Cnj - Manual de Gesto Dos Bens A Preen Didos CD

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MANUAL DE BENS APREENDIDOS

Corregedoria Nacional de Justia

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MANUAL DE BENS APREENDIDOS

2011

2011 Conselho Nacional de Justia Corregedora Nacional de Justia Juzes Auxiliares Ministra Eliana Calmon Alves Agamenilde Dias Arruda Vieira Dantas Erivaldo Ribeiro Dos Santos Jlio Csar Machado Ferreira de Melo Marlos Augusto Melek Nicolau Lupianhes Neto Ricardo Cunha Chimenti Jos Antonio de Paula Santos Neto Avio Mozart Jos Ferraz de Novaes Silvio Marques Neto (Assessor -Chefe) PRODUO Des. Federal Vladimir Passos de Freitas Juiz Jlio Csar Ferreira de Melo Juza Salise Monteiro Sanchotene Maria Deusirene Marcelo Gomes Leandro Luna

Desembargador

Coordenadores

Reviso Arte e Designer Arte Capa

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APRESENTAOO juiz, h algumas dcadas, tinha por misso, nica e exclusiva, julgar. Ningum definiu to bem esta fase como o jurista argentino Augusto Mrio Morello, para quem Por certo independente e neutro, porm mais expectador do que diretor dos atos e atividades em que se desenvolvem os litgios, ou melhor, distante, ou seja, nem to presente nem destacado intrprete e aplicador da lei, que se refugiava em seu gabinete e, sem dilogos frequentes com os atores do processo, aguardava a recepo ltima do expediente j feito pelas partes e advogados para ditar ento sua obra mxima: a sentena de mrito (La Justicia, de frente a la realidad, Buenos Aires, Rubinzal-Culzoni Editores, p. 89). A rotina do juiz contemporneo diferente. Ele tem entre as suas atividades um rol cada vez maior de responsabilidades. Sua ao no se limita mais a presidir audincias e proferir sentenas. Nos tribunais preciso assumir novas atividades administrativas, como a Escola da Magistratura, Gabinete de Conciliao, sem falar das mais tradicionais, como a participao em bancas de concursos pblicos, corregedoria ou presidncia. Conciliador, administrador judicial, gestor de pessoas, do meio ambiente e de presdios, tudo, alm de decidir aes judiciais cada vez mais intrincadas, com reflexos muitas vezes internacionais. A Corregedoria Nacional de Justia, ciente de seu papel de grande auxiliar no aprimoramento do Poder Judicirio, v-se na obrigao de tudo fazer para que isto se torne realidade. E, assim, em uma de suas mltiplas atividades, oferece aos magistrados de todo o Brasil este singelo manual, cujo objetivo nico o de auxiliar no destino de bens apreendidos. A relevncia do tema nem sempre percebida pela sociedade. A razo simples. Os bens apreendidos localizam-se em milhares de locais diversos, Fruns e Delegacias de Polcia espalhados por todo o territrio nacional. Se juntos estivessem, certamente assustariam a todos. Mas dispersos, entre uma pequena comarca na fronteira com o Uruguai at outra nos limites da Guiana, com certeza no chamam a ateno. Todavia, a situao beira o caos. Milhares de automveis se deterioram nos ptios de Delegacias, armas ficam retidas em locais inseguros e vez por

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outra so furtados, barcos, computadores, caa-nqueis, roupas, moeda falsa, entorpecentes e uma infinidade de bens compe este quadro assustador. E o Poder Pblico, no caso o Judicirio, nem sempre se d conta da gravidade do problema. Bem por isso o Conselho Nacional de Justia editou a Recomendao n. 30 de 2010, qual se tenta, agora, dar maior efetividade. Para que se tenha ideia da pouca efetividade na destinao de bens apreendidos, repetindo o que os organizadores colocaram ao comentar o Sistema Nacional de Bens Apreendidos, em julho de 2011, o Conselho Nacional de Justia aferiu, por meio do SNBA, que, desde a implantao do sistema, houve o cadastramento de R$ 2.337.581.497,51 em bens. Deste valor, 0,23% foi objeto de alienao antecipada, representando R$ 5.330.351,89, e 1,85%, correspondendo a R$ 43.334.075,60, houve perdimento em favor da Unio e dos Estados. Alm disso, em 4,43% desses valores, importando R$ 103.452.804,44, ocorreu a restituio dos bens, e em 0,15%, ou seja, R$ 3.404.456,34, restou a destruio. A concluso que se extrai com esses dados que o alto percentual de 93,35% dos bens apreendidos ainda permanece aguardando destinao, com situao a definir, representando o expressivo valor de R$ 2.182.059.809,24 sob a responsabilidade do Poder Judicirio. impressionante a meno, pois revela que os bens no so restitudos nem alienados. Por certo, neste singelo roteiro no se est querendo ensinar ou induzir os magistrados a agirem desta ou daquela forma. Mas se est, sim, em obedincia ao princpio constitucional da eficincia consagrado no art. 37 da Carta Magna, tentando atender aos interesses da administrao da Justia e dos prprios partcipes da relao processual. E mais. Este um manual em permanente processo de formao. Sero recebidas com muita alegria sugestes para o seu aprimoramento, que podem ser enviadas por mensagem eletrnica dirigida Corregedoria Nacional de Justia. A est, pois, este manual que almeja apenas ser uma ferramenta a mais na busca de uma Justia adequada ao Brasil contemporneo. Braslia, agosto de 2011. Vladimir Passos de Freitas Jlio Csar Ferreira de Mello Salise Monteiro Sanchotene

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SUMRIO

APRESENTAO .............................................................................................................................................. 3 RELAO DE LEGiSLAO PARA CONSULTA ...................................................................................... 7 PREFCiO ........................................................................................................................................................... 8 ALiENAO ANTECiPADA ........................................................................................................................10 ANiMAiS EM CATiVEiRO ...........................................................................................................................11 APREENSO DE CAA-NQUEiS ..............................................................................................................12 APREENSO DE DiNHEiRO ......................................................................................................................13 ARMAS E MUNiES ...................................................................................................................................15 ARRESTO E HiPOTECA LEGAL .................................................................................................................16 BENS DE PEQUENO VALOR .......................................................................................................................17 CUSTO DA ALiENAO ..............................................................................................................................17 DOAO ...........................................................................................................................................................17 ENTiDADES PARA DOAO......................................................................................................................17 BENS iNUTiLiZADOS ...................................................................................................................................18 BENS DE VTiMA NO LOCALiZADA ....................................................................................................18 CHEQUES E TTULOS ...................................................................................................................................19 CONTRABANDO E DESCAMiNHO ..........................................................................................................19 CRiMES AMBiENTAiS...................................................................................................................................20 DROGAS ............................................................................................................................................................22 FiANA .............................................................................................................................................................22 iNFORMTiCA EQUiPAMENTOS .........................................................................................................25 iMVEiS............................................................................................................................................................25 LAVAGEM DE DiNHEiRO LEi 9.613 DE 1998 ......................................................................................27 MEDiCAMENTOS FALSiFiCADOS OU NO AUTORiZADOS ..........................................................28 MOEDA FALSA ................................................................................................................................................30 PRODUTOS FALSiFiCADOS........................................................................................................................31 RADiODiFUSO EQUiPAMENTOS .......................................................................................................31 SEQUESTRO E ALiENAO DE BENS .....................................................................................................32 SiSTEMA NACiONAL DE BENS APREENDiDOS ...................................................................................32 TXiCOS: A LEi 11.343/06 E OS BENS DO ACUSADO .........................................................................39

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VECULOS AUTOMOTORES, AERONAVES E EMBARCAES ........................................................47 MODELO DE LiBERAO DE VECULO MEDiANTE CAUO....................................................................................................................................52 PROCEDiMENTOS DA ALiENAO ANTECiPADA ...........................................................................54 EXEMPLOS DE DECiSO NA ALiENAO ANTECiPADA................................................................56 EXEMPLO DECiSO SEQUESTRO ANiMAiS EM CATiVEiRO .........................................................61 OFCiO PARA A ASSOCiAO RESPONSVEL POR ANiMAL ...................................................................................................................................................66 OFCiO DE ENCAMiNHAMENTO DE CAA-NQUEL .......................................................................66 EXEMPLO DE OFCiO DE ENViO DE ARMAS PARA O EXRCiTO E DE DECiSO DE RESTiTUiO ............................................................................................................68 EXEMPLO DE DECiSO DE ARRESTO, DE TERMO DE COMPROMiSSO E DE SENTENA DE HiPOTECA LEGAL, OFCiO PARA REGiSTRO DE iMVEiS ....................72 EXEMPLOS DE DECiSO DE BENS DE PEQUENO VALOR ...............................................................81 EXEMPLO DECiSO SOBRE BENS DE VTiMA DESCONHECiDA .................................................85 CRiME AMBiENTAL ACRDO DO TRF DA 4 REGiO ...............................................................86 (RECOMENDANDO A ALiENAO DO BEM APREENDiDO).........................................................86 EXEMPLOS DE DECiSO DE DESTRUiO DE DROGA E EMBALAGENS .................................87 EXEMPLO DE DECiSO CONCEDENDO FiANA ..............................................................................90 EXEMPLO DE DECiSO DE ALiENAO ANTECiPADA EM CRiME DE LAVAGEM DE DiNHEiRO ......................................................................................................93 REGiMENTO iNTERNO DO BANCO CENTRAL DO BRASiL ...........................................................95 GLOSSRiO BANCO CENTRAL DO BRASiL..........................................................................................96 CARTA-CiRCULAR N. 3.329 BANCO CENTRAL DO BRASiL .........................................................96 EXEMPLO DE OFCiO DE REMESSA DE MOEDA FALSA PARA O BANCO CENTRAL .............98 EXEMPLO DE DECiSO DE SEQUESTRO, SEGUiDA DE DECiSO DE ALiENAO ANTECiPADA .......................................................................................99 LEi DE TXiCOS PROCEDiMENTOS DE APREENSO E USO PROViSRiO ........................101 LEi DE TXiCOS PROCEDiMENTOS NA SENTENA CONDENATRiA, COM OU SEM ALiENAO ..................................................................................103 EXEMPLO DE DECiSO DE ALiENAO ANTECiPADA DE VECULOS E OFCiO PARA A CAPiTANiA DOS PORTOS .........................................................104 EDiTAL DE LEiLO ....................................................................................................................................114 DECiSO DESiGNANDO LEiLES .........................................................................................................116 DECiSO DETERMiNANDO A REALiZAO DE BAZAR (1) ........................................................117 DECiSO DETERMiNANDO A REALiZAO DE BAZAR (2) ........................................................119 DECiSO RECEBENDO A DENNCiA E DETERMiNANDO A VENDA ANTECiPADA E DESTiNAO DOS BENS APREENDiDOS ........................................122

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Relao de Legislao para consulta

LEi N. 11.343, DE 23 DE AGOSTO DE 2006 RECOMENDAO N. 30, DE 10 DE FEVEREiRO DE 2010 (CNJ) LEi N. 10.826, DE 22 DE DEZEMBRO DE 2003. DECRETO-LEi N. 3.689, DE 3 DE OUTUBRO DE 1941 DECRETO-LEi N. 3.240, DE 8 DE MAiO DE 1941 DOU DE 31/12/41 LEi N. 9.605, DE 12.02.1998 DECRETO-LEi N. 3.689, DE 3 DE OUTUBRO DE 1941 DECRETO N. 24.427, DE 19 DE JUNHO DE 1934 LEi N. 9.289, DE 4 DEJULHO DE 1996 DECRETO-LEi N 1.537,DE 13 DE ABRiL DE 1977 LEi N. 7.652, DE 3 DE FEVEREiRO DE 1988.

