Literatura Fantástica No Brasil

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  • 7/26/2019 Literatura Fantstica No Brasil

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    Literatura fantstica no Brasil Nilto Maciel

    (esboo histrico)

    CONSIDERAES GERAIS

    Para Tzvetan Todorov, "a expresso literatura fantstica refere-sea uma variedade da literatura ou, como se diz comumente, a umgnero literrio

    !egundo ele, o fantstico teve #grifo nosso$ uma vidarelativamente %reve &le apareceu de uma maneira sistemtica porvolta do fim do s'culo ()***, com +azotte um s'culo mais tarde,encontram-se nas novelas de aupassant os .ltimos exemplosesteticamente satisfat/rios do gnero & pergunta0 por 1ue a

    literatura fantstica no existe mais2

    Todorov estudou, %asicamente, a literatura europ'ia, com nfase nafrancesa Poe apenas estaria muito pr/ximo dos autores dofantstico !uas novelas se prenderiam 1uase todas ao estran3o#so%renatural explicado$ e algumas, ao maravil3oso #so%renaturalaceito$ 4s il e uma 5oites se situariam numa das su%-divis6es domaravil3oso 7 o 3iper%/lico 8ierce e +arr so pouco citados

    Ter9amos, ento, o gnero fantstico e alguns su%-gneros dele0 ofantstico-estran3o, o fantstico-maravil3oso, o estran3o puro e omaravil3oso puro Todorov no os denomina su%-gneros, em%ora

    afirme0: estran3o no ' um gnero %em delimitado, ao contrriodo fantstico & d como exemplos dele os romances de;ostoi'vs

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    romAntico e parnasiano 5o entanto, foi um re%elde, ao lanBar omovimento est'tico da arte pela arte 'rim'e ' tido comosimplesmente realista 5erval ' posto ao lado dos grandesromAnticos, em%ora ten3a sido um precursor do sim%olismo e dosurrealismo 5odier, tam%'m c3amado de romAntico, e precursor

    do pr/prio 5erval e do surrealismo

    4lguns nem se1uer so lem%rados, como Cac1ues +azotte, o autorde De ;ia%le 4moureux & veEa-se 1ue ele ' muito anterior a8alzac Fuando morreu #GHIJ$, o fundador do >ealismo nem 3avianascido

    ;e anlise em anlise, Todorov c3egou a outra concluso0 a de 1uea literatura fantstica nada mais ' do 1ue a m conscincia dos'culo (*( positivista & como interpretar ou explicar Kafu%io, P'ricles Prade, oacNr!cliar, >o%erto ;rummond e )ictor @iudice & fundamenta por 1ueprefere o termo aleg/rico ao fantstico & assim inicia o

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    cap9tulo0 4 incidncia de uma literatura no racionalista, norealista, ao menos em suas aparncias, 1ue vem ocorrendo no:cidente contemporAneo com maior nfase a partir de =ranz Kafu%io #GIOH$, tem permitido uma s'rie de

    polmicas e contradiB6es so%re as designaB6es a l3e dar Diteraturado a%surdo, como se pretendia em referncia ao escrito de :+astelo, literatura fantstica, como a c3amou Douis )ax, suasposs9veis analogias com mitologias primitivas, especialmente ap/so c3amado %oom da literatura 3ispano-americana dos anos Qampliaram os estudos pioneiros de um Propp e outros formalistasrussos e todos os 1ue seguiram em suas guas, at' a cun3agem dotermo composto de realismo-mgico, 1ue aca%ou gan3andostatus entre a cr9tica literria 5o 8rasil, um dos 1ue mais entendeuo assunto certamente ter sido o cr9tico Cos' ?ildegrando ;acanal5o entanto, 1ual1uer 1ue seEa o posicionamento 1ue se ven3a aadotar, Eamais se alcanBa esclarecer a gama de variaB6es 1ue tais

    textos apresentam e, pelo contrrio, termina-se por perder a1uelemomento 1ue os unificaria

    & prossegue0 ? uma diferenBa %sica a opor-se entre a1uelaliteratura europ'ia praticada em torno do elemento fantstico e a1ue 3oEe em dia se realiza entre n/s0 en1uanto na1uela o elementoirreal ou no-real apenas serve como ratificaBo do real como .nicodado existente, na literatura latino-americana, a9 inclu9da a%rasileira, a oposiBo fica totalmente afastada, de tal sorte 1ueam%os os elementos convivem sem maiores pro%lemas

    &m outro estudo do conto %rasileiro atual, Tem9stocles Din3ares

    recon3ece serem poucos os cultores do conto fantstico no 8rasil &se det'm na anlise da distinBo 1ue existe entre o fantstico noconto e o conto propriamente fantstico Tal distinBo se o%servatam%'m na novela e no romance, isto ', na literatura fantsticacomo gnero & 3, ainda, 1ue se distinguir os 1ue se dedicaram ouse dedicam a este gnero, como urilo >u%io, da1ueles 1ueapenas vez por outra escreveram ou escrevem contos ou novelasfantsticas

    PRIMRDIOS

    : primeiro momento notvel da literatura fantstica no 8rasil se

    deu em GRSS, com a pu%licaBo de 5oite na Taverna, de Llvares de4zevedo

    ;ividido em sete cap9tulos, o livro %em poderia ser um romance &ento E ter9amos em Llvares de 4zevedo um precursor dasinovaB6es na 1uesto do ponto-de-vista 5o entanto, a o%ra ' tidacomo um conEunto de contos as no importa a1ui discutir isso+arlos 4l%erto *annone afirma0 : livro ' constitu9do por uma s'riede 3ist/rias fantsticas e trgicas, impregnadas de v9cios e crimes

    Talvez o mel3or adEetivo para as 3ist/rias do grande poetaromAntico seEa trgicas :ra, uma 3ist/ria no ' fantsticaapenas por no ser reproduBo fiel da realidade +omo ensinaTodorov, no ' poss9vel definir o fantstico como oposto

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    reproduBo fiel da realidade, ao naturalismo

    U 'poca de !9lvio >omero no se falava em literatura fantsticaPelo menos no 8rasil Llvares de 4zevedo foi um meGanc/lico, umimaginoso, um l9rico, 1ue enfra1ueceu as energias da vontade e osimpulsos fortes da vida no estudo, e enfermou o esp9rito com aleitura desordenada dos romAnticos ?eine, 8Nron, !3elleN, !and eusset, segundo a1uele 3istoriador Vm talento l9rico, enfatizou& concluiu0 em 5oite na Taverna 3 algumas %elezas entre muitasextravagAncias e afetaB6es

    Cos' )er9ssimo tam%'m dedica apenas duas ou trs lin3as prosade ficBo de Llvares de 4zevedo & 1uase repete as palavras de!9lvio >omero, no tivesse preferido um adEetivo a um su%stantivo0

    ;a1uele seu teor de vida romAntica, a expresso literria ' a 5oitena Taverna, composiBo singular, extravagante #grifo nosso$, masacaso na mais vigorosa, colorida e nervosa prosa 1ue a1ui seescreveu nesse tempo

    ;esde GRJ vin3a ac3ado de 4ssis pu%licando contos em Eornais erevistas 5o entanto, +ontos =luminenses, seu primeiro livro nognero, s/ sairia em GRHQ

    +omo E dissemos, os primeiros 3istoriadores e estudiosos daDiteratura 8rasileira no mencionaram a expresso literaturafantstica, em%ora na &uropa E se pu%licassem contos e novelasfantsticas, inclusive so% t9tulos 1ue traziam o voc%uGo

    fantstico

    Cos' )er9ssimo, 1ue estudou nossa literatura exatamente at'ac3ado, andou perto de desco%rir o fantstico !eno veEamoseste trec3o de sua ?ist/ria0 4inda em algum tipo, epis/dio, oucena de pura fantasia, nunca a ficBo de ac3ado de 4ssis afrontao nosso senso da 9ntima realidade 4ssim, por exemplo, nesseconto magn9fico : alienista ou nessoutra E/ia +onto alexandrino,como na admirvel invenBo de 8raz +u%as, e todas as vezes 1ue asua rica imaginaBo se deu largas para fora da realidade vulgar, so%os artif9cios e os mesmos desmandos da fantasia, sentimos averdade essencial e profunda das coisas, poder9amos c3amar-l3eum realista superior, se em literatura o realismo no tivesse sentidodefinido

