreiraAcadmico de Medicina na Fundao Universidade Federal de Cincias da Sade de Porto Alegre UFCSPA.

    Viviane de Barros BittencourtGraduao em Medicina pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul UFRGS (1985) e Mestrado em Medicina pela UFRGS (1995). Atualmente Nefrologista Peditrica do Hospital da Criana Santo Antnio na Irmandade Santa Casa de Misericrdia de Porto Alegre ISCMPA.

    Yuri Thom Machado StreyAcadmico de Medicina na Fundao Universidade Federal de Cincias da Sade de Porto Alegre UFCSPA.

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  • captuloHiStriA DoS

    trANSpLANtES

    mitoS, LENDAS E miLAgrESA magia que envolve o transplante de um rgo ou tecido de um ser para outro fomenta as mentes dos seres humanos desde as mais antigas civilizaes. Contos mitolgicos em diversas culturas revelam a ideia de restabelecimento da sade por meio da substituio de um rgo ou tecido doente por outro ainda saudvel1.

    De acordo com a mitologia grega, o primeiro transplante teria sido realizado na ilha de Creta. L o rei Minos ordenou que Ddalo e seu filho caro constru-ssem um labirinto, onde aprisionaria o temvel Minotauro, uma criatura com corpo de homem e cabea e cauda de touro. Todos os anos eram enviados sete homens e sete mulheres jovens atenienses para serem devorados pelo monstro, at que o heri Teseu voluntariou-se para tentar matar o Minotauro. Ao chegar a Creta, Ariadne, filha do rei Minos, apaixonou-se por Teseu e o ajudou a sair do labirinto usando um novelo de l, que deveria ser desenrolado medida que ele ingressasse no local. Teseu avanou e matou a criatura com um s golpe na cabea, fugindo depois. O fato deixou o rei de Creta furioso e, aps descobrir que Ddalo havia entregado o novelo de l para Ariadne, aprisionou ele e seu filho no labi-rinto. Ddalo juntou penas de pssaros que havia no local e construiu asas para ambos, colando-as com cera. Antes de levantarem voo, o pai recomendou a caro que no voasse muito alto, porque, pela proximidade com o sol, a cera poderia ser derretida, e tampouco deveria voar muito prximo ao mar, pois a umidade tornaria as asas muito pesadas. Entretanto, caro esqueceu-se da recomendao e elevou-se tanto nos ares que a cera derreteu; ele perdeu suas asas e caiu no Mar Egeu, num mergulho eterno. Portanto, o transplante de asas de caro, ao contrrio do de Ddalo, no teve sucesso2 (Figura 1.1).

    Na China, no sculo IV a.C., o cirurgio TsinYun-jen (407-3010 a.C.), ao confrontar-se com dois soldados um com esprito forte, mas com vontade fra-ca, e outro com esprito fraco, mas com muita vontade , anestesiou ambos com

    1Valter Duro Garcia Santo Pascual Vitola Japo Drse Pereira

    20448 Livro Doacao de orgaos.indd 1 29/09/2015 14:37:30

  • 2

    Doao e transplante de rgos e tecidos

    vinho e realizou toracotomias, transplantando seus coraes para curar o desequilbrio das suas energias. Conforme diz a lenda, ambos os pacientes sobreviveram3.

    Ainda na China, nos sculos I e II a.C., o famoso mdico Hua Tuo (Figura 1.2), conhe-cido como shenyiu, venerado como uma divindade nos templos taostas, teria transplantado uma variedade de tecidos e rgos usando como analgesia uma combinao de vinho com um preparado de ervas3.

    Figura 1.1. A queda de caro, 1636-8. Peter Paul Rubens. leo sobre tela. Museu de Arte Antiga, Bruxelas.

    Figura 1.2. Hua Tuo, o shenyiu, doutor divino.

    A Bblia Sagrada e outros textos cristos contam com muitos relatos sobre o transplante de partes do corpo humano, no entanto o mais clebre fala dos gmeos So Cosme e So Damio, que viveram entre os anos 285 e 305 da Era Crist. A lenda conta que os irmos, na tentativa de curar a perna de um cristo que se encontrava necrosada por um cancro termo que poderia significar cncer ou gangrena , usaram a perna de um etope, recm-fa-lecido, para um transplante. O feito conhecido como o milagre de So Cosme e Damio e retratado em dezenas de pinturas na Idade Mdia4,5 (Figura 1.3). Por causa desse milagre, ambos so considerados os padroeiros da medicina e dos transplantes. No Brasil, o dia 27 de setembro, dia de So Cosme e Damio, foi considerado pela Associao Brasileira de Trans-plante de rgos (ABTO), em 1999, e pelo Governo Federal, em 2007, como o Dia Na-cional do Doador (Lei no 11.584, publicada no Dirio Oficial da Unio em 29/11/2007)6.