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PREFCiO 1a EDiOAo assumir a Corregedoria Nacional de Justia, em setembro de 2010, destacava dentre os desafios da administrao do Poder Judicirio a gesto dos depsitos judiciais de bens mveis. A demora no processamento das demandas, a falta de infraestrutura dos depsitos, a complexidade da legislao e o receio dos magistrados responsveis pelos bens apreendidos, temerosos em alien-los prematuramente, fizeram do tema um dos mais incmodos para a imagem da Justia. E isso porque os bens em depsito acabam imprestveis pela m conservao e pelo decurso do tempo. O problema no tem encontrado solues plausveis, sendo insuficientes muitas das iniciativas; ao contrrio, o aumento de leis disciplinadoras de cada tipo de depsito fez a disciplina dos depsitos de bens apreendidos densa e complexa, agravando o problema. Pensando em facilitar a desburocratizao do problema, procurei informaes sobre os crnicos problemas dos depsitos. Por exemplo, os avies apreendidos em garantia a dbitos de empresas falidas, ocupando inutilmente os congestionados ptios dos aeroportos brasileiros, ou o cemitrio de veculos apreendidos em Foz do iguau. Enfim, oficiei a algumas autoridades pedindo informaes e conclu que alguma coisa prtica poderia ser feita. Os Juzes Auxiliares da Corregedoria de imediato compartilharam da minha preocupao e, espontaneamente, surgiram como voluntrios a estudar o problema. So eles: o Desembargador Federal Vladimir Passos de Freitas e o Juiz Jlio Csar Ferreira de Mello, os quais convidaram para compor a equipe a Juza Federal Salise Monteiro Sanchotene. As informaes chegadas da Secretaria do Sistema Nacional de Bens Apreendidos e da Secretaria da Receita Federal deram ao grupo uma ideia da dimenso do problema. Sensibilizados com a grandeza do trabalho, chegaram os componentes do grupo concluso de que o primeiro passo deveria ser a compilao de todas as leis disciplinadoras dos depsitos. A primeira dificuldade do grupo foi a diversidade dos depsitos judiciais, cada um regido por legislao especfica, indicando peculiar procedimento judicial. Vencida a etapa inicial e reunida a legislao, inclusive as resolues

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e/ou recomendaes do Conselho Nacional de Justia, o passo seguinte foi examinar a jurisprudncia dos tribunais. A experincia dos magistrados integrantes da equipe levou-os a tambm inserirem modelos de decises, despachos e ofcios, fornecendo mais uma ferramenta facilitadora aos destinatrios da publicao. O trabalho de pesquisa e compilao no foi pequeno, sendo possvel somente pela determinao dos experientes magistrados envolvidos nesta rdua e louvvel tarefa. Em menos de um ano o Desembargador Vladimir Passos de Freitas, em nome dos demais integrantes do grupo, entregou Corregedoria a verso final de um manual de orientao srio e competente. Esta verso final, ao longo do tempo, ser enriquecida com sugestes, crticas e atualizao das leis posteriores e das novas posies jurisprudenciais. Em nome da Corregedoria Nacional de Justia agradeo o empenho e determinao dos doutores Vladimir Passos de Freitas, Jlio Csar Ferreira de Mello e Salise Monteiro Sanchotene. Mais do que organizadores, so eles autnticos autores desta publicao. Braslia, agosto de 2011 Ministra Eliana Calmon Corregedora Nacional de Justia

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ALiENAO ANTECiPADAA alienao antecipada a venda do bem apreendido em leilo antes do trmino da ao penal. Por bvio o legislador do Cdigo de Processo Penal, em 1940, no estava preocupado com esta medida de cautela. Os tempos eram outros. Populao escassa, predominantemente na rea rural, e crimes sem maior complexidade. Nestes anos 2010, outra a situao. Grandes contingentes humanos, complexos crimes financeiros, consumo desenfreado, conexes internacionais, transferncias bancrias em segundos. E como consequncia, ptios abarrotados de automveis apreendidos, aeronaves, armas, instrumentos de trabalho, medicamentos falsos, agrotxicos vindo do exterior e de uso proibido, enfim, uma gama de situaes que resultam os mais variados problemas. por isso que, em boa hora, a antecipada alienao de bens apreendidos foi prevista no art. 62 da Lei n. 11.343/2006, que trata de substncias entorpecentes. E o Conselho Nacional de Justia, gestor maior da administrao da Justia do Brasil, expediu a Recomendao n. 30, de 10 de fevereiro de 2010, para que a norma da lei especial fosse tambm aplicada em crimes de outra natureza, a fim de se evitar a depreciao dos bens pela falta de manuteno e ausncia de condies de depsito que viabilizem sua preservao durante o curso do processo. Alm disso, juntamente com a possibilidade de utilizao provisria dos veculos pela polcia ou entidades, haver reduo dos recursos pblicos a serem empregados no custeio do depsito dos veculos automotores. igualmente, a alienao antecipada de bens estimulada pela Estratgia Nacional de Combate Corrupo e Lavagem de Dinheiro (ENCCLA), para dar cumprimento aos tratados e convenes internacionais dos quais o Brasil signatrio.http://portal.mj.gov.br/data/Pages/MJ7A4BFC59iTEMiD03AAF17B718C4D3197E983142910505CPTBRiE.htm

Cumpre mencionar, ainda, recente regulamentao da matria, na seara administrativa, por meio da Portaria n. 3.010 de 29.06.2011 RFB, que autoriza a Receita Federal do Brasil a destinar mercadorias sob custdia, ainda que relativas a processos pendentes de apreciao judicial. Os fundamentos para tanto encontram-se no art. 3 da Portaria, o qual segue transcrito:

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Art. 3 A destinao de mercadorias sob custdia visa alcanar, mais rapidamente, benefcios administrativos, em especial agilizar o fluxo de sada e abreviar o tempo de permanncia em depsitos, de forma a disponibilizar espaos para novas apreenses, diminuir os custos com controles e armazenagem e tambm a evitar a obsolescncia e a depreciao dos bens.

ANiMAiS EM CATiVEiROAnimais criados em cativeiro, que no sejam relacionados a crime ambiental, podem ser objeto de sequestro ou arresto, uma vez que possuem valor econmico.REGiSTRO DA CONSTRiO

A constrio judicial dever ser registrada pela associao autorizada a realizar o registro genealgico, se houver, a fim de evitar a alienao dos animais.ASSOCiAES AUTORiZADAS PARA REGiSTRO GENEALGiCO

O Ministrio da Agricultura, Pecuria e Abastecimento (MAPA) controla o Cadastro Geral das Associaes Encarregadas do Registro Genealgico e a entidade responsvel por conceder autorizao para o registro genealgico de animais de interesse econmico para o agronegcio, assim definidos cavalos, jumentos, chinchilas, ovelhas, carneiros, sunos, bovinos e bfalos (art. 1 da instruo Normativa n. 32/2009, do Ministrio da Agricultura, Pecuria e Abastecimento; Lei n. 4.716/1965; Decreto n. 58.984/1699). As associaes, alm do registro genealgico e outras informaes sobre os animais, conferindo-lhes identidade segura, registram sua transferncia, e, por certo, realizam controle de interesse para o cumprimento das medidas constritivas.RASTREABiLiDADE DE REBANHOS

Alm disso, em se tratando de gado destinado ao abate e exportao de carne para pases que exigem rastreabilidade da procedncia como condio (Unio Europeia), h o Sistema de identificao e Certificao de Bovinos e Bubalinos (SiSBOV), subordinado ao Ministrio da Agricultura. Nesse sistema, existem unidades certificadoras cadastradas em todo o Pas que providenciam o registro genealgico dos animais, monitorando inclusive as transferncias de lotao do gado. O servio de rastreabilidade, mediante atuao das certifica-

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doras oneroso para o proprietrio dos animais. Desse modo, excetuando-se o caso de exportao de carne para a Unio Europeia, a adeso ao sistema ainda opcional. Entretanto, em caso de medida constritiva, a Secretaria da Agricultura dos Estados ou a Unidade de Ateno Veterinria (Defesa Sanitria) a ela vinculada esto habilitadas a realizar, excepcionalmente, o trabalho das certificadoras. Nesse caso, o servio gratuito, com o que a adeso ao SiSBOV poder ser exigncia judicial para garantia da medida constritiva.FiEL DEPOSiTRiO

Para a manuteno do rebanho em bom estado imprescindvel a constituio de fiel depositrio para administrao dos bens.

APREENSO DE CAA-NQUEiSAs mquinas tipo caa-nquel so equipamentos eletrnicos utilizados para softwares de jogos de azar. Podem ser apreendidas pela prtica da contraveno relacionada explorao dos jogos de azar (art. 50 do Decreto-Lei n. 3.688/1941), caso estejam em funcionamento, ou pela prtica do crime de contrabando ou descaminho, caso estejam inativas e possuam componentes de origem estrangeira. A apreenso de caa-nqueis origina redobrados problemas para a Autoridade Judiciria, visto que, pelo tamanho e, por vezes, pela quantidade, tais bens so de guarda altamente problemtica. Por outro lado, o art. 159, 6, inc. i, do Cdigo de Processo Penal (CPP), na redao dada pela Lei 11.690/2008, permite novo exame se houver requerimento da parte, para tanto ficando disponibilizado o material probatrio. Diante de tal situao, afigura-se adequado manter com a Autoridade Judiciria um caa-nquel para eventual reexame a pedido das partes, remetendo os demais para a autoridade administrativa da Receita Federal, nos termos do ofcio abaixo, para anlise de eventual decreto de perdimento (Decreto-Lei 37/66, arts. 94 e 96, inc. ii, e instruo Normativa SRF n. 309/2003).