    !9lvio >omero, 1ue ' anterior a )er9ssimo, tam%'m no lograra vercom nitidez o fantstico na o%ra mac3adiana +opie-mos um trec3ode sua anGise0 ? uma nota nas em/rias de 8raz +u%as enoutros dos mais recentes livros de ac3ado de 4ssis, 1ue deve serassinalada para completa apreciaBo de sua personalidade0 acoloraBo de 3orr9vel 1ue imprime em alguns de seus 1uadros &prossegue0 =alta neste ponto a ac3ado um no sa%emos 1u 1ue' uma esp'cie de impavidez na loucura, 1ualidade possu9da pelogrande &d Poe e de 1ue ' um medon3o exemplo o seu @ato Preto,ou um certo tomo grandioso e 'pico 1ue estruge nalgumas pginasda +asa dos ortos de ;ostoi'vs

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    ais para c, entretanto, os cr9ticos tm sido mais argutos noo%servar o fantstico entre n/s Tem9stocles Din3ares, por exemplo0

    Dem%ro-me do nosso ac3ado de 4ssis, 1ue tantas vezes fez usoda temtica do maravil3oso, ou seEa, da imortalidade, daeternidade, da segunda vida, por meio de incurs6es milagrosas,

    de personagens ressuscitadas, de dilogos entre ;eus a o ;ia%o,de !antos 1ue descem do altar e vm conversar entre si

    &m o%ra mais pr/xima de 3oEe 7 &nciclop'dia de Diteratura8rasileira, dirigida por 4frAnio +outin3o e C @alante de !ousa 7, over%ete "conto" traz o seguinte0 4 referncia aos dois mestres doconto fantstico #ac3ado cita 'rim'e e Poe na a%ertura de )rias?ist/rias$ no ' casual, fortuita reminiscncia de leitura, masrevela, antes, uma evidente preferncia por essa esp'cie deliteratura, como ' fciG verificar-se pela repetiBo de pginas como

    4 igreEa do dia%o, &ntre santos, 4 c3inela turca e, acima detudo, por ser uma verdadeira o%ra-prima, a admirvel narrativa 1ue

    e !em ol3os ais ilustrativo ainda ' o fato de uma de suas maisantigas produB6es, ainda 3esitante a sem maiores m'ritosliterrios, : pa9s das 1uimeras, aparecido no =uturo, em GRJ,trazer mesmo o su%t9tulo de conto fantstico

    :liveira Paiva no teve livro pu%licado em vida ;ona @uidin3a doPoBo veio a lume Q anos depois de sua morte 4 4fil3ada saiu emfol3etins e os contos tam%'m estamparam-se em Eornais 1uasetodos em GRRH, reunindo-se em livro somente em GIH Vm delas- : 4r do )ento, 4ve-ariaW - ' uma narrativa fantstica, aomesmo tempo regionalista e folcl/rica, em 1ue figura uma %urrasem ca%eBa, ou %urra de padre, esclarece !nzio de 4zevedo na

    apresentaBo do livro

    =! 5ascimento, em Trs omentos da =icBo enor, dedicaalgumas pginas a :liveira Paiva, esclarecendo 1ue o conto Ereferido foi contemplado com su%stancioso estudo de >olandoorel Pinto, filiando-o ao conceito de realismo fantstico e detendo-se nos re1uintes formais utilizados para esta%elecer a atmosfera deapreenso e pavor, 1ue efetivamente se plenifica

    4inda no s'culo (*( vamos encontrar outros cultores do fantsticoPelo menos trs deles devem ser a1ui mencionados0 *ngls de!ousa, aur9cio @raco +ardoso e &m9lia =reitas

    : romancista *ngls de !ousa deixou tam%'m um volume de3ist/rias curtas, 1ue intitulou +ontos 4mazMnicos #GRIX$ Vmdesses contos foi repu%licado em GIHQ, na 4ntologia de +ontos8rasileiros de 8ic3os Trata-se de : gado do )al3a-me-;eus 4 elese refere Tem9stocles Din3ares, assim0 41uele gado procuradointerminavelmente e do 1ual s/ se perce%ia o rasto, a sua imensa%atida, com as pegadas no c3o e 1ue assume proporB6esfantsticas Eunto !erra do )al3a-me-;eus, 1ue ningu'm tin3asu%ido e impossi%ilitava 1ual1uer procura, apesar de todo ore%an3o ter deixado ali as suas pegadas num camin3o estreito 1uevolteava na montan3a e parecia sem fim

    aur9cio @raco +ardoso ' menos con3ecido e citado nos

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    compndios da 3ist/ria da Diteratura 8rasileira 5ascido em GRHO,pu%licou o livro +ontos =antsticos em GRIG

    &ntre GRSS e GIQR viveu &m9lia =reitas, autora do primeiro romancefantstico da Diteratura 8rasileira Pu%licado em GRII, 4 >ain3a do*gnoto s/ foi redesco%erto recentemente, pelo pes1uisador e cr9tico:tac9lio +olares, 1ue escreveu o prefcio da JY ediBo, datada deGIRQ

    &m9lia nasceu em 4racati, +ear 4dolescente, mudou-se para=ortaleza, onde estudou francs, ingls e geografia 4nos depois foimorar em anaus, onda exerceu a profisso de professora 4ntesde pu%licar seus livros 7 dois romances e um volume de poesias 7,cola%orou em Eornais

    5a opinio de :tac9lio +olares, 4 >ain3a do *gnoto apresenta-secom os apelos ao impondervel, por facilidade de alguns acoimadode esp9rita, 1uando mais no foi, nas intenB6es de sua autora, 1ueuma fuga propositada ao passado, ao 1ue se convencionoudenominar 7 romance g/tico, em%ora partindo do regional maisautntico

    :tac9lio +olares escreveu tam%'m o ensaio 4 >ain3a do *gnoto,romance cearense, pioneiro do fantstico no 8rasil, ondedemonstra 1ue o livro de &m9lia =reitas deve ser classificado comode leg9tima literatura fantstica e ainda 1ue se trata do primeiroromance, no 8rasil, programado para entrar no campo dainverossimil3anBa, pois com igual caracter9stica, antes dele e nasua contemporaneidade, outro no 3ouvera

    5o entanto, o nome de &m9lia =reitas no aparece em !9lvio>omero nem em Cos' )er9ssimo Talvez no ten3am ouvido falaremdela, em%ora am%os se refiram a livros editados E no s'culo ((

    +om toda a certeza, &m9lia =reitas no deixou disc9pulos Primeiropor1ue seu romance foi pu%licado no +ear, no encontroureceptividade na cr9tica, mesmo local, e, assim, permaneceu nosemi- ineditismo ;epois, vivia-se no final do s'culo a fe%re donaturalismo

    4ntes de encerrarmos este cap9tulo ' necessrio falarmos duaspalavras dos sim%olistas, em%ora atentos ao 1ue nos lem%ra4lfredo 8osi0 "Pela origem e natureza da sua est'tica, o !im%olismotendia a expressar-se mel3or na poesia do 1ue nos gneros emprosa, em geral mais anal9ticos e mais presos aos padr6es doveross9mil e do coerente

    : mesmo 8osi nos traz 1uatro sim%olistas, cuEas o%ras em prosapo'tica apresentam alguns traBos do fantstico0 5estor )9tor, Dima+ampos, @onzaga ;u1ue e >oc3a Pom%o

