9
Linguagem – Uma fantástica aventura da civilização Antônio Carlos Guimarães - 2019 COLETÂNEA

COLETÂNEA - rl.art.br · Linguagem – Uma fantástica aventura da civilização. - [Coletânea TEXTOPr@tico] Lambari: Ed. do Autor: Antônio Carlos Guimarães - 2019. 1. Português

  • Upload
    others

  • View
    3

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: COLETÂNEA - rl.art.br · Linguagem – Uma fantástica aventura da civilização. - [Coletânea TEXTOPr@tico] Lambari: Ed. do Autor: Antônio Carlos Guimarães - 2019. 1. Português

Linguagem – Uma fantástica aventura da civilização Antônio Carlos Guimarães - 2019

c

COLETÂNEA

Page 2: COLETÂNEA - rl.art.br · Linguagem – Uma fantástica aventura da civilização. - [Coletânea TEXTOPr@tico] Lambari: Ed. do Autor: Antônio Carlos Guimarães - 2019. 1. Português

REDIGIR

Melhor

Coletânea TEXTOPr@tico ©Antônio Carlos Guimarães – site www.textopratico.com

1 1

E-TEXTO FICHA CATALOGRÁFICA Guimarães, Antônio Carlos Linguagem – Uma fantástica aventura da civilização. - [Coletânea TEXTOPr@tico] Lambari: Ed. do Autor: Antônio Carlos Guimarães - 2019. 1. Português. Gramática histórica. Título - CDD –

AUTOR

ANTÔNIO CARLOS GUIMARÃES é expositor e autor de livros e editor de sites.

Seus livros, que assinou sob o pseudônimo de ANTÔNIO LOBO GUIMARÃES, podem ser vistos aqui: http://www.guimaguinhas.prosaeverso.net/livros.php

Seu site pessoal é: www.guimaguinhas.prosaeverso.net

Seu site espírita é: www.aprendizadoespirita.net

Contatos: [email protected]

LEITURA E IMPRESSÃO Recomenda-se a leitura on-line deste texto e a impressão somente do estritamente necessário. Se for imprimir, use o modo múltiplo ou livreto (2 páginas por folha, frente e verso), que, em face da diagramação adotada, obterá um texto de boa visualização/leitura.

Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative Commons. Você pode copiar, distribuir, exibir, executar, desde que seja dado crédito ao

autor original. Você não pode fazer uso comercial desta obra. Você não

pode criar obras derivadas.

Page 3: COLETÂNEA - rl.art.br · Linguagem – Uma fantástica aventura da civilização. - [Coletânea TEXTOPr@tico] Lambari: Ed. do Autor: Antônio Carlos Guimarães - 2019. 1. Português

REDIGIR

Melhor

Coletânea TEXTOPr@tico ©Antônio Carlos Guimarães – site www.textopratico.com

2 2

LINGUAGEM - UMA FANTÁSTICA AVENTURA DA CIVILIZAÇÃO –

DO SOM À PALAVRA... DA PALAVRA À FRASE... DA FRASE À GRAMÁTICA

APRESENTAÇÃO

Cara(o):

O texto abaixo vai narrar, de forma simplificada e didática, sem laivos científicos ou acadêmicos, uma das mais grandiosas aventuras da civilização – a construção da linguagem. Prepare-se, que poderá ser uma jornada inesquecível. Boa viagem!

A HISTÓRIA DA CONSTRUÇÃO DA LINGUAGEM

Adaptamos, abaixo, texto do prof. Silveira Bueno, para dar uma visão geral de conceitos de evolução da linguagem e de normas gramaticais, aproveitando a extraordinária síntese do ilustre filólogo paulista na sua Gramática Normativa da Língua Portuguesa (Edição Saraiva, SP, 6ª ed., 1963, Introdução Geral).

Page 4: COLETÂNEA - rl.art.br · Linguagem – Uma fantástica aventura da civilização. - [Coletânea TEXTOPr@tico] Lambari: Ed. do Autor: Antônio Carlos Guimarães - 2019. 1. Português

REDIGIR

Melhor

Coletânea TEXTOPr@tico ©Antônio Carlos Guimarães – site www.textopratico.com

3 3

TEXTO DE SILVEIRA BUENO (ADAPTADO)

Se a frase é a mais perfeita expressão de um idioma (1), a palavra é o fundamento da frase. Sem o entrelaçamento dos vocábulos não pode existir a oração e, muitas vezes, uma palavra sozinha basta para representar uma proposição inteira. Antes, pois, de estudarmos a frase, devemos estudar a palavra. À nossa observação apresenta-se a palavra como um todo formado de sons, dotado de significação. Formam aqueles o aspecto material, físico, do vocábulo; esta, o aspecto intelectual, despertando em nossa mente uma ideia. Ambos os elementos estão intimamente conexos e um não poderia existir sem o outro.