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APREENSO DE DiNHEiRORegistre-se, inicialmente, que no h crime (fato tpico) ou infrao administrativa na mera posse de elevada quantidade de dinheiro. Ainda, a apreenso e a declarao de perdimento s poderem ser feitas com base legal, a regra do art. 5, inc. ii, da CF (princpio da legalidade). Assim, no pode a apreenso ser feita sem motivo, porque isto seria um verdadeiro confisco, proibido pela Constituio (art. 5, inc. XLV) e repelido pela jurisprudncia. Ocorre que, a Autoridade Policial, por vezes, toma conhecimento de que em poder de algum suspeito ou mesmo de qualquer pessoa do povo, foi encontrada elevada soma em dinheiro. Por exemplo, em uma revista de rotina, encontra com o motorista de um veculo R$ 50.000,00, em espcie, sem que ele justifique a origem da verba. Paira grande dvida se h ou no algum crime. possvel, tambm, que ocorra a apreenso de dinheiro encontrado com uma pessoa suspeita da prtica de crime. Por exemplo, um funcionrio pblico que responde aes penais por corrupo e recebe R$1.500,00 de vencimentos mensais, colide com outro veculo e, no exame de seu carro, encontra-se a quantia de R$80.000,00, em espcie, acondicionada debaixo do banco. H uma forte suspeita de origem ilcita. Outra hiptese ser a do Delegado de Polcia que, cumprindo mandado de busca e apreenso judicial, encontrar na residncia de um suspeito da prtica de trfico de entorpecentes, U$40.000, em cdulas. H um juzo provisrio de que a verba produto de crime ou se destina a lavagem de dinheiro. Apreendido o numerrio pela Autoridade Policial, recebido em Juzo, feito o exame das notas, se necessrio, deve ser providenciado o depsito em conta judicial vinculada ao processo. Mesmo no havendo crime, eventualmente, poder haver infrao administrativa, hiptese em que a Autoridade Policial poder fazer a apreenso, ainda que por outros fundamentos, mas sempre com a necessria base legal. Ocorrer infrao administrativa no caso de algum tentar ingressar no Pas ou dele sair, com mais de R$10.000,00, sem Declarao de Porte de Valores (DPV). Nesta hiptese, independentemente da caracterizao ou no de um crime (que depender igualmente do restante da investigao), os valores superiores a dez mil reais podero ser confiscados, na forma do art. 65, 3, da Lei 9.069/95. Consequentemente, o Delegado de Polcia poder lavrar auto de apreenso da referida quantia, informando o Superintendente do Banco Central no Estado, para a instaurao do processo administrativo pertinente. Ocorrendo tal situao, a via processual adequada seria o interessado ingressar em Juzo com Mandado de Segurana. Mas, por se tratar de matria pouco

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estudada, possvel que ele encaminhe pedido de restituio ao Juiz Criminal. Nesta hiptese no h o que deferir, porque se trata de apreenso de natureza exclusivamente administrativa. Alm disso, para quem se disponha a aprofundar-se na matria, indicase consulta Carta Circular 3.098, de 11.6.2003, do Banco Central do Brasil (BACEN), que, nos itens i e ii obriga as instituies financeiras a comunicar ao Conselho de Controle de Atividades Financeiras (COAF) depsito, saque e proviso de saque, em espcie, no valor igual ou superior a R$100.000,00, o que representa tentativa de monitorar movimentaes em espcie de valor significativo. Esta cautela do administrador encontra-se na linha do entendimento de que isso seria algo usual em uma atividade criminosa. Evidentemente, nem toda, ou nem sequer a maioria dessas movimentaes, tem natureza criminosa. Todavia, um mecanismo de controle interessante sobre a movimentao bancria, sem que represente nenhuma sano para o autor. Finalmente, registra-se que os valores apreendidos em moeda nacional devem ser depositados na Caixa Econmica Federal ou em outra instituio financeira nos Estados que, eventualmente, utilizem servios de outro estabelecimento bancrio, em conta judicial vinculada ao processo. Caso no haja posto bancrio no prdio-sede da Justia, os valores devero ser levados pela Polcia Federal ou Polcia Civil (conforme seja a Justia Federal ou Estadual) quando ainda na fase investigativa, ou por oficial de justia, na ao penal, acompanhado da estrutura de segurana compatvel com o volume e o valor das cdulas. Os valores em moeda estrangeira constritos fora da rede bancria devem ser remetidos ao Banco Central do Brasil do mesmo modo que a moeda nacional (pela Polcia, quando na investigao, ou por oficial de justia, na ao penal, este ltimo acompanhado por esquema de segurana compatvel com o volume e o valor). Quando no houver sede do Banco Central do Brasil no Municpio, a moeda estrangeira apreendida poder ser remetida agncia mais prxima do Banco do Brasil, a qual realiza a converso da moeda, deposita o numerrio em conta vinculada e remete a moeda estrangeira ao Banco Central do Brasil. Na Justia Federal, h disposies especficas na Resoluo n. 428/2005, do Conselho da Justia Federal.

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ARMAS E MUNiESO depsito de armas de fogo e de munies requer estrutura da segurana. Por ser instrumento do crime, por excelncia, pode atrair o interesse da criminalidade para o depsito e colocar em risco a integridade de magistrados, servidores e cidados em geral que circulam no foro. Desse modo, armas de fogo e munies devero ser mantidas no depsito judicial pelo menor tempo possvel e, ainda, se este apresentar condies mnimas de segurana e conforme o volume dos materiais apreendidos. Cuidado redobrado dever ser tomado com outros artefatos blicos eventualmente apreendidos, os quais devem, preferencialmente, ser enviados pela Polcia diretamente ao Comando do Exrcito.RESOLUO N. 134/2011, DO CONSELHO NACiONAL DE JUSTiA

Vlida para todo o Poder Judicirio, a Resoluo n. 134/2011, do CNJ, disciplina o procedimento a ser adotado, no caso de apreenso de armas e munies. Dentre outros itens, autoriza o juzo, apenas em casos excepcionais, a manter a guarda das armas e munies mediante deciso fundamentada e institui a remessa mnima semestral das armas apreendidas ao Comando do Exrcito.BENS APREENDiDOS NO CRiME DE TRFiCO DE ENTORPECENTES

Segundo o art. 62 da Lei n. 11.343/2006, os bens apreendidos no crime de trfico de drogas permanecero sob a custdia da Polcia, exceo das armas de fogo, as quais devero ser encaminhadas ao Comando do Exrcito, nos moldes do art. 25 da Lei n. 10.826/2003, o Estatuto do Desarmamento.COMANDO DO EXRCiTO

As armas de fogo, sem registro ou autorizao, aps a realizao da percia e da juntada do laudo aos autos, quando no mais interessarem persecuo penal, devem ser remetidas mediante termo nos autos ao Comando do Exrcito, conforme suas unidades especficas de administrao de material blico, nas diversas regies. (art. 25 da Lei n. 10.826/2003) Por idnticas razes, o mesmo destino dever ser conferido s munies e a quaisquer outros petrechos blicos.

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DOAO DAS ARMAS A FORAS POLiCiAiS

A doao de armas e munies s foras policiais poder ser avaliada pelo Comando do Exrcito (art. 25, 1, da Lei 10.826/2003), cabendo ao juiz apenas o decreto de perdimento em favor das instituies beneficiadas (art. 25, 2, da Lei n. 10.826/2003).JUSTiA FEDERAL

No caso da Justia Federal, ressalvado o direito do lesado ou de terceiro de boa-f, dever ser decretado o perdimento das armas, acessrios e artefatos de uso restrito ou proibido, devendo ser revogada qualquer cautela dos materiais, tudo conforme a Resoluo n. 428/2005, do Conselho da Justia Federal (link).RESTiTUiO

As armas de uso permitido ou restrito, devidamente registradas e autorizadas, podem ser restitudas aos legtimos proprietrios. Para tanto, essencial que, no momento da retirada do material sejam apresentados os documentos de registro e de autorizao de porte. Quanto ao porte de arma, no caso de policiais, poder ser apresentada a respectiva carteira funcional.

ARRESTO E HiPOTECA LEGALO arresto ou sequestro inominado medida cautelar que visa garantia de recursos para futura reparao do dano do ilcito perante o juzo cvel, podendo recair sobre imveis ou sobre mveis, caso os imveis no representem valor suficiente. Regula-se pelos arts. 136 a 144 do Cdigo de Processo Penal e pelo Decreto-Lei n. 3.240/1941. No caso dos imveis, o arresto medida prvia que deve ser seguida da hipoteca legal, com especificao do valor necessrio para a garantia da reparao do dano posteriormente. A hipoteca legal regula-se pelos arts. 134, 135 e 142 a 144 do Cdigo de Processo Penal e pelo Decreto-Lei n. 3.240/1941.Exemplos de deciso de arresto, termo de compromisso, sentena de hipoteca legal e ofcio ao registro de imveis.

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BENS DE PEQUENO VALOR(com sugesto de doao) Alm da destinao de objetos especficos, tais como veculos, valores, armas, normalmente, resta, ainda, nos depsitos judiciais uma diversidade de outros bens, geralmente de pequeno valor.

CUSTO DA ALiENAOQuando o valor dos bens representativo, no h dvida em se adotar as solues de alienao do CPP. Contudo, quando os valores so irrisrios e o custo da alienao certamente superar o valor de alienao, o caminho a doao, ouvido o MP.

DOAOA doao dos bens depende de alguns requisitos: a) quando decretado o perdimento do bem, ponderar a antieconomicidade do leilo e determinar a doao. b) quando no decretado o perdimento do bem: * conhecido seu proprietrio ou detentor, dever ser intimado para retirar o bem, advertindo-se que, em caso de inrcia, ser dada destinao diversa ao bem, que no poder ser reclamado futuramente; * desconhecido seu proprietrio ou detentor, o processo dever aguardar o prazo de 90 dias do trnsito em julgado da deciso final do processo e, aps, ponderada a antieconomicidade do leilo, determinar a doao.

ENTiDADES PARA DOAOAs entidades assistenciais variam muito conforme seu administrador. Mas h instituies em que pelo volume e diversidade do pblico que atendem acabam conseguindo absorver esses bens mais midos, tais como a Cruz Vermelha Brasileira e a APAE. Quando houver itens especficos, tais como ferramentas diversas, podem ser destinados para entidades que oferecem cursos profissionalizantes.

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Conhecer a rede social da cidade garante mais celeridade e aproveitamento na destinao dos bens apreendidos.

BENS iNUTiLiZADOSH bens apreendidos que no so passveis de utilizao, seja pelo seu estado de conservao, seja pela sua natureza. Por isso, aconselhvel que, antes de resolver sobre a destinao, verifiquem-se os bens visualmente ou por meio de informao do gestor do depsito. No existindo condies de uso, o juiz poder, motivando a deciso, determinar a destruio dos bens, prevendo a forma prtica a ser adotada na Secretaria do Juzo para concretizar o ato.

BENS DE VTiMA NO LOCALiZADANos crimes contra o patrimnio no raro que algum seja preso com quantidade expressiva de bens de terceiros, sem que, total ou parcialmente, no se identifiquem as vtimas. Ultimado o inqurito Policial, remetido a Juzo, depara-se o magistrado com dois tipos de dificuldades: a) manter em depsito bens sem proprietrio conhecido; b) decidir pedido de restituio que, por vezes, o indiciado formula, alegando militar a seu favor a presuno de inocncia (CF, art. 5, inc. LVii). O pedido de restituio tem por base o art. 120 do CPP, mas requisito a inexistncia de dvida quanto ao direito do requerente. Contudo, se dvida existe (v.g., o indiciado foi surpreendido com dezenas de aparelhos celulares) e no exibe o interessado nota fiscal ou outros documentos provando a origem lcita, a restituio no deve ser deferida de plano. verdade que o Cdigo Civil, no art. 1.210, protege o possuidor. No entanto, as peculiaridades do caso no podem ser deixadas de lado. Se no induzem existncia de posse de boa-f e, menos ainda, de propriedade (CC, art. 1.228), a presuno poder inverter-se, ou seja, ser a de que os bens reclamados tm origem criminosa. Aplica-se ao caso o art. 335 do CPC, cuja interpretao por analogia permitida pelo art. 3 do CPP, o qual recomenda, na falta de normas jurdicas particulares, a aplicao das regras da experincia comum. Se presentes tais condies, o pedido de restituio poder ser indeferido e, mantida a apreenso, determinar-se o posterior leilo. Abaixo, modelo prtico.