    ;o primeiro assim nos fala0 !ignos #GRIH$, de 5estor )9tor, em

    1ue o atilado cr9tico do movimento tra%al3a uma linguagemexpressionista avant la lettre, cuEo exemplo mais s'rio ' a novela!apo, 3ist/ria de um rapaz 1ue se al3eia radicalmente da

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    sociedade at' ver-se um dia transformado em um animal repelentede mal3as amarelas e verde- escuras a co%rirem-l3e o corpoFuem no lem%rar, ao menos pela alegoria final, a etamorfose,1ue Kafoc3a Pom%o ' lem%rado pelo romance 5o ?osp9cio, de GIQ &diz0 :s cr9ticos 1ue l3e tm dedicado mais atenBo falam de Poe ede ?offmann como influncias provveis no esp9rito e na fatura dao%ra Z o%servaBo 1ue se deve tomar cum grano salis, pois dessesromAnticos intensamente criadores o nosso >oc3a Pom%o 3erdouapenas o gosto do 1uadro narrativo excepcional #um 3osp9cio ondeum Eovem sens9vel foi criminosamente internado pelo pai$, mas nofoi capaz de imitar-l3es a arte de sugerir atmosferas pesadelares,pois carecia de recursos formais pana tanto

    OS S!CESSORES

    4 preocupaBo dos modernistas de JJ com o novo, o moderno, orevolucionrio afastou-os do fantstico :ra, o so%renatural 'anterior a toda literatura escrita 5o poderia mais ser motivoliterrio 5o entanto, 3avia uma contradiBo no iderio modernista,vez 1ue "a %usca de inspiraBo nas fontes mais autnticas da

    cultura e da realidade %rasileiras, o nativismo, o verde-amarelismo, o antropofagismo etc teriam 1ue, necessariamente, seim%ricar s lendas e mitos %rasileiros :u seEa, ao maravil3oso, aofantstico Z o 1ue se v em +o%ra 5orato e artim +erer, porexemplo 4pesar disso e ainda assim, os modernistas nopraticaram o fantstico, vez 1ue nos dois casos estamos dentro doslimites da poesia, e o fantstico, segundo Todorov, no podesu%sistir a no ser na ficBo & acuna9ma2 !eria romance comingredientes fantsticos2 Talvez um fantstico novo, revolucionrio,essencialmente %rasileiro

    &m GIXO a paranaense >ac3el Prado optou por ser diferente deseus contemporAneos e pu%licou +ontos =antsticos

    Corge 4mado no ficou imune ao fantstico, apesar docostum%rismo to presente em sua o%ra Por'm e exatamente naslendas, no anedotrio 1ue o fantstico se instala 4 literatura oralde 1ual1uer pa9s ou regio ' plena de elementos fantsticosDem%ramos 4s il e Vma 5oites

    ? pelo menos uma tese de interesse para estes apontamentos e1ue tem como o%Eeto a o%ra do romancista %aiano0 : fantstico, omaravil3oso e o realismo mgico na o%ra de Corge 4mado, deautoria de aria +ristina ;iniz Deal

    4 pioneira da ficBo cient9fica no 8rasil ' ;ina3 !ilveira de Fueiroz&streou em GIXI, com o romance =loradas na !erra 5o entanto,

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    so outros seus livros 1ue devem ser a1ui lem%rados0 &les3erdaro a Terra, de GIQ, e +om%a alina, de GII

    5essa mesma lin3a esto 4lmeida =isc3er, Du9s Dopes +oel3o e=austo +un3a : primeiro ' autor de : ?omem de ;uas +a%eBas,de GISQ : segundo pu%licou 4 orte no &nvelope #GISH$, :?omem 1ue atava Fuadros #GIG$ e 4 *d'ia de atar 8elina#GIR$ : terceiro ' autor de 4s 5oites arcianas #GIG$ a : ;iada 5uvem #GIRQ$, am%os tam%'m dentro dos padr6es da sciencefiction

    )oltemos, por'm, a narrativa fantstica propriamente dita esigamos rumo aos dias da 3oEe 5o meio do camin3o, no entanto,seremos forBados a a%rir trs atal3os ou veredas, para depoisvoltarmos grande estrada ;edicaremos algumas palavras mais atrs nomes fundamentais de nossa literatura fantstica0 urilo>u%io, Cos' C )eiga e P'ricles Prade

    &m GIOO estreou em livro DNgia =agundes Telles 5a apresentaBoda XY ediBo de 4ntes do 8aile )erde, antologia 1ue vai de GIOI aGII, =%io Ducas afirma0 ?oEe, todas as literaturas consideradasamadurecidas admitem e aplaudem as o%ras fantsticas Corge Du9s8orges, por exemplo, pode ser considerado um dos mais influentespropagadores da narrativa fantstica & mais adiante0 4 fadiga dealgumas formas realistas tem conduzido determinados escritores regio do fantstico e do maravil3oso 4lguns vo ter a esseterreno por natural tendncia do esp9rito +remos ser o caso deDNgia =agundes Telles

    Fu dizer do fantstico @uimares >osa2

    !o% o t9tulo >ealismo gico, Cos' ?ilde%rando ;acanal reuniu trsensaios dedicados aos romances @rande !erto0)eredas, : +oronele o Do%isomem e =ogo orto :s dois primeiros so, para ele,

    o%ras essenciais do realismo mgico & mais0 o mgico, omaravil3oso em sua naturalidade, o m9tico, ou como 1uer 1ue odenominemos, somente agora, nas literaturas do Terceiro undo,passou a fazer parte da narraBo romanesca

    ;acanal tudo faz para aproximar o romance de @uimares >osa do+em anos de solido ou do realismo mgico praticado porromancistas 3ispano-americanos 5o entanto, o pr/prio t9tulo doensaio - @rande !erto0 )eredas ou 4 apologia do imanente-demonstra 1ue ;acanal se ocupou muito mais da importAncialiterria da o%ra de >osa do 1ue de sua ligaBo com o realismomgico

    Tem9stocles Din3ares menciona a &st/ria do 3omem do pinguelocomo um dos momentos em 1ue @uimares >osa se ocupou dofantstico

    5a tese intitulada : fantstico no conto %rasileiro, aria Du9sa do

    4maral !oares dedica especial atenBo ao autor de !agarana4 maioria dos estudiosos da o%ra de @uimares >osa 7 e so

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    incontveis esses estudiosos, o 1ue o torna um dos mais estudadosescritores %rasileiros 7, a grande maioria pouco se refere aoelemento fantstico na sua imensa o%ra

    oreira +ampos estreou em livro pouco depois de @uimares >osa;edicou-se 1uase 1ue exclusivamente ao conto e se preocupousempre muito mais com a 1ualidade do 1ue com a 1uantidade4ssim, :s doze parafusos, pu%licado em GIHR, ou seEa, 1uase XQanos ap/s o primeiro, ' apenas o seu S[ livro de contos

    +omentando esse livro, Cos' 4lcides Pinto diz0 :s doze parafusosa%rem um novo camin3o na ficBo de oreira +ampos, E es%oBadaso% o ponto de vista prtico em outras o%ras, mas sem a li%erdadede como os assuntos so agora tratados, vistos de frente, com umrealismo mgico e epid'rmico"

    Para 4ntonio ?o3lfeldt, o contista cearense e um dos cultores do1ue c3ama de conto rural Tem9stocles Din3ares em oreira+ampos um disc9pulo dos vel3os mestres do naturalismo ;eopinio diversa, por'm, ' 8raga ontenegro, ao comentar :s dozeparafusos0 &la%orando os seus temas so% a inspiraBo de umrealismo mgico, o autor no se desnuda, no %lefa, e tudo realizano Am%ito do impl9cito e do metaf/rico &ntretanto, nos seus textosnada 3 de si%ilino ou de 3erm'tico, ou ainda de supra-realista

