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A noção de espírito introduzida por Hegel se refere à ideia de princípio. A história, a ciência, a cultura e a arte são momentos diferentes do mesmo espírito, do mesmo absoluto. Hegel, ainda, faz uso das noções introduzidas por Aristóteles de potência e de atualidade. Segundo Hegel, todas as coisas são em si e para si. Em potência, elas são em si, o que se destinam a ser, o propósito de existirem. Em atualidade, elas são para si, um estado momentâneo, pelo qual é necessário passarem a fim de seguir rumo ao eu fim, à finalidade de sua existência, do que se propuseram a ser. Algumas das bases do positivismo derivam do pensamento de Hegel. É possível verificar que a visão positivista acerca da História das Ciências consiste em uma análise reducionista de processos histórico-científicos, em geral, complexos. Tal visão considera a ciência e sua história como um amplo processo de desenvolvimento, remetendo sempre à ideia de evolução e progresso, isto é, à concepção de que as realizações científicas são sempre superiores às anteriores. As investigações no campo da Filosofia e Epistemologia das Ciências conduzem à conclusão de que a incorporação de novos conhecimentos científicos se dá de maneira descontínua. Ou seja, não teria sentido conceber a ideia de evolução para o desenvolvimento científico, pois são as diferenças e descontinuidades que possibilitam a formulação de novos conhecimentos científicos. Cabe mencionar que são as rupturas epistemológicas, que consiste na negação das teorias, conceitos e métodos vigentes, as responsáveis por possibilitar a construção de novas teorias, métodos e conceitos para explicar um fenômeno. É válido notar que os conhecimentos prévios contribuem, significativamente, para a elaboração de novos conceitos resultantes de rupturas epistemológicas, entretanto estes não devem ser compreendidos como superiores àqueles. Portanto, um olhar positivista sobre a História das Ciências contempla, em geral, a relação direta entre a descoberta e o seu descobridor, tomando este como uma espécie de herói que foi mais feliz que seus antecessores. Tal concepção prejudica, entre outras áreas, o ensino de filosofia e ciências. Muitas das dificuldades apresentadas pelos alunos foram as que

Comentário Hegel

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FILOSOFIA

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A noo de esprito introduzida por Hegel se refere ideia de princpio. A histria, a cincia, a cultura e a arte so momentos diferentes do mesmo esprito, do mesmo absoluto. Hegel, ainda, faz uso das noes introduzidas por Aristteles de potncia e de atualidade. Segundo Hegel, todas as coisas so em si e para si. Em potncia, elas so em si, o que se destinam a ser, o propsito de existirem. Em atualidade, elas so para si, um estado momentneo, pelo qual necessrio passarem a fim de seguir rumo ao eu fim, finalidade de sua existncia, do que se propuseram a ser. Algumas das bases do positivismo derivam do pensamento de Hegel. possvel verificar que a viso positivista acerca da Histria das Cincias consiste em uma anlise reducionista de processos histrico-cientficos, em geral, complexos. Tal viso considera a cincia e sua histria como um amplo processo de desenvolvimento, remetendo sempre ideia de evoluo e progresso, isto , concepo de que as realizaes cientficas so sempre superiores s anteriores. As investigaes no campo da Filosofia e Epistemologia das Cincias conduzem concluso de que a incorporao de novos conhecimentos cientficos se d de maneira descontnua. Ou seja, no teria sentido conceber a ideia de evoluo para o desenvolvimento cientfico, pois so as diferenas e descontinuidades que possibilitam a formulao de novos conhecimentos cientficos. Cabe mencionar que so as rupturas epistemolgicas, que consiste na negao das teorias, conceitos e mtodos vigentes, as responsveis por possibilitar a construo de novas teorias, mtodos e conceitos para explicar um fenmeno. vlido notar que os conhecimentos prvios contribuem, significativamente, para a elaborao de novos conceitos resultantes de rupturas epistemolgicas, entretanto estes no devem ser compreendidos como superiores queles. Portanto, um olhar positivista sobre a Histria das Cincias contempla, em geral, a relao direta entre a descoberta e o seu descobridor, tomando este como uma espcie de heri que foi mais feliz que seus antecessores. Tal concepo prejudica, entre outras reas, o ensino de filosofia e cincias. Muitas das dificuldades apresentadas pelos alunos foram as que muitos cientistas e filsofos tiveram. Expor e discutir o processo de construo de um determinado conceito ou teoria, abordando as principais dvidas e controvrsias, se afasta de um mtodo reducionista de ensino e torna o objeto de estudo mais palpvel.