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CHEQUES E TTULOSOs cheques apreendidos devero ser compensados, depositando-se o valor correspondente em conta remunerada disposio do Juzo, mantendo-se cpia autntica nos autos. Em caso de cheques em branco, no sendo documentos suspeitos de falsificao, devero ser anulados e assim mantidos nos autos, informando-se a respectiva instituio bancria, por ofcio. Os ttulos financeiros sero custodiados por instituio bancria disponvel para o Juzo, devendo ser resgatados to logo possvel mediante deciso judicial precedida de manifestao do Ministrio Pblico Federal, adotandose, quanto ao valor apurado o mesmo procedimento relativo aos cheques, qual seja, depsito em conta remunerada disposio do Juzo.JUSTiA FEDERAL

No caso da Justia Federal, h obrigatoriedade de depsito dos cheques e custdia dos ttulos na Caixa Econmica Federal, conforme a Resoluo n. 428/2005, do Conselho da Justia Federal.

CONTRABANDO E DESCAMiNHOOs bens objeto de contrabando ou descaminho so apreendidos pela Polcia Federal e pela Receita Federal, desde logo sendo submetidos a exame pericial para que se constate a origem da mercadoria. A apreenso administrativa tem por fundamento o Decreto-Lei 37/66, que permite que se decrete a pena de perdimento. So distintas as apreenses na esfera administrativa e na penal. De qualquer forma, frente ao volume de bens apreendidos de origem estrangeira, fruto de contrabando ou descaminho, no se recomenda ao juiz que os mantenha apreendidos at o trmino da ao penal, seja porque no h, normalmente, espao para guard-los, seja porque a reteno torna incua a alienao na esfera administrativa. Aplica-se ao caso a alienao antecipada, de acordo com a Recomendao n. 30 do Conselho Nacional de Justia. Evidentemente, com cautela para casos especiais, por exemplo, se o proprietrio no contribuiu de forma alguma para a prtica do crime (Smula 138 do TRF). Note-se que, em regra geral, a apreenso de mercadorias ou de veculos. No que toca s mercadorias, de regra, elas no permanecem apreendidas na esfera criminal, pois to logo presentes os laudos ou documentos que apontam a infrao penal, a prpria Receita Federal promove a destinao (leilo,

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incorporao/destruio), tudo em conformidade com o Decreto-Lei 1455/75, art. 23 e seguintes, e Decreto-Lei 37/66, arts. 96 a 105. Outra hiptese a do veculo apreendido apresentar componentes ilcitos, oriundos da prtica de descaminho ou contrabando, tais como pneus ou aparelhos de som. Nesta situao os veculos devem ser restitudos aos proprietrios, condicionando a entrega retirada, s suas expensas, desses componentes ilegais, os quais permanecero apreendidos na polcia. Em se tratando de veculos apreendidos com mercadorias contrabandeadas e/ou descaminhadas ou por infrao a outras regras Aduaneiras, normalmente tais veculos no permanecem apreendidos na esfera criminal, haja vista no se fazer presente nenhuma das situaes dos arts. 91 e 92 do Cdigo Penal. Assim, na esfera criminal tais veculos so liberados nos incidentes de restituio, mas continuam apreendidos na esfera administrativa pela Receita Federal por infrao legislao aduaneira, que prev o perdimento deles. (Decreto-Lei 1455/75, art. 23 e seguintes, e Decreto-Lei 37/66, arts. 96 a 105). Quando o proprietrio se insurge e ingressa em Juzo, pedindo liminar ou antecipao da tutela, possvel liberar-se o veculo mediante cauo em dinheiro. Esta soluo atende aos interesses do dono e da Receita Federal. Abaixo modelo de despacho.

CRiMES AMBiENTAiSOs crimes ambientais esto previstos na Lei n. 9.605/98, muito embora existam tipos penais em outros diplomas legais (v.g., agrotxicos e afins, Lei n. 7.802/89). Os bens apreendidos nos delitos ambientais originam, por suas peculiaridades, enormes dificuldades Polcia e ao Poder Judicirio (v.g., a apreenso de um elefante de circo vtima de maus tratos, art. 32 da Lei n. 9.605/98). importante ter presente que a Lei dos Crimes Ambientais (art. 25 da Lei n. 9.605/98) tem dispositivos prprios e especficos para a apreenso e destino

dos bens. Ela regra especial e por isso prevalece sobre a regra geral do art. 91, inc. ii, do CPP (vide acrdo sobre o tema). Por outro lado, o acmulo de bens apreendidos abarrota as dependncias da Polcia Ambiental ou os Fruns do Poder Judicirio, alguns de difcil acomodao pelo tamanho e at de destruio (p. ex., redes de pesca). Observaes de interesse:

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A apreenso feita pela Polcia Judiciria ou Polcia Ambiental (PM), para fins penais, pode ser cumulada com outra apreenso realizada pelo rgo ambiental federal (iBAMA), estadual ou municipal. Tal fato no deve ser motivo de preocupao para o juiz criminal, porque a apreenso administrativa ser objeto de outra discusso, no Juzo competente, tal qual no crime de contrabando. Boa parte das apreenses so de animais de estimao. Criados com proteo, se colocados em seu habitat natural, podero morrer. Por outro lado, os jardins zoolgicos esto sobrecarregados de espcimes e, por vezes, no aceitam receber novos habitantes. A soluo a ser nomear-se o dono como depositrio fiel. Para madeira e produtos perecveis o 2 d soluo prtica. Manda que sejam avaliados e doados, ou seja, dispensado o formalismo do leilo. A deciso judicial dar os motivos da escolha do destinatrio (v.g., asilo de idosos). Eventual improcedncia da ao suscitar a possibilidade de indenizao na esfera civil, servindo a avaliao como a base do valor a ser reparado. Os produtos e subprodutos oriundos da fauna no perecvel (v.g.,cintos de couro de jacar), sero destrudos (para no estimular o comrcio) ou doados a instituies cientficas, culturais ou educacionais (v.g., museu). Tudo mediante simples termo nos autos e sem necessidade de se aguardar o trnsito em julgado. Os instrumentos usados na prtica da infrao sero vendidos, garantida a sua descaracterizao. instrumentos podem ser tudo que tenha sido utilizado para a prtica do delito, como os materiais, as coisas. Uma rede de pesca pode ser usada legalmente e pode ser instrumento do crime (Lei 9.605/98, art. 34), se possuir caractersticas que impeam seu uso em determinado local ou poca do ano (v..g., redes de malha fina). Normalmente, o material apreendido submetido a percia na esfera policial. Se assim for, por cautela e se a situao de fato o permitir, o juiz pode manter depositado uma parte mnima dos bens apreendidos para eventual reexame (CPP, art. 159, 5), determinando que tenham destino com a parte restante, que no deve permanecer depositada no Frum ou em qualquer outro local. Tal qual em outros delitos, nos crimes ambientais os bens apreendidos podero ser alienados antecipadamente, de acordo com a Recomendao n. 30 do Conselho Nacional de Justia.

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DROGASAs substncias que gerem dependncia fsica ou psquica devero permanecer depositadas nas dependncias da polcia, na forma do art. 62, caput, da Lei n. 11.343/2006, da Lei de Txicos, no sendo remetidas para o depsito judicial, ainda que apenas para fins de amostra de preservao da prova. DESTRUiO Aps a realizao da percia tcnica, reservada amostra mnima pelo setor de percias da Polcia, para o exerccio do direito ampla defesa e ao contraditrio, a droga dever ser destruda mediante autorizao judicial, na forma dos arts. 32, 1, e 72, ambos da Lei 11.343/2006. O mesmo destino destruio dever ser dado aos petrechos para acondicionamento e consumo de drogas, tais como objetos nos quais so ocultadas as drogas para carga que restem contaminados pela substncia, alm de cachimbos e outros utilitrios que so aplicados na preparao para consumo. JUSTiA FEDERALResoluo n. 428/2005, do Conselho da Justia Federal.

No caso da Justia Federal, o procedimento est igualmente previsto na

FiANAA fiana sempre foi instituto de pouco uso no sistema judicial brasileiro. Trata-se normalmente de depsito em dinheiro, mas poder ser, entre outros, de pedras ou metais preciosos. Poder ser prestada no apenas pelo acusado, mas tambm por terceiros. O CPP dela trata dos arts. 321 a 350. A Lei 12.403/2011 alterou significativamente a matria e por isso algumas observaes devem ser feitas. Vejamos: 1)Recebendo o auto de priso em flagrante, o juiz dever conceder liberdade provisria, com ou sem fiana (CPP, art. 310, inc. iii). Excepcionalmente, poder faz-lo de ofcio (CPP, art. 310, inc. ii) e sem dar vista ao Ministrio Pblico (CPP, art. 333). A concesso da fiana poder ser acompanhada de outras medidas cautelares (CPP, art. 319, 4), por exemplo, o recolhimento domiciliar no perodo noturno e nos dias de folga quando o investigado ou acusado tenha residncia e trabalho fixos (CPP, art. 319, inc. V).

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2) O juiz no conceder fiana nas hipteses previstas nos arts. 322 (p. ex., crime de tortura) e 323 (p. ex., caso estejam presentes os motivos de decretao da priso preventiva. A fiana ser arbitrada pela Autoridade Policial nos casos apenados com pena privativa de liberdade at 4 anos, (CPP, art. 322), por exemplo contrabando, furto simples ou receptao). Esta inovao, alm de evitar o encarceramento de presos menos perigosos, resultar em diminuio de pedidos de liberdade ao juiz. 3) O valor da fiana (CPP, art. . 325), ficar entre 1 e 100 salrios mnimos nos crimes apenados at 4 anos de priso (a ser arbitrada pelo Delegado de Polcia) ou de 10 a 200 salrios mnimos nos sancionados com mais de 4 anos (a ser fixada pelo juiz). A dosagem do valor ser feita tendo em vista natureza da infrao, condies pessoais de fortuna e vida pregressa do acusado, circunstncias indicativas de sua periculosidade, bem como a importncia provvel das custas do processo, at final julgamento (CPP, art. 326). Mas, se assim recomendar a situao econmica do preso, a fiana poder ser dispensada, reduzida em at 2 teros ou aumentada em at 1.000 vezes (CPP, art. 325, 1). O recolhimento est previsto para ser feito em repartio arrecadadora federal ou estadual, ou entregue ao depositrio pblico (CPP, art. 331). Todavia, uma vez arrecadado o dinheiro, no ter como ser devolvido. Sugere-se, portanto, a entrega ao depositrio pblico, com recomendao para que deposite em conta-corrente remunerada em instituio bancria, forma que atender mais ao esprito da lei e facilitar a devoluo a quem for absolvido. 4) Destino da fiana 4.1) Quebra da fiana: a fiana ser julgada quebrada (CPP, art. 341), se o ru no atender aos atos do processo, praticar ato de obstruo de andamento do processo, descumprir medida cautelar imposta cumulativamente com a fiana, resistir injustificadamente ordem judicial ou praticar nova infrao penal dolosa. Nestas hipteses, o juiz mandar recolher aos cofres pblicos metade de seu valor e decidir sobre a imposio de outras medidas cautelares ou sobre a decretao da priso preventiva (CPP, art. 343). 4.2) Devoluo da fiana: ser devolvido o valor da fiana ao afianado caso venha a ser absolvido ou decretada a extino da punibilidade da ao penal (CPP, art. 337). O mesmo procedimento adotar-se- em caso de arquivamento do inqurito policial ou rejeio da denncia. No ser, todavia, devolvida a fiana caso haja sentena condenatria transitada em julgado e a prescrio seja da execuo da pena (CPP, art. 336, par. nico).