    Em 1442, Branca, um cirurgio da Siclia, comeou a realizar reparos cirrgicos em na-rizes usando retalhos do rosto. Seu filho, Antonio, continuou seu trabalho e foi o primeiro a

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  • 3

    Captulo 1 Histria dos transplantes

    substituir o nariz por um retalho retirado do brao. Inspirado no trabalho dos Branca, o poeta romano Elisio Calenzio (1430-1503) escreveu histrias sobre a construo de um novo nariz com um retalho do brao de um escravo e, a partir da, uma simpatia mstica passava a existir entre doador e enxerto, e quando o escravo morria, havia a consequente queda do nariz7.

    o iNcio DA HiStriAOs primeiros experimentos foram voltados para a obteno de tcnicas cirrgicas adequadas substituio de tecidos. Gaspare Tagliacozzi (1545-1599), professor da Universidade de Bolo-nha e considerado o pai da cirurgia, relatou em seu livro De curtorum chirugiau, publicado em 1597, tcnicas refinadas de enxerto de pele e de correo de leses do nariz com retalhos pediculados8 (Figura 1.4). Por um perodo, na Europa renascentista, as inovaes cirrgicas de Tagliacozzi foram utilizadas na restaurao parcial do nariz, mas, por causa do zelo religioso da Contrarreforma e da considerao de que o nariz sifiltico seria uma punio de Deus, os procedimentos cirrgicos de Tagliacozzi foram proibidos, e, mesmo aps sua morte, alguns queriam que sua tumba fosse transferida para um local menos sagrado do que o convento9,10.

    Figura 1.3. A cura de Justiniano por So Cosme e So Damio, 1438-40. Fra Anglico. Tmpera sobre madeira, 37 x 45 cm.

    Museu de So Marcos, Florena.

    Figura 1.4. Mtodo de rinoplastia de Tagliacozzi.

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    Doao e transplante de rgos e tecidos

    No sculo XVIII, em vrios pases da Europa, passaram a ser realizados os transplantes dentrios. Por volta de 1780, os transplantes de dentes de doadores pobres para receptores ricos eram bastante comuns, e tambm se utilizavam dentes obtidos por roubo de cadveres. Algumas vozes clamavam que isso era moralmente duvidoso, outras percebiam que os trans-plantes raramente eram bem-sucedidos, mas muitos cirurgies no concordavam com ne-nhuma dessas vises. Alguns receptores dos implantes dentrios foram contaminados pela s-filis, mas o maior problema era que quase todos os dentes implantados acabavam destrudos. Essa prtica terminou apenas com a inveno de uma alternativa: os dentes de cermica9,11.

    Na poca, o cirurgio, naturalista e filsofo escocs John Hunter (1728-1793) transplan-tou alguns dentes e produziu o primeiro estudo cientfico acurado sobre o assunto. Tambm, realizou outras experincias com transplante: cortou a espora do p de um frango e enxertou--a em sua cabea, transplantou um dente humano na crista de um galo e removeu os testcu-los de um galo e os colocou na barriga de uma galinha, onde aderiram e tiveram nutrio9.

    Em Milo, Giuseppe Baronio (1759-1811), com as pesquisas publicadas em 1804 em seu tratado Degli innesti animali (sobre enxertos em animais), com auto e xenoenxerto de pele, obser vou que a pele transferida entre vrios locais de uma ovelha se curava, enquanto a pele retirada de outro animal era invariavelmente destruda, particularmente se o doador e o receptor eram de espcies diferentes9,12.

    Em 1924, Emile Holman (1890-1977), cirurgio do Peter Bent Brigham Hospital, em Boston, enxertou em algumas crianas com extensas queimaduras retalhos da prpria pele e de pele das mes. A destruio da pele materna e a pega dos autoenxertos levaram-no a considerar a importncia das diferenas individuais no comportamento do enxerto9,13.

    o trANSpLANtE DE rgoSO transplante de rgos uma teraputica que objetiva a substituio de rgos que per-deram a sua funo no organismo. Antes de 1880, ningum havia sequer sonhado com o transplante de rgos para o tratamento de doenas. O transplante de rgos, aliado ao correspondente conhecimento a respeito da natureza do corpo e da doena, surgiu a partir de 1880 e difere fundamentalmente dos transplantes realizados h sculos na cirurgia pls-tica, em que o cirurgio substitui partes lesadas da superfcie corporal14. Com o transplante renal que os transplantes de rgos se iniciaram, a partir da segunda metade do sculo XX. Entretanto, nas fases iniciais da cirurgia de transplante, os transplantes renais foram uma exceo, porque a maioria dos transplantes era realizada com rgos de secreo interna.

    No final do sculo XIX e incio do sculo XX, com base nas teorias de Brown-Squard, acreditava-se que a introduo de pequenas fatias de pncreas, tireoide e testculos seria sufi-ciente para prevenir a resultante doena terminal15. De acordo com experimentos em outros rgos, alguns pesquisadores tentaram transplantar pequenas fatias de rim, mtodo que havia sido bem-sucedido com pncreas, tireoide e testculo15. Para o rim, esse mtodo no foi adequado, pois todos os implantes de fatias, independentemente de serem autognicos,

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    alognicos ou xenognicos, terminaram com a completa reabsoro dos transplantes, sendo a nica diferena a rapidez no desaparecimento14. Em 1905, Princeteau16 inseriu fatias de rim de coelho na nefrostomia de uma criana com insuficincia renal. De acordo com seu relato, o resultado imediato foi excelente... o volume de urina aumentou, o vmito pa-rou..., mas no 16o dia a criana faleceu de congesto pulmonar16.