Se examinarmos, porém, de mais perto este elemento essencial da frase, veremos que, na

EXPLICAÇÃO ELEMENTAR DOS CONCEITOS A palavra é a expressão oral de uma ideia. Esse som (que em Linguística é denominado fonema) pode também ser representado visualmente por símbolos, ditos letras: ocorre, então, a palavra escrita. Na fala e na escrita, a palavra tem caráter nocional, ou seja, exprime um conceito, significa alguma coisa. Assim: homem/mulher/sol/lua/ bicho/água/pedra/pau/água etc. A tradição gramatical chama FONÉTICA ao estudo dos sons das palavras. Vocábulo é como se designa, em Linguística, a menor unidade da frase. Inclui a palavra propriamente dita e os apoios gramaticais; esses são os pronomes, preposições, conjunções, que auxiliam na tessitura da frase. Há palavras para expressar quase tudo; mas não há uma palavra para cada coisa. Pode dar-se, ainda, a polissemia: o surgimento de palavras que expressam mais de uma ideia ou que têm muitas significações. Para conhecer a realidade, o homem adota diversos métodos, e um deles é a classificação. Seguindo esse padrão, as palavras também foram classificadas. Aquelas que representam os seres

Onde?

(na NGB*)

*NGB Nomenclatura

Gramatical Brasileira

1ª Parte Fonética

I. Fonética

II. Fonemas III.1.Ditongos 2.Tritongos 3.Hiatos

4.Enc.Com- sonantais IV. Sílaba

V. Tonicidade

Page 5: COLETÂNEA - rl.art.br · Linguagem – Uma fantástica aventura da civilização. - [Coletânea TEXTOPr@tico] Lambari: Ed. do Autor: Antônio Carlos Guimarães - 2019. 1. Português

REDIGIR

Melhor

Coletânea TEXTOPr@tico ©Antônio Carlos Guimarães – site www.textopratico.com

4 4

maioria, dispõe de meios para designar vários fenômenos da expressão humana; o gênero, o número, os graus, as pessoas do diálogo. Veremos ainda que o mútuo consenso da humanidade reservou a umas palavras a representação dos seres; a outras a representação das qualidades dos seres; a outras lhes deu a faculdade de substituir o nome dos seres a fim de não repeti-los demasiadamente; reservou ainda a outras a possibilidade de indicar o tempo, o modo de ser de certas ações e estados, criando, finalmente, outras que servem de nexo, de vínculo, de encadeamento entre as demais. A observação deste último aspecto — o do encadeamento dos vocábulos por meio de partículas que entre eles estabelecem certa dependência – leva-nos ao mais importante de todos: à consideração da frase, da oração, que já encerra, não significados isolados, mas

foram classificadas como substantivo; as que os qualificam, como adjetivos; as que substituem os nomes, como pronomes; as que indicam o tempo, o modo de ser de certas ações e estados, como verbos; e, finalmente, como conectivos foram classificadas as que servem para ligar, conectar as palavras e, desse modo, fazer a costura da frase. MORFOLOGIA é a parte da gramática que estuda as palavras: estrutura, variações, etc. No princípio, os homens se comunicavam por sinais, gestos; depois, por gritos, urros; mais tarde, por sons combinados ― até dar-se o surgimento de sons em cadeia e com sentido: a frase. Ao que se sabe, somente milhões de anos depois é que se descobriu a escrita ― e a civilização deu um salto gigantesco. (Há, no entanto, ainda, línguas ágrafas, ou seja, línguas orais, que não são escritas.) Primeiramente, foram signos ou imagens representando ideias (escrita pictográfica e ideográfica); depois, letras representando sons. Assim, compostas por sons, nasceram as palavras; a seguir, veio o sequenciamento lógico de palavras: brotou a frase.

Desde alguns milhares de anos, conseguimos expressar uma ideia, um juízo completo por meio de uma frase ― falada ou escrita (frase aqui entendida em sentido lato, como completa expressão de um pensamento).