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4.3) Perda da fiana: ser decretada a perda total da fiana se o afianado, uma vez condenado, no se apresentar para cumprir a pena imposta (CPP, art. 344). Contudo, antes de efetuar o recolhimento o juiz usar o valor no pagamento das custas, da prestao pecuniria e da multa, se o ru for condenado (CPP, art. 336). Em caso de recolhimento da fiana, o dinheiro dever ser depositado no fundo penitencirio, federal ou estadual conforme a hiptese (CPP, arts. 345 e 346). 4.4) Fiana como garantia da indenizao: o valor da indenizao tambm deve ser resguardado (CPP, art. 336). Com a crescente conscientizao da sociedade sobre a defesa de seus direitos, tornou-se comum a propositura de ao civil, independentemente da criminal, visando reparao patrimonial ou moral do dano. Antes de liberar a fiana de boa cautela que o juiz diligencie para saber se existe ao civil e, se houver, suspender o recolhimento ao fundo penitencirio. Se a sentena for absolutria e o caso de devoluo do valor ao ru ou ao prestador, o juiz s dever impedir o levantamento se houver pedido fundamentado da vtima em tal sentido.

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iNFORMTiCA EQUiPAMENTOSOs equipamentos de informtica rapidamente perdem seu valor comercial e sua utilidade, em razo da velocidade da evoluo das tecnologias aplicadas. Alm disso, ocupam espao considervel nos depsitos. APREENSO APENAS DO DiSCO RGiDO Quando a apreenso das mquinas se d para a produo de prova, com base nas informaes e fluxos gravados no disco rgido, poder ser apreendido apenas o disco. A retirada do disco rgido dever ser realizada pela Polcia Federal ou Civil, conforme a competncia do Juzo, a fim de que avalie as possibilidades de leitura do HD em outros equipamentos, para fins de percia, caso necessrio. Assim, as CPUs podero ser restitudas aos seus detentores, embora sem o disco rgido, independentemente da soluo do processo, no ocupando espao nos depsitos judiciais. DESTiNAO EQUiPAMENTOS APREENDiDOS No caso de equipamentos de informtica apreendidos, cuja alienao seja antieconmica (veja o item bens diversos de pequeno valor) as doaes podero ser feitas para a rede de ensino pblico ou para entidades assistenciais. Como os equipamentos j no so novos e podero exigir servios de configurao ou manuteno para serem postos em uso, vale conferir as condies da entidade para isso. Outra soluo a doao para entidades que reutilizam peas de mquinas antigas na montagem de novas mquinas ou outros objetos, como escolas de cursos profissionalizantes.

iMVEiSCONSTRiO A constrio dos imveis sempre se d por medida judicial, uma vez que insuscetvel de apreenso policial, como no caso dos bens mveis. Sobre o tema, consulte os tpicos arresto e hipoteca legal e sequestro.

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REGiSTRO DE iMVEiS A eficcia da medida depende da anotao pelo Registro de imveis no qual est matriculado o imvel. FiEL DEPOSiTRiO A manuteno do bem em bom estado requer a designao de fiel depositrio, o qual dever firmar termo de compromisso. Veja exemplo de termo de compromisso no tpico arresto e hipoteca legal e sequestro NUS DA CONSTRiO A constrio judicial pode trazer consequncias prticas para o juzo, tais como a exigncia de vrios procedimentos relativos a sua administrao. Exemplo disso caso de sequestro de cotas em um cemitrio, em Governador Valadares/MG, empresa utilizada para a prtica do crime de lavagem de dinheiro. Com essa medida, o juzo passou a ter de emitir autorizao judicial para que o cemitrio funcionasse e as pessoas pudessem ser enterradas. O caso, entre outros, foi objeto de matria na Revista Via Legal, 9 ed., p. 21/23 http://www.jf.jus.br/cjf/comunicacao-social/informativos/revista-via-legal/ ViaLegal_Ed09_web.pdf/view. ALiENAO ANTECiPADA A fim de evitar a aplicao de recursos pblicos com a manuteno do imvel, podero ser alienados antecipadamente, independentemente na natureza do crime, de acordo com a Recomendao n. 30 do Conselho Nacional de Justia (link). Mais informaes no tpico alienao antecipada. iSENO EMOLUMENTOS Caso a constrio seja requerida pelo Ministrio Pblico Federal ou pela Fazenda Pblica, no h falar em emolumentos, no caso da Justia Federal, em face da iseno de custas previstas no art. 4 da Lei n. 9.289/1996 e no art. 1 do Decreto-Lei n. 1.537/1977.

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JOiASAs joias, independentemente da modalidade de constrio, podero ser depositadas na Caixa Econmica Federal (CEF). Na Justia Federal, conforme o art. 1, inc. Viii, da Resoluo n. 428/2005, do Conselho da Justia Federal, o depsito na CEF obrigatrio. A competncia da Caixa Econmica Federal para a realizao de penhor, como privilgio, decorre do art. 60 do Decreto n. 24.427/1934, que dispe sobre as Caixas Econmicas. De acordo com o art. 1, 2, da Resoluo n. 428/2005, do Conselho da Justia Federal, as joias no podero ser depositadas em postos ou agncias situados nos prdios-sede da Justia Federal. A remessa das joias para a Caixa Econmica Federal dever ser realizada por oficial de justia, com o apoio da rea da segurana adequado ao volume e aos valores envolvidos na operao.

LAVAGEM DE DiNHEiRO LEi 9.613 DE 1998(alienao de bens) O Brasil comprometeu-se, por meio de Tratados internacionais (p. ex., Conveno de Viena, 1988), a combater o crime organizado e a lavagem de dinheiro. Como consequncia, foi editada a Lei 9.613/98, que dispe sobre a ocultao de bens, direitos e valores provenientes, direta ou indiretamente, de crime. Alm disto, a Lei criou o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (COAF), rgo de inteligncia vinculado ao Ministrio da Fazenda (www.coaf.fazenda.br) que o encarregado de receber e examinar as comunicaes de operaes suspeitas de lavagem de dinheiro encaminhadas por entidades privadas, como as instituies financeiras. Quando concluir que a comunicao revela indcios de crime, a COAF dever repass-la s autoridades competentes (arts. 14 e 15). Alguns magistrados, corajosamente, permitem a alienao antecipada de bens apreendidos, sequestrados, ou arrestados em aes de combate corrupo e lavagem de dinheiro, com apoio nas sugestes da Estratgia Nacional de Combate Corrupo e Lavagem de Dinheiro (ENCCLA) e utilizando, por analogia, com o instituto da hipoteca previsto no Cdigo de Processo Civil. Para tanto, determinam o leilo dos bens dos acusados, logo aps o decreto das medidas assecuratrias. O fundamento, lgico, encontra-se sob o plio de que se torna impossvel a conservao dos bens, para a Justia Federal (competente em razo

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da pessoa), por trazer srios transtornos (espaos adequados para guarda e/ou depsito dos bens em virtude do volume excessivo e por onerar ainda mais os cofres pblicos). Alguns desses bens necessitam de conservao constante, pois so passveis de deteriorao. Os que se ope prtica alegam que representa flagrante violao ao princpio do devido processo legal, e aos direitos fundamentais do acusado. Para tanto, argumentam que os magistrados utilizam nas decises anteprojetos de lei ou mesmo propostas da ENCCLA e, ainda, analogicamente (mallan partem), institutos do Cdigo de Processo Civil (hipoteca legal). A posio da Corregedoria Nacional de Justia, que a ningum vincula e tem por escopo apenas auxiliar na efetividade da Justia, cabendo a cada magistrado decidir da forma que melhor lhe aprouver, a de que possvel a alienao antecipada. Primeiro porque ela se adapta a uma noo mais moderna de prestao jurisdicional, na qual o interesse pblico prevalece sobre o particular. Segundo porque fere o bom senso sustentar que bens apreendidos devem permanecer intocados at o trnsito em julgado da sentena definitiva, quando, sabidamente, o sistema judicial brasileiro possibilita que um processo criminal chegue a 10 ou mais anos, com o esgotamento de todos os recursos e todas as instncias. Finalmente, os bens apreendidos por ordem do juiz sero liberados se comprovada a licitude de sua origem (art. 4, 2). Portanto, para obter a liberao antes da sentena, ao investigado que cabe fazer prova da origem lcita ,e no ao Ministrio Pblico, da origem ilcita.

MEDiCAMENTOS FALSiFiCADOS OU NO AUTORiZADOS comum a apreenso de medicamentos falsificados ou que no possuam autorizao de venda no Brasil. Eles devero ser descartados da mesma forma que os medicamentos vencidos, a fim de se evitar a contaminao da gua e do solo pelas substncias ativas. No ser demais lembrar que o descarte sem as cautelas devidas poder ocasionar poluio atmosfrica (se incinerados) ou poluio de guas subterrneas (se lanados rede de esgoto ou ao solo). ANViSA E MUNiCPiO O descarte dos medicamentos vencidos controlado pela Vigilncia Sanitria, servio vinculado ao Sistema nico de Sade (SUS).