    A fase moderna dos transplantes iniciou-se na segunda metade do sculo XX, mas houve dois perodos de interesse experimental e clnico anteriores: um nas primeiras duas dcadas do sculo XX, em decorrncia do desenvolvimento de tcnicas de sutura vascular, e outro no incio dos anos 1950, consequente ao conhecimento inicial dos mecanismos de funcio-namento do sistema imunolgico.

    tcNicA DE SuturA VAScuLArO desenvolvimento dos transplantes no final do sculo XIX deveu-se, tambm, a um fato poltico. O presidente da Frana, Marie-Franois Sadi Carnot (1837-1894), em visita a Lion, em 25 de junho de 1894, sofreu um atentado; ele foi apunhalado no peito por um jovem anarquista italiano. Ele foi atendido com hemorragia, por perfurao da veia porta. As medi-das tomadas para estancar o sangramento com toalhas e bandagens foram insuficientes e ele faleceu em algumas horas. Mesmo que tivesse sido operado, no haveria chance de sucesso, pois no se dispunha, naquela poca, de nenhuma tcnica adequada para suturar vaso sangu-neo rompido9,11, embora houvesse relatos isolados de sutura com sucesso de ruptura de artria e veia14. Esse caso foi chocante e motivou a busca por mtodos de sutura vascular em Lion.

    Alexis Carrel (1873-1944), um jovem cirurgio de Lion, foi um dos que enfrentaram esse desafio, tendo trabalhado no desenvolvimento de mtodos de sutura vascular no De-partamento de Cirurgia chefiado por Mathieu Jaboulay (1860-1913). Para isso, tinha de aprender a fazer pontos minsculos, delicados e precisos. Ento, foi ao bairro da cidade onde se trabalhava com seda e contratou os servios da melhor bordadeira local, a senhora Leroudier. Com as menores agulhas e os mais finos e perfeitos fios de seda, ele aperfeioou a sua tcnica, desenvolvendo o mtodo de triangulao da sutura9,11,17 (Figura 1.5).

    Figura 1.5. Mtodo de triangulao da sutura vascular idealizada por Alexis Carrel.

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    Doao e transplante de rgos e tecidos

    Essa tcnica tornou possvel a realizao de transplantes e abriu uma nova rea na ci-rurgia. Em 1902, Carrel publicou o clssico artigo La technique operatoire des anastomoses vasculaires et la transplantation des viscres, sobre um mtodo ainda hoje empregado em suturas vasculares18.

    trANSpLANtE rENAL Em ANimAiS O primeiro transplante renal experimental bem-sucedido foi um autotransplante em co realizado por Emerich Ullmann (1861-1937), em 7 de maro de 1902, em Viena, cidade que, com Paris e Berlim, figurava como o centro de maior destaque na rea mdica no incio do sculo XX. Ullmann implantou o rim no pescoo do co e conectou os vasos renais com os vasos cervicais por meio de pequenos tubos de magnsio desenvolvidos por Erwin Payr (1871-1946), tendo obtido sucesso em restabelecer a circulao e demonstrado que o rim transplantado podia reassumir sua funo excretria, pela produo de urina, porm o ani-mal faleceu cinco dias depois19. Ullmann realizou, tambm, transplantes alognicos de ces para ces e xenognicos entre cabras e ces, que, para sua surpresa, no funcionaram. Alguns meses depois, Alexis Carrel publicou suas experincias, bem-sucedidas, com transplantes em animais utilizando a tcnica de anastomose vascular desenvolvida por ele18.

    Em 1905, o fisiologista Floresco (1857-1919), em Bucareste, publicou suas experincias so-bre alotransplante renal em ces20. Na poca, j se tinha tornado evidente que no se podia esperar sucesso com transplantes renais alognicos. Na procura por um fator causal, ele tentou variaes na tcnica. Isolando cirurgicamente os rins em sua localizao normal, observou que funcionavam sem suas conexes nervosas ou linfticas. Nos alotransplantes, ele comparou locais de implante na regio inguinal, no pescoo e na cavidade abdominal e obteve melhores resul-tados com o implante na cavidade abdominal, embora esse procedimento fosse o tecnicamente mais difcil. Nenhum desses procedimentos, entretanto, manteve os ces vivos por mais do que 24 a 72 horas. Ele observou tambm que a estase do sangue poderia prejudicar o transplante e, na tentativa de excluir esse fator, perfundiu o rim com vrias solues. Independentemente dessas medidas, os resultados continuavam ruins. Como outra causa de falha, ele identificou infeces ascendentes do ureter, que era conectado na superfcie corporal. Para evitar esse pro-blema, anastomosou o ureter do rim transplantado com o do receptor e sugeriu ser essa a melhor tcnica. Finalmente, obteve uma sobrevida de 12 dias em um co que havia sido nefrectomizado e recebido um transplante20. Foi incapaz de descobrir por que no se obtinha sucesso duradouro com o alotransplante renal. Villard e Tavernier, em 1910, sugeriram o reimplante imediato do ureter na bexiga, em 1910, sugeriu o reimplante imediato do ureter na bexiga21.