2ª Parte

Morfologia

- Estrutura, Formação, Flexão e

Classificação das Palavras

1.Substantivo

2.Artigo

3.Adjetivo

4.Numeral

5.Pronome

6.Verbo

7.Advérbio

8.Preposição

9.Conjunção

Page 6: COLETÂNEA - rl.art.br · Linguagem – Uma fantástica aventura da civilização. - [Coletânea TEXTOPr@tico] Lambari: Ed. do Autor: Antônio Carlos Guimarães - 2019. 1. Português

REDIGIR

Melhor

Coletânea TEXTOPr@tico ©Antônio Carlos Guimarães – site www.textopratico.com

5 5

um pensamento completo, um juízo perfeito. De que modo, porém, se conseguiu este pensamento completo? Estabelecendo mútuas relações entre as palavras, relações de concordância, de regência e de colocação. No contínuo servir-se das frases para o intercâmbio de seus pensamentos e afetos, vão os homens necessitando de novos elementos de expressão, porque novos seres vão aparecendo bem como novos modos de pensar e de sentir vão surgindo na sociedade. Intervém o elemento psicológico e afetivo e já nos próprios vocábulos se dão alterações de significado, exigidas pelas circunstâncias sociais e, mais ainda, na disposição deles na oração a fim de expressarem matizes novos do pensamento humano. A semântica se enriquece, enriquece-se o vocabulário com neologismos indispensáveis, com empréstimos necessários e, chega-se a criar, dentro da

Na frase, as palavras ligadas por conectivos, estabelecem uma série de relações de comando e dependência (há quem fale também em interdependência). Há palavras e frases que mandam, e há as que obedecem. Umas se posicionam nas cabeceiras, outras, mais modestas, acolá. Aquelas pedem tais escoras gramaticais, estas pedem outras.

A gramática estuda essas relações (concordância, regência, colocação) num capítulo chamado SINTAXE (do grego syntaxis = arranjo) .

Como todo organismo, a língua evolui, ou seja, a língua é viva. Também há línguas mortas, que já serviram ao homem, cumpriram o seu papel, mas foram substituídas por outras. Tal é a destinação das línguas: nascer, evoluir, morrer ― e ser sucedida por outra mais evoluída e conforme aos rumos que o homem imprimir à Civilização. Fatores políticos, culturais e econômicos, consentidos ou impostos, ditam esse destino. Na sua evolução ― e por causa dela ― as palavras sofrem alterações de sentido; são as mudanças semânticas (semântico quer dizer significado). Naturalmente, seja em razão do contato entre os povos, seja em decorrência da evolução cultural e técnica, um idioma recebe ou toma emprestado (muitas vezes é compelido a receber) palavras de outras línguas. Da mesma forma, tem de admitir palavras novas (suas e de origem alienígena) – tudo isso para não envelhecer antes do tempo e morrer mais cedo... São leis imperiosas do Evolucionismo que

10.Interjeição

3ª Parte Sintaxe

A. Divisão da

Sintaxe

Concordância Regência Colocação

Análise Sintática

Da Oração

Termos da

Oração

Page 7: COLETÂNEA - rl.art.br · Linguagem – Uma fantástica aventura da civilização. - [Coletânea TEXTOPr@tico] Lambari: Ed. do Autor: Antônio Carlos Guimarães - 2019. 1. Português

REDIGIR

Melhor

Coletânea TEXTOPr@tico ©Antônio Carlos Guimarães – site www.textopratico.com

6 6

língua comum, língua particular, própria de grupos sociais, iniciando-se a dialetação do idioma. De toda esta vida real da língua falada e escrita cuida a gramática, codificando e sistematizando as regras pelas quais se regem esses fenômenos, tirando-as da observação concreta e diária da linguagem e jamais concluindo teoricamente, a priori, sem o absoluto e indispensável apoio dos fatos práticos do idioma. A gramática, embora seja ciência de caráter conservador, baseando-se, porém, na observação dos fatos de linguagem, não pode permanecer estacionária, não pode imobilizar-se, mas, ao contrário, deve acompanhar as modificações da língua, como consequência exata desse organismo vivo e em perene transformações. Certas regras, que se baseavam em determinados fatos da linguagem camoniana,

agem aqui também. A dialetação é a democratização da língua, é a expressão idiossincrática dos usuários, dos donos da língua. É o direito à manifestação linguística, que, como todo direito, deve ser acolhido.