    5o artigo 4final, os ces vem coisas2, Din3ares =il3o pergunta0"Fual a razo do interesse maior do fantstico em oreira +ampos,se tal categoria no constitui uma constante do escritor2 &responde0 Custamente o fato de, sendo ele um autor neo-realistas vezes, outras vezes neo-naturalista, apresentar-se cioso daverossimil3anBa, adotando, nos raros contos em 1ue a%riga ofantstico, uma postura 1ue mais se inclina para o estran3o do 1uepara o maravil3oso ;e maneira 1ue o tratamento proporcionadopelo contista ao so%renatural nunca ' gratuito, mascontra%alanBado convenientemente com as possi%ilidades donatural, do 1ue resultam produB6es c3eias de legitimidade art9stica

    : dia de !anta @enoveva, inserido no livro :s doze parafusos,constr/i-se, na sua tenso entre o so%renatural e o natural, comoum leg9timo conto fantstico & encerra assim0 +onclu9mos 1ue,at' mesmo no dif9cil gnero fantstico, em 1ue se exige umapronunciada am%ig\idade, se mant'm o e1uil9%rio art9stico de

    oreira +ampos, confirmando-se o seu talento de ficcionistaapreciado pelo leitor comum e consagrado pela mais exigentecr9tica, e cumprindo-se, assim, o seu papel de intelectualconsciente, 1ue usa com sensi%ilidade peculiares e poderososrecursos para a expresso do 3umano

    !amuel >a]et ' anterior a C C )eiga, pois estreou em GIS!egundo 4ssis 8rasil, a estr'ia de >a]et, com o livro +ontos do*migrante, marca a renovaBo do conto %rasileiro, assim como;oramundo e @rande !erto0 )eredas marcam a renovaBo doromance

    & 1uanto ao fantstico2 Tem9stocles Din3ares no via o fantsticocomo traBo dominante da literatura de >a]et 5o seu entender,

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    tanto ele como >u%io poderiam ser classificados com outrosr/tulos : fantstico de >a]et seria um fantstico alimentado defragmentos %iogrficos, 1ue se apresenta em vrios planos, numtipo de conto anal9tico, enxadrezado, explicava

    ?ermilo 8or%a =il3o dedicou-se ao teatro e literatura Vma desuas .ltimas o%ras pu%licadas foi o conEunto de novelas intitulado :@eneral est pintando, onde os personagens vivem epis/dios 1ueno se podem 1ualificar seno de fantsticos, como est dito naorel3a do livro !o situaB6es inusitadas - continua o o%servadoranMmimo -, 1ue o recurso ao mgico ' constante, e 1ue do a cadanovela o seu impacto mais violento, Eustamente por estaremintimamente mescladas com a realidade %anal do dia-a-dia &sserealismo fantstico, 1ue ora se manifesta puramente maravil3oso eora c3ega s raias do grotesco, ' a forma 1ue o autor encontroupara apresentar um estado de coisas num mundo desencontrado,repleto de contrastes c3ocantes e a%surdos inexplicveis"

    ?'lio P/lvora pu%licou o primeiro livro, :s @alos da 4urora, emGISR Z considerado um dos precursores da literatura %rasileira decun3o documental e fantstico

    &streante na d'cada de Q ' tam%'m oacNr !cliar, 1ue maisrecentemente pu%licou 4 8alada do =also essias, :s ist'rios dePorto 4legre e ?ist/rias da Terra Trmula, todos em GIH, e : 4nono Televisor, em GIHI

    +ultivando o fantstico ou para-fantstico, os tra%al3os de oacNr!cliar no se esgotam na gratuidade dos temas0 vo mais al'm ese situam ao n9vel de uma stira de carter universal, %erBo damel3or literatura, comenta 4ssis 8rasil

    +om relaBo a +aio Porf9rio +arneiro, tam%'m 3 1uem veEa neleum realista 1ue a1ui e ali resvala para o fantstico arcos >eNc3ega a dizer0 Z um autor todo voltado realidade, sem serfantico do realismo 4 realidade ' seu ponto da partida, em%oranem sempre da c3egada

    Cos' +Andido de +arval3o estreou em GIXI, com o romance :l3apara o c'u, =rederico Por'm somente em GIO surgiu sua o%ramaior 7 : +oronel e o Do%isomem Cos' ?ilde%rando ;acanalescreveu um dos ensaios mais argutos so%re o realismo mgico%rasileiro, so% o t9tulo : +oronel e o lo%isomem entre o 9tico e o!acral +itemos um trec3o dele0 4 estrutura da narrativa 'irracional se apreciada da perspectiva do romance do real-naturalismo ao 1ual : +oronel e o Do%isomem aparantemente seliga +ontudo, se for colocada dentro do es1uema acimaencontrarei seu pleno sentido0 ela tam%'m oscila entre o planoracional, realista, e o m9tico-sacral, fantstico, mgico, ou como se1uiser c3am-lo Por sua parte, tam%'m a narrativa termina noplano do fantstico ao mesmo tempo 1ue dissolve a dicotomiaentre os dois planos ao elev-la ao n9vel da irracionalidadeestrutural #do ponto de vista t'cnico$ com o .ltimo cap9tulo, no1ual Ponciano narra o fim da aBo, o fim do romance e sua pr/priadestruiBo como personagem e, portanto, seu pr/prio

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    desaparecimento como 3er/i dilacerado entre dois mundos

    Cos' 4lcides Pinto ' autor de romances singular9ssimos, como :;rago, :s )erdes 4%utres da +olina e : +riador de ;emMnios !uatrilogia : Tempo dos ortos, no dizer de =aria @uil3erme, situa-senuma lin3a introspectiva, de integraBo psicol/gica, num universoesot'rico, sem perder da vista o fantstico

    4 mel3or anlise de sua o%ra, no entanto, ' do tam%'m romancistaCos' Demos onteiro, no livro : Vniverso 9#s$tico de Cos' 4lcidesPinto ;iz, a certa altura, o cr9tico0 o universo criado por Cos'4lcides Pinto sintoniza com uma diretriz nova da 3ist/ria de nossaliteratura, 1ual seEa, a da exploraBo do fantstico, do estran3o oudo maravil3oso

    4ssim como ?ermilo 8or%a =il3o, o romancista 4riano !uassunainiciou- se no teatro !eus romances constituam uma trilogia,iniciada com >omance d4 Pedra do >eino, em GIHG, seguido de?ist/ria d: >ei ;egolado, em GIH

    4 respeito do realismo mgico, ele mesmo escreveu notapu%licada Eunto ao : >ei ;egolado0 ser 1ue o mito ' uma fantasiairreal e anestesiadora, incompat9vel com o realismo, ou, pelocontrrio, tem um sentido mais real e carregado de significados do1ue os personagens das novelas meramente veristas2 5ote-se1ue, de prop/sito, estou usando um nome ligado ao verismonaturalista, e no ao realismo, 1ue ' outra coisa0 inclusive Eescrevi uma vez 7 tentando desfazer certos e1u9vocos a respeito domeu pretenso realismo mgico 7 1ue, na 4m'rica Datina de falaespan3ola, o realismo mgico era mais mgico do 1ue realista,en1uanto 1ue no 8rasil ele era mais realista do 1ue mgico

    M!RILO R!BI"O

    5ascido urilo &ugnio >u%io, em l[ de Eun3o de GIG, um dosmais importantes cultores do conto fantstico no 8rasil estreou emGIOH, com o livro : ex-mgico

    urilo >u%io dedicou-se exclusivamemte ao conto, como poucosescritores %rasileiros Todos os grandes contistas %rasileiros so

    tam%'m romancistas e poetas Z o caso de ac3ado de 4ssis

    :utra singularidade da urilo 7 a dedicaBo ao fantstico & por1ue isso2 &le mesmo responde0 in3a opBo pelo fantstico foi3eranBa da min3a infAncia, das leituras 1ue fiz, e tam%'m por1uesou um suEeito 1ue acredita muito no 1ue est al'm das coisas0nunca me espanto com o so%renatural, com o mgico, com omist'rio