    Ernest Unger, em 1909, em Berlim, relatou um transplante renal em bloco de um co fox terrier para um co boxer, com produo de urina por 14 dias22. Entre 1905 e 1910, realizou cerca de cem transplantes experimentais. Em 10 de dezembro de 1909, transplan-tou o rim de uma criana natimorta em um babuno, mas o rim no funcionou e o animal morreu logo aps a cirurgia.

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    Em 1911, Eric Lexer relatou no Congresso Mdico Alemo que aloenxertos no tinham sucesso e que raramente duravam mais de trs semanas, salientando que tornar os tecidos e rgos humanos aceitveis ao receptor se constituiria numa descoberta de grande magnitu-de para o avano da cirurgia23.

    O pesquisador com maior destaque, pelo nmero de experimentos e pelos resultados, foi Alexis Carrel, que, aps desenvolver a tcnica de sutura vascular18, iniciou seus transplantes em 1902, em Lion. A partir de 1905, em Chicago, em parceria com Charles C. Guthrie (1880-1963), aperfeioou a tcnica com agulhas e fios ainda mais finos e realizou transplan-tes de tireoide, bao e ovrio24-26. Amputou um membro e o reimplantou e tambm refe-riu trabalhos no publicados em que corao e pulmo isolados foram transplantados27,28. A maior experincia, entretanto, foi com transplante renal, nos anos de 1905 e 1906, quan-do introduziram o mtodo de patch de anastomose vascular e a tcnica de transplante renal em bloco em ces e gatos29,30 (Figura 1.6).

    Figura 1.6. Tcnica de sutura vascular utilizando um patch de aorta, idealizada por Alexis Carrel e Charles C. Guthrie.

    Carrel e Guthrie demonstraram que alotransplantes renais falhavam, mas que auto-transplantes obtinham sucesso a longo prazo. Alguns ces sobreviveram por mais de dois anos com autotransplante renal e nefrectomia contralateral, enquanto os aloenxertos trans-plantados com a mesma tcnica funcionavam apenas por alguns dias31,32. Em 1907, Carrel transferiu-se para o Instituto Rockfeller, em Nova York. Em reconhecimento por sua contri-buio nas reas da cirurgia vascular e dos transplantes, recebeu o Prmio Nobel de Medi-cina em 1912, tendo sido o primeiro mdico trabalhando nos Estados Unidos a receber tal distino. Depois da Primeira Guerra Mundial, da qual participou como cidado francs, deixou de trabalhar com experimentos em transplantes para dedicar-se a tentativas de per-fuso de rgos e tecidos, em associao com Charles Lindbergh (1902-1974), no Instituto Rockefeller32,33. Em 1938, publicaram o livro The culture of organs, no qual apresentaram a teoria do cultivo de rgos usando a bomba de Lindbergh, um equipamento projetado para banhar tecidos vivos com nutrientes e mant-los vivos34. Essa bomba foi a precursora da mquina de corao-pulmo. Essas experincias pioneiras com cultura de tecidos forneceram melhor compreenso das funes dos rgos e das clulas. Sua ideia de que os membros e os rgos poderiam ser replicados ou reparados em laboratrio estava dcadas adiante de seu tempo. Os progressos nas pesquisas com clulas-tronco talvez tornem real essa possibilidade.

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    Doao e transplante de rgos e tecidos

    Em 1914, Carrel, em palestra na Associao Internacional de Cirurgies, antecipou o futuro dos transplantes32:

    O aspecto cirrgico do transplante de rgos est resolvido. Somos capazes de realizar transplantes com facilidade e com excelentes resultados do ponto de vista anatmico. Mas estes mtodos no podem ainda ser aplicados a humanos, visto que so quase sem-pre malsucedidos do ponto de vista da funo dos rgos. Todos os nossos esforos devem agora ser direcionados para os mtodos biolgicos que preveniro a reao do organismo contra tecidos estranhos e permitiro a adaptao do enxerto ao seu hospedeiro.

    Guthrie, aps o trmino da parceria com Carrel, trabalhando em Lousiana, publicou, em 1912, a primeira reviso da experincia mundial em transplante de rgos, concluindo:

    Ainda que tenham sido publicadas muitas experincias, ningum conseguiu manter vivo, por algum tempo, um animal com o rim ou rins de outro, quando se extirpam seus prprios rins, entretanto, o porvir no , de maneira alguma, sem esperanas, e os princpios de imunidade, que tm produzido brilhantes resultados em muitos outros campos, sero dignos de provar-se neste35.

    Aps a Primeira Guerra Mundial, a maioria dos cirurgies abandonou os experimentos nessa rea, e uma pesquisa, em 1919, revelou que a maioria dos investigadores no via fu-turo no transplante renal36. Eram excepcionais as opinies otimistas, como as de Morel e Papin33, em Paris, em 1913, e as de Aurel Avramovici37, de Bucareste, em 1924, que consi-deravam o transplante renal como prximo da aplicabilidade clnica, e o que faltava ainda era o aprimoramento da tcnica cirrgica. Avramovici, em seus experimentos, utilizou a hipotermia como mtodo de preservao do rim37.