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No Brasil, a vigilncia sanitria organizada em forma de sistema Sistema Nacional de Vigilncia Sanitria (SNVS), no qual a Agncia Nacional de Vigilncia Sanitria (ANViSA) o rgo regulamentador, os Centros de Vigilncia Sanitria dos Estados so rgos intermediadores e reguladores no seu mbito e a Vigilncia Sanitria de cada municpio o rgo executor. A Resoluo n. 306, de 7.12.2004 da ANViSA cria um Regulamento Tcnico para o gerenciamento de resduos de servio de sade (http://www.febrafar.com.br/ upload/up_images/rdc306.pdf). A ANViSA no possui meios de propiciar a execuo do descarte de tal tipo de material. Assim, da responsabilidade do Municpio providenciar a estrutura necessria para o efetivo descarte dos medicamentos vencidos, obedecendo aos parmetros estabelecidos nos regulamentos editados pela ANViSA, apresentando estrutura prpria e firmando convnios para uso de outras estruturas adequadas. Obviamente, a maior parte dos municpios ter imensa dificuldade em prestar tal tipo de servio, uma vez que se servem, ainda, do sistema tradicional de lanamento de dejetos, ou seja, os chamados lixes. A classificao tcnica de resduos, de acordo com o grau de periculosidade, nos termos da Resoluo CONAMA 23, de 12 de dezembro de 1996, e da NBR 10.004 ABNT : Classe i Resduos Perigosos; Classe ii No inertes; Classe iii inertes ou no solubilizveis em certos parmetros, entre outros. (art. 1, a, b, c). Para receber tal tipo de material surgiram os aterros de resduos industriais, que so empreendimentos ainda mais complexos e avanados em termos estruturais, voltados proteo e preveno de contaminao ou qualquer forma de poluio, contando com avanadas tcnicas de impermeabilizao, com espessas camadas de argila compactada e geomembranas, ou mantas de PAD. Alm disto, contam com drenos de monitoramento, coleta de percolados e estao de tratamento dos efluentes, de acordo com as normas tcnicas da ABNT para Aterros de resduos perigosos, NBR 10.157 e Aterros de resduos no perigosos, NBR 13.896. Pois bem, o envio de remdios falsificados ou de uso proibido no Brasil poder ser feito a um aterro sanitrio, sempre que ele existir nos limites ou nas proximidades da comarca ou da subseo judiciria federal. A maioria dos aterros sanitrios explorada economicamente pelos particulares, o que exigir, tambm, negociao para que seja dispensado o pagamento por esse tipo de servio.

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Na busca da consecuo deste objetivo a participao do Ministrio Pblico ser essencial e o Municpio dever ter uma posio ativa de colaborao. Outras informaes podem ser obtidas em sites, por exemplo, http://www.gazetadopovo.com.br/vidaecidadania/conteudo.phtml?id=784106. Para as hipteses de pequenas quantidades as farmcias podero prestar auxlio valioso.

MOEDA FALSAA moeda falsa decorre de apreenso policial ou de busca e apreenso judicial, visto que material ilcito, insuscetvel, portanto, de constrio nas modalidades de sequestro e arresto, tanto na hiptese do art. 289 do Cdigo Penal, como no caso de estelionato. iDENTiFiCAO DE CDULA FALSA Na Justia Federal, h determinao expressa para que, aps a elaborao do laudo pericial, as cdulas falsas sejam de imediato carimbadas com os dizeres moeda falsa, conforme a Resoluo n. 428/2005, do Conselho da Justia Federal. REMESSA AO BANCO CENTRAL DO BRASiL Em qualquer caso de desfecho do processo arquivamento, extino da punibilidade, absolvio ou condenao a moeda falsa, assim identificada por laudo pericial da Polcia, dever ser remetida para o Banco Central do Brasil. Dentre as competncias do Departamento do Meio Circulante (MECiR) do Banco Central do Brasil est o monitoramento da incidncia de falsificaes (art. 55, inc. iV, alnea c, do Regimento interno do Banco Central do Brasil). A segurana da moeda depende do monitoramento das tcnicas de falsificao para melhor treinamento de caixas e proposio de novas medidas de segurana para manter a credibilidade da moeda nacional. Para tanto, o Banco Central do Brasil realiza levantamentos estatsticos sobre as falsificaes e possibilita a vinculao de cdulas falsas apreendidas em diversos pontos do territrio nacional com matrizes de falsificao cadastradas. A moeda falsa deve ser substituda por cpia no processo e certificada sua remessa.

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DESTRUiO DA MOEDA FALSA As moedas falsas vinculadas a processos judiciais criminais somente podem ser destrudas pelo Banco Central do Brasil, nas sedes das Capitais dos Estados, aps determinao judicial, de acordo com a Carta-Circular n. 3.329/2008, do Banco Central do Brasil. FALSiFiCAO GROSSEiRA As falsificaes grosseiras, utilizadas na prtica do crime de estelionato, podero ser destrudas no cartrio judicial, devendo ser picotadas, de modo que o resduo seja encaminhado para reciclagem sem perigo de uso indevido.

PRODUTOS FALSiFiCADOSProdutos falsificados, tais como tnis, jaquetas, etc., fabricados no territrio nacional ou no estrangeiro, uma vez inservveis para o comrcio, podem ser doados para instituies assistenciais, desde que sejam retiradas as identificaes das marcas indevidamente postas nos produtos. ENTiDADES PARA DOAO As entidades assistenciais variam muito conforme seu administrador. Mas h instituies que, pelo volume e diversidade do pblico, acabam conseguindo absorver esses bens diversificados, tais como a Cruz Vermelha e a Apae. Conhecer a rede social da cidade garante mais celeridade e aproveitamento na destinao dos bens apreendidos.

RADiODiFUSO EQUiPAMENTOSOs equipamentos utilizados em radiodifuso no autorizada ou irregular somente podero ser restitudos aos detentores quando forem devidamente homologados pela ANATEL. A homologao essencial no que tange ao aparelho transmissor e antena, esta ltima desde que seja do tipo transmissor (no apenas receptor). Caso os equipamentos no sejam homologados, por serem incompatveis com as caractersticas exigidas para os servios de telecomunicaes no Brasil, devero ser remetidos para a ANATEL, ou destrudos pelos servios auxiliares do juzo.

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O eventual aproveitamento de componentes eletrnicos do aparelho transmissor, para outros fins, exigir a segurana de que os componentes relativos transmisso sero efetivamente inutilizados.

SEQUESTRO E ALiENAO DE BENSH uma tendncia internacional no campo do combate ao crime de lavagem e organizado, e mesmo criminalidade em geral, para a adoo de instrumento eficiente na desarticulao do poder econmico-financeiro das organizaes criminosas. Para tanto, no Direito Comparado, tem-se valido, cada vez mais, da denominada value confiscation em oposio object confiscation. Em outras palavras, diante da dificuldade em rastrear o produto ou provento do crime, admite-se a perda de bens ou valores equivalentes. Estabelecese presuno razovel de que os bens ou valores adquiridos durante a participao do acusado nas atividades do grupo criminoso organizado seriam produto ou proveito de aes ilcitas. Nesse caso, no h malferio presuno de no culpabilidade, pois no se est a tratar do juzo de responsabilidade criminal do acusado. Cada vez mais se verifica a dificuldade do depsito de inmeros bens apreendidos em razo de diligncias realizadas na apurao de crimes de base organizativa, no sendo raras as vezes de prejuzos patrimoniais aos acusados e mesmo a condenao do Estado no ressarcimento. Diante dessas consideraes, registra-se a importncia de que nas aes penais se promova o sequestro de bens adquiridos com proventos da infrao (CPP, art. 127) e, sempre que as circunstncias de fato revelarem iniquidade no aguardo de sentena transitada em julgado (CPP, art. 133), promova a venda do bem em leilo pblico na forma do item i, c e ii, da Recomendao n. 30, de 10 de fevereiro de 2010, do Conselho Nacional de Justia. O sequestro regulado pelos arts. 125 a 133 do Cdigo de Processo Penal e pelo Decreto-Lei n. 3.240/1941.

SiSTEMA NACiONAL DE BENS APREENDiDOSO Sistema Nacional de Bens Apreendidos (SBNA), criado pelo Conselho Nacional de Justia, surgiu de proposta feita pela Estratgia Nacional de Combate Corrupo e Lavagem de Dinheiro (ENCCLA ), movimento que no Brasil coordenado pelo Ministrio da Justia e conta com representante do CNJ. Lanado pelo CNJ em 16.12.2008, sua importncia flagrante, mas o

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seu sucesso depende da insero pelos tribunais dos bens apreendidos no sistema, de modo que seja possvel ter uma viso nacional do problema e a partir da se possa criar uma poltica pblica. Por exemplo, no tem cabimento que pequenos avies apreendidos em mos de traficantes de drogas se deteriorem nos aeroportos quando poderiam estar sendo utilizados pela Polcia ou at pelo Poder Judicirio. O SNBA um sistema que consolida, em um nico banco de dados, as informaes sobre os bens apreendidos em procedimentos criminais em todo o territrio nacional (como valor de mercado, localizao, depositrio, data de apreenso, destinao), permitindo um melhor controle dos processos e bens pelos rgos judiciais. Tem como foco a obteno, em todo o pas, de um cadastro nico para garantir o controle de tudo o que apreendido em procedimentos criminais. Para que se tenha ideia dos nmeros e valores, o Sistema Nacional de Bens Apreendidos do CNJ registrou em fevereiro de 2011 a existncia, na esfera estadual, de registros de 23.199 veculos em todo o Pas, representando nada menos do que R$ R$10.036.577,12. No mbito federal foram registrados 4.897 veculos, no valor de R$36.063.239,92. Os dois somados representam um total de 29.096 registros e R$ 46.099.817,00. A partir dos dados atualizados, em julho de 2011, o Conselho Nacional de Justia aferiu, por meio do SNBA, que, desde a implantao do sistema, houve o cadastramento de R$ 2.337.581.497,51 em bens. Deste valor, 0,23% foi objeto de alienao antecipada, representando R$ 5.330.351,89, e 1,85%, correspondendo a R$ 43.334.075,60, houve perdimento em favor da Unio e dos Estados. Alm disso, em 4,43% desses valores, importando R$ 103.452.804,44, ocorreu a restituio dos bens, e em 0,15%, ou seja, R$ 3.404.456,34, restou a destruio. A concluso que se extrai com esses dados que o alto percentual de 93,35% dos bens apreendidos ainda permanece aguardando destinao, com situao a definir, representando o expressivo valor de R$ 2.182.059.809,24 sob a responsabilidade do Poder Judicirio. Objetivos: ncluir,numanicabasededados,ocadastrodetudooquefoirecoI lhido pela Justia em procedimentos criminais; evantaretraar,apartirdosdadoscoletados,novaspolticaspblicas L de administrao e conservao destes bens recolhidos de criminosos at a sua destinao final;

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bter,nopas,umcadastronicoparagarantirocontroledetudoo O que apreendido em procedimentos criminais. uma importante ferramenta de combate a crimes e, sobretudo, de combate a abusos e desvios destes bens instrumento essencial que o CNJ coloca disposio dos magistrados para aperfeioar e modernizar os servios judiciais no alcance da efetividade da ao judicial como um todo. Ao: Atuao integrada ao Conselho da Justia Federal, ao Ministrio da Justia, ao Departamento da Polcia Federal e ao Departamento de Recuperao de Ativos do Ministrio da Justia, em cumprimento meta da Estratgia Nacional de Combate Corrupo e Lavagem de Dinheiro ( ENCLA/2006). Embasamento legal: Seu princpio bsico est embasado na funo de planejamento estratgico do Poder Judicirio, conferida ao CNJ pela Emenda Constitucional n. 45/2004, observando a necessidade de consolidar as informaes sobre os bens apreendidos em procedimentos criminais, de adotar polticas de conservao e administrao desses bens. Foi institudo pela Resoluo n. 63, de 16 de dezembro de 2008, que atribui ao CNJ a competncia para: laboraromanualdeutilizaodoSistemaNacionaldeBensApreE endidos com o objetivo de orientar a sua utilizao e sanar eventuais dvidas dos usurios; ndicarovalorestimadoouresultantedeavaliaodosbensimveis, I veculos automotores, aeronaves, embarcaes e moedas em espcie; azerconstar,nosmandadosdebuscaeapreenso,determinaoao F executante para que seja avaliado ou estimado o valor dos bens apreendidos; fetivaraatualizaodocadastrodosbensapreendidossemprequeas E informaes nele contidas forem alteradas nos autos do processo ou do procedimento criminal em tramitao;