Os gregos inventaram a gramática, mas interessante notar que isso se deu muito depois de terem redigido inúmeras de suas obras imortais. Esse fato histórico realça dois fundamentais de atualíssima questão: (i) podemos falar e escrever (bem) sem gramática; (ii) a gramática vem depois da língua, e não antes, ou seja, a língua é como é, não como deveria ser (Mário Perini). Tudo o que dissemos acima está na lição de Silveira Bueno, no parágrafo ao lado. Essa lição encerra, a nosso ver, a questão da gramática normativa versus gramática descritiva. As gramáticas só podem descrever (incompletamente) a língua e não prescrever normas inalteráveis para falar e escrever. Ou como diz Mário Perini: o gramático precisa aprender a dizer o que a língua é, não o que (segunda ele) deveria ser. Nós acrescentamos: a língua não pode ser como a gramática quer que seja. E ainda: a gramática deve sistematizar os fatos da língua em uso, ou seja, a utilizada pelos falantes e escritores contemporâneos. É a chamada gramática sincrônica a atender as leis da evolução.

Do Período

APÊNDICE

Gramática Histórica

Significação das

Palavras

APÊNDICE

Page 8: COLETÂNEA - rl.art.br · Linguagem – Uma fantástica aventura da civilização. - [Coletânea TEXTOPr@tico] Lambari: Ed. do Autor: Antônio Carlos Guimarães - 2019. 1. Português

REDIGIR

Melhor

Coletânea TEXTOPr@tico ©Antônio Carlos Guimarães – site www.textopratico.com

7 7

hoje desaparecidos da moderna expressão idiomática, não poderão continuar no quadro geral das exigências atuais, mas, quando muito, na parte histórica, servindo de explicação e reminiscências que ainda repontem no falar moderno. As novas modalidades da língua, que já foram documentadas por obras literárias, que já conseguiram a aceitação da coletividade, deverão entrar para o comum do ensino gramatical. Desta maneira, dentro de certa e necessária mobilidade, poderá a gramática ser o real reflexo da língua viva do país. Do contrário, continuará a ser aquilo de que já se lamentava, na França, o insigne Brunot: “Apesar dos descobrimentos da linguística moderna, o conceito fundamental não mudou. A ideia de que a língua está fixada continua de pé, na sua falsidade secular... Por toda parte obstáculos de teia de aranha atravancam as

De qualquer maneira, não se pode aposentar o passado da língua, pois nele estão os acervos da linguagem literária nos quais está fundada a estrutura do nosso idioma. Isso não é anacronismo, é filiação cultural, é filogenia linguística. Desse modo, a língua passada deve ser objeto da gramática histórica, mas não pode estabelecer-se como norma imutável de comunicação. Pela prestigiosa lição do professor Silveira Bueno (e de larga corrente, hoje, no Brasil), por tudo aquilo que anotamos sobre a evolução da língua, pelo fato de a língua ser um organismo vivo, por tudo o que sabemos sobre as línguas desaparecidas (o latim, incluso), não há como aceitar a GRAMÁTICA NORMATIVA que se apresenta com os dois pés no passado e um chicote na mão, a verberar tudo o que destoe das leis que vivem a ditar: “é assim que se escreve... é assim que se deve dizer...”. Evidentemente, não cabe também a permissividade linguística, pois, todos o sabemos, não se podem dispensar as normas racionais do bem falar e do bem escrever. A comunicação requer regras extraídas da forma linguística considerada a melhor, a mais rica, a mais prática, e que é aceita por todos os membros (da) comunidade como norma linguística ideal (Gladstone C. Melo).

É preciso, contudo, reconhecer as imperfeições dos métodos de

Figuras de

Sintaxe

Ortografia

Pontuação

Vícios De

Linguagem

Page 9: COLETÂNEA - rl.art.br · Linguagem – Uma fantástica aventura da civilização. - [Coletânea TEXTOPr@tico] Lambari: Ed. do Autor: Antônio Carlos Guimarães - 2019. 1. Português

REDIGIR

Melhor

Coletânea TEXTOPr@tico ©Antônio Carlos Guimarães – site www.textopratico.com

8 8

avenidas por onde o uso avança, soberano, irresistível. Em lugar de uma lei de vida, dum código maleável, adaptado às necessidades diárias, imprime-se um mandato de polícia, cheio completamente de proibições, de restrições, de sofismas, sobre os quais vigiam alguns delegados de boa vontade, que creem salvar a ‘tradição nacional’“. (2) (1) LEITE DE VASCONCELOS, Lições de Filol. Portug.,3. (2) BRUNOT, La Pensée et la Langue, IX-X.

observação e descrição das gramáticas; lembrar que a língua muda, que o uso faz coisas erradas tornarem-se coisas certas, e vice-versa; que convenções o tempo modifica, e que a língua, para sobreviver, deve apontar o futuro antes que o passado; enfim, ter em mente que há fósseis linguísticos ― línguas desaparecidas, superadas que foram por outras mais bem adaptadas...

(*) NGB

Nomencla-

tura

Gramatical

Brasileira