    Serge Voronoff, cirurgio russo com formao mdica em Paris, reviveu o interesse por transplante na Frana. Trabalhando no College de France, entre os anos de 1920 e 1930, realizou transplantes experimentais de rgos (rim e pncreas), glndulas (ovrios, testculos e tireoide) e tecidos (ossos e articulaes)38-40. Foi tambm o primeiro a solicitar o emprego de rins de prisioneiros condenados morte por guilhotina no final dos anos 1920, mas o governo francs recusou a aprovao desse projeto41,42. Essa forma de doao foi utilizada, nos primei-ros transplantes renais, no incio dos anos 1950 na Frana.

    trANSpLANtES rENAiS Em HumANoSComo ocorreu nos experimentos em animais, o rim foi o primeiro rgo transplantado em humanos, com a experincia adquirida em anastomose vascular em animais, e impulsio-nado pela dramtica situao letal do paciente em anria. Ullman, em 1902, tentou, sem conseguir, terminar a cirurgia e transplantar um rim de porco na prega do cotovelo de uma paciente com uremia43.

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    Captulo 1 Histria dos transplantes

    Mathieu Jaboulay, professor de clnica cirrgica em Lion, que introduziu a tcnica de gas-troduodenostomia laterolateral em 1892, realizou, em 1906, os dois primeiros transplantes renais em humanos44. Ele implantou o rim de um porco que havia sido morto 3 horas antes em uma mulher de 49 anos com doena de Bright e sinais de insuficincia renal. Colocou o rim no cotovelo esquerdo e uniu a artria renal com a artria braquial e a veia renal com a ceflica, utilizando um anel metlico. Aps trs dias, o enxerto apresentava todos os sinais de necrose e foi removido. Num segundo transplante, Jaboulay implantou um rim de ovelha com os nervos, no cotovelo de uma mulher de 55 anos com nefrite purulenta; novamente, o rgo necrosado foi removido trs dias depois. Ambas as pacientes sobreviveram s interven-es. Jaboulay atribuiu as falhas formao de cogulos sanguneos nas ligaes vasculares.

    Ernst Unger, em dezembro de 1909, em Berlim, transplantou um rim de uma criana na-timorta em um babuno, que no produziu urina. O animal morreu logo aps a cirurgia, mas a autpsia mostrou que as anastomoses vasculares estavam prvias. Essa tentativa e o novo conhecimento de que macacos e humanos eram sorologicamente similares levaram Unger a realizar, no final do mesmo ms, um transplante renal de um macaco de Bornu adquirido no zoolgico local. Ele implantou os rins em bloco em uma jovem de 21 anos com infeco renal extremamente grave e sinais de agravamento de insuficincia renal. Os rins com seg-mentos da aorta e da veia cava foram suturados nos vasos femorais da paciente e o orifcio ureteral com parte da bexiga foi inserido em uma localizao mais distal na coxa. No houve produo de urina e a paciente faleceu 32 horas aps de edema pulmonar43,45,46 (Figura 1.7).

    Figura 1.7. Transplante de rins em bloco de um macaco nos vasos da coxa com implante de ureter na pele, realizado por Ernst Unger.

    Em 1911, nos Estados Unidos, a imprensa relatou que Levi Hammond, na Philadelphia, realizara o primeiro transplante renal de humano para humano, de uma vtima de acidente de trnsito para um paciente com tuberculose45,47. Esse caso, descoberto h poucos anos, no foi publicado em meios cientficos e no se conhecem os detalhes tcnicos. Em 1913, houve ou-tro transplante sem sucesso: um rim de macaco foi implantado no brao de uma menina com insuficincia renal por envenenamento por mercrio. O rim secretou poucas gotas de urina

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    Doao e transplante de rgos e tecidos

    proteinrica e necrosou, e a paciente faleceu algumas horas aps a cirurgia45. Harold Neuhof, em Nova York em 1923, transplantou um rim de cordeiro em uma paciente h trs dias em anria devida intoxicao por bicloreto de mercrio. O rim foi implantado na coxa da paciente, os vasos sanguneos com patch de aorta e cava foram anastomosados de forma terminolateral com os vasos femorais do receptor e o ureter foi suturado na pele. O enxerto no funcionou e o pa-ciente faleceu em nove dias43. Nesse ano Neuhof publicou o livro The transplantation of tissues, revisando toda a experincia, at ento, sobre transplante de rgos e tecidos43.