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dequarosseussistemasinternosdemodoapossibilitaramigrao A automtica das informaes ao Sistema Nacional dos Bens Apreendidos (SNBA); elebrarconvnionointuitodeocadastramentodosbensserrealizaC do diretamente pelo rgo responsvel pela apreenso ou pela instaurao do inqurito. Compete s Corregedorias: dministraroSNBA,nombitodosseustribunais,devendoadotar A todas as providncias necessrias ao cumprimento do seu objetivo e correta alimentao dos dados no sistema; rientarosjuzoseadotarmedidasadministrativasparaimpedirque O os autos dos processos ou procedimentos criminais sejam baixados definitivamente sem prvia destinao final dos bens neles apreendidos. O acesso: O acesso para consulta aos dados do sistema possibilitado s Presidncias e Corregedorias dos rgos do Poder Judicirio, assim como a rgos de outros Poderes, conveniados e autorizados. O Sistema eletrnico alimentado pelos rgos do Poder Judicirio e contm informaes sobre: Tribunal, comarca/subseo judiciria, rgo judicirio e nmero do processo; Nmero do inqurito/procedimento; rgo instaurador do inqurito/procedimento; Unidade do rgo instaurador; Classe processual; Assunto do processo; Descrio do bem apreendido; Qualificao do detentor e do proprietrio, se identificados; Qualificao do depositrio; Data da apreenso;

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Destinao final do bem, se houver; Valor estimado do bem ou resultante de avaliao. Medidas facilitadoras do sistema: Assinatura de Acordo de Cooperao Tcnica com o Ministrio da Justia, o Departamento de Polcia Federal (DPF) e a Polcia Civil do Estado do Rio de Janeiro para a formao de parcerias e atuao conjunta. Na prtica, o termo de cooperao permitir que: srgosresponsveispelaapreensodebensrecolhidosemoperaes o policiais a pedido da Justia possam cadastrar suas informaes no SNBA, alm de efetuar consultas no sistema; ossaserviabilizadoointercmbiodeinformaesedocumentos,o p apoio tcnico-institucional entre os rgos no mbito do sistema e a capacitao dos usurios, de forma a promover a adequada utilizao dos dados catalogados; ejaaprimoradaaatuaodaPFnacadeiadajustiacriminal,potens cializando e qualificando da melhor forma os bens que so apreendidos. informaes complementares: SNBAfrutodeumaparceriafirmada,originalmente,entreoConO selho Nacional de Justia, o Ministrio da Justia e a Polcia Federal para monitorar as apreenses realizadas em procedimentos criminais. metaqueoEstado,pormeiodosistema,passeatercontroleefetivo A destes bens e passe a contribuir para que tenham a destinao que for determinada pelas sentenas judiciais aos quais estejam relacionados. uranteosprimeirosmesesde2009(janeiroajunho),osdadosdiD vulgados apontam a apreenso de 2.804.013 bens, entre carros, barcos, avies e pedras preciosas (aproximadamente R$ 313.135.400,42). ausnciadeumalegislaonormatizadoradaalienaoantecipada A dos bens apreendidos acaba prejudicando a atividade jurisdicional, pois muitos juzes se tornam administradores desses bens, por isso, as es-

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tatsticas so fundamentais para facilitar mudanas na legislao, para garantir a utilizao dos valores bloqueados e dos bens apreendidos no prprio combate ao crime. saesdesenvolvidaspeloSNBAsofundamentaisparaqueoBrasil A continue participando dos organismos internacionais de combate ao crime organizado. A recomendao nmero 30, do CNJ, indica aos magistrados com competncia criminal, nos autos dos quais existam bens apreendidos sujeitos pena de perdimento na forma da legislao respectiva, que: a) ............ b) ordenem, em cada caso e justificadamente, a alienao antecipada da coisa ou bem apreendido para preservar-lhe o respectivo valor, quando se cuide de coisa ou bem apreendido que pela ao do tempo ou qualquer outra circunstncia, independentemente das providencias normais de preservao, venha a sofrer depreciao natural ou provocada, ou que por ela venha a perder valor em si, venha a ser depreciada como mercadoria, venha a perder a aptido funcional ou para o uso adequado, ou que de qualquer modo venha a perder a equivalncia com o valor real na data da apreenso; c) observem, quando verificada a convenincia, oportunidade ou necessidade da alienao antecipada, as disposies da lei processual penal e subsidiariamente as da lei processual civil relativas execuo por quantia certa no que respeita avaliao, licitao e adjudicao ou arrematao e da respectiva jurisprudncia; d) depositem as importncias em dinheiro ou valor, assim apuradas, em banco autorizado a receber os depsitos ou custdia judiciais, vencendo as atualizaes correspondentes, e ali as conservem at a sua restituio, perda ou destinao por ordem judicial; e) adotem as providncias, para evitar o arquivamento dos autos antes da efetiva destinao do produto da alienao. No Plano de Gesto para o Funcionamento de Varas Criminais, o CNJ defende claramente a alienao antecipada de bens, ao argumento de que diante da dificuldade em rastrear o produto ou provento do crime, admite-se a perda de bens ou valores equivalentes. Estabelece-se presuno razovel de que os bens ou valores adquiridos durante a participao do acusado nas atividades

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do grupo criminoso organizado seriam produto ou proveito de aes ilcitas. Nesse caso, no h malferio presuno de no culpabilidade, pois no se est a tratar do juzo de responsabilidade criminal do acusado. A Portaria n. 514/2009, do Conselho Nacional de Justia criou o Comit Gestor do Sistema Nacional de Bens Apreendidos ( SNBA). Composio: i o Secretrio-Geral do Conselho Nacional de Justia (Coordenador); ii um representante da Presidncia do Conselho Nacional de Justia; iii um representante da Corregedoria Nacional de Justia; iV um representante do Superior Tribunal de Justia; V um representante do Conselho da Justia Federal; Vi trs representantes de Tribunais de Justia dos Estados; Vii um representante do Ministrio da Justia; Viii um representante do Conselho Nacional do Ministrio Pblico; iX um representante do Departamento da Polcia Federal; X trs representantes das Polcias Civis dos Estados.

Competncias: i coordenar o trabalho de aperfeioamento e divulgao do SNBA; ii responder s dvidas e analisar as sugestes dos rgos do Poder Judicirio e entidades conveniadas; iii sugerir a instituio de mecanismos de melhoria da gesto dos bens apreendidos; iV incentivar a celebrao de convnios para que as informaes sejam cadastradas diretamente pelo rgo responsvel pela apreenso ou pela instaurao do inqurito; V acompanhar e fomentar a sua utilizao pelos rgos do Poder Judicirio; Vi empreender as medidas necessrias ao cumprimento dos objetivos da Resoluo n 63 do Conselho Nacional de Justia;

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Vii prestar as informaes requisitadas pelo Conselho Nacional de Justia; Viii dirimir as eventuais omisses relacionadas administrao e gesto do SNBA. Dvidas mais frequentes:www.cnj.jus.br/SNBA/sistema_faq.php.

As 6 dvidas mais frequentes esto expostas e respondidas no site: http://

TXiCOS: A LEi 11.343/06 E OS BENS DO ACUSADOA Lei 11.343 de 2006 instituiu novo Sistema Nacional de Polticas Pblicas sobre Drogas (Sisnad), tendo por objetivos no apenas o de punir, mas tambm o de reinserir socialmente usurios e dependentes de drogas. Consulte sobre os procedimentos da Lei de Txicos:Procedimentos de apreenso e uso provisrio. Procedimentos de Alienao Antecipada. Procedimentos na sentena condenatria, com ou sem alienao antecipada.

Na parte que se revela objeto deste manual a matria est tratada no Captulo iV, arts. 60 a 64, que cuidam Da apreenso, arrecadao e destinao dos bens do acusado 1. Referida lei representa o que h de mais moderno e eficiente na parte referente apreenso de bens. Seus objetivos so: 1) Preservar os bens relacionados com o delito; 2) Evitar perda de seu valor econmico; 3) Evitar aes judiciais reparatrias por parte de rus absolvidos; 4) Aparelhar o Estado e seus rgos de controle e de combate ao narcotrfico; 5) Agir com funo reparadora da leso ao bem jurdico.

1 Vide http://arquivos.unama.br/professores/iuvb/AulasAnteriores/DireitoProcessual/PROCESSO_PENAL/ DPDPP_Aula02_Complementar04.pdf

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Antecedentes legais:

Lei 6.368/76 Lei 7.560/86: criou o FUNCAB Senad 1998 Lei 9.804/99 altera o art.34 e ss. da Lei 6368/76 MP 2216-37, 31/08/2001 criao do Funad Lei 10.409/02 = arts. 46/48 Nova Lei: arts. 60/64Tratados e propostas internacionais:

Recomendao R80 do Conselho Europeu Conveno de Viena (21/02/71) Conveno da ONU (20/12/88) Recomendao da OEA (1990) Conferncia da ONU (1998) Para o legislador, vige o princpio da responsabilidade administrativa quanto custdia dos bens (art. 61, pargrafo nico, 62, caput, 62 11). evidente a preocupao com o periculum in mora, ou seja, o risco de perda do valor econmico pelo decurso do tempo (cf. 7 art. 62, 1 parte). de grande relevncia a redao do art. 60, 1, da Lei 11.343/2006, que inverte o nus da prova da origem lcita do produto, bem ou valor objeto da deciso. No vigora mais a plena inverso do nus da prova quanto licitude dos bens previso de contraditrio... (art.44 pargrafo nico da Lei anterior). A redao a seguinte: Art. 60 1 Decretadas quaisquer das medidas previstas neste artigo, o juiz facultar ao acusado que, no prazo de 05 dias, apresente ou requeira a produo de provas acerca da origem lcita do produto, bem ou valor objeto da deciso.Destino dos bens

a) Valores sero depositados em conta judicial e eventualmente declarados perdidos no trnsito em julgado da sentena.