    +arlos )ogt constata serem poucos e magros" os esp'cimes dognero fantstico, tendo na solido paciente do tra%al3o de uriloum raro caso de expresso maior & ' verdade & at' seria mais

    cMmodo para o 3istoriador ou o estudioso dedicar-seexclusivamente ao contista mineiro Pois a literatura cr9tica%rasileira ' rica em artigos e ensaios 1ue tem como foco o criador

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    do Pirot'cnico ^acarias&m GIRH o !uplemento Diterrio do inas@erais, por exemplo, dedicou uma s'rie de trs ediB6es a >u%io,com artigos e ensaios assinados por alguns dos mel3ores cr9ticosliterrios %rasileiros 4 s'rie intitulou-se urilo >u%io, OQ anos deex-mgico

    Vm dos mais alentados ensaios da s'rie ' assinado por 5ellN5ovaes +oel3o e tem por t9tulo 4 civilizaBo-da-culpa e ofantstico-a%surdo muliriano Transcrevamos os dois primeirospargrafos0 Q fantstico ' posterior imagem de um mundo semmilagres, su%metido a uma rigorosa causalidade_ !/ as culturas1ue c3egarem a uma ordem constante, o%Eetiva e imutvel dosfenMmenos, puderem dar origem, como por comtraste, a essaforma particular de imaginaBo, 1ue contradiz, expressamente, aregularidade perfeita #da1uela ordem$0 o espanto do so%renatural#>ogar +aillois, in 4ntologia del +uento =antastico 8uenos 4ires,&d !udamericana, GIHQ$

    ;ir9amos, por'm, 1ue o fantstico muriliano #tal como o de Kafu%io ' &liane ^agurN 4o lem%rar otempo decorrido entre o primeiro e o segundo livro do contista, aensa9sta constata0 urilo nunca teve pressa em exi%ir o novo 1uenos tin3a a ofertar &m outro ensaio, : contista do a%surdo,^agurN traBa o perfil literrio do contista - " o representanteoriginal9ssimo de uma literatura de ficBo muito pouco explorada naliteratura 8rasileira, to afeita s analogias mais primitivas darealidade 1ue a sust'm

    4ntonio ?o3lfeldt v no escritor mineiro o mais importante

    representante %rasileiro do 1ue ele c3ama de conto aleg/rico 5oentender de Tem9stocles Din3ares, no entanto, o fantstico no ' otraBo dominante na literatura de >u%io 5a verdade, o son3o e afantasia ' 1ue inspiram a maioria de seus contos, diz ele & noutrapgina de seus JJ ;ilogos so%re o +onto 8rasileiro 4tual o%serva01ue o fantstico praticado por urilo no livro de estr'ia era outrotipo de fantstico, um fantstico mais mgico, menos real, se assimme posso exprimir 4s est/rias de >u%io se desenvolviam mais emtorno do son3o e da fantasia &ram mais par%olas 1ue contin3ammuita verdade, sou o primeiro a recon3ecer, mas 1ue se afastavamdesse outro tipo de fantstico mais pr/ximo das vel3as crenBas3umanas e 1ue traduz de certa forma a volta a um estado da

    conscincia %astante antigo, ou seEa, a revivescncia desentimentos instintivos, tal como nos faz sentir Cos' C )eiga 7 ;e

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    1ual1uer modo, so apenas diferenBas de tom, pois tanto ofantstico, como o mgico ou o fe'rico tm origem comum 7 !im,mas o fantstico pertence pelo esp9rito ao mundo do terror ou domedo, ao passo 1ue o mgico, ou mel3or, o fe'rico, talvez a mel3orcaracter9stica de >u%io, ao mundo da intercesso, do ref.gio

    contra o terror ou o medo ais adiante afirma0 : fantstico deurilo >u%io talvez seEa mais intelectual :s seus fantasmas somais conce%idos pelo esp9rito

    5este dilogo, onde faz algumas comparaB6es de CC )eiga comurilo >u%io, ainda explica0 :s #contos$ de urilo >u%io girammais em volta de gente da cidade, de mgicas, de almas penadas,de defuntos 1ue revivem, de loucos, de mul3eres monstruosas, etcFuer dizer, um fantstico mais ligado s pessoas, aos seuscostumes mgicos, ao passo 1ue

    4 %i%liografia de urilo >u%io ' a seguinte0 : ex-mgico #GIOH$, 4estrela vermel3a #GISX$, :s drag6es e outros contos #GIS$, :pirot'cnico ^acarias #GIHO$, : convidado #GIHO$, e 4 casa dogirassol vermel3o #GIHR$ !eriam, pois, seis livros 5o entanto,como explica +arlos )ogt no artigo 4 construBo l/gica doa%surdo, a matemtica muriliana no ' %em assim, vez 1ue ocontista sempre reescreveu e reeditou seus contos, so% t9tulosdiferentes de livros 4ssim, 4 casa do girassol vermel3o cont'm osmesmos contos de 4 estrela vermel3a e contos 1ue l seencontravam foram, por sua vez, pu%licados em GIS no volume:s drag6es e outros contos, 1ue, por sua vez, contin3a tra%al3osrepu%licados em GIHO, em : pirot'cnico ^acarias, t9tulo tam%'m deum conto E pu%licado no &x-mgico &nfim, a circularidade ' sem

    fim Propositadamente Z 1ue urilo >u%io ', na verdade, umreescritor, no mel3or e mais conse1\ente sentido 1ue este termopossa ter, 1uando aplicado a um autor 1ue ela%ora e reela%oraminuciosamente os seus contos e no apenas por zeloprofissional#$

    5a s9ntese cr9tica de urilo >u%io, no didtico ;icionrio Prticode Diteratura 8rasileira, escreveu 4ssis 8rasil 0 urilo >u%io ', no8rasil, um dos pioneiros do conto fantstico, 1ue entraria mais emvoga na d'cada de HQ, por influncia de alguns escritores latino-americanos as a lin3agem ' clssica, mac3adiana, enveredando1uase sempre pelo clima da fantasia

    #OS$ #%&EIGA

    5ascido Cos' Cacinto )eiga, em J de fevereiro de GIGS, outro nomefundamental da literatura fantstica no 8rasil ' Cos' C )eiga 4&nciclop'dia de Diteratura 8rasileira, de 4frAnio +outin3o e C@alante de !ousa traz a seguinte sinopse do escritor goiano0

    &streou um pouco tarde, GISI, mas :s cavalin3os de Platiplantoc3amou logo a atenBo da cr9tica e o autor foi apontado como umdos introdutores do realismo mgico na lit %rasileira, em cuEalin3agem, at' ento, s/ era citado urilo >u%io &ntre o primeirolivro e o segundo 3ouve um 3iato de sete anos, mas 4 3ora dos

    ruminantes, agora uma novela #inspirada num dos contos pu%lantes$ tam%'m c3amou a atenBo da cr9tica e dos leitores CC)

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    passou a ser mais con3ecido Vltimamente vem se dedicando snarrati-vas mais longas #nov$, em%ora o seu forte, desde a estr'ia,seEam os contos mais sint'ticos Pr/ximo ao realismo mgico ou ao!urrealismo, com um vigor u%io,afirma0 &m )eiga o fantstico flui mais das coisas, da natureza,dos acontecimentos, entrando em comunicaBo com o mundovis9vel mais imediatamente, mais naturalmente, para mostrarso%retudo 1ue o sentimento 3umano entra muitas vezes emcontato com os esp9ritos elamentares e 1ue a terra, a gua, o ar, osanimais so%retudo so personalidades to ativas 1uanto o erampara os fil/sofos pr'- socrticos