    O principal evento desse perodo foi o primeiro alotransplante renal em humanos do-cumentado, realizado em 3 de abril de 1933, na cidade de Kherson, na Ucrnia, por Yu Yu Voronoy, que havia trabalhado no Departamento de Cirurgia do professor Shamov, em Kha-rkov, no final dos anos 1920, interessado em transplantes de testculo e transfuso sangunea, tendo posteriormente passado a trabalhar com transplante renal em ces, usando a tcnica de Carrel. Voronoy implantou, em uma jovem de 26 anos, portadora de insuficincia renal aguda ocasionada por envenenamento por cloreto de mercrio, sob anestesia local, um rim no tero mdio da coxa direita, em posio anteromedial, correspondendo ao curso dos vasos sanguneos. O rim foi obtido de um homem de 60 anos falecido por fratura na base do cr-nio, sendo removido 6 horas aps a morte. Havia incompatibilidade no grupo sanguneo a receptora era do grupo O e o doador, do grupo B. Os vasos do rim foram unidos aos vasos femorais da paciente e o ureter foi preso por duas suturas, drenando na pele (Figura 1.8).

    Figura 1.8. Tcnica empregada por Voronoy para o primeiro transplante de rim humano.

    O transplante foi realizado com o objetivo de estabelecer uma ponte entre a insuficincia renal aguda e a recuperao da paciente. Voronoy esperava que o envenenamento por mer-crio tivesse bloqueado as defesas imunolgicas de tal forma que o alotransplante pudesse ser mais bem tolerado, tendo suposto que houvesse encontrado um mtodo imunossu-pressor, por sorte. O rim transplantado chegou mesmo a excretar algumas gotas de urina. Aps uma transfuso ABO incompatvel, 48 horas aps a cirurgia, a paciente faleceu. O rim estava aumentado e os vasos sanguneos estavam prvios48,49. O longo tempo de isquemia quente e a incompatibilidade ABO entre o doador e o receptor foram os motivos da falha, e o sucesso tcnico foi confirmado no exame post-mortem, enquanto as alteraes observadas no rim so difceis de interpretar, mas poderiam ser uma mistura de leso pelo mercrio, rejeio hiperaguda e alteraes txicas. Embora esse transplante tenha sido realizado em

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    1933, Voronoy o publicou apenas em 1936, na revista espanhola El Siglo Mdico, e muitos autores tm erroneamente datado esse transplante como realizado no ano da publicao48. Em 1949, ele relatou outros cinco transplantes. Entretanto, baseado na teoria de Filatov, oficialmente aceita pelos soviticos, de que os extratos de tecidos poderiam reviver se preser-vados por semanas, usou rins removidos 9 a 20 dias antes do transplante49,50.

    oS ANoS iNtErmEDirioSCom a Segunda Guerra Mundial, houve uma srie de avanos na antibioticoterapia, na obteno de fraes de plasma, nas tcnicas de transfuses sanguneas, na anestesia endo-traqueal com presso positiva, nas anastomoses vasculares primrias para leses arteriais, na dilise e nos estudos dos enxertos cutneos, que contriburam para estimular o desen-volvimento dos transplantes. Aps a demonstrao de Peter Medawar, em 1944, de que a rejeio era um evento imunolgico, a questo lgica e inevitvel era: por que no proteger o rgo enxertado enfraquecendo o sistema imunolgico51? Essa ideia foi testada em 1950 e 1951, em coelhos, com cortisona e irradiao corporal total. Ambas prolongaram a sobre-vida do enxerto de pele por apenas poucos dias. Cannon e Longmire, em uma publicao que foi negligenciada tanto pelos investigadores bsicos quanto pelos clnicos, concluram que, embora a prednisona no prevenisse a reao no enxerto, ela diminua a incidncia da reao52,53. Com a retomada dos transplantes aps a Segunda Grande Guerra, alguns grupos simultaneamente reiniciaram o transplante renal em humanos nesse perodo, destacando-se o de Boston e trs de Paris54, mas, antes que o rim se tornasse o prottipo do transplante de rgos, o livro do transplante renal permaneceu fechado por um perodo de quase 20 anos.

    Em 1947, Charles Hufnagel, Ernest Landsteiner e David Hume, no Peter Bent Brigham Hospital, em Boston, realizaram um alotransplante renal nos vasos do brao, sob anestesia local, de uma paciente jovem com complicaes obsttricas e em coma por insuficincia renal aguda, com produo imediata de urina. O breve perodo de funcionamento do rim, proveniente de uma doadora falecida poucas horas antes, pode ter auxiliado na re-cuperao da paciente. A doadora era portadora de lpus eritematoso sistmico com leve manifestao de doena renal9,53-55.

    Em 1948, alguns cirurgies em Paris, incluindo Kss, Oudot, Vaysse, Oeconomous e Rougelle, realizaram transplantes experimentais em ces42,56. Eles observaram que os trans-plantes de ces de raas diferentes apresentavam rejeies mais rpidas e que o resfriamen-to do rim durante a transferncia do doador para o receptor melhorava os resultados56. Tambm treinaram em cadveres para determinar a posio mais adequada para implantar o rim transplantado. Kss, baseado na boa tolerncia de rins ectpicos plvicos, sugeriu que a fossa ilaca com os vasos plvicos era o local apropriado42 (Figura 1.9).