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Art..62 2 e 3 Remessa para o Funad (art.63 1) b) Uso pelo Estado: 1) Quem pode usar os bens apreendidos? 1.1) art.612: a) entidades de reinsero social ; b) entidades de preveno ao uso indevido; c) entidades de represso produo. 1.2) art.63 caput e 1, 43: 1 a) Polcia Judiciria. Pode usar desde logo (fase de inqurito) por meio de deciso do juiz local, cientificada a SENAD e o MP, por meio de Auto de Depsito, at o trnsito em julgado. 2 b) rgos do Estado: a) de inteligncia; b) militares; c) de preveno ao uso. Podem usar aps a instaurao da ao penal, se bem estiver excludo da venda cautelar, por meio de deciso do juiz local, cientificada a Senad e o MP, por meio de Auto de Depsito, at o trnsito em julgado. 3) Como funciona o Leilo (art.62)? 3.1) Apreenso do bem 3.2) Ministrio Pblico peticiona (petio cautelar ( 4 e 6) 3.3) 7 juiz analisa requisitos (instrumentalidade/risco de perda do $) + manda avaliar + cincia (MP-Senad-Unio-ru) 3.4) 8: contraditrio 3.5) Homologao do LAUDO 3.6) 9 = leilo local2 Art. 61. No havendo prejuzo para a produo da prova dos fatos e comprovado o interesse pblico ou social, ressalvado o disposto no art. 62 desta Lei, mediante autorizao do juzo competente, ouvido o Ministrio Pblico e cientificada a Senad, os bens apreendidos podero ser utilizados pelos rgos ou pelas entidades que atuam na preveno do uso indevido, na ateno e reinsero social de usurios e dependentes de drogas e na represso produo no autorizada e ao trfico ilcito de drogas, exclusivamente no interesse dessas atividades 3 http://arquivos.unama.br/professores/iuvb/AulasAnteriores/DireitoProcessual/PROCESSO_PENAL/DPDPP_ Aula 02_Complementar04.pdf

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4. d ) Depsito em conta judicial at o trnsito em julgado (9). Aps o trnsito em julgado o valor deve ser transferido para o FUNAD 5. e ) Ao cautelar: pode ser proposta pelo MP e deve conter: 5.1) individualizar os bens (rol e descrio de cada um) 5.2) informar onde esto custodiados 5.3) Demonstrar indcios suficientes de materialidade e autoria Perguntas mais comuns4 O Juiz est obrigado a pronunciar-se sobre o perdimento de bens apreendidos na sentena final? SiM (art. 63). O juiz dever enfrentar especificamente a questo do perdimento definitivo dos bens, j que a simples sentena condenatria no gera automaticamente o efeito de perdimento. Efeitos automticos de perdimento somente aos bens cujo fabrico, alienao, uso, porte ou deteno constituam fato ilcito. Quais os fundamentos normativos do perdimento? CF, art. 5, XLV (reparao do dano) CF, art.5, XLVi, (pena) CF, art. 243, DT (regra expressa de confisco de bens do narcotrfico) CP, art. 91, inciso ii ,(perda dos instrumentos e do produto do crime) O perdimento de bens est sujeito aos mesmos princpios que regulam as penas? Apesar de no ser aquela pena imaginada pelo legislador constitucional (art. 5, inciso XLVi, da CF) o perdimento deve orientar-se por todos os princpios e fundamentos reguladores das penas em sentido comum, especialmente:

4 http://jusvi.com/colunas/40950 por Ravnia Mrcia de Oliveira Leite

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Princpio da individualizao da pena; Princpio da proporcionalidade; Princpio da culpabilidade; Princpio da presuno de inocncia; Princpio do devido processo legal; Princpio da instrumentalidade (nexo etiolgico coisa/delito); Princpio da Finalidade (na utilizao dos bens apreendidos). Qual a natureza do perdimento tratado na Lei de Txicos? Assemelha-se ao confisco e um efeito da condenao (segundo a doutrina majoritria) Quais os requisitos formais das apreenses referidas na lei? Arts. 124/144 CPP, 6, i, CPP (a autoridade policial deve apreender todos os objetos relacionados ao fato) Art. 240 CPP (regras para as apreenses). Obs.: no existe mais a custdia policial. Hoje a apreenso foi judicializada (controle judicial) Quando o Estado utiliza bens apreendidos quais princpios deve respeitar? Princpio da responsabilidade da administrao frente aos bens tomados em razo do poder de polcia; Princpio da afetao instrumental (utilizao intrnseca de sua utilidade p.ex.: carros=transporte) Princpio da utilizao finalstica de seu proveito (usar para combater o narcotrfico) E se o ru absolvido e o bem lhe restitudo imprestvel? Cabe indenizao Princpio da responsabilidade administrativa de custdia As impugnaes no mbito do procedimento cautelar podem ser amplas? Sim, mas na prtica a anlise de tais argumentos costuma ser diferida para o momento final de decretao definitiva de perdimento, j quando o

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universo probatrio est formado, sendo mais fcil ao julgador discernir se est diante de um erro ou de uma farsa. Quando podem ser determinadas as medidas assecuratrias (antes ou durante a ao penal)? Como regra geral, as medidas assecuratrias podem ser propostas e determinadas na fase inquisitiva, no momento do oferecimento da denncia, entre o oferecimento da denncia e o seu recebimento, e ainda aps o incio da ao penal (no curso do processo) at o final do julgamento da causa. Quais so as espcies de medidas assecuratrias? Segundo a legislao processual, as principais medidas assecuratrias so: o sequestro de bens ou valores, o arresto de bens, e a hipoteca legal. Tambm podero ser determinadas pelo juiz outras medidas (inominadas) destinadas localizao, proteo, apreenso e arrecadao de bens ( por exemplo, a apreenso de bens). Perdimento e confisco de bens so a mesma coisa? Somente em sentido comum Perdimento de bens est relacionado com qualquer espcie de bens (lcitos ou ilcitos) o confisco arrecadao dos bens considerados ilcitos, ou cuja posse, porte ou uso sejam proibidos por lei. A deciso deve, defere ou nega medidas assecuratrias deve ser fundamentada? Sim. Quando defere constries dessa natureza o juiz afeta temporariamente parte do direito de propriedade (considerado fundamental pela CF). Por outro lado, quando nega a medida, o juiz restringe o mbito da persecuo penal, que, no caso da matria em exame (narcotrfico), de especial interesse pblico, razo pela qual deve a deciso justificar, ainda que sucintamente, os motivos da negativa. A decretao de medidas assecuratrias uma faculdade do juiz? Podem ser decretadas ex officio? Dependem de requerimento? Quem pode requerer a constrio de bens?

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A decretao de medidas assecuratrias uma faculdade do juiz, que no est obrigado a deferi-lo. Enquanto faculdade (no so obrigatrias portanto) tais medidas podem ser decretadas de ofcio pelo magistrado. O mais comum, que sejam determinadas em razo de um requerimento formulado pelo Ministrio Pblico, pela autoridade policial ou mesmo por pessoa interessada (assistente da acusao, terceiro ou prejudicado pelo delito). E a droga apreendida? Dever ser destruda, aps periciada. E quanto s armas apreendidas? Devem ser encaminhadas nos termos do Estatuto do Desarmamento. Quais os cuidados por ocasio da apreenso de valores? Moedas estrangeiras = anotao de numerao, verificao de autenticidade. Ttulos e cheques = fotocpias + compensao e depsito.Os objetos apreendidos em inqurito Policial5

Trs tipos de coisas podem ser apreendidas e servem ao processo penal: os instrumentos do crime, os bens proveito da infrao e objetos de simples valor probatrio. Uma vez apreendidas, as coisas no podero ser devolvidas, at o trnsito em julgado da sentena final, enquanto se mantiver o interesse para o processo. Cessado este, as coisas devero ser devolvidas a seus legtimos donos, ressalvando-se contudo o disposto no art. 91, ii, do Cdigo Penal, que determina, como efeito da condenao, a perda em favor da Unio, ressalvado o direito do lesado ou de terceiro de boa-f. Se no houver dvida quanto ao direito do interessado sobre a coisa nem dvida quanto possibilidade de a coisa apreendida ser enquadrada numa das hipteses do art. 91, ii, do Cdigo Penal, a devoluo da coisa ao proprietrio ou legtimo possuidor pode ser feita pela autoridade policial ou pelo juiz, lavrando-se termo nos autos. Se no existirem indcios de prtica criminosa, o Delegado deve restituir o bem apreendidos.5estando comprovada a inexistncia de qualquer irregularidade em relao ao veculo, inclusive adulterao do chassi, no h motivos para que seja negada a transferncia do automotor para o nome do adquirente (TJMG Apel. Civ. N. 000.295.373-/2000 Comarca de Janaba Relator: Des. Alvim Soares).

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O inqurito Policial, como se sabe, segue o Princpio inquisitivo, sendo que a legitimidade para postular em processo incidental para restituio de objetos apreendidos somente cabe parte interessada, junto ao Judicirio.

VECULOS AUTOMOTORES, AERONAVES E EMBARCAESCONSTRiO A constrio dos bens mveis pode se dar por ao policial apreenso decorrente do art. 6, inc ii, do Cdigo de Processo Penal ou por medida judicial, quais sejam busca e apreenso, sequestro ou arresto. RENAJUD A eficcia das medidas judiciais dos automveis, motocicletas e ciclomotores em geral, requer a anotao no sistema de Restries Judiciais de Veculos Automotores RENAJUD, razo pela qual a deciso dever especificar a restrio dentro das hipteses do sistema informatizado, quais sejam: a) transferncia do veculo apenas; b) transferncia do veculo e seu licenciamento anual, e; c) transferncia do veculo, seu licenciamento anual e circulao na via pblica. Para incluso de medidas constritivas, o webmaster da Seo Judiciria ou Tribunal dever cadastrar o magistrado responsvel pela constrio e o servidor que alimentar o sistema. Para login no sistema RENAJUD, acesse https://denatran2.serpro.gov.br/renajud/

EFiCCiA DA CONSTRiO EM AERONAVES E EMBARCAES Para a eficcia da constrio de aeronaves, a medida deve ser objeto de registro pela Agncia Nacional de Aviao Civil, Registro Aeronutico Brasileiro. Na estrutura da ANAC, dento da Superintendncia de Aeronavegabilidade (SAR), h a Gerncia Tcnica do Registro Aeronutico Brasileiro (GTRAB) http://www2.anac.gov.br/rab/. possvel consultar a situao de uma aeronave, por meio do link http://www2.anac.gov.br/aeronaves/cons_rab.asp. No caso das embarcaes, o registro dever ser realizado na Capitania dos Portos com jurisdio no domiclio do proprietrio, do armador ou no local em que operar a embarcao. O registro est previsto na Lei n. 7.652/1988.www.dpc.mar.mil.br/CDA/mapa_capitanias.htm

A localizao da capitania responsvel pode ser feita pelo link https://

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FiEL DEPOSiTRiO Nos casos de sequestro, de arresto e de hipoteca legal (embarcaes e aeronaves), os veculos, aeronaves e embarcaes podero, eventualmente, permanecer na posse de fiel depositrio, mediante termo de compromisso. Neste particular, quando possvel, a autoridade judiciria dever cercar-se de cautelas, porque no se permite mais a priso do depositrio infiel (STF, HC 87585, Relator Min. Marco Aurlio, julgado em 20/12/2005, publicado no DJ 02/02/2006, PP-00051). USO PROViSRiO PELA POLCiA No caso de veculos, aeronaves e embarcaes apreendidos em decorrncia da Lei n. 11.343/2006, mediante autorizao judicial, ouvido