    4 o%ra de Cos' C )eiga tem sido o%Eeto de incontestveis estudos,tal a sua importAncia no panorama da Diteratura 8rasileira 4ssim,em 4 literatura no 8rasil, vasto painel cr9tico e 3ist/rico de nossaarte literria, seu nome e sua o%ra esto presentes em diversoscap9tulos &m +iclo +entral, assinado por ilson Dousada a partede : >egionalismo na =icBo, )eiga aparece como narradorregionalista, apesar de seu mundo estar constru9do so%re ogrotesco e o on9rico, a%surdo e sim%/lico #$

    *vo 8ar%ieri, em !ituaBo e Perspectivas, cap9tulo : odernismona =icBo, assim define C)eiga0 5a 3a%ilidade em flagrar detal3es

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    reveladores do concreto cotidiano e nele inserir o fantstico 1uedesorganiza a ordem de superf9cie, instaura o c3o1ue estil9stico

    !egundo 4ssis 8rasil, em :s +avalin3os de Platiplanto C )eigaEoga com dois elementos criativos essenciais0 o fantstico e umalinguagem marcadamente %rasileira 4ssim, temos, em princ9pio,um maravil3oso nosso e no importado : filo vem maisincisivamente de Kaf

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    deformaB6es, passar de pessoa a o%Eeto, re-gredir no seu traEeto3ist/rico 1uando so% o imp'rio do ar%9trio ou su%metido a press6es1ue o anulam at' o ani1uilamento

    P$RICIES PRADE

    5ascido P'ricles Du9s edeiros Prade, em H de maio de GIOJ, oterceiro nome mais importante da literatura fantstica no 8rasil no' dos mais con3ecidos escritores %rasileiros ;edicado mais poesia e ao ensaio, P'ricles Prade ', no entanto, autor de dois dosmais instigantes livros do gnero fantstico0 :s ilagres do +oCerMnimo #GIHG$ e 4lBapo para @igantes #GIRQ$

    Por este ou a1uele motivo, no ' se1uer citado nos dois livros de4ssis 8rasil consultados para a ela%oraBo deste es%oBo : mesmose d com os ;ilogos de Tem9stocles Din3ares

    +ontudo, 4ntonio ?o3lfeldt o colocou ao lado de urilo >u%io,oacNr !cliar, >o%erto ;rummond e )ictor @iudice, no cap9tulo Q+onto 4leg/rico de seu %em ela%orado +onto 8rasileiro+ontemporAneo +opiemos trec3o de sua anlise0 Prade tam%'mno dispensa a ironia com 1ue refere algumas narrativas,demonstrando so%retudo a solido em 1ue vive todo a1uele 1ueesteEa de plena posse de sua conscincia, tema 1ue, comoverificamos, no ' a%solutamente ausente da o%ra de urilo>u%io Por vezes a personagem de seus contos faz-nos pensarnum alter-ego metaforizado &m outras ocasi6es, temos umnarrador-revelador como personagem so%revivente de algumacatstrofe 1ual1uer isturem-se a1ui profecias e narrativasm9ticas, num momento igualmente circular

    4lmeida =isc3er, ao desco%rir P'ricles Prade #fala de tremendosusto ao ler seus livros$, teceu-l3e muitas loas0 P'ricles Prade 'escritor singular na literatura %rasileira, sem ningu'm 1ue se l3eassemel3e 1uanto ela%oraBo de seus escritos, em prosa ou emversos Fue seus textos so fantsticos, no 3 nen3uma d.vida,mas inteiramente diferentes de outros transgressores do real denossas letras Poderiam en1uadrar-se como do c3amado realismomgico da literatura 9%ero- americana2 Talvez, em parte as noperfeitamente, em%orca tam%'m neles 3aEa magia !o textosclaramente surrealistas, talvez os mais marvantes dessa tendnciaem nosso Pa9s )o, por'm, al'm do surrealismo de 4ndr' 8rote eseus compan3eiros do grupo francs U falta de mel3orclassificaBo, vamos dar-l3es o nome de surrealismo fantstico-maravil3oso

    5o prefcio ao 4lBapo para @igantes, Tassilo :rp3eu !paldingconstata0 4tualmente so poucos os escritores 1ue se dedicam extraordinria tarefa de recriar a vida em parAmetros mgicos oufantsticos &m recriar outra vida, mais nova e mais gostosaPor1ue temos todos duas vidas - a 1ue vivemos e 1ue no vivemos,segundo afirma :scar ilde0 Para a maioria de n/s, a vida real ' avida 1ue no vivemos

    4 anlise 1ue faz da o%ra de P'ricles Prade ' fundamental para este

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    estudo, vez 1ue so raros os ensaios so%re a nossa literaturafantstica Transcrevemos, pois, outros trec3os do prefcio deTassilo0 &stes contos curtos evocam toda uma magnificnciaoculta, mas real 7 da9 a denominaBo 1ue os cr9ticos l3e do dereal- fantstico 7 1ue su%Eaz conscincia l.cida e vigilante

    Dendo-se os contos deste magn9fico 4lBapo para @igantes vm-nos mente, de imediato, as o%ras de CarrN, 4damov, ede

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    pelos ilimitados dom9nios do surreal, do demon9aco, do m9tico eso%retudo do su%consciente

    +arlos Corge 4ppel esclarece0 Pode-se entender, assim, a adesode P'ricles Prade ao fantstico como instrumento ade1uado paracriar o seu mundo de ficBo, por1ue se op6e ao falso realismo, 1ueconsiste em crer 1ue todas as coisas podem ser descritas eexplicadas como o dava por assentado o otimismo filos/fico ecient9fico de outros tempos

    Pr/digo em elogios, Cos' 4frAnio oreira ;uarte afirma0 P'riclesPrade revelou-se um dos maiores contistas %rasileiros na lin3a dorealismo mgico, com :s ilagres do +o CerMnimo"

    P'ricles Prade ' escritor singular : fantstico de seus contos noencontra similar em nossa literatura, mesmo em urilo >u%io ouem Cos' C )eiga

    5o nos parece aconsel3vel a transcriBo de trec3os de poemas econtos 5o entanto, apenas como amostra da singularidade deP'ricles Prade, veEamos dois fragmentos de um de seus livros0

    Fuando, pela primeira vez, o gigante caiu no alBapo, o %a1ue foiviolento e surdo 5as seguintes, a 1ueda era suportada comprudncia e 3a%ilidade" #4lBapo para @igantes$

    5o cesto encontrei doze ovos de c3um%o ;esconfiado, ol3ei paraos lados na expectativa de uma presenBa desconcertante 5o

    3ouve e1u9voco, pois em seguida um corpo indefinido arrastou-seem min3a direcBo #: !ervo de !c3edin$

    Para finalizarmos este cap9tulo, pedimos de empr'stimo a ?ermannCos' >eipert duas palavras0 &, assim, se escrevendo pouco ressoatanto, f-lo com mo de mestre e os latidos do +o CerMnimo aindapor a1ui esto, dizendo coisas 1ue os 3omens no compreendem,mas compreendero um dia, nesse dia em 1ue sou%erem 1uesomos fil3os do mist'rio, em%ora representando to mal a nossatriste condiBo de duendes

    OS NO&OS

    4ssis 8rasil su%dividiu a Diteratura 8rasileira neste s'culo em Pr'-odernismo #GIQI-GIJJ$, odernismo #GIJJ-GISS$ e 5ovaDiteratura #GIS-GIH$ 5o caso espec9fico deste es%oBo 3ist/ricoda literatura fantstica no 8rasil, ousaremos c3amar de novosa1ueles escritores 1ue estrearam em livro no final dos anos GIQ+rit'rio puramente didtico, sem deixar de lado a cronologia &em%ora alguns ficcionistas 1ue surgiram no in9cio do s'culo, e 1uec3amamos de sucessores, ten3am continuado ou continuemescrevendo e pu%licando