    Em 17 de junho de 1950, Lawler, cirurgio do Little Company of Mary Hospital, em Chicago, removeu o rim esquerdo de uma mulher de 44 anos com doena renal policstica e insuficincia renal, substituindo-o em posio ortotpica por um rim de doadora falecida,

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    Doao e transplante de rgos e tecidos

    ABO-compatvel. Os ureteres da doadora e da receptora foram anastomosados. Foi impos-svel determinar quanto o enxerto funcionou, pois o outro rim do paciente fora deixado no local, e Lawler no realizou pielografia para no afetar o rim9,53,55,57. Em seis meses era bvio que o enxerto tinha falhado e, quando removido, tinha o tamanho de uma noz. Entretanto, a paciente sobreviveu por alguns anos, pelo funcionamento do rim nativo. Essa foi a nica experincia de Lawler, que jamais realizou outro transplante.

    A publicidade gerada pelo caso relatado por Lawler animou os cirurgies franceses a avan-arem nas experincias de transplantes em animais para humanos42. Esses pioneiros realizaram transplantes em pacientes com uremia acreditando que a imunidade alterada da insuficincia renal poderia ser suficiente para permitir a sobrevida do enxerto. Em 1951, foram realizados oito transplantes renais em humanos na Frana, sendo quatro enxertos obtidos de prisioneiros guilhotinados, que haviam previamente permitido a remoo dos rins, pelas equipes de Mar-ceau Servelle, em Crteil, um subrbio de Paris (um caso)58, de Charles Dubost no Hospital Broussais (dois casos)59 e de Rene Kss no Hospital Cochin, ambos em Paris (um caso)42,60. Nos outros quatro transplantes realizados por Rene Kss, foram utilizados rins de doadores vivos, procedentes de nefrectomias justificadas por motivos teraputicos, como leso limitada no parnquima renal ou leso no trato excretor (tuberculose, uretero-hidronefrose, clculo, tumor) e, posteriormente, remoo do rim para realizar shunt ventrculo-ureteral em casos de hipertenso craniana; esse rim tinha a denominao de free kidney42,60. Esses foram os primei-ros transplantes utilizando rim de doador vivo na histria do transplante renal60. Seis trans-plantes funcionaram ao menos por uma semana, e um deles excretava pequena quantidade de urina aos trs meses e meio, apesar de no ter sido utilizada qualquer imunossupresso60. Nos cinco pacientes transplantados por Kss, os rins foram colocados na fossa ilaca, com anastomose aos vasos ilacos e restaurao do trato urinrio por anastomose uretero-ureteral60.

    Figura 1.9. Esquema de Kss representando o implante renal em posio retroperitoneal com anastomose

    terminoterminal da artria renal na artria ilaca interna e terminolateral da veia renal na veia ilaca externa.

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    Kss escolheu essa abordagem aps observar boa tolerncia dos rins ectpicos plvicos e ilacos e encontrar compatibilidade no dimetro com a artria ilaca interna. Esse procedimento no requeria clampeamento da artria ilaca externa, evitando-se risco subsequente de isquemia da perna. Kss tinha, portanto, aperfeioado a tcnica de transplante renal, que foi usado subse-quentemente no histrico transplante de Boston, e essa permanece como a tcnica standard de transplante renal42,60. Oeconomos e Rougeulle, que haviam deixado o grupo de Kss para ingressar nas equipes de Dubost e Servelle, respectivamente, usaram uma abordagem cirrgica quase idntica. Dubost, entretanto, preferia implantar a artria renal terminolateral na artria ilaca externa59. Havia uma razo para que prosseguissem com as tentativas de transplante: todos os pacientes estavam nos estgios finais da doena renal e certamente teriam morte lenta e dolorosa. A nica alternativa ao transplante era a dilise, que naquela poca estava disponvel em poucos hospitais e podia ser utilizada poucas vezes nos pacientes, pois seu emprego exigia a cateterizao arterial, exaurindo o vaso. Entretanto, em decorrncia dos resultados desalen-tadores, Kss, em 1952, decretou moratria para os transplantes60.

    Essa moratria foi quebrada de forma drstica pelos cirurgies Vaysse e Oeconomos, que, com o nefrologista Jean Hamburger, realizaram um transplante renal com doador vivo no Hospital Necker, em Paris. O receptor, um jovem de 16 anos que sofreu nefrectomia de rim direito por ruptura renal, aps queda de altura, tendo sido descoberta, posteriormente, a ausncia congnita do rim esquerdo, recebeu o rim de sua me na tentativa heroica de salvar sua vida, em 24 de dezembro de 1952. O rim apresentou funo imediata e o jovem chegou a ter alta do hospital, mas, aps o 21o dia, Marius Renard apresentou anria sbita. Na explorao cirrgica no foram encontradas justificativas mecnicas, apesar de o rim es-tar muito aumentado de tamanho, infiltrado e com colorao violcea. A anlise histolgica de bipsia demonstrou leses capilares e acmulo de linfcitos e clulas plasmticas nos glomrulos. Quando o paciente faleceu, dez dias mais tarde, as leses haviam progredido consideravelmente61. Essa foi a primeira vez que foi removido um rim saudvel de uma pes-soa para o benefcio de outra e tambm foi o primeiro transplante realizado em criana56. Essas falhas confirmaram os dados experimentais de Peter Medawar descrevendo a resposta imunolgica e levaram ao consenso geral de que somente o transplante entre gmeos idn-ticos poderia ser bem-sucedido. Kss escreveu, em dezembro de 1952, que a nica base racional para o transplante entre gmeos homozigotos, e a maior probabilidade, por causa da populao, que ocorra primeiro nos Estados Unidos62.

    Entre maro de 1951 e dezembro de 1952, foram realizados nove transplantes renais nos Estados Unidos, seis deles utilizando rins de doadores falecidos e trs provenientes de nefrectomias indicadas por diferentes motivos clnicos. Foram utilizadas pequenas do-ses de hormnio adrenocorticotrfico e cortisona como imunossupressores. Cinco desses transplantes no funcionaram e quatro excretaram urina atravs da ureterostomia cutnea, por 37 a 180 dias. Hume e Merril concluram que o fenmeno de rejeio era mais lento e menos violento nos humanos do que em animais experimentais, pois no co os rins transplantados tinham sobrevivido por volta de 13 dias apenas, mas no presente estado do

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    Doao e transplante de rgos e tecidos

    conhecimento os alotransplantes no parecem ser justificados no tratamento da doena em humanos, e os progressos no campo experimental devem ser continuamento cotejados com a clnica63. Outros transplantes foram realizados em Chicago, Toronto e Cleveland, no incio dos anos de 1950, tambm sem sucesso.

    Em Boston, Merril e Murray tinham aperfeioado a tcnica cirrgica em ces e acredi-tavam que funcionaria em humanos se no houvesse rejeio, e a soluo seria um trans-plante entre gmeos idnticos. Portanto, deveriam encontrar dois gmeos idnticos, um com insuficincia renal e o outro saudvel, com a pressuposio de que o doador saudvel no corresse risco desnecessrio e que o receptor tivesse boas chances de sobreviver. No final de 1954 apareceram os gmeos Herrick. Richard Herrick, com 23 anos, foi internado com quadro de uremia e alteraes mentais decorrentes. Ele tinha um irmo gmeo, Ronald, que estava disposto a doar-lhe um rim. Richard foi submetido dilise para estabilizar seu esta-do e foram realizados todos os testes para comprovar que eram idnticos. Haviam compar-tilhado a mesma placenta, as impresses digitais eram iguais e no rejeitaram um pequeno fragmento de pele enxertado56. Havia, entretanto, o conflito tico em relao cirurgia de Ronald, que no lhe oferecia nenhum benefcio fsico. Na discusso sobre a expectativa de vida de uma pessoa com um rim, foram consultadas companhias de seguro com relao a suas tabelas atuariais e soube-se que no havia risco aumentado por viver com apenas um rim. Uma pessoa em mil nasce com rim nico. Concluiu-se que o baixo risco de Ronald poderia ser justificado pelos benefcios esperados para Richard55. O transplante foi reali-zado no Hospital Peter Bent Brigham, em 23 de dezembro de 1954. Joseph Murray, John Hartwell Harrison e John Merril aprimoraram a tcnica inicialmente descrita por Kss e implantaram o rim do doador extraperitonealmente na fossa ilaca contralateral do recep-tor, preservando, assim, as relaes das estruturas hilares. Os vasos foram suturados em 82 minutos e houve produo imediata de urina55,64,65. Richard recuperou-se, casou com a en-fermeira-chefe da sala de recuperao e teve dois filhos. Viveu por oito anos, at morrer por doena cardiovascular e com recorrncia da doena renal55,64. Seu irmo Ronald formou-se professor de matemtica e lecionou por 40 anos. Faleceu 56 anos aps a doao, em 27 de dezembro de 2010, em decorrncia de complicaes de uma cirurgia cardaca66.

    Entre 1954 e 1964, 35 transplantes renais entre gmeos idnticos haviam sido relatados, 24 deles realizados em Boston, com uma falha tcnica, e oito com glomerulonefrite no rim transplantado, em dois deles, pelo menos, com a mesma leso dos rins originais67. Edith Elm, transplantada em maio de 1956, teve filhos e netos e 45 anos aps apresentava funo renal normal, assim como sua irm, doadora55.

    Foi demonstrado que o transplante de rgos poderia salvar vidas, mas, para torn-lo uma so-luo para todos, e no apenas para aqueles com sistema imunolgico idntico, desenvolveram-se estudos em trs caminhos: o da histocompatibilidade, o da tolerncia e o da imunossupresso56.

    Murphy, em 1914, demonstrou que irradiao prolongava a sobrevida dos enxertos he-terlogos de tecido tumoral e, em 1918, associou o efeito destruio dos linfcitos68,69. Com o lanamento das bombas atmicas no Japo, em 1945, iniciou-se o estudo do efeito

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    Captulo 1 Histria dos transplantes

    da radiao no corpo humano, observando-se que o sistema imunolgico era afetado na de-pendncia da quantidade de radiao. Essa descoberta levou suposio de que a radiao poderia ser utilizada para vencer a barreira imunolgica aos transplantes.