    )eEamos, pois, um a um, os mais importantes novos cultores do

    fantstico no 8rasil

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    &dla van !teen apresentou ao p.%lico seu primeiro livro em GIS: romance +oraB6es ordidos ' de GIRX e so%re ele Telenia ?illescreveu o artigo >ealismo gico de &dla van !teen Z dele estetrec3o0 ;o realismo minucioso, 1ue se registra com a dimenso docontemporAneo, transita-se para um realismo mgico, em 1ue as

    coisas acontecem inexplicavelmente, criando uma atmosfera desurrealidade

    Duiz )ilela estreou em GIH, com os contos de Tremor de Terra

    4nalisando o terceiro livro do contista, 4ssis 8rasil sustenta0 & suaversatilidade se faz sentir mais uma vez, 1uer 1uando explora atemtica er/tica, como em :usadia, 1uer no conto 1ue d t9tulo aovolume, Tarde da 5oite, onde mistura o real com o fantstico e tiradeste Eogo su%s9dios para situar a vida morna e parada de umcasal

    Tam%'m Tem9stocles Din3ares se at'm ao fantstico na o%ra de)ilela0 7 5o sei %em se podemos classific-lo como contista dofantstico infantil as muita coisa da atraBo 1ue a crianBa tempelo mist'rio, pelo esp9rito de aventura, por certos valoresam%9guos, perpassa por estas pginas 5a verdade, o fantstico e oreal so vividos pela crianBa como sucede nestes contos)isivelmente os dois estados transparecem em algumaspersonagens do livro : primeiro conto se inicia com a declaraBode uma delas 1ue dizia ter visto o demMnio 1uando tin3a oito anos4 parte fantstica, por'm, logo se alterna ou mistura com a real,diante do padre, da igreEa, do pedido feito )irgem, cuEa imagemera vesga e 1ue fez o menino disparar de riso e da igreEa 5o eras/ o dia%o, contudo, 1ue aparecia noite Tam%'m o avM %ar%udo eforte imprimia em sua figura os dois lados, o real e o fantstico

    Cuarez 8arroso, 1ue faleceu em GIH, 3avia inaugurado sua o%raem GII, com undin3a Panc3ico e o >esto do Pessoal

    4p/s ressaltar o regionalismo na o%ra do escritor de 8aturit', ocr9tico Tem9stocles Din3ares se det'm num dos contos de seuprimeiro livro0 Q conto mel3or do livro, a meu ver, ' precisamenteo mais extenso, onde no se v som%ra desse linguaEar inculto &onde o fantstico se mostra em cena culminante : conto seintitula &st/ria de ; 5azin3a e de seu cavalo encantado e ofantstico, como elemento maca%ro e mr%ido, est na descriBoda corrida interminvel do +apito, o marido de ; 5azin3a, emfrente de seu 1uarto, na fazenda, 1ue montava o cavalo milagrosopor ele dado de presente mul3er, agora castigada no seu orgul3oe prognie #$"

    &lias Cos' teve o primeiro livro 4 al-4mada editado em GIHQTem9stocles Din3ares dedica-l3e um cap9tulo inteiro de seus JJ;ilogos Para ele os mini-contos de 4 al-4mada no c3egariam aser contos, se no fosse o fantstico deles & conclui0 #$ osmel3ores contos do livro so os da segunda parte, onde o

    fantstico se mostra mais d'%il, e eles assentam em outroselementos dramticos, %astante intensos tam%'m, como esse daincompreenso entre os 3omens :s contos de grande categoria do

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    livro prescindem totalmente do fantstico

    5ote-se, ainda, a seguinte o%servaBo do cr9tico paranaense0 #$pode arrolar estes contos entre os fantsticos, pois o fantsticose mostra em muitos deles, em muitas de suas passagens, em%orano seEa deseEo do autor, 1uero crer, permanecer no reino domist'rio como seu iniciado

    >icardo D ?offmann fez sua estr'ia em GIH, por'm suaexperincia plena viria em GIHG, com 4 +rMnica do edo, ondepassa da viso provinciana do grupo familiar a um la%orat/rio daexperincia 3umana, num romance algo fantstico, cruel, irMnico,no dizer de 4ssis 8rasil

    ;iz ainda esse cr9tico0 Donge de ser um romance o%Eetivo,?offmann entra mais agora, decididamente, na rea de uma ficBomgica, 1ue tem caracterizado a novel9stica %rasileira dos .ltimosanos 5a1uela estran3a casa tem lugar a fervura de todos ossentimentos 3umanos, num cadin3o onde as paix6es so Eogadas,numa lin3agem 1ue por vezes lem%ra o som%rio &dgar 4llan Poe de4 Fueda da +asa de Vs3er

    )ictor @iudice estreou com 5ecrol/gico, em GIHJ !egundo?o3lfeldt, desde a estr'ia, @iudice primou pela ironia e at' mesmoo 3umor- negro, seEa na temttica da morte, 1ue atravessa todoeste volume, seEa pela organizaBo formal dos contos &xemploclaro desse 3umor-negro e o conto : 4r1uivo, onde um %urocrata,de reduBo salarial em reduBo salarial, de re%aixamentos depostos em re%aixamentos de postos, vai, pouco a pouco, semetamorfoseando em coisa, at' terminar num simples ar1uivo

    5o prefcio de :s 8an3eiros, segundo livro de @iudice, sa9do emGIHI, diz &liza%et3 Do]e0 Todo o 3umorista ' um moralistadisfarBado, e as 3ist/rias de )ictor @iudice, 1uase sempre, soacentuadamente aleg/ricas Por %aixo da pintura, do cetim e do%ril3o do mundo do Pierrot, encontra-se a poeira das iGus6esfugazes 4ssim como fez com a linguagem, @iudice tam%'mcorporifica a moral

    =rancisco !o%reira 8ezerra iniciou-se em livro com os contos de 4orte Trgica de 4lain ;elon, em GIHJ 5o segundo livro, 4 5oitegica, o a%surdo ' o ingrediente principal da iguaria narrada Usvezes um a%surdo 1ue, de to cotidiano, perde o sa%or de coisaliterria 5o conto 4 DAmina, por exemplo :utras vezes, oa%surdo apresenta-se como se o personagem fosse apenas umdeficiente mental, incapaz de perce%er o 1ue ocorre ao seu redor,maneEado por tentculos to torturantes 1uanto os fantasmas dospesadelos 4 realidade marrada aproxima-se, ento, do son3o :sprotagonistas e os espexctadores so meros Eoguetes nas mal3asde seres todo- poderosos 5o ' por outra razo 1ue em certoscontos desse livro a presenBa do elemento on9rico e perfeitamentepercept9vel ou mesmo preponderante :s atos e as imagens sesucedem de forma incoerente, deixando o personagemsimplesmente perplexo, espantado diante da estran3a realidade1ue vive e de 1ue tenta desesperadamente fugir 4ntes, reduz

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    condiBo de ficBo, de %rincadeira de mau gosto, de encenaBo,1uando muito de logro, a peBa 1ue l3e pregam 5o acredita serposs9vel to a%surda realidade Por fim se convence e tenta fugiras E ' tarde

    5agi% Corge 5eto teve editado seu primeiro livro, : Presidente de&sporas, em GIHJ ?ermilo 8or%a =il3o c3egou a dizer 1ue ocontista conseguira fundir o realismo-fantstico, o son3o, opo'tico, a linguagem nova numa escrita correta de gente e terra1ue se aproxima, e muito, da mais extraordinria literatura latino-americana de agora #$

    : segundo livro de 5agi%, 4s trs princesas perderam o encanto na%oca da noite, pu%licado em GIH, saiu com uma su%stancialanlise cr9tica de *van +avalcanti ProenBa ;epois de es1uadrin3arpalmo a palmo a est/ria-t9tulo, constata o cr9tico0 &m :Presidente de &sporas, 1ue passou desperce%ido do grande p.%licoe da cr9tica, possivelmente dos mais inportantes livros de contosdos .ltimos tempos, sem %oom #o 1ue e1uivale a dizer semfestividades$, sem mais nada, a gente E encontrava o material1ue, a1ui, vai ampliar-se e gan3ar novas roupagens em alegoriasmais ou menos favorecedoras de uma retomada do real

    +ludio 4guiar comeBou em GIHJ, com os contos de &xerc9cio parao !alto !eu grande passo foi dado, por'm, com o romance+aldeiro, de GIRJ

    Para ;imas acedo, trata-se da maior epop'ia %rasileira depois de@rande !erto0 )eredas e !argento @et.lio Fuanto a defini-locomo romance fantstico, vale lem%rar o pargrafo em 1ue falamosdas semel3anBas entre certos acontecimentos reais e fatosnarrados em o%ras de ficBo :ra, o fantstico no ' o irreal, onunca acontecido, o imposs9vel :s acontecimentos de +aldeiroso o%ra dos 3omens em sociedade Transfigurados em ficBo,ad1uirem uma conotaBo maravil3osa, mgica, a%surda

    @ilmar de +arval3o pu%licou o primeiro livro, Pluralia Tantum,su%titulado um livro de legendas, em GIHX 5a orel3a do livroescreveu Cuarez 8arroso0 !eu estilo ' clssico, sua narraBo,fa%ular, levemente %orgeana & mais adiante0 @ilmar no escrevecontos : conto, por mais de vanguarda 1ue seEa, tem a suadisciplina, sua forma de discurso @ilmar ' um compositor decantos em prosa, disc9pulo remoto do >ei !alomo #$

    ;imas acedo diz0 !ua concepBo %orgeana e, portanto, inusitadado apreender a concretude do universo ficcional, aliada a umarefinada capacidade de resgatar o ins/lito atrav's de recursosestil9sticos alegorizantes, tudo isso tem concorrido para emprestar produBo Giterria de @ilmar de +arval3o uma situaBo privilegiadaentre o inventrio dos seus contemporAneos de geraBo

    : grande momento de @ilmar de +arval3o ', no entanto, Para%'lum, de lIHH Para muitos, um grande romance Para outros,uma formidvel o%ra literria sem gnero definido

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    5ilto aciel pu%licou o primeiro livro, *tinerrio, em GIHO!eguiram-se mais oito livros #contos, novelas e romances$

    &m artigo inclu9do em Textos b +ontextos, =rancisco +arval3oo%servou0 5unca ser demais louvar-l3e a extrema 3a%ilidade emconduzir a fa%ulaBo das narrativas e o desenvolvimento3armonioso das situaB6es ficcionais, muitas vezes transportadas aoplano do c3amado realismo fantstico & mais adiante0 #$

    tam%'m cultiva, em alt9ssimo grau, gosto acentuado pelaar1uitetura dos la%itintos e pela recriaBo de temas literrios daantiguidade clssica, so%retudo na esfera da mitologia, c3egando aom%rear-se nesse tocante com o engen3oso Corge Du9s 8orges#$

    >eferindo-se especificamente ao livro 4s *nsolentes Patas do +o,=rancisco +arval3o faz mais duas o%servaB6es 1ue nos interessama1ui0 : conto *lus6es de @ato e >ato #p OJ$ possui todos osingredientes de uma f%ula moderna, onde o %ic3ano encarna aselvageria do poder, e o rato faz s vezes de v9tima indefesa Z uma3ist/ria com todas as implicaB6es aleg/ricas de uma narrativao%erto ;rummondassume um tom de inventrio dos o%Eetos dispon9veis ea%solutamente desnecessrios criados pela sociedade de consumo,de onde emana uma enorme dor, uma saudade imensa do 1ue Efoi e inexiste neste momento, sem 1ue se atinEa 1ual1uer grau denostalgia, por1ue em momento algum a personagem pode se1uerimaginar em restaurar a1uele universo

    5aomar de 4lmeida =il3o ' autor do romance &rnesto +o,pu%licado em GIHR Pelo t9tulo E perce%emos tratar-se de o%rafiliada ao mito da metamorfose : protagonista se perde nas ruas e

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    nos %ecos, atraindo so%re si os ces da cidade &rnesto ' um serdividido, esp'cie de @regor !amsa em estado de pr'-metamorfose?omem-co, lo%isomem ur%ano

    !ocorro Trindad estreou com :s :l3os do Dixo &m GIHR teveeditado +ada +a%eBa uma !entenBa

    4irton onte pu%licou o primeiro livro, : @rande PAnico, em GIHI5o conto 4 .ltima noite at' a personagem principal tem nomesim%/lico - +idado Z o 3omem diante do medo coletivo dedeso%edecer a norma ou o costume 4lgu'm tem de se fazer ovel3anegra e pintar a casa de azul, numa sociedade onde o costumeimp6e a cor cinzenta

    Paulo )'ras no teve tempo de escrever muito &m GIHI pu%licou: +a%eBa-de-+uia e a seguir a novela *ta

    5a opinio de Digia orrone 4ver%uc

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    uma das modalidades da literatura neo-realista, distinguindo uns deoutros escritores 4ssim, a1ui estaro os cultores do contealeg/rico, ali os do romance g/tico, acol

    5omes importantes tero deixado de ser mencionados nestaspginas, ' 1ue seus nomes no constam dos compndios de?ist/ria da Diteratura ou dos estudos de cr9tica literria comocultivadores de 1uais1uer das categorias est'ticas 1ue, noutrostempos, se amoldavam ao estere/tipo da literatura fantstica *stono 1uer dizer ten3amos realizado o tra%al3o to-somente deconsulta 5o entanto, a%stivemo-nos de emitir Eu9zo de valor 41uipouco importa se tal livro ' literariamente mais valioso 1ue outro*nteressou-nos sa%er apenas se a o%ra pode ser catalogada comode literatura fantstica

    Por outro lado, no tivemos acesso %i%lioteca geral 4ssim, 'poss9vel 1ue ensaios, teses e artigos so%re autores e livrosconcernentes ao assunto a1ui tratado ten3am escapado aos nossosol3os +omo a tese : fantstico no conto %rasileiro, defensida poraria Duisa do 4maral !oares, na =aculdade de Detras daVniversidade de +oim%ra, em GIHQ

    ;e 1ual1uer forma, temos certeza de 1ue so poucos os livros,1uer de ?ist/ria, 1uer de +r9tica, dedicados literatura fantsticano 8rasil 4t' por1ue tam%'m so poucos os cultores desse gneroem nosso pa9s & mais ainda por1ue cada o%ra dessa literatura no-real, seEa ela dita sim%olista, aleg/rica, surreal, surrealista,grotesca, estran3a, maravil3osa, fantstica, real-mgica, ou como1ueiramos c3am-la, cada o%ra literria dessa natureza ', naverdade, uma o%ra singular e, portanto, dif9cil de ser classificada

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    P*5T:, Cos' 4lcides Pol9tica da 4rte =ortaleza, !ecretaria de +ultura do &stado do +ear,GIRG

    Pol9tica da 4rte ** =ortaleza, 8anco do 5ordeste do 8rasil, GIR

    >:&>:, !9lvio ?ist/ria da Diteratura 8rasileira HY ed >io, Div Cos' :lNmpio &ditora,

    GIRQ

    T:;:>:), Tzvetan *ntroduBo Diteratura =antstica &d Perspectiva, GIHS

    )&>!!*:, Cos' ?ist/ria da Diteratura 8rasileira OY ed 8ras9lia, &d Vniversidade de8ras9lia, GIRG

    Para no estendermos demasiadamente esta lista, excluimos dela t9tulos de romances,novelas e livros de contos citados ao longo do ensaio, %em como t9tulos de apresentaB6esou orel3as e de ensaios e artigos consultados em peri/dicos